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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Cleber Girardi DIPLOMACIA: ASPECTOS GERAIS, PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Cleber Girardi

DIPLOMACIA:

ASPECTOS GERAIS, PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES

CURITIBA

2011

DIPLOMACIA:

ASPECTOS GERAIS, PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES

CURITIBA

2011

Cleber Girardi

DIPLOMACIA:

ASPECTOS GERAIS, PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES

Monografia de conclusão de curso apresentado ao

curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da

Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial

para a obtenção do grau de Bacharel.

Orientador: Prof. Dr. Wagner Rocha D’Angelis

CURITIBA

2011

TERMO DE APROVAÇÃO

Cleber Girardi

DIPLOMACIA:

ASPECTOS GERAIS, PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES

Esta Monografia foi julgada e aprovada para obtenção do título de Bacharel no Curso de Direito da Faculdade de Ciências Juridicas, da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ...... de ...........................de 2011.

...........................................................................................

Curso de Direito

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Prof. Dr. WAGNER ROCHA D’ANGELIS

Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. Dr.

Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. Dr.

Universidade Tuiuti do Paraná

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que de alguma forma e a sua

maneira ao me ajudarem, tornaram isso possivel, não mencionarei nomes pois

trata-se de muitas pessoas e, inclusive algumas delas já não vivem mais.

Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade

seja nossa própria substância, já que viver é ser livre, poder fazer escolhas. Assim

todos nós temos uma escolha, a escolha de fazer o que é certo e tudo ao seu

tempo. Afinal porque a pressa quando se constrói para sempre.

Eu sou mais rápido que você, sou mais forte que você e com certeza, vou durar

muito mais que você. Você pode pensar que eu sou o futuro, mas esta errado,

você é o futuro. Se eu pudesse desejar alguma coisa, desejaria ser humano, para

saber o que significa, ter sentimentos, ter esperanças, ter angustias, duvidas, amar.

Eu posso alcançar a imortalidade, basta não me desgastar, voce também pode

alcançar a imortalidade, basta fazer apenas uma coisa notável.

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RESUMO

O objeto da presente monografia é traçar, definir o que é a diplomacia, como e

quando a carreira diplomática surgiu, mostrando sua história ao longo dos séculos

até os dias de hoje, haja vista a relevância do tema. Inicia-se com um breve

histórico relatando que ainda na antiguidade, especificamente na Grécia e Roma, o

papel da diplomacia já era utilizado, tendo sua ascensão e reconhecimento no

Renascimento, sendo que somente no século XV surgiram os primeiros diplomatas

residentes na Itália, e desenvolveu-se gradativamente até o século XIX, tornando-

se plena nos dias de hoje. Esta monografia apresentará quais as funções do

pessoal diplomático, como ocorre o ingresso na carreira no Brasil, a origem e a

classificação das imunidades, como são constituídas as missões diplomáticas,

como ocorre o direito de legação, qual a finalidade e quais os privilégios dos

agentes diplomáticos, conforme estabelece a Convenção de Viena sobre Relações

Diplomáticas.

Palavras-chave: Diplomacia; Direito Internacional Público; Privilégios e Imunidades

da Diplomacia.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 09

2 A DIPLOMACIA NA HISTÓRIA ...................................................................11

2.1 O INGRESSO NA CARREIRA DIPLOMATICA NO BRASIL......................14

2.3 O que é a Diplomacia.................................................................................15

2.4 Funções e Composição das Missões Diplomáticas....................................16

3 A PROTEÇÃO DIPLOMÁTICA - IMUNIDADES E PRIVILÉGIOS................22

3.1 TEORIAS DAS IMUNIDADES E PRIVILÉGIOS........................................25

3.2 Teoria do Caráter Representativo...............................................................25

3.3 Teoria da Extraterritorialidade.....................................................................27

3.4 Teoria do Interesse e da Função................................................................29

4 CLASSIFICAÇÃO DAS IMUNIDADES E PRIVILÉGIOS............................. 30

5 ASILO DIPLOMÁTICO..................................................................................39

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................43

ANEXOS.............................................................................................................45

1 INTRODUÇÃO

A diplomacia originou-se em culturas estrangeiras e sempre foi de grande

importância. Mesmo na antiguidade respeitava-se a idéia da imunidade, os

embaixadores romanos eram respeitados e protegidos, qualquer espécie de

violação era tida como uma afronta direta não apenas à pessoa do enviado, mas

principalmente a quem o enviou, dando ensejo a uma guerra justificada.

Com o passar do tempo, advinda a Idade Média a função de embaixador

passou a ser exclusiva dos Chefes de Estado, pois era função destes tratar dos

interesses extraterritoriais dos respectivos países, o que levou a uma preocupação

ainda maior em se resguardar a pessoa dos agentes diplomáticos por meio do

instituto da imunidade.

O diplomata é um agente do estado, e neste sentido a imunidade é vista

como um atributo dos agentes que representam um estado junto a outro, porém

esta visão não é correta, pois a imunidade é exclusiva do estado servindo apenas

como uma forma de proteger o agente enviado a cumprir as missões. Constata-se

isso ao observarmos quando um agente pratica uma conduta ilícita alheia a sua

função e o estado poderá renunciar a sua imunidade colocando-o a disposição da

Polícia e do Judiciário.

Observado isso, constata-se que os privilégios e as imunidades

concedidas aos agentes diplomáticos são nada mais que a exteriorização da

política adotada entre os estados, a fim de garantir a inviolabilidade e o sucesso

das missões. Por isso, salvo exceções, os diplomatas munidos da imunidade

gozam de uma série de benefícios, dentre eles, a imunidade da jurisdição civil e

penal, do serviço militar obrigatório, da isenção de impostos, taxas e obrigações

9

públicas. Vale ressaltar que além da isenção de prestações pessoais, o diplomata

é munido pela inviolabilidade da sede das missões, de seus bens particulares

situados em sua residência, e também os que usa fora dela, como meio de

transporte por exemplo, incluindo suas bagagens e correspondências.

A palavra diplomacia é originária do grego, escrita como diploun, que

traduzida significa dobrar, passaporte, documentação oficial, papel dobrado.

A função de representar que a diplomacia exerce, definine-se como o

dever e prerrogativa do diplomata de interar-se por todos os meios que lhe são

permitidos, das condições e da evolução dos fatos a fim de detalhar todas as

possibilidades ao estado que representa. A imunidade diplomática, além de ser

uma forma de imunidade legal, é também uma política adotada entre os estados

com o único objetivo de garantir a eficiência das missões diplomáticas através da

inviolabilidade de seus agentes, conforme o preâmbulo da Convenção de Viena

sobre relações diplomáticas, promulgada no Brasil pelo Decreto n° 56.435/1965.

Ainda, ante as convenções de Viena de 1961 e 1963, sob os auspícios da

ONU, firmou-se um texto mais amplo, levando em conta o princípio da

reciprocidade, consolidando as normas a fim de tornar a imunidade quase que

absoluta frente à legislação de cada País.

Buscou-se neste trabalho através da pesquisa e estudo do Direito

Internacional Público demonstrar não somente as origens, mas qual o papel

desempenhado pela diplomacia, munida pelos privilégios e imunidades os quais

são indispensáveis ao seu desempenho nos dias de hoje, frente a globalização.

10

2 A DIPLOMACIA NA HISTÓRIA

A diplomacia é uma das profissões mais antigas, constata-se sua

existência mesmo em tempos onde não era reconhecida ou chamada como tal,

mas o seu papel era desempenhado.

A idéia de solidariedade entre os povos custou a firmar-se na consciência

da humanidade. O isolamento hostil prevaleceu, inicialmente, como característica

geral do comportamento social. Entretanto, procurou o homem romper esse

isolamento e estabelecer, mediante regras, relações com outros agrupamentos que

viviam sob uma ordem jurídica interna independente. Os povos primitivos, apesar

de seu nível elementar de desenvolvimento social, teriam concebido procedimentos

costumeiros aplicáveis a situações de guerra, ao estabelecimento da paz, à

discussão de regras sobre comércio entre comunidades, bem como o envio de

mensageiros que conduziam os negócios e eram reconhecidos como titulares de

liberdade de movimento e imunidade pessoal.1

Desde que os povos se organizaram em sociedade surgiu a necessidade

da comunicação e sempre ante o surgimento de uma crise como a iminência de

guerra, buscava-se em primeiro lugar por parte do invasor enviar um mensageiro

ao povo que se pretendia dominar, alguém incumbido de levar e trazer a

informação de uma possível rendição, o que muitas vezes não ocorria devido ao

fato do enviado ser morto, o que em tal caso já se sabia qual era a resposta.

O resultado desses estudos sobre as origens da diplomacia se

assemelham aos de Nicolson2, segundo o qual grupos primitivos cedo teriam

1 LIMA, Sérgio Eduardo Moreira. Privilégios e Imunidades Diplomáticos. Brasília: Instituto Rio Branco. Fundação Alexandre de Gusmão, 2002, p. 35.2 NICOLSON, Harold. The Evolution of Diplomatic Method. Westport, Connecticut, Greenwood Press, 1977, p. 2.

11

compreendido que nenhuma negociação poderia chegar a bom termo se os

emissários de uma ou outra parte fossem assassinados ao chegar. Assim o

primeiro princípio a ser estabelecido com segurânça foi o da imunidade

(inviolabilidade) diplomática. (LIMA, p. 35).

Com o passar do tempo e evolução da sociedade, criaram-se os Estados,

os quais, quando reconhecidos pelos já existentes, passavam a estabelecer

relações mútuas, surgindo então de fato a necessidade do reconhecimento da

atividade diplomática, sendo que pessoas ligadas diretamente ao governo de cada

estado era enviado ao outro, para que fossem discutidos e firmados acordos.

Somente no século XV, com o surgimento dos estados Italianos, a

diplomacia tornou-se permanentemente reconhecida com a criação do posto de

diplomatas residentes.

Segundo Sergio Bath:3

“O sistema diplomático clássico desenvolveu-se gradualmente, do século XV ao XIX, chegando a plenitude no século XIX – a época por excelêcia da diplomacia “tradicional”, regulamentada pela Convenção de Viena de 1815. Até então o exercício da diplomacia estava associado à classe aristocrática, um resíduo da ordem monarquica, em que o soberano escolhia um de seus cortesãos para representá-lo junto a outro monarca.”

Surge um diplomata residente, quando um estado envia um agente

diplomático a uma cidade estrangeira na qual irá fixar-se, e tendo nesta cidade

residência irá representar seu Estado pelo tempo que for necessário ou até que as

relações se rompam.

