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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ LETICIA SMANIOTO SANTIAGO URETER ECTÓPICO EM CÃO - RELATO DE CASO Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do grau de Médico Veterinário. Orientador Acadêmico: Prof. Vinicius Ferreira Caron Orientador Profissional: Med. Vet. Marlos Gonçalves Sousa CURITIBA JUNHO 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

LETICIA SMANIOTO SANTIAGO

URETER ECTÓPICO EM CÃO - RELATO DE CASO

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná como

requisito parcial para a obtenção do grau de Médico

Veterinário.

Orientador Acadêmico: Prof. Vinicius Ferreira Caron

Orientador Profissional: Med. Vet. Marlos Gonçalves

Sousa

CURITIBA

JUNHO 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

REITOR

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO

Carlos Eduardo Rangel Santos

PRÓ-REITORA ACADÊMICA

Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva

DIRETOR DE GRADUAÇÃO

Prof. Dr. João Henrique Faryniuk

COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Prof. Dr. Welington Hartmann

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TERMO DE APROVAÇÃO

LETICIA SMANIOTO SANTIAGO

URETER ECTÓPICO EM CÃO – RELATO DE CASO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título

de Médico (a) Veterinário (a) pela Comissão Examinadora do Curso de Medicina Veterinária

da Universidade Tuiuti do Paraná.

Comissão Examinadora:

Presidente: Prof. Vinicius Ferreira Caron

Prof. Carlos Henrique do Amaral

Prof. Luciano José Isaka

Curitiba, 23 de junho de 2016

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, por todo apoio, dedico, com imensa

admiração, gratidão e respeito.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela vida, pelas oportunidades e

aprendizados, e também por me permitir e dar forças para chegar até aqui. Em

segundo a minha família, principalmente aos meus amados pais, Cledoaldo José

dos Santos Santiago e Ivonete Terezinha Smanioto Santiago, por tornar a pessoa

que sou hoje e tornar possível o meu sonho de ser Médica Veterinária. Amo vocês.

Ao meu namorado, por todo carinho, incentivo, e exemplo de Médico

Veterinário. Te amo.

Aos meus colegas de classe, que entre altos e baixos, com garra e

determinação também conseguiram chegar até aqui. Mas meu agradecimento vai

principalmente ás pessoas da sala que se tornaram especiais, Daniella Marques

Bolincenha, Suellen Karoline Ferreira, Valquíria Silvério, Chantal Hoffmann Lejeune

obrigada por todas as manhãs, tardes e noites de estudo, trabalhos, fofocas,

almoços, risadas, conselhos, pelos puxões de orelha, pelo companheirismo, pela

amizade.

Aos residentes e colegas de estágio por todo aprendizado e ajuda nesse

período tão significativo para mim. Vocês foram essenciais.

Aos Professores da Faculdade Evangélica do Paraná e da Universidade Tuiuti

do Paraná, pelo fornecimento necessário de todo conhecimento, por toda a

dedicação e amor com que desempenharam à docência ao longo desses anos, para

que eu pudesse concretizar com êxito o curso de Medicina Veterinária.

Ao meu Orientador, Professor Vinicius Ferreira Caron, por compartilhar seu

conhecimento e experiências, por toda a ajuda e orientação prestada.

À vocês, minha eterna gratidão.

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“No semblante de um animal que não

fala, há um discurso que somente um

espírito sábio realmente entende!"

Mahatma Gandhi

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RESUMO

No presente trabalho estão descritas as atividades realizadas durante o

período do estágio curricular obrigatório de 01 de Fevereiro a 29 de Fevereiro de

2016 no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná e de 04 de Abril a

30 de Maio de 2016 na Clínica Veterinária Escola da Pontifícia Universidade Católica

do Paraná. O trabalho está dividido em relatório do estágio, que tem por finalidade

informar a casuística acompanhada e as atividades desenvolvidas durante o estágio

curricular em ambos os lugares, e pelo relato e revisão de um caso clínico de ureter

ectópico, acompanhado durante o estágio curricular obrigatório no HV-UFPR.

Palavras chaves: ectopia ureteral, incontinência, congênita, trato urinário inferior.

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LISTA DE ABREVIATURA

HV - UFPR – Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná

CVE – PUC – Clínica Veterinária Escola da Pontifícia Universidade Católica do

Paraná

UFPR – Universidade Federal do Paraná

PR - Paraná

R1 – Residente nível 1

R2 – Residente nível 2

S1-S3 – Vértebra Sacral 1 a 3

L1-L4 – Vértebra Lombar 1 a 4

VO – Via oral

SID – A cada 24 horas

BID – A cada 12 horas

TID – A cada 8 horas

DML’s - Departamentos de Materiais de Limpeza

mg - Miligrama

Kg - Quilograma

mL – Mililitro

% - Porcentagem

n° - Número

mm – Milímetros

dL – Decilitro

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g – Gramas

U – Unidade Internacional

L – Litros

h – Horas

IV – Intravenoso

IM – Intramuscular

α - Alfa

β - Beta

ALT – Alanina Aminotransferase

TGP – Transaminase Glutâmico Pirúvica

F. ALCALINA – Fosfatase Alcalina

PROT. TOTAL – Proteína total

OSH – Ovariosalpingohisterectomia

MPA – Medicação Pré Anestésica

ºC – Graus Celsius

mpm – Movimento por minuto

bpm – Batimentos por minuto

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Hospital Veterinário da UFPR. Fachada do HV – UFPR, Curitiba, 2016

(Fonte: Arquivo pessoal) ...........................................................................................17

FIGURA 2 – Hospital Veterinário da UFPR. Ambulatório do HV-UFPR, Curitiba, 2016

(Fonte: Arquivo pessoal)............................................................................................18

FIGURA 3 – Hospital Veterinário da UFPR. Internamento geral do HV-UFPR,

Curitiba, 2016 (Fonte: Arquivo pessoal).....................................................................19

FIGURA 4 – Hospital Veterinário da UFPR. Internamento para felinos do HV-UFPR,

Curitiba, 2016 (Fonte: Arquivo pessoal).....................................................................19

FIGURA 5 – Hospital Veterinário da UFPR. Internamento cirúrgico do HV-UFPR,

Curitiba, 2016 (Fonte: Arquivo pessoal).....................................................................20

FIGURA 6 – Hospital Veterinário da UFPR. Internamento doenças

infectocontagiosas do HV-UFPR, Curitiba, 2016 (Fonte: Arquivo pessoal)...............20

FIGURA 7 – Hospital Veterinário da UFPR. Sala de procedimentos para coleta de

materiais do HV-UFPR, Curitiba, 2016 (Fonte: Arquivo pessoal)............................. 21

FIGURA 8 – Hospital Veterinário da UFPR. Sala de Ultrassonografia HV-UFPR,

Curitiba, 2016 (Fonte: Arquivo pessoal).....................................................................21

FIGURA 9 – Hospital Veterinário da UFPR. Sala de UTI e Emergência HV-UFPR,

Curitiba, 2016 (Fonte: Arquivo pessoal).....................................................................22

FIGURA 10 – Hospital Veterinário da UFPR. Recepção HV-UFPR, Curitiba, 2016

(Fonte: Arquivo pessoal)............................................................................................22

FIGURA 11 – Clínica Veterinária Escola. Sala de triagem CVE-PUCPR (Fonte:

Arquivo pessoal, 2016)...............................................................................................24

FIGURA 12 – Clínica Veterinária Escola. Ambulatório CVE-PUCPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016)............................................................................................................24

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FIGURA 13 – Clínica Veterinária Escola. Sala de emergência CVE-PUCPR (Fonte:

Arquivo pessoal, 2016)...............................................................................................25

FIGURA 14 – Clínica Veterinária Escola. Sala de Ultrassonografia CVE-PUCPR

(Fonte: Arquivo pessoal, 2016)..................................................................................25

FIGURA 15 – Clínica Veterinária Escola. Internamento Geral CVE-PUCPR (Fonte:

Arquivo pessoal, 2016)...............................................................................................26

FIGURA 16 – Clínica Veterinária Escola. Internamento de Felinos CVE-PUCPR

(Fonte: Arquivo pessoal, 2016)..................................................................................26

FIGURA 17 – Clínica Veterinária Escola. Sala de Isolamento CVE-PUCPR (Fonte:

Arquivo pessoal, 2016)...............................................................................................27

FIGURA 18 – Clínica Veterinária Escola. Recepção CVE-PUCPR (Fonte: Arquivo

pessoal, 2016)............................................................................................................27

