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o militante socialista Tribuna Livre da luta de classes Publicação Mensal 02 Predominância da assembleia da república ou da “concertação social”? 03 editorial: organizar a frente única 04 «Desvio» no plano de reestruturação da cgD pode acelerar despedimentos 05 organizar a luta contra os despedimentos na Banca mimetismo político 06 a defesa do serviço nacional de saúde na marinha grande 07 grupos de discussão na marinha grande e em oeiras Durão Barroso no goldman sachs 8/11 Dossier “em defesa da escola Pública em todo o mundo”: china; França; méxico; Portugal; estado espanhol; Brasil; eua 0 12 França: trabalhadores e suas organizações não cedem perante Hollande 13 reino unido: a luta para afastar imediatamente os conservadores do poder 14 estado espanhol: ninguém quer governar com rajoy 15 Brasil: a cut propõe a greve geral contra o golpe 16 cimeira da nato: a crise da união europeia fez-se convidada Indice Director: Joaquim Pagarete ano XViii (ii série) 123 24 De JuLHo De 2016 1 euro frente única . para revogação das leis anti-laborais . contra a precaridade . em defesa da contratação colectiva e das organizações operárias Dossier em defesa da Escola Pública Portugal Brasil México Barroso, o homem do capital financeiro

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o militante

socialista

Tribuna Livre da luta de classes

Publicação Mensal

02 Predominância da assembleia da

república ou da “concertação social”?

03 editorial: organizar a frente única

04 «Desvio» no plano de reestruturação dacgD pode acelerar despedimentos

05 organizar a luta contra os despedimentos na Banca

mimetismo político

06 a defesa do serviço nacional de saúde na marinha grande

07 grupos de discussão na marinha grande e em oeiras

Durão Barroso no goldman sachs

8/11Dossier “em defesa da escola Pública em todo o mundo”: china; França; méxico; Portugal; estado espanhol; Brasil; eua

012 França: trabalhadores e suas

organizações não cedem perante

Hollande

13 reino unido: a luta para afastar

imediatamente os conservadores do

poder

14 estado espanhol: ninguém quer

governar com rajoy

15 Brasil: a cut propõe a

greve geral contra o golpe

16 cimeira da nato: a crise da união

europeia fez-se convidada

Indice

Director: Joaquim Pagarete ano XViii (ii série) nº 123 24 De JuLHo De 2016 1 euro

frente única. para revogação das leis anti-laborais . contra a precaridade. em defesa da contratação colectiva e das organizações operárias

Dossier em defesa da Escola Pública

PortugalBrasil

México

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actualidade nacional >>>

Predominância da Assembleia da República ou da“concertação social”?

Aresistência emobilização dostrabalhadores, dosmilitantes e quadrossindicais no nosso

país, desenvolvidas ao longode quatro anos, acabaram pormodificar o quadro político.Elas impediram que o PSD eo CDS – partidosrepresentando directamenteo sistema assente napropriedade privada dosmeios de produção –pudessem continuar noGoverno, sozinhos ouapoiados no PS.Mas a família política a queesses partidos estão ligados anível internacional –encarnando os interesses enecessidades do capitalfinanceiro e dasmultinacionais (FMI einstituições da UniãoEuropeia) – não abre mãodas políticas que lhes garantea sua sobrevivência tanto emPortugal como nos restantespaíses do mundo.

As instituições do capitalfinanceiro não toleramalgumas das medidas que ogoverno do PS pôs emprática – para cumprir assuas promessas eleitorais eos acordos feitos à esquerda– e pressionam para que estenovo Governo continue aspolíticas do seu antecessor.

No conjunto das suasexigências há uma crucial deque não estão dispostas aabrir mão. Trata-se daalteração ao artigo 51º doCódigo do Trabalhorealizada pelo governo PSD-CDS, em sede de“concertação social”.

Com base nesta alteração asentidades patronais podemdenunciar um contrato ouconvenção colectiva,

chantagem por parte dasinstituições do grande capitalpara que o Governo assegurea política ditada pelas suasinstituições, nomeadamenteatravés da modificação dosCódigos laborais.

A CGTP declara que o povotrabalhador não tem queaceitar mais ataques e, aomesmo tempo, que é precisoa solidariedade com a lutados trabalhadores e outrospovos da Europa que sãoalvo da mesma ofensiva,particularizando a acção quetem estado a ser desenvol-vida, em França e naBélgica, pelos trabalhadoresem unidade com os seussindicatos.

Perante este quadro, oque fazer?

Nesse mesmo plenário desindicatos da CGTP, umdirigente do Sindicato dosTrabalhadores das IndústriasTransformadoras, Energia eActividades do Ambiente doCentro Sul e RegiõesAutónomas (SITE-CSRA)defendeu, na suaintervenção, ser necessárioque a CGTP e os seussindicatos organizassem amobilização diante daAssembleia da República,para que a maioria láexistente assumisse as suasresponsabilidades nestamatéria. Este será certamenteo caminho. n

Carmelinda Pereira

apresentar às organizaçõessindicais uma nova propostaesvaziada dos direitos que ocontrato anterior continha e– caso as organizaçõessindicais não aceitem –tornar caduco esse contrato.

A dura greve dos estivadoresdo Porto de Lisboa impôs àsua entidade patronal oabandono desta arma legal ea aceitação para negociar eassinar um novo contratocolectivo de trabalho, deonde não foram retiradas ascláusulas favoráveis docontrato anterior.

A mobilização dostrabalhadores da Carris, doMetro de Lisboa, da Soflusae da Transtejo levou a que oGoverno tivesse dadoorientação aos Conselhos deadministração destasempresas para queabandonassem a ameaça decaducidade dos respectivoscontratos, vinda do tempo dogoverno PSD/CDS.

Arménio Carlos informou,no plenário de sindicatos daCGTP do passado dia 16 deJunho, que o ministro doTrabalho e da SegurançaSocial, Vieira da Silva,comunicou à CGTP que anorma da caducidade estavasuspensa e que todos ospedidos que chegassem aoseu Ministério – para anularcontratos ou convençõescolectivas, à luz dacaducidade – seriamrejeitados.

A este propósito, oSecretário-Geral da CGTPinformou que esta Centralsindical exige mais. Exige arevogação da norma dacaducidade dos contratos e areposição do direito –consignado na Constituição enas Convenções da OIT – à

livre negociação entre ossindicatos que representamos trabalhadores e asassociações patronais. E,acrescentou, que será muitosimples repor este direito,bem como a adopção dotratamento mais favorável.Basta que o Governoproponha essa revogação àmaioria PS, PCP /Verdes eBE existente na Assembleiada República que o suporta.

Mas não é este o caminho doGoverno nesta matéria. Emvez disso, colocou areposição deste direito paraser negociada em sede deconcertação social. O seuobjectivo é trocar acaducidade dos contratoscolectivos pela suaarbitragem, e que anegociação de cláusulasimportantes, como horáriosde trabalho e horasextraordinárias, possa serefectuada empresa aempresa.

Isto já está a verificar-se nasempresas de transportepúblico de Lisboa, com atentativa de impor aostrabalhadores – empresa aempresa – um “banco dehoras”, quando areivindicação dostrabalhadores e dos seussindicatos é a colocação demais trabalhadores, repondoos postos de trabalho quetêm sido extintos.

Todos sabemos como está aser exercida pressão e

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ANO XVIII ( II Série ) nº 123 de 24 de Julho de 2016 / Publicação do

E d i t o r i a lFicha técnica

Tribuna livre impulsionada pelo POUS

o militantesocialista

Proprietário: Carmelinda PereiraNIF: 149281919

editor: POUS - Partido Operáriode Unidade SocialistaNIPC: 504211269

sede: Rua de Sto António da Glória, 52-B / cave C 1250-217 LISBOA

Nº de registo na ERC: 123029

Director: Joaquim Pagarete

comissão de redacção:Aires RodriguesCarmelinda PereiraJoaquim PagareteJosé LopesJosé Luz

impressão: Imaginação ImpressaRua Braancamp, 15A 1250-049 Lisboa

edição: 100 Exemplares

a nossa história:

O jornal “o militante socialista”nasceu em 1975, sob aresponsabilidade de militantes doPartido Socialista (PS),pertencentes às Coordenadorasdos núcleos de empresa,organizados na sua Comissão deTrabalho.Nasceu identificado com os ideais da Revolução do 25 de Abril, do socialismo e da democracia.Esses mesmos ideais continuarama ser assumidos pela corrente desocialistas afastados do PS, quefundaram o Partido Operário deUnidade Socialista (POUS), emconjunto com a Secção portuguesa da IVª Internacional.Em continuidade com os ideaisque presidiram à publicação dos primeiros “Militantes Socialistas”, o POUSimpulsiona actualmente estejornal, como tribuna livre da lutade classes, aberta a todas ascorrentes e militantes queintervêm democraticamente para defender as conquistas do 25de Abril.A defesa destas conquistas exige o desenvolvimento de uma acção política totalmenteindependente das instituiçõesligadas aos Estados, às religiõesou ao capital – e, por isso, a orientação de “O MilitanteSocialista” identifica-se com a doAcordo Internacional dosTrabalhadorese dos Povos.

