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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A indisciplina como geradora do fracasso na aprendizagem
Por: Nílzia Marques Santos
Orientador:
Prof. Vilson Sergio de Carvalho
Belo Horizonte
2009
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A Indisciplina como geradora do fracasso na Aprendizagem.
Apresentação de monografia à Universidade Cândido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em
Supervisão Escolar.
Por: Nílzia Marques Santos
Belo Horizonte
2009
AGRADECIMENTOS
À minha família, pela compreensão nos momentos
em que deixei de atender a pequenos pedidos,
devido à dedicação aos estudos.
Aos professores, que não mediram esforços
para que pudéssemos concluir o curso.
Aos colegas, companheiros fiéis nos momentos de desânimo
e pelo incentivo no decorrer de todo o processo.
Aos meus alunos, com quem muito aprendi.
A Deus, que brota em todas as formas de vida
e nos dá a força necessária para que alcancemos os nossos objetivos.
DEDICATÓRIA
A meu marido que me ajudou e me incentivou a estudar, e aos meus filhos que
sempre me apoiaram neste trabalho com companheirismo e amizade.
A meus pais que me educaram com amor e me ensinaram o valor do respeito,
da honestidade, da convivência e da importância de Deus em nossa vida.
Aos meus alunos do ano de 2008, também à direção e colegas da Escola
Estadual “Cardeal Arcoverde” pela oportunidade de fazer-me crescer como ser
humano e compreender melhor o outro.
Epígrafe
“Os sonhos são como o vento, você os sente, mas não sabe de onde eles
vieram e nem para onde vão.
Eles inspiram o poeta, animam o escritor, arrebatam o estudante,
Abrem a inteligência do cientista, dão ousadia ao líder.
Eles nascem como flores no terreno da inteligência e crescem
Nos vales secretos da mente humana,
Um lugar que poucos exploram e compreendem”
(Augusto Cury “Nunca desista de seus Sonhos”)
RESUMO
O presente estudo investiga o problema da indisciplina em sala de aula. O
trabalho analisa a indisciplina e os recursos possíveis de enfrentamento do
problema quando tomado como objeto de reflexão e/ou problema concreto e ao
mesmo tempo, busca respostas para os seguintes questionamentos: Como
aceitar que a indisciplina exista no contexto escolar? Quais os significados da
indisciplina escolar? A indisciplina deixou de ser um acontecimento raro e
particular no cotidiano das escolas públicas ou particulares, tornando-se um
dos maiores obstáculos pedagógicos nos dias de hoje. Tem-se a noção que
com tal problema não se faz nenhum trabalho pedagógico significativo,
prejudicando assim a aprendizagem do aluno e acabando com a auto-estima
do professor. Este estudo também analisa a importância da supervisão escolar
como o maior apoio que o professor pode ter para lidar com o problema da
indisciplina.
Palavras-chaves: Supervisão escolar; auto-estima; indisciplina.
METODOLOGIA
Seleciona-se como metodologia para o estudo, a pesquisa qualitativa do
tipo descritiva, a qual tem como objetivos descobrir e observar informações e
fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los. Ressalta-
se que nesse tipo de pesquisa, a pesquisadora somente coleta, observa,
classifica e interpreta as informações. Desse modo, utiliza-se como
metodologia para levantamento de dados, segundo a terminologia de Gil (1999:
p.71), “fontes de papel” – pesquisa bibliográfica – e a leitura de textos diversos
sobre Supervisão Escolar. É importante frisar que o que se pretende não é uma
análise ideológica ou militante, mesmo quando se trata de questões como a
explicitação de informações e conclusões a que se chega ao analisar
determinadas fontes referenciais. Entretanto, a linguagem é sempre social,
elaborada no espaço da cultura; e a escritora escreve, mesmo que não o saiba,
o seu passado e o seu contexto; logo, sua posição é inevitavelmente emocional
e política. Levando-se em conta a linguagem e suas produções, só se elimina o
sujeito do inconsciente por uma estratégia teórica ou ideológica. Ele está
sempre lá e, principalmente, quando o assunto é Educação.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I – A INDISCIPLINA E A APRENDISAGEM
1.1. A Ética e a Moral na Educação
CAPÍTULO II – A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA NA FORMAÇÃO DO SER.
2.1. Limites e Disciplina na família
2.2. Limites e Disciplina na escola
2.3 Limite e Disciplina na Sociedade
CAPÍTULO III– INDISCIPLINA ESCOLAR
3.1Como Combater a indisciplina na Escola
3.2 A auto estima
3.3 Conhecer Limites / Obedecer regras
3.4 Análise dos Questionáios e Depoimentos
CAPÍTULO IV – PAPEL DO SUPERVISOR
4.1 - Atuação da Supervisão
4.2- Função da supervisora
CONCLUSÃO .
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
INTRODUÇÃO
O presente estudo investiga a problemática da indisciplina na sala de
aula e a sua influência no fracasso da aprendizagem.
Este trabalho será apresentado em quatro capítulos, sendo o primeiro
sobre indisciplina e aprendizagem, conceituando. No segundo destaco a
importância da disciplina para a formação do ser. No terceiro, apresento o
diagnóstico da pesquisa realizada e no quarto, a proposta para se combater a
indisciplina na escola e papel do supervisor neste âmbito.
O trabalho analisa a indisciplina e os recursos possíveis de
enfrentamento do problema quando tomado como objeto de reflexão e/ou
problema concreto e ao mesmo tempo, busca respostas para a seguinte
questão: A defasagem na Aprendizagem pode ser um fator resultante da falta
de disciplina na sala de aula?
A disciplina é indispensável para o crescimento e desenvolvimento do
ser humano. Hoje, com a perca dos valores, nos deparamos com situações
consideradas “críticas” no ambiente escolar como: O atraso no desempenho
do aluno; elevando o índice de repetência; proporcionando a baixo auto –
estima; desestimulando a aprendizagem e afetando o relacionamento professor
/ aluno. Ela deixa de ser um acontecimento raro e particular no cotidiano das
escolas, tornando-se um dos maiores obstáculos pedagógicos nos dias de
hoje.
Através de experiência vivenciada por mim, no ano de 2008, justifica-se
neste estudo a possibilidade de uma reflexão sobre o tema e a nossa maneira
de lidar com o problema. É necessário compreendermos o outro para saber
líder com as diferenças, favorecendo o aprender a aprender, aprender a ser e
aprender a conviver, tornando-o um cidadão responsável, crítico, participativo,
criativo e social.Este estudo também analisa a importância da supervisão
escolar como o maior apoio que o professor pode ter para lidar com o problema
da indisciplina. Juntos devem reconhecer e analisar a indisciplina como fator
relevante na defasagem da aprendizagem, considerando que nem sempre o
aluno indisciplinado é um aluno “problema”. Espera –se, ainda, encontrar
estratégias para resolver o problema da indisciplina escolar, tendo como
resultado a mudança de comportamento e a melhoria do desempenho escolar.
Conscientizando-se de que a disciplina é indispensável para a vida da criança
e para se obter sucesso no relacionamento com o outro é preciso gostar do
que faz, aplicar a afetividade e limite na medida certa. Ensinar a criança a
seguir regras e regulamento ajuda a adaptá-la ao mundo e a ter um
comportamento social aceitável. A indisciplina retarda a aprendizagem e causa
transtorno na vida do aluno. Para reverter esse quadro é necessário acreditar
que o aluno é capaz, conquistar a confiança do mesmo, implantar limites,
promover a afetividade e favorecer o aprender a ser, viver e conviver.
CAPÍTULO I – A INDISCIPLINA E A APRENDIZAGEM
Segundo AURÉLIO, indisciplina significa desobediência, rebeldia,
desordem. Aprendizagem vem a ser, de acordo com o mesmo, é o ato ou efeito
de aprender, tomar conhecimento de algo.
A partir do momento em que observa-se o comportamento do aluno ou
outro ser, consequetemente nota-se a questão disciplinar do mesmo.
Dependendo do resultado, torna-se necessária uma revisão de nossas práticas
costumeiras, um tanto quanto enraizada, para ceder lugar a atitudes mais
condizentes com a conduta do aluno.
Cada aluno é um ser individual que chega ao ambiente escolar,
apresentando uma diversidade diante dos conhecimentos de vida cotidiana.
Cabe ao profissional da educação que lida com o mesmo, buscar conhecer sua
realidade, respeitar e valorizar suas diferenças,orientando-o para a sua
formação pessoal, moral e social de acordo os padrões de cidadania.
A indisciplina é fruto de uma desarmonia de relações, e nessas
condições, afeta a aprendizagem, obstruindo os caminhos para a mesma. O
que é bom para um, pode não ser bom para o outro, partindo do pressuposto
de que cada pessoa é uma pessoa, potente, mas com limitações. Assim sendo,
sabemos que não deve existir homogeneidade no processo
ensino/aprendizagem.
É importante que se estabeleça normas de convivência, regras e
limitações, para que o desejo não seja realizado com revelia. Pode-se
comparar situações nas quais, se o aluno não é corrigido ou orientado de seus
atos indevidos, ele não obterá o mesmo rendimento ou rendimento
insatisfatório para o seu êxito.
Disciplina na escola pode significar coisas muito diferentes, porém, a
indisciplina é sempre comportamento impróprio, desobediência, desrespeito ou
agressividade. São desvios de conduta, também presentes nas relações
familiares, comerciais, esportivas e políticas. Por isso, identifica-se a
necessidade de repensar, conhecer e compreender as relações nestes
contextos, para replanejar o nosso olhar sobre o que ocorre na escola,
buscando evitar os diagnósticos passíveis de preconceitos e persistir em
propostas que, até então, não apresentaram resultado satisfatório.
A indisciplina entra em cena quando há desvio de comportamento. Nas
relações sociais de comércio e política, em casa ou nas quadras esportivas, é
notório a indisciplina diante de regras ausentes, impróprias ou mal aplicadas, o
que não se observa no ambiente escolar. Ao receber os estudantes, deveria
estabelecer-se um compromisso recíproco de ensino e de empenho pelo
aprendizado, único para todas as escolas, dentro dos parâmetro legais e
institucionais. De um lado é preciso um projeto pedagógico claro e eficaz, com
uma proposta curricular periodicamente avaliada,que possa contribuir para a
formação de novas gerações, instrumentando educadores com princípios,
metodologias e técnicas capazes de desenvolver nos educandos um conjunto
de competências pessoais e sociais, preparando-os para melhor
compreenderem e enfrentarem as exigências do mundo contemporâneo. De
outro lado, alunos e seus responsáveis precisam participar de forma consciente
e ativa, pois a disciplina não é somente meio, mas também resultado da
educação. E ainda, não é somente obstáculo ao aprendizado, mas também à
alta de aprendizado.
