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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS CCT DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PÓS-GRADUAÇÃO EM GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL JOSÉ WILLIAN MOREIRA LEITE ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE ADITIVO DE VALOR EM OBRAS PÚBLICAS JUAZEIRO DO NORTE CE 2017

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS – CCT

DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

PÓS-GRADUAÇÃO EM GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

JOSÉ WILLIAN MOREIRA LEITE

ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE ADITIVO DE VALOR EM OBRAS PÚBLICAS

JUAZEIRO DO NORTE – CE 2017

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JOSÉ WILLIAN MOREIRA LEITE

ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE ADITIVO DE VALOR EM OBRAS PÚBLICAS

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Regional do Cariri.

Orientador: Prof. MSc. Edgar Peixoto de Oliveira.

JUAZEIRO DO NORTE – CE 2017

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JOSÉ WILLIAN MOREIRA LEITE

ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE ADITIVO DE VALOR EM OBRAS PÚBLICAS

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Pós-

Graduação em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Regional do

Cariri

Monografia defendida e aprovada, em (___ / ___ / 2017), pela banca examinadora:

__________________________________________________

Profº.MSc. Edgar Peixoto de Oliveira

-ORIENTADOR-

_____________________________________________________________

Profª.

Examinador Interno

_____________________________________________________________

Prof.

Examinador Interno

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A Jesus A minha família.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela vida, persistência e sabedoria para trilhar os caminhos da vida.

A todas as pessoas que fazem parte da minha vida e que me ajudaram de

alguma forma.

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“Se os fatos não se encaixam na teoria modifique-os.” (Albert Einstein).

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RESUMO

As obras públicas têm caráter estratégico e sendo assim tem o objetivo de sanar as

necessidades de infraestrutura, que são comuns a determinadas áreas das diversas

comunidades do país. Tendo em vista o número significativo de obras de edificações

do Governo do Estado do Ceará no município do Crato nos últimos anos e sabendo

que é comum a questão dos aditivos de valores em obras públicas, seja em nível

federal, estadual ou municipal, resolveu-se fazer um estudo para definir a incidência

dos aditivos de valores, assim como, identificar os principais fatores que levam á

ocorrência de reajustes nos valores das obras e verificar a observância das regras

instituídas pelas lei 8.666/93. Para tanto foram feitas pesquisas no portal da

transparência e no Departamento de Arquitetura e Engenharia do estado do Ceará,

que é o órgão responsável por ser o interveniente técnico de tais obras. Foram

tabuladas as obras e realizadas as verificações de quais delas tiveram modificações

nos orçamentos, seja com repercussão financeira ou não. A partir dessas análises

chegou-se no percentual das obras que sofreram modificações no orçamento e

definiu-se quais são os fatores que provocam ajustes nos orçamentos dessas

construções.

Palavras-chave: Obras públicas. Construção civil. Lei 8.666/1993. Orçamento de

obras.

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ABSTRACT

Public works has a strategic character and thus are aimed at healing problems that are

common to certain areas of the country’s diverse communities. Considering the

significant number of works of the state government of Crato in the area civil

construction, in recent years and knowing that it is historic the issue of value additives

in government works, whether at federal, state of municipal level, solved to make a

study to reach the percentage of the value additives, as well as to identify the main

factors that lead to the occurrence of readjustments in the values of the works and

verify compliance with the rules established by law 8.666/93. For the purpose, we

search the transparency portal and the architecture and engineering department,

which is body responsible for being the technical actor such works. Tabulated the

works and check have been carried out modifications in the budgets, whether with

financial repercussion or not. From these analyzes arrived at the percentage of the

works that underwent modifications in the budget and we defined what were the factors

that caused adjustments in the budgets of these constructions.

Keywords: Public works. Construction. Law 8.666/93. Budgets of works.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01- Fluxograma de procedimentos………………………………………………………………….14

Figura 02- Curva ABC…………………………………………………………………………………………34

Figura 03- Procedimentos para efetivação do termo aditivo……………………………………………..38

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 10

1.1 Motivação da pesquisa ............................................................................ 12

1.2 Objetivo ..................................................................................................... 12

1.2.1 Objetivo geral .................................................................................... 12

1.2.2 Objetivo específico ............................................................................ 12

1.3 Divisão do trabalho .................................................................................. 13

2 LICITAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS ......................................................... 14

2.1 Critérios estabelecidos pela lei 8.666/93 ................................................ 19

2.2 Orçameto de obras ................................................................................... 29

2.3 Compatibilização de projetos .................................................................. 36

2.4 Replanilhamento ....................................................................................... 37

2.5 Aditivo ....................................................................................................... 38

3 LEVANTAMENTO DAS OBRAS ESTUDADAS ........................................ 41

3.1 Caracterização das obras ........................................................................ 41

3.2 Levantamento das obras ......................................................................... 43

3.3 Repercusão financeira das obras ........................................................... 45

3.4 Resultados e discussões ......................................................................... 46

4 FATORES INTERVENIENTES .................................................................. 49

4.1 Planejamento/gerenciamento visando mitigar os problemas relatados

.....................................................................................................................50

5 CONCLUSÃO ............................................................................................ 52

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 54

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1 INTRODUÇÃO

O crescimento de um estado, assim como de um país, está intimamente ligado

a investimentos em obras feitas pelo poder público, sendo meio importante de

geração de emprego e renda, além do que, esses projetos têm caráter estratégico,

atendendo necessidades básicas da população do seu entorno.

Orçamento público é uma ferramenta de controle contábil-jurídico utilizado para

acompanhar as aplicações advindas dos tributos. Parte desses valores são utilizados

para aplicações de obras estruturantes que visam segundo o planejamento melhorar

as condições de vida da população. Orçamento faz parte do planejamento do

governo, porque através dele são definidas as prioridades e a partir disso são

montadas as estratégias para a concretização das ações que requerem dinheiro para

serem implantadas. Em se tratando de coisa pública, a escolha da proposta mais

vantajosa de orçamento para execução dos diversos serviços se dar por meio de

licitações.

No gerenciamento do orçamento público, podem haver eventualidades fazendo

com que o orçamento seja readequado para se compatibilizar com a situação real do

local onde o serviço será concretizada.

O processo licitatório pode ser definido como sendo o procedimento

administrativo no qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa

para o contrato de seu interesse. Como procedimento, desenvolve-se através de uma

sucessão ordenada de atos vinculantes para a Administração e para os licitantes, o

que propicia igual oportunidades a todos os interessados e atua como fator de

eficiência e moralidade nos negócios administrativos (MEIRELLES, 2007).

De acordo com a lei 8666/93, que institui normas para licitações e contratos da

administração pública, as obras públicas são definidas como sendo “qualquer

construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação do bem público”. Esse

serviço pode ser realizado de forma direta quando o próprio órgão público executa ou

indireta quando a obra é executada por empresa particular que ganha o direito de

fazer a obra, desta segunda maneira a obra é feita pela contratação de terceiros por

meio de licitação. Esse contrato pode ser feito sob regime de empreitada por preço

global, quando se acerta a obra por preço total; empreitada por preço unitário quando

se acerta a obra colocando preço em cada tipo de serviço que compõe a obra; tarefa,

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quando se ajusta o preço da mão de obra de alguns serviços e empreitada integral

quando se contrata os serviços de forma total, inclusive os equipamentos, pronto para

ser utilizado.

Essa mesma lei regulamenta a elaboração das licitações definindo as etapas

que devem ser seguidas para que o processo licitatório seja consolidado. No caso

das licitações para a execução de obras, deverá ser exigido o projeto básico que é

aquele com grau de detalhamento suficiente para caracterizar a obra. Na sequência

deverá ser elaborado o projeto executivo que é aquele com grau de detalhamento

suficiente para executar toda a obra e por fim, a execução da obra, devendo cada

etapa ser concluída para que possa ser iniciada a seguinte, podendo o projeto

executivo ser elaborado concomitantemente à execução da obra, desde que,

autorizado pela administração. As licitações de obras ou serviços só poderão ocorrer

se houver:

projeto básico, aprovado pela autoridade competente;

planilha orçamentária detalhada;

previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento

das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem

executados no exercício financeiro em curso.

Essa lei expõe a obrigatoriedade da Administração Pública de utilizar licitação,

conforme afirma Paiva (2010): “As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,

alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando

contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação,

ressalvadas as hipóteses previstas em Lei”.

Como é comum surgir diferenças entre o que é planejado e o que é executado,

por conta de situações reais que não podem ser previstas na fase de planejamento,

a lei de licitações já fixa uma margem de 25% de aditivo de acréscimo ou decréscimo

para a construção de obras, podendo chegar a 50% no caso de reformas, onde as

incertezas são ainda maiores.

Falta de projeto, de planejamento, de zelo com o patrimônio ou simplesmente

má-fé dos gestores. Para membros de órgãos de controle e especialistas, em uma

dessas hipóteses, ou na combinação de mais de uma delas, estará a resposta para o

frequente aumento de custo, muitas vezes abusivo, das obras tocadas pelo poder

público provocado pelos chamados aditivos contratuais. Previstos na Lei de Licitações

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para cobrir imprevisibilidade, os aditamentos de contrato praticamente viraram regra,

como será visto posteriormente.

Esse trabalho visa fazer uma análise da ocorrência dos ajustes de valores nas

obras públicas que foram executadas na cidade do Crato, no período de 2010 a 2016,

e identificar quais os fatores que motivaram a necessidade desses aditivos.

1.1 Motivação da pesquisa

Como é noticiado nos meios de comunicação a ocorrência de alteração nos

custos das obras públicas ao longo da sua execução deve-se a deficiência do

planejamento dos órgãos executivos do poder público. Sabe-se que existe um grande

número dessas obras, devido à sua elevada importância para a sociedade, decidiu-se

fazer uma análise das obras públicas de edificações do estado do Ceará no município

do Crato, ocorridas no período de 2010 a 2016, para verificar qual a dinâmica de tais

obras no que diz respeito à variação dos seus custos desde a licitação até a sua

conclusão.

1.2 Objetivos

1.2.1 Geral

Analisar os aditivos de valores que ocorreram nas obras de edificações do

Governo do estado do Ceará, executadas no município do Crato, no período de 2010

a 2016.

1.2.2 Específicos

Para alcançar o objetivo geral do trabalho, foram definidos os seguintes

objetivos específicos:

Verificar a observância dos critérios estabelecidos na lei 8.666/93.

Identificar o percentual de obras públicas de edificações ocorridas

no município do Crato - CE que sofreram ajustes de valores nos

orçamentos licitados;

Definir quais os fatores intervenientes que fizeram com que

ocorressem tais aditivos;

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1.3 Divisão do trabalho

O trabalho está estruturado em cinco capítulos, conforme descritos a

seguir.

Capítulo 1: Este capítulo traz a introdução do trabalho, a motivação que

levou a fazer a pesquisa, seus objetivos e a estrutura do mesmo;

Capítulo 2: Neste capítulo foram abordadas as características gerais

que norteiam as licitações de obras públicas, através da revisão de

literatura;

Capítulo 3: Aqui está descrita a metodologia utilizada na elaboração

deste trabalho;

Capítulo 4: Já neste capítulo foi realizado o levantamento das obras,

verificado o comportamento dos orçamentos de cada uma delas,

analisando a ocorrência de aditivo de valor;

Capítulo 5: Neste tópico são apresentados os resultados e discussões.

