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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
COORDENADORIA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
ANTONI A DOS REIS MORAES
AUDITORI A NA EV AS ÃO F ISCAL: A con t r ibu ição do c idad ão
comum pa ra o aumento da a r recadação
São Luís
2010
ANTONI A DOS REIS MORAES
AUDITORI A NA EV AS ÃO F ISCAL: A con t r ibu ição do c idad ão
comum pa ra o aumento da a r recadação
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito de avaliação do Curso de pós-graduação em Planejamento Tributário, Gestão, Auditoria Tributária, com Docência Superior, para obtenção do título de especialista.
Orientador: Prof°. Msc. Cláudio Nogas
São Luís
2010
Este trabalho não teria sido possível sem o apoio e compreensão da minha família.
A ideia é perfeita e real, o particular é falho e apenas aparente.
Bertrand Russell
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre presente, em todos os instantes da minha vida: me
conduzindo, me orientando, me defendendo e no qual tudo o que sou, tudo o que
tenho devo a ELE, ao mestre de todos os mestres.
Ao meus pais, que me ensinaram, com seus exemplos, o caminho do bem,
aos meus onze irmãos pela amizade e companheirismo ao longo dos meus anos de
minha vida.
À minha família, pelo apoio incondicional, paciência e carinho, pela
compreensão nas minhas ausências nos finais de semanas.
Aos meus professores, em especial ao meu orientador Edmundo Tork Filho,
que compartilharam experiência, para que minha formação fosse também um
aprendizado de vida.
Aos servidores do Tribunal de Contas de Estado do Maranhão, em especial
ao Diretor de Secretaria, Dr. Ambrósio Guimarães Neto, pelas informações
necessárias que me ajudaram a formar um juízo de valor.
Por último, estendo os meus agradecimentos aos meus amigos, em especial
os da Asfupema, Ricardo, Edmar e Luizinho e a todos àqueles que, de alguma
forma, contribuíram para a realização desta etapa em minha vida.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar que a prática da população de
não exigir a nota fiscal, contribuindo para a evasão fiscal. Possibilitando verificar que
o Fisco não arrecada e o Estado não cumpre o seu dever de gerar investimentos
para melhorias feitas para a sociedade. A não cobrança da nota fiscal gera déficit e
acaba não gerando investimento para população. Para tanto, o trabalho baseou-se
em fontes diversas do Direito tributário, publicações em jornais, revistas e internet.
Verificando assim que contribuir não é um dever, e sim um direito que cada cidadão
possui para ter melhores condições de vida. A evasão causa enormes prejuízos aos
negócios, ao governo e por extensão à sociedade como um todo.
Palavras-chave:Princípios Constitucionais. Sociedade. Evasão Fiscal. Estado.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................7
2 PARTICIPAÇÃO DO CIDADÃO NO CONTROLE DOS GASTOS PÚ BLICOS ....9
2.1 O papel do Cidadão na Sociedade.....................................................................14
2.2 Experiência Profissional......................................................................................16
3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E TRIBUTAÇÃO ............................................19
3.1 Noções preliminares............................................................................................19
3.2 Conceito..............................................................................................................20
3.3 O princípio constitucional e a igualdade tributária...............................................21
3.4 O princípio da capacidade contributiva...............................................................22
3.5 Dos direitos fundamentais e tributação...............................................................24
4 ASPECTOS GERAIS DA EVASÃO FISCAL ........................................................30
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................37
REFERÊNCIAS.....................................................................................................38
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1 INTRODUÇÃO
A participação ativa do cidadão na fiscalização e denúncia no que diz
respeito à evasão fiscal, tem como objetivo a garantia de maior arrecadação de
tributos para o Estado para fazer juz aos investimentos necessários em benefício da
sociedade.
A sociedade tem um papel primordial na contribuição para coibir a evasão
fiscal,fazendo o papel de fiscalizar a aplicação dos recursos públicos, visto as
crescentes discussões acerca de evasão fiscal e o aumento dos gastos públicos.
Isso tem servido de alicerce para o levantamento de dados que confirma o
entendimento da buscar por medidas que conscientize o pleno emprego de ações
eficiente quanto aos procedimentos adotados para arrecadação de impostos e o
retorno do investimento voltado para melhoria da população. A humanidade tem a
capacidade de fazer a fiscalização e contribuir efetivamente para diminuição de
evasão fiscal com isso o Estado arrecada mais imposto previsto na legislação
tributária, tendo em vista a função social dos tributos.
O objetivo do trabalho é demonstrar que a prática da população de não
exigir a nota fiscal, contribuindo para a evasão fiscal. Assim o Fisco não arrecada e
o Estado não cumpre o seu dever que é o investimento para melhorias feita para a
sociedade. Muitos não cobram a nota fiscal mas, acabam cobrando do governo
investimento e eficiência. A contribuição não é um dever, e sim um direito que cada
cidadão possui para ter melhores condições de vida. A evasão causa enormes
prejuízos aos negócios, ao governo e por extensão à sociedade como um todo.
A presente monografia consta de uma introdução, três capítulos subdivididos
e uma conclusão.
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Assim, abordar-se-ão, no primeiro capítulo, a participação do cidadão no
controle dos gastos públicos como funciona e o melhor desenvolvimento do país.
No segundo capítulo, focaliza-se os princípios constitucionais e tributação
dando ênfase as lei que fundamenta esses princípios. Infere-se, também, os fatores
que tornam a obrigação tributária viável.
No terceiro capítulo, mostrar-se-ão aspectos gerais da evasão fiscal, e sua
importância para a sociedade em geral.
Este trabalho monográfico cria em um primeiro momento um cenário
diferenciado quando se apresentam na corrente de pesquisa de diversos autores
que afirmam a importância da participação da sociedade no controle da evasão
fiscal ou sonegação fiscal e o aumento dos gastos públicos. Acredita-se contribuir
com à discussão acadêmica medida que infere-se com a nova proposta colocando-
se obviamente à apreciação dos mais diversos pensadores e contribuintes.
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2 PARTICIPAÇÃO DO CIDADÃO NO CONTROLE DOS GASTOS PÚ BLICOS
Atualmente, tem-se observado muita discussão acerca da evasão fiscal ou
sonegação fiscal e o aumento dos gastos públicos, principalmente quanto à questão
da eficiência, eficácia e economicidade. Isso ocorre, principalmente, em razão da
ausência de fiscalização por parte do contribuinte e a má aplicação dos recursos
públicos no Brasil, dessa forma, indo de encontro aos princípios constitucionais.
Uma das formas de se contribuir é denunciando irregularidades na aplicação desses
recursos ao Tribunal de Contas do seu estado.
Atualmente, a maioria dos Tribunais de Contas dispõe de Ouvidoria, órgão
responsável pelo recebimento de sugestões, críticas e reclamações dentro da área
de atuação dos tribunais de contas.
