tribuna 19 de outubro

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www.tribunafeirense.com.br R$ 1 ANO XIV - Nº 2.398 FEIRA DE SANTANA, SEXTA-FEIRA 19 OUTUBRO DE 2012 [email protected] ATENDIMENTO (75)3225-7500 8 OS RECADOS DO ELEITO Em retiro pós eleitoral de 15 dias, José Ronaldo, eleito em 7 de outubro com 66% dos votos válidos em Feira de Santana, concedeu entrevista à Tribuna Feirense. Afirma que seu terceiro governo será marcado pelo diálogo, tanto com a população quanto com a principal autoridade do estado, o governador petista Jaques Wagner. Quanto a Tarcízio Pimenta, diz que não fará devassa na administração. Sobre nomes para o secretariado, ainda não há definição. “Os primeiros dias de governo serão para limpar a cidade.” “Se não for pago até 30 de dezembro, eu não poderei pagar débito [de 2012]. Para o ano vai receber? Só se for cobrança judicial.” “Não sou a favor desse negócio de pra ser recebido pelo governador, um deputado tem que estar na minha frente pra condicionar.” “Eu lutarei com todas as minhas forças pela eleição de Geilson e Colbert em 2014.” Jacaré é atração na Lagoa Grande 11 7 6 e

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Page 1: tribuna 19 de outubro

www.tribunafeirense.com.br R$ 1ANO XIV - Nº 2.398FeIRA de SANtANA, SeXtA-FeIRA 19 OutubRO de 2012

[email protected] (75)3225-7500

8

OS ReCAdOS dO eLeItO

Em retiro pós eleitoral de 15 dias, José Ronaldo, eleito em 7 de outubro com 66% dos votos válidos em Feira de Santana, concedeu entrevista à Tribuna Feirense. Afirma que seu terceiro governo será marcado pelo diálogo, tanto com a população quanto com a principal autoridade do estado, o governador petista Jaques Wagner. Quanto a Tarcízio Pimenta, diz que não fará devassa na administração. Sobre nomes para o secretariado, ainda não há definição.

“Os primeiros dias de governo serão para limpar a cidade.”

“Se não for pago até 30 de dezembro, eu não poderei pagar débito [de 2012]. Para o ano vai receber? Só se for cobrança judicial.”

“Não sou a favor desse negócio de pra ser recebido pelo governador, um deputado tem que estar na minha frente pra condicionar.”

“eu lutarei com todas as minhas forças pela eleição de Geilson e Colbert em 2014.”

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2 Feira de Santana, sexta-feira 19 outubro de 2012 política

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3Feira de Santana, sexta-feira 19 outubro de 2012 opinião

Observató[email protected]

Valdomiro Silva

Ronaldo sinaliza não descartar diálogo com tomUma entrevista

com o ex-prefeito José Ronaldo, produzida pelo editor deste jornal, Glauco Wanderley, é um dos principais destaques desta edição. Ronaldo, como de praxe, não traz à tona nada que possa esperar mais alguns dias para ser revelado. Também bem a seu estilo, não faz nenhuma declaração que possa se considerar bombástica. Mas sempre é possível tirar algumas conclusões, para quem lê suas respostas. O breve descanso da política, de 15 dias, está

se findando. O ex-prefeito pretende retomar reuniões e contatos, agora tendo em vista não mais uma articulação de campanha, mas a composição de governo, a partir desta segunda-feira. Ou seja: podemos ter novidades, ainda este mês de outubro.

Ronaldo gosta de fazer tudo em seu tempo. É muito raro ele precipitar algo. Entre tantas decisões que terá de tomar, certamente uma das mais inquietantes diz respeito a quantos e quais vereadores devem ser convocados para secretarias, afim de que possa contemplar

suplentes, como fez nos dois primeiros mandatos, de 2001 a 2008.

O jornalista quis saber sobre a situação do vereador Lulinha, que não se reelegeu. Para continuar na Câmara, depende de Ronaldo contemplar o primeiro suplente da coligação, o vereador Tom, que surpreendentemente também foi derrotado em sua tentativa de segundo mandato. O assunto é muito interessante e deve gerar até bolsa de apostas nos meios políticos. Alguns dizem que Ronaldo jamais chamaria um vereador da coligação DEM-PTN-

PMDB para beneficiar a Tom, mesmo que fosse para contemplar a Lulinha, que tem, obviamente, fortes ligações com o ex-prefeito. Afinal, Tom optou por apoiar o candidato Tarcízio Pimenta, embora o PTN lhe tenha sido ofertado por Ronaldo e seu aliado Carlos Geilson, para que pudesse concorrer em uma legenda favorável. Tom não acompanhou os colegas de partido David Neto e Roque Pereira, que também integraram a bancada governista, mas na hora de decidir com quem ficariam, escolheram Ronaldo. Dos três, ele foi o único a não

se reeleger. O ex-prefeito aproveita a entrevista para dizer que Tom pagou com a perda da reeleição o que ele considera um erro político do vereador. No entanto, e é isto o que mais importa neste trecho da entrevista, ao contrário do que alguns imaginam, Ronaldo não estaria decidido a impedir uma eventual ascensão de Tom à nova legislatura. Disse que não houve, da parte do vereador, atitude agressiva contra ele, durante a campanha. De fato, mesmo em seus discursos na Câmara, o vereador-policial militar sempre adotou uma

postura de respeito a Ronaldo. Algumas provocações, apenas, mas nada grave.

Quem conhece o ex-prefeito, sabe que o que pode separá-lo de outro político são agressões pessoais. Afora isto, ele supera qualquer atrito com relativa facilidade. Depois da declaração de Ronaldo, aqueles que acreditam na impossibilidade da convocação de dois vereadores da coligação encabeçada pelo DEM como salva-vidas de Tom e Lulinha devem evitar apostas altas.

Wellington pode ser fator favorávelAinda em favor de

Tom, um detalhe que passa despercebido por muitos. O vereador eleito Wellington, que faz parte da coligação DEM-PTN-PMDB, tem fortes chances de ser secretário. Ele é servidor público desde 2007 e nessa condição exerceu cargos de confiança desde o final do segundo governo José Ronaldo

até este último ano da administração de Tarcízio Pimenta. E o que isto quer dizer?

Quer dizer que Wellington pode obter estabilidade econômica com salário de secretário – que é o mesmo de vereador -, com mais dois anos de cargo de confiança. Alguns têm convicção de que ele torce para ser chamado para integrar o secretariado

de Ronaldo, fechando o período que precisa para garantir sua conquista salarial.

Óbvio que o fato, em si, não seria pressão suficiente para Ronaldo fazê-lo secretário. Nem se pode garantir que Wellington esteja ansioso por isto. Mas pode vir a ser uma situação favorável para que aconteça um entendimento político entre Tom e o ex-prefeito.

entendimentos com Colbert e GeilsonEntrevista com José

Ronaldo, para que se possa compreender o que passa por sua cabeça, tem que ser lida mais de uma vez e com muita atenção nos detalhes. O ex-prefeito tem a sutileza como uma de suas especialidades. Quando questionado pelo jornalista Glauco Wanderley sobre a possível participação do ex-deputado Colbert Filho e o deputado estadual Carlos Geilson, duas das principais lideranças do seu novo grupo político, é possível observar detalhes

importantes. Um desses detalhes é a vontade com que o ex-prefeito se refere ao esforço que deverá empreender pela reeleição de Geilson para a Assembleia Legislativa e o retorno de Colbert à Câmara dos Deputados, em 2014. Ele não deixa dúvida quanto ao compromisso. Podem até surgir outros apadrinhados no meio do caminho, visto que a influência política de Ronaldo vai muito longe Bahia afora, mas esses dois serão prioridade – como um dia foi prioritária para ele a eleição de Fernando de Fabinho, por

exemplo. Observa-se ainda que Ronaldo vê a necessidade de mais diálogo com Colbert. Diz que o peemedebista “é de pouca conversa”. Vai aí mais que uma observação de quem acompanha mais de perto a postura do novo aliado. Pode estar embutido na análise um conselho para que o ex-deputado chegue mais perto, busque mais o contato. Pela importância da aliança com o PMDB, Colbert e o vice-prefeito eleito Luciano Ribeiro, especialmente, devem ter uma atenção especial do futuro prefeito, como ele mesmo admite.

