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1º de Maio de 1974, em Lisboa. o militante socialista Tribuna Livre da luta de classes Publicação Mensal Indice DiRECTOR: JOAQUiM PAGARETE AnO XVi (ii SÉRiE) 107 2 DE ABRil 2014 1 EURO 02 ENVC: Carta à Comissão Executiva da CGTP. 03 Editorial: É imperioso retomar o caminho aberto com o 25 de Abril! 04 E, de repente, todos “descobriram” que “Portugal nunca mais vai conseguir pagar a sua dívida”! 05 O que dizem os cabeças-de-lista ao PE do PS, PCP e BE. 86 Relato da Conferência Operária Europeia de Paris, de 1 e 2 de Março. 7 Preparação e balanço dessa Conferência na Marinha Grande. 8 Plataforma política para as eleições ao “Parlamento” europeu. 9 Análise da questão do pagamento da dívida pública portuguesa e do posicionamento das diferentes forças políticas. 10 “Diálogo social”… à escala europeia. 11 Espanha - Após as grandes manifestações de 22 de Março: e agora? 12 França - Eleições municipais: A rejeição. 13/15 Dossiê Ucrânia/Crimeia. 16 Venezuela - Obama incita à destabilização. ...40 anos depois Para reatar com o 25 de Abril Combater pela: Ruptura com a União Europeia! Anulação de todos os tratados! Rejeição da dívida! União livre e solidária de nações soberanas!

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1º de Maio de 1974, em Lisboa.

o militantesocialista

Tribuna Livre da luta de classes

Publicação Mensal

Indice

DiRECtOR: JOAqUiM PAGAREtE AnO XVi (ii SÉRiE) nº 107 2 DE ABRil 2014 1 EURO

02 ENVC: Carta à ComissãoExecutiva da CGTP.

03 Editorial: É imperioso retomar ocaminho aberto com o 25 de Abril!

04 E, de repente, todos“descobriram” que “Portugal nunca maisvai conseguir pagar a sua dívida”!

05 O que dizem os cabeças-de-listaao PE do PS, PCP e BE.

86 Relato da Conferência OperáriaEuropeia de Paris, de 1 e 2 de Março.

7 Preparação e balanço dessaConferência na Marinha Grande.

8 Plataforma política para aseleições ao “Parlamento” europeu.

9 Análise da questão do pagamentoda dívida pública portuguesa e doposicionamento das diferentes forçaspolíticas.

10 “Diálogo social”… à escalaeuropeia.

11 Espanha - Após as grandesmanifestações de 22 de Março: e agora?

12 França - Eleições municipais: Arejeição.

13/15 Dossiê Ucrânia/Crimeia.

16 Venezuela - Obama incita àdestabilização.

...40 anos depoisPara reatar com o 25 de Abril

Combater pela:

Ruptura com a União Europeia!

Anulação de todos os tratados!

Rejeição da dívida!

União livre e solidária de nações soberanas!

nacional >>>

No seguimento doEncontro Nacionaldo MRMT, queteve lugar a 8 de

Fevereiro de 2014, e norescaldo do processo deprivatização dos EstaleirosNavais de Viana do Castelo,e da traição de que foramalvo os seus operários, porparte do Sindicato dosMetalúrgicos e da União deSindicatos de Viana doCastelo – ao negociaremcom o Ministro da Defesa osdespedimentos e a concessãodos estaleiros, ao mesmotempo que os operários e asua CT, com a população dacidade e a autarquiaprocuravam continuar adefender os estaleiros e ospostos de trabalho – oMRMT tomou a iniciativa depropor a militantes eresponsáveis sindicais quedirigissem à ComissãoExecutiva do ConselhoNacional da CGTP umacarta, solicitando umaaudiência, da qualpublicamos extratos abaixo:

«À Comissão Executiva daCGTP

Que estratégia para salvaros postos de trabalho e asnossas organizações declasse?

(…) O Ministro da Defesaapresentou, a todo o povo

português, para justificar apressa na entrega dos ENVCà Martifer – por um preçosimbólico e sem o entrave dacontinuidade do contrato dosseus trabalhadores (violandoas regras do Código doTrabalho) – o facto da UniãoEuropeia exigir o pagamentoimediato de umaindemnização de muitosmilhões de euros, decorrentedo Estado ter subsidiado“indevidamente” estaempresa.Esta desculpa do ministro daDefesa foi desmascaradapela CT dos ENVC e peloPresidente da Câmara deViana do Castelo, a partir dasua deslocação realizada aBruxelas, onde o ComissárioEuropeu para aConcorrência, JoaquínAlmunia, afirmou que aComissão desconhecia asituação destes estaleiros.Por isso nos interrogamos:Como é possível não tertirado partido desta fraude,para ajudar a organizar amobilização nacional queobrigasse o Governo a terque retirar a sua assinaturada concessão dos ENVC auma empresa falida? Como épossível que, em vez disso,os responsáveis metalúrgicosda União dos Sindicatos daCGTP de Viana do Castelo –eles próprios operários dosENVC – tenham ido

“negociar” com esseministro o despedimento dosseus colegas?Lembramos que a populaçãode Viana do Castelo foi aprimeira a levantar-se contraeste Governo (logo a seguir àsua constituição, no Verão de2011), a partir dostrabalhadores dos estaleiros,com a sua CT, com a CGTP ecom a Assembleia Municipal,contra os despedimentos nosENVC e a sua privatização.No Encontro Nacional de 8 deFevereiro, organizado sob ainiciativa do Movimento pelaRetirada do Memorando daTroika (MRMT), o militanteoperário Licínio Sousa – quefoi Coordenador da CT daFábrica de Cristalaria IrmãosStephens, da MarinhaGrande, que Cavaco Silvaprivatizou e também vendeuao desbarato, para a seguir,pura e simplesmente fechar –,contando a sua experiência,afirmou que: “É precisoaprender com a experiênciapassada; é mais do que horade ser organizado umEncontro com osrepresentantes de todas asempresas do SectorEmpresarial do Estado que oGoverno quer vender (osENVC, a TAP, e os sectoresda água e dos transportes,...),para não deixar que aconteçao mesmo que aconteceu com aANA, com os Correios, etc.”.

Caros camaradas,

Todos temos consciência queos trabalhadores não podemcontar senão com a sua luta,ligados às suas organizaçõesde classe, unindo-se emtorno delas.

É pois da defesa das nossasorganizações que se trata,da defesa dos nossosSindicatos e das nossas CTs.Temos consciência dasdificuldades que todasatravessam: a diminuiçãodas quotizações em funçãodos despedimentos massivos,a redução dos ordenados e oaumento do trabalhoprecário. Só podemosreforçar-nos conquistando amaior confiança ecredibilidade junto dostrabalhadores e dos jovens.

O que se passou com osENVC requer umesclarecimento. Osmilitantes da CT que foramincansáveis para defenderaquela trincheira, bem comoos restantes que com elesnão se renderam, devemmerecer a consideração e oapreço de todos quantoslutam para ajudar o nossopaís a sair do caos em queestá a ser mergulhado econtar com o apoioincondicional de todas asorganizações dignas derepresentar ostrabalhadores.

Está na hora de pôr emprática a proposta de Licíniode Sousa. Está na hora de aCGTP ajudar a reunir osrepresentantes de todos osSindicatos e CTs dasempresas que o Governoaposta em vender.» n

Até agora ainda não houveresposta a esta carta.

ENVCPor iniciativa do MRMt, militantes e responsáveis sindicaisdirigem-se à Comissão Executiva da CGtP

E d i t o r i a lFicha técnica

Tribuna livre impulsionada pelo POUS

o militantesocialista

Proprietário: Carmelinda PereiraNIF: 149281919

Editor: POUS - Partido Operáriode Unidade SocialistaNIPC: 504211269

Sede: Rua de Sto António da Glória, 52-B / cave C 1250-217 LISBOA

Nº de registo na ERC: 123029

Director: Joaquim Pagarete

Comissão de redacção:Carmelinda PereiraAires RodriguesJosé LopesJoaquim Pagarete

impressão: Imaginação ImpressaRua Braancamp, 15A 1250-049 Lisboa

Edição: 150 Exemplares

A nossa história:

O jornal “O Militante Socialista”nasceu em 1975, sob aresponsabilidade de militantes doPartido Socialista (PS),pertencentes às Coordenadorasdos núcleos de empresa,organizados na sua Comissão deTrabalho.Nasceu identificado com os ideais da Revolução do 25 de Abril, do socialismo e da democracia.Esses mesmos ideais continuarama ser assumidos pela corrente desocialistas afastados do PS, quefundaram o Partido Operário deUnidadeSocialista (POUS), em conjuntocom a Secção portuguesa da IVª Internacional.Em continuidade com os ideaisque presidiram à publicação dos primeiros “Militantes Socialistas”, o POUSimpulsiona actualmente estejornal, como tribuna livre da lutade classes, aberta a todas ascorrentes e militantes queintervêm democraticamente para defender as conquistas do 25de Abril.A defesa destas conquistas exige o desenvolvimento de uma acção política totalmenteindependente das instituiçõesligadas aos Estados, às religiõesou ao capital – e, por isso, a orientação de “O MilitanteSocialista” identifica-se com a doAcordo Internacional dosTrabalhadorese dos Povos.

