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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO PRECOCE PARA A APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM SINDROME DE DOWN Por: Mônica Reis da Rocha Orientador Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO PRECOCE PARA A

APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM SINDROME DE DOWN

Por: Mônica Reis da Rocha

Orientador

Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO PRECOCE PARA A

APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM SINDROME DE DOWN

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre

– Universidade Candido Mendes como requisito parcial

para obtenção do grau de especialista em

psicopedagogia

Por: . Mônica Reis da Rocha

3

AGRADECIMENTOS

Aos pais das crianças portadores da síndrome de

Down e à escola Arte e Manha Espaço Cultural.

4

DEDICATÓRIA

Ao meu marido e às minhas filhas Lara e Bruna

5

RESUMO

Por muito tempo a sociedade excluiu a parcela da população que nascia com

alguma deficiência, pois em nome da estética das formas, os homens se sentiam no

direito de eliminar seu semelhante. Como passar do tempo, a concepção de que o

portador de deficiência não pode usufruir o convívio com os ditos normais, foi ficando

distante e, hoje, o simples ato de um ser humano nascer com vida, significa assegurar-lhe

o direito ao início da sua personalidade, pondo ainda a lei a salvo, seus direitos desde a

concepção.

Uma verdadeira cruzada vem se estabelecendo progressivamente para que esses

seres tenham uma vida normal dentro de suas potencialidades. A escolha desse tema

possibilita a desmistificação de muitos pontos obscuros. Verificou-se que quanto antes for

trabalhado o desenvolvimento destas crianças melhor será seu desempenho na

aprendizagem, mas, também foi verificado a necessidade que os pais têm de relatar suas

frustrações e anseio.

.

6

METODOLOGIA

O interesse por este assunto surgiu a partir da descoberta das inúmeras

possibilidades dessas crianças especiais. Com um bom trabalho e estimulação correta, a

criança Down pode desenvolver-se adequadamente e alcançar autonomia para tornar-se

um cidadão interdependente e não depende. Observação e questionamento de pais de

crianças com síndrome de Down verificasse a carência de material didático para auxiliar

a estes no desenvolvimento de seus filhos.

O objetivo deste estudo é pesquisar a importância da estimulação precoce para

aprendizagem de crianças com síndrome de Down. A pesquisa científica passou pelo

estudo bibliográfico de abordagens neurológicas, psicológicas, anatômicas e

pedagógicas.

Como o assunto é complexo, a cerca da qual existem infinitas definições e

conceitos, procurou-se manter uma linha de trabalho, seguindo uma sequência.

Inicialmente abordou-se o desenvolvimento biológico e neurológico das crianças portador

de síndrome de Down, passando pela importância dos familiares na estimulação da

linguagem, da autonomia, da motricidade e da integração social e concluísse com a

importância da educação infantil até a preparação para alfabetização destas crianças

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A SÍNDROME DE DOWN 11

CAPÍTULO II - A FAMÍLIA E A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN 17

CAPÍTULO III – A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN E O APRENDIZADO 26

CONCLUSÃO 32

BIBLIOGRAFIA 35

8

INTRODUÇÃO

A síndrome de Down foi descrita em 1866 por John Langdon Down. Este médico

inglês descreveu as características da síndrome, que acabou sendo batizada com o seu

nome. Popularmente na década de 60 era conhecida como mongolismo. A delegação

mongólica que compareceu a uma reunião da Organização Mundial da Saúde solicitou,

informalmente, que o termo não fosse mais utilizado. Hoje sabemos que esta

denominação é inadequada, devido à conotação preconceituosa que a cerca.

Campanhas têm sido realizadas para a divulgação do nome Síndrome de Down ou

Trissomia do 21. Em 1959, Jerôme Lejeune descobriu que a causa da sindrome de Down

era genética, pois até então a literatura relatava apenas as características que indicavam

a síndrome.

“A síndrome de Down é decorrente de um erro genético presente

desde o momento da concepção ou imediatamente após (...)”

(SCHWARTZMAN, 1999, p. 3)

Por muitos anos a criança com síndrome de Down era considerada “retardada”,

incapaz e, em algumas sociedades, até mesmo monstro ou filho do demônio.

Infelizmente, ainda hoje, encontramos algumas confusões sobre o conceito de Down que

é confundido com deficiência mental:

Atualmente, como descreve SCHWARTZMAN (1999), sabemos que a síndrome

tem como causa uma alteração genética e que os portadores da síndrome, embora

apresentem algumas dificuldades, podem ter uma vida normal e realizar atividades

diárias da mesma forma que qualquer outra pessoa. É inegável que o Down apresenta

algumas limitações e que precisa de condições especiais para aprendizagem, mas

através de estimulações adequadas podem se desenvolver.

“As dificuldades de aprendizagem, os distúrbios de conduta,

a problemática de interação completam, mas não esgotam o quadro

da educação do aluno com síndrome de Down” (MILLS apud

SCHWARTZMAN, 1999, p. 232).

SCHWARTZMAN aborda em seu trabalho justamente a questão da educação da

criança com Down. O interesse por este assunto surgiu a partir da descoberta das

inúmeras possibilidades dessas crianças especiais.

9

Com um bom trabalho e estimulação correta, a criança Down pode desenvolver-

se adequadamente e alcançar autonomia para tornar-se um cidadão interdependente e

não depende. Porém, ainda são poucos os profissionais suficientemente qualificados

para trabalhar com essas crianças e orientar os familiares sobre o seu desenvolvimento.

A família do portador de síndrome de Down deve ter apoio profissional desde o

nascimento da criança. O momento da notícia, como é chamado por pais e profissionais

da área, o momento em que é comunicado aos pais o diagnóstico da síndrome no bebê,

é de extrema importância para os pais ao longo da vida dos filhos, visto que eles se

lembram com riqueza de detalhes, mesmo após muitos anos, a maneira como lhes foi

dado o diagnóstico do filho. Os profissionais da área de saúde são pouco preparados

para lidar com esta realidade, tanto em termos de informação para orientar os pais,

quanto em termos afetivos, pois, com freqüência, ficam tão perplexos quanto os próprios

pais, sem saber como abordar a questão. Estes profissionais devem tentar estabelecer

uma relação afetiva com a família ao dar a notícia e buscar informação para orientá-las.

O “ideal” é que o profissional possa dar a notícia na presença de ambos os pais,

para que se apóiem e para que não caiba apenas um deles a dura tarefa de dar a notícia

para o outro. O diagnóstico da síndrome de Down deve ser dado aos pais, por um

psicólogo, somente após ter sido gerado o vinculo afetivo entre pais e filho.

Cabe a este profissional, além de dar a notícia, informar o que vem a ser a

síndrome, alertar aos pais sobre a importância do desenvolvimento precoce e iniciar o

apoio emocional a esta família. O bebê está ali, é real, requer cuidados e o trauma

precisa ser elaborado. A presença de um psicólogo nessa etapa da vida familiar pode

representar a diferença entre a formação de um vínculo seguro entre mãe/filho/pai e a

ausência desse vínculo. Os pais, ao receber a notícia, geralmente têm como reação

inicial sentimentos de perda, luto e tristeza. Tais sentimentos se relacionam ao luto da

criança sadia que era esperada e fantasiada pelos pais. Para que a criança com

síndrome de Down seja aceita na família, a expressão do sentimento de tristeza é

fundamental, pois abrirá espaço para a criança real ocupar. O psicólogo explicará,

também, as primeiras atitudes que esta família deverá ter com esta criança. Os

acompanhamentos de fonoaudióloga, psicomotrocistas e outros profissionais. E o mais

importante, informar a esses pais que seu filho, apesar do problema, poderá realizar

tarefas de crianças “normais” se os estímulos adequados forem realizados no seu tempo.