1.1 Ética e a Moral na Educação
A ética está presente em toda e qualquer realidade, a qual pode ser
definida como tudo o que tem a ver com bom ou mau, corroboram Paggi e
Guareschi (2004, p. 155).
De acordo com os autores, as reflexões e pesquisas sobre ética chegam
à conclusão de que todos os seres humanos em particular e todos os povos
constituídos possuem um sentido de ética, mesmo que o seu conteúdo não
seja o mesmo para todos: pode variar o que seja ético para um ou para outro,
mas todos possuem uma ética.
Etimologicamente, ressaltam os autores, ética e moral significam a
mesma coisa: ética provém do grego, “ethos”, que significa costume; moral
provém do latim, “mos, moris”, que significa também costume.
Porém, com o tempo os pensadores, ao aprofundar o tema, passaram a
diferenciar entre ética e moral. Nem todos concordam com esta distinção. A
moral é a ordem estabelecida pelos costumes ou pelo poder. Moral ficaria
sendo o que é legal, o que está estabelecido por lei. Não se pergunta quem
criou a lei e a favor de quem ela estaria. Para quem está familiarizado com os
estudos de Kohlberg (1966, 1968, apud Paggi e Guareschi (2004, p. 155)
(e em parte de Piaget, 1932), a moral se colocaria no segundo estágio do
nível convencional: moral é o comportamento feito para cumprir a obrigação,
respeitar a autoridade e preservar a ordem social; as coisas existentes são
consideradas como certas e corretas, complementam os autores.
Já a ética, os autores se referem ao nível pós-convencional: a pessoa
começa a pensar sobre os direitos dos outros, o bem comum; os padrões de
justiça escolhidos pela pessoa e sua própria consciência têm mais influência
em seu comportamento do que as regras e leis existentes na sociedade. Isso
significa que muitas vezes o que é moral não precisa, necessariamente, ser
ético.
Dentro de uma cosmovisão individualista, segundo Paggi e Guareschi
(2004, p. 156), o ser humano é considerado como indivíduo, isto é, alguém que
é singular, mas isolado de qualquer outra coisa; isso fica bem expresso em sua
definição filosófica: “indivisum in se et divisum a quolibet alio”. É difícil perceber
que a ética é sempre uma relação, onde entende-se por relação a “ordenação
intrínseca de alguma coisa em direção a outra”, como bem definido na
formulação filosófica “ordo ad aliquid”, isto é, aquilo que não pode ser, sem que
haja outro. (GUARESCHI, 1995; 1992; 1996, apud PAGGI e GUARESCHI,
2004, p. 156).
Conforme os autores, a conseqüência disso é que, sendo a ética uma
relação. Ético não pode uma pessoa ser sozinha, pois, para ser ético
necessita-se estabelecer uma relação, e é essa relação que vai ser ética ou
não, e não a própria pessoa, ou a pessoa do outro. Isso pode ser dito de outro
modo ao afirmar-se que ético é um adjetivo que se aplica às relações. São as
relações que são éticas ou não éticas.
Pode-se dizer “sim” ou “não”, quero ou não quero. Conforme Savater
(2002, p. 28), por mais que se sinta acuado pelas circunstâncias, nunca tem-se
apenas um caminho a seguir, mas vários e é certo que não se podemos fazer
qualquer coisa que se queira, mas também é certo que não se é obrigado a
querer fazer uma única coisa.
De acordo com o autor, são necessários que se façam dois
esclarecimentos acerca da liberdade. Primeiro é que não se é livre para
escolher o que acontece (ter-se nascido num determinado dia, de
determinados pais, num determinado país, ter-se um câncer ou ser atropelado
por um carro, ser feio ou bonito, etc.), mas livres para responder ao que
acontece de um ou outro modo (obedecer ou se rebelar, ser prudente ou
temerário, vingativo ou resignado, vestir-se na moda ou fantasiar de urso das
cavernas, defender Tróia ou fugir, etc.).
Em segundo lugar, ser livre para tentar algo não significa consegui-lo
infalivelmente. A liberdade (que consiste em escolher dentro do possível) não é
o mesmo que a onipotência (que seria conseguir sempre o que se quer,
mesmo parecendo impossível). Por isso, quanto maior for nossa capacidade de
ação, melhores resultados poderemos obter da liberdade. É livre para querer
subir o monte Everest, mas, em vista do meu estado físico miserável e de meu
preparo nulo para o alpinismo, é praticamente impossível que eu consiga meu
objetivo. Em compensação, é livre para ler ou não ler. Há coisas que
dependem da vontade (e isso é ser livre), mas nem tudo depende da vontade
(senão seria onipotente), pois no mundo há muitas outras vontades e muitas
outras necessidades que não podem ser controladas conforme o gosto de cada
um. Se não conhecer a si mesmo e ao mundo em que vive, a liberdade às
vezes irá esbarrar com o necessário. Mas, nem por isso deixa-se de ser livre,
mesmo que se queime.
Na realidade, ressalta Savater (2002, p. 29), existem muitas forças que
limitam a liberdade, desde terremotos e doenças e até de tiranos. Mas a
liberdade também é uma força no mundo. No entanto, se quer conversar com
as pessoas, verá que a maioria tem muito mais consciência do que limita sua
liberdade do que da própria liberdade.
O autor examina acerca das ordens, costumes e caprichos que, de certa
forma, inclina a conduta numa direção ou na outra, explica mais ou menos a
preferência por fazer o que se faz às outras muitas coisas que se poderia fazer.
A primeira questão do autor é a respeito : de que modo e com que força cada
um nos obriga a agir? Pois nem todos têm o mesmo peso em cada ocasião. Ao
se levantar para ir ao colégio é mais obrigatório do que escovar os dentes ou
tomar banho, e acredita-se que muito mais do que chutar a lata de coca-cola;
por outro lado, vestir calça ou pelo menos cueca, por mais que faça calor, é tão
obrigatório quanto ir ao colégio, não é? O que quer dizer que cada tipo de
motivo tem seu próprio peso e condiciona ao seu modo. A força das ordens,
por exemplo, provém do medo que se possa ter das terríveis represálias caso
não as obedeça; mas também, do afeto e da confiança que se tem e que o faz
pensar que aquilo que é mandado é para protegê-lo e melhorá-lo ou, numa
expressão que o faz torcer o nariz, é para seu bem. Também, certamente,
porque se espera algum tipo de recompensa se cumprir tudo devidamente:
pagamento, presentes, etc.
Os costumes, conforme o autor, por outro lado, provêm antes da comodidade de seguir a rotina em determinadas ocasiões e também do interesse em não contrariar os outros, ou seja, da pressão dos outros. Também nos costumes há algo de obediência a certos tipos de ordens: por exemplo, nas modas. A quantidade de jaquetas, tênis, distintivos, etc., que se tem de vestir porque é o costume entre os amigos e não se quer destoar. No que diz respeito às ordens e os costumes têm uma coisa em comum: parecem vir de fora, impondo-se sem pedir permissão. Por outro lado, os caprichos vêm de dentro, brotam espontaneamente sem ninguém mandar e sem se acreditar, em princípio, estar imitando
CAPÍTULO II – A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA NA FORMAÇÃO DE SER.
A disciplina é indispensável para a formação do ser, é essencial para o
crescimento e desenvolvimento sadios. Ensinar a seguir as regras e
regulamentos ajuda o indivíduo a adaptar-se ao mundo e a ter comportamento
socialmente aceitável. Deste modo aprende a ter noção dos direitos dos outros
e a respeitar esses direitos. Alem isso,a disciplina ajuda a voltar a atenção do
ser humano para alem de si. De modo que ele não funcione unicamente em
termos de seus próprios impulsos, sem considerar os sentimentos dos outros.
Segundo Joel Barker, mudar os paradígmas é a parte mais desafiante
do drama humano. De fato, são muito poucos aqueles que,em sua área de
atuação, são capazes de mudar a maneira de ver, de entender e agir, ou seja,
o modo como são feitas as coisas.
Pois a criança jaz o futuro do mundo!
Deve a mãe abraçá-la ternamente para que ela sinta ali o seu mundo.
E o pai deve levá-la ao monte mais alto, para que ela divise como é o seu
mundo ( Provérbio maia)
Este provérbio, em poucas palavras, permite descortinar a totalidade do
desenvolvimento humana, determinando seus objetivos.
Sua preocupação fundamental é a criança, portadora e testemunha do
futuro do mundo. Dada a sua vulnerabilidade e por ser a esperança do
amanhã, ela necessita de proteção e amor.
Ao nascer o ser humano traz consigo uma série de reflexos que
começam desde cedo a adaptar-se ou modificar-se com a experiência. Agindo
sobre o ambiente, o ser humano vai desenvolvendo esquemas que são
estruturas ou padrões de ações mais ou menos integrados e identificáveis. Nas
crianças de sucesso, cujos esforços foram encorajados, respeitados e bem
sucedidos,emerge um sentimento de competência e prazer nas tarefas que
impulsionam um sentimento de produtividade. Já nas crianças cujas iniciativas
são desencorajadas e diminuídas, surge um sentimento de só menos
competentes do que seus colegas em realizações, habilidades, capacidades e,
assim, desenvolvem um sentimento de inferioridade, que irá refletir no seu
comportamento social. Portant, experiências positivas na escola e no lar são
fundamentais para o desenvolvimento do ser humano e sua atuação na
sociedade.
Educar é conduzir a criança para o estado adulto levando em conta que
ela será adulta amanhã, num mundo novo,e não no mundo de ontem ou
de hoje. (Osterriet)
Devemos agir de acordo com a realidade, preparar o educando para a
vida sem queimar etapas nem mesmo forçar as coisas.
2.1 Limites e Disciplina na Família
Quanto mais próximo do nascimento, mais a criança segue seu ritmo
biológico, sendo que a disciplina deverá obedecer a esse ritmo, não o inverso.
Um dos ritmos mais importantes, estabelecido desde os primeiros dias de vida,
é o da alimentação, porque depende da interação com a mãe ou com a pessoa
que a substitui, ressalta Tiba (1996a, p. 30),
Segundo o autor, o bebê não sabe falar, por isso chora quando tem
fome. O auge da maternidade acontece nesta hora: amamentar a criança e
iniciar com ela uma relação muito íntima. Nessa interação, a mãe transmite o
modo de ser da família (“como-somos”), e isso é essencial para ajudar o filho a
formar seu ser psicológico, pois a criança traz ao nascer apenas seu ser
biológico (cromossomos).
O pai deve ter muita saúde psicológica para participar do gesto da
alimentação, que tem um imenso significado no gesto afetivo. Afinal, a criança
não precisa só de leite, complementa o autor.
“O leite alimenta o corpo. O afeto, a alma. Criança sem alimento fica
desnutrida. Criança sem afeto entra em depressão”, comenta Tiba (1996a, p.
31).