ANO XVI ( II Série ) nº 107 de 2 de Abril de 2014 - Publicação do

Desde que Portugalfoi integrado naUnião Europeia,todos os governos

fizeram privatizações edespedimentos,subordinando-se às suasDirectivas. Agiram destemodo, primeiro para cumpriros “critérios de convergênciapara entrar no euro”, a seguiros “critérios para aestabilidade do euro”, depoisos “Pactos de Estabilidade ede Crescimento” (PECs) e,por último, um “Plano deAjustamento Estrutural”(denominado “Memorandode Entendimento”), impostospela Comissão Europeia e oBCE – como os anteriores –com o “reforço” do FMI.Um Memorando que, a cadaavaliação, aprofunda osgolpes e que, na prática,continuará em vigor mesmodepois de terminado, pois aUnião Europeia – através donovo Tratado Orçamental –irá continuar a impor umaofensiva interminável, emnome do pagamento de umadívida que o povo nãocontraiu. Uma dívida que –depois de tantos sacrifícios,de condenação aodesemprego e à pobrezamais de 20% do povoportuguês – antes doMemorando era 90% do PIBe agora já ultrapassou 130%.

O POUS sempre afirmouque a integração na “União”Europeia seria a destruiçãoda nação portuguesa. A vidadeu-nos razão.

Agora é a esmagadoramaioria do povo trabalhadora dizer: “A União Europeiasó serviu para destruir anossa economia em troca desubsídios para os maisricos!”.

Apesar de tantos golpes, ostrabalhadores portugueses,como os trabalhadores deoutros países da Europa –alvo de ataques semelhantes,mesmo se comconsequências de graudiferente – estão longe deestar derrotados.

O Governo português, aComissão Europeia e a suaprincipal burguesia europeia(a alemã) têm bemconsciência disso. Por isso,não se cansam de apelar aoconsenso entre o PSD/CDS eo PS, tal como o fizeram naAlemanha entre o partido deMerkel e a Direcção do SPD.

Por isso, procuram darênfase ao ParlamentoEuropeu (PE) e à chamadaConfederação Europeia dosSindicatos (CES) para quenão seja interrompida aestratégia dos diálogos, dasconcertações e dos pactossociais. Todos eles sabemque é com essa estratégiaque tem sido possível, atéhoje, desbaratar a maioriadas mobilizações dostrabalhadores em cada país.

Até quando o vão continuara conseguir fazer?

Trabalhadores e populaçõesde diversos sectores e países,incluindo Portugal,começaram a mostrar comoé possível realizar a unidadecom as suas organizações efazer os governos retroceder.Lembremos como os

professores portugueses, emJunho do ano passado,fizeram recuar o Governo.

Este é o caminho para reatarcom o 25 de Abril, paravoltar a reforçar e renovar ascomissões de trabalhadores eos sindicatos, levando àruptura com a concertaçãosocial, à formação de umGoverno que recuse pagar adívida, que pare com asprivatizações, que retome ocontrolo da Banca, daenergia e dastelecomunicações, e se lancena aplicação de um plano dereconstrução da economianacional, procurando acooperação com outrospovos, na via da construçãoda União Livre das NaçõesSoberanas da Europa.

Os militantes do POUSempenhar-se-ão, lado a ladocom outros militantes etrabalhadores, em dar passosnesta via, por mais pequenosque eles sejam. Por isso,procuram pôr em prática aDeclaração acordada pelosdelegados presentes naConferência operáriaeuropeia de Paris edecidiram divulgá-la aostrabalhadores portugueses,construindo com base nelauma Plataforma política paraser utilizada nas eleiçõespara o “Parlamento”Europeu. n

Carmelinda Pereira

É imperioso retomar o caminho aberto com o 25 de Abril!Ele exige a ruptura com a União Europeia!

Largo do Carmo 25 de Abril de 1974.

>>>

A13 de Março, oParlamentoEuropeu adoptou –por larga maioria

(unindo as partes direita eesquerda do hemiciclo) – doisrelatórios de inquérito sobre

«o papel e as actividades daTroika» (BCE, ComissãoEuropeia e FMI) e sobre a«dimensão social» desta.Por vezes, estes relatóriosreconhecem algumas dasconsequências da política deausteridade que a União

Europeia e as suas instituiçõespuseram em prática – com oFundo MonetárioInternacional – e que osdiferentes governos, da«Esquerda» como da Direita –aplicaram.Assim – mas isto não

constitui, desgraçadamente,surpresa para ninguém – oParlamento Europeu não negaque «na Grécia, a taxa dedesemprego dos jovensultrapassa 50%, excedendo os30% (em 2012) em Portugal ena Irlanda, atingindo 26,4%em Chipre». Tal como, numponto ou noutro, os doisrelatórios reconhecem que,por exemplo, «na Grécia, foidecretada uma reduçãoradical de 22% (do saláriomínimo)»…É claro que estes relatórios

E, de repente, todos “descobriram” que “Portugalnunca mais vai conseguir pagar a sua dívida” !

Para que serve o “Parlamento” europeu?

São dois regulamentoseuropeus – doMecanismo Europeude Estabilidade

(MEE) e do Tratado sobre aEstabilidade, Coordenação eGovernação na UniãoEconómica e Monetária(TECG), informalmenteconhecido como Pacto FiscalEuropeu – adoptados naPrimavera de 2013 peloParlamento Europeu e pelosrepresentantes dos governosno Conselho da Europa.Na realidade, a aplicaçãodestes regulamentoscomeçou em finais deNovembro, quando a maiorparte dos países da UniãoEuropeia iniciou a análise doseu Orçamento para 2014.Antes mesmo de ser iniciada

esta análise pelosParlamentos nacionais,governos e deputadosrecebem os pareceres daComissão Europeia, doEurogrupo (o conjunto dosministros das Finanças daZona Euro) e do Conselho deChefes de Estado e deGoverno da UE. Estespodem mesmo chegar aexigir uma revisão doprojecto de Orçamento –antes da sua adopção – seeste não estiver conforme àsregras da União Europeiarelativas às reduçõesorçamentais, aos cortessignificativos nos serviçospúblicos e sociais, etc.Trata-se de um ataqueevidente à soberaniaorçamental dos Estados.

Estados estes que,anualmente, têm queapresentar à Comissão, atéao final do mês de Abril decada ano, os seus planosorçamentais de médio prazo,nos quais explicam comovão cumprir os requisitos doPacto de estabilidade ou ir“até ao tutano”, dandoprioridade às reformasestruturais (como a dasaposentações, por exemplo).Os países que estãocolocados sob processo de“défice excessivo” (acima de3% do PIB) devemempenhar-se num Programadito “de parceriaeconómica”, explicando asreformas estruturais que irãoadoptar para ficarem emconformidade com osditames da União Europeia.A aplicação escrupulosadeste Programa será vigiada

pela Comissão, todos osmeses, sendo sempre aúltima palavra dos ministrosdas Finanças e do ConselhoEuropeu.Os países que terminam“programas de ajustamentoou assistência” – leia-sesubmissão a troikas (como éo caso de Portugalactualmente) – serão objectode “uma nova forma desupervisão reforçada” atéque tenham pago 75% da“assistência” recebida…

De acordo com o DN de14/11/2013, “Portugal vaificar a dever 26 mil milhõesao mecanismo europeu. Oplano cautelar podeengordar a dívida públicaem 10 mil milhões de eurosou mais. Este Fundo europeuescrutinará Portugal atéestar tudo pago em 2040.”n

De um membro da Casa Civil de Cavaco Silva – que lhe escreve os discursos – aos “iluminados” que “consensualmente”subscreveram o “Manifesto dos 70”, todos “descobriram”, de repente, que “Portugal nunca mais vai conseguir pagar a sua dívida”.

Contudo, desde há um ano que o Parlamento Europeu e os representantes dos governos no Conselho da Europa aprovaram“legislação europeia” – designada por “Two-Pack” (Pacote duplo) – que leva inevitavelmente a essa situação, com “Troika” formala supervisionar… ou sem ela! E não só para Portugal. (o artigo abaixo explica porquê).

O que é o “Two-Pack”?

Estrasburgo, 13 de Março: uma larga maioria Esquerda-Direita aprova doisrelatórios sobre os comportamentos da troikaA dois meses das eleições europeias de 25 de Maio, a rejeição que os trabalhadores e os povos daEuropa irão exprimir, sob diferentes, gera inquietações ao mais alto nível.

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ANO XVI ( II Série ) nº 107 de 2 de Abril de 2014 - Publicação do

não põem em causa a questãode fundo, isto é, a ofensivaencarniçada das instituiçõesda UE e do FMI para fazerdescer o «custo do trabalho»,sob todas as formas. Assim,um dos relatórios«congratula-se com aredução dos déficesestruturais no conjunto dospaíses sujeitos a programas(de ajustamento estrutural),depois dos respectivosprogramas de assistência». A «redução dos déficesestruturais» é exactamente oPlano de 4 mil despedimentosde funcionários públicosgregos até 23 de Março… nãocustando nada, em seguida,reconhecer as «consequênciassociais» num relatório.Porque o essencial, nestesrelatórios, é fazer oParlamento Europeu tomarposição – num vasto consenso«Esquerda-Direita» – por umaTroika «mais democrática» epor planos de austeridadeadoptados com «maisconsenso», nomeadamentedos «parceiros sociais».É assim que, na Resolução doParlamento Europeu sobre oRelatório do inquérito «sobreo papel e as actividades daTroika», se “pede que osparceiros sociais sejamrealmente associados àelaboração e àimplementação dosprogramas de ajustamentoactuais e futuros; consideraque os acordos concluídoscom os parceiros sociais, noquadro dos programas,deveriam ser respeitadosdesde que sejam compatíveiscom esses programas»(Ponto 78).

