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0 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Ederson José Pinheiro Colaço INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL: ASPECTOS LEGAIS E BENEFÍCIOS CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Ederson José Pinheiro Colaço

INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL : ASPECTOS LEGAIS E BENEFÍCIOS

CURITIBA

2012

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Ederson José Pinheiro Colaço

INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL : ASPECTOS LEGAIS E BENEFÍCIOS

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Nogueira Artigas.

CURITIBA

2012

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TERMO DE APROVAÇÃO

Ederson José Pinheiro Colaço

INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL : ASPECTOS LEGAIS E BENEFÍCIOS

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel em Direito, do Curso de Direito, da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 04 de Abril de 2012.

__________________________________ Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador do Núcleo de Monografias Universidade Tuiuti do Paraná

_______________________________________ Orientador: Prof. Dr. Marcelo Nogueira Artigas

Faculdade de Ciências Jurídicas Universidade Tuiuti do Paraná

__________________________________ Prof. Dr.

Membro da Banca Examinadora Universidade Tuiuti do Paraná

__________________________________ Prof. Dr.

Membro da Banca Examinadora Universidade Tuiuti do Paraná

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Dedico este estudo aos meus pais, com gratidão.

Ao meu irmão que está se formando comigo neste mesmo semestre,

obrigado pela companhia e ajuda incondicional.

Aos futuros profissionais do Direito, que norteados pela ética, trilhem a brilhante

carreira do Direito.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, por mais esta etapa cumprida, pela grande

oportunidade.

Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Marcelo Nogueira Artigas, pelo

conhecimento e sabedoria na transmissão dos conteúdos.

Aos professores do Curso de Direito. Muito obrigado pela competência e

seriedade na trajetória acadêmica!

Aos meus pais, por terem me concedido o dom da vida, pela introdução de

princípios e valores desde tenra idade, pelo investimento em tempo, suas economias

e talentos para tornar-me um cidadão, um homem mais pleno, pronto para aprender

o que a vida tem para ensinar, vislumbrar os limites e obstáculos que se

entrecruzam em constantes percalços que enveredam para meu crescimento.

Aos colegas do Curso de Direito que juntos trilharam as mesmas

dificuldades, os mesmos dias de chuva, frio, garoa, melancolia, calor ou alegria, mas

que sempre terminavam bem, porque meu próprio entusiasmo me impulsionava, ou

então, alguém sempre fazia dar certo. Aos amigos que estiveram juntos em todos os

momentos.

A minha esposa, obrigado, com carinho!

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No mesmo instante presumido da morte de alguém, faz nascer o direito

hereditário e opera a substituição do falecido por seus sucessores à título universal

nas relações jurídicas que ele figurava.

Gisela Maria Fernandes Hironaka (2007, p. 12).

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RESUMO

O inventário e a partilha de bens, decorrente de morte, permite suceder aos herdeiros o direito de posse e administração dos bens. No entanto, até o advento da Lei no. 11441/2007 o processo era moroso, caro e altamente burocrático, engessando a máquina administrativa do Poder Judiciário. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo final abordar as vantagens, desvantagens, aspectos legais, recomendações normativas, com base nos institutos legislativos: Constituição da República Federativa do Brasil, Código Civil, Lei no. 11441/2007 e outras pertinentes, Resolução do Conselho Nacional de Justiça e Corregedoria Geral de Justiça, bem como sobre os riscos envolvidos na abertura do inventário extrajudicial. De igual forma, procura identificar até onde a redação da Lei no. 11441/2007 inovou a comunidade social e jurídica, em termos econômicos e sociais, por meio de revisão da literatura.

Palavras-chave: Inventário Extrajudicial; Tabelião de Notas; Vantagens; Aspectos legais.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 9

1 O DIREITO DAS SUCESSÕES.......................................................................... 11

1.1 BREVE HISTÓRICO....................................................................................... 11

1.2 ESPÉCIES DE SUCESSÃO............................................................................. 15

1.2.1 Sucessão legítima........................................................................................ 16

1.2.2 Sucessão testamentária................................................................................ 17

1.3 EFEITOS DA SUCESSÃO............................................................................... 18

1.4 CAPACIDADE PARA SUCEDER.................................................................... 18

1.5 HERANÇA, INVENTÁRIO E PARTILHA.......................................................... 19

1.6 DO INVENTÁRIO JUDICIAL............................................................................ 25

2 DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL ................................................................. 28

2.1 CONCEITO DE INVENTÁRIO.......................................................................... 28

2.1.1 Inventariante.................................................................................................. 30

2.2 PRAZO PARA ABERTURA DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL.................. 31

2.3 COMPETÊNCIA TERRITORIAL..................................................................... 32

2.4 INVENTÁRIO NEGATIVO................................................................................ 32

2.5 INTERESSADOS............................................................................................. 33

2.6 GRATUIDADE DO INVENTÁRIO POR VIA EXTRAJUDICIAL........................ 34

2.7 REQUISITOS PARA A ESCRITURA DE INVENTÁRIO.................................. 34

2.7.1 Recolhimento dos impostos.......................................................................... 35

2.7.2 Documentos necessários.............................................................................. 35

2.8 NOMEAÇÃO DO INVENTARIANTE................................................................ 36

2.9 RESPONSABILIDADE DO TABELIÃO NO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL.. 37

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2.10 ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI No. 11.441/2007....................... 38

2.11 ARROLAMENTO............................................................................................ 39

2.12 SONEGADOS............................................................................................... 40

2.13 PAGAMENTO DE DÍVIDAS........................................................................... 40

3 DOS PROCEDIMENTOS DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL ......................... 42

3.1 DAS CONDIÇÕES PARA A REALIZAÇÃO..................................................... 42

3.2 DOS PROCEDIMENTOS DO CARTÓRIO E DO TABELIÃO......................... 42

3.3 DA OBRIGATORIEDADE DA PRESENÇA DE ADVOGADO.......................... 43

3.4 AVALIAÇÃO DE BENS................................................................................................................ 44

3.5 CÁLCULO E PAGAMENTO DE IMPOSTOS................................................... 44

CONCLUSÃO .......................................................................................................................................... 46

REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 48

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INTRODUÇÃO

No Brasil, o Direito das Sucessões tem recebido constantes alterações,

avanço este que proporciona mudanças sociais, econômicas, individuais, coletivas e

profissionais que atuam nas diversas esferas do governo, que procuram adequar-se

aos novos procedimentos frente à inovação da lei, sendo responsabilizados pelo

descumprimento de um dever-fazer.

O inventário extrajudicial é um exemplo de modernidade, inovação e

vantagem para o cidadão, trazido pela Lei no. 11.441/07, por possibilitar economia,

celeridade e praticidade, simplificando a operacionalização do Direito das

Sucessões. Ao passo que o inventário judicial é moroso, burocrático e complexo, por

envolver altos custos desde sua abertura até a partilha dos bens e seu

arquivamento.

O inventário judicial é realizado mediante a apreciação do Estado, porém, o

inventário extrajudicial é feito pelo Tabelião da instituição notarial, profissional este

que goza de privilégios e legalidade respaldada na Lei, na Constituição da República

Federativa do Brasil (1988), Código Civil (2002), em Resoluções expedidas pelo

Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pela Corregedoria Geral de Justiça (CGJ),

cujos procedimentos têm força legal, desafogando o Poder Judiciário,

especialmente, nas demandas sucessórias que se aglomeram no dia a dia do

cotidiano do Poder Judiciário.

Cabe a este estudo questionar quais as vantagens e benefícios em se

realizar o inventário extrajudicial, quais os aspectos legais para sua realização,

principalmente, após a introdução da Lei no. 11.441/07.

Comumente, a jurisprudência e a doutrina relatam problemas em termos da

judiciliazação do inventário, porém, a desjudicalização dos processos auxilia em

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melhor performance ao cotidiano forense e celeridade dos atos praticados,

proporcionando um melhor sendo de justiça.

O objetivo desta monografia é abordar as vantagens, desvantagens,

recomendações normativas e riscos na abertura do inventário extrajudicial. Perceber

até que ponto a redação da Lei no. 11441/2007 inovou em termos econômicos,

sociais e jurídicos, por meio de revisão da literatura.

A finalidade acadêmica principal desta pesquisa, enquanto contribuição

científica é investigar os diversos pontos fortes da legislação e respectiva eficácia, a

operacionalização notarial e os impactos gerados à sociedade, por meio do instituto

recém implantado na comunidade notarial.

O capítulo um trata do Direito das Sucessões, o capítulo dois aborda os

elementos do inventário extrajudicial e finalmente, o capítulo três, trata dos

procedimentos adotados para a realização do inventário extrajudicial, pelo Tabelião

e seus impactos.