Wagner, Ronaldo e NetoRonaldo quer manter

um bom entendimento institucional com o governador Jaques Wagner. Sabe da importância do líder petista baiano, não apenas no contexto estadual, mas também de sua influência junto a organismos federais, tão importantes para os municípios, no que diz respeito a convênios e liberação de recursos nas mais diversas frentes.

Não pode ser diferente. Aliás, Wagner e Ronaldo devem deixar as rusgas das eleições para o passado. A partir de 1º de janeiro de 2013, o petista não deve mais tratá-lo como um adversário, mas como prefeito da mais importante cidade do interior da Bahia e se colocar à disposição para todas as necessidades, inclusive políticas, no sentido da luta por investimentos.

O futuro prefeito faz uma ressalva que merece atenção específica. Diz que não aceitará dependência de intermediações por deputado, para que possa haver contato de nível administrativo com o governador. A mensagem é bastante clara: ele não deseja que, para chegar a Wagner, tenha que passar pelo líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado Zé Neto, seu principal adversário, hoje, na política local.

É claro que um prefeito de Feira de Santana jamais deve curvar-se ao governador a ponto de que se condicione uma audiência, ou apoio a questão de interesse da cidade ao aval de quem quer que seja o deputado. O prefeito de Feira tem que ter um canal direto com o governador, sem necessidade de intermediador. É como um governador dificultar

o entendimento com o prefeito da capital, seja qual for seu partido. Seria uma atitude mesquinha e, politicamente, suicida, até.

No entanto, toda ação, de um deputado, em direção a medidas favoráveis ao Município, deve ser acolhida pelo prefeito, que não deve rejeitar ajuda por mera vaidade, orgulho ou coisa que o valha. O interesse da população não pode ser menor que uma desavença estritamente política.

O feirense acompanhará, pelo olhar da imprensa, como se comportarão o prefeito, o deputado e o governador, a partir de 1º de janeiro. Querelas de campanha devem ficar para trás. Feira de Santana é o que interessa.

torres quer aliados com postura independente no futuro governoUma outra entrevista

pós-eleição muito aguardada foi dada esta semana pelo deputado federal Fernando Torres. Ele falou ao programa “Notícias da Tarde”, da Rádio Subaé AM. Uma declaração dele é marcante: “Não tenho vontade de me tornar governista com

a Prefeitura de Feira. Tenho vontade de ser independente”.

Dirigente local do PSD e aliado, na última campanha, do prefeito Tarcízio Pimenta, ele disse que não tem interesse de estar “100% aliado” da próxima administração. “A Câmara é um poder que não pode ser submisso”, afirma.

Uma outra frase do

deputado dá uma ideia de que seriam remotas as possibilidades de um entendimento político com Ronaldo. “Se o prefeito não quer o nosso trabalho, paciência”, diz ele. É como se ele já tivesse convicção de que o futuro prefeito não teria interesse em contar com ele.

O deputado reitera:

“Vamos fazer uma bancada independente de vereadores. Os que me ouvirem, peço que sejam independentes na Câmara, não votar em tudo o que o prefeito manda. O que for favorável para a comunidade, aprovamos; o que for ruim, vamos votar contrário”. O deputado considera que quatro dos 21

vereadores fazem parte do seu grupo político. Diz ter ajudado aos reeleitos David Neto, Gerusa Sampaio e Ronny e também a José Carneiro, que volta à Câmara depois de duas tentativas frustradas.

Por fim, o deputado diz que não promoverá “complô contra prefeito nenhum”, certamente uma alusão ao que

ele considera ter ocorrido na administração do prefeito Tarcízio Pimenta. Torres disse, na entrevista, que Tarcízio esteve, nos últimos quatro anos, “no meio de um grupo de pessoas que só fazia complô contra ele” e que, assim, “seria difícil ganhar a eleição”.

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4 Feira de Santana, sexta-feira 19 outubro de 2012

Dizem que, ao contrário da vitória, a derrota tem apenas um pai. A humilhação eleitoral imposta pelos feirenses a Tarcízio Pimenta, no dia 7, entrou para a história. O quarto lugar vai lhe ser inesquecível. Foi uma doída lição para o atual e futuros prefeitos. Ninguém gosta de ser enganado o tempo inteiro. Hoje Pimenta é uma página virada na política feirense.

Que ele não tinha nenhuma chance de vitória Feira toda sabia. As pesquisas eleitorais e o povo nas ruas diziam isto. Até o mais fiel dos seus secretários – se isto existe – tinha certeza de que o inclemente muque da derrota batia-lhe à porta cada vez mais forte. Mas ninguém esperava que nesta corrida eleitoral ele estivesse montado num pangaré: a sua palavra.

[email protected]

batista Cruz

Perdeu, doutor! A página foi dolorosamente virada

O fato é que os tarcizistas não fizeram a leitura crítica dos resultados de 2010. Se dependesse dos feirenses, Graça Pimenta, que é mulher dele, não teria sido eleita. O recado foi

claro. Dos três locais que chegaram à Alba e que tem base eleitoral em Feira, ela foi a menos votada. A queda do prefeito aconteceu em duas etapas e num intervalo de dois anos.

O sinal vermelho

do trânsito eleitoral foi desdenhado pelos estrategistas tarcizistas, que preferiram comemorar a derrota de José Ronaldo ao Senado, mas, cegos de ódio, não viram que ele teve mais de 200 mil votos em Feira. Houve gente que deu o futuro prefeito como acabado politicamente. E Tarcízio sorveu estas e outras avaliações de mui amigos como um bom vinho. E se deu mal.

E não adianta o prefeito procurar em outros rostos culpados pelo seu retumbante fracasso nas urnas. Basta olhar o espelho e verá refletida a imagem do responsável pela derrota acachapante. Sim, é ele mesmo quem adotou uma política kamikaze desde o começo da sua gestão, ao optar pelo rompimento político, mesmo que não formalizado, com o homem que o levou pelo braço ao poder. Romper ou não romper foi a questão não

resolvida até quando ele não mais pode.

E não adianta afirmar que os acordos políticos o impediam de nomear um governo que tivesse a sua cara – talvez ele tivesse medo disso. Desde o início da sua gestão Tarcízio sempre dizia, em reuniões com subordinados, que a caneta das nomeações e exonerações estava sob o comando dele. Portanto, botava e tirava do governo quem quisesse e no momento que desejasse.

Tarcízio fez uma gestão completamente ruim? Não, não fez. Teve aspectos bons. Mas cometeu o pecado mortal de se tornar um político desacreditado perante os seus conterrâneos. O que ele falava passou a soar tão confiável quanto uma nota de três reais. Há algum tempo perdeu por completo a admiração da população. Feirenses de

todas as classes sociais passaram a se referir a ele com adjetivos pouco respeitosos. E isto minou o seu governo.

O seu futuro político é incerto? Não. Mas as urnas locais não lhes deram votos para duas candidaturas, a dele e de Graça Pimenta à Alba. A não ser que ele saia a deputado federal e corra o risco de ambos naufragarem. Para o estado o barco tem apenas uma vaga para o casal (o danado é se ela – a mulher – se rebelar).

Se ele for eleito vai se manter em evidência, mesmo a duras penas. Se fracassar, em 2016 vai ficar à margem do processo eleitoral. Um coadjuvante qualquer. A história política local é inclemente com políticos à mascarenha. Ainda bem. Perdeu, doutor!