Um pouco mais adiante, éacrescentada a necessidade deque «a associação dosparceiros sociais ao diálogoeconómico – ao níveleuropeu, como está previstonos tratados – se torne umaprioridade política; insistesobre a necessidade deassociar os parceiros sociaisà elaboração e àimplementação dosprogramas de ajustamentoactuais e futuros» (Ponto 82).

O lamento doParlamento EuropeuPortanto, o que o ParlamentoEuropeu lamenta é umainsuficiente associação, deforma permanente, dasorganizações sindicais àaplicação dos planos e dasmedidas de destruição.É aqui que está realmente oproblema, tanto ao níveleuropeu como à escala decada país: o que impede estesplanos de destruição – já bemavançados – de ir até ao fim éa resistência da classeoperária em cada país,procurando agarrar-se às suasorganizações independentespara se opor à política deausteridade.Eis assim o papel que se fixaa si próprio o “Parlamentoeuropeu”: ser um instrumentode pressão suplementar, paraprocurar integrar asorganizações sindicais, emparticular na aplicação destesplanos. E é para este“Parlamento” que todos nosapelam a votar no próximodia 25 de Maio! n

O que dizem os cabeças-de-lista do PS,PCP e BE (as falácias)

Francisco Assis (cabeça-de-lista do PS), a 14de Março, citado pela Lusa:É “possível, em Portugal,um novo consenso, compolíticas sérias e concretas,que respeitem as nossasobrigações europeias” e, o«Manifesto dos 70», que“junta personalidades daesquerda à esquerda do PSaté ao centro-direita”,reconhece “a necessidadede se contribuir para umconsenso político emPortugal”.O mesmo Assis, em Trofa, a10 de Março: “Nos últimoscinco anos a direitaconservadora criou naUnião Europeia um climade medo e austeridade.Agora chegou a altura demudar “; o seu programaassenta numa “Europa quedê prioridade à criação deemprego, a uma economiasaudável e produtiva,sentimento de pertença àcidadania europeia erespeito pelas pessoas”.Mas, perguntamos nós,como é possível “mudar”respeitando as “obrigaçõeseuropeias” (ou seja,respeitando os tratados queforam e são a base de todasessas políticas) e quando“75% das leis que estão aser implementadas emPortugal são daresponsabilidade da UniãoEuropeia”, como notou JoséLuís Carneiro, Presidente daFederação distrital do PSPorto (ou seja, semsoberania nacional)?

João Ferreira (cabeça-de-listada CDU), em entrevista aoAvante, a 20 de Março: “Opovo português e Portugalprecisam no ParlamentoEuropeu de deputados quedefendam, convicta ecorajosamente, os interessesnacionais (…)” e, mais àfrente, declarando que o votona CDU, “dará mais força àluta por uma alternativapatriótica e de esquerda queassegure, como nenhum outrovoto, a defesa e recuperaçãode direitos e rendimentosroubados e abra a perspectivada construção de uma vidamelhor para os trabalhadorese o povo português.”. Mascomo, se o PE não tem poderlegislativo algum?Pelo seu lado,

Marisa Matias (cabeça-de-lista do BE), a 15de Fevereiro, segundo o jornalPúblico, será “a porta-voz depropostas que visam alterar osestatutos do Banco CentralEuropeu ou que defendem aaposta em políticas decrescimento e emprego, em vezda “punição” das economiasperiféricas.” e afirma convicta“Somos europeístas, sim,europeístas de esquerda; nãonos peçam é para sereurotontos.”Portanto, reformar asinstituições do capitalfinanceiro, sem as pôr emcausa, na via de uma «UE deesquerda» e de um«capitalismo compreocupações sociais», tudoisto através de um PE sempoderes… Não é mesmopreciso pedir-lhes «para sereurotontos»… n

Eleições para o Parlamento Europeu

O “Parlamento” Europeu.

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actualidade >>>

Esta Conferênciacontou com aparticipação de 140delegados de 19

países (1), entre os quaisPortugal.A delegação portuguesa foiconstituída por Ana Sofia(delegada sindical FunçãoPública / CGTP), IsabelPires (dirigente do SPGL) eCarmelinda Pereira(dirigente do POUS). Ela érepresentativa do combateque os militantes ligados noMovimento pela Retirada doMemorando da Troika(MRMT) têm desenvolvidoem defesa dos direitos e dasreivindicações dostrabalhadores –nomeadamente nos sectoresdos professores e dos outrosfuncionários públicos –, emdefesa dos sindicatos e dasua independência, um dospilares da democracia.

O Boletim do MRMTpublicado a seguir àConferência de Paris (Nº 1de 2014, Março) contéminformação detalhada sobreo que nela se passou, de quedestacamos em particular:

- As intervenções de AnaSofia Cortes e de IsabelPires, bem como as dealguns dos participantes dosoutros países nelarepresentados.

- A Declaração final daConferência, da qualsalientamos os seguintesextratos:

«No momento em queestamos reunidos, osacontecimentos dramáticosque estão a desmembrar aUcrânia são utilizados pelosrepresentantes da UniãoEuropeia e dos governoseuropeus para submeter ostrabalhadores e os povos auma chantagem miserável.

Quando, por todo ocontinente, a classe operáriaaspira cada vez mais a unir-se e a utilizar as suasorganizações de classe paraderrotar os planos deausteridade ditados pelaUnião Europeia, atrevem-sea lançar este ultimato:“Se ousarem, no próximodia 25 de Maio, expressar avossa “rejeição” aoconjunto da política de“ajustamento estrutural”implementada no quadroda União Europeia e dasinstituições de Bruxelas,tornar-se-ão os únicosresponsáveis pela extensãoa toda a Europa do caosucraniano”.

Nós, 140 militantesoperários e responsáveis dediferentes organizaçõessindicais e variadas

organizações políticas (…)debatemos amplamente asituação na qual a políticacoordenada pela UniãoEuropeia continua, dia apósdia, a acentuar os seusataques contra a classeoperária em cada um dosnossos países. Partilhámosas nossas experiências noscombates de classe que sedesenrolaram ao longo desteano de 2013…

Nesta base, acordámosunanimemente em rejeitar achantagem organizada pelosrepresentantes da UE, dosseus 28 governos e de todosaqueles que decidiramsubmeterem-se-lhes.

Pusémo-nos de acordo emrefutar como mentirosas asdeclarações dos Barroso,Rhen e companhia…segundo as quais aaplicação dos seus planoscontribuiria para tirar osnossos países da crise.

(…) Reafirmamos, comprovas em mãos, que são os“planos de ajustamentoestrutural”, decididos pelosrepresentantes do capitalfinanceiro, coordenados nonosso continente pela UE eaplicados por todos osnossos governos, que levamas nossas sociedades aocaos, e somente eles!

Rejeitamos o que tem sidoafirmado, nos últimos dias,pelas instâncias dirigentesda CES (que retomam as doParlamento europeu),sugerindo que a principalobjecção que se pode fazer àComissão Europeia é de quese teria afastado dostratados, como se os “planosde ajustamento estrutural”não estivessem incluídosinteiramente nestes tratados.

Por conseguinte, nãoaceitamos o conto de fadasde uma possível“democratização” dasinstituições europeias porum pretenso “parlamento”,e apoiamos com todas asnossas forças a “rejeição”da UE e das suasinstituições que se iráexpressar a 25 de Maio.

A nossa experiência mostraque a única esperança paraa classe operária – paradefender e reconquistar ademocracia e para o futurodos nossos povos – é odesenvolvimento da luta declasses que obrigará cadaum dos nossos governos aabandonar a sua política de“reformas” e a romper coma UE e os seus tratados.»

- Uma moção denunciando amorte de 15 imigrantes nafronteira de Ceuta e umApelo internacional de apoioaos 8 sindicalistas da Airbus-EADS de Madrid, que estãona iminência de ser presospor terem exercido o seudireito de greve. n

(1) Alemanha, Bélgica, Bielorrússia,Chipre, Dinamarca, Eslováquia,Eslovénia, Estado espanhol, França,Grã-Bretanha, Grécia, Hungria,Itália, Portugal, República Checa,Roménia, Suécia, Suíça e Turquia.

Realizou-se em Paris, a 1 e 2 de Março de 2014 uma Conferência Operária Europeia pelaindependência e unidade do movimento operário

ANO XVI ( II Série ) nº 107 de 2 de Abril de 2014 - Publicação do MRMTActividade do

Para ilustrar o debaterealizado na MarinhaGrande, a 21 de Março,transcrevemos excertos daintervenção da camaradaIrene Constâncio:

«Vi a PIDE entrar emminha casa e o meu pai serdespedido.

Nessa altura já sabia bemquem eram os maus.

Depois do 25 de Abril lutei econtinuo a lutar. Dei tanto

Marinha GrandePreparação da ConferênciaOperária Europeia de Paris de 1 e 2 de Março

O núcleo do MRMT daMarinha Grande, participouactivamente na preparaçãoda Conferência de Paris.

Respondendopositivamente aoapelo da ComissãoOrganizadora saída

do Encontro de Tarragonaem 2013, no qual estiverampresentes e participarammilitantes de diferentesquadrantes políticos doMRMT da Marinha Grande,o núcleo decidiu tomar emmãos a organização de umacampanha pública na zona.Partindo do apoio à luta dostrabalhadores dos EstaleirosNavais de Viana do Castelo,pela manutenção da empresapública e de todos os postosde trabalho, num apelo querecolheu muitas tomadas deposição e assinaturas nasfábricas e colectividadesoperárias da região, era feitaa ligação com a necessidadede associar esta resistênciada classe operária portuguesaà resistência da classeoperária nos outros países daEuropa – como vimosassistindo nomeadamente emEspanha, na Grécia e naItália – sob uma linha deindependência dasorganizações sindicais epolíticas que se reclamam daclasse trabalhadora.