Diante desse sistema, existe uma urgente necessidade de conscientizar a
população acerca desta temática, demonstrando a importância de contribuir junto ao
Fisco para a melhoria da população. Essa participação é uma das formas de se
exercer o controle social, que é a fiscalização da gestão pública realizada pela
sociedade. Para exercer o controle social, o cidadão pode e deve acionar órgãos de
controle como o Tribunal de Contas, o Ministério Público, a Controladoria Geral do
Estado, entre outros.
Várias forma da população exercer esse controle é através da atuação junto
aos conselhos municipais, entidades que têm a missão de fiscalizar a gestão pública
na área específica de atuação (conselho de saúde, educação, assistência social,
etc.). Os conselhos, por sua vez, também podem acionar o Tribunal de Contas,
denunciando as irregularidades verificadas.
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Outro ponto de destaque é sugestão de inclusão da disciplina de Educação
e Cidadania na matriz curricular das escolas do país a partir do Ensino Fundamental,
onde o processo de conscientização partiria desde à infância, para tanto seria
ensinado a importância do exercício de cidadania, e, consequentemente, todos com
acesso ao conhecimento, contribui ou exige nota fiscal, irá certamente, fazer valer os
seus direitos, cobrando o retorno do investimento, visto a função social dos tributos.
Perseguir a eficiência na arrecadação para que o Estado possa manter com
qualidade os serviços essenciais a ser prestados a população. Sendo o cidadão
consciente do seu papel, como fiscal atuante, tanto no momento da arrecadação dos
tributos como também exigindo do administrador público a probidade no trato com a
coisa pública.
Quanto mais o povo comum for educado, consciente do seu papel de agente
de transformação na sociedade, maior será a sua contribuição na participação, na
melhoria da administração pública, maior seu conhecimento para coibir a evasão
fiscal, maior sua exigência na eficácia das leis já positivada, maior sua participação
para expulsar na vida pública, aquele administrador que não atendeu os requisitos
exigidos aos Gestores Públicos, melhor contribui para auditagem e não espera
somente pelos os órgãos responsáveis pela fiscalização.
A necessidade de conscientização na educação nas escolas, como
disciplina obrigatória na matriz curricular a partir do ensino fundamental até o ensino
superior, a qual seria dado o conhecimento da importância dos direitos e deveres
dos cidadãos como agente de transformação, dar conhecimento necessário para
que sua participação seja efetiva na administração dos recursos públicos. Assim
exigir nota fiscal se torna essencial para qualquer compra e venda e a ausência
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desta, geraria uma denúncia às Ouvidorias dos Órgãos responsáveis pela
arrecadação ou Ministério Público.
De acordo com o estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário, os setores da economia, o comércio é que registra o maior número de
empresas que exercita alguma espécie de sonegação fiscal: 31,23%. E logo em
seguida, vem a indústria, com indício de evasão em 27,02% das empresas. No setor
de serviços, os indícios de sonegação apareceram em 22,45% das empresas. E
ainda, os maiores indícios de sonegação fiscal se encontra nas pequenas empresas,
em torno de 63,66%. Nas médias, os indícios são encontrados em 48,94% das
empresas. Nas grandes empresas, o percentual foi de 27,13%.
A missão primordial do Estado é promover a dignidade da pessoa humana, a
partir da garantia aos cidadãos dos seus direitos fundamentais. É um dever do
Estado é levar o homem à cidadania, posto ser um compromisso assumido no
contrato social, sendo que a liberdade e oportunidade devem ser distribuídas de
forma igualitária e os tributos arrecadados passam a ser transformados em hospitais,
estradas, escolas etc.. E tantos outros serviços colocados a disposição do cidadão,
sendo de obrigação\dever do Poder Público, e é sociedade que financia tais
serviços.
Ao discutir essas relações entre a administração e a política, Fleury (2001) argumenta que o Estado corresponde a um campo estratégico de luta (arena) onde diferentes atores se enfrentam e se reconstituem como sujeitos políticas políticos. Portanto, ainda que o âmbito das reformas seja o institucional, essas mudanças implicam em transformações na distribuição de poder e, por conseguinte, na correlação de forças dentro da mencionada arena. Nesse sentido – argumenta a autora – a reforma do Estado não pode ser vista como mera alteração do organograma do governo ou simples modernização administrativa, mas como uma modificação nas relações entre diferentes atores econômicos, políticos e administrativos. O atendimento às demandas sociais e econômicas que impulsionam as reformas está condicionado não somente ao enfoque teórico que informa a nova gestão pública, mas, igualmente, pelas opções políticas adotadas e pela capacidade técnica e política dos governos para implementarem as medidas pretendidas. Alguns países, no entanto, conseguiram avanços na implantação de indicadores de desempenho como instrumento de gestão
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pública em certos setores. Um dos principais exemplos é o programa de cartas do cidadão (Citizem’ Charter), implantado no serviço público britânico a partir dos anos 80. Correspondem a declarações públicas de metas, padrões de serviço público, acompanhados dos recursos disponíveis para sua execução e da identificação dos responsáveis. As cartas elaboradas em torno de um conjunto de princípios que incluem a divulgação dos padrões esperados pelos serviços, seu custo, seu desempenho e a definição das responsabilidades, além de consulta sistemática ao usuário. (Albuquerque, 2007, p.29 e 30).
Como o cidadão pode contribuir para coibir a evasão fiscal e fiscalizar a
aplicação dos recursos públicos, visto as crescentes discussões acerca de evasão
fiscal e o aumento dos gastos públicos, têm servido de base para o levantamento de
dados que confirma o entendimento de que se faz necessário buscar medidas que
conscientize o pleno emprego de ações eficazes quanto aos procedimentos
adotados para arrecadação de impostos e o retorno do investimento voltado para
melhoria da população.
A sociedade pode contribuir para coibir a evasão fiscal e fiscalizar a
aplicação dos recursos públicos, visto as crescentes discussões acerca de evasão
fiscal e o aumento dos gastos públicos, têm servido de base para o levantamento de
dados que confirma o entendimento de que se faz necessário buscar medidas que
conscientize o pleno emprego de ações eficazes quanto aos procedimentos
adotados para arrecadação de impostos e o retorno do investimento voltado para
melhoria da população. A sociedade tem capacidade de fazer a fiscalização e
contribuindo efetivamente para diminuição de evasão fiscal assim o Estado arrecada
mais imposto previsto na legislação tributária, tendo em vista a função social dos
tributos.
A vida em sociedade implica, necessariamente, uma organização normatizada onde cada indivíduo tem uma parcela de sua liberdade limitada, em face do interesse comum. Essa relação é regulamentada pelo ordenamento jurídico, segundo critérios político-qualitativos de seleção dos bens e interesses a serem protegidos mediante a limitação do comportamento das pessoas, sistematizados em um escala de valores. Tal limitação é imposta coercitivamente, mediante normas expressas no ordenamento jurídico. Nesse contexto, o grau de coercitividade e rigidez dos
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meios de aplicação da norma veiculada pela lei, assim como de seu principal instrumento eficacial que é a sanção, é proporcional ao grau importância conferido ao interesse protegido pela norma, o que é aferido conforme padrões valorativos de cunho ético. (ANDRÉAS EISELE, 2002, p. 31).