Batista Cruz é da equipe da TRIBUNA

e não adianta o prefeito procurar em outros rostos culpados pelo seu retumbante fracasso nas urnas

opinião

5.075 votos

CARLItO dO PeIXeo mais votado da coligação

ObRIGAdO PeLA CONFIANçA!

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5Feira de Santana, sexta-feira 19 outubro de 2012 cidade

Feira é a 72ª em saneamento, diz Instituto trata brasil

Com pouco mais de 600 mil habitantes, a mineira Uberlândia, que tem população semelhante a de Feira, ocupa a quarta posição neste ranking, com nota total 8,17 e boas avaliações em todos os índices – Santos, que tem pouco mais de 400 mil habitantes, é a cidade campeã nacional em saneamento, com nota 8,70.

Em Uberlândia, a rede de água chega 97,34% das residências, a de esgoto atende 90,95% e o índice de esgoto tratado é de 78,51%. Em 2010 foram feitas 1442 novas ligações de água e 1440 de esgotamento sanitário.

Assim, praticamente não há déficit na rede de saneamento básico, em relação a de água. O investimento anual no sistema chega a R$ 98,9

Evolução em Feira de Santana foi registrada apenas nas perdas, que passaram de 38,22% em 2009 para 33,62% no ano passado, mas o ideal era que estas perdas máximas chegassem a 15%. O ganho de quase cinco pontos percentuais

é válido, mas os resultados apresentam que o desperdício continua grande. A cidade tem uma malha de distribuição considerada antiga e que apresenta problemas estruturais, mesmo que o problema seja resolvido em pouco tempo, o

desperdício não deixa de ser grande.

O documento reúne informações fornecidas pelas operadoras das cidades analisas, no caso de Feira a Embasa e os dados consultados são os últimos publicados pelo ministério.

A posição de Feira é das mais desconfortáveis, mas estão em situações piores cidades como Belém, Cuiabá, Natal, São Luiz, Teresina, Macapá – apenas para citar capitais.

uberlândia: 600 mil habitantes e na 4ª colocação

evolução apenas na perda de água

milhões e a operadora do sistema é municipal.

Vitória da Conquista ocupa a 47ª posição no ranking nacional, com 90,14% das residências atendidas pelo abastecimento de água limpa, mas por outro lado, apenas 53,12% das casas que tem água encanada são ligadas à rede coletora do esgotamento sanitário.

Na cidade do sudeste, no ano passado foram feitas 2,9 mil novas ligações na rede de água – faltam 11,5 mil para atingir a universalização, e 1,3 mil residências passaram a ter esgotamento sanitário - com mais 38,3 mil atinge-se a universalização.

As perdas totais no ano passado foi de 12,49%, com problemas estruturais na rede, desvio ou problemas nos contadores e nota total foi 5,29.

Indicadores avaliadosIndicador de atendimento total de água (%)Nota de Feira de Santana – 81,11%Nota atendimento total de água (máx. 1)Nota de Feira de Santana – 0,81Indicador de atendimento total de esgoto (%)Nota de Feira de Santana – 37,38%Nota atendimento total de esgoto (máx. 2,5)Nota de Feira de Santana – 0,93Indicador de esgoto tratado por água consumida (%)**Nota de Feira de Santana - 37,38%Nota esgoto tratato por água consumida (máx. 2,5)Nota de Feira de Santana – 0,98Investimento (Milhões R$/ano)Receita (Milhões R$/ano)R$ 63,4 milhõesIndicador de investimento/receita (%)Nota investimento/receita (máx. 1)Novas ligações água7.141Ligações faltantes para universalização42.072Indicador novas ligações de água/ligações faltantes (%)Nota de Feira de Santana – 0,17%Nota novas ligações água/ligações faltantes (máx 0,5)Nota de Feira de Santana – 0,08Novas ligações esgoto3.714Ligações faltantes para universalização102.707Indicador novas ligações de esgoto/ligações faltantes (%)Nota de Feira de Santana – 0,04Nota novas ligações esgoto/ligações faltantes (máx. 1)Nota de Feira de Santana – 0,09Indicador perdas totais (%)Nota de Feira de Santana – 33,62%Nota perdas totais (máx. 1)Nota de Feira de Santana – 0,45Perdas 2009 (%)Nota de Feira de Santana – 38,22%Perdas 2010 (%)Nota de Feira de Santana – 33,62%Nota evolução nas perdas (máx. 0,5)Nota de Feira de Santana – 0,47Nota final – 3,82 (a máxima é 10)

BATISTA CRUZ

(esta matéria está sendo republicada, pois saiu cortada na edição anterior)

Entre as cem maiores cidade brasileiras, Feira de Santana ocupa a 72ª posição no ranking do saneamento, divulgado em agosto pela respeitada Oscip paulista Instituto Trata Brasil.

O estudo refere-se a 2010, a versão mais recente disponível pelo governo federal, e tem como base as informações que constam no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, divulgado pelo Ministério das Cidades.

A metodologia aplicada teve três diretrizes como base: eficácia no atendimento adequado em saneamento básico, esforço para atingir a universalização e produtividade na operação.

Em 2009, Feira ficou na 37ª colocação, mas a partir do ano passado a forma de avaliação foi mudada, ganhando outros itens a serem observados. E assim a cidade caiu muito nesta tabela. A nota total 3,82, sendo a máxima 10, foi a atingida por Feira, nos oito indicadores avaliados, aos quais se subdividem as diretrizes – evolução de perdas, atendimento total de água e esgoto, entre outros.

E até o ano de referência, os estudos mostram que o atendimento de esgoto no município era de 37,38%, e é pouco provável que em um ano esta cobertura tenha saltado para

80%, como afirma a propaganda oficial.

Os 37,38% é o mesmo indicador de esgoto tratado por água consumida.

De acordo com a Embasa, este índice de cobertura chega a 65%, significa que em dois anos esta cobertura cresceu 27,62 pontos percentuais em relação ao que consta nos relatórios do Ministério das Cidades.

Naquele ano, a oferta de água atingiu a 81,11% das residências e que no período foram feitas apenas 7.141 novas ligações e que apenas pouco mais da metade das casas foi ligada à rede de esgotamento sanitário.

O tratamento do esgoto produzido em Feira chega a apenas 37,38%, de acordo com os levantamentos realizados em 2010 e a sua destinação incorreta causa problemas graves problemas ambientais e sociais.

A rede de saneamento, portanto, não acompanha o ritmo de expansão da oferta de água limpa e significa que a destinação das águas servidas pode não ser a adequada do ponto de vista ambiental.

Para atingir a universalização destes serviços - com todas as residências inseridas, de acordo com a Oscip, serão necessárias pouco mais de 42 mil novas ligações ao sistema e mais de 102 mil inserções à rede de esgotamento sanitário. É uma meta que está bem longe de ser alcançada, porque o crescimento das redes é muito lento em comparação à expansão urbana. Como se sabe, Feira é uma cidade que mais crescem na Bahia. E para dificultar, esta expansão é horizontal.

O tratamento do esgoto produzido em Feira chega a apenas 37,38%, de acordo com os levantamentos realizados em 2010

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6 Feira de Santana, sexta-feira 19 outubro de 2012 política

GlAUCo WANdeRley

No domingo (14), em um intervalo das duas semanas de descanso programadas após a eleição, quando voltou a Feira para participar do aniversário do neto, o prefeito eleito José Ronaldo recebeu o editor da Tribuna Feirense, Glauco Wanderley, para a entrevista a seguir, em que fala sobre a futura relação com o governador Wagner, os passos iniciais à frente do governo a partir de janeiro, comenta sobre a campanha e a atitude que tomará em relação ao governo que está sucedendo.

O eleitor votou em Ronaldo pelo que já conhece. E Ronaldo, em que poderá modificar sua gestão de modo a surpreender o eleitor?

Normalmente eu pauto meu trabalho no que ouço do povo. Além do que escuto diretamente ou através de vereadores, associações de bairros, lideranças comunitárias, existem também pesquisas. Faço periodicamente para saber as tendências. No próximo governo vamos continuar obras de infraestrutura que foram paralisadas em bairros, que fizemos e não tiveram continuidade. No Asa Branca, Santo Antônio dos Prazeres, Panorama, ruas no Fraternidade, a Olney São Paulo, que se tornou uma rua que dá acesso ao Aviário, passando por vários condomínios e não pode mais ficar sem pavimentação. O mesmo na região da Pedra Ferrada, que cresceu muito e não tem água nem pavimentação. Temos o bairro Nova Esperança, o SIM, a Santa Mônica 2, a Lagoa do Subaé, loteamentos novos que ficam entre o Subaé e o Paulo Souto, inclusive, porque lá falta pavimentação.

Aquilo que disse no horário eleitoral vou trabalhar diuturnamente para cumprir tudo. Cumprindo tudo, a gente vai partir para ver outras coisas.

Seus adversários sempre o criticaram por pavimentar com paralelepípedos onde não tinha esgotamento sanitário, levando à necessidade de ter que abrir de novo quando a Embasa leva o saneamento. O senhor continuará a fazer isso?

Lembro que tinha

Ronaldo vai começar com faxina e buscará diálogo pluripartidário

SeM bRIGASNão podemos em um mundo tão civilizado como esse de hoje fazer papel de gato e cachorro.

O FAtOR RAStAteve uns lugares que eu cheguei e a pessoa me dizia ‘Olha, eu ia votar em você, mas você vai ganhar, eu vou votar pro prefeito ser o quarto’.

AtAQueS NA CAMPANHAessa questão de marqueteiro, de botar João bobo, Zé Ponga, isso faz parte de toda campanha. Acho que isso não é uma ofensa pessoal.

Ronaldo com eleitores na comemoração da vitória, na noite de domingo (7), na avenida Getúlio Vargas

lugares em que a gente chegava e as pessoas cobravam a pavimentação. Eu me reunia com a comunidade. A gente conversava: ‘Olha, mandei correspondência pra Embasa, pra saber se tinha previsão de fazer esgotamento sanitário aqui, a Embasa me respondeu que não. Tá aqui o documento. Vocês querem que eu pavimente assim mesmo?’ A unanimidade dizia que sim.

Eu acho que só critica isso quem nunca pisou em lama, quem nunca morou em casa sem pavimentação, que não foi incomodado pela poeira. Em Santo Antônio dos Prazeres, vamos supor que a Embasa diga que a previsão para esgotamento sanitário é daqui a 2, 3, 4 anos. É justo que essas pessoas continuem pisando na lama? Não é. O que não pode é a Embasa quando vier fazer o esgoto deixar a rua em péssimo estado de conservação. Uma das primeiras providências que tomarei imediatamente após a posse é procurar a presidência da Embasa e vou mostrar a ela que quando está trazendo algo que é bom pra sociedade, como a obra de esgotamento sanitário, precisa continuar, mas precisa também que as ruas por onde estão passando essas obras fiquem em perfeito estado de uso.

A questão da mobilidade assumiu grande importância durante a campanha, sinal de que a população se importa com o tema. O SIT, no seu governo, foi um avanço mas ficou muito aquém do desejo e necessidade das pessoas. O que será feito agora?

Vou trabalhar o ano de 2013 com transporte público como prioridade número 1. O que o povo mais reclama são os ônibus velhos e o atraso. Ficar num ponto de ônibus esperando uma hora. Vamos trabalhar para que os ônibus cumpram horário.

Antes de assumir, em novembro, vou fazer algumas viagens, a Curitiba, a algumas cidades que tenham um sistema de transporte melhor para que a gente possa implementar e fazer a segunda etapa do SIT.

Mudou alguma coisa na sua maneira de governar? Ou seu novo governo será uma continuidade?

Fui eleito, acredito, com o povo aprovando a minha administração. O que vamos fazer é dialogar muito. É uma das bandeiras fortes agora, um diálogo muito constante. Sempre dialogamos com as comunidades. Agora vamos ampliar esse debate.

Depois de perder aliados, que saíram atirando porque se sentiam desprestigiados, o senhor acha que errou com Jairo e Eliana?

Enquanto fui prefeito, todos eram bem próximos. Só faziam elogios. Esses pouquíssimos, menos que os dedos de uma mão, deixaram para falar só depois que saíram. Houve a manifestação das urnas em algumas oportunidades e as urnas disseram o seguinte: quando estávamos todos juntos, as votações de todos sempre foram muito maiores do que quando estávamos distantes. Eu acho que a vida política se mede pela quantidade de votos.

Geilson e Colbert devem esperar um apoio político ostensivo seu?

São bons companheiros e vamos trabalhar juntos. O Colbert é uma pessoa que conversa muito pouco, não é de muita conversa não.

Geilson a gente já vem de algumas eleições, de algumas participações e só tem aumentado a amizade e o respeito. Eu lutarei com todas as minhas forças pela eleição de ambos, em 2014. Geilson é candidato à reeleição como deputado estadual e Colbert a deputado federal.

Quando assumiu em

2001 a cidade estava um caos e o senhor começou fazendo uma faxina. Por onde começa agora?

Pelo mesmo lugar. A cidade está muito suja. É uma reclamação geral. Se você pegar um carro e andar na Presidente Dutra, vai ver que está suja. Imagine, a avenida de entrada da cidade. Agora se você for ao Feira VII é um ‘deus nos acuda’. A limpeza pública está extremamente deficiente. Os primeiros dias de governo serão muito parecidos, serão para limpar a cidade.

o senhor sucedeu em 2001 a um governo (Clailton Mascarenhas) acusado de muitos casos de corrupção. Mas não abriu investigações quando assumiu. o mesmo ocorre com o governo Tarcízio Pimenta. Pretende investigar?

Ao longo desses últimos dois anos foram muitas as denúncias que a imprensa publicou. Muitas dessas situações, que tornaram-se públicas, estão no Ministério Público Federal, estão na Polícia Federal, no Ministério Público Estadual. Ou nos tribunais de contas. Acho que não cabe a quem assume o poder. Cabe a esses órgãos, que fiscalizam as autoridades. Evidentemente eles fazendo solicitações de informações, as informações são dadas, isso é uma obrigação. Agora eu não sou homem de ficar fustigando, bulindo o passado, falando de A, B, C e D. Nunca fiz isso.

O senhor acredita que encontrará uma prefeitura em dificuldade financeira?

Veja bem. Primeiro, quando se diz que deixei débito na prefeitura não é verdadeiro. É totalmente inverídico e falso. Quando alguém chega e fala em ‘dívida consolidada’ não é uma dívida de Ronaldo. É uma dívida histórica. A palavra consolidada no mundo contábil, na administração pública, é uma dívida histórica, ao longo de décadas. Que passou por Zé Ronaldo. E que Zé Ronaldo pagou milhões de reais. Todos os prefeitos que assumirem pagarão. A única dívida deixada por Zé Ronaldo vai ser paga por Zé Ronaldo, que é o empréstimo dos viadutos, que foram quatro anos de carência e serão quatro anos de pagamento. O empréstimo foi de 11 milhões de dólares, que com o dólar a 2 reais dá 22

milhões de reais. Pagou 2 milhões de reais, a primeira parcela, em agosto deste ano. Serão pagos em 2013, mais 2 milhões em abril e 2 milhões em agosto. É perfeitamente normal e a prefeitura tem total condição de pagar, não tem dificuldade nenhuma.

Quanto a dívidas, quero dizer que prefeito não pode deixar dívida. Ele tem de fechar as contas no dia 31 de dezembro, seja lá quem for, não estou falando do de Feira. Os prefeitos dos 5.600 municípios do Brasil, não podem deixar débitos para o sucessor.

