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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM ROSELY KALIL DE FREITAS CASTRO CARRARI DE AMORIM PERCEPÇÃO DOS DOCENTES DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM SOBRE SEU COMPORTAMENTO COMUNICATIVO NÃO VERBAL EM SALA DE AULA São Paulo 2012

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UNIVERSIDADE DE SO PAULO

ESCOLA DE ENFERMAGEM

ROSELY KALIL DE FREITAS CASTRO CARRARI DE AMORIM

PERCEPO DOS DOCENTES DE GRADUAO EM ENFERMAGEM SOBRE SEU COMPORTAMENTO

COMUNICATIVO NO VERBAL EM SALA DE AULA

So Paulo 2012

ROSELY KALIL DE FREITAS CASTRO CARRARI DE AMORIM

PERCEPO DOS DOCENTES DE GRADUAO EM ENFERMAGEM SOBRE SEU COMPORTAMENTO

COMUNICATIVO NO VERBAL EM SALA DE AULA

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao em Enfermagem na Sade do Adulto (PROESA), da Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo (EEUSP), para a obteno do ttulo de Mestre em Cincias.

rea de concentrao: Sade do Adulto

Orientadora:

Prof. Dr. Maria Jlia Paes da Silva

So Paulo 2012

AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Assinatura: ________________________________________________________

Data:___/____/___

Catalogao na Publicao (CIP) Biblioteca Wanda de Aguiar Horta

Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo

Amorim, Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Percepo dos docentes de graduao em enfermagem

sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala

de aula / Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim . --

So Paulo, 2012.

118 p. Dissertao (Mestrado) - Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo. Orientadora: Prof Dr Maria Jlia Paes da Silva rea de concentrao: Sade do adulto 1. Enfermagem 2. Comunicao em Enfermagem 3. Comunicao no verbal 4. Ensino 5. Docentes 6. Educao I. Ttulo.

Nome: Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Ttulo: Percepo dos docentes de graduao em Enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao em Enfermagem na Sade do Adulto (PROESA), da Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo (EEUSP), para a obteno do ttulo de Mestre em Cincias. rea de concentrao: Sade do Adulto.

Aprovado em: ___/___/___

Banca Examinadora

Prof. Dr. ______________________________ Instituio: _____________

Julgamento: ____________________________ Assinatura: ____________

Prof. Dr. ______________________________ Instituio: _____________

Julgamento: ____________________________ Assinatura: ____________

Prof. Dr. ______________________________ Instituio: _____________

Julgamento: ____________________________ Assinatura: ____________

Para ser grande, s inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

S todo em cada coisa. Pe quanto s

No mnimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis (Heternimo de Fernando Pessoa)

I

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

Dedicatria

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

DEDICATRIA

Ao meu pai Jos Barbosa, que faleceu no final do meu curso de graduao e

que ainda vivo um dia me perguntou: Filha, vou poder te chamar de doutora?,

tendo naquela poca como resposta: Sim, pai, serei Doutora na Enfermagem. Hoje

completo: Pai, estou no caminho... Logo, chego l! Sei que me abenoa de onde

estiver.

minha querida e amada mezinha Roseli, smbolo de fora, vida e

superao. Voc um exemplo de otimismo a ser seguido!

Ao Luis Felipe, com quem aprendo o significado do amor incondicional a

cada dia.

Ao Felipe, esposo, amigo, amante e pai do nosso maior tesouro, o Luis Felipe.

Ao meu irmo Jos Genaro e a minha cunhada Flvia, que carrega nossa

futura Letcia.

A voc, Maria Jlia, orientadora, companheira na Comunicao, exemplo da

enfermeira mais completa em todos os nveis (assistencial, educacional, gerencial),

alm de humana e amorosa.

II

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

Agradecimento Especial

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

AGRADECIMENTO ESPECIAL

Aos docentes de Enfermagem que participaram desse estudo,

companheiros nos caminhos do ensino e da aprendizagem na arte de

cuidar.

III

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

Agradecimentos

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que em sua infinita bondade me ilumina, me guia e

me abenoa em todos os momentos de minha vida, dando-me foras em tempos

difceis.

A Nossa Senhora Aparecida, que me proteje com seu manto divino, por essa

graa alcanada

A Prof Dr Maria Jlia Paes da Silva, por acreditar em mim, ainda na

graduao, quando plantou a semente da comunicao nas iniciaes cientficas em

que percorremos juntas e que hoje floresce atravs desse trabalho. Pelo seu

compromisso com a orientao, pelo exemplo de coerncia e honestidade. Voc

inspirao! um privilgio ser sua orientanda!

Ao meu filho Luis Felipe que do alto dos seus quase trs anos, mesmo sem

entender ao certo, soube respeitar os momentos em que a mame se isolava no

computador para finalizar este trabalho. Quando vinha correndo me chamar para

brincar eu dizia: Filho, mame est trabalhando, vai brincar um pouco no seu

quarto..., ele abaixava a cabea e j me dando as costas saa falando em tom

obediente: T bom, mame... Obrigada, filho querido, mame ainda vai brincar

muito com voc!

Ao meu esposo Felipe que amorosa e silenciosamente suportou a distncia

nos inmeros dias em que fiquei com nosso filho em So Paulo, atendendo os

IV

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

Agradecimentos

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

compromissos do Mestrado. Companheiro nos sonhos e aventuras da vida

compartilhada, que me incentiva e me d suporte.

A minha mezinha Roseli, ao meu sogro Alberto, minha sogra Christina,

meu irmo Jos Genaro, minhas cunhadas Flvia e Isabela pelos cuidados e carinho

com o Luis Felipe nos momentos em que me ausentei para a realizao desse

trabalho.

querida Iracy pelo cuidado com minha casa e com o Luis Felipe

A Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo (EEUSP), por mais

essa oportunidade na minha formao.

s Secretrias da Ps-graduao da EEUSP pelo atendimento sempre

carinhoso, atencioso e simptico.

s secretrias dos Departamentos da EEUSP.

s bibliotecrias da EEUSP pelo atendimento atencioso e corts.

Prof Dr Eliana Mara Braga e Prof Dr Luciane Lcio Pereira pelas

valiosas contribuies na banca de qualificao.

Aos amigos do Grupo de Estudos e Pesquisa em Comunicao em

Enfermagem, GPCom, companheiros nos caminhos de descobertas e aprendizados

da Comunicao, pela torcida e apoio

Ao Srgio da Grfica da EEUSP, pela ajuda importante em momentos

cruciais.

V

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

Agradecimentos

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Ao PROESA e Pr-reitoria pela ajuda financeira proporcionando minha

participao no Congresso Internacional de Comunicao na Esccia, Reino Unido,

em setembro de 2012.

Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES)

pelo incentivo financeiro atravs da Bolsa CAPES de Demanda Social.

Aos meus alunos e ex-alunos, fonte constante de aprendizado.

A todos os professores que passaram pelo meu caminho, pelo exemplo,

orientao e suporte acadmico.

A todos que de alguma maneira torceram por mim e me deram incentivo

para a realizao desse trabalho.

A vocs o meu mais sincero e carinhoso OBRIGADA!

... o fim da educao... facilitar a mudana e a aprendizagem..., facilitar a

aprendizagem reside em certas qualidades de atitude que existem na relao pessoal

entre o facilitador e o aprendiz.

Carl R. Rogers

VII

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

RESUMO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Amorim RKFCC. Percepo dos docentes de graduao em Enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula. [Dissertao]. So Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de So Paulo; 2012.

RESUMO

Introduo: Decodificar corretamente a comunicao no verbal tem sido desafiador para que a relao professor aluno seja adequada em sala. Com a finalidade de identificar a percepo dos docentes de graduao em Enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula, para posterior treinamento, este trabalho teve como objetivo geral: conhecer e compreender o significado da comunicao no verbal para os docentes de graduao em Enfermagem em sala de aula e como objetivos especficos: verificar os sinais no verbais emitidos por docentes durante suas explanaes em aulas ministradas aos graduandos de Enfermagem; conhecer a percepo dos docentes de Enfermagem em relao comunicao com os alunos e aos sinais no verbais emitidos durante suas explanaes em aulas ministradas aos graduandos de enfermagem; conhecer a percepo dos docentes de enfermagem sobre o que a comunicao efetiva e eficaz em sala de aula. Mtodo: pesquisa exploratria, descritiva, de campo, com abordagem quanti e qualitativa em 3 campi de uma universidade particular de So Paulo (Brasil), totalizando 11 docentes filmados em 220 minutos. Aps as filmagens, pesquisadora e docentes identificaram sinais no verbais emitidos, segundo referencial terico que especifica como sinais no verbais de uso efetivo/eficaz comportamentos que encorajam a fala do outro porque demonstram aceitao e respeito e sinais no verbais de uso ineficaz comportamentos que, provavelmente, enfraquecem a conversao (Silva MJP. Comunicao tem remdio: a comunicao nas relaes interpessoais em sade. 8a. ed. So Paulo: Loyola; 2006). Em seguida, feita entrevista gravada para identificar a percepo do docente sobre seu comportamento comunicativo no verbal, com o roteiro de perguntas: 1- Como voc se viu na filmagem? 2- O que voc observou na sua comunicao no verbal? 3 - Como voc acha que deve ser a comunicao no verbal de um docente em sala de aula? Resultados: Nas filmagens, comparando-se percepes docentes e da pesquisadora, percebe-se concordncia na decodificao de sinais no verbais, porm com os primeiros 5 minutos de filmagem com os docentes ansiosos, indecisos e envergonhados (verificados em alguns momentos na postura-81.8%, contato dos olhos-27.3%, nas expresses faciais-45.5%, nos maneirismos-100%, no ritmo de voz-45.5% e na postura corporal-90,9%). Nas entrevistas surgiram duas grandes categorias: 1 - Viso de si prprio, com trs categorias relacionadas s perguntas um e dois (Surpresa sobre si mesmo - com os docentes se surpreendendo ao se verem filmados; Reconhecendo-se positivamente e Reconhecendo-se negativamente) e 2 - Comunicao adequada para docentes com outras trs categorias relacionadas pergunta trs (Dando feedback ao aluno; Complementando o verbal e No contradizendo o verbal) em que expressam comportamentos

