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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A UTILIZAÇÃO DO BSC PARA O CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Por: Álvaro de Oliveira Quintana Orientador Prof. Sérgio Majerowicz Rio de Janeiro 2011

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Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · descrever e comunicar a estratégia para os participantes da organização. Além disso, Kaplan e Norton, a partir das quatro perspectivas,

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A UTILIZAÇÃO DO BSC PARA O CRESCIMENTO

SUSTENTÁVEL DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Por: Álvaro de Oliveira Quintana

Orientador

Prof. Sérgio Majerowicz

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A UTILIZAÇÃO DO BALANCE SCORECARD PARA O

CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL DE MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Empresarial.

Por: Álvaro de Oliveira Quintana

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por permitir o

cumprimento de mais esta etapa em

minha vida, ao corpo docente do curso

de Gestão Empresarial e a todos que

contribuíram de alguma forma para a

elaboração desta monografia.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que me

apoiaram ao longo desta jornada, a minha

namorada Vanessa, a minha maravilhosa

Família e, principalmente, a minha mãe

Ronise de Oliveira Quintana, que me

apóia e ajuda em todos os momentos de

minha vida.

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RESUMO

O Mercado atual, dinâmico e bastante competitivo, exige que as

empresas estejam preparadas. Não basta que exista uma estratégia, deve

haver um planejamento para que ela seja colocada em prática. Atualmente, a

melhor ferramenta disponível capaz de alinhar a estratégia à prática dos

negócios é o Balanced Scorecard - BSC - e o presente trabalho tem como

principal objetivo mostrar e demonstrar sua aplicação prática e implantação em

micro e pequenas empresas.

Os principais estudos desenvolvidos sobre implantação do BSC, até

então, se voltaram às grandes corporações. Com base nesses estudos e

experiências, buscar-se-á desenvolver uma proposta de metodologia com

aplicabilidade em micro e pequenas empresas, com o principal objetivo de

mostrar os benefícios que a implantação bem feita desta ferramenta sobre

suas quatro perspectivas (financeira, dos clientes, processos internos e

aprendizado e conhecimento) pode trazer a estas instituições.

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METODOLOGIA

As metodologias de pesquisa utilizadas para a realização deste trabalho

são fundamentadas em pesquisas bibliográficas, quantitativas e experimentais.

A pesquisa bibliográfica, através de livros, internet e cases de grandes

corporações, permitirá um embasamento teórico para a abordagem e

demonstração da aplicação prática do conceito estudado.

As pesquisas quantitativas e experimentais dar-se-ão através de coletas

de dados e aplicações práticas na empresa de salgados congelados

Salgadinhos do Lar, que serviu de apoio para o estudo mencionado.

.

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SUMÁRIO

Pág

INTRODUÇÃO

Contexto................................................................................................08

Objetivo.................................................................................................09

Justificativa...........................................................................................09

CAPÍTULO I - Balanced Scorecard......................................................14

CAPÍTULO I - O Balanced Scorecard em micro e pequenas

empresas...............................................................................................23

CAPÍTULO III – Aplicação Prática do Balanced Scorecard na Empresa

Salgadinhos do Lar...............................................................................32

CONCLUSÃO.........................................................................................48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.............................................................50

ÍNDICE....................................................................................................51

FOLHA DE AVALIAÇÂO........................................................................52

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INTRODUÇÃO

Contexto

A Globalização e a entrada na chamada Era da Informação tornou o

mercado muito competitivo e dinâmico, e para sobreviver a estas mudanças é

necessário buscar melhorias em seus processos, produtos e/ou serviços.

Portanto as empresas precisam, cada vez mais, desenvolver seu

autoconhecimento e pesquisar constantemente o mercado em que atuam.

Um dos principais desafios na atualidade é a dificuldade de traduzir e

transformar a estratégia em ação. O Balanced Scorecard (BSC) tem

justamente como principal objetivo auxiliar as empresas a alinhar a medição

eficiente do desemprenho organizacional com a estratégia determinada.

Kaplan e Norton (1997) concluíram que somente medidas financeiras

não são suficientes para medir o sucesso de uma organização na atualidade e

que são necessárias ferramentas de gestão para medir a empresa como um

todo.

Então, criaram o BSC e o definiram como um novo instrumento capaz

de integrar as medidas derivadas da estratégia, sem menosprezar as medidas

financeiras do desempenho passado. Desta forma, o BSC tornou-se uma

ferramenta de gestão estratégica que analisa as organizações em no mínimo

quatro perspectivas, e são elas:

• Financeira

• Do Cliente

• Dos Processos Internos

• Do Aprendizado e Crescimento

A partir destas quatro perspectivas são criados indicadores de

desempenho, o que torna a avaliação sobre o negócio e sua estratégia mais

prática e, consequentemente, influencia diretamente na melhoria do processo

de tomada de decisão.

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Objetivo

Hoje, o método do BSC é, na grande maioria dos casos, implantado em

grandes corporações e a intenção desta monografia é mostrar e demonstrar,

na prática, que a implantação dos conceitos dessa ferramenta de gestão

estratégica pode trazer imensos benefícios também para as Micros e

Pequenas empresas. As dificuldades destas empresas em se manterem

“vivas” no mercado são imensas e o despreparo dos empreendedores é um

dos fatores determinantes para o alto índice de mortalidade destas empresas,

o que se torna um problema social, pois está diretamente envolvido com outros

aspectos da sociedade, como: marginalização, informalidade, educação, etc.

Justificativa

A escolha deste tema foi baseada justamente na alta taxa de

mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil. Dados do SEBRAE

(2007) mostram que 98.9% das empresas no Brasil são constituídas por micro

e pequenas e 22% destas empresas decretam falência antes mesmo de

completarem dois anos de existência. O principal fator desta alta taxa de

mortalidade é a inexperiência do empreendedor brasileiro, seja por

incompetência técnica, pela falta de experiência profissional e/ou até mesmo

inexperiência de campo. Por estes motivos, busca-se, através desta

monografia, demonstrar na prática que, com a aplicação dos quatro pilares

(perspectivas) do Balanced Scorecard, podemos tornar as Micro e Pequenas

Empresas mais competitivas e mais bem preparadas para enfrentar a

avassaladora competitividade dos mercados na nova Era da Informação.

O intuito deste trabalho é proporcionar conhecimento teórico e

demonstrar uma aplicação prática de uma ferramenta de gestão estratégica

para micro e pequenos empresários, a fim de incentivá-los a buscarem os

conhecimentos necessários para melhores tomadas de decisão e, por fim,

ajudar as Micro e Pequenas empresas a tornarem-se mais sustentáveis.

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CAPÍTULO I – BALANCED SCORECARD

1.1 – Introdução ao BSC

O Balanced Scorecard foi desenvolvido por dois homens: Robert

Kaplan, professor da Universidade de Harvard, e David Norton, um profissional

de consultoria. Em 1990, Kaplan e Norton fizeram uma pesquisa para 12

empresas explorando novos métodos de medição de desempenho e chegaram

à conclusão de que as empresas estavam preocupadas somente com os

resultados financeiros e perceberam que isso, não necessariamente, seria

suficiente para um futuro próspero. Então, esse grupo de analistas, liderados

por Kaplan e Norton, enxergou que era preciso criar uma sinergia em todas as

partes da empresa, com intuito de chegar a um denominador comum, ou seja,

alinhar toda a empresa em função de sua estratégia.

