universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · 2010-08-30 · classifica a evolução da...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SEIS SIGMA
A IMPORTÂNCIA DA FERRAMENTA SEIS SIGMA NA
GESTÃO DE QUALIDADE
Por: Bárbara Corrêa Bauly
Orientador
Prof. Ana Paula Ribeiro
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SEIS SIGMA
A IMPORTÂNCIA DA FERRAMENTA SEIS SIGMA NA
GESTÃO DE QUALIDADE
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Administração
da Qualidade sob a orientação da professora Ana
Paula Ribeiro.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais por todos os anos
de dedicação, amor, carinho ,compreensão e
por acreditarem em mim em todos os
momentos da minha vida.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus avós
paternos, Vicência Bauly e Waldir Bauly pela
infância inesquecível e pelo amor
incondicional. (in memorian)
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RESUMO
Obter sucesso já não é o suficiente para garantir o êxito empresarial .De um
modo geral várias empresas de pequena ou de grande porte estão cada vez
mais focalizando seus objetivos em reduzir custos, melhorar a produtividade,
crescer no mercado, aumentar o número de clientes, mudar culturalmente,
reduzir o tempo de ciclo de produção, redução de defeitos e desenvolver
produtos e serviços novos. Neste pensamento, várias empresas estão ou vão
adotar algum tipo de programa para resolver estas questões.
Na busca pela solução de todas as questões levantadas dentro de uma
organização a respeito de atingir uma alta qualidade, o programa Seis Sigma
foi desenvolvido para atender estas necessidades, sendo adotado por
organizações gerando resultados esperados e surpreendentes.
O caminho para atingir o nível da qualidade com o Seis Sigma passa por
uma mudança de mentalidade, comprometimento da alta administração,
conhecimento, disciplina, persistência, plano de ação e principalmente uma
metodologia sustentável.
O Seis Sigma pode contribuir não apenas para como uma organização
mede e analisa seu desempenho, mas também para a melhoria de sua
abordagem básica à gestão da empresa.
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METODOLOGIA
Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica. Os principais autores
utilizados na realização deste trabalho ou desta pesquisa foram: Peter S.
Pande, Robert P. Neuman e Ronald R. Cavanagh (2001) , Edson Pacheco
Paladini , Gregório Bouer, José Joaquim do Amaral Ferreira, Marly Monteiro de
Carvalho, Paulo Augusto Cauchick Miguel, Robert Wayne Samohyl e Roberto
Gilioli Rotondaro (2006), James C. Hunter(1998), entre outros. O presente
estudo, teve como relevância reunir a trajetória da qualidade até os dias atuais,
alguns autores que ficaram conhecidos com “Gurus da Qualidade” e
abordagens do programa Seis Sigma.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Evolução da Qualidade 09
1.1 – Eras da Qualidade 11
1.2 – Gurus da Qualidade 13
1.3 – Algumas definições de Qualidade 19
CAPÍTULO II - Seis Sigma 22
2.1 – Caracterização de projeto Seis Sigma 26
2.2 – A Equipe Seis Sigma 28
CAPÍTULO III – O Modelo DMAIC 31
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 36
ANEXOS 38
FOLHA DE AVALIAÇÃO 41
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INTRODUÇÃO
Através de pesquisas realizadas para este trabalho, foi constatado que os
conceitos de qualidade sofreram mudanças consideráveis ao longo do tempo.
De simples conjunto de ações operacionais, centradas e localizadas em
pequenas melhorias do processo produtivo, a qualidade passou a ser vista
como um dos elementos fundamentais do gerenciamento das organizações,
tornando-se fator crítico para a sobrevivência não só das empresas, mas,
também, de produtos, processos e pessoas. Esta nova perspectiva do conceito
e da função básica da qualidade decorre, diretamente, da crescente
concorrência que envolve os ambientes em que atuam pessoas e
organizações.
O objetivo deste trabalho é apresentar um dos modelos mais recente de
Gestão da Qualidade, o Seis Sigma, que surgiu na década de 80, na Motorola,
um modelo emergente, que tem se difundido rapidamente no Brasil e no
mundo.
O modelo Seis Sigma, promove um alinhamento da área de qualidade com
as estratégias de negócio da organização. Este desdobramento é feito por
meio de uma estrutura hierárquica que alinha as estratégias e objetivos de
negócio com o portifolio de programa e projetos de uma organização.
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CAPÍTULO I
A evolução da Qualidade
“ Pensamentos tornam-se ações, ações
tornam-se hábitos, hábitos tornam-se caráter,
e nosso caráter torna-se nosso destino”
(Hunter, 2004, p. 125)
Sabe-se que a Qualidade é um conceito universal aplicável a todos os
produtos e serviços. E para entender o conceito de Gestão de Qualidade, é
preciso buscar na história de acordo com a época, a evolução desses
conceitos.
A preocupação da qualidade já existia na época dos artesãos, especialistas
que tinham domínio completo de todo o ciclo de produção, desde a concepção
do produto até o pós-venda. Nesse período, o cliente estava em contato direto
com o artesão, informando suas necessidades.
Em um momento posterior, a revolução industrial substitui a customização
pela padronização e produção em larga escala, contando com o auxílio das
máquinas. Os trabalhadores passaram a atuar apenas em partes da
confecção do produto final, especializando-se.
A Revolução Industrial apresentou o modelo Taylorista. Apenas uma pessoa
era responsável por checar a qualidade, e as necessidades do cliente já não
eram mais o foco.
Mais tarde, Ford elevou o conceito de controle da qualidade: evitar erros e
desperdícios e especializar-se em um padrão. Um conceito de grande ajuda
neste processo foi a metrologia, que possibilitou a intercambialidade de peças.
Em 1924, Shewhart inovou com os gráficos de controle, conceitos de
estatísticas e realidade produtiva. Surge o PDCA, análise para solução de
problema.
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Em 1930, o sistema de medidas se desenvolveu. Ferramentas de controle
estatístico entraram no processo. Também surgiu a técnica de amostragem,
reduzindo as inspeções.
Com o período pós guerra, a participação do trabalhador se uniu à motivação,
aprimorando os programas de qualidade. Como exemplo temos:
1945 – Society of Quality Enginers.