Nos dias de hoje utiliza-se o verbo “acreditar”, que significa para os

3 BATH, Ségio: O que é Diplomacia, São Paulo: Editora Brasilense, 1989, p. 14.

12

diplomatas “credenciar”. Em decorrência, fala-se em “estado acreditante” e “estado

acreditado”, ou seja, o estado acreditante é aquele que envia um agente

diplomático para uma missão e o estado acreditado é aquele que recebe o agente

diplomático.4

As mais importantes modificações que ocorreram nas missões

diplomáticas foram depois da Segunda Guerra Mundial, onde constatou-se que o

trabalho diplomático passou da pessoa do chefe da missão para a própria missão,

isso só aconteceu com o estabelecimento das primeiras missões permanentes e a

nomeação de secretários no qual a permanência no posto não dependia mais da

permanencia do embaixador.5

Com o aumento das responsabilidades das relações diplomáticas e de

suas atribuições aumentou consequentemente também o número de funcionários,

devido a política externa dos países estar em constante expansão, surgindo então

a necessidade de se criar normas para regular as atividades diplomáticas. Ante tal

necessidade foi Celebrado em Viena no dia 18 de abril de 1961, o texto da

Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovado pelo Decreto

Legislativo nº 103, de 1964. O depósito do instrumento brasileiro de ratificação na

ONU ocorreu em 25 de março de 1965 e a sua entrada em vigor no Brasil, em 24

de abril de 1965, sendo promulgada pelo Decreto nº 56.435, de 8 de junho de

1965, publicada no Diário Oficial de 11 de junho de 1965.

Com a assinatura da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas,

codificou-se satisfatoriamente o Direito Internacional, garantindo assim melhor

eficiência e segurança não só para as missões diplomáticas, mas também aos

agentes e todo o pessoal do corpo diplomático, e depois assegurando a estes uma

4 BATH, Ségio: O que é Diplomacia, São Paulo: Editora Brasilense, 1989, p. 15.5 Em tal sentido, vide SILVA, G.E. do Nascimento: A Missão Diplomática, Rio de Janeiro: Companhia Editora Americana, 1971, p. 25, 26.

13

série de privilégios e imunidades.

2.1 O INGRESSO NA CARREIRA DIPLOMATICA NO BRASIL

No Brasil, o Ministério das Relações Exteriores realiza anualmente, desde

1946, concurso para o ingresso de brasileiros na Carreira de Diplomata, através do

Instituto Rio Branco. Com longa tradição, o Itamaraty tornou-se uma instituição

respeitada dentro e fora do país.

O concurso compreende três fases, sendo a primeira realizada

simultaneamente em diversas cidades do país, que consiste em provas escritas. A

segunda fase é realizada em Brasília, sendo fornecido aos candidatos transporte,

alojamento e alimentação; esta fase consiste em três provas orais e três provas

escritas classificatórias. Na terceira fase são realizados exames de sanidade,

aptidão física e psíquica.

Aprovado no Concurso de Admissão do Instituto Rio Branco (IRBR), o

candidato entrará para a carreira diplomática como Terceiro-Secretário. As classes

seguintes na carreira são: Segundo-Secretário, Primeiro-Secretário Conselheiro,

Ministro de Segunda Classe e Ministro de Primeira Classe (Embaixador).

Todos os diplomatas têm de ser aprovados no Concurso de Admissão,

embora em outros países a forma de ingresso ocorra de outras maneiras. E ao

longo de sua carreira realizarão cursos obrigatórios de aperfeiçoamento.

A diplomacia brasileira elencou as seguintes atribuições principais aos

seus membros, conforme segue:

“As funções principais de um diplomata são: bem representar o Brasil perante a comunidade de nações; colher as informações necessárias à formulação de nossa política externa; participar de reuniões internacionais e, nelas, negociar em nome do Brasil; assistir as missões no exterior de setores do governo e da sociedade; proteger seus compatriotas; e

14

promover a cultura e os valores de nosso povo. O diplomata será preparado para tratar– tendo sempre como ponto de referência os interesses do país – de uma série de temas, que vão desde paz e segurânça, normas de comércio e relações econômicas e financeiras até direitos humanos, meio ambiente, tráfico ilícito de drogas, fluxos migratórios, passando, naturalmente, por tudo que diga respeito ao fortalecimento dos laços de amizade e cooperação do Brasil com seus múltiplos parceiros externos.” (Ministério das Relações Exteriores, 2009).

2.3 O que é a Diplomacia

A diplomacia é um dos instrumentos da política externa de um determinado

Estado, simbolizando a consciência geral de que existe uma sociedade

internacional, que media o interesse nacional através da identificação dos

interesses compartilhados pelas unidades políticas. É uma facilitadora da

comunicação entre os líderes políticos dos Estados, reunindo informações

relevantes sobre os mesmos em uma atividade de inteligência que é aceita e

reconhecida como legítima no cenário internacional.

Tal processo visa minimizar as fricções no relacionamento dos estados por

meio da utilização das convenções que são um instrumento para estabelecer uma

linguagem comum entre todos os envolvidos.

É o meio pelo qual os governantes buscam atingir seus objetivos de obter

apoio aos seus princípios. E é o processo político mediante o qual as posições

políticas externas de um governo são inicialmente sustentadas e logo orientadas

para o objetivo de influenciar as posições políticas e a conduta de outros

governos.6

Além do mais, ela engloba “o conjunto das atividades dos estados, em

suas relações exteriores, independentemente de considerações geográficas ou

6 BATH, Ségio: O que é Diplomacia, São Paulo: Editora Brasilense, 1989, p. 14.

15

temporais ou observada em momento histórico e relativo a uma área geográfica do

mundo”, conforme explica Soares.7

No entanto, é necessário ressaltar que diplomacia é diferente de política

externa dos Estados, pois a primeira é um dos meios pelo qual o chefe de estado

executa e planeja a política externa do Estado, cujo desempenho é incumbido aos

agentes diplomáticos. Já a política externa é o próprio chefe de Estado que elabora

e a desenvolve.

2.4 Funções e Composição das Missões Diplomáticas

No entendimento de Nascimento e Silva, as missões Diplomáticas no

cenário nacional “destinam-se a manutenção de boas relações entre o Brasil e os

Estados em que se acham sediadas, bem como proteger os direitos e os

interesses do Brasil e dos brasileiros”. 8

É unânime o entendimento dos doutrinadores acerca das funções da

Diplomacia, que consiste em: representar, informar e negociar.

Neste sentido, Hildebrando Accioly explica que as missões diplomáticas

destinam-se a assegurar a manutenção de boas relações entre o Estado

representado e os Estados em que se acham sediadas, bem como a proteger os

direitos e interesses do respectivo país e de seus nacionais. As funções da missão

diplomática de hoje são precisamente as de outrora, como se pode verificar da

comparação dos ensinamentos de antigos autores com o previsto na Convenção

específica de 1961, no seu artigo 4. Assim, há o direito de representação, ou seja,

7 SOARES, Guido Fernando Silva. Das imunidades de jurisdição e de execução. 1ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1984, p. 260.8 SILVA, G.E. do Nascimento: A Missão Diplomática, Rio de Janeiro: Companhia Editora Americana, 1971, p.177.

16

o agente diplomático fala em nome de seu governo com o Estado junto ao qual se

acha acreditado e promove relações amistosas bem como o intercâmbio

econômico, cultural e científico. Em decorrência do direito de representação, cabe

à missão negociar com o Estado acreditado. O diplomata deve proteger os

interesses de seu Estado bem como de seus nacionais junto às autoridades do

país. De outra parte, o dever de observação consiste em inteirar-se por todos os

meios lícitos das condições existentes e da evolução dos acontecimentos no

Estado acreditado e informar a esse respeito o respectivo governo. A Convenção

de Viena ainda salienta que nada impede a missão diplomática de exercer funções

consulares, prática esta que vem sendo adotada nas Capitais onde a criação de

uma repartição consular não se justifica.9

Assim estipula o artigo 3° da Convençao de Viena:

As funções de uma missão diplomática consistem, entre outras, em:

a) representar o Estado acreditante perante o Estado acreditado;

b) proteger no Estado acreditado os interesses do Estado acreditante

e se seus nacionais, dentro dos limites permitidos pelo direito internacional;

c) negociar com o Governo do Estado acreditado;

d) inteirar-se por todos os meios lícitos das condições existentes e da

evolução dos acontecimentos no Estado acreditado e informar a este

respeito o Governo do Estado acreditante;

e) promover relações amistosas e desenvolver as relações

econômicas, culturais e científicas entre o Estado acreditante e o Estado

acreditado.

2. Nenhuma disposição da presente Convenção poderá ser

9 SILVA, Hildebrando Accioly G. E. do Nascimento; CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 137-140).

17

interpretada como impedindo o exercício de funções consulares pela Missão

diplomática.

Ora, representar consiste em um Estado fazer-se presente frente a outro,

conforme estipula a alínea “a”, do artigo 3° da Convenção de Viena: “representar o

estado acreditante frente ao estado acreditado”, por meio do diplomata em

cerimônias e eventos internacionais, onde pode realizar a assinatura de tratados e

contratos, assim promovendo o país perante os demais, pela promoção cultural,

turística e divulgação de produtos nacionais dentre outras formas; tal função é tida

pelos doutrinadores como a mais importante e tradicional.

A função de informar é também uma atividade básica incumbida ao

Diplomata, para trazer ao conhecimento de seu país tudo o que for relevante e que

se mostre útil frente aos acontecimentos do estado acreditado, pois tais

informações são de cunho fundamental para tomada de decisões do Estado que

representa, bem como direcionar investimentos de empresas públicas e privadas.

Negociar, por sua vez, é a função continua que o agente diplomático

desempenha ao longo da missão diplomática, defendendo os interesses de seu

Estado, sendo que uma negociação pode ser não somente bilateral, entre dois

estados, mas também multilateral, sempre que os interesses exigirem.

Para Nascimento e Silva, “as atribuições das Missões diplomáticas

brasileiras, resultam de leis, regulamentos, portarias e circulares baixados através

dos anos, sendo que as principais se acham consignadas no Manual do Serviço”

(1971, p. 182).

18

Quanto à composição das Missões Diplomáticas, ressalte-se que “a missão

diplomática é composta do chefe da missão, dos membros do pessoal diplomático,

do pessoal administrativo e técnico e do pessoal de serviço da missão (Convenção

de Viena de 1961, art. l, alínea c).

Assim, o pessoal diplomático abrange o chefe da missão, Ministro

Conselheiro, secretários de embaixada ou de legação e adidos militares e civis.

Ademais, a Convenção de Viena ainda se ocupa dos membros das famílias do

pessoal das missões e dos criados particulares, que são pessoas do serviço

doméstico de um membro da missão que não seja empregado do Estado

acreditado. Na escolha e nomeação dos agentes diplomáticos, cada Estado

determina as qualidades e condições de idoneidade que devem possuir os seus

agentes no exterior, bem como o modo de sua designação. Em muitos países,

como no Brasil, o pessoal diplomático constitui um corpo de funcionários de

carreira. Em geral, os agentes diplomáticos são nacionais do país que os nomeia.

Nada impede, porém, que pertençam a qualquer outra nacionalidade. Em todo

caso, a prática internacional desaconselha a escolha de um nacional do Estado

junto a cujo governo o nomeado deve servir. A razão disto deriva da dificuldade de

se conciliarem os deveres do agente em relação aos dois Estados (o que o escolhe

e aquele do qual é nacional e onde vai servir) e das complicações a que sua

situação poderá dar lugar. Antes de efetuada a nomeação, o governo que resolve

acreditar um agente diplomático junto a outro governo deve solicitar deste a

aceitação da pessoa escolhida, ou, antes, deve informar-se confidencialmente,

junto a esse outro governo, sobre se tal pessoa será bem recebida como

representante diplomático, se ela será, como se costuma dizer, ‘persona grata’. A

19

essa consulta, dá-se comumente a designação de pedido de agrément ou de

agréation.