FIGURA 19 – Clínica Veterinária Escola. Sala pré operatória CVE-PUCPR (Fonte:

Arquivo pessoal, 2016)...............................................................................................28

FIGURA 20 – Clínica Veterinária Escola. Ambulatório Cirúrgico CVE-PUCPR (Fonte:

Arquivo pessoal, 2016)...............................................................................................28

FIGURA 21 – Clínica Veterinária Escola. Sala pós operatória CVE-PUCPR (Fonte:

Arquivo pessoal, 2016)...............................................................................................29

FIGURA 22 – Casuística dos animais atendidos, separados por sistemas afetados

durante o período de estágio no HV-UFPR (Fonte: Autora,

2016)..........................................................................................................................31

FIGURA 23 – Casuística dos animais atendidos, separados por sistemas afetados

durante o período de estágio no CVE-PUCPR (Fonte: Autora,

2016)..........................................................................................................................34

FIGURA 24 – Quadro com radiografias contrastadas de tempo zero até tempo dez,

realizado no HV-UFPR do paciente canino, Border Collie, quatro meses (Fonte:

Arquivo HV-UFPR, 2016)...........................................................................................40

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FIGURA 25 – Exame ultrassonográfico realizado no HV-UFPR do paciente canino,

Border Collie, quatro meses, com alterações indicadas pelas setas (Fonte: Arquivo

HV-UFPR, 2016)........................................................................................................41

FIGURA 26 – Exame ultrassonográfico realizado no HV-UFPR do paciente canino,

Border Collie, quatro meses, com alterações indicada pela seta (Fonte: Arquivo HV-

UFPR, 2016)...............................................................................................................41

FIGURA 27 – Exame ultrassonográfico realizado no HV-UFPR do paciente canino,

Border Collie, quatro meses, com alteração indicada pela seta (Fonte: Arquivo HV-

UFPR, 2016)...............................................................................................................42

FIGURA 28 – Localização da vesícula urinária, para posterior incisão e reparação da

ectopia ureteral (fonte: Arquivo pessoal, 2016)..........................................................44

FIGURA 29 – Sondagem dos dois ureteres, sentido uretra (Fonte: Arquivo pessoal,

2016)..........................................................................................................................44

FIGURA 30 – Anatomia do trato urinário inferior (Fonte: Done et al, 2010)..............46

FIGURA 31 – Anatomia e posicionamento da vesícula urinária que está repleta por

ar e ureteres (Fonte: Done et al, 2010)......................................................................47

FIGURA 32 – Ureteres normalmente penetram na superfície caudal dorsolateral da

bexiga e se esvaziam dentro do trígono após um curto curso intramural (Fonte:

Fossum, 2008)............................................................................................................47

FIGURA 33 – Inervação somática, parassimpática e simpática do trato urinário

inferior (Fonte: Nelson, Couto; 2008).........................................................................49

FIGURA 34 – As diferentes formas de ureter ectópico. A – Intramural. B –

Extramural. C – Intramural, com abertura dupla. D – Intramural, com canal uretral

longo, estreito e superficial (Fonte: Fossum, 2008)...................................................51

FIGURA 35 – Ureteroneocistostomia realizada quando o ureter é extraluminal.

Utilizar uma sutura de apoio na extremidade proximal do ureter seccionado. Fazer

uma incisão na mucosa da bexiga e criar um pequeno túnel oblíquo na submucosa

da parede vesical (Fonte: Fossum, 2008)..................................................................54

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FIGURA 36 – Neoureterostomia realizada em ureteres estópicos intramurais. A –

cistotomia com incisão longitudinal de 3 a 5 mm, através da mucosa vesical, dentro

do lúmen ureteral. B – sutura da mucosa ureteral á vesical, com material absorvível,

padrão simples interrompido. C – colocação do cateter dentro do ureter distal. D –

suturas circulares, não absorvíveis na parte distal, próximo ao novo estoma, a partir

da superfície serosa, permanecendo abaixo da mucosa (Fonte: Fossum,

2008)..........................................................................................................................55

FIGURA 37 – Paciente Piratinha, quatro meses, da raça Border collie (Fonte:

Arquivo pessoal, 2016)...............................................................................................60

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Atendimentos clínicos acompanhados no Hospital Veterinário da

Universidade Federal do Paraná, de acordo com o sistema acometido, tipo de

afecção e espécie, durante o período de 01 de Fevereiro à 29 de Fevereiro de 2016

(Fonte: Autora, 2016).................................................................................................31

TABELA 2 – Atendimentos clínicos acompanhados no Hospital Veterinário da

Universidade Federal do Paraná, de acordo com o gênero e espécie, durante o

período de 01 de Fevereiro à 29 de Fevereiro de 2016 (Fonte: Autora,

2016)..........................................................................................................................33

TABELA 3 – Atendimentos clínicos cirurgicos acompanhados na Clínica Veterinária

Escola da Pontifícia Universidade Católica do Paraná de acordo com os casos

atendidos, sistema acometido, tipo de afecção e espécie, durante o período de 04 de

Abril a 30 de Maio de 2016 (Fonte: Autora,

2016)..........................................................................................................................34

TABELA 4 – Atendimentos clínicos acompanhados na Clínica Veterinária Escola da

Pontifícia Universidade Católica do Paraná, de acordo com o gênero e espécie,

durante o período de 04 de Abril à 30 de Maio de 2016 (Fonte: Autora,

2016)..........................................................................................................................36

TABELA 5 – Laudo do hemograma e bioquímico realizados no HV-UFPR do

paciente canino, Border Collie, quatro meses (Fonte: Arquivo HV-UFPR,

2016)..........................................................................................................................38

TABELA 6 – Laudo da bioquímica sérica realizado no HV-UFPR do paciente canino,

Border Collie, quatro meses (Fonte: Arquivo HV-UFPR,

2016)..........................................................................................................................38

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................16

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO, ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E

CASUÍSTICA ACOMPANHADA ........................................................................16

2.1 HOSPITAL VETERINÁRIO – UFPR...............................................................16

2.2 CLÍNICA VETERINÁRIA ESCOLA – PUCPR.................................................23

2.3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.....................................29

2.4 CASUÍSTICA ACOMPANHADA.....................................................................30

3. RELATO DE CASO.............................................................................................36

4. REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................45

4.1 URETER ECTÓPICO.....................................................................................45

4.1.1 Anatomia e fisiologia ..................................................................................45

4.1.2 Etiopatogenia .............................................................................................49

4.1.3 Manifestações clínicas................................................................................51

4.1.4 Métodos diagnósticos................................................................................ 51

4.1.5 Tratamento..................................................................................................52

4.1.6 Complicações Pós Operatórias...................................................................55

5. DISCUSSÃO.......................................................................................................56

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................57

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................58

8. ANEXOS..............................................................................................................60

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16

1. INTRODUÇÃO

O período de estágio curricular obrigatório, foi realizado no Hospital

Veterinário da Universidade Federal do Paraná (HV-UFPR), no setor de clínica

médica de pequenos animais, no período de 01 de Fevereiro a 29 de Fevereiro de

2016, perfazendo um total de 126 horas; e o tempo realizado na Clínica Veterinária

Escola da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (CVE-PUC), foi de 04 de abril

a 30 de maio de 2016, no setor de clínica cirúrgica de pequenos animais, totalizando

304 horas.

O local de escolha para a prática do estágio curricular obrigatório foi pelo fato

de ser um hospital-escola, com casuística significativa e que une a rotina clínica com

aprofundamento, educação e pesquisa. Foram acompanhados, no Hospital

Veterinário da Universidade Federal do Paraná, ao todo, 41 pacientes dentro de

procedimentos ambulatoriais, exames diagnósticos, consultas e emergência, e na

Clínica Veterinária Escola da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, um total de

74 paciente, com o acréscimo de procedimentos cirúrgicos, além das atividades já

citadas.

O presente trabalho está dividido em relatório de estágio, que tem como

intenção informar a casuística acompanhada e as atividades desenvolvidas durante

o estágio em ambos lugares, e pelo relato e revisão do caso atendido de um

paciente canino com diagnóstico clínico de ureter ectópico, acompanhado durante o

estágio curricular obrigatório no HV-UFPR.

2. DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁGIO, ATIVIDADES

DESENVOLVIDAS E CASUÍSTICA ACOMPANHADA

O estágio curricular obrigatório foi realizado em dois diferentes locais e em

duas diferentes áreas. A primeira parte foi realizada na Universidade Federal do

Paraná – Curitiba, na área de Clínica Médica de Pequenos Animais, e a segunda

parte ocorreu na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, na área de Clínica

Cirúrgica de Pequenos Animais. Ambos os locais serão descritos a seguir.