VIII

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

RESUMO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

gerais que consideram adequados em sala. Em relao comunicao no verbal efetiva e eficaz, os docentes consideraram que aquela que oferece feedback aos alunos, aproximando-os do professor e chamando ateno para o contedo, com gestos que incentivam a participao dos alunos e complementam o verbal, reforando a fala e valorizando os alunos; a comunicao que envolve, motiva, agrada, faz uso do toque entre docente e aluno, alm de fazer com que os alunos se sintam importantes no processo de ensino-aprendizagem. Concluso: a maior parte dos sinais no verbais emitidos pelos docentes adequada, porm foi confirmada necessidade de treinamento pela falta de identificao de sinais no verbais mais sutis.

Palavras Chave: Enfermagem, Comunicao em Enfermagem, Comunicao no verbal, Ensino, Docentes, Educao

IX

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

ABSTRACT

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Amorim RKFCC. The perception of undergraduate professors concerning nonverbal communicative behavior in classroom. [thesis]. So Paulo (SP), Brasil: Escola de Enfermagem, Universidade de So Paulo; 2012.

ABSTRACT

Introduction: Correctly decoding nonverbal communication has been a

challenge for the relationship professor-student to be appropriate in classroom. Aiming to identify the perception of nursing undergraduate professors concerning their nonverbal communicative behavior for later training, this studys general objective: was to identify and understand the

meaning held by undergraduate nursing professors concerning nonverbal communication. Its specific objectives were to verify nonverbal signs sent

by professors during their explanations in classes administered to undergraduate nursing students; identify the perception of nursing professors concerning nonverbal signs sent during classes; and identify the perception of nursing professors about what is effective and efficient communication in the classroom. Method: exploratory, descriptive, quantitative and qualitative

field research was conducted in three campuses of a private university in So Paulo, Brazil. Eleven professors were filmed during 220 minutes. After filming, researcher and professors identified nonverbal signs according to a theoretical framework that specifies as effective / efficient use of nonverbal

signs behaviors that encourage speech of the others because they demonstrate acceptance and respect and ineffective use of the nonverbal signs behaviors that problably weaken the conversation (Silva MJP. Comunicao tem remdio: a comunicao nas relaes interpessoais em sade. 8a. ed. So Paulo: Loyola; 2006.). Afterwards, an interview was held to identify the perception of professors concerning their nonverbal communicative behavior. 1. How did you see yourself in the filming? 2. What have you observed in your nonverbal communication? 3. How do you think should be the nonverbal communication of a teacher in the classroom? Results: Agreement was observed when the perceptions of the researcher

and professors were compared, though the professors were anxious, uncertain, and shy in the first five minutes of filming (seen in some moments in the posture-81.8%, eye contact- 27.3%, in facial expressions 45.5%, mannerisms-100%, voice-45.5% and body posture-90,9%). Two categories emerged from the interviews: how professors view themselves, in which professors became surprised at seeing themselves being filmed; with three categories related to questions one and two (Surprise about yourself - with teachers is surprising to find themselves filmed Recognizing positively and negatively acknowledging). And 2 appropriate communication for professors, in which they report general behavior considered appropriate within classroom with three other categories related to question three (Giving feedback to students; Complementing the verbal and non-verbal contradicting) that express behaviors in general they consider appropriate in the classroom. Teachers considered that the effective and efficient nonverbal communication is the one that provides feedback to students, bringing them closer to the teacher and drawing attention to the content, with gestures that

X

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

ABSTRACT

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

encourage the participation of students and complement the verbal, reinforcing speech and valuing students; is the communication which involves, motivates, pleases and makes use of touch between teacher and student; and also make students feel important in the teaching-learning process. Conclusion: Most part of the professors nonverbal signs is

appropriate though the need for training is confirmed since more subtle nonverbal signs were not identified.

Keywords: Nursing; Nursing Communication, Nonverbal Communication; Teaching; Faculty; Education

XI

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

RESUMEN

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Amorim RKFCC. Percepcin de los profesores de grado de enfermera en su conducta comunicativa no verbal en el aula. [Tesis]. San. Pablo: Escuela de Enfermera, Universidad de San Pablo, 2012.

RESUMEN

Introduccin: decodificar correctamente la comunicacin no verbal ha sido un desafiador para la relacin entre el profesor y el alumno es apropiado en el saln de clases. Con el fin de identificar la percepcin de los profesores de graduacin en enfermera en su comportamiento comunicativo no verbal en el aula, para la formacin continua, o objetivo del estudio fue: conocer y comprender el significado de la comunicacin no verbal de los profesores de graduacin en enfermera y los objetivos especficos: evaluar las seales no verbales emitidas por los profesores durante las clases en las explicaciones dadas a los estudiantes de enfermera y las percepciones de los profesores de enfermera con respecto a las seales no verbales emitidas durante sus explicaciones en clase. conocer la percepcin de los profesores de enfermera acerca de lo que es eficaz y eficiente la comunicacin en el aula. Mtodo: campo exploratorio, descriptivo, con enfoque cuantitativo y cualitativo en 3 campus de una universidad privada de San Pablo (Brazil), por un total de 11 profesores filmados en 220 minutos. Despus de filmar, el investigador y los maestros identificaron seales no verbales emitidas segundo referencial terico que especifica las seales no verbales eficaces / eficientes como conductas que estimulen el discurso del otro, ya que demuestran la aceptacin y el respeto y las seales no verbales ineficaces comportamientos que pueden debilitar la conversacin (Silva MJP. Comunicao tem remdio: a comunicao nas relaes interpessoais em sade. 8a. ed. So Paulo: Loyola; 2006.). A continuacin, entrevista grabada por identificar la percepcin de los profesores acerca de su comportamiento no verbal comunicativo, en el que haba tres preguntas: 1 - Como se vio en las imgenes? 2 - Qu observ en su comunicacin no verbal? 3 - Cmo cree usted que debera ser la comunicacin no verbal de un maestro en el aula? Resultados: En la pelcula, la comparacin de las percepciones de los profesores y los investigadores percibe acuerdo en las seales no verbales de decodificacin, pero con los primeros 5 minutos de metraje con profesores ansiosos, inseguros y avergonzados (visto en ocasiones em la postura 81.8%, en el contacto visual- 27.3%, en las expresiones faciales 45.5%, en los manierismos -100%, en la voz - 45.5%, y en la postura corporal-90.9%). En las entrevistas que haba dos grandes categoras: 1 - Resumen de s mismo, con tres categoras relacionadas con las preguntas uno y dos (Surprise acerca de ti mismo - con los maestros es sorprendente encontrar a s mismos filmado reconocer positivamente y negativamente) y el reconocimiento de 2 - La comunicacin apropiada para los profesores - con otras tres categoras relacionadas con la pregunta tres (Dar retroalimentacin a los estudiantes; Complementando la contradiccin verbal y no verbal) que los comportamientos expresos en general que consideran apropiado en el aula. Cuanto a la comunicacin no verbal con eficacia y eficiencia, los profesores consideraron que es la que proporciona

XII

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

RESUMEN

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

retroalimentacin a los estudiantes, acercndolos a el profesor y llamando la atencin a los contenidos, con gestos que fomenten la participacin de estudiantes y complementan el verbal, reforzando lo se dice y valorando los estudiantes, es la comunicacin que implica, motiva, gusta, hace uso del toque entre el profesor y el alumno, y hacer que los estudiantes se sientan importantes en el proceso de enseanza-aprendizaje. Conclusin: las seales no verbales que emite ms profesores es adecuado pero necesita entrenamiento fue confirmada por la falta de identificacin de las seales no verbales ms sutil.