1950 – Japan Union of Scientists and Engineers.
1951 – Planejamento e apuração dos custos da qualidade.
Armand Feigenbaum teve papel fundamental quando criou o primeiro
sistema de controle de qualidade total, influenciando a série ISO 9000(
International Organization for Standardization). Em 1957 Philip Crosby Cris o
programa defeito zero.
Paralelamente, o Japão se reergueu da Segunda Guerra Mundial e também
desenvolveu um modelo para controle de qualidade. Taiichi Ohno ( idealizador
do modelo Toyota) insere o conceito de aversão ao desperdício. Um dos
pontos abordados por Ohno foi a eliminação da inspeção atrelada ao
desenvolvimento da responsabilidade de qualidade nos trabalhadores. Ou
seja, a análise da qualidade seria feita pelos próprios trabalhadores durante o
processo de produção .
Fundamental destacar que Ohno considerava a opinião proletária para
melhorias no processo produtivo. O foco era a busca da perfeição.
Outro ponto de fundamental importância era a escolha dos fornecedores, já
que matéria prima de qualidade facilitava uma produção de qualidade.
Kaoru Ishikawa também teve importante participação desenvolvendo
ferramentas de qualidade que são usadas ainda hoje
Na década de 70, o Ocidente abre os olhos para o sucesso do modelo
japonês.
Em 1987, com a globalização, surgiu o modelo ISO para gestão de
qualidade: a série 9000 sistemas de garantia de qualidade.
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O ISO facilitou o relacionamento entre clientes e fornecedores por causa do
critério qualificador. Também trouxe redução de custos, eliminando auditores e
utilizando certificações.
O ISO 9000 teve rápida difusão, principalmente na indústria automobilística,
que convergiu em especificações técnicas.
Em 2000, o ISSO 9000 incorporou novos focos, diretrizes e foco no cliente,
passando para a gestão de qualidade e não mais focando a garantia.
A gestão da qualidade moderna é, na realidade, um resgate de vários
conceitos medievais artesanais, como a satisfação do cliente quanto ao
produto final e a customização, embora esta última em massa.
Em 1960, Mizuno e Akao resgataram a proximidade com o cliente com a
proposta de desdobramento da função qualidade.
Com esse resgate da importância do cliente e a qualidade como fator
competitivo, novos profissionais ganham espaço. Provenientes das áreas de
administração e Marketing, atuam estrategicamente com a qualidade.
Em 1980 surge o Programa Seis Sigma, da Motorola, iniciando a
consolidação desta nova visão no final do século XX e alinhando a qualidade
de forma estratégica.
1.1 – Eras da Qualidade
Neste item, será abordado uma proposta feita por David Garvim, que
classifica a evolução da qualidade em quatro eras: Inspeção; Controle
Estatístico da Qualidade; Garantia da Qualidade e Gestão da Qualidade.
Segue a baixo, as principais características básicas dessas quatro eras:
INSPEÇÃO
Interesse principal Verificação.
Visão da Qualidade Um problema a ser resolvido.
Ênfase Uniformidade do produto.
Métodos Instrumentos de medição.
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Papel dos profissionais da Qualidade Inspeção, classificação,
contagem, avaliação e reparo.
Responsável pela Qualidade O departamento de inspeção.
Orientação e Enfoque Inspecionar a Qualidade.
CONTROLE ESTATÍSTICO DA QUALIDADE
Interesse principal Controle.
Visão da Qualidade Um problema a ser resolvido.
Ênfase Uniformidade do produto com menos inspeção.
Métodos Ferramentas e técnicas estatísticas.
Papel dos profissionais da Qualidade Solução de Problemas e a
aplicação de métodos estatísticos.
Responsável pela Qualidade Os departamentos de fabricação e
engenharia (o controle de qualidade).
Orientação e Enfoque Controlar a Qualidade.
GARANTIA DA QUALIDADE
Interesse principal Coordenação.
Visão da Qualidade Um problema a ser resolvida, mas que é enfrentado
proativamente.
Ênfase Toda cadeia de fabricação, desde o projeto até o mercado, e a
contribuição de todos os grupos funcionais para impedir falhas de qualidade.
Métodos Programas e sistemas.
Papel dos profissionais da Qualidade Planejamento, medição da
qualidade e desenvolvimento de programas.
Responsável pela Qualidade Todos os departamentos, com a alta
administração se envolvendo superficialmente no planejamento e na execução
das diretrizes da qualidade.
Orientação e Enfoque Construir a Qualidade.
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GESTÃO TOTAL DA QUALIDADE
Interesse principal Impacto estratégico.
Visão da Qualidade Uma oportunidade de diferenciação da concorrência.
Ênfase As necessidades de mercado e do cliente.
Métodos Planejamento estratégico, estabelecimento de objetivos e a
mobilização da organização.
Papel dos profissionais da Qualidade Estabelecimento de metas,
educação e treinamento, consultoria a outros departamentos e
desenvolvimento de programas.
Responsável pela Qualidade Todos na empresa, com a alta
administração exercendo forte liderança.
Orientação e Enfoque Gerenciar a Qualidade.
1.2 Gurus da Qualidade
Muitos foram os teóricos que ajudaram a construir a érea de qualidade, mas
alguns tiveram um papel especial e mereceram a denominação de Gurus da
Qualidade.
Segue as principais idéias e contribuições desses teóricos:
*Walter A. Shewhart nasceu nos Estados Unidos em 1891 e formou-se em
engenharia, com doutorado em física pela Universidade da Califórnia, em
Berkeley.
Shewhart ficou conhecido como o pai do controle estatístico da qualidade,
pois desenvolveu uma das ferramentas mais utilizadas no controle de
qualidade até os dias atuais – os gráficos de controle, um sistema que permitiu
aos trabalhadores determinar se a variabilidade de um processo era realmente
aleatória ou devia-se a causas especiais.
Shewhart também propôs o ciclo PDCA(plan-do-chack-act) , que
direcionaria a análise e solução de problemas.
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Uma das definições de qualidade segundo Shewhart (apud Carvalho &
Paladini, 2006, p.11): “ A qualidade é subjetiva e objetiva.”
*William Edwards Deming nasceu nos Estados Unidos em 1900 e formou-
se em engenharia elétrica, com doutorado em matemática e física pela
Universidade de Yale.
