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1 o militante socialista Tribuna Livre da luta de classes Publicação Mensal 02 a luta dos trabalhadores dos SamS 03 editorial: aprender uns com os outros! apoiar-nos uns nos outros! 04 groundForce: Partilhar a luta, para dar mais força ao combate 05 Plenário nacional de sindicatos da cgTP 6/7 Só a luta dos professores poderá restabelecer a democracia nas escolas 08 concertação Social posta em causa? 09 apelo a um encontro intersectorial de Trabalhadores Reunião de preparação na marinha grande 10 carta aos munícipes do concelho da marinha grande 11 crise na União europeia 12 Na morte de Fidel castro cuba e a eleição de Trump 13 O discurso de investidura de Trump 14 grécia: a esquecida França: governo e oposição unidos na aplicação da reforma laboral 15 cem anos depois, continua válida a noção do imperialismo como estádio supremo do capitalismo? 16 2017: conferência mundial contra a guerra e a exploração Indice DiRecTOR: JOaQUim PagaReTe aNO XViii (ii SéRie) 126 30 De JaNeiRO De 2017 1 eURO H H H H H H H H H H H H H H E U H H H H H H America first Soberania da Assembleia da República perante os organismos da concertação social Manifestações massivas em todos os EUA no dia da investidura de Trump

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o militantesocialista

Tribuna Livre da luta de classes

Publicação Mensal

02 a luta dos trabalhadores dos sams

03 editorial: aprender uns com os outros! apoiar-nos uns nos outros!

04 groundForce: Partilhar a luta, para dar mais força ao combate

05 Plenário nacional de sindicatos da cgtP

6/7 só a luta dos professores poderá restabelecer a democracia nas escolas

08 concertação social posta em causa?

09 apelo a um encontro intersectorial de trabalhadoresreunião de preparação na marinha grande

10 carta aos munícipes do concelho da marinha grande

11 crise na união europeia

12 na morte de Fidel castro cuba e a eleição de trump

13 o discurso de investidura de trump

14 grécia: a esquecidaFrança: governo e oposição unidos na aplicação da reforma laboral

15 cem anos depois, continua válida a noção do imperialismo como estádio supremo do capitalismo?

16 2017: conferência mundial contra a guerra e a exploração

Indice

Director: Joaquim Pagarete ano XViii (ii série) nº 126 30 De Janeiro De 2017 1 euro

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America first

Soberania da Assembleia da Repúblicaperante os organismos da concertação social

Manifestações massivas em todos os EUA no dia da investidura de Trump

2 a propósito

A luta dos trabalhadores dos SAMS

Pode parecer paradoxal,mas é a realidade.Cerca de mil esetecentostrabalhadores dos

SAMS – Serviços quegarantem os cuidados desaúde aos trabalhadoressindicalizados nos sindicatosdos bancários do Norte, doCentro e do Sul e Ilhas – estãoem luta, em unidade com assuas organizações sindicais e aComissão de Trabalhadores,contra uma entidade patronalespecial: a Direcção doSindicato dos Bancários do Sule Ilhas. Esta, que é responsávelpela gestão do SAMS, decidiuagir como um qualquerConselho de Administração aoserviço da rentabilidade da suaempresa. E, assim, eis estaDirecção a recorrer à arma detodas as entidades patronais – alei da caducidade dos contratoscolectivos – para chantagear asorganizações dos sindicatosdos trabalhadores do SAMS(nomeadamente dos médicos,enfermeiros, terapeutas eassistentes operacionais), demodo a fazê-las engolir umoutro contrato colectivo detrabalho sem os direitosadquiridos e consignados nocontrato em vigor. Como umaAdministração de empresacapitalista, esta Direcção nãohesita em reestruturar/cortar eencerrar serviços, semautorização dos donos doSAMS – os trabalhadoresbancários.Notemos que a Direcção doSBSI está a fazer aostrabalhadores dos SAMSaquilo que as Administraçõesdos bancos fizeram aosbancários e que ela aceitou eassinou, como se fosse umainevitabilidade – um contratode onde foram retirados osdireitos dos bancários,conquistados alguns deles emlutas muito duras antes do 25de Abril.

declaro que, jamais em nossonome (de todos os militantes,que em 1975/1977, se baterampela independencia sindical,pela unidade e reforço dossindicatos e, em particular, doSBSI) e em nome de todostrabalhadores sindicalizadosque querem um Sindicato paraserem defendidos, repito quejamais em nosso nome aDirecção do Sindicato dosBancários do Sul e Ilhas,responsável pela gestão dosSAMS, pode assumir a atitudede ataque aos trabalhadoresdos SAMS.

Solidário com a sua legítimamobilização – cujos direitos seconfundem com os nossos –exige-se que a Direcção donosso sindicato retire o pedidode caducidade e assuma oprocesso de livre negociaçãocom os dirigentes dosSindicatos dos trabalhadoresdos SAMS, nomeadamente odos Médicos (SNZS), o dosEnfermeiros (SEP), o dosTécnicos Superiores de Saúde(STSS) e o dos Profissionais deFarmácia e Paramédicos(SIFAP)!

Não em nosso nome!Não em nosso nome!

A defesa dos direitos dosA defesa dos direitos dostrabalhadores dos SAMStrabalhadores dos SAMSfaz parte da defesa dosfaz parte da defesa dosdireitos dos trabalhadoresdireitos dos trabalhadoresbancários!bancários!

Sim à livre negociação doSim à livre negociação doseu contrato colectivo deseu contrato colectivo detrabalho!trabalho!

Retirada do pedido deRetirada do pedido decaducidade do Contratocaducidade do ContratoColectivo em vigor!» Colectivo em vigor!» n

O MS publica uma carta de umtrabalhador bancário, que fezparte da Direcção do seusindicato (o SBSI), onderevela a dimensão do que estáem causa e, ao mesmo tempo,expressa a sua solidariedadecom a luta dos trabalhadoresdos SAMS. Este militantetomou a inicitiva de a entregaraos trabalhadores dos SAMSquando estes se concentraram,com os seus sindicatos, no diaem que fizeram uma greve,para exigir a retirada da acçãoda Direcção do SBSI e oretomar das negociações paraa renovação do seu CCT.

conseguidos como resultadode muitas lutas, algumas delasainda antes do 25 de Abril,quando as perseguições e aprisão eram muitas vezes opreço a pagar.

Estamos agora a viver umperíodo que jamaisimaginámos que pudesseacontecer, com a Direcção donosso sindicato a assinar umcontrato colectivo de trabalhodo qual foram apagadosdireitos muito importantes.

(…) Neste acto inqualificávelpor parte de uma Direcçãosindical, está em causa o

«Os Serviços de AssistênciaMédico-Social (SAMS) são umserviço de saúde de valorinestimável, conquistado econstruído pela mobilizaçãode equipas de militantesbancários – que, emsucessivas Direcções do nossosindicato, se empenharamnesta tarefa. Fizeram-no emsimultâneo com as funçõesnormais que cabem a umaDirecção sindical, namobilização dostrabalhadores que representa,para assegurar a livrenegociação e defesa docontrato colectivo de trabalho,contendo os nossos direitoscomo trabalhadoresbancários, também eles

A mobilização dos trabalhadores dos SAMS pode abrir o caminho para salvar o Sindicatodos Trabalhadores Bancários do Sul e Ilhas!

direito à livre negociaçãocolectiva, conquistaconsignada na Constituiçãoda República, artigo 56º, estáem causa a independência epreservação do nossosindicato, estão em causa ascondições de trabalho dostrabalhadores dos SAMS (queservem e garantem aassistência aos bancários),está em causa a sua existênciacomo serviço social garantidopelos Sindicatos dosBancários do Norte, doCentro, e do Sul e Ilhas.

Assim, como membro emilitante sindicalista nadefesa da independência dasorganizações sindicais,

Carlos Melo, sócio doSBSI, reformado da CGD

Membro da Direcção do SBSI de 1975/1977,responsável pela construção e organização dos SAMS

ANO XVIII ( II Série ) nº 126 de 30 de Janeiro de 2017 / Publicação do

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E d i t o r i a lFicha técnica

Tribuna livre impulsionada pelo POUS

o militantesocialista

Proprietário: Carmelinda PereiraNIF: 149281919

editor: POUS - Partido Operário de Unidade SocialistaNIPC: 504211269

sede: Rua de Sto António da Glória, 52-B / cave C 1250-217 LISBOA

Isenta de registo na ERC, ao abrigodo Dec. regulamentar 8/99 de 9/6(artigo 12º, nº 1 a)

Director: Joaquim Pagarete

comissão de redacção:Aires RodriguesCarmelinda PereiraJoaquim PagareteJosé Lopes

impressão: Imaginação ImpressaRua Braancamp, 15A 1250-049 Lisboa

edição: 100 Exemplares

a nossa história:

O jornal “o militante socialista”nasceu em 1975, sob aresponsabilidade de militantes doPartido Socialista (PS), pertencentesàs Coordenadoras dos núcleos deempresa, organizados na suaComissão de Trabalho.Nasceu identificado com os ideais da Revolução do 25 de Abril, do socialismo e da democracia.Esses mesmos ideais continuaram aser assumidos pela corrente desocialistas afastados do PS, quefundaram o Partido Operário deUnidade Socialista (POUS), emconjunto com a Secção portuguesa da IVª Internacional.Em continuidade com os ideais quepresidiram à publicação dos primeiros “Militantes Socialistas”, o POUSimpulsiona actualmente estejornal, como tribuna livre da luta declasses, aberta a todas as correntes emilitantes que intervêmdemocraticamente para defender as conquistas do 25de Abril.A defesa destas conquistas exige o desenvolvimento de uma acção política totalmenteindependente das instituiçõesligadas aos Estados, às religiões ouao capital – e, por isso, a orientação de “O MilitanteSocialista” identifica-se com a doAcordo Internacional dosTrabalhadores e dos Povos.

