calibração esfigmomanômetro

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GILMAR ANTONIO SCOPEL ESTUDO SOBRE A VERIFICAÇÃO DOS ESFIGMOMANÔMETROS NOS HOSPITAIS NA CIDADE DE CURITIBA-PR CURITIBA 2010

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    GILMAR ANTONIO SCOPEL

    ESTUDO SOBRE A VERIFICAO DOS ESFIGMOMANMETROS NOS HOSPITAIS NA CIDADE DE CURITIBA-PR

    CURITIBA2010

  • GILMAR ANTONIO SCOPEL

    ESTUDO SOBRE A VERIFICAO DOS ESFIGMOMANMETROS NOS HOSPITAIS NA CIDADE DE CURITIBA-PR

    Monografia apresentada ao Curso de Especializao em Metrologia Legal da Universidade Federal do Paran como requisito parcial para obteno do Grau de Especialista em Metrologia Legal.

    Orientador: Dr. Eng. Hlio PadilhaCo-orientador: Ms. Ronaldo Azeredo

    CURITIBA2010

  • Para que a verificao dos esfigmomanmetros seja prtica entre os profissionais da sade.

  • AGRADECIMENTOS

    minha famlia pela pacincia: esposa Helena Mazzurana Scopel e filhas

    Carolinne Thays Scopel e Polianne Lays Scopel.

    Direo do IPEM -PR, pela oportunidade de cursar a Especializao em

    Metrologia Legal.

    Aos colegas de trabalho pela compreenso, do tempo requerido pelo

    estudo.

    Aos colegas do grupo de trabalho Elli, Ronaldo, Senhen e Amauri.

    Ao professor Dr. Engenheiro Hlio Padilha, que aceitou a orientao e ao

    Ms. Ronaldo Azeredo como co-orientador.

  • RESUMO

    A presso arterial a presso exercida pelo sangue sobre as paredes das artrias. Mesmo considerando o aparecimento de aparelhos de grande preciso, os manmetros de mercrio continuam sendo considerados os mais fidedignos para verificao da presso arterial. No entanto, os aparelhos anerides menos precisos so mais utilizados. Por esse motivo, recomenda-se que devam ser testados contra o manmetro de mercrio. Um paciente erroneamente rotulado de hipertenso ser induzido a seguir um tratamento desnecessrio, enquanto pacientes hipertensos no diagnosticados podem estar sendo excludos dos benefcios do tratamento. O objetivo deste estudo verificar se os esfigmomanmetros esto sendo verificados, verificar as condies dos esfigmomanmetros e elaborar e implantar um programa de verificao e tambm uma educao continuada. Neste estudo foi abordada a importncia da verificao da calibrao dos manmetros e condies dos esfigmomanmetros, evidenciando os maiores erros obtidos na medida indireta da presso arterial. Em relao aos resultados obtidos, os valores foram alarmantes, com altos ndices percentuais de esfigmomanmetros reprovados sem condies de uso, podendo os mesmos desvirtuar um diagnostico mais preciso, onde 40,87% no tinham condies de uso aparente e mais 15,38% com erros superiores aos tolerados, perfazendo 56,25%.

    Palavras-Chaves: Esfigmomanmetros. Verificao. Diagnosticos.

  • ABSTRACT

    Blood pressure is the pressure exerted by blood against the artery walls. Even considering the emergence of high-precision apparatus, the mercury manometers are still considered the most reliable for measuring blood pressure. However, the devices less accurate aneroides are more used. Therefore, it is recommended that they should be tested against the mercury manometer. A patient wrongly labeled as hypertensive will be induced to follow an unnecessary treatment, while hypertensive patients undiagnosed may be excluded from the benefits of treatment. The aim of this study is to verify that sphygmomanometers are being checked, check the conditions of sphygmomanometers and design and implement a verification program and also a continuing education. This study addressed the importance of checking the calibration of manometers and sphygmomanometers of conditions, highlighting the biggest mistakes made in the indirect measurement of blood pressure. Regarding the results obtained, values were alarming, with high percentages of sphygmomanometers disapproved without conditions of use and may be misrepresenting a more accurate diagnosis, where 40.87% were unable to use and more apparent with 15.38% errors greater than the tolerated, totaling 56.25%.

    Key Words: Sphygmomanometers. Checking. Undiagnosed.

  • Lista de ilustraes

    Ilustrao 1: Passos da harmonizao internacional..................................................20

    Ilustrao 2: Caractersticas do processo e regulamentao metrolgica.................24

    Ilustrao 3: Vetores impactantes na regulamentao metrolgica...........................25

    Ilustrao 4: Organizaes em Rede..........................................................................32

    Ilustrao 5: Esfigmomanmetro mecnico de coluna de mercrio...........................38

    Ilustrao 6: Esfigmomanmetros Mecnico Aneride...............................................38

    Ilustrao 7: Detalhamento do Esfigmomanmetro mecnico aneride....................39

    Ilustrao 8: Escala de leitura do esfigmomanmetro mecnico...............................40

    Ilustrao 9: Ilustrao da parte traseira do manmetro............................................40

    Ilustrao 10: Braadeira com o manguito..................................................................41

    Ilustrao 11: Vista do manguito.................................................................................41

    Ilustrao 12: Ilustrao dos componentes do mecanismo pata inflar o manguito....42

    Ilustrao 13: Ilustrao do estetoscpio....................................................................43

    Ilustrao 14: Mecanismo aneride............................................................................43

    Ilustrao 15: Partes internas do mecanismo aneride do esfigmomanmetro.........44

    Ilustrao 16: Mecanismo do esfigmomanmetro mecnico aneride.......................44

    Ilustrao 17: Esfigmomanmetros Digital..................................................................45

    I

  • Lista de grficos

    Grfico 1: Resultado dos Instrumentos Verificados....................................................61

    Tabela 2: Distribuio dos Instrumentos Reprovados.................................................62

    Grfico 3: Reprovados por Vazamento no Sistema....................................................62

    Grfico 4: Reprovados por partida fora do ponto Zero...............................................63

    Grfico 5: Reprovados por apresentar bolhas na coluna de mercrio.......................63

    Grfico 6: Reprovados por erros superiores aos tolerados........................................64

    Grfico 7: Modelos no aprovados pelo Inmetro........................................................64

  • SIGLAS

    AIEA Agncia Internacional de Energia Atmica

    CONMETRO Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade

    Industrial

    Cgcre Coordenao Geral de Acreditao

    CORED Coordenao Geral da RBMLQ-I

    CT Comisso Tcnica

    DIMEL Diretoria de Metrologia Legal

    DIMEP Diviso de Mercadorias Pr-Medidas

    GEATE Gerncia Tcnica

    HA Hipertenso Arterial

    INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial

    INPM Instituto Nacional de Pesos e Medidas

    INT Instituto Nacional de Tecnologia

    IPEM Instituto de Pesos e Medidas

    IPT Instituto de Pesquisas Tecnologicas

    IRD Instituto de Rdio proteo e Dosimetria

    MERCOSUL Mercado Comum do Cone Sul

    MTIC Ministrio do Trabalho e Comrcio

    NIE Norma INMETRO Especifica

    OIML Organizao Internacional de Metrologia Legal

    OMC Organizao Mundial de Comrcio

    OMS Organizao Mundial de Sade

    RBMLQ-INMETRO Rede Brasileira de Metrologia Lega e Qualidade

    RTM Regulamento Tcnico Metrolgico

    SI Sistema Internacional de Unidades

    SINMETRO Sistema Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade

    Industrial

    VIM Vocabulrio Internacional de Metrologia

  • Sumrio1. INTRODUO........................................................................................................12

    1.1. RELEVNCIA E JUSTIFICATIVA....................................................................15

    1.2. OBJETIVO GERAL..........................................................................................15

    1.3. OBJETIVOS ESPECIFICOS............................................................................15

    1.4. LIMITAES DO ESTUDO.............................................................................15

    2. METROLOGIA LEGAL............................................................................................16

    2.1. ASPECTOS GERAIS.......................................................................................16

    2.1.1. Organizao Internacional de Metrologia Legal OIML..........................18

    2.1.2. Metrologia Legal no Brasil........................................................................21

    2.2. ATIVIDADES DE METROLOGIA LEGAL.........................................................23

    2.2.1 Regulamentao........................................................................................23

    2.2.2. Controle Metrolgico.................................................................................26

    2.2.2.1. Controle dos Instrumentos de Medio ou Medidas Materializadas 27

    2.2.2.2. Superviso Metrolgica.....................................................................28

    2.2.2.3. Percia Metrolgica............................................................................29

    2.3. REDES.............................................................................................................30

    2.3.1 Redes Metrolgicas...................................................................................33

    2.3.2 Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade - INMETRO.................34

    3. TIPOS DE ESFIGMOMANOMETROS....................................................................37

    3.1. ESFIGMOMANMETRO MECNICO............................................................37

    3.2. ESFIGMOMANMETRO DIGITAL..................................................................45

    4. CONFIABILIDADE METROLGICA NA REA DA SADE...................................47

    4.1. CONFIABILIDADE METROLGICA DE EQUIPAMENTOS BIOMDICOS NO

    BRASIL....................................................................................................................54

    4.2. CONFIABILIDADE METROLGICA DE ESFIGMOMANMETROS

    MECNICOS...........................................................................................................56

    5. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS...............................................................58

    5.1. LIMITAES DO MTODO DE PESQUISA...................................................58

    5.2 TIPOS DE PESQUISA DE CADA ETAPA.........................................................59

    5.3. ESTUDO DE CASO.........................................................................................59

    5.3.1. Objetivo.....................................................................................................59

    5.3.2. Material e Mtodos Utilizados..................................................................59

    5.3.3. Resultados................................................................................................60

  • 6. CONCLUSO..........................................................................................................65

    6.1. FATOS RELEVANTES A SEREM QUESTIONADOS......................................65

    6.2. RECOMENDAES.......................................................................................66

    7. REFERNCIAS.......................................................................................................67

  • 121. INTRODUO

    A presso arterial a fora exercida pelo sangue sobre a parede do vaso,

    sofrendo mudanas contnuas durante todo o tempo dependendo das atividades, da

    posio do indivduo e das situaes. A presso arterial tem por finalidade promover

    uma perfuso tissular adequada e com isso permitir as trocas metablicas.