Deming passou por várias eras da qualidade, tendo sido dicípulo de
Shewhart, com quem compartilhou o interesse pelas ferramentas estatísticas
aplicadas ao controle do processo e pelo método de análise e solução de
problemas por meio do ciclo PDCA.
Deming foi para o Japão contribuir com a reconstrução no pós-guerra, onde
ficou consagrado como o pai do controle de qualidade.Seu nome tornou-se o
Prêmio Japonês da Qualidade – Deming Prize. Ele afirmou que a qualidade
começa com a alta administração e é uma atividade estratégica. Afirma-se que
muito do sucesso da indústria japonesa em termos de qualidade foi resultado
de suas conferências apresentadas nos anos 50. A filosofia básica de Deming
é que a qualidade e a produtividade aumentam à medida que a “variabilidade
do processo” (imprevisibilidade do processo) diminui.
São muitas as contribuições de Deming para a área da qualidade, porém,
seus 14 pontos funcionam como diretrizes enfatizadas na Gestão de Qualidade
em empresas de todo o mundo. Segue a baixo, os 14 pontos de Deming.
OS 14 PONTOS DE DEMING
1) Criar uma intenção de melhoria contínua de produtos e serviços, com o
objetivo de se tornar competitivo e de permanecer no negócio, proporcionando
empregos.
2) Adotar a nova filosofia. A gerência ocidental deve acordar para o desafio,
deve aprender suas responsabilidades e alterar a liderança para a mudança.
3) Acabar com a dependência da inspeção para atingir a qualidade. Eliminar a
necessidade de inspeção em massa, criando qualidade para o produto em
primeiro lugar.
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4) Acabar com a prática de premiação do negócio baseando-se no preço. Ao
invés disso, deve-se procurar minimizar o custo total.
5) Melhorar constantemente e para sempre o sistema de produção e serviço,
melhorar a qualidade e produtividade, e assim, reduzir custos.
6) Treinamento institucional no trabalho (“on the job”)
7) Liderança institucional. O objetivo da supervisão deve ser ajudar as pessoas
e máquinas a fazer um serviço melhor. A supervisão da gerência necessita
uma revisão, assim como a supervisão dos trabalhadores da produção.
8) Livrar-se do medo, de forma que todos possam trabalhar efetivamente para
a organização.
9) Quebrar barreiras entre os departamentos. Pessoas de pesquisa, projetos,
vendas e produção devem trabalhar como um time, para superar problemas de
produção e de uso que possam ser encontrados com o produto ou serviço.
10) Eliminar slogans e objetivos que apelam à força de trabalho por defeitos
zero e por novos níveis de produtividade. Estas práticas só criam relações de
adversários dentro da força de trabalho, sendo que as causas para a baixa
produtividade e qualidade que residem no sistema recaem sobre a força de
trabalho.
• Deve-se eliminar os padrões de cotas no chão-de-fábrica. Substituir a
liderança.
• Eliminar a gerência por objetivo. Eliminar a gerência por números
alcançados. Substituir a liderança.
11) Remover barreiras que tiram o trabalhador freqüente de sua rotina de
trabalho pelo orgulho de ser um destaque. A responsabilidade dos
supervisores devem ser mudadas de números para qualidade.
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12) Remover barreiras que tiram as pessoas das áreas de gerência e de
engenharia de seu trabalho pelo orgulho de se destacar. Isto significa abolir
qualquer gerência por objetivo.
13) Implantar um vigoroso programa de educação e auto-melhoramento.
14) Colocar todos na companhia para trabalhar em prol da transformação. A
transformação é trabalho de todos.
Uma das definições de qualidade segundo Deming (apud Carvalho &
Paladini, 2006, p.13): “ Qualidade é a satisfação das necessidades do cliente,
em primeiro lugar .”
* Joseph M. Juran nasceu na Romênia, em 1904. Já nos Estados Unidos,
graduou-se em engenharia e direito.
À semelhança de Deming, participou de várias eras da qualidade e também
atuou no Japão no pós-guerra. Devido sua experiência com empresas
japonesas, ressaltava o grande envolvimento da alta administração e dos
funcionários em vários aspectos da Gestão da Qualidade.
Os três pontos fundamentais da Gestão da Qualidade propostos por Juran
são:
1) o planejamento da qualidade
2)a melhoria de qualidade
3) o controle da qualidade
A partir de Juran, a qualidade passa a ser definida como o “desempenho do
produto que resulta em satisfação do cliente”, ou seja, a qualidade deixa de ser
algo apenas estatístico (ausência de deficiências) e passa a englobar a
satisfação do cliente e o esforço para se evitar a “não satisfação” ocasionada
por produtos defeituosos ou que ficam aquém da expectativa do cliente.
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Uma das definições de qualidade segundo Juran (apud Carvalho & Paladini,
2006, p.14): “ Qualidade é uma barreira de proteção à vida” e “Qualidade é
adequação ao uso.”
* Armand Feigenbaum nasceu nos Estados Unidos, em 1922 e formou-se
em engenharia, com doutorado em ciências, pelo Massachusetts Institute of
Technology (MIT). Ficou conhecido por ser o primeiro a tratar a qualidade de
forma sistêmica nas organizações, formulando o sistemas de Controle Total da
Qualidade (TQC), em 1951, em seu livro de Total Quality Control.
O Controle Total da Qualidade segundo Feigenbaum:
“Um sistema eficaz para integração dos esforços dos diversos grupos em
uma organização, no desenvolvimento da qualidade, na manutenção e na
melhoria da qualidade.” ( FEIGENBAUM, 1951)
“Para que este sistema seja efetivo, é preciso observar todo o ciclo
produtivo, que começa e termina no cliente, para obter produtos e serviços
mais econômicos, mas que levem em conta a satisfação total do cliente.
Destaca-se, contudo, que esse sistema consiste em uma estrutura e
procedimentos, gerenciais e técnicos, devidamente documentados, que
serviram de guia referencial para garantir a satisfação dos clientes, mas com
custos da qualidade adequados.”( FEIGENBAUM, 1987).
Uma das definições de qualidade segundo Feigenbaum (apud Carvalho &
Paladini, 2006, p.15): “ Qualidade é a composição total das características de
marketing , projeto, produção e manutenção dos bens de serviços, através dos
quais os produtos atenderão às espectativas do cliente.”