Com sábias palavras, Larry Brady (1996), presidente da FMC, nos

resume por completo a importância e o impacto do BSC nas organizações:

“Como empresa altamente diversificada,... a

medida de retorno sobre o capital empregado (ROCE) era

particularmente importante para nós. No final do ano

recompensávamos os gerentes de divisão que

apresentassem o desempenho financeiro previsto.

Vínhamos administrando a empresa com rigor e sucesso

nos últimos 20 anos. Mas estava ficando cada vez mais

difícil identificar de onde viria o crescimento futuro, e em

que outros setores da inovação a empresa deveria

participar. Havíamos nos tornado uma empresa com alto

retorno sobre investimento, mas com menos potencial

para continuar crescendo. Pelos nossos relatórios

financeiros, também não ficava de todo claro o progresso

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que estávamos obtendo na implementação de iniciativas

de longo prazo”

Surgia um novo modelo de Gestão Estratégica, cujo maior desafio seria

integrar um conjunto de objetivos estratégicos ao dia a dia operacional das

pessoas. O BSC permite que uma organização traduza sua visão e estratégia,

através dos objetivos e medidas por ela adotados. O uso da medição é ponto

fundamental na obtenção de uma estratégia, mas para melhor avaliação a

empresa precisa se questionar nos seguintes aspectos:

a) Dadas a missão e a visão de uma empresa, qual é a sua estratégia

competitiva?

b) Tomando como referência esta estratégia, que indicadores de

desempenho são mais importantes?

c) Como esses indicadores quantitativos e qualitativos se relacionam

entre si?

d) Que indicadores efetivamente demonstram o sucesso do negócio em

gerar valor a longo prazo?

O BSC procura responder a essas perguntas. De acordo com Kaplan e

Norton, o Balanced Scorecard é uma ferramenta (ou metodologia) que “traduz

a missão e a visão das empresas num conjunto abrangentes de medidas de

desempenho que serve de base para um sistema de medição e gestão

estratégica”.

A maior dificuldade em implantar um BSC em qualquer organização é

derrubar as barreiras enraizadas na cultura das pessoas. Com o conhecimento

e a experiência que os resultados dos projetos do BSC trouxeram, Kaplan e

Norton identificaram alguns princípios que uma organização deveria seguir

para orientar-se pela estratégia:

1. Traduzir a estratégia em termos operacionais

2. Alinhar a organização a estratégia

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3. Transformar a estratégia em tarefa de todos

4. Converter a estratégia em processo contínuo

5. Mobilizar a mudança por meio da liderança

Figura 01: Os princípios da Organização Orientada para

Estratégia (Fonte: Kaplan e Norton,1997)

1.2 – Histórico do BSC

Segundo o autor Emílio Herrero Filho no Livro Balanced Scorecard e a

Gestão Estratégica, o BSC pode ser dividido em 4 fases:

“Fase 1 (BSC como Ferramenta de Mensuração):

É caracterizada pela pesquisa Medindo a Performance

nas Organizações do Futuro (1990), liderada por Norton e

Kaplan, com o objetivo de desenvolver um novo modelo

de medição do desempenho. Os líderes das empresas

participantes do projeto acreditavam que as medidas

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financeiras tradicionais de avaliação de desempenho

estavam prejudicando a capacidade das empresas de

criar valor econômico para o futuro. O principal resultado

da pesquisa foi a criação do modelo do Balanced

Scorecard reproduzido no clássico artigo “Balanced

Scorecard – Indicadores que impulsionam o

Desempenho”, publicado na Harvard Business Review de

janeiro-fevereiro de 1992, e que vincula as medidas de

performance à estratégia da organização.

Fase 2 (O BSC como Ferramenta de

Implementação da Estratégia): É caracterizada pela

principal lição aprendida pelas empresas que adotaram o

Balanced Scorecard: O BSC estava sendo utilizado como

uma eficiente ferramenta para implementação da

estratégia, e não apenas como um instrumento de

mensuração da performance. Agora, o BSC incorporava

quatro novos processos de negócios (Tradução da visão,

Comunicação e Conexão, Planejamento de Negócios e

Feedback e Aprendizado) que possibilitavam a conexão

dos objetivos estratégicos de longo prazo com as ações

de curto prazo. Uma síntese desse aprendizado apareceu

no artigo “Utilizando o Balanced Scorecard como Sistema

Gerencial Estratégico”, publicado pela Harvard Business

Review de janeiro-fevereiro de 1996.

Fase 3 (O BSC como Sistema de Gestão

Estratégica): Caracteriza-se pelo novo aprendizado das

empresas que haviam implementado com sucesso o

Balanced Scorecard: O BSC permitia o alinhamento dos

recursos organizacionais (como equipes executivas,

unidades de negócios, áreas de apoio, tecnologia da

informação e recrutamento e treinamento de

empregados) e criava o foco necessário para a

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implementação da estratégia. As empresas que

pretendessem se tornar uma organização orientada para

a estratégia deviam seguir cinco princípios gerenciais:

Traduzir a estratégia em termos operacionais, alinhar a

organização à estratégia, transformar a estratégia em

processo contínuo e mobilizar a mudança por meio da

liderança executiva.

Fase 4 (O BSC como Modelo de Gestão

Estratégica Integrada): è caracterizado pelo aprendizado

de dois novos conceitos: os objetivos estratégicos

deveriam interligar-se em relações de causa e efeito e a

criação de mapas estratégicos que possibilitavam

descrever e comunicar a estratégia para os participantes

da organização. Além disso, Kaplan e Norton, a partir das

quatro perspectivas, procuraram incorporar no processo

de BSC, todos os avanços em gestão de negócios num

sistema de gestão estratégica integrado. Os autores

também enfatizaram a gestão do conhecimento com o

aprofundamento da metodologia de perspectiva de

aprendizagem e renovação.”

1.3 – As perspectivas do BSC

De acordo com a metodologia do Balanced Scorecard, a missão e a

visão da empresa precisam estar alinhadas para a obtenção de um

resultado final que seja interessante para todas as partes interessadas. Para

isso, foram definidas como base quatros perspectivas, que visam equilibrar

os objetivos de curto e longo prazos da organização. As quatro perspectivas

são:

• Perspectiva Financeira – Avalia se a organização está

contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros, melhora

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do lucro líquido, geração de caixa, retorno sobre investimento,

entre outros.

• Perspectiva do Cliente – Visa acompanhar e medir de perto se a

organização está atendendo às necessidades de seus clientes-

alvo. Indicadores de satisfação dos clientes, retenção de clientes,

aquisição de novos clientes são utilizados como base nessa

perspectiva.

• Perspectiva dos Processos Internos – Identifica se os processos

internos estão atendendo às expectativas dos clientes e se os

processos estão atingindo os resultados financeiros esperados.

• Perspectiva de Aprendizagem e Crescimento – Verifica se o

capital Humano empregado nas diversas partes da organização

está se desenvolvendo para novos conhecimentos e contribuindo

para melhores resultados nas outras três perspectivas.

Estas perspectivas precisam estar alinhadas e com objetivos definidos,

para que sejam criados indicadores de desempenho, de modo a serem

medidas e geradas metas que alcancem o resultado esperado e planejado

na estratégia definida.

1.3. 1 – Perspectiva Financeira.

O principal objetivo da perspectiva financeira é mostrar que as ações e

medidas orientadas pela estratégia estão, de fato, aumentando a riqueza dos

acionistas e das demais partes interessadas. As metas estabelecidas pela

estratégia devem ser atingíveis e estar diretamente relacionadas com as outras

perspectivas, pois elas servirão de base para a organização atingir os

resultados financeiros esperados de forma sustentável.