10

O primeiro capítulo explica que bebês nascem com síndrome de Down devido

alterações genéticas no cromossomo 21, ocorrida durante ou imediatamente após a

concepção, que tornará suas características físicas diferentes e gerará comprometimento

do sistema nervoso central, criando distúrbio na aprendizagem e no desenvolvimento.

Entretanto, o bebê com síndrome de Down será capaz de se desenvolver, a passos mais

curtos, com orientação e estímulos.

A importância e o sentimento da família são analisados no segundo capítulo. O

desenvolvimento da criança portadora de síndrome de Down está entrelaçado com o

equilíbrio emocional de sua família. Ao receberem a notícia da síndrome de Down em seu

filho, os pais precisam ser apoiados por profissionais para orientá-los a tomarem decisões

precoces fundamentais ao desenvolvimento de seu filho. O apoio continuará durante

todas as fases do desenvolvimento da criança. O segundo capítulo apresenta, também,

que quanto antes o estímulo começar melhor será o desenvolvimento da criança

portadora de síndrome de Down. Com estimulo dos profissionais adequados e da família,

a criança com Down poderá aprender a ler, a escrever, fazer operações, enfim,

desenvolver-se cognitivamente. E este é o assunto abordado no último capítulo.

O indivíduo com deficiência mental não é desprovido de inteligência. As crianças

portadoras de síndrome de Down são alfabetizadas iguais as crianças não-deficientes,

necessitando, apenas, de um tempo e atenção superior. Entretanto, isto não ocorre na

educação de inclusão. Ou por falta de material adequado ou inexperiência do professor.

O melhor para o educando portador da síndrome de Down seria a escola que respeitasse

o ritmo e as dificuldades individuais, um local favorecedor da aprendizagem.

11

CAPÍTULO I

A SINDROME DE DOWN

A síndrome de Down é decorrente de uma alteração genética ocorrida durante ou

imediatamente após a concepção. A alteração genética se caracteriza pela presença a

mais do autossomo 21, ou seja, ao invés do indivíduo apresentar dois cromossomos 21,

possui três. Esta alteração é denominada trissomia simples.

No entanto, podemos encontrar outras alterações genéticas, que causam a

síndrome de Down. Estas são decorrentes de translocação, pela qual o autossomo 1, a

mais, está fundido a outro autossomo. O erro genético também pode ocorrer pela

proporção variável de células trissômicas presentes ao lado de células citogeneticamente

normais. Estes dois tipos de alterações genéticas são menos frequentes, que a trissomia

simples.

Estas alterações genéticas decorrem de “defeito” em um dos gametas, que

formarão o indivíduo. Os gametas deveriam conter um cromossomo apenas e assim a

união do gameta materno com o gameta paterno geraria um gameta filho com dois

cromossomos, como toda a espécie humana. Porém, durante a formação do gameta, no

homem ou na mulher, pode haver alterações e através da não-disjunção cromossômica,

que é realizada durante o processo de reprodução, podem ser formados gametas com

cromossomas duplos, que ao se unirem a outro cromossomo pela fecundação, resultam

em uma alteração cromossômica.

Estas alterações genéticas alteraram todo o desenvolvimento e maturação do

organismo e inclusive a cognição do individuo portador de síndrome. Além de outras

características relacionadas à síndrome.

De forma geral algumas características do Down são: o portador desta síndrome é

um individuo calmo, afetivo, bem humorado e com prejuízos intelectuais, porém podem

apresentar grandes variações no que se refere ao comportamento. A personalidade varia

de individuo para indivíduo e estes podem apresentar distúrbios de comportamento e

desordem de conduta. Seu comportamento pode variar, ainda, de acordo com o potencial

genético e as características culturais.

12

1.1 Aspectos citogênicos da síndrome de Down

Recentemente conclui-se que a trissomia do 21 livre é muito frequente e

decorre de erros, que propiciam a formação de gametas com dois cromossomos

21 e normalmente é comum em mulheres de idades avançadas:

“Estudos recentes, com polimorfismos de DNA, (sequência de

DNA, produzidas, por enzimas de restrição e que passam de uma

geração a outra) do dromossomo, estabelecem que

aproximadamente 95% dos casos resultam de não-disjunção na

meiose materna. Desses 76% a 80% são erros no processo de

meiose. Assim, a não-disjunção na meiose materna é responsável por

67% a 73% de todos os casos de trissomia de 21 livre

(ANTONORAKIS, SHERMAN, apud SCHWARTZMAN, 1999, p. 38).

Como já foi citado, na alteração por disjunção, o erro genético ocorre

devido à não divisão cromossômica, quando os dois componentes do par

cromossômico devem ser separar originando células filhas. Neste caso, a

divisão incorreta gera uma célula com excesso de cromossomos e outra com

falta.

A célula que fica com dois cromossomos homólogos, que não sofrerão

disjunção, se fecundada formará um zigoto trissômico, por possuir três

cromossomos equivalentes ao invés de apenas um par. E como já foi citado é

muito comum em mulheres com idade avançada, devido ao envelhecimento do

óvulo.

Para explicar esta relação, entre envelhecimento do óvulo e o fenômeno

de disjunção, muitas teorias foram propostas.

“Segundo alguns autores, aneuplóide, já está presente nos

ovócitos por ocasião do nascimento das mulheres e se deve a não-

disjunção micótica, durante a embriogenese ovariana”

(SCHWARTZMAN, 1999, p 40).

As translocações, que compreendem o processo de mutação genética, se

dão pela ligação de um fragmento de um cromossomo a seu cromossomo

13

homólogo. Estas ocorrem em menor freqüência, sendo mais comuns entres

cromossomos acrecêntricos, por fusão cítrica, as chamadas translocações

robertsonianas. Segundo SCHWARTZMAN (1999), estas são responsáveis por

1,5% a 3% dos casos de síndrome de Down.

1.2 . Características principais da criança Down

Segundo SCHWARTZMAN (1999), a síndrome de Down é marcada por

muitas alterações associadas. As principais alterações orgânicas, que

acompanham a síndrome são: cardiopatias, prega palmar única, baixa estatura,

atresia duodenal, comprimento reduzido do fêmur e úmero, bexiga pequena e

hiperecongenita, ventriculomegalia cerebral, hidronefrose e dismorfismo da face

e ombros.

Outras alterações como braquicefalia, fissuras palpebrais, hipoplasia da

região mediana da face, diâmetro fronto-occipital reduzido, pescoço curto, língua

protusa e hipotônica e distância aumentada entre o primeiro e o segundo dedo

dos pés, crânio achatado, mais longo e comprido; narinas normalmente

arrebitadas por falta de desenvolvimento dos ossos nasais; quinto dedo da mão

muito curto, curvado para dentro e formado com apenas uma articulação; mãos

curtas; ouvido simplificados; lóbulo auricular aderente e coração anormal.

Quanto às alterações fisiológicas podemos observar nos primeiros dias de

vida uma grande sonolência, dificuldade de despertar, dificuldades de realizar

sucção e deglutição, porém estas alterações vão se atenuando ao longo do

tempo, à medida que a criança fica mais velha e se torna mais alerta.

A criança Down normalmente apresenta grande hipotomia e segundo

HOYER e LIMBROCK, citado por SCHWARTZMAN (1999), o treino muscular

precoce da musculatura poderá diminuir a hipotomia.

