b.molecular unidade #1

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Health & Medicine


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ORIGEM DA VIDA

A terra formou-se há cerca de 4,5 bilhões de anos, sua superfície inicialmente era constituída por magma quente. As rochas teriam se formado a seguir, com o resfriamento da superfície do nosso planeta. As rochas mais antigas de que se tem conhecimento datam de 3,9 bilhões de anos e nelas não se encontraram registros de vida.Os primeiros indícios da existência de seres vivos em ares geológicas passadas datam de 3,5 bilhões de anos. Um bilhão de anos teriam se passado desde a origem do nosso planeta. Durante esse período, modificações importantes teriam surgido nas condições ambientais, possibilitando o aparecimento da vida.Como teria sido, a origem do primeiro seres vivos e como teriam esses seres evoluídos e gerado a imensa diversidade de formas vivas que habitam hoje o nosso planeta?

Geração espontânea ou abiogênese

Até meados do século XIX os cientistas acreditavam que os seres vivos eram gerados espontaneamente do corpo de cadáveres em decomposição; que rãs, cobras e crocodilos eram gerados a partir do lodo dos rios.Essa interpretação sobre a origem dos seres vivos ficou conhecida como hipótese da geração espontânea ou da abiogênese (a= prefixo de negação, bio = vida, genesis = origem; origem da vida a partir da matéria bruta).Pesquisadores passaram, então, a contestar a hipótese de geração espontânea, apresentando argumentos favoráveis à outra hipótese, a da biogênese, segundo a qual todos os seres vivos originam-se de outros seres vivos preexistentes.

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Geração espontânea ou abiogênese

Os experimentos de RediEm 1668, Francesco Redi (1626 -1697) investigou a suposta origem de vermes em corpos em decomposição. Ele observou que moscas são atraídas pelos corpos em decomposição e neles colocam seus ovos. Desse ovos surgem as larvas, que se transformam em moscas adultas. Como as larvas são vermiformes, os “vermes” que ocorrem nos cadáveres em decomposição nada mais seriam que larvas de moscas. Redi concluiu, então, que essas larvas não surgem espontaneamente a partir da decomposição de cadáveres, mas são resultantes da eclosão dos ovos postos por moscas atraídas pelo corpo em decomposição.Para testar a sua hipótese, Redi realizou o seguinte experimento: colocou pedaços de carne crua dentro de frascos, deixando alguns cobertos com gase e outros completamente abertos. De acordo com a hipótese da abiogênese, deveriam surgir vermes ou mesmo mosca nascidos da decomposição da própria carne. Isso, entretanto, não aconteceu. Nos frascos mantidos abertos verificaram-se ovos, larvas e moscas sobre a carne, mas nos frascos cobertos gaze nenhuma dessas formas foi encontrada sobre a carne. Esse experimento confirmou a hipótese de Redi e comprovou que não havia geração espontânea de vermes a partir de corpos em decomposição.Os experimentos de Redi conseguiram reforçar a hipótese da biogênese até a descoberta dos seres microscópicos, quando uma parte dos cientistas passou novamente a considerar a hipótese da abiogênese para explicar a origem desses seres.

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John Needham, em 1745, realizou novos experimentos que vieram a reforçar a hipótese de a vida poder originar-se por abiogênese. Consistiam em aquecer em tubos de ensaio líquidos nutritivos, com partículas de alimento. Fechava-os, impedindo a entrada de ar, e os aquecia novamente. Após vários dias, nesses tubos proliferavam enormes quantidades de pequenos organismos. Esses experimentos foram vistos como grande reforço a hipótese da abiogênese.

Mas em 1768, Lazzaro Spallanzani criticou duramente a teoria e os experimentos de Needham, através de experimentos similares, mas tendo fervido os frascos fechados com sucos nutritivos durante uma hora, que posteriormente foram colocados de lado durante alguns dias. Examinando os frascos, não encontrava-se qualquer sinal de vida. Ficou dessa forma demonstrado que Needham falhou em não aquecer suficientemente a ponto de matar os seres pré-existentes na mistura.

Isso no entanto não foi suficiente para descartar por completo a hipótese da abiogênese. Needham replicou, sugerindo que ao aquecer os líquidos a temperaturas muito altas, pudesse estar se destruindo ou enfraquecendo o "princípio ativo". A hipótese de abiogênese continuava sendo aceita pela opinião pública, mas o trabalho de Spallanzani pavimentou o caminho para Louis Pasteur.