Segundo Kaplan e Norton (2000) “As medidas financeiras de

desempenho indicam se a estratégia de uma empresa, sua implementação e

execução estão contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros”.

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Os desafios e metas propostas pela perspectiva financeira geralmente

são medidos por melhoria de rentabilidade, aumento de receita, melhoria dos

custos, redução de riscos e etc. Portanto, conclui-se que a dependência dos

resultados financeiros está diretamente ligada a outras perspectivas.

Exemplificando, podemos supor que se alterássemos algum processo interno

que nos trouxesse redução de custo, isto, consequentemente, elevaria o

resultado financeiro da organização como um todo e, ao satisfazer as

necessidades de um cliente por completo, aumentaria a chance de este cliente

voltar a comprar e até indicar novos clientes para a organização. Tal medida

poderia, inclusive, ocasionar a redução do capital direcionado a marketing para

a captação de novos clientes.

Kaplan e Norton (1997) assumem que existem três temas financeiros

que norteiam a estratégia empresarial:

• O crescimento e mix de receita: Expandir o mercado atuante da

organização com intuito de angariar novos clientes, o que poderia

ocorrer através de alguns canais como: Aumento de participação em

certos mercados, aumento do mix de produtos, novas estratégias de

preço, e etc.

• Redução de custos/melhoria de produtividade: Está diretamente

relacionada com os processos internos. Algumas soluções propostas

poderiam consistir na redução de custos unitários, melhoria de

canais de distribuição, otimização da logística, dentre outras.

• Utilização dos ativos/estratégias de investimento: Melhor utilização

do capital para melhorar os processos existentes, investimentos no

capital humano e intelectual, novos sistemas de informação, ou seja,

melhor utilização de seus investimentos com foco na estratégia

definida.

Podemos resumir e afirmar que a perspectiva financeira norteia a

estratégia, partindo dos objetivos estratégicos de longo prazo da organização,

ditando o ritmo das ações necessárias em relação aos processos internos,

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clientes, e por fim, de funcionários e sistemas, a fim de produzir o desempenho

econômico esperado.

1.3. 2 – Perspectiva dos Clientes

Na perspectiva dos clientes, a organização precisa, primeiramente,

identificar os seguimentos de clientes e de mercados em que ela deseja atuar,

pois estas serão suas fontes para os resultados financeiros previstos pela

estratégia definida. A perspectiva dos clientes funciona como base para a

percepção dos resultados relacionados aos clientes. Portanto, podemos

mensurar, com alguns indicadores, se as estratégias estão gerando valor para

o seguimento de clientes definidos pela organização. Outro fator importante é a

preocupação contínua com a imagem e a reputação da marca da organização,

pois é imagem que representa o principal ativo da empresa.

Os principais indicadores utilizados para medir a perspectiva dos

clientes estão relacionados à retenção de clientes, satisfação dos clientes em

relação aos produtos e serviços oferecidos pela empresa, fidelidade, captação

de novos clientes e lucratividade por cliente.

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Figura 02: A Perspectiva do Cliente – Medidas Essenciais

Para se destacarem no mercado atual, as empresas precisam estar

dispostas a ouvir e analisar constantemente as ações de seus clientes. A

segmentação de seu mercado precisa estar bem definida, pois ações de

marketing que não atinjam seu publico alvo especifico gerariam custos

desnecessários para a empresa. Uma forma de medir como a empresa está se

comportando em relação as suas perspectivas é o aumento de participação de

mercado, pois este indicador reflete exatamente a proporção de negócios no

mercado em que a organização atua. Mostra se a empresa esta captando

novos clientes e retendo os clientes de sua carteira.

1.3. 3 – Perspectiva dos Processos Internos

Para a perspectiva dos processos internos, é importante definir quais

são os processos críticos e quais seus principais impactos sobre as outras

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perspectivas, já que são os processos internos que conduzirão aos objetivos

dos clientes e, consequentemente, aos objetivos financeiros.

Na maioria das empresas, o foco está direcionado para a melhoria dos

processos existentes. O BSC recomenda uma visão mais global do negócio em

relação aos seus processos, como investimentos em novas tecnologias e

motivações constantes para inovação de produtos, processos e serviços que

permitam enxergar além dos processos e sim identificar necessidades e

anseios futuros de determinados seguimentos de clientes. A diferença do BSC

para as outras metodologias é exatamente a importância global que ele traz

para os processos internos como inovação e investimento no processo de

relacionamento com os clientes, com um pós-venda totalmente ativo e disposto

a prever e influenciar no poder de compra dos clientes, não se atendo somente

a processos operacionais como melhoria da qualidade, redução de ciclos de

produção, aumento de produtividade e redução de custos unitários e etc. O

BSC utiliza a perspectiva de processos internos como principal foco na

geração de valor para os clientes e acionistas, pois são os processos que irão

atender e superar as expectativas de quem utiliza os produtos ou serviços de

uma organização.

FIGURA 03: A Perspectiva dos Processos Internos – O Processo de

Inovação

Em resumo, a perspectiva dos processos internos Kaplan e Norton

(1997) dizem que “Na perspectiva dos processos internos, os executivos

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identificam os processos críticos em que devem buscar a excelência, a fim de

atender aos objetivos dos acionistas e de segmentos específicos de clientes”.

1.3.4 – Perspectiva de Aprendizado e Crescimento

Por fim, a última das quatro perspectivas sugeridas pelo BSC envolve

a questão do Capital Humano e a Gestão do Conhecimento. Este ponto de

vista é tratado como alicerce para os objetivos traçados nos demais, ou seja,

podemos traçar metas financeiras ambiciosas, melhoria em processos, melhor

atendimento ao cliente e etc, mas, se a organização não possuir pessoal

qualificado para alcançar estas metas, será inviável atingir as expectativas da

organização em relação ao seu planejamento estratégico.

Esta perspectiva evidencia a importância do investimento em pessoas,

principalmente na capacitação dos colaboradores, na melhoria contínua dos

sistemas de informação, na motivação, empowerment e no alinhamento dos

colaboradores em relação à estratégia definida.

Atualmente, com a valorização do capital humano, tornou-se evidente

no mundo inteiro a importância e o esforço que as organizações estão fazendo

para reter seus talentos. Hoje, não é somente a remuneração que atrai bons

profissionais, mas também o ambiente de trabalho, os benefícios gerados por

esta empresa e, em alguns casos, até a atividade fim da empresa.

Alguns indicadores importantes na perspectiva de aprendizado e

conhecimento são:

• Satisfação dos funcionários

• Retenção de funcionários

• Produtividade por funcionário

Estes indicadores estão, de certa forma, alinhados, pois se um

funcionário está satisfeito, dificilmente ele deixará a empresa em que trabalha

e sempre estará motivado para desempenhar sua função com alta

produtividade. Por exemplo, a meta de produção está dividida em várias

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etapas, que são realizadas por funcionários. Se um deles estiver

comprometido e suficientemente motivado, pode comprometer o resultado

geral do planejamento estratégico.

Os sistemas de informação devem ser cada vez mais dinâmicos e

funcionar em tempo real, pois auxiliam diretamente nas tomada de decisões

pelos executivos. Portanto estes precisam ter feedback rápido para poderem

acertar na maioria de suas decisões e evitar problemas que poderão impactar

nos resultados organizacionais desejados. A importância da confiabilidade nos

sistemas de informação da empresa é fator determinante para a realização de

um planejamento estratégico.