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2 LICITAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS

Como esse trabalho trata de obras públicas foi feito um estudo dos temas

necessários para o melhor embasamento da pesquisa, buscando um maior

entendimento de como se dá todo o processo, desde o início da licitação até a

finalização da obra.

Licitação é o processo administrativo responsável pela escolha da empresa apta

a ser contratada pela administração pública para o fornecimento de seus produtos e /

ou serviços. Ela ainda pode ser definida como procedimento administrativo mediante

o qual a administração pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato

de seu interesse. Sendo constituída de uma sucessão ordenada de atos vinculantes

para a administração e para os licitantes, o que propicia igual oportunidade a todos os

interessados e atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios

administrativos (PAIVA, 2010).

Para a execução de obra pública o gestor tem que seguir alguns passos que são

fundamentais para o correto andamento da obra, indo desde a sua concepção até a

conclusão do projeto. O TCU definiu no seu manual de obras públicas

(Recomendações Básicas para a Contratação e Fiscalização de Obras de Edificações

Públicas) de 2009, as etapas a serem percorridas para a correta execução indireta

das obras públicas.

Figura 01 - Fluxograma de procedimento Fonte: TCU (2009)

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Fazendo o detalhamento das fases da licitação, ainda de acordo com o manual

de obra públicas do TCU de 2009, tem-se:

a) Fase preliminar de Licitação- é uma fase fundamental na tomada de decisão, no

entanto na maioria das vezes ela é negligenciada. Nessa fase deve-se identificar

as necessidades, fazer a estimativa dos recursos e definir a melhor opção para

atender as necessidades da sociedade do entorno. Para tanto, deve-se fazer o

programa de necessidade, estudo de viabilidade e o anteprojeto. Segue abaixo as

definições contida no manual do TCU (2009).

Programa de necessidades, TCU (2009, p.11)

“Antes de iniciar o empreendimento, o órgão deve levantar suas principais necessidades, definindo o universo de ações e empreendimentos que deverão ser relacionados para estudos de viabilidade. Esse é o programa de necessidades. Em seguida, é necessário que a Administração estabeleça as características básicas de cada empreendimento, tais como: fim a que se destina, futuros usuários, dimensões, padrão de acabamento pretendido, equipamentos e mobiliários a serem utilizados, entre outros aspectos. Deve-se considerar, também, a área de influência de cada empreendimento, levando em conta a população e a região a serem beneficiadas. Do mesmo modo, precisam ser observadas as restrições legais e sociais relacionadas com o empreendimento em questão, isto é, deve ser cumprido o Código de Obras Municipal”.

Estudos de viabilidade, TCU (2009, p.11)

“Os estudos de viabilidade objetivam eleger o empreendimento que melhor responda ao programa de necessidades, sob os aspectos técnico, ambiental e socioeconômico. No aspecto técnico, devem ser avaliadas as alternativas para a implantação do projeto. A avaliação ambiental envolve o exame preliminar do impacto ambiental do empreendimento, de forma a promover a perfeita adequação da obra com o meio ambiente. A análise socioeconômica, por sua vez, inclui o exame das melhorias e possíveis malefícios advindos da implantação da obra. Durante esta etapa, deve ser promovida a avaliação expedita do custo de cada possível alternativa. Uma das maneiras para isso é multiplicar o custo por metro quadrado, obtido em revistas especializadas em função do tipo de obra, pela estimativa da área equivalente de construção, calculada de acordo com a NBR 12.721/1993 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Obtém-se, assim, uma ordem de grandeza do orçamento referente a cada empreendimento, para se estimar a dotação orçamentária necessária. Nessa etapa, ainda não é possível a definição precisa dos custos envolvidos na realização da obra, mas é preciso obter uma noção adequada dos valores envolvidos, que é fundamental para priorizar as propostas. Em seguida, deve-se verificar a relação custo/benefício de cada obra, levando em consideração a compatibilidade entre os recursos disponíveis e as necessidades da população do município. Concluídos os estudos e selecionada a alternativa, deve-se preparar relatório com a descrição e avaliação da opção selecionada, suas características principais, os critérios, índices e parâmetros empregados na sua definição, demandas que serão atendidas com a execução, e pré-dimensionamento dos elementos, isto é, estimativa do tamanho de seus componentes”.

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Anteprojeto, TCU (2009, p.12)

“Após a escolha do empreendimento a ser realizado, pode ser necessária a elaboração de anteprojeto, que não se confunde com o projeto básico da licitação. O anteprojeto deve ser elaborado no caso de obras de maior porte e consiste na representação técnica da opção aprovada na etapa anterior. Deve apresentar os principais elementos – plantas baixas, cortes e fachadas – de arquitetura, da estrutura e das instalações em geral do empreendimento, além de determinar o padrão de acabamento e o custo médio. O anteprojeto não é suficiente para licitar, pois ele não possui elementos para a perfeita caracterização da obra, pela ausência de alguns estudos que somente serão conduzidos nas próximas fases. Ele apenas possibilita melhor definição e conhecimento do empreendimento, bem como o estabelecimento das diretrizes a serem seguidas quando da contratação do projeto básico. A documentação gerada nesta etapa deve fazer parte do processo licitatório”.

b) Fase interna da Licitação-definido a obra, é relevante começar os preparativos

para a contratação, que deve ocorrer através da licitação. A fase interna da licitação com as etapas preparatórias para a publicação do edital. São apresentados abaixo essas etapas segundo o TCU (2009). Projeto básico, TCU (2009, p.13)

“O projeto básico é o elemento mais importante na execução de obra pública. Falhas em sua definição ou constituição podem dificultar a obtenção do resultado almejado pela Administração. O projeto básico deve ser elaborado anteriormente à licitação e receber a aprovação formal da autoridade competente4. Ele deve abranger toda a obra e possuir os requisitos estabelecidos pela Lei das Licitações5: • possuir os elementos necessários e suficientes para definir e caracterizar o objeto a ser contratado; • ter nível de precisão adequado; • ser elaborado com base nos estudos técnicos preliminares que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento; • possibilitar a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos executivos e do prazo de execução. O Estatuto das Licitações determina, ainda, que o projeto básico contenha, entre outros aspectos: • a identificação clara de todos os elementos constitutivos do empreendimento; • as soluções técnicas globais e localizadas; • a identificação e especificações de todos os serviços, materiais e equipamentos a incorporar à obra; • orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados. É importante lembrar que a inconsistência ou inexistência dos elementos que devem compor o projeto básico poderá ocasionar problemas futuros de significativa magnitude, tais como: • falta de efetividade ou alta relação custo/benefício do empreendimento, devido à inexistência de estudo de viabilidade adequado; • alterações de especificações técnicas, em razão da falta de estudos geotécnicos ou ambientais adequados; • utilização de materiais inadequados, por deficiências das especificações; • alterações contratuais em função da insuficiência ou inadequação das plantas e especificações técnicas, envolvendo negociação de preços. Essas consequências podem acabar por frustrar o procedimento licitatório, dadas as diferenças entre o objeto licitado e o que será efetivamente

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executado, e levar à responsabilização daqueles que aprovaram o projeto básico que se apresentou inadequado”.

Projeto executivo, TCU (2009, p.26) “Após a elaboração do projeto básico, a Administração deve providenciar o projeto executivo, que apresentará os elementos necessários à realização do empreendimento com nível máximo de detalhamento de todas as suas etapas. Para a execução desse projeto, deve-se ter pleno conhecimento da área em que a obra será executada e de todos os fatores específicos necessários à atividade de execução. A Lei nº 8.666/1993 estabelece que o projeto executivo seja elaborado após a conclusão do projeto básico e previamente à execução da obra, mas, excepcionalmente, permite que ele seja desenvolvido concomitantemente à realização do empreendimento. Nesse caso, deve haver a autorização expressa da Administração. É importante salientar, entretanto, que, caso a Administração decida licitar com utilização do projeto básico, esse deve corresponder exatamente ao que determina o art. 6º, inciso IX, da Lei das Licitações. Deve ser, portanto, completo, adequado e suficiente para permitir a elaboração das propostas das empresas interessadas no certame licitatório e a escolha da proposta mais vantajosa para a Administração”.

Recursos orçamentários, TCU (2009, p.26) “É fundamental que o órgão contratante preveja os recursos orçamentários específicos que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executados no curso do exercício financeiro, de acordo com o cronograma físico-financeiro presente no projeto básico. No caso de empreendimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro, a Administração não poderá iniciá-lo sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade. Além disso, somente podem ser autorizados serviços para os quais existam os créditos orçamentários correspondentes, devidamente empenhados, em conformidade com os arts. 58, 59 (caput) e 60 (caput) da Lei nº 4.320/1964”.

Edital de licitação, TCU (2009, p.27)

“O edital de licitação é o documento que contém as determinações e posturas específicas para determinado procedimento licitatório, obedece à legislação em vigor. O art. 40 da Lei nº 8.666/1993 relaciona os elementos e as informações que devem constar deste documento. Além disso, o TCU vem formulando determinações para que o edital de licitação exija que as empresas licitantes apresentem: • composições unitárias dos custos dos serviços de todos os itens da planilha orçamentária; • composição da taxa de BDI; • composição dos encargos sociais. As informações contidas no edital devem ser perfeitamente estudadas e justificadas, pois, alterações posteriores à sua publicação exigirão ampliação dos prazos, de forma a permitir que os licitantes façam os devidos ajustes em suas propostas. Além disso, é fundamental que a documentação e os aspectos concernentes ao processo de licitação sofram análise bastante criteriosa, visto que decisões tomadas nessa fase influenciarão em muito o modo de conduzir o empreendimento até sua conclusão.

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O edital deve ser elaborado de modo a afastar as empresas sem condições técnicas e financeiras de executar a obra, mas evitar restringir o número de concorrentes. É importante observar que a minuta do edital de licitação, bem como as do contrato, acordo, convênio ou ajuste, devem ser previamente examinadas e aprovadas pela assessoria jurídica da Administração”.

c) Fase externa da Licitação-esta fase é importante, pois inicia com a divulgação do edital e termina com a assinatura do contrato realizada pela empresa ganhadora da licitação. Abaixo são apresentadas as etapas dessa fase.

Publicação do edital, TCU (2009, p.35)

“Para atender ao princípio da publicidade e com o objetivo de alcançar o maior número de licitantes, a Lei das Licitações estabelece a necessidade de publicação de avisos com o resumo dos editais das concorrências, tomadas de preços, concursos e leilões, com antecedência, no local do órgão interessado e, pelo menos por uma vez: • no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por instituições federais; • no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal, quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal; • em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal de circulação no Município ou na região onde será realizada a obra. Dependendo do vulto da licitação, a Administração pode utilizar-se de outros meios de divulgação com o objetivo de ampliar a área de competição. No caso dos convites, a Administração deve afixar, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório”.

Comissão de licitação, TCU (2009, p.35)

“A Comissão de Licitação tem como objetivo promover o processo licitatório em todas as suas fases, elaborando, publicando e divulgando o edital de licitação, prestando esclarecimentos aos licitantes, recebendo e analisando as propostas. Ela pode ser permanente ou especial, mas deve ser composta por, no mínimo, três membros, sendo pelo menos dois deles servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes do órgão responsável pela licitação. No caso de convite, a comissão poderá, excepcionalmente, ser substituída por servidor formalmente designado pela autoridade competente. A participação de cada membro de Comissão Permanente não excederá a um ano, sendo vedada a recondução da totalidade de seus membros para a mesma comissão no período subsequente. Os membros das comissões de licitação responderão solidariamente por todos os atos praticados pela comissão, salvo se posição individual divergente estiver devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão”.