Os experimentos de Needham e Spallanzani

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Sabemos que a origem da vida sempre foi uma incógnita para o ser humano, que já elaborou diversasteorias e hipóteses tentando encontrar respostas. A teoria da geração espontâneaouteoria daabiogênese, defendida por vários anos, acreditava que os seres vivos eram oriundos de matéria bruta.Essa teoria teve como defensores filósofos e cientistas como Aristóteles, René Descartes e IsaacNewton. A fim de provar que essa teoria não era real, inúmeros cientistas fizeram diversas pesquisas eexperimentos, entre eles, Francesco Redi, que conseguiu provar que a teoria da geração espontâneanão era verdade, mas foi colocado à prova quando, no século XVII, descobriram a existência demicróbios, voltando à tona a teoria da abiogênese.Com o objetivo de provar definitivamente que os seres vivos provinham de um ser vivo preexistente eincentivado pela Academia Francesa de Ciências que estava oferecendo um prêmio a quem conseguisseprovar a teoria da biogênese, Louis Pasteur deu início a seus experimentos.Em um primeiro momento, Pasteur colocou caldo nutritivo em balões de vidro de pescoço longo,curvando o pescoço deles logo em seguida.Em um segundo momento, Pasteur ferveu o caldo que estava no interior dos balões por longo tempo,tornando o líquido estéril e, consequentemente, livre de micróbios. Depois disso, Pasteur deixou osbalões de vidro descansando.

Os experimentos de Louis Pasteur

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No experimento de Pasteur é importante observar que o caldo nutritivo no interior dos balões estavaem contato com o ar, que, como sabemos, é cheio de micro-organismos. O que impedia esses micro-organismos de entrarem em contato com o caldo nutritivo era justamente a curvatura do gargalo, quefuncionava como um filtro. Depois de alguns dias, Pasteur quebrou o gargalo de alguns frascos e pôdever que depois de pouco tempo o caldo nutritivo já estava repleto de micro-organismos. Com essaexperiência, Pasteur pôs fim à teoria da geração espontânea.

Mas além de sepultar a teoria da abiogênese, esse cientista também deixou outras contribuiçõesque são utilizadas até os dias atuais. Dentre elas, podemos citar a pasteurização, técnica queconsiste no aquecimento dos alimentos até que ele atinja altas temperaturas, seguido do seurápido resfriamento. Essa técnica é aplicada em bebidas como leite, sorvetes, cervejas etc.

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Hipóteses sobre a origem da vida

Com a aceitação da biogênese, surgiu a seguinte questão: Se os organismos são gerados a partir de outros, como seoriginou o primeiro organismo?Há pelo menos três hipóteses propostas para responder à pergunta sobre a origem dos seres vivos na Terra:Origem extraterrestre (panspermia)Os seres vivos não se originaram na Terra, mas em outros planetas, e foram trazidos para cá por meio de esporos ou formas de resistência, aderidos a meteoritos que caíram em nosso planeta e ainda continuam caindo.Essa hipótese não é muito esclarecedora. Se a vida não se formou na Terra, mas em outro planeta, como surgiu a vida nesse outro planeta? Continuamos sem resposta.Nos meteoritos que caem atualmente na superfície terrestre têm sido encontradas algumas moléculas orgânicas, indicando que a formação dessas moléculas no Universo é mais comum do que se imaginava. Isso pode nos dar um indício de que há vida em outros planetas.Origem por criação divina (criacionismo)Essa é a mais antiga de todas as hipóteses sobre a origem da vida e tem forte cunho religioso, sendo até hoje aceitapor fiéis de várias religiões. Na década de 1970, floresceu, principalmente nos Estados Unidos da América, ochamado "criacionismo científico", com muitos adeptos. Segundo essa corrente, a Terra surgiu há apenas algunspoucos milhares de anos e os seres vivos foram criados individualmente por uma divindade, mantendo sua formaoriginal até hoje. Eles não mudam ao longo do tempo: é o que se chama imutabilidade das espécies (fixismo). Oscientistas apontam evidências contra duas ideias dessa corrente: o a dados disponíveis até hoje sugerem fortementeque a Terra se formou há muito mais tempo, cerca de 4,5 bilhões de anos atrás, e os seres vivos mudam ao longo dotempo, ou seja, eles evoluem.Apesar de muitas evidências que corroboram a evolução, o criacionismo científico é aceito por muitos até hoje.Origem por evolução químicaA vida deve ter surgido da matéria inanimada, com associações entre as moléculas, formando substâncias cada vez mais complexas, que acabaram se organizando de tal modo que formaram os primeiros seres vivos. Essa hipótese foi inicialmente formulada de forma independente na década de 1920 pelos cientistas Aleksander Ivanovitch Oparin, bioquímico russo (1894-1980), e John Burdon Sanderson Haldane, biólogo inglês (1892-1964).Esta é a corrente mais aceita pelos cientistas.