2.1 HOSPITAL VETERINÁRIO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

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17

O tempo de estágio curricular obrigatório realizado no Hospital Veterinário da

Universidade Federal do Paraná, foi em Curitiba - PR, no período de primeiro de

Fevereiro a vinte e nove de Fevereiro de dois mil e dezesseis, completando um total

de 126 horas. Localizado na Rua dos Funcionários, n° 1.540, Juvevê, o Hospital

Veterinário da Universidade Federal do Paraná (HV-UFPR), foi fundado em 1912.

Desde sua fundação, a instituição está em pleno crescimento. Por ser um

hospital – escola, o local serve como apoio às atividades desenvolvidas nas aulas

práticas do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná

(UFPR), também para os programas de pós-graduação, como residência, mestrado

e doutorado. Além disso, realiza atendimento médico-veterinário a comunidade em

geral.

FIGURA 1 - Fachada do HV - UFPR, Curitiba 2016 (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

As instalações do prédio principal compreendem o setor de grandes animais

e o setor de pequenos animais (Figura 1), composto por serviços de clínica médica e

cirúrgica. Os animais são atendidos por meio de agendamento de consultas, senhas

que são distribuídas pela manhã e tarde, além de situações emergenciais.

O setor de pequenos animais é dividido nas seguintes especialidades: Clínica

Médica, Clínica Cirúrgica, Anestesiologia, Oncologia, Odontologia e Oftalmologia,

onde há seis ambulatórios (Figura 2), um centro cirúrgico constituído por três salas

de cirurgia, cinco alas de internamento, sendo eles: internamento geral (Figura 3),

internamento para felinos (Figura 4), internamento para animais selvagens,

internamento cirúrgico (Figura 5), e um internamento para animais

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18

infectocontagiosos (Figura 6). Há também, uma sala de emergência (unidade de

terapia intensiva, Figura 9), uma sala para medicação pré-anestésica, uma sala para

coleta de sangue (Figura 7), salas de diagnóstico por imagem (Figura 8) e

laboratórios de ajuda diagnóstica, entre eles estão o de parasitologia, patologia

veterinária, microbiologia e ornitopatologia, epidemiologia molecular e zoonoses,

patologia clínica e oftalmologia comparada. Além da recepção (Figura 10), na qual

trabalham cinco funcionários por turno, sendo estes responsáveis pelo

cadastramento dos pacientes, arquivamento das fichas e cobrança. Ao lado localiza-

se a sala de espera, equipada com bancos, televisor e bebedouro para que o

proprietário aguarde ao atendimento com o paciente.

FIGURA 2 - Ambulatório HV-UFPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

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19

FIGURA 3 - Internamento geral HV-UFPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

FIGURA 4- Internamento para felinos HV-UFPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

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20

FIGURA 5 - Internamento cirúrgico HV-UFPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

FIGURA 6 – Internamento doenças infectocontagiosas HV-UFPR (Fonte:

Arquivo pessoal, 2016).

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21

FIGURA 7 - Sala de procedimentos para coleta de materiais HV-UFPR (Fonte:

Arquivo pessoal, 2016).

FIGURA 8 - Sala de Ultrassonografia HV-UFPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

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22

FIGURA 9 - Sala de UTI e Emergência HV-UFPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

FIGURA 10 - Recepção HV-UFPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

O departamento de clínica médica de pequenos animais do HV-UFPR é

composto por seis residentes, divididos em residentes nível um (R1) e residentes

nível dois (R2), que se dividem em escalas entre atendimentos ambulatoriais, pronto

atendimento e plantões. Além destes, o HV-UFPR conta com a contratação de duas

Médicas Veterinárias, pós-graduandos, mestrandos e professores da universidade

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23

para acompanhar a rotina do hospital veterinário e auxiliar quando necessário, além

de contar com os auxiliares de enfermagem e auxiliares de limpeza.

Há uma farmácia a qual disponibiliza medicamentos a todas as áreas do

hospital. Ocorre controle de saída de qualquer medicamento, e para fármacos

anestésicos é necessária receita assinada e carimbada pelo médico veterinário. Não

é realizada a venda de medicamento para uso externo ao hospital.

2.2 CLÍNICA VETERINÁRIA ESCOLA – PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

DO PARANÁ

No período de estágio curricular obrigatório realizado na Clínica Veterinária

Escola - PUCPR, situada na rua Rockefeller n°1311, bairro Rebouças, no município

de Curitiba, estado do Paraná, de quatro de Abril a trinta de Maio de dois mil e

dezesseis, completando um total de 304 horas.

Realiza atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 14h às

17:30h. Com uma área total de: 1.800,30m², pavimento térreo e superior, dividida

com os seguintes setores: recepção (Figura 18), BackOffice, setor de estágios, sala

de triagem (Figura 11), sala de emergência (Figura 13), sala de ultrassonografia

(Figura 14), sala de laudos, raio-x, 4 ambulatórios (Figura 12), internamento clínico

de cães (Figura 15), internamento de gatos (gatil) (Figura 16), nutrição, sala de

coleta, quimioterapia, dispensário de itens veterinários, central de materiais,

isolamento (Figura 17), laboratório multiuso, expurgo, esterilização, central de

materiais esterilizados, pré-operatório (Figura 19), sala de assepsia, 2 centros

cirúrgicos, pós-operatório imediato e pós-operatório (Figura 21), odontologia

(ambulatório cirúrgico)(Figura 20), 3 DML’s, laboratório de microbiologia, laboratório

de patologia clínica, laboratório de anatomopatologia, entre outros, totalizando 57

setores.

Oferecendo serviços interdisciplinares, composto por 15 docentes, com as

respectivas especialidades, de Cardiologia, Endocrinologia, Dermatologia

Veterinária, Ortopedia, Neurologia, Oncologia, Diagnóstico por Imagem,

Anestesiologia Veterinária, Patologia Clínica, Comportamento Animal, Microbiologia,

Anatomopatologia, Genética e Animais Selvagens.

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24

A parte de médicos veterinários residentes é composta por 12 pessoas, sendo

três em cada equipe cirúrgica, médica e anestésica, dois em diagnóstico por imagem

e um em patologia clínica. Além dos demais colaboradores.

As consultas e procedimentos cirúrgicos são feitos através de hora marcada,

com exceção de casos de emergência que o atendimento é imediato. Para o

atendimento dessas consultas e procedimentos cirúrgicos, há uma organização de

residentes e estagiários, através de escalas, para melhor funcionamento e

distribuição de tarefas.

FIGURA 11 – Sala de triagem CVE-PUCPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

FIGURA 12 – Ambulatório CVE-PUCPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

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25

FIGURA 13 - Sala de Emergência CVE- PUCPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

FIGURA 14 - Sala de Ultrassonografia CVE-PUCPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

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26

FIGURA 15 – Internamento geral CVE-PUCPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

FIGURA 16 – Internamento de Felinos CVE-PUCPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

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27

FIGURA 17 – Sala de Isolamento CVE-PUCPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

FIGURA 18 - Recepção CVE-PUCPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

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28

FIGURA 19 – Sala pré operatória CVE-PUCPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

FIGURA 20 – Ambulatório Cirúrgico CVE-PUCPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

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29

FIGURA 21 – Sala pós operatória CVE-PUCPR (Fonte: Arquivo pessoal, 2016).

2.3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O estágio curricular obrigatório realizado no HV-UFPR foi de segunda a sexta-

feira, com exceção de recessos e feriados, onde compreendeu os horários das

08h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00. As 126 horas totais foram realizadas no

setor de Clínica Médica de Pequenos Animais, sob a supervisão do Professor

Marlos Gonçalves Sousa.

O acompanhamento e auxílio nos procedimentos de ambulatório, sendo,

atendimentos ambulatoriais e pronto atendimento, foram realizados através de um

método de escala e rodízio entre os estagiários, de modo que se revezavam

semanalmente nas atividades desenvolvidas.

Nessas atividades eram incluídas a recepção, abordagem inicial e consulta

dos pacientes, constituída por anamnese; exame físico através de frequências

cardíaca e respiratória, tempo de preenchimento capilar, coloração de mucosas e

temperatura retal; coleta de materiais; vacinação e agendamento de exames

complementares. Além de aferição da glicemia, acompanhamento de exames

radiográficos e ultrassonográficos, acessos venosos, coleta de sangue, assistência

na contenção do paciente, administração de medicações, auxílio em protocolos

terapêuticos e manejo de feridas.