1.4 Integração das medidas do BSC à Estratégia

O objetivo do BSC, apresentada suas quatro perspectivas, é, sobretudo,

motivar todos seus colaboradores (executivos e funcionários) a implementar

com sucesso sua estratégia. Assim, o principal desafio das empresas é traduzir

sua estratégia em sistemas de mensuração capazes de transmitir a todos

objetivos e metas financeiras e não financeiras. As empresas que conseguirem

esta transmissão estarão fadadas ao sucesso de implantação do BSC.

Kaplan e Norton (2000) definem a importância da implantação de um

scorecard com a questão: “Porque é importante elaborar um scorecard para

comunicar a estratégia de uma unidade de negócio”?

• O Scorecard descreve a visão de futuro da empresa para toda a

organização, criando aspirações compartilhadas.

• O Scorecard cria um modelo holístico da estratégia, mostrando a todos

os funcionários como podem contribuir para o sucesso organizacional.

Sem esse elo, os indivíduos e departamentos podem até otimizar seu

desempenho local, mas não contribuirão para a realização dos objetivos

estratégicos.

• O Scorecard dá foco aos esforços de mudança. Se os objetivos e

medidas certos forem identificados, a implementação provavelmente

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será bem sucedida. Caso contrário, os investimentos e iniciativas serão

desperdiçados.

Os três princípios básicos que permitem a integração do BSC à sua

estratégia são:

1. Relação de causa e efeito.

2. Vetores de desempenho.

3. Relação com fatores financeiros.

A relação de causa e efeito é uma relação de ação e reação, onde

Kaplan e Norton (1997) definem com um exemplo prático:

“Se intensificarmos o treinamento dos

funcionários em produtos, eles adquirirão, então mais

conhecimentos sobre a gama de produtos que podem

vender; se os funcionários passarem a conhecer melhor

os produtos, a eficácia de suas vendas, então,

aumentará. Se a eficácia das vendas aumentar, as

margens médias dos produtos que eles vendem, então,

também aumentarão”.

Em suma, o sistema de mensuração deve relacionar os objetivos com

as medidas financeiras e ações tomadas ao longo do tempo e avaliar

constantemente se estão de acordo com a estratégia definida. Os vetores

de desempenho servem para verificar se os resultados estão direcionando a

organização para o caminho desejado. Com estes vetores, identificamos

ocorrências e tendências que nos levam cumprimento das metas desejadas.

Caso a tendência seja negativa, os executivos devem tomar decisões

rápidas para que a tendência assuma sua direção correta. Estas relações

devem estar sempre relacionadas com os outros objetivos e, principalmente,

com as medidas financeiras desejadas pelos acionistas.

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CAPÍTULO II – BALANCED SCORECARD EM MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS

2.1 – As Micro e Pequenas Empresas

O Brasil é um dos países que mais empreende no mundo e, atualmente,

a grande maioria das empresas está classificada como Micro e Pequena

Empresa, porém, o índice de mortalidade destas empresas no Brasil é algo

assustador e, nesse sentido, O BSC é um grande passo rumo à

profissionalização.

Geralmente, os principais gestores de Micro e Pequenas Empresas

estão diretamente envolvidos com as práticas operacionais do negócio, o que

sobrecarrega e evita que se preocupem e se dediquem a implantar uma

estratégia para sua empresa. Por tal motivo, a implantação do BSC seria um

grande passo rumo à profissionalização dessas empresas, pois, feito o mapa

estratégico e o alinhamento junto aos colaboradores, torna-se parte do dia a

dia da gestão do negócio. Muitas micro e pequenas empresas possuem

grandes negócios, mas por falta de planejamento e a instabilidade dos

mercados, acabam tendo que fechar suas portas.

2.1.1 – Conceito de Micro e Pequenas Empresas

A classificação de empresas é um conceito bastante discutido e os

critérios mais comuns para a definição desta classificação são o faturamento (a

receita gerada por vendas) e o número de empregados registrados na

empresa.

No Brasil, oficialmente, está em vigor a lei número 9.317/96, de 5 de

dezembro de 1996 [LEI96], que define, para os seus fins, Micro Empresa como

sendo “a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano calendário, receita bruta

igual ou inferior a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais)” e empresa de

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pequeno porte como a “pessoa jurídica que tenha auferido, no ano calendário,

receita bruta superior a R$120.000,00 (cento e vinte mil reais) e igual ou

inferior a R$720.000,00 (setecentos e vinte mil reais)”.

Já o SEBRAE (Serviço de apoio a micro e pequenas empresas), órgão

que apoia as entidades, classifica também estas instituições por número de

empregados registrados, tendo, porém, uma classificação diferente para

empresas de comércio e serviço em relação às empresas industriais. Quanto

ao número de empregados, as empresas são classificadas, segundo a área de

pesquisa do SEBRAE, conforme a Tabela 1:

PORTE EMPREGADOS

MICRO EMPRESA No comércio e serviços até 09 empregados

Na indústria até 19 empregados

PEQUENA EMPRESA No comércio e serviços de 10 a 49 empregados

Na indústria de 20 a 99 empregados

MÉDIA EMPRESA No comércio e serviços de 50 a 99 empregados

Na indústria de 100 a 499 empregados

GRANDE EMPRESA No comércio e serviços com mais de 99 empregados

Na indústria com mais de 499 empregados

Tabela 01: Classificação de empresas quanto ao número de

empregados (Fonte: SEBRAE, 2001)

Percebe-se que não há clareza no critério de classificação das

empresas, portanto, julga-se necessário que cada empresa se enquadre de

acordo com seus objetivos, delimitando-se em sua área e setor de atuação

para minimizar distorções e se adequar à forma mais próxima de sua

realidade.

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2.1.2 – A mortalidade de Micro e Pequenas Empresas

O Brasil, apesar dos tropeços da economia, como já dito, é um dos

países que mais cultiva o empreendedorismo no mundo, mas também carrega

em sua sina a alto percentual de insucesso das empresas classificadas como

micro e pequenas.

Dados obtidos junto a sindicatos e ONGs dão conta de que perto de

95% das empresas que abrem suas portas no país quebram antes de

completar cinco anos de atividade e que, de cada dez empreendimentos

abertos, apenas três conseguem permanecer no mercado depois de três anos.

Os fatores que mais contribuem para este alto índice com relação às micro e

pequenas empresas, segundo a pesquisa “Fatores Condicionantes e Taxas de

Sobrevivência e Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas no Brasil”

realizadas pelo SEBRAE, a principal razão para o fechamento (68%) das

empresas está diretamente ligada ao bloco de falhas gerenciais, destacando-

se:

• Ponto/local inadequado para o empreendimento.

• Falta de conhecimentos gerenciais.

• Desconhecimento do mercado.

• Causas econômicas.

Aproveitando este mesmo assunto, Chiavenato (2008) citou: “nos novos

negócios, a mortalidade prematura é elevadíssima, pois os riscos são inúmeros

e não faltam.” Diante disso, ele aponta algumas das possíveis causas de

fechamento das empresas, que são apresentadas na tabela 2:

INEXPERIÊNCIA – 72%

Incompetência do empreendedor

Falta de experiência de campo

Falta de experiência profissional

Experiência desequilibrada

FATORES ECONÔMICOS – 20% Lucros insuficientes

Juros elevados

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Perda de mercado

Mercado consumidor restrito

Nenhuma viabilidade futura

VENDAS INSUFICIENTES – 11%

Fraca competitividade

Recessão econômica

Vendas insuficientes

Dificuldades de estoques

DESPESAS EXCESSIVAS – 8% Dívidas e cargas demasiadas

Despesas operacionais

OUTRAS CAUSAS – 3%

Negligência

Capital insuficiente

Clientes insatisfeitos

Fraudes

Ativos insuficientes

Tabela 02: As causas mais comuns de falhas no negócio

(Fonte: Chiavenato 2008)

A intenção desta metodologia é ajudar estes micros e pequenos

empresários, através do Balanced Scorecard, a enxergarem a importância da

definição de uma estratégia para seu negócio e a derivação desta estratégia

em metas e iniciativas para que as tornem empresas sustentáveis e enfrentem

as turbulências dos mercados em que atuam.

2.2 – Implantação do BSC em Micro e Pequenas Empresas

Diante do conceito abordado até presente momento,

metodologicamente, O BSC a ser implantado em Micro e Pequenas empresas

terá limitações em comparação à implantação em grandes empresas,

entretanto, serão utilizadas as premissas do conceito principal do BSC. Para

iniciar tal processo, o dividiremos em cinco etapas:

1. Definição da Visão e Missão da Empresa.

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2. Definição dos indicadores de desempenho para cada perspectiva

de valor.

3. Criação do Mapa Estratégico.

4. Mobilização através da liderança.

5. Análise e acompanhamento dos indicadores de desempenho.

2.2.1. Definição da Visão e Missão da Empresa

A visão serve como base para a criação do mapa estratégico,

determinando onde e como a organização se imagina no futuro próximo. A

missão procura explicar a razão de ser de uma organização e como deve

proceder pra gerar valor aos seus principais stakeholders. É nela que todos os

colaboradores irão se basear para alcançar o sucesso da organização.

Dada a importância de Missão e Visão na metodologia do Balanced

Scorecard, vale à pena reproduzir como Kaplan e Norton abordam esses dois

conceitos, como mostra a tabela 3:

Conceito de Missão Conceito de Visão

É uma declaração concisa, com foco

interno, da razão de ser da organização,

do propósito básico para o qual se

direcionam suas atividades e seus

valores que orientam as atividades dos

empregados. A missão também deve

descrever como a organização espera

competir no mercado e fornecer valor

aos seus clientes

É uma declaração concisa que define as

metas a médio e a longo prazos da

organização. A Visão deve representar a

percepção externa, ser orientada para o

mercado e deve expressar geralmente

em termos motivadores e visionários –

como a organização quer ser percebida

pelo mundo.

Tabela 03: Abordagem de Kaplan e Norton para Missão e Visão

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2.2.2. Definição dos indicadores de Desempenho para cada

perspectiva de valor

Os indicadores desempenho podem ser definidos e baseados em

algumas ferramentas de gestão estratégica, irá nos basear na cadeia de valor

criada por Michael Porter. Os indicadores devem estar sempre alinhados com

a Missão e a Visão da organização e respeitar as perspectivas do mapa

estratégico. Os indicadores a serem determinados:

• Indicadores Financeiros

• Indicadores relacionados aos clientes

• Indicadores de processos internos

• Indicadores de Aprendizado e Crescimento

Estes indicadores servirão para acompanharmos como está se

comportando a empresa para o atingimento de suas metas e expectativas,

assim, conquistando espaço no mercado e concluindo seu planejamento

estratégico.

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Figura 04: A Cadeia de Valor de uma Empresa (Fonte: Michael Porter)

2.2.3. Criação do Mapa Estratégico

O mapa estratégico é como um instrumento para dar forma e

facilitar a comunicação e a visualização da estratégia, para que todos os

participantes da organização entendam e compreendam a estratégia

competitiva, pois o principal desafio do BSC é transmitir a importância da

estratégia para todas as partes envolvidas na empresa. É por isso que a

implantação do BSC deve obedecer a uma linguagem simples e de fácil

entendimento pelos colaboradores da organização.

O BSC nada mais é que transformar a Visão e a Missão da

organização em objetivos, medidas, metas e iniciativas. A figura 05 mostra

exatamente a maneira como se deve ser feito esse desdobramento dos

objetivos estratégicos nas perspectivas de valor.

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FIGURA 05: Desdobramento dos Objetivos Estratégicos nas

Perspectivas de Valor (Fonte: Emílio Herrero Filho,2005)

As perspectivas estão sempre interligadas a um objetivo maior, que é

executar a Visão e a Missão da organização e todas com menores objetivos

que irão se complementando até chegar ao objetivo final. Quando uma das

perspectivas não atinge seus objetivos, a organização toda sofre uma

reação, pois as perspectivas são diretamente dependentes. Um fator

importante é que com os indicadores de desempenho trabalhando

corretamente, os problemas são facilmente detectados, facilitando a tomada

de decisão para corrigir o problema.

2.2.4. Mobilização através da liderança

Esta última etapa é considerada a mais importante para a implantação

do BSC em uma organização, pois sem a conscientização de todos e o apoio

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direto da liderança, dificilmente a organização trilhará o seu caminho em

relação ao futuro almejado.

O BSC necessita diretamente do apoio constante dos executivos da

empresa para que se torne realidade, principalmente na renovação dos

conceitos da última perspectiva (Do Aprendizado e do Conhecimento). Ela que

servirá como base para o atingimento das metas nas outras perspectivas.

Portanto, os principais gestores devem direcionar parte de seus investimentos

para utilizá-los no desenvolvimento do Capital Humano.

De acordo com pesquisa realizada em 1999 pela Revista Fortune,

somente 10% das organizações são bem sucedidas na implementação de

suas estratégias, pelos mais diferentes motivos:

Figura 06: Principais obstáculos à implementação da Estratégia

(Fonte: Revista Fortune,1999)

Observando a figura 6, podemos concluir que a implantação da

Estratégia requer muita disciplina e atuação constante por parte dos principais

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executivos da empresa, pois sem a confiança plena da estratégia, a

disseminação cultural em relação às partes envolvidas não será suficiente para

que a organização cumpra seus objetivos.

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CAPÍTULO III – APLICAÇÃO PRÁTICA DO BALANCED

SCORECARD NA EMPRESA SALGADINHOS DO LAR

3.1 – Introdução a Empresa Salgadinhos do Lar

A Empresa Salgadinhos do Lar, fundada em Setembro de 2010, é ainda

uma empresa embrionária no mercado e tem como principal foco do negócio a

venda de salgados congelados para pequenos eventos e para o próprio

consumidor final.

A Salgadinhos do Lar está localizada na Barra da Tijuca – RJ e conta

com uma pequena estrutura para atender a seus clientes:

• Uma atendente comercial

• Uma salgadeira profissional

• Um entregador Freelancer

A parte administrativa é gerenciada pelos sócios e as principais

decisões são tomadas por eles, baseados em fatos diários e em outras

experiências administrativas, mesmo que não estejam 100% dedicados ao

negócio.

O mercado de festas e organização de eventos é bastante competitivo e

está distribuído, em termos de participação, nas mãos de muitas Micro e

Pequenas Empresas. Portanto, a Salgadinhos do Lar definiu que precisaria de

uma estratégia para sobreviver às turbulências deste mercado e crescer de

forma organizada e sustentável. Deste modo, a ferramenta escolhida para

auxiliar a empresa na execução da implantação desta cultura voltada para a

Estratégia foi o Balanced Scorecard.

Com isso, chegamos à proposta principal desta monografia que é

demonstrar, na prática, a implantação do Balanced Scorecard e apontar seus

benefícios nas Micro e Pequenas empresas. Nos próximos tópicos, o trabalho

apresentará como foi implantado o BSC na empresa.

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3.2 – Visão e Missão da Empresa Salgadinhos do Lar

Para a formulação de uma estratégia, os sócios da empresa optaram

por realizar uma análise SWOT, que permite identificar as oportunidades e as

ameaças referentes ao mercado em que atuam. Nesse sentido, foram

debatidos os pontos fracos que a empresa possui e destacados os pontos

fortes que a empresa pode explorar para alcançar o sucesso. Baseados nos

conceitos estudados sobre Visão e Missão, e com referência na análise

SWOT, foi possível determinar a Visão e a Missão da empresa Salgadinhos do

Lar.

Visão da Salgadinhos do Lar Missão da Salgadinhos do Lar

A visão da Salgadinhos do Lar é ser

reconhecida como a melhor empresa de

salgados congelados do Estado do Rio

de Janeiro

A Missão da Salgadinhos do Lar é

trabalhar de forma alegre e

descontraída, fornecendo produtos de

qualidade e excelência no atendimento

aos clientes

Tabela 04: Visão e Missão da Empresa Salgadinhos do Lar

Com a Visão e a Missão definidas como base para a implantação do

Balanced Scorecard é possível traçar e definir o próximo passo, que é a

definição dos indicadores de desempenho, baseados nas quatro perspectivas

do BSC. (Financeira, dos Clientes, dos processos Internos e da Aprendizagem

e do Conhecimento)

3.3 – Definição dos indicadores de desempenho para cada

perspectiva de valor na Salgadinhos do Lar

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A etapa de definição dos indicadores de desempenho de uma

empresa é muito importante e deve estar diretamente relacionada à

execução da estratégia. Seguindo a Visão e a Missão da empresa, os

líderes da Salgadinhos do Lar definiram os indicadores baseados nas

quatro perspectivas de valor do BSC. Para facilitar esta definição, foi

criada uma árvore (Figura 07), no intuito de verificar os principais

objetivos da estratégia da empresa e alinhar ao que deveria ser medido

e realizado de modo a facilitar a execução da estratégia.

Figura 07: Alinhamento das perspectivas de valor da Salgadinhos do

Lar

Podemos observar na figura 07 que as perspectivas estão sempre

interligadas e que os objetivos de alguns indicadores levam exatamente à

eficiência de outros indicadores e mostram a correlação entre todos os

processos ao longo da cadeia produtiva.

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3.3.1 Perspectiva Financeira da Salgadinhos do Lar

Por se tratar de uma empresa nova, de simples administração e

pequena estrutura, optou-se por medir sua avaliação financeira através

da implantação de dois indicadores principais. O primeiro indicador de

desempenho utilizado pela empresa foi o de faturamento, que mede o

total de vendas realizadas mês a mês. Este indicador demonstra se a

empresa está evoluindo ou retraindo em relação ao mercado em que

atua (Gráfico 01). O outro indicador utilizado financeiramente foi o

REALIZADO X ORÇADO. Este indicador prevê se a empresa está

respeitando as margens de gastos estipuladas para cada setor da

empresa, podendo, assim, manter seu caixa em controle constante e

evitar possíveis surpresas indesejadas no final do mês.

Gráfico 01: Gráfico Faturamento Mensal da “Salgadinhos do Lar”

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O Gráfico 01 mostra que a tendência da empresa é de alta, pois está em

crescimento de vendas e ganhando participação de mercado. Isto significa que

outros setores devem possuir perspectivas proporcionais ao crescimento

esperado.

3.3.2 Perspectiva dos Clientes da Salgadinhos do Lar

Desde o princípio, os líderes da Salgadinhos do Lar definiram que os

clientes são os principais ativos para a empresa. Por isso, a empresa utilizou a

cadeia de valor sugerida por Michael Porter, a qual avalia todos os processos

internos, desde a prospecção do cliente até o pós venda. Por tal motivo, a

atendente comercial foi instruída a agradar e satisfazer as necessidades dos

clientes ativos da empresa de forma contínua. Os indicadores escolhidos para

direcionar a empresa quanto ao cumprimento desta estratégia comercial foram:

• Captação de Novos Clientes

• Índice de fidelidade de clientes

• Nível de satisfação dos Clientes

Captação de novos clientes: Este indicador visa demonstrar se a

empresa está adquirindo novos clientes e se seus métodos de prospecção

implantados estão sendo eficazes, ou seja, se estão surtindo o efeito esperado

para o investimento realizado.

Índice de fidelidade de clientes: Este índice mede o retorno dos clientes,

ou seja, toda vez que um cliente já cadastrado faz uma nova compra é

registrado como fidelidade e é mensurado em relação ao faturamento total. É

uma porcentagem do faturamento mensal.

Nível de satisfação dos Clientes: Todas as vendas são registradas em

um banco de dados e toda vez que um novo cliente faz uma compra, a

empresa entra em contato para saber se a qualidade dos produtos, a

pontualidade da entrega e o atendimento atenderam as suas expectativas

iniciais.

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3.3.3 Perspectiva dos Processos internos da Salgadinhos do Lar

Os processos internos são a base para entregar o que o cliente deseja,

seja em produtos ou serviços. Constituem parte fundamental para quem quer

prosperar nos negócios, já que é medindo os processos internos que podemos

verificar se a empresa possuirá condições de atender plenamente às

necessidades de seus clientes.

Os indicadores de desempenho que a Salgadinhos do Lar optou por

avaliar e medir foram:

• Número de salgados produzidos por mês/Produção mensal

• Número de pedidos realizados no mês

• Ticket médio de pedidos

• Número de acessos ao site da empresa

Número de salgados produzidos por mês: é a quantidade de salgados

produzidos em cada mês. Este indicador mostra a evolução das ações

realizadas na produção - se estão sendo eficientes - e também se a produção

está acompanhando na proporção devida, o crescimento demandado pelo

setor de vendas.

Número de pedidos realizados no mês: este indicador mostra a

quantidade de pedidos feitos em um determinado mês. Este indicador possui

vetores como o número de pedidos por determinada região, qual região possui

o maior número de pedidos com valor agregado e etc. É de bastante utilidade

para que a logística se posicione e aponte suas necessidades de crescimento.

Ticket médio de pedidos: Mostra a evolução das vendas por pedido e a

capacidade do setor de vendas de agregar mais produtos por venda realizada,

pois quanto maior o faturamento do pedido, menor será o seu custo logístico.

Número de acessos ao site da empresa: Este indicador mede

diariamente, através do software Google Analytics, o número de acessos

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recebidos. Através deste indicador, mensuramos a captação de novos clientes

através da internet.

3.3.4 Perspectiva de Aprendizagem e do Crescimento da

Salgadinhos do Lar

A Salgadinhos do Lar enxerga esta perspectiva como pilar de

sustentação para atingir os objetivos gerais da organização. Portanto, seus

líderes estão sempre buscando novos conhecimentos e ferramentas

gerenciais, com intuito de aplicar a melhoria contínua em seus produtos,

processos e serviços.

Por ser uma empresa sem muito capital para investimentos em

treinamentos e cursos de renome no mercado, inicialmente, a Salgadinhos do

Lar optou por criar um método simples e de baixo custo para que os envolvidos

nos processos e serviços se atualizem constantemente. O método criado

consiste em, a cada 2 meses, o responsável por cada área estudar uma

determinada ferramenta gerencial de sua área e apresentar o conceito para as

demais áreas. Isso ajuda os integrantes de outras áreas a entenderem melhor

os processos da área apresentada.

Criar indicadores de desempenho para esta perspectiva é mais

complicado do que nas demais, por conter conceitos mais intangíveis. Então, a

empresa utilizou apenas dois indicadores para mensurar esta perspectiva:

• Número de cursos externos realizados por ano

• Número de apresentações internas

Os cursos externos serão financiados pela empresa e, a cada ano,

serão avaliadas as áreas que necessitarão do investimento, de acordo com as

necessidades estratégicas da empresa.

3.4 – Aplicação do Mapa Estratégico na Salgadinhos do Lar

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Com os conceitos apresentados e as diretrizes estratégicas da empresa

Salgadinhos do Lar definidas, a construção do Mapa Estratégico, partindo da

árvore (Figura XZ), se dá através da informação de: seus objetivos; dos

indicadores necessários para medir e avaliar a estratégia; das metas derivadas

do objetivo principal da estratégia; e das iniciativas que levarão ao

cumprimento das metas almejadas. A figura a seguir mostra o Mapa

Estratégico da Empresa Salgadinhos do Lar:

Tabela 05: Mapa estratégico da Salgadinhos do Lar

3.4.1 Indicadores Financeiros da Salgadinhos do Lar

Em razão de a Empresa ter apenas um ano de existência e poucos

dados de seu passado para elaboração de um plano estratégico para um prazo

mais longo, o longo prazo estipulado para este trabalho foi de um ano corrente,

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sendo traçados objetivos e melhorias no tempo hábil de um ano. O BSC

implantado na Salgadinhos do Lar visa, como o conceito condiz, traduzir sua

estratégia em ações a serem medidas e executadas no dia a dia do negócio.

Na Perspectiva financeira foram traçadas metas de crescimento de 20%

ao mês, o que são consideradas metas agressivas no mercado em que atua,

mas por ser uma nova entrante, com novas soluções no mercado e produtos

de qualidade, os líderes aceitaram o desafio. Podemos enxergar como está

sendo medido o resultado do desempenho financeiro da empresa no gráfico a

seguir:

Gráfico 02: Indicador de Faturamento da Salgadinhos do Lar

Como podemos observar no gráfico 02, o realizado fica bem próximo

das metas estipuladas (o mês de julho está com resultados parciais), isto

significa que as ações estão sendo eficientes e o planejamento foi bem

estruturado.

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Outro indicador medido pelo BSC da Salgadinhos do Lar é o

planejamento das despesas mensais, que mostra por setor como está sendo

destinado o capital da empresa. O referencial faz uma comparação percentual

entre o orçado e o realizado, restringindo, assim, gastos que possam

comprometer o resultado final da organização como um todo A tabela a seguir

mostra o modelo:

Tabela 06: Indicador Orçado x Realizado (Junho 2010)

3.4.2 Indicadores de Clientes na Salgadinhos do Lar

Na Perspectiva dos clientes a Salgadinhos do Lar definiu três

indicadores como medidores do sucesso de sua estratégia. O primeiro

indicador visa demonstrar se a empresa está conseguindo captar no mercado,

e através de que canais de divulgação, novos clientes para seu portfólio. É

utilizado também um vetor de desempenho para identificar onde os novos

clientes foram prospectados, com a intenção de otimizar os custos com meios

de divulgações e eliminar os menos eficientes. De tal modo, otimizamos

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também os indicadores financeiros reduzindo o custo de divulgação. O gráfico

CD a seguir mostra a evolução ao longo do ano na captação de clientes:

Gráfico 03: Captação de Clientes da Salgadinhos do Lar

O gráfico de captação de clientes já não respeita o mesmo padrão que o

de faturamento estipulado pela empresa. Os dados são mais imprevisíveis e o

que justifica a queda na captação de clientes com o aumento do faturamento é

justamente o segundo indicador, o qual comentaremos a seguir, que mede o

índice de fidelidade dos clientes que compram na empresa. Feita uma segunda

compra pelo mesmo cliente, essa compra é reclassificada como recompra e,

através desse dado, chegamos ao índice desejado. O Gráfico a seguir mostra

de forma detalha a medição deste índice:

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Gráfico 04: Índice de recompra dos clientes da Salgadinhos do Lar

O realizado é o faturamento de pedidos de recompra dividido pelo

faturamento total realizado no mês. Esse número mostra, em termos

percentuais, se os clientes estão retornando a comprar na empesa. Tal índice

é tratado com extrema importância, pois mostra que a qualidade dos produtos

e o atendimento realizado estão dentro das expectativas dos clientes. O

terceiro e último indicador é a medição da satisfação do cliente. Para cada

venda realizada é feito um trabalho de pós venda para ouvir críticas, elogios e

sugestão dos clientes. Essa ouvidoria classifica as ligações em três tipos:

• Positivas – Quando há entusiasmo por parte do cliente quanto a

sua satisfação na venda.

• Neutras – Quando o cliente não demonstra total firmeza ao falar

dos produtos e serviços.

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• Negativas – Quando o cliente faz algum tipo de crítica relacionado

aos produtos e/ou serviços de uma determinada venda.

A partir destes dados, verificam-se as ocorrências e atua-se em cima

dos problemas e sugestões dos clientes para melhorar os processos internos

da empresa. Podemos observar que todos os indicadores estão integrados

conforme os conceitos sugeridos pelo Balanced Scorecard. O gráfico XVB, a

seguir, mostra o modelo de como é analisado o índice de satisfação dos

clientes pela empresa Salgadinhos do Lar:

MÊS JAN % FEV % MAR % ABR % MAI % JUN % POSITIVOS 23 77% 42 84% 29 88% 21 72% 29 88% NEUTROS 4 13% 4 8% 2 6% 4 11% 3 9%

NEGATIVOS 3 10% 4 8% 2 6% 4 12% 1 3% TOTAL 30 50 33 29 33

Gráfico 05: Indicador de satisfação de clientes da Salgadinhos do Lar

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As metas mostram que a Salgadinhos do Lar está sempre determinada

e preocupada em atender de forma excepcional seus clientes e considera que

se o índice de satisfação estiver abaixo dos 75%, ações devem ser tomadas

para que a empresa se torne mais competitiva no mercado e não comece a

perder clientes e, consequentemente, faturamento.

3.4.3 Indicadores dos Processos Internos na Salgadinhos do Lar

Na perspectiva dos processos internos, são medidos alguns fatores

importantes para o resultado futuro da empresa. A produção é acompanhada

de perto, pois com o crescimento constante de faturamento, a exigência para

se produzir mais é inerente. Para acompanhar as vendas, foi criado um

indicador mensal, que mostra o número de produtos produzidos a cada mês,

como podemos observar no gráfico abaixo:

Gráfico 06: Indicador de produção da Salgadinhos do Lar

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Como podemos observar na figura, a empresa não possuía metas para

a produção e, ao implantar o BSC, identificou-se a necessidade de atrelar

metas à produção, de modo a poder acompanhar o crescimento do

faturamento esperado pela empresa. Nota-se que há um aumento considerável

em relação à produção atual e à meta estipulada para o final do ano. Tratando-

se de produção, há que ser acompanhada bem de perto, bem como destinar

capital para novos investimentos e, até mesmo, contratar de mão de obra para

atingir as metas esperadas.

Outros indicadores são: o de número de pedidos realizados em um

determinado mês e o ticket médio por pedido. Conforme falamos

anteriormente, estes dois indicadores demonstram se os faturamentos por

pedido estão aumentando ou diminuindo. Os gráficos a seguir os mostram de

maneira bastante ilustrativa:

Gráfico 07: Indicador de quantidade de pedidos/mês e Ticket médio

mensal da Salgadinhos do Lar

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3.4.4 Indicadores de Aprendizado e Crescimento na Salgadinhos

do Lar

A Salgadinhos do Lar preza pelo conhecimento. Seus líderes são

unânimes na questão do desenvolvimento constante deste aspecto, pois

acreditam que são as pessoas que viabilizam os objetivos das demais

perspectivas. A importância da Gestão do Conhecimento e Gestão por

competência está cada vez mais postada como diferencial de mercado

no mundo dos negócios, onde os produtos e serviços estão

comoditizados. A diferença passaa ser, sem dúvidas, o capital Humano.

Por se tratar de uma empresa em fase inicial e sem muitos recursos

para altos investimentos em treinamentos e cursos, a Empresa

implantou uma forma criativa para desenvolver suas competências. Dois

indicadores foram colocados como base para esta perspectiva:

• Certificação em três palestras/cursos externos no ano de

2011

• Duas apresentações internas por mês

As apresentações internas são ministradas pelos líderes da empresa e

envolvem todos os colaboradores. O tema de gestão é escolhido mensalmente

por votação dos envolvidos e, ao fim das apresentações, é realizado um

brainstorming para a discussão do tema apresentado e sua relevância para o

negócio da empresa.

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CONCLUSÃO

Apesar de o Brasil ser um dos países mais empreendedores do

Mundo, observamos, com dados do SEBRAE, que o país possui dados

alarmantes em relação à mortalidade das micro e pequenas empresas, o que

se torna preocupante por causar um problema social. Chiavenato (2008)

mostrou, em estudos, que, na grande maioria dos casos, é a falta de

experiência e falta de conhecimento administrativo que leva a liderança dessas

empresas ao fracasso. Muitos empreendedores se tornam empreendedores no

Brasil, por necessidade: são demitidos, não conseguem recolocação no

mercado corporativo e acabam empregando suas economias na construção de

seu próprio negócio.

A metodologia do Balanced Scorecard, através de suas quatro

perspectivas, visa traduzir a estratégia das empresas em ações. Por isso, esta

ferramenta, adaptada a Gestão de micro e pequenas empresas, se torna tão

interessante. O microempreendedor precisa buscar conhecimento sobre o seu

mercado e sobre sua própria empresa e o primeiro passo para se ter uma

estratégia é construir a Visão e a Missão da empresa. Não foram encontrados

dados ou pesquisas relacionados à porcentagem de micro e pequenas

empresas que possuem uma estratégia, mas na experiência prática permite

deduzir que constituem uma forte minoria.

O estudo realizado mostra a importância de uma micro e/ou pequena

empresa possuir uma estratégia para enfrentar o mercado altamente

competitivo da atualidade e que traçada uma estratégia e alinhando-se as

perspectivas aos objetivos principais, dificilmente o empreendedor não vai

identificar os principais gargalos de seu negócio. Lembrando que o próprio

deve ter a perspicácia de aprender o máximo sobre seu negócio e seu

mercado. Foi mostrado, na prática, que a teoria do Balanced Scorecard

funciona, mas também foi mostrado, através de pesquisas, que somente 10%

das empresas conseguem transformar de fato suas estratégias em ação, ou

seja, é preciso enraizar a Missão e a Visão da empresa em todos os

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colaboradores, do Presidente ao menor cargo possível. As pessoas precisam

entender as razões e a importância de suas tarefas diárias. Assim o sucesso

do empreendimento se tornará uma realidade.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KAPLAN, Robert S; NORTON, David P. A Estratégia em ação: balanced

scorecard. Tradução Luiz Euclydes Trindade Frazão Filho. Rio de Janeiro:

Elsevier, 1997.

HERRERO, Emílio. Balanced Scorecard e a gestão estratégica: Uma

abordagem prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

NIVEN, Paul R. Balanced Scorecard passo-a-passo:elevando o desempenho e

mantendo resultados. Tradução Nilza Freire. Rio de Janeiro: Qualitymark,

2005.

KAPLAN, Robert S; NORTON, David P. Alinhamento:usando o Balanced

Scorecard para criar sinergias corporativas. Tradução Afonso Celso da Cunha

Serra. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

COHEN, Marleine. Guia Pequenas empresas & grandes negócios: como

manter viva a sua empresa. São Paulo: Globo, 2004.

________ . 2007. Fatores Condicionantes e taxa de sobrevivência e

mortalidades das micro e pequenas empresas no Brasil: 2003-2005. Disponível

em:http://201.2.114.147/bds/BDS.nsf/8F5BDE79736CB99483257447006CBAD

3/$File/NT00037936.pdf Acesso em : 01 de Julho de 2011.

PEREIRA, Rodrigo; SOUSA, Priscila. Fatores de mortalidade de micro e

pequenas empresas: um estudo sobre o setor de serviços. Disponível em:

http://www.aedb.br/seget/artigos09/195_Mortalidade_nas_MPEs.pdf Acesso

em: 10 de Julho de 2011.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

(Balanced Scorecard) 10

1.1 – Introdução ao BSC 12

1.2 – O Histórico do BSC

1.3 – Perspectivas do BSC 15

1.3.1 – Perspectiva Financeira 15

1.3.2 – Perspectivado Cliente 17

1.3.3 – Perspectivado dos Processos Internos 18

1.3.3 – Perspectivado de Aprendizagem e Crescimento 20

1.4 – Implantação das medidas do BSC à Estratégia 21

CAPÍTULO II

(Balanced Scorecard em Micro e Pequenas Empresas) 23

2.1 – As Micro e Pequenas Empresas 23

2.1.1 – O Conceito de Micro e Pequenas Empresas 23

2.1.2 – A Mortalidade de Micro e Pequenas Empresas 25

2.2 – Introdução do BSC em Micro e Pequenas Empresas 26

2.2.1 – Definição de Visão e Missão da Empresa 27

2.2.2 – Definição dos indicadores de desempenho para cada perspectiva

de valor 28

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2.2.3 – Criação do Mapa Estratégico 29

2.2.4 – Mobilização através da liderança 30

CAPÍTULO III

(Aplicação prática do BSC na Empresa Salgadinhos do Lar) 33

3.1 – Introdução a Empresa Salgadinhos do Lar 33

3.2 – Visão e Missão da Empresa Salgadinhos do Lar 34

3.3 - Definição dos indicadores de desempenho para cada perspectiva de valor

na Salgadinhos do Lar 34

3.3.1 – Perspectiva Financeira da Salgadinhos do Lar 36

3.3.2 – Perspectivado Cliente da Salgadinhos do Lar 37

3.3.3 – Perspectivado dos Processos Internos da Salgadinhos do Lar

38

3.3.4 – Perspectivado de Aprendizagem e Crescimento da Salgadinhos

do Lar 39

3.4 - Aplicação do Mapa Estratégico na Salgadinhos do Lar 39

3.4.1 – Indicadores Financeiros da Salgadinhos do Lar 40

3.3.2 – Indicadores de Cliente da Salgadinhos do Lar 42

3.3.3 – Indicadores dos Processos Internos da Salgadinhos do Lar

46

3.3.4 – Indicadores de Aprendizagem e Crescimento da Salgadinhos do

Lar 48

CONCLUSÃO 49

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

ÍNDICE 53

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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