A participação do cidadão na fiscalização e denúncia quanto à evasão fiscal,
com objetivando garantir maior arrecadação de tributos para o Estado para fazer
face aos investimentos necessários em benefício da sociedade.
Outra maneira de participar é fiscalizando e exigindo do administrador
público a eficiência, eficácia, transparência na gestão e na aplicação dos recursos
públicos. Exigindo, ainda, a eficácia das leis já positivadas pelo Estado, no que
tange aos Direitos Sociais da nossa Constituição Federal.
Outra maneira de participação é cobrar do Estado, a inclusão da disciplina
de Educação e Cidadania na matriz curricular, de caráter obrigatório a partir do
Ensino Fundamental, pois esta tarefa será lenta e delicada, visto que a partir do
momento em que a criança manifestar com seu olhar que compreende o que lhe
falam, deve ser considerada apta a ser submetida à educação.
Com isso, estará preparando lentamente para ser um sujeito político e torná-
lo capaz à participação. Pois enquanto não estiverem todos aptos a entender os
valores da participação, enquanto não estiverem constituídos cidadãos não
acontecerá à emancipação e é impensável querer a participação política do povo
comum sem educação, assim uma minoria sábia, esclarecida governará e decidirá
por todos o que deve e como deve ser feito para todos. Com isso, quanto mais
participativo for o cidadão, menor será a Evasão Fiscal e, maior e eficiente será
aplicação dos recursos por parte dos Gestores Públicos.
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2.1 O papel do Cidadão na Sociedade
Ester Buffa, em Educação e Cidadania, descreve a respeito aos direitos dos
cidadãos, “a vinculação entre educação e cidadania, como precondição para
participação política do povo comum é impossível sem a passagem pelas
instituições educativas” (1995, p. 39).
Podemos afirmar que ser cidadão significa ter direitos e deveres, ser súdito e soberano. Tal situação está descrita na Carta de Direitos da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1948, que tem suas primeiras matrizes marcantes nas cartas de Direito dos Estados Unidos (1776) e da Revolução Francesa (1798). Sua proposta mais funda de cidadania é a de que todos homens ainda que perante a lei, sem discriminação de raça , credo ou cor. E ainda: a todos cabem o domínio sobre seu corpo e sua vida, o acesso a um salário condizente para promover a própria vida, o direito à educação, à saúde, à habitação, ao lazer. E mais: é direito de todos poder expressar-se livremente, militar em partidos políticos e sindicatos, fomentar movimentos sociais, lutar pelos seus valores. Enfim, o direito de ter uma vida digna de ser homem (COVRE, 2003, p. 09).
Ser cidadão é também ter deveres, ser o próprio fomentador da existência
dos direitos à todos, ter responsabilidade em conjunto pela coletividade, cumpri as
normas e propostas elaboradas e decididas coletivamente, fazer parte do governo,
direta ou indiretamente, ao votar, ao pressionar através dos movimentos sociais, ao
participar de assembléias no bairro, sindicato, partido ou escola. E mais: pressionar
os governos municipal, estadual, federal.
Na etapa contemporânea, é preciso ler com cuidado o ponto em que Marx toca na reprodução da exploração no Estado; bastaria tomar o Estado para começar a reformulação de todo um modo de vida. A exploração se reproduz em parte, porque o Estado aparece como aquele que defende o interesse de todos, mas primordialmente os interesses de quem tem o poder. Essa reprodução tinha mais validade na histórica em que Marx viveu, no século XIX. Pensar o Estado hoje é pensá-lo no seu sentido amplo, que vai muito além do Estado no sentido estrito, ocupando outros espaços em relações sociais no sindicato, bairro, escola etc. Hoje, a luta entre trabalhadores e capitalistas se dá, de certa forma, pelos espaços do e no próprio Estado. Daí a conveniência de adotar a cidadania como categoria estratégica dessa luta. A valorização da luta pelos direitos. E mesmo a recente experiência do Leste ilustra como as pessoas sobreviveram
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apegando-se a essa conquista, que deve ser irreversível: a questão dos direitos do cidadão contra a opressão stalinista e, até há pouco tempo, contra os campos de concentração, os hospitais de dissidentes etc. Apreenda-se a ambivalência do capitalismo: de um lado, exploração e desigualdade; de outro, caminhando concomitantemente, o aceno à igualdade e à construção da cidadania mais plena. Uma vez legislados os direitos (civis, políticos e sociais), eles tornam-se reivindicáveis pelos cidadãos, que podem lutar para realizá-los efetivamente. A força de trabalho, essa mercadoria especial, pode pressionar de diversas formas e fazer valer esses direitos. Retiramos do próprio marxismo esse jogo de possibilidades: os homens fazem a história, mas sob determinadas condições. Para manter-se o mais fiel às proposições de Marx, é preciso não pender para nenhum dos lados. Assim, embora os homens estejam limitados em sua evolução pelas condições existentes, são esses mesmos homens que vão criar outras condições, deverão também ser novos homens. Do contrário, a História vai emperrar. Veja-se, por exemplo, a posição da classe burguesa depois do período revolucionário, tornando estanque o avanço das estruturas, em luta permanente contra a nova força que avança os trabalhadores. (COVRE, 2003, p.34).
A Constituição é uma arma de todos os cidadãos, que devem saber usá-la
para encaminhar e conquistar propostas mais igualitárias.
Só existe cidadania se houver a prática da reivindicação, da apropriação de
espaços, da pugna para fazer valer os direitos do cidadão. Neste sentido, a prática
da cidadania pode ser a estratégia, por excelência, para a construção de uma
sociedade melhor. Mais o primeiro pressuposto dessa prática é que esteja
assegurado o direito de reivindicar os direitos, e que o conhecimento deste se
estenda cada vez mais a toda população.
As pessoas tendem a pensar a cidadania apenas em termos de direitos a
receber, negligenciado o fato de que elas próprias podem ser o agente da existência
desses direitos. Acabam por relevar os deveres que lhes cabem, omitindo-se no
sentido de serem também, de alguma forma, parte do governo, ou seja, é preciso
trabalhar para conquistar esses direitos.
Em vez de meros receptores, estão acima de todo sujeito daquilo que pode
conquistar. Se existe um problema em seu bairro ou em sua rua, por exemplo, não
se deve esperar que a solução venha espontaneamente. É preciso que os
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moradores se organizem e encontrem uma solução capaz de atingir vários níveis,
entre eles o de pressionar os órgãos governamentais competentes.
