a utilizaÇÃo do desdobramento da funÇÃo …para kaplan e norton (1992), o bsc reflete a primeira...
TRANSCRIPT
A UTILIZAÇÃO DO DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE PARA AIMPLEMENTAÇÃO DO BALANCED SCORECARD. UM ESTUDO DE CASO
APLICADO EM E-COMMERCE.Prof. Paulo Maurício Selig, Dr.
Eng. Simone de Cássia SilvaUniversidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-graduação em Engenharia de ProduçãoLaboratório do Grupo de Engenharia e Análise de Valor – GAV-PROJETOSCampus Universitário – Trindade – Florianópolis – SC – Brasil – 88040-900
Telefone: +55 48 331-7063 – Fax: +55 48 331-7102e-mail: [email protected] e [email protected]
ResumO referencial da competitividade pode ser focalizado na necessidade da busca
constante de vantagens que realcem a estratégia de sucesso econômico da organização.Atualmente, comprova-se a grande preocupação das empresas e pesquisadores com aestratégia direcionada ao cliente. Pela utilização de tecnologias e ferramentas, inseridas nosatuais sistemas gerenciais, fica claro que para se obter um desempenho superior em longoprazo, as empresas precisam criar e oferecer valores superiores aos seus clientes. Esteestudo tem como objetivo apresentar a implementação do sistema gerencial BalancedScorecard para a tradução da visão e da estratégia organizacional de uma empresa de e-commerce, tendo como ponto de partida, o valor percebido pelos clientes, pois provêmdeles uma parte significativa do capital ativo destas empresas.
Palavras-chave: estratégia do conhecimento direcionada ao cliente, indicadoresde desempenho, Desdobramento da Função Qualidade (QFD) e Balanced Scorecard (BSC).
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 2 / 16 -
1. Introdução
Diante do atual contexto empresarial que vem norteando as melhores práticas de
pesquisas científicas em integração das informações e gestão organizacional, são diversos
os pressupostos assumidos e tratados nas propostas acadêmicas referentes às metodologias,
técnicas, teorias e modelos em que se inserem as diretrizes da busca da excelência
direcionada a competência empresarial.
O referencial destas propostas está focalizado na necessidade constante de
vantagens que realcem a estratégia de sucesso econômico da organização, pela utilização de
informações integradas tanto do ambiente interno, quanto externo à empresa, tais como:
custeio baseado em atividades, gestão do conhecimento, benchmarking, marketing de
relacionamento e formação de sistemas que correlacionam a estratégia e a visão da empresa
com os objetivos de diferentes perspectivas empresariais, assim como o Balanced
Scorecard.
Para fins deste estudo, a estratégia organizacional selecionada vincula-se ao
conhecimento direcionado ao cliente, que tem como ponto de partida as relações estreitas
com os clientes, pois provêm deles uma parte significativa do capital ativo das empresas. A
partir desta seleção, aplicou-se o Balanced Scorecard como sistema gerencial para a
implementação da visão e da estratégia organizacional de uma empresa brasileira de e-
commerce. Neste setor evidencia-se claramente que para se obter um desempenho superior
ao longo prazo, as empresas precisam criar e oferecer valor superior aos seus clientes,
conectando toda a sua cadeia de valor aos anseios e necessidades de seus clientes finais.
No desenvolvimento das competências empresariais, não basta controlar a
informação oriunda dos clientes; mais importante do que isto é retransmiti-la a toda
organização de e-business, para que possam melhorar a sua qualidade, aumentando a
satisfação e a lealdade do cliente; e conseqüentemente a rentabilidade empresarial.
Esta pesquisa busca preencher a lacuna encontrada acerca do desenvolvimento de
uma metodologia científica que visa operacionalizar o sistema Balanced Scorecard, por
meio da utilização de um método que capture a “voz do cliente”, oferecendo aos executivos
um feedback quanto à viabilidade econômica da estratégia de negócios e a disseminação do
conhecimento dentro da empresa.
2. A Liderança Intelectual como Criadora do Valor Percebido pelo Cliente
O desenvolvimento de tecnologia, informação e inovação vêm provocando
mudanças fundamentais na dinâmica do mercado. Prahalad e Ramaswamy (2000),
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 3 / 16 -
incorporam esta característica como um diferenciador da comunicação do cliente com a
empresa; fazendo com que os clientes se tornem uma fonte de competência para a empresa,
levando à identificação de novas oportunidades de negócio e à criação de formas
inovadoras de utilizar estrategicamente os ativos intelectuais da empresa. Para os autores o
cliente está saindo de seu papel tradicional para se tornar co-criador de valor.