Aprender uns com os outros!Apoiar-nos uns nos outros!

do sector de handling, emtorno da exigência decondições de trabalho dignas.Como eles própriosafirmaram: “A maneira maiseficaz de combater aprecariedade é conseguir umcontrato colectivo detrabalho, com portarias deextensão que cubram todosos trabalhadores de ummesmo ramo de actividade. “

Conscientes das dificuldadese de que os passos realizados,tão importantes, são aindauma pequena parte docaminho que ostrabalhadores têm pela frente,estes militantes daGroundForce referiram aimportância de partilharinformações e de debater emconjunto as formas de acção,quer no nosso país, quer anível internacional.

Ao mesmo tempo que estaslutas se desenvolvem, o PSDe o CDS – que perderam umabatalha – não estão dispostosa perder a guerra. Eles nãoabrem mão dos trunfos queconseguiram arrancar duranteos quatro anos e meio do seuGoverno. Sabemos queconseguiram estes trunfos,não pela sua força, mastirando partido das políticas dedivisão das forças políticas esindicais que se reivindicamda defesa dos trabalhadores.

Mas, se os processos de lutaem que estes militantes estãoempenhados, como muitosoutros em diferentes sectores,a partir dos seus sindicatos eem unidade com eles, forempor diante e culminaremnuma mobilização nacional –que leve os deputados do PS,a unir-se com os do PCP, doBE e dos Verdes, pararestabelecer o direito

Aacção de muitosmilitantes, emligação com oconjunto dostrabalhadores,

alastra por muitos sectores eempresas, para tentarconcretizar – no terreno queé o seu – a derrota infligida àcoligação PSD/CDS,impedindo-a de podercontinuar a governar. É um combate que nãoparou, mesmo se agora serealiza em condiçõesdiferentes. Ele desenvolve-senum contexto em que ogoverno do PS, embora tenharevertido algumas medidasdo Governo anterior, jamaisdeixou de se subordinar àsexigências ditadas pelocapital financeiro, que aliásprometeu honrar desde oinício da sua constituição.

Com a sua luta, estesmilitantes procuramrecuperar direitos tirados ouconseguir contratoscolectivos e acordos deempresa com os direitosinscritos no seu clausulado,desde os aumentos salariaisàs condições de trabalho.Mas procuram, sobretudo,impedir despedimentos egarantir vínculos contratuaiscomo trabalhadoresefectivos.

Alguns quadros sindicais queintervieram no Plenárionacional de sindicatos daCGTP, de 12 de Janeiro, emLisboa, testemunharam estarealidade. Tal como ofizeram – com uma clareza ealcance tão relevantes, comoa força da sua simplicidade –os militantes da CT daGroundForce, ao falarem doseu combate persistente paraunir todos os trabalhadores

consignado na Constituiçãoda livre negociação colectiva,e revogarem as leis dacaducidade e dosdespedimentos colectivos –uma nova situação se abrirápara o conjunto da populaçãolaboriosa do nosso país.Quando isto acontecer, ficarábem mais difícil fazeracordos na “Concertaçãosocial” para destruir osdireitos dos trabalhadores.

Foi esta compreensão quelevou os membros da ct dagroundForce a aderirem àproposta de um encontrointersectorial detrabalhadores, para discutir– de forma livre e fraterna –como ajudar a concretizareste passo para a unidade detodo o movimento operárioem Portugal. Um passo queserá talvez a melhorcontribuição da luta dostrabalhadores portuguesespara a luta dos trabalhadoresde todos os países da Europa.

Os grandes movimentossociais decorrem de muitasacções parcelares esectoriais. Os trabalhadoresportugueses estão a fazer asua parte, no sentido daviragem positiva para acooperação livre entre povossoberanos – base para acabarcom a guerras e os camposde refugiados, onde centenasde milhares de sereshumanos estão a sofrer oshorrores do Inverno,cercados de arame farpado.

Sim, vamos aprender unscom os outros! Vamosapoiar-nos uns nos outros! n

Carmelinda Pereira

actualidade nacional >>>4 trabalhar lado a lado,desempenhando as mesmasfunções mas auferindosalários de 300 e 400 euros, eo horário de trabalho tem queser igual para todos. Nãopodemos aceitar que haja aonosso lado colegas cuja únicarefeição quente a que têmdireito é aquela que lhes éservida no refeitório da ANA.Nunca pensei, quando há 21anos entrei para o trabalho noaeroporto do Estadoportuguês (tal como a TAP oera), que o futuro dostrabalhadores pudesse sereste. E isto tudo apesar donosso combate constante, deum esforço que nos tem feitofazer escolhas, que nos levapor vezes a sacrificar a nossavida pessoal e familiar.

Não se trata de ficarmosnivelados todos pelo saláriomínimo do nosso CCT (580euros). Quem está abrangidopelo Acordo de empresa daGroundforce, e ele for maisfavorável, mantem o salárioque tinha; mas o CCT dá-nosuma base comum e umasegurança comum, paraconseguir estender os direitoscontidos no nosso Acordo deempresa a todos colegas detrabalho.

A TAP não poderá maiscontratar empresas a praticareste custo do trabalho, poisessas empresas terão querespeitar as regrascontratuais.

Nós somos levados a concluirque a melhor maneira de lutarcontra a precariedade é lutarpor contratos colectivos detrabalho e portarias deextensão para todos ostrabalhadores.

uma luta a partilhar, com ostrabalhadores portugueses enão só

Há pouco tempo, recebemosuma delegação de camaradas

das Comissionnes Obreras deMadrid, que queriam inteirar-se sobre o nosso combate emPortugal. Contaram-nos quetambém os trabalhadores doaeroporto de Madrid seencontram confrontados comcondições de trabalho e deprecariedade cada vez maisagravadas, desde aprivatização da Ibéria. Trata-se de um problema que atingeos trabalhadores de todos osaeroportos, em particular dospaíses da Europa. Situaçõessemelhantes têm acontecidona Suécia e na Noruega.Precisamos de partilhar maisinformação e procurarmaneiras de coordenar acçõesde resistência e demobilização, tal como oprocuram fazer ostrabalhadores portuários, deque são exemplo oscamaradas do Porto deLisboa.

Concordamos que aCarmelinda passe estasinformações para os outrostrabalhadores, pois estapartilha dá força aos outroscombates que estão a sertravados.

Não são muito grandes osnossos passos, mas sãoimportantes para pôr fim àescravidão a que colegasnossos estão a ser sujeitos.»

a importância da Direcçãodo sitaVa e dadeterminação da ct

«Conseguimos agora estesresultados, graças àcombinação de um conjuntode factores. Por um lado, oGoverno é diferente e oacionista maioritário vêtambém a Groundforce emrisco de desaparecer com aconcorrência de empresas detrabalho temporário muitomais baratas. Mas o factordeterminante tem sido a lutae a força que ela ganhou

este foi o sentimentodemonstrado pelosmilitantes da comissão detrabalhadores dagroundForce, ao acederem acomunicar – através datribuna Livre do ms – a sualuta para preservar os postosde trabalho com direitos. eisum excerto da suacomunicação.

“A conquista do ContratoColectivo de Trabalho (CCT)para todos os trabalhadoresé a melhor garantia de pôrfim à precariedade”

«(…) A política daaviação comercial nãomudou. O que mudoufoi a gestão da aviaçãocomercial.

Assim, é óbvio que é dointeresse de qualquercompanhia de aviaçãogarantir a segurança dotransporte aéreo. Esteobjectivo é também o nosso,como trabalhadoresempenhados em que toda agente viaje em segurança(podem ser as nossas própriasfamílias que lá vão).

Neste sentido, a aviaçãocomercial não mudou,mudaram sim as políticas degestão para tentar baixar ocusto do transporte, para queele se torne cada vez mais lowcost. E, para conseguir esteobjectivo, a precariedadetornou-se a palavra de ordemdas companhias aéreas e das

empresas que as servem. Nonosso caso, a privatização daGroundforce, em 2003, foi ocomeço da nossa luta contra aprecariedade, contra ocongelamento dos salários e oagravamento das condições detrabalho. Não podemosaceitar que se pretendaaumentar os lucros à custa derelações de trabalho deescravatura.

Esta situação agudizou-se coma privatização da companhiaaérea portuguesa (a TAP). Apolítica dos donos da TAP visatransformá-la numacompanhia low cost. Paraisso, vão fazer contratos comempresas de trabalhotemporário, com prejuízo daprópria Groundforce, já queesta – apesar do agravamentodas condições de trabalhodesde a sua privatização – temque respeitar ainda algunsdireitos, em função docombate que nuncainterrompemos.

A nova Direcção do SITAVA,integrando colegas nossos quesaíram da CT, tem tido umpapel muito importante nascondições de mobilização quetemos procurado desenvolver.Foi com essa mobilização quefoi possível um passo que podeser muito tímido mas que é deuma grande importância paraos trabalhadores do sector.Trata-se de termosconseguido, pela primeira vezna nossa história, a assinaturade um contrato colectivo detrabalho (CCT) e a promessado Governo de assinar asportarias de extensão queabrangerão os trabalhadoresde todas as empresas queoperem neste ramo nosaeroportos portugueses de quese apropriou a multinacionalVinci (antiga ANA).

Com este CCT e as portariasde extensão não será maispossível existirem colegas a

Partilhar a luta, para dar mais força ao combate

«

sindicato que dá apoiojurídico aos trabalhadores econvoca uma greve quandoela é necessária,prerrogativas que uma CTnão tem. E o nosso contratocolectivo de trabalho era umsonho que se tornou umarealidade. Com as portariasde extensão não poderáhaver empresas a contratartrabalhadores a 400 eurosou menos.

É por isso que consideramosque a melhor maneira decombater a precariedade é ocombate por contratoscolectivos de trabalho eportarias de extensão demodo a que nem um só

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com a orientação da novaDirecção do SITAVA. Ostrabalhadores ganharammais confiança e voltaram-se para o SITAVA.

