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Universidade Federal de Mato Grosso Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade RELATÓRIO PARCIAL DE ATIVIDADES 2010/01 Comportamento microbiano em solos sob o sistema de lavoura pecuária floresta Equipe executora: Prof a . Dra Daniela Tiago da Silva Campos - UFMT/FAMEV Prof a . Dra. Walcylene Lacerda Matos Pereira Scaramuzza -UFMT/FAMEV Pesquisador M. Sci. Flávio Jesus Wruck - Embrapa Arroz e Feijão Pesquisador Dr. Tarcísio Cobucci - Embrapa Arroz e Feijão Mestranda: Ana Carla Stieven Pós Graduação em Agricultura Tropical - UFMT Setembro - 2010 Cuiabá-MT

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Universidade Federal de Mato Grosso

Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária

Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade

RELATÓRIO PARCIAL DE ATIVIDADES 2010/01

Comportamento microbiano em solos sob o sistema de lavoura pecuária floresta

Equipe executora:

Profa. Dra Daniela Tiago da Silva Campos - UFMT/FAMEV

Profa. Dra. Walcylene Lacerda Matos Pereira Scaramuzza -UFMT/FAMEV

Pesquisador M. Sci. Flávio Jesus Wruck - Embrapa Arroz e Feijão

Pesquisador Dr. Tarcísio Cobucci - Embrapa Arroz e Feijão

Mestranda: Ana Carla Stieven – Pós Graduação em Agricultura Tropical - UFMT

Setembro - 2010

Cuiabá-MT

Projeto Agrisus N°: 660/10

Título da Pesquisa: Comportamento microbiano em solos sob o sistema de lavoura pecuária

floresta.

Coordenador do Projeto: Profa. Dra. Daniela Tiago da Silva Campos

Engenheira agrônoma

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT

Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária - FAMEV

LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA DO SOLO

Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade

Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Bairro Boa Esperança

78060-900 - Cuiabá/MT

Fone: (65) 3615-8606

Fax: (65) 3615-8609

[email protected]

Local da Pesquisa: Nova Canaã do Norte-MT

Vigência do Projeto: 01/03/2010 à 01/03/2012

1. Introdução

A produção agrícola nacional teve um grande incremento, no seu potencial, a partir das

décadas de 80 e 90, época na qual ocorreu a expansão da fronteira agrícola. Com essa grande

evolução em tecnologia, que culminou com um índice de produção em alta, milhares de hectares

foram utilizados de forma exploratória para fins agrícolas, entretanto, atualmente, percebe-se a falta

de conservação dessas áreas, assim, práticas agrícolas diferenciadas das convencionais precisam ser

empregadas para que a sustentabilidade do sistema ocorra.

Sistemas de produção que integram agricultura e pecuária, bem como agricultura pecuária e

floresta são práticas recentes empregadas no Estado de Mato Grosso, estado este, responsável pela

maior produção agrícola nacional. Esses sistemas de manejo buscam maximizar a utilização da

área, integrando grandes culturas, como milho, soja e feijão, com brachiaria, e floresta, árvores

geralmente utilizadas para reflorestamento, como eucalipto, mas também árvores nativas ou

empregadas na indústria moveleira, como mogno, pau balsa e pinho cuiabano.

Os sistemas de integração lavoura pecuária floresta apresentam potencial de produção

igualmente comparado à produção em monocultivo, o que desperta interesse por parte dos

produtores agrícolas. Por outro lado, como são empregados diferentes fontes de renda, com épocas

diferenciadas de utilização, fato este que se faz uma prática economicamente viável, além de

ecologicamente diversa com relação às espécies vegetais utilizadas.

Mesmo com tantas vantagens visíveis, esse tipo de manejo ainda é pouco estudado com

relação às condições do solo dessas áreas, fazendo-se necessárias pesquisas que apresentem as

respostas do solo nessa situação, comparando aos manejos convencionais. Pois as condições

químicas, físicas e microbiológicas são fortemente relacionadas ao manejo do solo.

Buscando avaliar aos indicadores de sustentabilidade do solo, a presente pesquisa tem por

objetivo contribuir na elucidação dos aspectos técnico-científicos relacionados à implantação do

sistema iLPF e suas influências na atividade da comunidade microbiana do solo, durante os dois

primeiros anos de implantação do sistema.

2. Materiais e Métodos

As análises microbiológicas e enzimáticas foram desenvolvidas no Laboratório de

Microbiologia do Solo, Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Cuiabá-MT, pela mestranda

do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, Ana Carla Stieven, sob a orientação da

Professora Dra. Daniela T.S. Campos e Dra. Walcylene L.M.P. Scaramuzza.

As análises químicas do solo foram realizadas pelo Laboratório de Química do Solo e Planta

(LASP), da EMBRAPA Arroz e Feijão, fornecidas pela Embrapa Mato Grosso, sob coordenação

dos pesquisadores M. Sci. Flávio Jesus Wruck e Dr. Tarcísio Cobucci, ambos da Embrapa Arroz e

Feijão.

2.1. Coleta das amostras de solo

Os solos foram coletados na Unidade de Referencia Tecnológica da Embrapa Mato Grosso,

localizada na Fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte-MT. A coleta foi realizada em maio de

2010, nos tratamentos T1: Faixa de 200 m de largura com povoamento de eucalipto (Eucalyptus

urograndis), intercalada a cada 20 m por plantas de mógno, em linhas únicas de 250 m de

comprimento separadas entre si por 20 m e com distância entre plantas de 2 m (20 m x 2 m); T2:

Faixa de 200 m de largura com povoamento puro de eucalipto (Eucalyptus urograndis) distribuídos

em sub-faixas compostas por duas linhas de 250 m de comprimento separadas entre si por 3 m, com

distância entre plantas de 2 m e distancia entre sub-faixas de 20 m [20 m / (3 m x 2 m)]; T3: Faixa

de 200 m de largura com povoamento puro de eucalipto (Eucalyptus urograndis) distribuídos em

sub-faixas composta por três linhas de 250 m de comprimento separadas entre si por 3 m, com

distância entre plantas de 2 m e distância entre sub-faixas de 20 m [20 m / (3 m x 2 m)]; T4: Área

de mesmo tamanho das demais, com plantio de lavoura comercial; T5: Área de mesmo tamanho

com pastagem de Brachiaria ruziziensis; T6: Área de mesmo tamanho, com floresta nativa, a área

de cada tratamento corresponde a 05 ha.