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A Hipótese de Oparin e HaldaneTrabalhando independentemente, o cientista russo Aleksander I. Oparin (1894-1980) e o cientista inglês JohnBurdon S. Haldane (1892 – 1964) propuseram na década de 1920, hipóteses semelhantes sobre como a vidateria se originado na Terra. Apesar de existirem pequenas diferenças entre as hipóteses desses cientistas,basicamente eles propuseram que os primeiros seres vivos surgiram a partir de moléculas orgânicas queteriam se formado na atmosfera primitiva e depois nos oceanos, a partir de substâncias inorgânicas.Vamos, de modo simplificado, apresentar uma síntese de dessas ideias: as condições da Terra antes dosurgimento dos primeiros seres vivos eram muito diferentes das atuais. As erupções vulcânicas eram muitofrequentes, liberando grande quantidade de gases e de partículas para a atmosfera. Esses gases e partículasficaram retidos por ação da força da gravidade e passaram a compor a atmosfera primitiva.

Embora não exista um consenso sobre a composição da atmosfera primitiva, foi propostono início que, provavelmente, era formada por metano (CH4), amônia (NH3), gáshidrogênio (H2) e vapor d’água (H2O). Não havia gás oxigênio (O2) ou ele estavapresente em baixíssima concentração; por isso se fala em ambiente redutor, isto é, nãooxidante. Nessa época, a Terra estava passando por um processo de resfriamento, quepermitiu o acúmulo de água nas depressões da sua costa, formando os mares primitivos.

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As descargas elétricas e as radiações eram intensas e teriam fornecido energia para que algumas moléculaspresentes na atmosfera se unissem, dando origem a moléculas maiores e mais complexas: as primeiras moléculasorgânicas. É importante lembrar que na atmosfera daquela época, diferentemente do que ocorre hoje, não havia oescudo de ozônio (O3) contra as radiações, especialmente a ultravioleta, que, assim, atingiam a Terra com grandeintensidade.

As moléculas orgânicas formadas eram arrastadas pelaságuas das chuvas e passavam a se acumular nos maresprimitivos, que eram quentes e rasos. Esse processo,repetindo-se ao longo de muitos anos, teriatransformado os mares primitivos emverdadeiras “sopas nutritivas”, ricas em matériaorgânica. Essas moléculas orgânicas poderia ter-seagregado, formando coacervados, nome derivado dolatimcoacervare, que significa formar grupos. No caso, osentido de coacervados é o de conjunto de moléculasorgânicas reunidas em grupos envoltos por moléculasde água. Esses coacervados não eram seres vivos, masuma primitiva organização das substâncias orgânicas emum sistema semi-isolado do meio, podendo trocarsubstâncias com o meio externo e havendopossibilidade de ocorrerem inúmeras reações químicasem seu interior.

Não se sabe como a primeira célula surgiu, mas pode-se supor que, se foi possível o surgimento de um sistema organizado como os coacervados, podem ter surgido sistemas equivalentes, envoltos por uma membrana formada por lipídios e proteínas e contendo em seu interior a molécula de ácido nucléico. Com a presença do ácido nucléico, essas formas teriam adquirido a capacidade de reprodução e regulação das reações internas.Nesse momento teriam surgido os primeiros seres vivos que, apesar de muito primitivos, eram capazes de se reproduzir, dando origem a outros seres semelhantes a eles.

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O experimento de Miller

Um aluno chamado Stanley Lloyd Miller, em 1953, construiu em laboratório um sistema que simulava as condições daatmosfera primitivaera formado por tubos e balões de vidro interligados, onde foram adicionados compostos existentes na atmosferaprimitiva, segundo Oparin: amônia (NH3), metano (CH4), hidrogênio (H2) e vapor de água (H2O).O sistema foi aquecido e recebeu descargas elétricas, simulando a temperatura elevada da época e as tempestadesque ocorriam. No condensador a mistura dos gases era resfriada, simulando o resfriamento da Terra, pois as gotículasde água acumuladas escorriam, simulando as chuvas. O aquecimento provocava o ciclo desse processo.Miller manteve esse sistema por uma semana. Após esse tempo, a água do reservatório, ou armadilha, foi analisadaatravés de vários experimentos e mostrou a presença de aminoácidos e outras substâncias químicas mais simples.Hoje sabemos que os gases presentes na atmosfera eram bem diferentes dos propostos por Oparin e utilizados porMiller. Experimentos recentes demosntraram que a atmosfera primitiva era formada por gás carbônico (CO2), metano(CH4), monóxido de carbono (CO) e gás nitrogênio (N2).Mesmo que Miller não tenha usado os mesmos gases, seu experimento mostra que nas condições da Terra primitivaera possível a formação de aminoácidos.

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A evolução do metabolismo

Analisamos até agora o surgimento das primeiras formas vivas, e você deve ter notado que já mencionamos, para essasformas, algumas características importantes para conceituar um ser vivo. Esses primeiros organismos possuemcompostos orgânicos na constituição de seus corpos, são celulares (unicelulares, no caso) e têm capacidade dereprodução.Não discutimos ainda uma outra característica dos seres vivos: o metabolismo. Vamos, então, analisar como deve tersido a provável evolução das vias metabólicas nos seres vivos.Todo o ser vivo precisa de alimentos, que são degradados nos processos metabólicos para a liberação de energia erealização das funções. Esses alimentos degradados também podem ser utilizados como matéria-prima na síntese deoutras substâncias orgânicas, possibilitando o crescimento e a reposição de perdas.Vamos analisar, então, como esses primeiros seres conseguiam obter e degradar o alimento para a sua sobrevivência.Duas hipóteses têm sido discutidas pelos cientistas: a hipótese heterotrófica e a autotrófica.

Hipótese heterotróficaSegunda essa hipótese, os primeiros organismos eram estruturalmente muito simples, sendo de se supor que as reações químicas em suas células também eram simples. Eles viviam em um ambiente aquático, rico em substâncias nutritivas, mas provavelmente não havia oxigênio na atmosfera, nem dissolvido na água dos mares. Nessas condições, é possível supor que, tendo alimento abundante ao seu redor, esses primeiros seres teriam utilizado esse alimento já prono como fonte de energia e matéria-prima. Eles seriam, portanto, heterótrofos (hetero = diferente, trofos = alimento): organismos que não são capazes de sintetizar seus próprios alimentos a partir de compostos inorgânicos, obtendo-os prontos do meio ambiente.Os seres capazes de sintetizar seus próprios alimentos a partir de substâncias inorgânicas simples são chamados de autótrofos (auto = próprio, trofos = alimento), como é o caso das plantas.Uma vez dentro da célula, esse alimento precisa ser degradado. Nas condições da Terra atual, a via metabólica mais simples para se degradar o alimento sem oxigênio é a fermentação, um processo anaeróbio (an = sem, aero= ar, bio = vida). Um dos tipos mais comuns de fermentação é a fermentação alcoólica. O açúcar glicose é degradado em álcool etílico (etanol) e gás carbônico, liberado energia para as várias etapas do metabolismo celular.Esses organismos começaram a aumentar em número por reprodução. Paralelamente a isso, as condições climáticas da Terra também estavam mudando a ponto de não mais ocorrer síntese pré-biótica de matéria orgânica. Desse modo, o alimento dissolvido no meio teria começado a ficar escasso.