Só assim pudemos conseguir,por exemplo, a reversão dohorário de trabalho que nosfoi imposto em 2012 de 10horas e 9 horas, para 8horas e 7,5 horas, sendo queo nosso objectivo é voltar às7,5 horas para todos ostrabalhadores. Há um climade maior aproximação, apartir do SITAVA. E nós,trabalhadores do núcleo daCT que nunca desarmámos,temos agora uma outraforça. Dispomos de um

trabalhador possa ficar defora. Não queremos o que seestá a passar com ostrabalhadores imigrantes –contratados através deempresas de trabalhotemporário, na zona doOeste – a trabalhar naagricultura e a receber 3euros por dia».

a propósito do encontroentre militantes e quadrosde todos os sectores – cujoapelo todos os camaradaspresentes assinaram – umdeles afirmou:«É preciso envolver tambémos outros sindicatos,incluindo os da UGT. Voudefender esta proposta na

Direcção do Sindicato. Elestêm capacidade paraconvencer os outros. É muitoimportante que se faça esteEncontro.»esta entrevista terminoucom o acordo para aparticipação de ummembro da ct, em nomedesta, na reunião depreparação do encontro.Além disso, os membros daCT da Groundforce ficaramde se pronunciar sobre aproposta de uma ConferênciaMundial Aberta, contra aguerra e a exploração, arealizar na Argélia, entre 5 e8 de Outubro. n

C.P.

É possível: impedir despedimentos, efectivar,aumentar salários, sindicalizar!

Afrase que dá título aeste artigo procuraexpressar uma dasideias-fortes queressaltaram das

intervenções de quadrossindicais, no plenário daCGTP, realizado no passadodia 12 de Janeiro, naAssociação dos Comerciantesde Lisboa. É assim que dirigentessindicais da zona Norte dopaís relataram os processos demobilização, incluindo a grevede trabalhadores de váriasempresas, conseguindo comoresultado a efectivação devárias centenas detrabalhadores (alguns dosquais tinham recebido a cartade despedimento da respectivaempresa) e, também, contratoscolectivos com aumentos desalário e direitos garantidos.Estas intervençõesconstituíram um verdadeiroapelo à mobilização e àorganização da vida sindicalnas empresas, mostrandocomo – através da lutaconcreta – foi possívelcumprir os objectivos de

sindicalização e elegerdelegados sindicais. Umtrabalho que mostra como épossível intervir em empresasonde a precariedade e osbaixos salários são a lei.“Conseguimos entrar numadas fábricas do IKEA, umaempresa onde os lucrosconseguidos à custa da maiorexploração vão parar àSuécia. Esta situação vaicomeçar a mudar. Realizámosuma reunião com um conjuntode trabalhadores, todosprecários, e iremos realizaroutra em Fevereiro» afirmouJoão Martins, dirigente doSindicato dos Trabalhadores da

Construção Civil, Cerâmica eMadeiras de Viana do Castelo.Em nome da Direcção daCGTP, Arménio Carlosexplicou na sua intervenção oconteúdo do Acordo assinadoem sede de Concertação Socialentre as associações patronais,a UGT e o Governo, apropósito do aumento dosalário mínimo nacional, e noqual o Governo “cedeu emtoda a linha ao grande capital,quer das empresasportuguesas quer dasmultinacionais», comotambém o afirmaram outrosdirigentes da CGTP.E foi neste contexto que

Arménio Carlos apelou aoreforço da mobilização, noslocais de trabalho, quer nosector público, quer noprivado, pelo aumento geralde salários, a começar pelosalário mínimo para 600euros, pelo combate àprecariedade e pela revogaçãodas normas mais gravosas daCódigo do Trabalho – orestabelecimento da livrecontratação colectiva, com ofim da caducidade doscontratos, a garantia damanutenção do princípio maisfavorável (dos Acordos deempresa em relação à LeiGeral do Trabalho), asportarias de extensão.

Foi sobre este o temaescolhido para terminar oplenário de 12 de Janeiro, coma deslocação de todos osmilitantes presentes àAssembleia da República,acompanhando a Direcção daCGTP na entrega de umapetição, com 70 milassinaturas recolhidas noslocais de trabalho, contendoestas exigências. n

Plenário nacional de sindicatos da CGTP, realizado a 12 de Janeiro de 2017

6T odos os nossos

direitos são oresultado de lutas emobilizações levadasa cabo pelos

trabalhadores, sector asector.aos professores e educadorescabe um combate adesenvolver em váriasfrentes, desde asmobilizações para defender asua vinculação ao estado e oestatuto da carreira docente,à exigência de condições detrabalho que permitamassegurar uma respostaeducativa à altura dasnecessidades de todas ascrianças e jovens, isto é,garantir uma escolademocrática.

a propósito desta últimadimensão da luta dosdocentes, publicamos amoção aprovada noencontro nacional dedocentes dos ensinos Básico esecundário, realizado a 7 deDezembro de 2016, emLisboa, ao apelo daFenProF. Publicamostambém excertos daintervenção de LuísaPatrício – professora daescola eB2,3 de são Juliãoda Barra – a quem coubeapresentar e defender o textoda moção, subscrito porvários docentes do concelhode oeiras.

Moção aprovadano Encontro daFENPROFConsiderando que:

1 – A complexidade crescentedas populações escolaresdeveria exigir, mais do quenunca, condições de trabalhoque permitissem ao conjuntodos professores e educadoresdotar-se de meios científicos e

pedagógicos para responder,de forma assertiva, àsnecessidades de formação dosalunos;

2 – Tal objectivo só poderá serconcretizado num clima decooperação entre o conjuntodos intervenientes no processoeducativo;

3 – Em vez disto, são impostasaos docentes cargas horáriasdesumanas, repletas demúltiplas tarefas burocráticas,por vezes de forma refinada,deixando-os exaustos e semtempo para realizar o trabalhoque, de facto, devia ser o seu(preparar as aulas e gerir oprocesso de formação dos seusalunos);

4 – Continuam a abater-sesobre os professores todas asconsequências negativas dasreformas que têm sidoimpostas, sobretudo a partir docaminho aberto pela ministraMaria de Lurdes Rodrigues eprosseguido pelo ministroNuno Crato, colocando osprofessores como merosexecutantes da “cadeia decomando” em que setransformou a organização dasescolas;

5 – Há agrupamentos onde opróprio funcionamentoultrapassa o limiar dalegalidade, sujeitando osprofessores a realizar reuniõesconvocadas de um dia para ooutro, ou a cumprir tarefas emtempo recorde, em nome dorespeito por “normas deexecução permanente”(NEPs), como se o seu estatutofosse militar;

6 – Um sistema quedesvaloriza e condena os seusprofessores e educadores àexaustão está a comprometer oprocesso de formaçãodemocrática do povoportuguês;

7 – Os professores e

educadores não aguentammais! É preciso dizer basta!

O Encontro Nacional dedocentes emrepresentação dasescolas/ agrupamentos/sectores de Educação eEnsino

I - Destaca do Cadernoreivindicativo daFENPROF:

a) a denúncia da actualirracionalidade doshorários dos docentes,nomeadamente pondotermo à inclusão nacomponente não lectivade estabelecimento depráticas que são defacto lectivas(designadamente ascoadjuvações e o apoionão individualizado dealunos), diminuindo acarga burocrática e oexcesso deintermináveis reuniõese, no caso do 1º ciclo,considerando osintervalos comoincluídos nacomponente lectiva dohorário;

b) a exigência daalteração do modelo degestão e administraçãodasescolas/agrupamentos,de modo a acentuar asua democraticidade,que não é garantidacom o actual modelo dodirector, situaçãoagravada pelo facto de aele estaremintrinsecamentesubmetidos osConselhos pedagógicose os órgãos intermédios.

II - Partindo destasreivindicações, exige aoministro da Educaçãoque, como prioridadeimediata, tome asdisposições necessárias

para proibir os abusos earbitrariedades queestão a abater-se, deforma sistemática,sobre os docentes; eestipule que aresponsabilidade pelaeleição dos Conselhospedagógicos e restantesórgãos intermédiosvolta a pertencerunicamente ao corpodocente daescola/agrupamento.

Intervenção deLuísa Patrício emdefesa da Moção

Não pretendo demorar muitotempo com a minhaintervenção, mas antes decomeçar gostaria de relembraraqui Brecht: “Há homens quelutam um dia e são bons, háoutros que lutam um ano e sãomelhores, há os que lutammuitos anos e são muito bons,mas há os que lutam toda avida e estes sãoimprescindíveis.”

E é isso que têm feito osprofessores ao longo dos anos:LUTAR em defesa da EscolaPública; e as conquistas feitascom essa luta estão em perigo.É por isso que apresentamosesta moção que não éalternativa à da Fenprof, antespretende reforçar algumasideias.

O secretário-geral da Fenproffalou das pirâmides do Egiptoe da sua construção pelos

Só a luta dos professores poderá actualidade nacional >>>

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ANO XVIII ( II Série ) nº 126 de 30 de Janeiro de 2017 / Publicação do

escravos. É certo, mas tambémé certo que se não fossem eleselas não teriam sidoconstruídas. Também osprofessores são os Obreiros daEscola Pública, e sem eles nãohá como dar resposta aosdesafios que são colocadoshoje em dia à Educação.

Com as alterações sociais efamiliares a que a sociedadetem sido sujeita, é pedido aosprofessores que substituam asfamílias, que sejamenfermeiros, psicólogos… e osprofessores estão cansados. Ebasta olhar para estaassembleia para perceber afaixa etária a que a maioria dosprofessores pertence.

Na minha escola, 80% dosprofessores estão acima dos 55anos e dos outros 20%, 10estão acima dos 50 e 10 acimados 40. Se não é possívelreformar estes professoresagora, não vai haverOrçamento do Estado queresista daqui a sete ou oitoanos.

Apesar desta situação, éimposta aos professores umacarga horária desumana, emque as horas do art. 79 doEstatuto da Carreira Docentesão, efectivamente, horas detrabalho com alunos e (vejamlá!) há Directores que emitemNEPs (normas de execuçãopermanente) e, para quem foi átropa, este é um documentomilitar. Os professores nãoassentaram praça. Osprofessores “professam”.

