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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A EVOLUÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS NO CENÁRIO ATUAL Por: Luana Quinelato Corteze Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho RIO DE JANEIRO 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A EVOLUÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS NO CENÁRIO ATUAL

Por: Luana Quinelato Corteze

Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho

RIO DE JANEIRO 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A EVOLUÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS NO CENÁRIO ATUAL

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato

Sensu” em Gestão de Recursos Humanos. São

os objetivos da monografia perante o curso e não

os objetivos do aluno

Por: Luana Quinelato Corteze

RIO DE JANEIRO 2004

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DEDICATÓRIA

A minha querida mãe Amélia, por dar-me mais uma vez a oportunidade de concluir um sonho. Obrigada pelo estímulo e torcida, e ainda por não me deixar desistir, nunca, do primeiro ao último desafio. Suas palavras são minha força.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus irmãos por toda ajuda. Ao meu pai, por suas histórias. A Tia Lúcia pelo exemplo. A Júnior por seu companheirismo. Aos amigos da Ucam por todos os dias.

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RESUMO

A antiga vida organizacional está desaparecendo rapidamente. A

nova lógica, que tem com pano de fundo a tecnologia da informação, não é como os modismos que permearam a administração de recursos humanos durante as últimas décadas. Assim, a Gestão de Pessoas revela-se nos dias de hoje como uma área do conhecimento humano impregnada de complexidade e de desafios. neste cenário, os Recursos Humanos são tidos como a chave vital numa organização. São as pessoas que fazem as organizações e que produzem, e sem um funcionamento correto de todo o sistema a sobrevivência da organização está comprometida. Para que o sistema realmente funcione e haja uma sintonia perfeita entre as pessoas e a organização é necessária uma gestão de recursos humanos cuidadosa e eficiente. Assim, não se pode deixar de reconhecer que hoje existe uma nova maneira de gerenciar pessoas. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo estudar a evolução da administração de recursos humanos caracterizando-a no atual contexto globalizado e tecnificado, expllicitando os quatro plilares da gestão de pessoas neste cenário.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7

2 CENÁRIO ATUAL ............................................................................................... 10

2.1 Características do cenário atual..................................................................... 10

2.2 Gestão da Inovação Tecnológica................................................................... 13

3 PERFIL DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS ........................... 155

3.1 Administração de Recursos Humanos (ARH) ................................................ 15

3.2 Comportamento humano e a tecnologia: cultura organizacional e mudança .............................................................................................................. 16

3.3 Perfil da Administração de Recursos Humanos: passado e presente......... 199

4 GESTÃO DE PESSOAS NO CENÁRIO ATUAL ................................................ 266

4.1 Conceitos e características .......................................................................... 266

4.2 Liderança ..................................................................................................... 299

4.3 Poder nas Organizações................................................................................ 32

4.4 Trabalho em Equipe....................................................................................... 35

4.5 Processo Motivacional .................................................................................. 38

4.5.1 Motivação nas Organizações ..................................................................... 40

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 44

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 466

WEBGRAFIA............................................................................................................48

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1 - INTRODUÇÃO

O mundo tem mudado intensamente nas últimas décadas,

causando impacto de forma ampla e significativa nas estruturas

organizacionais, quanto a sua forma de atuação e consequentemente nos

seus resultados. Fato que passou à exigir das organizações, inovação

constante da estrutura, dos seus produtos e serviços, bem como, maior

flexibilidade e novos modelos de gestão para que elas se tornem ágeis,

dinâmicas e competitivas - aspectos importantes para a manutenção da sua

sobrevivência - nesta era de economia em vias de globalização (Silva,

1996).

A utilização da Tecnologia da Informação é parte integrante do

processo de transformação das organizações, sendo necessário, portanto,

investir em inovações tecnológicas, utilizar sistemas de informações

gerenciais, implementar o processo de mudança organizacional, utilizar o

conhecimento como recurso estratégico e capacitar as pessoas para

adaptação à nova realidade.

Assim, a Gestão de Pessoas revela-se nos dias de hoje como

uma área do conhecimento humano impregnada de complexidade e de

desafios. Os Recursos Humanos são a chave vital numa organização. São

as pessoas que fazem as organizações e que produzem, e sem um

funcionamento correto de todo o sistema a sobrevivência da organização

está comprometida. Para que o sistema realmente funcione e haja uma

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sintonia perfeita entre as pessoas e a organização é necessária uma gestão

cuidadosa e eficiente (Chiavenato, 2000). Por essa gestão têm de passar

obrigatoriamente a gestão dos recursos humanos.

As organizações necessitam de pessoas competentes e criativas

para enfrentar as dificuldades do atual mercado competitivo e tecnificado. Os

funcionários podem constituir-se em elementos alavancadores de resultados

dentro da organização; constituem a vantagem competitiva que representa o

“algo mais” que uma empresa pode oferecer ao mercado e mostrar-se

competitiva; são, ainda, os que fazem a diferença e personalizam-na,

fazendo-a distinguir-se de todas as demais. Para que isso aconteça, é

necessário que as pessoas sejam selecionadas, integradas socialmente,

treinadas, lideradas, motivadas, comunicadas, avaliadas, remuneradas,

recebam feedback de seu desempenho, participem das decisões que as

afetem direta ou indiretamente e possam externar suas opiniões.

O que não se pode deixar de reconhecer é que hoje existe uma

nova maneira de gerenciar pessoas. Assim, o presente estudo tem como

objetivo estudar a evolução da administração de recursos humanos

caracterizando-a no atual contexto globalizado e tecnificado, expllicitando os

quatro plilares da gestão de pessoas neste cenário

Assim sendo, a pesquisa é dividida em três capítulos: no primeiro

– Cenário Atual, as características da economia para o surgimento da

Gestão de Pessoas com o reflexo da globalização e das inovações

tecnológicas; No segundo - Perfil da Administração de Recursos Humanos,

as inovações ocorridas durante todo a percurso da Gestão de Pessoas até

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chegarmos o atual nível: pessoas como parceiros da organização; No

terceiro e último capítulo – A Gestão de Pessoas no cenário atual: O

conceito e as características e o foco principal dos quatro pilares de

sustentação da nova Gestão de Pessoas: Liderança, poder nas

organizações, trabalho em equipe, processo motivacional.

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2 - CENÁRIO ATUAL

2.1 - Características do cenário atual

O rápido desenvolvimento da sociedade das últimas décadas

protagonizado pela quebra de barreiras geográficas, aliada à velocidade na

produção e na transmissão de informações, indicam que vive-se um

momento de mudanças aceleradas e constantes, em várias áreas,

especialmente no campo sócio-organizacional. Identificar e analisar as

mudanças e consequências dessa nova ordem mundial, caracterizada pela

sua extrema complexidade e imprevistos em todos os segmentos tem sido,

talvez, o maior dos desafios enfrentados pela sociedade. Consciente desta

realidade, ainda assim, busca-se aqui desenvolver algumas reflexões para

estabelecer vínculos mais estreitos entre este contexto e a gestão de

pessoas.