Ao partir para seu posto, leva o agente diplomático, além de outros

documentos, um que o identifica e outro que o acredita. O primeiro é o passaporte

diplomático, o segundo, a credencial. Esta última (também designada,

freqüentemente, no plural: credenciais) tem geralmente a forma de uma carta de

chancelaria, assinada pelo chefe do Estado a que pertence o agente e referendada

pelo Ministro das Relações Exteriores. Termina sempre com o pedido de que seja

dado crédito a tudo quanto disser o agente em nome de seu governo ou de seu

soberano (ACCIOLY, 1985. p. 139 e 140).

Assim dispõe o Artigo 1º, da Convenção de Viena sobre Relações

Diplomáticas de 1961:

Artigo 1º

Para os efeitos da presente Convenção:

a) "Chefe de Missão" é a pessoa encarregada pelo Estado acreditante de agir

nessa qualidade;

b) "membros da Missão" são o Chefe da Missão e os membros do pessoal da

Missão;

c) "membros do pessoal da Missão" são os membros do pessoal diplomático,

do pessoal administrativo e técnico

e do pessoal de serviço da Missão;

20

d) "membros do pessoal diplomático" são os membros do pessoal da Missão

que tiverem a qualidade de diplomata;

e) "agente diplomático" é o chefe da Missão ou um membro do pessoal

diplomático da Missão;

f) "membros do pessoal administrativo e técnico" são os membros do

pessoal da Missão empregados no serviço

administrativo e técnico da Missão;

g) "membro do pessoal de serviço" são os membros do pessoal da Missão

empregados no serviço doméstico da

Missão;

h) "criado particular" é a pessoa do serviço doméstico de um membro da

Missão que não seja empregado do

Estado acreditante;

i) "locais da Missão" são os edifícios, ou parte dos edifícios, e terrenos

anexos seja quem for o seu proprietário, utilizados para as finalidades da

Missão, inclusive a residência do Chefe da Missão.

Não existe norma geral quanto a organização interna das Missões

Diplomáticas, pois o assunto é de natureza administrativa interna e foge ao

controle do direito diplomático. Do ponto de vista internacional, pode-se apenas

dizer que a Convenção de Viena admite a possibilidade de a Missão ocupar mais

de um local, isto é, que todos os seus serviços não precisam ser obrigatoriamente

estabelecidos em um mesmo local. A tendência brasileira é a de instalar a

residência do Chefe da Missão e a Chancelaria em prédios distintos. Embora todos

os Estados sejam iguais perante o Direito Internacional, a organização das Missões

21

diplomáticas está na dependência de suas responsabilidades e interesses

internacionais, pois dentro da organização diplomática de um mesmo país, as

funções de suas Missões diplomáticas variarão segundo os objetivos visados no

estado acreditado10.

3 A PROTEÇÃO DIPLOMÁTICA - IMUNIDADES E PRIVILÉGIOS

A palavra imunidade se origina do latim immunitas, immunitatis, qualidade

de imune, isto é, livre ou isento de encargos, obrigações, ônus ou penas. A

imunidade é a prerrogativa outorgada a alguém para que se exima de certas

imposições legais em virtude do que não é obrigado a fazer ou a cumprir certos

encargos ou obrigações determinados em caráter geral. É no campo das relações

internacionais que este conceito goza de maior relevância. A imunidade

diplomática consiste na soma de isenções e prerrogativas concedidas aos agentes

diplomáticos para assegurar-lhes, no interesse recíproco dos Estados, a

independência necessária ao perfeito desempenho de sua missão. A imunidade e

os privilégios diplomáticos subtraem certas pessoas à autoridade e à competência

jurisdicional do Estado acreditado, logo, considera-se que há imunidade quando

alguém não está sujeito a uma norma de Direito interno ou à sua sanção; e que há

privilégio quando uma regra especial de Direito interno substitui a norma

ordinária.11

10 SILVA, G.E. do Nascimento: A Missão Diplomática, Rio de Janeiro: Companhia Editora Americana, 1971, p. 119-120.11 LIMA, Sérgio Eduardo Moreira. Privilégios e Imunidades Diplomáticos. Brasília: Instituto Rio Branco. Fundação Alexandre de Gusmão, 2002. p. 34.

22

Sabemos que os privilégios e as imunidades mesmo na antiguidade já

eram usados. Os agentes diplomáticos gozam de tais prerrogativas e imunidades

de relevante importância, que lhes são reconhecidas como condições essenciais

para o perfeito desempenho de suas respectivas missões. Desde a época remota,

foram os enviados diplomáticos cercados de grande respeito e consideração. De

tal modo que o direito internacional contemporâneo, admitindo os aludidos

privilégios, não faz mais, por assim dizer, do que consagrar uma tradição

generalizada. Desde o tempo de Grócio até hoje, muito se tem invocado como

fundamento das prerrogativas diplomáticas, um exemplo é a ficção da

extraterritorialidade. A opinião mais corrente, porém, combate semelhante idéia,

sustentando, com razão, que a importância das ditas prerrogativas está na real

necessidade de se assegurar, aos que delas gozam, a independência necessária

para a execução dos seus deveres oficiais; decorrendo, pois, do interesse

recíproco dos Estados.12

Estas prerrogativas desenvolveram-se gradualmente com o passar do

tempo tornando-se codificadas e plenas nos dias de hoje pela Conveçao de Viena

de 1961. Para que os agentes diplomáticos garantam com eficiência o

desempenho de suas funções é indispensável a proteção garantida pelos

privilégios, os quais são definidos como “prestígio”, e, pelas imunidades que são as

“garantias” (MELLO, 1994, p. 1102). E de acordo com a história das instituições

diplomáticas, tais privilégios versam sobre a dignidade do diplomata que

oficialmente representa um país amigo.

Para Sérgio Bath, a isenção da jurisdição local “se baseia teoricamente na

12 ACCIOLY, Hildebrando. Manual de direito internacional público. São Paulo: Saraiva, 1972. p.108.

23

alta dignidade do diplomata, representante oficial de um pais amigo – todos

queremos tratar da melhor maneira possível os hospedes ilustres que nos visitam”

(1989, p. 27).

O principal objetivo é garantir a liberdade de movimentos e ação que parte

do princípio da reciprocidade, sendo garantido devido ao fato de que todos o fazem

seguindo esta prerrogativa. Adotada essa premissa, a regra da reciprocidade

passa a funcionar assim: cada Estado tende a respeitar os privilégios diplomáticos

inscritos na Convenção de Viena por interesse próprio, porque deseja assegurar

igual liberdade de movimentos a seus representantes no exterior.

Como já mencionado neste trabalho, o gozo de tais privilégios pelos

agentes diplomáticos não pertence aos mesmos, nem por eles são beneficiados,

mas ao Estado que representam. Assim sendo, o agente não possui a prerrogativa

de abrir mão desses privilégios sem autorização prévia do governo pelo qual foi

designado e, consequentemente, apenas desse modo poderá ser julgado no

Estado acreditante por eventuais infrações a lei local.13

Existe a imunidade, em toda a situação que alguém não se sujeita a uma

determinada norma de Direito ou sanção que é imposta a todos, sendo que quanto

ao privilégio, este é constatado frente a existência de uma regra especial de Direito

que substitui uma norma ordinária. Assim a imunidade diplomática consiste na

soma das isenções e prerrogativas concedidas ao pessoal diplomático a fim de

garantir os interesses recíprocos dos Estados envolvidos. 14

Constatamos isso ao verificar a citação inicial do agente diplomático

brasileiro que exerce suas funções no estrangeiro, onde o procedimento é

13 BATH, Ségio: Oque é Diplomacia, São Paulo: Editora Brasilense, 1989, p. 27.14 LIMA, Sérgio Eduardo Moreira. Privilégios e Imunidades Diplomáticos. Brasília: Instituto Rio Branco. Fundação Alexandre de Gusmão, 2002, p. 34.

24

realizado através do Ministério das Relações Exteriores, pois não se pode recorrer

às autoridades estrangeiras para que através de carta rogatória efetuem a citação

dos referidos agentes diplomáticos, como ocorre via de regra nas demais

situações, uma vez que estes possuem o privilégio da extraterritorialidade.

Conforme dispõe o artigo 77 do Código Cívil, de 2002, “ipsis literis’:

“O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar

extraterritorialidade sem designar onde tem, ao país, o seu domicílio, poderá

ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro

onde o teve”. (CC, art. 77)

3.1 TEORIAS DAS IMUNIDADES E PRIVILÉGIOS

Ao longo do tempo a questão das imunidades e privilégios foi muito

discutida, com objetivo de se encontrar uma justificativa plausível, o que

atualmente é praticamente unânime no entendimento da maioria dos autores. Hoje

resume-se em três as principais teorias que fundamentam as imunidades e os

privilégios, sendo: teoria do caráter representativo, teoria da extraterritorialidade, e

a teoria do interesse e da função.

3.2 Teoria do Caráter Representativo

Surgiu entre o período Medieval e a Revolução Francesa, onde os

Monarcas e os Príncipes se relacionavam em caráter pessoal, pois todos os

25

enviados eram a personificação de quem os enviou, logo qualquer ofensa ao

enviado era considerada ofensa direta ao soberano. Portanto, essa teoria

compreende que a imunidade diplomática decorre da extensão da imunidade do

soberano.

MONTESQUIEU, em O Espírito das Leis (Livro XXVI, cap.XXI), destaca: 15

“(...) O Direito das Gentes quer que os príncipes enviem embaixadores, e a razão derivada da natureza das coisas não permite que estes dependam do soberano ante o qual são acreditados, nem de seus tribunais. Eles são a palavra do príncipe que os envia e tal palavra deve ser livre; nenhum obstáculo deve impedir-lhes da ação. Por falar como pessoas independentes, podem muitas vezes desagradar; poderia imputar-lhes crimes se fosse permitido prende-lhes por dívida. Um príncipe, naturalmente altivo, falaria assim pela boca de pessoas sujeitas a temer por tudo. É necessário, portanto, recorrer com respeito aos embaixadores a razões emanadas do Direito das Gentes e não as regras de direito político. Se abusam de seu caráter representativo, se deve dar por terminada sua missão e despedi-lhes; também os pode acusar ante seu amo a fim de que atuem como juízes ou cúmplice”.

Assim, de acordo com essa teoria, os privilégios e as imunidades

diplomáticas têm como fundamento a idéia de que o agente diplomático

representaria o soberano e que uma afronta àquele seria considerada como

dirigida a este. A doutrina e a prática modernas deixaram de acolher essa tese e a

Convenção de Havana sobre Funcionários Diplomáticos, de 02 de fevereiro de

1928, incluiu em seu preâmbulo que “os funcionários diplomáticos não representam

em caso algum a pessoa do Chefe de Estado, e sim o seu Governo”. Há, todavia

algumas monarquias que consideram o embaixador representante do soberano,

assim como ocorre no caso dos núncios tidos como representantes pessoais do

papa. (LIMA, Sérgio Eduardo Moreira, 2002. p.43).

Esta teoria caiu em desuso ante o advento da Revolução Francesa, onde

ocorreu a destruição da idéia de que o Estado fosse propriedade do seu príncipe

15 Cit., Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 79, p.62-72, jun./jul., 2006

26

ou soberano, bem como o caráter de representação que era personificado ao chefe

da mesma hoje não é mais usado, haja vista que o chefe da Missão Diplomática

representa o Estado como um todo e não apenas seu governante.

3.3 Teoria da Extraterritorialidade

Foi exposta no Século XVII por Hugo Grocio16. Esta teoria sustenta que o

local da embaixada e seus agentes são uma extensão do Estado de origem, assim

não estando sujeitos ou submissos à lei local.

GROCIO, defendeu que:

“pelo direito das gentes, um embaixador representa, por uma espécie de ficção, a pessoa de seu senhor, e igualmente, por uma ficção, se considera que se encontra fora do território da potência ante a que exerce suas funções. Assim se depreende que não tenha que observar as leis civis do país estrangeiro onde permanece como embaixador”.

Esta teoria foi abandonada no século XIX, pelo fato de que ante a

ocorrência de crimes comuns nas embaixadas, seria necessário um processo de

extradição para possibilitar a entrega do autor do crime, o que na prática não

ocorre. Além do que, a teoria está em desacordo com o que prevê o artigo 31 da

Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, pois viola as imunidades

conforme dispõe:

1. O agente diplomático gozará da imunidade de jurisdição penal do

Estado acreditado. Gozará também da imunidade de jurisdição civil e

16 Le droit de la guerre et de la paix. Amzterdam, 1724, livro II, cap. XVIII, p. 540, cit., Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 79, p.62-72, jun./jul., 2006.

27

administrativa, a não ser que se trate de:

a) uma ação sobre imóvel privado situado no território do Estado

acreditado, salvo se o agente diplomático o possuir por conta do Estado

acreditante para os fins da missão;

b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a título

privado e não em nome do Estado, como executor testamentário,

administrador, herdeiro ou legatário;

c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial

exercida pelo agente diplomático no Estado acreditado fora de suas funções

oficiais.

2. O agente diplomático não é obrigado a prestar depoimento como

testemunha.

3. O agente diplomático não está sujeito a nenhuma medida de

execução, a não ser nos casos previstos nas alíneas "a", "b" e "c", do

parágrafo 1º deste artigo e desde que a execução possa realizar-se sem

afetar a inviolabilidade de sua pessoa ou residência.

4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado

acreditado não o isenta da jurisdição do Estado acreditante”

Na jurisprudência internacional são encontradas várias decisões de

tribunais que rejeitam a teoria da extraterritorialidade. A mais antiga data de 1865,

quando a Corte de Cassação da França recusou o pedido de extradição de um

cidadão russo que penetrara na Embaixada da Rússia em Paris, tentara assassinar

um secretário de mesma e acabara preso no local da missão pela polícia Francesa.

O governo russo invocava a extraterritorialidade e arguia a incompetência das

28

autoridades francesas. Na sentença, o tribunal parisiense registrou que a regra da

exceção da jurisdição territorial cobria os diplomatas estrangeiros, mas não um

estrangeiro sem este caráter, que residia na França, e portanto, estava sujeito às

leis francesas; e acrescentou que o local em que o crime fora praticado não podia

ser considerado como fora dos limites do território francês. (LIMA, Sérgio Eduardo

Moreira, 2002, p. 41. Apud ACCIOLY, Hildebrando, op. cit., p. 466).

3.4 Teoria do Interesse e da Função

Esta teoria fundamenta modernamente as imunidades e privilégios, sendo

aceita pela maioria dos doutrinadores e consagrada pela jurisprudência, bem como

é a teoria adotada pelo Instituto de Direito Internacional. Com base no interesse

recíproco dos Estados para o melhor desempenho da função diplomática, ela visa

garantir o eficaz desempenho da atuação dos agentes diplomáticos, não sendo

estes beneficiados pelas imunidades e privilégios além do que tange o estrito

cumprimento das funções que lhes compete, conforme estabelece os preâmbulos

da convenção de Havana (1928) e Viena (1961).

José Alceu Cicco Filho17, salienta que esta é a teoria que prima na

intelectualidade, por ser eminentemente satisfatória. A imunidade dos agentes

diplomáticos é de relevante necessidade, pois segundo tal ensinamento um

representante diplomático não pode exercer suas funções se não estiver livre de

toda ameaça bem como se não estiver plenamente independente do Estado

receptor.

17FILHO, José Alceu Cicco: Relevância da Imunidade Diplomática. In http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/rev_79/artigos/Alceu_rev 79.htm, acesso em 23 de julho de 2011

29

Este mesmo autor, ao citar Vattel18 e Oppenheim19, demonstra porque esta

teoria é a mais aceita:

“Os embaixadores e outros ministros públicos são instrumentos necessários para manter esta sociedade internacional, esta correspondência mutua das nações. Mas sua função não pode lograr o fim para o qual foi designado se não se encontram providos de todas as prerrogativas necessárias para assegurar o êxito legítimo, permitindo-lhes exercer com toda segurança, liberdade e fidelidade. O mesmo Direito das Gentes que obriga as nações a aceitar os ministros estrangeiros, as obriga também manifestadamente a receber estes ministros com todos os direitos que lhes são necessários e todos os privilégios que asseguram o exercício de suas funções”.

“As razões pelas quais estes privilégios devem ser outorgados radicam em que os enviados diplomáticos são representantes de seus Estados e da dignidade destes ademais de não poder exercer suas funções adequadamente se não desfrutam de semelhantes privilégios. Resulta obvio que, se estivessem sujeitos a interferências comuns de ordem política ou jurídica como qualquer outro indivíduo, e conseqüentemente fosse mais ou menos dependentes da boa vontade do governo, ficariam sujeitos a serem influenciados por considerações de ordem pessoal relativas a sua segurança ou comodidade, a um gral tal, que materialmente lhes dificultaria o exercício pleno de suas funções. É igualmente claro que se em sua relação livre e plena com seus Estados, através de cartas, telegramas e correios, estivessem sujeitos a interferências, os objetivos de sua missão não poderiam ser cumpridos. Neste caso lhes resultaria impossível o envio de informações independentes e secretas a seus Estados, e o recibo de instruções similares de seus próprios países. Da consideração destas e várias outras razões análogas, seus privilégios parecem ser atributos inseparáveis da existência mesma dos enviados diplomáticos”.

4 CLASSIFICAÇÃO DAS IMUNIDADES E PRIVILÉGIOS

São três as formas em que os privilégios e as imunidades podem ser

classificados: pela isenção do pagamento de impostos, pela inviolabilidade e

imunidade de jurisdição. São estendidos não somente ao Diplomata, mas a todos

os funcionários que compõe a missão, embora a estes sejam concedidos de

maneira restrita.20

18 Emerich de Vattel. Lê Droit de Gens. París, 1830. tomo II, lib IV, cap. VIII, pp.364-365.19 OPPENHEIM, L. op. cit., p. 70620 MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Publico. 5ª ed. Rio de Janeiro:

30

Quanto à isenção de impostos, estabelece a Convenção de Viena de 1961,

no artigo 23, parágrafo 1°, que

“O Estado acreditante e o Chefe da Missão estão isentos de todos os impostos e taxas, nacionais, regionais ou municipais, sobre os locais da Missão de que sejam proprietários ou inquilinos, excetuados os que representem o pagamento de serviços específicos que lhes sejam prestados”.

No entanto, tais isenções não se aplicam para quem contratar com o chefe

da missão, pois conforme o artigo 23, parágrafo 2° da Convenção, dispõe

“A isenção fiscal a que se refere o artigo “não se aplica aos impostos e taxas cujo pagamento, na conformidade da legislação do Estado acreditado, incumbir às pessoas que contratem com acreditante ou com o Chefe da Missão”.

Conforme dispõe o artigo 36 da Convenção de Viena de 1961:

“de acordo com leis e regulamentos que adote, o Estado acreditado permitirá a entrada livre do pagamento de direitos aduaneiros, taxas e gravames conexos, que não constituam despesas de armazenagem, transporte e outras relativas à serviços análogos: dos objetos destinados ao uso oficial da Missão; dos objetos destinado ao uso pessoal do agente diplomático ou dos membros de sua família que com ele vivam, incluídos os bens destinados à sua instalação”.

Dentre as isenções mencionadas há exceções, que são previstas no artigo

34 da Convenção de Viena Sobre Relações Diplomáticas, assim disposto:

“Artigo 34 - O agente diplomático gozará de isenção de todos os

impostos e taxas, pessoas ou reais, nacionais, regionais ou municipais, com

as exceções seguintes:

a) os impostos indiretos que estejam normalmente incluídos no preço

Freitas Bastos, 1976, p. 224.

31

das mercadorias ou dos serviços;

b) os impostos e taxas sobre bens imóveis privados, situados no

território do Estado acreditado, a não ser que o agente diplomático os possua

em nome do Estado acreditante e para os fins da Missão;

c) os direitos de sucessão percebidos pelo Estado acreditado salvo o

disposto no parágrafo 4º do artigo 39;

d) os impostos e taxas sobre rendimentos privados que tenham a sua

origem no Estado acreditado e os impostos sobre o capital, referente a

investimentos em empresas comerciais no Estado acreditado;

e) os impostos e taxas cobrados por serviços específicos prestados;

f) os direitos de registro, de hipoteca, custas judiciais e imposto de

selo relativos a bens imóveis, salvo o disposto no artigo 23.”

Tal isenção, descrita no referido artigo, não engloba os impostos pessoais

que são cobrados diretamente da pessoa do agente diplomático, haja vista ser um

rol taxativo, que descreve os únicos casos em que ocorre a cobrança de impostos.

O beneficiário deste privilégio diplomático, de todo modo, deverá arcar com os

impostos indiretos, normalmente incluídos no preço de bens ou serviços, assim

também com as tarifas correspondentes a serviços que tenha efetivamente

utilizado. E óbvio que possuindo, acaso, imóvel particular no território local, pagará

os impostos sobre ele incidentes.21

A inviolabilidade da sede da missão é considerada a prerrogativa mais

importante, pois abrange a residência pessoal dos agentes, como também todos os

21 REZEK, Francisco. Direito internacional Público Curso Elementar. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 161.

32

bens e meios de locomoção ali situados, estendendo-se inclusive às

correspondências e às comunicações dos diplomatas.

Neste sentido, Rezek explica:

“São fisicamente invioláveis os locais da missão diplomática com todos os bens ali situados, assim como os locais residenciais utilizados pelo quadro diplomático e pelo quadro administrativo e técnico. Esses imóveis, e os valores mobiliários neles encontráveis, não podem ser objeto de busca, requisição, penhora ou medida qualquer de execução. Os arquivos e documentos da missão diplomática são invioláveis onde quer que se encontrem”. (2009, p. 161).

Tal inviolabilidade significa que não poderá o Estado acreditado utilizar-se

de qualquer meio de coação (ex: força de policial), exceto com expressa permissão

do chefe da missão diplomática22.

Eis o que dispõe a respeito o artigo 22 da Convenção de Viena sobre

Relações Diplomáticas:

“Artigo 22.

1. Os locais da Missão são invioláveis. Os agentes do Estado

acreditado não poderão neles penetrar sem o consentimento do Chefe da

Missão.