E a isto junta-se a ilegalidadede receber convocatórias viamail muitas vezes madrugadadentro, não respeitando oprazo legal das 48 horas. Claroque me podem dizer que nãodevemos “cumprir” estasconvocatórias; mas sabemostodos que a maioria cumpre,logo…

A nenhuma outra carreira

profissional, nem na Funçãopública, é pedido o que épedido aos professores. Comoo colega que falou antes demim e se debruçou sobre odiploma de concursos referiu:“É uma falta de respeito pelosprofessores.”

E os professores dizem,BASTA!

Por isso pedimos, antesEXIGIMOS, ao senhorMinistro da Educação queintervenha, no sentido deacabar com estasarbitrariedades e de repor alegalidade no que aos horários,à distribuição de serviço e àprepotência e autoritarismo dealguns Directores diz respeito.

Costumo dizer que quandocomecei tinha um sonho lindo,de uma Escola Públicageradora de igualdade epromotora dos valores daCidadania e da Democracia eque, no Governo anterior, deipor mim a acordar numpesadelo.

E como eu, a maioria dosprofessores.

Então gostaria de acabarrecuperando uma palavra deordem de uma das nossasmanifestações:

“Um, dois, três

Já cá estamos outra vez

E se isto não mudar

NÓS HAVEMOS DEVOLTAR”.

Dar continuidadeao trabalhoA moção aprovada noEncontro Nacional realizado a7 de Dezembro não é umainiciativa pontual.

Os professores que a levaramàquele Encontro representam

restabelecer a democracia nas escolasum conjunto de colegas,ligados na Comissão deDefesa da Escola Pública(CDEP), que não têm paradode agir para ajudar a organizara resistência e a mobilizaçãoem algumas escolas, para quese chegue a um momento emque as direções sindicaislevantem a mobilização a nívelnacional que afirme: Acabou!Acabou o desrespeito, adesautorização e oespezinhamento daqueles quesão os construtores do futuro.

Sobretudo a partir do anolectivo de 2014-2015, além daparticipação em todas asacções organizadas pelaFENPROF, podem destacar-secomo iniciativas destesmilitantes algumas cartas,assinadas por muitos colegas,como base para a organizaçãode delegações à Direcção doPS e a deputados da Comissãode Educação da Assembleia daRepública, bem como oEncontro de docentes –realizado, em Março de 2015,na Escola Básica 1,2,3 Sophia

de Mello Breyner (Outurela) –em que participaram dirigentesdo SPGL.

a compreensão do alcancedo combate para defenderuma escola formadora decidadão livres e comconsciência crítica leva estesdocentes a não desarmar.

Os deputados do BE e do PCPanunciaram que levarão aplenário uma proposta paraque a AR aprove orestabelecimento dademocracia na Escola.

Os docentes ligados na CDEPprocurarão continuar ainformar os seus colegas sobreestes passos. Propõem-seconcluir um dossier que relatasituações concretasvivenciadas em algumasescolas, que espelham aondepode chegar o uso prepotentedo actual modelo de gestão.Um dossier que farão chegaràs mãos dos deputados, dosdirigentes sindicais e dasCentrais sindicais. n

Professores portugueses no topo daclassificação internacional do PISA

OPISA é um programa deavaliação internacionaldos alunos de 15 anos,

de todos os países da OCDE.Ele visa avaliar ascompetências em leitura,matemática e ciências naresolução de problemas dodia-a-dia, deixando de foratodas as outras dimensõesque devem integrar oprocesso de formação dosalunos, nomeadamente asáreas de expressão.Na sua última avaliação poreste Programa, os alunosportugueses destacam-se porterem conseguido subir nesta

classificação internacional,ultrapassando os alunos devários países, incluindo osalunos da Finlândia.

O PISA destaca, também, osprofessores portugueses –que aparecem no tôpo daescala de classificação, noque diz respeito à suacapacidade derelacionamento pedagógico egrau de adaptação dasmatérias curriculares aosníveis de compreensão dosalunos – sendo assimclassificados como osmelhores do mundo. n

A17 de Janeiro de2017, no ConselhoEconómico eSocial, foi assinadoum Acordo pelas

Associações patronais, aUGT e o Governo.Segundo a Lei, o aumento dosalário mínimo nacional(SMN) é decretado peloGoverno, ouvidos osrepresentantes dasOrganizações dostrabalhadores e dasAssociações patronais.

Não tem que sair de nenhumAcordo realizado noConselho Económico eSocial e, muito menos,pondo de lado aConfederação sindical poronde têm passado asprincipais mobilizações eresistências da classetrabalhadora portuguesa, aCGTP.

Assim não aconteceu. OGoverno preferiu ignorar asposições da CGTP – quedefendia um aumento dosalário mínimo para 600euros. E, além disso que, ahaver discussão ou aténegociação, ela fosse apenassobre o salário mínimo. Aocontrário, alinhou-se com asgrandes Associaçõespatronais que, à boleia doSMN e da desculpa de queas pequenas e médiasempresas não têmcapacidade para pagarsalários mais elevados,exigiam um Acordo deConcertação sobre umconjunto alargado decláusulas.

Do Acordo assinadoconstava: a redução da taxasocial única (TSU) a pagarpelas entidades patronaispara a Segurança Social.

No âmbito desta medida

seriam abrangidas todas asempresas que praticassem osalário mínimo ou nas quaisos trabalhadores recebessematé 700 euros (incluindo opagamento das horasextraordinárias e subsídiosde turno, e desde que osalário-base fosse o SMN).Abrangeria, portanto, todasas empresas, quer tivessemsó trabalhadores efectivos,quer tivessem trabalhadorescom contratos precários ou atempo parcial.

Com esse Acordo deConcertação Social,transformado em Dec.-lei,ficaria pois a porta abertapara:

- A continuação da políticade baixos salários, por umlado, porque ela significaatribuir como prémio àsentidades patronais menosdescontos para a SegurançaSocial e, por outro lado, oabaixamento edesvalorização de todas ascategorias profissionais, nagrelha salarial em que devemestar colocadas.

- A continuação do trabalhoprecário e sem direitos.

- O bloqueio da contrataçãocolectiva, não só porque asentidades patronais iriamprocurar manter o SMN, massobretudo porque o Governonão admite alterar alegislação laboral em relaçãoà caducidade dos contratoscolectivos, trunfo que ospatrões conseguiramconquistar no tempo dogoverno de Passos Coelho ede que não admitem abrirmão. Sobre esta matéria, oGoverno actual apenaspromete que, até 2018, nãoaceitará os pedidos decaducidade que cheguem aoMinistério do Trabalho e

pede aos patrões – note-sepede, em vez de legislar –para que acabem estespedidos.

O essencial doAcordo deConcertaçãopermaneceUma das razões para a rejeição doAcordo de Concertação social de 17de Janeiro – a redução dos descontosdas entidades patronais para aSegurança Social – desapareceu, pordecisão da Assembleia da República.No entanto, para a CGTP, o seucarácter negativo mantem-se.

Arménio Carlos afirmou queas grandes Associaçõespatronais se agarramfirmemente a este Acordo,independentemente depagarem ou não o saláriomínimo, porque – à boleiadele – conseguiram, naprática, a garantia de quequalquer alteração ao Códigodo Trabalho, nomeadamentea retirada da caducidade dosContratos colectivos detrabalho, passará pelaConcertação Social, quandoesta matéria cabe àAssembleia da República.

Agarram-se ainda a eleporque no seu clausuladoconsta a garantia de muitascontrapartidas, para asgrandes empresasportuguesas e para asmultinacionais, no sentido deconseguirem enormes somasde dinheiro, em nome dacriação de postos detrabalho.

Também segundo ArménioCarlos, em declarações àComunicação Social, ésobretudo para estas grandesempresas e para asmultinacionais que esteAcordo foi realizado. Somastão grandes não são para aspequenas e médiasempresas. Para estas, osproblemas principais são acarga fiscal e o preço daenergia.

A substituiçãodo aumento daTSU pelaredução do PEC Em substituição da redução daTSU, o Governo decidiubaixar em 100 euros a parte doIRC que as empresas pagam,no início de cada ano(Pagamento Especial porConta – PEC). Não se trata dedar um benefício fiscal, masapenas de facilitar a tesourariadas empresas, pois o impostopor inteiro será pago no finaldo ano. No entanto, todas asempresas cujos lucros nãoatinjam uma soma que leve apagar impostos saembeneficiadas. n

Curiosidade 1237€No plenário da CGTP de 12de Janeiro foi afirmado, pordirigentes sindicais, que – deacordo com o relatório doInstituto Nacional deEstatística (INE) – a ter emconta os ganhos deprodutividade e a inflaçãodesde 1974, o SMN deviaser este ano de 1237 euros.

Concertação Socialposta em causa?

Reunião do Conselho Económico e Social, feita com pompa e circunstância.

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ANO XVIII ( II Série ) nº 126 de 30 de Janeiro de 2017 / Publicação do

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Apelo a um Encontro Intersectorial de Trabalhadores

Um camarada dosector químicoabordou o temacentral das leislaborais, declarando:

«No tempo do governoPSD/CDS, os trabalhadoresperderam as horasextraordinárias pagas a200%, em nome da criação de“um banco de horas”. Eagora, desde Abril deste ano,as horas extraordináriaspassaram a ser pagas a 160%.Uma medida deste Governode esquerda, adoptada semsequer passar pela Assembleiada República.Na minha empresa há 75trabalhadores, dos quais 45são efectivos ou contratados.Mas os 30 restantes sãotemporários. Como a lei dacontratação está, os patrõesexploram estestrabalhadores. Considero queo Governo tem que ser“apertado” em relação àmodificação desta lei, porqueisto se está a passarcertamente em todo o país.Os patrões limitam-se aaplicar a lei…Neste momento, os sindicatosestão a construir a paz socialcom o Governo. Só que a pazsocial não pode ser feita àcusta dos trabalhadores. E éisso que tem sido feito na

concertação social. OGoverno não está no poderpor acaso: foi porque ostrabalhadores lá o puseram.Mas ainda não alteraram alegislação laboral.Temos que intervir nossindicatos, dando-lhes forçapara fazerem ceder ospatrões.»Houve vários camaradas quetambém se referiram aotrabalho precário.Um deles afirmou: «Ocombate à precariedade foiuma bandeira da campanhaeleitoral do PS e dos outrospartidos da Esquerda. Mas,até agora, ainda não se viugrande coisa… a não ser umacordo do PS com o BE sobreos recibos verdes. O trabalhotemporário, muitas das vezesbaseado na subcontratação,faz com que a empresasubcontratada seja a principalexploradora destestrabalhadores.»