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1 O DIREITO DAS SUCESSÕES

Este capítulo tem como finalidade apresentar um breve histórico sobre o

Direito das Sucessões, as espécies de sucessões, seus efeitos geradores,

capacidade para suceder, herança, inventário e partilha, finalizando com o inventário

judicial.

1.1 BREVE HISTÓRICO

A morte natural ou presumida coloca fim a existência de uma pessoa, junto

vem o direito de sucessão hereditária onde, um sucessor assume a administração

dos bens, dos objetos, de quantia em dinheiro deixada, quaisquer maquinários ou

equipamentos que venham pertencer ao falecido (HIRONAKA, 2007). O direito de

sucessão remonta à antiguidade, está intimamente ligado à ideia de continuidade da

religião e da família. Em Roma, Grécia e Índia a religião desempenhava papel

importante na agregação familiar (LEITE, 2002).

A sucessão, durante séculos foi transmitida apenas para a linha masculina,

devido ao sacerdócio do qual seria portador e, por isso, receberia o patrimônio da

família, explicando, aí, porque a herança era transmitida ao primogênito varão

apenas. O afastamento da filha no direito de sucessão dos bens se dava pelo

casamento, a qual passaria a integrar a família de seu marido, perdendo os laços de

convivência com os pais (GONÇALVES, 2010).

A evolução histórica do Direito das sucessões tornou-se mais nítida a partir

do Direito Romano. A Lei das XII Tábuas concedia absoluta liberdade ao pater

famílias de dispor dos seus bens para depois da morte (GONÇALVES, 2010).

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Os heredi sui et necessarii eram os filhos sob o poder do pater e que se

tornavam sui iuris com sua morte: os filhos, os netos, incluindo a esposa. Os agnati

(colaterado exclusivamente paterno, irmão consanguíneo, tio que fosse filho do avô

paterno e sobrinho desse mesmo tio) eram os parentes mais próximos do falecido

(HIRONAKA, 2007). A herança não era deferida a todos os agnados, mas ao mais

próximo no momento da morte. Na ausência desses membros seriam chamados à

sucessão os gentles, membros da gens, que é o grupo familiar em sentido lato

(GONÇALVES, 2010).

No Código Justiniano a sucessão legítima passa a fundar-se unicamente no

parentesco natural estabelecendo-se a seguinte ordem hereditária: os

descendentes, os ascendentes em curso com os irmãos e irmãs bilaterais,

consanguíneos ou uterinos, outros parentes colaterais (LEITE, 2002).

Os romanos conheceram a sucessão testamentária e consideravam uma

maldição alguém falecer sem deixar a herança para outro alguém, era considerado

vergonhoso morrer sem ter feito o testamento de seus bens ou dívidas

remanescentes para alguém (GONÇALVES, 2010). Inicialmente, os romanos

abriram exceção aos soldados, posteriormente, na fase da decadência instituíram o

chamado benefício do inventário, em que os herdeiros respondiam pelas dívidas,

cuja iniciativa se deu com Justiniano, em 531. Sob a vigência das Ordenações

Filipinas, para que o herdeiro não se sujeitasse às dívidas superiores ao ativo do

patrimônio, devia fazer a ressalva que aceitava a herança em benefício do inventário

(HIRONAKA, 2007). Desta forma, o legislador da Constituição da República

Federativa do Brasil (1916) limitou as obrigações dos herdeiros às forças do

inventário (art. 1517), sendo acompanhado pelo novo Código, art. 1792. Antes da

partilha dos bens as dívidas devem ser pagas (NADER, 2008).

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Caso houvesse saldo de herança negativa, a denominada hereditas danosa,

porém, a assimilação ilimitada das dívidas da herança beneficiava os credores do

falecido sendo perniciosa aos credores dos herdeiros (NADER, 2010).

O Direito Germânico desconhecia a sucessão testamentária, somente os

herdeiros pelo vínculo de sangue eram considerados verdadeiros e únicos herdeiros.

No entanto, de acordo com o Código Civil alemão, arts 1922 e 1942, seguindo o

Direito Medieval, o patrimônio do cônjuge passa a ipso jure, ou seja, por efeito direito

da lei, ao herdeiro (LEITE, 2002).

Na França, desde o século XIII foi fixado o droit de saisine, instituição de

origem germânica, pela qual a propriedade e a posse da herança passavam aos

herdeiros com a morte do hereditando. O Código Civil Frances (1804) – Code

Napoléon, art. 724 menciona que os herdeiros legítimos, os herdeiros naturais e o

cônjuge sobrevivente recebem pleno direito aos bens deixados e ações do defunto,

com a obrigação de cumprir todos os encargos da sucessão (HIRONAKA, 2007).

Desta forma, com a promulgação do Código Napoleão mantém-se

sucessória a igualdade de herdeiros do mesmo grau, estabelecendo a distinção

entre herdeiros (parentes do morto) e sucessíveis. A Revolução Francesa aboliu o

direito de primogenitura e o privilégio da masculinidade, de origem feudal. Assim, os

direitos concedidos ao herdeiro varão e ao primogênito passaram a integrar o

passado em termos de direito de sucessão (GONÇALVES, 2010).

Atualmente, na França, a linha de vocação hereditária tem início com os

herdeiros (filhos e descendentes, ascendentes e colaterais privilegiados (pai/mãe),

irmãos/irmãs e descendentes destes, demais ascendentes e colaterais, do início até

o décimo segundo grau, posteriormente, até 4o. grau) (HIRONAKA, 2007). Da

reunião de todas essas concepções resultou o Direito Sucessório contemporâneo e

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nessa fusão têm-se os parentes, herdeiros por sangue, sucessores legítimos, se não

houver testamento ou se este não prevalecer (GONÇALVES, 2010).

O princípio da saisine foi introduzido no Direito Português pelo Alvará de 9

de novembro de 1754, reafirmado pelo Assento de 16 de fevereiro de 1786. O

Código Civil de 1867 (revogado), art. 2011 mencionava o seguinte: “a transmissão

do domínio e posse da herança para os herdeiros, quer instituídos, quer legítimos,

dá-se no momento da morte do autor dela”. Uma solução igual constou no art. 978,

da Consolidação das Leis Civis e no art. 1572 do Código Civil Brasileiro (1916),

dispondo o seguinte: “aberta a sucessão, o domínio e a posse da herança

transmitem-se [...] aos herdeiros legítimos e testamentários”, filiando-se tal ideia ao

sistema germânico-francês (GONÇALVES, 2010).

A influência da codificação francesa do início do século XIX se fez sentir na

legislação brasileira antes mesmo da Constituição da República Federativa do Brasil

(1988), cuja legislação pré-condificada previa a linha de sucessão hereditária

formada pelos descendentes, ascendentes, colaterais até décimo grau e

posteriormente ao cônjuge supérstite e, finalmente, ao fisco (GONÇALVES, 2010).

O Direito das sucessões prioriza a transmissão de bens decorrente de

morte, é o conjunto de normas jurídicas que disciplina a transmissão de patrimônio

(ativo/passivo), de um indivíduo que morreu para seus sucessores que irão substituí-

lo (HIRONAKA, 2007). Assim, a sucessão tem como pressuposto fundamental a

morte do autor da herança, denominado pelo Direito “de cujus”. O qual passa a ser o

titular da relação jurídica e o sucessor torna-se o titular dos bens, que tanto pode ser

um ou assumindo seu lugar em todas as relações jurídicas. Nesse sentido, a

sucessão designa a transmissão da totalidade do patrimônio, sendo o acervo

transmitido pelo de cujus ao sucessor, por meio de inventário (LEITE, 2012).

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A sucessão dos bens ao de cujus abranda a angústia da morte e cria um

sentimento de imortalidade ao patrimônio ou quaisquer outros objetos,

equipamentos ou maquinários de valor que venham pertencer ao patrimônio do

falecido. As pessoas desaparecem, porém, os bens não, por isso, diz-se que tem

vocação à eternidade. A sucessão trata da transmissibilidade do direito de

propriedade (HIRONAKA, 2007). É a perpetuidade da propriedade e sua natural

vocação à transmissão que justificam o Direito Sucessório. O Direito entende como

legítimo que os bens de um defunto passem, depois de sua morte, aos seus

herdeiros (LEITE, 2012).

Modernamente, a herança e os patrimônios individuais não se confundem.

No Direito de Sucessão é fundamental conhecer o que preconiza o Código Civil

(2002) em relação ao tempo de falecimento para a abertura do inventário e seu

encerramento, bem como outras diretrizes que norteiam o instituto para a partilha

dos bens do autor da herança (ARAÚJO, 2007).