Algumas práticas empresariais de gestão se concentram em gerar caixa e produzir
balanços sólidos, aferindo apenas as medidas financeiras do desempenho futuro da
empresa, através de demonstrativos financeiros, que apresentam informes dos componentes
das vendas, custos e o valor do lucro resultante. Reichheld (1997), discorda deste conceito
defendendo que aquilo que uma empresa decide medir denota o valor, direciona o
pensamento dos funcionários e fixa as prioridades da gerência.
Desta forma, conclui-se que as ações integradas entre as unidades de negócios de
uma organização devem fazer uso de um único sistema de gestão que contemple
indicadores de desempenho fundamentalmente integrados, a fim de estabelecer padrões
motivadores de alcance dos objetivos estratégicos. Para tanto, selecionou-se o
Desdobramento da Função Qualidade (QFD) para a seleção dos indicadores de desempenho
das quatro perspectivas do sistema Balanced Scorecard (BSC): econômica/financeira, dos
clientes, dos processos internos e aprendizado e crescimento.
3. Os Ativos Intangíveis Integrados ao Sistema Balanced Scorecard
O sistema BSC contempla os indicadores financeiros tradicionais com indicadores
de ativos intangíveis, que impulsionam o desempenho futuro, seguindo na geração de valor
investido em clientes, fornecedores, funcionários, processos, tecnologia e inovação,
norteado pela visão e estratégia da empresa.
Para Kaplan e Norton (1992), o BSC reflete a primeira tentativa sistêmica de
desenvolver um projeto para o sistema de avaliação de desempenho que enfoca os objetivos
da empresa, coordenação da tomada de decisão individual e provisão de uma base para o
crescimento organizacional. O BSC retém as medidas financeiras do desempenho passado,
e acrescenta medidas de três perspectivas adicionais: clientes, processos internos e
aprendizado e crescimento. Estas perspectivas interligadas fornecem a estrutura do BSC.
O sistema BSC deve priorizar a tradução da estratégia de negócios em objetivos
estratégicos específicos. Kaplan e Norton (1997), citam que ao estabelecer metas
financeiras, a equipe da alta administração deve priorizar a receita e o crescimento de
mercado e a geração de fluxo de caixa. No caso da perspectiva do cliente, a equipe deve
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 4 / 16 -
segmentar os clientes e mercados pelos quais está competindo. Posteriormente, os
executivos devem identificar os objetivos e indicadores para os processos internos.
Finalmente, as metas de aprendizado e o crescimento expõem os motivos para
investimentos significativos na reciclagem de funcionários, na tecnologia e nos sistemas de
informações, e na melhoria dos procedimentos organizacionais, que trazem benefícios aos
clientes e acionistas (conforme figura 1).
Figura 1. Estrutura do sistema Balanced Scorecard (adaptado de Kaplan. The cost and
performance revolution. São Paulo: Seminário Internacional, 1999)
4. A Integração do Balanced Scorecard com o Desdobramento da Função Qualidade
O modelo conceitual a ser discutido foi concebido a partir da visão do futuro da
empresa e da estratégia organizacional de conhecimento direcionada ao cliente. Aplicou-se
o método QFD, para o desdobramento das quatro perspectivas do sistema BSC:
econômica/financeira, dos clientes, dos processos internos e aprendizado e crescimento. O
desdobramento dos objetivos estratégicos destas quatro perspectivas promoveu o
desenvolvimento de um plano de ação que fornece a iniciativa de operacionalização do
sistema gerencial BSC, por meio do feedback necessário para o acompanhamento dos
objetivos e metas estratégicas, e conseqüentemente, dos resultados econômicos esperados.
Visãoe
Estratégia
Econômica/Financeira
“Para termos sucessofinanceiro, como devemos servistos por nossos acionistas?”
Clientes
“Para atingir nossa visão, comodevemos ser vistos por nossosclientes?”
Processos Internos
“Para satisfazer nossosacionistas e clientes, emquais processos de negóciosdevemos nos sobressair?”
Aprendizado e Crescimento
“Para atingir nossa visão, comopreservaremos nossa capacidadede mudar e melhorar?”
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 5 / 16 -
5. Descrição do Ambiente de Aplicação do Sistema Balanced Scorecard
A aplicação do modelo conceitual proposto foi realizada em uma empresa de
transações eletrônicas da era “e-customer”, pois uma empresa on-line bem sucedida deve
possuir a capacidade de proporcionar ao seu cliente uma experiência agradável de pré e
pós-vendas e parcerias que ofereçam valor duradouro. A maior riqueza destas empresas não
está no capital financeiro, mas sim no seu capital intelectual.