Os solos foram coletados na profundidade de 0-5 cm, nas entrelinhas do eucalipto e no meio

da cultura instalada. Dentro de cada tratamento foram delimitados quatro blocos, com 5 m de

largura x 250 m de comprimento e dentro destes blocos foram coletadas 4 amostras compostas de 4

sub-amostras em cada.

As amostras coletadas foram acondicionadas em sacos plásticos previamente identificados e

armazenados em caixas de isopor contendo gelo e foram transportadas para o Laboratório de

Microbiologia do Solo, na UFMT/FAMEV, Cuiabá-MT, onde foram mantidas sob refrigeração à 4

ºC até seu processamento.

2.2. Quantificação de nematóides totais

Para a quantificação de nematóides totais o método da flutuação centrifugação em solução

de sacarose (JENKINS, 1964) foi empregado. O qual tem como base à diferença de densidade entre

os nematóides, a solução de sacarose e as partículas do solo. As amostras de solo foram

homogeneizadas e uma alíquota de 100 mg de cada amostra composta foi colocado separadamente

em um recipiente, onde foram acrescentados 2 L de água de torneira e misturadas para quebrar os

torrões maiores e deixando em repouso por cerca de 30 segundos. O líquido do recipiente foi

vertido em uma peneira com malha de 20 mesh (0,84 mm). O líquido obtido foi vertido em uma

peneira de 500 mesh (0,025 mm) retirando todo excesso de água. Com o auxílio de uma pisseta,

contendo água, a suspensão dos nematóides retidos na peneira foi recolhida e transferida para um

Becker de 40 mL. As suspensões foram centrifugadas por quatro minutos a uma velocidade de 1750

rpm. Após a centrifugação o líquido sobrenadante foi eliminado, então foi adicionado solução de

sacarose (400 g de açúcar refinado dissolvido em 750 mL de água). Centrifugada novamente por

um minuto com a mesma rotação. O líquido sobrenadante foi vertido em peneira de 500 mesh,

derramando-se água de torneira para retirar todo o resíduo de sacarose e, com auxílio de pisseta

com água os nematóides foram recolhidos para uma placa de petri, sendo levadas a lupa e

submetidos a contagem.

2.3. Determinação da umidade do solo

Para a determinação de umidade pesou-se 5 g de solo de cada amostra simples, totalizando 4

amostras por tratamento, e os levou à estufa à 105 °C até peso constante. Após esse período, as

amostras foram pesadas novamente, descontando o peso da cápsula e do solo em condições vindas

do campo.

2.4. Avaliação do Carbono da Biomassa Microbiana (CBM)

Para a avaliação do CBM a metodologia de Jenkinson & Powlson (1976), com adaptações,

foi empregada.

A metodologia utilizou frascos herméticos de 277 mL, onde foram pesadas triplicatas de

cada uma das 4 amostra simples de solo, cada amostra com 25 g. Triplicatas.de cada amostra

simples foram fumigadas e as outras 3 foram incubadas sem fumigação. Os frascos contendo as

amostras a serem fumigadas foram colocados em dessecadores contendo um becker com 20 mL de

clorofórmio. Os dessecadores, após terem a parede interna recoberta com papel toalha umedecido,

foram fechados e submetidos a vácuo, deixados em repouso em temperatura ambiente e no escuro

por 48 h. Após esse período, os dessecadores foram novamente submetidos a vácuo, abertos e

adicionado a cada frasco 2 g do solo da mesma amostra não fumigada, com o intuito de ativar a

comunidade microbiana. Nos frascos com amostras fumigadas e com amostras não fumigadas

foram colocados frascos com 20 mL de NaOH 0,5 M, então foram vedados e incubados no escuro,

em temperatura ambiente, por 5 dias. Ao final do período de incubação, o NaOH dos frascos das

amostras fumigadas e não-fumigadas foi titulado com HCl 0,1M. Após a titulação do NaOH,

calculou-se a quantidade de C-CO2 liberada das amostras fumigadas e não fumigadas, utilizando os

valores para o cálculo do CBM.

2.5. Contagem de microrganismos totais

Para a contagem de microrganismos totais a metodologia Allen (1957) foi empregada. Para

tal, foram pesados 10g de solo composto de cada uma das 4 amostras simples de cada tratamento.

Essa amostra foi transferida para um erlenmeyer contendo 90 ml de solução salina e agitado por 40

min a temperatura ambiente. A partir disso foram feitas diluições seriadas com 1 ml de amostra em

9 ml de solução salina, até a diluição 10-9

.

Para o teste de metodologia, as diluições 10-1

à 10-9

foram inoculadas em meios Ágar

nutriente (AN), Batata Dextrose Ágar (BDA) e Extrato de solo. Em cada placa colocou-se 200 µL

de cada diluição, espalhadas com auxílio de alça de Drigalski previamente esterilizada, sendo

inoculadas em triplicata.

As placas foram incubadas em B.O.D., demanda biológica de oxigênio, a 28 °C, efetuando

as leituras em 24 h para Agar nutriente, 48 h para BDA e 7 dias para Extrato de solo.