Frente Única Operáriapara a revogação das leis anti-laborais

contra a precaridadeem defesa da contratação colectiva e das

organizações dos trabalhadoresdo Tratado Orçamental e asubmissão ao quadro daUnião Europeia e das suasinstituições (o mesmo é dizerdos objectivos do capitalfinanceiro), quer negociandopreviamente o Orçamento deEstado com a ComissãoEuropeia, quer declarandoclaramente que o lugar dePortugal é no seio “destaEuropa” que pretende vendercomo reformável.A manobra das eventuais“sanções zero” não alteraesta situação, na medida emque – como Bruxelas já veioafirmar – isso seráeventualmente trocado pormais austeridade e ataquesaos direitos e conquistaseconómicas e sociais dostrabalhadores e daspopulações – na Saúde, noEnsino e na SegurançaSocial. Como diz o povo“não pagamos em alhos,pagamos em bugalhos”…Mas na Assembleia daRepública (AR) existe umamaioria política(PS/BE/CDU) que permite –se quiser fazê-lo – tomartodas as medidas necessáriaspara acabar com aausteridade contra os direitose conquistas da classeoperária e das outrascamadas exploradas dapopulação, revogando todasas medidas tomadas peloanterior Governo, a começarpelas alterações à legislaçãolaboral e em particular à leida caducidade da contrataçãocolectiva.Na AR existe uma maioriaque pode – se o quiser fazer

Aquestão surgida nosúltimos temposrelativa às eventuaissanções que aComissão

Europeia ameaça aplicar aPortugal (tal como ao Estadoespanhol), devido aoincumprimento das metas dodéfice (Tratado Orçamental)relativas ao ano de 2015,veio, ainda maissignificativamente introduzirmais um elemento depressão para a continuaçãodos ataques à maioria dopovo português, sob a formade cortes nos direitos egarantias (nomeadamente amanutenção docongelamento dos salários naAdministração Pública, entreoutros), e pôr a nú o dilemaperante o qual o governo doPS está colocado.- Por um lado, tem deresponder minimamente àsexpectativas (ou pelo menosprometê-lo) daqueles quepuseram PS, BE e CDU emmaioria, e do conjunto dapopulação, porque sabe quea relação de forças semantém intocada desde 4 deOutubro. Não o fazer,significaria espicaçar avontade dos trabalhadores edas populações de inverterrapidamente as medidas doanterior Governo, o que fariacorrer o risco de umaexplosão social (a exemploda que vem ocorrendo emFrança).- Por outro lado, o Governonunca deixou de assumirclaramente o seu empenhono cumprimento das metas

– opor-se determinantementeà vontade e às pressões daComissão Europeia, do BCEe do FMI, para que novasmedidas restritivas sejamtomadas pelo Governocontra os trabalhadoresportugueses.Em qualquer dos casos, oque continuará a ser decisivoé a força e a determinaçãodos trabalhadores e daspopulações, agrupados emtorno das suas organizações.É a mobilização unida domovimento operário quepode ser o garante de que amaioria que foi colocada naAR – para responderpositivamente àsnecessidades e anseios detodo o povo – o fará, real erapidamente. é essecaminho que osestivadores (nomeadamen-te os do Porto de Lisboa,com o seu sindicato)começaram a abrir, no seucombate contra aprecariedade das relaçõeslaborais e em defesa do seuAcordo Colectivo deTrabalho, e que se trata deajudar a estender a todos ossectores de actividade, atodos os Sindicatos eComissões de Trabalhadores,para que a legislação anti-laboral seja não só suspensaem parte, masdefinitivamente revogadapor aqueles que elegemospara o fazer. n

A Comissão de Redacção

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«Desvio» no plano de reestruturação da CGDpode acelerar despedimentos

Vítor Constâncio, vice-presidente do BancoCentral Europeu(BCE), sugeriu, no dia6 de julho passado, a

possibilidade de um apoiopúblico limitado ao sectorbancário europeu (DiárioEconómico, 8/7/2016).Aparentemente, à revelia dasregras do conjunto dalegislação europeia conhecidapor União Bancária. Entretanto, segundo MárioCenteno (ministro dasFinanças), existe um buracode cerca de 3 mil milhões deeuros no plano dereestruturação que a CaixaGeral de Depósitos (CGD)implementou desde 2012. A«revelação» foi feita, no ditodia 6 de Julho, pelogovernante numa audição noparlamento português. OJornal de Negócios afirmou, a8 de Julho, que a maior partedo desvio estará relacionadocom as perspectivas dereceitas que a CGD tinhaintroduzido neste plano e que,no fundo, não severificaram/verificarão. Astaxas de juro evoluíram paraterreno negativo desde 2012,sendo que esta tendência seperspectiva a médio prazo,defende aquele periódico. Atotalidade do «desvio» poderáestar relacionada tambémcom o desempenho do bancoaté final de 2017.

A CGD poderá receber, embreve, uma injecção de capitalentre €2 mil milhões a €2,5mil milhões (Expresso,9/7/2016).

Parte deste dinheiroenquadrar-se-á numaprofunda reestruturação depessoal no quadro da CGD,com uma saída que podechegar a 2500 trabalhadores.

Na opinião de Maria JoãoGago (Jornal de Negócios,7/7/2016), «o objectivo éfazer com que a CGD volte adar lucro nos próximos cincoanos». A palavra«reestruturação» tornou-seum eufemismo para justificardespedimentos. Nos últimoscinco anos, terão ocorridocerca de sete mildespedimentos na Bancaportuguesa (jornal Ionline,14/5/2016).

Os partidos PS, BE e PCPrejeitaram a proposta social-democrata de uma auditoriaexterna. Os Socialistasrecordam que o Governo járequereu à CGD umaauditoria interna e que estáem discussão uma propostado BE para uma auditoriaforense ao banco público. Asprimeiras audições daComissão parlamentar deinquérito arrancam na últimasemana de Julho (Expresso,15/7/2016).

Uma “deficiente análise derisco” devida a créditosconcedidos pela CGD terásido identificada numaauditoria fechada em Agostode 2015, conforme referido naedição de 5/7/2016 doCorreio da Manhã. Este é umfacto relevante sobre oproblema. A imprensa citaque esta situação tem comoconsequência a exposição de“mais de 2,3 mil milhões deeuros de empréstimos (que obanco público concedeu) emrisco de não serem pagos”.Como é que foi feita e quemcontrolou a avaliação doscorrespondentes riscos?

As imparidades registadas nosnove maiores devedores daCGD já atingiram os 912milhões de euros. Entre os

maiores devedores estão osgrupos Espírito Santo, Lena eEfacec e o angolano AntónioMosquito (segundo o CM e oObservador).

Já em 2012, a CGD fechavaos primeiros nove meses doano com um prejuízo de 130milhões de euros. Umresultado que era explicadopelas provisões e imparidadesque superaram os mil milhõesde euros (Jornal de Negócios,6/11/2012).

A CGD foi recapitalizada em2012, com 1650 milhões deeuros (Expresso, 14/6/2016).Todos os créditos existentesterão sido avaliados pelaAdministração, pelo Banco dePortugal, pelos auditores daCGD e pela troika, rematavao periódico.

A capitalização que foi feitaem 2012 não terá entãoresultado. Importa agoraperceber (passados 4 anos!) sea actual necessidadepropalada de recapitalizaçãoresulta do avolumar deimparidades de anostransactos e, em casoafirmativo, quais são asimparidades em causa. Seessas imparidades surgiramdada a deterioração daactividade económica ou seresultaram de uma fracaanálise ao risco de créditosque foram concedidos.

Segundo o relatório da CGD

da actividade consolidada(documento de apresentaçãode resultados), datado de31/3/2016, o crédito em riscoreduziu-se de 12,4% para11,9%, em Março de 2016,face a um ano antes, com umgrau de cobertura porimparidades de 62,8% (46,8%no crédito a particulares e70,3% no crédito a empresas).Como conciliar este relatóriocom o «desvio» anunciadopor Mário Centeno?

O plano de capitalização daCGD depende da aprovaçãoda Direcção-Geral daConcorrência, organismo daComissão Europeia, que quersaber «para que serve tantodinheiro, se se trata de umaajuda do Estado e se, nessecaso, implica “remédios” quenivelem a concorrência comos demais bancos» (Expresso,5/7/2016).

António Costa, Primeiro-ministro, já admitiu reduçãode pessoal e encerramento debalcões na CGD, evitandofalar em despedimentos(Expresso, 15/6/2016). OSindicato dos Bancários doSul e Ilhas avança com onúmero de dois miltrabalhadores em risco dedespedimento e cita o«Programa Horizonte», queapontou para o número emquestão há cerca de três anos.(TVI, 14/6/2016). n

José Luz

a propósito

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tribuna livreANO XVIII ( II Série ) nº 123 de 24 de Julho de 2016 / Publicação do

Em Portugal, a UniãoEuropeia quer forçaruma concentraçãobancária a nívelibérico, entregando,

aos grandes gruposfinanceiros espanhóis, partedo mercado financeiroportuguês e os bancos maisvulneráveis.Para eliminar bancos edespedir, a UE invoca“regras” que foramexclusivamente “desenhadas”para garantir o lucro dosbanqueiros, que se alimenta

Havendo uma maioria dedeputados do PS, do PCP edo BE, os despedimentos naBanca podem ser travados deimediato. O que os bancáriosesperam é que os seusSindicatos e CT’s organizema mobilização para exigir aosdeputados que ponhamtermo imediato aosdespedimentos na Banca.

apelo das ct’s dos bancos“Apelar à união de todos os bancários, (…) para enfrentarema dramática situação e impedir que os despedimentoscontinuem.

Sensibilizar os grupos parlamentares para estudaremalterações ao Código de Trabalho que impeçam: I) odespedimento fácil e o assédio moral; II) a execução dashipotecas dos trabalhadores bancários que foram vítimas deprocessos de reestruturação.

Apelar aos órgãos de soberania para travar de imediato osdespedimentos colectivos na Banca, já que os mesmos sãoilegais e persecutórios. Não podem ser os trabalhadores apagar pelos erros das Administrações.

Solicitar ao Governo que proíba a substituição detrabalhadores bancários por trabalhadores subcontratados,nos bancos em que haja despedimentos ou processos derescisão.”