    Segundo Smerltzer e Bare (1998), a presso arterial a presso exercida pelo sangue sobre as paredes das artrias. Ela afetada por fatores tais como

    dbito cardaco, distenso das artrias, volume, velocidade e a viscosidade do

    sangue. A presso arterial manifesta-se como um fenmeno cclico. A presso

    arterial mxima ocorre quando os ventrculos esto se contraindo, sendo chamada

    de presso sistlica. A presso arterial diastlica a presso mais baixa e ocorre

    quando os ventrculos esto em repouso. Geralmente a presso arterial expressa

    como uma relao entre a presso sistlica e a presso diastlica.

    De acordo as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertenso Arterial, considera-se

    hipertenso arterial quando os nveis de presso arterial encontram-se igual ou

    maior que 140 Milmetros de Mercrio - mmHg para a presso arterial sistlica e 90

    mmHg para a diastlica (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

    CARDIOLOGIA/SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSO/SOCIEDADE

    BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).

    A Hipertenso Arterial (HA) uma entidade clnica multifatorial, conceituada

    como sndrome caracterizada pela presena de nveis tensionais elevados,

    associados a alteraes metablicas e hormonais e a fenmenos trficos (hipertrofia

    cardacas e vascular). Considerada um dos principais fatores de risco de

    mortalidade e morbidade cardiovasculares, seu alto custo social responsvel por

    cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e de absentesmo no trabalho

    em nosso meio.

    Diversos so os mtodos existentes para determinar a presso, sendo o

    mtodo indireto, o de mais fcil execuo. A maioria das informaes sobre

    morbimortalidade so tambm definida a partir desse mtodo, apesar dos problemas

    que podem advir de uma medio sem preciso.

    Apesar da preocupao com o pulso ser muito antiga, datada de 1600 A.C., a

    primeira medio da presso arterial s veio a ocorrer no ano de 1733, em

  • 13

    Middlessex, na Inglaterra, pelo reverendo ingls Stephen Hales (1677-1761). Hales

    realizou a primeira medio de presso inserindo uma cnula conectada a um tubo

    na artria crural de uma gua. O sangue elevou-se a 2,5 mmHg no tubo de vidro,

    observando variaes provocadas pelo movimento do animal.

    O desenvolvimento do mtodo foi demorado. S em 1828, Jean Leonard

    Marie Poiseuille desenvolveu o primeiro esfigmomanmetro de mercrio utilizando

    um tubo em U. Em 1847, Karl Ludwig criou em seu laboratrio um quimgrafo

    capaz de gravar continuamente a presso por meio de uma cnula, permitindo com

    isto os registros grficos das ondas de pulso. Posteriormente, em 1881, Vitor Basch

    e Rabinowitz adaptarem um balo inflvel a um manguito com gua, e, em

    dezembro de 1896, Scipioni Riva-Rocci apresentou o nuovo sphygmomanometro,

    que se assemelha ao equipamento que usamos nos dias de hoje.

    O mtodo indireto de medio da presso arterial foi inventado em 1898 por

    Scipione Riva-Rocci que, usando um manmetro de mercrio, foi capaz de medir a

    presso necessria para ocluir a artria braquial e obliterar o pulso radial. O

    aparelho de Riva-Rocci sofreu, ento, diversas modificaes permanecendo, porm,

    o seu princpio bsico. A ideia de auscultar a artria ocluda no lugar de apenas

    palp-la data de 1905, quando Nicolai Korotkoff escreveu sua tese sobre os sons

    que so audveis durante a deflao do manguito do manmetro de mercrio e

    foram denominados Sons de Korotkoff.

    Atualmente o esfigmomanmetro passou a ser definido como sendo o

    aparelho que serve para medir a presso arterial, constitudo por uma braadeira

    inflvel que se enrola em torno do punho, da coxa ou do brao, ligado a um

    manmetro.

    Habitualmente, so utilizados dois tipos de esfigmomanmetros para a

    medio no-invasiva da presso arterial: os mecnicos e os digitais.

    O manmetro de coluna de mercrio representa o padro ouro para o registro

    indireto da presso, sendo os demais mtodos aferidos a partir dele. O principal

    cuidado com este tipo de manmetro evitar a perda do mercrio. O nvel de

    mercrio no tubo deve ser observado com a cmara vazia. Quando necessrio deve

    ser acrescentado mercrio no reservatrio at que o menisco esteja exatamente no

    marco zero. A coluna do manmetro deve estar na vertical para uma leitura correta.

    O tubo onde fica o mercrio deve ser mantido limpo para evitar oxidao.

  • 14

    O tipo aneroide deve ser calibrado semestralmente ou mais frequentemente,

    caso necessrio. A calibrao do aneroide feita contra o aparelho coluna de

    mercrio atravs da adaptao em Y conectando os aparelhos.

    Mesmo considerando o aparecimento de aparelhos de grande preciso, os

    manmetros de mercrio continuam sendo considerados os mais fidedignos em

    qualquer comparao realizada experimentalmente com os demais instrumentos.

    No entanto, os aparelhos aneroides menos precisos so mais utilizados. Na

    prtica clnica em razo do seu menor preo e tamanho. Por esse motivo,

    importante que alguns cuidados sejam observados, objetivando aumentar a

    confiana nos valores detectados com o uso destes aparelhos.

    Por esse motivo, recomenda-se que devam ser testadas contra o manmetro

    de mercrio. Esse procedimento pode ser realizado na prpria unidade, evitando

    que sejam utilizados aparelhos com defeitos ou que precisem ser levados para

    servios de manuteno apenas para verificar sua confiabilidade.

    Naturalmente, os aparelhos do tipo aneroide devem ser adequadamente

    calibrados pelo fabricante antes de serem utilizados, devendo ser periodicamente

    recalibrados contra um manmetro de mercrio, dependendo da frequncia do uso e

    do cuidado dispensado ao instrumento. Se a agulha no registra 0 mmHg com o

    manguito desinflado, pode resultar uma margem de erro considervel.

    O registro zero exato, se a agulha indicadora estiver dentro do crculo zero

    no mostrador antes de se inflar o manguito.

    Mesmo sendo a medida indireta da presso arterial um procedimento

    considerado corriqueiro na prtica de enfermagem, vrios aspectos que podem

    induzir a erros de medio so ignorados.

    Braunwald destaca que hipertenso o fator de risco mais importante para as

    doenas vasculares renal, cerebral e coronria e que o nmero de pessoas

    identificadas como hipertensas continua a aumentar.

    Os cuidados na medio da presso arterial so fundamentais pois podem

    significar excluso ou confirmao do diagnstico de hipertenso arterial. Um

    paciente erroneamente rotulado de hipertenso ser induzido a seguir um tratamento

    desnecessrio, enquanto pacientes hipertensos no diagnosticados podem estar

    sendo excludos dos benefcios do tratamento.

  • 151.1. RELEVNCIA E JUSTIFICATIVA

    A preciso dos esfigmomanmetros diretamente proporcional aos

    benefcios na sade da populao.

    Podendo o paciente ser includo ou excludo em um tratamento, decorrente

    do resultado obtido na medio da presso arterial do mesmo. O paciente pode ser

    rotulado como hipertenso e receber um tratamento inadequado e outro no receber

    o tratamento que lhe era devido (paciente hipertenso).

    1.2. OBJETIVO GERAL

    Levantar a real situao da verificao dos esfigmomanmetros na cidade

    de Curitiba e o impacto da situao tcnica dos mesmos no dia a dia dos hospitais

    de Curitiba.

    1.3. OBJETIVOS ESPECIFICOS

    - Levantar a quantidade de esfigmomanmetros e seu devido controle

    metrolgico.

    - Fiscalizao dos esfigmomanmetros, nos locais de uso, para levantar a

    real situao dos mesmos.

    1.4. LIMITAES DO ESTUDO

    Em funo de tempo e custos, no ser possvel fazer uma amostragem de

    100% dos hospitais, clnicas, ambulatrios, farmcias e postos de sade, onde

    possam ser utilizados os esfigmomanmetros na cidade de Curitiba, que seria a

    imagem ou retrato do Estado do Paran.

    O estudo de caso ser feito na cidade de Curitiba, estado do Paran, com a

    visita de aproximadamente 10 hospitais, e a verificao de aproximadamente 200

    instrumentos.

  • 162. METROLOGIA LEGAL

    2.1. ASPECTOS GERAIS

    Conforme Theisen (1997), a metrologia pode ser definida como o campo de

    conhecimento relativo s medies ou a cincia das medies, assim sendo,

    podemos afirmar que abrange todos os aspectos tcnicos e prticos relativos s

    medies.

    A aplicao da metrologia pode ser dividida em trs segmentos, a saber:

    Cientfica;

    Industrial;

    Legal.

    Entre os segmentos acima citados, iremos nos concentrar na metrologia

    legal por ser objeto do desenvolvimento desta pesquisa.

    A metrologia legal originou-se da necessidade de se assegurar um comrcio

    justo e uma de suas mais importantes contribuies para a sociedade o aumento

    da eficincia do comrcio, atravs da confiana nas medies e na reduo dos

    custos das transaes comerciais.

    A Organizao Internacional de Metrologia Legal (OIML) descreve o termo

    metrologia legal como parte da metrologia que trata das unidades de medida,

    mtodos de medio e instrumentos de medio em relao s exigncias tcnicas

    e legais obrigatrias, as quais tm o objetivo de assegurar uma garantia pblica do

    ponto de vista da segurana e da exatido das medies (OIML, 2003).

    Desta maneira, caracteriza todos os nveis e setores de uma nao

    desenvolvida. As aes governamentais nesse campo objetivam, por um lado a

    disseminao e a manuteno das medidas e unidades harmonizadas e por outro a

    superviso e avaliao dos instrumentos e mtodos de medio.

    O principal objetivo estabelecido legalmente no campo econmico proteger

    o consumidor enquanto comprador de produtos e servios medidos, e o vendedor,

    enquanto fornecedor destes. A exatido dos instrumentos de medio,

    especialmente em atividades comerciais, dificilmente pode ser conferida pela

    segunda parte envolvida, que no possui meios tcnicos para faz-lo. Em geral, os

    instrumentos de medio esto na posse de um dos parceiros comerciais, o qual

  • 17

    tem acesso aos instrumentos, independente da presena dos demais. a

    competncia da atividade do controle metrolgico, quem estabelece a confiana

    entre as partes, com base em ensaios imparciais.