2.2 Experiência Profissional
Sou servidora efetiva da Procuradoria Geral de Justiça do Estado Maranhão,
órgão público estadual de administração superior do Ministério Público, sendo uma
instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado incumbido-lhe a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis, conforme preceitua o art. 127 da Constituição Federal,
como órgão do Estado, é defensor da sociedade e fiscal da lei.
Atualmente sou lotada na Assessoria Técnica, órgão de Apóio e
Assessoramento nos assuntos referentes às áreas contábeis econômica-financeira
aos membros do Ministério Público, tendo como principal atividade, a análise de
processos de prestações de contas, de gestores públicos, solicitados pelo o
Promotor de Justiça, para que sejam apurados irregularidades, denúncias, desvios
de recursos de natureza pública, etc., essa documentação, quando chega, em
muitas vezes se faz incompleta, assim é necessário solicitarmos ao Tribunal de
Contas do Estado Maranhão o restante da documentação para que possamos fazer
a análise.
Fica evidenciado após análise das prestações de contas, na maioria das
vezes, a prática reiterada de irregularidades praticadas pelo gestor público,
principalmente no que tange ao processo de realização de despesas que foram
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contraídas ilegalmente, comprometendo de forma bastante acentuada as contas do
gestor, faz-se necessário também mencionar que estas contas são de períodos de
muitos pretéritos e o tempo que leva para um Gestor Público ter suas contas
analisadas pelo órgão responsável. E ainda, quando há rejeição destas contas e o
Gestor é condenado a devolver aos cofres públicos, já não existe mais o bem, e/ou
nenhum outro bem que possa ressarcir aos cofres públicos.
Entendemos que a busca por maior justiça fica atrapalhada, visto o tempo
decorrido. E ainda, que as auditorias para serem eficazes teria de ser, o de
acompanhamento, por oferecer maior segurança ao controle, concomitante com os
gastos. Vistos assim, os reflexos a curtíssimo prazo aparecem e os responsável pela
improbidade administrativa, certamente, serão julgados e cassados dos seus
respectivos cargos.
As prestações de contas examinadas, em sua maioria, apresentam diversas
irregularidades que ensejariam numa rejeição prévia das contas, entretanto cabe ao
acusado o direito de ampla defesa, conforme determina a Constituição Federal.
A Constituição Federal de 1988 determina no seu Art. 31 § 3. “As contas dos
Municípios ficarão, durante 60 (sessenta) dias, anualmente, a disposição de
qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a
legitimidade nos termos da lei”.
Entendemos a dificuldade do cidadão comum em questionar, a legitimidade
dos gastos, através dessas demonstrações contábeis, pois esses demonstrativos de
ingressos e desembolsos de acordo com uma legislação que estabelece sua própria
lógica de informação voltada principalmente, para usuários exclusivos do Tribunal
de Contas, Assembléia Legislativa ou Câmara de Vereadores, cuja preocupação é
apenas de fundo jurídico – administrativo.
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A experiência profissional e acadêmica nos faz compreender que o cidadão
ignorante não irá entender esses Demonstrativos Contábeis, visto por si só, não
indica onde foram as aplicações realizadas e, principalmente, quais os efeitos de
tais aplicações sobre a vida dos membros destas comunidades no que se refere aos
aspectos da eficiência, eficácia e economicidade.
Aos olhos da sociedade não existe nenhuma razão para existência de uma
instituição pública, exceto pelos serviços que são prestados ou oferecidos, se esses
objetivos não são alcançados, a tendência é de que estas Instituições desapareçam.
Pois querendo ou não, os movimentos sociais exigirão futuramente um
posicionamento das organizações públicas, e elas serão cobradas em seu papel
social; principalmente, em relação à qualidade dos serviços oferecidos ou colocados
a disposição da população.
Assim sendo, a otimização do uso dos recursos disponíveis deve ser
preocupação primeira dos administradores públicos. Neste contexto, é preciso que
os profissionais da área de controle e contabilidade encontrem formas mais
adequadas para evidenciar o patrimônio público de forma que também possam ser
compreensível pelo cidadão comum, sendo que é este cidadão, é que contribui
através de seus impostos para o funcionamento dos programas de governo.
O Cidadão comum tem o direito de saber, através de uma linguagem clara,
simples e objetiva a natureza de todas as decisões sobre os gastos realizados, que
em muitas vezes, são feitos de formas inúteis, inoperante, imoral e sem identificação
de seu objetivo real, qual sejam: investimentos que venha a melhorar a vida da
sociedade.
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3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E TRIBUTAÇÃO
3.1 Noções preliminares
Está previsto no Art. 1 da Constituição Federal de 1988 que o Brasil é uma
República. As verdadeiras dimensões desta assertiva devem ser buscadas, ao
nosso entendimento, não na história dos Povos, nem no direito estrangeiro, mas,
principalmente, em nossa própria carta política. É ela, e somente ela que traça o
perfil e as peculiaridades da República Brasileira.
Assim, juridicamente, se eventuais semelhanças entre nosso modelo e o dos
outros países não acarretam conseqüências mais expressivas, se presentes, o qual
somente o estudo do direito comparado irá revelar-nos, podem, quando muito ser
parecido, mas neste caso, porém, devem ser visto com reserva e espírito crítico,
pois refere-se a outro sistema normativo, a semelhança é mera coincidência. O que
podemos ressaltar em termos gerais, é que numa República, o Estado, longe de ser
o senhor dos cidadãos, é o protetor supremo de seus interesses materiais e morais.
Sua existência não representa um risco para as pessoas, mas um verdadeiro penhor
de suas liberdades.
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3.2 Conceito
República é o tipo de governo, fundado na igualdade formal das pessoas,
em que os detentores do poder político exercem-no em caráter eletivo,
representativo, em regra, transitório e com responsabilidade.
A República é forma de Governo sendo um dos meios em que o Homem concebeu para governar os povos. Em tese, não é melhor nem pior que os demais regimes políticos, embora correspondam, até que se provem em contrário, à vontade da maioria dos seres humanos que desejam ser “dono da coisa pública”. Fundado na igualdade formal das pessoas: numa verdadeira República não pode haver distinções entre nobres e plebeus, entre grandes e pequenos, nem entre poderosos e humildes. É que, juridicamente, nela não existem classes dominantes, nem classes dominadas. Assim, os títulos nobiliárquicos desaparecem e, com eles, os tribunais de exceção. Todos são cidadãos e não súditos. (CARRAZZA,2007, p.59).
Assim, aceitando que todos os homens, indistintamente, possuem condições
de pretender os mesmos direitos políticos, a República impõe o princípio da
igualdade como organização política. È o princípio da igualdade, como é sabido, tem
um conteúdo muito claro: a abolição e o afastamento dos privilégios, claro que esta
igualdade é formal e não substancial.
Logo, numa República todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e
são iguais perante a lei, sem distinção de condições sociais e pessoais.