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Com alimento reduzido e um grande número de indivíduos nos mares, deve ter havido muita competição, e muitosorganismos teriam morrido por falta de alimento. Ao mesmo tempo, teria se acumulado CO2 no ambiente. Acredita-seque nesse novo cenário teria ocorrido o surgimento de alguns seres capazes de captar a luz solar com o auxílio depigmentos como a clorofila. A energia da luz teria sido utilizada para a síntese de seus próprios alimentos orgânicos, apartir de água e gás carbônico. Teriam surgido assim os primeiros seres autótrofos: os seres fotossintetizantes (foto =luz; síntese em presença de luz), que não competiam com os heterótrofos e proliferaram muito.Esses primeiros seres fotossintetizantes foram fundamentais na modificação da composição da atmosfera: elesintroduziram o oxigênio no ar, e a atmosfera teria passado de redutora a oxidante. Até os dias de hoje, sãoprincipalmente os seres fotossintetizantes que matem os níveis de oxigênio na atmosfera, o que é fundamental para avida no nosso planeta. Em condições de baixa disponibilidade de moléculas orgânicas no meio, esses organismoaeróbios teriam grande vantagem sobre os fermentadores.Havendo disponibilidade de oxigênio, foi possível a sobrevivência de seres que desenvolveram reações metabólicascomplexas, capazes de utilizar esse gás na degradação do alimento. Surgiram, então, os primeiros seres aeróbios, querealizam a respiração. Por meio da respiração, o alimento, especialmente o açúcar glicose, é degradado em gáscarbônico e água, liberando muito mais energia para a realização das funções vitais do que na fermentação.A fermentação, a fotossíntese e a respiração permaneceram ao longo do tempo e ocorrem nos organismos que vivematualmente na Terra. Todos os organismos respiram e/ou fermentam, mas apenas alguns respiram e fazemfotossíntese.

HIPÓTESE HETEROTRÓFICA

Fermentação --> Fotossíntese --> Respiração

Hipótese autotrófica

Alguns cientistas têm argumentado que os seres vivos não devem ter surgido em mares rasos e quentes, como proposto por Oparin e Haldane, pois a superfície terrestre, na época em que a vida surgiu, era um ambiente muito instável. Meteoritos e cometas atingiam essa superfície com muita frequência, e a vida primitiva não poderia se manter em tais condições.

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Logo no início da formação da Terra, meteoritos colidiram fortemente com a superfície terrestre, e a energia dessas colisões era gasta no derretimento ou até mesmo na vaporização da superfície rochosa. Os meteoritos fragmentavam-se e derretiam, contribuindo com sua substância para a Terra em crescimento. Um impacto especialmente violento pode ter gerado a Lua, que guarda até hoje em sua superfície as marcas desse bombardeio por meteoritos. Na superfície da Terra a maioria dessas marcas foi apagada ao longo do tempo pela erosão. A maioria dos meteoritos se queima até desaparecer quando entra na atmosfera terrestre atual e brilha no céu como estrelas cadentes. Nos primórdios, os meteoritos eram maiores, mais numerosos e atingiam a Terra com mais frequência.Alguns cientistas especulam que os primeiros seres vivos não poderiam ter sobrevivido a esse bombardeio cósmico, e propõem que a vida tenha surgido em locais mais protegidos, como o assoalho dos mares primitivos.Em 1977, foram descobertas nas profundezas oceânicas as chamadas fontes termais submarinas, locais de onde emanam gases quentes e sulfurosos que saem de aberturas no assoalho marinho. Nesses locais a vida é abundante. Muitas bactérias que aí vivem são autótrofas, mas realizam um processo muito distinto da fotossíntese. Onde essas bactérias vivem não há luz, e elas são a base de uma cadeia alimentar peculiar. Elas servem de alimento para os animais ou então são mantidas dentro dos tecidos deles. Nesse caso, tanto os animais como as bactérias se beneficiam: elas têm proteção dentro do corpo dos animais, e estes recebem alimentos produzidos pelas bactérias.A descoberta das fontes termais levantou a possibilidade de que a vida teria surgido nesse tipo de ambiente protegido e de que a energia para o metabolismo dos primeiros seres vivos viria de uma mecanismo autotrófico denominado quimiossíntese. Alguns cientistas acreditam que os primeiros seres vivos foram bactérias, que obtinham energia para o metabolismo a partir da reação entre substâncias inorgânicas, como fazem as bactérias encontradas atualmente nas fontes termais submarinas e em outros ambientes muito quentes (com cerca de 60 a 105ºC) e sulfurosos. Segundo essa hipótese, parece que toda a vida que conhecemos descende desse tipo de bactéria, que devia ser autotrófica.Os que argumentam a favor dessa hipótese baseiam-se em evidências que sugerem abundância de sulfeto de hidrogênio (gás sulfídrico, H2S, que tem cheiro de ovo podre) e compostos de ferro na Terra primitiva. As primeiras bactérias devem ter obtido energia de reações que tenham envolvido esses compostos para a síntese de seus componentes orgânicos.Algumas bactérias que vivem atualmente em fontes quentes e sulfurosas podem realizar a reação química a seguir, que, segundo a hipótese autotrófica, pode ter sido a reação fundamental fornecedora de energia para os primeiros seres vivos:

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Sulfeto ferroso + gás sulfídrico ---> sulfeto férrico + gás hidrogênio + energia

(pirita, um mineral comum)

A energia liberada por essas reação pode ser usada pelas bactérias para a produção de compostos orgânicos essenciaispara a vida, a partir de CO2 e H2O.Assim, segundo essa hipótese, a quimiossíntese - um processo autotrófico – teria surgido primeiro. Depois teriam surgidoa fermentação, a fotossíntese e finalmente a respiração.Os debates sobre origem da vida ainda darão muito o que falar. A hipótese mais aceita sobre a evolução do metabolismoainda é a heterótrofa, embora a hipótese autótrofa venha ganhando cada vez mais força.

Vida multicelularComo surgiram os seres multicelulares? Evidências obtidas de estudos geológicos sugerem que os primeirosmulticelulares simples surgiram na Terra há cerca de 750 milhões de anos! Antes disso houve o predomínio de vidaunicelular, como formas eucarióticas simples. A partir dessa data, surgem os primeiros multicelulares, originados dosunicelulares eucariotos existentes.

Os primeiros seres vivos: as bactérias

Acredita-se que os primeiros seres vivos eram unicelulares, ou seja,apresentavam o corpo formado por uma única célula. Essa célula seriaestrutural e funcionalmente muito simples, formada por membrana plasmáticadelimitando o citoplasma, no qual estava presente uma molécula de ácidonucléico, em uma região denominada nucleóide.Células assim organizadas são denominadas células procarióticas e osorganismos que as apresentam são denominados procariontes ouprocariotos. Como regra geral, as células procarióticas apresentam paredecelular, que é uma estrutura externa à membrana plasmática.Atualmente, os organismos procariontes existentes são as bactérias e ascianobactérias(algas azuis ou cianofíceas).

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A origem das células eucariontes a partir de organismos ancestrais anaeróbios procariontes, provavelmente cerca de 1,7bilhões de anos, promoveu maior complexidade, portanto especialização da estrutura celular. O surgimento dos eucariotos,por exemplo: os unicelulares (amebas) e pluricelulares (plantas e animais), constituídos de membrana plasmática,hialoplasma, organelas e núcleo individualizado, fundamenta-se no desenvolvimento de dobras membranosas queinvaginaram formando compartimentos com formas e funções diferenciadas, além de propiciar proteção do materialgenético envolto pela cariomembrana. Assim, as diversas organelas: os lisossomos, os retículos liso e rugoso, osperoxissomos, o complexo de Golgi, os plastos (de reserva ou de pigmentação) e as mitocôndrias, dinamizaramevolutivamente o metabolismo celular. Existem teorias com suporte nas relações mutualísticas (teoria simbiótica), supondoque os primeiros eucariontes eram anaeróbios heterotróficos que se alimentavam de arqueobactérias fagocitadas.

Durante a evolução, algumas primitivas bactérias se capacitaramem maior proveito energético no processo respiratório(tornaram-se aeróbias), enquanto outras passaram a convertersubstâncias inorgânicas em orgânicas, realizando a princípio,gradativamente os processos de quimiossíntese, fermentação eposteriormente fotossíntese (tornando-se autotróficos). Essasbactérias, engolfadas pelos eucariotos simples, mantiveramharmoniosas interações com mútuo benefício entre as partes. Asbactérias recebem proteção e nutrientes, enquanto oseucariotos de estrutura celular rudimentar passaram então aaproveitar do processo aeróbio e fotossintético realizado pelasbactérias, sugerindo a existência das mitocôndrias e cloroplastosno interior das células eucariontes atuais.

O surgimento das células eucariontes

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À primeira vista, poderíamos imaginar que os vírus, sendo formas tãosimples de vida, teriam sido os primeiros seres a surgirem na Terra.Entretanto, se consideramos que as manifestações vitais dos vírus sãototalmente dependentes de uma célula, a qual invadem e passam acontrolar do seu próprio benefício, fica difícil supor que os vírus teriamsurgido antes das células hospedeiras. Uma das hipóteses sobre aorigem dos vírus propõe que seu material genético seja derivado depequenos fragmentos mantiveram algum tipo de existência autônomadentro da célula. Por seleção natural, esse fragmentos evoluíram paraum tipo totalmente diferente de elemento genético: os vírus.Os vírus são menores que as bactérias, as quais, por sua vez, são menores que as células eucarióticas.

A origem dos vírus

Continuação B. Molecular unidade #2 Citologia