universidade candido mendes instituto a vez do … · em cada uma das quatro fases de evolução...

45
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Por: Fábio Costa Guimarães Orientador Prof. Jorge Vieira Rio de Janeiro 2011

Upload: dinhkien

Post on 07-Feb-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Por: Fábio Costa Guimarães

Orientador

Prof. Jorge Vieira

Rio de Janeiro

2011

1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Monografia apresentada à Universidade Candido

Mendes – Instituto a Vez do Mestre - como requisito

parcial para a conclusão do Curso de Pós-

Graduação “Lato Sensu” em Negociação e Vendas.

Por: Fábio Costa Guimarães

2

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, aos

amigos, parentes, clientes e

fornecedores, que contribuíram de

alguma forma para a conclusão desta

pesquisa.

3

DEDICATÓRIA

Dedico a minha família por todo o apoio

que me deu durante o curso e aos meus

pais por acreditarem no meu trabalho

4

RESUMO

Este estudo tem por objetivo abordar a importância do planejamento estratégico para as organizações. Para tanto, buscou-se traçar a evolução e o perfil histórico do planejamento organizacional, as estratégias nas organizações, sua natureza, tipos, o modelo de Porter, grupos estratégicos, a inteligência estratégica e desempenho organizacionais. Por fim, como recorte do estudo, focou-se o planejamento estratégico no setor atacadista, onde foram apresentadas suas características, a aplicação das forças competitivas e as estratégias aplicadas ao setor. O estudo conclui que as estratégias da organização representam a força relativa de cada unidade estratégica de negócio. Os objetivos e as estratégias da empresa contidas no plano estratégico convertem-se em objetivos e estratégias operacionais. Nesse sentido, a organização pode conseguir a continuidade de ação. Também é importante ressaltar que a empresa deve determinar com exatidão e cuidado a missão que vai reger a empresa, pois esta é fundamental, já que representa as funções operacionais que vai executar no mercado e vai fornecer aos consumidores.

Palavras-chave: Planejamento organizacional. Estratégias. Setor

atacadista.

5

METODOLOGIA

Este estudo será desenvolvido por meio da pesquisa bibliográfica.

Quanto ao nível de desenvolvimento, a pesquisa será exploratória, porque visa

à formulação do problema, com a finalidade de desenvolver questões. Muitas

das datas bases utilizadas serão resgates de experiências práticas e suas

respectivas análises, interpretações, criticando-as, ou mesmo, comentando-as,

visando o fim deste trabalho, demonstrando que não é de hoje, e muito menos

de simples solução, o problema do planejamento estratégico nas

organizações.

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................7

CAPÍTULO I .......................................................................................................9

1. PLANEJAMENTO ORGANIZACIONAL E ESTRATÉGICO..........................9

CAPÍTULO II....................................................................................................19

2. AS ESTRATÉGIAS NAS ORGANIZAÇÕES...............................................19

CAPÍTULO III...................................................................................................29

3. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NO SETOR ATACADISTA.............29

CONCLUSÃO...................................................................................................38

BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................40

7

INTRODUÇÃO

O presente estudo tem por objetivo avaliar a importância do

planejamento estratégico nas organizações. O trabalho se justifica

considerando que o planejamento organizacional, em especial o

planejamento estratégico, é fator determinante para a competitividade nas

organizações.

O planejamento estratégico está entrelaçado de modo inseparável

com o processo completo da direção, portanto, todo empresário deve

compreender sua natureza e modos de realização. Qualquer organização

que não conta com algum tipo de formalidade em seu sistema de

planejamento estratégico, está exposta ao fracasso.

É consenso entre os autores pesquisados que alguns diretores têm

conceitos muito distorcidos acerca do planejamento e recusam a ideia de o

aplicar; outros o consideram sem nenhum benefício, e alguns mais ignoram

as potencialidades do processo, tanto para eles, quanto como para suas

empresas. Existem aqueles que demonstram conhecimento, embora não o

suficiente para se convencer que deveria utilizar este tipo de planejamento.

O conceito entendido por grande parte dos teóricos sobre o assunto

que será analisado neste estudo define o planejamento estratégico como

sendo o processo mediante o qual uma organização define sua visão em

longo prazo e as estratégias para o atingir, a partir da análise de suas forças,

fraquezas, oportunidades e ameaças. Isto com o fim de avaliar a situação

presente da empresa e seu nível competitivo.

Além disso, supõe a participação ativa dos atores organizacionais,

obtenção permanente de informação sobre seus fatores críticos de sucesso,

sua constante revisão e ajustes periódicos para que se converta em um

estilo de gerenciamento que faça da organização um ente proativo e

preventivo

Os autores preconizam que, antes de introduzir um sistema de

planejamento em uma organização, tanto a alta direção como os demais

diretores deveriam entender claramente o que é e o que não é o

8

planejamento. Além disso, deveriam conhecer os benefícios decorrentes

desse planejamento, devendo decidir, de forma precisa sua aplicação eficaz.

Só assim a organização está preparada para desenhar o processo. Um

sistema de planejamento bem elaborado pode tentar atingir vários destes

propósitos.

9

CAPÍTULO I

PLANEJAMENTO ORGANIZACIONAL E ESTRATÉGICO

1.1 Evolução e contexto histórico

A evolução do planejamento organizacional acompanha a evolução

da teoria administrativa e da teoria das organizações.

Bracker et al (1988, p. 39) explica que:

O ponto de partida se dá quando as forças que atuam no mercado começam a se tornar cada vez mais imprevisíveis e inesperadas, forçando as organizações a buscarem novas formas de planejamento e gestão que lhes permitam se posicionar melhor num mercado cada vez mais competitivo. Desde então, ele evolui de um processo não estruturado e intuitivo para um processo estruturado, formalizado e estratégico (BRACKER, KEATS e PEARSON, 1988).

Entretanto, o conceito data de muito antes. Segundo Mintzberg

(1994), há uma referência a um “diretor de planejamento estratégico” na

obra “a arte da guerra”, de SUN TZU, originalmente escrito há cerca de

2.400 anos.

Conforme Mintzberg (1994, p. 47), no final da década de 1940, Henry

Fayol escreveu sobre suas experiências como executivo de uma mineradora

francesa, onde registrou a existência de “revisões para dez anos... revisadas

a cada cinco anos”. Em sua abordagem processual, o autor considerava que

o processo administrativo incluía previsão, organização, comando,

coordenação e controle. O planejamento, portanto, estava relacionado à

previsão, já sendo considerado um dos elementos do processo

administrativo.

Conforme esse autor, Taylor foi o precursor da organização metódica

do trabalho. O planejamento na Administração Científica surgiu como uma

substituição da improvisação, sendo utilizado para tarefas operacionais e

10

como forma de escolher as ferramentas e os métodos mais adequados de

produção, visando ao aumento de produtividade.

Nessa época, contudo, o planejamento possuía uma série de limites e

estava voltado exclusivamente para as tarefas, não sendo utilizado como

ferramenta de gestão estratégica.

Montgomery e Porter afirmam que:

A estratégia se tornou uma disciplina gerencial plena na década de 1980, com o desenvolvimento dos estudos na área de estratégia. Muitas das ferramentas e técnicas primitivas de planejamento estratégico foram então substituídas por abordagens mais sofisticadas, apropriadas e fáceis de se colocar em prática. Para os autores, o planejamento estratégico evoluiu de uma arte praticada por poucos especialistas para se tornar parte integrante do trabalho de todos os gerentes de linha. Este aumento da importância da atividade teve um impacto imediato nas organizações.(MONTGOMERY E PORTER, 1998, p. 45)

Marcelino (2004, p.33), considera os sistemas de valor e os principais

problemas segundo o tipo de planejamento e perspectivas que prevaleceram

em cada uma das quatro fases de evolução dos conceitos de planejamento,

assim caracterizadas:

Fase 1 - Planejamento financeiro – anos 1950 - a ênfase estava na

elaboração do orçamento anual e o valor referenciado era o cumprimento

desse orçamento. Abordagem que promovia uma visão deficiente sobre a

verdadeira natureza do planejamento, pois desconsiderava a complexidade

mais abrangente das demais variáveis.