Não teria sentido que os cidadãos se remissem em república, erigissem um estado, autorgassem a si mesmos numa constituição em termos republicanos, para consagrar instituições que tolerassem ou permitissem, seja de modo direto, seja indireto, a violação da igualdade fundamental, que foi o próprio postulado básico, condicional da ereção do regime, que dessem ao estado para criarem em rigorosa isonomia cidadã – poderes para serem usados criando privilégios, engendrando desigualações, favorecendo grupos ou pessoas, ou atuando em detrimento de quem quer que seja. A República é de todos e para todos. Os poderes que de todos recebe devem traduzir-se em benefícios e encargos iguais para todos os cidadãos. De nada valeria a legalidade, se não fosse marcado pela igualdade. (CARRAZZA, 2007, p.61).
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A igualdade se determina no sistema de direitos, diante das oportunidades
que o Estado oferece, seja perante o gozo dos seus serviços, seja no uso dos seus
bens, seja em relação ao poder de polícia, seja à vista de outras manifestações
administrativas, ou de encargos que o Estado pode exigir aos cidadãos.
Portanto, que se baseia na perfeita igualdade de direitos das pessoas,
nossos governantes são gestores para tratar não de negócio próprios, mas de
outrem, ou seja, de todo o povo. São delegados do povo, ao qual devem servir.
3.3 O princípio constitucional e a igualdade tributária
De fato, se conclui que o princípio constitucional leva à igualdade da
tributação. Os dois princípios interligam-se e se completam. Assim exigem-se que os
contribuintes (pessoas físicas ou jurídicas) receberam tratamento igualitário, pois
requer que a lei tributária deve ser igual para todos e a todos deve ser aplicada com
igualdade.
O princípio constitucional foi ratificado, com a abolição dos privilégios fiscais
dos nobres que desapareceram com a Proclamação da República, dos eclesiásticos.
Logo, com a República, desapareceram os privilégios tributários de indivíduos, de
classes ou de segmentos da sociedade, assim todos devem ser alcançados pela
tributação, não que todos devem ser submetidos a todas as leis tributárias, mas
apenas, que todos os que realizam a situação de fato a que lei vincula o dever de
pagar um dado tributo estão obrigado, sem discriminação arbitrária alguma, a fazê-
lo.
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Assim a lei tributária deve ser igual para todos e a todos deve ser aplicada
com igualdade em quem está na mesma situação jurídica deve receber o mesmo
tratamento tributário.
Seria inconstitucional a lei tributária que exclua ou selecione pessoas para
submetê-las a regras peculiares que não alcançam outras, ocupantes de idênticas
situações jurídicas.
O tributo embora instituído por meio de lei, editada pela pessoa política
competente, não pode atingir apenas um ou alguns contribuintes, deixando a salvo
outros que comprovem, se acharem nas mesmas condições, isto vale também, para
as pessoas que estão na faixa de isenção tributária.
Por conseguinte, concluímos que a carga tributária, longe de ser imposta
sem qualquer critério, alcança a todos com isonomia e justiça, o sacrifício econômico
que o contribuinte deve suportar precisa ser igual para todos os que se acha na
mesma situação jurídica deve receber o mesmo tratamento tributário.
3.4 O princípio da capacidade contributiva
O princípio da capacidade contributiva expresso no § 1º do art. 145 da
Constituição Federal, “sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e
serão graduados segundo a capacidade contributiva.
Tal princípio se baseia no princípio da igualdade e ajuda a realizar, no
campo tributário, os ideais de justiça, pois é justo e jurídico que quem, em termos
econômicos, tem muito paguem, proporcionalmente, mais impostos do que quem
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tem pouco. Quem tem maior riqueza deve, em termos proporcionais, pagar mais
imposto, do que quem tem menor riqueza. Assim contribui mais para a manutenção
da coisa pública, pois de acordo com a capacidade contributiva, as pessoas devem
pagar impostos na proporção dos seus ganhos, alcançando dessa forma, a justiça
fiscal.
Os impostos, quando ajustados à capacidade contributiva, permitem que os cidadãos cumpram perante a comunidade, seus deveres de solidariedade política, econômica e social. Os que pagam este tipo de exceção devem contribuir para as despesas públicas não em razão daquilo que recebem do Estado, mas de suas potencialidades econômicas. Com isso, ajudam a remover os obstáculos de ordem econômica e social que limitam, de fato, a liberdade e a igualdade dos menos afortunados (CARRAZZA, 2007, p, 87).
O Imposto com alíquotas crescentes em função do aumento das suas bases
tributárias, longe de atritar com o sistema jurídico, é o melhor meio de se afastarem
no campo dos impostos: as injustiças tributárias, vedada pela Constituição Federal.
Com aplicação da progressividade das alíquotas tributárias é que se aplica a
igualdade tributária e levam em conta que o sacrifício suportado pelo contribuinte
para concorrem às despesas públicas é tanto maior quanto menor a riqueza que
possui. Assim, permite-se que o Estado remova, pelo menos em parte, as
desigualdades econômicas existentes entre as pessoas.
É essencial que a lei tributária forneça elementos à autoridade
administrativa, todos os elementos e regras para que seja restringido a atuação aos
procedimentos restritivo da lei, sem interpretação subjetivas ou exercendo o limite da
própria lei.
Desta forma, no que diz respeito ao contribuinte, estando bem qualificado a
lei tributária, a mesma conterá taxativamente informações e conceitos que o
permitem, posteriormente, contestar tanto na esfera administrativa como na esfera
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jurídica, à atuação da Fazenda Pública, diante dos abusos dessa lei, protegendo os
direitos que foram violados.
O princípio da taxatividade ou tipicidade tendo como função a preservação
da segurança jurídica dos contribuintes contra abusos que podem ser cometidos
pelos poderes Executivo e Judiciário no que diz respeito ao Princípio da Legalidade
de acordo com o Art. 150 da Constituição Federal “garantia assegurada ao
contribuinte”.
Art. 150 – Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.
3.5 Dos direitos fundamentais e tributação
A Carta Política ao dispor dos “direitos fundamentais”, determinou a todos, à
igualdade perante a lei, a inviolabilidade da propriedade privada, a liberdade de
opinião, a liberdade de ir e vir das pessoas, a liberdade de consciência, a liberdade
de associação etc., essas garantias são universais, no sentido de que todos seres
humanos são seus titulares, independente de sua situação social, idade, sexo, raça,
convicções políticas, filosóficas ou religiosas.
Estas garantias apresentam-se como proibição ao Estado de lesar, por meio
de leis, atos administrativos ou decisões judiciais. Todos os Poderes Executivo,
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Legislativo e Judiciário são vinculados aos Direitos Fundamentais, no sentido de que
não se tratam de simples programas ou carta de intenção, mas de normas
revestidas de razoável efetividade.
De fato, a Constituição confere, a toda e qualquer pessoa, vários direitos, irrenunciáveis e imprescritíveis, concernentes “à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (art.5ْ ). O exercício de tais direitos cria situações jurídicas ativas que são verdadeiros direitos subjetivos, oponíveis a qualquer pessoa, inclusive ao Estado. (CARRAZZA, Roque Antonio, p.395, 2007).