2.6. Atividade enzimática do solo

2.6.1. Fosfatase alcalina

Para a atividade enzimática da fosfatase alcalina do solo utilizou-se metodologia descrita por

Tabatabai e Bremner (1969); Eivazi e Tabatabai (1977), com modificações. Para tanto pesou-se 0,5

g de solo de amostra composto da cada tratamento, adicionado 0,120 mL de Tolueno, 2 mL de

solução estoque em pH 11, 0,5 mL de solução de p_nitrofenil, essa solução foi aquecida, em banho

Maria, até atingir 37 °C, então foi submetida a agitação por 1 h. Após esse período, foi adicionado

0,5 mL de CaCl2, 2,0 mL NaOH 0,5M, agitado novamente, em vórtex, adicionado 1 mL de água

destilada e deixado em repouso por 30 min, após foi submetido a filtragem em papel filtro

Whatman 2V.

As amostras filtradas foram lidas em espectrofotômetro a 400 nm de absorbância. Para o

controle utilizou-se a mesma seqüência metodológica, porém não foi adicionado o solo.

A curva de calibração foi determinada a partir da solução estoque de 1 mL de p_nitrofenol

em 100 mL de água destilada. A partir dessa solução foram retiradas alicotas de 0 a 5 mL de

solução e diluídas em 5 a 0 mL de água destilada separadamente, tendo assim diluições de 0:5 mL

até 5:0 mL de solução de p_nitrofenol em água destilada, obtendo 6 pontos da curva de calibração.

As leituras em espectrofotômetro se deram na mesma absorbância, 400 nm.

2.7. Análise química do solo

As análises químicas do solo foram realizadas pelo Laboratório de Química do Solo e Planta

(LASP), da EMBRAPA Arroz.

As análises de mata nativa e lavoura convencional ainda não foram entregues pelo

laboratório.

3. Resultados e Discussão

3.1. Quantificação de nematóides totais

Os nematóides observados não apresentavam estilete, estrutura que os torna parasitários, e

os resultados de contagem estão apresentados na Figura 1.

0

5

10

15

20

25

T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9

nem

ató

ides /

100g

de s

olo

Figura 1: Número de nematóides totais em solos sob o sistema de integração Lavoura

Pecuária Floresta, Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT.

É possível observar que os tratamentos utilizados para o presente projeto - T1; T3 e T5 –

apresentaram o maior número de nematóides encontrados em 100 g de solo, sugerindo que a

integração lavoura pecuária floresta, com espécie florestal de eucalipto, favorece a presença de

nematóides de vida livre, podendo ser um bom indicador de que o tipo de manejo que está sendo

utilizado favorece população de nematóides não patogênicos.

Os Nematóides são responsáveis por perdas na produção agrícola do Estado, entretanto foi

possível observar que a área total de integração não apresentou sinais de danos por esses

organismos do solo. Durante a coleta do solo, nos instigamos a quantificar, caso estivessem

presentes, os nematóides desta área experimental, além de observar a presença de estruturas que

classificassem os patogênicos.

3.2. Determinação de umidade do solo

Os resultados obtidos na determinação de umidade, em médias por tratamento, a partir das 4

amostras simples , estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Determinação de umidade do solo sob integração Lavoura Pecuária Floresta, Fazenda

Gamada, Nova Canaã do Norte-MT.

Amostras 5 g solo condições

de campo +

cápsula

Solo seco a 72h

105 °C + cápsula

Peso de solo (g)

% de umidade

do solo

T1 14,91 14,55 0,35 30

T2 13,12 11,97 1,15 12

T3 15,00 14,25 0,75 37

T4 13,3 12,6 0,7 12

T5 10,8 10,1 0,7 8

T6 11,9 11,2 0,7 70

A determinação de umidade do solo é necessária para realizar os cálculos de Carbono da

Biomassa Microbiana (CBM), assim, a partir dos valores de umidade determinados em 5 g de solo,

foi extrapolado para o peso utilizado na determinação de CBM, ou seja, extrapolado para 25 g de

solo.

O solo do Tratamento 6, correspondente a área de mata nativa, apresentou a porcentagem

maior umidade, justificada por ser uma área intocada, já os tratamentos com manejo do solo com

cultivo convencional, T4 e T5 apresentam as menores porcentagem de umidade, o que não favorece

a comunidade microbiana, já que esta necessita de água para sua atividade e reprodução.

Os solos sob a integração, T1; T2 e T3 apresentam valores intermediários. Porém o T2

apresenta valor igual a T4, plantio convencional, sugerindo que o solo não apresentou manutenção

de umidade, podendo ser resultado da falta de palhada do cultivo anterior.

3.3. Avaliação do Carbono da Biomassa Microbiana (CBM)

As análises de CBM seguiram metodologia descrita na literatura, entretanto cada solo

apresenta valores de carbono da biomassa microbiana variada, relacionado a população de

microrganismos presentes no mesmo, sendo assim, a metodologia foi calibrada para as condições de

funcionamento do laboratório de microbiologia do solo, sendo realizado teste de metodologia para

determinar o período de incubação, obtendo os resultados da Figura 2.

A partir do teste da metodologia foi possível observar que os valores dos cálculos de

carbono da biomassa microbiana ultrapassam os valores da testemunha após o 5° dia de incubação,

mostrando como resultado negativo, apresentado na Figura 2, assim ficou definido que a incubação

do solo deve ser realizada durante 5 dias, para essas condições.

-20

-10

0

10

20

30

40

50

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fumigado

Não Fumigado

CBM mg/kg-1

Figura 2. Avaliação teste de 10 dias de incubação para determinação da quantidade de Carbono da

Biomassa Microbiana em solo sob integração Lavoura Pecuária Floresta, Fazenda

Gamada, Nova Canaã do Norte-MT.

A Figura 3 apresenta os valores de CBM em cada tratamento e em cada bloco, já que para

coleta, os tratamentos são divididos em blocos afim de obter uma coleta mais representativa,

entretanto não houve diferença significativa entre os blocos.