Daí a compreensão daimportância de umadelegação portuguesa naConferência de Paris comoexpressão deste trabalho deunidade na resistência daclasse trabalhadoraportuguesa.

Assim, para além de umacampanha de rifas, foitambém organizado, no dia

21 de Fevereiro, um jantarde apoio cujos fundos sedestinavam a apoiar adeslocação da delegação eque permitiu juntar 40apoiantes de diferentesquadrantes políticosoperários.

Foi ainda decidida arealização de uma reunião naMarinha Grande, após arealização da Conferência,com a presença da delegaçãoportuguesa, para dar conta edebater os seus trabalhos.

Informação e debate naMarinha Grande

30 militantes e activistasdebatem a Conferência deParisNo dia 21 de Março,exactamente um mês após arealização do jantar de apoio,teve lugar no mesmo localum jantar/debate sobre aConferência de Paris, com apresença dos três membrosda delegação: CarmelindaPereira (POUS), Isabel Pires(dirigente do SPGL) e AnaSofia Cortes ( BE).

Cada delegado focoudiferentes aspectosimportantes da Conferência,como a linha de ruptura comas instituições da UE e dosrespectivos tratados, a linhade unidade e independênciaque deve presidir àsorganizações sindicais epolíticas que se reclamam daclasse trabalhadora, aDeclaração política aíadoptada, o número depaíses representados e onúmero de participantes,bem como a síntese das suasintervenções.

Em seguida, foi aberto umdebate com a participaçãodos militantes presentes.

De sublinhar a intervençãodo economista Vítor Lima,

acompanhante dos membrosda delegação, que – na linhada Conferência de Paris –explicou, de forma clara ecom números a apoiar, aimpagabilidade da dívidapública do Estado português,acrescentando que todosaqueles que defendem a suareestruturação não fazemmais do que legitimá-la.

De assinalar também aintervenção de Licínio deSousa, pondo a questão danecessidade de apresentaçãonas próximas eleiçõeseuropeias de um programade ruptura com asinstituições da UniãoEuropeia.

No final, Aires Rodriguesrespondeu, anunciando edistribuindo um projectopara discussão de umaPlataforma política paraintervir nas eleições ao“parlamento” europeu:

- Pela ruptura com a UniãoEuropeia-Pelo desmantelamento dassuas instituições-Para abrir o caminho a umaUnião Livre dos Povos eNações Soberanas da Europa

E informou que o POUStinha tomado esta iniciativapara dar a conhecer ao povotrabalhador português osacordos políticos tecidoscom outros militantes (emparticular ligados noMRMT), sobre esta base, evisando alargar a rededaqueles que se propõemdefendê-los.

Foi ainda proposta arealização de uma sessãopública na Marinha Grande –com a participação de VítorLima – sobre aimpagabilidade da dívida,proposta que foi aceite portodos os presentes. n

Correspondente

em prol da Humanidade esinto tudo a perder-se entreos meus dedos.

Nas manifestações, pareceque todos estamos dentro deuma mordaça. Interrogo-me: o que é que venho aquifazer?

Estamos todos no mesmobarco. Ou nos unimos todosem torno dos mesmosobjectivos e ideias, ouvamos todos para o fundo.»

Estamos todos no mesmo barco…

Jantar de apoio na Marinha Grande à Conferência de Paris.

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Nem pensamos que uma Europa de paz e prosperidade possa sair da União Europeia!

Todas as forças que seintitulam de oposiçãoao governoPSD/CDS pedem ao

povo português queaproveite as eleições para oParlamento Europeu para semobilizar fortemente, dar umcartão vermelho ao Governo,elegendo “deputados deesquerda para esteparlamento”.Mas a realidade mostra oseguinte:

1 - O governo PSD/CDS nãocai com cartões vermelhos.Se assim fosse, já se tinhademitido perante o resultadodas eleições autárquicasonde o PSD sofreu a maiorderrota da sua vida.

O Governo – tal como a suapolítica – só caem se foremderrubados através da lutaorganizada da classetrabalhadora, unida com assuas organizações sindicais.

Está nas mãos das forçaspolíticas que dirigem asorganizações dostrabalhadores poderem fazê-lo, o que até agorarecusaram realizar.

2 - O chamado ParlamentoEuropeu (PE) não traz para opovo trabalhador dePortugal, nem dos outrospaíses da Europa, qualquersolução positiva, qualquersolução que tire o velhocontinente do caminho dodeclínio económico, social ecultural. O desenvolvimentoé possível sim, mas noquadro de políticas decooperação, garantindo aospovos todos os direitos jáconquistados. Ora são estesdireitos que a UniãoEuropeia, com todos osgovernos de Direita ou de“Esquerda” não param deatacar, não param de cortarreformas e salários,aumentar brutalmente osimpostos à maioria do povo,enqanto aliviam os mai ricose os deixam colcacar odinheiro em paraísos ficais,tudo em nome dacompetitividade.

3 - Por mais que apelem opovo a votar, uma parte cadavez maior deste expressa asua rejeição por tudo o quese está a passar, não votandoou anulando o voto.

O POUS considera que aperspectiva de saída positivasó pode ser aberta pela lutaorganizada da classetrabalhadora, apropriando-sedo controlo das suasorganizações sindicais ecomissões de trabalhadores,levando à ruptura com aconcertação social,obrigando os governos arecuar nos ataques –programados com a Unão ecom o FMI.

Tal orientação implica aacção determinada demilitantes e quadros domovimento operário,empenhados na defesaincondicional pelaindependência domovimento sindical e nabatalha pela frente única declasse, para obrigar osgovernos a retirarem osataques.

A organização destesmilitantes e quadros domovimento operário não sedecreta nem se proclama. Elaconstrói-se livremente,solidificando os acordos quevão sendo realizados, noquadro do debate franco efraterno.

Os militantes do POUS estãoneste processo, respeitando asposições político-partidáriasdos mlitantes das outrascorrentes com quem estão a agir.

Os acordos mais importantesa que chegámos, estãoexpressos na Declaraçãosaída da Conferência deParis.

Com eles construímos umaPlataforma política em tornoda qual podemos agruparuma força que continue abater-se pela independênciado movimento operário, pelarealização da unidade com as

nossas organizações, pararetomar o caminho daRevolução do 25 de Abril,pela ruptura com asinstituições da UniãoEuropeia.

Formulamos umacandidatura às eleições parao PE – instituição querejeitamos – para utilizar alegalidade democráticaconquistada com o 25 deAbril para alargar aconstrução desta rede demilitantes, em torno dareferida Plataforma. n

A Plataformapolítica para aseleições ao“Parlamento”europeu tem comopalavras de ordem:

Unidade dos trabalhadorescom as suas organizações.

Para reatar com o 25 deAbril.

Pela cooperação solidáriaentre os povos, base daconstrução de uma UniãoLivre de Nações Soberanasda Europa.

Pela ruptura com asinstituições da UniãoEuropeia assentes nostratados de Maastrich e deLisboa, e nos novostratados orçamentais.

Não procuramos cadeiras de veludo!

Instalações da União Europeia.

ANO XVI ( II Série ) nº 107 de 2 de Abril de 2014 - Publicação do

Do Presidente da Républicaaos subscritores do Manifes-to dos 70 (74 “personalidades”pertencentes a praticamentetodos os quadrantes políticos, faltando apenas militantesligados ao PCP) há identi-dade de posicionamento noessencial:

1 – Todos aceitam a UniãoEuropeia e as suas instituições(e, nomeadamente, defendemo respeito pela UniãoEconómica e Monetária, e ostratados que a estruturam)

2 – Todos são “realistas”(havendo até quem reivindiqueser “mais realista que oGoverno”) no sentido deaceitarem o pagamento dadívida pública e deconstatarem que Portugal nãotem – nem irá ter, nas duaspróximas décadas – os meiosfinanceiros para a pagar.

3 – Todos “empurram com abarriga para a frente”, adiandoesse pagamento (a diferença éque o Manifesto o faz deforma explícita, enquanto o PRdeixa essa solução em aberto,dizendo que “sem crescimento

Segundo o Público de 12/3/2014:

Bagão Félix (Conselheiro deEstado e ex-ministro de umacoligação PSD-CDS): “Se nãopodemos falar sobre os nossosproblemas, então teremosperdido a nossa independência.É uma espécie de censura nãopolítica, a submissão ao

pensamento único dosmercados. Nós não queremospôr em causa as nossasresponsabilidades. Mas para terganhos, no contexto europeu, épreciso sermos activos. E o queé ser-se irrealista? Pensar que se pode cumprir o TratadoOrçamental não é também ser-se irrealista?”

Análise da questão do pagamento da dívida pública portuguesae do posicionamento das diferentes forças políticas

O que disseram alguns dos principais subscritores do “Manifesto dos 70”…

… E de outros que o queriam ter assinado mas não o fizeram

não vamos lá” e as condiçõespara esse crescimento“dependem da política daUnião Europeia”).

A posição dos grandesaparelhos partidários vaitambém no mesmo sentido

A Direcção do PCP – pelaboca do seu Secretário-Geral, Jerónimo de Sousa –diz que a tomada de posiçãodo Manifesto “só peca porser tardia”, reivindicando apaternidade da defesa da“necessidade dereestruturação (e

renegociação) da dívida, queassumiu há quase 3 anos,logo a seguir à assinatura doMemorando da Troika.

O PS (de que vários deputadose dirigentes importantessubscreveram o Manifesto) – pela boca de Álvaro Beleza(membro do seu SecretariadoNacional) – afirmou queexiste apenas uma nuanceentre o Manifesto e a posiçãoda Direcção do PS (esta nãodefende o “haircut” – perdãode parte da dívida). n

Francisco louçã (Catedráticode Economia e ex-líder do BE)vê neste manifesto algo maisdo que uma “resposta deconjuntura”: “Este manifestodirige-se à sociedade no seutodo para mudar a agulha dodebate. O caminho seguidoaté agora não tem nenhumahipótese de sucesso.”

António Galamba (Membro do Secretariado doPS): “É um manifesto dainiciativa da sociedade civilque tem personalidades daesquerda e da direita que o PSnaturalmente respeita.”

Comentário de Mário Soares:“Penso que o manifesto dos70 tem um grande mérito:disse a verdade e tem soluçõespara seguirmos outra via, oque, a ser aceite, nos podiaencaminhar noutro sentidomuito diferente da desgraçaem que estamos, vai fazer trêsanos terríveis.” (DN,18/3/2014)

Para Pacheco Pereira,militante do PSD, trata-se de“(…) uma posição expressaem termos prudentes emoderados por um vastogrupo de pessoas qualificadas,quase todas também prudentese moderadas.(…) quanto mais tarde

Portugal (se) reclamar comomembro de parte inteira daUnião (Europeia), maisestragado estará o país, maiorserá o preço.” (Público,15/3/2014)

não admira, pois, que oarguto editorialista do DN de12/3 tire a seguinte conclusão:

“Se olharmos com atençãopara a origem dos subscritoresdo manifesto, concluímos queali existe, no alargado lequede personalidades que a eleaderiram, um consenso quevai muito para além daqueleque é proposto pelo Presidenteda República.

Com otimismo, poderemos atétalvez descortinar, a partirdesta iniciativa, apossibilidade de um acordo demédio prazo entre os partidosdo arco da governabilidadeapós as eleições europeias,essencialmente no que a metasde despesa e dívida dizrespeito.

(…) Apesar das virtualidadesdeste manifesto, deveentender-se a posição ontemexpressa pelo primeiro-ministro.

A nível oficial, o Governo nãopoderia, sobretudo nestemomento, defender nada dediferente sem comprometer a

trajetória descendente dosjuros da dívida portuguesa nosmercados.

Talvez depois das próximaseleições europeias hajacondições objetivas para umacordo PSD/CDS/PS, quantoa metas de médio e longoprazo das finanças nacionais,para fazer aparecer sobre amesa, então sim, o dossier dareorganização da dívida.

Até por isso esta iniciativa domanifesto dos 70 é louvável epode vir a desempenhar umpapel importante. E de ajuda,mesmo, à política do Governo(o negrito é nosso).” n

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“Diálogo social”… à escala europeia

Em 2013, os CTT aumentaram os seus lucros em 70,7%!

OGoverno justifca asua política de cortese mais cortes semprecom o mesmo

argumento: “o Estado não temdinheiro”.Então, como compreender queaquilo que dá dinheiro aoEstado é exactamente o que oGoverno privatiza?O úlimo exemplo dos CTT éclaro, no seguimento da EDP,REN,…Basta ter em conta a notíciasaída no DN de 12 de Março:«O lucro dos CTT avançou70,7% em 2013 para 61milhões de euros, face aos35,7 milhões de eurosregistados no ano anterior,segundo dados hojedivulgados à Comissão doMercado de ValoresMobiliários (CMVM). “O ano de 2013 foi um anoparticularmente bem-sucedidopara os CTT, conseguindoconcretizar em paralelo aimplementação de um novoprograma de transformação(...) e o exigente processo deprivatização, que culminou noêxito da oferta pública devenda nacional einternacional”, destacam osCTT.»E a manchete da capa do

Europeu» pelos Relatórios quefundamentaram as Resoluçõescitadas acima, ao mesmotempo que a CES avançava asua principal conclusão: «Ofacto da Troika se teresquecido de consultar ossindicatos, os patrões e aOrganização Internacional doTrabalho (OIT).»Em relação a esta “falha” daTroika, Veronica Nilsson,Secretária Confederal da CES,acrescentou: «A ComissãoEuropeia é considerada aguardiã do Tratado europeu;mas, na realidade, não o foi.Pelo contrário, permitiu que aTroika violasse vários dosprincípios essenciais da UE.Se quisermos restabelecer aconfiança dos trabalhadoresno Projecto europeu, estasituação tem de mudar.»Eis, portanto, o eixo para serestabelecido – num nível maisalargado que o “Parlamento”europeu – o consenso“Esquerda”-Direita e“parceiros sociais”: em nomedos sagrados “tratadoseuropeus” (que, comosabemos, têm por base “aeconomia de mercado” e “aconcorrência livre e nãofalseada”), é reivindicada aassociação permanente dasorganizações operárias àspolíticas de austeridade eajustamento ditadas porBruxelas.É para ajudar a este “consensoalargado, à escala europeia”que a Direcção da UGTportuguesa apela os

Jornal de Negócios, de 20 deMarço: “Investidores dos CTTganham 40% com OPV(Oferta Pública de Venda)”.Entretanto, a Agência Lusainforma: «Os CTT vãoaumentar os seus preços apartir de dia 7 de Abril,passando o serviço postaluniversal a custar em médiamais 2,6%.»Outra das“vantagens” da privatização…não para o povo portuguêsmas sim para os accionistas!

É esta política deprivatizações e desubordinação às Directivas daUnião Europeia – defensorados interesses do capitalfinanceiro – que afunda opaís.

Feita pelo Governo, mascontando com a cumplicidadedaqueles que, com o seuposicionamento “crítico”, vão“acompanhando” a suaaplicação! n

Na página 4 deste MS,analisámos o voto deduas Resoluçõessobre «o papel e as

actividades da Troika»,adoptado por uma largamaioria – juntando a Direita ea“Esquerda” – no ParlamentoEuropeu.Afirmando que a Troika está«desprovida de transparênciae de controlo democrático»,estas Resoluções terminamcom o «pedido de que osparceiros sociais sejamefectivamente associados àelaboração e à implmentaçãodos programas deajustamento». É o que emPortugal, o Governo e todas asforças empenhadas nasobrevivência do sistemacapitalista estão fartos depreconizar.Assinalemos a primeira destasResoluções tinha comocorrelatores o eurodeputadodemocrata-cristão austríacoOthmar Karas e oeurodeputado “socialista”francês Liêm Hoang-Ngoc,enquanto a segunda foiapresentada por umeurodeputado “socialista”espanhol.Mas este vasto consenso nãofica por aí.No passado mês de Fevereiro,a Confederação Europeia dosSindicatos (CES) – queprepara uma “euro-manifestação” para 4 de Abril– veio «felicitar a Comissãodo Emprego e dos AssuntosSociais do Parlamento

trabalhadores a participaremna manifestação organizadapela CES, em Bruxelas, no dia4 de Abril?É também com a mesma linhade orientação que é salientada,na Resolução do SecretariadoNacional da UGT, de 26 deMarço, «a importância que opróximo acto eleitoral para oParlamento Europeu poderáter na necessária mudança norumo da Europa (o negrito éda Direcção da UGT) e,consequentemente, dePortugal, num quadro em que

as instituições e os principaislíderes europeus continuamainda e apenas obcecadoscom a estabilidadeorçamental, contrariando eafrontando a marca social quesempre pautou o projectoeuropeu, deliberadamentedesfigurado, pelo que a UGTdefende a necessidade deconsequências eleitorais queresultem numa mudança depolíticas contrárias àausteridade, tão nefasta àsexpectativas de futuro dospovos europeus.»? n

Bernadette Ségol, secretária--geral da CES, afirmou:“Uma CES que, tal como nopassado, possa continuar, adizer que a União Europeia éum projecto que é necessárioapoiar. (...) Espero que sejam eleitos um grande número de socialistas.”

Bernadette Ségol, secretária-geral da CES, o Primeiro-ministre grego Antonis Samaras, o presidentedo Conselho Europeu Herman Van Rompuy e o presidente da Comissão Europeia Durão Barroso.

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No sábado, 22 deMarço, centenas demilhar demanifestantes

participaram, em Madrid, na“Marcha da Dignidade”,gritando “Pão, trabalho,habitação”. Estamanifestação resultou de umapelo de diferentesorganizações, inclusive – deforma envergonhada – dasDirecções da União Geraldos Trabalhadores (UGT) edas Comissões Operárias(CCOO).O Manifesto de apeloterminava assim: «Umamobilização contra opagamento da dívida, porum emprego digno, porsalários justos, pelos direitossociais, pelas liberdadesdemocráticas, contra oscortes, a repressão e acorrupção, por umasociedade de homens e demulheres livres; umamobilização contra umsistema, um regime e osgovernos que nos agridem eque não nos representam.Por conseguinte, exigimosque se vão. Que se vá ogoverno do Partido Populare, igualmente, todos osgovernos que eliminamdireitos sociaisfundamentais, todos osgovernos que colaboramcom as políticas da Troika.»Eram centenas de milhar,mas poderiam ter sido aindamuitos mais se as principaisorganizações dostrabalhadores – e, emparticular, a UGT e asCCOO – tivessem apelado aessa Marcha e a tivessempreparado de forma séria.Muitos deles vieram deautocarro dos quatro cantosdo país, a grande maioria

financiando a sua própriaviagem, demonstrando queaqueles que se lamentam deque “as pessoas mexem-sepouco” estão enganados (oumentem, para esconder a suadecisão de não as apelarem auma mobilização séria). Se aMarcha da Dignidadedemonstrou algo, foiexactamente o contrário: aspessoas estão mais do quedispostas a manifestar-se narua. O problema está nosdirigentes.

O regresso dosdirigentes da UGt e das CCOO ao “diálogo social”

Em completa oposição a estapoderosa mobilização do dia22, o chefe do Governo,Mariano Rajoy, e a ministrado Emprego e da SegurançaSocial, Fatima Báñez,tinham-se reunido, a 18 deMarço, no Palácio daMoncloa com os presidentesda CEOE (ConfederaçãoEspanhola de OrganizaçõesEmpresariais), Juan Rosell,da CEPYME (ConfederaçãoEspanhola das Pequenas eMédias Empresas), JesusTerciado, e com ossecretários-gerais dasCCOO, Ignacio FernándezToxo, e da UGT, CándidoMéndez.Após esta reunião – queapanhou de surpresa aimensa maioria dos quadrose dos delegados sindicais,bem como muitos dirigentesdas duas Centrais sindicais –foi publicado umcomunicado oficial,declarando que «após ter

sido analisada a situaçãoque o país atravessa, (eles)comprometeram-se a dar umnovo impulso ao diálogosocial».Diálogo, mas sobre quê?Está sobre a mesa dessediálogo a revogação dareforma do Código doTrabalho ou das alterações aintroduzir-lhe, ou arestituição dos direitos esalários roubados aostrabalhadores e àstrabalhadoras da FunçãoPública? A retirada dasacusações aos 8 da Airbus, aretirada do projecto de leida-“mordaça” ou da Lei doaborto? A revogação ou amodificação da Lei Wert ouda nova Lei sobre o PoderLocal, que ameaça fechar ouprivatizar muitos dosserviços municipais? Nadadisso. Os dirigentes da UGTe das CCOO decidiramregressar ao diálogo semexigir que o Governo retirequalquer destes ataques.Pelo contrário, elesdecidiram discutir comocooperar com a “políticaeuropeia”.

Existe uma contradição

Há, de um lado, milhões queexigem a unidade paraconseguirem as suasreivindicações; e, do outrolado, a vontade dosdirigentes de sacrificar essasreivindicações para salvar oregime. Resolver estacontradição é a tarefa centraldos militantes operários noperíodo que se avizinha.Uma tarefa que só pode serabordada apoiando-se nostrabalhadores – e, emprimeiro lugar nas bases enos quadros da UGT e dasCCOO – para fazer com elasuma campanha com oobjectivo de obrigar Toxo eMéndez a romperem astréguas e o diálogo com oGoverno. Organizando, como conjunto das organizaçõesda classe operária, outrasacções como a da grandemanifestação de 22 deMarço, na via de uma Grevegeral que obrigue o Governoa recuar nos seus ataques oua demitir-se. n

Correspondente

Espanha Após as grandes manifestações de 22de Março: e agora?

Manifestacao de 22 de Marco em Madrid.

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França Eleições municipais: A rejeição

O “fantasma” da Extrema-Direita pretende esconder o quê?

Abstenção recorde,por vezes atingindomais de 60% nosbairros operários,

afundamento eleitoral do PS:tanto a 1ª como a 2ª volta daseleições municipais forammarcadas por uma rejeiçãomassiva da política deausteridade e de destruiçãodos direitos operários edemocráticos, levada à práticapelo governo Hollande-Ayrault por aplicação dostratados europeus e davontade do capital financeiro.Trata-se de um contundenterepúdio que retira toda alegitimidade a este Governo,tal como às instituições sobreas quais se apoia.Um novo passo na crise doregime acaba de ser dado.Uma crise de regime poisquer direita quer esquerda,sucessivamente no Governo,foram atingidas. Toda arepresentação política foiafectada. Ninguém, incluindoa elite do PS, pode dissimularo significado político deste

acontecimento.O Governo decide, entretanto,prosseguir a aplicação do“Pacto de responsabilidade”,cortando 50 mil milhões deeuros nas despesas públicas esubtraindo 30 mil milhões deeuros de subsídios às famílias.Impressionando-se com osresultados da FN (ver caixa),os dirigentes do PS apelam àrealização da “frenterepublicana”. Ninguém podeacusar os trabalhadores e apopulação que recusaramatribuir o seu voto aoscandidatos apoiantes dogoverno de Hollande, acomeçar pelos candidatos doPS que pensam – e com razão–, dois anos apenas após aeleição de François Hollande,que ele é o responsável pelasituação.Em nome da luta contra aextrema-direita, o governoHollande pretendia imporuma «união nacional», umcompromisso históricojuntando Direita e Esquerda,patronato e sindicatos,

com o seu “Pacto deresponsabilidade”.Mas a 18 de Março, ostrabalhadores responderam aoapelo à greve interprofissionale às manifestações – lançadoem comum pela CGT, a CGT-FO, a FSU e Solidários –contra o “Pacto deresponsabilidade” do Governoe a sua procura de consensos.Cada dia que passa torna maispremente a exigência deruptura com esta política quecondena a imensa maioria àincerteza, ao desemprego e àmiséria.Cada dia que passa torna maispremente a exigência deruptura com as instituições daIVª República e da União

Europeia.Cada dia que passa reforça aaspiração de um número cadavez maior de trabalhadores ede cidadãos ao advento deuma verdadeira democraciana qual o poder emanará deuma Assembleia Constituintesoberana.Após esta primeira volta daseleições municipais, constata-se que só a mobilização daimensa maioria do povotrabalhador com as suasorganizações poderá varrer apolítica do Governo e impor arejeição do “Pacto deresponsabilidade”. Prepararestes combates exige a maislarga discussão entretrabalhadores e militantes. n

Em França (e também emPortugal) o enfoque sobre aseleições municipaisfrancesas foi apresentadocomo uma “extraordináriasubida” do partido daExtrema-Direita (a FrenteNacional).E isto para tentar esconder ofacto essencial dessaseleições: os quase 36,5% deabstencionistas na 1ª volta(em média, mas com taxasde abstenção muito maioresem muitos dos bairrosoperários e populares), e os38,3% na 2ª volta!”.

Esquecendo-se de acresecen-tar que a FN só se apresentouem 1/60 dos círculoseleitorais!De facto, os órgãos daComunicação Socialempolaram desmesuradamenteos resultados da FN, mas elesdevem ser avaliados na suadevida proporção. Apesar dacrise de decomposição quedilacera a Direita tradicionalfrancesa, a FN só conseguiuapresentar lista em 596municípios das 36 milcomunas existentes (das quais9734 têm mais de milhabitantes, e onde a

constituição de uma listacompleta é obrigatória para seapresentar às eleições).Não é a primeira vez que a FNganhou, ou esteve perto deganhar, as câmaras de algumascidades.Já em 1995, a FN se apresen-tou em 512 municípios,conquistando Toulon,Marignane e Orange, e, emseguida, Vitrolles, em 1997.Ora o que é que se passou emToulon, por exemplo? Em1995, a lista da FN encabeçadapor Jean-Marie Le Chevallierobteve nessa cidade 37% dosvotos. Seis anos mais tarde, ele

foi derrotado logo na 1ª volta, só obtendo 7,78%. Ea 23 de Março de 2014, a listada FN só obteve 2,27% devotos.Por muito odiosa que seja apropaganda anti-imigrantesdeste partido, ele fez umapolítica igual aos outrosquando ficou responsável pelacidade. Desenvolvendo umdiscurso anti-sistema,mostrou-se, quando assumiuresponsabilidades, como umaengrenagem do sistema, sendosancionado como tal naseleições seguintes. n

Uma subida sem precedentes da abstenção desde 1995.

ANO XVI ( II Série ) nº 107 de 2 de Abril de 2014 - Publicação do

Ucrânia«A pilhagem daUcrânia começou”: quem odiz é um especialista namatéria. De facto, Paul CraigRoberts desde há vários anosque critica duramente apolítica externa americana,mas começou a sua carreirano Congresso dos EUA e,em seguida, fez parte daAdministração do presidenteReagan.

Ele acrescenta: «Segundo umRelatório publicado nojornal Kommersant-Ukraine,o ministério dasFinanças (de Kiev) (…)preparou um plano deausteridade económica queinclui a redução das pensõesde aposentação de 180 para60 dólares, para que osbanqueiros ocidentais – queemprestaram dinheiro àUcrânia – possam serreembolsados à custa dospobres. É, de novo, o modelogrego. (…) Os saqueadoresocidentais já começaram oseu trabalho. (…) Mas,trata-se apenas do início. Osmeios de Comunicaçãosocial ocidentais às suasordens descrevem osempréstimos como “ajudas”.Mas os 11 mil milhões deeuros que a União Europeiaoferece a Kiev são umempréstimo e não umaajuda. Um empréstimoconcedido com base eminúmeras condições, dentreas quais consta a aceitaçãopor Kiev de um plano deausteridade do FMI.»Eis o significado da Acordode Associação com a UniãoEuropeia que o governo deKiev – bando de neonazis,oligarcas corruptos etransfugas do regime deIanoukovitch, todos mais oumenos patrocinados por“Fundações” americanas e

europeias (1) – acabou deassinar.Mas, como o declarava um“perito” das instituiçõesfinanceiras internacionais (2),há mais de vinte anos, emplena guerra de desagrega-ção da Jugoslávia: «Quandoa terapia de choque inicialdo FMI atingiu a Jugoslávia,a primeira forma de que adesordem social se revestiunão foi a das tensões étnicas,mas sim a de greves emmassa (…). A “limpezaétnica” só teve lugar depoisda “terapia de choque” doFMI ter feito o seutrabalho.» Eis porque é necessário hojemanipular as questõeslinguísticas e nacionais naUcrânia, pôr uns contra osoutros, desagregar a Ucrâniapara desagregar a sua classeoperária, a fim de que a«terapia de choque» possaatingir a Ucrânia e todo ocontinente. n

(1) A13 de Dezembro de 2013,Victoria Nuland, em nome doDepartamento de Estado dos EUA,anunciou terem sido atribuídos 5 milmilhões de dólares para «ajuda àoposição ucraniana», neonazisincluídos.(2) Criton Zoakaos, dePolyeconomics.

Populares da Crimeia festejam resultado do referendo.

Todos os olharesestão voltados para aCrimeia. OParlamento da

Região Autónoma destapenínsula do Mar Negro –que foi anexada à Ucrânia,em 1954 – convocou, para16 de Março, um referendopara decidir o seu retorno àRússia. Na Crimeia estáinstalada a Base militar russade Sebastopol, e umapopulação russófonalargamente maioritária,composta por 58 % deRussos, 27 % de Ucranianose 12 % de Tártaros daCrimeia (1). Uma mesclapropícia a todas asmanipulações e aafrontamentos comunitários.

A imprensa ocidentalenfurece-se

Acusando o governo dePutin de ter incitado a estadecisão e de ter enviadotropas para a Crimeia, osgovernos dos EUA, daFrança, da Inglaterra, daAlemanha, etc. – assimcomo a União Europeia –denunciaram o referendo

como sendo “ilegal”.A NATO realizou manobrasmilitares aéreas em doispaíses fronteiriços daUcrânia: a Polónia e aRoménia.A imprensa ocidentalassanha-se sobre a “agressãorussa” e as ameaças deanexação da Crimeia porPutin.Nesta torrente depropaganda, há uma ponta deverdade: «Até aodesencadear da criseucraniana, os partidos quemilitam (na Crimeia) peloretorno à Russia dispunhamde uma audiêncianegligenciável.» (Le Monde,6 de Março)Então, porque é quemultidões de cidadãosucranianos empunham abandeira russa, deSimféropol (na Crimeia) aDonetsk e Carcóvia (nasregiões do Leste da Ucrânia,onde a população ucranianaé maioritariamenterussófona)?Não será porque deputados eum Governo de aprendizesde feiticeiro – catapultadospara o poder em Kiev, com o

Ucrânia: por detrás da desagregação emcurso está a sinistra “terapia de choque”

“A pilhagem da Ucrânia começou”por Dominique FERRÉ (publicado no semanário do POi de França, “Informations Ouvrières”, de 12 de Março)

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actualidade internacional >>>

apoio total de Washington ede Bruxelas – adoptou, nofinal de Fevereiro, leisprovocatórias, a começarpela proibição da línguarussa nas regiões onde esta éinclusive a língua-mãe damaioria da populaçãoucraniana?

Reabilitação dosbandos nazis

Para já não falar das leis quereabilitam os bandos deStepan Bandera (colaboradordos nazis aquando da invasãoda URSS pelo ExércitoAlemão em 1941 – de que opartido Svoboda, no poder emKiev, se reclama).E isto, num país que tevedezenas de aldeias massacra-das selvajamente pelastropas nazis no final daSegunda Grande GuerraMundial, não pode senãolançar milhões de cidadãospara os braços das forçasque – até agora ultra-minoritárias – propõem asecessão.O referendo na Crimeia,bem como o estado de quasi-secessão das suas regiõesorientais próximas dafronteira russa, constituemapenas uma consequência dapolítica que o Governo dosEUA e a União Europeiatêm posto em prática desdehá meses.

Reduzir, até final deMaio, o Orçamento em5 a 6,2 mil milhões deeuros!

O que está em jogo nadesagregação em curso éanunciado pelo jornalKommersant-Oukraïna (de 6 de Março)com o título “O choque e aconta a pagar”: «OGoverno preparou umpacote de medidas visando aresolução rápida dosproblemas orçamentais.»

Entre estas conta-se: «Cortarnas despesas sociais,reduzindo por exemplo em50% as pensões deaposentação dospensionistas que têm umtrabalho» (na realidade, quesão obrigados a trabalhar porterem apenas 150 dólares depensão mensal).Tudo isto deverá serrealizado “antes do final deMaio”. Por exemplo, «Até31 de Março, ascolectividades locais devem,de imediato, aumentar assuas receitas em 2% ereduzir as suas despesas em1%», visando, entre outrascoisas, reduzir até lá oOrçamento entre 65 a 85 milmilhões de grivnas (5 a 6,2mil milhões de euros!).

Redução das ajudas doEstado às minas

«A terapia de choque –acrescenta uma “perita”próxima do Governo e dasinstituições internacionais –poderia incluir uma revisãoem baixa das ajudas doestado às minas de carvãonão rentáveis.»A Ucrânia seguiria assim avia da Roménia, onde –segundo um sindicalistamineiro presente naConferência OperáriaEuropeia (dos passados dias1 e 2 de Março) – 120 milempregos foram liquidados,em 20 anos, por injunção doFMI e, em seguida, da UniãoEuropeia.

A greve dos mineiros de1989-1990

Mas toda a gente se recordaque os mineiros da Ucrânia,tal como os da Rússia, sepuseram em greve durantemeses em 1989-1990, contraa burocracia e as suasprimeiras medidas de“liberalização” da“Perestroika”.É para tentar desagregar esta

(publicado na IO do POI deFrança, nº 293, de 19 de Março2014)

«Ilegal», «não conforme aoDireito internacional»…declaram o Governo dos EUA ea União Europeia, a propósitodo referendo na Crimeia.É de bom-tom, inclusive na«Extrema-Esquerda», gritar por«socorro» em relação à Rússia.Ora, sobre a Crimeia, Putin nãose priva de se reivindicar doprecedente do Kosovo. Após aintervenção da NATO, esseterritório tinha sido destacadoda Sérvia e declarado«independente» em 2007… soba égide dos EUA, que neledispunham da sua maior basemilitar (em área), fora doterritório americano - CampBondsteel.Mas, e as tropas russasdisfarçadas de milícias deautodefesa na Crimeia? Só podetratar-se de uma «invasão». Massilêncio! Nem uma palavrasobre o desembarque em Kiev(segundo o jornal britânicoDaily Mail) de 300 mercenáiosda sinistra Agência privadaamericana Academi (ex-Blackwater) que já mostraram oseu «talento» no Iraque enoutros lugares.E a União Europeia – que dálições de democracia –conhecida especialista emmatéria de referendos! Como odo povo dinamarquês, obrigadoa ter de votar de novo após terrejeitado o Tratado deMaastricht, em 1992; ou o voto

«Não» maioritário, em Maio de2005, em França e na Holanda,espezinhado em seguida pelaUnião Europeia e os seusservidores, que impuseram oTratado Constitucional europeu(rebaptizado como “Tratado deLisboa”).Quanto às «boas almas»,sempre prontas a agitar oespantalho da Extrema-Direitapara justificar a submissão aBruxelas, elas tornam-sesubitamente cegas quando setrata do Governo às ordens doFMI que puseram em Kiev.É o caso do ministro dosNegócios Estrangeiros francês,Fabius, que declarou: «Opartido Svoboda é um partidomais à direita que os outros,[mas não é] de Extrema-Direita.» (11 de Março, RádioFrance Inter). Ignora o sr.Fabius que este partido celebra,anualmente, a memória daDivisão SS ucranianaGalitchina? Será necessárioconcluir que – quando se aceitapôr em prática a terapia dechoque do FMI e da UniãoEuropeia, como o estão a fazero partido Svoboda e os seusministros – se tornam«recomendáveis»?E são estes mesmos senhoresque estão em campanha –porque a isso as eleiçõeseuropeias obrigam – paraqualificar de «xenófobos» ostrabalhadores que rejeitam aUnião Europeia e os seus planosde destruição! n

Crimeia: o baile dos hipócratas e dosmentirosos Por Dominique Ferré

pretensos “inimigos dopovo”, à semelhança datotalidade de outros povos daURSS. Só puderam regressarà Crimeia em 1989. Quatromilhões de Tártaros vivemna Federação Russa, emparticular na República doTartaristão (cuja capital éKazan) e no Bascortostão. n

força sempre presente, quetodos – com o Governo e aUnião Europeia à cabeça –pressionam no sentido dodesmembramento do país.Turcófonos e muçulmanos,os Tártaros da Crimeia foramcolectivamente deportadospara a Ásia Central – em1944, por Estaline – como

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ANO XVI ( II Série ) nº 107 de 2 de Abril de 2014 - Publicação do

«A Crimeia não éimportante»,explicou, a 19de Março, George Friedman,Director-Geral da Agênciade Informação privadaamericana Stratfor (1), nocanal de televisão FoxBusiness.

Para ele, o importante é que«o Governo dos EUA querutilizar a sua vitória naUcrânia para a criação deum Governo pró-ocidental,enquanto a Rússia acaba desofrer uma derrotaconsiderável».Com efeito, o que as sançõescontra a Rússia e a agitaçãomediática sobre a Crimeiavisam esconder é aconstituição de um Governode guerra e de terror emKiev, que acaba de assinarum Acordo de Associaçãocom a União Europeia, eanuncia uma “terapia dechoque”.O FMI acaba de anunciarque dará luz verde a umempréstimo (de 14 a 18 milmilhões de dólares durantedois anos) «uma vez que asautoridades tenhamadoptado um pacote demedidas prévias enérgicas eglobais, adequadas àestabilização da economia eà criação de um crescimentodurável». Medidas que, deimediato, o primeiro-ministro Iatsniouk – à cabeçade um Governo de choque –fez adoptar no Parlamento, a27 de Março. De entre essasmedidas de guerra civil: oaumento, em 50%, do preçodo gás para os particulares apartir de 1 de Maio, adiminuição dos programasde subvenções estatais, areestruturação da empresapública de energia Naftogaz,o congelamento dos saláriose pensões dos funcionários

públicos, uma redução de10% nos efectivos da FunçãoPública e o aumento de umcerto número de impostos.Uma tal “terapia de choque”(instrumento de guerracontra todos os povos docontinente) exige odesmembramento do país,como há mais de 20 anos naex-Joguslávia.Em relação aosacontecimentos queestiveram na base daconstituição do novoGoverno ucraniano,assinalemos o que disse oministro dos NegóciosEstrangeiros da Estónia,Uramas Paet (2): «Pordetrás dos snipers(atiradores de elite) nãoestava Ianoukovitch, massim pessoas da novacoligação» governamental,no poder em Kiev.Uma vintena demanifestantes e de políciasforam abatidos por snipers.Estas mortes, atribuídas aoex-presidente Ianoukovitch,precipitaram a sua queda nofinal de Fevereiro.Por isso, subscrevemos aDeclaração de militantesoperários dos EUA, ligadosna rede Labor FightbackNetwork, que respondemclaramente “Não” à questão:«Será que o movimentooperário e os seus aliadosdevem apoiar a política doGoverno dos EUA, quefinancia e apoia de outrasmaneiras o regime anti-operário que substitui oanterior na Ucrânia?» E eles acrescentam:«Washington sustenta que (a sua política externa) visapromover os Direitos doHomem, a democracia e oDireito à autodeterminaçãonos outros países. Mas foiclaramente demonstrado que

ela visa apenas apoiargovernos estrangeiros queprotegem os investidores dosEUA, assegurando umaforça de trabalho mal paga ereprimida, a qual poderáassegurar os melhores lucrospara as companhiasamericanas.»

Organizações quefraudulentamente sereclamam da iVªinternacional apoiam onovo Governoucraniano«Reconhecemos (o novo)Governo como legítimo einstaurado pela revolução»,declara o grupo ucranianoligado ao SecretariadoUnificado – SU (3). Posiçõessemelhantes têm os gruposdo SU na Rússia, na Polóniae em França.

Os factos que citámosmostram a verdadeiranatureza do novo Governoucraniano. É à luz destesfactos que é precisocaracterizar a política do SU.Uma corrente que sereivindica fraudulentamenteda IVª Internacional e apropósito da qual ummilitante da ex-URSSescreveu que «com tais

“herdeiros” não restamdúvidas que Leão Trotskydeve estar a dar voltas natumba».

Como antes na Líbia e naSíria, esses falsáriosprecisam de fazer crer que aIVª Internacional e otrotskismo têm uma qualquerrelação com essas operaçõesdo imperialismo americanoque, a coberto de pretensas«revoluções democráticas»,desmembram as nações paramelhor tentar quebrar aespinha à classe operária. n

(1) Stratfor que foi cognominada de“CIA na sombra”.

(2) Aquando de uma conversatelefónica com Catherine Ashton,chefe da diplomacia da UniãoEuropeia para os NegóciosEstrangeiros, registada sem o seuconhecimento e tornada pública.

(3) O PSR fazia parte do“Secretariado Unificado” (SU) ereivindicava-se da pertença à IVªInternacional. Este partido deu lugarà Associação SocialistaRevolucionária, integrada no Blocode Esquerda, que se continua areivindicar da orientação do SU, talcomo em França a antiga LigaComunista Revolucionária, que sedissolveu no Novo PartidoAnticapitalista (NPA).

UcrâniaO secretário de

Estado dos EUA, John

Kerry (à esquerda),

aquando do seu

encontro com o

ministro dos Negócios

estrangeiros russo,

Sergey Lavrov, em

Paris, a 30 de Março,

para a preparação da

“desescalada da crise

ucraniana”.

“A Crimeia não é importante”

cumprir com nenhuma dasobrigações em relação àdívida externa” (FinancialTimes, 25/2/2014).No passado, a Venezuelatomou medidas de defesa danação contra o imperialismoque foram muito importantes.Mas agora a gravidade dasituação exige que se vá maisalém, sob pena de um graverisco para a estabilidade dopaís. Os acontecimentosactuais, na Venezuela, mastambém no conjunto daregião, mostram que os paísesda América Latina sógarantirão a sua soberania, asua liberdade e a democracia,conquistadas contra asditaduras impostas pelos osEUA no continente emdécadas passadas,enfrentando-o e rompendocom a subordinação das suaseconomias ao capitalfinanceiro internacional. Parafazê-lo não lhes faltará apoiopopular.O que está em jogo naVenezuela é a soberania dopovo para decidir sobre o seupróprio destino.Qualquer organização quedefenda os interessespopulares, a soberania dospovos e a democracia deveser incondicional na defesado Governo venezuelano,legitimamente eleito, contraqualquer tentativa de golpeou ingerência estrangeira. n

actualidade internacional

Por Samara Ribeiro(publicado no Jornal “O Trabalho” da Secçãobrasileira da IVªInternacional)

Nicolas Maduro é opresidenteconstitucional elegítimo, eleito em

Abril de 2013, por umapequena margem de votos,como tantos outrosgovernantes da Venezuela edo resto do mundo. Não foiainda reconhecido pelosEUA, que nunca renunciou àsua estratégia golpista.A deputada Corina Machadorepresenta a elite burguesaque, até à eleição de Chávez,concentrava nas suas mãos osdividendos do petróleoenquanto o povo vivia namiséria. Como todos os“opositores”, tem espaço nosmeios de comunicaçãointernacionais e venezuelanos,e goza de total liberdade, aocontrário das mentirasdivulgadas pelo imperialismoe os seus agentes.Numa destacada entrevista aojornal Estado de São Paulo,ela reconhece que aConstituição da Venezuelacoloca à disposição da“oposição” inúmeraspossibilidades legais paraquestionar e destituir oGoverno. Mas confessa que,

como desse modo nãoconseguiriam derrubar oGoverno, decidiram fazê-lo“nas ruas” porque “essa éuma questão de valores,trata-se de defender afamília”. Com que método?Criar distúrbios, provocaçõesviolentas, bloqueios e“barricadas” (elogiadas pelomesmo jornal). Já houve 20mortes, tanto da Direita comode militantes chavistas efuncionários do Governo.Maduro determinou a prisãode 10 membros dos serviçosde segurança acusados deagredir manifestantes. Apelouao diálogo e a umaConferência de Paz, boicotadapela Direita, embora a elatenham assistido algunsgrandes empresários. A oposição apoiada peloimperialismo – e pelos seusporta-vozes, como os ex-presidentes FernandoHenrique Cardoso, Lagos,Arias e Toledo(respectivamente do Brasil,Chile, Costa Rica e Peru) –não recua, explorando o difícilmomento económico do país.

Defender a maioriado povo e a naçãoExiste uma situação de caoseconómico provocado pelafalta de abastecimento, dealimentos e alta inflação(56% em 2013)

– aproveitando-se a Direitagolpista desta situação,obtendo assim eco popular. Otrabalho precário atinge os40% da população activa,sendo a juventude a maisatingida.Tendo uma economia apoiadaem 80% na produção dopetróleo, e havendo umdeclínio da sua produção, istodiminui a entrada de dólares,o que, conjugado com aemissão contínua de dólarespelo Banco Central dos EUA(FED), aumentou a pressãosobre a economiavenezuelana. Maduro teve dedesvalorizar o bolívar (moedado país), como também ofizeram outros países daregião.Apesar desta escassez, oGoverno paga a dívida aosbanqueiros internacionais emvez de fazer face às despesasinternas, agravando a penúriae causando a revolta da classemédia. O “The Wall StreetJournal” explica que aVenezuela “pagareligiosamente aosinvestidores. No entanto, oGoverno deve cerca de 50 milmilhões de dólares aempresas privadas queprestam serviços à economiado país”. O facto éconfirmado pelo ministrovenezuelano Rafael Ramírez.Ele declarou que “o país nãodeixou e não deixará de

Venezuela Obama incita à destabilizaçãoAs manifestações em Caracas, capital da Venezuela, e noutras cidades do país, são actualmenteobjecto de uma vasta propaganda; os comentadores não hesitam em fazer o paralelo com asituação na Ucrânia.Depois de comandar à distância a destabilização da Ucrânia, o governo de Obama encoraja a“oposição” venezuelana e – pela voz do seu vice-presidente Joe Biden – declara que a situaçãodo país é “alarmante”.O que pretendem? O que se passa realmente na Venezuela?Deixamos aqui algumas respostas.

Defender a soberania e avançar na ruptura com o imperialismo