Outra camarada declarou:«Enquanto o patrão tiver 4 ou5 pessoas para preencher ummesmo posto de trabalho, otrabalhador estará semprefragilizado. Há um grandedesequilíbrio entre oferta eprocura. Além disso, sobretrabalho temporário(precário) o Estado é um mauexemplo, utilizando de formasistemática a precariedadepara fragilizar estestrabalhadores.»

Uma camarada professoraafirmou:«Acho que há umacontradição fundamental entreo mundo do capital financeiro

o patronato e conseguir doGoverno a reposição dosdireitos e a revogação detodas as medidas gravosas dalegislação laboral e sindical.”

Na reunião foramainda aprovadasas seguintesdecisões: 1. em cada local detrabalho, empresa, sector,nas nossas organizações declasse (ct’s e sindicatos),debatermos esta resoluçãocom os nossos colegas detrabalho, para, emconjunto, agrupando-nosem comissões dePreparação (cP) para umencontro intersectorial detrabalhadores (eit),visando reforçar e ligar aluta pela defesa das nossasreivindicações específicas,às reivindicações maisgerais de toda a sociedade,nomeadamente a revogaçãoda legislação anti-laboral eanti-sindical;

2. constituir umacomissão organizadorapara coordenar edinamizar as iniciativaslocais e sectoriaisconducentes àrealização do eit, e quepoderá ser alargada emfunção da evolução dotrabalho desenvolvido edas tarefas que sejamdefinidas;

3. elaborar um Boletimdestinado a divulgar osdebates e reuniõespreparatórias do eit,sendo o âmbito do seu1º número centradosobre o debate havidonesta nossa reuniãoinicial, sobre as suasconclusões e próximasiniciativas. n

contactados pelos promotores da iniciativa para um encontrointersectorial de trabalhadores (eit), a redacção do MSentendeu dar voz e divulgar as iniciativas dos proponentesdesse eit, cujos objectivos constam do respectivo apelo,subscrito por diversos militantes, por membros de ct’s, pordirigentes e delegados sindicais. segundo os subscritores, “oobjectivo desse Encontro – a ser preparado e realizado numquadro de discussão livre e aberta – é alargar a força militanteque luta para a unidade dos trabalhadores e das suasorganizações sindicais da CGTP, da UGT e independentes, épara ajudar a organizar essa força, que se propõe lutar pelarevogação da legislação anti-laboral e anti-sindical”.

a redacção do MS decidiu começar por publicar um relato daprimeira reunião preparatória deste encontro, realizado namarinha grande.

(em relação ao qual pareceque não podemos fazer nada)e o universo do nosso dia-a-dia, em que, paraconseguirmos uma vida digna,temos de lhe tirar o poder,para os impedir de fazerem denós o que querem. E, em relação aos sindicatossinto o mesmo: Por que é quetemos de ser nós a preocupar-nos com os sindicatos… paraeles fazerem o que têm afazer?No final dessa reunião, foiaprovada uma resolução,que diz nomeadamente: “(…)Torna-se cada vez mais claroque a única saída, susceptívelde evitar o caos na sociedade,reside na capacidade dostrabalhadores, apoiados nassuas organizações de classe,em impor a vontade da imensamaioria da população,prosseguindo a sua acção atéà satisfação das suas legítimasreivindicações, fazendo ceder

Do debate realizado na reunião,destacamos algumas das intervenções

10 tribuna livre

Aos munícipes do concelho da Marinha Grandetranscrevemos excertos do texto que o círculo de Discussão da marinha grande do “militante socialista”,

que reúne regularmente, decidiu distribuir à população dessa cidade.

Posição deElvira Ferreirana AssembleiaMunicipalEsta deputada disse naAssembleia Municipal de 29de Dezembro de 2016:

«Este Executivo permanenteassumiu conduzir os destinosda governação da Câmara.Desde o primeiro dia, estavaconsciente que a tarefa eraárdua e exigia trabalho paraque a Marinha Grande fosseum concelho de referênciade desenvolvimento, querregional, quer nacional.Empurrando sempre com abarriga os problemas, eatribuindo culpas a outros,podemos afirmar que este

Executivo vai ficar nahistória da Marinha Grandecomo um Executivo semvisão, sem projectos, semcapacidade de diálogo,primeiro com a CDU edepois com o +Concelho, esem capacidade de execuçãoe de acção.Tudo o que este Executivoprometeu, nos últimos 3anos, ficou apenas e somenteno papel: não há mercado,não há piscinas, não háterminal rodoviário, osaneamento ainda não chegaa casa de todos osmarinhenses, a zonaindustrial está à espera demelhores dias e aregeneração urbana – quefoi publicitada com nomespomposos – apenas ficou napublicidade, paga pelaCâmara, nos jornais locais eregionais.É demagógico e impossíveldizer-nos agora que tudo vaiser feito em 2017.Possivelmente, deve pedirajuda divina, para talaproveitando a vinda doPapa Francisco a Fátima emMaio do próximo ano.Será para nós um mandatode má memória.

E não serão certamente osanúncios de alcatrão e deobras avulsas, divulgadasquase ao minuto nofacebook, que darão umaimagem de um Executivoeficiente, com obra relevantepara o desenvolvimento donosso concelho. (…)»

Declaração de votoDepois de ter realizado aintervenção anterior, adeputada elvira Ferreiraapresentou a seguintedeclaração de voto.

«Tendo sempre defendidouma visão e um conjunto depropostas concretas para odesenvolvimento doconcelho, decidi,conscientemente, e seguindoa minha postura ética deestar na vida como napolítica, votar contra esteorçamento.Em coerência, não podiadefender publicamente,perante os munícipes, umprojecto fundamentado emque acredito, para aceitarvotar em seguida umorçamento que fará com queo desenvolvimento daMarinha fique adiado,continuando no marasmoque tem sido o destes últimosanos.Posso fazê-lo, porqueintegrar o movimento+Concelho me dá essaliberdade, no respeito queexiste pelas ideias de cadaum que o integra.O meu voto contra revela,ainda, a pluralidade queexiste dentro dos elementosque o integram.Eu estou e continuarei aestar de corpo e alma nomovimento +Concelho. Nãosei ser de outro modo.

O orçamento apresentado aesta Assembleia peloExecutivo permanente revelaaspectos curiosos,começando pelo seupreâmbulo, dizendo que “éum orçamento em que nãonos revemos, que não é frutodas nossas opções e é apenaso orçamento possível”.Como podem convenceralguém que este é um bomorçamento e que o aprovem,se os próprios parecemrejeitá-lo?Também eu não me revejoneste orçamento, nem na suafilosofia, nem nos seusprincípios.Um Executivo que sevangloria de ter guardados,nos cofres dos bancos, pertode 14 milhões de euros, é umExecutivo sem iniciativa,sem criatividade e semcapacidade de execução.O concelho da MarinhaGrande merece muito mais.Merece políticos queacreditem e defendam, compaixão, projectos eorçamentos que conduzamao desenvolvimentoeconómico, social eindustrial, bem como a umamelhor educação,proporcionando, assim, obem-estar de todos os queaqui vivem e trabalham.» n

Os nossosPartiu o Vladmir, o pintor deaguarelas, amante e escritorde poesia. Sempre apoiou o POUS eparticipou em muitas dassuas iniciativas.Ao nosso querido camaradaAires Rodrigues damossentidas condolências pelaperda do seu Filho.

Elvira Ferreira, deputada municipaldo Mov. +Concelho

Um grupo de militantes da região, de diferentessensibilidades políticas, que reúne quinzenalmentenum Círculo de Discussão em torno do periódico “OMilitante Socialista”, tendo tomado conhecimentoda intervenção (e da respectiva declaração de voto

contra) da deputada municipal do Movimento +Concelho,Elvira Ferreira, sobre o orçamento municipal para 2017,entendeu assumi-las e publicitá-las junto dos munícipes doconcelho.Fizemo-lo, porque pensamos que o seu posicionamentoilustra, de uma forma clara e exemplar, uma postura ética euma coerência política que correspondem às esperanças deuma larga maioria dos cidadãos do concelho que anseiamromper com a adaptação ao marasmo, às vistas curtas e àsubserviência do actual Executivo e dos últimos que oprecederam.

O Círculo de Discussão “O Militante Socialista”

tribuna livre

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Segundo o semanáriofrancês Le Journaldu dimanche, de 11de Dezembro de2016: «Eles tinham

estipulado seis meses paraser retomada a fé naEuropa e elaborada umasua visão “atraente”, antesde se completarem os 60anos do Tratado de Romano próximo mês de Março.Foi na Cimeira deBratislava (Eslováquia) emSetembro deste ano. Os 27dirigentes europeusreuniam-se, pela primeiravez, sem o Reino Unido.Três meses após essaCimeira, o ConselhoEuropeu de 8 de Setembromarcará uma etapaimportante nessa procura deum novo fôlego.»três meses após a cimeirade Bratislava, três mesesantes do 60º aniversário dotratado de roma, o queconcluiu essa cimeiraeuropeia de 15 deDezembro, que – é omínimo que se pode dizer –passou quasedespercebida?

«À procura de um novofôlego»?

Essa Cimeira foimarcada,prioritariamente, pelaimplementação dasdirectivas da NATO.

Mais uma vez, foi o chamado“par franco-alemão” queformulou diversas propostasem relação à Defesa. Citemosalgumas das formulações daActa oficial de conclusõesdessa Cimeira Europeia:

«Ponto 10: Os Europeusdevem assumir uma maiorresponsabilidade pela suasegurança (...). O ConselhoEuropeu, confirmando oscompromissos já feitos sobreisto, sublinha que énecessário aceitar maisesforços, mobilizando emparticular suficientesrecursos suplementares (...);Para os Estados-membros(da UE), que são igualmentemembros da NATO, isto estáde acordo com as directivasda NATO em matéria dedespesas de Defesa.» Éaquilo a que Le Journal dudimanche chama «ocompromisso de consagrar2% do PIB à Defesa (anorma definida pela NATO)».O Ponto 11 da Acta deconclusões fala de um«processo dedesenvolvimento dascapacidades militares» e do«estabelecimento de umacapacidade operacional».O Ponto 12 prossegue namesma linha, ao falar da«criação de um Fundoeuropeu de Defesa, incluindoem particular umacomponente sobre odesenvolvimento conjunto decapacidades decididas emcomum pelos Estados-membros».E é ainda exigido, no Ponto13, «que seja rapidamentedada sequência à aplicaçãoda Declaração comumassinada, em Varsóvia, pelosdirigentes da UE e daNATO», para «o reforço dascapacidades referentes àDefesa e à Segurança».Quão longe está o tempo emque os dirigentes da UniãoEuropeia a apresentavam,fraudulosamente, como umagarantia de paz.

E quanto à visão“atraente”?

OConselho Europeuconsagrou tambémum largo tempo aoque ele chama as“migrações”, ou seja,

ao problema dos refugiados.Toda a orientação dos pontos 1a 5 da Acta de conclusões estáresumida neste objectivo:«Conter os fluxos e melhoraras taxas de retorno». Pode ler-se, por exemplo, que se tratade «aumentar o apoio dadoaos guarda-costas líbios (...)para oferecer possibilidadesde ajuda ao retorno voluntáriodos migrantes para a Líbia ereduzir as viagens perigosas».Para impedir novos refugiadose pressioná-los para o retornoao país de que eles tentaramfugir – atingidos pela guerra ea miséria – a Cimeira Europeiaexige «que sejamdisponibilizados recursossuficientes para o Corpoeuropeu de guardasfronteiriços e costeiros».E nos últimos tempos, norespeitante à pretensa visão“atraente” da Europa, soube-se– através de estatísticasconcordantes da OCDE e doEurostat (organismo oficialeuropeu de estatísticas) – que«os países europeus se tinhamcomprometido a subir para0,7%, até 2015, a parte do seuRendimento Nacional Bruto(RNB) para a ajuda aodesenvolvimento» e que «emmédia, os 28 consagram0,44% de seu RNB para essaajuda, ou seja 36,9 milmilhões de euros a menos doque o previsto para 2015».36,9 mil milhões de euros a

Crise na União Europeia

menos para a ajuda aodesenvolvimento, mas, emcontrapartida, meios cada vezmais reforçados para repeliros refugiados para os seuspaíses de origem. Eis em quecondições está a serpreparado o 60º aniversáriodo Tratado de Roma, quecriou as primeiras instituiçõeseuropeias.E não falamos aqui da quedade Renzi, em Itália.E também não falamos doEurogrupo (Conselhoeuropeu dos ministros dasFinanças da Zona Euro), queacaba de recusar ao Governogrego a sua intenção deaumentar ligeiramente aspensões dos aposentados comuma 13ª prestação (entre 300e 800 euros), medida quebeneficiaria 1,6 milhões depensionistas gregos.Com um porta-voz doPresidente do Eurogrupo,Jeroen Dijsselbloem, a ousarafirmar: «As instituiçõeschegaram à conclusão que asacções do Governo gregoparecem não estar alinhadascom os nossos acordos.»E não falamos igualmente dacrise que atinge as cúpulasdas instituições europeias, aoponto de – segundo um jornalfinlandês, o HelsinginSandomat – o Presidente daComissão Europeia, Jean-Claude Juncker, tercognominado outroscomissários europeus como«sonâmbulos ambulantes».Sem dúvida que os três mesesque faltam até ao 60ºaniversário do Tratado deRoma vão ser complexospara tentar redourar o brasãode instituições europeias emtão profunda crise. n

Robert Fico, Primeiro-ministro eslovaco e Presidente da União Europeia (até ao finaldo passado mês de Dezembro), Donald Tusk, Presidente do Conselho Europeu e

Jean-Claude Juncker, Presidente da Comissão Europeia, dando uma conferência deimprensa após a realização da Cimeira Europeia de 15 Dezembro de 2016.

O semanário Informations ouvrières (Informações Operárias),da responsabilidade do Partido Operário Independente, deFrança, no seu nº 433, de 22 de Dezembro de 2016, publicouum artigo – da autoria de Daniel Shapira – que ilustra osúltimos desenvolvimentos desta crise.

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12Os países da AméricaLatina viveraminúmeras revoluções,sem que nenhumadelas tenha

conseguido estabelecer apropriedade social e o controlodo comércio externo, comobases da soberania nacional. Sóos trabalhadores e o povo deCuba – com os “barbudos” deFidel à frente – o conseguiram,apoiando-se no precedente e nasconquistas da Revolução Russa.E apoiando-se nos trabalhadorese povos de toda a América, quetêm sido os aliadosfundamentais na protecção aCuba, durante quase seisdécadas.As conquistas da revoluçãocubana foram e são ainda um

elemento fundamental da luta declasses na América Latina e naAmérica do Norte, e nos outroscontinentes. Esta é a base da“popularidade” de Fidel Castroou do Ché Guevara no país. Emesmo a ditadura salazarista foiforçada a tê-la em conta.Estas conquistas dostrabalhadores e do povo deCuba foram fragilizadas eficaram comprometidas, pelorumo que a burocracia deMoscovo impôs, e que a cúpulafidelista aceitou e executou.Por um lado, secundou a políticaexterna a que o Kremlin se tinhacomprometido com os EUA e ocapital financeiro internacional.Por outro lado, corroeu ademocracia submetendo todosos organismos operários erevolucionários ao regime de

partido único.Desde as “reformas” de 2011, oconflito entre as conquistas darevolução e a pressão doimperialismo – exercida atravésda burocracia governante –tornou-se mais agudo, e odesaparecimento de Fidel só oagudizará. não é inútil, nesta ocasião,prestar homenagem à RevoluçãoCubana, em nome da

democracia e das melhorestradições do movimentooperário.os camaradas do Pous – queparticipam na redacção desteMS – fizeram-nos chegar ofolheto relativo a este temaque publicaram na respectivapágina da internet: https://pous4.files.wordpress.com/2016/12/cuba_docs_carta_posi_1_12_2016.pdf n

Na morte de Fidel Castro

Cuba e a eleição de Trump

Dois dias depois damorte de FidelCastro, DonaldTrump anunciouque, se Cuba não

fizer um esforço, ele porá emcausa o Acordo existente. OFinancial Times (29 deNovembro de 2016) escreveu:«Tendo atrás de si ospoderosos lobbies daagricultura e da indústria, oSr. Obama tinha feito pressãopara o restabelecimento derelações normais com Cuba.»Trump tinha-se pronunciadocontra este Acordo e pelamanutenção do embargo aCuba. Em breve empossadocomo Presidente dos EUA, eleameaça Cuba com a anulaçãodo Acordo para, de facto, sedispor a renegociá-lo.O jornal espanhol El País (29de Novembro) noticia que oseu chefe da campanhaeleitoral indicou uma nuanceem relação à declaração deTrump: «O Presidente eleito“está aberto a estudar o reatardas relações com Cuba,fazendo a crítica de que,durante os últimos dois anos,

não recebemos nada em trocada abertura”. Trump está aencarar as negociações comCuba sobre a base dos seusinteresses comerciais.» Elequer que Cuba vá mais longena sua “abertura”. O diárioespanhol sublinha: «Amaioria dos peritos consideraque Trump pode atrasar anormalização de relações,inclusive travando algumasmedidas, mas é muitoimprovável que ele ponha emcausa todo o conjunto, o queconstituiria um golpeimportante nos grandesinteresses económicos dosEUA, das grandescompanhias aéreas aoslatifundiários, que fazempressão para que haja maistrocas comerciais com ailha.».

O porta-voz do grupo depressão empresarialamericano-cubano declarou:«Estará (o presidente Trump)disposto a estrangular umgrande número de acordoscomerciais muito importantes,só para satisfazer algunsvotantes cubano-

americanos?» (FinancialTimes, 29 de Novembro).

O presidente Trump confronta-se, uma vez mais, com arealidade, quer dizer, com asleis do mercado. A sua novaatitude em relação a Cuba éum indicador da sua política àescala mundial.

A OCDE acaba de publicarum Relatório, apoiando aspropostas de recuperaçãoeconómica do presidenteTrump, mas advertindo:

«A OCDE avisa o Sr. Trumpque, se puser em prática assuas ameaças de instituirbarreiras comerciais, oconjunto dos benefícios da suapolítica desaparecerá.»(Financial Times, 29 deNovembro). n

Para mais informação acercada eleição de trump ver:

https://pous4.wordpress.com/2016/11/22/dossier-sobre-a-eleicao-presidencial-nos-eua-2/

Ficha de assinatura do Militante SocialistaNome e apelido NIFMorada Código PostalCidade DistritoPaísEndereço de e-mail TelefoneData de subscrição ou renovação Nº inicial Nº final

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Cuba evoca o Movimento 26 de Julho no qual se apoiaram os trabalhadores e a nação.

actualidade internacional >>>

ANO XVIII ( II Série ) nº 126 de 30 de Janeiro de 2017 / Publicação do

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o discurso de investidura detrump resumiu, num brevequarto de hora, as ambiçõesque o novo presidente doseua se fixa para o seumandato. reproduzimosuma análise deste discurso,da autoria de Devan sohier,publicada em França nosemanário do Poi(informações operárias) de25/1/2017.

Odiscurso foisalpicado com os«great»(«fantástico») e os«America first» («os

EUA em primeiro lugar»)habituais em Donald Trump,assim como com apelos aopovo americano, contra aselites, que já tinham marcado asua campanha eleitoral.Mas, para lá da sua formagrandiloquente, este discursoexprime a violência dascontradições em que estáenredado o imperialismonorte-americano. No seu seiorefractam-se todas ascontradições inultrapassáveisdo sistema de dominação doimperialismo.Compete-lhe – enquantoimperialismo mais poderoso –assegurar a manutenção daordem mundial, empermanência desconjuntadapelos ajustamentos provocadosnos mercados pela guerraimplacável travada entre osmonopólios imperialistas.