A globalização sintetiza uma realidade dinâmica, de múltiplas

dimensões e implicações políticas, econômicas, sociais e culturais. O

impacto dos avanços tecnológicos; a velocidade dos fluxos de capitais e

tecnologias; a importância da competitividade, no sentido mais amplo como

condição para uma inserção internacional benéfica dos países; o surgimento

ou consolidação de novos e importantes atores mundiais do ponto de vista

econômico e social; todos esses são apenas alguns exemplos de dimensões

importantes da globalização (Giddens, 1991).

A Globalização afeta não apenas processos históricos nacionais

ou regionais, mas a própria vida diária dos agentes que fazem parte de uma

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sociedade. Um cenário como este, apresenta impactos nas questões sociais

e econômicas pela qual vive a sociedade, exigindo, conseqüentemente, a

emergência de novos padrões de comportamento dos indivíduos que dela

fazem parte. Buscar compreender este contexto, no âmbito organizacional é,

talvez, o primeiro passo em direção à identificação do perfil profissional

necessário a atuar em ambientes que têm especial contribuição no

crescimento e desenvolvimento da sociedade em geral. Ou seja: as

organizações.

Para Maximiano (2000), a administração das organizações em

pleno século XXI, está em uma conjuntura muito diferente daquela de 100

anos atrás. O autor cita algumas situações enfrentados pelos profissionais

deste novo século:

- Economia globalizada e competitividade – no inicio do século

XX, a palavra-chave era eficiência. No final do século XX, a

palavra - chave é a competitividade. Neste novo cenário os

profissionais tem que fazer com que as empresas sejam

capazes de concorrer com outras empresas de outros países,

em seus mercados locais e nos mercados para os quais

exportam. Devem ser competitivas, mais do que apenas

eficientes. A eficiência tornou-se um dos ingredientes da

competitividade.

- Interdependência – ao mesmo tempo em que incentivou a

competitividade entre empresas, a economia globalizada

também tornou os países interdependentes, devido ao livre

transito de capitais. A sociedade global, por causa da

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interdependência dos países, criou necessidades sem

precedentes de administração internacional.

- Diminuição do tamanho – tecnologia da informação,

programas de eficiência, tornaram desnecessários muitos tipos

de mão-de-obra, alteraram muitas profissões e ramos de

negócios. Uma das consequências da diminuição de tamanho

é a importância crescente dos métodos da administração

participativa, porque é preciso que os funcionários

operacionais aprendam a ser seus próprios gerentes.

- Valorização da administração empreendedora – a perda das

perspectivas de emprego duradouro e de carreira nas grandes

organizações, estimulou muitas pessoas a procurar ser seus

próprios patrões. Com isso, a administração empreendedora

tornou-se uma tendência social importante.

Ainda que suscitando questionamentos e críticas sobre essa nova

ordem mundial, é de conhecimento geral que a globalização abriu novas

oportunidades para algumas nações em desenvolvimento que entraram no

jogo global. A riqueza dos chineses, por exemplo, aumentou, em uma

década de globalização o que levou cinquenta anos para crescer sob o

regime comunista fechado. Entretanto, cabe ressaltar que certamente estes

países tiveram que alterar seus modos de vida para alcançar os benéficos

da globalização.

Para Robbins (2002), a globalização não significa apenas fazer

negócios além das fronteiras nacionais. Significa também o aumento da

competição para quase todo o tipo de organização. As fronteiras nacionais

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estão se tornando cada vez mais insignificantes na definição das fronteiras

dos negócios. Os avanços na tecnologia da comunicação e as reduções às

barreiras comerciais entre nações contribuíram para a criação de uma aldeia

verdadeiramente global.

2.2 - Gestão da Inovação Tecnológica

Para Robbins (1998), a inovação é uma forma de mudança mais

especializada. Trata-se de uma nova idéia aplicada a iniciar ou melhorar um

produto, processo ou serviço. Assim consequentemente toda inovação

envolve mudança, mas nem toda mudança é necessariamente uma

inovação.

O autor expõe, que se pode chegar a quatro conclusões em uma

revisão completa na relação estrutura-inovação: A primeira é que as

estruturas orgânicas influenciam positivamente na inovação, e que com elas

são mais baixas em diferenciação vertical, formalização e centralização, as

organizações facilitam a flexibilidade, a adaptação é a fertilização cruzada

que torna a adoção de inovações mais fácil; Na segunda, o mandato longo

em administração esta associada à inovação, porque o mandato gerencial

aparentemente proporciona legitimidade e conhecimento de como realizar

tarefas e obter resultados desejados; A terceira é que a inovação é

alimentada onde há recursos folgados, porque ter abundância de recursos

permite a uma organização comprar inovações, arcar com o custo de instituir

inovações e absorver fracassos; E por último é que a comunicação inter-

unidades é alta em organizações inovadoras, pois estas organizações são

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grandes usuárias de comitês, forças-tarefa, equipes irter-funcionais e outros

mecanismos que facilitam a interação através das linhas departamentais.

As organizações inovadoras tendem a ter culturas semelhantes. Elas

estimulam a experimentação. Elas recompensam tanto o sucesso quanto o

fracasso (Robbins, 1998).

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3 - PERFIL DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

3.1 - Administração de Recursos Humanos (ARH)

A administração de recursos humanos (ARH) é uma

especialidade que surgiu com o crescimento das organizações e com a

complexidade das tarefas organizacionais, o qual trata do adequado

aprovisionamento, da aplicação, da manutenção e do desenvolvimento das

pessoas nas organizações. As bases sobre as quais a ARH trabalha são as

organizações e as pessoas. Durante muito tempo, a ARH – então

denominada administração de pessoal ou relações industriais – era

concebida como uma atividade mediadora entre as organizações e as

pessoas, uma espécie de elementos de ligação, um tipo de órgão

interpretador das exigências da organização aos empregados e das

reivindicações destes à organização. O conceito mudou. Sofreu uma

soberba ampliação. Era como se as pessoas e as organizações vivessem

em compartimentos separados, necessitando de um porta-voz, e só dele,

para se entenderem ou, pelo menos, reduzirem suas diferenças. Para

Aquino (1979):

“ administração de recursos humanos consiste em planejar, organizar, dirigir e controlar as funções de procura, desenvolvimento, manutenção e utilização da força de trabalho de forma que os objetivos para as quais a empresa foi estabelecida sejam atingidos econômica e eficazmente, bem como os objetivos de todos os níveis de pessoal e os da sociedade sejam devidamente considerados e atendidos”. (Aquino, 1979:76)

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De acordo com Gil (1994)

“ a administração de Recursos Humanos é o ramo especializado da Ciência da Administração que envolve todas as ações que tem como objetivo a interação do trabalhador no contexto da organização e o aumento de sua produtividade. É, pois, a área que trata de recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento, manutenção, controle e avaliação de pessoal”. (Gil, 1994:13)

Com a evolução da Administração de Recursos Humanos,

surgiram várias denominações ao longo do tempo. No passado as

expressões utilizadas eram: administração de pessoal, relações industriais e

relações humanas. Mais recentemente tem-se: administração de recursos

humanos, desenvolvimento de recursos humanos, comportamento

organizacional. Sendo assim, a seguir apresenta-se aspectos históricos da

administração do recursos humanos.

