unidade 1
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Profa. Daniele Gomes
É através da teoria da constituição que se obtém os conceitos básicos sobre uma Constituição.
Dentro do conteúdo da T.C. encontram-se: o conceito de Constituição; sua classificação; os elementos constitutivos; fontes do drt. Constitucional, conceito de poder constituinte, etc.
A ciência que estuda a teoria da constituição é o Direito Constitucional.
Conceito – como ciência jurídica – é o conhecimento sistematizado sobre determinado objeto, no caso, o objeto é a Constituição.
Alocação do direito constitucional: ramo do direito público.◦ José Afonso da Silva – “Direito Público Fundamental”.
Em razão do principio da dignidade da pessoa humana – principio matriz de todos os direitos fundamentais – a dicotomia entre público e privado resta superada, pois o ordenamento jurídico pátrio deve estar em acordo com este principio, se não estiver encontra-se incorrendo em vicio de inconstitucionalidade – constitucionalização do direito.
Divide-se em:◦ Particular ou positivo – estudo sistematizado dos princípios e regras da
constituição. Busca interpretar, sistematizar e criticar a organização jurídica fundamental do Estado e é sempre a constituição que encontra-se em vigor;
◦ Comparado –estudo feito por comparação das normas constitucionais positivas (não necessariamente vigentes) de dois ou mais Estados para extrair semelhanças e diferenças; e
◦ Geral – estudo dos princípios e institutos comuns à generalidade das ordens constitucionais vigentes. É o estudo da teoria da constituição.
Os três ramos vivem em harmonia, pois um ajuda o outro a se aprimorar.
O comparado ajuda a entender o const. positivo de determinado país bem como o enriquecimento teórico do drt. Constitucional geral.
Estado – “organização de um povo sobre um território determinado, dotada de soberania e orientado para atingir um conjunto de finalidades.”
Todo Estado tem uma Constituição, em sentido amplo. Neste sentido, a Constituição é uma forma de organização do Estado. Este conceito independe da existência de um texto escrito, ou mesmo de normas escritas ou não, referente a essa organização.
Elementos necessários existência do Estado:◦ Soberania;◦ Povo;◦ Território e Finalidade.
Soberania :◦ Sentido político – poder de, coercitivamente, fixar
competências;◦ Sentido jurídico – poder de decidir em última instância.
Povo – conjunto de pessoas que mantém um vinculo, um pacto juridico-politico com o Estado, pelo qual se tornam integrantes deste.
Território – espaço dentro do qual o Estado exerce sua supremacia sobre pessoas e bens; abrange, além da porção terrestre, o mar territorial, a plataforma continental, o espaço aéreo, navios e aeronaves.
Finalidade -
A expressão direito constitucional – enquanto organização estatal, ordem jurídica – nasce com o Constitucionalismo.
CONCEITO – Movimento político, jurídico e ideológico que concebeu ou aperfeiçoou à idéia de estruturação racional do Estado e de limitação do exercício do seu poder, concretizada pela elaboração de um documento escrito destinado a representar sua LEI FUNDAMENTAL e SUPREMA.◦ EXCEÇÃO DOC. ESCRITO – REINO UNIDO.
Significa – LIMITAÇÃO DO PODER E SUPREMACIA DA LEI (ESTADO DE DIREITO).
O NOME SUGERE, DE MODO EXPLICITO, A EXISTENCIA DE UMA CONSTITUIÇÃO.
Desde Atenas se identifica a limitação do poder político – governo de leis, e não de homens – participação dos cidadãos nos assuntos políticos.
Idade antiga – até o século V – tomada do Império Romano do Ocidente pelos povos bárbaros – 476 d.C.
Idade Média – século V até o fim do império romano do oriente.
idade moderna – 1453 a 1789
Idade contemporânea – 1789 ate os dias atuais
Analisando a Antiguidade clássica, Karl Loewenstein identificou, entre os hebreus, timidamente, o surgimento do constitucionalismo, estabelecendo-se no Estado teocrático limitações ao poder político ao assegurar aos profetas a legitimidade para fiscalizar os atos governamentais que extrapolassem os limites bíblicos.