(excertos da moção aprovada por unanimidade, em12.mai.2016, pelas ct’s dos Bancos santander totta,novo Banco, montepio, BPi, Banco de Portugal, cgD,Bic, Bankinter, BBVa e oitante)

Considero que nãoestamos politicamentenuma selva, ou que aselvageria reine. Noentanto, constato

alguma analogia entremimetismo e oposicionamento político dealguns partidos nacionais comresponsabilidadesgovernativas. Um acto decamuflagem, só que ao invésde se integrarem no seu meiopolítico, tentam parecer-seideologicamente com outropartido, adoptando a suadesignação, com intuito deparecer quem não são.Com o surgimento da TerceiraVia, alguns partidos domovimento socialistademocrático começaram a teruma crise de identidade aoadoptarem políticas departidos do centro, chegando aaplicar medidas económicasgovernativas neoliberais. Éclaro que no nosso paístambém vivenciamos oziguezaguear nas políticasgovernativas do PartidoSocialista (PS) e do PartidoSocial Democrata (PSD),existindo no seu interiorcorrentes neoliberais muitomarcadas no PSD e marcantesno PS, no período de Sócrates,com resquícios em Assis.Actualmente, no ParlamentoEuropeu os sociais-democratas e os socialistasdemocráticos encontram-seintegrados numa mesmabancada. Mas o PSD é umaexcepção. E surge aqui uma“geringonça”. Um partidocom designação de centro-esquerda, integrado nabancada do Partido PopularEuropeu (direita) e com o qualtemos sentido a aplicação de

dolorosas políticas neoliberais.Mentes informadas, percebemque estes são claramente dedireita e que conservam adesignação com o intuito depescarem votos à esquerda.Mentes menos avisadas,associam a social-democraciaàs políticas deste partido,limitando este pensamento aopaís.A geminação do PPD-PSDcom o CDS-PP (da mesmabancada europeia), veio darmais evidência ao seuposicionamento político, aoponto de se confundirem e dehaver o risco de se fundirem,por sobreposição. Tem sidonecessária a intervenção dehistóricos do PPD-PSD parapôr cobro a esta situação, daqual o CDS-PP tirou o seuquinhão. Sempre fui fascinadopela verdadeira social-democracia e pelo socialismodemocrático, comomovimentos de abordagemmenos ortodoxa do marxismo,de investimento na justiçasocial e de redistribuição dariqueza. Desprezo qualquerassociação da social-democracia com oneoliberalismo. Considero-acontranatura. Da forma comovejo o neoliberalismo, este ébaseado em teoriaseconómicas de mercadosobrigatoriamentecompetitivos, que geram amáxima riqueza e cujosagentes actuam por interessespróprios. O mercado é falívele a ideia de que, se todosforem empreendedores egananciosos, ganhamos todosporque a economia, gera edistribui riqueza, é umsofisma. Felizmente, quemimpõe políticas neoliberaisnão tem sobrevivido àselecção natural do votodemocrático.O país é dos que cooperam,dos solidários e dos quesonham. É do seu Povo! n

Félix Remédios

A Banca é um sectorestratégico da economia. Atitularidade pública docapital da Banca e asubordinação da sua gestão àdefesa do interesse público,são requisitos fundamentaispara a defesa da soberania donosso País e o seu desenvol-vimento económico. n

HG

da destruição das economiasdos países, da chantagem dospovos, dos “cortes” dossalários e dos despedimentos.As Comissões detrabalhadores dos bancos, naMoção aprovada (ver caixa),apelam “…aos órgãos desoberania para travar deimediato os despedimentoscolectivos na Banca, já que osmesmos são ilegais epersecutórios. Não podem seros trabalhadores a pagarpelos erros dasAdministrações.”

Organizar a luta contra osdespedimentos na Banca

Mimetismo Político

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tribuna

A defesa do Serviço Nacional de Saúde na M. Grande

Adegradação dosserviços de saúdepública durante ogoverno PSD/CDSacentuou-se no país

e, também, na MarinhaGrande.

A organização de que apopulação do concelho sedotou, há 9 anos, para resistirà ofensiva do ministro doPS, Correia de Campos, aotentar encerrar o SAP 24h,continua a ser fundamental. Ela elegeu a Comissão deUtentes – com militantes dediferentes quadrantespolíticos, do SindicatoVidreiro e das extensões doconcelho – que assegurou ecoordenou a mobilização,com incidência local enacional, impedindo oencerramento do SAP eajudando à demissão doministro, em 2008.No governo de PassosCoelho, quando os cortes naSaúde caíam sobre osutentes, a Comissãoassegurou a mobilização,impedindo o encerramentodos serviços.

Uma vez mais, em 21 deMarço deste ano, a Comissãodirige-se à população:“A Comissão de Utentes do

Centro de Saúde e do SAP

24h da Marinha Grande

tem sido alertada, pormuitos dos seus utentes,sobre a degradação dofuncionamento deste Centrode Saúde e do SAP.Actualmente, mais de 8oooutentes continuam semmédico de família e algunstêm como sala de espera umcorredor sem condições,onde as correntes de ar sãoabundantes, ficandoexpostos a gripes ou adoenças mais graves. A faltade médicos que permita atodos os utentes teremmédico de família (pelo

menos 5 médicos deimediato) leva a umasobrecarga inevitável doSAP, (…). Este serviço deurgência funciona agoraapenas com um quadromédico e um quadro deenfermagem, contrariamenteaos dois que já existiramanteriormente. Esta situaçãoprovoca diariamente (…)filas de espera, entre 5 a 6 emais horas, num serviço deurgência, que como o nomeindica devia ser rápido.A Comissão de Utentes,acompanhada pelopresidente da autarquia,passou uma legislatura emreuniões com aAdministração Regional deSaúde de Leiria e aAdministração Regional deSaúde do Centro fazendo-seporta-voz das exigências daspopulações (…).

Destas reuniões resultaramumas tantas promessas, dasquais nenhuma foi cumprida.Em suma, uma mão cheia denada!

Um novo Governo tomouposse. Espera-se uma novapolítica…”

Será que o anúncio feito peloactual ministro da Saúde emLeiria, de 5 médicos para oCentro de Saúde – emediatizado na imprensaregional – procura respondera esta exigência?“Contactado pelo JMG(Jornal da Marinha Grande),

Aires Rodrigues, daComissão de Utentes, referiuque a Comissão está«satisfeita» com a notícia egarantindo que ficará«atenta» e a aguardar aconcretização da medida.Segundo o responsável, aComissão de Utentes teveum papel importante noprocesso tendo em conta otrabalho desenvolvido nosúltimos anos… exigindorespostas… designadamente«mais médicos de família, nomínimo cinco ou seis, comvista a fazer face aos cercade 8000 utentes sem clínicode saúde geral e familiar”. Entretanto, a Comissão deUtentes realizou, a 13 deJulho, uma reunião com aresponsável da ACeS(Agrupamentos de Centrosde Saúde) de Leiria,emitindo no final uma Notainformativa. Transcrevemospassagens que permitem“clarificar” a notícia e alertara população.

“Fomos informados que foiaberto concurso para acolocação de 14 médicos noACeS do Pinhal Litoral eque desses 14, 5 seriamcolocados na MarinhaGrande. A colocação destesmédicos está, no entanto,dependente de havermédicos que concorram; queos que concorrerem aceitemser colocados na MarinhaGrande, e que não hajaeventuais médicos do nossoCentro que, por questões demobilidade, queiram serdeslocados do nosso Centropara outro local…

As obras no Centro de Saúdeestão previstas avançar atéfinal do ano, através de umprotocolo da ARS(Administração Regional deSaúde) do Centro com aCâmara Municipal,aguardando-se no entanto a

assinatura desse protocolo.Em conclusão, apesar de terhavido algumas melhoriasno funcionamento dosserviços, a falta de médicoscontinua a ser uma realidadeque poderá ou não serminorada em função doresultado do concurso decolocação de médicos, jáaberto, não sendo no entantolinear, que o Centro deSaúde venha ser dotado dos5 médicos previstos, após arealização do concurso,como já aconteceu emconcursos anteriores.

Neste sentido esta Comissãoabordou o executivomunicipal, numa recentereunião, para que esteprocurasse dar e anunciarincentivos ao alojamentopara os candidatos às vagaspara o Centro de Saúde daMarinha Grande.

É nossa opinião que semantém incerta umamelhoria acentuada dofuncionamento dos serviçosde saúde no concelho, o quenos traz alguma apreensão.Pedimos assim à populaçãoque se mantenha atenta emobilizada para defenderum serviço que nos éessencial.”

Esta apreensão é partilhadapor cada vez mais sectoresda população trabalhadora,perante as ameaças echantagens das instituiçõesda UE, que – para além das“sanções” – exigem reduçõesnas despesas com o Ensino,a Segurança Social e aSaúde.

Daí a importância destecombate, em unidade, nadefesa do Serviço Nacionalde Saúde. n

Correspondente na

Marinha Grande

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ANO XVII ( II Série ) nº 120 de 25 de Março de 2016 Publicação do

Círculo de discussão do MSna Marinha Grande

Grupo de Oeiras discute temasda actualidade política

Porquê mostrarem-se chocados?

livre

As reuniões do Círculode Discussão doMilitante Socialistacontinuam a debatertemas da actualidade,

como a situação política emFrança que está no centro dasituação política mundial.A manifestação proibida edepois autorizada – fruto daforça organizada das CentraisSindicais, que tem por base aresistência da classetrabalhadora francesa com asua capacidade organizativa –coloca o país no centro dasatenções e levou o Círculo afazer o rescaldo damanifestação do dia 14 deJunho, com o apoio docomunicado do Secretariadonacional do POI (PartidoOperário Independente)“Ameaças contra asliberdades sindicais edemocráticas”, emitido a 15de Junho.

Discutimos o que está emcausa com a nova Lei dotrabalho. Lei do trabalho deque as principais Centraissindicais exigem, pura esimplesmente, a retirada, oque – a ter lugar –representaria, para o Governofrancês e para as instituiçõesda UE que o apoiam, umaderrota com pesadasconsequências. Abordámostambém o apoio e as liçõesque os povos da Europa, eparticularmente nós emPortugal, podemos tirar destemovimento de unidade edeterminação dasorganizações sindicais e daclasse trabalhadora francesa.

Foi ainda feito um breveresumo da Convenção doBloco de Esquerda, tendosido dado conhecimento dealgumas intervenções, como ade Catarina Martins na qualavançou com o referendo,caso a UE persistisse comsanções. Também a de Heitorde Sousa e a de António

Chora sobre a contrataçãocoletiva, assim como odiscurso do dirigente espanholdo “Podemos”, MiguelUrbán, sobre a situaçãopolítica em Espanha e aseleições.

Foi abordada a saída da Grã-Bretanha da União Europeia ea questão das sanções, para asquais, concluiu-se, só amobilização dos trabalhadoresna rua poderá levar a umverdadeiro internacionalismo.

A par destes assuntos, oCírculo tem igualmente vindoa discutir e a relembrar opapel das Internacionais,permitindo ajudar acompreender e acontextualizar, no presente, aluta dos trabalhadores.

A situação política naVenezuela e a economiapartilhada são dois temas aabordar em próximasreuniões. n

EC/AR

OGrupo de Oeirasreuniu-se paradebater a temáticadas sanções que aComissão Europeia

poderá vir aplicar a Portugal.O Grupo foi unânime na suarecusa, pois considera issoilegítimo e contrário aosinteresses do país. Algumasopiniões foram no sentido deque se a aplicação desanções se vier a verificar,será sempre pela opçãochamada “sanções zero”.A recusa das premissasconstantes do actual TratadoOrçamental europeu, de quetambém falámos, mereceu aproposta, por parte de algunsdos participantes, de umreferendo ao tema. Por fim, ainda houve tempopara algumas consideraçõesface ao Orçamento doEstado para 2017, tambémem relação à acção damaioria parlamentar de

esquerda, assim comoalguma troca de impressõesrelativamente às Autárquicas2017.Também na reunião doGrupo de Oeiras se debateuacerca dos dois lados damoeda da pertença à UE e àZona Euro, temanaturalmente alvo deopiniões divergentes entreelementos do Grupo, mascuja discussão permitiuperceber a importância doassunto. O Brexit abalou asfundações da UE e mudou aforma como esta olha para simesma.Ficou agendada uma novareunião do Grupo parameados de Agosto,nomeadamente para definir oseu posicionamento emrelação às eleiçõesautárquicas de 2017. n

Desde há alguns dias,um concerto deprotestos indignadostem-se feito ouvircontra Durão Barroso

– ex-Presidente da ComissãoEuropeia – contratado pelobanco de negócios americanoGoldman Sachs (GS). De todoo lado, há boas almas acomover-se. Tratar-se-ia deuma traição, um pôr em causados ideais da União Europeia!

Mas não existe qualquer razãopara se indignarem. Barroso,como os seus predecessores ousucessores nas chefias daUnião Europeia, nunca deixoude agir à conta do capitalfinanceiro. O GS gosta muitodos dirigentes da UniãoEuropeia. Entre 2002 e 2005,Mario Draghi – actualPresidente do Banco CentralEuropeu (BCE) – foi Vice-presidente do GS Europe. Foiele que popularizou o «swap»,um produto financeiro que apermitiu à Grécia dissimular arealidade da sua dívida.Segundo o New York Times, noinício da década de 2000, aGrécia pagou 300 milhões dedólares ao GS por este a terajudado a esconder a sua

dívida, a fim de ser admitidana Zona Euro. E, logo que acrise atingiu a Grécia, o GS foium dos primeiros a especularcom essa dívida de Atenas!Mario Draghi, após a suapassagem pelo GS, tornou-sePresidente do BCE! Em 2005,o GS também recrutou MarioMonti (Comissário europeu) eo alemão Otmar Issing (ex-Chefe economista do BCE).Não há qualquer razão para semostrarem chocados com acontratação de Barroso peloGS. Trata-se tudo de gente damesma laia. Comissárioseuropeus ou empregados detopo de um Grupo bancárioservem todos os mesmosinteresses – os do capitalfinanceiro. n

Durão Barroso “cooptado” para a Goldman Sachs.

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marcante da grande greve dosprofessores do Nordeste daChina, do final de 2014: «EmNovembro de 2014 foidesencadeada uma greve deprofessores numa cidade doNordeste da China –Zhaodong – e, a partir dealgumas centenas de grevistas,ela estendeu-se às cidadesvizinhas». Numa semana, maisde 20 mil professores estavamem greve o que o boletimclássica como «uma expressãode cólera» dirigida contra oGoverno»Em 2016, dos 1857 conflitosde trabalho – recenseados peloBoletim – que tiveram lugar naChina desde o início do ano,30 respeitam ao sector daEducação. n

(1) China Labour Bulletin é umaorganização, com fins não lucrativos– cuja Sede é em Hong-Kong –, quetem como objectivo o apoio aostrabalhadores da China, divulgandoas suas lutas.(2) http://www.clb.org.hk/sites/default/files/Teachers%20final.pdf..

OChina LabourBulletin (1) publicouuma edição (2)abordando osproblemas do Sistema

escolar chinês. Relativamenteàs 168 greves e manifestaçõesrealizadas no período de 2014-2015, este Boletim explica que«foram os professores querealizaram os protestos maisbem organizados e maisdeterminados, tanto daspequenas iniciativas como dasgrandes, nestes últimos anos».Os professores representammenos de 2% do conjunto daforça-de-trabalho na China, deacordo com aquela publicação.A maior parte dos professoresé constituída por funcionáriosdo Estado, e os seus protestos,adianta o referido boletim,«constituem, muitas das vezes,um desafio directo aos

governos e administraçõesoficiais.»O Boletim, que pretendeajudar os trabalhadoreschineses a negociar contratoscolectivos com as autoridades,indica igualmente que aFederação Geral dosSindicatos da China (Acftu) éa representante oficial dosprofessores mas «não temnada a ver com sindicatosindependentes edemocráticos» esclarecendoque «em grande medida, asgreves e protestos dosprofessores visam na realidadea Acftu, porque ela as deixoucair.»

“Uma cólera dirigidacontra o Governo”

Nesta edição do Boletimrecorda-se o facto mais

Defender a Escola Pública em todo o mundo

Todas as estatísticasdemonstram que, quantomaior for a qualificaçãode um jovem, maischances ele tem de

encontrar trabalho. É, aliás, oque demonstra – mais uma vez –um anúncio publicado pelogrande Grupo económico Vinci.O seu sector de autoestradas fazuma oferta de estágio naempresa exigindo que o jovemtenha uma licenciatura de 3 anose carta de condução de ligeirospara obter um primeiro empregoem meio profissional”.As tarefas, segundo Vinci, são asseguintes: limpeza dasinstalações sanitárias e apanhados papéis nas áreas de serviço.Assim, o grupo Vinci propõe a

estudantes licenciados – sob acapa de “um primeiro empregoem meio profissional” – quelimpem WCs e apanhem papéisnas áreas de serviço dasautoestadas.Eis o que se exige de umlicenciado para receber umaremuneração ridícula. O cinismode uma tal proposta só temparalelo com a política docapital que consiste em esmagar,sob o seu tacão de ferro, aqualificação e os diplomas.Recordemos um factosuplementar: em 2015, o grupoVinci realizou um volume denegócios anual de 38 milmilhões de euros. Na Grécia, jovens com umdoutoramento são homens do

lixo. Mais de 60% dos jovensestão no desemprego neste paíse em Espanha a taxa é superior a50%. A desregulamentação e aprecariedade colocam ajuventude numa situação emque, sem direitos, pode sersobre-explorada. Em França, ainda existemdiplomas nacionais e umCódigo do Trabalho. É porexistirem normas neste país queo anúncio de Vinci provocouenorme indignação. E éprecisamente por isso que opatronato – com os seus amigosdo Governo de “esquerda” –quer destruir o Código doTrabalho (ver pg 12). n

A propósito das greves emanifestações de professores

França: O uso dado às «qualificações» dos estudantes

Um pouco por todo omundo os governos quese subordinam às leis dolucro que regem o sistemacapitalista não hesitamem atacar as bases quedevem sustentar a EscolaPública, bem como asnormas do direito detrabalho sobre aestabilidade eremuneração.No caso da China – que,em certa medida, seconseguiu libertar das leisdo lucro capitalista –essas leis voltam a impor-se com todas as suasconsequências negativas.

Nos EUA a qualificaçãodos cidadãos nem sempreé acompanhada dos meiosnecessários para garantira dignidade exigível. EmFrança e Espanhaverifica-se umaincompatibilidade entre aformação inicial e a ofertade empregos/postos detrabalho.

Procurámos demonstraresta constatação naselecção de artigospublicados neste Dossier,abrangendo exemplosrelativos ao México,EUA, Brasil, Espanha,França e China. Sobre adefesa da Escola Públicano Reino Unido ver ofinal do texto da pg 13.

Como sabemos, estecombate tem assumido,nos últimos tempos, umaforma particular emPortugal. n

Dossier em defesa da escola pública em todo

cHina

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ANO XVIII ( II Série ) nº 123 de 24 de Julho de 2016 / Publicação do

méXico: 100 mil pessoas em solidariedade com a grevenacional do magistério e repúdio pelo massacre de Noxchitlán

Domingo, 26 deJunho. A avenida«Paseo de laReforma» da cidadedo México acolheu

100 mil pessoas oriundas detodos os estados mexicanos.A convocação damanifestação partiu dopartido político «Movimentode Regeneração Nacional»(Morena), de Andrés LópezObrador, a única forçapartidária que se declarousolidária para com osprofessores.A greve nacional dosprofessores, impulsionadapela Coordenação Nacionalde Trabalhadores daEducação (CNTE), iniciou-se em 15 de Maio e teve asua concentração em 4Estados (de um total de 32)com adesões por todo o país.

Esta greve visa a revogaçãoda “reforma” educacional e,em particular, a eliminaçãoda chamada «avaliaçãopunitiva», ou «avaliação-demissão». Foram demitidosvários milhares deprofessores não seconhecendo os númerosoficiais exactos.

A repressão estatal aomovimento tem ocorrido dediversas formas: prisão dedirigentes sindicais doEstado de Oaxaca passandopelo massacre realizado pelaPolícia Federal emNoxchitlán, em 19 de Junhode 2016, no qual morrerampelo menos 8 pessoas e háoutras desaparecidas.

O jornalista mexicano ElidioRamos Zárate foiassassinado nesse domingo,dia 19 de Junho, no Estadode Oaxaca, no sul do país,enquanto cobria um protestode professores, confirmou àagência Efe o diretor dojornal El Sur (Observador,Portugal, 20/6/2016).

«Fora Peña nieto»

López Obrador, na suaintervenção, propôs adestituição do secretário doGoverno, Osorio Chong,apontando-o como o principalresponsável pelo massacre deNoxchitlán. Quando odirigente do «Morena» propôsa destituição de Chong, asmassas gritaram “Fora Nuño”(secretário da Educação,principal executor da reformae instrumento directo dopresidente), gritos que serepetiram ao longo de trêshoras.

Perante novas ameaças dogoverno, a greve ganhamaior dimensão

A exigência da (CNTE),nomeadamente, da revogaçãoda «avaliação-destruição» dostitulares de lugares de quadro(pessoas com direitos depermanência no emprego) e darevogação da contra-reformaeducativa-laboral, é o centrode resistência em torno do qualos professores do país sereúnem e procuram ampliar agreve lançada em 15 de Maio.Uma parte considerável dosprofessores do ensinofundamental, pré-escolar eeducação especial, agrupadosna secção 9 (cidade doMéxico) declarou-se em grevedesde o dia 5 de Julho.

No sábado passado, dia 8 deJulho, houve uma reuniãomuito significativa deprofessores das escolassecundárias técnicas e gerais

nas quais se começa a sentir aparalisação das atividades.Para 8 de Agosto estáanunciada uma manifestaçãounitária da CNTE com 100000 agricultores, na cidade doMéxico.

greve de professoresexpande-se: agora é a cidadedo méxico

A decisão da Assembleia dasecção 9 (pré-escolar, primárioe especial) de iniciar a grevepor tempo indeterminado, apartir de 5 de Julho, vem aoencontro da Resolução dosprofessores da secção 10(escolas de ensino secundárioe superior) ao decidirem agreve de segunda-feira, 11 deJulho. Ambas as secçõesparticiparam na manifestaçãonessa mesma segunda-feira,desde a residênciapresidencial, Los Pinos, àSecretaria do Governo,convocada pela CNTE.Decidiu-se também encerrarruas na capital e ocupargabinetes da Secretaria daEducação, bem como emalgumas escolas.

Novas mobilizações surgiramnos Estados de Guanajuato,Morelos, Yucatán, Novo Leóne Tabasco.

Após o massacre deNochixtlán e dado o seuimpacto político no país, ogoverno de Peña Nieto estavacondenado a estabelecernegociações com osrepresentantes do CNTE.

Na segunda sessão, oSecretário do governo “propôsum processo de diálogo” emconjunto com a Secretaria deEducação Pública sobre o“modelo educacional”. Esseponto não foi aceite pelaCNTE que exige a revogaçãoda reforma educacional antesde mais negociações.

De acordo com uma nota dojornal mexicano «ElUniversal», 63% dosmexicanos rejeitou o governode Peña Nieto, nomeadamenteas suas reformas estruturais.

A 15 de Julho completam-sedois meses de greve. O que aCNTE e as organizações queapoiam o magistério solicitamao movimento operáriointernacional é que a suasolidariedade (que tem sidosignificativa) se centre nasseguintes exigências:

- Revogação da «avaliação-demissão» dos titulares dosquadros e de toda a contra-reforma da educação!

- Punição dos culpados pelomassacre de Nochixtlán!

- Liberdade para osprisioneiros políticos!

- Readmissão dos professoresdemitidos! n

nota: A lei do ServiçoProfissional de Ensino prevê queos professores sejam avaliados dequatro em quatro anos parapoderem manter-se no sistema.Serão dispensados os professoresque não se apresentem a exame,não se incorporem em programasde regularização ou obtenham umresultado considerado“insuficiente” numa terceiraavaliação. Não há nenhumaresponsabilização da autoridadede Educação. O professor nestascondições não poderá sercontratado por qualquer escola,pública ou privada.

o mundo>>>

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De acordo cominformações na posseda FENPROF e quechegam das escolas(comunicado do

Secretariado Nacional, de6/7/2016), existe o riscopotencial de redução donúmero de turmas no anolectivo de 2016/17. A verificar-se esta previsão, tal significaque as medidas neoliberais doGoverno anterior serãomantidas. A progressivaredução do número de turmasimplica a redução progressivado número de professores. Émeio caminho andado para adita requalificação profissional– agora, ao que parece,rebaptizada por MárioCenteno como revalorizaçãoprofissional.É preciso desmontar osargumentos falaciosos dosdetractores da Escola Pública.

Do programa do Governo doPS consta (pg 103) a melhoriada «qualidade do ensinoatravés da progressivaredução do número de alunospor turma».

Da análise da legislação sobreo ano lectivo que releva para ocaso (Despacho normativo n.º1-H/2016, Despachonormativo n.º 4-A/2016),concluímos que,contrariamente ao disposto noprograma de Governo:

- não houve redução donúmero de alunos por turma;

- não foi garantido o fim dasturmas do 1.º Ciclo comdiversos anos de escolaridade;

- não se iniciou adesagregação dos mega-agrupamentos;

- passa a haver aumento donúmero de alunos por turma

quando os alunos comnecessidade educativasespeciais que as integram nãopermanecem ali pelo menos60% do tempo lectivo(evidente factor de exclusão dealunos).

Ora, mantendo-se aquelasmedidas – tal como refere aFENPROF no seu comunicado–, o factor demográfico ditaráas regras que o Governo dedireita pretendia.

O Governo socialista mantémem vigor uma outra medidainqualificável, perpetrada pelogoverno PSD/CDS: a reduçãodrástica dos horários deEducação Visual eTecnológica (EVT) e de

Educação Musical (EM) e,emconsequência do número dedocentes. No novo desenhocurricular do 2º ciclo, aodesdobrarem a disciplina deEVT em EV (EducaçãoVisual) e ET (EducaçãoTecnológica) aproveitarampara eliminar o par pedagógicotitular da turma, reduzindo em50% estes docentes. Piorainda: mantiveram o mesmolimite de carga horária para aárea disciplinar (EV, ET eEM), a saber: 3 blocos de 90minutos (que até 2012 estavamdivididos por EVT e EM ouseja: 1,5 bloco + 1,5 bloco).Agora cada disciplina (EV, ETe EM) tem apenas 90 minutos.No caso de Educação Musicaltal significa um corte de 1/3nos horários dos docentes.

Não se contentando com estescortes, o Governo anteriorliquidou a Formação Pessoal eSocial (áreas curriculares nãodisciplinares) retirando a cadaturma, na prática, cinco blocosde 90 minutos e um tempo de45 minutos no 2º ciclo. n

Governo do PS mantém medidas neoliberais na Educação

AReitoria prosseguecom a sua política desucessivas “notícias-sondagem” sobrepossíveis

“reestruturações” daUniversidade, que têm pordenominador comum a suaconhecida falta detransparência. Além disso, nalinha da pior tradição noâmbito do Ensino que remontaà ditadura, tem-se jogado coma singularidade do calendárioacadémico para dificultarqualquer possível resposta.Não é por acaso que, assimque entrámos em Junho, comas aulas já terminadas, se

intensificou esse procedimentoantidemocrático.Não se trata de reestruturaçõesmas sim do desmantelamentode parte importante daorganização necessária paraque a Universidade possa levara cabo a sua função social, oque desde logo tambémimplica um modelo adaptadopara essas necessidades, comcondições de trabalho dignas.No entanto, o novo «anúncio»,consistindo no encerramentode nove das vinte e seisfaculdades, nesta linha deideias, previa liquidar 113 dos185 departamentos, e teriaefeitos graves sobre a

qualidade da nossa actividade,ameaçando de forma directadezenas e dezenas deempregos.Por detrás da orientação daReitoria não está subjacenteum fundamento académico,como deveria estar.Pelo contrário, ela está a seruma mera correia detransmissão dos cortesorçamentais, perante os quaisage com absoluta resignação.Temos de resistir,imperativamente, porquequalquer proposta demodificação da estrutura daUniversidade deve obedecer aum único critério, que é o

académico: e de colocar osmeios necessários para aqualidade educativa que éapanágio de uma Universidadepública digna deste nome. E,na Universidade Complutense,actualmente – tal como nosector público em geral – nãosobram trabalhadores, pelocontrário faltam. Só através daunidade mais ampla dostrabalhadores e estudantes,com as suas organizações eassociações, se vai parar estaameaça que, em últimaanálise, afecta toda asociedade. A Reitoria, pela suaparte, ainda vai a tempo de seunir, abandonando essaperversa função de correia detransmissão dos cortes. n

Xabier Arrizabalo

Defesa do ensino superior no estado espanhol

Dossier defesa da escola pública em todo

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luta pela Escola Públicaabrange a luta pelo “ForaTemer e Nenhum Direito aMenos!” e a construção dagreve geral (indicada pelacut nas suas resoluções –ver pg 15). n

(1) Lei que estabelece a participação

obrigatória e única da Petrobrás

como operadora na exploração do

petróleo da camada do Pré-Sal, além

de possuir participação obrigatória

de, pelo menos, 30% nos consórcios

de exploração e produção.

(2) O objectivo é privatizar esta

empresa estatal e entregar as

reservas do Pré-Sal ao capital

estrangeiro. Os petroleiros e demais

trabalhadores brasileiros, bem como

a juventude, lutam em defesa da

Petrobrás como empresa pública e

da riqueza do petróleo para ser

usado para as necessidades de todo

o povo brasileiro.

(3) O Fundo Social, criado em 2010, é

composto por parte dos recursos

provenientes da exploração do Pré-

Sal. Tem por objectivo constituir fonte

de recursos para o desenvolvimento

social e regional, sob a forma de

programas e projectos para o combate

à pobreza e o desenvolvimento da

educação, saúde, cultura, ciência,

tecnologia e meio ambiente.

(4) Projeto de Lei que cerceia a

autonomia pedagógica e científica

dos professores, baseado no

princípio da “neutralidade política,

ideológica e religiosa do Estado”.

ANO XVIII ( II Série ) nº 123 de 24 de Julho de 2016 / Publicação do

A luta pela Escola Pública no Brasil abrange o “Fora Temer!”

Situação dos estudantes no Estado da Califórnia (EUA)

Professores resistem contra o golpe em curso.

No Brasil, agora, a lutapela Escola Públicapassa,necessariamente,pela luta organizada

contra o golpe jurídico-policial articulado peloimperialismo, orquestradopelos partidos da elitebrasileira (PMDB, PSDB,DEM) e apoiado pelaComunicação social (emespecial, a Rede Globo). OGoverno golpista de Temeradopta medidas que,avançam em conjunto com oataque e criminalização dasorganizações dostrabalhadores (como ainvasão à Sede nacional doPartido dos Trabalhadores,em 23/6, por uma equipafortemente armada da PolíciaFederal, ou a ComissãoParlamentar de Inquérito àUnião Nacional dosEstudantes). Os golpistaspretendem retirar direitosassegurados no Código doTrabalho, atacar aPrevidência social com umareforma que visa estabeleceruma idade mínima para aaposentação, descapitalizar oBanco Nacional deDesenvolvimento, etc. Asmedidas adoptadas pelogoverno golpista de Temer,que se baseiam no programa“Uma Ponte para o Futuro” eforam rejeitadas nas urnas,têm repercussão directa na

Escola Pública. Vejamos.A entrega do Pré-Sal aoimperialismo pelo fim da leide partilha (1), a delapidaçãoda Petrobrás (2), a revogaçãodas leis que destinamrecursos do Fundo Social (3)e dos direitos de exploraçãodo petróleo para a Educaçãoe a Saúde, o fim dosimpostos específicos para aEducação, o congelamentodas verbas sociais e dossalários dos funcionáriospúblicos (estabelecimento deum tecto para os gastossociais), a privatização daEducação pública através datransferência das gestõesadministrativa, pedagógica efinanceira das escolaspúblicas para OrganizaçõesSociais e a política docheque-ensino para oSecundário, o projecto“Escola sem Partido” (4),são algumas das medidasque se ligam directamente à

Escola Pública, naperspectiva da sua destruição- e que agora transitarampara o Congresso Nacional epara as quais o Governogolpista está a exigirceleridade.

Não é possível enfrentar oanalfabetismo, o abandonoescolar, o fecho de escolaspúblicas (em especial, nocampo), concretizar auniversalização da EducaçãoBásica, a qualificação dosprofessores ao nível dagraduação e da pós-graduação, e condiçõesadequadas de acesso epermanência dos estudantes,bem como de trabalho paraos professores – semfinanciamento adequado euma política educacionalconsistente, que responda àsnecessidades dostrabalhadores brasileiros. Naactual conjuntura, portanto, a

ACalifórnia é umEstado – à imagemdos EUA – onde háricos e pobres. EmSan Francisco, 5460

pessoas possuem mais de 30milhões de dólares. Em LosAngeles, são 5135. Éhabitual falar-se daCalifórnia como sendo umaregião jovem e muitopromissora. Segundo um

inquérito, entre 9% e 12%dos 460 mil estudantesexistentes nos 23 «campus»universitários da Califórnianão têm alojamento fixo. Ouseja, cerca de 50 milestudam sem ter alojamento.Segundo este estudo, amaioria deles anda a mudarde casa, habitandotemporariamente em casa deamigos ou de familiares, mas

muitos deles dormem emcarros, dentro de tendas, emestações de comboio ou deautocarro, em parques decampismo, caravanas ouinstalações para pessoassem-abrigo.Este estudo ainda revela que21% à 24% desses 460 milestudantes – ou seja, cercade 100 mil – não comemregularmente.

O estudo cita testemunhos:“Pensava que após terobtido o meu diplomapoderia singrar na vida, mastenho o sentimento profundode que estou a afundar-me”– diz uma estudante.O “sonho” americano é opesadelo dadesregulamentação, daausência de direitos… n

o mundo>>>

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actualidade internacional >>>

Os trabalhadores e as suasorganizações não cedemperante Hollande

França: Novo recuo do Governomediático contra os sindicatos,não parece que ostrabalhadores franceses seestejam a deixar enganar: 60%dos franceses – segundo umaconsulta realizada peloInstituto de sondagens Ouest-France – consideramjustificada a movimentaçãocontra a reforma laboral,embora as perguntas que asondagem colocou sejamtendenciosas, orientadas paraos actos dos “violentos”.Segundo este Instituto desondagens: “O Governo,envolvido num braço-de-ferrocom a CGT, contava com umretrocesso ou, pelo menos,uma diminuição do apoio ouda aprovação da opiniãopública em relação aosprotestos. Este fenómeno nãoteve lugar”. Segundo uma outra sondagem,realizada a 20 de Junho, Vallsatinge um “recorde deimpopularidade”, apenas com20% de opiniões favoráveis(sendo que Hollande ainda temmenos – 16%). “Com um poder executivomais debilitado do que nunca,ninguém pode assegurar hojecomo terminará a reformalaboral”, opina o editorialistado jornal francês Le Figaro(18 de Junho). n

Apelamos à rejeição dequalquer ataque ao direito demanifestação e a umamobilização ainda com maiorforça, em conjunto com ossindicalistas, em próximasconvocatórias. Exigimos a retirada dareforma laboral, única decisãorazoável capaz de acalmar astensões sociais, de que oGoverno é o principalresponsável.” A debilidade do Governo éenorme, o que o leva a tentarmostrar maior firmeza. “Nãohaverá retirada do texto nemmodificação da sua filosofia,nem reformulação dos artigosque constituem o seu eixo”,disse Valls (o Primeiro-ministro). Acrescentando queo projecto de lei voltará àAssembleia Nacional.A situação de desordem é daresponsabilidade do próprioGoverno, que apostacinicamente na putrefacção ena decomposição sociais. Massão precisamente asorganizações sindicais queassumem a responsabilidadede ser um factor de ordem,colocando-se à cabeça dadefesa das liberdades e dosdireitos democráticos, acomeçar pelo direito demanifestação. Apesar do bombardeamento

recuar e autorizar amanifestação de 23 de Junho.Na defesa desta liberdadedemocrática a manifestar háque assinalar o papeldesempenhado pelo Apelo dedez organizações políticas“Unidos para dizer NÃO”. Este Apelo, após denunciar astrapalhices do Governo aoprocurar desacreditar asorganizações operárias,chegando a identificá-las comterroristas, conclui: “As organizações políticassignatárias pedem a FrançoisHollande que pare com osseus ataques ao movimentosindical e ao mundo laboral. Defendemos outra política,respeitadora dos assalariadose não guiada pelos interessesdas grandes empresas. Recordamos que três das cincoConfederações sindicaisrejeitam a reforma laboral eque sete sindicatos operários eassociações de jovensconvocam as manifestações. Denunciamos os intoleráveisataques contra os sindicatos e,em particular, contra a CGT.

Oresultado do referendono Reino Unido abreuma nova etapa nadecomposição daUnião Europeia e das

suas instituições, que jáestavam numa situação críticaperante a resistência dos povose os riscos de explosão social.Um resultado que encontra umeco especial em França, emplena mobilização contra arevisão do Código doTrabalho. Esta onda de choque tem lugarno mesmo momento em que,na França – um dos principaispaíses da UE – a mobilizaçãodos trabalhadores com as suasorganizações tem o Governoencostado às cordas. EsteGoverno – em crise, rejeitadoe isolado – recorre, emdesespero, aos mecanismosantidemocráticos da VªRepública: estado deemergência, artigo 49.3 daConstituição gaullista, ameaçade proibição demanifestações,… A firmeza da frente unidasindical obrigou o Governo a

novo acto de terror usadopara justificar tanto apolítica de guerra da natoe do governo francês, comoa restrição às liberdades

Sendo esta a situaçãopolítica em França, élógica e pertinente apergunta: o morticíniocometido em Nice –

vitimando muitas dezenas depessoas de forma brutal e

aleatória – não teráobjectivamente comofinalidade dar um novo«balão de oxigénio» aogoverno de Hollande, paratentar levar por diante o seuataque ao Código doTrabalho e às organizaçõessindicais?A Direcção da ConfederaçãoGeral dos TrabalhadoresPortugueses (CGTP) levantauma ponta do véu ao afirmar,

na sua Mensagem desolidariedade àsConfederações sindicais deFrança (de 15 de Julho): “ACGTP-IN repudia todas asformas de terrorismo, pois sãodirigidas de formaindiscriminada contrapopulações indefesas. Se sevier a confirmar que esta acçãocriminosa está ligada aosgrupos terroristas que operamna região do Médio Oriente,mas também na Europa, o queafirmamos é que só o fim dasguerras nesses países bem

como o fim das ingerências eagressões militares e aresolução pacífica dosconflitos podem contribuirpara uma paz justa e duradourae para a segurança doscidadãos.”Mas, não será preciso ir maislonge identificando qual opapel do governo de Hollandenessa política de guerra (e noseio da NATO) e ligá-la àguerra de classe que eleconduz contra ostrabalhadores franceses e assuas organizações? n

Atentado de Nice

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ANO XVIII ( II Série ) nº 123 de 24 de Julho de 2016 / Publicação do

EUA, assim como aimpreparação militar e a faltade meios – responsáveis pelamorte ou mutilação decentenas de soldadosbritânicos. Em 2003, 75% dosdeputados do LP tinhamvotado com a totalidade dosConservadores. Entre osopositores à guerra: Corbyn eo seu braço-direitoMcDonnell.

esta crise políticacombina-se com aresistência crescente daclasse operária

A 5 de Julho, 10 milprofessores manifestaram-seem Londres contra a reformacom que se pretende privatizarcompletamente o Ensinoprimário e secundário. Arealização de uma votação dosmembros do NUT (o principalSindicato dos Professores),obrigatória para organizar umagreve, deu 50 mil professores(92%) a votar pela greve. Amobilização dos professorescontra a reforma deverácontinuar no início do anolectivo.A 6 de Julho terminou tambéma votação dos estagiários doNHS (Sistema Nacional deSaúde) após consulta do seusindicato, a BMA (BritishMedical Association), sobre aproposta de contrato feito peloGoverno na sequência de 8dias de greve desde Janeiro.

Avotação dos britânicospara a saída da UniãoEuropeia abriu umacrise sem precedentesnos partidos e

instituições britânicas. AComissão Europeia e osGovernos europeus, queespeculam desde o início sobreos riscos em que Cameron fezincorrer a UE ao lançar oreferendo, agora recusamnegociar com aquele que nãotem mais nenhum apoiopolítico, nem mesmo do seupartido. Mas, apesar dasubstituição de Cameron poraquela que é apresentada comoa nova “Dama de ferro”(Theresa May), o problema doPartido Conservador estálonge de se encontrarresolvido: como continuar agovernar até 2020, com umamaioria parlamentar estreita efracturada, sem ser obrigado aorganizar eleições legislativasantecipadas em que o sucessorde Cameron não deixará desofrer o preço da sua rejeição,expressa pela populaçãoaquando do referendo?Foi nestas condições que,alterando radicalmente ocalendário previsto – e apósinúmeras pressões para queretirasse os candidatosconservadores ao cargo dePrimeiro-ministro –, oaparelho partidário pôs-se deacordo em nomearimediatamente a senhora Maypara substituir Cameron, a fimde evitar a explosão doPartido. No Labour Party (LP– Partido Trabalhista), Corbynrecusa demitir-se. Por outrolado, falharam as negociaçõesentre as principais Federaçõessindicais filiadas no LP e osque se opõem a Corbyn. Otemor das alas centrista e“blairista” é que este seja denovo eleito por uma largamaioria dos aderentes,sindicalistas e simpatizantes(60% no ano passado, contra4% para o candidato“blairista”). Dezenas de

comités locais têm tomadoposição a favor de Corbyn e jáhouve 100 mil novas adesõesao LP depois do 26 de Junho,exprimindo a vontade dosmilitantes, simpatizantes esindicalistas do seu Partidocontra o centro e a ala“blairista” (New Labour),Contra a política de apoio aos cortesorçamentais e à guerra. Angela Eagle anunciou a suacandidatura para substituirCorbyn, desencadeandoautomaticamente novaseleições internas. Ela é umaex-ministra dos governos deBlair e de Brown, tendovotado a favor de todas asintervenções militares,inclusive no passado mês deNovembro em relação à Síria,quando era membro doGabinete-sombra do LP.No entanto, a vontade dosmilitantes de defender o seuPartido e Corbyn não fazesquecer à Direcção do LP queuma larga maioria das classespopulares votou pela saída daUE contra Cameron e a suapolítica, contra o “blairismo”mas também contra Corbyn ea Direcção do TUC. A 6 deJulho foi tornado público oRelatório Chilcot – textoparlamentar oficial sobre ainvasão do Iraque em 2003.Apesar de muito moderado,ele conclui pela inexistência dequalquer razão justificativadessa invasão. Denuncia ofacto de Blair se tercomprometido por pressão dos

58% dos estagiários rejeitouessa proposta (com 68% departicipação).Apesar das concessõessalariais, o objectivo é sempreo de alargar os limites dotempo de trabalho. AComissão dos Estagiários daBMA estava dividida e,portanto, foi incapaz de daraos seus membros orientaçãooficial de voto.No final da votação, JohanMalawana, Presidente daComissão, que defendia amanutenção do acordo com oGoverno, demitiu-se. Perante oanúncio de que o Ministérioimporia o acordo, apesar detudo, Ellen McCourt, novapresidente dos Estagiários,disse: “A Comissão deEstagiários acordou emprosseguir a luta contra aimposição do contrato.”Entre os estagiários comoentre os professores, oresultado do referendo sobre aUnião Europeia tem sidousado para tentar bloquear amobilização. Seria precisoaceitar as medidas de Cameronporque o próximo Governoconservador seria pior e osdireitos dos trabalhadoressupostamente garantidos pelaUE desapareceriam...O estado de espírito é dedesespero após anos deausteridade e para impor umaderrota ao governo deCameron, imediatamente esem esperar por quaisquereleições. É no terreno da lutade classes – colocando aquestão da unidade sindicalpara derrotar imediatamenteCameron e as suas políticas aoserviço do capital financeiro eda UE – que pode serencontrada uma saída positiva,incluindo a da reapropriaçãodo Partido Trabalhista pela suabase como um partidorepresentando os sindicatos e aclasse operária. n

A luta para afastar imediatamente os Conservadores do poder

Reino Unido

Manifestação dos professores em Londres, a 5 de Julho.

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estado espanhol I Ninguém quer governar com Rajoy! actualidade internacional >>>

Quase um mês após aseleições de 26 deJunho – nas quais oPP (Partido Popular)foi a força mais

votada mas que ficou longeda maioria absoluta – umfacto parece ter sidoestabelecido: nenhuma dasdemais forças políticas, nemde direita nem de esquerda,está disposta a fazer parte deum novo governo de Rajoy.Nem sequer o Ciudadanos(Cidadãos, movimentopopulista de direita – NdR)que partilha com o PP o seuideário económico, nem os“nacionalistas” catalães ebascos que não só partilhama política económica como,para além disso, cobrindo-secom o manto da soberania,têm ido em muitos aspectosainda mais longe, como naaplicação da LOMCE(Acrónimo em castelhano deLei Orgânica para aMelhoria da QualidadeEducativa, que inclui umataque sem precedentes aoensino em Espanha – NdR) edos planos de austeridade.Nenhum deles quer governarcom Rajoy.

Para já, todos garantem quenão entrarão no Governo enão apoiarão a suainvestidura. Quanto muitoalgumas formações – como oCiudadanos – admitem estardispostos a abster-se, desdeque haja outros a votar afavor da sua investidura. Amaioria insiste em assegurarque votará contra.

Mas, dirão alguns, ainda hátempo para que apoiem ainvestidura. É verdade quepodem abster-se, numasegunda ou terceira volta,permitindo um governo doPP sem maioria que o apoienas Cortes (Parlamentooutorgado pela monarquiaespanhola – NdR). Mas nestecaso que Governo seria esse,

só com o apoio da“associação de malfeitores”que é o PP? Um partido quesó representa 20% dosrecenseados e tem ahostilidade aberta da grandemaioria da população. UmGoverno muito débil parafazer frente a uma tarefadifícil.

Porque lhe negamo seu apoio?Lembremos qual é o papelreservado ao futuroGoverno. O capitalfinanceiro e as suasinstituições, como a UniãoEuropeia e o FMI, exigemum plano de guerra contraos trabalhadores e os povos.Obama acaba de vir aEspanha para, aproveitandoa visita às suas tropas,recordar às formaçõespolíticas mais votadas assuas tarefas. A UniãoEuropeia ameaça com umamulta de 2 mil milhões deeuros, por não ter sido aindacortado o suficiente,exigindo cortes de 15 milmilhões adicionais, em2017, para cumprir oslimites do défice. Para alémdisso, preconiza novas“reformas”, ou seja, maiscortes de direitos laborais esociais; e propõe-sesubmetê-lo a uma estritatutela, para que execute osplanos precisos que lhe irãoditando.

O problema é que aspessoas estão fartas de

cortes e os povos estãoigualmente fartos de veremnegados os seus direitos adecidir e de todos osatentados à democracia. Amaioria do Congresso,como lembram osSindicatos, foi eleita pararevogar a reforma laboral, alei “mordaça”, o artigo 315,a LOMCE/3+2, para quecrie emprego e resgate asaúde, etc. O direito adecidir está tão presente queé a chave para um pacto dasesquerdas. Aplicar, mesmoque em parte, os planos docapital exigiria um acordode todas as forças, e emparticular o apoio, activo oupassivo, dos partidos quefalam em nome dostrabalhadores, da juventudee dos povos, sobretudo dosSindicatos operários, maisou menos um novo Pacto deMoncloa… Mas os temposactuais não estão para isso.

Todos têm consciência queapoiar um governo do PP,nestas condições, poria emperigo as suas própriasorganizações. E como oGoverno não tem maiorianas Cortes, cada novo corteexigiria novos apoios,comprometendo quem ossubscreva.

a classetrabalhadora nãofoi derrotadaOs trabalhadores e as suasconquistas sofreram fortesgolpes. Em grande medida,

os trabalhadores encontram-se na expectativa. Não hádúvida que não têminstrumentos políticosadequados (o PartidoSocialista está no seu piormomento desde a morte deFranco, a Esquerda Unidasubmergiu-se na coligaçãocom o Podemos,abandonando todos oselementos de ruptura quetinha no seu programa e aconfluência “emergente” temar de cartucho molhado). Háanos que os sindicatos nãoenfrentam o Governo doscortes.

Mas, no seu conjunto, aclasse trabalhadora nãosofreu a derrota esmagadoraque seria necessária paraaplicar os planos do capitalfinanceiro. Ao mesmotempo, os diferentes povosque compõem hoje o Estadoespanhol exigem os seusdireitos, sem tutela nem daMonarquia nem de Bruxelas.Para além disso, “os decima” sabem que, a qualquermomento, pode eclodir umaexplosão social, com asorganizações sindicais aliderá-la, como sucedeu emFrança.

Tudo isto alimenta o pânicode se comprometerem comRajoy.

a crise do regimeA incapacidade de formaruma maioria de Governoapós sucessivas eleiçõesdemonstra que a crise doregime não acabou, de formaalguma. Em primeiro lugar,porque a pedra angular desteregime, a Monarquia, já nãoé capaz de desempenhar opapel de Bonaparte –mediador entre as classes eas forças políticas e sociais –para conter a desagregaçãodo Estado. A isso junta-se,agravando a situação, a

Uma das muitas manifestações massivas contra a política do governo de Rajoy.

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Brasil I A CUT propõe a organização dagreve geral contra o golpe

ANO XVIII ( II Série ) nº 121 de 3 de Maio de 2016 / Publicação do

implosão da União Europeia,que se produz apesar doapoio unânime das forças de“esquerda” e de “direita” (noEstado espanhol, desde o PPa Unidos e Podemos), aindaque alguns que parecem nãover o que têm à frente dosolhos peçam “mais Europa”.

As dificuldades de formarum Governo são, na verdade,uma consequência da crisedo regime monárquico, numquadro persistente de criseeconómica, que é apenas oproduto da decomposição dosistema da propriedadeprivada dos meios deprodução. Os interesses dostrabalhadores e dos povosexigem que a classe operáriase dote dos meios para, emaliança com os povos,encontrar uma saída paraesta crise.

O mais urgente é afastar Rajoydo governo. Por iniciativa doCATP (Comité para a Aliançados Trabalhadores e dosPovos – NdR), mais de 230sindicalistas, trabalhadores ejovens de diferentesorganizações e sensibilidadespolíticas assinaram uma cartaa Pedro Sanchéz, PabloIglesias e Alberto Garzón(dirigentes do PSOE,Podemos e Esquerda Unida,respectivamente – NdR)pedindo-lhes que nãopermitam que Rajoy governe.

A esta petição aderem todosos dias novos camaradas e ospromotores estão preparandodelegações a cada um dosdestinatários com estaproposta: “Dirigimo-nos avós para pedir que seponham de acordo para nãopermitir, nem activa nempassivamente, um novogoverno de Rajoy, paraorganizarem a oposição aessa possibilidade, tanto nasCortes como na mobilizaçãoprática.” n

ADirecção Executivada CUT, reunida emSão Paulo a5/7/2016, reafirmou asua posição de

combate sistemático contra ogolpe em curso destinado aafastar do Governo apresidente Dilma, eleita por54 milhões de votos, domesmo modo que nãoreconhece o Governoilegítimo de Temer, cujasmedidas já estão a penalizara classe operária e o povobrasileiros, e põem emperigo a soberania nacional. Para combater esta viragempolítica para a direita e arestauração neoliberal –negociadas com as forçasconservadoras do país e como grande capital nacional einternacional – e paraimpedir o ataque aos direitoshistóricos da classetrabalhadora, a CUT apela assuas bases à preparação dagreve geral. (…) A defesa das empresaspúblicas, a exploração dosnossos recursos naturais porempresas brasileiras e autilização de uma parte dosseus lucros para a melhoriada Educação e da Saúde sãoinvestimentos indispensáveispara o futuro das novasgerações de brasileiros ebrasileiras e, por isso,tornam-se numa questão desoberania nacional. Sobreesta questão também nãocederemos. (…)A classe operáriadesempenha um papelfundamental neste processo:é a ela que cabe desencadeara greve geral, porque se tratade derrotar um ataque contra

os nossos direitos econquistas, o qual não podeser combatido de maneiraisolada, exigindo uma acçãoconjunta – de onde anecessidade de preparar agreve geral num diálogointenso com as nossas bases.(…) Ou seja, o que está emjogo, agora, são os direitosda classe operária e, nofuturo, o seu próprio destino.É esta discussão que ossindicatos devemdesenvolver, imediatamentee de maneira urgente, com assuas bases para as mobilizarpara a greve geral. Asassembleias sindicais devemrealizar-se até 31 de Julho, omais tardar. (…)

a continuidade daluta contra o golpeEm coerência com a luta quetrava ao lado de sectoresdemocráticos e popularescontra o golpe, a CUTmobilizará as suas bases parauma vasta agenda construídacom os seus parceiros dosmovimentos sociais e queterá como epicentro adenúncia do golpe durante osJogos Olímpicos, emanifestações em massa em

Brasília e nas capitais dosestados aquando do voto noSenado para a destituição deDilma. Lutaremos paraderrotar o golpe e realizar areforma do sistema político,através de uma AssembleiaConstituinte exclusiva esoberana.Há outras acções previstascomo a pressão sobre oCongresso contra aaprovação de projectos quesuprimam direitos à classeoperária, comícios emanifestações de carácterregional e sector(organizadas pela CUT oucontando com a suaparticipação). n

greve geral: nãotoquem nos nossosdireitos! contra ogolpe! Fora comtemer! em defesados direitos, doemprego e dademocracia! Poruma constituinteque realize areforma política!

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actualidade internacional

Estados em detrimento do daComissão Europeia. Defacto, esta tinha permitido –durante as dezenas de anosde funcionamento da UE –que cada Governo seescondesse atrás dela paracamuflar, em nome de umpretenso poder supranacionaleuropeu, as suas própriasdecisões contra o seu povo.Mas toda esta construção deque a Comissão Europeia erao garante está hoje numafase de desmantelamento. E,após a Espanha e Portugal,toda a gente sabe que será avez da França. A revistaEurActiv.fr, por exemplo,analisou assim a situaçãoorçamental em França: “Umoutro dossier arrisca, embreve, de envenenar otrabalho do Executivoeuropeu.” Pelo seu lado, oComissário europeuMoscovici afirmou que odéfice público da França“deveria ser inferior a 3%do PIB, em 2017”, tendo ovalor oficial sido 3,5% doPIB em 2015.No entanto, os quatro mesesde intensa luta de classes quetem tido lugar em França(ver pg 12) aterrorizam-nos atodos. n

A crise da União Europeia fez-se convidada para a Cimeira da NATO

Erdogan: o protegido da NATO

A8 e 9 de Julho, tevelugar a Cimeira daNATO (a organiza-ção militartransatlântica de que

os EUA e… o Reino Unidoasseguram – conjuntamente– o Comando Operacional naEuropa). O presidente dosEUA, Barack Obama, estevepresente no dia 8.Nessa Cimeira foramoficializadas várias decisões:os EUA vão deslocar milsoldados para a Polónia, noâmbito do envio para aEuropa de Leste de quatrobatalhões multinacionais daNATO.Os presidentes do Conselhoeuropeu e da Comissãoeuropeia – Donald Tusk eJean-Claude Juncker – foramos convidados-surpresa destaCimeira. Pelo seu lado, oSecretário-Geral da NATO –o norueguês Jens Stoltenberg– descreveu a UniãoEuropeia como “um parceiroessencial”, acrescentando:“Chegou a hora de fazerevoluir as relações entre asduas organizações.”O presidente dos EUA,Obama, também insistiu –após a Cimeira da NATO –sobre a importância destanova relação entre a UE e aNATO, sublinhando: “Cadaum deve tratar de si e fazermelhor”. Ao comentar estadeclaração, a Agência FrancePress fala de um “avisovelado a todos aqueles quearrastam os pés, nãoaumentando o seuOrçamento para a Defesa”.Os Estados europeus estãosujeitos, pelas regras comunsda UE, a diminuírem osdéfices públicos à custa decortes em todas as suasdespesas. Mas oimperialismo norte-americano exige-lhes queaumentem o seu Orçamentomilitar.E tudo isto numa situação decrise crucial da União

Europeia, que a ex-Secretária de Estado dosEUA, Madeleine Albright –também convidada para aCimeira da NATO – resumiuassim: “O Brexit demonstrouuma falta deresponsabilidade e decompetências políticas.Devemos preparar-nos parauma década de desordem. Épreciso sermos activos emvez de nos lamentarmos.”Daqui decorre a insistênciade Obama, a propósito dasnegociações a fazer após oBrexit: “Ninguém teminteresse que as negociaçõesse prolonguem,conflituosas.” Numaentrevista dada ao diárioinglês Financial Times,algumas horas antes daCimeira da NATO, ela tinhasido muito claro: “A nossaAliança transatlântica vive,talvez, o seu momento maisimportante depois do finalda Guerra Fria. Quaisquerque sejam as dificuldades,tenho confiança nacapacidade do Reino Unidoe da UE para negociaremuma transição ordenadapara uma nova relação,numa altura em que todos osnossos países estãoconcentrados sobre aestabilidade financeira e ocrescimento da economiamundial.”A desintegração da UniãoEuropeia introduz um factorde desintegração na NATO e,

para além dela, de todo odispositivo do imperialismo.E esta desintegração só seacentua com oenfraquecimentoconsiderável da ComissãoEuropeia, o que ficou bempatente a 5 de Julho (nareunião do ParlamentoEuropeu, no seguimento daCimeira NATO/UE). Emrelação às sanções a Portugale Espanha, por nãorespeitarem os seusobjectivos de redução dosdéfices públicos, a ComissãoEuropeia decidiu… nãodecidir nada, remetendo adecisão para a reunião dosministros das Finanças daUE de 12 de Julho. Esteadiamento da decisãoconfirmou a preeminênciacrescente do papel dos

Ogolpe de Estado falhadona Turquia inscreve-secomo um factor

suplementar de desordem naEuropa e no resto do mundo.A Turquia – aliada da NATOdesde 1952 – está nacharneira entre a UniãoEuropeia e o Médio-Oriente.A crise aberta neste paísagrava a crise das cúpulas daUnião Europeia, jáagudizada pela luta de classeem França (face a umGoverno desacreditado mas

que é um dos pilares dessaUnião) e pelo Brexit.Por outro lado, oimperialismo norte-americano não conseguecontrolar a situação na Síriae no Iraque, países emrelação aos quais a Turquiaconstitui uma ponta-de-lançados EUA. No próximo número do MSaprofundaremos este tema, quetambém pode ser visto emhttps://pous4.wordpress.com/ n

Erdogan e Obama aquando da Cimeira do G20, em Antalya (Turquia), em Novembro de 2015.