O Código Civil (2002), art. 1787 “regula a sucessão e a legitimação para

suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela”. Nesse mesmo entendimento,

convém ressaltar que o art. 2041 do mesmo Código tem a seguinte redação: “as

disposições deste Código relativas à ordem da vocação hereditária (arts. 1829 a

1844) não se aplicam à sucessão aberta antes de sua vigência, prevalecendo o

disposto na lei anterior (Lei no. 3071, de 1º. de janeiro de 1916)” - (ARAÚJO, 2007).

1.2 ESPÉCIES DE SUCESSÃO

O Direito das sucessões engloba a sucessão legítima e a sucessão

testamentária e abrange regras de transmissão, aceitação e renúncia da herança,

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dos excluídos da sucessão, da herança jacente e da petição de herança (art. 1784-

1828) - (LEITE, 2012).

O estatuto processual prevê, em seus arts. 982 e 1030 três espécies de

inventário judicial, sendo todos de ritos distintos: a) o inventário pelo rito tradicional e

solene, de aplicação residual, regulado nos arts. 982 e 1030; b) o inventário pelo rito

de arrolamento sumário, que abrange bens de qualquer valor, para a hipótese de

todos os interessados serem capazes e concordarem com a partilha, que será

homologada de plano pelo juiz, mediante a prova de quitação dos tributos, na forma

do art. 1031, aplicável também ao pedido de adjudicação quando houver herdeiro

único; c) o inventário pelo rito de arrolamento comum, previsto no art. 1036, para

quando os bens do espólio forem de valor igual ou inferior a 2000 obrigações

Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN) – (GONÇALVES, 2010).

1.2.1 Sucessão legítima

De acordo com Nader (2008), a personalidade civil é a aptidão para ser

titular de direitos e deveres na ordem civil. Todo ser humano possui essa

titularidade, independentemente de sua idade. A legitimidade consiste na

capacidade específica para a prática de determinado modelo de negócio jurídico. No

entanto, nem sempre uma pessoa legitimamente capaz possui legitimidade para

determinado ato.

No âmbito das sucessões a legitimidade significa a capacidade para herdar,

ou seja, a vocação hereditária. No entanto, nem sempre a capacidade hereditária

induz a capacidade de se herdar. É fundamental que não haja obstáculos de ordem

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legal para se herdar, dentre eles, o da indignidade, alcançando a faculdade de

dispor e de receber em testamento.

Na sucessão legítima, as pessoas nascidas ou concebidas até o momento

da morte do autor da sucessão, quando não afastadas por lei, estão autorizadas a

sucedê-lo. Daí a importância de se observar o horário do óbito, com o fito de afastar

toda e qualquer dúvida em relação ao direito de sucessão. A vocação hereditária

está prevista no art. 1798 do Código Civil (2002), onde legitimam-se as pessoas

nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão.

1.2.2 Sucessão testamentária

A capacidade para suceder, via testamento, dispõe de regras próprias,

dispostas nos arts. 1799 a 18031. A capacidade de sucessão é geral, pois ainda que

o nomeado satisfaça tais exigências, pode ser excluído da sucessão por razões

elencadas nos arts. 1814 a 18182, do Código Civil (2002) - (NADER, 2008).

1 Art. 1798: legitimação à sucessão em geral (aptidão a suceder); Art. 1799: legitimação à

sucessão testamentária (ampliação); Art. 1800: regime jurídico da "deixa" à "prole eventual"; Art. 1801: desprovidos de legitimação à sucessão testamentária; Art. 1802: nulidade de disposições ("simulação" e "interposição"); Art. 1803: "deixa" ao filho comum do concubino.

2 Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.

Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença. Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão.

Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.

Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.

Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos. Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles.

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Na sucessão testamentária não há exigência que o herdeiro seja pessoa

nascida ou concebida no momento da abertura da sucessão. O testador pode

contemplar pessoa futura, que nem sequer foi concebida, mas deve identificar o pai

ou a mãe deste nascituro, referente aos filhos de pessoas indicadas pelo testador,

não confundindo com netos e bisnetos que venham nascer (NADER, 2008).

Na hipótese de pessoa futura ser nomeada herdeira, estando sem vida a

pessoa determinada, o prazo máximo de espera será de dois anos, contados a partir

da morte do autor da herança (NADER, 2008).

1.3 EFEITOS DA SUCESSÃO

De acordo com Eduardo de Oliveira Leite (2012), a sucessão pode ser

universal ou singular. Universal, porque é indivisível até a partilha dos bens e

singular, por requerer a morte do autor da herança, a sobrevivência de seu

sucessor, o herdeiro, necessariamente, tem que pertencer à espécie humana e

apresentar título jurídico de direito de herdeiro.

1.4 CAPACIDADE PARA SUCEDER

Toda pessoa física ou natural possui capacidade jurídica para suceder. Os

incapazes devem ser representados ou assistidos, conforme a situação em que se

encontrem, por quem detém o poder familiar, sem disponibilidade para renúncia

(NADER, 2008).

Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido

a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico. Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária.

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A capacidade para suceder se define no momento da abertura da sucessão,

sendo necessária a aceitação da herança por parte do legatário ou herdeiro

(NADER, 2008)3.

A capacidade para suceder é definida segundo a lei vigente na época da

abertura da sucessão (art. 1787 do Código Civil), não pressupõe a capacidade de

fato. Havendo capacidade de sucessão, a lei que regula será a do momento em que

a propriedade se transmite (NADER, 2008).

1.5 HERANÇA, INVENTÁRIO E PARTILHA

A herança é uma universalidade de direitos e até o momento da partilha todos

os herdeiros encontram-se como condôminos possuidores e proprietários de uma

cota ideal, abstrata perante o espólio, que se materializa somente no momento da

partilha dos bens (art. 1791). Na qualidade de condômino, qualquer um pode

reclamar a universalidade da herança àquele que indevidamente a possui (LEITE,

2012).

3 Para que a cessão de direitos hereditários por Escritura Pública não apresente ineficácia é

fundamental compreender que: os direitos à sucessão aberta são considerados bem imóvel por dicção legal; a cessão de direitos hereditários é um negócio jurídico que só admite interpretação restritiva, razão pela qual os direitos conferidos ao herdeiro em consequência de substituição ou de direito de acrescer presumem-se não abrangidos pela cessão anterior; individualização de bem componente de acervo hereditário requer autorização judicial, a ser promovida pelo inventariante; o co-herdeiro interessado na cessão de sua quota hereditária a estranho deverá oferecê-la primeiramente aos demais co-herdeiros, a fim de que exerçam a preferência; há direito de preferência entre os co-herdeiros. Dessa forma, aquele possuidor de quinhão maior - e aqui se inclui o meeiro - tem preferência na aquisição da quota sobre os demais; sendo vários os co-herdeiros interessados na aquisição da quota hereditária, entre eles se distribuirá o quinhão cedido; em se tratando de co-herdeiro casado, indispensável se faz a outorga uxória, ou marital, exclusive se casado sob o regime da separação absoluta; co-herdeiro incapaz depende de procedimento próprio para manifestação sobre a preferência na aquisição; a ineficácia que faz menção a lei é aquela que obsta a produção de efeitos jurídicos, ou seja, o cessionário dependerá da aquiescência dos co-herdeiros para que o negócio surta efeitos; a preterição da formalidade do alvará é um risco desnecessário, atentatório aos princípios de publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos negócios jurídicos, insertos no art. 1º da Lei 8.935/94 (ARAÚJO, 2007, online).

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De acordo com Dimas Messias de Carvalho e Dimas Daniel de Carvalho

(2007), a herança, denominada espólio ou monte, abrange a totalidade dos bens

imóveis, direitos e obrigações que se transmitem aos herdeiros e legatários (art. 80,

II e 1793, do CC), obedecendo às normas desses bens.

O conjunto de herdeiros e bens do autor da herança denomina-se espólio. O

inventário, por sua vez, é o processo judicial de levantamento e apuração dos bens

do autor da herança, para repartir entre os herdeiros (CARVALHO e CARVALHO,

2007).

Não basta ocorrer a morte, a herança tem que ser aceita pelo herdeiro. O

renunciante não é herdeiro, desta forma, a sucessão hereditária não se operou

plenamente. A sucessão, em sentido subjetivo, vem a ser o direito de o sucessor

exigir os bens do sucedido e o direito de aceitar ou renunciar a herança deixada

(HIRONAKA, 2004).

A sucessão pressupõe a morte, que se prova com o registro público da

declaração de óbito ou da sentença que declara ausência ou morte presumida do

autor da herança.

O herdeiro assume a qualidade de possuidor de um todo unitário. Na partilha,

o direito dos co-herdeiros e à propriedade e posse da herança será indivisível e é

regulada pelas normas relativas ao condomínio. Com a morte a herança se

transmite imediatamente aos herdeiros. E, a capacidade para suceder é a do tempo

da abertura da sucessão. A sucessão legítima ocorre para pessoas nascidas ou já

concebidas (nascituro) no momento da abertura da sucessão (art. 1798).

A aceitação da herança é o reconhecimento da condição de herdeiro que

pede o quinhão e a sucessão ocorre no momento em que o herdeiro aceita a

herança, operando-se, a partir da morte do autor da herança, que pode ser expressa

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(declaração estrita de herdeiro), tácita (pratica atos compatíveis com a aceitação),

presumida (decorrente do silêncio do herdeiro ao ser notificado para manifestar-se

se aceita a herança) – (CARVALHO e CARVALHO, 2007).

Na sucessão testamentária, nomear herdeiros a prole eventual de pessoas

certas e vivas na abertura da sucessão, pode confiar os bens durante dois anos a

um curador, até a concepção do herdeiro esperado (CARVALHO e CARVALHO,

2007).

O inventário é um instrumento jurídico utilizado como meio eficaz para

resolver a partilha dos bens em decorrência de morte de um dos cônjuges, de

ambos em conjunto ou de um deles durante a partilha, de uma pessoa que não seja

casada ou viva em união estável. Porém, esses autores tem direito à sucessão,

colocando, nesse momento, fim a destinação dos bens existentes em vida, por meio

do direito sucessório (GONÇALVES, 2010).

De acordo com Nader (2008, p. 64):

Há quatro etapas distintas no processo de transmissão do patrimônio mortis causa. A primeira é a abertura da sucessão, coincidente com a morte do autor da herança [...] a segunda é a delação, pela qual os herdeiros são chamados a manifestarem o seu propósito de aceitarem ou não a herança. Segue-se a aceitação ou renúncia da herança. Finalmente, com a partilha, a herança perde seu caráter indivisível e cada herdeiro recebe os bens que já faz jus pelo critério legal ou de acordo com as clausulas testamentárias.

O inventário é um procedimento judicial ou extrajudicial, destinado à apuração

dos bens deixados pelo autor de determinada herança, para que sobre sua

universalidade seja procedida a partilha, mas para isso, é fundamental que haja uma

descrição pormenorizada acerca dos bens que integram, incluindo débitos e

créditos, para que as dívidas sejam satisfeitas e que os herdeiros ou legatários

sejam atendidos (GONÇALVES, 2010).

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De acordo com Sílvio Salvo Venosa (2008, p. 78):

A fim de que se possa dividir o patrimônio do morto, é necessário que se faça uma descrição pormenorizada de todos os bens que integram, débitos e creditos, para depois de satisfeitas as dívidas, serem atendidos os herdeiros e legatários, bem como os cessionários de direitos hereditários.

Nas palavras de Gonçalves (2010), o inventário “constitui um processo judicial

de caráter contencioso, em que são interessados o cônjuge supérstite

(companheiro), herdeiros, sucessores por testamento (herdeiros e legatários),

contemplados em codicilos, o Ministério Público, caso haja incapazes, ausentes ou

fundações, a Fazenda Pública, os credores, incluindo outras pessoas jurídicas e

naturais que possam ter direito em relação ao espólio.

O inventário judicial ou administrativo é indispensável embora o falecido tenha

deixado um único herdeiro, porém, nesse caso, não procede a partilha, apenas a

adjudicação ao inventariante (GONÇALVES, 2010).

A abertura do inventário deve ser requerida dentro de um prazo de sessenta

(60) dias, que passa a contar do dia do falecimento do de cujus, a ser encerrado nos

meses subsequentes, ficando a critério do magistrado a prorrogação de prazos,

conforme preconiza o art. 983 (Lei no. 11.441, de 4 de janeiro de 2007).

O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte (GONÇALVES, 2010, p. 485).

Antes da abertura do inventário até a nomeação do inventariante cabe ao

administrador provisório a representação ativa e passiva do espólio. Mas a literatura

jurídica deixa claro que é provisória e em caráter de urgência apenas o cargo de

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“administrador provisório”. A legitimidade corrente, contudo, segue os critérios do art.

988, do Código de Processo Civil (1973):

Art. 988 - Tem, contudo, legitimidade concorrente: I - o cônjuge supérstite; II - o herdeiro; III - o legatário; IV - o testamenteiro; V - o cessionário do herdeiro ou do legatário; VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; VII - o síndico da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge supérstite; VIII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; IX - a Fazenda Pública, quando tiver interesse.

Porém, se a notícia do falecimento do de cujus, que tenha deixado bens

chegar ao conhecimento do juiz, sem que os legitimados tenham promovido a

instauração do inventário no prazo legal, deve a autoridade iniciar o processo de

ofício, embora venha contrariar o princípio ne procedat iudex ex officio. Tal

obrigação é imposta ao magistrado, demonstrando assim o interesse público em que

as situações de direito hereditário, sendo transitórias, perdurem pelo menor tempo

possível.

O requerimento de abertura do inventário, embora fora de prazo estipulado

pela lei não implica no indeferimento do pedido, pois os dispositivos legais que

estabelecem o aludido prazo são desprovidos de qualquer sanção, apenas multa

pela não observância desse prazo, variando de Estado para Estado, não sendo

inconstitucional a multa instituída pelo Estado-membro4. Uma vez instaurado o

processo, segue o inventário até o final da partilha, não podendo ser extinto por

abandono ou inércia do inventariante. Em caso de abandono o magistrado deve dar

prosseguimento ao feito, caso necessário, com a remoção do inventariante e

4 No Estado de São Paulo o imposto é calculado com acréscimo de multa de 10%, além de

juros de mora, para inventários não requeridos dentro do prazo de sessenta dias da abertura da sucessão e de 20% se o atraso for superior a cento e oitenta dias (Lei no. 10.705, de 28 de dezembro de 2000).

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respectiva substituição por outra pessoa que esteja interessada na herança ou

inventariante dativo. Ressalta-se ainda que o inventário se extingue apenas se ficar

comprovada a inexistência de bens a inventariar que, nessa hipótese, a ação

perderia seu objeto. Caso o inventariante venha a falecer antes da partilha do

consorte pré-morto, será distribuído por dependência. Ambas as heranças serão

inventariadas e partilhadas em conjunto, com a nomeação de um só inventariante,

desde que comuns os herdeiros, conforme estatui o art. 1043, do Código de

Processo Civil.

Ressalta-se ainda que caso algum herdeiro venha falecer durante a

pendência do inventário em que foi admitido, não possuindo outros bens, além de

seu quinhão na herança, poderá este ser partilhado juntamente com os bens do

monte.

Segundo Carvalho e Carvalho (2007), a partilha de bens vem ser a repartição

ou a distribuição dos bens do falecido, é o momento da liquidação da herança, que

Poe termo ao estado de indivisão. A partilha possui efeitos declaratórios e não

atributivo da propriedade, pois a herança transfere-se aos seus herdeiros no

momento da morte e independe de partilha.

A partilha tem como principal efeito a extinção da comunhão hereditária que

se estabeleceu por determinação legal com a morte do autor da herança fazendo

desparecer o caráter transitório da indivisão do acervo hereditário e desaparece a

figura do espólio. Ressalta-se que inexiste partilha de inventário negativo, isto é,

quando o falecido não deixou bens para serem partilhados.

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1.6 DO INVENTÁRIO JUDICIAL

O inventário, na acepção da palavra significa a transmissão de bens de uma

pessoa para outra(as), em decorrência de sua morte. Na transmissão, a sucessão

estabelece uma ligação entre duas ou mais pessoas – o autor, costumeiramente

designado o sucessor (de cujus), termo genérico que abrange todas as espécies de

herdeiros e legatários (LEITE, 2012).

A sucessão designa o ato pelo qual uma pessoa toma o lugar da outra,

substituindo o antigo titular nos direitos que lhe competiam (DINIZ, 2008).

O processo de inventário é um instrumento jurídico utilizado para oficializar a

transferência dos bens deixados pelo autor do patrimônio aos seus respectivos

herdeiros. É a atividade processual endereçada à descrição detalhada de toda a

herança, de modo a individualizar todos os bens móveis e imóveis que formam o

acervo patrimonial do falecido, autor da herança em vida (CARVALHO e

CARVALHO, 2007).

O inventário ocorre quando há o falecimento de uma das pessoas casadas,

que vivam em união estável, homoafetiva ou de pessoa que viveu sozinha, ou seja,

solteira ou viúva, estabelecendo-se entre os herdeiros, relativamente aos bens do

acervo hereditário, um estado de comunhão que somente cessa com a partilha e

divisão dos bens que compõem a herança.

O inventário tem como objetivo relacionar, descrever minuciosamente ou

avaliar os bens do autor da sucessão, possibilitando que se reparta com igualdade o

acervo entre os herdeiros (DINIZ, 2008).