A hipotomia costuma ir se atenuando à medida que a criança fica mais

velha e pode haver algum aumento na ativação muscular através da

estimulação tátil. (SCHWARTZMAN, 1999)

Alterações fisiológicas também se manifestam através do retardo no

desaparecimento de alguns reflexos como o de preensão, de marcha e de Moro.

14

Este atraso no desaparecimento destas reflexos é patológico e resulta no atraso

de aquisições motoras e cognitivas deste período, já que muitas atividades

dependem desta inibição reflexa para se desenvolverem como o reflexo de

Moro, que é substituído pela marcha voluntária.

1.3 . O desenvolvimento do sistema nervoso da criança Down

O sistema nervoso da criança com síndrome de Down apresenta

anormalidades estruturais e funcionais que resultam em disfunções neurológicas

variando quanto à manifestação e intensidade.

“(...) nas crianças mais velhas foram observadas

anormalidades nos neurônios piramidais pequenos, especialmente

nas camadas superiores do córtex (...) (SCHWARTZMAN, 1999, p.

54)”

O processo de desenvolvimento e maturação do sistema nervoso central

da criança portadora de síndrome de Down é muito complexo, apresentando

alterações no desenvolvimento ainda no estágio fetal.

Entretanto, segundo SCHIMDT, citado por SCHWARTZMAN (1999), em

seus estudos com fetos normais e fetos com síndrome de Down, não observou

alterações significativas no desenvolvimento e crescimento do sistema nervoso

central.

Outros estudiosos, como WISNIEWSKY (1990), concluem que até os cinco

anos o cérebro das crianças com síndrome de Down, encontra-se

anatomicamente similar ao de crianças normais. Apresentando apenas

alterações de peso, que nestas crianças encontra-se inferior à faixa de

normalidade, que ocorre devido a uma desaceleração do crescimento encefálico

iniciado por volta dos três meses de idade.

Esta desaceleração encontra-se de forma mais acentuadas em meninas,

nas quais observa também, frequentes alterações cardíacas e gastrintestinais.

15

WISNIEWSKY, citado por SCHWARTZMAN (1999), relata que há algumas

evidencias de que durante o último trimestre de gestação existe uma lentificação

no processo da neurogênese.

Apesar da afirmação descrita por WISNIEWSKY, às alterações de

crescimento e estruturação das redes neurais após nascimento são mais

evidentes e estas se acentuam com o passar do tempo.

Segundo SCHWARTZMAN (1999), as medidas de inteligência geral e as

habilidades linguísticas normalmente encontram-se alterados e não possuem

padrão definido, além de não se relacionarem com o volume encefálico podendo

apresentar diversos níveis intelectuais.

Também observamos no sistema nervoso do paciente Down, alterações de

hipocampo e a partir do quinto mês de vida, quando se inicia o processo de

desaceleração do crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso ocorre

uma diminuição da população neuronal.

Desta forma concluí-se que as inúmeras alterações estruturais e funcionais

do sistema nervoso da criança com síndrome de Down, determinam algumas de

suas características mais marcantes como os distúrbios de aprendizagem e

desenvolvimento.

1.4 . Deficiência mental e síndrome de Down

O termo “deficiência” significa falta, carência ou insuficiência. Assim

podemos entender por deficiência mental a insuficiência funcional das funções

neurológicas. O cérebro da criança Down não atinge seu pleno desenvolvimento

e assim todas as suas funções estão alteradas.

“O conceito de deficiência mental apóia-se, basicamente, em

três ideias que têm sido utilizadas para definir este termo. É essencial

examiná-las do ponto de vista interativo. A primeira diz respeito as

binômio de desenvolvimento-aprendizagem (...) A segunda ideia se

refere aos fatores biológicos (...) A última tem a ver com o ambiente

físico e social (...)” (SCHWARTZMAN, 1999, p.243)

16

O três conceitos a que o autor citado acima se refere podem ser explicados

como bases das atividades mentais. O cérebro de uma criança recém-nascida

possui capacidades de aprendizagem, no entanto, esta será desenvolvida

através da internalização de estímulos o que se dá através da aprendizagem e

está intimamente associada a fatores biológicos, como integridade orgânica e

ainda sofre influências diretas de fatores ambientais e sociais.

Esta afirmação feita por SCHWARTZMAN (1999) é muito aceita e podem-

se observar inúmeros trabalhos de outros autores coerentes com esta

abordagem. Um exemplo é Jean Piaget que afirma que os indivíduos nascem

apenas com potencialidades (capacidade inata) a capacidade de aprender.

Assim todo conhecimento da criança depende de exposição ao meio e dos

estímulos advindos deste. Para Piaget a base do conhecimento é a

transferência e assimilação de “estruturas”. Assim, um conhecimento, um

estímulo do meio, é encarado como uma estrutura que será “assimilada” pelo

individuo através de sua capacidade de aprender.

A aprendizagem é realizada com sucesso se as capacidades de

assimilação, reorganização e acomodação estiverem integradas e as aquisições

forem se dando ao longo do tempo. Estes processos acontecem quando um

indivíduo, que esteja sempre adquirindo novas informações, se depara com um

dado novo. Para a internalização do mesmo, o individuo deve reorganizar as

aquisições já adquiridas para acomodar os novos conhecimentos, sendo através

deste processo que a linguagem e a cognição se desenvolvem.

Considerando a grande influência do ambiente e a competência da criança

para as atividades cognitivas, ela deve ser estimulada para tornar-se mais

competente para resolver as exigências que a vida quer em seu contexto

cultural.

O portador de síndrome de Down possui certa dificuldade de

aprendizagem que, na grande maioria dos casos, são dificuldades

generalizadas que afetam todas as capacidades: linguagem, autonomia,

motricidade e integração social. Estas podem se manifestar em maior ou menor

grau.

17

CAPÍTULO II

A FAMÍLIA E A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN

O nascimento do bebê com síndrome de Down consiste em um golpe narcísico

para seus familiares. Isto porque o nascimento de uma criança é sempre cercado de

muita expectativa, visto que os sonhos ainda não realizados pelos membros da família

frequentemente são projetados para o bebê ainda por nascer, às vezes antes mesmo da

gravidez.

O bebê com síndrome de Down é um bebê inesperado, pois os pais sonham com

uma criança “perfeita” e pronta para realizar tudo o que eles próprios não foram capazes.

Assim, surge o processo de luto, em que os pais choram a morte do bebê idealizado e,

por isso, a adaptação é mais difícil e dolorosa do que a de qualquer recém-nascido. A

família tem que entrar em contato com um mundo cheio de novas informações e cada

pessoa, por sua própria história de vida, tem maior ou menor facilidade para lidar com

este tipo de questão. A representação formada imaginariamente pelos pais e outros

familiares do bebê com síndrome de Down vai variar muito em função dos seus próprios

(pré) conceitos acerca da síndrome e da sua experiência em lidar com as diferenças.

O suporte psicológico a família é essencial, apesar de raramente ser oferecido em

instituições e clínicas no Brasil. Logo após o nascimento, os pais e o bebê engajam-se

emocionalmente, construindo vínculos familiares que será um importante precursor da

linguagem e da saúde mental do indivíduo em formação. Tudo isso fica complicado no

nascimento de um bebê com síndrome de Down, Os pais, na maioria das vezes, estão

perplexos a tal estado que não permitem o engajamento e, por questões

neurofisiológicas, o bebê solicita menos os cuidados dos seus pais, pois, ainda os seus

reflexos (fome, dor, etc) não são tão apurados, Este movimento de mão dupla que

18

precisa ser ajustado em todos os núcleos familiares com bebês com síndrome de Down,

às vezes, fica muito descompassado e sem ritmo. Prejudicando o engajamento dos

membros da família, com tendência a aumentar através do tempo, colocando a união da

família em risco.