Recebimento das propostas, TCU (2009, p.36)

O § 2º do art. 21 da Lei das Licitações estabelece os prazos mínimos para o recebimento das propostas dos licitantes:

concorrência com prazo de 45 dias;

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tomada de preços com prazo de 30 dias; convite com prazo de 5 dias úteis; concurso com prazo de 45 dias; leilão com prazo de 15 dias.

É importante lembrar que alterações posteriores à publicação do edital exigirão ampliação nos prazos para que os licitantes possam fazer os devidos ajustes em suas propostas.

d) Fase contratual-vai desde a assinatura de contrato, passando pela ordem de serviço e vai até o recebimento da obra.

Contrato, TCU (2009, p.40)

Considera-se contrato administrativo todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada. Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas que definam os direitos, obrigações e responsabilidades das partes, em conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se vinculam.

Fiscalização da obra, TCU (2009, p.47)

“Fiscalização é a atividade que deve ser realizada de modo sistemático pelo contratante e seus prepostos, com a finalidade de verificar o cumprimento das disposições contratuais, técnicas e administrativas em todos os seus aspectos. O contratante manterá, desde o início dos serviços até o recebimento definitivo, profissional ou equipe de fiscalização constituída de profissionais habilitados, os quais deverão ter experiência técnica necessária ao acompanhamento e controle dos serviços relacionados com o tipo de obra que está sendo executada. Os fiscais poderão ser servidores do órgão da Administração ou pessoas contratadas para esse fim. No caso da contratação da fiscalização, supervisão ou gerenciamento da execução da obra, essas atividades podem ser incluídas no edital de elaboração do projeto básico77. A empresa contratada para execução da obra deve facilitar, por todos os meios ao seu alcance, a ação da fiscalização, permitir o amplo acesso aos serviços em execução e atender prontamente às solicitações que lhe forem dirigidas”.

Recebimento da obra, TCU (2009, p.48)

“Após a execução do contrato, a obra será recebida provisoriamente pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, no prazo de até quinze dias da comunicação escrita do contratado de que a obra foi encerrada. Após o recebimento provisório, o servidor ou comissão designada pela autoridade competente, receberá definitivamente a obra, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso de prazo de observação hábil, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, ficando o contratado obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados.

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Previamente ao recebimento da obra, a empresa responsável por sua execução deve providenciar as ligações definitivas das utilidades previstas no projeto – água, esgoto, gás, energia elétrica e telefone. Está também a seu cargo o agendamento, junto aos órgãos federais, estaduais e municipais e concessionárias de serviços públicos, de vistoria com vistas à obtenção de licenças e regularização dos serviços e obras concluídos – Habite-se, Licença Ambiental de Operação, etc. Conforme estipulado no edital de licitação e no contrato, o contratado deverá entregar o as built da obra, a fim de subsidiar futuras intervenções a título de manutenção ou reformas. A Administração rejeitará, no todo ou em parte, obra ou serviço executado em desacordo com o contrato e com a legislação pertinente”.

e) Fase posterior à contratação-depois de ser dado o recebimento definitivo por parte da fiscalização dá-se a utilização do equipamento, na qual é realizada a sua operação e é feita a programação de manutenção para garantir a vida útil previsto no projeto. As etapas a seguir descrevem essa fase.

Operação-após o recebimento definitivo da obra, inicia-se a operação dos equipamentos utilizando para os fins previstos na concepção do projeto. Durante a operação são feitas as manutenções necessárias para garantir o bom funcionamento do empreendimento executado.

Manutenção, TCU (2009, p.50)

“Iniciada a utilização do empreendimento, devem ser realizadas atividades técnicas e administrativas destinadas a preservar as características de desempenho técnico dos seus componentes e/ou sistemas. A manutenção preventiva consiste nas atividades executadas antes da ocorrência de problema. A corretiva, por sua vez, somente é realizada após o aparecimento de alguma falha. Idealmente, todo órgão público deve possuir um Programa de Manutenção, que é um conjunto de inspeções periódicas realizado com vistas a evitar o surgimento de problemas. Esse programa deve ser montado em função dos componentes do empreendimento e sempre deve seguir a orientação técnica dos fabricantes e fornecedores dos materiais e equipamentos instalados”.

2.1 Critérios estabelecidos pela lei 8.666/93

A contratação de agente para a execução de obra pública se dá por meio de

licitação, desde a Constituição de 1988. Em 1993 entrou em vigor a lei nº 8.666, que

regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, que institui normas para

licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.

De acordo com o artigo 3º da lei de licitações, todo processo licitatório deve ser

pautado em alguns princípios básicos que são: legalidade, impessoalidade,

moralidade, igualdade, publicidade, probidade administrativa, vinculação ao

instrumento convocatório, julgamento objetivo e dos que lhe são correlatos.

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Segue abaixo uma explicação para cada um dos princípios mencionados

visando um melhor entendimento do significado, segundo Antunes (2012).

a) Legalidade - Este princípio faz com que todo o procedimento

licitatório esteja vinculado à lei, com fiel observância a esta. Se for violado

qualquer mandamento legal, em qualquer fase do processo licitatório, o

procedimento todo será invalidado. Assim explica Figueiredo (2004, p. 42): “o

princípio da legalidade surge como conquista do Estado de Direito, a fim de que

os cidadãos não sejam obrigados a se submeter ao abuso de poder”.

b) Impessoalidade - De acordo com este princípio, todos devem ser

tratados em igualdade, não podendo a administração levar em consideração

as condições particulares do licitante ou alguma vantagem que ele possa

ofertar.

c) Moralidade - O presente princípio enfatiza que todo o certame

licitatório deve estar pautado em conformidade com a ética e a moral, não

sendo admissível qualquer ato decorrente desta em desconformidade com os

presentes preceitos. Percebe-se que o administrador público deve estar

sempre atento aos preceitos morais e da razoabilidade, pois a não observância

deste dispositivo constitucional poderá acarretar ao mesmo, severas sanções

administrativas. É solidez que elucida Mello (2006, p.501):

“O princípio da moralidade significa que o procedimento licitatório terá de se desenrolar na conformidade de padrões éticos prezáveis, o que impõe, para Administração e licitantes, um comportamento escorreito, liso, honesto, de parte a parte”.

d) Igualdade - Este princípio é um dos alicerces da licitação, pois

veda aos agentes públicos incluírem cláusulas ou condições que frustrem ou

restrinjam o caráter competitivo ou que estabeleçam preferências ou distinções

entre os licitantes. Portanto, o administrador deve tratar igualmente todos os

licitantes em todas as fases do procedimento e na escolha da melhor proposta.

e) Publicidade - Os atos e termos da licitação devem ser públicos,

no sentido de que todos os interessados tenham assegurado o direito de

conhecê-los e de fiscalizar sua própria legalidade. Trata a lei nº. 8.666/93, em

seu artigo 3º, parágrafo 3º que “a licitação não será sigilosa, sendo públicos e

acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quando ao conteúdo

das propostas, até a respectiva abertura” (BRASIL, 1993). É o dever conferido

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à Administração de manter plena transparência de todos os seus

comportamentos, bem como a obrigação de oferecer, desde que solicitadas,

todas as informações armazenadas em seu banco de dados. Verifica-se

fundamental a observância deste princípio em um certame licitatório. Dispor

aos interessados todos os episódios do feito é incumbência do administrador

público, e garante ao mesmo que outros preceitos fundamentais ao certame

não sejam questionados.

f) Probidade Administrativa - É sabido que o agente público

executa suas funções com extrema retidão. Deve a administração zelar pelos

bons costumes e a equidade, e como consequência, terá seus pilares fixados

em uma administração de excelência. Deve o agente primar pela transparência,

eficiência e precisão, almejando o crescimento e qualificando a cada dia suas

funções. Quando não age de acordo com as normas da moral e dos bons

costumes, violam-se princípios inerentes à administração pública, resultando

atos de improbidade administrativa. O ‘não agir’ em sintonia com a moralidade

administrativa, gera prejuízos ao Erário e frustra a licitude do procedimento

licitatório. Deve ser, portanto, clara e nítida a conduta do agente administrador

público.

g) Vinculação ao Instrumento Convocatório - De acordo com este

princípio, a Administração Pública está obrigada a observar todas as regras

previstas para o procedimento licitatório. Este afirma que o edital é a lei da

licitação, e a não observância remete à nulidade do certame. Deve-se cumprir

com fiel observância o disposto em edital, pois a não observância atenta do

mesmo pode gerar danos aos participantes interessados ou à administração.

h) Julgamento Objetivo - O julgamento da proposta será objetivo,

devendo a Comissão de Licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em

conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos

no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos,

de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de

controle. Este princípio, como se pode observar, visa afastar critérios subjetivos

no julgamento das propostas, pois o administrador tem a obrigação de fixar

entre os critérios previstos na lei aquele de natureza objetiva que melhor se

adapte à situação em concreto.

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As licitações são divididas em algumas modalidades que tratam o artigo 22

da lei 8.666/93, que são: concorrência, tomada de preço, convite, concurso e leilão,

conforme descritas a seguir.

a) Concorrência - modalidade de licitação entre quaisquer

interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir

os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu

objeto.

b) Tomada de preço - modalidade de licitação entre interessados

devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas

para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das

propostas, observada a necessária qualificação.

c) Convite - modalidade de licitação entre interessados do ramo

pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em

número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local

apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais

interessados na correspondente especialidade que manifestarem interesse,

com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das

propostas.

d) Concurso - modalidade de licitação entre quaisquer interessados

para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição

de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de

edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta

e cinco) dias.

e) Leilão - modalidade de licitação entre quaisquer interessados

para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos

legalmente apreendidos ou penhorados, ou imóveis públicos onde a aquisição

se deu por meio de ação judicial ou dação em pagamento, a quem oferecer o

maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

Os tipos de licitação previsto na lei de acordo com MATTOS (2006, p.269),

exceto para a modalidade de concurso são:

a) menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais

vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que

apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e

ofertar o menor preço. Se houver empate no menor preço, não pode jogar fora

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os outros critérios para desempate. É vedado, por exemplo, comparar as

qualidades ou durabilidades entre os parâmetros. Persistindo o empate,

estabelece que a preferência seja dada a empresa brasileira ou será realizado

um sorteio;

b) melhor técnica-é aplicado a partir do momento que o bem ou

serviço de engenharia a ser adquirido pelo órgão público é específico demais para ser

avaliado apenas por menor preço. Por exemplo pode-se citar os trabalhos intelectuais,

como a contratação para desenvolver algum programa de computador para um

determinado órgão. Nesse caso, utiliza-se o tipo de licitação melhor técnica. A opção

se dará através da análise das técnicas apresentadas. Entretanto, se o ganhador não

for o de menor preço, o órgão dará uma chance para o licitante baixar a proposta para

o menor valor. Caso não aceite, o segundo lugar será convocado a cobrir a proposta

do primeiro, e assim seguidamente;

c) técnica e preço- este tipo de licitação é uma combinação. Cada

proposta será analisada de forma conjunta, adotando-se como nota final a média

ponderada das valorizações das propostas técnicas e de preço, segundo os critérios

do edital. Como exemplo de licitação para esse tipo, tem-se a contratação de bens e

serviços de informática, na qual a Administração adotará compulsoriamente o tipo

“técnica e preço”. Ainda poderão ser usados quando for em execução de obras ou

prestação de serviços de grandes vultos, quando esses requererem obrigatoriamente

tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito, confirmadas através de

autoridades técnicas reconhecidamente qualificadas.

d) maior lance ou oferta-nos casos de alienação de bens ou

concessão de direito real de uso.É usado praticamente nos leilões públicos. É

aplicado quando o governo quer alienar algum objeto ou outorgar a concessão

de um serviço. Os procedimentos desse tipo de licitação é semelhante a de

menor preço, a única diferença consiste em que o vencedor é aquele que

ofertar o maior valor.