Os solos sob os Tratamentos 4; 5 e 6 apresentaram valores semelhantes e sem diferença

estatística significativa pelo teste de Tukey 95%. Esses tratamentos são utilizados como testemunha

e a não diferença entre eles pode ser justificada pela época da coleta das amostras, após a safra.

O sistema esta submetido a plantio direto o que permite com que os microrganismos se

mantenham ativos e, geralmente, em número elevado nesse período.

Os solos sob os sistemas de integração, T1; 2 e 3 apresentaram valores variados. O T3

apresentou os melhores valores, estando estatisticamente igual aos melhores tratamentos nos blocos

2 e 3, e com valores intermediário no blocos 1 e 4, podendo ser relacionado a presença de linha

tripla de floresta, fator esse que pode ter favorecido a manutenção da palhada e assim beneficiado a

comunidade microbiana.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

1 2 3 4

mg

C/ k

g s

olo

-1

T1

T2

T3

T4

T5

T6

Figura 3. Avaliação do Carbono da Biomassa Microbiana em solo sob integração Lavoura Pecuária

Floresta, comparados a manejos convencionais e mata nativa, Fazenda Gamada, Nova

Canaã do Norte-MT. * Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente

entre si pelo Teste de Tukey, 95% de probabilidade. Análise estatística realizada pelo

pacote estatístico Assistat versão 7.5 Beta, Campina Grande, Pernambuco, Brasil.

Coeficiente de Variação de 3,5%.

c

b

a a a

d

c

b

a a a

c

b

a

a

c

b

a a a a

c

a a

3.4. Contagem de microrganismos totais

Foi realizado teste da metodologia de incubação nas diluições de 10-1

à 10-9

, e verificou-se

que as diluições 10-1

à 10-5

apresentaram números de UFC contáveis como mostra a Tabela 2.

Tabela 2. Número de unidades formadoras de colônias, em 9 diluições teste, de solo sob integração

Lavoura Pecuária Floresta, Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT.

Diluições -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8 -9

AN 300 26 6 2 0 0 0 0 0

BDA 3 1 1 0 0 0 0 0 0

Extrato

de solo

20 11 2 0 0 0 0 0 0

A partir dos resultados da incubação teste, ficou estabelecido que a inoculação deve ocorrer

nas diluições 10-1

à 10-5

, pois apresentaram valores contáveis de unidades formadoras de colônias.

Até o momento, foram realizadas a contagem das áreas mata nativa e pasto e as médias estão

apresentadas na Tabela 3 para Mata Nativa e Tabela 4 para pasto de Brachiaria.

Tabela 3. Número de Unidades Formadoras de Colônias em solo de Mata Nativa, Fazenda

Gamada, Nova Canaã do Norte-MT.

Trat. Meios -1 -2 -3 -4 -5

T6

AN 183 82 8 0 1

BDA 1 1 0 0 0

Extrato

de solo

41 11 0 0 0

Tabela 4. Número de Unidades Formadoras de Colônias em solo de pasto de Brachiaria, Fazenda

Gamada, Nova Canaã do Norte-MT.

Trat. Meios -1 -2 -3 -4 -5

T5

AN 183 22 5 1 0

BDA 3 0 0 0 0

Extrato

de solo

10 6 2 0 0

É possível observar que os resultados da contagem corroboram com os resultados do CBM,

Figura 3, onde as duas áreas avaliadas apresentam valores de UFCs próximos nos três meios de

cultivo utilizados, entretanto os actinomicetos, desenvolvidos em extrato de solo, apresentaram

valores quatro vezes maiores em T6 em relação a T5, na diluição 10-1

, esse acréscimo também é

observado nas bactérias totais, meio Agar nutriente, na diluição 10-2

. A área de mata nativa T6

apresenta, geralmente, uma comunidade maior de microrganimos, já que essas áreas não são

perturbadas por manejo do solo.

3.5. Atividade enzimática do solo

3.5.1. Fosfatase alcalina

A Figura 4 apresenta a curva de calibração da análise enzimática da fosfatase alcalina. A

partir da leitura das amostras, colocam-se os valores de absorbância na equação da curva e assim

determina-se a atividade das enzimas responsáveis pela removeção de grupos fosfatos de um grande

número de moléculas diferentes presentes no solo, como nucleotídeos e proteínas.

y = -15,177x + 106,45

R2 = 0,9353

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5 6

Ab

so

rbân

cia

Figura 4. Curva de calibração para o cálculo da fosfatase alcalina, metodologia descrita por

Tabatabai e Bremner (1969); Eivazi e Tabatabai (1977).

Na Figura 5 estão apresentados os valores da atividade da fosfatase alcalina nos seis

tratamentos avaliados. A análise estatitica não apresento diferença significativa pelo teste de Tukey

95% de probabilidade, porém é possível observar que o solo sob o tratamento 4 apresenta a taxa

mais elevada da ativida, disponibilizando mais fósforo para as plantas da cultura anual presente na

área. A alta taxa pode ser relacionada justamente com a cultura, pois a atividade pode ter se mantido

alta justamente pelo manejo empregado, ja que nesta área estava presente uma cultura anual que

necesita de fósforo, estimulando a atividade dessas enzimas.

Comparando os tratamentos, podemos observar que o T1 e T6 apresentam os menos valos

de mg P/ g solo-1

, isso está relacionado também com a análise que apresenta a maior taxa de fosforo

em T1, o que pode justificadar a não atividade, desnecessária, da fofatase alcalina.

Figura 5. Atividade enzimática da fosfatase alcalina em solo sob integração Lavoura Pecuária

Floresta, Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT. * Médias seguidas de mesma

letra não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, 95% de probabilidade.

Análise estatística realizada pelo pacote estatístico Assistat versão 7.5 Beta, Campina

Grande, Pernambuco, Brasil. Coeficiente de Variação de 4,8%.