Eu vou receber uma prefeitura, vamos dizer, sem débitos. Porque não poderá ser deixado débito empenhado. O que for empenhado tem que ser pago até 30 de dezembro.

Sendo assim o senhor não encontrará uma prefeitura em dificuldade financeira?

Só com débito consolidado, que falei antes. Vamos supor que a prefeitura tenha um débito com uma cooperativa. Se não for pago até 30 de dezembro, eu não poderei pagar este débito em janeiro, porque não poderá ficar empenhado na prefeitura. Vamos

que a Tribuna Feirense, que publica atos oficiais do governo municipal, publicou atos e ficou sem receber até o fim de dezembro. Para o ano vai receber? Só se for cobrança judicial. O prefeito que sai, não pode deixar nada contabilizado sem dinheiro pra pagar. Se tem dinheiro tem de pagar até o dia 30. A Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe que deixe débito para o sucessor.

Então a situação financeira da prefeitura não lhe preocupa?

Veja bem. Estou falando rigorosamente dos princípios do que diz a Lei de Responsabilidade Fiscal. Quando assumi de Clailton Mascarenhas, não encontrei débito pra pagar. A não ser o consolidado, que era FGTS, INSS, precatórios, o restante do Centro de Abastecimento. Os viadutos, que são um empréstimo a longo prazo são dívida consolidada. Se você faz uma praça, ou calçamento de uma rua, esse débito tem que ser pago até 30 de dezembro.

A situação do seu partido, o DEM, cada vez mais enfraquecido, não atrapalha o trânsito do governo em outras instâncias?

Acho que não. As autoridades são para governar para o povo, independente de partido político. Essa questão de estar enfraquecido não tem nada a ver. Já houve épocas em que o PT na Bahia não tinha nem oito prefeitos. A vida política é muito dinâmica. Eu acredito num bom relacionamento com o governador. Com Brasília não tenho dúvida nenhuma.

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7Feira de Santana, sexta-feira 19 outubro de 2012 política

Ronaldo vai começar com faxina e buscará diálogo pluripartidário

eM bRASÍLIAVou visitar os gabinetes dos deputados e senadores da bahia, independente de partido político. Vou visitar todos.

CORRuPçÃO NA PReFeItuRAForam muitas as denúncias que a imprensa publicou. Pelo que me consta os órgãos competentes estão fazendo as investigações. Cabe a eles concluir.

PAVIMeNtAçÃO SeM eSGOtOSó critica isso quem nunca pisou em lama, quem nunca morou em casa sem pavimentação.

Ronaldo com eleitores na comemoração da vitória, na noite de domingo (7), na avenida Getúlio Vargas

Agora mesmo no final de outubro vou pra Brasília, vou ficar vários dias, vou visitar os gabinetes dos deputados todos da Bahia, independente de partido político. Só não entrarei no gabinete que não me receber. Já acertei com o senador João Durval, que vou visitar. Vou pedir audiência aos outros senadores, o Walter Pinheiro e a Lídice da Mata, vou visitar os dois, que foram votados em Feira e vou pedir audiência a ministros.

A prefeitura sempre atraiu empresas em conjunto com o estado. Sem a participação do estado se poderá fazer isso?

Eu acho que se tivesse tido uma boa vontade maior, a Boticário hoje estaria dentro do território de Feira de Santana. É uma perda significativa. Está se instalando na divisa de Feira de Santana com São Gonçalo, na BR 101. Por que ficou do lado de São Gonçalo? Não vou nunca entender. Existem ações outras de empresas, que chegam ao meu conhecimento. Estou falando de ouvir dizer. Não posso afirmar. São empresas que queriam se instalar em Feira de Santana, e que não foram. ‘Ah, não, em Feira não.

Você escolha Serrinha, tal lugar, escolha B, escolha C.’

Como assim? Quem dizia para não vir para Feira?

Eu não posso aqui afirmar, porque são coisas de ouvir dizer. Eu não tenho nada que comprove, são notícias de pessoas que chegavam e me contavam. Evidentemente essas pessoas não dão documento, não têm nada que prove, então não tô aqui pra ficar fazendo comentários que não sejam confirmados. Vou fazer o trabalho que sempre fiz, de carrapato. Aonde sonhar que tem uma empresa que quer se instalar na Bahia, vai receber um telefonema nosso ou uma visita minha. E é claro que vou levar o problema ao governo do estado. O governo vai me receber, vai me tratar bem? Vou pedir audiência a ele. Se você me perguntar: “- E se ele não lhe receber? E se condicionar que pra lhe receber vai ter que ter o pedido de um deputado?”. Aí ele não estaria sendo uma autoridade do estado. Feira tem uma autoridade constituída. Não sou a favor desse negócio de pra ser recebido pelo governador, um deputado tem que estar na frente pra condicionar.

Com essas demonstrações de força eleitoral Zé Ronaldo não é sondado pelo governo estadual com ofertas de ajuda em troca de adesão?

Acho que a vida pública tem que ser feita com muito respeito. O governador não pode sentar na mesa com o prefeito de Feira, segunda

cidade mais importante da Bahia, e acho que o governador não fará isso, jamais sentará numa mesa para dizer ‘eu quero lhe ajudar, agora quero que você faça isso’. O governador tem o espírito de participar, de contribuir, de fazer uma boa parceria e entregar ao futuro as decisões políticas que ele ou que eu possamos tomar ao longo da nossa administração. Não é inteligente ajudar alguém condicionando isso ou aquilo.

Mas o governador Jaques Wagner tem se mostrado um sedutor daqueles que não estão aliados a ele. Não fez isso com o senhor?

Não. O que gosto é de ver minha cidade progredir, evoluir. Por exemplo, quero ver minha avenida Nóide Cerqueira a todo vapor, que não vi ainda. Acho que posso contribuir a partir de janeiro com essa obra. Posso contribuir com diálogo, buscando as áreas que estão sendo desapropriadas para conversar, o que é extremamente importante em obras como essa. Então acho que Zé Ronaldo e o estado serão ótimos parceiros nisso. O Teatro do Centro de Convenções, que o governo licitou, a área é de propriedade da prefeitura e é uma área nobre. A Lagoa Grande, teve o projeto básico elaborado em nosso governo, é uma obra em que eu tenho interesse total. Temos que estar dialogando, conversando. Não podemos em um mundo tão civilizado como esse de hoje fazer papel de gato e cachorro. Tem que fazer papel de pessoas civilizadas, que querem o bem e o progresso de uma cidade tão importante.

Na campanha causou estranheza a forma como o senhor trocou ataques com o candidato Zé Neto. Por que a opção pelo confronto, com tanta vantagem nas pesquisas?

Não é que trocou ataques. Um advogado da União entrou com um pedido de três processos. O ilustre candidato é advogado. Ele sabe perfeitamente que nem haviam sido aceitos ainda. Ele viu que o próprio advogado que fez o pedido diz textualmente lá que incluía o meu nome simplesmente porque eu era o gestor. Está bem claro. Foi feito um processo licitatório, onde este advogado tentou envolver cerca de 45 pessoas, em algo que ele entendia que era um prejuízo de 5 mil reais, que corrigido na época ia, parece, que pra 16 mil reais. Ele tentou desgastar a imagem de cerca de 40 a 45

pessoas, sendo que dessas 45, 40 aproximadamente são servidores públicos de excelência. Aguentei a campanha inteira sem dizer isso, porque sei que são funcionários de excelência, honestíssimos. E o tempo vai mostrar a decisão da justiça favorável a todos. Fiquei com o ônus e em momento algum citei isso. Por quê? Porque quero preservar esses funcionários que são zelosos, honestos, de escol, da prefeitura de Feira. Eu acredito na justiça. Basta ver as ações que foram tomadas na própria justiça em Feira de Santana e no Supremo Tribunal Federal como neste caso famosíssimo do mensalão. O tempo vai mostrar que temos razão. E o meu nome evidentemente vai entrar nesse meio aí sendo julgado. Sou um homem público e não temo julgamento da justiça. Nunca temi.