2. O Estado acreditado tem a obrigação especial de adotar todas as

medidas apropriadas para proteger os locais da Missão contra qualquer

instrução ou dano e evitar perturbações à tranqüilidade da Missão ou ofensas

à sua dignidade.

22 SILVA, Geraldo Eulalio do Nascimento: Convençao Sobre Relaçoes Diplomaticas: a codificaçao do Direito Internacional, 3ª Ediçao. Rio de Janeiro: Forence Universitaria, 1989, p. 141.

33

3. Os locais da Missão, seu mobiliário e demais bens neles situados,

assim como os meios de transporte da Missão, não poderão ser objeto de

busca, requisição, embargo ou medida de execução.”

Na Missão Diplomática, há necessidade de que seus agentes tenham

jurisdição Civil e Criminal do Estado acreditado, para que no desempenho de suas

funções, estas alcancem o objetivo esperado.

Em relação ao tema, Rezek explica:

“No âmbito da missão diplomática, tânto os membros do quadro diplomático de carreira (do embaixador ao terceiro-secretário) quanto os membros do quadro administrativo e técnico (tradutores, contabilistas etc.) — estes últimos desde que oriundos do Estado acreditante, e não recrutados in toco — gozam de ampla imunidade de jurisdição penal e civil são, fisicamente invioláveis, e em caso algum podem ser obrigados a depor como testemunhas” (1998, p. 160).

No mesmo sentido, explica Moreno Pinho23:

“a imunidade de jurisdiçao não se baseia no principio da igualdade soberana dos Estados onde se desprende que nenhum Estado pode exercer jurisdiçao sobre o outro pr im parem non habet imperium, mas sim que há uma necessidade de outorgar as missões diplomaticas e seus membros as liberdades necessarias para que possam levar a cabo sua missão com independencia. A imunidade de jurisdiçao ampara os agentes diplomaticos contra ações civis ou penais que possam atrapalhar o desenvolvimento de sua incumbência”

E mais, a imunidade de jurisdição está prevista no artigo 31 da Convenção

de Viena de 1961, comportando as exceções descritas nas alineas “a”, “b” e “c”,

conforme segue:

23 PINO, Ismael Moreno: La Diplomacia. Mexico: Fondo de Cultura Economica, 2001, p. 231.

34

Artigo 31.

1. O agente diplomático gozará da imunidade de jurisdição penal do

Estado acreditado. Gozará também da imunidade de jurisdição civil e

administrativa, a não ser que se trate de:

a) uma ação sobre imóvel privado situado no território do Estado

acreditado, salvo se o agente diplomático o possuir por conta do Estado

acreditante para os fins da missão;

b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a título

privado e não em nome do Estado, como executor testamentário,

administrador, herdeiro ou legatário;

c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade

comercial exercida pelo agente diplomático no Estado acreditado fora de

suas funções oficiais.

2. O agente diplomático não é obrigado a prestar depoimento como

testemunha.

3. O agente diplomático não está sujeito a nenhuma medida de

execução, a não ser nos casos previstos nas alíneas "a", "b" e "c", do

parágrafo 1º deste artigo e desde que a execução possa realizar-se sem

afetar a inviolabilidade de sua pessoa ou residência.

4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado

acreditado não o isenta da jurisdição do Estado acreditante.

Contudo, a referida imunidade não garante ao agente diplomático estar

acima da lei, bem como não o exime de respeitar as leis e os regulamentos locais.

35

Conforme se depreende da doutrina consagrada nesta questão, os diplomatas e

integrantes do pessoal administrativo e técnico da missão diplomática gozam de

imunidade penal ilimitada, que se projeta, de resto, sobre os membros de suas

famílias. Outrossim, até mesmo um homicídio passional, uma agressão, um furto

comum estarão isentos de processo local. Porém, os diplomas de Viena lembram

que isso não livra o agente da jurisdição de seu Estado pátrio. O que se espera,

por natural, é que retornando à origem o diplomata responda ali pelo delito

praticado em território estrangeiro. E, ainda, registre-se que a imunidade não

impede a polícia local de investigar o crime, preparando a informação sobre a qual

se presume que a Justiça do Estado de origem processará o agente beneficiado

pelo privilégio diplomático.

Neste sentido, Lima sintetiza com propriedade que a “imunidade de

jurisdição penal não significa impunidade, assim como a imunidade de jurisdição

civil não e sinônimo de irresponsabilidade.” (2002. p. 53).

Assim, tem-se que a finalidade da imunidade de jurisdição é garantir com

efetividade e segurança o cumprimento das funções desempenhadas pelos

agentes diplomáticos, sem que haja impunidade no caso da prática de atos ilícitos,

principalmente aqueles alheios às missões.

Cabe ressaltar, também, que a prática predominante, apesar de contar

com algumas exceções, é no sentido de somente admitir a imunidade de jurisdição

dos governos reconhecidos, pois do contrário estar-se-ia violando o princípio “par

36

in parem non habet imperium". No entanto, os tribunais norte-americanos

reconhecem imunidade de jurisdição a governos não reconhecidos. 24

Neste ponto, resta ainda discorrer sobre a possibilidade de renúncia à

imunidade diplomática. De plano, observa-se que este dispositivo de renúncia à

imunidade está previsto no artigo 32 da Convenção de Viena sobre Relações

Diplomáticas, conforme se observa:

“Artigo 32.

1. O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos

seus agentes diplomáticos e das pessoas que gozem de imunidade nos

termos do artigo 37.

2. A renúncia será sempre expressa.

3. Se um agente diplomático ou uma pessoa que goza de imunidade

de jurisdição nos termos do artigo 37 inicia uma ação judicial, não lhe será

permitido invocar a imunidade de jurisdição no tocante a uma reconvenção

diretamente ligada à ação principal.

4. A renúncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações cíveis ou

administrativas não implica renúncia à imunidade quanto às medidas de

execução da sentença, para as quais nova renúncia é necessária.”

Sobre esse aspecto explicam Mello (1994, p. 1132) e Hee Moon Jo (2000,

p. 138), que o Estado acreditante e somente ele pode renunciar, se entender

conveniente, às imunidades de índole penal e civil de que gozam seus

24 MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Publico. 12ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 360.

37

representantes diplomáticos e consulares. Estipula a convenção de Viena que, no

foro cível, a renúncia atinente ao processo de conhecimento não alcança a

execução, para a qual nova renúncia se faz necessária (norma singular, que em

doutrina já foi considerada imoral). Em caso algum, aliás, o próprio beneficiário da

imunidade dispõe de um direito de renúncia.

O caso Balniaceda-Waddington ilustra a impossibilidade da renúncia ao

privilégio por parte do próprio diplomata, ainda que não seja a sua pessoa, mas a

de um familiar, o alvo da ação deduzida em juízo. Em 1906, o filho do embaixador

do Chile em Bruxelas, D. Luys Waddington, matou por razões pessoais o secretario

da embaixada, Ernesto Balmaceda. As autoridades belgas se abstiveram de

qualquer ação punitiva. Dias mais tarde, D. Luys Waddington compareceu ao

Palácio da Justiça e declarou ao procurador do rei que renunciava à imunidade do

filho, para que este respondesse pelo homicídio ante os tribunais belgas. O

governo local procurou saber se a chancelaria chilena abonava aquela renúncia, e

só ante a resposta afirmativa fez com que o processo tivesse curso25.

Neste caso, resta evidente a situação em que o Estado admitiu a renúncia

à imunidade de um agente ainda que não em sua pessoa, para que o mesmo

pudesse ser o pólo passivo em uma ação criminal perante o judiciário local.

25 REZEK, Francisco. Direito internacional Público Curso Elementar. São Paulo: Saraiva, 2009, p.

163.

38

5 ASILO DIPLOMÁTICO

Este mecanismo é disciplinado pela Convenção de Havana de 1928, pela

de Montevidéu de 1933 e, está previsto na Convenção de Asilo Diplomático

assinado na cidade de Caracas, no dia 28 do mês de março do ano de 1954,

sendo promulgada no Brasil através do Decreto Presidencial n° 42.628, do dia 13

do mês de novembro do ano de 1957.26

A instituição do asilo tem suas origens na antiguidade, dentre os institutos

internacionais legados da Grécia antiga, mas foram as guerras religiosas e a

Revolução Francesa que levram a consolidação do instituito. As mudanças

históricas e políticas, em regiões como a América latina, sempre acarretaram

problemas humanos dessa natureza. A Declaração Universal dos Direitos do

Homem, de 1948, reza em seu artigo XIV que “todo Homem, vítima de

perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países”. O

parágrafo 2° do artigo acrescenta que o direito de asilo “não pode ser invocado em

caso de perseguição motivada legitimamente por crimes de direito comum ou por

atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas, bem como a rigor do

parágrafo 1°, reconhece o direito do indivíduo de procurar asilo, mas não a

obrigação dos estados em concedê-lo, haja o contido na Resolução n° 3.212

(XXII), de 1967, aprovada pela Assebléia Geral das Nações Unidas onde

estabelece que o asilo é direito do estado baseado em sua soberania27.

O asilo diplomático não deve ser confundido com asilo político, pois este

último é territorial, conforme explica Francisco Rezek28:

26 Disponível em: www2.mre.gov.br/dai/asilodiplom.htm, acesso em 30/09/2011.27 ACCIOLY, Hidelbrando, Paulo Borba Gasella e G.E. do Nascimento e Silva. Manual de Direito Internacional Público - 19ª Ed. São Paulo. Saraiva, 2011, p. 510-511.28 REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público Curso Elementar – 13ª. Ed. São Paulo, Saraiva, 2011, p. 250,251.

39

“Asilo político é o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido alhures que, relacionados com a segurança do Estado, não coniguram quebra o direito penal comum (...) em sua forma perfeita e acabada é territorial: concede – geralmente, mas não necessariamente, em seu próprio país patrial – por causa de dessidência política, de delitos de opinião, ou por crimes -o o Estado àqule estrangeiro que, havendo ruzao a fronteira, colocou-se no âmbio espacial de sua soberania, e aí requru o benefício (...). Sendo que o chamado asilo diplomático é ua forma provisória do asilo político”.

O que deve destacar-se no estudo do asilo diplomático, é o fato de que ele

constitui uma exceção à plenitude da competência que o Estado exerce sobre seu

território. O asilo nunca é diplomático em definitivo, essa modalidade significa

apenas um estágio provisório, uma ponte para o asilo territorial, a consumar-se no

solo daquele mesmo país cujo embaixada acolheu o fugitivo, ou evenualmente no

solo de um terceiro país que o aceite. Sendo que os pressupostos do asilo

diplomátio são, os mesmos do asilo territorial: a natureza política dos delitos

atribuídos ao fugitivo, e a atualidade da persecução, chamada nos textos

convencionais de, estado de urgência.

Quanto aos locais onde este asilo pode dar-se Resek na mesma obra29,

considera que são as missões diplomáticas - não as repartições conulares e, por

extenção os imóveis residenciais cobertos pela inviolabilidade nos termos da

Convenção de Viena de 1961, bem como segundo os costumes os navios de

guerra porventura acostados ao litoral.

Autores clássicos não reconheciam o fundamento jurídico no uso dos

locais da missão diplomática para fins de asilo, mas a inviolabilidade da missão,

assim como os princípios do Direito Internacional que lhes correspondem, são os

de maior relevância no quadro geral das relações diplomáticas.