3.2 - Comportamento humano e a tecnologia: cultura organizacional e

mudança

Para Stoner & Freeman (1999), a cultura organizacional refere-se

aos entendimentos importantes compartilhados pelos membros, tais como

valores, atitudes e crenças, sendo que, esta pode ser a mais importante para

moldar e manter a identidade de uma organização. A cultura é um conjunto

de crenças, valores e normas que são partilhados pelos colaboradores de

uma organização e que afetam os seus comportamentos e atitudes. O papel

da cultura é essencial para o sucesso da organização.

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É importante compreender que muitas culturas facilitam a

comunicação, a partilha de experiências e de informação e aceitação a

mudanças. Não existe uma cultura única, mas sim sub-culturas que vão

surgindo através da aprendizagem e adaptação de valores e normas

próprias de cada setor no desenrolar da atividade de cada um na

organização. O fato de existirem várias sub-culturas, não invalida a

existência de uma cultura da empresa.

Com a pressão do mercado exigindo a cada dia mais qualidade,

rapidez e redução de custos, força o profissional promover também

mudanças no seu comportamento e a buscar capacitação em novas

alternativas como informações e aprimoramento no campo tecnológico para

manter o emprego e ou seus clientes. A definição de Mudança para Judson

(apud Almaida, 2001), é qualquer alteração iniciada pela administração na

situação ou no ambiente de trabalho de um indivíduo.

É interessante observar que as mudanças possuem características

bastante acentuadas. Algumas delas são apresentadas por Judson (apud

Almeida, 2001) que destaca fatores como: a alta velocidade com que as

mudanças têm ocorrido nos últimos dois séculos, e mais criticamente no

último meio século; o fato de que as conseqüências das mudanças não são

sempre boas, podendo-se observar como exemplo os efeitos que o meio

ambiente vem sofrendo; as mudanças tecnológicas geram desemprego

estrutural e novas relações de trabalho; fases de transição entre o que se

conhecia anteriormente e a realidade emergente, de modo que a adaptação

ao novo não se dá instantaneamente; as mudanças provocam medo nas

pessoas, pela incerteza quanto às suas possíveis conseqüências; elas

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também tornam obsoletos os conhecimentos já adquiridos; as mudanças

provocam a necessidade de um contínuo preparo dos indivíduos para as

suas atividades profissionais; é difícil prever quais serão as mudanças

empreendidas no futuro, pois não seguem uma seqüência linear; e pode-se

assumir uma postura reativa ou pró-ativa diante de uma mudança.

A aceitação de uma inovação tecnológica implica diretamente em

permitir a mudança das nossas vidas sob todos os aspectos. Os fatores

emocional, cultural tanto individual como coletivo que formam os “modelos

mentais” descritos por Senge (2000), são fatores de alto impacto na

aceitação ou rejeição das mudanças e das inovações tecnológicas.

A mudança movimenta forças internas e externas dos indivíduos

que pode impulsionar ou provocar barreiras externadas como desânimo

diante do desconhecido, dependendo de como as pessoas encaram o fator.

A figura 1, representa um diagrama de forças em uma organização:

Figura 1 – Diagrama de campo de forças

Fonte: Stoner & Freeman (1999: 302)

Nível atual de desempenho Nível mais alto de desempenho

Nova tecnologia

Matérias-primas melhores

Concorrência de outros grupos

Pressões do supervisor

Normas de desempenho

Medo da mudança

Complacência dos membros

Habilidades bem aprendidas

Força da mudança Força que mantém o status quo

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3.3 - Perfil da Administração de Recursos Humanos: passado e

presente

Para Boog (2002), as origens do que hoje chamamos de

“recursos humanos” remontam à Revolução Industrial, época marcada por

dois grandes fenômenos. O primeiro refere-se á organização social e

econômica que se constituiu em torno de indústrias têxteis no final do século

XIX.

O segundo caracteriza-se pelo debate gerado em torno da critica

ao modelo econômico-industrial que se tornava predominante. O Quadro

abaixo sintetiza os principais acontecimentos desse período no mundo, do

final do século XIX à I Guerra Mundial.

Quadro 01 – Principais acontecimentos do final do século XIX à I Guerra Mundial

Condições Socio-Econômicas

Configuração Organizacional Recursos Humanos

- fortalecimento do modelo da revolução industrial.

- predomínio de empresas manufatureiras

- estruturação das cidades

- Mão-de-obra abundante, luta pela sobrevivência

primeiras lei para a regulação do trabalho

surgimento de sindicatos.

- produção semi-artesanal e centralizada na manufatura

- centralização do local de trabalho nas fábricas

-subcontratação da mão-de-obra

- inicio da profissinalização da administração

- gestão de pessoas não sistematizada

- concepção e execução do trabalho descentralizado

- remuneração por peças

- Controle e gestão de pessoas exercidos pelo capataz

Fonte: Boog (2002 : 65).

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Os fatores econômicos e sociais que marcaram esse período são,

de fato, os primeiros a esclarecer o aparecimento da área de Recursos

Humanos como uma atividade mais central e de maior importância nas

empresas.

De acordo com Famularo (apud Boog, 2002), a administração

percebe que, além de contratar e manter pessoas qualificadas nas

organizações, precisa também encorajar a criatividade, a atenção da

qualidade, a comunicação e a cooperação dessas pessoas e desencorajar

comportamentos como negligência, falta de cooperação, absenteísmo e

redução do ritmo de trabalho.

Gil (1994), destaca que foi a partir de então que surgiu o conceito

de administração de recursos humanos, sendo um ramo especializado da

ciência da administração que envolve todas ações que têm como objetivo a

integração do trabalho no contexto da organização e sua produtividade. É

pois a área que trata do recrutamento, seleção, treinamento,

desenvolvimento, manutenção, controle e avaliação de pessoal.