Somente com o inventário é possível a aquisição da herança pelos seus

sucessores na proporção das quotas hereditárias. Ainda que haja apenas um

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herdeiro não fica dispensado o processo de inventário, pois além dos direitos dos

credores do cônjuge, de pleitear o direito de credor (no inventário), há interesse da

Fazenda Pública na percepção do imposto de transmissão causa mortis (CF, art.

155, I e § 1., I-III), a ser cobrado proporcionalmente, conforme a alíquota incidente

sobre o valor da herança líquida (DINIZ, 2008). Em relação o percentual do ITCMD5,

de acordo com Manoel Ferreira Jardim Filho (2008, online):

Como base de cálculo (valor escolhido para expressar a grandeza econômica da materialidade escolhida para imposição do tributo), o valor venal do bem ou direito transmitido (Art. 9º e §1º, e os art. 10 e 13); Como alíquota (porcentagem que incide sobre o valor apreciado), o percentual de 4% (quatro por cento) (Art. 16);

O processamento de inventário e partilha, nos mesmos autos, não causam

unicidade processual, sendo um, processo de inventário, outro, de partilha.

Outrossim, seria o mesmo que dizer que o inventário seria o processo preparatório

para a partilha de bens e liquidação do imposto causa mortis e o devido julgamento.

O processo de inventário via judicial, vem a ser uma arrecadação dos bens,

um chamamento dos herdeiros para liquidar a herança. Já a partilha vem a ser a

divisão dos bens entre os herdeiros habilitados no processo, trata-se de um

complemento do processo de inventário. Enquanto não houver a partilha o inventário

judicial ou extrajudicial não está finalizado, momento em que haverá a adjudicação

5 O ITCMD se torna devido nas hipóteses de transmissão causa mortis, dando consistência à regra matriz de incidência do imposto, instrumento estruturado na forma de critérios, sendo três: Critério material : o verbo transmitir e o complemento qualquer bem ou direito havido por sucessão legítima ou testamentária, adicionado da explicação de que nessas transmissões "ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos forem os herdeiros, legatários ou donatários; critério temporal (relativo ao tempo em que ocorre o fato tributável), a data da abertura da sucessão; Critério espacial (relativo ao espaço, território onde será cobrado o tributo); Critérios pessoais : como sujeito ativo (com direito de cobrar o imposto), o Estado de São Paulo, ente que promulgou a lei instituidora do imposto e como sujeito passivo (aquele que deve pagar o imposto), na condição de contribuinte, o herdeiro ou o legatário; Critério quantitativo: como base de cálculo (valor escolhido para expressar a grandeza econômica da materialidade escolhida para imposição do tributo), o valor venal do bem ou direito transmitido; Como alíquota (porcentagem que incide sobre o valor apreciado), o percentual de 4% (quatro por cento); Critério temporal (o tempo do cumprimento da obrigação), o prazo de 60 (trinta) dias após a decisão homologatória do cálculo ou do despacho que determinar seu pagamento (JARDIM FILHO, 2008, online).

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de bens, exceto, todavia, se não houver bens moveis ou imóveis. Para Sílvio Salvo

Venosa (2011), o processo de inventário não se presta a produção de provas, a não

ser a prova documental. Assim sendo:

O juiz decidirá todas as questões de direito e também as questões de fato, quando este se achar provado por documento, só remetendo para os meios ordinários as que demandarem alta indagação ou dependerem de outras provas (VENOSA, 2011, p. 89).

Sendo assim, o percentual a ser cobrado no inventário judicial é de 4%,

obedecendo ao critério temporal, que segundo a redação da nova Lei no.

11441/2010 é de 60 dias a partir da lavratura do atestado de óbito (CARVALHO e

CARVALHO, 2008).

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2 DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL

Este capítulo tem como finalidade estudar o conceito de inventário

extrajudicial, as alterações introduzidas pela Lei no. 11.441/07, como ocorre o

inventário via extrajudicial ou via administrativa, a competência da ação, o inventário

negativo, os interessados, o inventariante, arrolamento, bens dispensados e não

sujeitos, sonegados e pagamento de dívidas.

2.1 CONCEITO DE INVENTÁRIO

O termo inventário é derivado do latim inventarium, de invenie, que significa

agenciar, diligenciar, promover, achar ou encontrar. Assim sendo, pode representar

uma série de atos praticados com a finalidade de se apurar determinada situação

econômica de uma empresa, uma pessoa, está relacionada a bens e direitos,

figurando, por um lado, as obrigações ou encargos, por outro, é semelhante ao

balanço de uma empresa para verificar o ativo/passivo (TEIXEIRA e RIBEIRO,

2008).

O inventário vem a ser a relação de bens existentes de uma pessoa, um

casal ou de uma empresa. No Direito das Sucessões o inventário é um processo

judicial de levantamento e apuração de bens pertencentes ao falecido. Inicialmente,

de acordo com o Código de Processo Civil (1973), art. 982, o inventário era apenas

judicial (CARVALHO e CARVALHO, 2007).

Nesse contexto, o inventário tem como finalidade realizar um levantamento

dos bens, valores e sucessores do autor da herança. No entendimento proposto por

Fiuza apud OLIVEIRA e COSTA (2012, online), o inventário vem a ser:

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[...] o processo judicial pelo qual se apura o ativo e o passivo da herança, a fim de se chegar à herança líquida (ativo menos passivo). Esta herança líquida, que se apura após o pagamento das dívidas e recebimento dos créditos, será, então, partilhada entre os herdeiros. Portanto, o inventário é uma série de atos tendentes a quitar as dívidas do falecido e, por fim, efetuar a partilha da diferença entre os herdeiros.

O inventário é obrigatório, embora exista um único herdeiro, requer a partilha

dos bens existentes do falecido (PINHO, 2008). Conforme mencionado, no início o

Direito Brasileiro outorgou apenas o inventário por via judicial.

Atualmente, a Lei no. 11441, de 4 de janeiro de 2007 trouxe novo

entendimento para o art. 982, do Código de Processo Civil (1973) e, ao inovar

admite o inventário extrajudicial, lavrado por Escritura Pública, em Tabelionato de

Notas, isto é, se legitima quando as partes interessadas forem capazes, estiverem

assistidas por advogado e concordantes com a partilha dos bens do falecido

(CARVALHO e CARVALHO, 2007).

Veja-se, segundo o art. 982: “havendo testamento ou interessado incapaz,

proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá

fazer-se o inventário e a partilha por Escritura Pública, a qual constituirá título hábil

para o registro imobiliário”. Nota-se, então, que os requisitos básicos para o

inventário extrajudicial são: não existência de herdeiros incapazes; ausência de

testamento; e consenso dos herdeiros sobre a partilha (OLIVEIRA e COSTA, 2011).

Eduardo de Oliveira Leite (2012) afirma que existem quatro espécies de

inventários e partilhas, a saber: o inventário judicial, extrajudicial, arrolamento

sumário e arrolamento comum.

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2.1.1 Inventariante

O inventariante é o representante legal do espólio, nomeado pelo juiz,

representa o espólio judicial e extrajudicialmente, ativa e passivamente, presta

compromisso formal do processo e assume total responsabilidade pela guarda e

conservação dos bens, estando obrigado a impulsionar o processo, acompanhar

com zelo até o julgamento final da partilha (LEITE, 2012).

Art. 990. O juiz nomeará inventariante: I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste; II - o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou estes não puderem ser nomeados; III - qualquer herdeiro, nenhum estando na posse e administração do espólio; IV - o testamenteiro, se Ihe foi confiada a administração do espólio ou toda a herança estiver distribuída em legados; V - o inventariante judicial, se houver; Vl - pessoa estranha idônea, onde não houver inventariante judicial.

A nomeação do inventariante obedece às preferências ditadas em lei, sendo o

cônjuge ou companheiro; o herdeiro quando na posse e administração do espólio; o

testamenteiro; a pessoa de confiança do juiz – inventariante judicial. A preferência

se dá por conta do pressuposto daquele herdeiro que está mais informado dos

negócios do seu consorte até o menos informado - (LEITE, 2012).

No inventário extrajudicial as partes elegem o inventariante.

São atribuições do inventariante: “representar o espólio em juízo e fora dele;

administrar o espólio; prestar as primeiras e últimas declarações; exibir

documentação” (GONÇALVES, 2010, p. 492-493). O inventariante pode ser punido

por atrasos nos feitos e, a pedido de alguém interessado pode ser removido do

processo. Porém, caso haja motivo justo para atraso o juiz pode dilatar os prazos

(GONÇALVES, 2010).

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2.2 PRAZO PARA ABERTURA DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL

O Código de Processo Civil (1973), art. 983 foi modificado com a introdução

da Lei no. 11441/2007 e admite o inventário e a partilha por Escritura Pública quando

não existir testamento, todos os interessados forem capazes, concordados e

assistidos por advogado. No entanto, trouxe inovação em termos de prazos para a

abertura e encerramento, tanto no inventário judicial como extrajudicial e passa a

vigorar com o seguinte texto, art. 983:

O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte.

Anteriormente, o prazo era de 30 dias para a abertura e seis (6) meses para

a consecução do processo de inventário e partilha. No entanto, essa tese não se

aplica a inventário administrativo, aquele realizado via Escritura Pública, até porque

o referido artigo trata de processo de inventário e partilha (CAHALI et al., 2008).

Atualmente, no caso do inventário extrajudicial o prazo cessa mediante o

envio da Declaração de Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD)

ao Posto Fiscal da Secretaria de Fazenda Estadual (OLIVEIRA e COSTA, 2011).

No entendimento de Ruy Rabello Pinho (2008), o Código de Processo Civil

(2008), art. 987 incumbe a quem estiver na administração do espólio, que no prazo

de sessenta (60) dias da abertura da sucessão, requerer o inventário e a partilha dos

bens, instruindo, inclusive, o requerimento com a certidão de óbito do autor da

herança. Porém, caso os legítimos concorrentes da herança assim não o façam o

juiz pode determinar, de ofício, que o inventário seja iniciado.

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2.3 COMPETÊNCIA TERRITORIAL

No caso do inventário extrajudicial, a competência territorial para a lavratura

de Escritura Pública de Inventário, de acordo com a Lei no. 8.935/94, que

regulamenta a atividade notarial, estabelece nos arts 8o. e 9o. a competência do

notário para a prática dos atos:

Art. 8º.: É livre a escolha do tabelião de notas, qualquer que seja o domicílio das partes ou o lugar de situação dos bens objeto do ato ou negócio. Art. 9º.: O tabelião de notas não poderá praticar atos de seu ofício fora do Município para o qual recebeu delegação.

A Corregedoria Geral de Justiça mediante a Resolução 35 menciona que os

interessados pelo inventário podem escolher livremente o notário para elaborar a

Escritura Pública de Inventário, independentemente do domicílio do autor da

herança, do local dos bens ou do local em que ocorreu o óbito (ROSA, 2008).

No entendimento de Carvalho e Carvalho (2008), a Súmula no. 58 do

Tribunal Federal de Recursos, a competência não é absoluta, podendo o inventário

ser ajuizado em foro diverso do domicílio do inventariado, sendo assim, relativa a

competência para abertura do processo, tanto judicial como extrajudicial. No

entanto, o pedido de abertura deve ocorrer dentro do prazo estipulado pelo

regulamento, que passou a ser de sessenta (60) dias a partir da data de expedição

da certidão de óbito.

2.4 INVENTÁRIO NEGATIVO

Lopes de Paula (2008, p. 32) comenta que o espólio pode ser negativo ou

positivo, a depender da situação econômica do falecido. Desta forma, é possível

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afirmar, o inventário serve para justificar aos credores, por exemplo, os créditos,

débitos e obrigações deixados ou contraídos pelo autor da herança ainda em vida.

[...] o inventário serve para fazer o levantamento das dívidas não personalíssimas deixadas pelo falecido, devendo o passivo do patrimônio ser declarado de maneira integral contendo financiamentos, títulos de créditos expedidos, obrigações, de modo a permitir que os credores sejam satisfeitos.

O inventário negativo não é obrigatório, porém casos os herdeiros achem

necessário, o mesmo poderá ser realizado. O inventário negativo pode ser feito por

Escritura Pública, caso seja o interesse das partes.

O inventário negatório tem caráter facultativo, é previsto somente pela doutrina e jurisprudência, ocorrendo no caso dos arts. 1641, I, do Código Civil (regime da separação obrigatória de bens); 1523, I, do Código Civil (causa suspensiva); e 1792, do Código Civil (encargos da herança) – (Cruz, 2008, p. 96 apud PAULA, 2008, p. 33).

Sendo o inventário negativo ou positivo, é feito pela via administrativa,

constando na escritura a forma como se sucedeu a partilha de bens para os

sucessores da herança (ROSA, 2008).

2.5 INTERESSADOS

De acordo com Cahali et al. (2008), os interessados no inventário devem

apresentar-se ao notário para participar no momento da partilha dos bens do autor

da herança, incluindo descendentes e ascendentes, cônjuges vivos ou, porém caso

haja testamento, o mesmo deverá ocorrer sob a via judicial, devendo os legatários lá

comparecer.

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No Inventário judicial entre os interessados encontram-se: cônjuge supérstite

(companheiro), herdeiros, sucessores por testamento (herdeiros e legatários),

contemplados em codicilos, o Ministério Público, no caso de incapazes, ausentes ou

fundações, a Fazenda Pública, os credores, incluindo outras pessoas jurídicas e

naturais que possam ter direito em relação ao espólio.

2.6 GRATUIDADE DO INVENTÁRIO POR VIA EXTRAJUDICIAL

O inventário extrajudicial não é gratuito, apenas em casos em que a pobreza

fique demonstrada, conforme hipóteses previstas na Lei no. 11.441/2007. Assim os

valores para a realização de Escritura Pública são cobrados conforme o valor

afixado para este procedimento.

2.7 REQUISITOS PARA A ESCRITURA DE INVENTÁRIO

A Escritura Pública deve apresentar requisitos comuns para o ato, incluindo

a data, local de sua realização, reconhecimento da identidade, capacidade das

partes e de todos os que tiverem comparecido ao ato como representantes ou

intervenientes, nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio, residência das

partes e demais comparecentes, com indicação do regime de bens do casamento e

nome do cônjuge; manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes,

referência sobre o cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à

legitimidade do ato, declaração de que leu na presença das partes e demais

comparecentes ou que todos leram; a assinatura das partes e dos demais

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comparecentes, bem como a do Tabelião ou seu substituto legal, encerrando-se

assim o ato (PINHO, 2008).

2.7.1 Recolhimento dos impostos

De acordo com Ivanildo Figueiredo (2011, online): “[...] após a sentença

judicial que homologar a partilha, é que os herdeiros vão solicitar a avaliação dos

bens para efeitos de cálculo do imposto de transmissão”6.

[...] o imposto é calculado e recolhido após a partilha e o instrumento do formal de partilha, juntamente com o comprovante de recolhimento do ITCMD, é que será apresentado no cartório de imóveis para que seja promovido o registro da transferência dos bens deixados pelo falecido (FIGUEIREDO, 2011, online).

No inventário via administrativa, enquanto princípio célere, comparado ao

inventário judicial: “os herdeiros devem requisitar à Secretaria da Fazenda a

avaliação dos bens e o cálculo do imposto no prazo improrrogável de 60 dias após o

falecimento do inventariado, ou seja, antes da partilha dos bens” (FIGUEIREDO,

2011, online).

2.7.2 Documentos necessários

No entendimento de J. A. Almeida Paiva (2009), os documentos exigidos

para a entrada do Ato Notarial de Inventário Extrajudicial incluem:

6 No que tange aos impostos devidos, o imposto básico e obrigatório é o Imposto de

Transmissão Causa Mortis (ITCMD), que deverá ser recolhido aos cofres do Estado onde estiver localizado o bem a ser transmitido na sucessão, e tem o percentual de 4% (quatro por cento). Lembrando que a incidência apenas ocorrerá sobre a parte transmitida. Não incidindo, portanto, sobre a parte de meação. Quanto aos honorários advocatícios, o valor será, minimamente, o constante na tabela da OAB, que disciplina os patamares de acordo com o monte a ser inventariado ou partilhado (SILVA, 2009, online).

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a) Comprovante de pagamento do Imposto de transmissão de bens imóveis ITBI e ITCD, quanto houver doação ou transmissão translativa; b) Certidões negativas de tributos em nome do Espólio (Municipal, Estadual e Federal); c) Certidão de óbito do autor da herança; d) Documento de Identidade Oficial e CPF dos interessados e do autor da herança; e) certidão de casamento do cônjuge sobrevivente e dos herdeiros casados, assim como do pacto antenupcial registrado, se houver; f) Certidões de propriedade dos bens imóveis, fornecidas pelos CRI das Comarcas onde estiverem localizados os bens; g) documentos comprobatórios dos bens móveis, direitos e ações, inclusive de cotas em empresas e aqueles trazidos à colação pelos herdeiros; h) certidão negativa da inexistência de testamento, onde houver Cartório específico de registro, o que poderá ser suprido por declaração das partes no corpo da Escritura; i) procuração com poderes específicos para os interessados que não puderem comparecer pessoalmente ao ato notarial. j) as partes deverão constituir um Advogado que deverá comparecer ao ato notarial, podendo ser um só para todos, ou cada interessado apresentar seu Advogado; a procuração da parte presente ao ato notarial poderá ser feita apud acta, isto é, no corpo da Escritura; esse(s) Advogado(s) deverá(ão) entregar ao Tabelião uma cópia de sua Carteira de Identidade fornecida pela OAB; k) Uma minuta da Escritura apresentada pelo(s) Advogado(s) das partes, sendo esta facultativa. l) Carnê do IPTU dos bens imóveis. m) Indicação do Inventariante

O rol de itens, de A-M acima relacionados, são fundamentais para dar

entrada ao procedimento de inventário extrajudicial, segundo o entendimento da

legislação moderna.

2.8 NOMEAÇÃO DO INVENTARIANTE

No procedimento de inventário extrajudicial as partes indicam o inventariante,

diferente do inventário judicial onde o juiz nomeia.

Ao despachar a inicial de abertura de inventário, pelo rito tradicional e solene

o juiz nomeará o inventariante, a quem caberá a administração e a representação

ativa e passiva da herança até que se ultime a partilha (PAULA, 2008).

A nomeação é feita segundo a ordem preferencial estabelecida no art. 990, do

Código de Processo Civil (1973), exceto em casos especiais. Essa ordem não é

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absoluta, podendo ser alterada caso haja motivos que aconselhem sua

inobservância (PAULA, 2008).

Quanto ao Inventariante Extrajudicial, a Resolução 35, do Conselho Nacional

de Justiça em seu art. 11, dispõe que é obrigatório a nomeação de interessado, na

escritura pública de inventário e partilha, para representar o espólio, com poderes de

inventariante, no cumprimento de obrigações ativas e passivas pendentes, sem

necessidade de seguir a ordem prevista no art. 990 do Código de Processo Civil

2.9 RESPONSABILIDADE DO TABELIÃO NO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL

De acordo com Cahali et al. (2008), a Lei no. 8935/94 atribuiu competência

para a lavratura de diversos procedimentos, entre eles, o inventário e partilha de

bens, por meio de Escritura Pública, ficando o Tabelião responsável por todos os

feitos, inclusive, pela fiscalização do recolhimento de multas, taxas, conforme prevê

a legislação tributária estadual e distrital, conforme determina a Resolução n. 35, art.

31, do Conselho Nacional de Justiça.

O Tabelião poderá se negar a lavrar a Escritura de Inventário ou partilha se

houver fundados indícios de fraude ou em caso de dúvidas sobre a declaração de

vontade de algum dos herdeiros, fundamentando a recusa por escrito (art. 32).

Sendo assim, o Notário age na função de delegado perante os inventariantes e

perante o(s) advogado(s) das partes (VENOSA, 2012).

Segundo Ruy Rebello Pinho (2008), considerando a função de direção do

Tabelião, de feição preventiva em ordem a regular a prestação dos serviços notariais

e de registro, é, também, inerente ao cargo de fiscalização constitucionalmente

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atribuído ao Poder Judiciário, não devendo tardar regulamentações administrativas

de Corregedorias das diversas Justiças estaduais.

O poder-dever normativo da Corregedoria Geral de Justiça e do Conselho

Nacional de Justiça disciplinam os serviços notariais circunscritos aos limites da

própria administração pública, devendo estar atento à questões que violam a lei,

centrados no desenvolvendo de emolumentos legais, limitados a matéria operacional

para regular o que preconiza a lei (PINHO, 2008).

O Tabelião deve acautelar-se no risco de duplicidade de ações quanto às

dificuldades de informação e acesso a terceiros interessados no sistema processual

de competência (PINHO, 2008).

2.10 ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI No. 11.441/2007

A Lei no. 11441, de 4 de janeiro de 2007 simplificou o processo de inventário

no Brasil, o qual, anteriormente, além de tormentoso, era demorado para os

envolvidos, inclusive, para o Poder Judiciário.

O inventário extrajudicial apresenta como vantagem a simplificação de

procedimentos, via alternativa, ou seja, quando os herdeiros são capazes e quando

inexiste discordância quanto à partilha, maior racionalidade e celeridade, priorização

da atividade consensual em detrimento da jurisdição contenciosa, desafogamento do

Poder Judiciário da sobrecarga de causas, facilita a vida do cidadão via notarial por

ser mais célere e menos burocrática, desonera o cidadão com emolumentos

notariais mais baratos (LEITE, 2012).

Contudo, a lei somente permite ser celebrada a Escritura do Inventário e

partilha extrajudicial se as partes forem todas maiores e capazes, se houve acordo

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de partilha, se presente o advogado para assistir as partes e se não houver

testamento (LEITE, 2012).

2.11 ARROLAMENTO

O arrolamento pode ser sumário e comum. Sumário, é quando a partilha é

amigável, celebrada entre partes capazes. Comum, quando o valor do bem do

espólio é de pequena monta (igual ou inferior a 2000 ORTN), conforme dispõe o art.

1036, do Código de Processo Civil (1973) - (LEITE, 2012).

A partir da aprovação da Lei no. 11441/2007, o arrolamento é um

procedimento cabível para a partilha de bens quando o inventário é feito via

Escritura Pública, porém, requer a assistência de um advogado no feito, conforme

instrui Vandeler Ferreira da Silva (2009, online):

Sendo o procedimento cabível de arrolamento, a partir do advento da Lei no. 11.441/2007, passou a ser possível efetuar a partilha dos bens, através de instrumento lavrado em cartório extrajudicial, sempre com a assistência de um advogado, sendo desnecessária a intervenção judicial. Neste particular, a vigência desta lei trouxe ganhos consideráveis na tramitação da partilha, contribuindo, inclusive, com o desafogamento do Judiciário.

No entanto, além do arrolamento, há maior celeridade, menor custo em

termos de procedimentos por não mais necessitar o arrolamento ou a feitura do

inventário via judicial.

[...] além da celeridade obtida, é o menor custo financeiro do procedimento, a ser assumido pelos sucessores, visto que desnecessária a abertura do arrolamento/inventário na esfera judicial. Isto decorre do fato de que os valores das custas extrajudiciais são sensivelmente inferiores às judiciais, mantidos os custos dos impostos devidos e dos honorários advocatícios (SILVA, 2009, online).

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A referida lei atualizou o art. 1031, do Código de Processo Civil (1973),

permanecendo o inventário por arrolamento sumário e o inventário por arrolamento

comum (art. 1036/CPC), sem imposição do rito extrajudicial.

2.12 SONEGADOS

De acordo com Eduardo de Oliveira Leite (2012), o termo “sonegado” refere-

se a tudo o que deveria entrar na partilha, porém, ciente e conscientemente foi

omitido na descrição dos bens pelo inventariante, não restituído pelo mesmo ou por

sucessor universal, ou doado a herdeiro e não trazido à colação pelo beneficiado

com a liberalidade devida, conforme preconiza a lei.

De acordo com o Código Civil (2002), art. 1992, os bens sonegados são

bens omitidos na descrição feita pelo inventariante, omitidos na colação, não

restituídos pelo beneficiado com a devida liberalidade. No entanto, há sanção para a

ocultação de bens por cumular um fato negativo a omissão de uma declaração,

quando não descrito no inventário. (DINIZ, 2008).

2.13 PAGAMENTO DE DÍVIDAS

A herança deixada pelo falecido é composta de ativo e passivo, aquele, por

sua vez, é composto por bens e créditos, este, por dívidas ou obrigações. O

sucessor da herança herda o ativo e o passivo. No entanto, o herdeiro não deve

pagar por quantia além do que lhe couber. Se um débito for maior que o crédito, ao

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herdeiro caberá a prova do excesso (art. 1972), devendo demonstrar o valor da

herança e o montante da dívida (CARVALHO, 2007).

Quando há inventário essa prova se torna desnecessária, pois a

documentação carreada nos autos é suficiente para esclarecer sobre o fato. A

relação de dívidas deve ser feita pelo inventariante, logo nas primeiras declarações.

Assim, o inventariante deve consignar as dívidas, indicando as datas, títulos, origem

da obrigação, bem como os nomes dos credores e dos devedores (NADER, 2008).

Para dívidas não reconhecidas ou inexatas em suas condições, cabível a

habilitação dos credores junto ao inventário. Entre as dívidas do espólio, o art. 1700

relaciona as provenientes de alimentos, cuja natureza, a partir do Código Civil (2002)

são transmitidas para os herdeiros (CARVALHO, 2007).

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3 DOS PROCEDIMENTOS DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL

Este capítulo tem como finalidade discorrer sobre os procedimentos

adotados para a realização do procedimento de Inventário Extrajudicial, quais são os

procedimentos do cidadão neste aspecto, obrigatoriedade da presença do advogado

para assistir às partes, discorrer sobre o sistema de avaliação de bens, sobre o

cálculo do imposto decorrente da abertura do inventário e seu encerramento.