Fase 2 – Planejamento de longo prazo – anos 1960 - Ocorreu uma maior

ênfase à projeção de tendências e à definição dos objetivos, tendo como

valor referencial a necessidade de projetar o futuro. Entretanto, o problema

maior consistia na rigidez dos planos assim formulados que não

consideravam as mudanças inevitáveis, impostas pelas variáveis ambientais,

que tampouco estavam sob estrito controle das organizações.

11

Fase 3 – Planejamento estratégico – anos 1970 – ênfase na análise do

meio-ambiente, contemplando cenários e as possíveis mudanças no

ambiente de negócio para desenvolver as diretrizes estratégicas. O principal

valor referencial está na preocupação de antecipar e determinar as ações

futuras da organização num ambiente de incertezas e mudanças. Entretanto,

a adoção de fórmulas simplistas tende muitas vezes a comprometer os

resultados desse tipo de planejamento.

Fase 4 – Administração estratégica – anos 1980 - a abordagem mais atual é

dada à administração estratégica que representa a evolução do pensamento

estratégico e enfatiza a adaptação, visando reduzir dependências e

incertezas ambientais com base na orientação estratégica do próprio

sistema de valores das organizações. Nesse sentido, a preocupação

principal é a de administrar o futuro da organização, considerando a

dinâmica das turbulências ambientais. A dificuldade da administração

estratégica está na complexidade da coordenação de muitas variáveis

ambientais.

Ainda segundo Marcelino (2004, p.33), “o planejamento estratégico é

um processo gerencial que possibilita ao dirigente público ou privado

estabelecer o rumo a ser seguido pela organização, com o objetivo de obter

um nível de adequação entre esta e o seu ambiente” .

1.2 Planejamento estratégico

A estratégia apresenta um sentido político para o planejamento

organizacional. Encontra-se em Motta (2002, p.78) o conceito de estratégia

fazendo uma conexão com a administração e o planejamento cujos pontos

principais são resumimos a seguir: A palavra estratégia tem origem grega e

servia para designar a função administrativa do generalato.

Segundo Motta (2002):

Desde a sua origem, aproximadamente há 500 anos a.C, o conceito sempre esteve associado à visão militar. Modernamente, passou ainda a estar associado a jogos. Como foi de início associado à formulação de diretrizes e ao planejamento, a

12

estratégia recebeu ênfase racional e científica da administração, mais acentuada na segunda metade do século XX. Mesmo os autores de administração que trataram de estratégia como arte no sentido militar, e não como ciência, assim o fizeram, principalmente, no intuito de explicar a origem e fazer analogia do conceito com a administração moderna do que de aplicá-lo diretamente à gestão.(MOTTA, 2002, p.79)

A transposição do conceito de estratégia do sentido militar para a

administração serviu para qualificar a amplitude da perspectiva, em escopo e

tempo, que se fazia necessária a um mundo de mudanças crescentes.

Segundo Motta (2002, p. 82), “estratégia é o conjunto de decisões

fixadas em um plano ou emergentes do processo organizacional, que integra

missão, objetivos e seqüência de ações administrativas em um todo

interdependente”.

Prossegue este autor afirmando que, na década de 1960 o conceito

de estratégia se popularizou no meio empresarial, desta vez já associado ao

de planejamento.

De acordo com Motta:

O planejamento estratégico surgiu no momento em que as grandes organizações sentiram a necessidade de aperfeiçoar seus processos de planejamento e gerência e manterem-se alertas para possíveis modificações futuras, em uma época em que a visão predominante na teoria administrativa, ainda, era a de explorar ao máximo as dimensões racionais da gerência para dominar as ambigüidades que surgiam no meio ambiente.(MOTTA, 2002, p.83)

Na perspectiva desse autor, essa visão valorizava o aperfeiçoamento

de métodos racionais de ação administrativa para produzir maior eficiência e

eficácia na antecipação de mudanças. O planejamento estratégico viria,

assim, preencher a necessidade de se utilizar métodos mais racionais e

analíticos na criação de futuros alternativos. A ênfase nesses métodos foi de

tal ordem que praticamente se inaugurou um novo campo de estudos na

administração.

Marcelino (2004, p.33), afirma que, sendo conseqüência direta da

aquisição da perspectiva sistêmica e contingencial em administração, o

planejamento estratégico parte da premissa de um ambiente em constante

mutação e turbulência, que exige um processo contínuo de formulação e

13

avaliação de objetivos, baseado em fluxo de informações sistêmicas sobre

as transações entre ambiente e organização, que determinam possíveis

variações no senso de missão sócio-econômica da empresa.

Para Marcelino:

O planejamento estratégico contrasta com a prática empresarial da formulação estratégica ou de diretrizes empresariais. Introduz-se a visão ampla da empresa, conforme sua inserção no contexto social, econômico e político, e não mais limitado à natureza do negócio ou de objetivos específicos; amplia-se o horizonte de tempo para ultrapassar os limites do impacto de objetivos específicos e para visualizar a ação da organização a longo prazo; instituem-se novos métodos analíticos e prospectivos de se definir futuros alternativos, não mais se praticando isoladamente as previsões por estudos de tendência, séries históricas e extrapolações estatísticas. (MARCELINO, 2004, p.35)

Enfim, cria-se, na gerência, a ideia de planejamento e avaliação como

dimensões contínuas e sistemáticas de ações e reações a provocações

ambientais.

Motta (2002) fornece uma diferenciação entre as ideias principais do

planejamento estratégico em comparação com os métodos anteriores de

formulação de diretrizes empresariais, em que mostra que o planejamento

estratégico, além dos avanços metodológicos, significa a conquista da visão

de grande escopo e longo prazo na determinação dos propósitos e caminhos

organizacionais.

Tal planejamento se volta para o alcance de resultados através de um processo contínuo de antecipar mudanças futuras, tirando vantagem das oportunidades que surgem, examinando os pontos fracos e fortes da organização, estabelecendo e corrigindo cursos de ação a longo prazo. Portanto, é essencial um processo gerencial, que se encontra nos níveis hierárquicos mais elevados da organização e que não pode ser concebido como atividade clássica de planejamento, delegável a comissões ou grupos de planejamento. (MOTTA, 2002, p. 84)

Para o autor, constitui a essência da gerência de alto nível, sobre a

qual recai o maior peso da responsabilidade externa e interna pelos rumos

da organização. A adoção do planejamento estratégico requer normalmente

uma mudança bastante significativa na filosofia e na prática gerencial da

maioria das empresas ou instituições públicas; ele não é implantado por

14

meio de simples modificações técnicas nos processos e instrumentos

decisórios da organização. É, na realidade, uma conquista organizacional

que se inicia no nível de mudanças conceituais da gerência, resultando em

novas formas de comportamento administrativo, além de novas técnicas e

práticas de planejamento, controle e avaliação.

Marcelino (2004, p. 36) apresenta o enfoque da gerência estratégica

surgida em meados da década de 1970 – segundo ele, cujo termo foi

introduzido por Ansoff - para fazer face aos desafios de uma nova época de

mudanças extremamente velozes e de grande magnitude quando a prática

do planejamento estratégico parecia ineficaz para responder às demandas

de um novo momento, já que havia sido desenvolvido para um período até

então definido como de mudanças, descontinuidade ou de turbulências.

De acordo com esse autor, o período subseqüente às crises do

petróleo marcou praticamente o fim da era de descontinuidade e turbulência.

Esses conceitos implicavam períodos de dificuldades temporárias,

caracterizados por estagnação, instabilidade excessiva ou regressão

planejada, mas que seriam recuperados ou recompensados a seguir por

uma ambiência que favorecesse o progresso acelerado. As mudanças

ambientais, contudo, se acentuaram em tal velocidade que já não se

caracterizavam como algo passageiro ou previsível por ciclos rotativos.

Na perspectiva de Leitão, também estudioso desse tema:

Surge uma nova ambiência de mudanças velozes, com o futuro se aproximando do presente em uma dimensão antes desconhecida. O presente se torna praticamente volátil. Além do mais, a competição global e aguerrida ou a escassez de recursos criou uma ambiência de hostilidade que, aliada à imprevisibilidade, passava a produzir na gerência a sensação de falta de controle. (LEITÃO, 2007, p. 67)

O autor afirma que foi essa ambiência que levou à ineficácia algumas

das dimensões do planejamento estratégico, principalmente no que

concerne às suas propostas racionais de análise antecipatória. No entanto,

passou-se a enfatizar a importância do planejamento estratégico nas suas

perspectivas de continuidade, sistematicidade e contingência, aceitando-o

mais como um processo emergente de um conjunto de decisões e ações

15

que levem ao alcance de objetivos organizacionais do que apenas algo

antecedente ao processo de implementação.