De acordo com Miliioni (2002), administração de recursos

humanos é o conjunto de estratégias e procedimentos focado na

mobilização de talentos, potenciais, experiências e competências do quadro

de colaboradores de uma organização, bem como a gestão e a

operacionalização das normas internas e legais incidentes.

A rigor, tudo aquilo que interfere de alguma maneira nas relações

organizacionais pode ser considerado um componente do modelo de gestão

de pessoas. O comportamento organizacional não é produto direto de um

processo de gestão, mas o resultado das relações pessoais, interpessoais e

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sociais que ocorrem na empresa. Gestão de pessoas significa orientação e

direcionamento desse agregado de interações humanas.

Fleury (2002), argumenta que, a importância que o

comportamento humano vem assumindo no âmbito dos negócios fez com

que a preocupação com sua gestão ganhasse espaço cada vez maior na

teoria organizacional. É nesse contexto que surge o conceito de modelo de

gestão de pessoas, e, quando este conceito é orientado corretamente, sua

missão prioritária consiste em identificar padrões de comportamento

coerentes com o negócio da organização. A partir de então, obtê-los, mantê-

los, modificá-los e associá-los aos demais fatores organizacionais será o

objetivo principal.

Com o advento da administração cientifica, a prática da avaliação

ganhou lugar nas organizações como forma de controlar e disciplinar a

atuação do trabalhador. Ao longo do tempo, a prática da avaliação –

notadamente avaliação de desempenho – recebeu importantes contribuições

conceituais.

Lucena (1995), afirma que a avaliação de desempenho humano

sempre teve sua expressão. As práticas não são novas. A história registra

que no século IV, antes mesmo da Fundação da Companhia de Jesus,

Santo Inácio de Loyola, já se utilizava de sistemas para medir o potencial

dos jesuítas.

Em 1942, o serviço público federal dos Estados Unidos implantou

um sistema de relatório para avaliar o desempenho dos funcionários. Em

1880, o exército americano também desenvolveu o seu sistema com as

características básicas: missão permanente, estrutura organizacional

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rigidamente hierárquica, carreira fortemente estruturada e estabilidade. Os

requisitos avaliados são voltados para valores e qualidades imprescindíveis

no militar, tais como: coragem, bravura, honestidade, lealdade, dedicação,

solidariedade, obediência, disciplina, assiduidade, pontualidade, espírito de

equipe, tempo de serviço, etc. De modo geral o serviço público americano

absorveu o modelo militar, tendo como pressuposto a prestação de serviços

à sociedade.

Wood (1995), argumenta que desde o fim da década de 70, a

conjuntura do mercado e suas implicações para a organização do trabalho

fizeram surgir outra Função de Recursos Humanos – FRH, ligada aos

setores operacionais e voltada diretamente para a gestão dos processos de

mudança e para a melhoria dos níveis de performance e produtividade. Sem

as raízes da FRH tradicional, esta nova função, nem sempre bem definida,

passou a apropriar-se, de conceitos e recursos pouco usados e até

desconhecidos de sua antecessora. Embora os rótulos sejam diferentes de

organização para organização, esta nova FRH geralmente está associada às

áreas de qualidade ou a programas corporativos de mudança

organizacional. Convive, geralmente, com algum grau de conflito, com a

FRH tradicional, agora diminuída em importância.

Nesta mesma linha Storey (1992) analisa a evolução teórica da

FRH denominando a nova abordagem como (GRH), em contraposição à

tradicional Gerência de Pessoal - GP. O autor coloca alguns usos do termo

onde destaca-se que o termo pode ser usado para sinalizar uma abordagem

orientada a negócios, ou seja, uma abordagem integrada que guia a

administração do trabalho onde a ênfase está colocada no conceito de

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recurso, isto coloca os empregados ao lado de outros fatores de produção

como capital, tecnologia, energia e materiais. Por conseguinte, sugestiona o

potencial de agregar valor pelo uso sofisticado deste recurso, ao invés de

vê-lo como uma arena de problemas. De acordo com esta visão, a Gerência

de Recursos Humanos - GRH só estaria completamente presente quando o

emprego de seleção, recompensa e assim por diante, estariam sendo feitos

de modo integrado e este completamente afinado com uma estratégia

empresarial mais ampla.

Convém salientar que segundo Chiavenato (1999) nos tempos

atuais as empresas necessitam das pessoas como parceiros da

organização, o autor coloca que os empregados contribuem com seus

conhecimentos, capacidades e habilidades, proporcionando decisões e

ações que dinamizam a organização, conforme expressa a figura 2.

Figura 2: As pessoas como recursos ou parceiros da organização.

Fonte: Chiavenato (1999:07).

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Um ponto interessante é o grau de centralização e

descentralização da área de recursos humanos. Observa-se que na gestão

de RH há alguns anos atrás havia uma tendência para a centralização e

concentração na prestação de serviços para as demais áreas. Nesta linha,

Chiavenato (1999) coloca que atividades como recrutamento e seleção,

admissão, integração, treinamento e desenvolvimento, administração de

salários e remuneração, administração de benefícios, higiene e segurança

do trabalho e avaliação de desempenho eram concentradas na área de RH

com pouca participação das demais áreas.

Atualmente a área vem assumindo outra postura, ou seja,

passando desta prestação de serviços centralizada para uma área de

consultoria interna. Nesta estrutura os gerentes de linha passam a

compartilhar funções e decisões ligadas à gestão de pessoas. A figura 3

resume esta nova postura da gestão de RH.

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Figura 3: Os novos papéis da função de RH.

Fonte: Chiavenato(1999:37).

Complementa o autor, que porém, ainda sofrendo da velha miopia

de visualizar as pessoas como recursos produtivos ou meros agentes

passivos cujas atividades devem ser planejadas e controladas a partir das

necessidades da organização. Embora a ARH envolva todos os processos

de gestão de pessoas devem ser planejadas e administradas pela

organização ou por um órgão central ARH.

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4 - GESTÃO DE PESSOAS NO CENÁRIO ATUAL

4.1 - Conceitos e características

A Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência de

organizações bem sucedidas e pelo aporte do capital intelectual que

simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da

Informação. Uma nova visão das pessoas não mais como recurso

organizacional, um objeto servil ou mero sujeito passivo do processo, mas

fundamental como um sujeito ativo e provocador de decisões, empreendedor

das ações e criador de inovação dentro das organizações.

Vergara (1999), pontua que, gestão de pessoas é um tema de

maior importância. Primeiro porque, é no interior das empresas que

passamos a maior parte de nossas vidas. Segundo, porque as empresas

podem ser tudo, mas nada serão se não houver pessoas a definir-lhes a

visão e o propósito, a escolher estruturas estratégicas, estabelecer metas de

produção, a definir preços e tantas outras decisões e ações.