Palabras Clave: Enfermera, Comunicacin en Enfermera, Comunicacin no Verbal, Enseanza, Docentes, Educacin

XIII

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

LISTA DE ILUSTRAES

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Figura representativa das categorias 1, 2 e 3 referentes s perguntas 1 e 2 das entrevistas com os docentes. So Paulo, 2012. ......74

Figura 2 - Figura representativa da categoria 1 das entrevistas com os docentes nomeada surpresa sobre si mesmo. So Paulo, 2012. .........74

Figura 3 Figura representativa das categorias referetes questo 3 das entrevistas aos docentes de Enfermagem. So Paulo, 2012. ..................81

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Sntese da anlise comparativa dos dados encontrados na decodificao dos sinais no verbais emitidos pelos 11 docentes em sala de aula (5 minutos iniciais X 15 minutos finais de aula expositiva) viso da pesquisadora ........................................................51

Quadro 2 Sntese dos dados encontrados no instrumento de coleta de dados preenchido por cada docente, conforme a decodificao de seus prprios sinais no verbais emitidos em sala de aula viso dos prprios docentes. ...................................................................................61

XIV

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

LISTA DE SIGLAS

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

LISTA DE SIGLAS

MUDD - My Understanding through Dialogue and Debate

SNV - Sinais no verbais

CNV - Comunicao no verbal

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula

SUMRIO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

SUMRIO

RESUMO................................................................................................................................ VII ABSTRACT ...................................................................................................................... IX RESUMEN ......................................................................................................................... XI LISTA DE ILUSTRAES ................................................................................................. XIII LISTA DE SIGLAS ............................................................................................................. XIV

1 INTRODUO ...................................................................................... 14

2 OBJETIVOS .......................................................................................... 21 2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 21

2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS .................................................................................. 21

3 REVISO DA LITERATURA ................................................................ 23 3.1 A COMUNICAO: CONCEITOS E O PROCESSO COMUNICACIONAL .......... 23

3.2 A COMUNICAO NO VERBAL ......................................................................... 29

3.3 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM..................................................... 32

3.4 A COMUNICAO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA ENFERMAGEM ...................................................................................................... 37

Hipteses de Estudo ...................................................................................................... 40

4 MTODO ............................................................................................... 42 4.1 TIPO DE PESQUISA .............................................................................................. 42

4.2 LOCAL DA PESQUISA ........................................................................................... 42

4.3 POPULAO E AMOSTRA ................................................................................... 42

4.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS....................................................... 43

4.5 ANLISE DOS DADOS .......................................................................................... 46

5 RESULTADOS ...................................................................................... 49 5.1 O PERODO DA COLETA DE DADOS E OS SUJEITOS DA PESQUISA ............ 49

5.2 O CONTEXTO ........................................................................................................ 49

5.3 CATEGORIZAO DAS FILMAGENS .................................................................. 50

Cinco minutos iniciais de filmagem viso da pesquisadora ........................................ 55

15 minutos remanescentes de filmagem viso da pesquisadora ............................... 57

Viso dos docentes ........................................................................................................ 67

5.4 CATEGORIZAO DAS ENTREVISTAS .............................................................. 73

6 DISCUSSO ......................................................................................... 86

7 CONCLUSES E CONSIDERAES FINAIS ..................................... 99

REFERNCIAS ......................................................................................... 102

APNDICES .............................................................................................. 112

ANEXOS .................................................................................................... 116

INTRODUO

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 14

INTRODUO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

1 INTRODUO

O interesse e a aproximao pela comunicao no verbal iniciou

na graduao quando a comunicao nos foi apresentada na disciplina de

Sade do Adulto em aula ministrada por nossa orientadora, a Professora

Doutora Maria Jlia Paes da Silva. Nosso interesse foi crescente medida

em que buscamos o referencial terico sobre o tema1 e com as

oportunidades de desenvolvimento de trabalhos conjuntos sobre a

comunicao no verbal no ambiente se ensino2-4.

Concomitante graduao cursamos a licenciatura em

Enfermagem, que nos habilitou a ministrar aulas em cursos tcnicos de

Enfermagem que foram nosso incio na prtica docente.

Aliada prtica assistencial de Enfermagem sempre estivemos

ligados cursos tcnicos e Graduao de Enfermagem, ministrando aulas

tericas e prticas, alm de superviso em estgios em campo.

Essa trajetria nos permitiu verificar empiricamente a dificuldade

na correta decodificao da comunicao no verbal por docentes e alunos

o que nos motivou a explorar de maneira formal e acadmica o tema em

questo.

Em nossa prtica docente e em conversas com outros colegas

docentes observamos a necessidade de uma avaliao mais aprofundada

sobre o uso da comunicao no verbal durante as aulas que os docentes

ministram aos graduandos de Enfermagem.

Ao conversarmos com nossos colegas docentes, percebemos que

muitos sabem da importncia da comunicao no verbal durante suas

explanaes ao ministrar uma aula, mas alguns no conseguem utiliz-la de

maneira efetiva/eficaz.

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 15

INTRODUO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Para que o uso da comunicao no verbal tenha efetividade nas

interaes interpessoais, Silva1 prope um quadro esquemtico com alguns

modelos no verbais de comunicao, que pode ser adaptado interao

interpessoal entre docente e aluno. Nesse quadro, o comportamento

comunicativo no verbal est separado quanto ao seu uso efetivo/eficaz e

ineficaz, de maneira pontual sobre alguns aspectos e/ou dimenses no

verbais a saber: a postura fsica, o olhar, o uso dos mveis, as roupas, as

expresses faciais, a distncia interpessoal, entre outros. Sendo

considerados, nesse quadro, comportamentos efetivos/ eficazes aqueles que

encorajam a fala do outro porque demonstram aceitao e respeito e

comportamentos ineficazes aqueles que, provavelmente, enfraquecem a

conversao.

Em pesquisa junto a docentes de graduao em Enfermagem,

Castro & Silva2 pesquisaram a viso que os docentes tinham sobre a

influncia de seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula,

encontrando como resultados citados pelos docentes, entre outros achados,

algumas caractersticas do professor que, segundo eles, seriam facilitadores

na interao do professor com os alunos como: o olhar, o toque, o sorriso, a

vestimenta, a proximidade mantida com os alunos e o ato de cumpriment-

los. Os docentes tambm reconheceram como intervenientes no momento

de sala de aula o prprio verbal e o no verbal, alm da conscincia do

prprio momento de sala de aula.

No de hoje que se sabe da importncia do papel do professor

na interao professor-aluno e que seu desempenho como docente est

diretamente relacionado com a sua conscincia e habilidade na

comunicao verbal e no verbal3.

Diversos estudos sobre comunicao em Enfermagem que abordam a sua importncia no processo de ensino-aprendizagem2-11 j

foram desenvolvidos e o aspecto mais interveniente abordado em alguns

estudos citados a importncia da conscincia que o docente deve ter sobre

seu papel comunicativo.

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 16

INTRODUO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

O prprio processo de ensino da comunicao, sob a perspectiva

de docentes especialistas em comunicao, j foi objeto de estudo de

Braga10 em pesquisa realizada com 13 professores de Enfermagem,

especialistas em comunicao. Em seus achados, entre outros, Braga10

descreve que no discurso dos docentes foi dito que a competncia em

comunicao um processo interpessoal que deve atingir o objetivo dos

comunicadores, pressupor que os docentes tenham conhecimentos bsicos

de comunicao, alm de ter conscincia do verbal e do no verbal nas

interaes, atuar com clareza e objetividade, promover o autoconhecimento

e, consequentemente, ter a possibilidade de uma vida mais autntica.

Ainda sob a tica do processo de ensino-aprendizagem, h que

se considerar dentro da Enfermagem, a educao continuada, como

tambm sendo um campo de atuao docente, uma vez que o enfermeiro de

educao continuada, ao dar orientaes a outros enfermeiros, ministra

aulas, tambm. Nesse contexto, Pereira11 filmou e entrevistou enfermeiras

de educao continuada durante orientao formal para funcionrios recm-

admitidos, identificando o fenmeno Vivenciando a comunicao como

descoberta, composto dos seguintes temas que se articulavam:

posicionando-se diante da filmagem, acolhendo o grupo, teorizando,

descobrindo-se e procurando caminhar, expressando, assim, o movimento

da Enfermeira de Educao Continuada ao descobrir-se pela percepo da

sua comunicao, em especial a no verbal. Tambm foi possvel

reconhecer a validade de experincias que propiciariam a visualizao de si

prprias, como fonte para melhorar o autoconhecimento e que, associadas

instrumentalizao para o desenvolvimento das habilidades de comunicao

particularmente a no verbal permitiriam o estabelecimento de relaes

mais efetivas e a conduo de processos de ensino-aprendizagem

significativos que favoreceriam o desenvolvimento das pessoas no ambiente

de trabalho.

Ao abordarmos a relao de ensino-aprendizagem, qualquer que

seja o contexto educativo (tanto no ensino prtico, quanto no ensino terico),

principalmente em cursos da rea da sade, incluindo-se aqui a

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 17

INTRODUO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Enfermagem, em que estamos formando profissionais, cujo objeto de

trabalho o ser humano, devemos nos lembrar do outro sujeito que faz parte

dessa dade: o aluno. Nesse contexto, h que se considerar, portanto, o que

nos lembram os educadores Freire12, Alves13 e Cortella14, sobre a

importncia desse sujeito, o aluno, como participante ativo do prprio

processo de ensino-aprendizagem.

Freire12 refere que o homem deve ser sujeito de sua prpria

educao, que no pode ser o objeto dela e que, por isso, ningum educa

ningum. Afirma que o homem no uma ilha; comunicao e que no

podemos nos colocar na posio do ser superior que ensina um grupo de

ignorantes, mas sim na posio humilde daquele que comunica um saber

relativo a outros que possuem outro saber relativo.

Alves13 reflete sobre a existncia e o sentido de sermos

educadores, quando afirma que professores tm aos milhares; mas que

professor profisso e educador, vocao. Tambm refere que, mesmo em

tempos modernos, contemporneos, as questes pertencem ao mestre (que

detm o monoplio do poder) e as respostas, aos estudantes.