3.6. Análise química do solo

Tabela 5. Análise química do solo sob integração Lavoura Pecuária Floresta, Fazenda Gamada,

Nova Canaã do Norte-MT.

AMOSTRA pH Ca Mg Al H + Al P K Cu Zn Fe Mn M.O.

IDENT. água cmolc/dm³ mg/dm³ g/dm³

T1 5,3 1,2 0,6 0,3 5,9 6,9 119,6 1,3 3,3 119,2 26,2 18,6

T2 5,2 0,9 0,5 0,2 6,4 5,5 102,0 1,4 3,1 96,0 26,4 19,6

T3 5,3 1,2 0,5 0,2 6,1 3,1 105,8 0,7 2,1 127,8 20,6 18,0

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

1 2 3 4 5 6

mg

C/

kg

so

lo-1 d

c

c a

a a

T5 5,6 1,53 0,73 0,1 5,77 1,2 97 0,4 1,0 150 65 24

4. Conclusões

A partir dos resultados preliminares, podemos concluir:

1. O manejo do solo com integração lavoura pecuária floresta favorece a comunidade de nematóides

não patogênicos;

2. Solos sob integração mista ou com mais linhas de floresta beneficiam a manutenção de água no

solo;

3. Nas presentes condições de estudo, a metodologia Jenkinson & Powlson (1976) para

determinação do CBM necessita de alterações, tomando como melhor período de incubação 5 dias;

4. Solos sob manejo convencional mantêm, inicialmente, valores de CBM mais altos em relação a

áreas de integração lavoura pecuária floresta;

5. Os valores de CBM e contagem de microrganismos totais corroboram entre si nas áreas de mata

nativa e pastagem;

6. Não houve diferença estatística na atividade enzimática da fosfatase alcalina nos seis tratamentos

avaliados.

5. Descrição das dificuldades e medidas corretivas

As dificuldades encontradas foi a escassez de dados literários para as situações de campo de

integração lavoura pecuária com relação a metodologia e discussão dos dados, assim, fez-se

necessário teste de todas as metodologias aplicadas, para que se obtivesse valores realmente

representativos.

6. Trabalhos publicados em congressos e Participação em Dias de Campos

Dia de Campo Integração Lavoura Pecuária Floresta, Embrapa Mato Grosso. Fazenda Gamada,

Nova Canaã do Norte-MT, Maio 2010.

(Anexo 1)

STIEVEN, A.C.; CAMPOS, D.T.S.; MACEDO, J.B.M.; MORAIS, L.P.V.X.C.; GALVÃO, D.M.;

OLIVEIRA, K.C.L.; WRUCK, F.J. Quantificação de nematóides totais em solo sob integração

lavoura pecuária floresta. Congresso Brasileiro de Fitopatologia, Cuiabá-MT, Agosto 2010.

(Anexo 2)

STIEVEN, A.C.; CAMPOS, D.T.S.; WRUCK, F.J.; MACEDO, J.B.M.; SCARAMUZZA, W.L.

Carbono da biomassa microbiana e respiração basal em solo sob integração lavoura pecuária

floresta. FertBio, Guarapari-ES, Setembro 2010.

(Anexo 3)

7. Referências Bibliográficas

ALLEN, O.N. Experiments in soil bacteriology. Madison, Burguess, 1957. 117p.

EIVAZI, F. & TABATABAI, M.A. Phosphatases in soil. Soil Biol. Biochem., 9:167-172, 1977.

JENKINS, W. R. A rapid centrifugal – flotation technique for separating nematodes from soil.

Plant Diasease Report, v. 48, 1964. p. 692.

JENKINSON, D.S. & POWLSON, D.S. The effects of biocidal treatments on metabolism in soil-I.

Fumigation with chloroform. Soil Biol. Biochem., 8:167-177, 1976.

TABATABAI, M.A.; BREMNER, J.M. Use of p-nitrophenylphosphate for assay of soil

phosphatase activity. Soil Biology and Biochemistry, Oxford, v. 1, p.301-307, 1969.

____________________________________________

Dra. Daniela Tiago da Silva Campos

Cuiabá, 30 de Setembro de 2010

ANEXO 1

Dia de Campo Integração Lavoura Pecuária Floresta, Embrapa Mato Grosso. Fazenda

Gamada, Nova Canaã do Norte-MT, Maio 2010.

ANEXO 2

Quantificação de nematóides totais em solo sob integração lavoura pecuária floresta

Total nematode quantification in ground under cattle farming forest integration

Ana Carla Stieven1*

, Daniela Tiago da Silva Campos2, Juliana Borges Madureira de Macedo

3,

Diego Morais Galvão3, Léa Paula Vanessa Xavier Corrêa de Morais, Kethelin Cristine Laurindo de

Oliveira3, Flávio Jesus Wruck

4

1*

Mestranda do Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical, UFMT, e-mail:

[email protected]; 2Professora do Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade da UFMT,

Lab. Microbiologia do Solo; 3Alunos de Graduação em Agronomia, UFMT,

4Pesquisador da

Embrapa Arroz e Feijão.