Chiavenato (1991), também demonstra seu ponto de vista neste

sentido:

“ A produção de bens e serviços não pode ser desenvolvida por pessoas que trabalham sozinhas. Quanto mais industrializada for a sociedade, tanto mais numerosas e complexas se tornam as organizações. Estas passam a criar um tremendo e duradouro impacto sobre as vidas e sobre a qualidade de vida dos indivíduos. As pessoas nascem, crescem, são educadas, trabalham e se divertem dentro de organizações. Sejam quais forem seus objetivos – lucrativos, educacionais, religiosos, políticos, sociais, filantrópicos, econômicos, etc. A medida que as

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organizações crescem e se multiplicam maior se torna a complexidade dos recursos necessários à sua sobrevivência e ao seu crescimento”. (Chiavenato,1991:12)

Stoner e Freeman (1999), entendem a atual Gestão de Pessoas,

como sendo a função de administração que lida com recrutamento,

colocação, treinamento e desenvolvimento dos membros as empresa ou

ainda, como uma especialidade voltada para o estudo da utilização do

homem no trabalho, que funciona como instrumento coordenador de

interesses, cuidando tanto dos objetivos da empresa como dos empregados

e, atendendo o trabalhador em sua totalidade, não apenas sob o ângulo

econômico.

Chiavenato (1999), argumenta que a gestão de Pessoas se

baseia em três aspecto fundamentais:

1. “ As pessoas como seres humanos: dotados de personalidade

própria, profundamente diferentes entre si, com uma história

particular e diferenciada, possuidores de conhecimentos,

habilidades, destrezas e capacidades indispensáveis à

adequada gestão dos recursos organizacionais. Pessoas

como pessoas e não como meros recursos da organização.

2. As pessoas como atividades inteligentes de recursos

organizacionais: como elementos impulsionadores da

organização e capazes de dotá-la de inteligência, talento e

aprendizados indispensáveis à sua constante renovação e

competitividade em um mundo de mudanças e desafios.

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3. As pessoas como parceiros da organização: capazes de

conduzi-la à excelência e ao sucesso. Como parceiros, as

pessoas fazem investimentos na organização – como esforço,

dedicação, responsabilidade e comprometimento, na

expectativa de colher retornos desses investimentos. Haja

vista que, qualquer investimento somente se justifica quando

traz um retorno razoável ”. (Chiavenato 1999:7)

Entretanto, torna-se relevante destacar a necessidade da Gestão

de Pessoas em acompanhar as demais mudanças que vem ocorrendo na

organização, de forma a dar suporte e consistência aos processos de

transformação existentes na empresa, e dar condições para a concretização

de uma Gestão de Pessoas descentralizada, integrada e compartilhada.

Para Vergara (1999), a Gestão de Pessoas, tem por

responsabilidade fazer com que a organização desenvolva e explicite sua

visão de futuro, sua missão e seu objetivo maior, onde ela quer chegar, que

valores devem apoiar-se e de quais pontos fortes ela dispõe para chegar lá.

Para a autora a estratégia de Gestão de Pessoas é a alma, o

coração e o cérebro da estratégia global da organização. A estratégia da

Gestão de Pessoas não somente deve fazer parte da estratégia global da

organização, mas deve constituir-se no fio condutor dessa estratégia global.

A Gestão de Pessoas atua em seu ponto de equilíbrio, de um lado,

estimulando os empregados a alcançarem as metas de trabalho e, de outro,

voltada para dar-lhes condições satisfatórias de desempenho, procurando

atendê-los em suas necessidades materiais e psicológicas.

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Dado o exposto, a seguir aborda-se quatro pilares relevantes da

Gestão de Pessoas, são eles: Liderança, trabalho em equipe, poder nas

organizações e processos motivacionais.

4.2 - Liderança

É de se supor que as inúmeras revoluções e evoluções que

transformam diariamente a face das empresas em todo mundo, evidenciem

o seu aspecto mais importante – a Liderança. Não haverá, pois, revolução

nem evolução organizacional sem que se atribua à Liderança um novo

significado, sem que sejam desenvolvidos na moderna empresa líderes

segundo novos paradigmas da Gestão de Pessoas sob os quais se

transformam as ciências, a sociedade, as atitudes e os comportamentos

humanos.

O novo conceito de liderança já é uma constante na maioria das

grandes organizações. O chefe que manda fazer, mas não participa do

processo está condenado ao fracasso. A máxima “quem pode manda, quem

tem juízo obedece” não faz mais parte do conceito de liderança moderna,

pois o líder tem que estar junto com a equipe na realização das tarefas.

O líder eficaz será aquele capaz de criar condições para o

florescimento da liderança em outro. Drucker (1996), argumenta que, o

relacionamento entre o líder e a organização se tornará cada vez mais

complexo, destaca que diferentes modelos de organizações conduzem à

abordagens distintas para dar autonomia às pessoas e fazer surgir líderes. O

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autor considera dois métodos de aumentar as oportunidades para a

liderança:

- Delegação em uma hierarquia tradicional: é sabido que em

hierarquia básica, os líderes subordinados aceitam o escopo de seu

comando e usam a liderança para realizar as tarefas a eles designados. Se

a delegação é a norma, cada líder pode desenvolver líderes subordinados.

Haja vista que, as pessoas nas posições mais altas têm muito a fazer e os

demais estão esperando pelas ordens. A delegação é um bom passo inicial

para que a liderança seja despertada, mas não atende de forma plena às

necessidades das organizações da era da informação.

- Criação de uma comunidade com propósito comum; a

comunidade é um fenômeno que ocorre mais facilmente, quando pessoas

livres com certo senso de igualdade se juntam voluntariamente para um

empreendimento comum.

Para Drucker (1996), as pessoas que se sentem parte da

comunidade empresarial, seguras e protegidas, empolgadas com a missão e

os valores, e acreditam que os demais estejam vivendo de acordo com eles,

geralmente produzem bons serviços para o todo. E se são membros

dedicados da comunidade, será mais seguro confiar que criem os próprios

papeis de liderança através das fronteiras empresariais. Como membros da

comunidade, eles se preocuparão menos com a defessa de seus espaços,

acreditando que ao cuidarem da organização estarão cuidando de si

mesmos.

Entretanto é sabido que fórmulas de sucesso não duram muito

tempo. As organizações que constituem a base do projeto organizacional

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são rapidamente copiadas ou até melhoradas por correntes ágeis. Quando

as vantagens do produto não forem sustentáveis no futuro, vencem aqueles

que criarem um conjunto de vantagens temporárias e breves. Neste cenário,

os líderes serão orientados para o futuro e criarão continuamente recursos

que levarão valor ao cliente.