Sempre querendo acertar, as mães buscam informações sobre a melhor
maneira de atender às necessidades de seus filhos. A resposta varia conforme
a época - várias verdades médico-psicológicas foram ditadas, em geral
contraditórias.
Conforme Tiba (1996a, p. 36), existe uma certa tendência de a mãe,
mais que o pai, desenvolver com o filho uma relação muito íntima, que a faz
sentir-se totalmente responsável pela criança. A mãe fica num estado de
tensão psicológica tão intenso que tudo o que acontece com o filho ela
percebe, inclusive alterações mínimas, que passam despercebidas para as
outras pessoas.
Na maioria das vezes, segundo o autor, a indisciplina da mãe é
resultado de um excesso de zelo, de um esforço exagerado para garantir o
bem-estar de sua prole. A dedicação excessiva priva a mãe e, com certeza,
não será recompensada no futuro. Conforme o filho for crescendo, ela
precisará modificar sua abordagem. Caso contrário será uma indisciplinada.
É preciso respeitar quando a criança troca a expressão de curiosidade
por um olhar sério, pois, a mãe, acostumada com aquele filho sorridente, é
surpreendida por uma reação antipática e, sem entender o que houve,
desculpa-se: “Não sei o que aconteceu. Ele sempre foi tão simpático.
Ultimamente tem estranhado todo mundo”.
“Algumas crianças são rebeldes”, afirma Tiba (1996a, p. 39). Desde
pequenas não aceitam esse tipo de imposição, demonstrando força de ego,
sendo que, na falta de outros recursos, recorrem àquele que mais conhecem: a
birra.
O filho birrento deixa a mãe extremamente nervosa por conseguir que
ela se sinta impotente e envergonhada perante sua manifestação de birra, que
ocorre em qualquer lugar, basta a criança sentir-se frustrada: no shopping, no
restaurante, na visita àquele tio importante.
Segundo Tiba (1996):
A birra é uma ruptura no relacionamento; por meio dela o birrento impõe à outra pessoa uma condição: “Se você me atender, ótimo; caso contrário, vai sofrer muito”. Trata-se de um estado psicótico de comportamento em que se nega a razão para fazer prevalecer uma vontade. O interessante é que a meta escolhida, a grande motivação da birra, é um capricho, uma vontade desnecessária. Ninguém faz birra por não querer estudar. Mas porque o pai não deixa de comer um chocolate ou não compra um brinquedo no shopping. (TIBA, 1996a, p. 39).
De acordo com o autor, quando a vergonha que a mãe sente é mais
forte que a raiva, se a birra ocorre em público, ela acaba atendendo ao desejo
da criança antes que a gritaria tome conta do local. O filho venceu. A criança
aprendeu que a birra pode ser uma arma para fazer valer suas vontades,
principalmente em ambientes em que possa expor a mãe. Na birra, a criança
transforma seu desejo supérfluo em algo essencial e necessário à sua vida.
Esse desejo, não educado, adquirindo força de instinto, busca a saciedade.
Mas logo esta passa e dá lugar a um novo desejo, deixando a criança
constantemente infeliz, pois ela, como seus pais, confunde saciedade com
felicidade. O autor ressalta que, para chegar à birra, a mãe foi indisciplinada:
proibiu e cedeu, proibiu e cedeu. Desrespeitou as próprias proibições,
ensinando o filho a fazer o mesmo: desrespeitá-la.
No início, corrobora o autor, a criança tem apenas desejo ou necessida-
de de algo, e a mãe (ou um adulto substituto) encarrega-se de realizá-lo. Tal
como uma plantinha em um vaso, a criança tem a força da sobrevivência, mas
precisa ser cuidada. Ela depende da mãe para alimentar-se, tomar banho,
limpar-se, escovar os dentes, trocar de roupa. Nessa complementação, o filho
entra com a vontade ou com a necessidade e a mãe trabalha para saná-la.
Logo, o filho recebe o benefício do trabalho que a mãe faz e ela arca com os
custos. Porém a mãe também tem uma gratificação (benefício) ao fazer esse
trabalho: qual é a mãe que não sente prazer em atender a um pedido do filho?
Contudo, à medida que a criança cresce, ela adquire, aos poucos, condições
de satisfazer os próprios desejos. E não é só isso: aprende que, para realizar
uma vontade, precisa fazer algo antes. Por exemplo: se quer água, precisa se
mexer, ir até a cozinha, pegar um copo e enchê-lo de água. Para saciar o
instinto da sede, aprende que precisa realizar um certo esforço.
Na opinião de Tiba (1996):
Quando a única realização de uma mulher é ser mãe, arcando com todos os custos, fica difícil aceitar que o filho está crescendo e permitir que ele comece a trocar de roupa sozinho, a escolher a própria comida. É como se ela, de repente, fosse privada do benefício de servir ao próprio filho. Nesse momento épossível que comece uma briga de benefícios que mais tarde tende a converter-se em uma briga de custos (Tiba, 1996a, p. 40).
Antigamente, o limite era castrador e o castigo, corporal. Segundo Tiba
(1996a, p. 64), mesmo que o pai estivesse sem fazer nada, os filhos não
podiam se aproximar. “Seu pai precisa descansar, porque trabalhou”, dizia a
defensora ferrenha dessa condição, sua esposa. Ou então: “Não
sobrecarregue seu pai com essas coisas”. Muitos pedidos dirigidos ao pai não
eram verdadeiramente necessidades, mas vontade de conviver com ele.
Porém, ressalta o autor, com essa barreira, o pai tornava-se uma figura
distante, ameaçadora e punitiva. Cabia-lhe a tarefa de dar castigo quando a
criança desobedecesse à mãe. Como resultado, esse tipo de educação gerou
nos filhos uma revolta íntima e formou dentro deles um grande desejo:
“Quando me tornar pai, serei diferente: carinhoso, afetivo, aberto a conversas,
amigo do meu filho”. Com esse desejo, havia também o de sair de casa, sendo
que, depois, esses pais tornaram-se anti-repressivos, com dificuldade para
impor limites aos filhos. Quando as crianças passam da conta, o medo de
reprimir é tanto que os pais simplesmente as deixam fazer o que querem. Esse
medo pode ser traduzido por: “Não devo dizer não, caso contrário, vou me
sentir um pai autoritário e distante, assumindo o odioso comportamento do pai
que eu mesmo tive”. (TIBA, 1996a, p. 70-2). Os costumes dos filhos não
dependem só do que eles aprendem dentro de casa.
Segundo o autor, a educação escapou ao controle da família porque,
desde pequena, a criança já recebe influências da escola, dos amigos, da
televisão e da Internet. Desse modo, entra em contato com modelos diferentes
de funcionamento muito mais cedo, porém, as etapas do desenvolvimento
biológico permanecem as mesmas. Nas últimas décadas, porém, a cada dez
anos, a puberdade tem antecipado seu início em seis meses. Cada vez
chegam mais informações em menor tempo, provocando enormes diferenças
comportamentais até em irmãos com diferença de apenas cinco anos entre si.
O futuro acena com outras possibilidades. Segundo Tiba (1996, p. 81),
chega-se a uma era em que os seres humanos não precisarão mais sair tanto
de casa. A informática criou uma nova categoria de trabalhadores: os
homeworkers que trabalham em casa diante de um computador e se
comunicam com as empresas por e-mail. Não há mais necessidade de ir ao
supermercado para fazer compras, nem ao banco para cuidar das finanças.
Tudo isso pode ser resolvido facilmente por fax, telefone e Internet. Desse
modo, a tendência é aumentar o número de horas de permanência dos pais
dentro de casa. Se a qualidade da convivência for boa, provavelmente teremos
uma geração mais saudável.
De acordo com o autor, os pais precisam estar atentos à questão da
convivência. Devem observar que os filhos não exigem ação dos pais o tempo
todo. Mas exigem, a cada tempo, um pouco. Por isso, vale a pena atender na
hora em que o filho solicita.
Conforme Tiba (1996), o único animal que construiu uma civilização foi o
ser humano:
A civilização é o caminhar evolutivo da sociedade. A sociedade é composta de organizações, famílias e indivíduos, assim como o corpo humano é formado por aparelhos, composto por órgãos que, por sua vez, são formados por células. O corpo humano não é um amontoado de aparelhos, mas um conjunto que funciona harmoniosamente numa interação interdependente. A deficiência de um órgão afeta o respectivo aparelho a que pertence e este, por sua vez, prejudica o sistema corporal. No plano social, também um indivíduo pode prejudicar sua família e acabar atingindo a sociedade. (TIBA, 1996a, p. 110).
Teoricamente, a família teria a responsabilidade pela formação do
indivíduo, e a escola, por sua informação. A escola nunca deveria tomar o lugar
dos pais na educação, pois os filhos são para sempre filhos e os alunos ficam
apenas algum tempo vinculados às instituições de ensino que freqüentam,
porém, foram tantas as mudanças de mentalidade e comportamento nessas
últimas décadas que tanto os pais quanto as escolas precisaram adaptar-se a
um novo sistema educativo em busca da saúde social, ressalta Tiba (1996a, p.
111).
Segundo o mesmo Tiba (1996):
Para viver em sociedade, o ser humano não necessita apenas da inteligência. Precisa viver segundo a ética, participando ativamente das regras de convivência e encarando o egoísmo, por exemplo, como uma deficiência funcional social. (TIBA, 1996a, p. 111).
2.2 Limites e Disciplina na Escola
A disciplina escolar é um conjunto de regras que devem ser obedecidas
tanto pelos professores quanto pelos alunos para que o aprendizado escolar
tenha êxito. Portanto, é uma qualidade de relacionamento humano entre o
corpo docente e os alunos em uma sala de aula e, conseqüentemente, na
escola (Tiba, 1996a, p. 117).
Como em qualquer relacionamento humano, ressalta o autor, na
disciplina é preciso levar em consideração as características de cada um dos
envolvidos no caso: professor e aluno, além das características do ambiente.
O professor é essencial para a socialização comunitária e tem,
basicamente, quatro funções, o professor, o coordenador do grupo de alunos, o
membro do corpo docente e o empregado de uma instituição.
No que se refere ao professor propriamente dito, para poder ensinar, é
necessário saber o que se ensina. Isso se aprende no currículo profissional.
Saber como ensinar: o professor precisa conseguir transmitir o que sabe. Pode
ser um comunicador nato ou vir a desenvolver essa qualidade por meio da
própria experiência.
A função de coordenador do grupo de alunos não é habitualmente
ensinada no currículo, pois exige um conhecimento mínimo de dinâmica de
grupo, bem como noções básicas de psicologia para manter a autoridade de
coordenador. Sala de aula não é consultório; escola não é clínica. Portanto, na
função de coordenador de alunos, o professor tem que identificar as
dificuldades existentes na classe para poder dar um bom andamento à aula.
Como um membro do corpo docente um professor pode ouvir a
reclamação de um aluno sobre outro professor e fazer com que chegue ao
envolvido para que este possa tomar alguma providência no sentido de
responder adequadamente à reclamação, complementa o autor. Seria falta de
lealdade ficar sabotando os colegas perante os alunos. Os professores devem
ajudar-se mutuamente, como fazem os estudantes. Se muitos alunos queixam-
se de um único professor, e sinal de que algo está errado. A única forma de
solucionar um problema é identificar o erro. Como todo ser humano, o
professor também pode estar errado. O fato de ser professor não é garantia de
estar sempre certo.
Como todo empregado, o professor tem direitos e obrigações. Eventuais
insatisfações ou desavenças empregatícias devem ser resolvidas por meio dos
canais competentes. Não podem (nem devem!) ser descarregadas nos alunos,
que não têm a ver com o problema. Os alunos correm o risco de ser
manipulados pelo professor em virtude da própria posição de poder que ele
exerce na classe.
É muito importante que os professores adotem um padrão básico de
atitudes perante as indisciplinas mais comuns, como se todos vestissem o
mesmo uniforme comportamental, sendo que esse uniforme protege a
individualidade do professor. Quando um aluno ultrapassa os limites, não está
simplesmente desrespeitando um professor em particular, mas as normas da
escola, complementa Tiba (1996a, p. 118).
De acordo com o autor, o ensino fundamental e médio tende a ser
aprovativo, estimulando o estudo suficiente apenas para passar de ano, com
conhecimentos, muitas vezes, descartáveis após a prova.
Já no que diz respeito ao vestibular, conforme Tiba (1996a, p. 119), o
fator sorte é mais decisivo quanto menor for o conhecimento, pois quanto mais
conhecimento tiver, menos ele dependerá da sorte, afinal, mais preparado
estará.
Outro fator importante ressaltado pelo autor diz respeito ao ambiente, o
qual também interfere na disciplina. Classes muito barulhentas, nas quais
ninguém ouve ninguém; salas muito quentes, escuras, alagadas ou sem
condições de acomodar todos os estudantes são locais pouco prováveis de
conseguir uma boa disciplina.
Entretanto, de acordo com Tiba (1996a, p. 120), a condição ambiental
mais prejudicial é o estado psicológico do grupo, pois uma escola em crise, que
esteja passando por greves e os conseqüentes conflitos entre grevistas e fura-
greves, bem como as brigas entre classe e professor, e aulas ministradas
durante grandes eventos populares são situações que dificultam o
aprendizado.
Segundo o Tiba (1996):
Um professor que trabalha numa instituição que sempre protege o aluno, o cliente, independentemente do fato de este estar ou não com a razão, não tem o respaldo da instituição quando precisa. Quem pode trabalhar bem nessas condições? (TIBA, 1996a, p. 120).
Tiba (1996a, p. 125) ressalta ainda sobre o bom humor, e diz que além
de desarmar mecanismos de defesa contra a autoridade, o bom humor cria
uma grande empatia entre professor e aluno, pois, o bom humor, o riso e a
espontaneidade são ingredientes necessários à sensação de liberdade.
Pessoas livres aprendem mais e melhor. O bom humor difere da ironia fina,
que pode ser comparada à ponta de um punhal, capaz de cortar a jugular de
um aluno, ou do deboche, que mais parece um tacape amassando a cabeça da
vítima.
Ainda conforme o autor:
Bom humor é um estado de espírito, uma vivacidade própria de quem está atento a todos os estudantes. Comporta, inclusive, piadas e trocadilhos. Aliás, os próprios alunos também têm permissão de fazer trocadilhos e gozações, dentro do contexto que o professor/ coordenador achar mais adequado. (TIBA, 1996a, p. 126).
O professor deve empregar o bom humor e a movimentação cênica para
tornar a aula uma experiência de vida e não a simples transferência de
conteúdo de uma pessoa para outra. Desse modo, conforme Tiba (1996a, p.
118), ele deixa de ser alguém que fala apenas com letras para tornar-se um
professor que fala com vida.
Muitos motivos podem levar um aluno a não se comportar de forma
adequada em atividades que necessitem de uma integração funcional com
outras pessoas, sendo os principais, os disturbios de ordem pessoal, os
distúrbios relacionais e os disturbios e desmandos de professores,
complementa Tiba (1996a, p. 137), muitos.
No que diz respeito aos distúrbios de ordem pessoal, estes pode ser:
psiquiátricos; neurológicos; deficiência mental; distúrbios de personalidade;
distúrbios neuróticos; etapas do desenvolvimento: confusão pubertária;
onipotência pubertária; estirão; menarca! mutação; onipotência juvenil;
síndrome da quinta série; distúrbios “normóticos”; distúrbios leves de comporta-
mento; uso e abuso de drogas.
Com relação aos distúrbios relacionais, estes podem ser: educativos;
entre os próprios colegas; por influência de amigos; distorções de auto-estima.
Conforme o autor, os problemas de relacionamento são os distúrbios
mais difíceis de diagnosticar, pois dependem das interações relacionais
comportamentais, que, por sua vez, são condicionadas por estímulo e
resposta. As vezes, é muito difícil estabelecer num relacionamento quem
realmente começou, pois sempre o agente de um comportamento pode alegar
que reagiu em virtude de um estímulo anterior (imediato ou remoto).
Dificilmente, ressalta o autor, a mãe consegue descobrir qual dos filhos
começou a briga. Ambos argumentam que foram provocados primeiro, se não
no momento da discussão, então no dia anterior. Muitas vezes referem-se até
mesmo a fatos ocorridos anos antes, pois, esses comportamentos são
relacionais porque surgem conforme os envolvidos no relacionamento. Um
aluno pode reagir de maneiras diferentes, dependendo das atitudes do
professor ou do seu modo de fazer um pedido.
No que diz respeito à violência, de acordo com Tiba (1996a, p. 152),
trata-se de uma semente colocada na criança pela própria família, que,
encontrando terreno fértil dentro de casa, se tornará uma planta rebelde na
escola, expandindo-se depois em direção à sociedade. Quando os pais deixam
o filho fazer tudo o que deseja, sem impor-lhe regras ou limites, ele acredita
que suas vontades são leis que todos devem acatar. Então, se um dia alguém
o contraria, esse filho pode tornar-se, num primeiro momento, agressivo, mas
depois partir para a violência, exigindo que se faça aquilo que ele quer. É o
filho supermimado.
Tiba ainda afirma que:
Em outro extremo, há os pais violentos. Na verdade, esses pais não estão educando seus filhos, mas ensinando-os a ser violentos. O filho não conhece os níveis normais de agressividade. Para ele, a violência é o recurso para vencer qualquer contrariedade. Seu corpo acostuma-se a reagir automaticamente de modo violento. (TIBA, 1996a, p. 152).
2.3 Limites e Disciplina na Sociedade.
Os seres humanos procuram viver com outros em sociedade, formando
grupos organizados visando atingir objetivos comuns que não poderiam realizar
sozinhos. Em grupos, os seres humanos vivem em pequenas comunidades, ou
em cidades, formando os estados e as nações. Isso ocorreu na evolução da
história da civilização, dos trogloditas até às grandes sociedades hoje, e foi
necessário que cada pessoa aprendesse algumas coisas indispensáveis para
que vivessem em integração e interdependência umas com as outras, num
processo crescente de socialização. Esses aspectos continuam a ser
necessários, todos os dias: aprender uma língua, desenvolver hábitos de
convívio social, aceitar um código de comportamento, aprender a respeitar
regras e limites estabelecidos pela sociedade onde cada um vive, etc.,
aspectos que podem ser sintetizados na palavra “disciplina” (Antônio de
Andrade)
De acordo com o autor, o ser humano não consegue viver sozinho e
isolado, ele busca a companhia do outro para crescer e desenvolver sua
habilidades,conhecimentos e sentimentos. Porém para viver e conviver com o
outro,é necessário que ele aprenda e respeite as normas de convivência.
De acordo com a perspectiva vygotskiana o conceito de disciplina, como
toda criação cultural,não é estático, uniforme e nem tão pouco universal. Ele se
relaciona com o conjunto de valores expectativas que variam ao longo da
história, entre diferentes culturas e nas diferentes instituições e ali mesmo
dentro de uma mesma camada social ou organismo.
Como decorrência, os padrões de disciplina que pautam a educação das
crianças e jovens, assim os critérios adotados para identificar o comportamento
indisciplinado, não somente transformam ao longo do tempo, como também se
diferenciam no interior da dinâmica social.
A via em sociedade pressupõe a criação e comprometimento de regras e
preceitos capazes de nortear as relações, possibilitando o diálogo, a
cooperação e a troca entre membros deste grupo social. A escola, por sua vez,
também precisa de regras e normas orientadoras do seu funcionamento e da
convivência entre os diferentes elementos que nela atuam. Neste sentido, as
normas deixam de ser vistas apenas como prescrições castradoras, e passam
a ser compreendidas como condição necessária ao convívio social. A
internalização e a obediência a determinadas regras pode levar o indivíduo a
atitude autônoma e, como consequencia libertadora, já que orienta e baliza
suas relações sociais. Neste paradigma, o disciplinador é aquele que educa,
oferece parâmetros e estabelece limites.
É notório também verem a indisciplina na sala de aula como reflexo a
pobreza e da violência presentes na sociedade e forrmentadas, de modo
particular, nos meios de comunicação, especialmente na TV. Nessa
perspectiva parecem compartilhar a ideia de que os alunos são o retrato de
uma sociedade injusta, opressora e violenta, e a escola, por decorrencia,vítima
de uma clientela inadequada.(Moysés; Collares, 1993)
O pressuposto desta visão é que o indivíduo é um “receptáculo vazio”
que se modela, passivamente às pressões do meio. A escola se vê, desse
modo, impotente diante do aluno, principalmente dos que provêm de ambientes
economicamente e culturalmente desfavorecidos.
As justificativas, alem de pouco críticas e abrangentes, se mostram
impregnadas de meias verdades, de explicação de senso comum. De modo
geral, o ideal é cada um tenha um “autocontrole consciente”, uma “disciplina
consciente” para que possa existir um convívio saudável entre todas as
pessoas. Deste modo haverá um ambiente adequado para a boa convivência
entre todos, com a participação ordeira e responsável, com paz, respeito,
harmonia, de modo que cada um possa obter os resultados que se propõe,
seja na escola, na família, na sociedade, nos Estados e nas Nações.