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30

Já a parte do estágio realizado na CVE - PUCPR foi de segunda a sexta-feira,

com exceção de recessos e feriados, compreendendo os horários das 07h30 às

12h00 e das 13h00 às 16h30. As 304 horas totais foram realizadas no setor de

Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais, sob a supervisão do Professor Jorge Luiz

Costa Castro.

Dentro das atividades desenvolvidas, o acompanhamento e auxílio nos

procedimentos cirúrgicos e ambulatoriais, incluindo como, recepção, abordagem

inicial, consultas, reconsultas e assistência aos pacientes pré e pós cirúrgicos, coleta

de materiais, monitoração de parâmetros clínicos, agendamento de exames

complementares, acompanhamento de exames ultrassonográficos, acessos

venosos, assistência na contenção do paciente, administração de medicação, auxílio

em protocolos terapêuticos, preenchimento de fichas e manejo de feridas, além de

instrumentar em cirurgias.

2.4 CASUÍSTICA ACOMPANHADA

Durante o período de primeiro de Fevereiro à vinte e nove de Fevereiro de

dois mil e dezesseis, as principais atividades desenvolvidas no estágio curricular

obrigatório do HV-UFPR, abrangeram o acompanhamento de atendimentos

clínicos, que estão divididos por sistemas acometido (Figura 22), espécie afetada e

tipo de afecção, apresentada na Tabela 1, sendo que em casos de pacientes com

duas ou mais afecções, estas, foram contadas separadamente, onde foram

contabilizados o total de 53 afecções clínicas.

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31

FIGURA 22 – Casuística dos animais atendidos, separados por sistemas afetados durante o período

de estágio no HV-UFPR (Fonte: Autora, 2016).

TABELA 1 - Atendimentos clínicos acompanhados no Hospital Veterinário da

Universidade Federal do Paraná, de acordo com o sistema acometido, tipo de

afecção e espécie, durante o período de 01 de Fevereiro à 29 de Fevereiro de

2016.

AFECÇÕES POR SISTEMAS CANÍDEOS FELÍDEOS

TEGUMENTAR

Abscesso 1 -

Picada de inseto 1 -

Miíase 1 -

Otite 5 -

Dermatite alérgica a picada de

pulga

1 -

Dermatite actínica 1 -

Sarna demodécica 2 -

Trauma por mordedura 2 -

Malasseziose 1 -

Piodermite 3 -

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32

REPRODUTOR

Mastite - 1

Endometrite 1 -

Parto Distócico 1 -

Piometra 1 -

URINÁRIO

Ureter Ectópico 1 -

Doença idiopática do trato

urinário inferior

- 1

Cistite 1 -

Urolitíase vesical 1 -

ENDÓCRINO

Diabetes mellitus 2 -

Hiperadrenocorticismo 5 -

Obesidade 1 -

RESPIRATÓRIO

Edema Pulmonar 1 -

Colapso de traquéia 2 -

Contusão Pulmonar - 1

MÚSCULO ESQUELÉTICO

Ruptura de ligamento cruzado

cranial

1 -

CARDIOVASCULAR

Endocardiose 1 -

Sopro Mitral 2 -

Sopro Tricúspide 1 -

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33

INFECCIOSO

Rangeliose 1 -

Cinomose 1 -

Erliquiose- babesiose 1 -

Giardíase 1 -

Leptospirose 1 -

ONCOLÓGICO

Neoplasia mesenquimal

maligna

1 -

Lipoma 1 -

Neoplasia mamária 1 1

OUTROS

Intoxicação 1 -

TOTAL 53

Fonte: Autora, 2016

Dentro das afecções acompanhadas, quanto ao gênero e espécie acometida, estão

descritas na tabela 2.

TABELA 2 - Atendimentos clínicos acompanhados no Hospital Veterinário da

Universidade Federal do Paraná, de acordo com o gênero e espécie, durante o

período de 01 de Fevereiro à 29 de Fevereiro de 2016.

MACHO FÊMEA TOTAL

CANÍDEOS 13 24 37

FELÍDEOS 1 3 4

TOTAL 14 27 41

Fonte: Autora, 2016

A seguir, serão relatados os dados referentes à distribuição e frequência dos

casos clínicos acompanhados (figura 23) durante o estágio curricular realizado na

área de clínica cirúrgica de pequenos animais no CVE-PUCPR. Existe discrepância

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34

entre o número de consultas, casos cirúrgicos; e diagnósticos acompanhados,

devido a alguns animais que foram diagnosticados com mais de uma patologia,

dentro do total de 89 pacientes. Na Tabela 3 descreve os sistemas acometidos

quanto ao diagnóstico definitivo. Nesta tabela, os 32 casos não concluídos foram por

não ter saído o resultado da citologia ou biópsia até a data de permanência no

estágio, e ainda casos de encaminhamento para exame ou procedimento cirúrgico

que o paciente não retornou mais a clínica.

FIGURA 23 – Casuística dos animais atendidos, separados por sistemas afetados durante o período

de estágio no CVE-PUCPR (Fonte: Autora, 2016).

TABELA 3 - Atendimentos clínicos cirurgicos acompanhados na Clínica Veterinária

Escola da Pontifícia Universidade Católica do Paraná de acordo com os casos

atendidos, sistema acometido, tipo de afecção e espécie, durante o período de 04

de Abril a 30 de Maio de 2016.

CASOS ATENDIDOS CANÍDEOS FELÍDEOS

TEGUMENTAR

Abscesso 2 -

Miíase 1 -

Trauma por mordedura 2 1

Berne 2 -

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35

Ferida por automutilação 1 -

Piogranuloma 1 -

Hiperplasia da Glândula

Sebácea

1 -

REPRODUTOR

Gestação 1 -

Piometra 1 -

Criptorquidismo 2 -

Atresia Prepucial 1 -

Hiperplasia Prostática Benigna 2 -

RESPIRATÓRIO

Asma Felina - 1

MÚSCULO ESQUELÉTICO

Ruptura de ligamento cruzado

cranial

5 -

Disco espondilose 1 -

Luxação de Patela 4 -

Hérnia de Disco 2 -

Displasia Coxofemoral 1 -

ONCOLÓGICO

Linfoma 2 -

Lipoma 1 -

Mastocitoma 7 -

Tumor Venéreo Transmissível 2 -

Adenoma 1 -

Carcinoma 2 -

Trocoblastoma 1 -

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36

OFTÁLMICO

Entrópio 1 -

Protrusão da Glândula 3ª

pálpebra

1 -

DIGESTÓRIO

Gastroenterite 1 -

Fenda Palatina - 1

Doença Periodontal 2 -

OUTROS

Check up 2 1

Casos não concluídos 29 3

TOTAL 89

Fonte: Autora, 2016

Na tabela 4, há o total de 74 pacientes atendidos, conforme seu gênero e espécie.

TABELA 4 - Atendimentos clínicos acompanhados na Clínica Veterinária Escola da

Pontifícia Universidade Católica do Paraná, de acordo com o gênero e espécie,

durante o período de 04 de Abril à 30 de Maio de 2016.

MACHO FÊMEA TOTAL

CANÍDEOS 29 38 67

FELÍDEOS 4 3 7

TOTAL 33 41 74

Fonte: Autora, 2016

3. RELATO DE CASO

Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (HV-

UFPR), Campus de Curitiba, no dia vinte e três de Fevereiro de dois mil e dezesseis,

um cão da raça Border Collie, fêmea, com quatro meses de idade, pesando 11,5 kg

e com vacinação e vermífugo atualizados. A queixa principal era de incontinência

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37

urinária desde seu nascimento. Proprietário mencionou ainda, que levou em outro

veterinário há 2 meses onde o animal foi tratado com Sulfametoxazol e Trimetoprima

a cada 12 horas; Cloridrato de Fenazopiridina a cada 24 horas; Ivermectina meio

comprimido a cada 24 horas, além de banho com sabonete antibacteriano todos os

dias nos membros pélvicos e aplicação de pomada composta por Retinol,

Colecalciferol, Óxido de Zinco e Óleo de Fígado de Bacalhau. Desde então, apenas

a Ivermectina não estava sendo administrada mais, porém todos os outros ainda

estavam sendo administrados. A justificativa do proprietário foi que se ele parasse

com os medicamentos, a urina ficava com cheiro forte e o animal apresentava

assaduras. Negou êmese, diarréia, tosse, espirro, convulsão e síncope. Normofagia,

normoquezia e polidipsia, que pode ser justificada pela eliminação excessiva de

líquido devido a uma diabetes mellitus, alterações hídricas e eletrolíticas ou por

uma insuficiência renal.