De acordo com Goldsmith (1997), o líder do futuro perguntará,

aprenderá, acompanhará e crescerá de forma consciente e efetiva. Aquele

que não se mantiver aprendendo e crescendo logo se tornará obsoleto no

mundo de constantes mudanças. O verdadeiro líder tem clareza das metas,

bem como da visão da organização. Aprendem com o fracasso e estão

sempre prontos a tentar de novo quando erram. São eternos aprendizes,

tratam todos a sua volta com gentileza, respeito e honestidade. Tem senso

de humor e capacidade de olhar para trás e rir de si mesmo. São bons

professores.

Para Hesselbein (1997), os líderes do futuro terão que aprender a

trabalhar com outras empresas, entidades governamentais e organizações

do setor social, portanto três requisitos são essenciais para gerenciar no

futuro:

- Gerenciar em prol da missão.

- Gerenciar em prol da inovação.

- Gerenciar em prol da diversidade.

No futuro as organizações não mais estabelecerão limites para

separar pessoas, tarefas, processos e lugares; em vez disso, o foco dessas

organizações se concentrará em como atravessar as fronteiras: transferir

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rapidamente idéias, informações, decisões, recursos, recompensas e

providências para onde são necessários. O grande desafio do século XXI,

para os líderes organizacionais em qualquer nível e, não apenas os

diretores, presidentes será gerar capacidade sem fronteiras por meio de

processos de mudança também sem fronteiras.

4.3 - Poder nas Organizações

Autores da área de administração definiram os termos autoridade,

poder e influência de várias maneiras conflitantes. Stoner & Freeman (1999)

afirmam que, a autoridade formal é um tipo de poder. Poder este baseado

em compreensão geral de que indivíduos, ou grupos específicos, têm direito

de exercer influência, dentro de certos limites, em virtude de sua posição na

organização.

Na empresa tradicional, a hierarquia de títulos ocupacionais dá

origem a diferenças de poder e autoridade, ou seja, uma acentuada

distância entre gerência e colaborador, configurado como explorador e

vítima.

Esse modelo de estrutura organizacional, embora já obsoleto,

todavia, somos obrigados a reconhecer que tem uma vantagem singular: os

papéis dos gerentes e colaboradores dentro da estrutura é simples, claros a

relativamente estáveis. As fronteiras da empresa funcionam como marcas

sobre um mapa. Hamel & Prahalad (apud Vergara, 1999), pontuam que, as

bases para o sucesso foram abaladas quando, na maioria dos casos, a

topografia do setor mudou mais rápido do que a capacidade da alta gerência

de reformular suas crenças e premissas básicas sobre que mercados

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deveria servir, que tecnologias deveria dominar, que clientes deveria

atender e como obter o melhor desempenho dos funcionários.

Estabelecendo claramente quem deve se reportar à quem e quem

é responsável pelo quê, as fronteiras orientam e coordenam

comportamentos individuais e os modelam aos objetivos da empresa como

um todo.

Na visão de Morgan (1996), a organização compreende redes de

atores organizacionais com interesses diferentes e, muita vezes,

contraditórios, que lutam e se insurgem, de forma aparente, a fim de

privilegiar alguns grupos de interesses, já que nas organizações existem

grupos que controlam áreas significativas de poder.

Stoner & Freeman (1999) definem poder como a capacidade de

exercer influência. Ter poder é ter capacidade de mudar comportamentos ou

as atitudes de outros indivíduos.

Entretanto, o poder não decorre simplesmente do nível que um

indivíduo ocupa na hierarquia organizacional. French & Raven (apud Stoner

& Freeman, 1999), identificaram cinco fontes ou bases de poder. Cada uma

pode ocorrer em todos os níveis.

- Poder de recompensa: é o poder decorrente do fato de uma

pessoa, conhecida como influenciador, ter a capacidade de

recompensar outra pessoa, conhecida como o influenciado,

pelo cumprimento de ordens, que podem ser explicitas ou

implícitas.

- Poder coercitivo: baseado na capacidade do influenciador

punir o influenciado pelo não cumprimento das exigências, é o

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lado negativo do poder de recompensa. O poder coercitivo

geralmente é usado para manter padrão mínimo de

desempenho ou de conformidade entre os subordinados.

- Poder Legitimo: é o poder que existe quando um subordinado

ou um influenciado reconhece que o influenciador tem o

“direito” ou está legalmente autorizado a exercer influência

dentro de certos limites.

- Poder de competência: é baseado na crença ou na

compreensão de que o influenciador tem conhecimento

especifico ou competência relevante que o influenciado não

tem. O poder de competência geralmente é aplicado em áreas

especificas e limitadas.

- Poder de referência: é poder baseado no desejo do

influenciado ser parecido ou de se identificar com o

influenciador. A força do poder de referência está diretamente

relacionada a fatores como o nível de prestigio e de admiração

que o influenciado atribui ao influenciador.

Todavia, novas tecnologias, mercados em rápida transformação e

competição global estão revolucionando as relações de negócios. À medida

que as empresas eliminam suas fronteiras tradicionais para responder a

esse ambiente mais fluído de negócios, os papéis que as pessoas

desempenham no trabalho e as tarefas que executam tornam-se

correspondentemente indefinidos e ambíguos.

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4.4 - Trabalho em Equipe

Desde os primeiros estudos sobre o movimento das relações

humanas no pensamento administrativo, os pesquisadores cada vez mais

voltaram sua atenção para a estrutura, a dinâmica e o impacto do

comportamento grupal. Esse volume crescente de pesquisas indicou

prontamente as diversas maneiras de como as equipes podem afetar tanto

positiva quanto negativamente a satisfação e o desempenho de seus

integrantes, a produtividade, a qualidade dos produtos e serviços e mais

uma variedade de metas organizacionais. Bowditch e Buono, (1992),

Complementam os autores que um grupo ou equipe consiste de duas ou

mais pessoas que são psicologicamente conscientes umas das outras e que

interagem para atingir uma meta comum.

De fato, o sucesso de uma organização é substancialmente

influenciado pelo desempenho de diversos grupos que interagem entre si e

entre toda a hierarquia da empresa.

Quando um trabalho é partilhado, os resultados aparecem mais

facilmente, os erros podem ser minimizados, reduzidos ou até mesmo

eliminados. Os grupos ficam confiantes e passam a ser confiáveis. De uma

forma ou de outra, todos ganham. Por estarem atentas a essa realidade, as

empresas inteligentes vem incentivando o desenvolvimento do sentido de

equipe em seu grupo de trabalhadores, através de situações que possam

favorecer a coesão, a solidariedade, o compromisso mútuo e a co-

responsabilidade.