    Atualmente, nos pases desenvolvidos, no s as atividades no campo

    comercial so submetidas superviso governamental, mas tambm so

    supervisionados os instrumentos de medio usados: nas atividades oficiais, no

    campo da medicina, na fabricao de medicamentos, nos campos de proteo

    ocupacional ambiental e da radiao; todos submetidos, obrigatoriamente, ao

    controle metrolgico. A exatido das medies assume especial importncia no

    campo mdico face aos vrios efeitos negativos que resultados de menor

    confiabilidade podem provocar sade humana.

    As Diretrizes Estratgicas para a Metrologia Brasileira 2008-2012 aprovadas

    na 38 reunio do Comit Brasileiro de Metrologia em 03 de julho de 2008, estabele-

    cem o foco de ateno da metrologia legal em quatro direes bsicas (COMIT

    BRASILEIRO DE METROLOGIA, 2008, p.26-27):a) a correta correspondncia entre o contedo efetivo e a indicao quanti-tativa dos produtos pr-medidos e a confiabilidade dos instrumentos de me-dio utilizados nas transaes comerciais, nas medies que possam ofe-recer riscos sade e segurana das pessoas e do meio ambiente, visan-do a assegurar a confiabilidade dos resultados das medies;b) a segurana, equidade e eficcia das atividades essenciais do Estado, promovendo os meios para a realizao de medies adequadas e confi-veis;c) as atividades produtivas, tendo em vista disponibilizar s empresas instru-mentos de medio mais adequados e compatveis com suas necessidades;d) o apoio indstria nacional de instrumentos de medio e de produtos pr-medidos, visando melhoria da confiabilidade das medies e da indi-cao de contedo de seus produtos e ao aumento de sua competitividade.

    Birkeland j previa a necessidade de valorizar a metrologia e o consequente

    apoio governamental:No ncleo da metrologia legal esto as reas de interesse conflitante e reas onde exigido um adicional de confiana no resultado da medio. Em nosso mundo, tcnica, econmica e politicamente complexo, as reas de conflito de interesses e reas necessitadas de alta confiana, so muitas, mesmo que estejamos falando somente de metrologia. A medio na qual todos os usurios possam ter confiana foi sempre a preocupao principal da metrologia legal. (BIRKELAND, 1998, p. 9).

    A confiabilidade na medio , portanto, especialmente necessria onde

    quer que exista conflito de interesse, ou onde quer que medies incorretas levem a

    riscos indesejveis aos indivduos ou sociedade.

  • 18

    A metrologia legal atende tais necessidades principalmente atravs de

    regulamentos, os quais so implementados para assegurar um nvel adequado de

    credibilidade nos resultados de medio. Em todas as suas aplicaes, a metrologia

    legal cobre unidades de medida, instrumentos de medio e outras matrias tais

    como: os produtos pr-medidos. Com respeito aos instrumentos de medio, so

    especificadas exigncias de desempenho, procedimentos de verificao, meios para

    assegurar a correta utilizao das unidades de medida legalmente definidas e

    prescries obrigatrias para uso.

    Segundo Birkeland (1998, p. 9), o que h de to especial na metrologia

    legal? No a metrologia, o aspecto legal que especial. A metrologia torna-se

    legal quando os legisladores induzem exigncias legais compulsrias para as

    unidades, os mtodos e os instrumentos de medio. O ideal assegurar um nvel

    adequado de credibilidade e exatido confirmada das medies.

    A metrologia legal, na sua essncia, uma forma exclusiva do Estado. Consiste em um conjunto de procedimentos tcnicos, jurdicos e administrativos, estabelecidos por meio de dispositivos legais, pelas autoridades pblicas, visando garantir a qualidade das medies realizadas nas operaes comerciais e nos controles pblicos relativos sade, meio ambiente, segurana, proteo ao consumidor, entre outros (CONMETRO, 2003).

    A metrologia aplicada segundo leis e regulamentos a metrologia legal.

    Potencialmente, todo o domnio da metrologia aplicada est aberto metrologia

    legal, mas, na prtica, ela limitada a certos setores que variam de um pas para

    outro, e compreende as medies comerciais e industriais mais importantes.

    O foro internacional de discusso da metrologia legal a Organizao

    Internacional de Metrologia Legal (OIML), instituda em 1955, por Conveno

    Internacional.

    2.1.1. Organizao Internacional de Metrologia Legal OIML

    Cada vez mais intensamente, nos dias atuais, h necessidade de

    harmonizao das prticas de metrologia legal entre as economias mundiais. Com

    este propsito que, desde 1955, a OIML atua no sentido de promover esta

  • 19

    consonncia global, atravs do desenvolvimento de uma estrutura tcnica que

    fornece aos seus pases-membro diretrizes para elaborao de regulamentos

    nacionais e regionais no seu campo de atuao.

    A sociedade e a metrologia mudam rapidamente. Os objetivos e as estratgias, o saber como e as ferramentas materiais das instituies, organizaes e estruturas de metrologia seguem convenientemente. As instituies e as organizaes tm sua prpria inrcia, e certamente as metrolgicas tm. Leva muito tempo para estabelecer a competncia metrolgica, uma poro de recursos para mant-la, e depois deve mudar tudo e ajustar! (BIRKELAND, 1998, p. 4).

    A proposta da OIML assegurar a compatibilidade internacional dos

    regulamentos tcnicos relativos metrologia e a avaliao da conformidade

    correspondente. O Decreto n 89.461 de 20/03/1984, ratifica a conveno que institui

    uma Organizao de Metrologia Legal concluda em Paris no dia 12 de outubro de

    1955, e emendada 12 de novembro de 1963 com os seguintes objetivos:

    Estudar uma viso para a unificao de mtodos e regulamentos como

    tambm, os problemas de metrologia legal, de carter legislativo e regulamentar,

    cuja soluo de interesse internacional;

    A determinao das caractersticas de desempenho necessria e devem

    ser adequadas aos instrumentos de medio para que os mesmos possam ser

    aprovados pelos Estados Membros e tenham seu uso recomendado

    internacionalmente;

    Promover relaes mais prximas entre os departamentos responsveis

    pela metrologia legal;

    Determinar os princpios gerais da metrologia legal

    .As ferramentas da OIML so a especialidade internacional em metrologia legal e a criao de exigncias metrolgicas internacionalmente compatveis (BIRKELAND, 1998, p. 9).

    Atualmente a nfase da OIML na harmonizao internacional da

    metrologia legal. Para isso, trs passos esto sendo considerados como essenciais:

    cooperao mtua, confiana mtua e reconhecimento mtuo. O desenvolvimento

    de uma harmonizao internacional fornece a base para os acordos de

    reconhecimento mtuo entre diversos pases, fundamentais para facilitar o comrcio

    internacional e a cooperao tcnica.

  • 20

    Cooperao Mtua Confiana Mtua Reconhecimento Mtuo

    Trabalhar conjuntamente com objetivos comuns atravs de uma

    participao ativa nos foros da OIML

    Desenvolver uma base tecnolgica firme para a

    metrologia legal de modo a estabelecer confiana e

    consenso entre os membros da OIML.

    Aceitar os resultados dos procedimentos dos ensaios

    previstos nas recomendaes da OIML

    para atingir uma implantao equivalente da metrologia

    legal

    Ilustrao 1: Passos da harmonizao internacional

    Segundo a publicao Metrologia em Sntese (IPQ, 2001), a OIML uma

    organizao intergovernamental com 57 pases membros que participam nas

    atividades tcnicas e com 48 pases correspondentes que tm o estatuto de

    observadores.

    A OIML colabora com Conveno do Metro e com Bureau Internacional de

    Pesos e Medidas (BIPM) na harmonizao internacional da metrologia legal.

    A OIML mantm ligaes com mais de 100 instituies internacionais e

    regionais em metrologia, normalizao e domnios relacionados.

    Como estrutura tcnica em nvel mundial, a OIML coloca disposio dos

    componentes guias metrolgicos para a elaborao das exigncias nacionais e

    regionais relativas fabricao e utilizao de instrumentos de medio para as

    aplicaes legais da metrologia.

    A OIML publica recomendaes internacionais que fornecem aos membros

    uma base internacionalmente aceita para o estabelecimento de legislao nacional

    em vrias categorias de instrumentos de medio. As incessantes exigncias

    tcnicas da proposta de diretiva europia sobre instrumentos de medio so em

    larga medida equivalente s recomendaes internacionais da OIML.

    Os elementos principais das recomendaes internacionais so:

    Objetivo campo de aplicao e terminologia;

    Exigncias metrolgicas;

    Exigncias tcnicas;

    Mtodos e equipamentos de ensaio e verificao da conformidade com as

    exigncias;

    Formato do relatrio de ensaio.

  • 212.1.2. Metrologia Legal no Brasil

    J nos anos 1930, foi promulgada a primeira legislao nos moldes de uma

    "Lei de Metrologia", quando o poder pblico retomou a questo metrolgica ao

    promover aes com o objetivo de criar organismos oficiais encarregados de exercer

    as atividades de metrologia e de implantar o Sistema Nacional de Metrologia.

    Subsequentemente, o Decreto Lei n 592/38, regulamentado pelo Decreto n

    4521 de 1938, incluiu os rgos executores da Metrologia no Ministrio do Trabalho,

    Indstria e Comrcio (MTIC) e deu competncia a este para definir o Quadro de

    Unidades e expedir normas especiais referentes s medies e aos instrumentos de

    medio.

    Para elaborar as normas e resolver os assuntos a elas pertinentes foi criada

    a Comisso de Metrologia, enquanto foram confiadas ao Instituto Nacional de

    Tecnologia (INT) funes executivas com poderes para delegar competncia aos

    rgos estaduais. Desses rgos, apenas o Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do

    Estado de So Paulo (IPT) conseguiu o cumprimento das suas atribuies,

    prestando relevante contribuio para a elaborao das normas sobre balanas,

    pesos e outros instrumentos. Ao mesmo tempo, o INT e o IPT promoveram cursos

    de formao de metrologistas e a integrao do Brasil s Conferncias Gerais de

    Pesos e Medidas e aos organismos internacionais ligados a metrologia.

    A seriedade com que as atividades metrolgicas foram desenvolvidas pelo

    INT responsvel pelo expressivo acervo tcnico, humano e cientfico, que, mais

    tarde, foi transferido para o Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM), criado

    atravs da Lei n 4048/61. O INPM no foi contemplado com recursos suficientes,

    nem teve o respaldo de uma legislao atualizada, dotada de um sistema coercitivo

    e capaz de garantir-lhe a autoridade como agente de fiscalizao metrolgica.

    Aps a criao do INPM, outro aspecto do esforo de desenvolvimento da

    metrologia legal, no pas, foi a realizao de uma srie de Convenes Nacionais de

    Pesos e Medidas com o objetivo de divulgar a nova legislao, e promover o

    desenvolvimento harmnico de rgos estaduais.

    Este novo campo de atuao do INPM cobria, em primeiro lugar, um atraso

    de dcadas no tema relativo legislao metrolgica. Em segundo, mostrava-se que

  • 22

    tradicionalmente a metrologia legal ia sendo ultrapassada pela prpria sofisticao

    da economia do pas, no mais se restringindo fiscalizao de pesos e balanas

    ou mesmo de reservatrios de tanques de combustveis. A metrologia comeava a

    encontrar suas fronteiras com a normalizao e a qualidade dos produtos.

    Nessas condies, pouco poderia se esperar do INPM. No obstante, um

    produtivo trabalho foi desenvolvido, no sentido de ampliar os servios de metrologia,

    principalmente nos estados.

    Com a Lei 5966 de 1973, foi institudo o Sistema Nacional de Metrologia,

    Normalizao e Qualidade Industrial (SINMETRO), com a finalidade de formular e

    executar a poltica nacional de metrologia, normalizao industrial e certificao de

    qualidade de produtos industrializados, e ainda instituiu o Conselho Nacional de

    Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (CONMETRO), como afirma a

    seguir:A cpula do novo sistema era seu rgo normativo, o Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial CONMETRO, a que foram atribudas funes bem precisas. No campo metrolgico, deveria formular, coordenar e supervisionar a poltica nacional de metrologia, normalizao e qualidade industrial, prevendo mecanismos de consulta que harmonizassem os interesses pblicos, das empresas industriais e do consumidor, assegurando a uniformidade e racionalizao das unidades de medir... (DIAS, 1998, p.161).

    A metrologia legal no Brasil precede a Lei 5966 de 12 de dezembro de 1973,

    que criou SINMETRO, do qual o INMETRO o rgo executivo central. Cabe, as-

    sim, ao INMETRO, atravs da Diretoria de Metrologia Legal, observando a compe-

    tncia que lhe atribuda pelas leis 5966/73, 9933/99, 10829/03 e pela Resoluo

    11, de 12 de outubro de 1988, do CONMETRO, organizar e executar as atividades

    de metrologia legal no Brasil.

    No Brasil, esto sujeitos regulamentao e ao controle metrolgico - ao

    prpria de um organismo de metrologia legal - os instrumentos de medio e medi-

    das materializadas utilizados nas atividades econmicas (comerciais) e nas medi-

    es que interessem incolumidade das pessoas nas reas da sade, da seguran-

    a e do meio ambiente, e os produtos pr-medidos.

    Como em todas as sociedades organizadas, o desenvolvimento tecnolgico,

    econmico e social tem, tambm no Brasil, determinado a efetiva implantao do

    controle metrolgico dos instrumentos de medio. Cobrindo inicialmente apenas as

  • 23

    medies em transaes comerciais, as atividades de metrologia legal vm sendo

    estendidas, gradualmente, s demais reas previstas na legislao.

    Novos instrumentos de medio devem ter seu modelo aprovado pelo INME-

    TRO, que examina, ensaia e verifica se o mesmo est adequado para a sua finalida-

    de. Aps a fabricao, cada instrumento deve ser submetido verificao inicial

    para assegurar sua exatido antes de seu uso. Quando est em utilizao, o seu de-

    tentor o responsvel pela manuteno de sua exatido e uso correto, sendo o

    mesmo controlado por verificaes e inspees.

    A RBMLQ-I, presente em cada estado, atravs de rgos delegados pelo IN-

    METRO, efetua o controle de equipamentos e instrumentos para assegurar que os

    consumidores esto recebendo medidas corretas.

    O INMETRO tambm trabalha para assegurar que a metrologia legal seja

    uniformemente aplicada atravs do mundo, realizando um papel ativo em coopera-

    o com o Mercosul e a Organizao Internacional de Metrologia Legal (OIML).

    2.2. ATIVIDADES DE METROLOGIA LEGAL

    Historicamente, a metrologia legal foi originada com a necessidade de

    assegurar transaes comerciais fiveis, sob o ponto de vista metrolgico (IPQ,

    2001, p.27). Assim sendo, o objetivo principal proteger os indivduos e o ambiente

    das consequncias de medies incorretas.

    Dentre as atividades de metrologia legal, merecem destaque pelo propsito

    do presente trabalho, a regulamentao e o controle metrolgico. Esto sujeitos

    regulamentao e ao controle metrolgico os instrumentos de medio e medidas

    materializadas utilizados nas atividades econmicas (comerciais) e nas medies

    que interessem incolumidade das pessoas nas reas da sade, da segurana; e

    do meio ambiente e os produtos pr-medidos.

    2.2.1 Regulamentao

    Para exercer este controle o Governo expede leis e regulamentos. Os

  • 24

    regulamentos estabelecem mtodos de ensaios, erros mximos, rotinas de

    calibrao e a gama de procedimentos de natureza compulsria a que devem

    satisfazer os fabricantes, importadores e detentores dos instrumentos de medio a

    que se referem.A regulamentao tcnica tem por finalidade colocar sob controle do governo diferentes categorias de instrumentos de medio, fixando requisitos no apenas construtivos, mas tambm relacionadas sua verificao e utilizao (THEISEN, 1997, p.45).

    A elaborao de regulamentos tcnicos metrolgicos, de carter

    compulsrio, baseada nas recomendaes internacionais da OIML.

    O Brasil filiado OIML, como pas membro, participando do processo de

    elaborao destas recomendaes, que tambm so a base para harmonizao da

    regulamentao junto ao Mercosul.Com o objetivo de tornar este processo de elaborao de regulamentos tcnicos metrolgicos mais participativos, representativo e transparente, foram criadas as Comisses Tcnicas de Regulamentao Metrolgica - CT. Estas comisses so de carter permanente e consultivo e tem como objetivo elaborar regulamentos tcnicos metrolgicos na sua rea de atuao, bem como propor medidas relacionadas ao planejamento e implementao da regulamentao metrolgica, propondo tambm novos projetos de regulamento (INMETRO, 2003).

    Fonte: INMETRO (2003)

    As Comisses Tcnicas de Regulamentao Metrolgica (CTs) atuam

    tambm na avaliao dos projetos de recomendao internacional da OIML, que so

    encaminhados ao INMETRO para obteno do posicionamento do Brasil,

    estendendo-se na anlise dos projetos de Resoluo Mercosul.

    Ilustrao 2: Caractersticas do processo e regulamentao metrolgica

  • 25

    As comisses so compostas por representantes do INMETRO, dos rgos

    metrolgicos estaduais (RBMLQ-I), de representantes de entidades de classe, de

    rgos governamentais envolvidos na rea de atuao da comisso e outros que a

    prpria CT julgar necessrio. O objetivo fundamental congregar os diversos

    vetores que possam impactar na regulamentao metrolgica, conforme Figura 2, a

    seguir. Deve-se ressaltar que a Organizao Mundial de Comrcio (OMC)

    notificada sobre as regulamentaes editadas pelo INMETRO.

    Fonte: INMETRO (2003)

    A elaborao da regulamentao tcnica metrolgica est se pautando no

    desenvolvimento de critrios que permitam a obteno de maior abrangncia das

    atividades metrolgicas, privilegiando as reas da sade, da segurana e do meio

    ambiente.

    Este enfoque tem como consequncia o aprimoramento das aes de

    defesa do consumidor e da cidadania, e o alinhamento do sistema a padres

    internacionais recomendados pela OIML, contribuindo para colocao de produtos

    brasileiros em outros mercados.

    As aes descritas so os mecanismos disponveis para uma efetiva

    proteo ao consumidor, e garantia da justa concorrncia no mercado nacional,

    podendo ser assim resumidas:

    a) Aes preventivas de proteo ao consumidor:

    A edio dos regulamentos tcnicos e das normas de procedimentos deles

    Ilustrao 3: Vetores impactantes na regulamentao metrolgica

  • 26

    decorrente, tendo por escopo a garantia da qualidade metrolgica dos instrumentos,

    medidas materializadas, meios e mtodos de medio;

    A apreciao tcnica dos modelos de medidas materializadas e

    instrumentos de medio compreendida do exame tcnico de sua performance, da

    proteo intrnseca que possuam para impossibilitar fraudes nas medies e do

    plano de selagem que iniba ou dificulte a adulterao de componentes ou mesmo do

    seu adequado funcionamento;

    As verificaes iniciais e subsequentes destes instrumentos e medidas

    materializadas; a verificao inicial feita na indstria ou antes de ser posto em uso,

    e a verificao subsequente feita anualmente, com intervalos geralmente prximo

    a um ano, efetuada ps conserto e por solicitao do cliente;

    A padronizao das quantidades em que so acondicionados os produtos

    pr-medidos, evitando a concorrncia desleal e a vantagem enganosa prometida,

    mesmo que veladamente ao consumidor;

    A divulgao do correto procedimento nas operaes com instrumentos de

    medio e medidas materializadas;

    A divulgao das unidades legais de medida e seu correto emprego.

    b) Aes repressivas de proteo ao consumidor:

    A inspeo metrolgica para verificao do correto funcionamento e

    adequado uso dos instrumentos e medidas materializadas;

    A percia metrolgica em produtos pr-medidos para verificao da

    correspondncia entre a quantidade nominal e a quantidade efetiva;

    A aplicao de penalidade de multa, apreenso e interdio de

    instrumentos e produtos que se encontrem em desacordo com a legislao

    metrolgica;

    A revogao de aprovao e/ou suspenso da verificao inicial de um

    modelo que venha a permitir, na sua utilizao, facilidade fraudes contra o

    consumidor.

    2.2.2. Controle Metrolgico

    Em consonncia com o conceito internacional adotado para a Metrologia

  • 27

    Legal, estabeleceu-se para o controle metrolgico o seguinte objetivo especfico:

    prover para detentores e fabricantes de instrumentos de medio e de medidas

    materializadas e acondicionadores de produtos pr-medidos regulamentos tcnicos

    metrolgicos e certificados de aprovao e verificao de seus produtos, visando a

    proteo do cidado e concorrncia justa.

    2.2.2.1. Controle dos Instrumentos de Medio ou Medidas Materializadas

    O Controle dos Instrumentos de Medio ou Medidas Materializadas,

    realizado atravs de aes relativas a:

    a) Apreciao tcnica de modelo

    De acordo com o Vocabulrio Internacional de Metrologia Legal (VIML), a

    apreciao tcnica de modelo corresponde ao exame do modelo de um instrumento

    de medio ou medida materializada com vistas a sua aprovao.

    Em suma, um processo de avaliao que consiste na anlise da

    documentao descritiva, inspeo visual e ensaios em exemplares do modelo,

    baseado na regulamentao metrolgica pertinente. Caso seja evidenciado o

    atendimento s exigncias regulamentares, o modelo em questo aprovado.

    Logo, a aprovao de modelo conforme o VIML a deciso reconhecendo

    que o modelo de um instrumento de medio ou medida materializada satisfaz s

    exigncias regulamentares.

    b) Verificao

    Conjunto de operaes compreendendo o exame, marcao de selagem e a

    emisso de um certificado que comprove as condies metrolgicas e o adequado

    funcionamento do instrumento de medio ou sistema de medio ou medida

    materializada que satisfaa s exigncias regulamentares, correspondentes ao

    conjunto de operaes destinadas a averiguar o desempenho do modelo aprovado.

    Em funo do status podem ser classificadas como:

    a) Inicial - primeira verificao feita aps a aprovao de modelo e antes da

  • 28

    instalao e/ou primeira utilizao.

    b) Subsequente - verificao efetuada anualmente em intervalos de tempo

    pr-determinados, segundo procedimentos estabelecidos por regulamentos,

    efetuadas aps manuteno a qualquer momento, a pedido do usurio, ou por

    deciso das autoridades competentes.

    Os instrumentos de medio e as medidas materializadas que tenham sido

    objeto de atos normativos, quando forem oferecidos venda; quando forem

    empregados em atividades econmicas; quando forem utilizados em atividades

    econmicas; quando forem utilizados na concretizao ou na definio do objeto de

    atos em negcios jurdicos de natureza comercial, civil, trabalhista, fiscal, parafiscal,

    administrativa e processual; e quando forem empregados em quaisquer outras

    medies que interessem incolumidade das pessoas, devero, obrigatoriamente:

    a) Corresponder ao modelo aprovado pelo INMETRO;

    b) Ser aprovado em verificao inicial, nas condies fixadas pelo Instituto;

    c) Ser verificados periodicamente (CONMETRO, 1988).

    c) Inspeo

    Operao de fiscalizao, dos instrumentos e das medidas materializadas,

    em momento diferente da verificao, onde no tem custas ao detentor dos

    instrumentos e das medidas materializadas, diferenciando-se da verificao que tem

    custas.

    2.2.2.2. Superviso Metrolgica

    constituda pelos procedimentos realizados na fabricao, na utilizao, na

    manuteno e no conserto de um instrumento de medio ou medida materializada

    para assegurar que esto sendo atendidas as exigncias regulamentares; esses

    procedimentos se estendem, tambm, ao controle da exatido das indicaes

    colocadas nas mercadorias pr-medidas.

  • 292.2.2.3. Percia Metrolgica

    constituda por um conjunto de operaes que tem por fim examinar e

    certificar as condies em que se encontram um instrumento de medio ou medida

    materializada e determinar suas qualidades metrolgicas de acordo com as

    exigncias regulamentares especficas (por exemplo: emisso de um laudo para fins

    judiciais).

    Para exercer este controle o governo expede leis e regulamentos, onde os

    regulamentos estabelecem as unidades de medida autorizadas, as exigncias

    tcnicas e metrolgicas, as exigncias de marcao, as exigncias de utilizao e o

    controle metrolgico, a que devem satisfazer os fabricantes, importadores e

    detentores dos instrumentos de medio a que se referem.

    A elaborao da regulamentao se baseia geralmente nas Recomendaes

    da Organizao Internacional de Metrologia Legal - OIML, qual o Brasil est filiado

    como pas membro, e na colaborao dos fabricantes dos instrumentos de medio

    envolvidos, representados por suas entidades de classe e entidades representativas

    dos consumidores, pela participao nos Grupos de Trabalho de Regulamentao

    Metrolgica.

    Esses grupos tm o objetivo de tornar este processo de elaborao de

    Regulamentos Tcnicos Metrolgicos mais participativo, representativo e

    transparente, sendo compostas por representantes do INMETRO, dos rgos

    metrolgicos estaduais Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade

    INMETRO (RBMLQ-I), de representantes de entidades de classe, de rgos

    governamentais envolvidos na rea de atuao do Grupo e outros que o prprio

    Grupo julgar necessrio. Atuam tambm na avaliao dos projetos de

    Recomendao Internacional da OIML, que so encaminhados ao INMETRO para

    obteno do posicionamento do Brasil, bem como na anlise dos projetos de

    Resoluo Mercosul.

    Na atualidade nossa regulamentao tcnica abrange medies no campo

    das principais grandezas, notadamente no que diz respeito aos instrumentos utiliza-

    dos na determinao de massa, volume, comprimento, temperatura e energia.

    A regulamentao tcnica de produtos pr-medidos visa a padronizao das

    quantidades em que so comercializados os produtos medidos sem a presena do

  • 30

    consumidor, bem como as tolerncias admitidas na sua comercializao. Suplemen-

    tarmente estabelece, ainda, regras para correta indicao e posicionamento das in-

    dicaes quantitativas nas embalagens em geral, referindo-se tambm insero de

    vales brindes ou anexao externa de brindes s embalagens.

    2.3. REDES

    Segundo Guimares (1996), medida que se esvai a crena em estruturas

    hierrquicas, como sinnimo de organizaes efetivas, ela cede lugar a estruturas

    horizontais com teias de interconexo complexas, mas flexveis. A organizao sob

    forma de rede rearruma-se e reestrutura-se, rapidamente, mantendo ao mesmo

    tempo sua fora inerente.

    Em muitas organizaes, as estruturas em rede se tornaro cada vez mais

    atraentes.

    Hierarquias surgem e desaparecem, ao passo que muitas outras estruturas

    informais emergem para atender s necessidades imediatas e assegurar a

    flexibilidade a longo prazo. s vezes, as redes informais so grupos internos de

    trabalho. Em outras ocasies, conjuntos de empregados, consultores, clientes e

    fornecedores.

    As tecnologias de telecomunicao e informtica so justamente as cordas

    com as quais a rede de pesca organizacional tecida. preciso, porm, no

    conferir rede um sentido estritamente tecnolgico, em prejuzo do social ou

    organizacional. As redes eletrnicas podem dar respaldo a essa estrutura

    organizacional, mas esse novo tipo de organizao s poder se tornar, realmente,

    uma forma mais flexvel e orgnica de trabalho se a rede ultrapassar a viso

    tecnolgica, incluindo igualmente uma perspectiva social e administrativa.

    Segundo Bruno Ayres (2003), participar de uma Rede Organizacional

    envolve algo mais do que apenas trocar informaes a respeito dos trabalhos que

    um grupo de organizaes realiza isoladamente. Estar em rede significa realizar

    conjuntamente aes concretas que modificam as organizaes para melhor e as

    ajudam a chegar mais rapidamente a seus objetivos.

    Para que uma Rede Organizacional exera todo o seu potencial preciso

  • 31

    que sejam criadas equipes de trabalho que atendam a alguns princpios:

    Existncia de um propsito unificador: o esprito de uma rede. Pode ser

    expresso como um alvo unificador e um conjunto de valores compartilhado pelos

    participantes, de forma esclarecedora, democrtica e explcita.

    Participantes Independentes: fazer parte de uma rede no quer dizer deixar

    de lado sua independncia. Ao contrrio, uma rede requer participantes

    independentes, automotivados, no limitados por hierarquias. Cada participante

    possui talentos nicos, diferentes e valiosos para trazer ao grupo e para exercer sua

    criatividade preciso independncia. o equilbrio entre a independncia de cada

    participante e a interdependncia cooperativa do grupo que d fora motriz a uma

    rede;

    Interligaes voluntrias: os participantes da rede se relacionam e realizam

    tarefas de forma voluntria e automotivada, podendo escolher seus interlocutores e

    optar por trabalhar em projetos que os ajudem a cumprir seus objetivos pessoais e

    organizacionais.

    Multiplicidade de lderes: uma rede possui menos chefes e mais lderes.

    Lderes podem ser caracterizados como pessoas que assumem e mantm

    compromissos, mas que tambm sabem atuar como seguidores se quando liderado.

    Como cada participante traz seus talentos rede, esses vo ser utilizados para a

    resoluo dos complexos problemas trazidos pelo grupo. Descentralizao,

    independncia, diversidade e fluidez de lideranas so atestados de autenticidade

    de uma rede que visa transposio de fronteiras.

    Interligao e transposio de fronteiras: redes pressupem transposio

    de fronteiras, sejam elas geogrficas, hierrquicas, sociais ou polticas. O alcance

    dos objetivos e propsitos so prioridades, no importa se para isso seja necessrio

    que o gerente delegue uma tarefa ao diretor, ou se a pessoa que melhor

    complementa a sua aptido para um determinado projeto esteja trabalhando a 2000

    km de distncia.

  • 32

    Fonte: Adaptado de Ayres (2003)

    A matria prima das redes a vontade das pessoas, sua disponibilidade em

    vivenciar essas novas situaes. Um imaginrio convocante, sedutor, que inclua os

    sonhos, objetivos e necessidades fundamental, pois ele que d a direo

    comum. O alimento da malha da rede a circulao da informao que apoie a

    realizao dos objetivos compartilhados.

    Trabalhar em rede traz grandes desafios pessoais e profissionais, porque a

    evoluo no domnio das tcnicas de comunicao, o uso habilidoso e criativo das

    ferramentas tecnolgicas, a revoluo cultural, a internalizao dos fundamentos,

    no podem ser processos apenas individuais, tm que ser coletivos, devido ao fato

    de no fazerem uma rede sozinho. Se h um espao em que no se cresce sozinho

    o das redes. E compartilhar a estratgia do crescimento conjunto.

    Seja como for, conhecimento coletivo retro-alimentador, na medida em que se cria redes informais e formais de pessoas, que realizam trabalhos afins, pessoas que podero estar geograficamente distantes, em unidades de competncias diferentes, mas com o mesmo propsito, absorvendo informaes, produzindo conhecimento, gerando informao, partilhando conhecimento, ad infinitum. Afinal, atualizao, informao e capacitao transformam-se em conhecimento... (BARRETO, 1991).

    Assim, as redes podem ser diversificadas e de diferentes tamanhos. Podem

    formar sub-redes com objetivos mais especficos ainda. E como sugere Whitaker

    (2000), a interligao em rede, de pessoas e/ou entidades, se estabelece a partir da

    identificao de objetivos comuns e/ou complementares cuja realizao melhor se

    Ilustrao 4: Organizaes em Rede

  • 33

    assegurar com a formao da rede.

    Entre esses objetivos temos: a circulao de informaes, base comum do

    funcionamento de todo e qualquer tipo de rede; a formao de seus membros; a

    criao de laos de solidariedade entre os membros; a realizao de aes em

    conjunto.A formao de facilitadores, capazes de constiturem ns das redes, dando sustentabilidade ao tecido que constitui a sua totalidade orgnica, um desafio urgente. S assim poderemos realizar a desconcentrao do poder, a insubordinao, a multi-liderana, a conectividade e o fluxo permanente de informao, a participao e a cooperao, aspectos fundamentais das estruturas em rede est fadada a ser superada rapidamente (IETEC, 2003).

    2.3.1 Redes Metrolgicas

    Conforme Dias (1998), o papel do INMETRO como rgo executivo do

    SINMETRO, era limitar a concorrncia que o prprio INMETRO fazia s redes de

    laboratrio na proviso de servios, abrindo para uma especializao de funes.

    Nos anos seguintes, com estmulo do INMETRO, a estratgia de

    descentralizao se desdobrou na criao de subsistemas regionais de metrologia,

    organizaes criadas em articulao com as secretarias estaduais de cincia e

    tecnologia, Federaes de Indstrias, com forte capilaridade em suas regies. O

    objetivo tem sido desenvolver regionalmente a cultura metrolgica, articular e

    complementar as atividades de fomento, elevando a qualificao tcnica da infra-

    estrutura metrolgica existente.

    Embora, com propsitos que transcendem o mbito da metrologia, a

    primeira experincia deste tipo de regionalizao, no Brasil, foi a da Rede

    Tecnolgica do Rio de Janeiro, criado em 1990. Seria logo seguida da Rede

    Metrolgica do Rio Grande do Sul (1992) e pelo Sistema de Metrologia do Paran

    (1996). Outras experincias mais recentes, tambm estimuladas pelo INMETRO,

    deram origem Rede Baiana de Metrologia (1996), Rede Mineira de Metrologia

    (1997), organizaes que j conquistaram representatividade junto ao Comit

    Brasileiro de Metrologia (CBM).

    Atualmente, integram este sistema a Rede Metrolgica do Cear e de

    Pernambuco e esto sendo realizados esforos no sentido de serem criadas novas

  • 34

    redes.

    Quanto ao INMETRO, este alm da RBMLQ-I, brao direito da instituio

    nas atividades de metrologia legal, temos a Rede Brasileira de Calibrao (RBC) e a

    Rede Brasileira de Laboratrios de Ensaios (RBLE), redes com credenciamento de

    carter voluntrio que representam o reconhecimento formal da competncia de um

    laboratrio ou organizao para desenvolver tarefas especficas, segundo requisitos

    prprios.

    A coordenao geral de acreditao (Cgcre) atua no credenciamento de

    organismos de certificao, de inspeo, de verificao de desempenho de produto,

    de treinamento de pessoal e tambm credencia laboratrios de calibrao e de

    ensaios.Segundo o PNM 1998-2002, estimava-se que em 1997 existiriam cerca de 650 laboratrios de calibrao e 1200 de ensaios, distribudos entre prestao de servios, P&D e ensino. Contudo, baseado em dados cadastrais em principais Redes Metrolgicas Estaduais, pode-se estimar que existem no Brasil cerca de 8.000 laboratrios prestando servios metrolgicos em ensaios e calibrao. Embora, sejam estimativas, estes dados so importantes, particularmente, tendo em vista que o nmero dos credenciados pelo INMETRO um pouco mais de 300 (CONMETRO, 2003).

    2.3.2 Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade - INMETRO

    Apesar das dificuldades, outra oportunidade aberta pela reorganizao da

    atividade metrolgica, aps 1938, foi a retomada dos contatos com a comunidade

    internacional. Por ocasio da criao do INT, persistiram srias limitaes

    importao de instrumentos e equipamentos. A retomada dos contatos com o BIPM

    poderia ser o primeiro passo na sofisticao cientfica dos trabalhos da Diviso de

    Metrologia.

    Conforme Barros de Campos, na prtica, a legislao continuava tendo sua

    aplicao compulsria, apenas nas capitais dos Estados; no Distrito Federal nos

    termos fixados em 1942, estando sua vigncia no resto do Territrio, condicionada a

    criao dos servios estaduais e municipais de fiscalizao. Em 1949, apenas seis

    estados, alm do Distrito Federal, possuam tais servios.

  • 35

    Os problemas comeavam com o mecanismo de delegao de atribuies

    aos organismos estaduais e continuavam com as consequncias mais prosaicas da

    associao entre atividades cientficas e fiscalizatria, transplantadas para estados e

    municpios. Em meados dos anos 50, a rede responsvel pela execuo da

    fiscalizao contava apenas com oito entidades, a maioria com delegao

    provisria.

    Pela ordem cronolgica, eram titulares de delegaes o Instituto de

    Pesquisas Tecnolgicas (1938); o Instituto de Tecnologia Industrial de Minas Gerais

    (1947); o Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnolgicas do Paran (1947); o Instituto

    Tecnolgico do Estado de Pernambuco (1948); o Instituto Tecnolgico do Rio Grande

    do Sul (1948); a Oficina de Aferio da Prefeitura do Distrito Federal (1949); o

    Instituto de Tecnologia do Estado da Bahia (1952) e a Secretaria da Fazenda do

    Estado de Santa Catarina (1953).

    Aps a criao do INPM, outro aspecto do esforo de desenvolvimento da

    metrologia legal, no pas, foi realizao de uma srie de Convenes Nacionais de

    Pesos e Medidas com o objetivo de divulgar a nova legislao, e promover o

    desenvolvimento harmnico de rgos estaduais.

    Este novo campo de atuao do INPM cobria, em primeiro lugar, um atraso

    de dcadas no tema relativo legislao metrolgica. Em segundo, mostrava-se que

    tradicionalmente a metrologia legal ia sendo ultrapassada pela prpria sofisticao

    da economia do pas, no mais se restringindo a fiscalizao de pesos e balanas

    ou mesmo de reservatrios de tanques de combustveis. A metrologia comeava a

    encontrar suas fronteiras com a normalizao e a qualidade dos produtos.

    Nessas condies, pouco poderia se esperar do INPM. No obstante, um

    produtivo trabalho foi desenvolvido, no sentido de ampliar os servios de metrologia,

    principalmente nos Estados.

    Com a Lei 5966 de 1973, foi institudo o Sistema Nacional de Metrologia,

    Normalizao e Qualidade Industrial (SINMETRO), com a finalidade de formular e

    executar a poltica nacional de metrologia, normalizao industrial e certificao de

    qualidade de produtos industrializados, e ainda instituiu o Conselho Nacional de

    Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (CONMETRO).

    Desta forma, o INMETRO foi criado com as funes de rgo executor

    central deste novo sistema, incorporando as atribuies do INPM.

  • 36

    O INMETRO celebra um convnio de cooperao tcnica e administrativa

    com os rgos integrantes da RBMLQ-I tendo o objetivo de delegar a execuo de

    parte das atividades e a pactuao dos resultados a serem alcanados com a

    implementao deste convnio.

    O INMETRO tambm trabalha para assegurar que a metrologia legal seja

    uniformemente aplicada atravs do mundo, realizando um papel ativo em

    cooperao com o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a OIML.

    A Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade INMETRO (RBMLQ-I)

    surgiu em funo da extenso territorial do Brasil e por atender poltica de

    descentralizao das atividades administrativas e operacionais do governo federal, o

    modelo descentralizado de atuao, e que ao longo do tempo consolidou-se na

    delegao das atividades de metrologia legal e avaliao da conformidade a

    Institutos de Metrologia e Qualidade.

    A RBMLQ-I o brao executivo do INMETRO em todo o territrio brasileiro,

    incumbindo-se das verificaes e inspees relativas aos instrumentos de medio,

    da fiscalizao da conformidade dos produtos e do controle da exatido das

    indicaes quantitativas dos produtos pr-medidos, atendendo a legislao atual.

    A rede composta por 26 rgos delegados, sendo 23 rgos da estrutura

    dos governos estaduais, um rgo municipal, e duas superintendncias do

    INMETRO. Esta estrutura vem garantindo a execuo das atividades da metrologia

    Legal e da avaliao da conformidade em todos os pontos do territrio nacional.

    Pelo porte dessa estrutura e da complexidade em geri-la, o INMETRO criou

    uma unidade organizacional especfica para coordenar a RBMLQ-I - a Coordenao

    Geral da RBMLQ-I (Cored). A Cored tem a finalidade de promover e melhorar as

    atividades delegadas, observando e fazendo observar alguns princpios bsicos:

    a) centralizao estratgica e descentralizao operacional;

    b) compartilhamento da gesto com os dirigentes dos rgos delegados;

    c) transparncia,eficincia,eficcia, probidade, publicidade e economicidade.

    A Cored, com a funo de organizar e gerir a relao das unidades do

    INMETRO com os rgos delegados, utiliza-se do Portal de relacionamento da

    RBMLQ-I e um sistema de Gesto em ambiente de WEB, comum em todos os

    rgos delegados.

  • 373. ESFIGMOMANOMETROS

    Existem hoje diversos tipos de instrumentos para medio no evasiva da

    presso arterial humana. Estes instrumentos utilizam tecnologias distintas para a

    medio da presso sangunea, usando os mtodos de ausculta, com o uso de

    estetoscpio, e oscilomtrico, por meio de transdutores de presso.

    Os esfigmomanmetros fabricados no pas ou importados, passam por um

    processo de aprovao de modelo antes de ser lanados no comrcio, que neste

    caso a aprovao de modelo junto a Diretoria de Metrologia Legal - Dimel, vrios

    testes so executados para dar a confiabilidade metrolgica no instrumento de

    medir a presso arterial, esfigmomanmetro, posteriormente so feitas as

    verificaes, a primeira, geralmente na fbrica a verificao inicial e

    posteriormente nos locais de uso as verificaes subsequentes, que sero

    realizadas anualmente.

    3.1. ESFIGMOMANMETRO MECNICO

    O esfigmomanmetro mecnico, consiste em um sistema para compresso

    arterial e obstruo do fluxo de sangue, composto por uma bolsa inflvel de

    borracha de formato laminar o manguito a qual envolvida por uma capa de

    tecido inelstico e conectada por um tubo de borracha a um manmetro e, por outro

    tubo, a uma pra, que tem a finalidade de insuflar a bolsa inflvel. Conectado a pra,

    h uma vlvula de controle de sada do ar. A presso arterial detectada pelo

    mtodo auscultatrio, no qual os rudos denominados de Korotkoff so auscultados

    para determinar a presso mxima ou sistlica e a presso mnima ou diastlica.

    Os esfigmomanmetros mecnicos so regulamentados atravs da Portaria

    153/2005 do Inmetro.

    Tipos de esfigmomanmetro mecnicos:

    a) Esfigmomanmetro mecnico de lquido manomtrico utilizam um lquido

    manomtrico como fluido sensvel ao do ar bombeado pela pra. Geralmente, o

    lquido utilizado o mercrio, instrumento simples, de uso difundido no mundo

  • 38

    inteiro para medio da presso arterial, com relao a sua confiabilidade

    metrolgica, as diretrizes esto definidas nas recomendaes OIML R.16-1:2002.

    Fonte: Padilha (2010)

    Componentes do esfigmomanmetro mecnico de lquido manomtrico: uma

    pra insufladora, uma rgua graduada em mmHg conjugada com um tubo oco

    contendo liquido manomtrico, mercrio, e a caixa de acondicionamento funciona

    como suporte.

    b) Esfigmomanmetro mecnico aneride, no se utiliza de qualquer tipo de

    lquido, contrrio do esfigmomanmetro de coluna de mercrio. Diz-se que este tipo

    de manmetro funciona por elasticidade de lminas metlicas, ao contrrio do

    manmetro de coluna de mercrio.

    Fonte: Padilha (2010)

    Componentes esfigmomanmetro mecnico aneride: uma pra infladora

    Ilustrao 5: Esfigmomanmetro mecnico

    de coluna de mercrio

    Ilustrao 6: Esfigmomanmetros Mecnico Aneride

  • 39

    para gerar presso, vlvula de controle para deflao, manmetro aneride para

    medir a presso, manguito e braadeira para manter a presso constante.

    Fonte: Padilha (2010)

    A Figura 7 mostra as partes externa do manmetro do esfigmomanmetro.

    A resoluo da escala de leitura de 0,27 kPa (2 mmHg) com faixa de

    leitura de kPa (0 mmHg) a 40,0 kPa (300 mmHg) para o esfigmomanmetro

    mecnico e de coluna de mercrio. No esfigmomanmetro mecnico, na escala de

    leitura consta uma marca, que varia de modelo para modelo indicando a tolerncia

    do zero 0,40 kPa (3 mmHg) deste tipo de manmetro.

    Ilustrao 7: Detalhamento do Esfigmomanmetro mecnico aneride

  • 40

    Fonte: Padilha (2010)

    Na parte traseira do manmetro existe um prendedor para fix-lo na

    braadeira e, na parte de baixo, a entrada da presso e o anel de ajuste externo do

    zero. Estas caractersticas so ilustradas na Figura 8.

    Fonte: Padilha (2010)

    O ajuste externo do zero realizado girando no sentido horrio ou anti-

    horrio com o manmetro despressurizado, at que o ponteiro fique dentro da marca

    de tolerncia do zero (Figura 8). Um ajuste mais adequado pode ser feito

    deslocando o ponteiro dentro desta marca. Durante o ajuste o fole deslocado

    internamente, aumentando ou reduzindo a distncia de contato com o tubo,

    Ilustrao 8: Escala de leitura do esfigmomanmetro mecnico

    Ilustrao 9: Ilustrao da parte traseira do manmetro

  • 41

    fazendo com que o ponteiro se desloque mesmo sem presso no manmetro.

    A braadeira guarda internamente o manguito, uma bolsa selada feita de

    material elstico, para armazenar ar sob presso e pressionar o vaso condutor para

    medio da presso arterial. O manguito possui dois mangotes onde so fixados a

    pra infladora e o manmetro. A Figura 9 ilustra a braadeira com o manguito e a

    Figura 10 apenas o manguito.

    Fonte: Padilha (2010)

    Fonte: Padilha (2010)

    A pra, ou bulbos, o mecanismo usado para inflar manguito por meio de

    pressionamentos contnuos (pressionar e soltar seguidamente) Este mecanismo

    composto da pra feita de material elstico, uma vlvula de alvio para esvaziar o

    Ilustrao 10: Braadeira com o manguito

    Ilustrao 11: Vista do manguito

  • 42

    manguito e uma vlvula que permite a passagem do ar em um nico sentido para

    encher a pra.

    Fonte: Padilha (2010)

    O esfigmomanmetro mecnico aneride usado em conjunto com um

    estetoscpio, ilustrado na Figura 12, para realizar a parte da ausculta. Seu principio

    consiste na transmisso das ondas sonoras atravs de corpo slido utilizando o ar

    preso nos tubos para levar o som ao ouvido humano. O estetoscpio um aparelho

    utilizado para amplificar sons corporais, como os sons cardacos e os sons dos

    pulmes, por exemplo. Compem o aparelho:

    a) Olivas auriculares peas em formato anatmico, que se encaixam ao

    canal auditivo do examinador.

    b) Tubo de conduo condutos que permitem a transmisso do som com

    pouca distoro da campnula ou diafragma aos ouvidos do examinador.

    c) Campnula parte de contato com o corpo do examinado, com formato

    de campnula, mais apropriado para percepo de sons agudos.

    d) Diafragma parte de contato com o corpo do examinado, com formato de

    campnula, mas limitada por uma membrana, mais apropriado para percepo de

    sons graves.

    Ilustrao 12: Ilustrao dos componentes do mecanismo pata inflar o manguito

  • 43

    Fonte: Padilha (2010)

    O manmetro do esfigmomanmetro mecnico aneride possui

    internamente um mecanismo aneride para detectar e medir a presso.

    Fonte: Padilha (2010)

    O mecanismo aneride pode ser dividido em cinco partes: sensor de

    presso (tubo), transmissor da presso, indicador da presso (espiral ou cabelo) e

    haste para fixao do ponteiro Figura 13.

    Ilustrao 13: Ilustrao do estetoscpio

    Ilustrao 14: Mecanismo aneride

  • 44

    Fonte: Padilha (2010)

    O funcionamento deste mecanismo descrito a seguir: a presso enviada

    ao fole, que se expande e movimenta o tubo. Seu deslocamento transmitido ao

    cabelo, que por meio de sua compresso faz com que o ponteiro percorra a escala

    indicando o valor da presso (Figura 15).

    Fonte: Padilha (2010)

    Ilustrao 15: Partes internas do mecanismo aneride do esfigmomanmetro

    Ilustrao 16: Mecanismo do esfigmomanmetro mecnico

  • 45

    3.2. ESFIGMOMANMETRO DIGITAL

    Instrumentos eletrnicos utilizados para medir a presso arterial, prtico,

    fcil de operar, podem ser usados em ambientes ruidosos.

    Fonte: Site IPEM-SP

    Os esfigmomanmetros digitais so regulamentados atravs da Portaria

    96/2008 do Inmetro.

    Quanto ao seu funcionamento podem ser automticos e semi-automticos:

    a) Esfigmomanmetro digital, tipo automtico, o paciente posiciona o

    esfigmomanmetro no brao, coxa ou punho, aciona o boto para o incio da

    medio e o instrumento realiza automaticamente todas as etapas para medio da

    presso.

    b) Esfigmomanmetro digital, tipo semi-automtico, utiliza uma bomba de ar

    manual, operado pelo prprio paciente. Eleva a presso at um determinado valor

    (inflao), o paciente para de bombear e o prprio esfigmomanmetro passa a

    controlar o esvaziamento do manguito (deflao), salientamos que modelos realizam

    automaticamente a deflao rpida, e outros necessitam que o paciente acione uma

    vlvula para retirar o restante de ar do manguito.

    Quanto medio, mtodos utilizados por esfigmomanmetros digitais:

    a) Mtodo auscultatrio utiliza os sons do Korotkoff, que so gerados pela

    artria ocluda enquanto a presso lentamente diminuda. O primeiro som gerado

    coincide com a presso sistlica, enquanto que o ltimo com a presso diastlica

    (OIML, 2002).

    Ilustrao 17: Esfigmomanmetros Digital

  • 46

    b) No mtodo oscilomtrico, durante a inflao e a deflao ocorrem

    pequenas mudanas na presso do manguito (oscilaes) como resultado dos

    pulsos da presso arterial. Essas oscilaes, que primeiro aumentam e depois

    diminuem, so detectados e armazenados junto com os valores de presso

    correspondentes. Atravs de um clculo matemtico adequado, e esses valores so

    utilizados para calcular a presso sistlica, diastlica e mdia.

    O Sistema Internacional de Unidades define o pascal (Pa) como unidade de

    presso, no entanto, considerando-se a institucionalizao no pas dos aparelhos

    graduados em mmHg, a legislao brasileira admite o uso da escala em mmHg,

    onde: 1 mmHg = 0,133kPa e 1 kPa = 7,518 mmHg

    Ao investigar as formas de ensaios de um esfigmomanmetro levou-se em

    considerao seu princpio de funcionamento, que pode ser um diafragma ou fole.

    Foi criado um laboratrio com condies ambientais com temperatura, umidade

    relativa e presso atmosfrica controladas.

  • 474. CONFIABILIDADE METROLGICA NA REA DA SADE

    A metrologia avanou muito na rea cientifica e industrial, mas, apesar da

    bvia importncia, sua aplicao ainda incipiente na rea da sade. Na rea

    biomdica a realizao de medies de parmetros fisiolgicos essencial para o

    diagnstico, caracterizao de riscos, tratamento e acompanhamento da evoluo

    clinica de pacientes. Neste sentido, os procedimentos de medio aplicados rea

    da sade devem caracterizar pela elevada exatido e rastreabilidade ao Sistema

    Internacional de Unidades. Outros fatores importantes referente s medies na

    rea da sade consistem nas caractersticas de baixo custo, no-invasividade e

    desenvolvimento de inovaes em instrumentao na rea da sade.

    Os impressionantes avanos da cincia no sculo XX, principalmente na

    rea de tecnologia voltada para eletrnica e informtica, foram de grande

    importncia no setor de equipamentos e instrumentos mdicos, tornando-os mais

    robustos, confiveis e compactos. Estas mudanas aumentaram a complexidade

    destes equipamentos e instrumentos, dificultando a deteco de erros de

    funcionamento ou erro de medio por parte dos operadores atravs de simples

    inspeo. Este avano tambm alavancou o aumento dos parmetros fisiolgicos

    que podem ser medidos ou monitorados e dificultou a reavaliao de testes que

    comprovem, por meio de avaliaes metrolgicas, a confiabilidade dos resultados

    destes instrumentos.

    Os mdicos, aliados robustez e praticidade destes instrumentos, passaram

    a confiar cada vez mais seus diagnsticos e tratamentos nos resultados das

    medies de parmetros fisiolgicos. A preocupao com o risco do uso de

    equipamentos e instrumentos sem a adequada avaliao metrolgica tornou-se

    evidente somente aps o ano de 1990 com a publicao dos resultados do Harvard

    Medical Practice Study sobre eventos adversos, onde se conclui que 3,7% dos

    pacientes hospitalizados sofrem eventos adversos, sendo que 11,6% dos incidentes

    so mortais.

    Com face nesta realidade, a confiabilidade metrolgica dos equipamentos

    biomdicos baseada em calibraes rastreadas a padres internacionais, garante a

    exatido e a segurana dos diagnsticos e tratamentos, gerando a rastreabilidade

  • 48

    necessria para programas internacionais de comparao em medies na rea

    biomdica.

    Todo esse esforo fortalece uma estratgia para melhoria dos servios

    mdico-hospitalares. O setor responsvel pela manuteno e aquisio dos

    equipamentos utilizados nos hospitais o de Engenharia Clnica. Dessa forma,

    torna-se um setor extremamente dependente da Metrologia e de Controle

    metrolgico. A prtica usual mostra que h um completo desconhecimento acerca

    dos requisitos bsicos quando da manuteno corretiva e/ou preventiva dos

    equipamentos mdico-hospitalares. Isto , no existe procedimento de calibrao e

    ajuste ps-manuteno. Como uma das aplicaes do equipamento eletromdico

    destaca-se o apoio ao diagnstico mdico, considerando-se que a sua descalibrao

    implicar em medies errneas capazes de conduzir o mdico a um erro no seu

    diagnstico. No caso de equipamento eletromdico utilizado no tratamento de

    pacientes, o seu uso sem calibrao ou a sua descalibrao podem ocasionar erros

    dos parmetros fisiolgicos aplicados pelo mdico ao paciente e,

    consequentemente, um procedimento inadequado que, se no percebido pelo

    mdico, poder agravar o quadro clnico do paciente.

    So notrios os problemas vivenciados pelos hospitais da rede pblica no

    Brasil, enfrentados no seu dia a dia. Dentre vrios, destaca-se a ntida falta de

    recursos que o gestor dispe para prestar um servio com a qualidade necessria.

    Por exemplo, o setor de engenharia clnica responsabiliza-se pela execuo dos

    servios de manuteno de equipamentos mdico-hospitalares, assegurando-lhes

    capacidade tcnica laboratorial.

    Dessa forma, contribui para uma reduo de custos associados

    manuteno de equipamentos podendo representar para o servio prestado uma

    no-confiabilidade metrolgica. Para exemplificar, podem ser apresentados os

    seguintes casos e situaes reais:

    O equipamento utilizado para desfibrilao cardaca, no caso de um

    paciente apresentando um caso de fibrilao cardaca, o desfibrilador

    (ressuscitador). Este equipamento libera uma quantidade de energia previamente

    ajustada pelo profissional de sade. No caso de uma manuteno deste

    equipamento, deve-se necessariamente calibr-lo aps a manuteno (o que no

    ocorre geralmente). Essa exigncia deve-se ao fato de o mesmo necessitar de

  • 49

    confiabilidade metrolgica assegurada para evitar eventuais causas de bito de

    paciente. Equipamento que libera uma quantidade de energia maior ou menor do

    que aquela previamente estabelecida poder implicar ineficcia de uso.

    Alguns equipamentos utilizados em apoio a procedimentos de sustentao

    vida e a procedimentos cirrgicos tm como mensurando grandezas fsicas tais

    como: fluxo, presso, concentrao etc. (respiradores, mquinas de anestesia etc.).

    A manuteno destes equipamentos requer um trabalho mais elaborado na fase de

    calibrao ps-manuteno. A descalibrao destes parmetros tem implicaes

    graves para o paciente. Pode-se citar como exemplo um vaporizador anestsico

    descalibrado que pode levar o paciente ao coma ou um ventilador mecnico

    descalibrado, cujo uso pode implicar tratamento inadequado e possvel agravamento

    do quadro clnico do paciente.

    Alguns equipamentos possuem sensores para medio de propriedades e

    parmetros fsico-qumicos (temperatura, presso etc.) que so utilizados para

    disparo de alarmes quando necessrio (excesso de temperatura ou presso, por

    exemplo). A descalibrao destes sensores pode retardar o procedimento mdico

    que, por sua vez, pode causar um trauma irreversvel para o paciente e/ou mesmo a

    sua morte.

    Esta descalibrao pode ocorrer aps os tratamentos de esterilizao e

    desinfeco aos quais os equipamentos so submetidos.

    Recentemente, foi publicada na forma de livro uma importante pesquisa

    conduzida pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas

    (UNICAMP), que apresenta um diagnstico do setor da sade no Brasil. Embora sua

    anlise concentre-se basicamente nos aspectos de natureza econmica, so

    apresentadas diversas evidncias da forte vulnerabilidade desse setor, explicitando-

    se diversos problemas que ainda carecem de equacionamento e soluo no Pas,

    notadamente no setor de equipamentos mdicos, destacando-se os seguintes

    aspectos:

    a) falta de conhecimento por parte de rgos ligados ao Ministrio da Sade

    sobre o acervo de equipamentos mdico-hospitalares existentes na rede pblica,

    quantitativo e qualitativo;

    b) ausncia de um sistema nico de codificao de equipamentos mdico-

    hospitalares, permitindo que todo o sistema de sade (pblico e privado) possa

  • 50

    utilizar uma nica linguagem de comunicao;

    c) inexistncia de uma poltica bsica para a incorporao de novas

    tecnologias em ambientes hospitalares; e

    d) inexistncia de uma poltica por parte do governo central para a avaliao

    de novas tecnologias a serem introduzidas no Pas e, posterior, orientao da rede

    nacional de sade.

    Adicionalmente a esses aspectos estruturais, existe uma grande carncia de

    informao no mbito do Ministrio da Sade sobre o parque de equipamentos

    instalado no Brasil.

    A consequncia desta falta de informao pode ser percebida pelas

    evidncias demonstradas pelas srias dificuldades vivenciadas pelo Ministrio na

    gesto do sistema atual, que carece de urgente modernizao.

    Alm da falta de informao, existem diversas situaes vivenciadas pelos

    hospitais da rede pblica que, no dispondo de acesso a tecnologias especficas

    relacionadas metrologia e tcnicas de medio, no entendem a lgica de

    funcionamento de parte do acervo de equipamentos de maior complexidade

    tecnolgica, no conseguindo, tambm, arcar com os respectivos custos de

    manuteno. Este custo elevado de reparo pode ser consequncia da falta de

    acesso a servios sistemticos de manuteno tcnica, distanciamento do tcnico

    de manuteno e do alto custo contratual associado aos contratos de manuteno,

    adicionalmente ao expressivo custo de insumos e baixa produtividade do

    equipamento. Esta baixa produtividade pode ser resultante da falta de pessoal

    especializado para sua operao, assim como de erro de planejamento da demanda

    de servio em funo tanto do perfil epidemiolgico, como da alta concentrao de

    um mesmo tipo de equipamento na regio.

    Pode-se citar como exemplo da alta concentrao de um mesmo tipo de

    equipamento em determinadas regies, a tomografia computadorizada. De acordo

    com um estudo realizado pela Gazeta Mercantil, foram comercializados no Brasil

    entre 1993 e 1997 568 equipamentos, podendo se estimar que existam hoje no

    Brasil 729 tomgrafos. Uma comprovao do nmero excessivo desses

    equipamentos no Pas pode ser feita por intermdio do nmero de 45 tomgrafos

    existentes na cidade de Belo Horizonte, para atender a uma populao aproximada

    de 2,3 milhes de habitantes, e dos equipamentos existentes na cidade de Paris

  • 51

    para atender a uma populao de 2,4 milhes de habitantes. Esta mesma distoro

    pode ser encontrada na cidade de Itajub (MG) onde existem 3 tomgrafos para

    uma populao de 200 mil habitantes, assim enfatizando que, no Brasil, o

    atendimento da demanda no opera segundo a lgica da demanda e, muita das

    vezes, segundo a lgica da fora poltica. Cabe aqui uma reflexo madura sobre os

    critrios que deveriam consubstanciar as tomadas de deciso sobre necessidades,

    localizao do equipamento, proximidade entre eles, populao atendida e demanda

    por exames. O Brasil combina dois ndices discrepantes, uma das maiores

    concentraes de tomgrafos do mundo e taxas de mortalidade infantil similares a

    alguns pases da frica Subsaariana.

    A falta de informaes confiveis sobre a demanda dificulta o

    desenvolvimento de anlises que poderiam ser efetuadas para outros equipamentos

    de uso intenso nos ambientes mdico-hospitalares, voltados terapia e ao

    diagnstico. A concentrao de equipamentos de custo elevado e de alta

    complexidade tecnolgica em uma mesma regio, certamente, tem provocado

    solicitaes de procedimentos de diagnstico e de terapias que, em muitos casos,

    podem provar-se desnecessrios, implicando em custos excessivos desnecessrios.

    Essa falta de rigor e de reconhecimento termina por impactar nos oramentos e

    custos da atividade metrolgica do sistema de sade.

    Ainda, segundo BICHO (2001), a incorporao tecnolgica, na grande

    maioria dos setores da atividade humana, ocorre por intermdio da reduo de

    custos, aumento da eficincia e substituio ou relocao de recursos humanos. No

    setor de sade, entretanto, a incorporao de uma nova tecnologia no descarta a

    outra anterior, mas se soma a ela, fator que tambm impacta nas causas dos custos

    crescentes deste setor.

    De um modo geral, a incorporao de equipamentos mdico-hospitalares em

    ambiente de sade no Brasil tem sido feita de forma bastante desordenada e com

    uma completa falta de planejamento. O prprio Ministrio da Sade admite que at

    40% do parque instalado de equipamentos do setor pblico esteja subutilizado ou

    inoperante devido a aquisies inadequadas, qualidade insatisfatria dos

    equipamentos, uso ind