Mas não foi só isso. Teve o João Bobo, o ator que simulava Zé Neto... Foi uma campanha muito virulenta.

Ah, isso aí não passa por mim. São os marqueteiros que trabalham que fazem suas colocações. Não me lembro se falei esse negócio de mensalinho na Assembleia. Falei? Não me lembro. O que aconteceu foi que tomou-se conhecimento dessa história do mensalinho na Assembleia e um vereador responsável, deu entrevista, entregou e pediu apuração ao Ministério Público. Ora, se ele age assim, está indo ao foro adequado. No dia seguinte, explode uma bomba de coquetel molotov na casa do vereador, que é outra coisa que precisa ser apurada. Agora essa questão de marqueteiro, de botar João Bobo, Zé Ponga, isso faz parte de toda campanha. Me lembro que quando Colbert foi candidato, o grupo dele dizia alguma coisa de Zé Ronaldo, o pessoal marqueteiro nosso dizia de Colbert, e nós nunca nos ofendemos.

Mas essa campanha não passou da conta, não foi mais agressiva?

Acho que foi. Acho que o que fez isso maior foi ele insistir nessa questão desses três pedidos de processo. Acho que as explicações dadas, as certidões do TCU, a certidão da própria justiça federal que mostrou que não teve prejuízo nenhum e ele insistindo em levar esse assunto, acho que isso fez com que os próprios marqueteiros esquentassem mais, vamos dizer assim, a questão no horário eleitoral.

Dos seus aliados que fizeram parte do governo Tarcízio existe algum impedimento a voltarem para seu governo ou serão recebidos de braços abertos?

Ainda não pensei nisso. Trabalhei demais, muito mesmo. O principal para mim depois da eleição era dormir um pouco. E ainda estou tendo necessidade disso. Interrompi o descanso pra poder curtir um pouco o meu neto, que fez 3 anos no último sábado e eu não poderia ficar ausente desse aniversário. A partir do dia 22 a gente vai começar a pensar, depois dos 15 dias de descanso.

Para a Câmara muitos se elegeram fora da sua coligação, mas é provável que vários entrem para a base quando seu governo começar. O senhor imagina que terá oposição somente dos petistas?

Temos três vereadores eleitos do PT. Não são meus companheiros. Afinal de contas abraçaram outra campanha. Mas se eu esconder que tenho um relacionamento pessoal com pelo menos dois deles, eu tô mentindo. Tenho um relacionamento pessoal ótimo com Pablo Roberto. Claro que ele vai fazer o papel dele de vereador do PT. Não tô aqui com isso dizendo nada. Tô falando de relacionamento pessoal. O Alberto Nery é outra pessoa que tem um relacionamento pessoal comigo também, muito respeitoso. Aliás tive apoio de pessoas que são membros do Sindicato dos Rodoviários, votaram comigo para prefeito e sou muito grato a essas pessoas.

O senhor vai promover o Tom (primeiro suplente, mas que fez campanha com Tarcízio) para resgatar o Lulinha, que ficou como segundo suplente?

Lulinha é meu amigo, gosto muito dele. Ele ficou atrás de Tom 3 votos. Lulinha é um grande companheiro, gosto muito dele. O Tom fez opção de apoiar um outro candidato a prefeito embora estivesse num partido coligado conosco. Aliás acho que isso prejudicou muito ele, acho que teve um prejuízo muito grande eleitoralmente falando,

porque estava dentro da minha coligação e apoiando outro candidato, mas não publicamente, porque não podia, porque a lei eleitoral proíbe. Fez a campanha dele, pediu voto, mas não tenho conhecimento de nenhum ato dele durante a campanha de ofensa ou agressão à minha pessoa.

Mas a situação de Lulinha vai permanecer em suspenso?

Vai... Essa pergunta vai ficar em suspenso.

O senhor se impressionou com o desempenho do Rasta? Soube que surgiu uma campanha na internet defendendo que ele fosse nomeado seu secretário de Educação?

Não fiquei sabendo da campanha. Me isolei esses dias. Não fiquei surpreso com a votação, porque nos últimos dez dias passei a fazer pesquisas diárias, até o sábado, véspera da eleição. Eu via nos últimos 15 dias, a tendência do crescimento do Jhonatas, pra superar o prefeito. Teve uns lugares que eu cheguei e a pessoa me dizia ‘Olha, eu ia votar em você, mas você vai ganhar, eu vou votar pro prefeito ser o quarto’. É claro que ele [Jhonatas] teve méritos e os votos são os méritos dele, pela campanha que ele fez. E eu evidentemente que aplaudo sua votação.

Por falar em educação, o Ideb alcançou seu governo na primeira edição, 2005 e teve ainda 2007. O senhor já pensou em uma meta para a educação, acima daquela proposta pelo MEC, como muitas cidades conseguiram?

Sim. Os dados oficiais do Ideb, que mostrei no debate [da TV Subaé] são que no meu governo evoluiu o Ideb. E depois regrediu. O que disse no horário eleitoral no setor de educação, vamos perseguir com muita força. As quatro escolas de tempo integral serão uma prioridade. E posso até adiantar que não vou, por exemplo, comprar livro tipo de Ziraldo, onde foram gastos não sei quantos milhões. Eu vou construir uma escola dessa. Vamos priorizar isso.

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8 Feira de Santana, sexta-feira 19 outubro de 2012

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Sandro Penelu

Cultura e Lazer

SHOWS AO VIVO

cultural

BATISTA CRUZ

Considerado um dos principais eventos da música alternativa da Bahia, a quarta edição do Feira Noise Festival acontece de 27 a 3 de novembro, com apresentações de bandas de várias vertentes musicais, dança, debates, exposição de artes visuais, entre outras iniciativas. A presença de 19 bandas, baianas e de outros estados, está confirmada.

O festival, que é promovido desde 2009 pelo Feira Coletivo Cultural junto ao Circuito Fora do Eixo, faz parte da Rede Brasil de Festivais e vem crescendo a cada ano. Tanto em termos de participação de bandas – é expressivo o desejo dos grupos musicais em se apresentar na cidade – como de público, que a cada edição está mais diversificado, vindo de cidades da região metropolitana e mais distantes.

A abertura do festival, no dia 27, será no Botekim, localizado na avenida João Durval, mas as demais atividades acontecerão no foyer e na arena do Centro de Cultura Amélio Amorim. A primeira terá apresentações de cinco bandas (veja programação completa nesta página). O valor do ingresso será de R$ 15 e já estão à venda em balcões do Boulevard Shopping e do Arnold Silva Plaza.

O arrecadado na bilheteria e no bar – que além de bebida vai vender comida – banca grande parte dos custos do festival. As bandas e cantores que vem a Feira, de acordo com Joilson Santos, coordenador do Feira Coletivo Cultural, não cobram cachê e há um esforço concentrado para a realização dos trabalhos. “As bandas veem o festival como uma vitrine para apresentarem seus trabalhos”. Neste ano mais de 150 bandas de várias partes do país se inscreveram.

É uma união de esforços que não contam com o apoio do poder público. De acordo com o coordenador, nas três edições a organização procurou a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer,

27 de OutubroAbertura Feira Noise - Local: BotekimIngressos Antecipados – R$ 1520h30 – Mesa de AberturaUyatã Rayra e a Ira de Rá (Feira) Calafrio (Feira) Tabuleiro Musiquim (Salvador)Escola Pública (Cachoeira)Cabruêra (PB)

31 de OutubroLocal: Foyer Amélio AmorimEntrada Franca- Exposição Fotográfica (de 31/10 a 02/11) – Tema: Patrimônio Material e Imaterial de Feira de Santana-19h – Mesa Redonda – Cinema Independente em Feira de Santana – Pensando Políticas Públicas, vencendo barreiras para captação de recursos, produção e difusão.- Dança – Trupe Mandhala (Feira) - Dança – Carmen Silva (Feira)

1 de NovembroLocal: Foyer Amélio AmorimEntrada Franca- Oficina de Discotecagem - DJ Jarrão (Salvador) – carga horária de 6 horas (manhã e tarde)- Exposição Fotográfica – Patrimônio Material e Imaterial de Feira de Santana.- 19h – Mesa Redonda – A (In)visibilidade das Políticas Públicas para Cultura em Feira de Santana- Dança

2 de NovembroLocal: Arena do Amélio AmorimIngressos Antecipados – R$ 1515h30 – No OFF (Feira)Coscarque & Parto Natural (Salvador) Magdalene and the Rock and Roll Explosion (Feira) Full Time Rockers (CE) Rafael Damasceno (Feira) Dança – Grupo Kiken-sei (Feira) Dança – Grupo Hunters Crew (Feira) Trompas de Falópio (Camaçari) Sertanília (Salvador) Scambo (Salvador)

3 de NovembroLocal: Arena do Amélio AmorimIngressos Antecipados – R$ 15Intervenção de Grafite com Ailson Rolemberg16h – Andranjos (PE) Heróis de Aluguel (Feira) Steeltrigger (Feira) Igor Gnomo Group (Paulo Afonso) Tangerina Jones (Feira) Dança – Academia Arte de Dançar (Feira)Dança – Grupo SóprocosDança Grupo Blood BrothersClube de Patifes (Feira) Cascadura – (Salvador)

Feira Noise forte e sem apoio público

mas não obteve êxito. Neste ano nem se deram ao trabalho de procurar. “A gente já sabia qual seria a resposta mesmo”. Os recursos disponíveis, portanto, são poucos.Este ano, porém, segundo Joilson, faltou pouco para que a edição tivesse o patrocínio do governo do estado. “Se a gente conseguisse (os recursos) certamente traríamos bandas ainda mais conhecidas do público, mas que não fugisse do perfil, que é o cenário da música independente”, como a Criolo e a Móveis Coloniais de Acaju. “Mas todas que se apresentarão em Feira são de bom nível”, assegura.

Nos dias 31 de outubro e 1º de novembro acontecerão também atividades no foyer do centro de cultura – estas com entrada gratuita. A exposição fotográfica terá como tema “Patrimônio Material e Imaterial de Feira de Santana;

Mesa Redonda – Cinema Independente em Feira de Santana – Pensando Políticas Públicas, vencendo barreiras para captação de recursos, produção e difusão;

Dança – Trupe Mandhala e, depois, Carmen Silva.

No dia 1º, será realizada uma oficina de discotecagem com o DJ Jarrão, de Salvador, com carga horária de 6 horas (manhã e tarde); o segundo dia da exposição fotográfica e a mesa redonda que terá como tema “A (in)visibilidade das políticas públicas para cultura em Feira de Santana e mais um espetáculo de dança.

Durante todo o evento, feiras e banquinhas ficarão responsáveis por divulgar e comercializar os produtos culturais manufaturados produzidos por artistas do cenário independente nacional. Qualquer produtor atuante interessado em montar seu espaço de vendas poderá fazê-lo mediante inscrição.

De acordo com a organização, no ano passado a média de público nos shows foi cerca de 500 pessoas. Mas neste ano existe a expectativa de que este número deverá ser maior.

Mais dicas culturais em: www.infcultural.blogspot.com

Contos de palhaço no Cuca

Jorge Galeano expõe seus“mundos desconhecidos”

Será apresentado, em três sessões, nesta sexta, no palco do Cuca, o espetáculo Teatral “Contos de palhaço”, com direção de Jaqueline Umanzos.

A peça mostra a figura do palhaço,

A partir do dia 25 de outubro, o Museu de Arte Contemporânea, em Feira de Santana, abriga a exposição “Meus mundos desconhecidos”, do artista plástico feirense Jorge Galeano.

As obras mostram as percepções mágicas e rutilantes

do homem, com luzes e contrastes, entonações e sutilezas, que vão dando identidade às personagens.

O artista também aborda em seus quadros as lendas da infância e das cercanias do hoje, as casas de sapé, a caatinga exuberante parida da chuva. Os

violeiros cantadores, a melancolia do tango, as festas populares, a solidão dos pampas, as coisas se fundindo num redemoinho constante e plural. Vale conferir...

*Com informações do próprio artista

que acabou se vulgarizando ao longo dos anos, causando desmoralização do mesmo. O espetáculo é um composto de números de dança, acrobacias, teatro, mímica e música ao vivo, sendo as sessões

da tarde prioritárias para o público escolar, porém os ingressos estão disponíveis para todos.

As apresentações se dão às 13h30min, 15h30min e 19h30min.

Acontece nos dias 08, 09 e 10/11, O VIII Encontro de Pesquisa da Faculdade Nobre de Feira de Santana, este ano, com o tema

‘Compartilhando Saberes: A Ciência e a Sociedade em busca de um mundo Sustentável’. As inscrições podem ser

feitas pelo site da Fan ou no NAC - Núcleo de Atendimento ao Discente. A submissão de trabalhos será até 26/10.

encontro de pesquisa Nobre

Comunicado à Comunidade Certificados Centros Digitais

Solicitamos aos cidadãos que fizeram o curso de Inclusão Digital e de Educação para o Trabalho, nos Centros Digitais da Prefeitura de Feira de Santana e, que ainda não retiraram seus certificados, que compareçam ao Centro Digital onde concluíram o curso.

Maiores informações, Tatiana Fone (75) 3221 5788

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9Feira de Santana, sexta-feira 19 outubro de 2012 cultural

oRdAChSoN GoNçAlveS

Estórias e histórias conhecidas na infância ou vivenciadas na boemia compõem o amplo repertório do contador de causos conhecido como Seu Júlio. Aos 80 anos, ele acredita ter vivido e visto quase tudo. Suas apresentações arrancam risos e gargalhadas. O bom humor é sempre o carro-chefe, sejam sobre casos que ele admite serem fictícios, ou sobre fatos que ele jura serem verídicos, ainda que não pareçam.

Júlio Rodrigues Filho virou contador de causos

Seu Júlio: humor e sabedoria popular

Tinha um bêbado que todo fim de semana bebia, perturbava as pessoas, e ia preso. Toda segunda-feira de manhã, quando o delegado chegava em seu trabalho, o policial falava: - Doutor. Ele está aqui de novo.

O delegado sempre mandava soltar.

Uma certa segunda-feira, o delegado já chateado com aquela rotina, mandou chamar o bêbado e lhe disse: - Venha cá.

- O senhor quer o quê? – disse o bêbado.

- O senhor todo fim de semana enche a cara, vem parar aqui, depois tenho que mandar lhe soltar – falou o delegado.

O bêbado: - Ah é né. No dia que eu lhe prender, quero ver quem é que lhe solta.

- Por quê?- Eu sou coveiro!

CASo:Eu morava no Rio de Janeiro na década de

1950. Negociava nas feiras-livres. Conheci um paraibano que tinha uma barraca de calçados. Ele era tão magro que se ele se escondesse atrás de um poste a gente via o poste e não via ele. Mas tinha uma saúde de ferro. Ninguém nunca ouviu falar que Chico Todo de Osso, apelido dele, estivesse com uma dor numa unha.

Certo dia ele saiu de casa para pegar o transporte para a feira, e quando estava no Ponto do Bonde chegam dois assaltantes para abordá-lo, armados com navalhas. Um dos assaltantes colocou a navalha no pescoço de Chico Todo de Osso e disse: - Paraíba. É um assalto. Você vai me dar tudo o que você tem aí, se não você vai morrer agora .