Nematóides são microrganismos que vivem no solo e nas raízes das plantas em áreas cultivadas,

como também em ambientes naturais. O objetivo foi quantificar a população de nematóides total em

solos de sistema de integração lavoura pecuária floresta, Nova Canaã do Norte, MT. O solo foi

coletado nas profundidades de 0-5 (1) e 5-20 (2) cm, a extração foi realizada com amostras de 100 g

de solo, pelo método de Jenkins. Os tratamentos avaliados foram solos sob integração, alterando a

espécie florestal. No T1 linha de eucalipto e mogno, T2 pinho cuiabano e mogno, T3 2 linhas de

eucalipto, T4 2 linhas de pinho cuiabano, T5 3 linhas de eucalipto, T6 3 linhas de pinho cuiabano,

T7 3 linhas de teca, T8 3 linhas de pau-balsa e T9 linha de eucalipto. A contagem foi realizada com

auxilio de lupa binocular. Nos tratamentos T4 e T6 foram encontradas a menor população de

nematóides na profundidade (1), 5 e 4 indivíduos, entretanto foi encontrado maior número de

nematóides, 28 e 24 indivíduos, na profundidade (2), seguidos do T2, onde foram encontrados 10

indivíduos na profundidade (1), e 21 indivíduos na profundidade (2). Os tratamentos com a espécie

florestal pinho cuiabano, na maior profundidade (2), representam um habitat com melhores

condições ambientais para estes microrganismos, uma vez que são sensíveis a estresse hídrico e

amplitudes de temperatura. Os tratamentos com integração de eucalipto, pau-balsa e teca

apresentaram valores menores que em solo sob pinho cuiabano, mas aproximados entre si. Conclui-

se que solos sob plantio integrado contendo pinho cuiabano favorecem a presença de nematóides na

profundidade (2), indicando temperatura amena e umidade ótima ao desenvolvimento de

microrganismos.

Tipo de patógeno: Nematóides do solo

Espécie de patógeno: Nematóides de vida livre

Espécie de hospedeiro: Solo e plantas

Nome comum do hospedeiro: Solo e plantas

Certificado de apresentação de trabalho no 43° Congresso Brasileiro de Fitopatologia,

Cuiabá-MT, Agosto 2010.

ANEXO 3

XXIX Reunião Brasileira de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas

XIII Reunião Brasileira sobre Micorrizas

XI Simpósio Brasileiro de Microbiologia do Solo

VIII Reunião Brasileira de Biologia do Solo

Guarapari – ES, Brasil, 13 a 17 de setembro de 2010.

Centro de Convenções do SESC

Carbono da Biomassa Microbiana e Respiração Basal em Solo sob Integração Lavoura

Pecuária Floresta

Ana Carla Stieven(1)

; Daniela Tiago da Silva Campos(2)

; Flávio Jesus Wruck(3)

; Juliana

Borges Madureira de Macedo(4)

& Walcylene Lacerda Scaramuzza(5)

(1)

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, Universidade Federal de

Mato Grosso, Campus de Cuiabá, MT, CEP: 78060-900, [email protected] (apresentador

do trabalho); (2)

Professora Dra. Laboratório de Microbiologia do Solo, Universidade Federal de

Mato Grosso, Campus de Cuiabá, MT, CEP: 78060-900, [email protected]; (3)

Pesquisador

EMBRAPA Arroz e Feijão, Sinop, MT, CEP 78550-000, [email protected]; (4)

Aluna de

graduação em Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Cuiabá, MT, CEP:

78060-900, [email protected]; (5)

Professora Dra. Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas,

Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Cuiabá, MT, CEP: 78060-900,

[email protected]

RESUMO – Este trabalho objetivou avaliar a

atividade da comunidade microbiana total de

solos sob o sistema de integração lavoura

pecuária floresta, por meio dos teores de

Carbono da Biomassa Microbiana (CBM) e

Respiração Basal (RB). A coleta foi realizada

em Nova Canaã do Norte-MT, na profundidade

de 0-5 cm. Os solos foram coletados em

Outubro de 2009. Os tratamentos avaliados

foram T1: com apenas uma linha de eucalipto

(E. urograndis); T2: apenas uma linha de pinho

cuibano (S. amazonicum), intercalada a cada 20

m por plantas de mógno (S. macrophylla); e T3:

linhas duplas de pinho cuibano (S.amazonicum).

Nos tratamentos vem sendo feita rotação de

culturas entre arroz, soja e B. ruziziensis.

As análises para determinação do CBM

seguiram metodologia descrita por Jenkinson &

Powlson (1976), a atividade respiratória foi

calculada a partir das amostras não fumigadas, e

as análises químicas foram realizadas pelo

laboratório da EMBRAPA.

Para a RB não foram observadas diferenças

estatísticas significativas. Para o CBM observou

diferenças, com destaque para o tratamento

contendo o pinho cuiabano, o qual também

apresentou os melhores teores de matéria

orgânica, seguido de T1 e T2.

Mas, autores destacam que as quantificações

da comunidade microbiana podem ser alteradas

durante o ano. Sugerimos estudos em diferentes

épocas do ano, buscando obter resultados

consistentes em relação à qualidade do solo

nesse sistema.

PALAVRAS-CHAVE: microrganismos do

solo, eucalipto, pinho cuiabano.

INTRODUÇÃO – A adoção de sistemas

conservacionistas de manejo do solo como

plantio direto tem se apresentado como uma

alternativa para contribuir com a

sustentabilidade econômica e ambiental do

agroecossistema (Carneiro et al, 2008).

Outro sistema conservacionista que vêm

ganhando espaço é o sistema agrossilvopastoril

(SASPs), o qual representa prática agroflorestal

de uso do solo concomitante à produção

agrícola, florestal e pecuária. Em comparação

com sistemas convencionais de uso do solo, as

técnicas agroflorestais têm como principal

objetivo permitir maior diversidade do sistema,

visando proporcionar produção florestal

sustentável (Vergutz et al, 2010).

O aumento da biodiversidade tem impacto

positivo sobre o C orgânico do solo, e

ecossistemas com maior biodiversidade

apresentam seqüestro de C mais elevado (Lal,

2004). É fato conhecido que solos sob pastagens

bem manejadas apresentam potencial elevado de

acúmulo e estabilização de C no solo (Cerri et

al., 2007). Com isso, espera-se que os SASPs,

por consorciarem espécies florestais e pastagem,

apresentem elevada taxa de seqüestro de C no

solo, mantendo os estoques de C encontrados na

área de referência (vegetação nativa), ou até

mesmo elevando-os. Para que os estoques de

COS sejam mantidos ou para que haja o

seqüestro efetivo de C na forma de MOS, é

preciso que o balanço para a razão

formação/decomposição do COS seja positivo

(Vergutz et al, 2010).

As propriedades biológicas e bioquímicas do

solo, tais como biomassa microbiana, a taxa

respiratória e a diversidade bacteriana e fúngica,

são indicadores sensíveis que podem ser

utilizados no monitoramento de alterações

ambientais decorrentes do uso agrícola, sendo

ferramentas para orientar o planejamento e a

avaliação das práticas de manejo utilizadas

(Wollum, 1982).

O solo é um sistema aberto e concentra

resíduos orgânicos de origem vegetal, animal,

principalmente em SASPs (Sistemas

Agrosilvipastoril), o qual consiste em associar

árvores, campos de cultivo e animais, e os

produtos das transformações destes resíduos. O

tipo de vegetação e as condições ambientais são

fatores que determinam a quantidade e a

qualidade do material que se deposita no solo,

influenciando a heterogeneidade e a taxa de

decomposição do material depositado a

superfície (Moreira & Siqueira, 2002). A

decomposição destes materiais depende dos

processos de transformação da matéria orgânica

pelos microrganismos do solo, por meio dos

quais pode-se mensurar a qualidade do solo,

determinando-se os valores do carbono da

biomassa microbiana (CBM) (Sparling, 1992).

Dessa forma, o presente trabalho teve por

objetivo quantificar o CBM e a Respiração

Basal (RB) em um sistema de integração

lavoura pecuária floresta, no município de Nova

Canaã do Norte, MT.

MATERIAL E MÉTODOS – Os solos foram

coletados na Unidade de Referencia

Tecnológica da Embrapa Mato Grosso,

localizada na Fazenda Gamada, em Nova Canaã

do Norte, MT. A coleta dos solos foi realizada

nos tratamentos T1: faixa de 200 m de largura

com povoamento de eucalipto (Eucalyptus

urograndis), em linhas únicas de 250 m de

comprimento separadas entre si por 20 m e com

distância entre plantas de 2 m (20 m x 2 m) e

soja, rotacionando com Brachiaria ruziziensis;

T2: faixa de 200m de largura com povoamento

de pinho cuibano (Schizolobium amazonicum),

intercalada a cada 20 m por plantas de mógno

(Swietenia macrophylla), em linhas únicas de

250 m de comprimento separadas entre si por 20

m e com distância entre plantas de 2 m (20 m x

2 m) e T3: faixa de 200 m de largura com

povoamento de pinho cuibano (S. amazonicum)

distribuídos em sub-faixas composta por duas

linhas de 250 m de comprimento separadas

entre si por 3 m, com distância entre plantas de

2m e distância entre sub-faixas de 20 m.

A coleta foi realizada em Outubro de 2009, no

período seco, na profundidade de 0-5 cm. Os

solos coletados foram acondicionados em sacos

plásticos previamente identificados e

armazenados em caixas de isopor contendo

gelo.

Após a coleta, as amostras foram

transportadas para o Laboratório de

Microbiologia do Solo, na UFMT/FAMEV,

campus de Cuiabá, MT, onde foram mantidas

sob refrigeração à 4 ºC até seu processamento.

Para avaliação do (CBM) e da atividade

Respiratória Basal (RB) utilizou-se o método da

fumigação-extração das amostras seguindo

metodologia descrita em Jenkinson & Powlson,

(1976). A atividade respiratória foi calculada a

partir das amostras controle, ou seja, não

fumigada.

As análises químicas do solo foram

realizadas pelo Laboratório de Química do Solo

e Planta (LASP), da EMBRAPA Arroz e Feijão.

As análises estatísticas foram realizadas pelo

programa ASSISTAT, versão 7.5, beta, 2008

(Silva e Azevedo, 2002).

RESULTADOS E DISCUSSÃO – Os

resultados da análise química do solo estão

apresentados na Tabela 1. Pode-se observar que

os teores de nutrientes avaliados se encontram

maiores no tratamento 1, seguido do tratamento

3 e depois do tratamento 2. Porém a maior

concentração de matéria orgânica esta no

tratamento 3, o qual apresentou também maior

CBM, sugerindo um aporte maior de biomassa

em relação aos demais.

As árvores e arbustos forrageiros, além

de promover múltiplos produtos, cumprem uma

função muito importante de proteção do solo.

Além disso, as folhagens são fonte de matéria

orgânica e entre as plantas nativas utilizadas

para esse fim, merece destaque o Schizolobium

amazonicum, conhecido vulgarmente por pinho

cuiabano ou paricá (EMBRAPA, 1999).

Os teores de CBM e da RB encontram-se na

Figura 1. Para a RB não foram observadas

diferenças estatísticas significativas e para o

CBM observou-se diferenças, com destaque

para o tratamento contendo o pinho cuiabano.

Embora, as análises estatísticas entre os

tratamentos não tenham apresentado diferenças

significativas para RB, o tratamento com pinho

cuiabano apresentou valores mais elevados de

RB em relação dos demais tratamentos,

corroborando com os resultados de CBM, onde

o tratamento 3, pinho cuiabano em linhas

duplas, apresentou 19,1 mg C g solo-1

, enquanto

que T1 e T2 apresentaram 7,8 mg C g solo-1

e

T2 5,8 mg C g solo-1

, respectivamente.

Os resultados encontrados no presente

trabalho corroboram com os resultados de Dias

(2008), onde a integração de capoeira e o paricá

(pinho cuiabano) x curauá x freijó tenderam

apresentar valores mais elevados de respiração

basal nas primeiras camadas de solo (0-10 cm).