Cortella14 reflete sobre o conhecimento como uma construo

cultural, e sobre a Escola como tendo um comprometimento poltico de

carter conservador e inovador que se expressa, tambm, no modo como

esse mesmo conhecimento compreendido, selecionado, transmitido e

recriado.

A comunicao professor-aluno pode ser entendida, portanto,

como um dos pilares do processo de ensino e sofre influncias do cotidiano

de cada um de seus protagonistas. importante que o professor valorize o

dilogo, a troca, a relao interpessoal, acreditando que possvel aprender

conversando, discutindo e trocando ideias com seus aprendizes15.

Em estudos realizados h 10 anos atrs, que abordavam a

percepo dos docentes2,4 acerca de seu comportamento comunicativo

verbal e no verbal, os docentes reconheceram a importante influncia de

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 18

INTRODUO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

seu comportamento comunicativo sobre os discentes. Essa influncia

tambm foi descrita nos estudos realizados com os alunos3-4, mas em todos

esses estudos2-4 houve dificuldade em verbalizar sinais no verbais mais

especficos, intervenientes no momento de sala de aula (tanto alunos,

quanto docentes, citaram apenas sinais no verbais mais gerais).

Essa dificuldade em decodificar o comportamento comunicativo

no verbal tambm foi percebida em estudo mais recente16 realizado com

docentes de Enfermagem com o objetivo de verificar se havia diferena na

percepo dos sentimentos dos alunos pelos professores antes e depois da

apresentao explicativa sobre o tema. Um vdeo com alunos de

Enfermagem foi apresentado aos docentes, mascarando-se os motivos da

apresentao para que, posteriormente, preenchessem um questionrio

identificando os sentimentos mostrados no vdeo. Depois de preenchido o

instrumento inicial, foi feita uma apresentao explicativa de 10 minutos

(com a definio dos tipos de comunicao - verbal e no verbal, as funes

da comunicao no-verbal, explicaes sobre os sentimentos com figuras,

para uma melhor compreenso e exemplos de alguns sinais que podem ser

observados no aluno em sala de aula); o vdeo foi apresentado novamente,

assim como foi solicitado novo preenchimento do instrumento para

identificao dos sentimentos dos alunos. Os resultados encontrados

(estatisticamente significativos), apontaram que houve diferena nessa

identificao de sentimentos, em geral, aps a apresentao explicativa, ou

seja, que os professores foram capazes de identificar os sentimentos dos

alunos, porm, depois de direcionada sua ateno para a comunicao no-

verbal (com exceo do sentimento medo, que no se alterou); a percepo

dos docentes melhorou aps a explicao.

Dos demais estudos encontrados, apenas no estudo de Braga10,

feito com docentes especialistas em comunicao, tambm foi possvel

perceber, com mais detalhes, fornecidos pelos sujeitos da pesquisa os j

ditos, especialistas em comunicao - essa conscincia dos docentes

sobre a influncia do seu no verbal sobre os graduandos de Enfermagem.

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 19

INTRODUO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Dez anos atrs os docentes2,4 reconheciam a importncia de sua

comunicao no verbal na interao com os alunos em sala de aula, mas

tinham pouca percepo das dimenses no verbais; os alunos3,4 (assim

como outros estudos) tambm reconheciam a importncia do no verbal;

dez anos depois16, h estudo que mostra diferena na percepo dos

docentes, aps uma explicao sobre comunicao no verbal. Podemos

nos questionar, portanto, como est hoje essa percepo, em outros

contextos de ensino. Resolvemos filmar o comportamento dos docentes em

sala de aula para discutir com os prprios docentes essa percepo.

OBJETIVOS

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 21

OBJETIVOS

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Conhecer e compreender o significado da comunicao no

verbal para os docentes de graduao em Enfermagem em sala de aula.

2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

Verificar os sinais no verbais emitidos por docentes durante

suas explanaes em aulas ministradas aos graduandos de

Enfermagem;

Conhecer a percepo dos docentes de Enfermagem em

relao comunicao com os alunos e aos sinais no verbais

que eles emitem durante suas explanaes em aulas

ministradas aos graduandos de Enfermagem;

Conhecer a percepo dos docentes de Enfermagem sobre o

que a comunicao efetiva e eficaz em sala de aula.

REVISO DE LITERATURA

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 23

REVISO DA LITERATURA

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

3 REVISO DA LITERATURA

3.1 A COMUNICAO: CONCEITOS E O PROCESSO COMUNICACIONAL

Para se discorrer sobre o vocbulo comunicao, faz-se

necessrio entender que em tal vocbulo esto contidos diversos

significados a depender do contexto em que est inserido e que, portanto, h

necessidade de conhecer alguns de seus principais conceitos, para assim

podermos entender melhor sua plurissignificao. Littlejohn17, um dos

tericos da comunicao humana, ao tentar agrupar todos os conceitos

bsicos de comunicao refere onze diferentes possibilidades de abordagem

do termo. A seguir alguns de seus conceitos e significados.

A iniciar pela sua etimologia, a palavra comunicao vem do latim

communicatio, ato de repartir, de distribuir, literalmente tornar comum, de

communis, pblico, geral, compartilhado por vrios. Etimologicamente,

portanto, comunicao significa o ato pelo qual algo repartido, ou

distribudo, ou ainda o ato pelo qual algo se torna comum, sendo que esse

algo pode ser desde uma notcia, uma informao, at algum tipo

especfico de conhecimento18-19.

Complementando o significado da referida palavra, vrios

dicionrios da lngua portuguesa atribuem comunicao alguns

sinnimos como os encontrados, por exemplo, no Dicionrio Priberam da

Lngua Portuguesa20:

comunicao s.f. 1. Informao; participao; aviso. 2. Transmisso. 3. Notcia. 4. Passagem. 5. Ligao. 6. Convivncia. 7. Relaes. 8. Comunho (de bens). Telecom. comunicao social: Conjunto dos rgos de difuso de notcias (imprensa, rdio, televiso). Prtica ou campo de estudo que se debrua sobre a informao, a sua transmisso, captao e impacto social.

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 24

REVISO DA LITERATURA

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Tomando-se por base os significados da palavra comunicao,

temos que os atos de transmisso e passagem de informaes, notcias e

avisos so algumas das formas de comunicao, alm de ligao,

convivncia e relaes. Entretanto, de qualquer maneira, tanto em seu

significado constado em dicionrio, quanto em sua etimologia, comunicao

pressupe: convivncia, relao e ligao com o outro, ou seja, pressupe

troca e interao.

Alm do conceito etimolgico e de seu estrito significado

importante ressaltar que h outros conceitos sobre comunicao que

prudente sabermos21:

conceito biolgico esse conceito est relacionado com a

atividade sensorial e nervosa do ser humano, sendo por meio

da linguagem expresso o que se passa em nosso sistema

nervoso. A comunicao segue a seguinte ordem: primeiro a

coleta de informaes pela atividade nervosa, a

armazenagem, a disposio da informao, a circulao das

mesmas para os centros da ao e o preparo de ordens que

resultam no envio de mensagens. considerado um conceito

parcial, pois a comunicao no se resume a impulsos

nervosos. Existe, por exemplo, o lado emocional que contribui

para a formulao das idias. A inteligncia emocional parte

biolgica do ser humano, uma vez que sentimentos como ira e

alegria alteram batimentos cardacos, influenciando

pensamentos e reformulando informaes.

conceito pedaggico nesse conceito a comunicao uma

atividade educativa que envolve troca de experincias entre

pessoas de geraes diferentes, evitando-se que grupos

sociais retornem ao primitivismo. Ao se comunicarem, h uma

transmisso de ensinamentos, onde se modifica a disposio

mental dos envolvidos na discusso. Pedagogicamente,

essencial que a educao faa parte de uma comunidade,

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 25

REVISO DA LITERATURA

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

para que os jovens adaptem-se vida social, sem que

perpetrem erros cometidos anteriormente.

- conceito histrico - baseada na cooperao, nesse conceito a

comunicao funciona como instrumento de equilbrio entre a

humanidade, neutralizando foras contraditrias. Esse

conceito tambm propicia o resgate da transmisso de uma

lngua por meio do tempo e das geraes, imprescindvel ao

avano do homem em direo ao futuro. Ainda nesse conceito,

a comunicao responsvel pela ampliao das

possibilidades de coexistncia mais pacfica entre os homens,

pois caso contrrio, estes j estariam extintos em meio s

disputas por poder. E no menos importante que os conceitos

anteriores, a comunicao atua na forma de sobrevivncia

social e no fundamento da existncia humana.

conceito sociolgico - O papel da comunicao de

transmisso de significados entre pessoas para a sua

integrao na organizao social. Os homens tm

necessidade de estar em constante relao com o mundo, e

para isso usam a comunicao como mediadora na interao

social, pois compreensvel enquanto cdigo para todos que

dela participam. Alm desse aspecto, os socilogos entendem

a comunicao como fundamental nos dias de hoje para o

bom entendimento da sociedade e na construo social do

mundo. Quanto mais complicada se torna a convivncia

humana, mais se faz necessrio o uso adequado e pleno das

possibilidades de comunicao.

conceito antropolgico - Na Antropologia, o conceito

comunicao significa um veculo de transmisso de cultura ou

um formador da bagagem cultural de cada indivduo. Com o

desenvolvimento da comunicao que se pode estudar o

homem em suas origens.