Destaca o autor, ainda, mais tarde, no século V a.C., a experiência das Cidades-Estados gregas como importante exemplo de democracia constitucional, na medida em que a democracia direta, particular a elas, consagrava ‘‘... o único exemplo conhecido de sistema político com plena identidade entre governantes e governados, no qual o poder político está igualmente distribuído entre todos os cidadãos ativos’’.
Durante a Idade Média, a Magna Carta de 1215 representa o grande marco do constitucionalismo medieval, estabelecendo, mesmo que formalmente, a proteção a importantes direitos individuais.
Durante a Idade Moderna, destacam-se: o Petition of Rights, de 1628; o Habeas Corpus Act, de 1679; o Bill of Rights, de 1689; e o Act of Settlement, de 1701.
Nessa linha, além dos pactos destacam-se o que a doutrina chamou de forais ou cartas de franquia, também voltados para a proteção dos direitos individuais.
Diferenciam-se dos pactos por admitir a participação dos súditos no governo local (elemento político).
Os pactos e forais ou cartas de franquia, documentos marcantes durante a Idade Média, buscavam resguardar direitos individuais. Alerta-se, contudo, que se tratava de direitos direcionados a determinados homens, e não sob a perspectiva da universalidade.
Outro ponto nessa evolução do constitucionalismo foram os chamados contratos de colonização, marcantes na história das colônias da América do Norte.
Como anota Ferreira Filho, ‘‘chegados à América, os peregrinos, mormente puritanos, imbuídos de igualitarismo, não encontrando na nova terra poder estabelecido, fixaram, por mútuo consenso, as regras pro que haveriam de governar-se. Firma-se, assim- pelos chefes de família a bordo do Mayflower, o célebre ‘Compact’ (1620); desse modo se estabelecem as Fundamental Orders of Connecticut (1639), mais tarde confirmadas pelo rei Carlos II, que as incorporou à Carta outorgada em 1662.
Transparece aí a idéia de estabelecimento e organização do governo pelos próprios governados, que é outro dos pilares da idéia de Constituição’’.
Nesse sentido é que Kildare identifica como indícios do constitucionalismo na América, além dos referidos ‘‘contratos de colonização’’ (Compact e as Fundamental Orders of Connecticut), a Declaration of Rights do Estado de Virgínia, de 1776, seguida pelas constituições das ex-colônias britânicas da América do Norte, Constituição da Confederação dos Estados Americanos, de 1781.
Chegamos, então, à idéia de constitucionalismo moderno, destacando-se as constituições escritas como instrumento para conter qualquer arbítrio decorrente do poder.
Dois são os marcos históricos e formais do constitucionalismo moderno: a constituição norte-americana de 1787 e a francesa de 1791 (que teve como preâmbulo a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789), movimento este deflagrado durante o Iluminismo e concretizado como uma contraposição ao absolutismo reinante, por meio do qual se elegeu o povo como o titular legítimo do poder.
Podemos destacar então, nesse primeiro momento, na concepção do constitucionalismo liberal, marcado pelo liberalismo clássico, os seguintes valores: individualismo, absenteísmo estatal, valorização da propriedade privada e proteção do indivíduo. Essa perspectiva, para se ter um exemplo, influenciou profundamente as Constituições brasileiras de 1824 e 1891.
Conforme falamos, a concepção liberal (de valorização do indivíduo e afastamento do Estado) gerará concentração de renda e exclusão social, fazendo como que o Estado passe a ser chamado para evitar abusos e limitar o poder econômico.
Evidencia-se, então, aquilo que a doutrina chamou de segunda geração (ou dimensão) de direitos e que teve como documentos marcantes a Constituição do México de 1917 e a de Weimar de 1919, influenciando, profundamente, a Constituição brasileira de 1934 (Estado Social de Direito).
O constitucionalismo contemporâneo está centrado naquilo que Uadi Lammêgo Bulos chamou de ‘‘totalitarismo constitucional, consectário da idéia de constituição programática’’, e que tem como bom exemplo a Constituição brasileira de 1988.
Fala-se em ‘‘totalitarismo constitucional’’ na medida em que os textos sedimentam um importante conteúdo social, estabelecendo normas programáticas (metas a serem atingidas pelo Estado, programas de governo) e se destacando aquela idéia de constituição dirigente defendida por Canotilho.
Essa concepção de dirigismo estatal (de o texto fixar regras para dirigir as ações governamentais) tende a evoluir para uma perspectiva de dirigismo comunitário, idéia também vislumbrada por André Ramos Tavares ao falar em uma fase atual de constitucionalismo globalizado, que busca difundir a idéia de proteção aos direitos humanos e de propagação para todas as nações.
Destacamos, também, o surgimento da idéia de proteção aos direitos de fraternidade ou solidariedade, que são conceituados pela doutrina como direitos de terceira dimensão ou geração, destacando-se ‘‘...os direitos à paz, à autodeterminação dos povos, ao desenvolvimento, ao meio ambiente, e qualidade de vida, bem como o direito à conservação e utilização do patrimônio histórico e cultural e o direito de comunicação’’.
No Brasil, conforme já apontado, essa perspectiva está consagrada no texto de 1988, embora esboçada nos textos de 1946 e 1967 (e EC n. 1/69).
O constitucionalismo do futuro sem dúvida terá de consolidar os chamados direitos humanos de terceira dimensão, incorporando à idéia de constitucionalismo social os valores do constitucionalismo fraternal e de solidariedade, avançando e estabelecendo um equilíbrio entre o constitucionalismo moderno e alguns excessos de contemporâneo.
Por isso, como bem anota José Roberto Dromi, o futuro do constitucionalismo ‘‘ deve estar influenciado até identificar-se como a verdade, a solidariedade, o consenso, a continuidade, a participação, a integração e a universalidade’’. Trata-se da constituição do ‘‘por vir’’, com os seguintes valores:
Verdade: a constituição não pode mais gerar falsas expectativas; o constituinte só poderá ‘‘prometer’’ o que for viável cumprir, devendo ser transparente e ético;
Solidariedade: trata-se de nova perspectiva de igualdade, sedimentada na solidariedade dos povos, na dignidade da pessoa humana e na justiça social;
Consenso: a constituição do futuro deverá ser fruto de consenso democrático;
Continuidade: ao se reformar a constituição, a ruptura não pode deixar de levar em conta os avanços já conquistados;
Participação: refere-se à efetiva participação dos ‘‘corpos intermediários da sociedade’’, consagrando-se a ideia de democracia participativa e de Estado de Direito Democrático;
Integração: trata-se da previsão de órgãos supranacionais para a implementação de uma integração espiritual, moral, ética e institucional entre os povos;
Universalização: refere-se à consagração dos direitos fundamentais internacionais nas constituições futuras, fazendo prevelecer o princípio da dignidade da pessoa humana de maneira universal e afastando, assim, qualquer forma de desumanização:
A forca política dos barões, que impuseram ao rei João Sem Terra, em 1215, a Magna Charta.
Um dos marcos simbólicos da historia constitucional, a Magna Charta foi, originariamente, um documento que resguardava os direitos feudais dos barões, relativamente à propriedade, à tributação e às liberdades, inclusive religiosa. A amplitude de seus termos, todavia, permitiu que, ao longo do tempo, assumisse o caráter de uma carta geral de liberdades públicas.
Fruto de longo amadurecimento histórico, o modelo institucional inglês estabeleceu-se sobre raízes tão profundas que pôde prescindir até mesmo de uma Constituição escrita, sem embargo da existência de documentos relevantes de natureza constitucional. Embora a Revolução Inglesa não tenha tido o tom épico e a ambição de propósitos da Revolução Francesa, o modelo inglês projetou sua influência sobre diferentes partes do mundo, diretamente ao indiretamente (através dos Estados Unidos)
Na quadra atual, início de século XXI, a estrutura de poder no Reino Unido funda-se em três grandes instituições: o Parlamento, a Coroa e o Governo.