29 Op. Cit., p. 252.

40

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No encerramento do presente trabalho pode-se destacar a grande

importância que representa a expressão Diplomacia, que pode ser utilizada em

várias acepções, sendo que todas são juridicamente válidas. O tema aqui

abordado esta longe de ser esgotado, haja vista o amplo campo que envolve a

diplomacia, junto as relações internacionais. O foco desta monografia foi destacar

os principais pontos históricos em face do surgimento da diplomacia, no qual se

atentou às circunstâncias de que a história do mundo é moldada de acordo com as

decisões políticas exteriores adotadas pelos países, que através da secular

experiência diplomática passam a utilizar a cada dia novas técnicas no exercício da

diplomacia, com destaque ao importante e fundamental papel das imunidades para

o seu eficaz desempenho.

O diplomata é um agente do Estado, e neste sentido a imunidade é vista

como um atributo dos agentes que representam um Estado junto a outro, porém

esta visão não é correta, pois a imunidade é exclusiva do Estado, servindo apenas

como uma forma de proteger o agente enviado a cumprir com êxito as missões. O

princípio da reciprocidade fundamenta os privilégios e as imunidades, garantindo

assim o cumprimento das normas sob os auspícios do Direito Internacional.

A função de representar que a diplomacia exerce, define-se como o dever

e prerrogativa do diplomata de interar-se por todos os meios que lhe são

permitidos, das condições e da evolução dos fatos a fim de detalhar todas as

possibilidades, informando ao Estado que representa, sendo que a representação,

além de simbólica ou social, é também legal, que ocorre com assinatura de

contratos ou de tratados em nome do governo, sendo que para isso existe um

41

processo contínuo e permanente de negociação.

Vale dizer que a carreira diplomática, além de ser uma das mais antigas,

irá perdurar ao longo de muitos séculos vindouros, não sendo imaginável o seu fim,

pois com a chegada da globalização todos os países do mundo têm a cada dia

estreitado mais as relações, aumentando a política externa. Os países,

independentemente de sua força ou desenvolvimento, quando se encontram diante

de uma situação na qual envolva outra soberania, estando em jogo interesses,

sejam eles os mais variados, buscam em primeira mão através das vias

diplomáticas soluções pacificas, a fim de encontrar a melhor solução para ambos.

Assim surgem as missões diplomáticas, que ante outras prerrogativas buscam

garantir a ordem internacional, e perante a qual a diplomacia e dos diplomatas

foram, são e continuarão sendo valiosos instrumentos à serviço dos Estados.

42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATH, Sérgio. O que é diplomacia. São Paulo: Brasiliense, 1989.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Diplomacia, acesso em 20/02/2010.

JO, Hee Moo, Introdução ao Direito Internacional. São Paulo: RT, 2000.

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Janeiro: Lacerda, 1999.

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Instituto Rio Branco. Fundação Alexandre de Gusmão, 2002.

MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. Rio de

Janeiro : Revista dos Tribunais, 2009.

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44

ANEXOS

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ANEXO I

Convenção de Viena sobre Relações DiplomáticasCelebrada em Viena a 18 de abril de 1961;

aprovada pelo Decreto Legislativo nº 103, de 1964.depósito do instrumento brasileiro de ratificação na ONU em 25 de março de 1965.

entrada em vigor, para o Brasil, a 24 de abril de 1965.promulgada pelo Decreto nº 56.435, de 8 de junho de 1965

publicada no Diário Oficial de 11 de junho de 1965

Decreto nº 56.435 – de 8 de junho de 1965

Promulga a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.O Presidente da República,

Havendo o Congresso Nacional aprovado pelo Decreto Legislativo nº 103, de 1964, a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, assinada a 18 de abril de

1961;e havendo a referida Convenção entrado em vigor para o Brasil, de acordo com

seu artigo 51, parágrafo 2º, a 24 de abril de 1965,trinta dias após o depósito do Instrumento brasileiro de ratificação, que se efetuou

a 25 de março de 1965.Decreta que o mesmo, apenso por cópia ao presente decreto, seja executado e

cumprido tão inteiramente como nele se contém.Brasília, 8 de junho de 1965; 144º da Independência e 77º da República.

H. Castello Branco

CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS

Os Estados-Partes na presente Convenção, considerando que, desde tempos remotos, os povos de todas as nações têm reconhecido a condição dos agentes diplomáticos; conscientes dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas relativos à igualdade soberana dos Estados, à manutenção da paz e da segurança internacional e ao desenvolvimento das relações de amizade entre as nações; estimando que uma convenção internacional sobre relações, privilégios e imunidades diplomáticas contribuirá para o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações, independentemente da diversidade dos seus regimes constitucionais esociais; reconhecendo que a finalidade de tais privilégios e imunidades não é beneficiar indivíduos, mas, sim, a de garantir o eficaz desempenho das funções das missões diplomáticas, em seu caráter de representantes dos Estados; afirmando que as normas de direito internacional consuetudinário devem continuar regendo as questões que não tenham sido expressamente reguladas nas disposições da presente Convenção; convieram no seguinte:

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Artigo 1º

Para os efeitos da presente Convenção:

a) " Chefe de Missão" é a pessoa encarregada pelo Estado acreditante de agir nessa qualidade ; b) "membros da Missão" são o Chefe da Missão e os membros do pessoal da Missão;c) "membros do pessoal da Missão" são os membros do pessoal diplomático, do pessoal administrativo e técnicoe do pessoal de serviço da Missão;d) " membros do pessoal diplomático" são os membros do pessoal da Missão que tiverem a qualidade de diplomata ; e) "agente diplomático" é o chefe da Missão ou um membro do pessoal diplomático da Missão ; f) "membros do pessoal administrativo e técnico" são os membros do pessoal da Missão empregados no serviçoadministrativo e técnico da Missão;g) "membro do pessoal de serviço" são os membros do pessoal da Missão empregados no serviço doméstico daMissão;h) "criado particular" é a pessoa do serviço doméstico de um membro da Missão que não seja empregado doEstado acreditante;i) "locais da Missão" são os edifícios, ou parte dos edifícios, e terrenos anexos seja quem for o seu proprietário, utilizados para as finalidades da Missão, inclusive a residência do Chefe da Missão .

Artigo 2º.

O estabelecimento de relações diplomáticas entre Estados e o envio de missões diplomáticas permanente efetua-se por consentimento mútuo.

Artigo 3º.

As funções de uma missão diplomática consistem, entre outras, em:a) representar o Estado acreditante perante o Estado acreditado ; b) proteger no Estado acreditado os interesses do Estado acreditante e se seus nacionais, dentro dos limites permitidos pelo direito internacional;c) negociar com o Governo do Estado acreditado;d) inteirar-se por todos os meios lícitos das condições existentes e da evolução dos acontecimentos no Estado acreditado e informar a este respeito o Governo do Estado acreditante;e) promover relações amistosas e desenvolver as relações econômicas, culturais e científicas entre o Estado acreditante e o Estado acreditado.2. Nenhuma disposição da presente Convenção poderá ser interpretada como impedindo o exercício de funções consulares pela Missão diplomática .

Artigo 4º.

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1. O Estado acreditante deverá certificar-se de que a pessoa que pretende nomear como Chefe da Missão perante o Estado acreditado obteve o agréement do referido Estado.2. O Estado acreditado não está obrigado a dar ao Estado acreditante as razões da negação do " agréement ".

Artigo 5º.

1. O Estado acreditante poderá, depois de haver feito a devida notificação aos Estados acreditados interessados, nomear um Chefe de Missão ou designar qualquer membro do pessoal diplomático perante dois ou mais Estados, a não ser que um dos Estados acreditados a isso se oponha expressamente.2. Se um Estado acredita um Chefe de Missão, perante dois ou mais Estados, poderá estabelecer uma Missão diplomática dirigida por um Encarregado de Negócios ad interim em cada um dos Estados onde o Chefe da Missão não tenha a sua sede permanente.3. O Chefe da Missão ou qualquer membro do pessoal diplomático da Missão poderá representar o Estado acreditante perante uma organização internacional.

Artigo 6º.

Dois ou mais Estados poderão acreditar a mesma pessoa como Chefe de Missão perante outro Estado, a não ser que o Estado acreditado a isso se oponha.

Artigo 7º.

Respeitadas as disposições dos artigos 5º, 8º, 9º e 11 o Estado acreditante poderá nomear os membros do pessoal da Missão . No caso dos adidos militar, naval ou aéreo, o Estado acreditado poderá exigir que seus nomes lhe sejam previamente submetidos para efeitos de aprovação.

Artigo 8º.

1. Os membros do pessoal diplomático da Missão deverão, em princípio, ter a nacionalidade do Estado acreditante.2. Os membros do pessoal diplomático da Missão não poderão ser nomeados dentre pessoas que tenham a nacionalidade do Estado acreditado, exceto com o consentimento do referido Estado, que poderá retirá-lo em qualquer momento.3. O Estado acreditado poderá exercer o mesmo direito com relação a nacionais de terceiro Estado que não sejam igualmente nacionais do Estado acreditante.

Artigo 9º.

1. O Estado acreditado poderá a qualquer momento, e sem ser obrigado a justificar a sua decisão, notificar ao Estado acreditante que o Chefe da Missão ou qualquer membro do pessoal diplomático da Missão é persona non grata ou que outro membro do pessoal da missão não é aceitável. O Estado acreditante, conforme o caso,retirará a pessoa em questão ou dará por terminadas as suas funções na Missão. Uma pessoa poderá ser declarada non grata ou não aceitável mesmo antes de chegar ao território do Estado acreditado.

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2. Se o Estado acreditante se recusar a cumprir, ou não cumprir, dentro de um prazo razoável, as obrigações que lhe incumbem, nos termos do parágrafo 1º deste artigo, o Estado acreditado poderá recusar-se a reconhecer tal pessoa como membro da Missão.

Artigo 10.

1. Serão notificados ao Ministério das Relações Exteriores do Estado acreditado, ou a outro Ministério em que se tenha convindo : a) a nomeação dos membros da Missão, sua chegada e partida definitiva ou o termo das suas funções na Missão ; b) a chegada e partida definitiva de pessoas pertencentes à família de um membro da Missão e, se for o caso, o fato de uma pessoa vir a ser ou deixar de ser membro da família de um membro da Missão;c) a chegada e a partida definitiva dos criados particulares a serviço das pessoas a que se refere a alínea "a" deste parágrafo e, se for o caso, o fato de terem deixado o serviço de tais pessoas;d) a admissão e a despedida de pessoas residentes no Estado acreditado como membros da Missão ou como criados particulares com direito a privilégios e imunidades.2. Sempre que possível, a chegada e a partida definitiva deverão também ser previamente notificadas .

Artigo 11.

1. Não havendo acordo explícito sobre o número de membros da Missão, o Estado acreditado poderá exigir que o efetivo da Missão seja mantido dentro dos limites que considere razoáveis e normais, tendo em conta as circunstâncias e condições existentes nesse Estado e as necessidades da referida Missão.2. O Estado acreditado poderá igualmente, dentro dos mesmos limites e sem discriminação, recusar-se a admitir funcionários de uma determinada categoria.

Artigo 12.

O Estado acreditante não poderá, sem o consentimento expresso e prévio do Estado acreditado, instalar escritórios que façam parte da Missão em localidades distintas daquela em que a Missão tem a sua sede.

Artigo 13.

1. O Chefe da Missão é considerado como tendo assumido as suas funções no Estado acreditado no momento em que tenha entregado suas credenciais ou tenha comunicado a sua chegada e apresentado as cópias figuradas de suas credenciais ao Ministério das Relações Exteriores, ou ao Ministério em que se tenha convindo, de acordo com a prática observada no Estado acreditado, a qual deverá ser aplicada de maneira uniforme.2. A ordem de entrega das credenciais ou de sua cópia figurada será determinada pela data e hora da chegada do Chefe da Missão.

Artigo 14.

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1. Os Chefes de Missão dividem-se em três classes:a) Embaixadores ou Núncios acreditados perante Chefes de Estado, e outros Chefes de Missão de categoria equivalente;b) Enviados, Ministros ou Internúncios, acreditados perante Chefes de Estado;c) Encarregados de Negócios, acreditados perante Ministro das Relações Exteriores.2. Salvo em questões de precedência e etiqueta, não se fará nenhuma distinção entre Chefes de Missão em razão de sua classe.

Artigo 15.

Os Estados, por acordo, determinarão a classe a que devem pertencer os Chefes de suas Missões.Artigo 16.

1. A precedência dos Chefes de Missão, dentro de cada classe, se estabelecerá de acordo com a data e hora em que tenham assumido suas funções, nos termos do artigo 13.2. As modificações nas credenciais de um Chefe de Missão, desde que não impliquem mudança de classe, não alteram a sua ordem de precedência.3. O presente artigo não afeta a prática que exista ou venha a existir no Estado acreditado com respeito à precedência do representante da Santa Sé.

Artigo 17.

O Chefe da Missão notificará ao Ministério das Relações Exteriores, ou a outro Ministério em que as partes tenham convindo, a ordem de precedência dos membros do pessoal diplomático da Missão.Artigo 18.

O Cerimonial que se observe em cada Estado para a recepção dos Chefes de Missão deverá ser uniforme a respeito de cada classe.

Artigo 19.

1. Em caso de vacância do posto de Chefe da Missão, ou se um Chefe de Missão estiver impedido de desempenhar suas funções, um Encarregado de Negócios ad interim exercerá provisoriamente a chefia da Missão. Onome do Encarregado de Negócios ad interim será comunicado ao Ministério das Relações Exteriores do Estado acreditado, ou ao Ministério em que as partes tenham convindo pelo Chefe da Missão ou, se este não puder fazê-lo, pelo Ministério das Relações Exteriores do Estado acreditante.2. Se nenhum membro do pessoal diplomático estiver presente no Estado acreditado, um membro do pessoal administrativo e técnico poderá, com o consentimento do Estado acreditado, ser designado pelo Estado acreditante para encarregar-se dos assuntos administrativos correntes da Missão.Artigo 20.

A Missão e seu Chefe terão o direito de usar a bandeira e o escudo do Estado

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acreditante nos locais da Missão inclusive na residência do Chefe da Missão e nos seus meios de transporte .

Artigo 21.1. O Estado acreditado deverá facilitar a aquisição em seu território, de acordo com as suas leis, pelo Estado acreditado, dos locais necessários à Missão ou ajudá-lo a consegui-los de outra maneira.2. Quando necessário, ajudará também as Missões a obterem alojamento adequado para os seus membros.

Artigo 22.

1. Os locais da Missão são invioláveis. Os agentes do Estado acreditado não poderão neles penetrar sem o consentimento do Chefe da Missão . 2. O Estado acreditado tem a obrigação especial de adotar todas as medidas apropriadas para proteger os locais da Missão contra qualquer instrução ou dano e evitar perturbações à tranqüilidade da Missão ou ofensas à sua dignidade.3. Os locais da Missão, seu mobiliário e demais bens neles situados, assim como os meios de transporte da Missão, não poderão ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de execução . Artigo 23.

1. O Estado acreditante e o Chefe da Missão estão isentos de todos os impostos e taxas, nacionais, regionais ou municipais, sobre os locais da Missão de que sejam proprietários ou inquilinos, excetuados os que representem o pagamento de serviços específicos que lhes sejam prestados.2. A isenção fiscal a que se refere este artigo não se aplica aos impostos e taxas cujo pagamento, na conformidade da legislação do Estado acreditado, incumbir às pessoas que contratem com acreditante ou com o Chefeda Missão.

Artigo 24.

Os arquivos e documentos da Missão são invioláveis, em qualquer momento e onde quer que se encontrem.Artigo 25.

O Estado acreditado dará todas as facilidades para o desempenho das funções da Missão.

Artigo 26.

Salvo o disposto nas leis e regulamentos relativos a zonas cujo acesso é proibido ou regulamentado por motivos de segurança nacional, o Estado acreditado garantirá a todos os membros da Missão a liberdade de circulação e trânsito em seu território .

Artigo 27.

1. O Estado acreditado permitirá e protegerá a livre comunicação da Missão para todos os fins oficiais .

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Para comunicar-se com o Governo e demais Missões e Consulados do Estado acreditante, onde quer que se encontrem, a Missão poderá empregar todos os meios de comunicação adequados, inclusive correios diplomáticos e mensagens em código ou cifra. Não obstante, a Missão só poderá instalar e usar uma emissora de rádio com o consentimento do Estadoacreditado.2. A correspondência oficial da Missão é inviolável . Por correspondência oficial entende-se toda correspondência concernente à Missão e suas funções.3. A mala diplomática não poderá ser aberta ou retida.4. Os volumes que constituam a mala diplomática deverão conter sinais exteriores visíveis que indiquem o seu caráter e só poderão conter documentos diplomáticos e objetos destinados a uso oficial.5. O correio diplomático, que deverá estar munido de um documento oficial que indique sua condição e o número de volumes que constituam a mala diplomática, será, no desempenho das funções, protegido pelo Estado acreditado . Gozará de inviolabilidade pessoal e não poderá ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão.6. O Estado acreditante ou a Missão poderá designar correios diplomáticos ad hoc. Em tal caso, aplicar-se-ão as disposições do parágrafo 5º deste artigo, mas as imunidades nele mencionadas deixarão de se aplicar, desde que o referido correio tenha entregado ao destinatário a mala diplomática que lhe fora confiada.7. A mala diplomática poderá ser confiada ao comandante de uma aeronave comercial que tenha de aterrissar num aeroporto de entrada autorizado. O comandante será munido de um documento oficial que indique o número de volumes que constituam a mala, mas não será considerado correio diplomático. A Missão poderá enviar um de seus membros para receber a mala diplomática, direta e livremente, das mãos do comandante da aeronave.

Artigo 28.

Os direitos e emolumentos que a Missão perceba em razão da prática de atos oficiais estarão isentos de todos os impostos ou taxas .

Artigo 29.

A pessoa do agente diplomático é inviolável . Não poderá ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão. O Estado acreditado tratá-lo-á com o devido respeito e adotará todas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa, liberdade ou dignidade.

Artigo 30.

1. A residência particular do agente diplomática goza da mesma inviolabilidade e proteção que os locais da Missão . 2. Seus documentos, sua correspondência e, sob reserva do disposto no parágrafo 3º do artigo 31, seus bens gozarão igualmente de inviolabilidade.

Artigo 31.

1. O agente diplomático gozará da imunidade de jurisdição penal do Estado

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acreditado . Gozará também da imunidade de jurisdição civil e administrativa, a não ser que se trate de:a) uma ação sobre imóvel privado situado no território do Estado acreditado, salvo se o agente diplomático o possuir por conta do Estado acreditante para os fins da missão;b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a título privado e não em nome do Estado, como executor testamentário, administrador, herdeiro ou legatário;c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercida pelo agente diplomático no Estado acreditado fora de suas funções oficiais.2. O agente diplomático não é obrigado a prestar depoimento como testemunha . 3. O agente diplomático não está sujeito a nenhuma medida de execução, a não ser nos casos previstos nas alíneas "a", "b" e "c", do parágrafo 1º deste artigo e desde que a execução possa realizar-se sem afetar a inviolabilidade de sua pessoa ou residência.4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado não o isenta da jurisdição do Estado acreditante.

Artigo 32.

1. O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes diplomáticos e das pessoas que gozem de imunidade nos termos do artigo 37.2. A renúncia será sempre expressa.3. Se um agente diplomático ou uma pessoa que goza de imunidade de jurisdição nos termos do artigo 37 inicia uma ação judicial, não lhe será permitido invocar a imunidade de jurisdição no tocante a uma reconvenção diretamente ligada à ação principal.4. A renúncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações cíveis ou administrativas não implica renúncia à imunidade quanto às medidas de execução da sentença, para as quais nova renúncia é necessária.

Artigo 33.1. Salvo o disposto no parágrafo 3º deste artigo, o agente diplomático estará, no tocante aos serviços prestados ao Estado acreditante isento das disposições sobre seguro social que possam vigorar no Estado acreditado . 2. A isenção prevista no parágrafo 1º deste artigo aplicar-se-á também aos criados particulares que se acham ao serviço exclusivo do agente diplomático, desde que:a) não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente; eb) estejam protegidos pelas disposições sobre seguro social vigentes no Estado acreditante ou em terceiro Estado.3. O agente diplomático que empregue pessoas a quem não se aplique a isenção prevista no parágrafo 2º deste artigo deverá respeitar as obrigações impostas aos patrões pelas disposições sobre seguro social vigentes no Estado acreditado.4. A isenção prevista nos parágrafos 1º e 2º deste artigo não exclui a participação voluntária no sistema de seguro do Estado acreditado, desde que tal participação seja admitida pelo referido Estado.5. As disposições deste artigo não afetam os acordos bilaterais ou multilaterais

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sobre seguro social já concluídos e não impedem a celebração ulterior de acordos de tal natureza.

Artigo 34.

O agente diplomático gozará de isenção de todos os impostos e taxas, pessoas ou reais, nacionais, regionais ou municipais, com as exceções seguintes:a) os impostos indiretos que estejam normalmente incluídos no preço das mercadorias ou dos serviços;b) os impostos e taxas sobre bens imóveis privados, situados no território do Estado acreditado, a não ser que o agente diplomático os possua em nome do Estado acreditante e para os fins da Missão;c) os direitos de sucessão percebidos pelo Estado acreditado salvo o disposto no parágrafo 4º do artigo 39;d) os impostos e taxas sobre rendimentos privados que tenham a sua origem no Estado acreditado e os impostos sobre o capital, referente a investimentos em empresas comerciais no Estado acreditado;e) os impostos e taxas cobrados por serviços específicos prestados;f) os direitos de registro, de hipoteca, custas judiciais e imposto de selo relativos a bens imóveis, salvo o disposto no artigo 23.

Artigo 35.

O Estado acreditado deverá isentar os agentes diplomáticos de toda prestação pessoal, de todo serviço público, seja qual for a sua natureza, e de obrigações militares tais como requisições, contribuições e alojamento militar.

Artigo 36.

1. De acordo com leis e regulamentos que adote, o Estado acreditado permitirá a entrada livre do pagamento de direitos aduaneiros , taxas e gravames conexos, que não constituam despesas de armazenagem, transporte e outras relativas à serviços análogos:a) dos objetos destinados ao uso oficial da Missão;b) dos objetos destinado ao uso pessoal do agente diplomático ou dos membros de sua família que com ele vivam, incluídos os bens destinados à sua instalação.2. A bagagem pessoal do agente diplomático não está sujeita a inspeção, salvo se existirem motivos sérios para crer que a mesma contém objetos não previstos nas isenções mencionadas no parágrafo 1º deste artigo, ou objetos cuja importação ou exportação é proibida pela legislação do Estado acreditado, ou sujeitos aos seus regulamentos de quarentena. Nesse caso, a inspeção só poderá ser feita em presença de agente diplomático ou de seu representante autorizado.

Artigo 37.

1. Os membros da família de um agente diplomático que com ele vivam gozarão dos privilégios e imunidades mencionados nos artigos 29 a 36, desde que não sejam nacionais do Estado acreditado.2. Os membros do pessoal administrativo e técnico da Missão, assim como os membros de suas famílias que com eles vivam, desde que não sejam nacionais do

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Estado acreditado nem nele tenham residência permanente, gozarão dos privilégios e imunidades mencionados nos artigos 29 a 35, com a ressalva de que a imunidade de jurisdição civil e administrativa do Estado acreditado, mencionada no parágrafo 1º do artigo 31, não se estenderá aos atos por eles praticados fora do exercício de suas funções; gozarão também dos privilégios mencionados noa parágrafo 1º do artigo36; no que respeita aos objetos importados para a primeira instalação.3. Os membros do pessoal de serviço da Missão, que não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente, gozarão de imunidades quanto aos atos praticados no exercício de suas funções, de isenção de impostos e taxas sobre os salários que perceberem pelos seus serviços e da isenção prevista no artigo 33.4. Os criados particulares dos membros da Missão, que não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente, estão isentos de impostos e taxas sobre os salários que perceberem pelos seus serviços. Nos demais casos, só gozarão de privilégios e imunidades na medida reconhecida pelo referido Estado. Todavia, o Estado acreditado deverá exercer a sua jurisdição sobre tais pessoas de modo a não interferir demasiadamente com o desempenho das funções da Missão.

Artigo 38.

1. A não ser na medida em que o Estado acreditado conceda outros privilégios e imunidades, o agente diplomático que seja nacional do referido Estado ou nele tenha residência permanente gozará da imunidade de jurisdição e de inviolabilidade apenas quanto aos atos oficiais praticados no desempenho de suas funções.2. Os demais membros do pessoal da Missão e os criados particulares, que sejam nacionais do Estado acreditado ou nele tenham a sua residência permanente, gozarão apenas dos privilégios e imunidades que lhes forem reconhecidos pelo referido Estado. Todavia, o Estado acreditado deverá exercer a sua jurisdição sobre tais pessoas de maneira a não interferir demasiadamente com o desempenho das funções da Missão.

Artigo 39.

1. Toda pessoa que tenha direito a privilégios e imunidades gozará dos mesmos a partir do momento em que entrar no território do Estado acreditado para assumir o seu posto ou, no caso de já se encontrar no referido território, desde que a sua nomeação tenha sido notificada ao Ministério das Relações Exteriores ou ao Ministério em que se tenha convindo.2. Quando terminarem as funções de uma pessoa que goze de privilégios e imunidades, esses privilégios e imunidades cessarão normalmente no momento em que essa pessoa deixar o país ou quando transcorrido um prazo razoável que lhe tenha sido concedido para tal fim, mas perdurarão até esse momento mesmo em caso de conflito armado. Todavia, a imunidade subsiste no que diz respeito aos atos praticados por tal pessoa no exercício de suas funções, como membro da Missão.3. Em caso de falecimento de um membro da Missão, os membros de sua família

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continuarão no gozo dos privilégios e imunidades a que têm direito, até à expiração de um prazo razoável que lhes permita deixar o território do Estado acreditado.4. Em caso de falecimento de um membro da Missão, que não seja nacional do Estado acreditado nem nele tenha residência permanente, ou de membro de sua família que com ele viva, o Estado acreditado permitirá que os bens móveis do falecido sejam retirados do país, com exceção dos que nele foram adquiridos e cuja exportação seja proibida no momento do falecimento. Não serão cobrados direitos de sucessão sobre os bens móveis cuja situação no Estado acreditado era devida unicamente à presença do falecido no referido Estado, como membro da Missão ou como membro da família de um membro da Missão.

Artigo 40.

1. Se o agente diplomático atravessa o território ou se encontra no território de um terceiro Estado, que lhe concedeu visto no passaporte quando esse visto for exigido, a fim de assumir ou reassumir o seu posto ou regressar ao seu país, o terceiro Estado conceder-lhe-á a inviolabilidade e todas as outras imunidades necessárias, para lhe permitir o trânsito ou o regresso. Esta regra será igualmente aplicável aos membros da família que gozem de privilégios e imunidades, quer acompanhem o agente diplomático, quer viajem separadamente, para reunir-se a ele ou regressar ao seu país.2. Em circunstâncias análogas às previstas no parágrafo 1º deste artigo, os terceiros Estados não deverão dificultar a passagem através do seu território dos membros do pessoal administrativo e técnico ou de serviço da Missão e dos membros de suas famílias.3. Os terceiros Estados concederão à correspondência e a outras comunicações oficiais em trânsito, inclusive às mensagens em código ou cifra, a mesma liberdade e proteção concedida pelo Estado acreditado. Concederão aos correios diplomáticos a quem um visto no passaporte tenha sido concedido, quando esse visto for exigido, bem como às malas diplomáticas em trânsito, a mesma inviolabilidade e proteção a que se acha obrigado o Estado acreditado.4. As obrigações dos terceiros Estados em virtude dos parágrafos 1º, 2º e 3º deste artigo serão aplicáveis também às pessoas mencionadas respectivamente nesses parágrafos, bem como às comunicações oficiais e às malas diplomáticas quando as mesmas se encontrem no território do terceiro Estado por motivo de força maior.

Artigo 41

1. Sem prejuízo de seus privilégios e imunidades, todas as pessoas que gozem desses privilégios e imunidades deverão respeitar as leis e os regulamentos do Estado acreditado. Tem também o dever de não se imiscuírem nos assuntos internos do referido Estado.2. Todos os assuntos oficiais que o Estado acreditante confiar à Missão para serem tratados com o Estado acreditado deverão sê-lo com o Ministério das Relações Exteriores, ou por seu intermédio, ou com outro Ministério em que se tenha convindo.3. Os locais da Missão não devem ser utilizados de maneira incompatível com as funções da Missão, tais como são enunciadas na presente Convenção, em outras normas de direito internacional geral ou em acordos especiais em vigor entre o Estado acreditante e o Estado acreditado.

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Artigo 42

O agente diplomático não exercerá no Estado acreditado nenhuma atividade profissional ou comercial em proveito próprio .

Artigo 43

As funções de agente diplomático terminarão, inter alia:a) pela notificação do Estado acreditante ao Estado acreditado de que as funções do agente diplomático terminaram;b) pela notificação do Estado acreditado ao Estado acreditante de que, nos termos do parágrafo 2º do artigo 9º, se recusa a reconhecer o agente diplomático como membro da Missão.

Artigo 44

O Estado acreditado deverá mesmo no caso de conflito armado, conceder facilidades para que as pessoas que gozem de privilégios e imunidades, e não sejam nacionais do Estado acreditado, bem como os membros de suas famílias, seja qual for a sua nacionalidade, possam deixar o seu território o mais depressa possível. Especialmente, deverá colocar à sua disposição, se necessário, os meios de transporte indispensáveis para tais pessoas e seus bens.

Artigo 45

Em caso de ruptura das relações diplomáticas entre dois Estados, ou se uma Missão é retirada definitiva ou temporariamente:a) o Estado acreditado está obrigado a respeitar e a proteger, mesmo em caso de conflito armado, os locais da Missão bem como os seus bens e arquivos ; b) o Estado acreditante poderá confiar a guarda dos locais da Missão, bem como de seus bens e arquivos, a um terceiro Estado aceitável para o Estado acreditado;c) o Estado acreditante poderá confiar a proteção de seus interesses e dos de seus nacionais a um terceiro Estado aceitável para o Estado acreditado.

Artigo 46

Com o consentimento prévio do Estado acreditado e a pedido de um terceiro Estado nele não representado, o Estado acreditante poderá assumir a proteção temporária dos interesses do terceiro Estado e de seus nacionais.

Artigo 47

1. Na aplicação das disposições da presente Convenção, o Estado acreditado não fará nenhuma discriminação entre Estados . 2. Todavia, não será considerada discriminação:a) o fato de o Estado acreditante aplicar restritivamente uma das disposições da presente Convenção, quando a mesma for aplicada de igual maneira à sua Missão no Estado acreditado.

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b) o fato de os Estados, em virtude de costume ou convênio, se concederem reciprocamente um tratamento mais favorável do que o estipulado pelas disposições da presente Convenção.

Artigo 48

A presente Convenção ficará aberta para assinatura de todos os Estados-Membros das Nações Unidas ou de uma organização especializada bem como dos Estados-Partes no Estatuto da Corte Internacional de Justiça e de qualquer outro Estado convidado pela Assembléia Geral das Nações Unidas a tornar-se Parte na Convenção, da maneira seguinte: até 31 de outubro de 1961, no Ministério Federal dos Negócios Estrangeiros da Áustria e, depois, até 13 de março de 1962, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.

Artigo 49

A presente Convenção será ratificada. Os instrumentos de ratificação serão depositados perante o Secretário- Geral das Nações Unidas . Artigo 50A presente Convenção permanecerá aberta à adesão de todo Estado pertencente a qualquer das quatro categorias mencionadas no artigo 48. Os instrumentos de adesão serão depositados perante o Secretário-Geral das Nações Unidas.

Artigo 51

1. A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo dia que se seguir à data do depósito perante o Secretário-Geral das Nações Unidas do vigésimo segundo instrumento de ratificação ou adesão.2. Para cada um dos Estados que ratificarem a Convenção ou a ela aderirem depois do depósito do vigésimo segundo instrumento de ratificação ou adesão, a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia após o depósito, por esse Estado, do instrumento de ratificação ou adesão.

Artigo 52

O Secretário-Geral das Nações Unidas comunicará a todos os Estados pertencentes a qualquer das quatro categorias mencionadas no artigo 48:a) as assinaturas apostas à presente Convenção e o depósito dos instrumentos de ratificação ou adesão, nos termos dos artigos 48, 49 e 50;b) a data em que a presente Convenção entrará em vigor, nos termos do artigo 51.

Artigo 53

O original da presente Convenção, cujos textos em chinês, espanhol, francês, inglês e russo, fazem igualmente fé, será depositado perante o Secretário-Geral das Nações Unidas, que enviará cópia certificada conforme a todos os Estadospertencentes a qualquer das quatro categorias mencionadas no artigo 48.

Em fé do que, os plenipotenciários abaixo-assinados, devidamente autorizados

pelos respectivos Governos, assinaram a presente Convenção .

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Feito em Viena, aos dezoito dias do mês de abril de mil novecentos e sessenta e um.

Fonte: Ministério das Relações Exteriores do Brasil

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