Além das modalidades e dos tipos de licitação, a lei 8.666/93 apresenta alguns

critérios que balizam o processo licitatório:

No artigo 3º, inciso II, a lei estabelece os seguintes critérios.

§ 2º Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços: I - (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010) II - produzidos no País; III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.

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IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015).

Observa-se que os critérios de desempate são aplicados seguidamente, primeiro

dar-se preferência aos bens e serviços produzidos no País (inciso I) e, caso nenhuma

empresa atenda a esse critério, passe-se a dar preferência aos produtos fabricados

ou prestados por empresas brasileiras (inciso II), e assim sucessivamente, até o inciso

V. Por último, se nenhum desses critérios for atendido, usa-se o sorteio estabelecido

em lei para definir o ganhador.

A lei também estabelece critérios para escolha de produtos, como definido no

inciso VI, do artigo 3º:

§ 6º A margem de preferência de que trata o § 5o será estabelecida com base em estudos revistos periodicamente, em prazo não superior a 5 (cinco) anos,

que levem em consideração: (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010).

I - geração de emprego e renda; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais e municipais; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) IV - custo adicional dos produtos e serviços; e (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) V - em suas revisões, análise retrospectiva de resultados. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)

O inciso V do artigo 3º, da definição da preferência para produtos manufaturados

e serviços nacionais que atendam as normas técnicas brasileiras, logo justifica

apresentação acima dos critérios do inciso VI.

Nos casos as quantidades a serem adquiridas ou serem contratadas, cuja sua

capacidade produtiva não atendam às necessidades do país, pode-se contratar os

serviços de empresa estrangeira.

No critério produzido pela lei de licitação, o inciso XI do artigo 3º, compreende:

§ 11. Os editais de licitação para a contratação de bens, serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa da autoridade competente, exigir que o contratado promova, em favor de órgão ou entidade integrante da administração pública ou daqueles por ela indicados a partir de processo isonômico, medidas de compensação comercial, industrial, tecnológica ou acesso a condições vantajosas de financiamento, cumulativamente ou não, na forma estabelecida pelo Poder Executivo federal.

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Pode-se citar como medidas de compensação exigidas do contratado:

transferência de tecnologia, treinamento de recursos humanos e investimento

financeiro em capacitação industrial e tecnológica.

No artigo 5º, apresenta-se as seguintes condições pecuniárias que validam a

licitação:

Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados nas licitações terão como expressão monetária a moeda corrente nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei, devendo cada unidade da Administração, no pagamento das obrigações relativas ao fornecimento de bens, locações, realização de obras e prestação de serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas exigibilidades, salvo quando presentes relevantes razões de interesse público e mediante prévia justificativa da autoridade competente, devidamente publicada.

Observação: Nas licitações internacionais, os valores poderão em moeda

estrangeira (ver art.42).

Esse artigo 5º, tem como incisos:

§ 1º Os créditos a que se refere este artigo terão seus valores corrigidos por critérios previstos no ato convocatório e que lhes preservem o valor. § 2º A correção de que trata o parágrafo anterior cujo pagamento será feito junto com o principal, correrá à conta das mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos créditos a que se referem. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 3º Observados o disposto no caput, os pagamentos decorrentes de despesas cujos valores não ultrapassem o limite de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do que dispõe seu parágrafo único, deverão ser efetuados no prazo de até 5 (cinco) dias úteis, contados da apresentação da fatura. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)

Na seção III que se trata de obras e serviços, no seu artigo 7º da lei, são

estabelecidos as condições para que a licitação:

Art. 7º As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte sequência: I - projeto básico; II - projeto executivo; III - execução das obras e serviços.

Os projetos básicos e executivos são compulsórios para licitações de obras e

serviços de engenharia realizadas nas modalidades concorrência, tomada de preços

e convite, mas não para adquirir bens.

Ainda nesse Artigo 7º, são mostrados incisos referente as condições para

participar de licitação de serviços e obras de engenharia:

§ 1º A execução de cada etapa será obrigatoriamente precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade competente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à exceção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvolvido concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde que também autorizado pela Administração.

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§ 2o As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando: I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para exame dos interessados em participar do processo licitatório; II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários; III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma; IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso. § 3º É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção de recursos financeiros para sua execução, qualquer que seja a sua origem, exceto nos casos de empreendimentos executados e explorados sob o regime de concessão, nos termos da legislação específica. § 4º É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, de fornecimento de materiais e serviços sem previsão de quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às previsões reais do projeto básico ou executivo. § 5º É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime de administração contratada, previsto e discriminado no ato convocatório. § 6º A infringência do disposto neste artigo implica a nulidade dos atos ou contratos realizados e a responsabilidade de quem lhes tenha dado causa. § 7º Não será ainda computado como valor da obra ou serviço, para fins de julgamento das propostas de preços, a atualização monetária das obrigações de pagamento, desde a data final de cada período de aferição até a do respectivo pagamento, que será calculada pelos mesmos critérios estabelecidos obrigatoriamente no ato convocatório. § 8º Qualquer cidadão poderá requerer à Administração Pública os quantitativos das obras e preços unitários de determinada obra executada. § 9º O disposto neste artigo aplica-se também, no que couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de licitação.

De acordo com a lei, a efetiva disponibilidade financeira não é exigida (fato de

administração ter o recurso disponível ou liberado), mas que haja previsão destes

recursos na lei orçamentária.

Além disso, a lei de licitação deixa bem claro quem poderá participar, como pode

ser visto na citação a seguir:

Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles necessários: I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica; II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado; III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação.

Tais pessoas poderiam se beneficiar caso participasse desse certame, pois

poderiam nortear os projetos para favorecer seus interesses próprios. Por isso sua

participação é proibida.

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A seguir são mostradas mais detalhes desse artigo 9º:

§ 1º É permitida a participação do autor do projeto ou da empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na licitação de obra ou serviço, ou na execução, como consultor ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviço da Administração interessada. § 2o O disposto neste artigo não impede a licitação ou contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de projeto executivo como encargo do contratado ou pelo preço previamente fixado pela Administração. § 3º Considera-se participação indireta, para fins do disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou trabalhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos e obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços a estes necessários. § 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos membros da comissão de licitação.

É importante ressaltar o artigo 11º da lei de licitações, que fala acerca dos

critérios de projetos padronizados:

“As obras e serviços destinados aos mesmos fins terão projetos padronizados por tipos, categorias ou classes, exceto quando o projeto-padrão não atender às condições peculiares do local ou às exigências específicas do empreendimento”.

No artigo 12º, há algumas considerações a respeito dos projetos básicos e

executivos, que servem como requisitos para garantir um bom funcionamento das

obras em geral. Abaixo, cita-se por meio do artigo da lei de licitações tais requisitos:

I - segurança; II - funcionalidade e adequação ao interesse público; III - economia na execução, conservação e operação; IV - possibilidade de emprego de mão de obra, materiais, tecnologia e matérias primas existentes no local para execução, conservação e operação; V - facilidade na execução, conservação e operação, sem prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço; VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de segurança do trabalho adequadas; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) VII - impacto ambiental.

Outros critérios estabelecidos pela de licitações diz respeito as informações que

devem obrigatoriamente constar no edital. No artigo 40º está descrito alguns pontos

norteiam os procedimentos e os julgamentos das habilitações:

Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; II - prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta Lei, para execução do contrato e para entrega do objeto da licitação; III - sanções para o caso de inadimplemento; IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto básico;

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V - se há projeto executivo disponível na data da publicação do edital de licitação e o local onde possa ser examinado e adquirido; VI - condições para participação na licitação, em conformidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de apresentação das propostas; VII - critério para julgamento, com disposições claras e parâmetros objetivos; VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de comunicação à distância em que serão fornecidos elementos, informações e esclarecimentos relativos à licitação e às condições para atendimento das obrigações necessárias ao cumprimento de seu objeto; IX - condições equivalentes de pagamento entre empresas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações internacionais; X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de variação em relação a preços de referência, ressalvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 48

Acima foram mostradas os principais critérios estabelecidos na lei de licitação,

sabendo que existem diversas questões que balizam o processo licitatório e que estão

contidas na própria lei, assim faz-se necessário a consulta na integra da mesma, tanto

para estudo como para elaboração de proposta.

2.2 Orçamento de obra

Uma das fases primordiais de qualquer obra é o levantamento dos custos

envolvidos para sua construção. Com o orçamento pronto, pode-se tomar as decisões

sobre a obra, sobre quais características devem ser mantidas, quais os padrões

construtivos serão usados e o tempo que será despendido para executar o projeto.

Orçamento não se embaraçar com orçamentação. O primeiro refere-se ao

produto, o segundo a maneira como determina-la.

De acordo com Mattos (2006, p.23):

“Nas construtoras, é comum vermos algumas distorções. Há empresas que participam de um número excessivamente grande de concorrências, cujas datas de entrega da proposta são muito próximas, e com isso o setor de orçamento fica abarrotado. Os profissionais ficam sem tempo de analisar o projeto mais detidamente, propor mais de uma solução técnica e fazer simulações. Eles então se transformam em meros "preenchedores de planilha de preços". Já, vimos empresas participarem de licitações públicas sem terem sequer aberto o pacote de plantas - o orçamentista apenas atentou para os requisitos formais requeridos pelo órgão licitante e a data de entrega dos envelopes, preenchendo em seguida a planilha com preços ditos históricos. Mais de uma vez já ocorreu de o construtor arbitrar "por sentimento" (é o tal feeling) os preços dos serviços e, depois de assinado o contrato da obra, dar-se conta de que a estrutura de concreto tinha pé-direito alto (exigindo muito mais escoramento) ou de que o local era de difícil acesso, etc. Outra distorção está na experiência dos orçamentistas. Em várias empresas, o setor de orçamento é o destino natural dos engenheiros e técnicos recém-formados. Os mais antigos e experientes estão sempre na produção, ou seja,

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no campo, e terminam inconscientemente por desprezar o trabalho dos orçamentistas por considerarem-no destituído de natureza prática. Assim, escritório e campo passam a ser compartimentos estanques: o orçamentista não conhece a prática e não tem retroalimentação por parte dos engenheiros de produção; estes, por sua vez, não acreditam no que foi orçado e nem sequer abrem os relatórios e planilhas para obter referências de produtividades, equipes e custos. Cria-se um círculo vicioso. O ideal é que haja um espírito de corpo e que escritório e campo se completem. O orçamentista precisa visitar as obras e receber do pessoal de campo as produtividades reais, os percentuais de perda dos principais insumos e comentários acerca dos parâmetros de orçamento”.