*Crosby nasceu nos Estados Unidos, em 1962, e formou-se em engenharia.
Em 1957, Crosby lançou o programa de Defeito Zero, o qual aproveitava as
noções de custos da qualidade propostas por Juran, mas tinha forte apelo
gerencial e motivacional, com ênfase no fazer certo na primeira.
Crosby, também possui 14 pontos prioritários para a qualidade:
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1) Compromisso da alta gestão com a qualidade.
2) Instalar equipes de aperfeiçoamento da qualidade em todos os setores.
3) Mensurar a qualidade na organização por meio de indicadores de qualidade,
que devem indicar as necessidades de melhoria.
4) Levantar os custos da não qualidade.
5) Disseminar nos funcionários a importância da qualidade nos produtos ou
serviços.
6) Implantar o sistema de ação corretiva.
7) Planejar o programa Zero Defeito.
8) Treinar os inspetores e os demais responsáveis.
9) Instaurar o dia do Zero Defeito.
10) Estabelecer os objetivos a serem alcançados.
11) Eliminar as causas dos erros.
12) Reconhecer publicamente os que atingem os objetivos e não realizar a
premiação financeira.
13) Instalar os círculos de qualidade para monitorar o processo.
14) Realizar repetidamente os itens listados anteriormente.
Uma das definições de qualidade segundo Crosby (apud Carvalho &
Paladini, 2006, p.16): “ Qualidade é conformidade às especificações.”
*Kaoru Ishikawa nasceu no Japão, em 1915, graduou-se em química
aplicada pela Universidade de Tóquio e completou seu doutorado em 1960. Foi
professor e consultor de empresas.
Ishikawa foi de grande importância no modelo japonês, contribuindo na
formulação do Controle de Qualidade para toda a Empresa( Company Wide
Quality Control – CWQC).
Ishikawa também difundiu as 7 ferramentas da qualidade:
1) Análise de Pareto
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2) Diagrama de causa-efeito(ou espinha de peixe, ou ainda diagrama de
Ishikawa)
3) Histograma
4) Folhas de Controle
5) Diagramas de escala
6) Gráficos de controle
7) Fluxos de controle
Uma das definições de qualidade segundo Ishikawa (apud Carvalho &
Paladini, 2006, p.17): “Qualidade é satisfazer radicalmente ao cliente, para ser
agressivamente competitivo.”
*Genichi Taguchi nasceu no Japão, em 1924, e formou-se em engenharia
e estatística e completou seu doutorado em 1962.
Diferente dos outros Gurus, Taguchi focou as atividades de projeto e não de
produção, batizado como área off-line, para diferenciar das técnicas on-line de
controle estatístico do processo. Para Taguchi, a única forma de satisfazer o
cliente era criar produtos de qualidade robusta ( robust quality).
Uma das definições de qualidade segundo Taguchi (apud Carvalho &
Paladini, 2006, p.19: “Qualidade é a diminuição das perdas geradas por um
produto, desde a produção até seu uso pelos clientes.”
1.3 Algumas definições de Qualidade
Qualidade é um termo usado por muitos atualmente, e definir este conceito,
fica difícil em apenas uma única palavra. Qualidade é algo subjetivo,
inalcançável. Queremos sempre atingir o melhor, e conforme vamos
alcançando nossos “padrões” de qualidade, queremos mais.
Garvin ( 1987), após pesquisar várias definições de qualidade coletadas no
ambiente corporativo e na literatura, classificou cinco abordagens distintas da
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qualidade, quais sejam: transcendental, baseada no produto, baseada no
usuário, baseada na produção e baseada no valor. Cada uma dessas
abordagens apresenta aspectos diferentes deste complexo conceito –
Qualidade.
A tabela 1.1 sintetiza a definição da qualidade, sob o prisma de cada uma
dessas abordagens. (apud Carvalho & Paladini, 2006, p.8;9)
Tabela 1.1: Abordagens da qualidade
Abordagem Definição Frase
Transcendental Qualidade é sinônimo de
excelência inata.
É absoluta e
universalmente
reconhecível
Dificuldade: pouca
orientação prática.
“ A qualidade não é nem
pensamento nem
matéria, mas uma
terceira entidade
independente das
duas... Ainda que
qualidade não possa ser
definida, sabe-se que
ela existe.”
(PIRSIG,1974)
Baseada no produto Qualidade é uma
variável precisa e
mensurável, oriunda dos
atributos do produto.
Corolários: melhor
qualidade, só com maior
custo.
Dificuldade: nem sempre
existe uma
correspondência nítida
entre os atributos do
produto e a qualidade.
“Diferenças na
qualidade equivalem a
diferenças na
quantidade de alguns
elementos ou atributos
desejados.”
(ABBOTT,1955)
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Baseada no usuário Qualidade é uma
variável subjetiva.
Produtos de melhor
qualidade atendem
melhor aos desejos do
consumidor.
Dificuldade: agregar
preferências e distinguir
atributos que maximizam
a satisfação.
“ A qualidade consiste
na capacidade de
satisfazer desejos...”
(EDWARDS,1968)
“Qualidade é a
satisfação das
necessidades do
consumidor...Qualidade
é adequação ao uso.”
(JURAN,1974)
Baseada na produção Qualidade é uma
variável precisa e
mensurável, oriunda do
grau de conformidade
do planejado com o
executado. Esta
abordagem dá ênfase a
ferramentas
estatísticas(controle de
processo).
Ponto fraco: foco na
eficiência, não na
eficácia.
“Qualidade é a
conformidade às
especificações”
“...prevenir não-
conformidades é mais
barato que corrigir ou
refazer o trabalho.”
(CROSBY,1979)
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Baseado no valor Abordagem de difícil
aplicação, pois mistura
dois conceitos distintos:
excelência e valor,
destacando os trade-off
qualidade x preço. Esta
abordagem dá ênfase à
Engenharia/Análise de
Valor-EAV.
“Qualidade é o grau de
excelência a um preço
aceitável.”
(BROH,1974)
Fonte: Elaborada a partir do texto de Garvin(1987).