Uma empresa que opera suas atividades eletronicamente, no ritmo rápido da
economia da informação global, tem como objetivo estratégico o aumento da lealdade do
cliente e acréscimo da rentabilidade. Com a natureza onipresente da Internet fica cada vez
mais ágil e eficiente a comunicação da empresa com seus clientes, favorecendo a aplicação
da estratégia do conhecimento direcionada ao cliente.
Outra vantagem às empresas que utilizam a Internet, como meio de transações
comerciais, é a possibilidade da integração com clientes finais, tornando imperativo o
feedback para a implementação da estratégia.
6. Arquitetura Estratégica da Empresa Selecionada
A “empresa Sigma” é líder em varejo on-line para as comunidades que falam
espanhol e português na América Latina, Espanha, Portugal, e Estados Unidos.
Servindo seus clientes através dos websites e operações no Brasil, México, Argentina e
Espanha.
Procurando por respostas às questões de Hamel e Prahalad (1995): “Que
novos tipos de benefícios deveríamos proporcionar aos clientes daqui a cinco, dez ou
quinze anos? Que novas competências precisaremos desenvolver para oferecer
benefícios aos clientes? Como reconfiguraremos nossa interface com o cliente ao longo
dos próximos anos, para o oferecimento de valor superior?”, buscou-se a necessidade
da empresa Sigma em participar de uma batalha pela liderança intelectual, explorando
a estratégia do conhecimento direcionada ao cliente.
Visando atender às previsões futuras da estratégia prevista por Siegel (2000),
em que até o ano de 2010, as empresas de comércio eletrônico estarão sendo
conduzidas pelo cliente, procurou-se, paulatinamente, a mudança da atual estratégia da
empresa, transformando-a em uma empresa dirigida ao cliente, ao invés de concentrar
seus esforços na pulverização da oferta de produtos.
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 6 / 16 -
A adequação estratégica para a empresa Sigma, da era da tecnologia da
informação, está relacionada com a aplicação do modelo conceitual proposto nesta
pesquisa, onde são categorizadas as quatro perspectivas do sistema BSC. A partir desta
mudança, a empresa Sigma tornou-se um bom ambiente para a implementação de um
sistema gerencial que atenda à visão e estratégia organizacionais, em busca do melhor
relacionamento com o cliente, através da aplicação do método QFD.
7. Aplicação do método QFD para a operacionalização do sistema gerencial BSC.
Esta aplicação inova as abordagens do método QFD e do sistema gerencial
BSC, no sentido de quebrar os paradigmas atuais da metodologia de operacionalização
da estratégica organizacional. O modelo proposto tem como objetivo melhorar a oferta
existente da operacionalização do feedback estratégico da empresa Sigma,
impulsionando-o através do desmembramento dos objetivos econômico/financeiros,
dos clientes, de processos internos e aprendizado e crescimento.
A aplicação do modelo proposto visou efetuar o desdobramento das
perspectivas do sistema BSC da empresa Sigma. Esta aplicação teve a finalidade de
verificar a utilização do modelo conceitual proposto para o auxílio do processo de
planejamento dos objetivos e metas da organização, buscando traduzir a visão e a
estratégia organizacional, transmitindo as necessidades dos clientes para dentro da
empresa, sem o propósito, neste momento, de avaliar o desempenho da organização em
questão. A implementação desse modelo também garantiu as relações de causa e efeito
entre as quatro perspectivas do BSC.
8. Extração e Organização dos Indicadores da Perspectiva dos Clientes
Selecionou-se a técnica “SURVEY” para o levantamento das necessidades dos
clientes da Empresa Sigma. Optou-se por uma questão aberta para favorecer a liberdade
para comentários e a ausência de influência de categorias pré-especificadas de respostas.
A informação obtida junto aos respondentes desta pesquisa produziu uma
grande quantidade de informações necessárias para a coleta dos dados originais,
necessários ao desdobramento em indicadores de clientes.
Na seqüência, os dados originais foram agrupados em um diagrama de
afinidades, em conjuntos semelhantes que formaram os itens primários. A seguir foram
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 7 / 16 -
obtidos os indicadores da perspectiva dos clientes do sistema gerencial BSC, descritos
em um diagrama de árvore.
O passo seguinte do modelo é o levantamento dos graus de importância de cada
indicador, benchmarking e o número de incidências ocorridas por categoria de respostas.
Para a análise de desempenho foram selecionadas duas empresas que concorrem
diretamente no mesmo mercado virtual, as Empresas A e B.
Voltando a avaliação quantitativa do valor percebido pelo cliente, verificou-se que
alguns indicadores, como rentabilidade de clientes, participação de mercado e fidelidade
precisariam ser analisadas pelo grupo de estrategistas da empresa, e não coletadas junto aos
clientes respondentes da pesquisa.
A etapa posterior do modelo foi o planejamento do valor-meta para cada indicador.
O valor deste plano foi aferido valendo-se do confronto dos valores do grau de importância
e os resultados comparativos entre a empresa analisada e suas duas principais concorrentes,
de forma que a Empresa Sigma pudesse desenvolver competências que trarão maiores
benefícios aos seus clientes no futuro. Por exemplo, o indicador “tempo de resposta”,
presente na figura 2, apresenta alto valor de importância para os clientes, porém a empresa
Sigma apresentava um resultado de peso 3, enquanto as empresas A e B apresentavam
respectivamente os resultados 4 e 2. Tratando-se um objetivo estratégico importante,
utilizou-se como valor-meta de curto prazo o peso 4 para “tempo de resposta”.
Estipuladas estas metas, foi desenvolvido o cálculo do índice de melhoria
estratégica para cada indicador, dividindo-se o valor do plano pelo desempenho da própria
empresa.
Os benefícios estratégicos analisados para cada indicador foram classificados em
benefício especial ou comum. Foram considerados como benefícios especiais, aqueles
indicadores que a empresa deverá dedicar maior atenção para alinhar sua estratégia em
direção aos clientes, os quais implicarão em um maior impacto nos seus resultados
econômicos. Por exemplo, tempo de atualização do site, grau de segurança, número de
serviços ofertados, número de contatos com clientes-alvo (como descrito na figura 2)
Depois desta classificação, calculou-se os valores de cada peso absoluto dos
indicadores, que é o produto da multiplicação dos valores do grau de importância pelo
índice de melhoria e benefícios aos clientes. O peso relativo é a correspondência percentual
do peso absoluto sobre o valor total.
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 8 / 16 -
Tendo-se difundidos os valores percebidos pelos clientes este seria o momento
para consolidar e usufruir integralmente dos benefícios advindos do desenvolvimento dos
objetivos estratégicos econômicos/financeiros da empresa.
Desempenhocompetitivo
Metas planejadas
Benefícios aos clientesSímbolo
Avaliação
Especial
•1,5
Comum
•1,2
Gra
u de
impo
rtân
cia
Em
pres
a S
igm
a
Em
pres
a A
Em
pres
a B
Pla
no
Índi
ce d
e m
elho
ria
Ben
efíc
ios
aos
clie
ntes
Pes
o ab
solu
to
Pes
o re
lativ
o
Tempo de resposta 5 3 4 2 4 1,3 • 9,9 9,9
Tempo de acesso à página 3 2 4 3 3 1,5 • 5,4 5,4
Tempo de atualização do site 4 3 3 4 3 1 • 6,0 6,0
Grau de segurança 5 5 5 5 5 1 • 7,5 7,4
Número de serviços ofertados 3 3 5 3 4 1,3 • 6,0 6,0
Número de links na página 2 3 2 3 3 1 • 2,4 2,4
Número de pedidos de garantia 4 3 4 2 3 1 • 4,8 4,8
Número de contatos com clientes-alvo 5 2 5 2 3 1,5 • 11,2 11,2
Prazo de entrega 5 4 4 3 5 1,2 • 9,3 9,3
Rentabilidade de clientes 5 3 4 2 4 1,3 • 9,9 9,9
Participação de mercado 5 3 4 3 4 1,3 • 9,9 9,9
Número de produtos por segmento 2 5 3 3 5 1 • 2,4 2,4
Fidelidade 5 2 4 2 4 2 • 15,0 14,9
Total 100 100
Figura 2. Resultado do planejamento da perspectiva dos clientes
9. Desdobramento dos Indicadores da Perspectiva de Clientes em Indicadores da
Perspectiva Econômica/Financeira
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 9 / 16 -
Correlação Símbolo Valor
Forte • 9
Média • 3
Fraca • 1
Inexistente Em branco 0
A etapa seguinte foi à arquitetura da matriz I do método QFD. Para o
preenchimento desta matriz foram identificadas as correlações entre os indicadores de
desempenho da perspectiva dos clientes e os indicadores da perspectiva
econômica/financeira do BSC, onde foi identificado o grau de interferência que um
indicador exerceria sobre outro, respeitando-se as relações de causa e efeito.