Esses valores sugerem favorecimento de maior

quantidade de microrganismos presentes na

camada superficial do solo. A área onde os

valores de respiração tenderam ser mais baixos

corresponde ao tratamento de Paricá x mogno, o

que justifica os teores de carbono da biomassa

microbiana, encontrados neste trabalho, ser

menor no T2 em relação ao T3.

Entretanto, quantificações podem ser

alteradas durante o ano já que diversos estudos

realizados no Brasil constataram diferenças no

teor de CBM entre épocas de amostragem,

principalmente em função do ciclo das plantas,

da adição de resíduos vegetais, da pluviometria

e da temperatura (Brandão-Junior et al, 2008).

CONCLUSÕES – Nas presentes condições e

época do ano, a integração com eucalipto e

pinho cuiabano intercalada com mogno não

beneficiaram a população microbiana do solo.

Já o tratamento com pinho cuiabano em duas

linhas apresentou beneficio a comunidade

microbiana do solo comparado aos demais

tratamentos.

A adoção do sistema de integração com

linhas duplas de pinho cuiabano apresenta maior

aporte de matéria orgânica que os demais

tratamentos.

Entretanto, sugerimos estudos em

diferentes épocas do ano, buscando obter

resultados consistentes em relação à qualidade

do solo.

AGRADECIMENTOS – Os autores

agradecem à Fundação Agrisus, pelo

financiamento do projeto número 660/10, aos

proprietários da Fazenda Gamada, Nova Canaã

do Norte, MT, onde o trabalho foi desenvolvido

e aos técnicos da Embrapa Arroz e Feijão pelo

auxílio nas coletas de campo.

REFERÊNCIAS –

BRANDÃO-JUNIOR, O.; HUNGRIA, M.;

FRANCHINI, J.C. & ESPINDOLA, C.R.

Comparação ente os métodos de fumigação-

extração e fumigação-incubação para

determinação do carbono da biomassa

microbiana em um latossolo. R. Bras. Ci.

Solo, 32:1911-1919, 2008.

CARNEIRO, M.A.C.; ASSIS, P.C.R.; MELO,

L.B.C.; PEREIRA, H.S.; PAULINO, H.B.; &

SILVEIRA NETO, A.N. Atributos

bioquímicos em dois solos de Cerrado sob

diferentes sistemas de manejo e uso. Pesq.

Agrop. Trop., v. 38, n. 4, p. 276-283, 2008.

CERRI, C.E.P.; EASTER, M.; PAUSTIAN, K.;

KILLIAN, K.; COLEMAN, K.; BERNOUX,

M.; FALLOON, P.; POWLSON, D.S.;

BATJES, N.; MILNE, E. & CERRI, C.C.

Simulating SOC changes in 11 land use

change chronosequences from the Brazilian

Amazon with RothC and Century models.

Agric. Ecosyst. Environ., 122:46-57, 2007.

DIAS, J.D. Dinâmica do amônio e nitrato em

solos consorciados com plantios de paricá

(Schizolobium amazonicum) em Aurora do

Para, Pará. Dissetação de mestrado,

Universidade Federal do Pará, 2008. 88p.

EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária. Comunicado Técnico. Acre,

1999, 6p.

JENKINSON, D.S. & POWLSON, D.S. The

effects of biocidal treatments on metabolism

in soil. I. Fumigation with chloroform. Soil

Biol. Biochem., 8:167-177, 1976.

LAL, R. Soil carbon sequestration to mitigate

climate change. Geoderma, 123:1-22, 2004.

MOREIRA, F.M.S. & SIQUEIRA, J.O.

Microbiologia e bioquímica do solo. Lavras,

Universidade Federal de Lavras, 2002. 625p.

SPARLING, G.P. Ratio of microbial biomass

carbon to soil organic carbon as sensitive

indicator of changes in soil organic matter.

Australian J. S. Res., v.30, p.195-207, 1992.

SILVA, F. de A. S. E. e AZEVEDO, C. A. V.

Versão do programa computacional Assistat

para o sistema operacional Windows. Revista

Brasileira de Produtos Agroindustriais,

Campina Grande, v.4, n.1, 2002, p71-78.

VERGUTZ, L.; NOVAIS, R.F.; SILVA, I.R.;

BARROS, N.F.; NUNES, T.N. & PIAU,

A.A.M. Mudanças na matéria orgânica do

solo causadas pelo tempo de adoção de um

sistema agrossilvopastoril com eucalipto. R.

Bras. Ci. Solo, v.34, p.43-57, 2010.

WOLLUM, A.G. Cultural methods for soil

microorganisms. In: PAGE, A.L.; MILLER,

R.H.; KEENEY, D.R. (Ed.). Methods of soil

analysis. Madis Madison: Soil Science

Society of America, 1982, p.781-802.

22

Tabela 1. Análise química do solo sob integração lavoura pecuária floresta, no município de

Nova Canaã do Norte, MT.

AMOSTRA pH Ca Mg Al H + Al P K Cu Zn Fe Mn M.O.

IDENT. água cmolc/dm³ mg/dm³ g/dm³

Tratamento 1 5,8 2,07 0,82 0,1 5,29 10,6 106 2,2 5,5 110 39 19

Tratamento 2 4,8 0,54 0,37 0,5 6,36 4,2 84 1,3 3,4 100 20 16

Tratamento 3 5,4 1,80 0,55 0,1 6,17 6,1 106 0,7 2,9 90 34 20

T1T2

T3

RB

CBM0

5

10

15

20

mg

C g

so

lo

Figura 1. Respiração basal (RB) e carbono da biomassa microbiana (CBM) em solos sob o

sistema de integração lavoura pecuária floresta, no município de Nova Canaã do

Norte, MT.

* Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de

probabilidade pelo Teste de Tukey.

a a

a

a

b

a

b

23

Certificado de apresentação de trabalho no FertBio 2010, Guarapari-ES.