Capítulo II
Seis Sigma
A questão mais desafiadora que líderes de negócios e gerentes enfrentam
atualmente não é “Como obter sucesso?”, mas sim “ Como manter o
sucesso?” e baseado nesses fatos, minha escolha foi pelo tema Seis Sigma,
uma ferramenta estratégica aplicada em médias e grandes empresas com o
intuito de obter redução de custo, melhorar a produtividade, reter clientes e
muito mais.
O Seis Sigma não é um modismo do mundo de negócios, atrelado a um
único método ou estratégia, mas sim, um sistema flexível para uma liderança e
um desempenho de negócios melhorados.
De acordo com (Pande, Neuman, & Cavanagh, 1998), o Seis Sigma diz
respeito tanto a uma paixão em servir os clientes e um impulso para ótimas
novas idéias quanto a estatísticas e esgotamento de todas as possibilidades
de análises dos números; que o valor do Seis Sigma é aplicável da mesma
maneira em marketing, serviços, recursos humanos, finanças e vendas como
em produção e engenharia.
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O método Seis Sigma pode ser definido como um sistema flexível para a
liderança e o desempenho dos negócios, e possibilita o alcance de benefícios
após sua implementação(Pande 2001).
Pande(2001) também afirma que o Seis Sigma proporciona:
1. A agregação de um sucesso sustentado, pois desenvolve as habilidades
e a cultura necessárias a uma revitalização constante nas organizações;
2. A determinação das metas de desempenho, que é a base sobre a qual
está alicerçada a metodologia Seis Sigma, em virtude de o nível de
desempenho se aproximar dar perfeição;
3. A intensificação do valor para os clientes, consiferando que o foco nele
é o ponto vital do método, que busca compreender o significado e a
importância do valor para o consumidor;
4. O aprimoramento das melhorias, que é garantido pela utilização de
várias ferramentas de gestão empresarial disciplinadas pela estrutura do
método;
5. A promoção da aprendizagem, em virtude de o Seis Sigma aumentar o
desenvolvimento e acelerar o compartilhamento de idéias inéditas
dentro das organizações;
6. A execução de mudanças estratégicas, pois a sua incorporação
possibilita a compreensão detalhada dos processos e procedimentos
das organizações, oferecendo, assim, a capacidade de implementação
de simples ajustes a complexas mudanças.
Segundo Harry e Schroeder (2000) citado por Linderman et al. (2003), a
metodologia Seis Sigma nasceu e se desenvolveu em meados de 1980 na
Motorola, mas a raiz original do Seis Sigma foi encontrada no livro Quality is
Free escrito por Philip Crosby em 1979, onde uma das contribuições de Crosby
para a gestão da qualidade foi o conceito do “zero defeito”, que é a filosofia
adotada pelo Seis Sigma.
O sucesso dessa ferramenta da qualidade, não pode ser explicado apenas
pela utilização exaustiva de ferramentas estatísticas , mas também pela
harmoniosa integração do gerenciamento por processo e por diretrizes,
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mantendo o foco nos clientes, nos processos critícos e nos resultados da
empresa.
O princípio fundamental do Seis Sigma é reduzir de forma contínua a
variação nos processos, eliminando defeitos ou falhas nos produtos e serviços.
Seis Sigma possui características de outros modelos de qualidade:
• Ênfase no controle da qualidade;
• Análise e solução de problemas;
• Uso sistemático de ferramentas estatísticas;
• Utilização do DMAIC (define-measure-analyse-improve-control:
definir,medir,analisar,melhorar,controlar) e do PDCA(plan-do-check-
action: planejar,executar,verificar e agir)
O Seis Sigma também abrange o alinhamento da qualidade com as
estratégias da organização, além da forte ênfase na relação custo-benefício
dos projetos de melhoria.
Benefícios provenientes da implantação do modelo Seis Sigma em uma
organização (Pande, Neuman, & Cavanagh, 1998, pg.11-14):
• Gera o sucesso sustentando
• Determina uma meta de desempenho para todos
• Intensifica o valor para os clientes
• Acelera a taxa de melhoria
• Promove aprendizagem
• Executa mudanças estratégicas
Jack Welch, presidente da General Electric(GE) na década de 90 e atual
diretor da Jack Welch, LLC, afirmou (Assembléia Geral Anual da GE,24 de
abril,1996, citado em:Slater, p.209):
“Queremos tornar nossa qualidade tão especial, tão valiosa para nossos clientes, tão importante para seu sucesso que nossos produtos se tornem sua única escolha de real valor ”.
Com uma competição mais acirrada em todos os setores, fornecer produtos
apenas “bons” ou “sem defeitos” não garantirá o sucesso. O foco no cliente
existente no coração do Seis Sigma significa aprender o que é realmente valor
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para os clientes(e futuros clientes) e planejar como oferecer isto a eles
lucrativamente.
Por que implantar o Seis Sigma em sua organização?
Os principais motivos para implantação do Seis Sigma são:
• Iniciativa própria para melhorar a qualidade e a produtividade
• Imposição de matrizes
Benefícios provenientes da implantação do Seis Sigma:
• Redução de custos organizacionais;
• Aumentar significativamente a qualidade e produtividade de produtos e
serviços;
• Aumentar e reter clientes;
• Eliminar atividades que não agregam valor para organização;
• Mudança na cultura organizacional.
Fatores chaves para o sucesso da implantação do Seis Sigma:
• Envolvimento e comprometimento da alta administração;
• Habilidades de gerenciamento de processos;
• Priorizar e selecionar projetos;
• Revisar toda documentação envolvida;
• Foco no cliente.
Principais dificuldades encontradas na implantação do Seis Sigma:
• Pouca disponibilidade de colaboradores para a realização de
treinamentos ;
• A complexidade das operações realizadas;
• Os treinamentos internos;
• A utilização das ferramentas da qualidade.
Principais alterações após a implantação do Seis Sigma:
• A qualidade significativa dos produtos e serviços;
• Ganhos financeiros.