O Estado (federal, estadual, municipal ou distrital), ao exercer a tributação
deve observar os limites que a ordem constitucional lhe impôs, ou seja, tem
competência para criar tributos, mas dentro de certos paradigmas proposto pela
Carta Política, a fim de o contribuinte não fique a mercê de governantes, que, as
vezes, age de acordo com os seus próprios interesses.
A Constituição Federal disciplina a competência tributária, no Título VI
delimitando os poderes da União, dos Estados-Membros, do Distrito Federal e dos
Municípios. A competência tributária é o poder que a Constituição Federal atribui a
determinado ente político para que este institua um tributo, descrevendo,
legislativamente, sua hipótese de incidência, seu sujeito ativo, seu sujeito passivo,
sua base de cálculo e Atualmente, alíquota.
Art. 145- A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir seguintes tributos:
I – impostos;
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas
§ 1ْ Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses
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objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
§ 2ْ As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
Art. 146 – Cabe à lei complementar:
(.....)
III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
a)- definição de tributos e suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b)- obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
IV – a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.
Art. 150 – Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.
Por sua vez, a Constituição Federal dispõe no artigo 5ْ, II ressalta que:
Art. 5ْ – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma senão em virtude de lei.
Assim, a carta política define nos artigos retromencionados a competência,
consagrando o princípio da Legalidade Tributária, sendo uma garantia fundamental
que o contribuinte possui de somente recolher aos cofres públicos, tributos
estabelecido em lei, ou que tenha o seu valor acrescido em razão da lei.
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Esses preceitos indicam que além da sua previsão tipicamente formal, a lei
deve conter todos os elementos do tipo, claramente definidos, ou seja, a base de
cálculo, o sujeito passivo, o fato gerador, a obrigação em si, para que a
Administração Fazendária possa estar vinculada na lei e não criar ou submeter a
sua apreciação à ponderação subjetivas da própria Administração, ou valer-se de
outros critérios que não seja, a própria lei, assegurando aos cidadãos a segurança
jurídica para se submeterem apenas as formalidades e especificidade da Lei.
Quando a Constituição Federal não dispõe de forma contrária (a exemplo dos arts. 148, 153, VII, e 154 I), a instituição de um tributo, sua modificação e sua revogação se dão por lei ordinária. Conforme estabelece o art. 146 da Lei Maior, já na redação da Emenda Constitucional n. 42|2003, a função típica reservada à lei complementar pelo sistema tributário nacional é a de detalhar as disposições constitucionais, explicitando regras capazes de solucionar os conflitos de competência entre os entes políticos, regulando as limitações constitucionais ao poder de tributar, estabelecendo normas gerais de direito tributário e disciplinando o regime tributário diferenciado para as pequenas e microempresas (mantidas as disposições das leis ordinárias sobre o tema até que a lei complementar seja editada). O art. 146-A traz que lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação para prevenir desequilíbrios na concorrência, sem prejuízo de lei ordinária estabelecer benefícios de outra natureza. O art. 155, XII, impõe lei complementar para o regramento de diversas questões pertinentes ao ICMS (atualmente a lei mais importante é a LC n. 87|97 – Lei Kandir), e o art. 156, III e § 3ْ, traz as hipóteses em que o ISS municipal também depende de Lei Complementar (hoje vigora a LC n. 116|2003. Atipicamente, a Constituição atribui à lei complementar federal uma função que vai além da simples complementação da norma constitucional, permitindo que originariamente essa espécie de lei institua imposto cuja hipótese básica de incidência não esteja nela prevista (art. 154, I, da CF). É a denominada competência residual da União (Ricardo Cunha Chimenti, Sinopses Jurídicas, p.1 e 2. 2007).
Assim, a tributação se dá através de observância de lei formal, por
disposição legal contida inicialmente na Constituição Federal, na Lei Complementar
e posteriormente em Lei Ordinária. Ao dispor desta forma, a tipicidade da tributação
também impõe uma repartição de competências entre os poderes legislativo,
executivo e judiciário, reservando ao poder legislativo, a princípio, a elaboração das
leis, sem qualquer interferência do poder executivo e judiciário.
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A lei instituidora do tributo obrigatoriamente deve explicitar (art.146, III, a, da
CF): a) o fato tributável; b) a base de cálculo; c) a alíquota, ou outro critério a ser
utilizado para o estabelecimento do valor devido; d) os critérios para identificação do
sujeito passivo da obrigação tributária; e e) o sujeito ativo, se diverso da pessoa
pública da qual emanou a lei. Ou seja, deve fixar os elementos essenciais do tributo,
os fatores que influam no quem deve e no quanto deve.
O fato gerador, a hipótese de incidência, a descrição contida em lei como
necessária e suficiente para o nascimento da obrigação tributária. O fato gerador em
caso concreto é o fato imponível, a situação que, constatada, impõe a alguém a
obrigação de pagar um tributo.
A base de cálculo serve para quantificar, para a dimensão do tributo, claro
que deve haver uma relação lógica entre hipótese de incidência e a base de cálculo,
que em conjunto identificam a espécie do tributo.
Em relação aos contribuintes, na prática, estando bem qualificada a lei
tributária, a mesma fornece de informações e conceitos que o permitem,
posteriormente, contestar na esfera administrativa e judicial, a atuação da Fazenda
em abuso diante dessa lei, protegendo os seus direitos que foram violados.
O Princípio da Legalidade assegura que nenhum tributo será instituído, nem
aumentado, a não ser por lei. Equiparam-se à majoração do tributo as mudanças de
base de cálculo que o tornem mais oneroso. A simples atualização monetária,
porém, não caracteriza a majoração(art. 97, § 2ْ do CTN), essas garantias são
asseguradas aos contribuintes.
Essas garantias referem-se ao direito de propriedade e ao direito de ser livre
para contratar, na figura da livre iniciativa e impõem ao Estado o respeito a essas
garantias fundamentais uma vez que as limitações ao poder de tributar lhe são
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dirigidas, impondo severas restrições e atuação fiscal. A idéia de que o contribuinte
mantém relação de igualdade jurídica e não de subordinação com o Fisco e que
ambos têm direitos e deveres recíprocos.
Desta forma é imprescindível que a lei tributária forneça à autoridade
administrativa todos os elementos e comando para sejam vinculado sua atuação aos
procedimentos descritos nessa lei, sem interpretação subjetivas ou excedendo os
limites da própria lei.
Apesar de tudo isso, as determinações contidas no Princípio da Legalidade,
os mesmos são constantemente violados pelo Fisco, principalmente em relação aos
atos e negócios jurídicos lícitos praticados pelos contribuintes, com o intenção de
reduzir ou evitar recolhimento do tributo.
O contribuinte ao desejar recolher menos tributo e para isso vale-se muitas
vezes, de negócios jurídicos lícitos e até mesmo ilícitos para não levar os impostos
aos cofres públicos. Estes últimos, por justamente figurarem como negócios ilegais,
por certo, devem ser necessariamente combatidos pelo Fisco.
Nesse objetivo, o Estado vale-se de instrumentos tais como leis, cláusulas
legais, penalidades, que objetivam limitar a execução dessas operações de
economia fiscal lícita ou ilícita, além é claro de acentuar a fiscalização e a aplicação
de penalidades em caso de práticas ilícitas executadas pelo contribuinte.
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4 ASPECTOS GERAIS DA EVASÃO FISCAL
NOÇÕES PRELIMINARES
Quando o contribuinte se utiliza de comportamento ilícito, valendo em muitas
vezes de interpretação equivocada da lei ou aplicando-a de forma ou tem tempo
indevido, assim o contribuinte evita, reduz ou retarda o recolhimento do tributo.
Assim a evasão acarreta o não pagamento de prestações tributárias, mediante
condutas ilícitas, que pode a ação ou omissão ser dolosa tendente a impedir ou
retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária
principal.
A evasão fiscal também denominada sonegação fiscal gera efeitos
prejudiciais para toda sociedade, isso afeta o crescimento do país, e, principalmente,
o aumento da carga tributária, porque o Estado precisa fazer a gestão de seus
gastos, necessita de dinheiro para o pagamento de suas obrigações e investimentos
que são necessários. E quem arca com esses valores são os contribuintes.
Devemos lembrar que vivemos em um Estado Democrático de Direito, onde o
Estado que faz as leis deve também obedecê-las e o crime de sonegação fiscal está
previsto na Lei nº 8.137/90.
A história nacional do início da década de 1990 trouxe aos cidadãos um grau de politização acentuado, com o reclamo popular pela punição de autores de condutas lesivas ao erário e à ordem econômica, na qual se insere a tributária, com a preocupação de defesa do patrimônio estatal coletivo, como meio necessário ao cumprimento da função social do Estado, com o que se iniciou um movimento de valorização do patrimônio público, visto como bem coletivo em sua propriedade e difuso em sua fruição, porém, não mais no sentido vulgar de coisa sem dono definido, mas um
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bem que, embora não pertença diretamente a uma pessoa, é patrimônio de todos globalmente considerados, motivo pelo qual sua violação afeta indiretamente a todos.
Como a mudança cultural e a postura política da mesma decorrente não ocorrem de forma imediata, generalizada e em momento determinado, mas é resultante de complexo processo de transformação que, inclusive, não se encontra totalmente encerrado, durante a fase de transição surgem posições ideológicas divergentes a fomentar a relação dialética que constitui a essência do processo de transformação social.(EISELE, Andréas,2007, p,16).
Todavia, essa mudança não decorre apenas de uma postura de conteúdo
ético, mas também utilitária ocasionada pela maior politização popular e
conhecimento do funcionamento dos mecanismos da economia e do mercado.
A transformação, mudança cultural do cidadão e a postura política do nosso
Legislativo, não se encontra totalmente acabado, está em constante transformação
no sentido da modificação da forma de se enfocar a evasão tributária, pois algum
tempo o sonegador era respeitado, imitado e até prestigiado, atualmente, é
socialmente execrável, isso devido maior conscientização da população referente a
nocividade da sua conduta. Somente para citar exemplo recente em que foi bastante
divulgado pela mídia: o caso Daslu.
O Artigo 1ْ e 2º da Lei 8.137/90 define diversas condutas que constituem
crime contra ordem tributária e que se caracterizam pela supressão ou redução de
tributo, contribuição social ou qualquer acessório, através de alguma das práticas
previstas nos seus incisos.
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda
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de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.
Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Atualmente, é comum ver na mídia que a polícia conseguiu prender mais
uma quadrilha de sonegadores fiscais, em um país que também se noticia
constantemente a ampla incidência de corrupção, que é um dos grandes problemas
que afetam o Poder Público. Para Andreas Eisele (2002), “o início da década 1990
se iniciou um movimento de valorização do patrimônio público”. Visto como bem
coletivo em propriedade e difuso em sua fruição, porém, não mais no sentido vulgar
de coisa sem dono definido, mas um bem que, embora não pertença diretamente
uma pessoa, é patrimônio de todos globalmente considerados, motivo pelo qual sua
violação afeta a todos.
Uma característica do Estado Social e Democrático de Direito é a intervenção nas relações sociais, de modo a garantir aos indivíduos o acesso às oportunidades de obtenção de condições mínimas necessárias a uma vida digna, o que é denominado justiça distributiva (ANDREAS EISELE, 2002, p.18).
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A finalidade social da tributação, como meio de corrigir os desníveis de
riqueza, e proporcionar a igualdade de oportunidade de modo a elevar o princípio da
igualdade, desaparece e se torna ineficiente com o não cumprimento das obrigações
fiscais por parte daqueles de que deve ao cumprimento das normas e os principais
tipos de sonegação fiscal ou evasão fiscal, segundo estudo do IBPT. São eles,
segundo o instituto:
Venda sem nota; com ”meia” nota; com “calçamento” de nota; duplicidade de numeração de nota fiscal; “Compra” de notas fiscais; Passivo fictício ou saldo negativo de caixa; Acréscimo patrimonial a descoberto (do sócio); Deixar de recolher tributos descontados de terceiros; Saldo de caixa elevado; Distribuição disfarçada de lucros; Alienação de bem ou direito ao sócio ou pessoa ligada por valor inferior ou superior ao de mercado; Aluguel ou serviços pagos a sócio ou pessoa ligada cujos valores excedem aos praticados pelo mercado em situações similares; Empréstimos a sócios ou pessoas ligadas em condições prejudiciais à empresa, ou vantagens não praticadas normalmente pelo mercado; Multas exorbitantes ou perda de sinal de negócio previstas em contrato, não cumprido, com sócios ou pessoas ligadas; Pagamento de despesas particulares de sócios; Doações irregulares; Doações efetuadas a entidades não habilitadas ou cujo valor do comprovante seja superior ao efetivamente doado. (FABIANA FUTEMA, Folha Online).
A Lei Complementar nº 101/2000, também conhecida como Lei de
Responsabilidade Fiscal obriga adoção de procedimentos que deverão ser adotados
pelos gestores públicos com o máximo de transparência.
Incentivar a participação popular e a realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamento (art.48, parágrafo único); Tornar disponível, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade (art.49,caput), no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, as prestações de contas Chefe do Poder Executivo, durante todo o exercício; Realizar audiências públicas, ao final dos meses de fevereiro, maio e setembro na Comissão referida no § 1º da Constituição Federal, ou equivalente, nas Casas Legislativas estaduais e municipais, durante as quais o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais. (FIGUEREÊDO, NÓBREGA, 2005, p. 43).
Trata-se de uma importante ferramenta de auxílio ao Poder Público,
consubstanciando-se num procedimento especial a ser adotados em suas
arrecadações, fiscalizações e punição para aqueles que deixaram de pagar o
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imposto devido, também se dar evasão, quando se omite o registro em livros
fiscais,com intuito de eliminar, reduzir ou retardar o pagamento devido, conforme
está descrito na Lei 8.137/90.
O bem estar e a justiça social quer dizer que as relações econômicas e sociais do país, para gerarem o bem-estar, hão de propiciar trabalho e condição de vida, material, espiritual e intelectual, adequada ao trabalhador e sua família, e que a riqueza produzida no país, para gerar justiça social, há de ser equanimemente distribuída. (LENZA, 2008.p.709).
No exercício da atividade empresarial, como de resto em qualquer atividade
humana, existe sempre a possibilidade de condutas ilícitas. Na atividade
empresarial, essa possibilidade é aumentada pelo próprio objetivo essencial da
atividade, que é o lucro. Na tentativa de coibir as práticas ilícitas que ocorrem no
âmbito das empresas, o legislador brasileiro, na esteira do legislador de outros
países, optou pela criminalização de certos atos, e até chegou já a atribuir a prática
de ilícitos penais à própria pessoa jurídica (MACHADO, 2002).
Isso tudo para contar que o crime de sonegação fiscal é praticado com um
dos piores sentimentos possíveis do ser humano, pois quem desvia, certamente já
tem muito dinheiro, e agindo assim, não está matando diretamente uma pessoa,
mas indiretamente várias e tirando o futuro de milhares. Além que o Estado
necessita aumentar a carga tributária para compensar o que não arrecada em
virtude da sonegação fiscal.
Ora, a sociedade que forneceria esse “ideal coletivo do momento” não é um ser petrificado, mas um ser vivo e de extrema mobilidade, como todos os dias os jornais provam. Segundo a teoria de Josserand (abstraindo-se da intervenção legislativa), bastaria unicamente a pressão das necessidades e dos costumes sociais para que nossos direitos mudassem de finalidade e de espírito; de tal sorte que o motivo legítimo ao qual o titular de direito se conformar, dito motivo legítimo modificar-se-ia por si mesmo (independente da ação do titular do direito). Donde resulta que o fim social do direito, que seria a norma e a medida destes, somente seria a norma e a medida destes, somente seria revelado pelo “ideal coletivo do momento” e a capacitação deste ficaria a cargo do juiz, a cada instante e em cada caso (BECKER, 1998, p.148).
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Cabem a todos o domínio sobre seu corpo e sua vida, o acesso a um salário
condizente para promover a própria vida, o direito à educação, à saúde, à habitação,
ao lazer. E mais: é direito de todos poderem expressar-se livremente, militar em
partidos políticos e sindicatos, fomentar movimentos sociais, lutar pelos seus
valores. Enfim, o direito de ter uma vida digna de ser homem, assim se conclui que
ser cidadão significa ter direitos e deveres, sem discriminação ou privilégios.
O exercício da cidadania requer também ter deveres, ser o próprio
fomentador da existência dos direitos à todos, ter responsabilidade em conjunto pela
coletividade, cumpri as normas e propostas elaboradas e decididas coletivamente,
fazer parte do governo, direta ou indiretamente, ao votar, ao pressionar através dos
movimentos sociais, ao participar de assembléias no bairro, sindicato, partido ou
escola. E mais: pressionar os governos municipal, estadual, federal.
A Constituição é uma arma mão de todos os cidadãos, que devem saber
usá-la para encaminhar e conquistar propostas mais igualitárias.
Só existe cidadania se houver a prática da reivindicação, da apropriação de
espaços, da pugna para fazer valer os direitos do cidadão. Neste sentido, a prática
da cidadania pode ser a estratégia, por excelência, para a construção de uma
sociedade melhor. Mais o primeiro pressuposto dessa prática é que esteja
assegurado o direito de reivindicar os direitos, e que o conhecimento deste se
estenda cada vez mais a toda população.
As pessoas tendem a pensar a cidadania apenas em termos de direitos a
receber, negligenciado o fato de que elas próprias podem ser o agente da existência
desses direitos. Acabam por relevar os deveres que lhes cabem, omitindo-se no
sentido de serem também, de alguma forma, parte do governo, ou seja, é preciso
trabalhar para conquistar esses direitos. Em vez de meros receptores, são acima de
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tudo sujeitos daquilo que podem conquistar. Se existe um problema em seu bairro
ou em sua rua, por exemplo, não se deve esperar que a solução venha
espontaneamente. É preciso que os moradores se organizem e encontre uma
solução capaz de atingir vários níveis, entre eles o de pressionar os órgãos
governamentais competentes.
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5 CONCLUSÃO
Entendemos que é necessária a transformação, mudança cultural do
cidadão e a postura política do nosso Legislativo, deve estar de acordo com
evolução e mutação da sociedade no sentido da modificação da forma de se enfocar
a evasão tributária.
Devido essa nova estrutura política, a ciência jurídica passou a reconhecer e
proteger bens jurídicos coletivos e difusos a ser valorados à luz de interesses sociais
e criou tipos penais para punir aqueles que estão à margem da lei.
O crime de sonegação fiscal é praticado com um dos piores sentimentos
possíveis do ser humano, pois quem desvia, certamente já tem muito dinheiro, e
agindo assim, não está matando diretamente uma pessoa, mas indiretamente várias
e tirando o futuro de milhares. Além que o Estado necessita aumentar a carga
tributária para compensar o que não arrecada em virtude da sonegação fiscal.
O cidadão deve ser proativo na fiscalização e denúncia quanto à evasão
fiscal, com objetivando garantir maior arrecadação de tributos para o Estado para
fazer face aos investimentos necessários em benefício da sociedade.
Outra forma de participação é fiscalizar e exigir do administrador público a
eficiência, eficácia, transparência na gestão e na aplicação dos recursos públicos.
Exigindo, ainda, a eficácia das leis já positivadas pelo Estado, no que tange aos
Direitos Sociais da nossa Constituição Federal.
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REFERÊNCIA
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário . 3ª. Ed. São Paulo: Lejus, 1998. CHIMENTI, Ricardo Cunha. Direito Tributário . 11ª Ed. Saraiva: 2007. CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional . 23ْ edição, Malheiros editores, 2007. EISELE, Andréas. Crimes Contra a Ordem Tributária . 2ª. Ed. Dialética: São Paulo, 2002. FIGUEIRÊDO, Carlos Maurício; NÓBREGA, Marcos. Lei de Responsabilidade Fiscal . 4ª Ed. Elsevier, 2005. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado . 12ª Ed. Saraiva, 2008. MACHADO, Hugo de Brito. Estudos de Direito Penal Tributário . São Paulo: Atlas, 2002. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u99401.shtml. Acesso em 12/11/2009.