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O sentido de equipe nasce da integração indivíduo-organização,

evidenciada pela adesão espontânea do trabalhador aos compromissos e

metas da empresa, sem imposição de valores ou de procedimentos. Assim,

só existe equipe quando todos conhecem os objetivos, estão cientes da

necessidade de alcançá-los e desenvolvem uma visão crítica a respeito do

desempenho de cada um e do grupo como um todo.

Conhecimento a respeito do trabalho, atenção, disponibilidade

para colaborar com os colegas de trabalho e humildade para procurar ajuda,

quando necessário, são algumas das condições que propiciam o trabalho

em equipe. Integrar um grupo pressupõe participação ativa. Ninguém deve

ficar esperando que o outro faça aquilo que pode ser realizado em conjunto.

Responsabilidade, participação e cooperação devem estar sempre

presentes nas relações de um grupo.

Argyris & Schon (1978), argumentam que a dinâmica interpessoal

na organização é sempre manipulativa, uma vez que as pessoas buscam o

uso das teorias comportamentais para enfatizar autoproteção e controle

sobre os demais membros da equipe. Isso leva ao desenvolvimento de um

modelo alternativo de eficácia, baseado em valores semelhantes entre si e

aprendizado contínuo do comportamento de outros. Mesmo com a grande

importância dos grupos nas vidas das pessoas, bem como nas

organizações, muitas vezes considera-se esse fato natural.

Tannembaum (1976), salienta dois fatores importantes na

formação de equipes. O primeiro é a conformidade; os grupos desenvolvem

normas e padrões de comportamento com os quais os membros se

conformam. O segundo é o apoio; os grupos propiciam conforto e ajuda a

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seus membros, particularmente em ambientes que provocam frustrações ou

apresentam ameaças. Assim, para que se tenha a habilidade de

compreender plenamente o comportamento dos grupos nas organizações é

necessário que se desenvolva consciência e discernimento para analisar a

influência dos grupos nos seus membros em nível individual , nas relações

interpessoais e nas atividades organizacionais. Equipe com alta coesão são

extremamente unidos e confiantes no espírito de associação do grupo. A

coesão de uma equipe leva a reflexões de intimidade manifestadas por

meio de opiniões, atitudes, gostos, desempenho e comportamentos

semelhantes. Equipes coesas apresentam a moral mais alto e os membros

permanecerão juntos em situações difíceis, como também serão ásperos

com dissidentes.

O quadro a seguir traz alguns fatores que contribuem para o

aumento ou redução da coesão em equipes, são eles:

Quadro 1 - Alguns fatores que contribuem para o aumento ou redução

da coesão em equipes

Fatores que aumentam a coesão em equipes

Fatores que diminuem a coesão em equipes

1. Grupos fornecem status e reconhecimento a seus membros

1. Discordância sobre a forma de solucionar problemas

2. Ataques externos 2. Experiência desagradável de algum membro do grupo

3. Avaliação favorável sobre o grupo por elementos de fora

3. Falha do grupo em trabalhar em torno de um objetivo

4. Atração pessoal entre membros 4. Comportamento dominador por parte de um dos membros do grupo

5. Competição intergrupal 5. Competição dentro dos grupos

6. Oportunidade de interação 6. Bloqueio de comunicação

Fonte: Kwasnicka, (1995: 71).

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É sabido que é difícil trabalhar em equipe, quando não se sabe

lidar com o outro. Quando não consegue perceber no outro um colega,

quando encaramos os companheiros de trabalho como adversário, e até

como inimigos, não sabemos trabalhar em grupo, muito menos em equipe.

Equipe é assim: o que um sofre, todos sofrem; quando um ganha, todos

ganham.

4.5 - Processo Motivacional

A motivação no trabalho, constitui-se num dos temas mais

abordados na atualidade, por administradores, acadêmicos e estudiosos do

assunto, haja vista que, nenhuma organização pode funcionar sem um certo

nível de comprometimento e de esforço por parte de seus membros. Vergara

(1999) afirma que, a motivação não é um produto acabado; antes um

processo que se configura a cada momento, no fluxo permanente da vida.

Tem caracter de continuidade, o que significa dizer que sempre teremos à

nossa frente algo a motivar-nos.

De acordo com acordo com Bergamini (1990):

“ Motivação é uma força que se encontra no interior de cada pessoa e que pode estar ligada a um desejo. Uma pessoa não pode jamais motivar a outra, o que pode ela fazer é estimular a outra. A probabilidade de que uma pessoa siga uma orientação de ação desejável está diretamente ligada a força de um desejo”. (Bergamini, 1990: 45)

Motivar é dar motivos, porque age-se ou pensa-se de formas

diversas. Motivo é tudo o que causa interesse, a curiosidade, a vontade e a

razão para agir. Uma pessoa motivadora é uma pessoa entusiasmada.

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Enfim, tudo o que pode fazer mover, que determina algo. Em uma empresa,

os trabalhadores, podem se sentir altamente motivados ou vice-versa, dentro

de seu setor, por uma simples medida ou atitude de seu chefe. Como diz

Toledo (1981):

“ Um motivo é fator interno que dá início, dirige e integra o comprimento de uma pessoa. Ou seja, um impulso provocado por fator externo (...). O motivo determina quando o seu objetivo é alcançado”. (Toledo 1981:38).

Os motivos estão relacionados com o sistema cognitivo das

pessoas, envolvem valores pessoais, aspectos físicos, sociais, fisiológico,

por suas necessidades e pelas suas experiências anteriores.

Então , as pessoas de uma mesma empresa, mesmo sob efeitos

dos mesmos fatores externos, podem agir de formas diferentes, e construir

ações diversificados de acordo com a necessidade, a estrutura e o interesse

de cada componente do setor produtivo.

A idéia de motivação parte do princípio de que todo

comportamento humano tem uma causa, um motivo que o próprio indivíduo

possui ou pensa que possui. O homem está motivado a fazer algo quando

supõe que desse modo poderá satisfazer alguma ou muitas necessidades.

Assim, se está com fome é impelido a buscar algo que sacie essa fome. Em

outras palavras, está motivado a buscar alimento.

A motivação, portanto, liga-se, diretamente, às necessidades

humanas, sejam elas de ordem biológica, psicológica (mente e espírito),

sociológica ou cultural, desde os primórdios da civilização.

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O modelo Tradicional é associado a Taylor e à administração

científica. Os administradores determinavam o modo mais eficiente de

realizar tarefas repetitivas e em seguida motivavam os empregados com um

sistema de incentivos salariais – quanto mais produzissem mais ganhavam.

No modelo das Relações Humanas, Mayo e outros pesquisadores

das relações humanas descobriram que o tédio e a repetitividade de muitas

tarefas na realidade reduziam a motivação, ao passo que os contatos sociais

ajudavam a criar e a manter a motivação.