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2.1 – Caracterização de projetos Seis Sigma
Oportunidades de mercado e exigência de um determinado negócio,
funcionam como estímulos para o início de um projeto, geralmente deflagradas
por uma das seguintes situações:
• Uma demanda de mercado
• Uma necessidade do negócio
• Uma solicitação do cliente
• Um avanço tecnológico
• Uma exigência legal
Para garantir a segurança de um projeto Seis Sigma, deve-se procurar o que
é crítico para a qualidade ( Critical to Quality-CTQ) e para isso, duas perguntas
básicas funcionam como guia na definição dos CTQ:
• O que é crítico para o mercado?
• Quais são os processos críticos?
Com o intuito de diferenciar as características críticas para a qualidade
provenientes das demandas do mercado, portanto externas, daquelas que vêm
de uma análise dos processos críticos da empresa(internas), utiliza-se a
seguinte convenção: características críticas para a qualidade externa(CTQex) e
interna(CTQin).
Uma vez que a organização identifica o que é crítico para a qualidade, deve
promover projetos Seis Sigma para garantir que seu desempenho nesses
quesitos seja classe mundial, reduzindo sistematicamente a variabilidade
desses processos.
É necessário destacar que esse processo de seleção dos projetos Seis
Sigma é permanente e que um tema específico dentro da organização (CTQex
ou CTQin) pode vir a ser alvo de projeto mais de uma vez. As informações
históricas devem ser consideradas sempre que estiverem disponíveis,
tornando importante a manutenção de banco de dados que contenha os
resultados dos projetos Seis Sigma já realizados e do monitoramento do
desempenho das CTQex e CTQin ao longo do tempo.
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Os critérios de seleção do projeto podem contemplar uma vasta gama de
possíveis metas das organizações, tais como:
• Retorno financeiro
• Fatia de mercado
• Percepções públicas, etc.
No entanto, nem sempre é possível conduzir vários projetos Seis Sigma
simultaneamente para todas as CTQ, pois em geral existem limitações de
recursos. Deve-se, portanto, estabelecer alguns crivos para a seleção dos
projetos, seguindo estas etapas:
• Identificar as CTQ internas e externas
• Identificar lacunas de desempenho
• Determinar se o escopo e a amplitude do projeto são gerenciáveis
• Determinar a viabilidade do projeto
Em algumas organizações, um projeto Seis Sigma só é formalmente iniciado
depois da conclusão de um estudo de viabilidade, embora nem sempre seja
obrigatório. Em outras situações, uma avaliação especializada pode ser
requerida, utilizando outras unidades dentro da organização.
Uma vez selecionado o projeto Seis Sigma, é importante que toda equipe
conheça as restrições a que o projeto está sujeito, pois elas limitarão as
opções da equipe com relação a escopo, pessoal e prazos. Em algumas
empresas como a GE, o projeto Seis Sigma é desenvolvido sob “contrato
interno” ( project chart) que explicita todas essas informações.
Este “contrato interno” é de fundamental importância para o bom
gerenciamento de tempo, custo e escopo, garantindo o uso eficiente dos
recursos disponíveis e mantendo o monitoramento dos marcos importantes do
projeto para controlar os possíveis desvios de rota (escopo). Portanto, os
projetos Seis Sigma são avaliados não só quanto aos resultados “técnicos”
obtidos, mas também quanto ao gerenciamento do tempo, do custo e da
utilização dos recursos alocados para o projeto, critérios estes relacionados à
gestão do projeto propriamente dita.
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2.2 – A Equipe Seis Sigma
O Seis Sigma exige a mudança de alguns dos principais fluxos de valor
empresariais que atravessam as barreiras organizacionais. É o meio pelo qual
as metas estratégicas da organização serão alcançadas. Esse esforço não
pode ser liderado por outro que não o presidente (CEO) da empresa, que é
responsável por seu desempenho como um todo. O 6-Sigma deve ser
implementado de cima para baixo.
É essencial que as organizações estejam envolvidas com programas de
melhoria como para que alcancem melhores resultados em termos de
qualidade do produto e redução de custos (TAN et al., 2004).
Embora existam várias opções, o programa de melhoria da qualidade Seis
Sigma ou somente Seis Sigma tem atraído a atenção dos praticantes em
função da sua maior probabilidade de alcançar elevados benefícios financeiros
em curtos períodos de tempo (SANDERS e HILD, 2000).
O Seis Sigma tem por objetivo reduzir a variabilidade dos processos
operacionais e organizacionais, por meio da aplicação de métodos e técnicas
estatísticas e da qualidade, para que tais processos alcancem elevado nível de
desempenho em termos de satisfação dos clientes (GRYNA, 2001;
CORONADO e ANTONY, 2002).
As atividades de melhoria são conduzidas por projetos denominados
projetos Seis Sigma. Os funcionários que participam desses projetos são parte
de uma estrutura que apresenta níveis de treinamento e habilidade diferentes.
Os papéis da equipe Seis Sigma possui alguns de sues títulos baseados nas
artes marciais, pois seus idealizadores acham que ambos têm certas
habilidades em comum ( Carvalho & Paladini, 2006, p.132):
1. Executivo Líder – responsável pela implantação do Seis Sigma. Cabe a
ele conduzir, incentivar e supervisionar as iniciativas do programa Seis
Sigma em toda a organização. Ele também analisa os resultados do
programa e verifica os benefícios financeiros alcançados com os
projetos Seis Sigma. Seleciona os executivos( diretores e gerentes) que
desempenharão os papéis de campeões.
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2. Campeão – responsável por liderar os executivos-chave da organização
rumo ao programa Seis Sigma. Cabe a ele organizar e guiar o começo,
o desdobramento e a implementação do Seis Sigma em toda a
organização. Ele deve compreender as teorias,os princípios e as
práticas do Seis Sigma, pois cabe a ele definir as pessoas que irão
disseminar os conhecimentos sobre o Seis Sigma por toda a empresa.
3. Master Black Belts – auxilia o campeão na implantação do Seis Sigma
na organização, tendo papel fundamental no processo de mudanças na
organização. Ajuda o campeão na escolha e no treinamento de novos
projetos de melhoria, oferecendo liderança técnica no preparo dos
profissionais de Seis Sigma, treinando e instruindo os Black Belts e
Green Belts. Estes profissionais dedicam 100% do seu tempo às
atividades relacionadas ao programa Seis Sigma. Recebem treinamento
intensivo e são preparados para a solução de problemas utilizando o
pensamento estatístico. Além disso, os Master Black Belts devem
possuir habilidades de comunicação e didáticas.