CAPÍTULO II I – COMO LIDAR COM A INDISCIPLINA NA ESCOLA
Não existe uma receita pronta e acabada para superar a problemática da
indisciplina escolar. Através da experiência por mim vivenciada, acredito que o
afeto, o respeito, o conhecer o outro e o planejamento adequado são armas
infalíveis no combate à indisciplina na escola. Sabemos que as normas e as
regras são necessárias, mas precisamos saber lidar com elas. É importante
que o ser humano descubra que agir com dignidade é bom para ele mesmo e
para a sociedade. Se ele entender e aprender que o ato de indisciplina é
prejudicial para si e não para o professor ou para a instituição, com certeza, ele
irá pensar melhor antes de cometer a mesma falha.
Nossos alunos precisam de princípios, e não só de regras.
Yves de La Taille
3.1- Como combater a indisciplina na escola
O trabalho de combate à indisciplina escolar deve ser bem planejado e
tem que ser um trabalho sério e de equipe. É necessário um planejamento
específico para o tema, elaborado coletivamente e abraçado por todos. É
preciso pensar na realidade da escola, no pediu de sua clientela, conhecer a
história devia do aluno e o que queremos mudar. Este planejamento não deve
ser moldado apenas pensando na postura do aluno e sim da escola como um
todo. É preciso que se estabeleça um nível favorável de relacionamento
professor / aluno e vice versa, escola/ família, comunidade / escola. É
importante ter consciência que não será um trabalho de curto ou médio prazo e
sim, a longo prazo.
O físico e educador Luis Carlos Menezes, cita em entrevista à Nova
Escola “Palavra nem sempre é válida por expressões e atitudes. Todos nós
representamos papeis. Em situações de convívio familiar ou na sala de aula,
projetamos imagens que, como máscaras teatrais, qualificam nossas ações. É
possível que um sorriso expresse ternura ou desprezo e o silêncio
consentimento ou recusa. Talvez digamos mais com atitudes ou com palavras.
Para o autor, representamos a todo momento e somos interpretados de
acordo como que o outro imagina. Somos reconhecidos, amados e detestados
de acordo com a forma como agimos, amamos, elogiamos e detestamos o
outro de acordo com a sua atitude perante a nós.
Ainda segundo com Luis Carlos Menezes, o ser é reflexo do meio, ou
seja ele age e reage de acordo com a ação do outro em relação a ele.
Nossos filhos ou alunos aprendem lições ocultas que reforçam ou negam o
que queremos ensinar. Uma criança que brincou na terra e é lavada com
carinho, aprende a associar higiene com afeto. Outra maltratada pela mesma
razão, pode passar a detestar banhos. Um menino que apanha por agredir
outro menor, tem sua violência validada e aprende a não bater no mais fraco
na presença do mais forte. Um estudante humilhado por estar desatento,pode
aprender o desrespeito e passar a fingir atenção.
Mais do que as palavras, a atitude do professor promove participação ou
passividade, cooperação ou individualismo, esperança ou desalento. Devemos
ter consciência das mensagens implícitas em nossas atitudes e expressões e
de que isso pode ser mais importante que outras sabedorias, pois os alunos
também buscam sentidos, e não apenas informações.
3.2- A Auto-estima
Auto-estima quer dizer gostar de si mesmo. Aceitar você com você é.
Reconhecer seus valores e saber lidar com suas dificuldades. Aprendemos
isso desde criança. E o primeiro passo é conhecermos a nós mesmos e nossas
limitações. Não podemos valorizar e muito menos amar o que não
conhecemos, para não corrermos o risco de fazer uma análise ruim de nossa
pessoa.
Cada pessoa sente, pensa, fala e se movimenta da maneira que
lhe é própria e que corresponde à imagem que fez de si mesma. Essa auto-
imagem sempre tem aspectos fisicos, sociais ou intelectuais. Nem sempre,
porém, ela reflete essa dimensão múltipla.
Sabe-se que a causa da baixa auto-estima está normalmente na
infância. Foram crianças pouco incentivadas e que não aprenderam desde
cedo a lidar com seus erros e acertos, ou ainda crianças que sofreram fortes
críticas que atrapalharam sua capacidade de experimentação na vida. Ficaram
presas aos conceitos que lhe foram repassados. Acreditaram no que diziam
que eram e não puderam se descobrir e usar potenciais para um
desenvolvimento saudável. Foram crianças educadas de forma que o erro é
principalmente repreendido e recriminado e não visto como parte do
aprendizado. no que diz Cury, “O elogio alivia as feridas da alma, educa a
emoção e a auto – estima. Elogiar é encorajar e realçar as características
positivas. Há pais e professores que nunca elogiaram seus filhos e alunos.”
Muitas vezes se invés de criticar o erro, fazer um elogio e logo depois comentar
a falha mostrando o prejuízo, melhora o comportamento.
Ainda segundo Cury
Alguns professores agrediam os alunos pensando que eles eram
culpados por tamanha agitação. Não sabiam que o sistema social era o grande
criminoso, que foi ele quem provocou uma ansiedade desumana no teatro da
mente dos jovens. Pior ainda, não sabiam que, além da SPA, o sistema estava
destruindo a auto-estima das pessoas, colocando modelos magérrimas pelos
padrões da medicina como parâmetro do belo e da auto-estima.
E como é fácil para as pessoas caírem nas armadilhas do “eu não valho
nada!” se não possuo o corpo perfeito, se não sou tão inteligente quanto fula
na, se não causo uma impressão nos outros, então não devo ser grande coisa,
não vale a pena gostar de mim.
As pessoas afetadas pela baixo auto-estima são pessoas normalmente
retraídas e deprimidas, que acabam tendo sua vida prejudicada, pois tal
sentimento atrapalha o processo de aprendizagem que temos na vida. Por isso,
nós educadores devemos estar atentos à questão da auto-estima do nosso
aluno. O aluno que sempre foi repreendido em tudo, comparado com outros, e
nunca viu valorizado um trabalho seu, vai acreditar que nunca será capaz. Com
a auto-estima zerada ou diminuída, o aluno torna-se insatisfeito e canaliza a
sua insatisfação para se consumir mais.
Saber se dar valor abre um mundo novo de relacionamento com o outro,
mais respeito, mais confiança e habilidade, pois nos tornamos mais abertos e
mais claros. Diz Cury
Criticar sem antes elogiar obstrui a inteligência, leva o jovem a reagir por
instinto, como um animal ameaçado. O ser humano mais agressivo se derrete
diante de um elogio, e assim fica desarmado para ser ajudado.
3.3- Conhecer Limites – Obedecer Regras
O desafio hoje é a SPA (Síndrome do Pensamento acelerado) Cury, as
pessoas estão sempre ocupadas e preocupadas com tanta agitação e trabalho.
Não têm tempo para pensar si quer em si mesma. Os valores éticos e morais
estão adormecidos e não querem despertar. A questão do respeito, educação,
limite ficou complicada e completamente fora de moda. O relacionamento pai e
filho se dão de igual para igual, e, às vezes os filhos são superioridade. Esse
comportamento se reflete no dia a dia da escola e da sociedade. Os pais e
professores estão completamente confusos e perdidos no meio de tanta
modernidade. Usam todas as técnicas e conselhos de auto ajuda para
amenizar a situação, melhorar o comportamento e relacionamento das crianças
e jovens.Segundo Cury, “a velocidade do pensamento não poderia aumentar
cronicamente”. De acordo com o seu pensamento, o ser humano recebe um
acúmulo de informações ao mesmo tempo e não sabe lidar com as mesmas,
não consegue assimilá-las às suas ações.
Segundo Cury
“A educação está falida, a violência e a alienação social aumentaram, porque sem perceber, comentemos um crime contra mente das crianças e dos
adolescentes. Tenho convicção científica de que a velocidade dos pensamentos dos jovens há um século era bem menor que a atual, e por isso o
modelo de educação do passado, embora não fosse ideal, funcionava”. (Pais Brilhantes, Professores Fascinantes, pág. 59).
A educação do passado, mesmo não sendo ideal, preservava os valores, o relacionamento com outro era melhor, existia o respeito, apesar de em alguns casos não podermos definir RESPEITO, pois na verdade era medo, o autoritarismo, mas o aluno conhecia seus limites e respeitavam as normas institucionais. É preciso repensar esta questão de valores. Os limites devem ser colocados, mas não impostos. Alguns limites são inegociáveis, porque comprometem a saúde e a segurança, mas nestes casos devem-se chamar todos os envolvidos e dialogar sobre os motivos desses limites. Para alcançarmos metas positivas, precisamos cuidar também do emocional. Precisamos parar e repensar novos caminhos, reconhecerem o outro como ser humano e não como uma pessoa a mais em nossa vida, mais um. Cury considera que o professor fascinante educa com emoção, com isso desenvolvem a segurança a tolerância, a solidariedade, perseverança, inteligência emocional e interpessoal.
“Educar com a emoção é estimular o aluno a pensar antes de reagir, a não ter
medo, a ser líder de si mesmo, autor da sua história, a saber, filtrar os estímulos estressantes e a trabalhar não apenas com os fatos lógicos e
problemas concretos, mas também com as contradições da vida”. Cury, Pais Brilhantes, Alunos Fascinantes, pág. 66.
Trabalhando desta forma, poderemos conduzir o aluno a respeitar as regras propostas, conhecendo e respeitando seus limites e os limites do outro. Em 2008, vivenciei uma experiência mais ou menos parecida, com a turma que trabalhei. Depois de analisar o comportamento dos alunos, elaboramos um planejamento específico para a mesma de acordo com a necessidade e realidade do grupo. Eram alunos com comportamento inadequado, fora da faixa etária, (tinha idade entre 12 e 15 anos) foram agrupados em uma mesma turma e os rejeitados por vários professores, não sabiam conviver com o outro, eram muitos agressivos e não respeitavam ninguém.
Com calma, paciência e desenvolvendo atividades variadas como filmes. Aulas de informática, capoeira, oficinas de artes e outras, conseguimos
melhorar o comportamento da turma e o relacionamento entre eles. Eles aprenderam a lidar com as diferenças, a valorizar a si mesmos, desenvolveram auto confiança e se transformaram. A maioria aprendeu a ler e escrever. Os que apresentavam dificuldades mais sérias foram encaminhados para acompanhamento médico. Encerramos o ano letivo fazendo um passeio ao Zoológico de Belo Horizonte, ao Mineirão e ao Parque. Foi um dia inesquecível para eles. Os que desenvolveram melhor foram reenturmados e estão se saindo bem.
“Os professores fascinantes são promotores da auto estima. Dão uma atenção especial aos alunos desprezados, tímidos e que recebem apelidos
pejorativos. Sabem que eles podem ser encarcerados por seus traumas. Por isso, como poetas da vida, estendem a sua mão e mostram-lhes sua
capacidade interior. Estimulam –nos a usar dor como adubo para o seu crescimento. Deste modo eles os preparam para viver nas tormentas sociais”.
Augusto Cury, pág. 80.
3.4 Análise dos Questionáios e Depoimentos
Durante a realização da pesquisa, foram aplicados questionários
diferentes para 05 setores da escola, na qual os alunos estudaram em 2008,
assim distribuídos: Um para o diretor, um para professar, um para supervisora,
um para a Secretária de educação e um para estagiárias do curso de
Pedagogia da UNIPAC.
Ao diretor da escola, à supervisora e à secretária foi abordado em uma
única questão como foi vivenciar a experiência com alunos tão problemáticos.
Todos disseram não acreditar no resultado, pois nunca haviam vivenciado uma
experiência deste tipo. Afirmam já terem trabalhado com alunos difíceis, mas
como aquela turma ainda não tinha visto. A secretária de educação expôs sua
dificuldade em adaptar a turma, pois ninguém queria trabalhar com a mesma.
Era uma tentativa a mais. Já o diretor e a supervisora da escola disseram que
no princípio sentiram vontade de devolver a turma para as escolas de origem,
pois perturbavam demais o andamento da escola. Porém todos consideram
positivo o resultado obtido, jamais imaginaram ver aqueles alunos se
apresentando em eventos culturais da escola, pedindo desculpas, falando
baixo, fazendo declaração de amor aos funcionários da escola, quietos ouvindo
a fala do professor, de olhos vidrados no computador seguindo instruções da
monitora, etc. Declaram que foi uma experiência muito positiva e que toda
escola deveria adotar a afetividade, o amor, a atenção aos problemas do aluno
e planejar atividades de acordo com a realidade e a necessidade da turma,
para que possa produzir mais. Consideram importante tratar o aluno como ser
humano e respeitar os seus limites, o ensinando a respeitar o limite do outro.
Foi através de metas diferenciadas que esses alunos conseguiram superar
grande parte de suas dificuldades, melhorando o comportamento, o
relacionamento com o outro e desempenho escolar. Os três consideram a
indisciplina causadora parcial do fracasso escolar.
No segundo grupo, com os professores, foram selecionadas10
amostras. Eles destacaram que a idade dos alunos estava entre 12 a 16 anos,
e que todos apresentavam dificuldade de memorização de conteúdo, não
conseguiam fixar a atenção nas aulas e tinham comportamentos inadequados
na sala de aula. Alguns desistiram do trabalho e abandonaram a turma. Os que
aderiram à nova proposta de trabalho consideraram positiva a metodologia
aplicada e ficaram satisfeitos com o resultado, esclareceram que o mesmo
poderia ter sido melhor se adotasse a proposta desde o início do ano.
Abordados para deporem sobre o comportamento da turma antes, disseram
que sentiram medo do desafio e que não acreditavam na possibilidade de
mudança. Todos consideravam o comportamento deles como agressivos,
difíceis de dialogar, muito agitados, baixo auto estima e desacreditados com a
escola. Quanto ao desempenho desses alunos, responderam que eram lentos
e não realizavam as atividades propostas além de serem infrequentes.
Atribuíram à falta de disciplina o fracasso escolar da turma, pois muitos deles
possuíam potencial para desenvolver a aprendizagem, consideraram também
como exclusão o processo de informação desses alunos. Uma porcentagem de
3% consideram a família a principal causa do comportamento desajustado dos
mesmos. Todos afirmam que o afeto, a dedicação, o limite bem trabalhado, o
respeito e o carinho repassado, são armas infalíveis para a boa convivência
humana. Todo ser humano possui qualidades, é preciso descobrí-las etrabalhá-
las com respeito e dedicação. Abordados quanto a forma de lidar com a
indisciplina na sala de aula, cada um tem a sua maneira, mas em todas é
preciso conhecer o outro e tratá-lo com respeito e dedicação, todos são
importante e todos possuem direitos e deveres. A autoridade é importante, mas
o autoritarísmo destrói o bom relacionamento. Priorizaram o diálogo, o castigo
justificado, atividades prazerosas e diferenciadas, o trabalho com valores, a
parceria com a família e a vocação profissional. Para a causa da indisciplina
escolar, relataram o desajuste familiar, a motivação do aluno, o relacionamento
com o professor como também o manejo de classe do mesmo. Como solução
para o problema, apontou o replanejamento, a capacitação profissional, o apoio
da família e que todos trabalhem numa mesma linha. Que criem normas
emigras que bem esclarecidas e implantadas sejam respeitada por todos os
aplicadores e receptores.
No terceiro grupo, foram entrevistadas três alunas do curso de
Pedagogia que vivenciaram a experiência do grupo no período de estágio.
Como os demais entrevistados também relataram considerar o comportamento
dos alunos inadequado na escola, tanto dentro como fora de sala. Observaram
que os alunos eram muito carentes, mas censíveis ao toque, não tinham
respeito pelos colegas e nem pelos professores. Devido à falta de disciplina,
não produziam na sala de aula e com isso estavam sempre repetindo de ano.
Aponta o trabalho desenvolvido com os mesmos como exemplo de amor e
dedicação por parte dos profissionais envolvidos e consideram o resultado
positivo. Afirmaram apostar no trabalho humaniza dor, pois com esta
experiência aprenderam que não se pode aplicar o autoritarismo, porque esse
tipo de aluno precisa de amor, de credibilidade, de atenção e muito diálogo
para superar suas dificuldades. Avaliam a indisciplina como uma questão
polemica, que precisa de muito cuidado e atenção, pois acabar com a
indisciplina nas escolas é desafio que requer muita sabedoria por parte do
professor e da escola como um todo. Citam ainda “quebra de tradição”, pois
observaram que os alunos hoje chegam à escola cheios de direitos (ECA) e
desconhecedores de seus deveres, apontam também o fator dos valores
advindos dos princípios familiares, principalmente o respeito. Finalizando a
entrevista, relataram a admiração pela equipe de trabalho e sugeriram que a
proposta fosse repassada para outros professores. Como responsável pela
turma e coordenadora do trabalho, sento-me muito feliz e realizada por ter
ajudado aos alunos a superarem esta dificuldade. Sabemos que ainda há muito
que fazer por eles, pois é um trabalho que deve ser contínuo e que o resultado
perfeito acontecerá a longo prazo. Agora precisamos recuperar conteúdo e
vencer novas etapas.
CAPÍTULO IV – O PAPEL DA SUPERVISÃO ESCOLAR
A Supervisão, também considerada como Coordenação Pedagógica,
visa o aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem através das
relações professor-aluno. Esta meta será atingida na medida em que a
Supervisão adquira as características de um sistema de comunicação,
integrado, em todos os seus níveis de atuação na Educação. O processo de
aprendizagem e o processo de comunicação apresentam uma nítida analogia,
com o mesmo dinamismo e persistente interdependência de elementos
constitutivos do sistema. Pode-se, então, afirmar que o processo desdobrado
entre a fonte, o codificador, a mensagem, o canal e o receptor, pode ser
traduzido para o idioma pedagógico do processo de aprendizagem. Neste
processo movimentado esse conjunto de valores e aptidões, o professor se faz
comunicar e se apresenta como uma imagem dinâmica e produtiva, a quem o
Supervisor deve ativar, orientar e avaliar no rendimento e produtividade
alcançados pelo sistema, controlando feedback, evitando o acontecimento
entrópico do programa pedagógico e assegurando mediante o exercício
permanente de uma autocrítica vertical e horizontal, o aperfeiçoamento e a
qualificação progressiva da aprendizagem.
A Supervisão terá então como principal objetivo o desenvolvimento
profissional dos professores para que, livres da tradição e educação, usem seu
espírito investigador, enfrentem cientificamente, os problemas que se
apresentem no campo da prática. O propósito da Supervisão é orientação,
encorajamento, estímulo e cooperação através da previsão das conseqüências
dos procedimentos e mudanças. São problemas evidentes da Educação no
Brasil e demanda crescente, nos diversos níveis escolares de pessoas
oriundas das mais diferentes classes sociais: a preocupação com a quantidade
em detrimento da qualidade do serviço educacional ofertado; a necessidade de
dar formação básica a todo cidadão, dadas às novas e complexas exigências
de sua integração numa sociedade marcadamente urbana e industrial, a
diversidade de opções profissionais que exigem uma qualificação urgente e
adequada; a integração de programas e projetos educacionais aos planos
globais de desenvolvimento na conceituação “pacifica” e tanto quanto evidente
dos custos da educação serem verdadeiro investimento econômico, o
desinteresse de docentes e discentes pelos rumos do ensino no Brasil.
A Supervisão está inserida na Educação e os seus objetivos em
termos unidade escolar ou de sistema devem procurar criar um modelo de
atuação de acordo com dados da realidade encontrada, assegurando
autenticidade e seriedade no tratamento da problemática educacional no Brasil
atual. Esta realidade torna-se um desafio para a Supervisão. As questões
educacionais refletem-se das questões sociais num sistema até o momento
caracterizado por elevado coeficiente da inércia como retratou o Plano Decenal
de Educação para Todos do MEC (1993-2003):
A falta de consistência, de continuidade, de integração estratégia e de focalização das ações de direção e de administração dos sistemas leva a uma ineficiente orientação das equipes responsáveis pelas unidades escolares. Os problemas de gestão estão presentes nos vários níveis decisórios do sistema educacional. (MEC, 1993-2003, p. 27).
Neste complexo, torna-se importante buscar um novo papel do
supervisor para que o projeto pedagógico institucional una supervisores e
professores na superação de divergências e construção de um novo paradigma
de transformação.
4.1. Atuação da Supervisão Escolar
A Supervisão tem como objetivos: o aperfeiçoamento do processo
ensino-aprendizagem necessitando de uma agência ou agente para dar
direção ao processo dinâmico de atuação de metodologia adequada; inserção
no contexto cultural da sociedade, comunidade ou escola em que atua;
embasamento de experiências como Filosofia, Sociologia, Psicologia
Educacional e Social, Antropologia, Economia e Estatística; coordenação de
todo o processo ensino-aprendizagem desenvolvendo uma linha de ação
coerente com o planejamento, implicando num balanço operacional, sujeito à
avaliação constante, capaz de conduzir a reformulações.
A posição da Supervisão situa-se indiretamente ligada ao aluno e,
diretamente, à instituição. A ação direta de supervisionar recai sobre o
professor. A Supervisão visa, na realidade, ao aluno, mas o efeito sobre ele é
indireto, porque se verifica através do trabalho do professor. Claro que quanto
melhor o trabalho deste, melhor rendimento do aluno, em termos de
aprendizagem mais duradoura e dotada de significado. As implicações do
trabalho de Supervisão objetivando a melhoria do processo ensino-
aprendizagem funcionam como as de um elemento coordenador das atividades
pedagógicas aproximando pessoas e setores no sentido de um trabalho
cooperativo, baseado em objetivos comuns promovendo o aperfeiçoamento
pessoal e grupal visando ao crescimento e à reformulação de todo o processo.
O processo de Supervisão é complexo e pode ser expresso pela
enumeração de alguns dos muitos aspectos que ele pode e deve assumir, em
ação, tais como a assistência, suprindo as deficiências técnico-docentes
observadas na atuação do professor; os recursos, possibilitando a
interpretação dos anseios e necessidades do ambiente; o estimulo, permitindo
a melhoria das relações entre todos os elementos humanos envolvidos no
processo educativo; o aconselhamento, utilizando maior conhecimento de
métodos e recursos didáticos básicos à eficiência da ação escolar; o apoio,
analisando e solucionando, cooperativamente, possíveis dificuldades oriundas
de cada situação específica; o assessoramento, relacionando as cúpulas
técnico-administrativas com as bases operacionais; a co-participação,
vivenciando a consciência de uma ação única, visando a objetivos comuns.
4.2- Função supervisora
A função supervisora, no campo educacional, não pode, como afirma
Aguiar (1991, p. 33), se ater apenas às suas formas aparentes, como se
manifesta, mas é preciso situá-la em sua essência, ou seja, no processo de
sua produção e nas conexões com a totalidade.
A função supervisora, originada no interior do processo produtivo, como
conseqüência das transformações tecnológicas e sociais do modo de produção
capitalista, assume características de coordenação e direção do trabalho, ou
seja, atua como elemento mediador. Essa mediação, representada pela
Supervisão na Educação como prática social poderá como salienta Silva Júnior
(1984, p. 121) ter uma tarefa relevante a cumprir: organizar os educadores para
uma intervenção transformadora nessa prática. Há inúmeros obstáculos a
superar, como o centralismo, burocratização e autoritarismo. Entretanto, apesar
dos problemas, configura-se a aproximação pessoal e profissional entre
supervisores e professores, como afirma Silva Júnior (1984):
[...] organizar a vontade coletiva constituirá a afirmação final do supervisor como educador e como especialista. Nas condições atuais o supervisor necessita ainda da investidura formal em sua função, necessita de credibilidade e do reconhecimento que o concurso público pode lhe proporcionar. (SILVA JÚNIOR, 1984, p. 124).
A busca da eficiência, inerente á função da Supervisão, como agente do
processo esbarra inicialmente na burocracia que se desenvolve nas unidades
escolares ou no sistema. Como afirma Silva Júnior (1984):
Inchações burocráticas e outros males da chamada “gerência científica” são questões a serem enfrentadas no interior dos sistemas escolares e também nas Universidades. Nestas, é preciso começar peio reexame de algumas questões teóricas fundamentais que estão na base do processo alienados que envolve a formação de supervisores escolares. Naqueles, é indispensável superar a crença desarmada nos “modelos” e nos módulos” e alimentar a discussão aberta entre supervisores e entre supervisores e professores. Por aí se poderia chegar ao supervisor que emerge do conjunto dos professores: o supervisor intelectual organizador de seus pares, aquele supervisor que orienta e coordena a elaboração do projeto educacional de toda uma coletividade. (SILVA JÚNIOR, 1984, p. 102-3).
Entretanto, outras variáveis interferem na ação Supervisor Escolar: o
processo de comunicação, a liderança, relacionamento humano, as qualidades
pessoais e técnicas.
O Supervisor precisa atingir objetivos de ensino através de ações
docentes e, neste processo o seu comportamento deve embasar-se na
comunicação, visando à eficácia. Na atuação da supervisão cabe destacar,
sucintamente os fatores que afetam a comunicação: a natureza do próprio
processo de comunicação, particularmente, os símbolos de linguagem; posição
relativa do emissor e do receptor na hierarquia organizacional; influência dos
membros do grupo acima de ambos; qualidades do emissor e receptor;
propriedades da mensagem ao ser transmitida; situação ou ambiente na qual a
comunicação ocorre.
Em síntese, o comportamento do supervisor de ensino será norteado por
fatores que se estruturam na rede de comunicação, nos grupos, nos indivíduos,
na transmissão da mensagem, nas condições situacionais.
A comunicação como processo é vital para que se efetive a função da
Supervisão Escolar e a ação do Supervisor.
O processo de interação social e a cultura organizacional estão
presentes, continuamente na ação do Supervisor, no exercício de suas
funções: trabalhar com pessoas e com grupos é lidar diretamente com a
resistência a mudanças. No seu exercício interferem os sentimentos de
insegurança diante do desconhecido, medo da perda, vivência transferência de
atitudes de hostilidade, agressões, refeições, etc. A vivência transferência é
um processo dinâmico com a relação de poder e autoridade que está presente
em cada organização gerando conflito (jogo de disputas, fofocas, boatos,
enredos), envolvendo pessoas (por ciúmes, desejo de chamar a atenção e
transferência coesão, num clima situacional que emerge dos tipos de liderança
exercida, no momento da realização das atividades operativas).
Portanto, o supervisor deve apresentar uma liderança que respeita as diferenças das potencialidades, igualando o mais possível tais diferenças sem destruir, com críticas, sem diminuição dos cargos de direção, mas dos cargos de direção, mas servindo e orientando a todos, promoverá o crescimento da Instituição e o sucesso da ação supervisora.
Além da formação profissional, exigências de caráter pedagógico e
pessoal norteiam o trabalho do Supervisor Escolar. As qualidades que definem
o perfil profissional do Supervisor deverão estar entrelaçadas com as ações da
equipe técnico-administrativa e pedagógica nas instituições de ensino.
Portanto, o trabalho integrado do Supervisor Escolar, Orientação Educacional e
Administração Escolar na Gestão da Escola são fundamentais para o êxito do
processo educativo, em administração participava na busca de qualidade.
O Supervisor deve fazer de si mesmo a pessoa mais educada, objetiva e
agradável tanto quanto permitirem a sua composição física e psicológica; deve
ser uma pessoa que se expande cultural e humanamente com um corpo de
conhecimentos e experiências suficientemente rico; uma pessoa capaz de
incorporar novas habilidades e conhecimentos no seu comportamento e, de
rejeitar aqueles que são insuficientes: assim procedendo, estará dando passos
para o auto desenvolvimento, capacitando-se, por outro lado, para influenciar
os outros de igual modo.
O Supervisor deve valorizar os grupos informais, a participação,
cooperação, intercâmbio (num verdadeiro dar e receber), a clareza de
objetivos. Ao mesmo tempo, promoverá oportunidades para liderança
partilhada e afrouxamento de tensões na organização formal, a fim de evitar
conflitos entre a organização e a auto-realização do indivíduo, reduzindo os
sentimentos de dependência, na ação. Como salienta Katz (1955), citado por
Harris (1963), o supervisor deve ter as seguintes habilidades, conforme
demonstrado na Tabela III, a seguir.
Tabela III – Habilidades do supervisor
HUMANAS CONCEITUAIS TÉCNICAS • Simpatizar • Entrevistar • Observar • Conduzir discussões • Refletir sentimentos • Participar de discussões
• Visualizar • Analisar • Diagnosticar • Sintetizar • Criticar • Perguntar
• Falar • Escrever • Ouvir • Grifar • Anotar • Esquematizar • Computar
• Desempenhar papéis
• Presidir uma reunião
Fonte: Katz. R. L. SkiIIe of on Effective Administrator. N.Y.: Harvard Businers Review, Jan/Fev, 1955 (citado por Harris Ben M.) (tradução). O respeito à pessoa humana, a aceitação de sua diferença, o tratamento
ao “tu” como um “eu” que está do outro lado, o agir desinteressado de
compensações imediatas é um problema desafiante para a atuação da
Supervisão Escolar. Quando as relações humanas desenvolverem-se em
circunstâncias favoráveis ao crescimento da pessoa humana, em todas as suas
dimensões, ele será, sem dúvida, fator de rentabilidade nos diversos campos
de atuação pessoal. É importante considerar certos princípios do
relacionamento humano, entre os quais, relacionaram-se dez.
Primeiro, fale com as pessoas. Nada há de tão agradável e animado
quanto uma palavra de saudação, particularmente, hoje em dia, quando se
precisa tanto de “sorrisos amáveis”.
Segundo, sorria para as pessoas. Lembre-se de que o ser humano
aciona 72 músculos para franzir e somente 14 para sorrir.
Terceiro, chame as pessoas pelo nome. A música mais suave para
muitos ainda é ouvir seu próprio nome.
Quarto, seja amigo e prestativo. Se você quiser ter amigos, seja amigo;
quinto, seja cordial. Fale e aja com toda a sinceridade: tudo o que você fizer,
faça-o com todo prazer; sexto, interesse-se sinceramente pelos outros.
Lembre-se de que você sabe o que sabe, porém você não sabe o que os
outros sabem. Seja interessado pelos outros; sétimo, seja generoso em elogiar,
cauteloso em criticar. Os líderes elogiam. Sabem encorajar, dar confiança,
elevar os outros; oitavo, saiba considerar os sentimentos dos outros. Existem
três lados numa controvérsia: o seu, o do outro, e o lado de quem está certo;
nono, preocupe-se com a opinião dos outros.
Três comportamentos de um verdadeiro líder: ouça, aprenda e saiba
elogiar; e por fim, o décimo, procure apresentar um excelente serviço. O que
realmente vale na vida é aquilo que se faz em prol dos outros.
CONCLUSÃO
Através deste estudo foi possível identificar alguns dos fatores que
levam o aluno a não aceitar que lhe seja proposta certa disciplina e qual a
necessidade dessa disciplina para o seu bom desenvolvimento como cidadão
respeitado e aceito pela sociedade. Na pesquisa de campo, identificou-se que
a maioria dos entrevistados considera a problemática da indisciplina na escolar
uma das principais causa do fracasso escolar do aluno e também que é um
assunto muito polêmico que merece muita atenção e precisa ser repensado e
replanejado. Acreditam que a melhor forma de lidar com o problema é através
da investigação de causas, do reconhecimento do outro, da humanização e de
desenvolvimento de ações de acordo com a realidade e necessidade da turma.
Apontam o diálogo, a dedicação e o respeito como fatores relevantes durante o
processo de trabalho.
Percebeu-se ainda que a família é um dos pivores deste reflexo, pois o
fato de agir como “pais modernos”, amigos de seus filhos, têm tido
conseqüências pela falta de limite a qual tal situação é confundida, gerando
conflitos e revoltas nos lares. Como um dos entrevistados abordou, trata-se da
falta de valores e ética, onde os pais acabam assumindo uma nova postura
para não parecer antiquados, sendo liberais demais e, com isso, o filho acha
que pode tudo, desrespeitando as regras. É a construção da ética e da moral
positiva, onde ser humilde, justo, generoso e honesto é de pura
responsabilidade dos pais. É onde na relação entre pais e filhos torna-se
fundamental não se esquecer de que o que determinará o que pode ser justo
ou ético em dada circunstância é a qualidade da relação que se estabelece
entre eles. E que esta qualidade vair efletir nas atitudes do filho na escola e na
sociedade.
Também os educadores, necessitam de consistência na educação de
seus alunos, além de manter suas decisões e atitudes e o “sim” deve ser
sempre “sim”, e o “não” ser sempre “não”. Os educadores precisam entender
ainda que todo tipo de promessa feita deva ser cumprida, então, com isso, há a
necessidade de refletirem sempre antes de prometer alguma coisa aos alunos,
seja prêmio ou castigo.
O limite se coloca na fala, na conversa sobre o assunto no dia-a-dia. Os
limites esclarecem o amor. Os limites são necessários, pois eles dão à criança
a sensação de se sentir amado e protegido. Refletem valores e devem ser
construídos a partir de uma relação respeitosa e de progresso. Demais
conclusões sobre este assunto ficam para um trabalho a ser publicado a
posteriores devido à falta de tempo para abordar com a devida profundidade
tão delicado assunto.
A partir deste estudo foi possível responder à problemática e aos
objetivos propostos. Além disso, este estudo se tornou uma
excelente ferramenta de aprendizado para a pesquisadora e espera-se que
seja uma fonte de consulta para outros acadêmicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Cortez Editora,
CURY, Augusto. Filhos brilhantes, alunos fascinantes. São Paulo: Editora
Academia de Inteligência, 2006.
AGUIAR, Márcia Ângela. Supervisão Escolar e Política Educacional. São
Paulo: Cortez Editora, 1991.
FERREIRA, Namora Cria Carapeto (org.). A Supervisão Educacional para
uma escola de qualidade. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2003.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 28ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1984.
PAGGI, Karina Preisig & GUARESCHI, Pedrinho A. O Desafio dos Limites:
um enfoque psicossocial na educação dos filhos. Petrópolis: Vozes, 2004.
SILVA JUNIOR, Celestimo Alves da e RANGEL, Mary (org.). Nove olhares
sobre a supervisão. São Paulo: Papirus, 1997.
TIBA, Içami. Disciplina: limite na medida certa. 7ª ed. São Paulo: Editora
Gente, 1996a.
_________. Disciplina: limite na medida certa. 32ª ed. São Paulo: Editora
Gente, 1996b.
_________, Quem Ama Educa.132ª ed. São Paulo: Editora Gente
SERRÂO,Margarida & BALEIRO, Maria Clarice. Aprendendo a Ser e Conviver.
Fundação Odebrecht: Editora FTD.
ZAGURY, Tânia. Limites sem Trauma. 69ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.
Revista Nova Escola
ANEXOS
ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO – DIRETOR – SUPERVISOR – SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO.
1.1 - DIRETOR: Como você, enquanto diretor de escola, caracteriza os alunos da turma “tempo integral”, freqüentes na E.E. Cardeal Arcoverde no ano de 2008. Dê o seu parecer sobre os mesmos quanto ao relacionamento com os colegas, com os professores e demais funcionários da escola; comportamento, adaptação, socialização, interesse e participação. Faça um relatório de como foi a experiência vivenciada com essas crianças neste período, descreva como foi o processo de ensino e aprendizagem desses alunos, principais dificuldades, medidas de solução, o que foi bom e o que não deu certo. Escreva a sua conclusão pessoal para este tipo de situação.
2.1 – SUERVISOR: Como Supervisora Pedagógica, faça um relatório da experiência que teve com os alunos dos 3 ano do Ensino Fundamental, que foram agrupados e transferidos para a E.E.Cardeal Arcoverde, para desenvolvimento do projeto Acelerar para Vencer em 2008.
3.1 – S. Como Secretária Municipal de Educação, faça um relatório da experiência que teve com os alunos do 3 ano do Ensino Fundamental, que foram agrupados e transferidos para a E.E.Cardeal Arcoverde, para desenvolvimento do projeto Acelerar para Vencer em 2008.
ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO – PRFESSORES
1) No período de trabalho com os alunos, qual era a faixa-etária dos mesmos, e qual a série que cursavam.
2) Como era o comportamento dos mesmos nesta época?
3) Como era o desempenho deles na sala de aula e como você caracteriza
o comportamento dos mesmos?
4) A que você atribui o fracasso escolar desses alunos? Por quê?
5) Qual a sua opinião quanto ao índice de repetência dessas crianças. 6) Como você avalia a questão da indisciplina escolar?
7) Como você lida com esta questão na sala de aula?
8) Para você, qual a principal causa da indisciplina na sala de aula?
9) Em sua opinião, o que deve ser feito para acabar com a questão da
indisciplina na sala de aula e na escola?
10) Outras questões que queira abordar. (observações)
ANEXO 3 - QUESTIONÁRIO – ESTAGIÁRIAS DO CURSO DE PEDAGOGIA
– UNIPAC - JABOTICATUBAS
Entrevista com estagiárias, alunas do curso de Pedagogia da UNIPC de Jaboticatubas, que atuaram com os alunos em seu período de estágio. Estagiária:_______________________________________________________ Período de contato com a turma: _______________________________________________
11) No período de trabalho com os alunos, qual era a faixa-etária dos mesmos, e qual a série que cursavam.
12) Como era o comportamento dos mesmos nesta época?
13) Como era o desempenho deles na sala de aula e como você caracteriza
o comportamento dos mesmos?
14) A que você atribui o fracasso escolar desses alunos? Por quê?
15) Você observou algum tipo de evolução da turma após nova proposta de trabalho com os mesmos? Se sim, descreva-a.
16) Qual a sua opinião quanto ao índice de repetência dessas crianças.
17) Enquanto estagiária, atuante com a turma, quais as providencias foram
tomadas para a melhoria do comportamento e da qualidade do ensino e aprendizagem desses alunos? Quais os resultados obtidos?
18) Como você avalia a questão da indisciplina escolar?
19) Como você lida com esta questão na sala de aula?
20) Para você, qual a principal causa da indisciplina na sala de aula?
21) Em sua opinião, o que deve ser feito para acabar com a questão da
indisciplina na sala de aula e na escola?
22) Outras questões que queira abordar. (observações)
ANEXO 4- ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO ALUNO NA SOCIEDADE. Através de investigações e observações, confirma-se uma diferença entre o comportamento desses alunos na escola, na família e na sociedade. De acordo com a família, um ou outro apresenta comportamento compulsivo em casa. Alguns são tranqüilos, obedientes e ajudam nas tarefas, outros não obedecem e nem param em casa; gostam de brincar na rua, ir para o campo (roça) com o pai ou outro adulto, outros preferem a televisão o dia todo. Observando-os em festas da comunidade, verifica-se em alguns a timidez, o medo de ficar sozinho, outros demonstram segurança, conversam com amigos, brincam e participam do evento normalmente sem causar transtornos, às vezes se dispersam até para uma paquera. Observa-se que eles procuram mais a companhia de adultos e se concentram na conversa com entusiasmo e boa participação, o que não acontece muito na escola. Lá, eles estão sempre distantes e se irritam com qualquer coisa. Partindo deste pressuposto, a escola não esta tendo um atrativo para eles, foi quando implantamos o trabalho diferenciado impondo regras e cobrando limites. Conclusão, cada aluno é um e precisa de seu tempo para dar respostas, porém as perguntas devem ser feitas a altura do mesmo, ou seja de acordo coma sua capacidade de responder. Através de um trabalho sério e bem planejado é possível combater a indisciplina e resgatar o desenvolvimento da aprendizagem. No final do ano de 2008, programamos um passeio com esses alunos para a cidade de Belo Horizonte. Depois de descobrir que a maioria não conhecia a capital mineira e nunca havia ido a um parque de diversão, organizamos o passeio da seguinte forma: Visitaríamos o zoológico, depois o parque de diversão e por fim o Mineirão. Eles não acreditaram que seria verdade, pois muitas pessoas disseram para os mesmos que eu não seria louca de sair com eles para Belo Horizonte. No dia 06 de dezembro realizamos o passeio. Tenho certeza de que esses alunos nunca irão esquecer. Quanto ao comportamento, foi melhor do que o esperado. Todos andando juntos, fizeram perguntas, contaram casos, sorriram muito, usaram lixeiras e deram lição aos que observam em sua volta. Foi uma experiência positiva e eu aprendi muito. Pude provar que o aluno dentro de sala não e o mesmo fora de sala e que toda criança precisa de coisas diferentes e estimulantes para crescer e desenvolver o seu potencial.
ANEXO – 5 - PESQUISAS BIBLIOGRÁFICAS: - Revista Nova Escola: Textos que abordam o tema proposto. . A indisciplina ao alcance de todos – ano XXIII – Nº 209 – jan/fev 2008 – página 90. “É o que acontece em escolas que não definem coletivamente normas de convivência nem compromissos de trabalho e de aprendizagem.” Luiz Carlos de Menezes “Quando há regras de convivência claras, a desobediência não vira um problema disciplinar sistêmico” Segundo o autor, esses desvios de conduta também aparecem em relações familiares, comerciais, esportivas e políticas.Por isso, o mesmo acredita que é essencial compreender como isso se dá nos outros contextos para renovar o nosso olhar sobre o que ocorre na escola e, assim, evitar diagnósticos cheios de preconceitos e incistir em propostas que não têm dado resultado. O caminho é a elaboração de um código de conduta por e para todos: professores, funcionários, alunos e responsáveis. .Nossos alunos precisam de princípios, e não só de regras. 26 junho/julho de 2008 Para o psicólogo Yves de La Taille, a escola deve investir em formação ética no convívio entre alunos, professores e funcionários para vencer a indisciplina. .O aprendizado das lições ocultas. 98 Maio de 2008. Ainda segundo Luiz Carlos de Menezes, “a imagem que projetamos atinge nossos alunos mais profundamente do que os conceito que explicamos” Todos nós representamos papéis. Em situações diversas, projetamos imagens que, como máscaras teatrais, qualificam nossas ações. É possível que um sorriso expresse ternura ou desprezo e o silêncio demonstre ou consentimento ou recusa. Talvez digamos mais com atitudes do que com palavras. Um estudante humilhado por estar desatento pode aprender o desrespeito e passar a fingir atenção. ...Saber elogiar 20 outubro 2003 “A qualidade do elogio não está nas palavras, mas na maneira como ele é feito. E isso na escola pode ter sérias conseqüências” - Zagury, 2005, p. 13 Segundo a autora, a questão acerca do tema, requer saber impor limites, o que antigamente não era discutido e sim revelado através da ação. Dar limites, significa, segundo Zagury (2005, p. 23): ensinar que os direitos são iguais para todos; ensinar que existem outras pessoas no mundo; fazer a criança compreender que os seus direitos acabam onde começam os direitos dos outros; dizer “sim” sempre que possível e “não” sempre que necessário...
Jaboticatubas, novembro de 2009.