3.1 DAS CONDIÇÕES PARA A REALIZAÇÃO

Carlos de Oliveira Leite (2012) afirma que o inventário extrajudicial somente

pode ser realizado se as partes forem todas maiores e capazes, se houver acordo

de partilha, se presente o advogado para assistir às partes e se não houver

testamento7.

3.2 DOS PROCEDIMENTOS DO CARTÓRIO E DO TABELIÃO

O Tabelião goza de amplitude interferencial para lavrar a Escritura de

Inventário e Partilha. Assim, nota-se então, que o legislador, por meio da Lei no.

7 Certidão de óbito do autor da herança (o falecido); documento de identidade oficial com

número de RG e CPF das partes e do autor da herança; certidões comprobatórias do vínculo de parentesco dos herdeiros (certidões de nascimento, casamento, óbito, etc.); escritura de pacto antenupcial e seu registro (no Registro de Imóveis), quando for o caso; certidão de propriedade expedida pelo Registro de Imóveis, dos bens imóveis, atualizada e não anterior à data do óbito; certidão ou documento oficial comprobatório do valor venal dos bens imóveis, relativo ao exercício do ano do óbito ou ao ano imediatamente seguinte deste; certidão negativa de tributos municipais que incidam sobre os bens imóveis do espólio; certidão negativa conjunta da Secretaria da Receita Federal (SRF) e Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN); documentos comprobatórios do domínio e valor dos bens móveis, se houver; documento de informação da inexistência de testamento; certidão de Regularidade do ITCMD; CCIR, DIAT e prova de quitação do imposto territorial rural, relativo aos últimos cinco anos, para bens imóveis rurais do espólio (ADVOCACIA CARRILO, 2012, online).

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11.441/07 depositou confiança e esperança nas mãos deste profissional ao delegar

atribuições para buscar caminhos alternativos, idôneos e viáveis às demandas da

sociedade brasileira, especialmente, nas questões que as afetem.

Desta forma, a Lei no. 11.441/07 valoriza o ofício de Tabelião e também o

estabelecimento notarial que a serviço do Estado, em âmbito privado, cuida dos

negócios deste, cujo interesse se legitima quando da execução de tarefas legais e

autênticas, mediante a imparcialidade, dando o melhor no momento de sua atuação

(PINHO, 2008).

3.3 DA OBRIGATORIEDADE DA PRESENÇA DE ADVOGADO

Carvalho e Carvalho (2007) afirmam que é fundamental a presença do

advogado para as partes, com reconhecimento de assinatura, para efetivamente

assistir aos contratantes, no sentido de verificarem a autenticidade e legalidade dos

acordos e zelar pelo seguimento dos requisitos presentes na lei, cuidando para que

as partilhas obedeçam à igualdade de direitos aos bens, alertando às partes sobre

as consequências de seus atos. Assim, considera a lei a presença do advogado

indispensável e sua ausência importa na nulidade do ato.

A Resolução n. 35 do Conselho Nacional de Justiça veda que o Tabelião

indique advogados às partes, recomendando-lhes que, se não se dispuser de

condições econômicas para contratar um profissional do Direito, recorra a

Defensoria Pública, na falta desse instrumento, que recorra a Seccional da Ordem

dos Advogados do Brasil (OAB) – (CAHALI et al., 2008).

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3.4 AVALIAÇÃO DE BENS

Entende-se que para evitar apuração administrativa pelo Fisco deve-se

promover prévia avaliação dos bens junto à administração fazendária e, em

concordância com os herdeiros, recolher o imposto de transmissão pelo valor

informado (CARVALO e CARVALHO, 2007).

No inventário judicial, uma vez ouvida as declarações e resolvidas questões

que suscitem dúvidas procede-se a avaliação dos bens, que deve ser feita por um

avaliador judicial, que acompanhe o preço médio de mercado. Bens que estiverem

situados foram da comarca do inventário serão efetuados mediante carta precatória,

salvo de for de pequeno valor ou conhecido pelo perito (PINHO, 2008).

No entanto, dispensa-se a avaliação caso as partes concordem com o valor

atribuído aos bens. Da mesma forma, não será questionado os valores atribuídos

pela Fazenda Pública, caso as partes concordem, ainda que superiores aos valores

informados pelo inventariante. Se as partes concordarem com a partilha pode ser

adotado arrolamento comum. Sendo assim, é possível afirmar que a avaliação

ocorre quando não existe consenso entre os herdeiros (CARVALHO e CARVALHO,

2007).

3.5 CÁLCULO E PAGAMENTO DE IMPOSTOS

De acordo com Sílvio Salvo Venosa (2012), o Código de Processo Civil

(1973), art. 1003 preconiza que superada a fase de impugnação, seja no inventário

judicial ou extrajudicial, em não havendo perito oficial ou contadores para a

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apuração dos haveres, passa-se para o cálculo do imposto, que deve corresponder

ao valor venal atribuído pelo Fisco.

De acordo com Michelle Heloize Akcel (2008, online):

O contribuinte deverá protocolizar pedido de cálculo do imposto, na Agência da Receita Estadual (ARE), em cuja circunscrição esteja compreendido o local onde será lavrada a Escritura Pública, instruído com a minuta da Escritura Pública do ato em questão e com os documentos que venham a facilitar a identificação e a valoração dos bens ou direitos. A Fazenda Pública deverá proceder à avaliação dos bens ou direitos, lavrando Laudo de Avaliação e Parecer de Incidência do ITCMD, ambos numerados, juntando-os ao procedimento fiscal. Também deverá ser elaborado o Laudo de Avaliação nas hipóteses em que o auditor fiscal acate total ou parcialmente os valores apresentados pela parte na minuta da Escritura Pública, não podendo a avaliação dos bens ou direitos, realizada pela Fazenda Pública, ser inferior aos valores atribuídos pela parte.

A causa mortis é fato gerador de imposto nas esfera estadual. Sendo assim,

nos casos de partilha extrajudicial, nas hipóteses da Lei nº. 11.441/07, o ITCMD

deverá ser pago antes da lavratura da Escritura Pública.

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CONCLUSÃO

Na vocação hereditária a causa mortis é elemento indispensável, um

antecedente lógico, ou seja, somente a morte fazer nascer o direito hereditário e

opera em substituição do falecido por seus sucessores a título universal nas

relações jurídicas em que aquele figurava.

O que se pode concluir é que as inovações trazidas pela Lei nº 11.441/2007

vêm ao encontro da chamada Reforma judiciária iniciada com a Emenda

Constitucional n. 45, que teve como fundamento proporcionar a plenitude do acesso

à justiça, aperfeiçoando o aparelho do Poder Judiciário, tornando-o mais célere às

questões sociais, no tocante ao inventário, partilha de bens, entre outros

procedimentos, considerando, especialmente, a morosidade da via judicial, como

única alternativa de acesso à justiça até então, sem contar os altos custos

envolvidos na antiga modalidade. No entanto, com a nova medida, os custos

baixaram, além de proporcionar desafogamento nas prateleiras dos Tribunais de

quase a totalidade de cidades brasileiras, cujo problema engessava o sistema e

também a sociedade.

O inventário extrajudicial vem a ser uma opção ofertada pela lei, porém, a lei

não impede que, por opção, seja escolhida a via judicial. No entanto, o inventário

extrajudicial dispensa a homologação judicial e mostra-se como título hábil para o

registro civil e o de imóveis, para a transferência de bens e direitos e promoção de

atos necessários à materialização de transferências, bens e levantamentos de

valores em bancos, Junta Comercial, entre outros órgãos. Se a eleição for a opção

extrajudicial o recolhimento dos tributos incidentes deve anteceder a lavratura da

Escritura Pública (Resolução no. 35/2007, art. 15, do CNJ).

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Finalmente, constatou-se que o valor dos emolumentos deve corresponder

aos efetivos custos e à adequada e suficiente remuneração dos serviços prestados,

em observância às regras previstas nos regimentos que normatizam a atividade

notarial.

O Tabelião deve fiscalizar o trâmite do inventário para que não haja fraude,

verificar se as multas e impostos estão todos pagos nos últimos cinco anos e, caso

venha constatar qualquer irregularidade ou fraude durante a realização da Escritura

Pública de Inventário ou Partilha, isto é, se todos os membros forem capazes,

houver a declaração de vontade, a existência de herdeiros interessados, as partes

estiverem assistidas por advogado, ainda assim, o Tabelião poderá recusar a

lavratura de Escritura Pública.

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REFERÊNCIAS

ACKEL Michelle Heloise. O ITCMD em inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual por via extrajudicial. Disponível em < http://www.parana-online.com.br/colunistas/237/47052/?postagem=O+ITCMD+EM+INVENTARIO+PARTILHA+SEPARACAO+CONSENSUAL+E+DIVORCIO+CONSENSUAL+POR+VIA+EXTRAJUDICIAL>. Acesso em 13 mar 2012.

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