Relatou ainda que o outro veterinário suspeitou da inexistência da vesícula

urinária ou do colabamento desta, pois o animal foi internado dois dias para coleta

de urina, porém não conseguiram nenhuma amostra. Nenhum exame foi realizado,

pois em Agudos do Sul, de onde vieram, não há recursos o suficiente.

Alimentação com ração premium e petiscos. Reside em casa, fica em pátio,

com seis cães e três gatos. Não tem acesso a rua. Faz tratamento para

ectoparasitas com um pó que o proprietário não soube informar o nome.

Ao exame físico, normohidratado, com escore 5/9, ativo alerta com

temperatura de 38,7ºC, mucosas normocoradas, frequência respiratória de 60 mpm,

frequência cardíaca de 136 bpm e tempo de preenchimento capilar de 2 segundos.

Animal apresentava pelagem mais amarelada em região dos membros pélvicos, pelo

constante contato de urina (figura 37).

Referente ao exame de sangue, no hemograma (tabela 5) apresentou

discreta anisocitose, presença de linfopenia e eosinofilia, além de raros, linfócitos

reativos, neutrófilos hipersegmentados e neutrófilos tóxicos com leve basofilia

citoplasmática. No Bioquímico (tabela 6) houve diminuição das proteínas totais e

globulinas, e ainda hiperfosfatemia. Não foi realizado o exame de urinálise.

Através da análise de anamnese, exame físico e exames complementares, foi

possível diagnosticar ureter ectópico, bilateral no paciente. A classificação como

intramural só foi confirmada durante a realização da laparotomia exploratória.

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38

TABELA 5 – Laudo do hemograma e bioquímico realizados no HV-UFPR do

paciente canino, Border Collie, quatro meses.

HEMOGRAMA

ERITROGRAMA

RESULTADOS VALORES DE REFERENCIA

3 a 6 meses

ERITRÓCITOS 5.5 5.5 a 7.0

HEMATÓCRITO 37% 34 a 40

HEMOGLOBINA 11.9 11 a 15.5

VGM 67 65 a 78

CHGM 32 30 a 35

Observações: Discreta anisocitose

LEUCOGRAMA

RESULTADOS

VALORES DE REFERÊNCIA

LEUCÓCITOS TOTAIS 8.200 8.000 a 16.000

SEGMENTADOS 4.346 3.700 a 11.100

BASTONETES 0 0 a 160

METAMIELÓCITOS 0 0

LINFÓCITOS 1.886 2.250 a 7.200

EOSINÓFILOS 1.640 100 a 800

MONÓCITOS 328 100 a 1.600

BASÓFILOS 0 Raros

Observações: Raros linfócitos reativos

Raros neutrófilos hipersegmentados

Raros neutrófilos tóxicos com leve

basofilia citoplasmática

Proteína Plasmática total 5.8 5.0 a 6.5

Estimativa de Plaquetas 308 000 200.000 a 500.000

Fonte: Arquivo HV-UFPR, 2016.

TABELA 6 - Laudo da bioquímica sérica realizado no HV-UFPR do paciente canino,

Border Collie, quatro meses.

Teste Concentração Unidade Resultado

CREATININA 0.8 mg/dL NORMAL

URÉIA 28.5 mg/dL NORMAL

F. ALCALINA 148.8 U/L NORMAL

PROT. TOTAL 4.9 g/dL DIMINUÍDO

ALBUMINA 2.7 g/dL NORMAL

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39

GLOBULINA 2.2 mg/dL DIMINUIDO

FÓSFORO 8.4 mg/dL AUMENTADO

ALT/TGP 25.2 U/L NORMAL

Fonte: Arquivo HV-UFPR, 2016.

No exame radiográfico contrastado, com a realização da urografia excretora,

utilizando injetando 10 mL de contraste iodado por via endovenosa, foi possível

visualizar algumas considerações (figura 24) como a presença do meio de contraste

em pelve renal direita, sem alterações (1; 5; 8). Ureter direito com diâmetro normal

em segmento cranial (2). Ureter esquerdo apresentando dilatação do segmento

caudal (3). Vesícula urinária não visibilizada. Presença do meio de contraste em

pequeno volume na uretra (4). Presença de conteúdo radioluscente (gasoso) em

ureter e pelve renal esquerda (6; 12; 13), sendo indicativo de translocação

bacteriana. Dilatação evidente em segmento distal do ureter direito (7; 10). Dilatação

e tortuosidade da porção cranial do ureter esquerdo (9). Pequena quantidade do

meio de contraste em vesícula urinária (15) visível apenas após a dilatação da uretra

(11; 14), o que indica a disposição uretral dos ostios ureterais (ureter ectópico) e

refluxo para a bexiga.

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40

.

FIGURA 24 – Quadro com radiografias contrastadas de tempo zero até tempo dez, realizado no

HV-UFPR do paciente canino, Border Collie, quatro meses (Fonte: Arquivo HV-UFPR, 2016).

Na ultrassonogragrafia apresentou presença de material hiperecogênico em

pelve renal esquerda (seta laranja), efeito de reverberação com sinal de “cauda de

cometa” (seta amarela) posterior compatível com a presença de gás em pelve renal

(figura 25). Dilatação da pelve renal direita e de ureter proximal (figura 26).

Visibilização de segmento ureteral esquerdo, com dilatação moderada, preenchido

por conteúdo fluido e tortuosidade leve (figura 27). Estrutura tubular com conteúdo

anecogênico com disposição dorsal à vesícula urinária, que demonstrava motilidade

peristáltica. Também era possível visibilizar a presença de material ecogênico em

flutuação com turbulência do conteúdo vesical, produzido pelo refluxo uretro-vesical.

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41

FIGURA 25 – Exame ultrassonográfico realizado no HV-UFPR do paciente canino, Border Collie,

quatro meses, com alterações indicadas pelas setas (Fonte: Arquivo HV-UFPR, 2016).

FIGURA 26 - Exame ultrassonográfico realizado no HV-UFPR do paciente canino, Border Collie,

quatro meses, com alterações indicada pela seta (Fonte: Arquivo HV-UFPR, 2016).

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42

FIGURA 27 - Exame ultrassonográfico realizado no HV-UFPR do paciente canino, Border Collie,

quatro meses, com alteração indicada pela seta (Fonte: Arquivo HV-UFPR, 2016).

Paciente foi internado no dia 23/02/2016 para preparação cirúrgica. Neste dia

iniciou-se o jejum alimentar e troca de fraldas, já no dia seguinte, além do jejum

alimentar que permaneceu, começou o jejum hídrico, para coleta de sangue pré

anestésica, enema, limpeza da região perineal e aplicação de pomada para

assadura na região, além de administração de Amoxicilina com Ácido Clavulânico na

dose de 1,6mL, subcutâneo, BID, que permaneceu o tratamento por 5 dias. No dia

25/02/2015 realizou-se apenas a administração da Amoxicilina com Ácido

Clavulânico, limpeza e aplicação de pomada para assadura na região perineal. No

final do dia 25 e no dia 26 iniciou-se novamente o jejum alimentar e hídrico para

posterior realização da cirurgia.

Para a preparação do paciente, realizou-se a tricotomia abdominal para

acesso cirúrgico e em região de rádio e ulna para acesso venoso de fluidoterapia.

A MPA foi com Acepromazina (0,02 mg/kg/IM) e morfina (0,4 mg/kg/IM). Para

indução anestésica, utilizou-se Propofol (5 mg/kg/IV) e para manutenção, Isoflurano

(ao efeito).

Anterior ao procedimento de correção de ureter ectópico, foi efetuado a

técnica de OSH.