Como se podem ver questões fundamentais ligadas ao próprio desenvolvimento do

bebê estão em jogo neste início de relação e muitos profissionais ficam surpresos com

este tipo de informação, pois o que assistimos com maior frequência após o nascimento

do bebê trissômico é uma corrida aos médicos em função dos possíveis problemas

clínicos do bebê, e uma corrida à estimulação precoce em função apenas da dificuldade

motora do bebê em consequência da hipotonia. Poucos profissionais lembram a

importância do trabalho do psicólogo neste momento. Portanto, os pais ficam relegados

a um segundo plano, pois não se oferece nenhum tipo de suporte a eles. No entanto,

eles precisam, acima de tudo, ser escutados, acolhidos e ter um espaço para deixar fluir

todos os tipos de sentimento que emergem deste contexto. Sabemos que uma espécie

de tristeza crônica velada pode acometer tais famílias reduzindo a qualidade de vida de

todos os seus membros com amplas conseqüências.

O psicólogo pode ajudar na relação dos pais com o filho através de uma

psicoterapia que trabalhe os vínculos. Cada família tem suas histórias, mitos, regras e

valores. Precisa-se entender um pouco disto tudo dentro de cada sistema familiar para

poder intervir de maneira eficaz. Com um pouco de entendimento particular da família

pode-se inferir o que está perturbando as relações e, então, trabalhar em cima destes

conteúdos. É um trabalho muito minucioso e especializado, mas que trará no futuro

enorme ganho para família e para o bebê.

2.1. O Desenvolvimento da criança com síndrome de Down

Durante os dois primeiros anos de vida da criança, ocorrem as conquistas

motoras ou de linguagem mais marcantes: o sentar, o engatinhar, o andar, os

primeiros dentes, as primeiras palavras. A expectativa criada em torno destes

acontecimentos gera certa ansiedade nos pais. É a fase em que os avós, os

19

parentes e amigos começam a fazer perguntas e comparar o desenvolvimento

da criança com síndrome de Down com outras crianças. É importante que os

profissionais possam esclarecer e tranquilizar a família no sentido de respeitar o

ritmo de desenvolvimento individual. Crianças com síndrome de Down podem

andar, falar e realizar inúmeras atividades, bastando que tenham chances para

isto. Em geral, os pais respondem com alegria e interesse aos movimentos e

balbucios dos bebês, transmitindo-lhes carinho e segurança. Os pais de uma

criança com síndrome de Down podem encontrar maior dificuldade em

responder positivamente ao seu filho, tanto por uma instabilidade emocional

como por não compreender que o ritmo de desenvolvimento da criança não

corresponderá, na maioria das vezes, às expectativas iniciais. Cabe, portanto,

ao profissional que atende à família, intermediar em alguns momentos esta

relação entre pais e filhos, procurando acima de tudo preservar a naturalidade e

espontaneidade deste relacionamento. Quando este equilíbrio for alcançado, a

criança certamente reagirá melhor à estimulação específica, havendo

consequentemente maiores progressos no desenvolvimento de habilidades

psicomotoras, na aquisição da linguagem e nos aspectos cognitivos.

A seqüência de desenvolvimento da criança com Síndrome de Down

geralmente é bastante semelhante à de crianças sem a síndrome e as etapas e

grandes marcos são atingidos, embora em um ritmo mais lento. Esta demora

para adquirir determinadas habilidades pode prejudicar as expectativas que a

família e a sociedade tenham da pessoa com síndrome de Down. Durante muito

tempo estas pessoas foram privadas de experiências fundamentais para o seu

desenvolvimento porque não se acreditava que eram capazes. Todavia,

atualmente já é comprovado que crianças e jovens com síndrome de Down

podem alcançar estágios muito avançados de raciocínio e desenvolvimento.

2.1.1. Desenvolvimento Psicomotor

Uma das características principais da síndrome de Down, e que afeta

diretamente o desenvolvimento psicomotor, é a hipotonia generalizada,

presente desde o nascimento. Esta hipotonia origina-se no sistema nervoso

central e afeta toda a musculatura e a parte ligamentar da criança. Com o

20

passar do tempo, a hipotonia tende a diminuir espontaneamente, mas ela

permanecerá presente por toda a vida, em graus diferentes. O tônus é uma

característica individual, por isso há uma variação entre as crianças com

esta síndrome. A criança que nasceu com síndrome de Down vai controlar a

cabeça, rolar, sentar, arrastar, engatinhar, andar e correr, exceto se houver

algum comprometimento além da síndrome. Acontece frequentemente de a

criança ter alta da fisioterapia por ocasião dos primeiros passos. Na

verdade, quando ela começa a andar, há necessidade ainda de um trabalho

específico para o equilíbrio, a postura e a coordenação de movimentos. É

essencial que nesta fase, na qual há maior independência motora, a criança

tenha espaço para correr e brincar e possa exercitar sua motricidade global.

A brincadeira deve estar presente em qualquer proposta de trabalho infantil,

pois é a partir dela que a criança explora e internaliza conceitos, sempre

aliados inicialmente à movimentação do corpo.

O trabalho psicomotor deve buscar, principalmente: o equilíbrio; a

coordenação de movimentos; a estruturação do esquema corporal; a

orientação espacial; o ritmo; a sensibilidade; os hábitos posturais e os

exercícios respiratórios

Estes itens devem ser trabalhados dentro de atividades que sejam

essencialmente interessantes para a criança. A utilização da brincadeira e

dos jogos com regras é fundamental para que a criança tenha uma

participação proveitosa e prazerosa no trabalho de estimulação, tendo

consequentemente um melhor desempenho. A criança com síndrome de

Down deve participar de brincadeiras na areia e na água, para estimulação

de sua sensibilidade. Também na água, podem ser realizados exercícios

respiratórios de sopro e de submersão. Outras atividades comuns na

infância também beneficiam o desenvolvimento psicomotor e global: pular

corda, jogar amarelinha, jogos de imitação, brincadeiras de roda, subir em

árvores, caminhadas longas, uso de brinquedos de parque como balanço,

escorregador e gangorra. Posteriormente, a criança deve ter acesso às

práticas esportivas, iniciando-se no esporte através da exploração e

manuseio dos materiais e participando depois de jogos em grupo com

orientação adequada.

21

2.1.2. Desenvolvimento Cognitivo

Embora a síndrome de Down seja classificada como uma deficiência

mental, não se pode nunca predeterminar qual será o limite de

desenvolvimento do indivíduo. Historicamente, a pessoa com síndrome de

Down foi rotulada como deficiente mental severa e em decorrência deste

rótulo acabou sendo privada de oportunidades de desenvolvimento. A

classificação da deficiência mental nos grupos profundos (severos),

treináveis e educáveis é bastante questionada hoje em dia. Estes

diagnósticos, determinados a partir de testes de QI (Medida do Quociente

da Inteligência), nem sempre condizem com a real capacidade intelectual do

indivíduo, uma vez que os testes aplicados foram inicialmente propostos

para povos de outros países, com culturas diferentes da nossa. A educação

da pessoa com síndrome de Down deve atender às suas necessidades

especiais sem se desviar dos princípios básicos da educação proposta às

demais pessoas. A criança deve freqüentar desde cedo à escola, e esta

deve valorizar, sobretudo, os acertos da criança, trabalhando sobre suas

potencialidades para vencer as dificuldades. A educação especial, garantida

por lei ao deficiente, deve atender aos seguintes objetivos: respeitar a

variação intelectual de cada um, oferecendo iguais possibilidades de

desenvolvimento, independente do ritmo individual; valorizar a criança ou

jovem, incentivando-o em seu processo educacional; realizar planejamentos

e avaliações periódicas, a fim de poder suprir todas as necessidades do

grupo (gerais e individuais) com constante reavaliação do trabalho.

A aprendizagem da pessoa com síndrome de Down ocorre num ritmo

mais lento. A criança demora mais tempo para ler, escrever e fazer contas.

No entanto, a maioria das pessoas com esta síndrome tem condições para

ser alfabetizada e realizar operações lógico-matemáticas. A educação da

pessoa com síndrome de Down deve ocorrer preferencialmente em uma

escola que leve em conta suas necessidades especiais. As crianças com

deficiência têm o direito e podem beneficiar-se da oportunidade de

freqüentar desde cedo uma creche e uma escola comum, desde que

adequadamente preparadas para recebê-las. O professor deverá estar

22

informado para respeitar o ritmo de desenvolvimento do aluno com

deficiência, como, de resto, deve respeitar o ritmo de todos os seus alunos.

O papel do professor é muito importante, pois caberá a ele promover ações

para incluir a criança deficiente no grupo. É preciso orientar a família da

pessoa deficiente sobre quais recursos educacionais de boa qualidade

estão disponíveis em sua comunidade. Para realizar tal orientação, o

profissional deve procurar conhecer melhor as opções de escola especial e

escola comum, para que o encaminhamento seja feito com segurança e

traga benefícios ao desenvolvimento global da criança.

2.1.3. Desenvolvimento da Linguagem

A linguagem representa um dos aspectos mais importantes a ser

desenvolvido por qualquer criança, para que possa se relacionar com as

demais pessoas e se integrar ao meio social. Pessoas com maiores

habilidades na linguagem podem comunicar melhor seus sentimentos,

desejos e pensamentos. De maneira geral, a criança, o jovem e o adulto

com síndrome de Down possuem dificuldades variadas no desenvolvimento

da linguagem. É importante estar atento a este fato desde o primeiro contato

com a família do bebê com síndrome de Down. Quanto antes for criado um

ambiente propício para favorecer a evolução da linguagem, melhor será o

futuro. A criança com Síndrome de Down apresenta um atraso na aquisição

e desenvolvimento da linguagem se comparada a outra criança. Este atraso

tem sido atribuído a características físicas ou ambientais que influenciam

negativamente o processo de desenvolvimento, tais como: problemas de

acuidade e discriminação auditiva; frequentes doenças respiratórias;

hipotonia da musculatura orofacial; alteração no alinhamento dos dentes;

alato ogival com tendência à fenda; língua grande (macroglossia) ou

cavidade oral pequena: problemas de maturação dos padrões de

mastigação, sucção e deglutição; baixa expectativa em relação à

possibilidade de desenvolvimento da criança; dificuldades do adulto em

determinar o nível de compreensão da criança para adaptar sua fala de

maneira a promover o desenvolvimento; pouca disponibilidade do adulto em

ouvir a criança e em se esforçar para compreendê-la; dificuldade de

sintetização e problemas na estruturação sintática; atraso geral no

23

desenvolvimento motor, cognitivo e emocional; falta de atividades sociais

que façam a criança utilizar a linguagem de forma significativa.

O desenvolvimento da linguagem ocorre através da interação da criança

com o meio. Isto também é verdadeiro para crianças com síndrome de

Down. Os pais e professores devem ser orientados pelo fonoaudiólogo que

poderá elaborar um programa específico para cada criança. Antes de tudo,

é importante sanar ou minimizar aspectos físicos que possam prejudicar a

articulação e produção vocal através de exercícios para fortalecimento da

musculatura, adaptação de próteses dentárias ou auditivas etc.

2.2. A Estimulação e a família

É importante que a criança com síndrome de Down receba

estimulação para se desenvolver desde o nascimento. A família deve ser

orientada sobre como proceder com a criança em casa inserida na rotina

familiar. Nesta fase inicial, como foi dito no capítulo anterior, quando o

choque da notícia sobre a síndrome ainda está recente, os profissionais

que assistem a família devem saber que muitas vezes é ela quem

necessita de ajuda, mais do que a própria criança. Portanto, é sempre bom

ter o cuidado de solicitar aos pais coisas que eles realmente tenham

condições práticas e emocionais para cumprir. Alguns aspectos do

desenvolvimento merecem atenção especial neste período: a sucção e a

deglutição da criança devem ser trabalhadas por um fonoaudiólogo,

objetivando melhores condições para alimentação e uma melhor postura

dos órgãos fono-articulatórios. A movimentação ativa, a coordenação viso-

motora e o equilíbrio para controle de cabeça e tronco devem ser

estimulados por um fisioterapeuta. Várias técnicas podem ser utilizadas.

Massagens com o vibrador ou com as mãos ajudam a dar maior tonicidade

na musculatura oro-facial. Brinquedos coloridos e sonoros estimulam a

visão, a audição e a coordenação de movimentos no bebê. Exercícios

específicos de equilíbrio como o uso da bola Bobath e da prancha de

equilíbrio também são importantes. As manobras realizadas para

mudanças de posição, estímulo da propriocepção ou ainda os exercícios

respiratórios constituem elementos básicos das terapias individuais.

24

No entanto, o tempo que a criança passa com os terapeutas é muito

pequeno se comparado ao tempo que passa com a família. Isto justifica a

preocupação que os profissionais devem ter em relação ao papel que

desempenham para auxiliar no equilíbrio emocional familiar e no

relacionamento entre toda a família e a criança. Antes de qualquer técnica

específica de estimulação, a convivência saudável com a criança deve ser

uma das prioridades da estimulação, pois é a partir dela que ocorre o

desenvolvimento. A estimulação é muito importante, mas o excesso é

prejudicial, havendo necessidade de dosar a quantidade de estímulos.

A família tem que dar continuidade aos estímulos em casa.

Trabalhando sempre de forma a buscar o desenvolvimento de seu filho,

que deve ser constante. Mas como a família poderá ajudar estas crianças?

Na estimulação visual, inicialmente, o que mais atrai o bebê é o

rosto humano, seguido por objetos coloridos e brilhantes, Então, a família

deve ser orientada a apresentar tais estímulos ao bebê com frequência,

estando atenta para que ele fixe o olhar e posteriormente acompanhe com

os olhos o movimento do rosto humano ou do brinquedo. As brincadeiras

na frente do espelho também devem ser introduzidas assim que o bebê

fixar o olhar.

Com a estimulação visual, a voz humana é o primeiro estímulo

auditivo que o bebê recebe. É importante orientar a mãe para que

converse com o bebê de forma clara e tranquila. A música, cantada pela

mãe ou tocada também é um estímulo que agrada ao bebê. Os brinquedos

que produzem som também funcionam como estimulação para a

percepção auditiva. Tanto os pais como os terapeutas podem fazer uso de

chocalhos, papéis aluminizados, caixinhas de música ou qualquer outro

tipo de objeto que produza som, como meio de estimulação.

A estimulação sensitiva tem uma enorme importância, pois é a partir

dela que a criança Down reagirá cada vez mais com movimentos.

Preferencialmente, ela deve usar a menor quantidade de roupa possível,

de acordo com o clima, tanto em casa, como na terapia. O contato com

25

diferentes materiais propicia maior experiência sensitiva. Brinquedos

ásperos, lisos, de borracha, de madeira, de ferro, de pano, bem como o

contato com a água e a areia oferecem grande demanda de estímulos

sensitivos. As crianças portadoras de síndrome de Down têm dificuldade

no equilíbrio, então, é importante, também, atividades que envolvam o

balanço para estimular os órgãos do equilíbrio.

A família tem que ser orientada a não esconder seu filho da

sociedade. A criança com síndrome de Down tem que aprender as regras

de uma sociedade e a segui-las. Não pode ser tratada como diferente e

por isso, ter o direito de quebrar regras sociais. O profissional que está em

contato direto com a família deve orientá-la a manter, desde cedo, uma

vida social semelhante à de outros bebês. O banho de sol e os passeios

ao ar livre devem fazer parte da rotina. Privar a criança de contatos sociais,

mesmo que inicialmente breves, pode prejudicar seu desenvolvimento e

sua adaptação ao estilo de vida de sua síndrome.

Os pais de crianças especiais têm tendência a justificar as atitudes

de seus filhos com a doença. Estas crianças merecem e têm que receber

educação como as crianças normais e precisam aprender a respeitar as

regras sociais. Não é normal uma criança nunca receber não. A família,

mais uma vez tem que ser orientada sobre a forma correta de lidar com

seus filhos.

Também é necessária a orientação sobre a hora de tirar a

mamadeira, a fralda, a chupeta, como a criança deve dormir sem vícios e

sobre a dependência dos pais para sua higiene pessoal. O parâmetro pode

ser a ser seguido é o desenvolvimento de uma criança normal, podendo

ultrapassar um pouco cada fase. Não é aceitável uma criança de 6 anos

utilizando fraldas para passear, se ela tem total controle sobre os

esfíncteres ou a utilização de mamadeiras, noturnas ou diurnas, quando

uma criança já sabe mastigar.

Enfim, crianças com síndrome de Down alcançam objetivos

desejados se a família estiver bem estruturada e contar com o apoio de

terapeutas.

26

CAPÍTULO III

A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN E O APRENDIZADO

Sabe-se que a criança com síndrome de Down apresenta capacidade mental

limitada, com baixo desempenho cognitivo devido ao retardo mental – atraso do

desenvolvimento da inteligência significativa em sua aprendizagem.

Esta é a definição de deficiência mental aceita e difundida mundialmente pela

American Association o Mental Retardation – AAMR, desde 1992.

Convém ressaltar que deficiência mental não tem a mesma significação que

doença mental (psicose, neuroses, entre outras), ou mesmo com problemas ou distúrbios

de aprendizagem.

O individuo com deficiência mental não é desprovido de inteligência e, dependendo

do seu grau de comprometimento, poderá desenvolver-se cognitivamente, operar

mentalmente e abstrair como não-deficiente.

O cérebro de portadores de síndrome de Down é pequeno, apresentando um

número menor de neurônios, com conexões anormais, resultando em graus variáveis de

retardo mental e lentidão de desenvolvimento neuropsicomotor, com reflexos sobre a

linguagem (oral ou escrita) e consequentemente na aprendizagem. Eles apresentam

déficit de memória e capacidade limitada para as funções de linguagem e lógico-

27

matemática, na compreensão e internalização de conceitos (abstração), interferindo na

redução das relações temporais e causais.

Segundo Piaget, citado por BECKER (2005), a estrutura cognitiva da criança com

deficiência mental apresenta uma construção mental inacabada. Diz Piaget: “a ação

humana constitui a ponte entre a realidade e a razão”.

Com deficiência mental leve, a criança é capaz de operar mentalmente, podendo

ser alfabetizada e ter acesso a outros conhecimentos dos diferentes níveis de seriação

escolares, em idade superior à das crianças não-deficientes.

A criança Down em seu processo de desenvolvimento e crescimento necessita

integrar-se ao ambiente físico educacional, local onde, espera-se, ela poderá obter a

adquirir conhecimento progressivo e sistemático, garantido pelo direito de todos os

indivíduos à educação como fundamento do crescimento humano e integração social.

Para assegurar o desenvolvimento da aprendizagem da leitura e da escrita, a

criança com síndrome de Down tem que adquirir certas habilidades e conceitos que

podem ser estimuladas na educação infantil. São eles:

- Imagem-corporal ou conhecimento adequado do corpo;

- Lateralidade ou uso preferencial de um lado do corpo na realização de qualquer

atividade motriz. Uma vez contrariada, cruzada ou indefinida, poderá acarretar problema

de grafismo;

- Conhecimento de direita e esquerda. Permite à criança perceber o lado direito e o

lado esquerdo em si, nas outras pessoas e nos objetos, quando não consolidado,

possivelmente, interferirá no sentido direcional da leitura e da escrita;

- Orientação Espacial: compreende a diferenciação entre posição no espaço e

relações espaciais, de modo a assimilar a posição que os objetos ocupam em relação a si

próprios e aos outros, evitando assim confusões no grafismo (a criança pode confundir

letras), ter dificuldades na sucessão das letras nas palavras e das palavras nas frases,

não respeitar a direção horizontal do traçado, não respeitar os limites da folha;

- Orientação temporal: é relacionada à duração e sucessão dos acontecimentos ou

fatos, dominando conceitos temporais (ontem, hoje, dias da semana,...), discriminando a

duração e sucessão dos sons. A ausência da orientação espacial pode causar

28

dificuldades na pronúncia e na escrita de palavras, trocando a ordem das letras ou

invertendo-as;

- Ritmo: está relacionado à orientação temporal, fornece à criança a percepção dos

sons e das pausas. Sua inabilidade poderá acarretar leitura lenta e silábica,

desrespeitando a pontuação e a entonação, prejudicando ou impossibilitando a correta

interpretação do conteúdo lido;

- Análise-síntese visual e auditiva é a capacidade de decodificar as palavras

impressas em partes (análise) e sua recomposição (síntese);

- Habilidades visuais específicas, capacitam a criança a perceber e discriminar

semelhanças e diferenças dos grafismos, formas e tamanhos, figura-fundo, e desenvolve

sua memória visual.

Todos esses fatores, devidamente elaborados e adaptados, em consonância com

o desenvolvimento afetivo-emocional bem estruturado e completa interação da criança

com seu mundo físico e social, poderão garantir o ingresso da criança às condições

fundamentais de construção do conhecimento.

Entretanto, a aprendizagem sistêmica realizada pela escola não pode estar longe

da realidade da criança. O conteúdo e conhecimentos a serem adquiridos devem ser

contextualizados com a sua vida, com a comunidade que integra e com as necessidades

locais, ou seja, compatíveis com a sua realidade. A escola não pode segregar ou

selecionar, mas promover, reconhecer e construir, fazer-se lugar de transformação e

emancipação.

Mas, isto não é observado na educação de inclusão, apesar da luta de pais,

educadores e profissionais comprometidos com a educação e sua transformação, uma

vez que o modelo educacional vigente, na prática, não trabalha as diferenças e propõe

uma aprendizagem uniforme. Os alunos não são observados ou avaliados segundo suas

particularidades e individualidades. Os professores, em sua maioria, não conseguem

perceber as singularidades de seus pares ou avaliar suas potencialidades, pensam a

aprendizagem apenas como acúmulo de conhecimento, sem vislumbrar as atitudes,

competências e habilidades que podem fazer o diferencial da educação para todos, onde

cada educando é singular e portador de necessidades individuais.

29

O paradigma da inclusão educacional, para que possa se efetivar, perpassa

inicialmente por uma formação continuada e especializada do professor, com material

didático adequado às necessidades de sua clientela, que dinamize a aprendizagem e

motive as crianças. Escolas devidamente estruturadas e adaptadas para facilitar o acesso

à educação de todos, sem prejudicar as diferenças, integrando os educandos em classes

comuns, bem como respeitando os ritmos individuais e as dificuldades intrínsecas.

Um conjunto de ações que favoreça e possibilite a aprendizagem e o engajamento

incondicional da sociedade, pode, efetivamente, possibilitar a integração das pessoas

com necessidades especiais, independente das dificuldades advindas de sua deficiência,

vencendo a exclusão que acontece em nossos espaços educacionais e sociais.

3.1. Alfabetização de crianças com síndrome de Down

Nos últimos anos, a importância da instrução (leitura e escrita) para

crianças e adultos com síndrome de Down tem sido cada vez mais

reconhecida. Apesar de ainda haver pouco material para estudo deste

assunto.

Ser capaz de ler é uma habilidade que a maioria das pessoas toma por

garantido para suas vidas e é difícil para elas imaginar o que é a vida de

alguém que não pode ler. As crianças com síndrome de Down aprendem a

ler da mesma forma que crianças com desenvolvimento típico e as mesmas

abordagens pedagógicas são bem sucedidas. Elas devem avançar através

dos mesmos estágios que as outras. Entretanto, cada estágio discriminado

em pequenos passos, com mais prática e apoio para a aprendizagem, pois, a

criança com síndrome de Down tem idade cronológica diferente da idade

funcional. Esta deficiência decorre de lesões cerebrais e desajustes

funcionais do sistema nervoso.

“O fato de a criança não ter desenvolvido uma habilidade ou

demonstrar conduta imatura em determinada idade,

comparativamente a outras com idêntica condição genética, não

30

significa impedimento para adquiri-la mais tarde, pois é possível

que madure lentamente”. (SCHWARTZMAN, 1999, p. 246)

Em relação ao aprendizado da leitura e da escrita, os níveis de

alfabetização que as crianças com síndrome de Down conseguem alcançar

são muito variáveis, algumas atingem níveis funcionais de alfabetização, e

outras níveis que lhes permitem acompanhar o trabalho realizado em sala de

aula e ler com apoio. As crianças com síndrome de Down tendem a utilizar a

estratégia logográfica por mais tempo. Posteriormente, passam a utilizar

estratégias alfabéticas para ler e soletrar. O aprendizado da escrita, tanto

para crianças com desenvolvimento típico quanto para indivíduos com

síndrome de Down, apresenta uma seqüência evolutiva, que está relacionado

às hipóteses que a criança faz sobre o que é escrever. As hipóteses são

classificadas em hipótese pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e alfabética

(FERREIRO & TEBEROSKY, 1999).

3.2. A Avaliação para todos educandos

A avaliação da aprendizagem adquiri seu sentido em que se articula

com o projeto pedagógico e com seu consequente projeto de ensino. A

avaliação, tanto no geral, quanto no caso especifico da aprendizagem não

possui uma finalidade em si; ela subsidia um curso de ação que visa

construir um resultado previamente definido.

Os encaminhamentos que devem ser realizados para a prática da

avaliação da aprendizagem destinam-se a servir de base para tomadas de

decisões no sentido de construir com e nos educandos conhecimentos,

habilidades e hábitos que possibilitem o seu real desenvolvimento, por meio,

segundo Piaget, citado por BECKER (2005), da assimilação/acomodação

ativa do legado cultural da sociedade.

Para que avaliação se torne um instrumento subsidiário significativo

da prática educativa, é importante que tanto a prática educativa como a

avaliação sejam conduzidas com determinado rigor cientifico e técnico. A

ciência pedagógica hoje está suficientemente amadurecida para oferecer

31

subsídios à condução de uma prática educativa capaz de levar à construção

de resultados significativos da aprendizagem, que se manifestem em prol do

desenvolvimento do educando, tendo ele dificuldade de aprendizado ou não.

Como a tarefa didática e permanente no trabalho docente, a

avaliação deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e

aprendizagem. Por meio dela, os resultados que vão sendo obtidos no

decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados

com os objetivos propostos no plano do curso, podendo-se constatar

progressos, dificuldades, impedimentos e orientar o trabalho para os

encaminhamentos e correções necessárias.

Através do processo avaliativo, pode o avaliador averiguar a

qualidade do que se objetiva na educação formativa, aplicada para cada

nível de escolaridade proposto pelos parâmetros curriculares e projetos

pedagógicos de cada unidade educacional. Esse controle supõe

confiabilidade, tanto nos dados obtidos, quanto nos instrumentos utilizados,

sua análise e interpretação possibilitam a criação de situações de

intervenção como forma de assegurar essa qualidade.

O professor deve estar atento às alterações de comportamento

dos alunos, às singularidades de cada aprendente, de modo que não se

sintam reprimidos e manifestem dúvidas, incompreensões e inquietações

quanto ao que está sendo ensinado.

A avaliação efetiva acontece durante todo o processo de ensino, nas

relações dinâmicas da sala de aula, orientando as tomadas de decisões

relacionadas ao tratamento do conteúdo e à melhor forma de compreensão

e produção de compreensão e produção do conhecimento pelo educando.

O conhecimento deve ser compartilhado e os “conteúdos do saber“

incrementados e atualizados, conduzindo educador e educando a um

constante processo de aperfeiçoamento, numa reciprocidade positiva e

enriquecedora, objetivando a aprendizagem, a autonomia, o

desenvolvimento e o crescimento intra e interpessoal.

32

Esta deveria ser a única avaliação em todo o processo de

aprendizagem. O educando participativo em seu aprendizado. Entretanto

não é isto que ainda se vê.

A avaliação, como instrumento de medida ou veículo de obtenção de

dados a serviço do professor, referindo-se ao aspecto quantitativo, se aplica

de forma abusiva nas instituições de ensino, sem que se observe o

verdadeiro objetivo de sua ação sobre os avanços e a aprendizagem do

educando. Desta forma, acaba se gerando uma forma de avaliação

diferenciada entre as crianças “normais” e as “especiais”.

CAPÍTULO IV

A EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA CRIANÇAS COM SÍNDROME

DE DOWN

A educação especial é uma modalidade de ensino, que visa promover o

desenvolvimento global a alunos portadores de deficiências, que necessitam de

atendimento especializado, respeitando as diferenças individuais, de modo a lhes

assegurar o pleno exercício dos direitos básicos de cidadão e efetiva integração social.

Proporcionar ao portador de deficiência a promoção de suas capacidades, envolve

o desenvolvimento pleno de sua personalidade, a participação ativa na vida social e no

mundo do trabalho, são objetivos principais da educação especial e assim como o

desenvolvimento bio-psiquico-social, proporcionando aprendizagem que conduzam a

criança portadora de necessidades especiais maior autonomia.

A prática pedagógica adaptada as diferenças individuais vêem sendo promovidas

dentro das escolas do ensino regular. No entanto, requerem metodologias,

procedimentos pedagógicos, materiais e equipamentos adaptados.

33

O professor especializado deve valorizar as reações afetivas de seus alunos e estar

atento a seu comportamento global, para solicitar recursos mais sofisticados como a

revisão medica ou psicológica. E outro fato de estrema importância na educação especial

é o fato de que o professor deve considerar o aluno como uma pessoa inteligente, que

têm vontades e afetividades e estas devem ser respeitada, pois o aluno não é apenas um

ser que aprende.

A educação especial atualmente é prevista por lei e foi um direito adquirido ao

longo da conquista dos direitos humanos. A garantia de acesso a educação e

permanência da escola requer a pratica de uma política de respeito às diferenças

individuais.

4.1 Política nacional de educação especial

A educação especial é prevista na Constituição da Federal, que é dever do Estado

com a educação a garantia de: atendimento educacional especializado aos portadores de

deficiências, preferencialmente na rede regular de ensino.(art. 208, caput, III, CF).

A política nacional de educação especial consiste de objetivos gerais e específicos

necessários a portadores de deficiências, que fundamentam e orientam o processo de

educação especial, visando garantir o atendimento educacional ao aluno portador de

necessidades especiais.

Os objetivos formulados pela política de educação especial são: promover a

interação social; desenvolver práticas de educação física, atividades físicas e sociais;

promover direito de escolha; desenvolver habilidades lingüísticas; incentivar autonomia e

possibilitar o desenvolvimento social, cultural, artístico e profissional, das crianças

especiais.

Para assegurar a educação especializada algumas medidas devem ser tomadas,

34

como: aumento da oferta de serviços de educação especial com equipamentos, equipe

qualificada, material didático especializado e espaço físico adequado às necessidades

especiais dos deficientes, assim como criação de programas de preparo para o trabalho,

estímulo a aprendizagem informal e orientação à família.

No entanto, a falta de atendimento especial principalmente em pré-escolas, carência

de recursos e equipe qualificada, inadequação do ambiente físico, falta de novas

propostas de ensino, descontinuidade de planejamento e ações, desigualdade de

recursos e oportunidades, vem dificultando o acesso de muitas crianças especiais ao

ensino especializado.

4.2. A educação básica

Os fins da educação nacional, expressos no art. 1°.da Lei n°. 4.024/61, refletem os

ideais de liberdade, solidariedade e valorização do homem, que devem orientar toda

educação no País. Mantendo estes princípios, a Lei n°. 5.692/71, no seu art. 1°. ,

estabelece o objetivo geral do ensino.

De forma geral, o objetivo consiste em proporcionar ao educando a formação

necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades e como elemento de auto-

realização, na qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da

cidadania.

O desenvolvimento, ampliação e especialização das possibilidades psicomotoras

da criança Down permitem que esta realize atividades didáticas simples e assim se inicia

o processo de alfabetização, onde acriança não só esta criando, formando conceitos e

categorias conceituais para perceber a realidade e ordenar o mundo que a rodeia.

Nesta fase a participação da criança é ativa e é fundamental que a escola a

desenvolva o máximo, em todas as áreas, as potencialidades do conhecimento, as

habilidades atuais e futuras de aprendizagem do aluno com síndrome de Down.

O trabalho com a criança deve se centrar no contato e interação com o outro e as

35

eventuais complementações das atividades pedagógicas desenvolvidas devem ser

informais, através do jogo espontâneo, da relação com o colega e com o material

adequado. Assim de forma agradável e prazerosa a criança vai desenvolvendo atividades

físicas, emocionais e cognitivas que possibilitam a elaboração do pensamento.

Nesta fase, a manutenção da fluidez e flexibilidade

neuropsicológica é fundamental para se evitar rigidez

precoce, que acarreta a redução da utilização de

estratégias no âmbito da

aprendizagem.(SCHWARTZMAN, 1999, p.241).

A participação da criança Down no ensino médio é muito benéfica ao

desenvolvimento, pois a própria articulação de matérias e sua multiplicidade colocam

novos problemas de adaptação aos aspectos relativos à vida em grupo e à organização

de novos modelos de conhecimento defrontam o aluno com obstáculos e dificuldades.

As escolas devem concentrar esforços para desenvolver as potencialidades e

capacidades do aluno, levando em consideração os objetivos e estratégias que lhe

poderão ser mais úteis, não importa o tipo da escola comum ou especial.

O fator mais importante é que o professor crie em salas de aula condições que lhe

permitam um melhor convívio grupal e para isto pode trabalhar as dinâmicas de grupos

cooperativos.

Inicialmente é muito importante que a escola conheça cada dificuldade e

habilidade de cada criança com intuito de promover suas necessidades básicas para

aprendizagem e desenvolvimento.

Procura se identificar na criança os rendimentos, atitudes, motivação, interesse,

relações pessoais, forma de assumir tarefas e enfrentar situações. A partir dos resultados

desta observação são planejadas as adaptações direcionadas ao apoio pedagógico

favorecendo as aquisições através de intervenções planejadas e organizadas em prol de

um objetivo primordial que deve ser a organização dos elementos pessoais e materiais

que possibilitarão novas aprendizagens.O trabalho pedagógico com estas crianças é um

36

processo complexo e resulta em uma dinâmica evolutiva baseada nas capacidades do

individuo.

CONCLUSÃO

Os dados obtidos levassem a conclusão de que a família é primordial para a

aquisição de linguagem oral, principalmente nos primeiros anos de vida. Quando a

criança encontra-se em período de maturação orgânica e seu sistema nervoso esta

sendo moldado pelas experiências e estímulos recebidos e internalizados. A estimulação

do portador da síndrome de Down na fase inicial da vida é extremamente importante para

o desenvolvimento normal da criança e minimiza as ocorrências de déficits de linguagem

na primeira infância - período em que o cérebro humano é altamente flexível - que

poderão trazer sérias consequências futuras, As estimulações de fonoaudiologia,

psicomotrocidade e de psicologia contribuem para o desenvolvimento integral da criança,

favorecendo suas aprendizagens significativamente. Quando realizadas nos primeiros

meses de vida, possibilitam uma evolução mais rápida do desenvolvimento

neuropsicomotor, que se apresenta comprometido devido às características próprias à

síndrome de Down, que se manifestam funcionalmente.

Enfim, a grande importância da estimulação se dá pela grande necessidade da

criança vivenciar experiências que permitam seu desenvolvimento, respeitando suas

37

deficiências e explorando suas habilidades. Esse estudo permitirá as mães, pais,

cuidadores, educadores, etc. aumentarem suas possibilidades de observação e

intervenção, objetivando aprimorar a aprendizagem das crianças especiais, que têm

dificuldades como quaisquer outras, mas que também são capazes de superá-los e se

desenvolverem.

38

BIBLIOGRAFIA

CRUICKSHANK; JOHNSON. A educação da criança e do jovem excepcional. Porto

Alegre: Globo, 1975.

FERREIRA, Aurélio Buarque de H. Dicionário século XXI escolar.

GUYTON, Arthur C. Neurociencia básica: anatomia e fisiologia. 2 ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 1993. ISBN

SCHWARTZMAN. J.S. Síndrome de Down. São Paulo: Mackenzie, 1999.

BECKER, Fernando. Um divisor de águas. In. Coleção Memória da Pedagogia, n 1.

Jean Piaget. São Paulo: Segmento Duetto, 2005.

39

WEBGRAFIA

Site WWW. SCHWARTZMAN.com.br (2009)

40

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A SÍNDROME DE DOWN 11

1.1 – Aspectos citogênicos da síndrome de Down 12

1.2 – Características principais da criança Down 13

1.3 – O desenvolvimento do sistema nervos da criança Down 14

1.4 - Deficiência mental e síndrome de Down 15

CAPÍTULO II

A FAMÍLIA E A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN 17

2.1 –O desenvolvimento da criança com síndrome de Down 18

2.1.1 – Desenvolvimento psicomotor 19

2.1.2 – Desenvolvimento cognitivo 20

2.1.3 - Desenvolvimento da linguagem 22

2.2 – A estimulação e a família 23

CAPÍTULO III

A CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN E O APRENDIZADO 26

3.1 - Alfabetização de crianças com síndrome de Down 29

3.2 - Avaliação para todos educandos 30

CAPÍTULO IV

A EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN 32

4.1 Política nacional de educação especial 33

41

4.2. A educação básica 33

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37

WEBGRAFIA 38