Mattos (2006, p.22) elucida o orçamento da seguinte maneira:

“A estimativa dos custos- e o consequente estabelecimento do preço de venda- é basicamente um exercício de previsão. Muitos são os itens que influenciam e contribuem para o preço de um empreendimento. A técnica orçamentária envolve a identificação, descrição, quantificação, análise e valorização de uma grande série de itens, requerendo, portanto, muita atenção e habilidade técnica. Como o orçamento é preparado antes da efetiva construção do produto, muito estudo deve ser feito para que não existam nem lacunas na composição do custo, nem considerações descabidas”.

Ainda de acordo com Mattos (2006, p.22):

“Orçar não é um mero exercício de futurologia ou jogo de adivinhação. Um trabalho bem executado, com critérios técnicos bem estabelecidos, utilização de informações confiáveis e bom julgamento do orçamentista, pode gerar orçamentos precisos, embora não exatos, porque o verdadeiro custo de um empreendimento é virtualmente impossível de se fixar de antemão. O que o orçamento realmente envolve é uma estimativa de custos em função da qual o construtor irá atribuir seu preço de venda - este, sim, bem estabelecido”.

Segundo Mattos (2006, p.24) as composições de custos não podem ser

encaradas apenas como uma coleção de números que pode ser retirada de um livro

ou de um manual. O processo de elaboração dos custos deve conter conceitos

fundamentais de orçamentação, além de retratar a realidade do projeto. Por ser um

estudo anterior a execução da obra, há sempre uma margem de incerteza que é

intrínseca ao orçamento. Muitas são as premissas de cálculo adotadas e a defasagem

de tempo entre o momento da orçamentação e o da execução do serviço pode ser

bastante demorado.

Os principais atributos do orçamento são aproximação, especificidade e

temporalidade.

Aproximação do orçamento como aponta Mattos (2006, p.24):

“Por basear-se em previsões, todo orçamento é aproximado. Por mais que todas as variáveis sejam ponderadas, há sempre uma estimativa associada. O orçamento não tem que ser exato, porém preciso. Ao orçar uma obra, o orçamentista não pretende acertar o valor em cheio, mas não se desviar muito do valor que efetivamente irá custar. O orçamento presta-se a dar uma ideia mais ou menos próxima daquele valor. Quanto mais apurada e criteriosa for a orçamentação, menor será sua margem de erro”.

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O atributo de aproximação de um orçamento está distribuído nos diversos itens

que o compõem tais como: mão de obra através da produtividade das equipes e dos

encargos sociais; material através dos preços dos insumos, impostos, perdas e

reaproveitamento de material; equipamentos por meio do custo horário e da

produtividade; custos indiretos com pessoal e despesas gerais; imprevistos com

retrabalho por causa de chuvas ou qualquer fenômeno natural.

Especificidade do orçamento de acordo com Mattos (2006, p.25):

“O orçamento para a construção de uma casa em uma cidade é diferente do orçamento de uma casa igual em outra cidade. Não se pode falar em orçamento padronizado ou generalizado. Por mais que um orçamentista se baseie em algum trabalho anterior, é sempre necessário adaptá-lo à obra em questão”.

A especificidade do orçamento se dar por ele descrever de forma bem particular

as características da empresa que o produziu, assim como, as condições locais onde

a obra será implantada.

A temporalidade do orçamento segundo Mattos (2006, p.26):

“Um orçamento realizado tempos atrás já não é válido hoje. Se, por exemplo, alguém orçou uma obra e ganhou a licitação, mas a obra só vier a ser mobilizada quatro anos depois, é lógico perceber que alguns ajustes precisam ser feitos”.

A temporalidade do orçamento ocorre devido a variação dos custos dos insumos

ao longo do tempo, a mudança de impostos e encargos sociais, trabalhistas, assim

como a evolução dos métodos construtivos e dos cenários financeiros da época.

Descritas as particularidades do orçamento, será definida as etapas que

compõem a orçamentação. Para fazer o orçamento são seguidas três partes muito

importantes que são o estudo das condicionantes ou condições de contorno,

composição de custo, e determinação do preço.

Mattos (2006, p.27) define o estudo das condicionantes:

“Todo orçamento baseia-se num projeto, seja ele básico ou executivo. É o projeto que norteia o orçamentista. A partir dele serão identificados os serviços constantes da obra com suas respectivas quantidades, o grau de interferência entre eles, a dificuldade relativa de realização das tarefas, etc”.

Para descrever as condições de contorno se faz necessário ler e interpretar o

projeto e suas especificações técnicas, fazer a leitura e interpretação do edital, assim

como a visita técnica no local onde será feito o empreendimento.

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A composição de custos unitários é um processo que estabelece o custo para

executar determinado serviço mediante a definição e caracterização de insumos (mão

de obra, material e equipamento) e atribuição de coeficientes que define quanto será

necessário de cada insumo para realizar uma unidade desse serviço.

Para a determinação do preço da obra deve-se levar em consideração os custos

totais que incidem na construção do equipamento, definir a lucratividade almejada

pelo construtor e considerar o BDI.

Segundo Mattos (2006, p.30) lucratividade é:

“Baseado nas condições intrínsecas e extrínsecas da obra, o construtor define a lucratividade que deseja obter na obra em questão. Ele deve levar em conta fatores como concorrência, risco do empreendimento, necessidade de conquistar aquela obra, etc”.

Ainda de acordo com Mattos (2006, p.30) BDI é entendido como:

“Tendo em vista que no caso de planilhas de concorrências as propostas são baseadas nos serviços nelas listados, o construtor precisa diluir sobre esses itens todo o custo que não aparece explicitado. Em outras palavras, sobre o custo direto é necessário aplicar um fator que represente o custo indireto e o lucro, além dos impostos incidentes. Este fator de majoração é o BDI - Benefícios e Despesas Indiretas, expresso em percentual”.

Logo o BDI, é o fator aplicado sobre o custo direto para obter o preço de venda

da obra. Obtido esse preço, os construtores poderão elaborar suas propostas para

participar de licitações. Além disso, os órgãos públicos exigem nos editais o

detalhamento dos itens que integram a Bonificação e Despesas Indiretas (BDI). Tais

itens são: despesas indiretas de funcionamento da obra; custo da administração

central (matriz); custos financeiros; fatores imprevistos; impostos e lucro.

Desde tempos antigos o homem sempre se preocupou com o controle dos

gastos das obras, como pode ser visto na Bíblia, evangelho segundo São Lucas, cap.

14, versículo 28 “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta

primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que acabar”? E ainda em

Lucas cap. 14, versículos 29 e 30 “Para que não aconteça que, depois de haver posto

os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer

dele, dizendo: este homem começou a edificar e não pôde acabar”.

O orçamento serve como ferramenta para a análise de viabilidade da obra, além

de ser um forte dispositivo de controle para auxiliar na execução dos itens que

compõem o empreendimento. Para que o levantamento dos custos sirva de

parâmetro, ele deve ser feito com critério e técnica, utilizando a leitura correta de todos

os projetos envolvidos na obra de modo que todos os serviços sejam contemplados,

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além de se fazer a composição unitária desses itens de forma precisa. Existem alguns

tipos de orçamento que são definidos de acordo com o seu grau de precisão e a

finalidade de seu uso. Segundo Valentini (2009), os orçamentos são definidos em três

tipos bem característicos que são:

a) orçamento tabulado ou por estimativa, é uma avaliação bastante

rudimentar, feita através de dados históricos e comparação com projetos e obras

similares. Dá uma impressão da ordem de grandeza do custo do empreendimento.

Onde o valor do empreendimento é encontrado multiplicando-se a área construída

pelo custo unitário básico (CUB). De uma maneira generalizada, a estimativa de

custos é realizada a partir de indicadores genéricos, dados consagrados que são úteis

para uma primeira abordagem da faixa de custo da obra. Tradicionalmente, representa

um aspecto relevante da estimativa.

b) orçamento sintético é aquele que faz o uso dos levantamentos de

quantitativos a partir dos projetos básico e usando os índices da construção civil. Esse

tipo é usado para fazer a estimativa do valor da obra, esse tipo de orçamento

apresenta um grau de incerteza mais baixo do que o da estimativa de custos. No

orçamento preliminar ou sintético, tem-se uma quantidade maior de indicadores, na

qual representa um melhoramento em relação ao orçamento tabulado. Em algumas

obras similares, os construtores podem gerar seus próprios indicadores para

elaboração de orçamentos. Mesmo que as obras requerem projetos diferentes, a

relação entre os indicadores não flutuam muito, sendo bastante útil para elaborar esse

tipo de orçamento.

c) orçamento analítico é aquele onde se faz o uso do projeto executivo com

elevado grau de detalhamento. Leva em consideração os recursos disponíveis e as

composições de cada serviço para obter o custo direto. Logo após é definido o custo

indireto com o uso do BDI. Com os custos direto e indireto calculados chega-se ao

custo real da obra. O orçamento analítico apresenta um grau de incerteza bem menor

em relação aos orçamentos estimativo e sintético.

Outro elemento importante no cálculo do orçamento é a definição precisa das

composições dos custos unitários, pois isso reflete diretamente no valor final do

orçamento. Nas composições são levados em consideração materiais, mão de obra e

equipamento utilizados para a execução de cada um dos serviços do

empreendimento, além dos encargos que incidem sobre a mão de obra. Para o cálculo

das composições precisa ter domínio da produtividade de cada profissional envolvido

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no processo. “A produtividade é a taxa de produção de uma pessoa ou equipe ou

equipamento, isto é, a quantidade de unidades de trabalho produzida em um intervalo

de tempo especificado, normalmente hora”. (MATTOS, 2006, p.70).

De acordo com Mattos (2006, p.170), ao longo do orçamento é fácil perceber

que um mesmo insumo aparece em diversas composições diferentes. Tanto para o

orçamentista como para quem vai gerir a obra é importante saber quais são os

principais insumos. Para trabalhar bem os insumos, para saber o total de cada insumo

e a representatividade de cada um deles é elaborada a curva ABC, que é a relação

de insumos da obra em função do seu custo.

Figura 02 – Curva ABC Fonte: MATTOS (2006)

Mattos ainda define algumas características importantes da curva ABC que são:

- A coluna % acumulado é sempre crescente e termina com 100%; - A faixa A, quase sempre tem menos insumos do que a B que tem menos que a C; - As faixas A e B juntas possuem 80% dos custos da obra e compreendem geralmente a 20% do total dos insumos; - A faixa C geralmente compreende 80% dos insumos e representa 20% do custo da obra.

A curva ABC, é também conhecida como análise de Pareto, onde a regra 80/20,

é uma pesquisa que foi desenvolvido por Joseph Moses Juran, um importante

consultor da área de melhoramento que percebeu que 80% dos problemas são

geralmente causados por 20% dos fatores. A denominação “Pareto” vem da

homenagem prestada ao economista italiano do século XIX Vilfredo Pareto, onde este

fez um estudo sobre a distribuição de renda de seu país, na qual ele verificou que 20%

da população detinham 80% da riqueza.