A constituição inglesa, portanto, é produto de longo desenvolvimento histórico, tendo lastro nas convenções e nas leis constitucionais. As convenções são prática consolidadas ao longo dos séculos no exercício do poder político, incluindo sua organização e a repartição de competências. Os papeis desempenhados pelo Primeiro-Ministro, pelo Gabinete e pelo Monarca, por exemplo, são fruto de convenções. Já as leis constitucionais são atos do Parlamento e têm natureza constitucional não em razão da forma de votação, mas do seu conteúdo, por lidarem com matérias afetas ao poder político e aos direitos fundamentais. Já se fez menção às mais conhecidas delas – a Magna Charta, a Petição de Direitos e a Declaração de Direitos. Nas últimas duas décadas intensificou-se a produção legislativa do Parlamento, em um progressivo processo de transformação do direito constitucional inglês em direito legislado.
Precisamente por não se materializar em um texto escrito, a Constituição inglesa tem natureza flexível, podendo ser modificada por ato do Parlamento. Tal flexibilidade decorre, como já registrado, do princípio da supremacia parlamentar, conceito-base da denominada democracia de Westminster. A doutrina da supremacia, desenvolvida analiticamente em obra de A.V. Dicey, no final do século XIX, apresenta uma dimensão positiva – o Parlamento pode criar e revogar qualquer lei – e outra negativa – nenhuma lei votada pelo Parlamento pode ser afastada ou invalidada por outro órgão. Vale dizer: não há uma lei superior à vontade do Parlamento e, consequentemente, não existe controle de constitucionalidade.
É bem de ver, no entanto, que na virada do século XX para o XXI, duas mudanças substantivas e de largo alcance prenunciaram uma possível revolução no direito inglês. Trata-sse da aprovação, pelo Parlamento, de duas leis constitucionais: o Human Rights Act, de 1998, que incorporou ao direito inglês os direitos previstos na Convenção Europeia de direitos Humanos; e o Constitutional Reform Act, de 2005, que reorganizou o Poder Judiciário inglês, dando-lhe autonomia em relação ao Parlamento e criando uma Corte Constitucional.
O Constitucional Reform Act, de 2005, também foi editado por injunções da comunidade europeia, que recomendou formalmente a implementação de mudanças no Poder Judiciário inglês. Embora o sistema britânico fosse tido como imparcial e justo, inexistia separação orgânica em relação ao Parlamento. A nova lei produziu duas transformações formais radicais: criou uma Corte Constitucional fora do Parlamento e independente em relação a ele; e esvaziou as funções judiciais da Câmera dos Lordes e do Lorde Chanceler.
Como já assinalado, os Lordes Judiciais desempenhavam, tradicionalmente, a função jurisdicional máxima. A nova Corte Constitucional será instalada em outubro de 2008 e os 12 serão os primeiros membros do tribunal.
Mais de duzentos anos após sua entrada em vigor, a Constituição americana ainda conserva sete artigos apenas, tendo sofrido o número reduzido de vinte e sete emendas ao longo desse período. Nela institucionalizou-se, de forma pioneira e duradoura, em modelo de separação nítida entre Executivo, Legislativo e Judiciário, em um Estado republicano e sob o sistema presidencialista. É certo que o sistema juridico americano, fundado na tradicao do common law, da aos tribunais amplo poder de criacao e adaptacao do direto e que, por isso mesmo, a Constituicao tem hoje um sentido e um alcance que se distanciam de sua concepcao original.
O PR, principal liderança política e chefe da administração publica, e eleito para um mandato de 4 anos, admitida uma reeleição. Formalmente sua escolha se da por via indireta, mediante votos de delegados partidários designados por cada um dos Estados, de acordo com o voto popular ali manifestado. O Presidente é o chefe supremo das forcas Armadas e, com a aprovação do Senado, nomeia os principais agentes públicos do país.
Dentre eles, os juízes federais e os ministros da Suprema Corte, inclusive designando seu presidente. Além de suas competências administrativas ordinárias, exerce também poderes normativos e participa do processo legislativo, através do envio de projetos e do exercício do poder de veto à legislação aprova pelo Legislativo. Deve prestar, periodicamente, informações ao Congresso acerca do estado da União e sujeita-se à destituição mediante impeachment, em casos de traição, suborno ou crimes graves.
O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso, em sistema bicameral, compreendendo a Câmera dos Representantes e o Senado. A Câmera é composta de 435 membros, sendo a representação de cada Estado proporcional ao número de seus habitantes.
A história do direito constitucional americano é contada pelas decisões da Suprema Corte, órgão supremo do Poder Judiciário, composto por nove membros. Desde que avocou a condição de intérprete maior da Constituição, sua trajetória é marcada por avanços recuos, prudências e ousadias, ativismo e autocontenção. A brevidade do texto constitucional e suas cláusulas gerais e abertas deram à Suprema Corte um papel privilegiado na interpretação e definição das instituições e dos valores da sociedade americana. Ao longo de mais de dois séculos, coube-lhe, dentre outras tarefas, definir as competências e prerrogativas do próprio Judiciário, do Legislativo e do Executivo; demarcar os poderes da União e dos Estados dentro do sistema federativo; estabelecer o sentido e alcance de princípios fluidos, como devido processo legal e igualdade perante a lei; assegurar liberdade fundamentais, como a liberdade de expressão, o direito de privacidade e o respeito aos direitos dos acusados em matéria penal; traçar os limites entre a atuação do Poder Público e da iniciativa privada em matéria econômica. A despeito de seus prestígio e sucesso, a Suprema Corte viveu momentos de dificuldades políticas, teve algumas linhas jurisprudenciais revertidas por via de emenda constitucional e proferiu decisões que mereceram crítica severa.
A evolução francesa desempenhou um papel simbólico arrebatador no imaginário dos povos da Europa e do mundo que vivia sob sua influência, no final do século XVIII. Coube a ela – e não à Revolução Inglesa ou à Americana – dar o sentido moderno do termo ‘‘revolução’’.
Foi a Revolução Francesa, com seu caráter universal, que incendiou o mundo e mudou a face do estado – convertido de absolutista em liberal – e da sociedade, não mais feudal e aristocrática, mas burguesa. Mais que isso: em meio aos acontecimentos, o povo torna-se, tardiamente, agente de sua própria história. Não ainda como protagonista, já que a hora era da burguesia.
A crise financeira do Estado francês, agrava por seu apoio à guerra de independência americana, foi a causa direta dos eventos que culminaram com a Revolução.
A Revolução não foi contra a monarquia, que de início, manteve-se inquestionada, mas contra o absolutismo, os privilégios da nobreza, do clero e as relações feudais no campo. Sob a lema liberdade, igualdade e fraternidade, promoveu-se um conjunto amplo de reformas antiaristocráticas, que incluíram:
a) a abolição do sistema feudal; b) a promulgação da Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão; c) a elaboração de uma nova Constituição, concluída em 1791; d) a denominação civil do clero. Essa primeira fase da revolução, que foi de 1789 a 1792, consumou o fim do Antigo Regime e pretendeu criar uma monarquia constitucional e parlamentar, em que o rei deixava de ser soberano por direito próprio e passava a ser delegado da nação.
O Poder Executivo é compartilhado entre o presidente da República e o Primeiro-Ministro. O Presidente é o chefe de Estado, sendo eleito para um mandato de sete anos, por sufrágio direto e universal, exigida maioria absoluta. Titulariza um elenco expressivo de competência, que incluem a nomeação do Primeiro-Ministro, a presidência do Conselho de Ministros, a possibilidade de dissolução da Assembléia Nacional, o comando das Forcas Armadas e a negociação de tratados.
Já o Primeiro-Ministro é o chefe do governo e da administração, sendo responsável perante o Parlamento e detendo, dentre outra atribuições, competência para formular a política nacional, propor projetos de lei, dar cumprimento às leis, exercer o poder regulamentar e nomear agentes públicos civis e militares. O prepoderância do Presidente da Republica, como ocorreu com De Gaulle.
O Poder Legislativo é atribuído pela Constituição ao Parlamento, composto de duas câmeras, a Assembléia Nacional e o Senado. Os deputados da Assembléia Nacional, em número de 577, são eleitos por voto direto, para um mandato de cinco anos, salvo a hipótese de dissolução. O Senado, cuja principal função é a representação das coletividades territoriais, é composto de 521 membros, eleitos indiretamente, para um mandato de nove anos.
Os parlamentares têm imunidade material e processual. Cabe ao Parlamento votar as leis, cuja iniciativa pertence concorrentemente a seus membros e ao Primeiro-Ministro. Embora os projetos de lei sejam submetidos a cada uma das Casas, sucessivamente, é nítida a preponderância da Assembléia Nacional, que detém a última palavra no processo legislativo e é órgão perante o qual se promove a responsabilização política do governo. Quando ela adotar uma moção de censura ou quando desaprovar o programa ou uma declaração de política geral, o Primeiro-Ministro deverá apresentar a demissão do governo ao Presidente da República.
O Judiciário recebe pouco destaque na Constituição Frances, que se refere a I´autorite judiciaire mais como um departamento especializado do que como um verdadeiro Poder. Ali se estabelece, singularmente, que cabe ao Presidente da República garantir ‘‘a independência da autoridade judicial’’ , como aparente indiferença ao fato de que é a própria supremacia presidencial que pode ensejar a ingerência indevida. Na Franca, desde a Revolução, levou-se às últimas consequências a idéia de separação dos Poderes no tocante ao Judiciário, objeto de desconfianças históricas. A ele sempre foi vedado apreciar atos do Parlamento ou do governo. Foram criadas, assim, duas ordens de jurisdição totalmente distintas: a) a jurisdição judicial, em cuja cúpula esta a Corte de Cassação; e b) a jurisdição administrativa, em cujo topo está o Conselho de estado, com atribuição de julgar, em última instância, os litígios entre os particulares e o Estado ou qualquer outra pessoa pública.
Reforma constitucional promovida pela Lei Constitucional n. 2008-724, de 23 de julho de 2008 (Lei de Modernização das Instituições da V República) inovou no controle de constitucionalidade exercido pelo Conselho Constitucional. De fato, foi introduzida uma modalidade de fiscalização de constitucionalidade a posteriori – isto é, após a promulgação e vigência da lei -, em molde mais próximo ao dos tribunais constitucionais europeus. Nessa linha, o novo art. 61.1 da Constituição passou a permitir que o Conselho de Estado ou a da constitucionalidade de uma lei que, alegadamente, atente contra direitos e liberdade garantidos pelo texto constitucional. A reforma, que trouxe outras modificações em relação ao Presidente e ao Parlamente, dependia, no tocante à nova atribuição do Conselho Constitucional, da edição de lei orgânica.
Após a derrota na Segunda Guerra e os julgamentos do tribunal de Nuremberg, foi promulgada a Lei Fundamental da República Federal da Alemanha, em 23 de maio de 1949, marcada pela reafirmação dos valores democráticos. A Constituição enuncia os direitos fundamentais logo em sua abertura, com foco nos tradicionais direitos de liberdade, como a inviolabilidade corporal, a liberdade de locomoção, de expressão e de consciência, dentre outro. O art. 1° diz respeito à proteção da dignidade da pessoa humana, considerada inviolável. Não há previsão clara de direitos sociais, mas a sua existência em sido reconhecida, sobretudo com base na cláusula do Estado Social, aliada à eficácia irradiante dos direitos fundamentais e à teoria dos deveres de proteção. Em certas áreas, como educação, existe a previsão da atuação do Estado, reputando-se a atividade privada como claramente subsidiária e dependente de aprovação e supervisão estatal.
A Lei Fundamental adotou a forma de Estado federal. Embora, do ponto de vista formal, esse modelo vigorasse desde a unificação, em 1871, jamais funcionara adequadamente, dado o centralismo do período da chancelaria de Bismarck, a turbulência que arrastou a Constituição de Weimar e a concentração de poder que caracterizou o nazismo.
A Lei Fundamental de 1949 reputou a opção pela forma federativa como um dos pilares da ordem instituída e protegeu-a com o status de cláusula pétrea. Atualmente, o país é dividido em quinze Estados, sendo duas Cidades-Estado (Berlin e Hamburgo). As repartição de competências entre Governo Federal e Estados prevê a existência de atribuições privativas e concorrentes, modelo que veio a influenciar o constituinte brasileiro de 1988.
A forma e o sistema de governo são os da República Parlamentar, organizada sob o princípio da supremacia da Constituição. A Constituição estabelece um modelo de separação de Poderes, com as superposições próprias do parlamentarismo, dividindo o exercício do poder político nas três funções clássicas. O Poder Legislativo organiza-se em duas câmeras, a saber:
a) o Parlamento Federal, órgão da representação popular, é a principal casa legislativa; seus membros são eleitos pelo voto direto e o número de cadeiras pode sofrer ligeira alteração de eleição para eleição, girando em torno de 600 deputados;
b) o Conselho Federal é ó órgão de representação dos Estados; seus membros são nomeados pelos governos estaduais, em número proporcional à população.
O sistema eleitoral é o distrital misto, no qual o eleitor tem dois votos simultâneos: o primeiro é dado a um candidato que concorre no distrito, em uma eleição pelo sistema majoritário, realizada no âmbito de cada circunscrição eleitoral; e o segundo dado a um partido, em lista fechada, em uma eleição proporcional. O processo legislativo ordinário normalmente envolve a aprovação de um projeto pelo Parlamento Federal e a revisão pelo Conselho Federal, embora não seja incomum o surgimento de tensões nas relações entre ambos. O processo de emenda à Lei Fundamental exige maioria de 2/3 em ambas as Casas. São cláusulas pétreas a divisão da Federação em Estados, a participação dos mesmos na produção legislativa federal e o elenco de direitos fundamentais constante dos arts. 1 e 20. O sistema é multipartidário, com proeminência de duas agremiações: o SPD e o CDU/CSU. Normalmente, nenhum deles obtém maioria suficiente para governar sozinho, impondo-se a necessidade de formarem coalizões.
O Poder Executivo na Alemanha é dual, como é próprio dos sistemas parlamentaristas. A separação entre o Executivo e o Poder Legislativo é mais tênue do que a existente nos sistemas presidenciais, já que a chefia de governo é exercida pela facção majoritária no Parlamento. O poder Executivo na Alemanha divide-se entre:
a) o Presidente da Republica, eleito para um mandato de cinco anos, indiretamente, pela Assembléia Nacional que se reúne unicamente para esse fim e é composta por todos os membros dos Bundestag e por igual número de representantes escolhidos pelos Estados. O presidente exerce as funções típicas de Chefe-de-Estado, como representar o país nas relações externas, acreditar diplomatas, nomear juízes e outras autoridades;
b) o Governo Federal, composto pelo Primeiro-Ministro ou Chanceler e pelos ministros do seu gabinete, nomeados e destituídos pelo Presidente mediante proposta do Chanceler. O primeiro ministro é eleito pelo Parlamento, por proposta do Presidente. O governo federal conduz a política interna, exercendo todas as competências atribuídas ao ente central. Tanto o Chanceler quanto aos ministros são responsáveis politicamente diante do Parlamento.
Quanto ao Poder Judiciário, a Constituição assegura a independência dos juízes, submetidos apenas ao Direito, embora a supervisão administrativa do Poder Judiciário seja exercida primariamente pelo Ministério da Justiça, no plano federal e nos Estados.
A regra geral, extraída da Constituição e reproduzida em lei federal, é a competência estadual, quer na chamada jurisdição comum, quer nas Justiças especializadas (Administrativa, financeira, Trabalhista, Social). No entanto, a própria Constituição estrutura cinco tribunais federais superiores, encarregados da uniformização das decisões em cada uma das áreas em que se divide a jurisdição. São eles:
- o Tribunal Federal - o Tribunal Federal Administrativo - o Tribunal Federal Financeiro - o Tribunal Federal Trabalhista - o Tribunal Federal Social O controle de constitucionalidade é exercido de forma concentrada.
No plano federal, pelo Tribunal constitucional Federal, cuja membros são eleitos, em igual proporção, pelo Parlamento e pelo conselho Federal; nos Estados, pelos Tribunais ou Cortes Constitucionais estaduais. A existência do Tribunal Constitucional Federal é prevista expressamente na Lei Fundamental (art. 92), que institui algumas de suas competências (art. 93) e disciplina sua composição (art. 94).
Suas estrutura, no entanto, é detalhada pela Lei federal de 12 de março de 1951, que constitui a Lei Orgânica do Tribunal. Lei federal pode atribuir outras competências para a corte, alem das que figuram na Lei Fundamental, sendo que as regras procedimentais de atuação junto a ela foram estabelecidas pro lei datada de 15 de dezembro de 1986. O tribunal não funciona como corte de cassação ou revisão das decisões dos tribunais inferiores. Sua atuação se restringe à jurisdição constitucional, não lhe cabendo a interpretação ao aplicação do direito infraconstitucional aos casos concretos.
O controle concentrado de constitucionalidade. Na Alemanha, ao contrario do que ocorre no Brasil, o controle de constitucionalidade em relação à Lei Fundamental é concentrado em uma corte constitucional. Assim, caso qualquer juízo ou tribunal, no exame de um caso concreto, admita a arguição de inconstitucionalidade de uma lei federal, devera suspender o processo e encaminhar a questão constitucional para ser decidia pelo Tribunal Constitucional Federal.
O art. 1o da Carta da Republica distingue titularidade de exercicio.
A titularidade pertence ao povo e o exercicio da-se atraves dos representantes do povo.
A ideia de que todo Estado deva possuir uma Constituicao e de que esta deve conter limitacoes ao poder autoritario e regras de prevalencia dos direitos fundamentais desenvolve-se no sentido de consagracao de um Estado Democratico de Direito e, portanto, de soberania popular.
Alem de desempenhar o poder de maneira indireta (democracia representativa), atraves de seus representantes, o povo, tambem o realiza diretamente (democracia direta), concretizando a soberania popular.
A CF consagra a ideia de democracia semidireta ou participativa, verdadeiro sistema hibrido.
Ambitos
Federal – dep. Federais – art. 45 – Camara dos Deputados
Estadual – dep. Estaduais – art. 27 (caput) – Assembleia Legislativa
Distrital – dep. Distritais – art. 32 p. 2o. – camara legislativa do DF
Municipal – vereadores – art. 29, IV – Camara municipal
Territorial – Dep. Territoriais – art. 33, p. 3o. – camara territorial.
A doutrina passa a desenvolver, a partir do início do século XXI, uma nova perspectiva em relação ao constitucionalismo, denominada neoconstitucionalismo, ou, segundo alguns, constitucionalismo pós-moderno, ou, ainda, pós-positivismo.
Busca-se, dentro dessa nova realidade, não mais apenas atrelar o constitucionalismo à ideia de limitação do poder político, mas, acima de tudo, buscar a eficácia do Constituição, deixando o texto de ter um caráter meramente retórico e passando a ser mais efetivo, especialmente diante da expectativa de concretização dos direitos fundamentais.
Kildare, de maneira interessante, anota que a perspectiva é de que ‘‘ao constitucionalismo social seja incorporado o constitucionalismo fraternal e de solidariedade’’, valores já destacados por Dromi dentro de um contexto de constitucionalismo do futuro ou do ‘‘por vir’’.
Na palavras de Walber de Moura Agra, ‘‘o neoconstitucionalismo tem como uma de suas marcas a concretização das prestações materiais prometidas pela sociedade, servido como ferramenta para a implantação de um Estado Democrático Social de Direito. Ele pode ser considerado como um movimento caudatário do pós-modernismo. Dentre suas principais características podem ser mencionados: a) positivação e concretização de um catálogo de direitos fundamentais; b) onipresença dos princípios e das regras; c) inovação hermenêuticas; d) densificação da forca normativa do Estado; e) desenvolvimento da justiça distributiva’’
E continua: ‘‘o seu modelo normativo não é o descritivo ou deontológico, mas o axiológico. No constitucionalismo moderno a diferença entre normas constitucionais e infraconstitucionais era apenas de grau, no neoconstitucionalismo a diferença é também axiológica. A ‘Constituição como valor em si’. O caráter ideológico do constitucionalismo moderno era apenas o de limitar o poder, o caráter ideológico do neoconstitucionalismo é o de concretizar os direitos fundamentais’’.
De que forma a soberania popular se manifesta
Resposta: a soberania popular e exercida pelo sufragio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, mediante: plebiscito, referendo e iniciativa popular.
O que assegura aos cidadaos o exercicio dos seus direitos, a divisao dos poderes e, segundo um dos seus grandes teoricos, a limitacao do governo pelo direito e:
A) constitucionalismo B) a separacao de poderes C) o principio da legalidade D) o federalismo E) o Estado Democratico de Direito