4. Black Belts – Assim como os Master Black Belts , também dedicam
100% de seu tempo a trabalhar em projetos Seis Sigma, recebendo
treinamento intensivo em técnicas estatística e de solução de
problemas. Os Black Belts respondem aos Master Black Belts e lideram
equipes na condução dos projetos Seis Sigma.
Habilidades necessárias para os Black Belts:
• Iniciativa, entusiasmo e habilidades de relacionamento
interpessoal e comunicação
• Motivação para alcançar resultados e efetuar mudanças
• Influência no setor funcional em que atuam
• Habilidades para trabalhar em equipe
• Excelentes conhecimentos técnicos da sua área de trabalho
• Domínio das ferramentas estatísticas e conhecimento da
metodologia Seis Sigma aplicada a projetos específicos.
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5. Green Belts – são profissionais parcialmente envolvidos com as
atividades Seis Sigma, compartilhando-as como parte da suas tarifas no
dia-a-dia. Seu treinamento é mais simplificado do que os Black Belts.
Eles possuem duas tarefas principais :
• Auxiliar aos Black Belts na coleta de dados e no desenvolvimento
de experimentos e ;
• Liderar pequenos projetos de melhoria nas suas respectivas
áreas de atuação.
De acordo com Hoerl (1998), entre os principais resultados obtidos através
do programa Seis Sigma destacam-se seus resultados financeiros, o apoio
contínuo e o entusiasmo da gerência, sua ênfase quantitativa e disciplinada
para a resolução de problemas, a grande preocupação em entender e
satisfazer as necessidades dos clientes (uso de métricas) e a correta
combinação de projetos, pessoas e ferramentas.
Segue abaixo, um exemplo de Qualidade em ação , o Seis Sigma na GE
Capital Services (Adaptado de Kasahara e Carvalho,2003):
A GE é mundialmente conhecida pela implementação do Seis Sigma, com efetiva difusão da cultura da qualidade, que atinge praticamente todos os níveis da empresa. É possível perceber a grande influência do ex-CEO Jack Welck, que foi o principal fomentador da implementação e adoção dos programas Seis Sigma na empresa. Existem muitos projetos Seis Sigma em toda a corporação, que participam do Six Sigma Rally, que constitui uma competição entre os diversos projetos implementados, tanto no âmbito da divisão como de toda organização. Além disso, a empresa utiliza a internet interna para disponibilizar dados sobre projetos já realizados. Em uma das unidades de negócio da General Electric, a Capital Services no Brasil, que possuía em 2002 cerca de 150 funcionários, há um setor específico de qualidade, com um especialista em qualidade, denominado quality leader, que é responsável pelas reuniões com outros especialistas das outras divisões da GE, além de auxiliar na coordenação dos projetos internos. Além disso, há um Master Black Belt responsável diretamente pela coordenação dos projetos da empresa. No entanto, esta formação não é rigidamente seguida por todas as unidades da GE. Se a divisão é muito pequena, não há ambos os cargos, além de , em alguns casos, a área da qualidade não representar uma unidade organizacional definida das demais. Na GE Capital Services no Brasil, existem também vários funcionários com o título de Black Belt ou Green Belt, ou seja, existem especialistas em qualidade por toda a estrutura organizacional. Além disso, existe um grande incentivo para que os funcionários obtenham o título de Green Belt pelo menos, aliado ao fato de a participação nos projetos de melhoria fazer parte da avaliação de desempenho individual dos funcionários.
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O treinamento dos funcionários de qualidade é de responsabilidade de outra empresa, porém, alguns especialistas da GE auxiliam no desenvolvimento e na implementação dos cursos.
No Programa Seis Sigma, Harry (1998) afirma que o sucesso do programa
como uma "estratégia de ruptura" depende das pessoas que são
adequadamente treinadas e assim tem-se o desenvolvimento de forças
especiais conhecidas como Black Blets dentro das empresas para trabalharem
integralmente em projetos. Portanto, o treinamento adequado dos Black Belts
gera o conhecimento necessário e o aparato tecnológico para que as
empresas possam alcançar seus objetivos, daí sua fundamental importância.
Capítulo III
O Modelo DMAIC
A metodologia DMAIC é uma versão do Seis Sigma para processos e é
baseada na ISO 9000 e no TQM . O programa visa ao aperfeiçoamento do
processo por meio da seleção correta dos processos que possam ser
melhorados e das pessoas a serem treinadas para obter os resultados.
Diversas ferramentas são utilizadas de maneira integrada às fases do DMAIC,
constituindo um método sistemático, disciplinado, baseado em dados e no uso
de ferramentas estatísticas para se atingir os resultados almejados pela
organização.
Segundo Lucier e Seshadri (2001), a abordagem Seis Sigma consiste na
utilização de metodologia e ferramentas para orientar as mudanças nos
processos, seguindo uma rigorosa filosofia de gerenciamento baseada na
ciência. O ponto mais importante da abordagem Seis Sigma é o modelo
sumarizado pelas iniciais em inglês DMAIC (define, measure, analyse, improve
e control), que traduzindo para o português significam: definir, medir, analisar,
melhorar e controlar. As cinco etapas do DMAIC podem ser descritas como
segue:
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1. Define – definir: nesta primeira etapa, são definidos os requisitos do
cliente(a voz do cliente) e suas necessidades são traduzidas em
Características Críticas para a Qualidade (CTQ – Critical to Quality).Esta
etapa é fundamental para a metodologia, pois parte da visão do cliente,
levando-a para dentro da organização. A equipe deve estar preparada
para aplicar as ferramentas Seis Sigma, desenhando processos críticos,
procurando identificar aqueles que possuem relação com os CTQs do
cliente e que estão gerando resultados ruins, como reclamações de
clientes, problemas funcionais, problemas trabalhistas, altos custos de
mão-de-obra, baixa qualidade de suprimentos, erros de forma, ajuste e
funcionamento. Em seguida, a equipe realiza uma análise custo-
benefício do projeto, de modo a ter uma visão clara do retorno que a
atividade deverá trazer para empresa.