Tendo-se verificado todas as correlações entre os indicadores, passou-se, então,
para o processo de conversão, que consistiu na atribuição dos valores internos da matriz. Os
valores de conversão foram calculados multiplicando-se o peso relativo pelo grau de
correlação entre os indicadores de clientes e econômicos/financeiros. Posteriormente,
calculou-se o peso absoluto de cada indicador econômico/financeiro, somando-se os valores
de cada coluna. Os valores dos pesos relativos são os correspondentes percentuais do total
do peso absoluto destes indicadores. Todos estes cálculos estão demonstrados na matriz I
da figura 3. Por exemplo, as metas atuais da empresa Sigma, em ROCE são de 12 pontos no
período, em análise conjunta de benchmarking pode-se projetar uma meta se 25 pontos.
Cus
to o
pera
cion
al
RO
CE
Cre
scim
ento
de
vend
as(%
)P
erce
ntua
l de
rece
ita
por
inov
ação
Ren
tabi
lidad
e da
empr
esa
(%)
Des
pesa
s de
ven
das
Pla
no
Índi
ce d
e m
elho
ria
Ben
efíc
ios
aos
clie
ntes
Pes
o ab
solu
to
Pes
o re
lativ
o
Tempo de resposta • 90 • 90 • 90 • 90 • 90 • 30 4 1,3 • 9,9 9,9
Tempo de acesso à página • 16 • 49 • 16 • 49 • 5 • 5 3 1,5 • 5,4 5,40
Tempo de atualização do site • 54 • 54 • 54 • 54 • 54 3 1 • 6,0 6,0
Grau de segurança • 7 • 22 • 67 • 67 • 67 • 7 5 1 • 7,5 7,4
Número de serviços ofertados • 6 • 54 • 54 • 54 • 18 • 18 4 1,3 • 6,0 6,0
Número de links na página • 7 • 2 3 1 • 2,4 2,4
Número de pedidos de garantia • 43 • 14 • 5 • 14 • 43 3 1 • 4,8 4,8
Nº de contatos com clientes-alvo • 33 • 101 • 101 • 101 • 101 • 101 3 1,5 • 11,2 11,2
Prazo de entrega • 84 • 84 • 84 • 84 • 84 • 84 5 1,2 • 9,3 9,3
Rentabilidade de clientes • 10 • 90 • 90 • 90 • 90 • 10 4 1,3 • 9,9 9,9
Participação de mercado • 30 • 90 • 90 • 90 • 90 • 90 4 1,3 • 9,9 9,9
Número de produtos por segmento • 2 • 7 • 22 • 22 • 2 • 22 5 1 • 2,4 2,4
Fidelidade • 135 • 135 • 135 • 135 • 135 • 45 4 2 • 15,0 14,9
Peso absoluto 517 790 808 838 750 455 4158 Total 100 100
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 10 / 16 -
Peso relativo 12,4 19,0 19,4 20,1 18,0 10,9 100
Metas atuais da Empresa Sigma 23 12 15 8 35 16
Metas atuais da Empresa A 19,5 16 20 5 42 12
Metas projetadas da Emp. Sigma 20 15 22 13 38,8 15
Figura 3. Matriz I dos indicadores de clientes em indicadores econômicos/financeiros
A matriz auxiliar I relacionou duas tabelas idênticas de desdobramento dos
indicadores econômicos/financeiros, avaliando a interdependência entre eles (figura 4). A
simbologia de setas utilizada nesta matriz definiu a melhor condição esperada para cada
indicador selecionado. Por exemplo, quanto menor o custo operacional, melhor o resultado
esperado, quanto maior o ROCE, melhor o resultado.C
usto
ope
raci
onal
RO
CE
Cre
scim
ento
de
vend
as
Per
cent
ual d
e re
ceit
a po
r in
ovaç
ão
Ren
tabi
lidad
e da
em
pres
a
Des
pesa
s de
ven
das
Custo operacional ↓ • • • χROCE ↑ • • #
Crescimento de vendas ↑ • • χPercentual de receita por inovação ↑ •
Rentabilidade da empresa ↑ #
Despesas de vendas ↓
Figura 4. Matriz auxiliar I do desdobramento da perspectiva econômico/financeira
Com a conclusão da matriz auxiliar I, tornou-se menos complexo à atribuição
das metas projetadas para os indicadores da perspectiva econômica/financeira.
A comparação entre os valores atuais das metas da empresa Sigma e da sua
concorrente, serviu de base para as projeções das metas que deverão traçar o plano de
melhoria para os objetivos da empresa.
Correlação Símbolo
Fortemente positiva •Positiva •Negativa χFortemente negativa #
Condição Símbolo
Quanto maior melhor ↑Quanto menormelhor ↓O melhor valor é umnúmero específico(maior ou menor)
⇑ ou ⇓
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 11 / 16 -
10. Desdobramento dos Indicadores da Perspectiva dos Processos Internos
Tal como no procedimento de extração dos indicadores de clientes e
econômicos/financeiros, foram utilizados o diagrama de afinidade e árvore para a
extração dos indicadores dos processos internos da Empresa Sigma.
A seguir, foi construída a matriz II do modelo. Foram identificadas as
correlações entre os indicadores econômicos/financeiros da empresa Sigma,
classificando-os de acordo com o grau de interferência que um indicador exerce sobre
outro. Novamente, foram respeitadas todas as relações de causa e efeito entre as
perspectivas do sistema BSC.
Os valores-metas projetados apresentados à esquerda da matriz foram
extraídos da última etapa de elaboração da matriz I. Todos os cálculos necessários para
o estabelecimento das metas dos indicadores dos processos internos são apresentados
na matriz II da figura 5.
Tem
po d
e pr
oces
sam
ento
do
pedi
dodo
clie
nte
(dia
)
Núm
ero
de s
olic
itaçõ
es d
era
stre
amen
to d
o pe
dido
(di
a)
Núm
ero
de p
edid
os n
ão a
tend
idos
Part
icip
ação
no
prog
ram
a de
fide
lidad
e (%
sob
re o
tota
l)
Tem
po d
e gi
ro d
e es
toqu
e (d
ia)
Perc
entu
al d
e ve
ndas
pel
a in
ovaç
ão
Rec
eita
ger
ada
por
web
site
(R
$mil)
Índi
ce d
e re
clam
açõe
s
Peso
abs
olut
o
Peso
rel
ativ
o
Met
as p
roje
tada
s (R
$ m
il)
Custo operacional • 112 • 112 • 112 • 37,3 • 112 • 12 • 112 • 112 517 12,4 20,0
ROCE • 87 • 29 • 261 • 261 • 87 • 261 790 29,0 15,0
Crescimento de vendas • 175 • 175 • 175 • 175 • 175 • 175 • 175 • 175 808 19,4 22,0
Percentual de receita por inovação • 20 • 60 • 20 • 181 • 181 • 20 838 20,1 13,0
Rentabilidade da empresa • 162 • 162 • 162 • 18 • 162 • 162 • 162 750 18,0 38,8
Despesas de vendas • 99 • 99 • 99 • 11 • 99 • 33 • 99 • 99 455 10,9 15,0
Peso absoluto 635 405 637 667 664 651 990 567 5216
Peso relativo 12,2 7,8 12,2 12,8 12,7 12,5 18,9 10,8 100
Metas atuais da empresa Sigma 2 20 15 30 18 28 12 10
Metas atuais da Empresa A 2 35 19 42 15 30 21 15
Metas projetadas da Emp. Sigma 1 15 10 50 8 50 20 2
Custos objetivados Emp. Sigma Desenvolvido por meio do Custeio ABC
Figura 5. Matriz II do desdobramento dos indicadores dos processos internos
Correlação Símbolo Valor
Forte • 9
Média • 3
Fraca • 1
Inexistente Em branco 0
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 12 / 16 -
11. Desdobramento dos Custos das Atividades da Perspectiva dos Processos Internos
Para a obtenção dos valores de custos objetivados para os processos internos foi
desenvolvida a matriz III.
Para teste de validação do modelo proposto foram utilizadas as atividades da
cadeia de valores de Porter (1999). Para uma aplicação precisa do modelo proposto os
valores de custos deverão ser coletados com base no sistema de custeio baseado em
atividades (ABC). Considerou-se apenas os macro-processos que compõem as atividades
primárias e de apoio de uma empresa, formando assim a matriz III, que está representada
pela figura 6, porém não nos foi autorizado a publicação dos valores da matriz de recursos
do sistema ABC desta empresa.
Mapeamento dos macro-processos
Infr
a-es
trut
ura
daem
pres
a
Tre
inam
ento
de
pess
oal
Des
envo
lvim
ento
de in
ovaç
ões
nas
pági
nas
da W
eb
Com
pras
Log
ísti
ca d
e en
trad
a
Ope
raçõ
es
Log
ísti
ca d
e sa
ída
Mar
keti
ng
Ven
das
Ser
viço
s pó
s-ve
nda
Custo real
Custo concorrência
Custo objetivado
Figura 6. Matriz III do desdobramento de custos dos processos internos
Com a inclusão do resultado da matriz III ao final da matriz II, finaliza-se o
desdobramento da perspectiva dos processos internos. A etapa seguinte do modelo
conceitual proposto é o desdobramento dos indicadores da perspectiva de aprendizado e
crescimento.
12. Desdobramento dos Indicadores da Perspectiva dos Processos Internos em
Indicadores da Perspectiva de Aprendizado e Crescimento
Os indicadores da perspectiva de aprendizado e crescimento foram selecionados
para refletir o sucesso da empresa Sigma no treinamento dos funcionários, melhoria de
tecnologia e sistemas, e também o alinhamento de procedimentos e rotinas organizacionais
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 13 / 16 -
para desenvolver capacidades em pessoas, sistemas e procedimentos de que a empresa
necessitará para obter o feedback da estratégia do conhecimento direcionada ao cliente.
O objetivo da perspectiva de aprendizado e crescimento é a seleção de indicadores
que garantam os resultados das demais perspectivas do sistema BSC.
Após a extração dos indicadores da perspectiva de aprendizado e crescimento, foirealizada a construção da matriz IV. Essa matriz IV tem o objetivo de viabilizar odesdobramento dos indicadores de aprendizado e crescimento a partir dos resultados damatriz II do desdobramento dos indicadores dos processos internos.
Nesta simulação foram respeitadas as mesmas metodologias de correlação econversão de dados para o interior da matriz, tal como utilizados na elaboração da matriz Ie II. Os valores de correlação e conversão estão presentes na matriz IV, representada nafigura 7.
Sat
isfa
ção
do f
unci
onár
io (
índi
ce)
Ret
ençã
o do
fun
cion
ário
(ín
dice
)
Val
or a
greg
ado
por
func
ioná
rio
(%)
Per
cent
ual
de
func
ioná
rios
co
m
aces
so
àsin
form
açõe
s on
-lin
e do
s cl
ient
es
Tem
po d
e ci
clo
de r
etre
inam
ento
(m
ês)
Per
cent
ual
de
proc
esso
s co
m
feed
back
em
tem
po r
eal d
e qu
alid
ade,
tem
po e
cus
toS
uges
tões
im
plem
enta
das
por
func
ioná
rio
(mês
)
Pes
o ab
solu
to
Pes
o re
lativ
o
Met
as p
roje
tada
s
Tempo de processamento do pedido docliente • 12 • 110 • 110 • 110 • 110 • 110 635 12,2 1
Número de solicitações de rastreamentodo pedido • 8 • 23 • 70 • 70 • 8 • 70 • 23 405 7,8 15
Número de pedidos não atendidos • 110 • 37 • 110 • 110 637 12,2 10
Participação no programa de fidelidade • 13 • 13 • 115 • 38 • 13 • 115 • 115 667 12,8 50
Tempo de giro de estoque • 115 • 13 • 115 • 13 664 12,7 8
Percentual de vendas pela inovação • 112 • 112 • 12 • 112 • 112 651 12,5 50
Receita gerada por website • 171 • 19 • 171 • 171 990 18,9 20
Índice de reclamações • 33 • 33 • 98 • 98 • 98 • 98 • 98 567 10,8 2
Peso absoluto 65 69 900 496 240 900 752 3422
Peso relativo 1,9 2,0 26,3 14,5 7,1 26,3 21,9 100
Correlação Símbolo Valor
Forte • 9
Média • 3
Fraca • 1
Inexistente Em branco 0
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 14 / 16 -
Metas atuais da Empresa Sigma 5 5 8 80 2 60 3
Metas atuais da Empresa A 5 5 6 50 3 20 5
Metas projetadas da Empresa Sigma 5 5 10 85 2 100 4
Figura 7. Matriz IV do desdobramento dos indicadores de aprendizado e crescimento
Ao final da construção das matrizes do método QFD, obteve-se a mensuração dos
resultados esperada apresentados pelos valores de metas projetadas. Porém estas metas
precisam ser dirigidas e monitoradas permanentemente pelos gestores da empresa.
13. Controle das metas e objetivos estratégicos
Esta etapa do modelo é centrada em um plano de ação e este tende a se tornar um
controle formal orientado para a aplicação da metodologia desenvolvida e projetada.
Mesmo que a forma do modelo esteja bem estruturada, os resultados desejados podem
continuar enganosos. Deste modo, a busca de uma forma ideal pode ser a análise completa
dos pontos fracos do sistema, que deverá estar baseada em uma verificação completa das
operações envolvidas.
Quando resultados inesperados são obtidos, durante qualquer verificação de
progresso mensal, os gerentes deverão tomar uma ação imediata sobre a variação. Se a meta
inicial não foi alcançada, ainda que o plano esteja sendo seguido, uma análise dos “fatores
inibidores” no processo deve ser novamente realizada. Se um novo fator for descoberto, a
ação corretiva deverá ser tomada imediatamente, ou ser acrescentada aos itens de ação.