Foi realizado procedimento cirúrgico de neoureterostomia do ureter ectópico

no local anatômico normal, no trígono vesical. Após posicionamento em decúbito

dorsal, realizou-se antissepsia da pele com iodopovedine e álcool iodado com

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43

extensão da extremidade distal do apêndice xifóide até púbis. O acesso foi por

laparotomia exploratória, realizando incisão na linha média ventral, acessando a

cavidade abdominal. Em seguida, foram localizados a vesícula urinária e os

ureteres (figura 28) dilatados que se apresentavam intramural com implantação

em uretra proximal. Na vesícula urinária foi realizada suturas de apoio, com

posterior incisão ventral dentro da bexiga, próximo a uretra. Inspecionou-se o

trígono vesical para aberturas uretrais. Foi seccionado a mucosa da bexiga

para dentro do lúmen uretral. Nesta mucosa, suas bordas foram suturadas com

padrão interrompido simples com fio ácido poliglicólico 5-0. Os ureteres nesse

momento foram sondados (figura 29), tanto em direção a uretra, quanto

ascendente ao rim. Ligou-se o ureter distal com sutura circular não absorvível,

fixando-as abaixo da mucosa. A uretra proximal foi fechada com sutura simples

interrompida. As mesmas manobras foram realizadas no ureter contralateral e

então a vesícula urinária foi suturada com polipropileno 4-0 em dupla camada

de sutura invaginante padrão Cushing. Na musculatura foi utilizado ácido

poliglicólico 2-0, com padrão de sutura simples continuo, no reforço polidioxanona 2-

0 com padrão de sutura Lembert, no subcutâneo polidioxanona 2-0 com padrão de

sutura Cushing. Para a superfície cutânea foi utilizado nylon 3-0, com padrão de

sutura Sultan.

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44

FIGURA 28 – Localização da vesícula urinária, para posterior incisão e reparação da ectopia

ureteral (fonte: arquivo pessoal, 2016).

FIGURA 29 – Sondagem dos dois ureteres, sentido uretra (Fonte: arquivo pessoal, 2016).

Para o pós operatório, animal foi internado por 4 dias, com administração de

Amoxicilina com Ácido Clavulânico 22 mg/kg, BID, subcutâneo; Cloridrato de

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45

Tramadol 3mg/kg, TID, intramuscular; Dipirona 25mg/kg, TID, subcutâneo e

Carprofeno 2.2 mg/kg, BID, subcutâneo. Essas mesmas medicações foram

prescritas para casa, porém não foi relatado a frequência e duração do tratamento.

Um ultrassom foi marcado para o dia 28/03, aproximadamente um mês após

a cirurgia, para acompanhamento pós cirúrgico, porém o animal não compareceu.

Foi entrado em contato com o proprietário, o qual informou que o animal se encontra

em perfeito estado, alimentando-se bem e apresentando continência da micção.

4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1 URETER ECTÓPICO

4.1.1 Anatomia e fisiologia

O trato urinário inferior é composto pelo rim, ureter, vesícula urinária e uretra.

Os rins nos pequenos animais se localizam no espaço retroperitoneal, possuem

forma de feijão e são constituídos por uma cápsula, córtex e medular renal,

divertículos, ramos de veias e artérias renais, pelve renal e o seio renal, sendo o rim

direito posicionado mais cranialmente (figura 30) (SILVA; MAMPRIM; VULCANO,

2008).

Cada ureter fibromuscular se origina de uma pelve renal e declina

caudoventralmente até a vesícula urinária (figura 31), variando no seu comprimento,

onde o ureter direito é ligeiramente mais longo devido a posição mais cranial do rim

direito. A vesícula urinária é um saco ovóide ou piriforme, musculomembranosa,

constituída por duas camadas de músculo liso com células de transição e uma

camada de mucosa. Responsável pela eliminação da urina, a uretra, se inicia no

colo da vesícula urinária, tanto no macho quanto na fêmea (GETTY; SISSON;

GROSSMAN, 1986).

A uretra masculina do cão é anatomicamente definida como uma continuação

do sistema de ductos, que origina de um óstio interno no colo da vesícula urinária e

estendida até o orifício peniano uretral externo na extremidade livre do pênis.

Encontra-se envolvida por tecido adiposo e conjuntivo, estando alojada no assoalho

pélvico, com a superfície dorsal relacionando-se ao reto e à glândula prostática

(SOUZA, 2006).

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46

Na fêmea, a uretra faz parte somente do sistema urinário, ao contrário do

macho, em que a uretra realiza funções tanto urinárias, quanto reprodutivas. A uretra

feminina canina é relativamente longa em relação a outras espécies domésticas e

com capacidade de distensão. É localizada no solo da pelve, ventral aos órgãos

genitais e acompanha obliquamente a parede vaginal para se sair ventralmente na

junção da vagina com vestíbulo em uma elevação. A estrutura uretral é a mesma

que existe na bexiga. No entanto, há o músculo uretral, que através dos seus

fascículos craniais, circundam em grande parte da uretra, inervado pelo nervo

pudendo. Na submucosa uretral há um conjunto de veias que proporcionam um tipo

de tecido erétil o que auxilia na continência urinária (figura 32) (MAGALHÃES,

2013).

O esfíncter uretral está localizado na porção média da uretra da fêmea e na

porção membranosa da uretra do macho (NELSON; COUTO, 2015).

FIGURA 30 – Anatomia do trato urinário inferior (Fonte: Done et al, 2010).

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FIGURA 31 – Anatomia e posicionamento da vesícula urinária que está repleta por ar e

ureteres (Fonte: Done et al, 2010).

FIGURA 32 – Ureteres normalmente penetram na superfície caudal dorsolateral da bexiga e

se esvaziam dentro do trígono após um curto curso intramural (Fonte: Fossum, 2008).

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48

A micção depende da coordenação nervosa periférica da bexiga e esfíncter

inferior externo, que ocorre por inervação parassimpática, simpática e somática,

onde emergem da região sacral e toracolombar da medula espinhal (JUC;

COLOMBARI; SATO, 2011).

Segundo Nelson, Couto (2015) e Juc, Colombari, Sato (2011) os nervos

pélvicos, parassimpático, exercem ação excitatória na bexiga que predomina na fase

de eliminação da urina, e caráter inibitório na uretra, onde sua origem corresponde

aos segmentos S1-S3 da porção sacral da medula espinhal, com estimulação da

contração do músculo detrusor e esquelético estriado resultando no relaxamento da

musculatura pélvica e iniciação da compressão abdominal, facilitando o

esvaziamento da vesícula urinária.

O nervo hipogástrico é responsável pela inervação simpática da bexiga, a

partir dos segmentos L1-L4 que fazem sinapse no gânglio mesentérico caudal. As

fibras β-adrenérgicas terminam no músculo detrusor e quando estimuladas

provocam o seu relaxamento, o que facilita o armazenamento da urina. As fibras α-

adrenérgicas inervam as fibras musculares lisas no trígono e na uretra e a

estimulação destas faz com que elas se contraiam, formando o esfíncter uretral

interno funcional. Os receptores α-adrenérgicos também tem efeito modulador no

esfíncter uretral externo. O controle voluntário da micção é mediado pelo córtex

cerebral, pela ponte que é o principal centro da micção e pelo cerebelo por meio dos

tratos reticuloespinhais dos núcleos sacrais (figura 33). O volume residual normal da

urina após esvaziamento completo é de aproximadamente 0,2 a 0,4 mL/kg em cães.

Os receptores de estiramento da bexiga enviam impulsos através das vias

existentes na medula espinhal para o tálamo e o córtex cerebral quando a tensão

intramural excede o limiar (NELSON; COUTO, 2015).

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FIGURA 33 - Inervação somática, parassimpática e simpática do trato

urinário inferior (Fonte: Nelson, Couto; 2008).

4.1.2 Etiopatogenia

Os distúrbios da micção abrangem problemas no armazenamento da bexiga,

relacionados a incontinência e retenção urinária. A incontinência urinaria é a saída

de urina de forma inadequada durante a fase de armazenamento da micção, que

ocorre quando a pressão no interior da bexiga excede a pressão exercida pelos

esfíncteres uretrais. As formas mais comuns deste distúrbio são causadas por

desejo ou necessidade premente de urinar, ou incontinência inflamatória e

responsiva a hormônio, sendo incomum a incontinência congênita (NELSON;

COUTO, 2015).

Como uma forma de incontinência congênita em que um ou ambos ureteres

não desembocam normalmente no trígono da vesícula urinária, dá-se o nome de

Ectopia Ureteral, resultante da falha na diferenciação dos ductos mesonéfricos e

metanéfricos durante a embriogênese (BRITO et al, 2011). Para Costa Neto et al

(2011) esta anomalia pode ser classificada como intramural ou extramural, e ainda

como uni ou bilateral (figura 34).

O Ureter ectópico classificado como intramural se anexa na superfície dorsal

ou dorsolateral da bexiga urinária, e o que era para desembocar no trígono, na

fêmea passa a ocorrer no colo da vesícula urinária, uretra, vagina, no corpo ou colo

uterino e no macho termina na uretra pélvica. Já o extramural se desvia

completamente da bexiga (SILVA et al., 2012).

A ectopia ureteral é a causa mais comum de incontinência urinária em

filhotes, em particular nas fêmeas. A ocorrência em machos é mínima, pois o ureter

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quando se insere na uretra, possibilita que o músculo uretral desempenhe ação

muito semelhante ao do esfíncter uretral, permitindo assim o preenchimento

adequado da bexiga e ausência de incontinência urinária (COSTA NETO et al; 2011

e ETTINGER, FELDMAN; 2008).

O acometimento bilateral é mais frequente em cães, enquanto que em gatos,

os ureteres ectópicos unilaterais e bilaterais ocorrem com mesma frequência. Ele

pode ter uma única abertura num local anormal, ou pode ter abertura alongada para

a bexiga, como uma calha ureteral, uma abertura dupla, ou pode terminar num fundo

cego (GRÜN et al; 2007).

Sabendo-se que em Medicina Veterinária o trato gênito-urinário é o terceiro

sistema mais acometido por más formações congênitas, Brito et al (2011) e Galvão;

Ondani; Ferreira (2010), afirmam que dentre as desordens acompanhadas á ectopia

uretral estão a agenesia e/ou hipoplasia renal, hipoplasia das comissuras vaginais,

atresia uretral, ureterocele, além de hidronefrose, hipoplasia vesical, pielectasia e

infecções gerais do trato gênito urinário. Pode-se dizer que as mais comuns são o

hidroureter ocasionando o megaureter que devido ao acúmulo de urina nos uretres,

causa a sua dilatação; e também a pielonefrite que é a infecção da pelve e do

parênquima renal, especialmente da medula adjacente, com extensão potencial para

o córtex, através da migração ascendente de bactérias patogênicas presentes no

trato urinário inferior. Para Ettinger e Feldman (2008) o hidroureter e a pielectasia

foram constatados em cerca da metade dos casos de ureter ectópico.

Esta enfermidade já foi descrita em cães, gatos, ratos, cavalos e humanos,

afirma Silva et al (2012). Nos cães, a enfermidade foi descrita em várias raças e em

mestiços, com maior prevalência em: husky siberiano, newfoundland, buldogue,

West highland White terrier, fox terrier, poodle miniatura e toy (TILLEY; SMITH

JÚNIOR, 2008).

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FIGURA 34 – As diferentes formas de ureter ectópico. A – Intramural. B – Extramural. C –

Intramural, com abertura dupla. D – Intramural, com canal uretral longo, estreito e superficial

(Fonte: Fossum, 2008).

4.1.3 Manifestações clínicas

Segundo Tilley e Smith Júnior (2008); Nelson e Couto (2015), o sinal clínico

mais comum de ureter ectópico é a incontinência intermitente ou continua, embora

cães e gatos com ureter ectópico unilateral também possam urinar normalmente. A

dermatite também é presente, devido à eliminação ininterrupta de urina que se

apresenta geralmente na região da vulva ou do prepúcio.

4.1.4 Métodos diagnósticos

Mesmo em fêmeas, Costa Neto et al (2011) afirma que a incontinência

urinária exclusivamente é insuficiente para confirmar o diagnóstico de ectopia

ureteral.

Incontinência urinária em um animal jovem pode estar associada com uma

variedade de defeitos congênitos do sistema urinário e genital. Os defeitos mais

comuns são ureteres ectópicos e estreitamentos vaginais, mas úraco patente,

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fístulas uretrorretais e uretrovaginais, e pseudo-hermafroditismo feminino também

foram associadas a incontinência urinária (NELSON; COUTO, 2015).

As várias causas de incontinência urinária devem ser diferenciadas. A

incontinência vigorosa secundária à infecção cística ou ureteral e/ou inflamação

devem ser excluídas. A incontinência paradoxal, por transbordamento causado pela

obstrução parcial devido a cálculos uretrais, neoplasias ou estenose; e a

incontinência neurogênica, devem ser diferenciadas de incompetência no

mecanismo do esfíncter uretral, com base em imaginologia, exame neurológico e/ou

cateterização (FOSSUM, 2008).

Em virtude de 70% dos ureteres ectópicos nos cães, fêmeas, terminarem na

vagina, esta deve ser examinada com endoscópio, uretrocistoscopia, para que seja

vista a abertura do ureter ectópico, entretanto, a abertura pode ser difícil de ser vista

se a vagina estiver totalmente distendida com ar (NELSON; COUTO, 2015).

A perfilometria da pressão uretral, pode ser utilizada para detectar

incompetência concomitante do mecanismo esfinctérico uretral (TILLEY; SMITH

JÚNIOR, 2008).

Para Kealy e McAllister (2012) os ureteres normais não são visualizados em

radiografias simples ou em ultrassonografia, por isso, usa-se contrastes através da

urografia excretora intravenosa com dose de 850mg de iodo por kg e a

vaginouretrografia retrógrada, diluindo 10% de peso por volume de iodo, na dose de

1,14ml/kg, onde o contraste penetra no ureter ectópico a partir da vagina, que

segundo Nelson e Couto (2015) são os testes diagnósticos de escolha para a

caracterização do defeito.

O ureter anormal será visualizado contornando a bexiga e esvaziando-se no

interior da vagina, que comumente é acompanhado por algum grau de dilatação. Em

ultrassonografia, é visualizado um fluxo pulsante de urina jorrando para o interior da

bexiga anecóica, o que pode ser útil no diagnóstico de ectopia ureteral, já que em

ureteres normais não se identifica esses jatos penetrantes na bexiga (KEALY;

MCALLISTER, 2012).

4.1.5 Tratamento

Tilley e Smith Júnior (2008) afirmam que a correção de defeitos congênitos

depende da sua natureza e extensão. Entretanto, a incompetência do esfíncter

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uretral pode ocorrer em conjunção com ureter ectópico, porém a reimplantação

cirúrgica do ureter não garante continência.

Segundo Voorwald; Tiosso e Toniollo (2010) a administração de

Fenilpropanolamina, um α-bloqueador, é recomendada na dose de 1,0 a 1,5mg/kg

(VO, BID ou TID) para promover um aumento na contratilidade da musculatura lisa,

elasticidade e sensibilidade às catecolaminas no trato urinário inferior ou a

Imipramina, um agente antidepressivo tricíclico na dose de 0,5 a 1mg/kg (TID),

aumentam a capacidade da bexiga junto com a pressão de fechamento do esfíncter

uretral, podendo trazer benefício para cães com incontinência urinária e instabilidade

do detrusor ou podem ser utilizados no pós-operatório das cirurgias indicadas para o

tratamento da incontinência.

Em casos de cadelas castradas, pode ser administrado Dietilestilbestrol e

também quando o tratamento com α-bloqueadores for insatisfatória, faz-se

combinação para efeitos sinérgicos, e em machos com incontinência usa-se

Propionato de testosterona ou Cipionato de testosterona em casos de ação mais

prolongada. Essa terapia com hormônios reprodutivos pode aumentar a

sensibilidade dos receptores α-adrenérgicos uretrais aos α-agonistas, porém não se

recomenda essa terapia com hormônios reprodutivos em animais imaturos. Alguns

filhotes, fêmeas com incompetência do mecanismo esfinctérico uretral vem a exibir

continência após seu primeiro ciclo estral. As cadelas com incontinência não devem

ser castradas antes do primeiro cio (TILLEY; SMITH JÚNIOR, 2008).

O tratamento preconizado é o cirúrgico, onde é realizado o reimplante do

ureter ectópico na região do trígono vesical (PRADO et al., 2014). Se for extramural

a técnica utilizada é de ureteroneocistostomia (figura 35), a qual se realiza a

ressecção e reimplantação do ureter no interior do lúmen vesical, e intramural a de

neoureterostomia (figura 36) através de cistotomia e incisão longitudinal pela

mucosa vesical no interior do lúmen vesical (CRIVELLENTI; CRIVELLENTI, 2012).

Uma completa exploração do trato urinário deve preceder uma cistotomia

ventral, para uma incisão da bexiga estendendo-se até a porção proximal da uretra.

As suturas de sustentação são aplicadas na parede vesical, para facilitação da

manipulação e afastamento atraumático dos tecidos. Então a região do trígono

vesical é inspecionada em busca de aberturas ureterais. No caso de ectopia ureteral

intramural, faz-se uma oclusão digital da uretra para promover a dilatação do ureter

ectópico no interior da parede vesical. Com uma lâmina de bisturi número 15, é

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realizada uma incisão longitudinal de 5mm através da mucosa vesical até o lúmen

ureteral. A mucosa ureteral é suturada á mucosa vesical com poliglactina 910

revestida ou polidioxanona 5-0/6-0. Através do ureter é introduzido um cateter

urinário número 3, distalmente, e a parte distal desse órgão tubular é ligada com

sutura absorvível 3-0 caudalmente ao novo estoma ureteral. Enquanto faz-se a

ligadura, o cateter é retirado. Já no caso de ectopia ureteral extramural, o objetivo da

implantação é preservar o máximo possível do comprimento ureteral e a prevenção

do refluxo vésico-ureteral da urina através do ureter operado, além da salvação dos

ureteres e do rim, se afetados. Depois da cistotomia ventral e da excisão em elipse

da mucosa vesical, é realizado um novo túnel, sendo curto, submucoso e oblíquo, na

parede da bexiga, através do qual o ureter previamente ligado é tracionado. A

porção final do ureter é excisada, espatulada e suturada á mucosa vesical com

poliglactina 910 revestida ou polidioxanona 5-0/6-0, montada em uma agulha afilada

(SLATTER, 1998).

FIGURA 35 – Ureteroneocistostomia realizada quando o ureter é extraluminal. Utilizar uma

sutura de apoio na extremidade proximal do ureter seccionado. Fazer uma incisão na mucosa

da bexiga e criar um pequeno túnel oblíquo na submucosa da parede vesical. Realizar uma

incisão obliqua na extremidade do ureter e sutura-lo dentro da mucosa da vesícula urinária com

sutura absorvível (Fonte: Fossum, 2008).

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FIGURA 36 – Neoureterostomia realizada em ureteres ectópicos intramurais. A – cistotomia

com incisão longitudinal de 3 a 5 mm, através da mucosa vesical, dentro do lúmen ureteral. B –

sutura da mucosa ureteral á vesical, com material absorvível, padrão simples interrompido. C –

colocação do cateter dentro do ureter distal. D – suturas circulares, não absorvíveis na parte

distal, próximo ao novo estoma, a partir da superfície serosa, permanecendo abaixo da mucosa

(Fonte: Fossum, 2008).

4.1.6 Complicações Pós Operatórias

Dentre as complicações que esses procedimentos cirúrgicos podem promover

estão a obstrução urinária devido á tumefação pós-operatória, estenose e

estreitamento, ou vazamento da urina para a cavidade abdominal ocasionando

peritonite. Além de deiscência de sutura, inflamações e incontinência urinária

persistente (FOSSUM, 2008).

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5. DISCUSSÃO

No presente relato de caso, a principal queixa do proprietário foi a

incontinência urinária, de um animal com quatro meses de idade, fêmea, desde o

seu nascimento, o que condiz com a literatura, na qual é citado por Costa Neto et al

(2011) que o ureter ectópico é a causa mais comum de incontinência urinária em

filhotes, principalmente fêmeas, porém por ser um animal da raça Border Collie, não

se encontra dentro das raças predispostas relatas em literatura. A ectopia ureteral

do cão foi classificada como bilateral, que segundo Grün et al (2007) é o mais

frequente em cães, assim como a inserção dos ureteres ser na uretra, sendo um dos

locais prováveis de ectopia, como já descrito em literatura. Porém, de acordo com

Costa Neto et al (2011) e Ettinger; Feldman (2008) afirmam que na maioria dos

casos de ureter inseridos na uretra, há ausência de incontinência urinária, já que a

musculatura da uretra retém a urina, fazendo com que a vesícula urinária fique

repleta, sendo observado justamente o contrário no relato de caso.

Referente ao exame de sangue, no hemograma apresentou discreta

anisocitose, que não foi relevante para o caso, presença de linfopenia e eosinofilia,

além de raros, linfócitos reativos, neutrófilos hipersegmentados e neutrófilos tóxicos

com leve basofilia citoplasmática. A diminuição de linfócitos poderia ser indicativo de

administração de corticóides, estresse severo, infecção sistêmica aguda viral

recente ou bacteriana. Já o aumento de eosinófilos poderia ser por doença

parasitária ou alérgica. No Bioquímico houve diminuição das proteínas totais e

globulinas, e ainda hiperfosfatemia, que poderia ser tanto pelo fato do animal ser

jovem, ter menos de um ano de idade, nefropatia ou por alguma lesão glomerular.

Não foi realizado o exame de urinálise, o qual deveria ter sido feito, antes mesmo do

início de administração de antibiótico e da realização da urografia excretora, porque

devido ao contraste utilizado nessa técnica radiográfica, poderia ter causado

intoxicação, caso o animal apresentasse alguma alteração severa renal, glomerular,

que seria confirmada com a urinálise.

Dentre as desordens acompanhadas pelo ureter ectópico citadas por Brito et

al (2011) e Galvão; Ondani; Ferreira (2010), as que estiveram presentes no caso

clínico, foi o hidroureter, megaureter, infecção do trato urinário inferior e pielonefrite.

Nas manifestações clínicas, além de incontinência urinária, o animal também

apresentou dermatite devido ao contato intenso com a urina, na região da vulva,

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57

algo que tem citação por Tilley e Smith Júnior (2008); Nelson e Couto (2015) em

literatura e odor forte de urina que caracteriza a infecção urinária.

Porém, mesmo com o histórico e sinais clínicos do relato de caso sendo

condizentes com a ectopia descrita em literatura, apenas as manifestações clínicas

não são o suficiente para confirmar o diagnóstico da afecção. Devido a isso, foi

realizado o exame de sangue, ultrassom e um dos testes diagnóstico de escolha, a

urografia excretora, sendo o suficiente para a caracterização do defeito, conforme

Nelson e Couto (2015) descrevem, apesar da classificação como intramural só ser

confirmada com a realização da laparotomia exploratória.

Em relação ao tratamento, Tilley e Smith Júnior (2008) relatam que é

essencialmente cirúrgico, por se tratar de um defeito congênito, além do uso de

drogas α-bloqueadoras, antidepressivo tricíclico e hormônios em pós cirúrgico para

que o tratamento da incontinência seja satisfatória. No caso clínico a intervenção

cirúrgica foi realizada, através da técnica de neoureterostomia, porém nenhum

fármaco para o tratamento da incontinência e consequentemente da contração e

relaxamento do esfíncter que nunca exerceu sua função, não foi prescrito, correndo

o risco do tratamento cirúrgico não ser o suficiente para o sucesso do tratamento,

tendo uma conduta diferente do que é relatado por Voorwald; Tiosso e Toniollo

(2010) e Tilley e Smith Júnior (2008), apesar do tratamento com hormônio não ser

indicado para animais imaturos.

Tilley e Smith Júnior (2008) ainda afirmam que cadelas que apresentam

incontinência urinária não devem ser castradas antes do primeiro cio, devido a sua

exposição hormonal, que podem vir a apresentar continência após a puberdade,

mas a paciente do caso foi realizada a técnica de OSH junto com o procedimento de

correção do ureter ectópico, com apenas 4 meses de idade, consequentemente,

antes do primeiro cio, procedimento este que talvez não teria necessidade de ser

realizado naquele momento, já que essa conduta poderia interferir na correção da

incontinência da paciente.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O período de estágio curricular obrigatório do Curso de Medicina Veterinária

oferecido pela Universidade Tuiuti do Paraná teve como principal objetivo aprimorar

e praticar os conhecimentos adquiridos durante a graduação. Introduzir o acadêmico

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frente a novas situações, como o desafio de conhecer outros profissionais e

instituições, bem como submetê-lo ao relacionamento interpessoal e trabalho em

equipe, buscando ampliação do senso crítico e contribuição para a formação

profissional, neste caso, com os casos da rotina do Hospital Veterinário da

Universidade Federal do Paraná e a Clínica Veterinária Escola da Pontifícia

Universidade Católica do Paraná acompanhados.

Apesar da incontinência urinária ser rara, o trato gênito-urinário, na Medicina

Veterinária, é o terceiro sistema mais acometido por más formações congênitas, por

isso da importância do conhecimento sobre ureter ectópico, do seu tratamento mais

eficaz, dos métodos diagnósticos de escolha, das condutas que devem ser tomadas.

Mesmo com algumas condutas do relato de caso não condizendo com a

literatura, segundo o proprietário do animal, este já se apresenta em perfeito estado,

com total continência urinária.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8. ANEXOS

FIGURA 37 - Paciente Piratinha, quatro meses, da raça Border collie (Fonte: Arquivo pessoal,

2016).