Segundo Motta (2002), para caracterizar essa mudança, surge assim

a idéia de gerência estratégica, que por ser mais genérica tende a reforçar a

contingencialidade do planejamento.

Introduz ainda Motta o conceito de reflexão estratégica, com o

significado de pensar coletivamente a razão de ser e os objetivos da

organização. E acrescenta:

É um processo de liberar o potencial criativo e de concretização existente nas pessoas. Investir algum tempo em conhecer melhor o caminho e o futuro tornando o cotidiano mais eficiente e esperançoso. Assim, criar um momento exclusivo de reflexão, sem as interrupções e as pressões do dia-a-dia, é uma forma de concentrar a mente no grande escopo e no longo prazo: facilita a produção de idéias e o uso mais eficaz da capacidade de observação, análise e interação já existente na organização. (MOTA, 2002, p.38)

Dos estudos existentes na área da administração estratégica,

observam-se especialmente os encontrados em Ansoff e Mcdonnell (1993),

que levam em conta as características psicológicas, sociológicas, políticas e

sistêmicas de organizações complexas.

Segundo os autores, seus estudos se destinam aos interessados na

gestão prática e sistemática do processo de adaptação das organizações a

mudanças do ambiente externo.

No estudo sobre a evolução dos sistemas de administração, Ansoff e

Mcdonnell (1993) nos mostram que os sistemas podem ser agrupados em

quatro estágios distintos de evolução:

1. Gestão por controle (a posteriori) do desempenho, que era adequada enquanto as mudanças eram lentas. 2. Gestão por extrapolação, quando a mudança se tornou mais rápida, mas o futuro ainda podia ser previsto mediante extrapolação do passado. 3. Gestão por previsão, quando começaram a surgir descontinuidades, mas a mudança, embora rápida, ainda permitia previsão e resposta oportunas. 4. Gestão através de resposta flexível e rápida, atualmente em ascensão, para condições em que muitos desafios importantes surgem com rapidez demasiadamente elevada para permitir a elaboração de previsões oportunas (ANSOFF; MCDONNELL, 1993, p.35).

16

De acordo com os autores, durante o século XX, a turbulência

crescente do ambiente tem levado as organizações a inventarem sistemas

progressivamente mais complexos e refinados. Dois tipos diferentes têm

surgido: sistemas de posicionamento – planejamento de longo prazo (PLP),

planejamento estratégico e administração da posição estratégica que

orientam o esforço da organização no ambiente; e sistemas em tempo real –

administração de questões com sinais de alta freqüência, administração de

questões com sinais de baixa freqüência, administração de surpresas – que

reagem a modificações ambientais rápidas e imprevistas uma de cada vez.

Afirmam que a escolha da combinação de sistemas para determinada

organização depende das características, em termos de turbulência, dos

ambientes nos quais atua ou espera ingressar.

Certo e Peter (1993, p.67) elaboram a reflexão de que o conceito de

administração estratégica tem evoluído através do tempo e continuará a

evoluir. Pode ser definida como “um processo contínuo e iterativo que visa

manter uma organização como um conjunto apropriadamente integrado a

seu ambiente”. Um processo contínuo, mas nunca para dentro da

organização, que sugere uma série de etapas que são repetidas

ciclicamente.

Como última parte da definição a reflexão de que os ambientes

organizacionais mudam constantemente, e as organizações devem se

transformar de forma adequada para assegurar que as metas

organizacionais possam ser alcançadas.

Para Ansoff e McDonnell (1993, p. 39):

O planejamento estratégico corresponde ao estabelecimento de um conjunto de providências a serem tomadas pelo executivo ou gestor para a situação em que o futuro tende a ser diferente do passado, substitui a extrapolação por uma análise estratégica detalhada que compara as perspectivas com os objetivos para gerar uma estratégia.

Trata-se de um processo intencional de mudança organizacional,

através do qual, uma organização, partindo da análise do ambiente externo

e de sua situação interna, define sua missão e determina seus objetivos e

17

metas, estratégias e meios para alcançá-los em um determinado período de

tempo.

Nesse sentido, segundo Borges e Araújo (2001, p.4), o planejamento

estratégico é um poderoso instrumento de intervenção na realidade que,

quando bem utilizado, constitui ferramenta fundamental para o

desenvolvimento das organizações.

Acrescentam que, “ao exigir para sua correta utilização o

engajamento consentido do coletivo organizacional, caracteriza-se

essencialmente como um processo de ação gerencial de cunho

eminentemente participativo e democrático”. (p.5)

Em um mundo globalizado, cujas características são as fortes

mudanças e a competitividade, o planejamento está se tornando

indispensável para o sucesso e a sobrevivência organizacional. Passa a ser

contínuo e ininterrupto, flexível e adaptável, não mais um monopólio da alta

direção.

Conforme Castro:

O planejamento estratégico é uma ferramenta que possibilita à instituição compreender e responder, de forma adequada, a mudanças que estejam ocorrendo ou que se pode esperar que ocorram no seu ambiente externo. Busca manter a relevância e a sustentabilidade institucional das organizações. Trata-se de uma ferramenta de auto-organização, de mudança de capacidades, processos e resultados, com vistas à melhoria da eficiência e eficácia (CASTRO, 2005, p.79).

Para esse autor, os propósitos do planejamento estratégico diferem

conforme a natureza das organizações. Em organizações públicas: busca de

sustentabilidade institucional, ou seja, de continuada valorização social dos

bens e serviços que ela produza; em organizações privadas: conquista de

posições e vantagens competitivas, que permitam maior lucro para essas

empresas.

Nesse contexto, destaca-se que o planejamento estratégico é o

processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se

estabelecer a melhor direção a ser seguida pela organização, visando ao

otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e

diferenciada.

18

Ackoff (1999) ressalta que o desafio do planejamento estratégico é

que tudo muda:

Os ambientes desestabilizam-se, os nichos desaparecem, as oportunidades banalizam-se, os recursos esgotam-se ou ficam obsoletos, as ameaças ampliam-se e renovam-se. A alternativa, para enfrentar a turbulência e garantir a sustentabilidade organizacional, é a prospecção dos ambientes externos, e não somente a sua compreensão num dado momento estático, seguida de um conjunto de ações de planejamento e gestão: “é preciso adotar um enfoque estratégico. (ACKOFF, 1999).

Para esse autor, o enfoque estratégico não termina quando o

planejamento for realizado, ele precisará ser levado adiante fazendo com

que também a gestão passe a ser estratégica. Uma gestão estratégica deve

levar em conta os resultados das análises e formulações realizadas, os

eixos, os desafios, as prioridades e as metas definidas, na montagem de um

sistema de acompanhamento e avaliação da organização.

Nesse sentido vale a lição de Motta (2002), quando este afirma que a

teoria das organizações concebe-as como sistemas, isto é, um conjunto

cujas partes estão em tal estado de interdependência que mudanças em

uma parte da organização tendem a produzir mudanças em outras partes. A

escolha do modelo mais adequado de planejamento de uma organização é,

sobretudo, contingencial e depende do ambiente, da natureza da atividade e

da tecnologia, dos objetivos e estratégias da organização e das pessoas

envolvidas.

Esse autor também considera a assertividade quando afirma que, o

produto do planejamento estratégico não é um plano, nem um conjunto de

planilhas e tabelas, nem mesmo uma nova metodologia de análise. O

produto do planejamento estratégico são resultados compatíveis com a

missão e objetivos organizacionais.

19

CAPÍTULO II

AS ESTRATÉGIAS NAS ORGANIZAÇÕES

Este capítulo tem o objetivo de analisar as estratégias nas

organizações. Estas são definidas baseadas em cenários alternativos, cujo

objetivo é antecipar os entraves que possam ocorrer nesse tipo de

planejamento. Quando a estratégia está ligada ao aprendizado

organizacional, os resultados positivos se revelam de forma significativa nos

resultados das organizações.