Conclusão: os administradores poderiam motivar os empregados

reconhecendo sua necessidades sociais e fazendo com que se sentissem

úteis (Stoner e Freeman, 1999).

MacGregor (2000) e outros teóricos criticavam o modelo das

relações humanas como sendo apenas um método mais sofisticado de

manipulação dos empregados. Também enfatizavam que como o modelo

tradicional o modelo das relações humanas simplificava exageradamente a

motivação, concentrando-se apenas num fator, como o dinheiro ou as

relações humanas.

4.5.1 Motivação nas Organizações

De acordo com Monteverde (1999), a motivação constitui uma

das preocupações dos empresários e dos gestores desde que Elton Mayo se

deu conta da existência da Organização Informal dentro das empresas.

Tal significava que a produtividade não decorria apenas da

qualidade técnica e da eficiência dos processos, mas também da atitude das

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pessoas em relação às tarefas que lhes eram solicitadas. Tratava-se, então,

de motivar as pessoas.

A maioria dos administradores tende a enxergar suas empresas

com as lentes clássicas do organograma, isto é, por ângulo formal, dizem os

criadores da arquitetura organizacional. Para as organizações de um futuro

próximo, deve-se levar em consideração todas as características de um

sistema, pois as organizações não podem ser dissociadas da compreensão

sistêmica. Nadler (apud Araujo, 2001) enfatiza os elementos chaves em uma

organização do futuro:

a) Trabalho: é a atividade básica a que a organização dedica-se e

para qual traça estratégias;

b) Pessoas: são os indivíduos que realizam as tarefas. Aqui,

caberia identificar suas características, assim como aspectos

concernentes aos conhecimento, habilitações, percepções,

motivação e expectativas que apresentam;

c) Organização formal: é composta de procedimentos e regras

formais que determinam a estrutura organizacional;

d) Organização informal: a conhecida Escola das Relações

Humanas deu nova vestimenta àqueles que pretendiam dar

às organizações uma melhor dinâmica de ação.

Destes elementos-chave, a ênfase maior será dada ao indivíduo,

que passa a ser o foco central das organizações do futuro. As organizações

orientadas neste sentido, recebem a designação Organizações dos Sete Cs

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– confiança, comprometimento, criação conjunta, conexão, comunicação,

celebração e correção do curso e clima bom.

A motivação no ambiente de trabalho é extremamente importante.

Estudos comprovam que as empresas com equipes motivadas do grupo das

100 Melhores Empresas para se trabalhar, apresentam índices de

crescimento superiores aos das empresas que estão fora deste grupo.

Também já se constatou que nos períodos de crises, estas

organizações sofrem menos com a retratação do mercado", menciona Notini

(apud Bispo, 2000).

Para ajudar os administradores a aplicar as várias teorias da

motivação, Porter e Miles (apud Stoner e Freeman, 1999), sugeriram o uso

de uma perspectiva sistêmica que analise as características individuais,

características de trabalho e características de situação do trabalho.

a) Características do indivíduo: cada indivíduo traz suas

habilidades, interesses, atitudes e necessidades para a

situação do trabalho.

b) Características do Trabalho: a segunda variável que influencia

a motivação nas organizações, é aquela sobre a qual os

administradores podem ter o máximo impacto. Desenvolveu-se

um interesse significativo nessa área porque foi mostrado que

os trabalhos do tipo linha de montagem reduziam a motivação

e produziam a insatisfação dos empregados. A relação entre as

características do trabalho e a motivação foi mais bem

compreendida depois que Herzberg lançou sua teoria dos dois

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fatores. Esta gerou muito interesse pelo papel da motivação

sobre as operações cotidianas das organizações.

c) Características da situação do trabalho: consiste em duas

categorias conforme Stoner e Freeman (1999):

- as ações, as políticas e a cultura da organização como um todo:

as políticas gerais de pessoal da organização, seus métodos

de recompensar individualmente os empregados e a cultura

da organização, se traduzem em ações organizacionais que

influenciam e motivam os trabalhadores.

- o ambiente de trabalho: como a maioria das pessoas deseja a

amizade e a aprovação de seus pares, elas irão se

comportar de acordo com as normas e valores de seu grupo

de colegas. Se o grupo tem uma abordagem do tipo “nós

contra eles” com relação a administração, e vê quem produz

muito com “puxa-saco” seu membros não serão motivados a

desempenhar o máximo que podem e podem até mesmo ser

motivados a desempenhar mal.

Diante deste contexto, percebe-se que, as variáveis fundamentais

da situação de trabalho, que são a ação, a política e a cultura

organizacional, começaram a representar um papel mais importante na

prática organizacional contemporânea – especialmente depois de terem sido

submetidas a um clima de mudança influenciado por vários fatores internos

e externos.

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5 - CONCLUSÃO

Foram apresentados vários conceitos e vários capítulos que

compõem a Gestão de Pessoas no decorrer do estudo. Pretendeu-se

resumir os conhecimentos fundamentais para se poder compreender a

complexidade da tarefa de gerir pessoas. Esta, é difícil e está dependente de

vários fatores tais como: o tipo de organização, a cultura local, os objetivos

da organização, entre outros. O êxito na gestão de pessoas engloba todo um

trabalho que começa logo no nascimento da organização construindo,

gradualmente, uma cultura que permita atingir os objetivos.

As empresas vêm observando cotidianamente a necessidade de

aprimorar-se, de utilizar-se das novas tecnologias de mercado e promover

um redimensionamento de suas ações a fim de alcançar autonomia e

sucesso

As Organizações estão sendo forçadas a constantes mudanças e

muitas tecnologias inovadoras estão sendo disseminadas no mercado,

impactando fortemente nas culturas organizacionais. Neste cenário, o

conhecimento, a informação e a comunicação são elementos de

fundamental importância nas mudanças e inovações tão almejadas para

sobrevivência das organizações na manutenção da competitividade no

mercado globalizado.

As tecnologias de informação interferem com velocidade

surpreendente e atropelam todos os conceitos de relacionamento de âmbito

interno e externo das empresas, bem como as relações entre o

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conhecimento e as pessoas em diversos segmentos da sociedade.

Influenciam, inclusive, formando um novo perfil da administração dos

recursos humanos nas organizações.

Hoje com a globalização da economia e o mundo fortemente

competitivo, a tendência que se nota nas organizações bem sucedidas é de

não mais administrar recursos humanos, nem mais administrar pessoas,

mas, sobretudo, dotados de inteligência e criatividade, de habilidades

mentais e capacidades manuais, físicas ou artesanais, hoje, as pessoas não

são recursos para a organização, que consome, utiliza e que produzem

custos, ao contrário, as pessoas constituem um fator de competitividade, da

mesma forma que o mercado e a tecnologia.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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