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 26

REVISO DA LITERATURA

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A resumida apresentao sobre a variedade de conceitos

atribudos ao termo comunicao nos leva a reforar a idia de que para tal

palavra, no h um conceito nico, pois se trata de um termo muito

abrangente e por isso estudado sob diferentes enfoques, alm de ressaltar,

tambm, que o uso de um dos conceitos no exclui o uso dos demais, pois

so complementares, podendo ser usados conjuntamente. Dentre os

significados apresentados, os que mais se adquam a nossa pesquisa so:

o conceito biolgico, o pedaggico e o sociolgico, embora tambm

possamos utilizar os demais.

Nesse contexto h que se considerar os vrios estudos de

comunicao que foram feitos ao longo da Histria, atravs de escolas,

teorias e reas do conhecimento diversas. Dentro desses enfoques

possveis, a comunicao foi primeiramente analisada segundo a eficincia

de seu processo (processo comunicativo), tendo-se nos meios (televiso e

jormal, por exemplo) os transmissores de informaes. Em seguida

observou-se tanto a influncia quanto a relao dos elementos que

constituem o processo comunicativo, ressaltando-se a diferena entre o

significante e o significado da mensagem recebida (o chamado modelo

semitico-informacional). Ultimamente, com a vinda da informtica e da

Internet estudos vm sendo feitos avaliando-se o processo de interatividade,

a intertextualidade e a multidirecionalidade que compe o processo

comunicativo22.

Nessa infinidade de possveis definies de comunicao, desde

as mais consagradas at as mais sintticas, citamos um conceito sinttico

que vem da semitica (cincia que estuda os signos que so sinais ou

smbolos e que esclareceremos melhor a seguir). Para a semitica a

comunicao : tudo aquilo a que as pessoas possam atribuir

significaes. E como o comportamento comunicativo tem um campo de

ao muito amplo, recomendvel a conscientizao de que qualquer

situao da comunicao humana compreende a produo da mensagem

por algum, e a recepo dessa mensagem por outro algum, ou seja, que

quando algum escreve algo, algum possivelmente ir ler o que foi escrito;

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 27

REVISO DA LITERATURA

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

que quando algum pinta algo, algum possivelmente ver o quadro; que

quando algum fala algo, algum possivelmente ir ouvir o que foi dito23.

Na rea da sade, em que lidamos diretamente com o ser

humano (quer seja ele outro profissional colega de trabalho, familiar ou

paciente), o estudo da comunicao se torna imperativo. Silva1 afirma ser

fundamental saber lidar com pessoas e, que nesse ambiente da sade

podem surgir conflitos, muitas vezes originados de uma atitude no

compreendida ou mesmo de uma reao inesperada, ou seja, de uma

comunicao inadequada; da a necessidade de entendermos tanto os

conceitos quanto o processo comunicativo.

Na Enfermagem os conceitos e/ou os processos da comunicao

so estudados por diversos autores1-11,15-16,22-35,. Stefanelli24, por exemplo,

ao conceituar a comunicao, destaca que ideias, pensamentos ou

sentimentos so estmulos ao processo comunicacional, porque a partir

deles que o ato comunicacional tem incio. Logo, memrias e lembranas

que formamos esto de alguma maneira associadas comunicao com

outras pessoas. Essa autora24 tambm discorre sobre o uso e a importncia

da comunicao teraputica nas diversas reas de atuao do enfermeiro

como, por exemplo: na assistncia de Enfermagem, na rea de educao

para a sade, na pesquisa e na rea da docncia, nos explicitando que:

Comunicao teraputica a competncia do profissional de sade em usar o conhecimento sobre comunicao humana para ajudar o outro a descobrir e utilizar sua capacidade e potencial para solucionar conflitos, reconhecer as limitaes pessoais, ajustar-se ao que no pode ser mudado e a enfrentar os desafios auto-realizao, procurando aprender a viver da forma mais saudvel possvel, tendo como meta encontrar um sentido para viver com autonomia (Stefanelli, 2005, p. 65).

Sabe-se que uma das principais preocupaes no estudo da

comunicao a codificao da mensagem que feita por meio do uso de

signos, pois na comunicao a realidade de uma pessoa representada

para si mesma e para o outro com signos17. E a relao entre o signo e o

significado a codificao.

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 28

REVISO DA LITERATURA

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Ainda sobre o processo comunicacional Stefanelli (2005, p. 29)

refere que:

Para tal processo ter incio, h sempre algum (emissor) com uma curiosidade, necessidade de transmitir ou saber algo ou um contedo (mensagem) que precisa ser esclarecido, dito para outra pessoa. O emissor sente-se, ento, estimulado a iniciar um contato interpessoal e pensa em como faz-lo (codificao) e como envi-lo (canal) a fim de tornar comum o contedo de sua informao ou idia para a outra pessoa (receptor). Este, por sua vez, reagir mensagem recebida apresentando sua reao (resposta). [grifos da autora]

Em suma, o processo comunicacional, objeto de estudo de

inmeros pesquisadores1,17-19,21-26,33-37, tem como principais elementos os

itens listados a seguir:

contexto uma realidade, ou uma situao em que a

interao ocorre.

interlocutores ou comunicadores indivduos que fazem

parte da interao e que podem ser ora receptores e ora

emissores da mensagem, em momentos diferentes, numa

mesma situao comunicacional.

mensagem - contedo a ser passado, ou seja, informaes

que vm carregadas de emoes e intenes e que nem

sempre so adequadamente decodificadas. Pode ser

verbal e/ou no verbal.

signos so sinais ou smbolos usados na emisso das

mensagens, que a depender do contexto, podem ter mais

de uma interpretao possvel.

meios ou canais so as formas de que nos utilizamos

para passar a informao como: gestos, palavras,

expresses faciais, distncias mantidas, objetos e adornos

que usamos, entre outros.

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 29

REVISO DA LITERATURA

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O processo comunicacional complexo e nele ainda esto

inseridos os tipos de comunicao, que podem ser divididos em dois

grandes grupos: a comunicao verbal e a comunicao no verbal.

Silva 1 (2006, p. 28) descreve essas duas dimenses da

comunicao interpessoal:

- comunicao verbal refere-se s palavras expressas por meio da fala ou escrita; - comunicao no verbal no est associada s palavras e ocorre por meio de gestos, silncio, expresses faciais, postura corporal, etc.

Vale ressaltar que na comunicao verbal apenas as palavra

faladas ou escritas fazem parte desse tipo de comunicao, pois a forma

que estas palavras so proferidas, ou seja, a entonao que se d s

palavras, o ritmo e o tom de voz que se impe a elas, por exemplo, j fazem

parte da comunicao no verbal.

Mehrabian38 um dos principais psiclogos sociais que estudou os

sinais no verbais da comunicao humana, referiu que numa interao

apenas 7% do significado transmitido pelas palavras, que 38%

transmitido por sinais paralingusticos e que 55% transmitido por

sinais do corpo [grifo nosso], ou seja, 93% da nossa linguagem

composta do no verbal e da a sua importncia.

3.2 A COMUNICAO NO VERBAL

O homem um ser multissensorial. De vez em quando, ele verbaliza

Birdwhistell

A comunicao no verbal composta por tudo o que pode ter

algum significado para os interlocutores, ou seja, tanto para o emissor

quanto para o receptor, exceto as palavras por elas mesmas, podendo ser

classificada como se segue1, 26:

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 30

REVISO DA LITERATURA

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cinsica a linguagem do corpo, com todos os seus

movimentos, que vo desde gestos manuais, movimentos de

membros, meneios de cabea, at expresses faciais, por mais

sutis que paream.

proxmica o estudo dos espaos interpessoais, da

distncia que mantida pelos participantes da interao,

indicando o tipo de relao que existe entre eles, denotando,

por exemplo, diferenas de status, preferncias, simpatias e

relaes de poder.

tacsica o toque, ou a expresso ttil de comunicao, que

envolve, por exemplo, a presso exercida, o local onde se toca,

a idade e o sexo dos participantes da interao. O toque

estudado tanto como expresso de afetividade, quanto

instrumento de sensao.

paraverbal ou paralinguagem diz respeito a qualquer som

emitido pelo aparelho fonador, que no faa parte do sistema

sonoro da lngua usada. Envolve desde o ritmo, a intensidade

e a entonao da voz, at o nfase que dado s palavras,

grunhidos (ah, er, uh), rudos vocais de hesitao, tosses

provocadas por tenso e o prprio silncio.

caractersticas fsicas da pessoa como a forma e a aparncia

do corpo, tambm transmitem informaes como faixa etria,

sexo, etnia, classe social, estado de sade e etc, assim como

objetos que a pessoa usa, demonstrando seu autoconceito,

como jias, roupas, tipo de carro e tambm relaes que

mantm, observando-se alianas e anis de graduao, por

exemplo.

o ambiente em que a relao acontece tambm deve ser

considerado como elemento da comunicao no verbal e para

tal devem ser avaliados, por exemplo, a disposio dos mveis

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 31

REVISO DA LITERATURA

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e objetos no espao, alm de caractersticas do prprio espao

como cor, forma e tamanho do ambiente.

Na comunicao no verbal, especificamente na paralinguagem

ou paraverbal, vale destacarmos a importncia do silncio numa interao.

Sobre esse tpico, Watzlawick, Beavin & Jackson37 referem que o

comportamento no tem oposto, ou seja, no existe um no comportamento.

E se todo comportamento representa uma situao de interao, tendo valor

de mensagem, ento todo comportamento comunicao. Sendo assim,

no existe a no comunicao. Tanto a atividade quanto a inatividade, tanto

palavras quanto silncio, tudo possui um valor de mensagem e, portanto,

comunicao. At mesmo o fato de pessoas no responderem a essa

comunicao silenciosa, considerado comunicao.

importante destacar que a anlise dos signos emitidos na

comunicao no verbal deve ser feita com certa cautela, ou seja, os signos

como gestos, expresses faciais, meneios de cabea, dentre inmeros

outros sinais que compe uma mensagem, no podem ser avaliados sem

considerarmos o contexto em que esto inseridos. Davis39 afirma que o

significado da mensagem est sempre inserido num contexto e jamais em

algum movimento isolado do corpo. Acrescenta que no existe um

dicionrio de gestos inconscientes que seja confivel, porque o significado

da mensagem sempre deve ser buscado dentro de um contexto e

exemplifica, afirmando que quando uma mulher senta com os braos e as

pernas rigidamente cruzados no deve ser interpretada, de maneira

simplista, como sinal de que ela inabordvel, pois a maioria das vezes,

isso verdade, mas que, no entanto, para que tenhamos certeza dessa

interpretao, preciso recorrer ao contexto, ver o que ela faz com o corpo,

examinar as pessoas que a rodeiam, etc.

A infinidade de possveis significados e interpretaes, alm de

suas vrias funes dentro do processo comunicacional, torna a

comunicao no verbal um campo fascinante e apaixonante de ensino e

pesquisa, especialmente na rea de Enfermagem que lida diretamente com

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 32

REVISO DA LITERATURA

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o ser humano, que pura comunicao! Tambm no processo de ensino-

aprendizagem o no verbal tem um papel fundamental tanto para o docente

quanto para o discente de Enfermagem, quer para a interao entre ambos,

quer para a contribuio na formao da identidade pessoal e profissional do

discente.

3.3 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Diversos autores27,40-43 discorrem sobre o processo ensino-

aprendizagem e, especialmente na Enfermagem, Atkinson & Murray27

afirmam que o ensino envolve a antecipao e a criao de uma mudana

predeterminada no aprendiz, podendo ser observvel (como a realizao de

alguma tcnica, por exemplo), ou no observvel (como quando envolve a

alterao de sentimentos ou o modo de pensar).

Pode-se afirmar que trs elementos esto envolvidos na

aprendizagem, sendo o primeiro deles o fato de que a aprendizagem um

processo que envolve certo tipo de mudana no aprendiz, que pode ser uma

mudana de atitude, de uma prtica, ou de um pensamento; o segundo

elemento o fato de que a mudana constitui um resultado de prtica ou de

experincia, e no devido a um estado fsico/ mental temporrio, ou a um

crescimento e um amadurecimento normais, que possam fazer parte do

processo natural de desenvolvimento; e o terceiro elemento da

aprendizagem que a sua ocorrncia inferida a partir de mudanas de

comportamento no aprendiz. Estando comtemplados esses trs elementos,

pode-se concluir que o indivduo aprendeu algo27.

Para Bordenave & Pereira40 a aprendizagem um processo

integrado no qual toda a pessoa (intelecto, afetividade, sistema muscular) se

mobiliza de maneira orgnica, sendo um processo qualitativo, em que a

pessoa fica melhor preparada para novas aprendizagens, com uma

transformao estrutural de sua inteligncia; e no um processo quantitativo,

pelo simples aumento numrico do conhecimento. Acrescentam ainda que a

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 33

REVISO DA LITERATURA

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aprendizagem acontece no aluno e realizada por ele, pois ningum pode

aprender pelo outro, ou ainda, o professor no pode obrigar o aluno a

aprender.

Existem alguns fatores que afetam o processo de ensino e que

podem estar relacionados: ao aluno, ao assunto e ao professor. Em relao

ao aluno podem interferir no processo de ensino: motivaes pessoais,

conhecimentos prvios que o aluno traz consigo, a relao mantida com o

professor e a atitude do aluno perante a disciplina. J em relao ao

assunto, os fatores intervenientes so: a estrutura do assunto - seus

componentes e relaes, os tipos de aprendizagem requeridos para o

entendimento de determinado assunto e a ordem de apresentao do

assunto. No que diz respeito ao professor, pode-se listar: a situao

estimuladora do ambiente preparada pelo professor, a adequada

comunicao verbal de instrues para os alunos, a informao que o

professor d ao aluno sobre seus progressos, a relao mantida com o

aluno e a atitude do docente com a matria ensinada40.

Essa importante intervenincia do docente no processo de

ensino- aprendizagem tambm abordada por Freire42 e Perrenoud43 em

suas obras. Freire42, por exemplo, quando aborda sobre o educador

democrtico, afirma que uma das virtudes desse tipo de educador saber

como ouvir, principalmente as minorias, referindo-se aos representantes

das minorias oprimidas que podem estar relacionadas tanto a um aluno

negro com sua linguagem especfica, quanto a um aluno rico.

J Perrenoud43 apresenta 10 novas competncias para ensinar

a serem adquiridas e trabalhadas pelos docentes, a saber: 1.Organizar e

dirigir situaes de aprendizagem; 2. Administrar a progresso das

aprendizagens; 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciao

dos alunos; 4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu

trabalho; 5. Trabalhar em equipe; 6. Participar da administrao da escola; 7.

Informar e envolver os pais; 8. Utilizar novas tecnologias; 9. Enfrentar os

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 34

REVISO DA LITERATURA

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deveres e os dilemas ticos da profisso e 10. Administrar sua prpria

formao contnua.

Mais especificamente na Enfermagem, pode-se encontrar

inmeras pesquisas, tanto nacionais quanto internacionais que tm se

voltado para o estudo da avaliao e/ou melhoria do processo de ensino-

aprendizagem, utilizando-se de mltiplas tcnicas e abordagens, alm de

discusses acerca das melhores maneiras para sua aplicabilidade29,44-73.

Uma tcnica para melhoria do processo de ensino-aprendizagem

descrita por Barrington & Campbell47 a tcnica de mapeamento MUDD,

assim denominada por Barrington, uma educadora em Enfermagem, que a

descreve como uma estratgia de ensino-aprendizagem destinada a

melhoria da qualidade do aprendizado em sala de aula. MUDD o acrnimo

de My Understanding through Dialogue and Debate, que numa livre traduo

nossa significa: meu entendimento atravs do dilogo e debate. As autoras

explicam que cada palavra desse acrnimo foi intencionalmente atribuda e

os aprendizes so participantes ativos do prprio aprendizado. A estratgia

MUDD consiste no que o prprio significado representa, ou seja, so

dilogos e debates em que o docente o mediador e os aprendizes quem

expressam suas opinies e conceitos, a partir de sua prpria experincia,

juntamente com a leitura de textos e referenciais tericos, indicados pelo

docente e previamente lidos. uma estratgia de baixo custo e simples

porque requer poucos recursos como: um Flip chart, ou algum outro grande

quadro para anotaes e uma rea com a configurao fsica para a

formao de um crculo, um semi-crculo, ou de algum outro modo em que

todos se enxerguem. importante reservar tempo suficiente para essa

atividade interativa, que seria, tambm, o mesmo tempo que o docente

reservaria para outra atividade de ensino-aprendizagem.

Nessa tcnica, o docente escreve uma palavra chave em um

crculo e fora do crculo desenha setas de sentido duplo para que os

discentes, um a um, escrevam outras palavras relacionadas palavra chave,

explicando o porqu da escolha de tais palavras e sua relao com a palavra

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 35

REVISO DA LITERATURA

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chave. Como exemplo, as autoras usam a discusso sobre a Parada Crdio

respiratria, a ser colocada no crculo pelo docente, e para que os discentes

participem da discusso, um deles inicia colocando, por exemplo, a palavra

ventilaes e explica seu conceito, como devem ser realizadas, iniciando-se

assim a discusso, em que os demais discentes podem participar e trocar

seus conceitos e experincias, sempre mediados pelo docente47.

Barrington & Campbell47 ainda referem que docentes que usaram

essa tcnica sentiram-se gratificados e satisfeitos com o dilogo dos

aprendizes acerca dos conceitos discutidos e acrescentam que essa tcnica

o paraso para os professores estarem em um ambiente de ensino-

aprendizagem em que os aprendizes esto formulando e verbalizando seu

entendimento dos conceitos do curso, atravs do dilogo e que, por outro

lado, a recompensa para os aprendizes est em saber que ele pode

participar totalmente, defendendo uma posio ou crena particular e ainda

sentir-se seguro para explorar suas percepes e entendimentos

relacionados ao curso, alm de ser capaz de testar a validade de suas

percepes de um modo construtivo.

Ainda visando a melhoria do processo de ensino-aprendizagem

Moura & Mesquita45 realizaram uma pesquisa exploratria e descritiva para

avaliar o processo de ensino-aprendizagem na viso dos alunos. Essa

pesquisa foi feita numa instituio de ensino superior, de esfera

administrativa privada, localizada na cidade de Teresina, no Piau, com a

finalidade de verificar a percepo dos graduandos do curso de

Enfermagem, frente s estratgias de ensino-aprendizagem vivenciadas

pelos alunos. Foi uma pesquisa qualitativa em que os dados foram coletados

por meio de entrevista semi-estruturada aplicada a 12 alunos de

Enfermagem. Em relao questo que abordava o Conceito das

estratgias de ensino-aprendizagem, os graduandos responderam: Mtodo

utilizado pelo professor para repassar o contedo para os estudantes de

uma forma objetiva e sbia; quando o professor muda o padro da aula,

quando ele permite questionamentos e a participao do aluno; uma

forma que o professor utiliza para chamar a ateno do aluno para assimilar

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 36

REVISO DA LITERATURA

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o contedo e ficar mais interessante aula com uso de instrumentos

visuais. Em relao identificao das estratgias de ensino-

aprendizagem que so utilizadas pelos professores no ensino terico do

curso de Enfermagem da referida instituio, nos depoimentos observou-se

que todos os 12 alunos (100%) entrevistados referiram Grupo de Discusso

e Aula Expositiva. Outras estratgias que tiveram destaque significativo por

esses graduandos foram Seminrio (91,6%) e Filmes (66,6%), ou seja, em

sua maioria os relatos foram referentes s tcnicas socializantes que

buscam o aprendizado atravs da interao do grupo e da participao dos

alunos.

importante ressaltar que mesmo com todas as restries que

possam ser feitas sobre esse ltimo estudo (de natureza regional, qualitativo

sabidamente com abordagem de um nmero restrito de sujeitos), ainda

que as generalizaes a serem feitas devam ser cautelosas, podemos

destacar dois pontos: o primeiro que os alunos conseguem identificar o

que so tcnicas de ensino-aprendizagem, descrevendo-as de maneira

adequada, demonstrando, assim, conhecimento sobre as mesmas e o

segundo essa preocupao dos pesquisadores (que tambm so

docentes), sobre como os alunos tem percebido, recebido e participado

efetivamente do processo de ensino-aprendizagem, em que est,

intrinsicamente ligado, o processo comunicativo, nosso objeto de estudo.

Ainda sobre a reflexo acerca da melhoria do processo de ensino-

aprendizagem, outro estudo46 foram analisadas duas estratgias de ensino:

anotaes de aula, combinadas com discusso em grupo estruturado versus

anotaes de aula, apenas. O grupo controle, que utilizou-se apenas de

anotaes de aula, foi comparado ao grupo experimental, que se utilizou de

anotaes e discusso em grupo. Os resultados mostraram uma diferena

estatisticamente significativa entre os grupos experimentais e controle,

fornecendo um forte apoio para o uso de anotaes de aula em conjunto

com discusso em grupo estruturado como uma importante estratgia de

ensino. Considerando-se particularmente importante na rea da sade como

um todo, em que o mediador da discusso em grupo (em estudos de caso

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 37

REVISO DA LITERATURA

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

de pacientes e em discusses clnicas, por exemplo) o prprio docente

(Preceptor ou Tutor, por exemplo).

Em estudo de 10 anos atrs32, com 46 enfermeiros de 3

diferentes instituies hospitalares, sobre sua percepo e seu modo

comunicacional, especialmente o no verbal, os resultados apontaram uma

percepo de, no mximo, 61% de sinais no verbais, para as 46 interaes

(considerando as 3 instituies hospitalares), mesmo aps terem recebido

treinamento sobre o tema, ou seja, os resultados mostraram que os

enfermeiros conseguiram perceber sinais no verbais, mas no em sua

totalidade, comparados aos sinais percebidos pela pesquisadora. Esses

achados indicavam j naquela poca essa dificuldade na percepo do no

verbal e a autora sugeria a necessidade de investimentos contnuos na

qualidade de ensino oferecido aos alunos de Enfermagem, sendo, portanto,

de suma importncia para os docentes de Enfermagem que so

responsveis pela formao dos futuros profissionais enfermeiros.

3.4 A COMUNICAO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA ENFERMAGEM

Sobre a comunicao no processo de ensino-aprendizagem, as

abordagens dos estudos voltam-se tanto para docentes quanto para

discentes2-11,15-16,28-30,74-80, alm discorrerem, tanto sobre o processo

comunicacional como facilitador do ensino e da aprendizagem, quanto do

ensino da prpria comunicao aos discentes.

Spagnuolo & Pereira31, em um estudo de reviso bibliogrfica

sobre as Prticas de sade em Enfermagem e Comunicao, relataram que

nos estudos analisados nota-se uma crescente preocupao por parte das

instituies de ensino e seu corpo docente, alm de pesquisadores, em

abordar a questo da comunicao no ensino da Enfermagem.

Com os avanos tecnolgicos invadindo o espao da sala de aula,

outras estratgias de comunicao vm acrescentar dinamismo ao processo

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 38

REVISO DA LITERATURA

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

comunicativo do ensino-aprendizagem. Um trabalho49 descreve uma

proposta educacional que teve origem no Estgio de Docncia de uma

mestranda (supervisionada pela sua orientadora), vinculada ao Programa de

Ps-Graduao Stricto Sensu em Enfermagem, da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul. Nessa proposta, o objetivo foi proporcionar interatividade

tcnica do dirio de campo, utilizando um ambiente virtual de

aprendizagem atravs da sugesto de formao de grupos de discusso

virtual para realizar o dirio de campo em uma disciplina da graduao em

Enfermagem e, assim, oferecer a oportunidade de discusso conjunta das

vivncias acadmicas em campo de prtica. Os professores de graduao

da referida disciplina, na qual a proposta foi desenvolvida, tambm foram

inseridos nas atividades. Como resultados observou-se que a tecnologia

virtual trouxe mais dinmica tcnica de dirio de campo, permitindo troca

de experincias entre os acadmicos, o docente da disciplina e a mestranda,

assim como momentos de reflexo e discusso sobre temas confrontados

na prtica da Enfermagem.

Alm do referido dinamismo que essa tecnologia de dirio de

campo virtual traz comunicao no processo de ensino-aprendizagem h,

tambm, um importante reforo aos laos entre docente e alunos, que se

estreitam e favorecem contatos presenciais posteriores (aumentando a

possibilidade de trocas e interaes entre ambos), ou seja, favorecendo a

comunicao presencial, pois sabido que os alunos se sentem mais

vontade para se colocarem e discutirem suas ideias em ambientes virtuais.

Apesar dos ambientes virtuais de ensino serem uma seara

parte, importante destacarmos alguns pontos a seu respeito. O Ensino

Distncia (EAD) oferece, dentre outras facilidades, reduo de distncias

para o aprendizado e no caso de discusses virtuais49: individualizao da

aprendizagem, personalizao da ateno oferecida aos alunos, respeitando

o ritmo de aprendizado e outras caractersticas individuais, sendo tambm

uma oportunidade de ensino que favorece, como dito anteriormente, a

participao de alunos mais reservados que se sentem mais vontade para

tecer comentrios e participarem de discusses.

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 39

REVISO DA LITERATURA

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Entretanto, a comunicao, principalmente a no verbal,

prejudicada no EAD, pois com interao e troca face a face reduzidas ou

inexistentes (mesmo com aulas virtuais em tempo real), passa a ser

fundamental que os docentes aprimorem suas habilidades de assertividade,

alm de aumentarem seu conhecimento e conscincia dessas diferenas

comunicacionais em ambientes virtuais, adequando-se assim

decodificao das mensagens verbais e no verbais emitidas por ele e pelos

alunos quando em uma aula interativa, por exemplo.

Rocha & Silva5 afirmam que existem comportamentos

comunicativos verbais e no-verbais que podem motivar o aluno a melhorar

seu aprendizado, pois em seu estudo os resultados indicaram como fatores

facilitadores da interao em sala de aula a dinmica utilizada em aula, a

boa comunicao professor-aluno e o contedo relevante, corroborando com

os estudos anteriormente citados.

Em pesquisa feita com graduandos de Enfermagem de duas

Universidades Federais de Minas Gerais, constatou-se que, embora 90%

dos alunos relatassem conhecer os contedos sobre comunicao, eles

apresentaram dificuldades em desenvolver na prtica os conhecimentos

tericos sobre esse assunto30. Essa dificuldade do aluno em ancorar os

conceitos de comunicao pode estar relacionada ao docente que no

desenvolve na prtica esses conceitos, ou seja, se o docente no ancora

seus conhecimentos de comunicao, tampouco o far o aluno, que tem no

docente, muitas vezes, o exemplo para suas condutas.

Especificamente sobre a comunicao no verbal h diversos

estudos2-4,16,28-29,44,50,76,78,80 que relatam tanto sua influncia no processo de

ensino-aprendizagem quanto tcnicas em que essa comunicao est

envolvida, mas estudos que abordem o papel da comunicao no verbal

do docente na interao com os alunos em sala de aula, ainda so

escassos.

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 40

REVISO DA LITERATURA

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Nesse contexto, um exemplo de estudo no verbal foi uma

pesquisa44 realizada com o objetivo de conhecer a percepo de estudantes

de Enfermagem quanto aos aspectos fsicos, pedaggicos e humanos

referentes ao laboratrio de Enfermagem no processo ensino-aprendizagem.

Como j descrito anteriormente, o ambiente uma das dimenses da

comunicao e, portanto, tem importante papel no processo de ensino-

aprendizagem a ser considerado. Participaram da amostra 85 alunos e os

resultados mostraram que um total de 58,8% dos alunos avaliou a estrutura

fsica como ruim ou regular; j a acomodao foi avaliada por 50,6% dos

alunos como ruim e pssima. Entre outros achados, portanto, a maioria dos

aspectos obteve conceito bom, exceto a infra-estrutura fsica; o aspecto

melhor avaliado foi o recurso humano.

Independente da abordagem do assunto comunicao, quer seja

do discente, do docente ou mesmo do prprio enfermeiro, a comunicao

um objeto de estudo dentro do processo de ensino-aprendizagem que

merece ateno e novos estudos para aprimorarmos cada vez mais a

interao a troca, a convivncia e o aprendizado como um todo.

Hipteses de Estudo

Os docentes de Enfermagem so capazes de perceber os

sinais no verbais mais gerais de sua comunicao com os

alunos em sala de aula, ao se verem filmados em alguma de

suas aulas.

Os docentes de Enfermagem so incapazes de perceber os

sinais no verbais mais sutis de sua comunicao com os

alunos em sala de aula, ao se verem filmados em alguma de

suas aulas.

MTODO

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 42

MTODO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

4 MTODO

4.1 TIPO DE PESQUISA

Exploratria, descritiva, de campo, com abordagem quanti-

qualitativa.

4.2 LOCAL DA PESQUISA

Uma universidade de esfera administrativa privada que possui

quatro campi na cidade de So Paulo, sendo que em trs deles h o curso

de graduao em Enfermagem.

4.3 POPULAO E AMOSTRA

Na poca da realizao da coleta de dados (segundo semestre de

2011), nossa populao total era de 18 enfermeiros (N=18), docentes de

graduao em Enfermagem. Para compor nossa amostra foram convidados

a participar da pesquisa todos esses 18 profissionais, em cada um dos 03

campi da cidade de So Paulo, nos dois perodos (matutino e noturno), em

que era oferecido o curso de graduao em Enfermagem da referida

instituio. Os docentes convidados deveriam ministrar pelo menos uma

disciplina para algum dos semestres do curso de Enfermagem, na

universidade sediadora da pesquisa, na cidade de So Paulo.

Foram excludos da amostra:

Enfermeiros que prestavam servios para a instituio

sediadora da pesquisa e que no eram docentes.

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 43

MTODO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Enfermeiros docentes que ministravam aulas em outros cursos

que no o de Enfermagem.

O total de nossa amostra foi de 11 docentes (n=11).

4.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Aps a aprovao deste projeto de pesquisa pelo Comit de tica

e Pesquisa (CEP) da Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo

(EEUSP), processo n 1049/2011/CEP-EEUSP, SISNEP CAAE n

0054.0.196.251-11 (Anexo 2), encaminhamos o projeto via e-mail para a

coordenadora do curso de Enfermagem da Instituio sediadora da pesquisa

(contatada anteriormente e favorvel realizao da mesma), que o enviou

s instncias cabveis da referida instituio para aprovao da coleta de

dados. Aps aprovao da Instituio sediadora, nos reunimos com a

coordenadora do curso Enfermagem, para explicarmos melhor a

operacionalizao da mesma, alm de obtermos os e-mails dos possveis

sujeitos. No contato de e-mail com os sujeitos/ docentes foi feito o convite

formal, sendo tambm oferecida uma explicao clara e sucinta sobre a

pesquisa. Com aqueles sujeitos que disponibilizaram contato telefnico,

tambm esclarecemos a pesquisa por telefone.

Com os docentes que aceitaram participar, foi agendado

individualmente um dia para que fosse assinado o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (APNDICE 1) e realizada a filmagem da aula.

Os dados foram coletados nos dias e horrios em que as disciplinas eram

ministradas pelos docentes participantes da pesquisa, conforme o horrio de

aulas da instituio, tanto do perodo noturno quanto do perodo matutino. O

curso no oferecido no perodo da tarde.

Vale ressaltar que foram escolhidas disciplinas que faziam parte

de um contedo especfico para o curso de Enfermagem, que fossem

ministradas por docentes de Enfermagem, enfermeiros e de preferncia no

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 44

MTODO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

incio do semestre, em um momento em que docente e alunos ainda pouco

se conheciam, para que no houvesse interferncia sobre os sinais no

verbais emitidos pelo docente, a partir do conhecimento prvio que poderiam

ter.

No primeiro momento foi usada a filmagem para captar o

processo comunicativo entre docentes e discentes no contexto de ensino-

aprendizagem, no ambiente de sala de aula, uma vez que se sabe que a

comunicao um processo dinmico, exigindo-se assim que seja utilizada

alguma tcnica capaz de captar tal dinamismo.

O vdeo tem a funo de registrar dados, sempre que algum

conjunto de aes humanas complexo e difcil de ser descrito

compreensivamente por um nico observador, enquanto ele se desenrola,

como em rituais religiosos, cerimnias ao vivo - como o casamentos, uma

hora de ensino em sala de aula, entre outros81.

Outras formas de captar a comunicao no verbal so: a

observao direta da interao no momento em que ela est ocorrendo,

entre os sujeitos pesquisados, feita por um outro observador; fotos do

momento da interao e gravao dos sons emitidos pelos sujeitos

pesquisados. Entretanto, como nossa inteno era que o prprio docente

visse a sua comunicao no verbal, a observao direta por outra pessoa

no se adequaria; as fotos assim como os sons retratariam parcialmente a

comunicao no verbal. O nico recurso disponvel foi a filmagem, pois

dessa maneira o sujeito pesquisado teria a oportunidade de se ver e se rever

aps o momento em que a interao j houvesse ocorrido.

Para Minayo82 a filmagem apontada como uma tcnica que d

oportunidade de documentar momentos ou situaes que ilustram o universo

pesquisado, e particularmente interessante para lidar com planos de

imagem e comunicao.

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 45

MTODO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Especialmente em relao s expresses faciais, Knapp83 refere

que algumas investigaes sugerem que obtemos juzos mais corretos

quando nos utilizamos de expresses filmadas para observarmos.

A filmagem foi iniciada aps ter decorrido o tempo de 30 minutos

do incio da aula (considerando que nos 30 minutos iniciais h um perodo

de aquecimento, quando o docente, ou ainda faz a chamada dos alunos,

ou d algum recado, antes do incio efetivo da aula).

Os docentes foram, primeiramente, filmados um a um, durante

uma de suas aulas expositivas da disciplina escolhida, por cerca de 20

minutos ininterruptos, num enquadramento de meio corpo (superior),

considerando que nele em que apresentada a maior parte dos sinais no

verbais.

O foco da pesquisa e da filmagem foi nica e exclusivamente o

docente e, para tanto, vale reforar que a filmadora foi posicionada para

captar apenas o docente, em um enquadramento de meio corpo (superior).

Os alunos estavam de costas e no apareceram na filmagem. Foi-lhes

explicado sobre a pesquisa, seus objetivos e que no apareceriam na

filmagem, por no serem o foco da pesquisa no momento.

Num segundo momento, foi agendado com cada docente um dia

para que assistisse o trecho filmado de sua aula, juntamente com a

pesquisadora. Antes da projeo do filme, a pesquisadora explicou ao

docente como era composto e de que maneira deveria ser preenchido o

instrumento de coleta de dados, alm de informar que o docente poderia

assistir a filmagem uma segunda vez para o preenchimento desse

instrumento, caso julgasse necessrio. Cada docente, portanto, assistiu sua

filmagem e preencheu um formulrio (instrumento de coleta de dados)

(APNDICE 2). Nesse formulrio os docentes descreveram os momentos

em que eles emitiram sinais no verbais que entendiam ser intervenientes

no processo de ensino-aprendizagem dos alunos, dividindo esses sinais

entre sinais no verbais de uso efetivo e sinais no verbais de uso ineficaz.

Percepo dos docentes de graduao em enfermagem sobre seu comportamento comunicativo no verbal em sala de aula 46

MTODO

Rosely Kalil de Freitas Castro Carrari de Amorim

Ainda nesse segundo momento, foi realizada uma entrevista formal semi

estruturada, gravada com uso de um gravador digital, pois a entrevista

qualitativa nos fornece dados bsicos para o desenvolvimento e a

compreenso das relaes entre os atores sociais e sua situao, com o

objetivo de compreender detalhadamente as crenas, atitudes, valores e

motivaes, em relao aos comportamentos das pessoas em contextos

sociais especficos84.

Nosso roteiro de perguntas foi o seguinte:

1. Como voc se viu na filmagem?

2. O que voc observou da sua comunicao no verbal?

3. Como voc acha que pode ser a comunicao no verbal de

um docente em sala de aula?

Ao final dessa entrevista, a pesquisadora forneceu a devolutiva ao

docente, pontuando quais foram os sinais no verbais de uso efetivo e quais

foram os sinais no verbais de uso ineficaz que o docente emitiu nesse

trecho de filmagem, tendo como base o quadro esquemtico proposto por

Silva1 (ANEXO 1).

4.5 ANLISE DOS DADOS

Aps a coleta de dados com os docentes, a pesquisadora, assim

como os docentes, tambm assistiu individualmente s filmagens, em outro

momento, preenchendo um formulrio (APNDICE 2) para cada docente,

para posteriormente comparar com a viso dos docentes.

Os dados obtidos pelo preenchimento, tanto dos docentes, quanto

da pe