2.1 A natureza e tipos de estratégias organizacionais

As estratégias tem origem no mais alto nível da empresa, o que leva a

pensar que as decisões estratégicas se concretizam apenas no topo da

organização, mas na verdade, estas estão em todos os níveis da empresa.

As estratégias de uma empresa devem reunir as seguintes

caraterísticas.

Devem ser os meios ou as formas que permitam alcançar os objetivos; os objetivos devem ser os “fins” e as estratégias “os meios” que permitam os atingir.

Devem remeter ao lucro dos objetivos empresariais utilizando-se a menor quantidade de recursos, e no menor tempo possível.

Devem ser claras e compreensíveis para todos.

Devem estar alinhadas e ser coerentes com os valores, princípios e cultura da empresa.

Devem considerar adequadamente a capacidade e os recursos da empresa.

Devem representar uma vantagem competitiva para a empresa. (ANTONIO, 2005, p. 137)

Segundo esse autor, podem-se utilizar estratégias para aproveitar

oportunidades que se apresentem no cenário empresarial e mercadológico,

para fazer frente às ameaças do mercado, como, por exemplo, para

20

neutralizar ou eliminar as forças ou estratégias da concorrência, para

aproveitar ou reforçar as forças ou vantagens da empresa e para neutralizar

ou eliminar os pontos fracos da empresa.

2.2 Tipos de estratégias

Para Antonio (2005), as estratégias de uma empresa, basicamente,

classificam-se em estratégias gerais e estratégias específicas.

As estratégias gerais são as que consideram a empresa como um todo, isto é, servem para levar à concretização dos objetivos globais da empresa, tais como: diversificar os produtos, diversificar os mercados, competir tomando por base base os custos, competir com base na diferenciação e dirigir o foco em um segmento específico de mercado.(ANTONIO, 2005, p. 134)

2.2.1 Estratégias específicas

As estratégias específicas servem de ajuda para poder concretizar as

estratégias gerais; as mais conhecidas e utilizadas são as estratégias de

marketing. Como exemplo de estratégias gerais, têm-se: (a) aumentar o

número de vendedores; (b) aumentar o número de pontos de vendas; (c)

diminuir os preços; (d) investir em publicidade; (e) agregar novas promoções

de vendas e (f) estabelecer novos sistemas de informação.

2.3 Os modelos de estratégias de Michael Porter

As estratégias de Michael Porter (1986) são um conjunto de

estratégias competitivas que têm como principal objetivo o desenvolvimento

geral de uma empresa. Estas estratégias buscam obter uma vantagem

competitiva para a empresa.

2.3.1 Liderança em custos

Esta estratégia consiste em vender os produtos a preços unitários

diminuídos, por meio da redução nos custos.

21

Consegue-se reduzir custos, por exemplo, por meio da fabricação de produtos regulares, através da produção de grandes volumes, no uso de economias de escala, no fornecimento eficiente de matéria prima, no uso de novas tecnologias, nos controles rigorosos em custos e despesas indiretas, criação de uma cultura de redução de custos junto aos trabalhadores, redução de custos em funções de vendas, marketing e publicidade, entre outros.(PORTER, 1986, p.166)

Por meio da estratégia de liderança em custos, a empresa busca

obter maior participação no mercado e, portanto, aumentar suas vendas;

podendo inclusive, ao ter preços mais baixos que a concorrência, superar

alguns competidores do mercado.

Essas estratégias são recomendadas para mercados em massa,

quando este está composto por consumidores que são sensíveis aos preços,

quando há poucas possibilidades de obter diferenças entre os produtos,

quando os consumidores não fazem distinção de marca.

Conforme Carvalho (2005):

Aquelas que buscam custos mais baixos se protegem da concorrência de diversas maneiras. Uma delas seria dificultar a entrada de novas empresas; ao ser quando pressionada por fornecedores ou compradores, ela teria como melhor negociar. Se houver guerra de preços no segmento do qual participa, a empresa estaria mais bem preparada, pois teria os menores custos, neste caso, a rentabilidade dos concorrentes seria mais afetada, uma vez que provavelmente terão maiores custos totais.(CARVALHO, 2005, p. 79)

Supostamente, este tipo de estratégia genérica pode ser perseguido

por diversas empresas, mas só pode existir um líder por segmento, caso

contrário, a guerra de preços desestruturaria totalmente o mercado.

Segundo esse autor, as desvantagens de se utilizar esta estratégia

residem na visibilidade das mesmas, alertando a concorrência, ou o

despertar do interesse dos consumidores para outras caraterísticas do

produto, e não só ao preço.

2.3.2 Diferenciação

Esta estratégia consiste em produzir ou vender um produto que seja

único e original, que consiga ter um diferencial sobre a concorrência, e que

22

não seja facilmente imitável por esta. Pode haver diferenciação, por

exemplo, no design do produto, em seus atributos ou caraterísticas, na

marca, na qualidade, no atendimento ou atenção ao cliente, em oferecer

serviços adicionais, na rapidez na entrega, entre outros.

Por meio da estratégia de diferenciação, a empresa busca a

preferência dos consumidores; podendo inclusive aumentar os preços, no

caso em que os clientes reconheçam as caraterísticas diferenciadoras do

produto.

2.3.3 Foco em um segmento de mercado

Segundo Porter (1986), esta estratégia consiste em concentrar os

esforços em produzir ou vender produtos que satisfaçam as necessidades

de um determinado grupo de consumidores.

A estratégia de foco, como já observado neste estudo, tem por

objetivo fazer com que a empresa se especialize em um determinado tipo de

consumidor e, portanto, conseguir ser mais eficiente, por exemplo, ao

oferecer produtos que satisfaçam suas necessidades ou preferências

específicas, ou ao desenhar estratégias que aproveitem suas caraterísticas.

A estratégia de focagem recomenda-se utilizar quando o mercado é

amplo, quando os consumidores têm necessidades ou preferências

diferentes, quando as empresas competidoras não têm na olha o mesmo

segmento de mercado.

2.4 Grupos estratégicos

Segundo Porter (1986), grupos estratégicos são formados quando

empresas de um mesmo segmento adotam estratégias semelhantes ou

idênticas, acabando por ter desempenho similar. Porter classifica as

dimensões estratégicas como alavancagem operacional, atendimento,

canais de distribuição, custos operacionais, identificação da marca, política

de preço, integração vertical, qualidade do produto, especialização,

relacionamentos externos e liderança tecnológica.

23

Devido a essas dimensões estratégicas, é correto afirmar que

empresas que participam de grupos estratégicos diferentes não têm

desempenhos similares.

Para Caves e Porter (1977), barreiras de mobilidade são criadas pelos

participantes dos grupos estratégicos, limitando a entrada de novos

participantes que possam vir a adotar estratégia similar, garantindo dessa

forma a taxa de retorno do mercado. Portanto, empresas dentro do mesmo

grupo estratégico enfrentam as mesmas condições impostas pelo mercado.

Empresas de grupo estratégico diferente não têm esse privilégio, sendo,

pois, um dos motivos que levam as empresas a terem desempenhos

semelhantes.

Entretanto, segundo Caves e Porter (1977), apenas as barreiras de

mobilidade são insuficientes para explicar a diferença de desempenho entre

empresas; o nível de maturidade da empresa e os fatores mercadológicos

devem ser levados em consideração; estudar a diferença de resultados

dentro de um mesmo grupo estratégico necessita de um modelo mais

complexo que leve em consideração mais variáveis.

2.5 Inteligência estratégica e desempenho organizacional

Desde tempos remotos, a atividade econômica teve como objetivo a

prosperidade do próprio projeto mercantil e de todos seus promotores e

partícipes. Em seu conjunto, tal atividade determinava a capacidade de

progredir e desenvolver-se da cada civilização.

Segundo Pina:

A globalização dos mercados e a aceleração das mudanças têm acentuado a necessidade de dispor de um conhecimento preciso do meio que influência a competitividade no setor -ou setores- de atividade para os quais a cada empresa dirigiram seus interesses de desempenho e desenvolvimento econômico. (PINA, 1994, p.56)

Assim como na área de marketing, os pesquisadores de inteligência e

empresas também esperam medir os benefícios tangíveis que justifiquem os

24

investimentos em atividades de inteligência, dentre estas a inteligência

estratégica.