Demasiado pesosobre os ombrosdos EUAO mundo não conseguiusuperar a crise que rebentouem 2007-2008, que todosconsideram ter sido a maisimportante depois da crise dadécada de 1930.A responsabilidade pelamanutenção da ordemmundial, numa tal situação, édemasiado pesada para serassumida sozinha pelos EUA.Este papel tem um custo: oOrçamento dos EUA para finsmilitares ultrapassa 3% do seu

Comércio (OMC).Trump ameaça reintroduzirdireitos aduaneiros,desencadear uma guerracomercial e substituir osacordos de comércio livre pornegociações e acordosbilaterais.Trump negoceia, com orevólver sobre a mesa, masnão tem poder para inauguraruma nova era protecionista, eele sabe-o.

A UniãoEuropeia emcriseA eleição de Trump ocorrenum momento particular,como é sublinhado pelo jornalfrancês Le Monde: a UniãoEuropeia é o tratado comercialque foi mais longe, a nívelmundial. Ora, ela está em crisepelas mesmas razões que apolítica dos EUA. Eladesagrega-se, pois está sujeitaà pressão contraditória dosseus Estados-membros (cadaum deles defendendo os seuspróprios interesses) e, emsimultâneo, à pressão daresistência dos povos dessesEstados. O Reino Unido,afastando-se de uma UniãoEuropeia enredada naestagnação, está em vias de

negociar a sua saída; osgovernos espanhol e italianoacabam de sofrer desaireseleitorais, cujas consequênciasainda não estão para vir; aspróximas eleições, em Françae na Alemanha, estão cheiasde incertezas. Isto resulta daexacerbação da luta de classesna Europa, com asmanifestações contra areforma laboral em França,com a luta contra o Jobs Act(reforma constitucional) emItália – que levou à derrota deRenzi no referendo.É nesta nova situação que sepodem compreender os avisosde Trump: como a UniãoEuropeia está emdesagregação, mais valenegociar directamente com oReino Unido, que constitui omaior potentado financeiro doVelho Continente.

ManifestaçõesmassivasOs lucros das multinacionaisamericanas foramconseguidos, durante dezenasde anos, pela capacidade dosEUA em lucrarem com amanutenção da ordemmundial. Agora, um sector doimperialismo norte-americano– representado por Trump –considera que é chegado omomento de repartir com osseus aliados, de formadiferente, o custo dessamanutenção. Ao fazê-lo, oimperialismo americanotransfere para os Estadosdesses aliados uma parte dacarga explosiva contida nassuas exigências.Neste sentido, a “viragem”anunciada por Trump é apenasuma manifestação do impassee da crise que dilacera ascúpulas do imperialismo maispoderoso, com todos osperigos que ela encerra paratodo o mundo.Este impasse manifestou-se,de forma retumbante, numfacto sem precedentes: asmanifestações massivas, nospróprios EUA, em resposta àsua investidura. n

“Trump não é o arauto, mas sim oreflexo de uma nova era” (Le Monde)

PIB, enquanto o dos outrosmembros da NATO não chegaa atingir 2% – objectivo fixadopor esta organização. Aoanunciar um distanciamentoem relação à NATO,ameaçando mesmo sair dela,Trump procura fazer pressãosobre os seus aliados parapartilharem o peso dessecusto.

O impasse detodo o sistemaimperialistaNum outro plano, ao ameaçaro mundo inteiro com umaguerra económica e commedidas de retaliação, Trumpexprime – também aqui – oimpasse em que entrou todo osistema imperialista. As forçasprodutivas decorrentes dodesenvolvimento do sistemacapitalista – e, nomeadamente,do desenvolvimento doscartéis financeiros dos EUA –não podem ser fechadas noquadro das fronteirasnacionais, e Trump sabe-o.Trump faz ameaças, mas sabeque o milagre das fenomenaiscapitalizações bolsistas daApple, da Google, daAmazon,… é inseparável daentrada da China naOrganização Mundial do

America first

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GRÉCIA: A esquecida

França: Governo e oposição unidos na aplicação da reforma laboral

a 8 de Dezembro, a gréciafoi paralisada por uma grevegeral de 24 horas, a terceiradeste ano, convocada pelasestruturas sindicais decúpula do privado e dopúblico: a confederaçãogeral dos trabalhadoresgregos (gsee) e aassociação das uniõessindicais dos FuncionáriosPúblicos (adedy).

Ao lado dosfuncionários,professores,médicos,enfermeiros e

bancários, encontravam-se osmarinheiros – em greve já hásete dias, bloqueando todas asligações marítimas entre asilhas e o continente. Ostransportes terrestres tambémestiveram envolvidos na greve,com a paragem do Metro deAtenas e dos comboiossuburbanos, em particular oque liga a capital ao aeroporto.Na véspera, os jornalistas e opessoal dos meios daComunicação Social, públicose privados, estiveramigualmente em greve em todoo país. A 24 de Novembro,uma jornada de greve já tinha

mobilizado o sector público.Segundo a ComunicaçãoSocial, a 8 de Dezembro cercade 15 mil pessoasmanifestaram-se em Atenas e5 mil em Salónica. A grevegeral foi convocada «emreacção à austeridadepunitiva, à pobreza e àmiséria» e aos «pedidosabsurdos dos credores da UE-FMI», explicou a GSEE numcomunicado. A greve ocorreudois dias antes do voto noParlamento grego de umOrçamento de austeridade, queprevê cortes de 5,7 milmilhões de euros (baixando ossalários e as pensões dereforma) e uma subida dosimpostos de 1,07 mil milhõesde euros (respeitantes a taxasque atacam directamente apopulação: carros, telefonesfixos, TV por cabo,combustíveis, tabaco, café,cerveja, etc.).

Desmantelamento dos direitos dostrabalhadores Os grevistas protestavam,igualmente, contra a reformada legislação do trabalhoexigida pelos credores do país

– UE, BCE, FMI eMecanismo Europeu deEstabilidade (MEE) – noâmbito da aplicação dasmedidas do 3º Plano de AjudaFinanceira, assinado peloPrimeiro-ministro grego(Alexis Tsipras), em Julho de2015. Por entre as futurasmedidas, além de novasprivatizações previstas para2017 (em particular dosaeroportos regionais), está empreparação uma vasta reformado Código do Trabalho.«Vivemos um período deataques sem precedentescontra os direitos dostrabalhadores e contra oEstado-Social», declarou, nodia da greve, Tonia Katerini –presidente da Associação Pan-helénica dos Arquitectos – àAgência de imprensaespanhola Efe. E acrescentou:«As pessoas estão cada diamais pobres, e já 50% dasociedade vive abaixo dolimiar de pobreza; sabemosbem que as greves de 24h nãosão uma resposta aoproblema; apesar disso,

devemos afirmar claramenteque não estamos de acordocom o que se passa.»

Contradições no SyrizaTambém o Syriza – partidoque está no Governo –, atravésdo seu Departamento depolítica do trabalho, «convidouos trabalhadores, osdesempregados e os jovens aestarem presentes nasmanifestações», e denunciou«as políticas neoliberais quedestroem os direitos dostrabalhadores», impondo «acontinuação das políticas dedesregulamentação total dasrelações de trabalho». Syrizacujos deputados adoptaram, a10 de Dezembro, o Orçamentopara 2017 contestado pelagreve geral… e cujo Governoacolheu os credores, emmeados de Dezembro, parafinalizar a passagem emrevista das medidas a tomarcomo contrapartida da“ajuda” decidida em Julho de2015. n

Após a vitória deFillon nas Primáriasda Direita,multiplicam-se asreacções ao seu

programa, composto porexigências anti-sociais, anti-operárias que visam os direitossindicais e o Código Laboral;quer também privatizar parteda Segurança Social, suprimir500 mil empregos públicos…O governo de Hollandepretende aparecer como odefensor dos “agentes sociais”.Mas, a 25 de Novembro 200estivadores concentraram-seem frente do SupremoTribunal, em Paris; dois dos

seus camaradas serão julgadosna base de uma provocaçãopolicial, numa manifestaçãocontra o projecto de reformalaboral, no passado mês deJunho.E este mesmo Governo –embora dilacerado por umacrise política sem precedentes– publica, no Boletim Oficial,os decretos de aplicação donovo Código do Trabalho,que converte o Acordo deempresa em norma superiordefinidora da duraçãomáxima da jornada laboral, daremuneração das horasextraordinárias, dos temposde descanso,…

Até aqui, havia um CódigoLaboral aplicável em todo opaís, Convenções colectivasaplicáveis a cada ramo; agora,cada patrão poderá impor asua lei, na sua empresa, norespeitante ao tempo detrabalho. Evidentemente,como diz um sindicalista dasFinanças Públicas, “um futuroGoverno, seja ele qual for,poderá ir ainda mais longenos ataques. Sabemos que vaihaver conflitos e lutas muitoduras nos próximos meses”.O Governo actual e o que lhesuceder receberam ordem docapital financeiro paradestruir todas as conquistas

sociais, para suprimir tudo oque possa ser obstáculo ao seulucro e ao seu domínio.Há inclusivamente umafracção do patronato que estápreocupada. “Por muitoclaro que seja, o resultado[das Primárias da Direita]continua carregado deincerteza… A necessidade dereformas radicais deve seracompanhada de um manualde instruções credível”, dizo jornal do capital financeirofrancês Les Echos (28 deNovembro). A pergunta é sealgum Governo será capazde levar a cabo semelhantesreformas e como o fará. n

A 8 de Dezembro, os trabalhadores da Grécia estiveram em greve geral contra as medidas do Governo. Manifestaram-se em massa em todo o país; em Atenas,

concentraram-se diante do Parlamento.

ANO XVIII ( II Série ) nº 126 de 30 de Janeiro de 2017 / Publicação do

Por Xabier Arrizabalo,professor de Economia na UniversidadeComplutense de Madrid

“Uma boa caracterização daeconomia mundial actual”.

Éisto que me dizem osmeus alunos sobre ascinco característicasenumeradas no textoque lhes forneço. E

efectivamente é-o, já que essetexto fala de concentração docapital e de monopólios; defusão do capital industrial e dobancário para criar capitalfinanceiro; de exportação decapitais superior à exportaçãode mercadorias; de repartiçãomonopolista do mercadomundial e de repartiçãoterritorial do mundo pelasgrandes potências. A surpresaaparece quando revelo aprocedência do texto: o livrode Lenine “O imperialismo,estádio supremo docapitalismo”, escrito em 1916.É realmente válido hoje o queconsta dessa obra, escrita hácem anos? Não mudou nadadesde então? É ela útil, paraaqueles que querem – comonós – compreender bem asraízes dos problemas, com oobjectivo de poder intervirpara resolvê-los?Antes de abordar estasquestões, deve precisar-se oconteúdo que Lenine dá ànoção de imperialismo,especialmente porque atradução do título do livro éobjecto de controvérsia.

Traduzido como “estádiosuperior” ou “estádiosupremo”, o termo originalrusso alude ao carácter denova fase; mas, como sedepreende claramente dotexto, não no sentidoprogressista; pelo contrário,enquanto expressão dos limitesdo capitalismo, já “emdescomposição” ou“agonizante”. Adjectivos estesque podem parecerexagerados... se nãoconsiderarmos o principaltraço da trajectória dos últimoscem anos do capitalismo àescala mundial, que é aexistência de tensões cada vezmais agudas sobre as forçasprodutivas. Até agora, quandoestas forças produtivas não sedesenvolvem, antes pelocontrário, sofrem umadestruição cada vez maissistemática, manifestada nascrises, nas guerras e muitoparticularmente nadesvalorização da força-de-trabalho, cujo corolário é adeterioração das condições devida da maioria da população,inclusive nas economias maisavançadas.Em 1902, apenas 14 anosantes, o economista burguêsHobson tinha abordado adiscussão acerca de comocaracterizar a nova situação,no seu livro “Imperialismo,um estudo”. De acordo com asua posição de classe, apesarde fazer uma boa descrição, deuma forma puramente idealistaconcluía que o imperialismoera somente uma opção entreoutras, perfeitamente evitávelna Inglaterra mediante umasubida generalizada dossalários, que tornariadesnecessária a expansãocolonial em busca demercados (uma pretensasolução ao estilo da mantacurta – a qual tapa os ombrosdestapando os pés: aumentaros salários solucionaria o

problema da procura… masporia completamente em causaa imperativa rentabilidade).Após vários contributosvaliosos (Hilferding,Luxemburg, Bukarin),nenhum procedente das fileirasdos economistas burgueses –os quais ficavam aterradoscom as implicações do debate,pela sua ligação com a questãodos limites históricos docapitalismo e, portanto, com anecessidade objectiva do seuderrube –, Lenine culminará adiscussão. A importância dacompreensão teórica da novafase do capitalismo, necessáriapara uma intervenção políticafrutífera, leva-o a utilizar omáximo rigor (diz-se queconsultou 148 livros e 232artigos referentes ao tema,enchendo 20 cadernos comnotas e comentários sobreeles).Fá-lo em plena Guerra,contexto que constituía já averificação da sua tese central,acerca do significado históricoregressivo do imperialismo,enquanto fase a que levainexoravelmente a acumulaçãocapitalista plenamentedesenvolvida e que, portanto,não pode voltar atrás: “Detudo o que já dissemos sobre aessência económica doimperialismo, decorre que háque qualificá-lo comocapitalismo de transição ou,mais propriamente,agonizante”. Quer dizer, ostraços próprios da acumulaçãocapitalista – que são aconcentração e centralizaçãodo capital, a suainternacionalização e odesenvolvimento desigual ecombinado que impõem –chegados a um certo ponto ede acordo com a lei dialéticaque transforma mudançasquantitativas em qualitativas,dão lugar a um novo estádiohistórico. Dirigido pelosgrandes monopólios, sobre a

base do capital financeirosujeito à internacionalização,que estabelece o mercadomundial, avalizado pelarepartição territorial do mundopelas principais potências ecujo desenlace é uma fuga paraa frente, que se expressará namencionada tendência, cadavez mais aguda, para adestruição de forças produtivas.No terreno mais directamentepolítico, o próprio Leninesintetizava o significado doimperialismo na presençainevitável de 3 elementos: ascrises e as guerras, com as suasconsequências de ataque àscondições de vida da classetrabalhadora, que revelama actualidade da análise deLenine. E também asrevoluções, decorrentes daimpossibilidade de contençãoda luta de classes, que seconstata todos os dias.

a segunda parte do artigoaprofundará o conteúdo doimperialismo e a actualidadedesta caracterização, assimcomo a sua ligação iniludívelcom a perspectivarevolucionária, como foiverificado na experiênciarussa, apenas uns mesesdepois da redacção destetexto imprescindível. n

Cem anos depois, continua válida a noção do imperialismocomo estádio supremo do capitalismo?... (1ª parte)

Capa do folheto de Lenine"O imperialismo estádio supremo do capitalismo"15

2017: Conferência mundial contra a Guerra e a Exploraçãoimprensa, onde os jornalistasreceberam uma moção sobreeste assunto. Nela estáexpresso que a Coordenaçãodo AIT apoia, claramente, opovo argelino na defesa dasua soberania e da suaindependência. O capitalismo, parasobreviver, põe em causatodas as conquistas operáriase civilizacionais de dezenasde anos. A ameaça de umcaos generalizado é real. Eem todo o lado, em todos oscontinentes, os trabalhadorese os povos batem-se comdenodo contra estes ataques.A Declaração adoptada nestareunião da Coordenação doAIT refere que só aresistência da classe operáriapermitirá evitar o pior, erecolocar no centro dosdebates a necessária questãodo poder. A velocidade comque a situação política eeconómica mundial sedegrada obriga-nos a tratareste tema em conjunto com aquestão da guerra e daexploração.O facto de terminarmos aDeclaração com a frase defundação da PrimeiraInternacional (“Aemancipação dostrabalhadores será obra dospróprios trabalhadores”)exprime a vontade de fazercom que a nova CMA não selimite a fazer tristesconstatações, mas tenhacomo objectivo ajudar àmobilização da classeoperária internacional, paraque esta encontre a via da suaemancipação.Cada dia tomamos umamaior consciência que – pararesistir aos ataques doimperialismo, tanto dentrodas fronteiras de cada paíscomo no seu exterior – énecessário organizarmo-nos,defensivamente, a fim defazer recuar o inimigo dogénero humano, mas implicatambém que a classe operária

a coordenação do acordointernacional dostrabalhadores e dos Povos(ait), constituída naconferência mundialaberta (cma) de argel,realizada em outubro de2010, reuniu-se a 20 e 21 deDezembro de 2016, emargel.

Nesta reunião – ondefoi definida a data eo local de uma novaConferênciamundial contra a

Guerra e a Exploração –falámos pouco sobre asituação do país de cada umdos membros daCoordenação, mas um pontoparticular e inquietantechamou a nossa atenção.Segundo os camaradas doPartido dos TrabalhadoresArgelinos (PTA), as ameaçasreferentes à independência eà soberania da Argélia estão aatingir um ponto crítico.Relatórios dos EUA revelamplanos visando directamentea Argélia, incluindo umprojecto de partição do paísem quatro regiões e oincitamento a uma“primavera árabe” naArgélia, a fim de derrubar opoder actual. A instalação deuma nova base militar dosEUA na Tunísia – isto é,apenas a 200 metros doterritório argelino – é maisum facto a preocupar oscamaradas argelinos. Estabase viria terminar o cerco àArgélia, pois outras basesamericanas (Espanha, Sicília,países de África,…) já foraminstaladas. No final dostrabalhos da Coordenação foirealizada uma conferência de

passe à ofensiva. Como? Deque maneira? É o que a CMAde 2017 se propõe definir. A Coordenação também sepôs de acordo sobre outroponto. O AIT – com base nasua experiência passada,porque foi o iniciador dasoito primeiras Conferênciasmundiais, sendo o únicoherdeiro do seu texto defundação de 1991 – decidiuque esta IX Conferênciamundial aberta privilegiaria aqualidade dos participantes,que serão antes do maiscamaradas inseridos na lutade classe, responsáveis deorganizações operárias ousimples militantes situadosno centro do combate.É claro que esta CMA nãopode realizar-se semdinheiro. É por isso que aCoordenação convida osmembros de todos os paísesque integram o AIT a lançaruma campanha financeira, deforma autónoma. Foielaborado um Apelo nestesentido, tendo a Coordenaçãofixado como objectivoimediato reunir os 50primeiros signatários doApelo, antes de 20 de Janeiro– data do lançamento oficialda campanha. A Coordenaçãoavaliará – daqui até à suapróxima reunião, a realizar

em Fevereiro de 2017 – ocontributo financeiro de cadapaís-membro do AIT. No primeiro parágrafo doApelo adoptado pela reuniãoda Coordenação é dito:“Nós, militantes operários,sindicalistas, militantes anti-imperialistas – de acordocom toda ou com uma partedesta Declaração –consideramos que osproblemas nela colocadosestão no coração daspreocupações de todo omovimento operário pararesistir e agir em defesa daclasse operária, dasorganizações independentese das nações oprimidas.”Esta não exigência doacordo, de cada participantena CMA, com a totalidade daDeclaração decorre do factode sabermos que o objectivode uma tal Conferência não écriar um movimento quedirija a luta de classes, massim o de se apoiar nummovimento que se constrói,através da intervenção naluta de classes, em defesa daindependência dasorganizações. É este o motorda História, que conduz aosocialismo. n

Geoffrey ExcoffonMembro da Coordenação do AIT

cronologia das conferências mundiais abertas

1991, Barcelona: Fundação do Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AIT)

1993, Paris: Conferência mundial aberta (CMA)

1995, Banska Bystrica (Eslováquia): CMA

1996, Paris: CMA

2000, San Francisco (EUA): CMA

2002, Berlim: CMA

2005, Madrid: CMA

2010, Argel: CMA

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