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A utilização da curva ABC se dá principalmente no gerenciamento de material

com o objetivo de ter um controle mais eficiente, buscando a redução de custos sem

comprometer a produtividade. Outra grande importância da curva é identificar quais

os insumos mais impactantes no orçamento, na qual, geralmente pertencem na faixa

A da curva, pois os primeiros 20% dos itens da lista serão responsáveis por quase

80% da lucratividade da empresa, obedecendo com isso, a análise de Pareto. Nas

outras faixas B e C, representam os restantes dos itens, aproximadamente, quase

80% dos insumos, que geram somente 20% de lucro para empresa. Logo, sai mais

em conta procurar economizar poucos itens da faixa A, do que muitos insumos da

faixa B e C.

O orçamento é um elemento de extrema relevância para o sucesso do projeto,

Mattos (2006, p.32) cita as utilidades da orçamentação:

“O propósito do orçamento não se resume à definição do custo da obra. Ele tem uma abrangência maior, servindo de subsídio para outras aplicações, tais como: • Levantamento dos materiais e serviços - a descrição e a quantificação dos materiais e serviços ajudam o construtor a planejar as compras, identificar fornecedores, estudar formas de pagamento e analisar metodologias executivas; • Obtenção de índices para acompanhamento - é com base nos índices de utilização de cada insumo (mão de obra, equipamento, material) que o construtor poderá realizar uma comparação entre o que orçou e o que está efetivamente acontecendo na obra. Os índices servem também como metas de desempenho para as equipes de campo; • Dimensionamento de equipes - a quantidade de homem-hora requerida para cada serviço serve para a determinação da equipe. A partir do índice, determina-se o número de trabalhadores para uma dada duração do serviço; • Capacidade de revisão de valores e índices - o orçamento pode ser facilmente recalculado a partir de novos preços de insumos e índices de produção. Para isso, basta que os campos de valores sejam alterados, pois todo o restante é produto de operações aritméticas simples; • Realização de simulações - cenários alternativos de orçamento com diferentes metodologias construtivas, produtividades, jornadas de trabalho, lucratividade, etc.; • Geração de cronogramas físico e financeiro - o cronograma físico retrata a evolução dos serviços ao longo do tempo. O cronograma financeiro quantifica mensalmente os custos e receitas desses mesmos serviços - é a distribuição temporal dos valores; • Análise da viabilidade econômico-financeira - o balanço entre os custos e as receitas mensais fornece uma previsão da situação financeira da obra ao longo dos meses”.

Dado o exposto acima, pode-se perceber que o orçamento é uma ferramenta

fundamental para o gerenciamento de qualquer projeto, sendo essencial no controle

das obras, e as informações contidas no orçamento são usadas para fazer o

planejamento das ações de qualquer empreendimento, sendo condição sine qua non,

na tomada de decisão no tocante a um empreendimento.

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2.3 Compatibilização de projeto.

A fase de projeto é fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento.

O projeto pode ser definido como sendo “atividade ou serviço integrante do processo

de produção, responsável pelo desenvolvimento, organização, registro e transferência

das características físicas e tecnológicas especificadas para uma obra, a serem

consideradas na fase de execução” (MELHADO, 1994).

Ainda sobre definição de projeto, Destaca PMI:

“Projeto é uma iniciativa não rotineira, de natureza temporária, com início, meio e fim, caracterizada por uma sequência clara e lógica de eventos, com objetivo e/ou metas bem definidas, que se destina a criar um produto ou um serviço novo, apresentando parâmetros pré-definidos de tempo, custo, equipe de qualidade, que conduzam a resultados exclusivos. Por vezes o projeto pode apresentar características de uma elaboração progressiva”.

A compatibilização é uma forma de analisar os diversos projetos, procurando

solucionar interferências que não devem ser resolvidas na fase de execução. Ou seja,

pedaços de alguma coisa devem preencher o mesmo espaço de maneira harmônica

sem que haja conflitos entre eles, este é a significação dos conceitos de

compatibilização.

Para Grilo (2002) a compatibilização tem como intuito subordinar os interesses

individuais dos projetistas às demandas do processo como um todo e salienta a

necessidade que se trabalhe dentro de uma visão sistêmica, onde todos os

intervenientes passam a ter um papel fundamental no processo tanto na participação

cooperativa no desenvolvimento dos projetos, quanto no próprio aprimoramento

contínuo deste processo.

Segundo Nascimento (2015), quando não se trabalha bem na fase de projeto,

explorando ao máximo as diversas possibilidades o empreendimento fica submetido

a riscos, pois os projetos são entregues para fase construtiva com deficiência de

informações, ocasionando perda da eficiência na execução e prejuízos nas

características do produto que foram idealizadas.

Ainda de acordo com Nascimento (2015), o projeto de uma edificação é dado

pelo conjunto dos diversos projetos das diversas áreas, onde as informações contidas

devem ser homogeneizadas através da compatibilização, evitando assim problemas

no orçamento e na execução da obra.

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Para Adesse e Melhado (2003, p.2),

“As empresas constataram que se tornou fundamental a utilização de critérios

que assegurem a racionalização da obra e a construtibilidade, o que exige projetos adequados e harmônicos entre si. A coordenação dos diversos projetos que compõem a construção de uma edificação, passou a ser necessária e imprescindível para um resultado final coerente com os padrões de qualidade vendidos e almejados”.

No trabalho de compatibilização se faz necessário o uso de técnicas que

possibilitem um melhor desempenho dos profissionais e garantam qualidade ao

trabalho desenvolvido. Para tanto são utilizados softwares para sobreposição de

projeto, assim como check-list para fazer com que as atividades básicas sejam

atendidas. Esses check-lists são feitos baseados em erros e problemas ocorridos

anteriormente, assim como experiências positivas, aumentando assim as chances de

sucesso.

De modo geral a compatibilização de projetos tem o objetivo de evitar erros

grosseiros que inviabilizem o projeto na fase de execução, garantindo que cada

projeto seja executado sem interferir no outro, formando um sistema organizado e que

funcione, garantindo a execução do todo de forma otimizada diminuindo, assim,

retrabalhos.

2.4 Replanilhamento.

Replanilhamento é toda e qualquer alteração feita na planilha orçamentária

original vencedora da licitação, é um termo bastante comum no meio técnico de

fiscalização de obra, para designar o aditivo de valor. Essa metodologia é usada para

fazer os ajustes do orçamento a realidade executiva da obra.

Os replanilhamentos devem ser justificados através de memória de cálculo e

justificativa técnica que comprove a necessidade de alteração do item. Nos

replanilhamentos podem ocorrer acréscimos ou supressões, podendo haver no final,

alteração do valor global ou ele pode existir sem repercussão financeira.

Por fim, a lei de Licitações prever valores máximos para acréscimos e

supressões, já falados anteriormente e que será explicado detalhadamente no

próximo tópico, valores esses que devem ser respeitados pelas empresas executoras

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de obras públicas, e que deverá ter uma atenção redobrada dos fiscais de obras, para

que não ocorram superfaturamento nas obras comandadas pelo poder público.

2.5 Aditivo.

Durante a fiscalização de contratos de obras públicas é comum a ocorrência de

aditivos, podendo ser, de prazo de execução, vigência de contrato e de valor. Convém

explicitar que o prazo de execução pode ser aditado mediante parecer favorável da

comissão de fiscalização, já a vigência de contrato requer a aprovação do contratante

para sua efetivação. O aditivo de valor é responsabilidade da contratada juntamente

com a fiscalização, obedecendo os valores previstos na lei.

Os procedimentos para fazer alterações nos contratos que ocorrerem aditivos

estão contemplados na figura abaixo, segundo o manual de obras públicas e serviços

de engenharia (Recomendações básicas para contratos e convênios no âmbito do

Estado do Ceará, 2016, p.210):

Figura 03 – Procedimentos para efetivação do Termo Aditivo Fonte: Manual de Obras Públicas e Serviços de Engenharia (2016)

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Ainda sobre a figura 03, serão formalizadas o termo de Aditivo, obedecidas as

seguintes situações:

Prorrogação de ofício por atraso na liberação de recursos financeiros

previstos no cronograma, motivado exclusivamente pelo concedente;

Alteração da classificação orçamentária;

Alteração do gestor ou do fiscal do instrumento.

Na seção III da lei de licitações, que se trata da alteração de contratos, cita

alguns critérios importantes para fundamentar os aditivos:

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: I - unilateralmente pela Administração: a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei; II - por acordo das partes: a) quando conveniente a substituição da garantia de execução; b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários; c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994).

No artigo acima citado, destacando a alínea d, a teoria da imprevisão não é

adequada na ocorrência de simples elevações de preços em proporção suportável,

correspondente ao risco do próprio contrato (risco empresarial), e sim na hipótese de

eventos extraordinários, alheios à vontade das partes, seja decorrente da atuação da

própria Administração, excepcionais e relevantes no mercado financeiro.

A possibilidade de alteração unilateral do contrato pela Administração abarca

apenas as denominadas cláusulas regulamentares, de execução ou de serviço, que

são aquelas que dispõem sobre o objeto do contrato e seu modo de execução, isto é,

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sobre como o contrato será executado (exemplo: quantidades contratadas, tipo de

serviço a ser desempenhado).

Além disso, é importante salientar alguns dos principais incisos desse artigo em

questão que diz respeito sobre aditivos:

§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus acréscimos. § 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) § 3º Se no contrato não houverem sido contemplados preços unitários para obras ou serviços, esses serão fixados mediante acordo entre as partes, respeitados os limites estabelecidos no § 1o deste artigo. § 4º No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o contratado já houver adquirido os materiais e posto no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Administração pelos custos de aquisição regularmente comprovados e monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por outros danos eventualmente decorrentes da supressão, desde que regularmente comprovados. § 5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais, quando ocorridas após a data da apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão a revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso. § 6º Em havendo alteração unilateral do contrato que aumente os encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial. § 7º (VETADO) § 8º A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atualizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento.

T

Uma observação importante, quando o objeto do contrato for reforma de edifícios

ou de equipamentos, o limite será de até 50%, que só se aplica para acréscimos e

não para supressões, cujo limite permanece 25%. Percebe que a lei admite a

extrapolação dos limites apenas para as supressões (e não para os acréscimos), e

desde que exista um acordo prévio entre as partes interessados.

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3 LEVANTAMENTO DAS OBRAS ESTUDADAS

3.1 Caracterização das obras

Para melhor compreensão das obras estudadas, se faz necessário, uma sucinta

descrição de cada uma delas. Levantou-se dados a respeito da localidade da obra, a

data da assinatura do contrato, a data do início real, a quantidade de dias aditivados,

a quantidade de dias paralisados de cada empreendimento. Também procurou-se

mostrar a responsabilidade das obras.

Abaixo estão as caracterizações das obras contempladas nesse estudo:

Construção da 2ª etapa do monumento de nossa senhora de Fátima na

cidade do Crato/CE-essa é uma obra da secretaria das cidades, onde teve

a assinatura do contrato no dia 14/02/2013 e o início da execução no data

14/03/2013. Essa obra teve 500 dias aditivados.

Execução das obras de ampliação e reforma do posto de atendimento do

Detran na cidade do Crato/CE-essa é uma obra do departamento estadual

de trânsito (Detran), onde teve a assinatura do contrato no dia 24/04/2012

e o início da execução no data 30/05/2012. Essa obra teve 330 dias

aditivados.

Obra de construção da etapa de conclusão do fórum eleitoral na cidade

do Crato/CE-essa é uma obra do departamento de arquitetura e

engenharia do estado do Ceará (DAE), onde teve a assinatura do contrato

no dia 25/10/2013 e o início da execução no data 13/12/2013. Essa obra

teve 0 dias aditivados.

Conclusão e obras complementares de uma escola profissionalizante na

cidade do Crato/CE-essa é uma obra do Secretaria da educação do

estado do Ceará (Seduc), onde teve a assinatura do contrato no dia

13/11/2012 e o início da execução no data 17/12/2012. Essa obra teve 0

dias aditivados.

Construção de tótens para sinalização dos geosítios da fundação

Universidade Regional do Cariri (URCA, lote 01) em diversas cidades do

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Estado do Ceará-essa é uma obra da URCA, teve a assinatura do contrato

no dia 19/10/2011 e o início da execução no data 23/12/2011. Essa obra

teve 54 dias aditivados.

Execução das obras de construção do biotério e reforma com ampliação

do herbário na Universidade Regional do Cariri no município do Crato/CE

-essa é uma obra da URCA, teve a assinatura do contrato no dia

22/05/2014 e o início da execução no data 23/05/2014. Essa obra teve

390 dias aditivados.

Construção do prédio da delegacia padrão III no município do Crato/CE -

essa é uma obra da Polícia civil, teve a assinatura do contrato no dia

01/03/2013 e o início da execução no data 22/03/2013. Essa obra teve

300 dias aditivados.

Construção do ginásio poliesportivo na Universidade Regional do Cariri

no município do Crato/CE -essa é uma obra da URCA, teve a assinatura

do contrato no dia 27/06/2011 e o início da execução no data 04/08/2011.

Essa obra teve 348 dias aditivados, com 209 dias paralisados.

Execução das obras complementares no centro de convenções do Cariri

no município do Crato/CE -essa é uma obra da Secretaria de turismo, teve

a assinatura do contrato no dia 06/09/2012 e o início da execução no data

17/09/2012. Essa obra teve 270 dias aditivados.

Construção de pista de skate no município do Crato/CE -essa é uma obra

da Secretaria de esportes, teve a assinatura do contrato no dia 26/01/2010

e o início da execução no data 05/04/2010. Essa obra teve 671 dias

aditivados.

Construção do posto fiscal da Sefaz-Ce, Asa Branca na divisão com

Pernambuco no município do Crato/CE -essa é uma obra da Secretaria

da fazenda, teve a assinatura do contrato no dia 04/05/2010 e o início da

execução no data 07/07/2010. Essa obra teve 1472 dias aditivados, com

61 dias paralisados.

Construção do prédio do programa de pós-graduação em bioprospecção

molecular na URCA no município do Crato/CE -essa é uma obra da

Fundação cearense de apoio a pesquisa, teve a assinatura do contrato no

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dia 03/01/2011 e o início da execução no data 07/03/2011. Essa obra teve

450 dias aditivados, com 460 dias paralisados.

Construção de quadras cobertas com vestiários no centro de educação

de jovens e adultos Monsenhor Pedro Rocha de Oliveira no município do

Crato/CE -essa é uma obra da Seduc, teve a assinatura do contrato no

dia 11/02/2012 e o início da execução no data 14/01/2013. Essa obra teve

390 dias aditivados, com 112 dias paralisados.

Construção de quadras cobertas com vestiários no Liceu no município do

Crato/CE -essa é uma obra da Seduc, teve a assinatura do contrato no

dia 18/12/2012 e o início da execução no data 14/01/2013. Essa obra teve

300 dias aditivados, com 44 dias paralisados.

Obra de ampliação da residência universitária da Urca no município do

Crato/CE -essa é uma obra da Urca, teve a assinatura do contrato no dia

10/09/2012 e o início da execução no data 18/10/2012. Essa obra teve 0

dias aditivados, com 0 dias paralisados.

Obra de construção da vila da música no município do Crato/CE -essa é

uma obra da Secretaria das cidades, teve a assinatura do contrato no dia

20/06/2014 e o início da execução no data 25/06/2014. Essa obra teve

338 dias aditivados, com 0 dias paralisados.

3.2 Levantamento das obra

Para o desenvolvimento desse trabalho foi observado que muitas obras do

distrito operacional do Cariri do Departamento de Arquitetura e Engenharia – DAE do

estado do Ceará precisavam de adequação nas planilhas orçamentárias. Após um

determinado período de pesquisa das obras de edificações da região, definiu-se os

objetivos que nortearam o estudo. Em seguida identificou-se os principais temas que

estão envolvidos com a questão dos replanilhamento das obras públicas do estado

que são: licitação de obra pública, orçamento e compatibilização de projetos. O

método que foi utilizado foi a tabulação dos valores das obras, coletando os valores

iniciais, finais e valores de aditivos que ocorreram nos orçamentos das obras

estudadas e em seguida calculando os percentuais das repercussões financeiras.

Junto ao DAE do estado do Ceará que é o interveniente técnico do estado,

responsável por fazer a gerência técnica dos contratos de obras de edificação, foi feito

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o levantamento das obras de edificação que haviam sido realizadas no período de

2010 a 2016. O DAE possui um sistema interno de acompanhamento de obras, o

SIGDAE que fornece as fichas das obras. Nesse documento estão contidas as

principais informações sobre a obra como o período e o valor de cada medição,

registra também as eventuais paralisações e reinícios das obras, além dos dados do

contrato como, número do contrato, prazo de vigência, prazo de execução e a

quantidade de dias aditivados. Foi através dele que se conseguiu coletar os dados

para elaborar uma planilha onde identificou-se, quais das obras estudadas sofreram

replanilhamento. Mostrou-se também a repercussão financeira em cada caso, além

do percentual de obras que sofrem reajustes na planilha orçamentária.

Utilizou-se também as justificativas constantes nos documentos de solicitação

desses replanilhamentos, e nos despachos dos processos que os fiscais das obras

fazem. Além disso, alguns orçamentistas do DAE que trabalham em Fortaleza, foram

entrevistados no intuito de saber como funciona o setor de orçamento, qual a demanda

de obras que chegam em média para orçar e o prazo dado para que seja elaborado o

trabalho. Com a coleta de todas essas informações, conseguiu-se identificar quais as

principais causas que levaram aos reajustes de serviços nas obras estudadas. Com

isso atingiu-se os objetivos propostos na fase de concepção desse trabalho.

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3.3 Repercussão financeira

Com o levantamento realizado junto ao DAE, elaborou-se uma planilha que

mostra as obras que foram realizadas no município do Crato, no período de 2010 a

2016. Os itens constantes são: valor global inicial, valor global final, valor da

repercussão financeira e o percentual desse aditivo. Segue abaixo a planilha.

Quadro 1 – Obras públicas de edificações na cidade do Crato - CE

Nº DESCRIÇÃO DA OBRA VALOR INICIAL DO

CONTRATO REPERCUSSÃO

FINANCEIRA VALOR FINAL DO

CONTRATO % DA

REPERCUSSÃO

1 2ª ETAPA DO MONUMENTO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

R$ 946.856,25 R$ 29.089,04 R$ 975.945,29 3%

2 AMPLIAÇÃO E REFORMA DO

POSTO DO DETRAN R$ 504.605,55 R$ 201.101,28 R$ 705.706,83 40%

3 CONCLUSÃO DO FÓRUM

ELEITORAL R$ 399.137,21 - R$ 399.137,21 0%

4 CONCLUSÃO E OBRAS

COMPLEMENTARES DE UMA ESCOLA PROFISSIONALIZANTE

R$ 3.353.516,69 - R$ 3.353.516,69 0%

5 CONSTRUÇÃO DE TÓTENS PARA A

SINALIZAÇÃO DOS GEOSSÍTIOS R$ 38.373,32 - R$ 38.373,32 0%

6 CONSTRUÇÃO DO BIOTÉRIO E

REFORMA COM AMPLIAÇÃO DO HERBÁRIO DA URCA

R$ 629.639,16 - R$ 629.639,16 0%

7 CONSTRUÇÃO DA DELEGACIA

PADRÃO III R$ 884.098,21 - R$ 884.098,21 0%

8 GINÁSIO POLIESPORTIVO DA

URCA R$ 2.664.959,06 R$ 663.501,89 R$ 3.328.460,95 25%

9 OBRAS COMPLEMENTARES DO CENTRO DE CONVENÇÕES DO

CARIRI R$ 4.331.274,29 R$ - R$ 4.331.274,29 0%

10 CONSTRUÇÃO DE PISTA DE

SKATE R$ 217.373,89 R$ 22.659,46 R$ 240.033,35 10%

11 POSTO FISCAL DA SEFAZ DA ASA

BRANCA R$ 9.153.569,15 R$ 2.284.757,48 R$ 11.438.326,63 25%

12

CONSTRUÇÃO DO PRÉDIO DO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM BIOPROSPECÇÃO MOLECULAR

DA URCA

R$ 517.663,42 R$ 47.029,73 R$ 564.693,15 9%

13 CONSTRUÇÃO DE QUADRA

COBERTA NO COM VESTIÁRIO NO CEJA PEDRO ROCHA DE OLIVEIRA

R$ 559.615,81 R$ 98.965,39 R$ 658.581,20 18%

14 CONSTRUÇÃO DE QUADRA

COBERTA COM VESTIÁRIO NO LICEU

R$ 549.237,14 R$ 65.019,95 R$ 614.257,09 12%

15 AMPLIAÇÃO DA RESIDÊNCIA

UNIVERSITÁRIA DA URCA R$ 96.239,18 R$ - R$ 96.239,18 0%

16 CONSTRUÇÃO DA VILA DA MÚSICA R$ 3.062.553,13 R$ 117.178,39 R$ 3.179.731,52 4%

PERCENTUAL DE OBRAS COM REPLANILHAMENTO 56%

Fonte: o autor (2016)

Analisando a planilha pode-se observar que apenas uma obra apresentou um

valor destoante acima dos 25%. Essa obra de reforma e ampliação do Detran do Crato

teve um replanilhamento qualitativo, ou seja, foi feita a substituição de itens da planilha

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orçamentária que tem qualidade superior aos existentes. A legislação permite essa

possibilidade no caso em que seja devidamente justificado, de forma que a troca dos

itens venha a aumentar a qualidade e a viabilidade técnica do equipamento que está

sendo construído.

Duas obras alcançaram um percentual de 25% e uma teve 18% de repercussão

que foram respectivamente as obras de construção do ginásio da Universidade

Regional do Cariri, construção do posto de fiscalização da SEFAZ da Asa Branca e

construção de quadra coberta com vestiário no CEJA Pedro Rocha de Oliveira.

As demais obras apresentaram valores de repercussões nos replanilhamentos

baixos ou não tiveram alterações que repercutissem no valor global dos orçamentos

originais. Algumas dessas obras tiveram repercussão 0 (zero), ou seja, não tiveram

itens replanilhados ou sofreram alterações na planilha orçamentária, no entanto, o

valor de acréscimo foi igual ao valor de supressão, fazendo com que o valor global

permaneça inalterado. Este procedimento de fazer replanilhamento sem repercussão

tem a finalidade de adequar itens do orçamento original que estão em desacordo com

a realidade executiva da obra, ou seja, retirar elementos do orçamento que não serão

usados na construção e colocar outros que devem ser feitos para que a obra possa

ser concluída, ou ainda, para alinhar os quantitativos de itens dos serviços que estão

em desacordo com a necessidade da construção, como foi o caso da obra de

construção do biotério e reforma e ampliação do herbário da Universidade Regional

do Cariri (URCA). Esta obra, sofreu ainda um aditivo de valor, mas não houve

aprovação da verba pelo governo do estado, no entanto, os serviços foram

executados, pois os itens em questão faziam parte da infraestrutura da obra.

Assim, conforme mostrado na quadra 01, verificou-se replanilhamento com

repercussão financeira em 9 (nove) das 16 (dezesseis) obras concluídas no período

analisado, o que corresponde a um percentual de 56 % do total o que pode ser

considerado alto, uma vez que a licitação devia ser feita com orçamento detalhado

elaborado a partir de projeto básico capaz de caracterizar a obra.

3.4 Resultados e discussões

Diante da análise dos dados das obras estudadas, pode-se concluir que 56%

das obras na área da construção civil executadas no Crato/CE no período de 2010 a

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2016 sofreram replanilhamento com repercussão financeira. Verificou-se ainda mais

1 (uma) obra que sofreu replanilhamento sem alteração do valor global do orçamento,

totalizando um percentual de 62,5% das obras com algum tipo de alteração do seu

orçamento licitado.

O estudo realizado aponta alguns fatores que são causadores desse grande

número de modificações nos orçamentos das obras analisadas. Inicialmente pode-se

citar que o tempo para a elaboração dos orçamentos é na maioria das vezes, curto,

fazendo com que os orçamentistas estimem algumas quantidades de serviços, pois

não têm tempo hábil para fazer todos os levantamentos de forma precisa, o que faz

com que essas quantidades não sejam compatíveis com a necessidade do projeto.

Outro ponto que impacta nos orçamentos é o fato da obra ser licitada sem a definição

do terreno onde ela será construída. Além das questões já comentadas, tem o fato de

que em algumas obras os levantamentos topográficos e as sondagens, em grande

parte são apresentados posteriormente a elaboração dos orçamentos. Muitas vezes

esses estudos são feitos momentos antes do início da construção o que provoca

adequação nos projetos de infraestrutura e de implantação, acarretando modificações

significativas nas dimensões das sapatas, nos comprimentos dos fustes dos pilares,

nas dimensões e nos tipos de sistemas finais de esgoto e também no serviço de

movimento de terra. Ainda encontrou-se outro motivo relevante causador de ajustes

que é o fato dos orçamentos serem feitos com os projetos sem compatibilização,

sendo que muitas vezes ocorrem alterações quando são elaborados os projetos

executivos, repercutindo no orçamento da obra.

Após ser feita uma análise da repercussão total das obras em estudo chegou-se

aos seguintes valores: valor total licitado nas obras foi de R$ 27.908.711,46 (vinte e

sete milhões novecentos e oito mil setecentos e onze reais e quarenta e seis

centavos), o valor total de repercussão dos replanilhamentos foi de R$ 3.529.302,61

(três milhões quinhentos e vinte e nove mil trezentos e dois reais e sessenta e um

centavos). Esse valor de repercussão representa 12,65 % de acréscimo no custo das

obras, o que provoca impacto forte no orçamento do governo do estado, pois precisa-

se buscar verbas para cobrir os custos adicionais nas obras e isso muitas vezes

demanda tempo, fazendo com que ocorram atrasos nos pagamentos de medições o

que acarreta em paralisação das obras por parte das empresas.

Portanto, diante do que foi apresentado sobre a questão estudada, fica claro que

se faz necessário um melhor planejamento nas diversas etapas de construção de uma

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obra pública, levando em consideração todos os gargalos que possam acontecer ao

longo da construção, pois, ficou constatado que modificações que são feitas após a

licitação acarretam em gastos indevidos que poderiam ser evitados.

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4 FATORES INTERVENIENTES

Alguns fatores geram aditivos em obras públicas, nas quais estes já são

previstos na lei federal nº 8.666/93, por exemplo: para manter o equilíbrio-financeiro

após acontecimentos não previstos, situações inevitáveis, ocorridos ou descobertos

após a contratação e que causem onerosidade excessiva de contrato, falta de

liberação da área destinada a execução da obra por parte da administração,

paralisação por falta de recursos orçamentários para dar continuidade da obra e entre

outros casos.

Além das possibilidades de aditivos contratuais decorrentes de situações

previstas na legislação como nos casos comentados anteriormente podem surgir

outras situações extracontratuais que podem redundar em aditivos, seja de caráter

qualitativo quanto de caráter quantitativo. Tisaka (2006) destaca as seguintes

ocasiões:

Deficiência de planejamento dos órgãos públicos: os planos de investimentos

do governo em obras de construção, sobretudo nos projetos de infraestrutura,

sejam eles grandes ou pequenos, sofrem constantemente a Análise de aditivos

contratuais, influência dos interesses políticos de quem está no poder,

dificultando a realização e um planejamento estratégico e estável que garanta

uma boa qualidade e durabilidade das obras contratadas;

Má qualidade dos projetos básicos: processo de escolha do vencedor de uma

licitação, pelo critério de menor preço previsto na Lei nº 8666/93, tem se

mostrado ineficiente e danoso para o restante do processo de execução de

uma obra de construção civil, por não privilegiar a experiência do projetista, a

análise da qualidade da proposta e as consequências econômico-financeira

que um projeto mal feito pode trazer até o final da obra;

Deficiência nos critérios de orçamentação imposto pelo governo: do que se

depreende do Art. 125 da Lei de Diretrizes Ordinárias de 2012, todas as obras

que receberem recursos orçamentários da União estão obrigadas a adotar

valores menores ou a mediana dos valores da composição de custos unitários

do SINAPI, independentemente serem obras de edificações ou de

infraestrutura o que tecnicamente é muito discutível;

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Falta de cumprimento das disposições normativas e legais por parte da

Administração: ainda com relação aos custos referenciais do SINAPI pode-se

destacar a omissão dos Encargos Complementares de Leis Sociais no cálculo

dos custos unitários de mão de obra, como alimentação (lanche, almoço,

jantar, etc.), transporte, Equipamentos de Proteção Individual - EPI, exigidos

pelas leis trabalhistas, que podem impactar em até 10% o orçamento final;

Demora na liberação de áreas para a execução de obras devido a problemas

de desapropriação ou devido a embargos judiciais: as restrições ambientais

implicam em geral em modificações do projeto básico ou até em paralisações

das frentes de obra podendo resultar em atrasos do cronograma levando como

consequência a prorrogações de prazo e aumento dos custos diretos e

indiretos;

Restrições ambientais não previstos por ocasião da contratação: as restrições

ambientais implicam em geral em modificações do projeto básico ou até em

paralisações das frentes de obra podendo resultar em atrasos do cronograma

levando como consequência a prorrogações de prazo e aumento dos custos

diretos e indiretos;

Aumento excessivo dos preços dos insumos no mercado: os preços dos

insumos que compõem as CPUs que foram adotados por ocasião da

elaboração da proposta, sempre contém uma margem de erros que na média

não pode variar de 15% para mais ou para mais. Porém, há casos em que, por

motivos de desequilíbrio do mercado no fornecimento de alguns materiais

básicos, essas variações podem ultrapassar em muito essa margem de erros.

4.1 Planejamento/gerenciamento visando mitigar os problemas

Fica evidente, para um melhor planejamento da obra sem causar grandes

aditivos extracontratuais, é melhor e mais barato licitar uma obra somente depois de

se ter todas as definições sobre a construção, tendo os projetos com grau de

detalhamento suficiente para a execução e adequação dos mesmos aos terrenos

onde as obras serão construídas. Precisa-se também que todos os estudos

preliminares, como levantamento planialtimétrico, sondagens para determinação da

resistência e absorção do solo estejam bem feitos e realizados no local real de obra.

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Além disso deve ter em mãos antes de iniciar a construção, resolução de todas as

restrições ambientais. Logo será necessário fazer corretamente um gerenciamento de

todas essas etapas, para o perfeito funcionamento da obra sem acarretar aditivos

extras, mesmo sabendo, por mais cuidadoso que seja nas soluções para evitar tais

contratempos, sempre o orçamento da obra depois de concluída será diferente do

planejado, seja para acréscimo ou decréscimo dado o grau de incerteza que é próprio

de orçamentos de obra.

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5 CONCLUSÃO

De acordo com o estudo proposto por esse trabalho, foi possível listar as causas

dos aditivos gerados na obra. Verificou-se que os aditivos contratuais analisados são

consequentes de erros na execução, falta de planejamento, falta de definições, má

elaboração de projetos e até imprevistos.

Destacou-se que, o impacto financeiro decorrente de erros de projeto, são muito

significativos em relação ao valor de contratação para elaboração dos mesmos.

Melhor gerenciamento de projetos e investimento em projetistas, representaria

menores custos adicionais à obra e menores impactos no cronograma.

Depreende-se a partir deste trabalho que é possível que a maior parte dos erros

de projeto, só foram notados durante a execução da obra e que estes erros são

provenientes de incompatibilização, detalhes mal elaborados, falta de estudo do local

da obra, memoriais descritivos incompletos ou incorretos, falta de elementos nos

projetos, deficiência e erros na sua elaboração, entre outros.

Outro item a ser considerado, é que existe a necessidade de sincronismo entre

as disciplinas projetadas. Um erro em determinado projeto, desencadeia uma série de

correções as demais disciplinas, e materializa-se na execução inadequada da obra.

Sugere-se para este trabalho, a necessidade de treinamento constante dos

profissionais envolvidos diretamente na execução da obra, a fim de manter uma

equipe sempre qualificada e, consequentemente, diminuindo-se os riscos de custos

extras e atrasos de cronograma.

O tipo de estudo desenvolvido nesta pesquisa não é comumente realizado nas

obras, e as empresas não se tornam cientes do que está gerando esses aditivos.

Dessa forma as empresas não possuem conhecimento da causa dos aditivos,

perdendo a oportunidade de minimizá-los ou evita-los em empreendimentos futuros.

Também é crucial que os responsáveis pelas causas dos aditivos sejam notificados

para que tenham uma dimensão das consequências de suas decisões e esse erro não

se torne recorrente.

Tais Estudos que tratam de aditivos são escassos no meio acadêmico,

demostrando a falta de interesse nessa área. Se mais análises fossem feitas, os

problemas que desencadeiam os aditivos seriam cada vez menos recorrentes. Para

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um banco de dados completo mais estudos deveriam ser feitos em outras obras

particulares, sendo possível comparar os resultados e identificar as causas similares.

Por fim, conclui-se que a maioria dos custos extras que surgem em uma obra,

podem ser evitados somente com um maior investimento na contratação dos projetos,

e fazendo um planejamento mais detalhado, visando obter melhores profissionais na

elaboração e consequentemente evitar que ocorram problemas que só são percebidos

durante a execução, causando custos não previstos ao empreendimento. Logo, pode-

se afirmar que os objetivos deste trabalho foram alcançados, pois foram determinados

os valores de acréscimos financeiros das obras, assim como, os motivos que são

causadores das mudanças dos orçamentos.

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