Conforme Santos (2008), Inteligência Estratégica:

É um processo perene de geração de informações e até de conhecimentos que permitem às organizações navegarem com relativa segurança em conjunturas extremamente fugazes ou adversas, podendo retirar elementos que facilitem a antecipação de ameaças e de oportunidades, além de criar cenários que possam permitir a construção do futuro.(SANTOS, 2008, p. 89)

Na opinião desse autor, mensurar o impacto das atividades de

inteligência nas organizações é difícil devido à natureza abstrata dos

processos de inteligência estratégica, que variam de acordo com o perfil de

cada organização e o fato de seu impacto não poder ser mensurado

diretamente, já que o papel da inteligência é fornecer informações de valor

agregado para a tomada de decisões.

A figura a seguir resume a função da inteligência estratégica nas

organizações:

Fonte: Santos (2008)

Embora haja esta dificuldade, alguns resultados são relatados por

McGonagle e Vella (2002). Um deles é o estudo desenvolvido na década de

1990 pela Society of Competitive Intelligence Professionals nos setores de

25

comidas prontas, telecomunicações e indústria farmacêutica que concluiu

que as empresas com altos níveis de inteligência estratégica apresentaram

melhores níveis de qualidade de produto e aumento do desempenho.

Outro resultado relatado pelos autores se refere ao desenvolvido pela

Competitive Intelligence Review, que afirma que empresas com inteligência

estratégica têm melhor desempenho. Em 2000 a Merck afirmou que

aumentou as vendas entre $150 e $ 200 milhões devido a programas de

inteligência estratégica. Em 2002 uma pesquisa da Pricewaterhouse

Coopers com executivos indicou que eles acreditam que a inteligência

estratégica aumenta o desempenho das empresas.

Para Guimarães:

Os objetivos da inteligência estratégica são gerenciar e reduzir o risco, tornar o conhecimento vantajoso, evitar sobrecarga de informação, garantir privacidade e segurança da informação e utilizá-la estrategicamente. Em essência, inteligência estratégica auxilia os gestores a entender as forças que influenciam o ambiente do negócio para desenvolver planos adequados.(GUIMARÃES, 2000, p.79)

Além disso, esse autor afirma que uma organização pode melhorar

sua competitividade e desempenho utilizando programas de inteligência

estratégica.

Kaaner et al (1997) são claros em afirmar que o maior resultado,

reportado pelos participantes de um estudo quanto ao uso de práticas de

inteligência estratégica, consiste em auxiliar os executivos a melhor entender

os desempenhos de suas empresas, relativamente aos concorrentes.

Afirmam, ainda, que, tendo conhecimento das informações dos

concorrentes, as ações tomadas pelas empresas podem levar a melhores

desempenhos organizacionais, o que poderia ser consequência de adotar

uma abordagem mais pragmática do trabalho e utilizar benchmarking para

melhorar suas práticas.

Da mesma forma, Hesford (2008) verificou que a utilização de

informações contábeis dos concorrentes levaria a melhores resultados de

desempenho organizacional. Esse autor, ao analisar o negócio exportador

de sólidos de madeira certificados no Brasil, identificou que a implementação

26

de um processo de inteligência competitiva proporciona um melhor

posicionamento na arena competitiva de negócios, pois este processo leva

em conta uma análise aprofundada das tendências do ambiente externo, da

concorrência e da dinâmica do mercado, interpretando os dados e

fornecendo informações críticas aos seus tomadores de decisão.

Cavalcanti (2004) identificou que, entre as melhores e maiores

empresas, de maneira geral a inteligência empresarial apresentou

relacionamento positivo e significativo com o sucesso dos negócios.

Há evidências de que organizações com maior desenvolvimento de

inteligência estratégica também apresentem maior desempenho

organizacional.

Kaminski (2002, p. 179) apresenta alguns itens relevantes que

integram o arcabouço da inteligência organizacional, quais sejam:

a) Criatividade / Liderança

A primeira etapa do crescimento de uma organização denomina-se

criatividade. Neste estágio, a empresa está dominada por seus fundadores e

todos os esforços convergem para dois objetivos: criar um produto ou

serviço e seu correspondente mercado. Segundo Greiner (2009), "os

fundadores têm caráter técnico ou de empreendedor, e não dão nenhuma

importância a itens relacionadas com o gerenciamento; suas energias físicas

e mentais estão entregues a produzir e vender um produto ou serviço".

Contudo, à medida que a organização cresce, os problemas

relacionados com o gerenciamento e a direção não podem ser resolvidos de

maneira informal e sem prestar a atenção que se merecem. Aqui surgem as

primeiras crises: as pessoas que puseram em marcha o negócio se

pressionam com as incipientes necessidades de gerenciamento responsável

que reclama a empresa pelos conflitos que a rodeiam.

b) Direção / Autonomia

Segundo Kaminski (2002), no momento em que aparece a crise de

liderança, tem início o primeiro período de revolução dentro da empresa. Ao

27

final de todas as indagações, o mais provável é chegar à pergunta: Quem

vai retirar a organização da crise e vai orientar de novo seus passos? A

solução passa por relacionar, na maioria dos casos, um gerente ou diretor

geral que seja um profissional do gerenciamento, que seja aceito pelos

fundadores e que seja capaz de encontrar soluções para a organização.

Desta maneira atinge-se a segunda etapa de evolução, caraterizada por um

crescimento baseado em uma direção e gerenciamento eficientes.

Durante esta fase, o diretor e sua equipe concentram em suas mãos a

responsabilidade de dirigir a organização, gerando a consequência de os

diretores de níveis inferiores perderem autonomia em suas decisões.

c) Delegação / Controle

Não é tarefa tão fácil aos diretores habituados ao sucesso delegarem

responsabilidades e tarefas. Em consequência, esta etapa de revolução

pode constituir um risco para muitas organizações.

Conforme Kaminski:

A partir da etapa de delegação, a empresa desenvolve uma estrutura de organização descentralizada, o que repercute na motivação dos níveis inferiores. No entanto, este processo pode ser traduzido em uma crise que tenha como principais protagonistas os diretores do topo da organização: alguns deles podem sucumbir ante a perda de controle direto que comporta a descentralização. (KAMINSKI, 2002, p. 129)

Assim, para superar esta crise se costuma reagir voltando à

concentração do controle com o consequente ressentimento entre as

pessoas que anteriormente desfrutavam da liberdade que supõe a

delegação e a descentralização.

d) Coordenação / Burocracia

Para buscar uma solução equilibrada, a organização tende para o

seguinte passo evolutivo: a etapa da coordenação. Neste período predomina

o uso de sistemas formais para incrementar a coordenação entre a alta

28

direção e o resto de níveis. Mesmo assim, estes sistemas podem conduzir a

um colapso, isto é, a uma nova fase de revolução: a crise da burocracia.

Esta aparece quando a organização é excessivamente grande e complexa

para ser gerenciada através de programas formais e sistemas rígidos.

e) Colaboração

A crise provocada pela excessiva burocracia e rigidez só pode ser

superada, segundo Kaminski (2002), ao se atingir um novo estágio de

evolução: a fase de colaboração. A diferença da etapa de coordenação, que

se fundamenta na formalidade dos sistemas e dos procedimentos, é a etapa

de colaboração que enfatiza a espontaneidade do gerenciamento por meio

das equipes e a interação entre os talentos de seus membros, passando do

controle formal ao controle social e a autodisciplina.

Segundo Kaminski (2002), tal modelo limita-se à antecipação que isso

pode girar em torno da saturação psicológica dos empregados por causa

dos esforços físicos e mentais que supõe o trabalho em equipe e a pressão

que exerce sobre as pessoas acerca da incessante busca de inovações.

29

CAPÍTULO III

O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NO SETOR ATACADISTA

3.1 Características do setor atacadista

O setor atacadista é um elo entre a indústria e o pequeno varejo.

Assim o foco do mesmo, é a distribuição de produtos. De acordo com o

IBGE (2009):

O comércio atacadista revende mercadorias novas ou usadas, sem transformação, a varejistas, a usuários industriais, agrícolas, comerciais, institucionais e profissionais, ou a outros atacadistas; ou atua como representante comercial ou agente do comércio na compra ou venda de mercadorias a esses usuários. No comércio atacadista, distinguem-se dois tipos de atividades: o atacadista que compra a mercadoria que revende, o atacadista representante ou agente do comércio, que, sob contrato, comercializa em nome de terceiros, inclusive operando o mercado eletrônico via internet. Estas atividades são feitas por atacadistas, distribuidores de produtos industriais, exportadores e importadores, comissários, agentes de fábricas, compradores itinerantes e cooperativas que comercializam produtos agrícolas.(IBGE, 2009).

O atacado situa-se na cadeia de distribuição em um espaço entre a

indústria produtora de bens, e o varejo.

No sentido ascendente o atacado integra-se à indústria, onde adquire

a mercadoria a ser distribuída, a estoca, repassando-a ao comércio varejista.

Stern et al. (2002) ensinam que, quanto maior for o grau de serviços exigido

pelo produto, tanto maior o número de intermediários, contudo o próprio

varejista pode negociar diretamente com esta, e assim evitar possíveis

intermediários, possivelmente cortando custos nesta fase. Pode-se notar,

também, que o atacado pode comercializar com os consumidores finais e

com os órgãos governamentais.

Conforme Barbosa Sobrinho:

Quando o varejista não dispõe deste poder de compra com a indústria, ele tem de recorrer aos atacados, para adquirir os

30

produtos para revenda. Assim o atacado pode suprir a necessidade destes varejistas de pequeno porte. Pode, entretanto, existir casos em que varejistas podem se tornar grandes corporações e assim não precisar mais dos serviços dos distribuidores atacadistas, adquirindo seus produtos diretamente da indústria, por intermédio de central de compras. (BARBOSA SOBRINHO, 2010, p.48)

Segundo esse autor, quando o distribuidor atacadista realiza, todavia,

seu papel de prestar serviços aos varejistas, principalmente os que se

encontram fora dos centros urbanos, ele precisa de uma equipe de

vendedores externos devidamente coordenados, denominados “força de

vendas”.

Esta equipe de colaboradores é responsável por pulverizar os

produtos comercializados pelos distribuidores atacadistas às diversas áreas

geográficas que o comércio atacadista atende.

A equipe de vendas externas visita regularmente o cliente varejista e este então pode realizar o pedido de compra onde é encaminhado para o atacadista, para análises do crédito, a disponibilidade do estoque, a movimentação de matérias e planejamento de logística. Atualmente o desenvolvimento de softwares de administração de estoques, conhecidos como WMS (Warehouse Management System), ajuda na organização do estoque e na celeridade da separação do pedido, bem como nos sistemas de “roteamento”, que indica o percurso a ser seguido pelo departamento de entrega de mercadoria, de modo que o custo de entrega seja o mínimo possível.(BARBOSA SOBRINHO, 2010, p. 49)

Já Fleury (2009) destaca três tipos de problemas durante o ciclo de

pedido:

1) Percepções conflitantes, entre clientes e fornecedores; 2) A ocorrência de variabilidades significativas nos tempos de resposta do ciclo; 3) Flutuações exageradas da demanda ao longo do tempo de resposta do ciclo. O comércio atacadista trabalha em função da distribuição de materiais ao comércio varejista, e, sendo assim para se tornar competitivo, deve entregar o produto com a maior celeridade possível e com o menor custo. (FLEURY, 2009, p.456)

Quanto ao mercado atacadista brasileiro, Barrizzelli (1998); realizou

pesquisa onde foram constatados os seguintes pontos fortes e pontos

fracos, ameaças e oportunidades para os atacadistas brasileiros.

31

Pontos Fortes: � Redução dos custos; � Profissionalização da equipe de venda; � Transformação em centro de distribuição da indústria; � Regionalização do atendimento; � Investimento em tecnologia da informação Pontos fracos: � Grande raio de atuação; � Baixa qualidade de atendimento, com foco somente na comercialização; � Uso de prática de preço predatório; � Operacionar de forma não-especializada; Ameaças: � Conflitos dentro do canal de distribuição; � Falta de fidelização do cliente; � Alta carga tributária e guerra fiscal dos Estados; � Incentivo de novos canais que eliminam o comércio atacadista; (por parte da indústria) � Dificuldade de sobrevivência do médio e pequeno varejista; Oportunidades: � Fim da guerra fiscal e dos impostos cumulativos durante a cadeia de produção; � Nivelamento do preço; � Fusões de empresas atacadistas, elevando seu poder de barganha; � Abertura de novos mercados, através da interiorização; (BARRIZZELI, 1998, p. 68)

Prossegue esse autor afirmando que, quanto aos pontos fortes do

atacado brasileiro, o mesmo tem como vantagem o atendimento regional,

onde ele tem contado com pequeno varejo que muitas vezes localiza-se

geograficamente distante dos centros urbanos. Outra vantagem do atacado

é o investimento na formação de equipes de venda, tanto em

profissionalização quanto em termos de aparato tecnológico.

Dentro os pontos fracos pode-se destacar, que muitos atacados tem

um raio de atuação muito grande, o que por vezes pode gerar um custo de

transporte mais elevado.

Conforme Barrizelli:

Quanto às ameaças o setor sofre com a guerra fiscal entre os Estados da federação e a alta carga tributária, no que se refere à guerra fiscal, os Estados da federação tem autonomia tributária para sobretaxar produtos e impor barreira de entradas a produtos vindos de outros Estados que forem comercializados por atacadistas de outra unidade federada, dessa forma diminuindo a competitividade do atacado. (BARRIZZELLI, 1998, p. 67)

Na esfera das oportunidades, os atacadistas estão praticando fusões

de forma a aumentar sua força de compra e exercer um poder de barganha

32

junto aos fornecedores, o atacado também esta abrindo novos mercados,

chegando a regiões onde antes o abastecimento era precário.

Para Barrizzelli (1998), somente sobreviverá o atacadista que:

• Não focar em preço, e sim nos serviços prestados ao cliente;

• Os atacadistas especializados;

• Os operadores logísticos;

• Os atacados que tem compromisso com as indústrias;

• Os que conseguirem fidelizar o varejo; (BARRIZZELLI (1998, P. 69)

Conforme esse autor, o atacado brasileiro de reformulou-se dentro da

cadeia de distribuição, procurando ser mais participativo e parceiro da

indústria, já que via de regra ele e indústria tinham comportamento não

colaborativos. Com o aumento do poder de barganha das grandes redes

varejistas e o anseio da indústria de ter parceiros mais colaborativos, que

incrementem valor aos seus produtos, surge novas formas de distribuição

dado a pressão ambiental, como é o caso operador logístico qualificado.

3.2 A aplicação das forças competitivas

Ao analisar as forças competitivas e aplicá-las ao segmento

atacadista observam-se as seguintes particularidades: no que se refere à

competitividade interna, as empresas deste setor possuem características

homogêneas, pois, basicamente se comportam como fornecedoras de

serviço de entrega para indústrias, e, como conseqüência, possuem um

portfólio de produtos semelhantes, conferindo ao setor produtos/serviços

pouco diferenciados.

Besanko et al. (2006, p.332) citam que “a rivalidade interna refere-se

às manobras praticadas pelas empresas para obter e ampliar a participação

em um mercado. Assim sendo, uma análise de rivalidade interna deve

começar pela definição do mercado”.

Como o setor atacadista é um intermediário dentro do canal de

distribuição, para que este se torne competitivo e eficiente, a organização

33

atacadista precisa de participação de mercado, pois, com este share de

mercado as empresas atacadistas têm como melhorar seus indicadores de

desempenho, como ticket médio, preço médio de venda e, diminuição do

custo de oportunidade do investimento em estoques.

Para aumentar sua participação de mercado, contudo, com produtos

com pouca diferenciação, a organização precisa diferenciar-se das demais

concorrentes, seja por preço ou prestação de melhores serviços.

Ao analisar o poder de compra dos fornecedores e compradores em

relação aos atacadistas, percebe-se, segundo Barrizzelli (1998), que duas

tendências têm ameaçado a posição intermediária de empresas atacadistas:

o aumento da central de compras no mercado varejista e a utilização da

distribuição direta por parte dos fabricantes.

Estas são pressões que podem ser caracterizadas como poder de

barganha de compradores e fornecedores e, que obrigam o atacado

tradicional a se adaptar a esta nova realidade. Isto porque, com as centrais

de compras varejistas, os mesmos ganham poder de compra e passam a

adquirir diretamente da indústria fornecedora, eliminando, assim, o

intermediário atacadista.

Para Barrizzelli (1998):

Existe ainda a possibilidade de os varejistas realizarem a integração vertical ascendente, em que eles possam ter uma empresa atacadista em seu grupo econômico, passando assim a ser um concorrente direto. A distribuição direta da indústria para o varejista acontece, pois o atacado tradicional não está agregando valor ao repassar a mercadoria para o varejista, o que aumenta o preço final de custo na gôndola do varejista e diminuiu a quantidade vendida, conforme acentuam Kotler e Keller (2006) ao dizerem, que os atacadistas são tiradores de pedidos que não promovem a linha de produto do fabricante.(BARRIZZELLI, 1998, p. 73)

Com relação à força competitiva ameaça de produtos/serviços

substitutos, no caso do segmento do atacadista tradicional, o mesmo sofre

hoje com a entrada de produtos de “marca própria” de um concorrente, que

compete com os produtos de fornecedores. Além deste fato, existe um

serviço substituto ao atacado tradicional que é o operador logístico

qualificado/broker, cujo foco é o mesmo mercado alvo do atacado

34

tradicional, mas possui alguns serviços diferenciados em relação a este, tal

como: controle de estoque do varejista e disponibilidade de produtos em

estoque.

Conforme Porter:

No que se refere à ameaça de entrantes, o setor atacadista não possui muitas barreiras de entradas, o que pode acarretar um aumento da concorrência interna com a agregação de novos competidores. Este fato tende a ser mais aquecido se, no caso, o setor em análise não possuir uma taxa de crescimento de igual proporção à taxa de incorporação de novas empresas no mercado. A empresa entrante, contudo, precisa ter uma parcela do mercado, para que possa ter poder de compra junto ao fornecedor e ainda possa diluir seus custos fixos. Caso contrário, não poderá competir, pois terá grande desvantagem de custo.(PORTER, 1986, p.112).

Ao analisar o modelo das cinco forças competitivas, a empresa

atacadista pode indicar qual sua posição estratégica dentro do mercado

onde compete, pois, segundo Porter (2004), a essência da formulação de

uma estratégia competitiva é relacionar uma empresa ao seu meio ambiente.

Sendo assim, a organização deve ter como meta encontrar uma

posição dentro do escopo competitivo, em que a companhia possa melhor

se posicionar da interferência das forças competitivas, e assim fazer suas

escolhas em termos de suas estratégias competitivas.

Para Porter (1986), no que se refere à liderança de custo, a

organização busca vantagem competitiva por meio de custo de produção

eficiente, contudo deve-se observar que o corte de custo tem um limite, e, se

este limite não for obedecido, pode comprometer a qualidade do produto.

Sua implicação no segmento atacadista revela que ele deve utilizar

sua estrutura de modo eficiente, elevando assim seu giro de estoque, já que

o setor citado não manufatura produtos, de modo que ganhe escala e rateie

o custo fixo ao máximo. Com esta eficiência estrutural, o setor de compras

do atacado pode ganhar mais poder de barganha perante seu fornecedor,

conseguindo descontos significativos nas compras, alimentando assim, um

ciclo que garante a queda do custo fixo unitário até o limite operacional da

empresa.

35

3.2 A questão das estratégias

O comércio atacadista pode utilizar uma estratégia, para que a

organização atacadista consiga ser líder de custo: estratégias de

crescimento interno.

Harrison (2005) considera crescimento interno como aquele

conseguido por meio do aumento das vendas, da capacidade de produção e

da força de trabalho. O autor ainda destaca outra vantagem desta estratégia,

que é a preservação da identidade da organização; pois a empresa, quando

aumenta sua estrutura, realiza capacitação interna e os novos funcionários

que comporão o quadro funcional são treinados dentro da filosofia de

trabalho da organização. Os autores destacam como tipologia de

crescimento interno: a integração vertical.

Segundo Harrison (2005, p.62), “a integração vertical significa que

uma empresa se move adiante para se tornar seu próprio cliente ou move-se

retroativamente para se tornar seu próprio fornecedor.”

A integração vertical cria organizações que atuem dentro do canal de

distribuição da empresa. O comércio atacadista pode optar por integrar-se

verticalmente no sentido descendente, ou seja, em direção ao consumidor

final. A implicação desta estratégia é a abertura de organizações varejistas,

que tendem a comprar suas mercadorias do setor atacadista, aumentando,

assim, suas vendas e, consequentemente seu giro de estoque.

A organização atacadista também pode utilizar a integração vertical

ascendente, em direção a indústria fornecedora, podendo passar a fabricar

produtos e utilizar sua função de cobertura de mercado para ajudar na

criação de demanda para seus produtos; e o atacado tem a oportunidade de

fabricar produtos com marca própria.

Para Kotler e Keller (2006), a marca própria é aquela que pode ser

chamada de marca do revendedor, desenvolvida para os varejistas e

atacadistas. A estratégia de diferenciação por uso de marca própria procura

diferenciar alguns produtos oferecidos pela empresa, buscando assim,

chamar a atenção do cliente, porém isso não é o único atrativo.

36

Em relação à confecção dos produtos com a marca do atacadista e

manufaturada pela indústria, conforme anotam Kotler e Keller:

Os intermediários (atacadistas) buscam fabricantes com capacidade excedente que produzam sua marca a um custo baixo, significando assim preço de compra mais baixo. Com efeito, ele pode vender seu produto a um preço mais baixo e ainda assim ter margem de lucro mais alta. As organizações atacadistas procuram indústrias com capacidade ociosa e compram esta capacidade ociosa com o intuito de utiliza-lá, para fabricar produtos com a marca da organização atacadista, o que enseja um custo menor para a organização atacadista e, consequentemente, uma rentabilidade maior. (KOTLER E KELLER, 2006, p. 69).

As organizações atacadistas que possuem integração vertical

ascendente também podem fabricar produtos com a marca da empresa

atacadista.

Conforme esses autores, a análise das cinco forças relacionadas ao

setor atacadista possibilita observar que o operador logístico

qualificado/broker pode ser utilizado como estratégia competitiva de

diferenciação. Pois apesar de estar enquadrado no setor atacadista, opera

de modo diferenciado em relação ao setor atacadista convencional,

prestando serviços de valor agregado e, operando totalmente integrado com

as indústrias parceiras, daí a obtenção do aprimoramento operacional por

meio do modus operandi da indústria que representa, contando com preços

mais baixos em razão de os produtos não serem bitributados.

A última estratégia genérica proferida por Porter (2004) e já citada

neste estudo é o foco, ou enfoque, que preconiza focar suas ações em

determinados grupos de compra, um segmento da linha de produtos ou um

mercado geográfico.

Harrison (2005, p.138) alerta para a noção que “as empresas devem

avaliar seu setor de mercado-alvo e também atender às necessidades e aos

desejos dos compradores desse segmento.”

Como o atacadista é um segmento com pouca diferenciação de

produtos, as organizações procuram ter produtos exclusivos e escapar da

rivalidade interna imposta pelo setor.

37

Esta estratégia é utilizada pelo segmento atacadista em sua forma

constitucional, se atacado em geral ou atacadista distribuidor. Na

modalidade de distribuidor, está restrito a uma área geográfica

predeterminada pela indústria, evitando, assim, concorrência predatória. Isto

porque a organização possui uma área geográfica e um mix de produtos

reduzidos para trabalhar nesta área. Com efeito, sua missão é trabalhar a

zona da forma mais eficiente, contudo esta modalidade de distribuição pode

propiciar dificuldades quando a organização dispõe de produtos de

fabricantes pouco conhecidos pelo mercado consumidor.

Barbosa Sobrinho (2010) realizou um estudo de natureza descritiva

sobre as estratégias competitivas adotadas pelas empresas sindicalizadas

do setor atacadista de alimentos e bebidas para competir no mercado do

nordeste. Os resultados evidenciaram que predomina no segmento

pesquisado o tipo tradicional de atacado, não havendo um comportamento

padrão em relação as estratégias competitivas das empresas atacadistas de

alimentos e bebidas. O resultado demonstrou que algumas empresas fazem

uso de estratégia de baixo custo, outras fazem uso da estratégia de

diferenciação e algumas fazem uso da estratégia de focalização.

38

CONCLUSÃO

Este estudo leva à conclusão de que o resultado de um bom

desempenho organizacional requer a eleição da melhor estratégia e, para

isso, é necessário que se desenvolva uma cultura de qualidade na

organização que conduza isso à prática.

Para que o Planejamento Estratégico seja compreensível por

qualquer pessoa da organização, os diretores devem elaborá-lo sem

ambiguidades, de forma coerente, com bastante clareza. Para tanto, devem

ter muito bem claras duas situações: o novo desafio a ser enfrentado e a

percepção de que, uma vez iniciada a execução, já não se pode voltar para

reparar detalhes que deveriam ser compreendidos no início.

As estratégias da organização representam a força relativa de cada

unidade estratégica de negócio. Os objetivos e as estratégias da empresa

contidos no plano estratégico convertem-se em objetivos e estratégias

operacionais. Nesse sentido, a organização pode conseguir a continuidade

de ação.

Também é importante ressaltar que a empresa deve determinar com

exatidão e cuidado a missão que vai reger a empresa, pois esta é

fundamental, já que representa as funções operacionais que vai executar no

mercado e vai fornecer aos consumidores.

É consenso entre os autores pesquisados que uma empresa de

sucesso revisa seus planos estratégicos de forma periódica, deve ser flexível

para aproveitar o conhecimento do cenário organizacional.

Os planos da empresa para seus negócios permitirão projetar suas

vendas, serviços e utilidades totais. Contudo, muitas vezes as vendas ou

serviços projetados poderão ser menores do que o planejado. Deve-se

identificar novas oportunidades para conseguir crescer dentro dos negócios

atuais. Além disso, deve-se identificar oportunidades que permitam

estruturar ou adquirir negócios relacionados com os negócios atuais da

empresa, bem como identificar oportunidades para agregar novos negócios

não relacionados com os que se contam atualmente.

39

Por fim, deve-se entender que o planejamento estratégico não

representa uma programação do futuro, nem também o desenvolvimento de

uma série de planos que sirvam de forma para se usar diariamente sem

mudar no futuro distante. Grande parte de empresas revisa seus planos

estratégicos em forma periódica, fazendo com que o planejamento seja

flexível para poder aproveitar o conhecimento já adquirido em sua prática

cotidiana.

40

BIBLIOGRAFIA

ACKOFF, Russel L. Planejamento Empresarial. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1999. ANSOFF, H. I.; Mcdonnell, E. J. Implantando a administração estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1993.

ANTÓNIO, Nelson Santos. Estratégia Organizacional: do posicionamento ao movimento. São Paulo: Qualitymark, 2003.

BARBOSA SOBRINHO, D.C. Estratégias competitivas utilizadas pelas empresas atacadistas do Piauí. Fortaleza: UFC, 2010. BARRIZZELI, Nelson. Estratégias competitivas para o próximo milênio. Revista Supervarejo. São Paulo, v. 2, n. 12, p. 12-18, jan/fev 1998. BESANKO, David; Dranove, David; Shanley, Mark; Schaefer, Scott. A Economia da Estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2006 BORGES, Djalma Freire; ARAÚJO, Maria Arlete Duarte. Uma experiência de planejamento estratégico em universidade: o caso do centro de ciências sociais aplicadas da UFRN. Revista de Administração Pública. FGV. Rio de Janeiro 35 (4) 63-76 jul/ago 2001. BRACKER, J.S. y Pearson, J.N. As forças do mercado competitivo. São Paulo: Saraiva, 1998. CARVALHO, E.G. Globalização e estratégias competitivas na indústria automobilística: Uma abordagem a partir das principais montadoras instaladas no Brasil. Revista Gestão e Produção, v.12, n.1, p. 121-133, jan - abr, 2005 CASTRO, P. Planejamento estratégico. São Paulo: Qualitymark, 2005. CAVALCANTI, Marly (Org.). Gestão Estratégica de Negócios: Evolução, Cenários, Diagnóstico e Ação. São Paulo: Thomson, 2004. CAVES, R.; PORTER, M. Barreiras de entrada e barreiras de mobilidade. São Paulo: Atlas, 1977 CERTO, Samuel C.; PETER, J. Paul. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. Tradução: Flavio Deni Steffen. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 1993. FLEURY, A.; M.T., FLEURY. Multinacionais brasileiras e estratégias de internacionalização. São Paulo: Saraiva, 2009.

41

GUIMARÃES, V. Inteligência Estratégica. São Paulo: Qualitymark, 2000. HARRISON, A. & HOEK, R. V. Estratégia e gerenciamento da logística. São Paulo : Futura, 2005. HESFORD, J. Inteligência competitiva. São Paulo: Lumens 2007. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em http://ibge.gov.br Acesso em 14 fev 2011. AHANER, Larry. Inteligência Competitiva. São Paulo: Qualitymark, 1997. KAMINSKI, P. C. Desenvolvendo produtos com planejamento, criatividade e qualidade. Rio de Janeiro: LTC S.A., 2000. KOTLER, Philip e Keller, Kevin. Administração de Marketing - 12a Edição. São Paulo: Prentice Hall, 2006 LEITÃO, D. M. Administração estratégica: abordagem conceitual e atitudinal. Rio de Janeiro: SENAI/DN, Petrobras, 1996. MCGONAGLE, J. J.; VELLA, C. M. Casos de inteligência competitiva nas organizações. Revista Brasileira de Administração, v. 36, n. 4, p. 35-41, 2000. MARCELINO, G. F. Introdução ao Planejamento e à Administração estratégica. In: MARCELINO, G. F. (Org.). Gestão estratégica em universidade: a construção da FACE-Unb. Brasília: UNB, 2004. p. 29 MINTZBERG, Henry. A ascensão e queda do planejamento estratégico. Harvard Business Review, p. 107-114, 1994 MONTGOMERY, C. A., PORTER M.E. Estratégia: a busca da vantagem competitiva, Rio de Janeiro: Elsevier, 1998. MOTTA, P.R.M. Gestão Contemporânea: A Ciência e a arte de ser dirigente. Rio de Janeiro: Record, 2002. PINA, Vítor Manuel D. Castro. Inteligência estratégica nos negócios. São Paulo: Atlas, 1994. PORTER, Michael E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Tradução de Elizabeth Marinho de Pinho Braga. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1986. RAMOS, A. W. Estratégia Organizacional. São Paulo:CTH, 2004. SANTOS, T. Inteligência competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 2008.

42

STERN, C.W. & STALK Jr, G. Estratégia em Perspectiva. Tradução Adriana Rieche. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

43

INDICE RESUMO........................................................................................................2

METODOLOGIA.............................................................................................3

SUMÁRIO.......................................................................................................4

INTRODUÇÃO................................................................................................7

1.PLANEJAMENTO ORGANIZACIONAL E ESTRATÉGICO........................9

1.1 Evolução e contexto histórico................................................................9

1.2 Planejamento estratégico......................................................................11

CAPÍTULO II..................................................................................................19

2..AS ESTRATÉGIAS NAS ORGANIZAÇÕES.............................................19

2.1 A natureza e tipos de estratégias organizacionais.............................19

2.2 Tipos de estratégias...............................................................................20

2.3 Os modelos de estratégias de Michael Porter.....................................20

2.4 Grupos estratégicos...............................................................................22

2.5 Inteligência estratégica e desempenho organizacional......................23

CAPÍTULO III..................................................................................................29

3. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NO SETOR ATACADISTA............29

3.1 Características do setor atacadista......................................................29

3.2 A aplicação das forças competitivas....................................................32

3.2 A questão das estratégias.....................................................................35

CONCLUSÃO..................................................................................................36

BIBLIOGRAFIA...............................................................................................40

44

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes – Instituto A Vez

Do Mestre - AVM

Título da Monografia: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO

Autor: Fábio Costa Guimarães

Data da entrega: 15/02/2011

Avaliado por: Conceito: