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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PLANO DE INCENTIVOS COMO ESTRATÉGIA DE
MOTIVAÇÃO
Por:
Janaina da Silva Cernigoi
Orientado por:
Vilson Sergio de Carvalho
Rio de Janeiro
2005
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PLANO DE INCENTIVOS COMO ESTRATÉGIA DE
MOTIVAÇÃO
OBJETIVOS:
É fato que muitas vezes uma pessoa sente-
se levada a fazer algo para evitar uma
punição ou conquistar uma recompensa.
Entretanto, em ambos os casos, a iniciativa
para a realização da tarefa não partiu da
própria pessoa, mas de um terceiro, que a
estimulou de alguma forma para que ela se
movimentasse em direção ao objetivo
pretendido. Partindo desse pressuposto,
esta pesquisa terá a pretensão de mostrar a
importância de se ter na organização um
plano de incentivo.
3
AGRADECIMENTOS
A todos os professores que direta ou
indiretamente contribuíram para a realização
desta monografia. A Cristina de Andrade
Castro, psicóloga e minha supervisora desde os
tempos da Faculdade, que está sempre
incentivando o meu desenvolvimento
profissional.
4
DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia a meu pai Ney
Cernigoi que sempre esteve ao meu lado em
todos os momentos da minha vida, incentivando
tudo aquilo que me propunha a realizar, e a
minha irmã Renata (in memorian) que foi por
quem continuei esta Pós-Graduação, mesmo
depois da dor de não tê-la mais em minha
companhia. Estaremos sempre unidas pelo
coração. Isso é por vocês e para vocês.
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RESUMO
A atividade profissional é realizada, direta ou indiretamente, por pessoas e
para pessoas. Qualquer valor ou benefício que se pretenda agregar depende
necessariamente da vontade das pessoas encarregadas pelo serviço. Os
clientes, por sua vez, avaliam a qualidade do serviço a partir do
relacionamento e do desempenho destas pessoas. Quando motivados, os
profissionais são facilmente comprometidos com os objetivos maiores da
empresa, buscando dentro de si os meios para atingir os efeitos desejados.
Por outro lado, pessoas desmotivadas, ainda que representando os papéis
definidos para a função, o fazem sem entusiasmo, não demonstrando
qualquer esforço adicional para que as coisas aconteçam, limitando-se a um
comportamento baseado na execução dos Procedimentos padronizados.
Essas atitudes, embora não possam a primeira vista ser recriminadas,
reduzem o brilho do trabalho das demais pessoas (mesmo aquelas que
estão vivenciando níveis superiores de motivação) com quem os
profissionais desmotivados interagem. A motivação é, portanto, a base
fundamental para aumentar o desempenho e conquistar a fidelidade interna.
Pessoas sentem-se motivadas pela amplitude das recompensas que obtêm
pelo seu esforço no trabalho. Como indivíduos, as pessoas sentem-se
gratificadas de forma diferente umas das outras. Portanto, não é correto
generalizar, acreditando que todas são motivadas simplesmente por
estímulos monetários.
6
METODOLOGIA
Este estudo foi desenvolvido a partir de uma ampla pesquisa bibliográfica
acerca do tema “Plano de Incentivos, estratégia e motivação”. Do mesmo
modo foram consultados juntamente, sites da internet, livros e artigos de
revistas voltadas para esses conceitos.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I – MOTIVAÇÃO
1 . O que é motivação? 13
1.1. Aspectos conceituais da motivação 14
1.1.1. Teorias motivacionais 15
1.1.1.1. Teorias de conteúdo 15
1.1.1.1.1. Teorias da hierarquia das necessidades, de Maslow 15
1.1.1.1.2. Teoria dos motivos humanos, de McClelland 16
1.1.1.1.3. Teoria dos dois fatores, de Herzberg 17
1.1.1.2. Teorias de processo 17
1.1.1.2.1. Teoria do estabelecimento de objetivos, de Locke 18
1.1.1.2.2. Teoria da eqüidade, de Adams 18
1.1.1.2.3. Teoria da expectativa, de Vroom 19
1.1.1.3. Processo motivacional 20
1.1.1.3.1. Motivação e frustração 20
1.1.1.4. Aspectos educacionais da motivação 22
1.1.1.4.1. Motivação financeira 24
1.1.1.4.2. Motivação individual 24
1.1.1.4.3. Motivação institucional 25
1.1.1.5. Comprometimento Profissional 27
1.2. Motivação nas Organizações 28
CAPÍTULO II – ESTRATÉGIA
2. O que é estratégia? 31
2.1. A estratégia como Arte 32
2.2. Estratégia Empresarial 33
2.2.1. Eficiência operacional não é estratégia 34
2.2.2. A estratégia depende das atividades únicas 37
2.2.3. A adaptação motiva a vantagem competitiva e a sustentabilidade 39
2.3. Os Japoneses raramente têm estratégia 41
8
CAPÍTULO III – PLANO DE INCENTIVOS
3. Do Incentivo nas Organizações 43
3.1. Recompensas e Punições 43
3.2. As relações de intercambio 44
3.3. Novos métodos de remuneração 45
3.3.1. Remuneração Variável 46
3.3.1.1. Plano de Bonificação Anual 47
3.3.1.2. Distribuição de Ações da empresa aos Funcionários 47
3.3.1.3. Opções de Compra de Ações da Companhia 47
3.3.1.4. Participação nos Resultados Alcançados 49
3.3.1.5. Remuneração por Competência 49
3.3.1.6. Distribuição do Lucro aos Funcionários 51
3.4. Como desenhar um Plano de Incentivos ? 51
CAPÍTULO IV – PLANO DE INCENTIVOS, ESTRATÉGIA E MOTIVAÇÃO
4. Estratégia e Motivação 56
4.1. Plano de Incentivos e Motivação 57
4.2. Facilitadores Motivacionais 58
4.3. Estratégia e Plano de Incentivos 58
4.4. Plano de Incentivos como Estratégia de Motivação 59
CONCLUSÃO
61
BIBLIOGRAFIA
63
ANEXOS
9
INTRODUÇÃO
A atividade profissional é realizada, direta ou indiretamente, por pessoas e
para pessoas. Qualquer valor ou benefício que se pretenda agregar depende
necessariamente da vontade das pessoas encarregadas pelo serviço. Os
clientes, por sua vez, avaliam a qualidade do serviço a partir do
relacionamento e do desempenho destas pessoas.
Quando motivados, os profissionais são facilmente comprometidos com os
objetivos maiores da empresa, buscando dentro de si os meios para atingir
os efeitos desejados. Por outro lado, pessoas desmotivadas, ainda que
representando os papéis definidos para a função, o fazem sem entusiasmo,
não demonstrando qualquer esforço adicional para que as coisas
aconteçam, limitando-se a um comportamento baseado na execução dos
pocedimentos padronizados. Essas atitudes, embora não possam a primeira
vista ser recriminadas, reduzem o brilho do trabalho das demais pessoas
(mesmo aquelas que estão vivenciando níveis superiores de motivação) com
quem os profissionais desmotivados interagem.
A motivação é, portanto, a base fundamental para aumentar o desempenho
e conquistar a fidelidade interna. Pessoas sentem-se motivadas pela
amplitude das recompensas que obtêm pelo seu esforço no trabalho. Como
indivíduos, as pessoas sentem-se gratificadas de forma diferente umas das
outras. Portanto, não é correto generalizar, acreditando que todas são
motivadas simplesmente por estímulos monetários.
Partindo desse ponto, pretende-se estudar e verificar neste trabalho como os
Planos de Incentivos aos empregados podem ser utilizados como estratégia
de motivação na organização. Porém não poderia iniciar esta pesquisa sem
primeiramente apresentar alguns conceitos que irão nortear esta pesquisa,
são eles:
10
Desejo: vontade de possuir ou de gozar; anseio, aspiração, cobiça e
ambição.
Motivação: é uma força interna responsável pelo nível, direção e
persistência do esforço despendido no trabalho.
Recompensar: Reconhecer os serviços de alguém dando-lhe um prêmio.
Plano de Incentivo: consiste em um plano de recompensas voltado para
funcionários visando reconhecer o seu trabalho na organização e de alguma
forma compensá-los pelos eu desempenho.
Nesse sentido, podemos inicialmente dizer que os planos de incentivos
podem fazer um elo diretamente com a motivação dos empregados, que
podem tornar-se parceiros, aumentando seu desempenho e
conseqüentemente proporcionando a busca por uma melhor performance
organizacional.
Quando o esquema de incentivos é bem formulado, ele estimula os
empregados a terem boas idéias, a explorar novas oportunidades e a usar
novos recursos da empresa de forma eficiente. Existe uma forte ligação
entre o resultado financeiro de uma empresa e o sistema de incentivo aos
funcionários.
Este trabalho está dividido em quatro capítulos, além da introdução e da
conclusão. O primeiro capítulo mostra o conceito de motivação, focalizando
algumas teorias a respeito da mesma, além de algumas considerações
sobre seu papel na organização.
No segundo capítulo, é desenvolvido o conceito de estratégia, sendo
apresentado também algumas definições, além de falar sobre a importância
da mesma para a organização.
11
O terceiro capítulo diz respeito ao Plano de Incentivos, onde o propósito é
demonstrar a necessidade de se ter um plano bem elaborado na
Organização, visando não somente a Organização, como também do
empregado.
Por último, o capítulo quatro, focaliza a utilização do Plano de Incentivos
como estratégia de motivação na Organização, alinhando os conceitos de
Motivação, Estratégia e Plano de Incentivos.
Cabe ressaltar, que se faz necessário, que o Plano de Incentivos seja
elaborado de maneira não somente a atender aos interesses da
organização, mas também do empregado, visando faze-lo sentir-se como
parte do processo de desenvolvimento da empresa e não apenas como uma
peça de todo o processo.
12
CAPÍTULO I
MOTIVAÇÃO
13
1. O QUE É MOTIVAÇÃO?
Vivemos em um mundo onde em nenhuma outra época pudemos observar
tantas mudanças. Isso contribui para desejarmos agir e nos comportar de
maneira que consigamos atingir certos fins ou objetivos. Geralmente,
atribuímos estes desejos à motivação, então acreditamos que devemos
estar motivados.
Tentar estar motivado é muito difícil por causa das diferenças individuais e
de como os indivíduos interagem com sua própria personalidade. Apesar
disso, o tema motivação já nos dá uma sensação de bem-estar, porque está
provado que, motivados, produzimos muito mais e melhor.
A motivação é uma espécie de força interna que emerge, regula e sustenta
todas as nossas ações mais importantes. Percebemos a sua existência e
sua natureza a partir da observação e da experiência de comportamentos.
Ela se revela por meio de gestos e atitudes positivas, boa aparência, etc.
Nossas maiores conquistas pessoais, com certeza, estão relacionadas à
motivação. Nossa maneira de pensar reflete uma experiência de vida e
influencia nossos comportamentos diante das pessoas com quem
convivemos. É uma experiência interna, um fator gerador de satisfação.
Segundo teóricos motivacionais, mediante as oportunidades e estímulos
adequados, as pessoas trabalham motivadas e com entusiasmo. O homem
que vive em sociedade precisa e depende de outras pessoas para
sobreviver, o que gera nele um conjunto de necessidades. Quando se
satisfaz uma necessidade, torna-se necessário passar para a seguinte e
assim por diante.
14
1.1 – Aspectos conceituais da motivação
Já na Antiguidade, os filósofos gregos afirmavam que o comportamento
humano baseava-se nos princípios do hedonismo: “minimizar a dor, o
desconforto e, por outro lado, maximizar o prazer”. Assim, o estudo da
motivação – que é complexo, dada a multiplicidade de facetas do ser
humano – poderá tornar-se paradoxalmente simples se o executivo adotar
de forma mais flexível os princípios hedonistas segundo os quais o prazer
individual e imediato é o único bem possível.
Como o próprio termo sugere, motivação significa motivo para ação. Por sua
vez, as palavras motivo e emoção compartilham a mesma raiz do latim:
movere, Istoé, mover. Assim, são as emoções que impulsionam as pessoas
em direção a suas metas e que também influenciam a sua maneira de
perceber os fatos. Segundo Bateman e Snell (1998), a motivação refere-se
às forças que dirigem e sustentam os esforços das pessoas numa
determinada direção. Já para Motta (1995) “motivação é a energia oriunda
do conjunto de aspirações, desejos, valores, desafios e sensibilidades
individuais, manifestada através de objetivos e tarefas específicas”. Essa
definição focaliza a dimensão interna do indivíduo.
Segundo Porter (apud Bergamini, 1980), a condição ideal para haver forte
motivação é quando as habilidades e energias pessoais são suficientes para
atender às expectativas organizacionais, e os recursos da organização são
também adequados para atender às necessidades e objetivos individuais.
Schein (1982), por sua vez afirma: ”para os seres humanos adultos, o
motivador fundamental é a necessidade de manter e desenvolver o
autoconceito e a auto-estima. Fazemos coisas que são coerentes com o
modo como nos vemos; evitamos coisas que não se coadunam com o modo
como nos vemos; procuramos nos sentir bem com nós mesmos e evitar
situações que fazem com que nos sintamos mal com nós mesmos”.
15
1.1.1 – Teorias motivacionais
Motivação é um tema que sempre despertou muito interesse, dada a sua
relação com o comprometimento, o reconhecimento e as recompensas nas
suas mais diversas modalidades. Muitas são, também, as restrições às
várias pesquisas e teorias sobre o assunto, entre as quais se destacam aqui
as teorias de conteúdo.
1.1.1.1 – Teorias de conteúdo
As chamadas teorias de conteúdo dizem respeito à priorização das
necessidades internas das pessoas como fatores capazes de alavancar o
processo motivacional. As mais conhecidas são a teoria da hierarquia das
necessidades, a teoria dos motivos humanos e teoria dos dois fatores.
1.1.1.1.1 – Teoria da hierarquia das necessidades, de Maslow
Considerada uma referência, essa teoria explica que a motivação nasce da
busca da satisfação de necessidades. Segundo Maslow “existem cinco
sistemas responsáveis por grande parte do nosso comportamento. Ele
colocou esses sistemas em uma escala hierárquica, indo do mais primitivo e
imaturo – em termos do comportamento que eles promovem – para o mais
civilizado e maduro” (Maslow apud Montana e Charnov, 2000:205).
Para Maslow, existem cinco níveis de necessidades: sobrevivência; proteção
ou segurança; necessidade de pertencer a um grupo; estima ou ego; e,
finalmente, auto-realização. Apenas a necessidades não satisfeitas são
fontes de motivação. Por exemplo, somente quando sentimos fome vamos
procurar alimento para satisfazer a primitiva necessidade fisiológica de
sobrevivência. A teoria de Maslow traz importantes contribuições na medida
16
em que permite identificar os grandes grupos de necessidades, o
estabelecimento das prioridades e a relevância do crescimento pessoal e da
auto-realização em consonância com os objetivos organizacionais.
1.1.1.1.2 – Teoria dos motivos humanos, de McClelland
McClelland também destaca a importância da satisfação das necessidades
básicas e identifica três conjuntos que, segundo ele, são adquiridos
socialmente mediante aprendizagem ao longo da vida:
q realização – busca da excelência, orientação para o sucesso, alcance
de metas, assunção de riscos calculados e desejo de reconhecimento.
É a necessidade de desenvolver-se e de alcançar o sucesso;
q afiliação – interesse por amizades, compartilhamento e boa
convivência. Representa a necessidade de estreitar relacionamentos e
de ser aceito por outros;
q poder – interesse pela liderança e pelos sinais de status. É a
capacidade de influenciar ou mesmo dominar os outros.
McClelland concluiu que a maioria dos gestores tem níveis consideráveis de
necessidades de poder, razão pela qual tendem a se ajustar melhor às
organizações burocráticas. Aguiar (1981) afirma que as pessoas movidas
pela necessidade de realização não encontram as mesmas facilidades para
se ajustar nesses ambientes.
1.1.1.1.3 – Teoria dos dois fatores, de Herzberg
Segundo essa teoria, não basta as pessoas ficarem satisfeitas com o
ambiente de trabalho, os relacionamentos, os benefícios ou mesmo com
17
salários oferecidos para que haja um estímulo interno capaz de motivar.
Herzberg distinguiu dois grupos de fatores que afetam o desempenho:
q fatores higiênicos – são os de manutenção, presentes no ambiente da
empresa, tais como: remuneração justa, boas relações interpessoais,
condições físicas satisfatórias de trabalho, benefícios. Tais fatores
representam investimentos elevados e até podem não causar
satisfação, mas se forem suprimidos poderão provocar insatisfação e
queda na produtividade;
q fatores motivacionais – são aqueles relacionados ao conteúdo do cargo
e do trabalho realizado e que tem o poder de gerar um estado de
satisfação. Por exemplo, desafios, reconhecimento, grau de autonomia,
auto-realização.
A grande contribuição de Herzberg foi mostrar que não basta criar boas
políticas higiênicas ou de manutenção se não houver reformulação nos
cargos e valorização efetiva das pessoas que os ocupam. Assim, ele propõe
que as tarefas sejam continuamente revistas e ajustadas em função do
progresso de cada colaborador, num processo conhecido como
enriquecimento das funções. Tal enriquecimento pode se dar tanto de forma
horizontal, quanto vertical, substituindo-se as tarefas mais simples por outras
mais complexas.
1.1.1.2 – Teorias de processo
Esse conjunto de teorias apresenta uma visão mais dinâmica dos processos
cognitivos que influenciam o comportamento, focalizando desde sua
ativação até sua supressão. Aí se destacam a teoria do estabelecimento de
objetivos, a teoria da eqüidade e a teoria da expectativa.
18
1.1.1.2.1 – Teoria do estabelecimento de objetivos, de Locke
Locke sustenta que a intenção de trabalhar por algum objetivo constitui
grande fonte de motivação, pois suscita comportamentos proativos (Locke
apud Wagner & Hollenbeck, 1999). A partir das pesquisas realizadas, as
principais conclusões que se aplicam diretamente à gestão de pessoas são:
q os objetivos considerados mais difíceis conduzem um melhor
desempenho;
q os objetivos específicos produzem melhor desempenho do que os
objetivos vagos e imprecisos;
q a participação na definição dos objetivos aumenta sua aceitação pelo
colaborador e o seu grau de comprometimento;
q o monitoramento do próprio progresso motiva mais que o feedback de
outra pessoa;
q pessoas com elevado grau de auto-eficácia tendem a vencer mais
desafios.
Ainda para Locke, os quatro principais métodos para provocar a motivação
nas pessoas são: recompensas financeiras; fixação de metas individuais e
de equipe; participação nas decisões sobre assuntos pertinentes, e criação
de cargos com tarefas mais amplas (Locke apud Wagner & Hollenbeck,
1999).
1.1.1.2.2 – Teoria da eqüidade, de Adams
Segundo Adams (apud Robbins & Finley, 1997), o sentimento de justiça
resulta da comparação de nossa contribuição e de nossas recompensas
com a dos outros. Por contribuição e de nossas recompensas com a dos
outros. Por contribuição deve-se entender o esforço e o tempo empregados,
o talento e o nível de desempenho, enquanto as recompensas incluem o
19
reconhecimento, os pagamentos, os benefícios e até as punições por parte
da organização ou da chefia. Se houver igualdade nessa “proporção”, a
certeza da eqüidade e do tratamento com justiça será reforçada. Havendo
desigualdades, o processo motivacional será prejudicado pelo sentimento de
injustiça. Daí a importância da igualdade nas relações e nas políticas que
norteiam o trabalho. Ao perceber uma injustiça, o colaborador procurará
reequilibrar a relação:
q diminuindo sua contribuição;
q pedindo maior recompensa;
q solicitando maior esforço dos outros;
q modificando a situação, transferindo-se ou deixando a organização.
Em geral as pessoas aceitam receber mais do que julgam merecer, mas não
menos. Alguns são mais complacentes com as desigualdades de
tratamento, enquanto outros reivindicam imediatamente aquilo que, a seu
ver, lhes é devido. O salário é o quesito principal, mas as comparações
podem descer a minúcias tais como nome do cargo, localização da sala,
tamanho da mesa e até sorrisos do chefe.
1.1.1.2.3 – Teoria da expectativa, de Vroom
Conforme Robbins e Finley, essa teoria “ajuda a explicar por que muitos
trabalhadores não são motivados em seus cargos e fazem apenas o mínimo
necessário para não perdê-los” (Robbins e Finley, 1997:355). Vroom
pressupõe a existência de três relações:
q relação entre a quantidade de esforço e o desempenho resultante:
expectativa;
q relação entre desempenho a mais e uma recompensa:
nstrumentalidade;
20
q relação entre recompensa e satisfação de metas pessoais: valência.
A partir de valores matemáticos atribuídos à freqüência com que cada uma
dessas relações ocorre é possível determinar o grau de motivação de uma
pessoa:
Essa teoria sugere três expedientes para gerar motivação, os quais podem
servir de base para a atuação do líder:
q criar um ambiente propício ao bom desempenho , oferecendo
treinamento, apoio e estímulo, de modo a aumentar a expectativa;
q garantir que o bom desempenho seja recompensado com elogios,
avaliações positivas, aumentos de salário ou de cotas de participação
nos resultados;
q identificar aa recompensas com maiores valências.
1.1.1.3 – Processo motivacional
1.1.1.3.1 – Motivação e frustração
O grande desafio no processo de gerar motivação é descobrir o estímulo
mais adequado. Caso esse objetivo seja atingido, às vezes o estímulo não é
suficiente para levar ao resultado esperado e pode gerar frustração. Assim, o
indivíduo é levado a preencher esse vazio com mecanismos de defesa ou,
segundo Piéron (1966), “mecanismos inconscientes pelos quais o ego se
dissocia de impulsos ou afetos sentidos como perigosos para a integridade
do organismo”. Eis alguns mecanismos de defesa psicológicos:
Motivação = expectativa x instrumentalidade x valência
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q racionalização – desdenhar algo que não se pode ter;
q fantasia – trocar o que se tem pelo que se sonha;
q projeção – atribuir a outrem a causa de seus problemas;
q deslocamento – transferir a emoção de uma situação para outra;
q sublimação – desviar sensações e e moções para uma condição
análoga àquela que não se pode ter;
q generalização – estender o descontentamento a todas as situações ou
pessoas;
q isolamento – afastar-se dos outros;
q apatia – indiferença a outras oportunidades.
Vergara (1999:50) aponta outros mecanismos de defesa, além dos
psicológicos:
q mecanismos de defesa sociológicos – compensações no meio social,
como por exemplo o consumismo exagerado;
q mecanismos de defesa químicos – a satisfação é obtida mediante o uso
de drogas, álcool e fumo;
q mecanismos de defesa tecnológicos – por exemplo, utilização
excessiva de televisão e da Internet.
Vale acrescentar que a motivação – o a ausência dela – é um fenômeno
intrínseco, absolutamente pessoal, o que explica que determinados
estímulos externos funcionem para algumas pessoas, mas não para todas.
Note-se que os desempenhos de alto nível se tornam cada vez mais
cruciais, dada a aceleração da informação e a automação de processos.
Todavia, o vultoso investimento em máquinas, equipamentos e sistemas
pode ser parcial ou totalmente perdido se nada for feito para obter a adesão
das pessoas e a adequada substituição de valores, hábitos e regras de
conduta.
22
A grande diversidade de valores, necessidades e experiências representa
um grande desafio e, “lidar com essas diferenças é a arte e a magia do
gestor” (Vergara, 1999:42).
1.1.1.4 – Aspectos educacionais da motivação
As teorias motivacionais nos levam a concluir que as pessoas possuem
necessidades, intenções e expectativas e são influenciadas por estímulos
externos. O grau de compreensão dessas variáveis é fruto da capacidade
que essas pessoas possuem para compreender a si próprias, o trabalho que
realizam, e o mundo que as cerca.
À medida que a educação desenvolve as pessoas, seus referenciais e seus
modelos de interpretação da realidade se modificam. Portanto, ao criar
novas estruturas cognitivas e emocionais, o processo educacional possibilita
outras formas de motivação.
O mesmo ocorre com os estímulos externos, pois serão alvo de novas
interpretações sugeridas por outros modelos mentais de compreensão a
realidade, passando-se a considerar como motivadores estímulos que antes
não o eram. Além disso, torna-se possível identificar novos estímulos.
Nas organizações, conforme Macedo (1988), podem-se distinguir três tipos
de educação:
q Educação técnica – tem por finalidade qualificar tecnicamente as
pessoas, ensinando-lhes conceitos, valores e técnicas profissionais,
bem como priorizando a realização das tarefas.
q Educação pessoal – visa ao autoconhecimento; o indivíduo deve
conhecer o seu potencial e saber utiliza-lo para planejar
estrategicamente o próprio futuro, desenvolvendo a capacidade criativa
e o senso de participação;
23
q Educação organizacional – visa ao conhecimento da trajetória histórica
da organização, abrangendo sua visão, missão, valores, objetivos,
estruturas e sistemas; desenvolve competências para utilizar os
instrumentos organizacionais e põe em foco a realidade organizacional,
suas origens e tendências;
Em síntese, pode-se afirmar que a educação técnica abre novas
perspectivas para a execução das tarefas; a educação pessoal revela as
diferentes capacidades individuais a serem exploradas; e a educação
organizacional propicia novos mecanismos de planejamento, organização,
controle e avaliação do trabalho. Portanto, a educação mo trabalho permite
descobrir oportunidades de motivação que antes não eram percebidas, bem
como novas maneiras de o indivíduo sentir-se recompensado pelo seu
desempenho.
Para Bergamini (1980), “parece não haver mais dúvida, de acordo com
muitas pesquisas feitas sobre o assunto, que as pessoas procuram
ativamente oportunidade de satisfazerem suas próprias necessidades
pessoais e chegarem aos seus próprios objetivos dentro do contexto do
trabalho”.
Nessa afirmação fica claro que a pessoa tem consciência de suas
necessidades e objetivos. Mas pode ser que ela considere impossível
alcança-los num dado contexto organizacional, e nesse caso é natural haver
frustração e desmotivação. Assim, o processo educacional pode capacitar a
pessoa a descobrir novos objetivos individuais e recompensas satisfatórias
no ambiente organizacional.
A integração entre o indivíduo e a organização é alcançada pela satisfação
mútua de objetivos individuais e organizacionais. Assim sendo, os processos
educacionais podem contribuir para a motivação das pessoas ensinando-
lhes a descobrir formas criativas de realizar ao mesmo tempo os objetivos
organizacionais e os seus objetivos pessoais.
24
Isto posto, são três as fontes de motivação do indivíduo no trabalho: a busca
de recompensas financeiras, a satisfação de objetivos pessoais e a
satisfação de objetivos coletivos.
1.1.1.4.1 – Motivação financeira
Nesse caso, a motivação para o trabalho está exclusivamente ligada às
recompensas financeiras proporcionadas pela organização. Os que
apresentam esse comportamento são movidos pela ética do sucesso
financeiro e percebem a organização como fonte de renda para a satisfação
de suas necessidades e interesses particulares. Por isso querem salários,
benefícios e incentivos sempre maiores. Estão na organização somente para
vender o seu trabalho e usam de quaisquer meios para alcançar os
resultados pretendidos, desde que as recompensas financeiras sejam
consideradas vantajosas.
1.1.1.4.2 – Motivação individual
A motivação para o trabalho resulta unicamente da realização de objetivos
individuais. Tais pessoas são movidas pela ética do sucesso individual e
estão dispostas a exercer qualquer atividade, desde que as recompensas
financeiras atendam aos seus interesses. Para tanto empregam todos os
recursos da empresa e agem como se as suas metas individuais fossem
também as metas organizacionais.
25
1.1.1.4.3 – Motivação institucional
A motivação está ligada exclusivamente aos objetivos coletivos da empresa.
As pessoas que apresentam esse comportamento são movidas pela ética do
sucesso coletivo e percebem a empresa como fonte de recompensas
financeiras justas. Estão na empresa para atingir objetivos coletivos e,
portanto, contribuem decisivamente nas tarefas coletivas, porém os
resultados alcançados nos objetivos individuais são menos satisfatórios. Os
interesses da organização se sobrepõem aos interesses do indivíduo de tal
modo que este não consegue desenvolver identidade própria.
Temos, pois, o comportamento motivado para o trabalho na expectativa de
recompensas financeiras crescentes, e tais expectativas podem ser
satisfeitas pela empresa. Não resta dúvidas que essa é uma fonte de
motivação localizada fora da pessoa sob controle da organização. No
entanto, sua eficácia depende do que ela significa para os colaboradores, e
isso é conseqüência do tipo de educação ao qual foram submetidos.
Vale ressaltar que uma condição externa só é capaz de produzir
comportamento motivado se existirem nos colaboradores as estruturas
cognitivas adequadas. Ou seja, a organização só pode induzir
comportamento motivado se oferecer condições concretas para a realização,
dentro ou fora do trabalho, de aspirações previamente existentes nos
colaboradores, e se essas aspirações forem criadas pela estrutura de idéias
e valores construída no processo educacional do qual participaram. Outra
possibilidade é a empresa alterar essa estrutura de valores por meio da
educação.
Por outro lado, temos a motivação para o trabalho na expectativa de
satisfação de objetivos individuais que vão além da justa recompensa
financeira e podem ser atendidos pela organização. Aqui a educação é fator
determinante na capacidade do indivíduo para identificar possibilidades e
escolher os objetivos pessoais que deseja alcançar.
26
Nesse caso, a vontade de trabalhar pode ser resultado do somatório das
condições subjetivas estabelecidas pelos colaboradores e das condições
propiciadas pela organização para a concretização de objetivos individuais.
Assim, por meio da educação, a organização pode criar motivação ao
proporcionar o aprendizado de novos sistemas, processos e instrumentos
que contribuam para a realização desses objetivos individuais.
A educação no trabalho permite ao indivíduo ultrapassar os limites da teoria
dos dois fatores de Herzberg, na medida em que o capacita a participar da
organização e do controle do trabalho, e, logo, da construção de estruturas e
sistemas organizacionais.
Tomando por base a teoria de McClelland, que focaliza as necessidades de
realização, poder e afiliação, Aguiar (1981) afirma que as pessoas movidas
pela necessidade de realização procuram a excelência e a competência
profissional. A educação no trabalho equilibra as necessidades identificadas
na teoria de McClelland, porquanto capacita o colaborador a compreender e
exercer o poder na organização, independentemente do modelo de gestão
vigente, bem como a desenvolver uma interação positiva como os colegas
de trabalho, satisfazendo assim suas necessidades de afiliação.
Por outro lado, as necessidades de realização se baseiam na realidade
concreta, e não em ilusões. Se as condições existentes não forem
satisfatórias, os indivíduos estarão capacitados a agir para muda-las,
permitindo assim a satisfação de seus objetivos pessoais.
Em suma, se a educação técnica promove a motivação ligada às
recompensas financeiras, a educação pessoal a complementa ao produzir a
motivação ligada à realização de objetivos individuais, enquanto a educação
organizacional complementa as anteriores promovendo a motivação ligada
ao cumprimento de objetivos organizacionais. Ou seja, cada tipo de
educação atende a propósitos diferentes porém complementares entre si.
27
1.1.1.5 – Comprometimento Profissional
É sabido que um sistema de desempenho e recompensas financeiras
adequadamente formulado contribui para atrair e reter colaboradores.
Porém, vemos em Katz e Kahn (1978), que quando outras organizações
acenam com melhores benefícios, a efetividade do processo tende a anular-
se, podendo os colaboradores abreviar sua permanência na organização. Na
decisão de permanecer ou não na organização também pesam outras
variáveis, como por exemplo as limitadas oportunidades de participação ou a
omissão de líderes no gerenciamento de conflitos (Motta, 1995).
O verdadeiro comprometimento pressupõe uma opção consciente do
indivíduo, devendo pois traduzir-se em fatos concretos (Freire, 1990), mas
estes só são produzidos por quem é capaz de pensar e agir com autonomia,
quem realmente faz escolhas entre as opções possíveis.
O comprometimento está diretamente ligado à ampliação da consciência do
indivíduo. Na prática, isso acontece na medida em que este não se contenta
apenas com recompensas financeiras, mas que deseja conhecer melhor a si
mesmo e a empresa para poder participar efetivamente da vida
organizacional.
Galbraith e co-autores (1995), desenvolvem o conceito de envolvimento
empregatício, o qual, por estar centrado no processo decisório, ajuda a reter
os colaboradores nas organizações que adotam um processo participativo
autêntico. Isso por que o que se deseja é mais poder e mais informação para
decidir que o que se deseja é mais poder e mais informação para decidir
com mais acerto, melhores recompensas econômicas e psicológicas, e
maiores oportunidades de educação e treinamento para suprir as
deficiências no processo decisório.
Na ótica de Bennis (1995), quanto maior for a compatibilidade entre os
valores pessoais e a tarefa a ser desempenhada, mais forte será o
28
comprometimento profissional , o que dispensa controles estruturados.
Donde se deduz que a motivação ligada à realização de objetivos individuais
é mais forte do que a motivação ligada à realização de objetivos financeiros.
Katz e Kahn (1978) afirmam que um colaborador pode ter introjetado valores
de cunho profissional, porém isso não significa que tenha feito o mesmo em
relação aos valores da organização em que trabalha. Pode-se estar
motivado para o trabalho mesmo numa organização de que não se gosta.
A motivação institucional forja um vínculo mais forte que a individual porque
possibilita às pessoas participarem da edificação das estruturas, processos e
sistemas organizacionais. Davis e Newstrom (1992) corroboram essa
argumentação dizendo que os indivíduos motivados com a organização
apóiam suas políticas e apresentam baixo índice de rotatividade.
Concluindo, citamos Freire (1990): “na consciência ingênua há uma busca
de compromisso; na crítica, há um compromisso; na fanática, uma entrega
irracional” (Freire, 1990:39).
1.2 – Motivação nas Organizações
“ Entre um sonho e um projeto realizado, há muito, muito trabalho.
As chances de sucesso aumentam bastante se esse trabalho seguir
uma estratégia e for realizado por pessoas qualificadas e motivadas”
Henrique Meirelles – presidente do FleetBoston Global
Você S/A – Março/2001-04-03
29
Motivação se tornou um fator importante e ao mesmo tempo preocupante
para as empresas e para os profissionais. Questões do tipo : Como fazer
para motivar meus funcionários? ou Como me manter motivado diante das
adversidades que enfrento todos os dias?
A atividade organizacional pode ser visualizada como um complicado
processo de conversão de vários recursos através de um sistema integrado
capaz de proporcionar saídas ou resultados.
Ninguém trabalha de graça. Como parceiro da organização, cada funcionário
está interessado em investir com trabalho, dedicação e esforço pessoal, com
seus conhecimentos e habilidades, desde que receba uma retribuição
adequada. As organizações estão interessadas em investir em recompensas
para pessoas desde que elas possam receber contribuições ao alcance de
seus objetivos. Daí decorre o conceito de Plano de Incentivo, que será
abordado no próximo capítulo.
30
CAPÍTULO II
ESTRATÉGIA
31
2. O QUE É "ESTRATÉGIA" ?
O termo estratégia é vasto e complexo, aceitando conteúdos e recebendo
definições bastante diferentes. Ao pesquisarmos uma fonte elementar – o
dicionário Aurélio –, encontramos quatro conceitos que remetem a diferentes
significados. Os dois primeiros dizem respeito diretamente à visão militarista:
“1.- arte militar de planejar e executar movimentos e operações
de tropas, navios e/ou aviões, visando a alcançar ou manter
posições relativas e potenciais bélicos favoráveis a futuras
ações táticas sobre determinados objetivos;
2.- arte militar de escolher onde, quando e com que travar um
combate ou uma batalha.”
Todavia, a palavra também vem sendo usada com outros sentidos que não o
estritamente militar. Como já foi dito anteriormente, podemos – de maneira
geral – considerar estratégia toda escolha de caminhos para atingir um
determinado propósito. Assim, pode ser designada como estratégia a forma
como um homem procura conquistar uma mulher, os planos de uma seleção
de futebol para conquistar a Copa do Mundo ou mesmo os passos que
podem ser escolhidos por uma pessoa interessada em abrir um negócio.
As duas definições seguintes do "Aurélio" evidenciam a afirmação acima:
“3.- arte de aplicar os meios disponíveis com vista a
consecução de objetivos específicos, e;
32
4.- arte de explorar condições favoráveis com vista a
consecução de objetivos específicos.”
Estratégias são opções de cursos de ação que exércitos, organizações e
mesmo pessoas avaliam e adotam para atingir seus objetivos. Para que se
possa pensar em estratégia é necessário:
· que haja objetivos claros e definidos a serem alcançados;
· que exista uma variedade – mesmo que pequena – de opções para
alcançar esses objetivos.
Pode-se mesmo dizer que estratégia é sinônimo de opções. Ou seja, só
pode haver pensamento ou raciocínio estratégico se houver opções. Caso
haja apenas um caminho a ser seguido, a racionalidade estratégica não é
aplicável. Entretanto, devemos ainda procurar melhor compreender o
significado do termo estratégia.
2.1 - A Estratégia como Arte
Baseando-nos nessas definições, permitimo-nos fazer a seguinte afirmação:
estratégia é, antes e acima de tudo, uma arte. É claro, porém, que as
características do ambiente vão influenciar as escolhas estratégicas. Na
realidade, o número de opções se amplia ou se reduz tanto em função dos
meios disponíveis – ou fatores internos (que alguns autores também
chamam de variáveis controláveis) – quanto das condições do
macroambiente – que compõem os fatores externos (também chamadas
variáveis incontroláveis). Conseqüentemente, a arte do estrategista é a sua
capacidade de escolher uma opção, considerando o ambiente interno e o
ambiente externo. Podemos ainda dizer que a arte do estrategista consiste
33
em utilizar uma forma de pensar que não pode ser totalmente racional – uma
vez que, nesse sentido, até mesmo toda a racionalidade de modelos
matemáticos é falível – nem totalmente intuitiva. Ele combina tais formas de
pensar na busca de escolher a melhor alternativa frente a um leque (amplo)
de opções – esta é a sua verdadeira arte. E outra característica dessa arte é
que o estrategista não conta, a priori, com a garantia absoluta de sucesso.
Mas pode, a posteriori, ser avaliado pela sua capacidade em atingir os
objetivos previamente definidos.
2.2 - Estratégia Empresarial
Durante quase duas décadas, os empresários têm aprendido a jogar com
novas regras. As empresas têm de ser flexíveis para responder rapidamente
às alterações competitivas e do mercado. Têm de se comparar com os rivais
(benchmarking) para obter maior eficiência e evoluir continuamente. Têm de
possuir competências centrais (core competence) para se manterem à frente
dos seus rivais. O posicionamento, em tempos considerado a alma da
estratégia, é hoje rejeitado, por ser demasiado estático face às mutações
dos mercados e das tecnologias. De acordo com a nova
doutrina, as empresas podem facilmente copiar o posicionamento
estratégico dos rivais. Logo, as vantagens competitivas são temporárias.
Estas teorias são apenas meias verdades, extremamente perigosas, que
levam as empresas a enveredar pelo caminho da competição destrutiva. As
barreiras à entrada de novos competidores estão para cair à medida que as
leis se tornam mais flexíveis e os mercados mais abertos. As empresas
procuram ser mais independentes e ágeis. Contudo, em muitas indústrias, o
que uns chamam de hiperconcorrência não é o resultado inevitável de uma
mudança de paradigma competitivo.
34
A raiz do problema encontra-se na incapacidade de distinguir entre a
eficiência operacional e a estratégia. A procura de produtividade, qualidade e
velocidade tem provocado o aparecimento de inúmeras técnicas de gestão:
qualidade total; benchmarking; time-based competition; outsourcing;
parcerias estratégicas; reengenharia; e gestão da mudança. Apesar de a sua
aplicação gerar, na maioria dos casos, melhorias operacionais significativas,
muitas empresas revelam incapacidade de traduzir estes ganhos em
vantagens sustentáveis. Assim, aos poucos, quase sem se dar conta, as
técnicas de gestão têm tomado o lugar da estratégia.
2.2.1 - Eficiência operacional não é estratégia
A eficiência operacional e a estratégia são ambas essenciais ao
desempenho excelente que é, afinal, o objetivo principal de qualquer
empresa. Mas ambas funcionam de maneira diferente. Para uma empresa
ultrapassar os rivais deve preservar uma característica única. Terá de
proporcionar maior valor aos consumidores ou criar valor a custos mais
baixos; ou fazer as duas coisas. O fato de proporcionar maior valor, permite-
lhe cobrar preços mais elevados. Uma maior eficiência significa custos
unitários mais baixos.
No final, todas as diferenças entre as empresas em termos de custos ou
preços advêm do conjunto de atividades necessárias à criação, produção,
venda e entrega dos seus produtos ou serviços. Os custos são gerados pelo
exercício de atividades, e as vantagens de custo surgem do desempenho
dessas atividades de forma mais eficiente do que a concorrência. Do mesmo
modo, a diferenciação surge tanto da escolha de uma atividade única como
da forma como é executada. As atividades são, portanto, os fatores-chave
da vantagem competitiva. Logo, a vantagem ou desvantagem competitiva de
uma empresa resulta do conjunto das suas atividades, e não apenas de
algumas.
35
Por outro lado, a eficiência operacional significa exercer atividades
semelhantes melhor do que os rivais. Inclui todo o tipo de práticas que
permitem a uma empresa utilizar da melhor forma os seus recursos, por
exemplo, reduzindo os defeitos dos produtos ou desenvolvendo produtos
melhores mais rapidamente. Pelo contrário, posicionamento estratégico
significa exercer atividades diferentes dos rivais ou exercer atividades
semelhantes de um modo diferente.
As diferenças na eficiência operacional das empresas são marcantes.
Algumas empresas conseguem obter mais dos seus recursos, pois eliminam
os esforços redundantes, empregam tecnologia mais avançada, motivam
melhor os funcionários ou possuem melhores competências para gerir uma
atividade particular ou um conjunto de atividades. Tais diferenças na
eficiência operacional explicam as diferenças de rentabilidade entre
empresas concorrentes. As diferenças na eficiência operacional foram o
trunfo utilizado pelos japoneses para desafiar as empresas ocidentais dos
anos 80. Os japoneses encontravam-se tão mais desenvolvidos do que os
rivais em termos de eficiência operacional, que ofereciam baixos custos e
uma qualidade superior.
O que antes era considerado um trade-off (escolha em que ter menos de um
implica ter mais de outro) — entre defeitos e custos, por exemplo —
verificou-se ser uma ilusão criada por uma fraca eficiência operacional. Os
gestores já aprenderam a rejeitar estes falsos trade-offs. É necessário uma
melhoria contínua na eficiência operacional para se atingir uma rentabilidade
superior. Contudo, isso nem sempre é o suficiente. Poucas foram as
empresas que conseguiram competir com base na eficiência operacional
durante um período de tempo muito prolongado. A razão mais óbvia para
isto é a rápida difusão das melhores práticas. Os concorrentes podem
facilmente imitar técnicas de gestão, novas tecnologias, melhorias produtivas
e os modos originais de satisfazer as necessidades dos clientes. As
soluções genéricas difundem-se ainda mais rapidamente. Repare na
36
proliferação das técnicas de eficiência operacional recomendadas pelos
consultores.
O segundo motivo que melhorou a eficiência operacional — a convergência
competitiva — é insuficiente. Quanto mais as empresas fazem
benchmarking, mais se parecem umas às outras. Quanto mais os rivais
fazem o outsourcing das atividades para terceiros mais capazes, mais
genéricas se tornam essas atividades. À medida que os rivais imitam as
técnicas uns dos outros — qualidade, ciclos de produção ou alianças com os
fornecedores — as estratégias convergem e a concorrência torna-se numa
série de corridas em que todos seguem o mesmo percurso e ninguém
ganha. A concorrência baseada só na eficiência operacional é mutuamente
destrutiva, dando origem a guerras desgastantes que só acabarão quando
se limitar a concorrência.
A recente vaga de fusões só faz sentido neste contexto da concorrência pela
eficiência operacional. Motivadas por pressões de desempenho, mas com
fraca visão estratégica, as empresas não têm tido uma idéia melhor do que
comprar os rivais. As empresas sobreviventes são as que engoliram rivais,
não as que possuem vantagens competitivas reais.
Em suma, após uma década de lucros impressionantes com a eficiência
operacional, muitas empresas enfrentam agora uma redução dos lucros. A
idéia de fazer melhorias contínuas ficou gravada nas mentes dos gestores.
Mas estas técnicas levam as empresas para a imitação e a homogeneidade.
Gradualmente, os gestores têm deixado a eficiência operacional suplantar a
estratégia. O resultado é um jogo de soma-nula, em que os preços são
estáveis ou decrescentes e as pressões sobre os custos cada vez maiores,
o que compromete a capacidade para investir no negócio a longo prazo.
37
2.2.2 - A estratégia depende das atividades únicas
A estratégia competitiva consiste em ser diferente. Significa escolher
deliberadamente um conjunto diferente de atividades para fornecer uma
combinação única de valor.
A maioria dos gestores descreve o posicionamento estratégico em termos
aos seus clientes. Mas a essência da estratégia está nas atividades — optar
por exercer atividades de modo diferente ou exercer atividades diferentes
das dos rivais. Senão, uma estratégia não seria mais do que um slogan
publicitário que não sobreviveria à concorrência.
O posicionamento estratégico surge de três fontes diferentes, mutuamente
exclusivas e, por vezes, sobrepostas. Em primeiro lugar, pode basear-se na
produção de um vasto conjunto de produtos ou serviços de uma indústria.
Chama-se a isto posicionamento baseado na variedade. Este tipo de
posicionamento faz sentido, em termos econômicos, quando uma empresa
produz melhor um determinado produto ou serviço do que os rivais,
utilizando conjuntos distintos de atividades.
O segundo tipo de posicionamento consiste em servir a maioria ou a
totalidade das necessidades de um segmento específico de consumidores.
Chama-se posicionamento baseado em necessidades e já se aproxima mais
da visão tradicional sobre segmentação de mercado. Surge quando existem
grupos de consumidores com diferentes necessidades e quando um
conjunto integrado de atividades satisfaz melhor essas necessidades.
Alguns grupos de consumidores são mais sensíveis ao preço do que outros,
exigem características de produtos diferentes e necessitam de mais
informações e serviços de apoio. Uma variação do posicionamento
baseado em necessidades surge quando o mesmo cliente tem necessidades
diferentes em ocasiões diferentes. Por exemplo, a mesma pessoa poderá
sentir necessidades diferentes quando viaja sozinho em negócios ou em
ferias com a família.
38
A satisfação das necessidades do consumidor é sempre o objetivo de todo o
gestor, mas, por vezes, é esquecido um elemento crítico do posicionamento
baseado nas necessidades. As diferenças nas necessidades só resultam em
posicionamentos corretos quando o melhor conjunto de atividades para a
satisfação também variar. Se assim não fosse, todas as empresas
conseguiriam satisfazer essas mesmas necessidades e não haveria nada
único e original nos respectivos posicionamentos.
O terceiro tipo de posicionamento consiste em segmentar clientes que são
acessíveis de maneiras diferentes. Apesar de as suas necessidades serem
parecidas com as de outros clientes, a configuração de atividades que
melhor os satisfaz é diferente. A isto chama-se posicionamento baseado no
acesso, que é menos comum e menos compreendido do que os outros dois
tipos de posicionamento.
O posicionamento não é apenas inventar um nicho. Uma posição que surja
de qualquer destes tipos de posicionamento pode ser estreita ou alargada.
Os competidores focalizados lidam como grupos de consumidores com
excesso de oferta proveniente de empresas genéricas ou com grupos de
consumidores mal servidos.
Qualquer que seja o tipo de posicionamento — variedade, necessidade,
acesso ou uma combinação dos três — requer um conjunto integrado de
atividades. Tendo definido o posicionamento, podemos começar a responder
à pergunta: “O que é a estratégia?”. A estratégia é a criação de uma posição
única e valiosa que engloba um conjunto diferente de atividades. Se apenas
houvesse um posicionamento ideal, não haveria necessidade de estratégia.
A essência do posicionamento estratégico é o de escolher atividades
diferentes das dos rivais. Se o mesmo conjunto de atividades fosse o melhor
para produzir todo o tipo de variedades, de satisfazer todas as necessidades
e de ter acesso a todos os consumidores; então as empresas poderiam
39
facilmente substituir-se entre si e a eficiência operacional determinaria os
resultados.
2.2.3 - A adaptação motiva a vantagem competitiva e a sustentabilidade
As tomadas de decisão sobre o posicionamento determinam, não apenas
quais as atividades que uma empresa exercerá e como as irá desenhar, mas
também como as atividades se relacionarão entre si. Enquanto a eficiência
operacional visa atingir a excelência nas atividades ou funções individuais, a
estratégia visa combinar atividades.
A importância da adaptação entre as políticas funcionais é uma das idéias
mais antigas da estratégia. Contudo, gradualmente, tem vindo a desaparecer
da agenda dos gestores. Em vez de olhar para a empresa como uma parte
inteira, os executivos voltaram-se para as competências centrais, recursos-
chave e fatores críticos de sucesso. Mas, a adaptação é uma componente
bem mais fundamental para a vantagem competitiva do que se julga.
Existem três tipos de adaptação. Primeiro, há a simples consistência entre
cada atividade e a estratégia global. Em segundo lugar, a adaptação ocorre
quando as atividades se reforçam. O terceiro tipo de adaptação vai para
além do reforço da atividade. É o chamado esforço de otimização. Nos três
tipos de adaptação, o todo interessa mais do que as partes
individuais. A vantagem competitiva nasce do sistema integrado de
atividades. A adaptação entre as atividades reduz substancialmente os
custos e aumenta a diferenciação. Por isso, nas empresas competitivas,
pode ser enganoso explicar o sucesso especificando as forças individuais,
as competências centrais e os recursos-chave. A lista de pontos fortes
atravessam muitas funções, e reforçam-se mutuamente.
40
Por outro lado, a adaptação estratégica entre várias atividades é crucial
não só à vantagem competitiva, mas à sustentabilidade dessa vantagem. É
mais difícil aos rivais igualarem um conjunto de atividades interligadas do
que imitar uma estratégia particular, um processo tecnológico, ou um
conjunto de características de um produto. Uma empresa concorrente que
procure copiar um sistema de atividades pouco ganha se imitar apenas
algumas atividades e não o todo. A sua performance não melhorará, ao
contrário, só se degradará.
Finalmente, a adaptação entre as atividades de uma empresa cria pressões
e incentivos para aperfeiçoar a eficiência operacional, o que torna a imitação
ainda mais difícil. Quando as atividades se complementam, os rivais pouco
beneficiarão da imitação, a não ser que consigam copiar o sistema completo.
Por outro lado, a adaptação faz com que um bom desempenho de uma
atividade melhore o desempenho das restantes, o que tende a promover
vencedores que ganham em todas as competições.
Uma das implicações é que as posições estratégicas deverão ter uma
longevidade de uma década ou mais e não apenas de um único ciclo
de planejamento. Pelo contrário, alterações freqüentes no posicionamento
tornam-se muito dispendiosas.
O que é a estratégia? Agora já podemos completar a resposta a esta
pergunta.
Trata-se de integrar o conjunto de atividades de uma empresa. O sucesso
da estratégia depende de se conseguir fazer muitas coisas bem e em saber
integrá-las. Se não houver adaptação entre as atividades, não há estratégia
distintiva nem sustentabilidade. Mais uma vez, os resultados dependeriam
da eficiência operacional.
41
2.3 - Os japoneses raramente têm estratégia
Os japoneses provocaram uma revolução na eficiência operacional nas
décadas de 70 e 80, sendo pioneiros em práticas de gestão como a
qualidade total (total quality management) e a melhoria contínua (kaizen). As
empresas nipônicas estavam tão longe dos seus rivais em termos de
eficiência operacional que podiam oferecer qualidade e baixos custos, em
simultâneo, e beneficiar destes dois tipos de vantagens genéricas durante
muitos anos.
No entanto, as empresas nipônicas raramente desenvolveram posições
estratégicas distintas. Aquelas que o fizeram foram a exceção à regra. Em
regra, as empresas japonesas imitam-se e destroem-se. Os rivais tendem a
oferecer todas as variedades de produtos e serviços; empregam todos os
canais de distribuição e copiam o tipo de fábricas dos vizinhos.
Os perigos deste estilo de concorrência são agora mais fáceis de
distinguir. Na década de 80, as empresas nipônicas podiam beneficiar de
vantagens de custos e de qualidade indefinidamente. Todas conseguiam
crescer dentro do mercado interno em expansão e penetrar nos mercados
globais. Pareciam imparáveis. Mas, quando as diferenças na eficiência
operacional começaram a diminuir, as empresas japonesas ficaram presas
na sua própria armadilha.
Se quiserem sobreviver a este tipo de batalhas destrutivas, que aditam
o seu desempenho, terão de aprender a estratégia. Para tal, terão de
ultrapassar algumas barreiras culturais. O Japão é um país orientado para
o consenso. Mas a estratégia é a arte de fazer escolhas, ainda que
difíceis. Os japoneses têm uma tradição enraizada segundo a qual tudo
farão para satisfazer qualquer necessidade de qualquer consumidor.
As empresas que competem desta forma, acabam por perder as vantagens
de diferenciação, pois querem ser tudo para todos os clientes.
42
CAPITULO III
PLANO DE INCENTIVOS
43
3. DO INCENTIVO NAS ORGANIZAÇÕES
Não basta remunerar as pessoas pelo seu tempo dedicado à organização.
Isto é necessário, mas insuficiente. É preciso incentiva-las continuamente a
fazer o melhor possível, a ultrapassar o desempenho atual e alcançar metas
e resultados desafiantes formulados para o futuro. A remuneração funciona
geralmente como fator higiênico e insatisfaciente e não consegue motivar as
pessoas para a superação de metas e objetivos ou para a melhoria contínua
das atividades. Na verdade, a remuneração foi um produto do início do
século XX para compensar o trabalho rotineiro e repetitivo dos funcionários
em uma época de estabilidade e de permanência. Era uma época em que
tudo se repetia infindavelmente. Mas o mundo mudou. E as organizações
também. Hoje, a maior parte das organizações bem-sucedidas está
migrando rapidamente para programas de remuneração flexível e variável
capazes de motivar, incentivar e mexer com o brio das pessoas. Os
programas de incentivo estão em alta.
3.1 – Recompensas e Punições
Para funcionar dentro de certos padrões de operação, as organizações
dispõem de um sistema de recompensas (isto é, de incentivos e alicientes
para estimular certos tipos de comportamentos) e de punições (isto é, de
castigos e penalidades – reais ou potenciais – para coibir certos tipos de
comportamento) a fim de balizar o comportamento das pessoas que delas
participam.
O sistema de recompensas inclui o pacote total de benefícios que a
organização coloca à disposição de seus membros, bem como os
mecanismos e procedimentos pelos quais estes benefícios são distribuídos.
Não apenas salários, férias, prêmios, promoções para posições mais
elevadas (com maiores salários e benefícios) são considerados, mas
44
também outras recompensas menos visíveis, como garantia de segurança
no emprego, transferências laterais para posições mais desafiantes ou para
posições que levam a um crescimento, a um desenvolvimento adicional e a
várias formas de reconhecimento por um desempenho excelente1. Por outro
lado, o sistema de punições inclui uma série de medidas disciplinares que
visam orientar o comportamento das pessoas e evitar que se desviem dos
padrões esperados, bem como prevenir sua repetição (com advertências
verbais ou escritas), ou ainda, em casos extremos, castigar a sua
reincidência (com suspensão do trabalho) ou ainda, afastar o autor do
convívio dos demais participantes (com seu desligamento da organização).
Os sistemas de recompensas e de punições constituem os fatores básicos
que induzem as pessoas a trabalhar em benefício da organização. 2
3.2 – As Relações de Intercâmbio
A recompensa ou incentivo é alguma gratificação tangível ou intangível, em
troca da qual as pessoas se tornam membros da organização (decisão de
participar); e, uma vez na organização, contribuem com tempo, esforço ou
outros recursos pessoais (decisão de desempenhar). Toda organização
precisa cuidar da balança dos incentivos-contribuições.3 E o que significa
essa balança? Ela significa que as pessoas e as organizações estão
enganjadas em um sistema de relações de intercâmbio: as pessoas fazem
contribuições à organização e dela recebem incentivos ou induzimentos.
1 Facilita o equilíbrio interno (coerência dos salários dentro da organização)
e o equilíbrio externo (coerência dos salários da organização com os do
mercado).
2 Homogeiniza e padroniza os salários dentro da organização. 3 Focaliza a execução das tarefas e a busca da eficiência.
45
Para as pessoas, as contribuições que elas fazem à organização
representam investimentos pessoais que devem proporcionar certos
retornos na forma de incentivos ou recompensas.
Para a organização, os incentivos representam investimentos que também
devem proporcionar certos retornos na forma de contribuições das pessoas.
A organização precisa manter a balança dos incentivos-contribuições
suficientemente equilibrada. Cada pessoa faz contribuições à organização
(na forma de trabalho, dedicação, esforço, tempo, etc.). Assim, as pessoas
estão dispostas a arcar com certos custos pessoais para obter certos
retornos ou contribuições das pessoas. Neste permanente intercâmbio, cada
uma das partes faz investimentos para obter retornos da outra, comparando
custos e benefícios e decidindo o melhor caminho. E as organizações estão
partindo para novas formas de remuneração que tragam retornos em termos
de desempenho excelente e alcance de objetivos e resultados
organizacionais.
3.3 – Novos Métodos em Remuneração
A remuneração fixa ainda predomina na maior parte das organizações. Ela
privilegia a homogeinização e padronização dos salários, facilita a obtenção
de equilíbrio interno e externo dos salários, permite o controle centralizado
por um órgão de administração salarial, proporciona uma base lógica para a
distribuição dos salários e focaliza a atividade cotidiana e rotineira das
pessoas em função do tempo que elas estão à disposição da organização.
Contudo, a remuneração fixa e estável não consegue motivar as pessoas.
Ela funciona como mero fator higiênico e não incentiva a aceitação de riscos
e de responsabilidades. Em uma era de competitividade, a remuneração fixa
tornou-se insuficiente para motivar e incentivar as pessoas, obter um
comportamento proativo, empreendedor e eficaz na busca de metas e
46
resultados excelentes. Daí a adoção de novos modelos de remuneração,
como a remuneração variável e a remuneração por competência.
3.3.1 – Remuneração Variável
Desde a década de 1980, as empresas americanas e européias deixaram de
lado a remuneração fixa e fizeram decolar um tendência que está ganhando
espaço: remunerar as pessoas pelos resultados alcançados. Os resultados
não são apropriados pela organização, mas rateados entre a organização e
as pessoas que ajudaram a alcança-los. Trata-se de uma parceria que
funciona nas duas vertentes, isto é, no lucro e no prejuízo. O funcionário
ganha mais se a organização ganhar , ganha menos se a organização
ganhar menos nada ganha a mais se a organização nada ganhar.
Remuneração variável é a parcela da remuneração total creditada
periodicamente – trimestral, semestral ou anualmente – a favor do
funcionário. Em geral, é de caráter seletivo e depende dos resultados
estabelecidos ela empresa – seja na área, no departamento ou no trabalho –
em um determinado período através do trabalho da equipe ou do funcionário
tomado isoladamente. Os nomes mudam conforme a empresa: pay for
performance, remuneração variável ou flexível, participação nos resultados,
salário flexível. O desenho do programa também varia, mas o objetivo é
sempre o mesmo: fazer do executivo ou de qualquer funcionário um aliado e
um parceiro nos negócios da empresa. Esse modelo coloca por terra os
mitos sagrados que sempre comandaram a administração salarial, como
tempo de casa, lealdade ou formação escolar. Com a remuneração variável,
passam a reinar outros critérios como resultados, criatividade, inovação,
espírito empreendedor e iniciativa.
Uma das grandes vantagens da remuneração variável é a flexibilidade. Se a
empresa está no vermelho, pode mirar como alvo principal o lucro. Caso
47
precise ganhar espaço da concorrência, elege a participação no mercado
como a sua principal meta. Os principais modelos de remuneração variável
são: planos de bonificação anual, distribuição de ações da empresa aos
funcionários, opção de compra de ações da companhia, participação nos
resultados alcançados, remuneração por competência e distribuição do lucro
aos funcionários.
3.3.1.1 – Plano de Bonificação Anual
O plano de bonificação anual é um exemplo da remuneração variável. Trata-
se de um valor monetário oferecido ao final de cada ano e determinados
funcionários em função da sua contribuição ao desempenho da empresa. O
desempenho pode ser medido através de certos critérios como lucratividade
alcançada, aumento da participação no mercado, melhoria da produtividade
etc.
3.3.1.2 – Distribuição de Ações da Empresa aos Funcionários
A distribuição gratuita de ações da empresa a determinados funcionários,
como forma de compensação, é outra maneira de se fazer remuneração
flexível. Aqui, o dinheiro do bônus é substituído por papéis da companhia.
3.3.1.3 – Opção de Compra de Ações da Companhia
Muitas empresas estão proporcionando uma forma diferente de
remuneração variável através da oferta de ações que são vendidas (por
preço subsidiado) ou transferidas aos seus funcionários, conforme
determinadas regras. O objetivo é fazer com que o funcionário – o principal
48
parceiro – se torne também acionista da organização por sua própria conta,
ms com a ajuda da organização.
Trata-se de um modelo comum nos EUA (stock options) e dá ao funcionário
o direito de comprar um lote de ações da empresa por um determinado
preço. O direito de compra deve ser exercido dentro de um prazo
previamente determinado.
Existem várias formas de estabelecer a participação do empregado no
capital da empresa. Além do modelo denominado Stock Options, há o
Phantom Share , utilizado nos mesmos termos do primeiro, só que com
ações fictícias, cujo valor é calculado com base no patrimônio liquido da
empresa.
Porém o sistema de aquisição de ações apresenta certas limitações. Uma
delas é que ainda não desenvolvemos a cultura do mercado de capitais
entre os funcionários.
Outra limitação é o receio de que haja manipulação pelos próprios
funcionários, principalmente daqueles que detêm informações privilegiadas.
A participação acionária de empregados é um poderoso instrumento para as
empresas que pretendem sobreviver em um mundo cada vez mais
competitivo. A concessão ou a venda de ações aos funcionários é
geralmente feita dentro de programas de longo prazo e serve não apenas
para motivar o empregado, mas principalmente para dar a ele uma
segurança maior no futuro.
Para muitos especialistas, a concessão da participação acionária é inócua
para os níveis operacionais. Nesses níveis, talvez seja melhor associar
ganhos de produtividade ou qualidade a concessão de prêmios efetivamente
em dinheiro.
49
3.3.1.4 – Participação nos Resultados Alcançados
É um outro modelo de remuneração flexível relacionado com o desempenho
do funcionário no alcance de metas e resultados estabelecidos para um
determinado período de tempo. A participação nos resultados significa uma
percentagem ou fatia de valor com que cada pessoa participa dos resultados
da empresa ou do departamento que ajudou a atingir através do seu
trabalho pessoal ou em equipe.
Porém, para funcionar, os programas de recompensas e incentivos precisam
do comprometimento das pessoas. Quase sempre as empresas esbarram
em alguns erros: Pôr em prática esses programas sem uma prévia
campanha de participação e de compromisso. Em outras palavras, sem ter
permitido aos participantes do programa o acesso às cifras financeiras e à
necessária qualificação profissional; nem proporcionado as condições de
exercer sua influência particular sobre o novo sistema. A participação e a
oportunidade de desempenhar um papel influente são os aspectos mais
importantes. Também são importantes o autocontrole da avaliação e a
redução da burocracia e da supervisão direta. Através do pagamento dos
incentivos se avalia se a pessoa fez uso correto das ferramentas e da
liberdade a ela confiadas. O dinheiro é um excelente modo de expressar o
reconhecimento pela ajuda prestada. Funciona como uma verdadeira fonte
de retroação.
3.3.1.5 – Remuneração por Competência
A remuneração por competência recebe vários nomes: remuneração por
habilidade ou por qualificação profissional. É uma forma de remuneração
relacionada com o grau de informação e o nível de capacitação de cada
funcionário. O sistema premia certas habilidades técnicas ou
comportamentais do funcionário. O foco principal passa a ser a pessoa e
50
não mais o cargo. Isto significa que a remuneração não está relacionada
com as exigências do cargo, mas com as qualificações de quem
desempenha as tarefas. O funcionário polivalente leva a melhor. Por
competência, as empresas entendem vários atributos, como capacidade
técnica, personalidade, criatividade, inovação e conhecimento. Na
remuneração por competência, os funcionários que ocupam o mesmo cargo
podem receber salários diferentes conforme a competência de cada um. O
objetivo é remunerar de maneira personalizada cada funcionário, de acordo
com a sua competência pessoal. Três passos são necessários.
O primeiro passo é a discussão do gerente com cada funcionário a respeito
das competências necessárias para o trabalho, os seus pontos fortes e
fracos individuais. Essa primeira abordagem não tem nenhum caráter
impositivo ou repressivo. Seu objetivo é localizar e sanar pontos fracos.
O segundo passo é a programação conjunta entre gerente e funcionário do
treinamento que deve necessariamente integrar o processo. Cada
funcionário torna-se o responsável pelo seu auto-desenvolvimento e
qualificação profissional. A motivação vem a reboque, pois cada funcionário
sente-se envolvido, responsável, esforça-se mais e colabora mais com a
empresa.
O terceiro passo é a remuneração personalizada. É um pagamento mais
coerente com a contribuição de cada indivíduo.
A remuneração por competência surgiu da necessidade de diferenciar
empregados com habilitações diversas. Como as organizações passaram a
exigir das pessoas mais autonomia e responsabilidade, e com extinção de
níveis intermediários e de cargos, pessoas com habilitações desiguais
acabaram ficando no mesmo nível hierárquico. O novo conceito resgata as
diferenças: as pessoas ganham pelo que sabem e pela colaboração no
sucesso da empresa.
51
3.3.1.6 – Distribuição do Lucro aos Funcionários
A participação nos lucros é um sistema pelo qual uma organização distribui
anualmente entre seus funcionários uma certa proporção de seus lucros.
Trata-se de uma forma de remuneração flexível. A participação nos lucros e
resultados é regulamentada pela MP 794/1994 e não é tema novo no país. A
Constituição Federal de 1946 já tangenciava o assunto. A partir da MP nº
794, as empresas passaram a implantar programas de participação nos
lucros e resultados para atender à imposição legal.
3.4 – Como Desenhar um Plano de Incentivos
O desenho de um plano de incentivos deve levar em consideração alguns
aspectos fundamentais. Em primeiro lugar, deve-se considerar que um plano
salarial funciona melhor do que um plano de incentivos, nas seguintes
condições:
1. Quando as unidades de resultados são difíceis de distinguir ou de
medir, os aumentos salariais são mais apropriados.
2. Quando os funcionários não podem controlar os resultados (como em
linhas de montagens em máquinas), a remuneração baseada no
tempo é mais apropriada.
3. Quando as demoras no trabalho são freqüentes devido ao controle
humano, torna-se impraticável pagar aos funcionários conforme seu
resultado.
4. Muitos planos de incentivos privilegiam a quantidade em detrimento
da qualidade dos resultados. Quando a qualidade é fundamental, o
salário baseado no tempo é mais apropriado.
5. a implantação de um plano de incentivo requer um investimento em
processamento de dados e métodos de análise dos custos não pe
52 necessário devido a condições competitivas, é melhor não instalar um
plano de incentivos.
Um plano de incentivos é interessante quando:
1. As unidades de resultados podem ser medidas.
2. Existe uma clara relação entre o esforço do funcionário e a
quantidade de resultados.
3. Os cargos são padronizados, o fluxo de trabalho é regular e as
demoras são poucas.
4. A qualidade é menos importante do que a quantidade ou, quando a
qualidade é importante, ela é facilmente medida e controlada.
5. as condições competitivas requerem que as unidades de custos
laborais sejam precisas e conhecidas.
Em segundo lugar, existem alguns aspectos fundamentais na implantação
de um plano de incentivos:
1. Assegurar que esforços e recompensas são diretamente
relacionados. O plano de incentivos deve recompensar as pessoas na
proporção direta de sua produtividade maior. Os funcionários devem
perceber que eles podem desempenhar as tarefas solicitadas. Os
padrões devem ser atingíveis e a organização deve proporcionar as
ferramentas necessárias, os equipamentos e o treinamento.
2. Fazer o plano compreensível e facilmente calculável pelo
funcionários. As pessoas devem ser aptas a calcular facilmente as
recompensas que deverão receber pelos vários níveis de esforço.
3. Formular padrões eficazes. Os padrões devem ser vistos como justos
pelos empregados. Devem ser suficientemente altos, mas possíveis,
como uma chance de 50/50 de sucesso. Os objetivos devem ser
claros e específicos.
4. Garantir os padrões. Os padrões devem ser vistos como um contrato
com os funcionários. Quando o plano funcionar não se deve reduzir o
tamanho do incentivo em nenhum sentido.
53 5. Garantir um padrão de base horária. O pessoal de fábrica (horistas)
trabalha melhor com padrões relacionados com sua base horária de
salário.
6. Proporcionar apoio ao plano. A organização e os dirigentes devem
dar o maior suporte possível ao plano. Antes e durante a sua vigência
o plano deve receber total apoio de todos os dirigentes e gerentes.
Além disso, deve-se levar em conta que:
1. O pagamento por desempenho não substitui uma boa gerência. Pelo
contrário, instruções ambíguas, falta de objetivos claros, seleção e
treinamento inadequados, falta de ferramentas e uma força de
trabalho sem liderança são fatores que impedem o bom desempenho.
A motivação proporcionada pela gerência contribui para o
desempenho eficaz.
2. As pessoas põem seus esforços onde eles são recompensados. Um
bom plano de incentivos deve ser desenhado para focalizar a atenção
das pessoas onde realmente interessa a empresa.
3. O salário não é motivador. Como dizia Herzberg, o salário é um fator
higiênico que produz uma motivação temporária e com o tempo o
incentivo desaparece. Construir outros motivadores, como
oportunidades de realização e sucesso psicológico no trabalho, ajuda
muito.
4. Recompensas também punem. Recompensas e punições são dois
lados da mesma moeda. A recompensa tem um efeito punitivo
potencial quando ela deixa de ser ganha.
5. Recompensas podem gerar rupturas nas relações. Os planos de
incentivos têm forte potencial para reduzir o espírito de equipe e
encorajar os indivíduos (ou grupos) a buscar recompensas para si
próprios. Os sistemas de avaliação do desempenho que procuram
identificar os ganhadores e os perdedores podem exacerbar a
situação. Há que se priorizar as recompensas grupais.
54 6. Recompensas podem levar a um desempenho restrito. Quando se diz
às pessoas que seus ganhos dependerão de seu desempenho ou
produtividade, elas tendem a focalizar e direcionar seu desempenho
apenas naquela direção.
7. Recompensas podem reduzir interesse e motivação. Sistemas
contingenciais de remuneração tendem a reduzir a motivação
intrínseca do cargo, pois os incentivos financeiros reduzem o
sentimento de que a pessoa está fazendo um bom trabalho
espontaneamente.
Todos esses perigos potenciais não significam que os planos de incentivos
financeiros não devam ser utilizados. Os planos de incentivos devem fazer
parte de um programa acessível e global de administração, no sentido de
alcançar autodisciplina e desejo de crescimento profissional. Os planos de
incentivo são bem-sucedidos quando contam com o apoio gerencial ,
aceitação dos funcionários e uma cultura caracterizada pelo espírito de
equipe, confiança e envolvimento em todos os níveis.
55
CAPITULO IV
PLANO DE INCENTIVOS, ESTRATÉGIA E
MOTIVAÇÃO
56
4. ESTRATÉGIA E MOTIVAÇÃO
Há muito se sabe da importância do talento humano como diferencial
competitivo entre as empresas. Desde as organizações mais “primitivas”, o
bom produto (ou qualquer resultado) sempre esteve associado À maneira
peculiar com que as pessoas faziam as coisas. Tal maneira sempre inclui a
forma de organização das equipes, o bom relacionamento entre elas e,
principalmente, como transformam a motivação em um resultados.
A motivação tem sido alvo de muitas discussões nas organizações, onde se
busca obter um maior rendimento dos profissionais que formam o quadro de
uma coorporação.
Nesta linha de pensamento, podemos observar claramente que nas
organizações, o capital humano tem um papel principal no que diz respeito a
alcançar os objetivos estabelecidos e, sendo assim, podemos dizer que a
estratégia empresarial deve estar alinhada ao processo motivacional dos
funcionários.
Para que se obtenha bons resultados ao final de um processo, a
organização deve estar atenta ao envolvimento do funcionário no processo
como um todo, e não apenas visualizando-o apenas como uma peça de toda
a engrenagem.
As pessoas devem ter seus propósitos de vida em harmonia com os
propósitos da empresa em que trabalham. Mais que combinar propósitos,
deve ser estimulada a convergência entre os valores culturais dos
trabalhadores e os valores da organização.
Embora “ninguém motive ninguém”, já que a motivação é um processo
interior do homem , o gestor deve criar, no ambiente de trabalho, condições
para que os funcionários se motivem.
57
Segundo Byham (1992), são três os comportamentos que o gestor deve
adotar na relação com sua equipe, para facilitar a motivação das pessoas,
descritos a seguir.
4.1 - Facilitadores motivacionais
Mantenha ou aumente a auto-estima
As pessoas satisfeitas consigo mesmas são mais motivadas, produtivas e
criativas, envolvem-se mais na solução de problemas, aproveitam as
oportunidades, enfrentam desafios e tem maior facilidade para trabalhar em
equipe. Assim, convém manter a auto-estima das pessoas e procurar não
ferir-lhes o amor-próprio, principalmente na discussão de problemas. É
preciso concentrar-se nos fatos, e não na pessoa:
q seja específico – embora não esteja errado dizer simplesmente “bom
trabalho!”, é importante esclarecer por que esse trabalho é positivo,
pois assim não haverá dúvidas sobre o que se está elogiando;
q seja sincero – elogios falsos e forçados são fáceis de perceber e
geralmente fazem mais mal do que bem.
Ouça e responda com empatia
Ter empatia é procurar entender o que a outra pessoa está vivendo,
imaginar-se em seu lugar para melhor captar sua experiência. Mostrar ao
outro que ele está sendo ouvido e entendido estimula a cooperação, pois ele
passa a perceber que seus sentimentos estão sendo levados em
consideração. Responder com empatia não significa necessariamente
concordar com que o outro está dizendo.
58
Peça ajuda para solucionar um problema
Solicitar idéias cria um clima de cooperação que estimula a pessoa a
apresentar sugestões. Mas nem todas as idéias são boas. Nesse caso,
convém evitar expressões como:”é uma boa idéia, mas...”, ou “isso não vai
funcionar”. Se for algo totalmente inviável, deve-se dizer o porquê e pedir
outras idéias.
Enfim, tais princípios sintetizam a linha mestra das ações grupais: deve-se
dar apoio às pessoas sem tirar-lhes a responsabilidade.
4.2 – Plano de Incentivos e Motivação
Um sistema de incentivo, em suas variadas formas, seria um dos meios de
se estimular e controlar o comportamento dos membros da organização com
o objetivo de atingir uma estrutura orgânica que funcione com eficácia. Além
disso, pode ser um modo de garantir que os trabalhadores realizem suas
tarefas de tal maneira que a empresa possa alcançar seus objetivos (OIT,
1985).
O efeito motivador da remuneração sobre o desempenho dos trabalhadores,
nas diversas Teorias Motivacionais, é atribuído ao fato da remuneração ser
vista não somente como variável econômica, mas também como um símbolo
que representa uma parte das recompensas psicológicas procuradas pelo
indivíduo em seu ambiente de trabalho.
4.3 – Estratégia e Plano de Incentivos
Os esquemas de incentivos podem ser pensados como parte integrante do
todo maior do sistema das relações de trabalho concretas, individuais e
59
coletivas e entre trabalhador e gerência, que se estabelecem no interior das
organizações.
Os incentivos, quaisquer que sejam suas formas, constituem especificações
do sistema de compensação, que por sua vez representam a utilidade que é
simultaneamente demandada pelos trabalhadores e oferecida pela gerência
nas relações de trabalho que concretamente se estabelecem nas
organizações (reduzidas para esse fim à idéia de relações de troca).
Portanto qualquer uma das estratégias de incentivos utilizada pode ser muito
efetiva se estiver alinhada com as necessidades, metas e culturas de
trabalho de uma organização.
4.4 – Plano de Incentivos como Estratégia de Motivação
De acordo com Aaker (2001), para que a implementação de uma estratégia
seja bem sucedida, ela deverá ser calcada em competências
organizacionais que, por sua vez, deveriam ser baseadas em pessoas
qualificadas e com experiências apropriadas para a execução da estratégia
escolhida pela empresa. Continuando, Aaker argumenta que os empregados
devem estar motivados para executar e implantar a estratégia. E essa
motivação pode ser conseguida, por exemplo, ligando a estrutura da
remuneração ao atendimento de metas e objetivos de performance
organizacional.
Pela remuneração variável, em que e empresa remunera o empregado pelo
atendimento de metas previamente estabelecidas, pode-se buscar a
convergência dos interesses do indivíduo para os objetivos e interesses da
empresa e dos seus acionistas.
Conforme indica Porter (1989), observamos que a inércia, apoiada sobre
uma vantagem conquistada, permite que a concorrência se movimente para
60
conquistar uma posição que até então não possuía. Isso, claramente obriga
a empresa a buscar alternativas ou novas idéias para continuar atuando em
seu mercado de maneira competitiva.
Como os planos de incentivos podem ser conectados à estratégia da
empresa, visando melhorias de longo prazo, é realmente importante
conhecer se a aplicação do mesmo influencia no desempenho operacional e
financeiro das empresas.
O ideal seria que cada organização buscasse o alinhamento de sua política
de remuneração e as estratégias de negócio, aplicando a melhor forma de
remuneração para cada nível funcional, com o objetivo claro de estabelecer
um vínculo entre a remuneração e os resultados esperados, por meio de
uma variabilidade dos valores recebidos, ou seja, será pago um valor maior
ao empregado referente à parte variável de sua remuneração, se os
resultados forem maiores (Garrido, 1999). Aaker também defende a ligação
entre a política de compensação com a busca de metas de performance que
estejam ligadas à execução ou implementação da estratégia de negócio da
empresa (Aaker, 2001). Contudo, para que a estratégia seja bem sucedida,
ela deve ser resumida em planos ou metas que sejam de conhecimento de
todos os empregados da organização buscando o envolvimento e
comprometimento desses empregados (Klubnik, 1995).
61
CONCLUSÃO
O plano de incentivos proporciona uma relação de parceira entre os
empregados e os empregadores, resultando em mais renda para o
empregado e maior produtividade para as empresas. Para que o plano seja
realmente eficaz, é necessário: o estabelecimento de metas possíveis de
serem atendidas; o envolvimento do empregado na concepção e operação
do plano, aumentando assim, a motivação e o comprometimento desse com
os objetivos traçados pela administração.
Constata-se que as organizações não adotam o plano de incentivos apenas
como um impositivo legal, mas sim, adotam o plano de incentivos para
manter uma equipe de empregados motivados e tentar ganhar produtividade
e competitividade, promovendo um maior interesse por parte dos
empregados para atingir as metas estabelecidas.
Para além dos limites da produtividade, deve-se destacar a possibilidade da
concepção de sistemas de incentivo que sejam capazes de compatibilizar as
expectativas dos trabalhadores, com o objetivo organizacional e com os
pressupostos da qualidade.
Nesse aspecto é de fundamental importância a vinculação entre os
resultados da avaliação de desempenho e o sistema de incentivo e a
articulação de ambos às necessidades , metas e culturas de trabalho da
organização.
A clareza dos objetivos dará direcionalidade a todo o processo e a sua
indefinição inviabilizará o alcance dos resultados almejados. Assim,a
seleção de indicadores deve ser feita a partir das prioridades e metas
definidas; os resultados devem ser o ponto culminante do processo ; a
participação dos trabalhadores deve ser plena, estabelecendo-se amplos
canais de negociação e o sistema de informação e de comunicação deve ser
ágil, flexível e de fácil acesso.
62
Porém apesar do plano de incentivos ser considerado de extrema
importância para algumas organizações, isto não é consenso entre todas.
O papel motivador dos sistemas de incentivos tem sido questionado nos
paradigmas gerenciais da administração flexível que colocam em dúvida o
potencial de tais esquemas para enfrentar as profundas transformações por
que passa o mundo da produção e do trabalho.
Argumenta-se que a forma de remuneração por resultado e o apego aos
incentivos condicionados podem criar uma cumplicidade temporária entre os
trabalhadores no sentido de maximizar seu ganho, minimizando, contudo, o
esforço produtivo para obtê-lo.
As recompensas são vistas são vistas como uma forma de assegurar uma
submissão temporária, uma vez que quando as recompensas desaparecem,
voltam antigos comportamentos, não se forjando compromissos duradouros
com valores ou ações.
Para algumas organizações, pagar não implica em obter melhores
resultados; os incentivos limitam o aparecimento de soluções criativas pois
direcionam as ações ao mero cumprimento de metas e o prêmio pode ter
caráter punitivo por ser desmoralizante para aqueles que não alcançam os
resultados esperados.
Além disso, as organizações afirmam que a implantação do incentivo requer
a instituição de mecanismos de controle que acabam por limitar a motivação.
A não sustentação do aumento da produção e da produtividade, ao longo do
tempo, para estas organizações parece ser resultante da perda da novidade,
da emergência de descontentes e de um declínio na participação.
63
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Bookman, 2001.
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