14. Avaliação dos Resultados através do Feedback Estratégico
Resumidamente, o feedback estratégico é a criteriosa análise do desempenho das
competências desenvolvidas pela empresa, o qual está mensurado no controle de metas e
objetivos estratégicos do sistema BSC.
As avaliações de desempenho, no fim de um ano empresarial são apropriadas para
este tipo de análise. Esta avaliação pode incluir medidas, ou programas, para os pontos de
verificação dos meios, o nível de realização para a melhoria contínua e assim por diante. O
feedback estratégico, em si, não é expresso em números, e sim em itens como avaliações de
metas e desempenho organizacional.
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 15 / 16 -
15. Conclusões
O modelo apresentado neste trabalho vem a preencher a lacuna encontrada na
bibliografia analisada, quanto à mensuração das metas a serem implementadas pelo sistema
gerencial Balanced Scorecard, o que pôde ser facilmente expandido com a integração do
método do Desdobramento da Função Qualidade.
Assim, a integração do método do Desdobramento da Função Qualidade com o
sistema gerencial Balanced Scorecard promoveu com sucesso a tradução da visão e
estratégia da empresa analisada, bem como o processo de mensuração das metas projetadas
a partir dos objetivos estratégicos das quatro perspectivas do sistema gerencial.
Um fator positivo na utilização do método do Desdobramento da Função
Qualidade foi a possibilidade da seleção de indicadores de desempenho do sistema
Balanced Scorecard a partir das informações provindas diretamente dos clientes, as quais
foram desdobradas de acordo com os objetivos econômicos/financeiros da empresa.
A aplicação do modelo demonstrado mostrou que a classificação destes
indicadores foi favorecida pela orientação da estratégia do conhecimento direcionado ao
cliente, que visa a melhoria contínua dos processos empresariais para um maior
oferecimento do valor percebido.
Esta aplicação também possibilitou observar que através do feedback estratégico é
possível avaliar os resultados obtidos pela empresa. Uma vez ajustadas as metas e os
objetivos estratégicos, para que a empresa desfrute de um aumento em sua rentabilidade, a
etapa seguinte é a busca de competências que a levarão a se tornar líder entre os seus
concorrentes.
Bibliografia
AKAO, Yoji. QFD: integrating customer requirements into product design.Cambridge: Massachussets, Productivity Press, 1990.
AKAO, Yoji. Qualitv Function Deployment: integrating, customers requirementes intoproduct design. Cambridge: Massachussets, Productivity Press, 1988.
ALBRECHT, Karl. Qualidade em serviços. São Paulo: Makron Books, 1992.
American Supplier Institute. QFD Quality Function Deployment - three day: workshop.Version 3.4. Michigan: ASI Inc., 1989.
Cruzando Fronteras: Tendencias de Contabilidad Directiva para el Siglo XXI
- 16 / 16 -
COOPER, R.; KAPLAN, Robert S. The design of cost management system: text, cases.New Jersey: Prentice Hall, 1998.
HAMEL, Gary, PRAHALAD, C. K. Competindo pelo futuro. Rio de Janeiro: EditoraCampus, 1995.
KAPLAN, Robert S. NORTON, David P. The balanced scorecard: measures that driveperformance. Harvard Business Review, Jan./Feb. 1992.
__________. A estratégia em ação: balanced scorecard. Rio de Janeiro: Editora Campus,1997.
__________. Organização orientada para a estratégia: Como as empresas que adotam obalanced scorecard prosperaram no novo ambiente de negócios. Rio de Janeiro:Editora Campus, 2000.
KAPLAN, Robert S. The cost and performance revolution. São Paulo: SeminárioInternacional, 1999.
OLVE, Nils-Göran. ROY, Jan. WETTER, Magnus. Performance drivers: a praticalguide using the balanced scorecard. New York: Jonh Wiley and Sons, 1999.
PEARCE, Steven L. Activity-based costing helps distributors weed out costlycustomers. Industrial distribution, magazine articles, May, 1997.
PORTER, Michael E. Competição: estratégias competitivas essenciais. Rio de Janeiro:Editora Campus, 1999.
PRAHALAD, C. K., RAMASWAMY, V. Como incorporar as competências do cliente.HSM Management. N. 21, ano 4, maio-junho 2000, p. 42-52.
REICHHELD, Frederick. A estratégia da lealdade. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1997.
SIEGEL, David. Futurize sua empresa. São Paulo: Futura, 2000.
WHITELEY, R., HESSAN, D. Crescimento orientado para o cliente. Rio de Janeiro:Editora Campus, 1996.
WIERSEMA, Fred. Intimidade com o cliente: um compromisso com os resultados de seusclientes. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1996.