2. Measure – medir: nesta segunda etapa, a equipe assessorada pelo
Black Belt , irá desenhar o processo e os subprocessos que se
relacionam com as Características Críticas para a Qualidade(CTQs),
definindo as entradas e as saídas. É de grande importância nesta fase,
estabelecer relações. O sistema de medições utilizados, deve ser
adequado para atender às necessidades do processo. Em seguida, a
equipe coleta os dados do processo por meio de um sistema que
produza amostras representativas e aleatórias. Nesta etapa, também
são determinados os índices de capacidade do processo a curto e longo
prazo.
3. Analyze – analisar: nesta terceira etapa, muito importante para a
metodologia, a equipe Seis Sigma realiza a análise dos dados
coletados. A equipe utiliza além das ferramentas tradicionais da
qualidade, as ferramentas estatísticas de modo a identificar as causa
óbvias e não óbvias. A utilização das ferramentas estatísticas de forma
competente e prática é uma das forças da metodologia.Para esta fase, a
utilização de software estatístico é quase imprescindível, pois facilita a
equipe nos cálculos e desenha os gráficos necessários. Nesta etapa, a
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equipe identifica as principais causas geradoras dos defeitos e as fontes
de variações nos processos.
4. Improve – melhorar: nesta quarta etapa, a equipe Seis Sigma deve
fazer as melhorias no processo existente. Os dados estatísticos devem
ser transformados em dados do processo, e a equipe precisa verificar
tecnicamente quais transformações serão executadas. É nesta fase que
as melhorias se materializam no processo, quando a equipe interage
com as pessoas que executam as atividades, sendo, portanto, uma fase
crítica. As equipes promovem melhorias nas variáveis vitais do processo
e realizam a quantificação dos efeitos nas Características Críticas para
a Qualidade (CTQs – Critical to Quality), isto é, nas metas financeiras ou
de desempenho. Deve-se testar as soluções, pois é nesta fase que a
equipe inicia a transferência para a parte operacional da organização a
responsabilidade de executar o processo modificado.
5. Control- controle: nesta quinta e última etapa, é a fase onde a equipe
Seis Sigma define como serão feito os controles, manutenções das
melhorias, e como irão passar essas informações de controle para os
responsáveis pelo processo normalmente no dia-a-dia. Nesta etapa, a
equipe deve estabelecer e validar um sistema de medição e controle
para medir continuamente o processo de modo a garantir que a
capacidade do processo seja garantida. É preciso também, a
elaboração de uma documentação, além do monitoramento das novas
condições do processo por meio de métodos estatísticos de controle de
processo. A capacidade do processo é reavaliada para garantir que os
ganhos sejam mantidos. Dependendo do resultado desta reavaliação,
pode ser necessário rever uma ou mais fases precedentes do processo.
A metodologia DMAIC traz a necessidade da aplicação de alguns conceitos.
Por exemplo, na definição, o problema é teórico e deve ser específico;na
medição, é uma questão prática e deve se apoiar em ferramentas da
estatística confiáveis;na análise, é um problema estatístico e deve haver a
restrição dos críticos de controle(CTQs); na melhoria, é uma solução estatística
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e devem ocorrer melhorias nos críticos da qualidade(CTQs); no controle, é
uma solução prática e deve evidenciar a ocorrência de melhorias sustentáveis.
O encadeamento das etapas, no qual a etapa seguinte só deve começar
quando a anterior já estiver encerrada, permite uma compreensão melhor dos
processos, facilitando o caminho para obtenção da resolução dos problemas
ou melhoria dos processos, evitando julgamentos precipitados ou errôneos,
que bloqueiam a identificação da verdadeira causa o que gera um
procedimento não efetivo (não corretivo ou de melhoria), possibilitando o
aparecimento, no futuro, dos mesmos problemas. E quando um ciclo é
encerrado, um novo pode ser iniciado para que a melhoria contínua ocorra.
Diversas ferramentas podem ser aplicadas em cada etapa do método.
Alguns exemplos, das mais usadas segundo Campos (2003) são o
mapeamento de processos, o diagrama de causa e efeito e as técnicas
gráficas são as ferramentas mais usadas. Também, se destaca o grande
número de testes de hipóteses e de experimentos realizados. Tais ferramentas
não são novas, o que é diferente é o seu uso integrado com foco em projeto.
Uma grande necessidade existente para que se realize com sucesso a
implantação de um programa Seis Sigma é a cooperação e envolvimento de
todos nos projetos e respaldo da alta administração (ARIENTE, 2005).
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CONCLUSÃO
Este trabalho traz parte dos resultados de uma pesquisa bibliográfica
abrangente para a implantação do método Seis Sigma em uma organização
com o intuito de melhorar sistematicamente os processos ao eliminar os
defeitos. Podemos observar o método Seis Sigma como uma das ferramentas
da qualidade cujo, o princípio fundamental é a redução de forma contínua de
variações nos processos, eliminando defeitos ou falhas nos produtos e
serviços. Com base neste trabalho,vimos que a qualidade não é vista pelo Seis
Sigma na sua forma tradicional, isto é, a simples conformidade com normas e
requisitos da organização. Ele a define como o valor agregado por um amplo
esforço de produção com a finalidade de atingir objetivos definidos na
estratégia organizacional.
Pode-se dizer que o método Seis Sigma abrange não só o pensamento
estatístico, mas também o alinhamento da qualidade com as estratégias da
organização, além da forte ênfase na relação custo-benefício dos projetos de
melhoria. O Seis Sigma contempla características de outros modelos de
qualidade, tais como o DMAIC e o uso sistemático de ferramentas estatísticas.
Trabalhar utilizando o método Seis Sigma, significa trabalhar em classe
mundial.
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BIBLIOGRAFIA
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mudança organizacional: estudo de caso do Seis Sigma. Rev. FAE,
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ANEXOS
Figura 1 – Gráfico de controle
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Figura 2 – Trilogia da qualidade
Figura 3 – PDCA( plan, do, check, act)
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Figura 4 – DMAIC( Define, measure,analyze,improve,conrol)
Figura 6 – Símbolo Seis Sigma
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes – Instituição A Vez do
Mestre
Título da Monografia:A Importância da Ferramenta Seis Sigma na Gestão de
Qualidade
Autor: Bárbara Corrêa Bauly
Data da entrega: 19/08/2010
Avaliado por: Conceito: