tribuna livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa...

12
Coligação Merkel – Schulz 1 o militante socialista Tribuna Livre da luta de classes Publicação Mensal 02 Plenário nacional dos sindicatos da cGTP 03 editorial: Agir para a construção da mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 Tribuna livre: Saúde / incêndios 06 Reunião sobre a cMA de 13 de Janeiro em Lisboa 07 carillion: falência do sistema de privatizações iniciado por Blair 08 estado espanhol: Sob fundo de mal- estar social, impasse na catalunha 09 Brasil: A mãe de todas as batalhas 10 Um ano de Trump na casa Branca 11 1818-2018: o pensamento vivo de Karl Marx 12 Alemanha: Rejeição da Grande coligação indice DiRecTOR: JOAQUiM PAGAReTe ANO XiX (ii SéRie) 132 16 De FeVeReiRO De 2018 1 eURO População da região da Marinha Grande mobiliza-se em defesa dos seus Serviços de Saúde (Ver pg 4) Neste ano é o bicentenário do nascimento de Karl Marx (Ver pg 11) Militantes protestam, aquando do Congresso extraordinário do SPD: «Não à Grande Coligação!» (Ver pg 12) Os metalúrgicos em greve pelo aumento dos salários, ao apelo do poderoso sindicato IG Metall. Alemanha Alemanha

Upload: others

Post on 23-May-2020

7 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 tribuna

Coligação Merkel – Schulz

1

o militantesocialista

Tribuna Livre da luta de classes

Publicação Mensal

02 Plenário nacional dos sindicatos da

cGtP

03 editorial: Agir para a construção da

mobilização unida é a tarefa essencial

04 População da Vieira de Leiria defende a

sua extensão de Saúde

05 tribuna livre: Saúde / incêndios

06 reunião sobre a cMA de 13 de Janeiro

em Lisboa

07 carillion: falência do sistema de

privatizações iniciado por Blair

08 estado espanhol: Sob fundo de mal-

estar social, impasse na catalunha

09 Brasil: A mãe de todas as batalhas

10 um ano de trump na casa Branca

11 1818-2018: o pensamento vivo de

Karl Marx

12 Alemanha: rejeição da Grande

coligação

indice

Director: JoAquiM PAGArete Ano XiX (ii Série) nº 132 16 De FeVereiro De 2018 1 euro

População da região da Marinha Grande mobiliza-se em defesa dos seus Serviços de Saúde (Ver pg 4)

Neste ano é o bicentenário do nascimento de Karl Marx (Ver pg 11)

Militantes protestam, aquando do Congresso extraordinário do SPD: «Não à Grande Coligação!» (Ver pg 12)

Os metalúrgicos em greve pelo aumento dos salários, aoapelo do poderoso sindicato IG Metall.

Alemanha Alemanha

Page 2: Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 tribuna

2 actualidade nacional >>>Plenário nacional dos sindicatos da CGTP

FM salientou a ligação dadescida dos salários e aumentoda precariedade com acaducidade da contrataçãocolectiva e o fim do direito deadopção do princípio maisfavorável. E finalizou a suaintervenção considerando queos dados apresentadosdemonstram como a melhoriada situação dos trabalhadorespode ser rapidamentesubvertida por um Governo dedireita. Daí a exigência daacção no âmbito da defesa dacontratação colectiva e doaumento do salário mínimo.

«É preciso fazer oque ainda não foifeito»Pegando nos elementosapresentados por FernandoMarques, o Secretário-Geralda CGTP (Arménio Carlos -AC) sublinhou que, apesar dosganhos conquistados pela lutados trabalhadores, os estragosestruturais não foramalterados: «Se o défice desceu,isso tem a ver com a reduçãodos direitos dos trabalhadoresda Função Pública e doorçamento para os Serviçospúblicos.»

AC mostrou, através deexemplos das lutas concretas,como foi possível obtercontratos com salários

mínimos acima de 600 euros,bem como impedir a descidada Taxa Social Única pagapelo Patronato.

Mas AC também reafirmou:«A questão central actual é aurgência da revogação dasnormas mais gravosas dalegislação do trabalho, tantono sector público como noprivado, em especial acaducidade da contrataçãocolectiva. É preciso ganharos trabalhadores para estasideias. Este Governo nãoaprova esta medida porquenão quer. Tem na Assembleiada República (AR) umamaioria para isso. É precisoque os deputados do PS seassociem aos deputados doPCP, do BE e dos Verdes.Mas não irá haver alteraçãodestas leis na AR, sem amobilização dostrabalhadores a partir dosseus locais de trabalho. (…)Tal como acontece com aprecariedade. Há cada vezmais trabalho temporário,para aumentar os lucros dasgrandes empresas, como aEDP, a NOS, a Vodafone, etc.Os trabalhadores a reciboverde descontam 21% para aSegurança Social, enquantoas empresas descontam10%.» n

CP

Ficha de assinatura do Militante SocialistaNome e apelido NIFMorada Código PostalCidade DistritoPaísEndereço de e-mail TelefoneData de subscrição ou renovação Nº inicial Nº final

Forma de entrega Por e-mail (pdf) Em mão Por carta

Forma de pagamento: Em mão Depósito bancário

Depósito na conta do POUS na CGD: IBAN nº PT50003506970059115343072

Em mão 6 números (5 euros) Por carta 6 números (8 euros)12 números (10 euros) 10 números (12 euros)

Por e-mail (pdf) 10 números (5 euros)

Enviar para: Redacção e Administração do Militante Socialista (por carta ou por e-mail)R. Santo António da Glória, 52 B, c/v C , 1250 - 217 Lisboaou por E-mail: [email protected]

Um Plenário nacional dos sindicatos da CGTP teve lugarem Lisboa, no passado dia 12 de Janeiro. Nele foramdadas importantes informações, por quadros domovimento sindical, sobre os processos de luta concretaem diversas empresas e sectores, contra os

despedimentos e o trabalho precário, pela defesa de contratoscolectivos contendo os direitos que têm estado a ser anulados.

A Resolução final aprovada contém três grandes exigências:

- Aumento geral dos salários, com uma subida imediata do saláriomínimo para 600 euros;

- Trabalho efectivo para postos de trabalho permanentes;

- Revogação das normas mais gravosas do Código do Trabalho,sobretudo a que impõe a caducidade da contratação colectiva.

Destacamos deste plenário a intervenção de Fernando Marques(FM), economista da CGTP, que mostrou através de dadosoficiais, em particular do Instituto Nacional de Estatista (INE), aestagnação dos salários desde o início do século XXI e aconsequente baixa do poder de compra dos trabalhadores, bemcomo excertos da intervenção do Secretário-Geral da CGTP,Arménio Carlos.

Desajustamento crescenteentre conhecimento eremuneração

Desde 2004, segundo dadosdo Instituto Nacional deEstatística, a educação e oreconhecimento decompetências do trabalhosubiu do índice 100 para o200, enquanto asremunerações desceram doíndice 100 para o 50.

Principais sectores ondeforam criados postos detrabalho

Alojamento e restauraçãoSaúde e apoio socialConstrução civilInformação e comunicaçãoActividade imobiliária

Com o dado aqui referido, FMconcluiu que os baixossalários, em contradição com onível crescente dascompetências dostrabalhadores, estãocertamente na base da perda depopulação em idade activadesde 2009, pois apesar dagrande baixa do desemprego a

emigração permanente nãobaixou, levando a gravesconsequências para odesenvolvimento do nosso país.

É um facto que, nesse período,houve um crescimento doemprego em mais de 10%, masa sua grande maioria foiemprego precário e com saláriomínimo, o que impediu umdesenvolvimento estruturanteda economia nacional.

Planárionacional dossindicatos da CGTP

12 de Janeiro

Page 3: Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 tribuna

ANO XIX ( II Série ) nº 132 de 16 de Fevereiro de 2018 / Publicação do

3

E d i t o r i a lFicha técnica

Tribuna livre impulsionada pelo POUS

o militantesocialista

Proprietário: Carmelinda PereiraNIF: 149281919

editor: POUS - Partido Operário de Unidade SocialistaNIPC: 504211269

Sede: Rua de Sto António da Glória, 52-B / cave C 1250-217 LISBOA

Isenta de registo na ERC, ao abrigodo Dec. regulamentar 8/99 de 9/6(artigo 12º, nº 1 a)

Director: Joaquim Pagarete

comissão de redacção:Aires RodriguesCarlos MeloCarmelinda PereiraJoaquim Pagarete

impressão: Imaginação ImpressaRua Braancamp, 15A 1250-049 Lisboa

edição: 100 Exemplares

A nossa história:

O jornal “o Militante Socialista”nasceu em 1975, sob aresponsabilidade de militantes doPartido Socialista (PS), pertencentesàs Coordenadoras dos núcleos deempresa, organizados na suaComissão de Trabalho.Nasceu identificado com os ideais da Revolução do 25 de Abril, do socialismo e da democracia.Esses mesmos ideais continuaram aser assumidos pela corrente desocialistas afastados do PS, quefundaram o Partido Operário deUnidade Socialista (POUS), emconjunto com a Secção portuguesa da IVª Internacional.Em continuidade com os ideais quepresidiram à publicação dos primeiros “Militantes Socialistas”, o POUSimpulsiona actualmente estejornal, como tribuna livre da luta declasses, aberta a todas as correntes emilitantes que intervêmdemocraticamente para defender as conquistas do 25de Abril.A defesa destas conquistas exige o desenvolvimento de uma acção política totalmenteindependente das instituiçõesligadas aos Estados, às religiões ouao capital – e, por isso, a orientação de “O MilitanteSocialista” identifica-se com a doAcordo Internacional dosTrabalhadores e dos Povos.

Agir para a construção da mobilizaçãounida é a tarefa essencial

trabalhador) e contra o qual seestão bater os trabalhadores eas populações de França;

- apresentou os seus elogiossolidários ao governo deRajoy, contra o qual está amaioria do povo daCatalunha, exigindo o maiselementar direitodemocrático de libertaçãodos seus deputados eleitos(ver pg 8).

Lá como cá, nada estádecidido definitivamente. Osavanços positivos dependemda luta dos trabalhadores, emunidade com as suasorganizações, como sempretem acontecido.

Poderão os trabalhadores eas suas organizaçõessindicais esperar que aAssembleia da Repúblicarevogue, por sua iniciativa,as normas gravosas doCódigo do Trabalho, quandoo não fez até aqui, e sendopúblico que o Governo e amaioria do GrupoParlamentar do PS se opõemà sua revogação?

A CGTP faz desta exigênciaa questão nuclear e afirmaque é necessária “amobilização geral pararevogar a norma da

As mobilizações dediferentes sectoresda populaçãotrabalhadora – paradefender postos de

trabalho, salários, direitoscontratuais, quer no sectorpúblico quer no sectorprivado, para salvar o ServiçoNacional de Saúde, pararesponder aos enormesdesafios colocados à Escolapública – põem na ordem dodia a necessidade de umGoverno que se apoie esubordine aos interesses damaioria do povo português;um Governo que procure osmeios de cooperação com osrepresentantes dostrabalhadores e daspopulações dos outros países,assente no respeito pelasoberania e identidadenacional de cada um.É neste sentido que muitosmilitantes – que se colocamno terreno da acção prática,para reconstruir o nosso paíscom base dos princípiosprogramáticos abertos pelamobilização dos trabalhadoresna Revolução do 25 de Abril– não podem compreendercomo é que o Primeiro-ministro de um governo doPS, assente em acordos com oPCP e o BE:

- expressou o seu entusiasmopela coligação SPD/Merkel(na Alemanha), rejeitada pelabase trabalhadora do SPD epelo seu sector da Juventude(ver pg 7);

- considerou uma “baforadade ar fresco” o governo deMacron, que impôs pordecreto presidencial adestruição de direitosfundamentais dostrabalhadores (até entãoinscritos no Código doTrabalho francês, como é ocaso do direito ao tratamentomais favorável para o

caducidade dos contratoscolectivos e repor nalegislação laboral a normado tratamento maisfavorável”.

Se a UGT aprovou, no seuúltimo Congresso, umamoção apresentada pordelegados de trabalhadoresdo sector da Banca, com omesmo conteúdo darevogação das normas maisgravosas do Código doTrabalho – em particular acaducidade dos contratoscolectivos e a lei dosdespedimentos colectivos –por que não hão-de sectoressindicais conseguir levar àconstrução da unidade naacção por estes objectivos?

E lembremos que é oSecretário-geral destamesma UGT, tãocontroversa, que se afirmaagora disposto a apelar àgreve para conseguir oaumento dos salários dostrabalhadores da FunçãoPública.

A FENPROF mostra queesta unidade é possível,através do seu exemplo,procurando a cada momentouma articulação nasreivindicações e formas deluta com as outrasorganizações sindicais dosdocentes.

Nada mais importante, porparte dos militantesoperários, seja qual for o seuquadrante político oupartidário, que darmo-nos asmãos para ajudar a construiresta unidade e retomar ocaminho aberto com o 25 deAbril, na Saúde, no Ensino,nos sectores básicos daeconomia. n

Carmelinda Pereira

Page 4: Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 tribuna

actualidade nacional >>>4

O direito à Saúde,como um direitouniversal egratuito, tal comoo 25 de Abril o

inscreveu na constituiçãoPortuguesa, antes dasrevisões constitucionais,continua presente naresistência das populaçõesem defesa do Serviçonacional de Saúde. Para o ilustrar, a nossaedite carvalho fez umaentrevista a FernandoGabriel motorista fabrilaposentado e Fernandocarqueijeiro canalizador,também aposentado daFunção Pública, ambos daVieira de Leiria.

o motivo da entrevista foi amobilização da populaçãoda Vieira de Leiria emdefesa da sua extensão deSaúde, iniciada em Maio de2017, em ligação com acomissão de utentes emDefesa do Serviço deAtendimento Permanente“urgências” (SAP) 24H daMarinha Grande.

Militante Socialista (MS) –Foram os principaispromotores e dinamizadoresde um abaixo-assinado quecirculou entre os utentes doPosto médico da Vieiraentregue no Gabinete doUtente do ACES(Agrupamento de Centros deSaúde) de Leiria, em Maio de2017. Porque razões ofizeram e que respostaobtiveram?

Fernando Gabriel (FG) – Omotivo principal foi a falta demédicos na Extensão deSaúde da Vieira de Leiria,com cerca de 5700 utentes eapenas um médico no ativo.Os utentes de uma médica,com baixa há cerca de doisanos, foram atribuídos a umoutro médico, sem seuconsentimento e os que nãotêm médico e pretendam umaconsulta são enviados para aMarinha Grande, semqualquer garantia de terem areferida consulta… e fazemesse percurso vezes semconta. Como se não bastassenão serem atendidos têm quesuportar a despesa dadeslocação.Com um grito de revolta eindignação surgiu,espontaneamente, um abaixo-assinado entre a população daVieira de Leiria, que recolheucerca de 250 assinaturas deutentes da referida médica.Entretanto, não recebemosqualquer resposta a esteabaixo- assinado.

MS – Perante a falta deresposta por parte do ACES,juntaram-se à Associação deReformados da Vieira deLeiria e pediram ajuda àComissão de Utentes do SAP24H da Marinha Grande, quejá integrava um representantedesta freguesia. Que decisãofoi então tomada?

Fernando carqueijeiro(Fc) – Nessa reunião foitomada a decisão deorganizar uma Assembleia deUtentes, no Auditório daJunta de Freguesia da Vieirade Leiria, com a suacolaboração e em especial aajuda do Presidente daAssembleia de Freguesia.

População da Vieira de Leiria defende a sua Extensão de Saúde

MS – Na Assembleia deUtentes, em 16 de Maio,presidida pela Comissão deUtentes, após uma intensa eacalorada discussão, foiaprovada uma Moção. Quaisas principais reivindicações?

FG – A Assembleia foi muitoparticipada. Estavam cerca de400 pessoas e a sala foiinsuficiente para acolher aspessoas presentes. As alaslaterais e o fundo estavamrepletos com pessoas de pé.Muitas disseram com emoçãona voz aquilo que sentiam. São estas as reivindicaçõesque fazem parte da Moçãoque foi aprovada, porunanimidade, no finalAssembleia: A reposição do médico emfalta na Extensão da Vieira; ofuncionamento das 8 às 17horas sem interrupção noperíodo de almoço, como erahabitual; a reorganização dosserviços permitindo que opedido de medicamentos sefaça até à hora de fecho e nãoaté às 11h; a resolução dosproblemas dos utentes naExtensão, sem recurso à sedede concelho; a afixação, naporta da Extensão, do númerode vagas diárias para cadamédico; o reatar dostratamentos ao domicílio paraas pessoas com mobilidadereduzida; e dotar a Extensãodo pessoal administrativo ede enfermagem necessário aoseu bom funcionamento.

MS – Desde então, já foramsatisfeitas algumas dessasreivindicações?

FG – Logo no início deJunho, tivemos a promessapor parte do director doACES, dr. Pedro Sigalho, emreunião com a Comissão deUtentes, da imediata

satisfação de todas asreivindicações. No entanto,até à data nenhuma foisatisfeita, com excepção dacolocação de uma médica porum período de 6 meses!!!

MS – O encerramento doSAP na Marinha Grande,ultimamente, no período das8 às 20 horas, durante grandeparte dos dias da semana,agravou ainda mais asituação dos utentes da Vieirade Leiria?

Fc – Sim. Muitos dosutentes sem médico defamília da Extensão da Vieirade Leiria, que aí se dirigiampara uma consulta,depararam-se com um papelafixado na porta enviando-ospara o SAP da Mª Grande.Esses utentes, semalternativa, eram em seguidareenviados para as urgênciasdo Hospital de Leiria.No entanto, é preciso dizê-lo,mesmo que fossematendidos, na maioria doscasos isso não resolvia asituação, visto que no SAP osmédicos não estãoautorizados a passar examescomplementares dediagnóstico. Foi a vontade de quererresolver estes problemas doCentro de Saúde e Extensõesdo concelho que levou apopulação a juntar-se, no dia22 de Janeiro, em frente aoCentro de Saúde, com aComissão de Utentes, com aimperiosa necessidade de darum prazo de resposta até aofinal do mês para a satisfaçãodas reivindicações, emparticular, a reabertura doSAP das 8 às 20 horas. n

Page 5: Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 tribuna

Tribuna Livre

ANO XIX ( II Série ) nº 132 de 16 de Fevereiro de 2018 / Publicação do

População de Tomar defende o seu Hospital

O novo Pinhal de Leiria

5

Uma das questões quemais tem unido aspopulações doconcelho de Tomar éa luta por um

Serviço de saúde de qualidade. Este objectivo começou a serperseguido no final do séculopassado, com a reivindicaçãoda construção de um hospitalpúblico.Após anos de pressões sobre opoder político, numa visita doEng. Guterres a Tomar,quando era Primeiro-ministro,

surgiu o compromisso públicodeterminante nesse sentido. O Hospital foi construído epassou a servir uma vasta áreaque vai da zona do pinhal(Ferreira do Zêzere) aoslimites do concelho de Ourémcom o distrito de Leiria.Por razões meramenteeconomicistas, há uns anos foicriado o Centro MédicoHospitalar do Médio Tejo,agregando os hospitais deAbrantes, Tomar e TorresNovas.

Desde então, foram encerradasvalências em Tomar que foramdistribuídas pelas outras duasunidades. Foi o caso daurgência médico-cirúrgica, porexemplo. No entanto, tanto oHospital de Abrantes como ode Torres Novas também têmperdido outras valências.A população e as forçaspolíticas uniram-se emanifestaram o seu desacordoquanto a esta decisão.Tendo o PS ganho as eleiçõesautárquicas no concelho de

Tomar no mandato anterior,foram votadas deliberações nosentido de reclamar doGoverno a promessa eleitoralde reverter a situação.Na verdade, ainda não foiconcretizado esse objectivo,mas…

A LUTA CONTINUA. n

Luísa Patrício, Militante do PS

Membro da Comissãopolítica da Secção de Tomar

Após a catástrofe de15 de outubroúltimo, em queardeu 86% do Pinhalde Leiria, algumas

ações de rearborização estão aser atualmente concretizadasna presente época deplantação, pois o tempo urge ea tarefa é de enormedimensão.A denominada sociedade civil,sempre solidária einterveniente perante ascatástrofes, tem sidoinexcedível e entusiasta notrabalho já realizado e aconcretizar nestes meses defevereiro e março, tal comoempresas, entidades públicas eprivadas, escolas e associaçõesdiversas. Mas, obviamente, terá de ser oEstado a assumir a arborizaçãode 1000 ha/ano (30 talhões)nos próximos 4 anos,plantando 2 milhões de novospinheiros bravos por ano, oque exige planeamento naapanha de semente e naprodução de plantas, eficáciana elaboração de projetos esua execução em tempo útil, ea disponibilidade do respetivopacote financeiro. Em2021/22 e após esta fase deplantação com pinheiro bravo,ter-se-á de iniciar o

aproveitamento daregeneração natural que napróxima Primavera surgiráabundantemente, em resultadoda germinação da semente dopinhal mais velho, intervindo-se de novo em cerca de 1000ha/ano, de modo a que em2027 toda a Mata Nacional(MN) esteja rearborizada,tratada e em plenocrescimento edesenvolvimento.Em redor de algunsaglomerados populacionais enos melhores solos, comoatualmente se faz em Vieira deLeiria, poder-se-á optar poroutras espécies florestais,designadamente o sobreiro,pois trata-se de árvores nobres,ambientalmente ricas eautóctenes; mas não nosiludamos com a ideia de queessa espécie defenderá nofuturo a MN dos incêndiosflorestais, pois o sobreiraltambém arde se não houverações conducentes à reduçãodo combustível quenaturalmente lhe estáassociado. O pinheiro manso, de que sevai falando, pode melhorar aestética da paisagem, mas nãotem provado nos núcleos ondeestava e está presente na MN,devido à pobreza e às

características do solo,situação extensiva a outrasespécies florestais.O Pinhal de Leiria tornou-sefamoso, aquém e além-fronteiras, pela produção depovoamentos de pinheirobravo e de madeiras dequalidade, devido àsintervenções culturais a que opinhal era submetido e ao tipode exploração aplicado; eassim deverá continuar,continuando a ser a Mata-modelo que sempre foi.As faixas de gestão decombustíveis (FGC) alocalizar ao longo dos aceirose das estradas que cruzam aMN de nascente para poente,portanto perpendiculares àprogressão dos fogos, sãoessenciais, direi mesmodeterminantes, para que a MNnão arda de novo; a que sedeverá juntar a limpeza dematos e de povoamentosflorestais, em benefício destes,os ora denominados“mosaicos de gestão decombustíveis”.As FGC deverão passar a serespaços estruturantes da MN,tal como o são a rededivisional e a rede viária, aque se deverá juntar oplaneamento e o treino deequipas de 1ª intervenção aosfogos nascentes, nas estruturasdos Bombeiros Voluntários doconcelho e no Instituto de

Conservação da Natureza edas Florestas (ICNF).Aprendamos com asinsuficiências evidenciadas em15 de outubro último; façamosdiferente e melhor no futuro,que temos de sábia einteligentemente preparar. n

Eng. Octávio FerreiraTécnico Superior do ICNF

Os nossos

Com todo o nosso pesar,deixou-nos a camarada“Tita”. Maria de FátimaTravanca Rodrigues foitambém fundadora doPartido Operário de UnidadeSocialista (POUS), Secçãoportuguesa da IVªInternacional. Desenvolveu asua actividade em muitas dasiniciativas que o POUStomou. Foi responsável porum melhor funcionamentoda contabilidade do POUS.

Page 6: Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 tribuna

6Reunião de balanço da CMA, em Lisboa

Os delegadosportuguesespresentes em Argel,na ConferênciaMundial Aberta

(CMA) contra a guerra e aexploração, reuniram-se a 13 deJaneiro em Lisboa (no SPGL),com militantes políticos esindicais de diversas correntesde opinião, que contribuíram etornaram possível a realizaçãoda CMA, para lhes dar conta dodebate e conclusões adoptadasem Argel.

O MS faz um resumo dasintervenções do(a)sdelegado(a)s portugueses,nesta reunião, onde tambémparticipou como convidadoKévin Crépin, dirigente doSindicato dos Agentes doMinistério do Trabalho(SNTEFP) da CGT francesa emilitante do Partido OperárioIndependente (POI), partidoque se empenhou naorganização da CMA.

Referindo o “quadro dediscussão e de confrontodemocrático das posiçõesdefendidas pelos delegadospresentes”,carmelinaPereira (delegada à CMA eresponsável do POUS),realçou dois aspectos que têmmarcado a actual crise mundial– a guerra militar depilhagem dos recursos naturaisem África e no Médio-Oriente,o cerco económico aos paísesque resistem a essa pilhagem(Venezuela, Cuba, …) e aguerra social na Europa, ondeos governos da UE ”…procuram, em nome dosinteresses do capitalfinanceiro, destruir os direitoslaborais e sociais conseguidos,na tentativa de salvar osistema capitalista, sendo elepróprio gerador da crise emque se afunda, que explica adebilidade dos governos e quecorrói a base social dosgovernos e partidos queaplicam ou permitem a

actualidade nacional >>>

aplicação destas medidas.

Estando quase os governosfragilizados, o que lhespermite aplicar estasmedidas?

Que obstáculos políticos têmimpedido os trabalhadorestravar e enfrentar com êxitoestas ofensivas dos governos edo patronato nos diversospaíses? O que tem faltado?

“Se quisermos que estaofensiva seja travada, épreciso organizar ummovimento, uma força àescala nacional einternacional que a ela seoponha.”, afirmou LuísaPatrício (delegada à CMA emilitante do PS), na suaintervenção:

“Os ataques e os alvos são osmesmos em todos os países.Os ataques são dirigidoscontra os direitos laborais,contra a Saúde, o Ensino e aSegurança Social. O alvo é amaioria da população, ostrabalhadores e os povosdesses países.

Esta ofensiva é levada a cabopor governos frágeis,governos que têm contadocomo o apoio dos partidostradicionais” (…) A aplicaçãodessas medidas tem

provocado a indignação dasbases (sobretudo dos sectoressindicais) desses partidos…”.Como resultado, temos “ascrises, o enfraquecimento oumesmo o desaparecimentodesses partidos, um pouco portoda a Europa.”

No final, um denominadorcomum: “Os delegadospresentes concordaram que setem de passar do debate àacção. Decidiram, nessesentido, propor a constituiçãode um Comité de LigaçãoInternacional.”

referindo-se às conclusõesda cMA, edite carvalho(militante do «Círculo deDiscussão do MS, na MarinhaGrande»), sublinhou: “… anecessidade de criar umquadro, uma forma deorganização permanente, quepermita, também em Portugal,o debate entre militantes dediversas correntes deopinião,… em relação aoscombates pela defesa dosdireitos laborais e socias.

Enquanto delegada à CMA esendo eu da Marinha Grande,proponho que lá se realizeum debate público sobre estasquestões.”

referindo-se aos temposdifíceis que se aproximam,

José casimiro (um dosdelegados à CMA,responsável do BE), justificoua constituição de “umComité de LigaçãoInternacional”, comocorrespondendo à necessidadede prosseguir a discussão,num quadro organizado, e aintervenção política “numanova etapa da luta que aívem”, em que se perspectivam“tempos de novasconfigurações no Mundo e naEuropa”, para os quais “temosde encontrar respostas”.

Dos delegados presentes emArgel, falou por último Kévincrépin, que disse em síntese:

“Há dois elementos queressaltam do debate havido naCMA:

O primeiro é a aceleração daofensiva contra ostrabalhadores e os povos (…),contra as conquistas sociais, econtra a soberania dos países.Os aposentados, a Segurançasocial, o Código do Trabalho,as empresas aindanacionalizadas são atacados,por todo o lado. Esta ofensivaé acompanhada de ataquescontra os direitos maiselementares dostrabalhadores.

(…) A este primeiro elemento– os ataques sem precedentes,a crise provocada pelasexigências do capitalfinanceiro – contrapõe-se umsegundo elemento: aresistência dos trabalhadorescom as suas organizações.

Uma resistência que éconfrontada com problemas. Épor isso que a CMA propõeum Comité de Ligação paraprosseguir a discussão e atroca de opiniões políticasentre nós.” n

HGC

Delegação de Portugal à CMA, realizada entre 8 e 10 de Dezembro de 2017 (da direitapara a esquerda): Carmelinda Pereira - Deputada à Assembleia Constituinte pelo PS,

em 1975-76; dirigente do POUS; Edite Carvalho - Funcionária da EmpresaIntermunicipal (Leiria); Maria Luísa Patrício - Professora do Ensino Secundário (PS);José Casimiro - Membro da Coordenadora Nacional de Trabalho (CNT) do BE; JoãoVasconcelos - Deputado pelo Bloco de Esquerda (BE) na Assembleia da República.

Page 7: Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 tribuna

7

ANO XIX ( II Série ) nº 132 de 16 de Fevereiro de 2018 / Publicação do

declarou: “Trata-se de ummomento decisivo. Noconjunto do sector público, odogma da externalização(subcontratação a privados)provocou devastações.Frequentemente, são asmesmas empresas que passamde serviço em serviço,recolhendo os lucros e nãofornecendo a qualidade deserviço que as pessoasmerecem. A prova está feita eexiste em todo o lado.”Ele prometeu que o Labour,quando voltar ao poder, poráfim à externalização erenacionalizará os serviçosprivatizados. Ora foi TonyBlair (primeiro-ministro deum governo do Labour) que,a partir de 1997, permitiu amultiplicação de parceriaspúblico-privadas (1). O seuGoverno abriu caminho àprivatização do Sistemanacional de saúde pública, oNHS, obrigando os Serviços arecorrer a subcontratadosprivados mais baratos. SallyMorgan – ministra dasMulheres e da Igreja, nogoverno de Blair – é membrodo Conselho deAdministração da Carillion,desde o passado mês deJulho… Um comunicado do Unite, o

maior sindicato do ReinoUnido, também apela àrealização de um inquérito eafirma que “a melhor maneirapara que o público não paguepelos fracassos repetidos dosector privado é o serviçopúblico retomar essescontratos”. Pelo seu lado, oRTM (Sindicato dosFerroviários) fez um apelo(numa carta dirigida aoPresidente da Câmara deLondres, Sadiq Khan) para queeste “tome medidas imediataspermitindo que os trabalhosferroviários da Carillion sejamassumidos directamente pelaTransport for London (aempresa pública que gere oMetro e a rede de transportessuburbana de Londres), comuma protecção garantida damão-de-obra, dos empregos,dos salários e das pensões deaposentação”.A 3 de Fevereiro, ocorreu umajornada de manifestações –convocada por váriossindicatos, organizações deesquerda e associações – emdefesa do NHS. As palavras deordem dos organizadoresforam: “Pôr fim à crise queacontece em todos os invernos,com uma injecção de verbaspara restaurar o Orçamentodo NHS; compromisso de que

o seu financiamento sejaaumentado todos os anos; fimdo congelamento dos saláriosno NHS; não aos cortes, aofecho de serviços e àsprivatizações.» n

Correspondente do Labour News (2)

(1) Um Relatório divulgado 18 deJaneiro de 2018, por um órgão defiscalização britânico, questionou omodelo de parcerias público-privadas(as chamadas PPPs), reforçando umdebate já quente nessa altura, no ReinoUnido, sobre a subcontratação de obraspúblicas a privados. Esse Estudo do National Audit Office(NAO, uma espécie de Tribunal deContas, ligado ao Parlamento),elaborado antes da falência daCarillion, indica que o contribuintebritânico terá de pagar quase 200 milmilhões de libras (nos próximos 25anos) – montante suficiente parafinanciar todo o Sistema nacional desaúde durante 20 meses – emfinanciamento de projectos de PPPsem, no entanto, ser obtido um clarobenefício no uso da iniciativa privadaem obras e gestão de serviçospúblicos.(2) O Labour News é um Boletimeditado por militantes do PartidoTrabalhista que são simpatizantes daIVª Internacional. Este artigo foitraduzido de Informations ouvrières –Informações operárias, o semanário doPartido Operário Independente, deFrança – edição nº 487, de 25 deJaneiro de 2018.

Aempresa britânicaCarillion anunciou asua falência, hápoucas semanas. Acompanhia emprega

43 mil trabalhadores a nívelmundial, estando 19 mil noReino Unido. O Fundo depensões da Carillion registaum défice de 600 milhões delibras (cerca de 680 milhões deeuros), que serão cobertos peloFundo de Protecção dasAposentações (organismopúblico que garante opagamento das pensõesquando os Fundos privadosvão à falência), mas haveráprovavelmente uma reduçãono valor pago aos aposentados. Para além da falência e dosempregos destruídos, é todoum sistema económico quefica a nu: o da privatização dosserviços públicos. Em 2016, aCarillion anunciara cerca de 6mil milhões de libras de lucros,dos quais um terço provinha decontratos públicos. A Carillion, originalmente umaempresa da construção civil, éuma das companhias que maisobtêm contratos públicos nopaís: instalações olímpicas,biblioteca de Birmingham,hospitais em várias cidades,linhas ferroviárias, etc. Étambém a subcontratadaresponsável pela cantina de900 escolas públicas, dasrefeições de 18500 pacienteshospitalares e da manutençãode cerca de 200 hospitais, de50 mil instalações militares ede metade das prisões do país!

A posição do PartidotrabalhistaO Partido Trabalhista (LabourParty) solicitou um estudosobre a gestão de contratospúblicos, alguns dos quaisforam outorgados, ainda emNovembro, a uma empresa àbeira da falência. JeremyCorbyn, líder do partido,

1reino unido I Carillion: falência do sistemade privatizações iniciado por Blair

Esta empresa britânica tinha registado lucros gigantescos com a privatização dos serviços públicos.

Page 8: Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 tribuna

8 actualidade internacional >>>estado espanholSob fundo de mal-estar social,impasse na Catalunha

História da luta de classes noEstado espanhol, todos osdireitos democráticos e sociaisforam conquistados através daacção comum entre ostrabalhadores e os povos,arrastando as suasorganizações. Todas aspolíticas que visaram obter oapoio dos governos dos outrospaíses da União Europeia oudas instituições financeiraslevaram à derrota.Mais do que nunca, aexigência da libertação detodos os presos políticos e dofim das perseguições judiciaiscontra eles é um dever detodos os militantes operáriosque combatem pela unidade dasua classe.

Apelo em defesados presospolíticos catalães(extratos)Sindicalistas do estadoespanhol, muitos delesdirigentes ou delegados deestruturas sindicais (tanto dauGt, como das ccoo)tomaram a iniciativa delançar um abaixo-assinadodefendendo a libertaçãoimediata e incondicional detodos os militantes e eleitoscatalães encarcerados e o fimda perseguição judicialexercida em nome daaplicação do Artigo 155 daconstituição.

Cem dias após aaplicação, por partedo Governo daMonarquia, do Artigo155 da Constituição

– que colocou sob tutela asinstituições catalãs – continuaa haver uma total incerteza.Por um lado, o aparelhojudicial continua a perseguiros dirigentes nacionalistascatalães (actualmente, há umacentena deles que está naprisão, no exílio ou sobcontrolo judicial); por outrolado, os porta-vozes daMonarquia – como é o caso dojornal ABC – acusam oGoverno e os adeptos daConstituição de não fazerem oque é necessário para impediro avanço dos nacionalistascatalães.Em todo o caso, o objectivodo governo de Rajoy pareceser forçar os independentistasa constituir um Governo naCatalunha que aceite aConstituição e aplique oconjunto da política deausteridade ditada pelo capitalfinanceiro. Isso provocou umadivisão evidente entre ospartidos independentistas,tendo como ponto central apossibilidade de CarlesPuigdemont ser candidato àPresidência do Governo ou,em alternativa, encontrar umcandidato que não esteja a serperseguido pela Justiça.De imediato, é necessário tiraruma primeira lição: na

militantes operáriosresponsáveis tornar nossa aexigência de liberdadeimediata dos presos e do fimda perseguição judicial. Edefendemo-lo venhamos deonde viermos, e – repetimo-lo– independentemente daopinião de cada um de nóssobre o fundamento do direitoà autodeterminação dos povosde Espanha,

Ao dar este passo, temosconsciência de estar acontribuir para desmontar aarmadilha da divisão eenfrentamento entre os povosque nos monta umaMonarquia em profunda crise,com o objectivo de impôr umanova reforma das pensões deaposentação e mais umareforma laboral. (…)Conscientes da importância deque se reveste a defesa dosdireitos democráticos maisfundamentais, no momento emque, por todo o continente, sedesenvolve uma ofensiva semprecedentes contra os direitosdos trabalhadores; Decidimos dirigir-nos a vocês– militantes e responsáveisoperários de todos os povos daEuropa – para vos pedir queparticipeis neste nosso apelo,sob as formas que vospareçam ser as melhores.

Assinai e fazeiassinar este Apelo

Libertação de todosos militantes eeleitos catalães!

Fim da perseguiçãojudicial! nenviem os vossos apoiospara comité para a Aliançados trabalhadores e dosPovos (cAtP) [email protected]

Dirigimo-nos a todos osmilitantes e responsáveisoperários – que, em toda aEuropa, assistem incrédulosaos acontecimentos emEspanha – para os convidar aparticipar nesta exigência.

Somos militantes operáriosprovenientes de todos ospovos do Estado espanhóis(tanto da Catalunha como deoutros lugares). Temosdiferentes opiniões sobre osacontecimentos da Catalunhae, inclusive, sobre o direito dopovo catalão a decidir; mas,todos e todas defendemos osdireitos democráticos e, porisso, exigimos a liberdadeimediata de todos os militantese representantes dos Catalães eo fim imediato dasperseguições judiciais contraeles.

Há centenas de pessoasprocessadas. DoisConselheiros do Governocatalão continuam na prisão,três estão em liberdade compesadas fianças, e cinco forampara a Bélgica para evitarserem detidos. Dois membrosde associações que defendem aindependência da Catalunhaestão presos. Centenas deautarcas foram processados. Esão anunciados mais processosa deputados e ex-deputadoscatalães, a professores,...

Para nós, todos os ataques aosdireitos democráticos maisfundamentais, qualquer ataqueao direito a expressarlivremente as própriasopiniões e a defendê-las, emqualquer parte do Estadoespanhol, constitui umaameaça para a classe operáriade todo o país e de todos osseus povos.

Quando está a serdesenvolvida, em toda aEuropa, uma ofensiva semprecedentes contra todas asconquistas sociais; nomomento em que em Espanhatodos os direitos conquistadospela classe operária após amorte de Franco sãobrutalmente atacados;consideramos nosso dever de

Pela libertação dos presos políticos, 11 de Novembro, em Barcelona.

Page 9: Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 tribuna

recursos do Pré-Sal (4) entregue àspetrolíferasestrangeiras;recupere oinvestimento nosserviços públicos,como saúde eeducação,esmagados pelaPEC (5) do tectode gastos; devolvaos direitosroubados com acontrarreformalaboral. E mais,avance emreformas estruturais, como aReforma Agrária, desmilitarizeas polícias militares (PMs) quepromovem violência contra opovo, e rompa com omecanismo da dívida quebeneficia o capitalespeculativo. Enfim, que umgoverno de Lula, comAssembleia Constituinte, façafrente à ofensiva doimperialismo contra o povobrasileiro.A defesa do direito de Lula aser candidato é uma tarefa detodos que defendem ademocracia,independentemente do modocomo irão votar em Outubro.Pois “Eleição sem Lula éFraude!”.Com esta palavra de ordem, atarefa é multiplicar amplosComités em defesa daDemocracia e da Candidaturade Lula. Comités que, naspróximas semanas, devemabraçar a mobilização contra avotação da contrarreforma daPrevidência. Mas, afinal, o que está em jogoé Lula ser candidato parapermitir à maioria do povoexpulsar os golpistas do poder. Daí que, pela nossa parte,dizemos: é Lula desde o 1ºturno! O que é uma incitamento àrealização da campanha e umdesafio ao STF (5), cujo prazolegal para tentar impedir Lula

ANO XIX ( II Série ) nº 132 de 16 de Fevereiro de 2018 / Publicação do

9

é posterior à 1ª volta daseleições. É, também, uma pedralançada sobre a hipótese deum “plano B” no PT e, ainda,uma questão colocada aoPCdoB (7), PDT (8) e PSOL(9). Manuela, Ciro e Boulos(apoiados por estas forçaspolíticas) são pré-candidatospelas suas próprias razões –assegurar um número devotos que lhes garantafinanciamento público,disputar a sucessão de Lula oufazer propaganda alternativa –que não correspondem aointeresse superior do povo. Uma vez mais, tudo (energiamilitante, esforço

No próximo período,a luta para impedirque prossiga atragédia nacional –com os ataques aos

direitos dos trabalhadores, àdemocracia e à soberania –tem uma tarefa central. Com a confirmação eampliação da condenação deLula, o TRF4 (2) subiu maisum degrau na escalada docapital financeiro, através daspodres instituições com asquais conta no Brasil, paraimpedir Lula de ser candidato.Isto não vai parar, pois osinteresses imperialistassentem-se ameaçados pelaexistência de uma candidaturana qual amplas massastrabalhadoras depositam assuas esperanças. A preferência de Lula nassondagens, mesmo após ojulgamento no TRF4, aadesão às Caravanas (3), quedevem ser retomadas, indicaque o povo trabalhador seagarra à saída política que vêcomo palpável, para acabarcom a destruição golpista. É oque os patrocinadores dogolpe não podem tolerar,numa situação mundial naqual, para a sobrevivência dosistema da propriedadeprivada dos grandes meios deprodução, os capitalistasprecisam reduzir o custo dotrabalho avançando contra osdireitos laborais eapropriando-se das riquezasnacionais. No Brasil, precisam aniquilara possibilidade de que amaioria oprimida possaresistir, para aplicarem acontra-reforma laboral, paragarantir a aprovação dacontra-reforma da Previdência(Segurança Social) e libertarrecursos para a especulaçãofinanceira, e para continuar adelapidação das nossasriquezas. Precisam aniquilar apossibilidade de que Lula,uma vez eleito, recupere os

O Plenário nacional desindicatos da FENPROF,reunido em Lisboa a 2 deFevereiro de 2018 –considerando que para amobilização do povo brasileiropoder sair vitoriosa é muitoimportante a solidariedadeinternacional – juntou-se àampla campanha desolidariedade internacional emdefesa da democracia e dasoberania no Brasil, reiterandoaos trabalhadores, ao povo e aomovimento sindical desse país

Brasil I A mãe de todas as batalhas

Solidariedade com a luta em defesa da democracia e da soberania no Brasil

financeiro,…), deve sercolocado por todos ostrabalhadores e jovensconscientes ou simplesmenteinformados, ao serviço dodireito de candidatura de Lula,da sua eleição e da garantia dasua tomada de posse! n

(1) Jornal cuja publicação é daresponsabilidade da Secção brasileirada IVª Internacional (cujos militantesfazem parte da Corrente do Partido dosTrabalhadores – PT, com essa mesmadesignação)(2) Tribunal Regional Federal da 4ªRegião.(3) Organizadas por Lula em todo oBrasil.(4) Jazigos petrolíferos em águascosteiras situados a muitos milhares demetros de profundidade sob umaespessa camada de sal, em rochaschamadas pré-salíferas.(5) Emenda constitucional.(6) Supremo Tribunal Federal.(7) Partido Comunista do Brasil, deorigem maoísta.(8) Partido Democrático Trabalhista(nacionalista).(9) Partido Socialismo e Liberdade(centrista, de «esquerda»).

a solidariedade e o apoio nasua luta contra o golpe, emdefesa dos seus direitospolíticos, laborais e sociais, umrumo indissociável dacandidatura de Lula da Silvaàs eleições presidenciais.

também a comissão executivada cGtP, a Direcção do SPGL(em carta dirigida aoembaixador do Brasil emLisboa) e alguns membros daDirecção da uGt tomaramidêntica posição. n

Editorial do jornal “O Trabalho” (1) de 1/2/2018

Page 10: Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 tribuna

10 actualidade internacional >>>euA I Um ano de Trump na Casa Branca (1)

No passado dia 20 deJaneiro, DonaldTrump festejou oprimeiro aniversárioda sua entrada na

Casa Branca. Um ano de criselatente, parecendo ir explodira qualquer momento, mas quetodas as forças políticas dosEUA tentam conter.

um shutdown comoprenda deaniversárioO seu ano como presidentedos EUA terminou emparticular com um shutdown(paragem de actividade): naausência de acordo sobre oOrçamento para 2018 entre oPresidente, a Câmara dosRepresentantes e o Senado(onde eram necessários 60votos e os Republicanos sóocupam 51 lugares), asdespesas públicasconsideradas como não-essenciais foraminterrompidas a partir de 20 deJaneiro, lançando centenas demilhares de funcionários emdesemprego técnico, antes deter sido encontrado umcompromisso três dias maistarde. Contudo, estecompromisso só permitiu ovoto de um Orçamento parcialaté 8 de Fevereiro, tendo àúltima hora sido evitado um

novo shutdown (2).Este género de episódio é umfenómeno habitual na políticados EUA: a maioria dos seuspresidentes, desde a décadade 1970, teve que lidar comele. Mas, ao contrário do quelhe é habitual, Trumpcolocou-se na retaguarda,neste período, deixando asnegociações a cargo damaioria republicana, efelicitando-a mesmo por elater obtido um compromissocom os Democratas…compromisso relativo àpossibilidade de não expulsaros imigrantes ilegais entradosem criança no território dosEUA, e portanto dirigidodirectamente contra oprograma do Presidente.

A maioriarepublicana sofrerevés eleitoral erebela-seAs poucas eleições parciaisque se realizaram desde háum ano deram muito mausresultados aos Republicanos,os quais perderam emparticular o representante doAlabama, Estado consideradoimperdível para um candidatorepublicano. Esta derrota foivista como uma consequênciadirecta da impopularidaderecorde de Trump.

Tudo poderia levar a crer queas próximas eleições estariamantecipadamente ganhas, masa crise que levou Sanders –representante da esquerdaanti-statu quo no seio dosDemocratas – ainda não foisanada.O Partido Democrata temclaramente um programa deataque contra as conquistasdos trabalhadores dos EUA.Foi por isso que o últimoCongresso da AFL-CIO (3)acaba de decidir o fim do queos Americanos designamcomo «o mal menor», queconsiste em apelarsistematicamente a votar“democrata”, a pretexto deque os Republicanos aindafariam pior.Ao tomar esta decisão, oCongresso abriu umadiscussão sobre apossibilidade de candidaturasindependentes, assim como dapossível formação de um«terceiro Partido».Sem antecipar ao que levaráesta discussão, torna-se claroque isto justifica largamente aatitude prudente dosdirigentes Democratas. n

(1) Análise de Devan Sohier,correspondente nos EUA deInformations ouvrières(Informações Operárias, semanáriodo Partido Operário Independente,de França), publicada no seu nº 489,de 7 de Fevereiro de 2018.(2) Houve entendimento noCongresso para um acordoorçamental de dois anos de 300 milmilhões de dólares (243 mil milhõesde euros), que vai aumentar o limiteda despesa militar, bem como dosgastos do Governo federal.(3) A Federação Americana doTrabalho e Congresso deOrganizações Industriais (do inglêsAmerican Federation of Labor andCongress of IndustrialOrganizations), conhecida por suasigla AFL-CIO, apesar das cisõesque tem sofrido, é ainda a maiorCentral operária dos EUA e Canadá.

Mas mesmo no seio damaioria republicana a posiçãode Trump é frágil. Porexemplo, a oposição dosenador McCain, que foicandidato republicano àPresidência, torna-se cada vezmais aberta. Depois de tersido o principal membro doPartido Republicano a tervotado contra a lei de Trump,que revogou o Obamacare noVerão passado, McCain temtomado regularmenteposições contra os anúnciosde Trump.

um GovernofragilizadoFragilizado na arenaparlamentar, o governo deTrump também o está noterreno judicial, onde asquestões respeitantes ao apoiodo Governo russo à suaeleição o enterram cada vezmais. Ministros(nomeadamente Sessions, oministro da Justiça) emembros da família deTrump (o seu filho, emparticular) são directamentevisados pelo inquérito a cargodo «Procurador especial»,Robert Mueller. Mas esteinquérito é também esobretudo um revelador dastensões que existem entre oGoverno dos EUA e a suaAdministração. As diatribesde Trump contra o FBI (aPolícia federal dos EUA) oucontra a Justiça indicam quãoprofunda é a crise na cúpulado Estado.

contudo, osDemocratas nãotiram proveito dissoPerante esta crise aberta nogoverno dos EUA, osDemocratas têm sido muitodiscretos: poucos apelos àdemissão, poucas ameaças deimpeachment (destituição doPresidente pelo Congresso).

O presidente Donald Trump perante o Congresso, no seu primeirodiscurso sobre o estado da União, a 30 de Janeiro de 2018.

Page 11: Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 tribuna

11

utilizamos este título dotexto de trotsky de 1939,porque continua a definirbem o que significa Marxhoje, quando no dia 5 deMaio se completam 200anos do seu nascimento: umpensamento vivo.

Não é uma afirmaçãoretórica: ela éverificada a cadadia. Marx foi umdestacado militante

que teve uma participaçãoimportante na constituição domovimento operário desdemeados do século XIX.Odiado pela burguesia, foicaluniado, perseguido edesterrado, de modo que pôdeconhecer directamente asituação das classestrabalhadoras, no só na suaRenânia natal, mas tambémem Paris, Bruxelas e Londres.Fundou e colaborou emnumerosos periódicos(Primeira Gazeta do Reno,Vorwärts de Paris, GazetaAlemã de Bruxelas, NovaGazeta do Reno, New YorkTribune,…). Possuidor de uma vastaformação em diversos campos(Filosofia, História, Direito,etc.), em Janeiro de 1848publica uma obra crucial, como seu camarada FriedrichEngels, o Manifesto doPartido Comunista, cuja fraseinicial é premonitória dasrevoluções que se estenderãopela Europa nas semanasseguintes: “Um fantasmapercorre a Europa, ofantasma do comunismo”.Depois, ambos participamnum dos maiores marcos daHistória do movimentooperário, a proclamação daAssociação Internacional dosTrabalhadores, a 28 deSetembro de 1864, numcomício em Londres, no St.Martin’s Hall (note-se que foiMarx quem redigiu oManifesto inaugural e os seus

primeiros Estatutos). O seu compromisso políticoinspira a sua elaboraçãoteórica, formulando ummétodo de análise para acompreensão da História dahumanidade, baseado numaconcepção materialista domundo e num modo dialéticode pensar. Marx identifica naeconomia a base para aexplicação dos problemas daclasse trabalhadora,dedicando-lhe grande parte doseu trabalho teórico dosúltimos anos da sua vida. Emparticular, aplicando estemétodo à economia capitalista,em O capital – obra inacabadamas magistral, que constitui oculminar da melhor tradiçãoda História do pensamentoeconómico. Nela formula, com precisão, abase material da exploração: amais-valia (ou trabalho nãopago) que a classe capitalistaextrai da classe operária. Marxexplicou assim o fundamentoda luta de classes, que não seinterrompe (nem poderáinterromper-se) enquantosubsistir o regime baseado napropriedade privada dos meiosde produção. Além disso,conclui esse estudo revelandoo carácter crescentementecontraditório do modo deprodução capitalista, resultadoda lei da baixa tendencial da

taxa de lucro. Mostra, destemodo, os limites históricos docapitalismo. É previsível que, tendo comopretexto o bicentenário do seunascimento, sejam financiadasbastantes publicações com oobjectivo comum de manchara imagem do militante eteórico operário que ele foi.Falar-se-á, seguramente, deque há muitos Marx,lamentando que uma mentegenial tivesse sidodesaproveitada; dir-se-á que opassar do tempo o tornouanacrónico. E, em geral, umasérie de subterfúgios e defalsificações. Não é nada denovo, pois ele já o sofreu emvida. Também foi o caso docatecismo em que oestalinismo quis converter asua obra, manipulando-adesde a raiz. Mas Engelstinha-o deixado claro, numacarta a Sombart, em 1895:“Tudo o que Marx concebeunão é uma doutrina, mas simum método. Não apresentadogmas estabelecidos, massim pontos de partida parainvestigação ulterior, bemcomo o método para essainvestigação”.E tal como este ensinamentoteórico, também oensinamento político resultainequívoco: a necessidade daorganização política

independente da classeoperária, com uma perspectivainternacionalista, quedesemboque na rupturarevolucionária com a “ordem”burguesa. Marx e Engels játinham falado, em 1844, de“revolução permanente”, naSagrada família. Seis anosdespois, nas Lutas de classesem França, 1848-1850, Marxapresenta una formulaçãoplenamente actual, perante abarbárie em que nos instala asobrevivência do capitalismo:“Este socialismo é adeclaração da revoluçãopermanente, da ditadura declasse do proletariado, comoponto necessário de transiçãopara a supressão dasdiferenças de classe em geral,para a supressão de todas asrelações de produção em queestas classes assentam, para asupressão de todas as relaçõessociais que correspondem aessas relações de produção,para a subversão de todas asideias que provêm destasrelações sociais”. Os aniversários são boasocasiões para comemorar, nãode forma vazia, mas simextraindo as lições que nos sãofornecidas pelos textos e avida do aniversariante. Isto éespecialmente válido tratando-se da figura de Marx, pelosseus valiosos contributosteóricos e políticos, as duasfaces inseparáveis da sua in-comparável personalidade. n

[Na segunda parte desteartigo, que aparecerá nopróximo número do MS, serádesenvolvida de forma maisdetalhada a plena actualidadedo pensamento de Marx]

Por Xabier ArrizabaloMontoro, membro do Comitéde redacção de Información

Obrera (jornal publicado peloPOSI – Secção espanhola da

4ª Internacional).

ANO XIX ( II Série ) nº 132 de 16 de Fevereiro de 2018 / Publicação do

Bicentenário do nascimento de Marx1818-2018: o pensamento vivo de Karl Marx (1)

Page 12: Tribuna Livre da luta de classes o militante socialista€¦ · mobilização unida é a tarefa essencial 04 População da Vieira de Leiria defende a sua extensão de Saúde 05 tribuna

12 actualidade internacional >>>Alemanha: Rejeição da Grande Coligação (1)

A rebelião da base do SPD continua a crescer

Agrave derrotapolítica daDirecção doPartido Social-Democrata alemão

(SPD) – primeiro naseleições legislativas e, emseguida, no seu Congressoextraordinário – pesou nasnegociações para a sua

coligação com Merkel e aUnião (2), e constituitambém um enormeenfraquecimento e umaderrota para o novo Governode grande coligação, mesmoantes de ter sido constituído.Esta derrota também afectou oSecretário-geral da DGB (3),Hoffman, que, no Congresso

do SPD, assegurou – emnome dos secretários dossindicatos de ramo – “opleno apoio” à entrada doSPD na Grande Coligação eprometeu “umacompanhamento crítico”por parte dos sindicatos daDGB. Juncker, Macron e outros

dirigentes europeus vêem-seobrigados a apelar,sistematicamente, àresponsabilidade do SPD,para que ele assuma ocompromisso de constituirum Governo estável,supostamente capaz deimpedir o afundamento daUE (ver caixa).

“Renovação do SPD” –tem tido um amplo eco erecebido uma atençãopositiva. Uma iniciativa desindicalistas constata que“o colega Hoffman, comoSecretário-geral da DGB,não tem legitimidadedemocrática para a suaintervenção a favor daentrada do SPD na GrandeColigação. Não tinhadireito a falar em nome dos6 milhões de filiados daConfederação e não tinharecebido qualquer mandatopara isso de nenhuma dasinstâncias dos sindicatos deramo”. No seu apelo dirigem-se a“todos os membros do SPDque se reivindicam darepresentação política dosinteresses dos trabalhadorese se sentem ligados aomovimento sindical. Damos-vos conta da nossa completasolidariedade e apoio na lutapelo Não à GrandeColigação! Pelo Não aoprosseguimento da políticadestruidora da Agenda! (4)” Mas também estão amultiplicar-se osobstáculos. As trêscomponentes da coligaçãotêm pressa. Por isso, aDirecção do SPD decidiuque, para participar naconsulta aos membros doPartido, a qualidade de

novo filiado teve que serconfirmada até 6 deFevereiro. O resultado dasnegociações para a coligaçãofoi divulgado a 8 deFevereiro, tendo começadodois dias mais tarde aconsulta aos membros parasaber se estes aceitam oprograma de um Governo decoligação do SPD com osdois partidos da União, sob adirecção da chancelerMerkel. As formalidadesburocráticas para a entradade novos membros terãocomo consequência que àmaioria dos novos membrosserá negada a participação naconsulta (referendo). Sem se deixar impressionarpelas escaramuças dosnegociadores de coligação àvolta de novas “correcçõesdos erros da Agenda”, ostrabalhadores da metalurgiavêm demonstrando a suavontade de lutar e de entrarem greve. A Direcção do IGMetall tem tido grandedificuldade em opor-se a essavontade. Mais de 900 milmetalúrgicos já participaram,no decurso das últimassemanas, em curtas greves deadvertência. A Direcção doIG Metall acaba, agora, deapelar – pela primeira vez naAlemanha – a greves deadvertência de 24 horas, naindústria metalúrgica eeléctrica. Os trabalhadores

da metalurgia queremimpedir a aplicação doprincípio dos empregadoresque consiste em que sejam ospróprios trabalhadores apagar a redução do seutempo laboral com perdas desalário. Por outro lado, está a terlugar um relançamento daluta contra a precarizaçãodos contratos de trabalho epela reconquista dasConvenções colectivas. n

(1) Actualizámos e sintetizámos umartigo de Carla Boulboullé (daredacção de “Soziale Politik &Demokratie”, SoPoDe), datado de 1de Fevereiro de 2018. Trata-se dojornal “Política Social eDemocracia”, que é animado pormilitantes do SPD mas em oposiçãoà linha oficial da Direcção destePartido.(2) A “União” designa a aliançaentre a União Cristã-Democrata daAlemanha (CDU) e a União Cristã-Social (CSU, que só existe noEstado da Baviera).(3) A DGB é a maior Confederaçãode Sindicatos (de ramo) daAlemanha, onde estão integrados osdois maiores sindicatos alemães (oIG Metall, cuja maioria sãometalúrgicos, e o Ver.di, que integrasobretudo trabalhadores da FunçãoPública).(4) A chamada Agenda de Schröder,apresentada como um instrumentolegislativo para a defesa da“competitividade” da economiaalemã, continha ataques centrais àsleis que funcionam como Código doTrabalho e contra direitos sociaisestipulados na Constituição alemã.

O semanário Expresso, de 10de Fevereiro, dedica todauma página ao Acordo paraa constituição de um novoGoverno na Alemanha.Diz em particular: “ParaAntónio Costa, os termos doAcordo negociadofavorecem não só aspossibilidades de reforma daZona Euro, como aspropostas e ideias que oGoverno português temdefendido a esse propósito.”O que estará efectivamentepor detrás deste apoio deCosta à Grande Coligaçãona Alemanha? n

costa apoia Grande coligaçãona Alemanha