Aí Chico disse: - Graças a Deus. Eu sou tuberculoso, minha mulher me largou, meus filhos me abandonaram, não tenho amigos, não tenho coragem de me matar, sou muito covarde, me mate logo!

O assaltante puxou uma nota de 20 mil réis: - Toma seu desgraçado, pra ajudar a pagar seu enterro.

E foi embora.

depois que se aposentou. Há 50 anos ele vive em Feira de Santana, onde construiu família e trabalhou até se aposentar na Justiça do Trabalho. Já realizou diversas apresentações em eventos culturais, escolas públicas e particulares, faculdades e até em outros estados. Recentemente lançou o livro Causos e casos, Crônicas e coletâneas.

Nascido em Caicó, no Rio Grande do Norte, em 1932, Seu Júlio revela que desde a infância se interessava pelas rodas de bate papo onde prevaleciam os “causos” de pescadores, caçadores,

bêbados, fantasmas e lobisomens.

Durante décadas ele foi um incentivador cultural, conhecido no seu local de trabalho pela divulgação de músicas do cancioneiro popular brasileiro, folhetos, poemas e livros de artistas nordestinos. Depois da aposentadoria, por incentivo de amigos e familiares, se tornou “oficialmente” um contador de causos.

oBRANo livro recém-lançado,

Júlio Rodrigues apresenta obras de sua autoria e outras que ele define como “de domínio público”, de

conhecimento popular e autoria desconhecida. As suas crônicas remetem o leitor à reflexão sobre problemas antigos e atuais, como o analfabetismo, o preconceito racial e a violência contra os idosos.

A veia poética também está presente. Júlio Rodrigues aborda em

versos temas relacionados principalmente à cultura nordestina. “Um destes fala do estado de Pernambuco, que tem dois reis: o Rei do Cangaço e o Rei do Baião”, diz ele, referindo-se a Lampião e Luiz Gonzaga.

Os causos e casos são cerca de 80. “Vivi muito em mesas de bar, fui boêmio,

seresteiro, e isso me deu uma bagagem grande neste sentido. Conheci muitos casos, histórias verídicas, e causos, fictícios, mas que sempre nos trazem uma lição de vida, e um significado subjetivo da sabedoria popular”, ressalta Seu Júlio.

internado”, recorda.

Estas histórias, já conhecidas por familiares e amigos, só passaram a ser externadas para um público maior após uma apresentação na escola da neta. “Ela me convidou para ir à escola, mas eu não sabia o motivo. Chegando lá descobri que era para contar causos. Deu um frio na barriga na hora, mas logo em seguida quebrei o gelo com as crianças, comecei a contar

Contador de causos por acasoas estórias, elas acharam engraçado, e daí em diante não parei mais”. Seu Júlio diz que o objetivo é sempre estimular o otimismo nas pessoas. “É uma coisa que eu faço com prazer, que me realiza. A criançada adora quando estou contando. Naquele momento eu me vejo criança também, lembro da minha infância”. Quando a plateia é de adultos, ele admite que tem maior liberdade, porém

com a mesma gratificação.Júlio está preparando

um novo livro, que terá como tema o amor, em suas mais variadas formas. “Não apenas o amor sexual. E também não apenas entre pessoas, mas dos animais. Tem um bom exemplo que aconteceu recentemente: a vira-lata, em Salvador, que ficou de plantão no hospital porque o dono estava internado”, recorda.

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10 Feira de Santana, sexta-feira 19 outubro de 2012 opinião

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Luzes no Caminho

É NECESSÁRIO esclarecer que o cadáver já não é simplesmente uma lembrança de quem viveu, mas um corpo que, pela doação dos órgãos, prossegue sua vida terrena em outra pessoa. Não implica nenhum choque nem com a sensibilidade humana – dá-se o órgão para salvar outra pessoa –, nem com a Fé. Antes, responde muito profundamente ao espírito cristão para o qual o serviço, a vida e a saúde do enfermo são prioridades.

AS FAMÍLIAS, por isso, devem doar órgãos do familiar morto para que alguém viva. Não há maior alegria do que dar a vida pelo e para o irmão. E esta vida se doa, seja na entrega de si no serviço, seja colocando à disposição de outro aquilo que está sob nossa decisão.

DOAR A VIDA ou órgão do corpo é um gesto profundamente humano e cristão. Foi o próprio Cristo que disse: “Vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10). Realiza-se a parábola do trigo. Na verdade eu vos digo: se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, ficará só; mas se morrer, produzirá muito fruto (Jo12,24). O corpo terreno morreu, mas deixou atrás de si a vida de outro corpo. Bendita doação!

doação de órgãosCerca de 100 mil pessoas morrem por ano,

no Brasil, vítimas da violência e do trânsito. Elas poderiam oferecer milhares de órgãos para transplantes. Isso poucas vezes acontece porque as vítimas, os possíveis doadores, não concordam em doar os próprios órgãos. Apesar de todas campanhas em favor da doação de órgãos, ainda assim os doadores são poucos.

A LEI FEDERAL nº 10.211 de 23 de março de 2001, determina que a família tem o direito de decidir a doação de órgãos da pessoa em estado de morte encefálica. Assim, aqueles que se dispõem à doação, devem manifestar previamente aos familiares a sua intenção. O Sistema Nacional de Transplantes é que decide sobre os critérios de destinação justa dos órgãos doados e sobre a organização das listas de espera, evitando e coibindo toda tentativa de comércio de órgãos.

DESTACAMOS que a doação de órgãos exige rigorosa observância dos princípios éticos que proíbem a provocação da morte dos doadores, a comercialização e o tráfico de órgãos, e garantem que sejam conscientemente respeitadas a inviolabilidade da vida e a dignidade da pessoa. A ética determina, ainda, que o consentimento do doador ou de sua família seja livre e consciente, após ter recebido todas as informações requeridas.

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11Feira de Santana, sexta-feira 19 outubro de 2012 cidade

Fundado em 10.04.1999www.tribunafeirense.com.br / [email protected]: Valdomiro Silva - Batista Cruz - Denivaldo Santos - Gildarte RamosEditor - Glauco Wanderley Diretor - César OliveiraDiretora Financeira - Márcia de Abreu SilvaEditoração eletrônica - Maria da Piedade dos Santos

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Adilson SimasFeIRA ONteM

Injusta revolta

Sempre tem o time dos teimosos

Assim fica difícil

BATISTA CRUZ

A lenda virou história. O início da urbanização da Lagoa Grande, que ao longo dos anos teve a sua área tomada por casas e sua água poluída por esgotos, revelou que um jacaré - ou vários - circula sob a taboa que cobre o espelho d’água que restou, em torno das casas que invadiram a lagoa, do Ponto Central, Caseb, Parque Getúlio Vargas e mais recentemente Rocinha.

Há algum tempo que os moradores destes bairros afirmam ver o réptil. Há alguns anos, um deles chegou bem perto de uma casa. Dominado, foi entregue aos bombeiros, que o levaram para o Ibama.

O bicho voltou a ser o centro das atenções com a chegada das máquinas e equipamentos que aterraram e levantaram uma espécie de estrada bem no meio da lagoa para começar a colocar em prática o projeto do Parque da Lagoa. O relato de que os jacarés estavam andando de um lado para o outro se espalhou rapidamente.

O fato foi comprovado por meio de um vídeo gravado por Emanuel Erasmo e postado no site do programa Acorda Cidade, no qual o bicho nada tranquilamente nas águas fétidas e escuras de um pequeno lago formado com a água represada pela parede de areia.

Em frente ao pequeno lago as pessoas se concentram na esperança de que o bicho apareça. Mas ele não dá as caras há alguns dias. Estaria estressado pelo assédio e escondido no meio da taboa.

Adolescentes e crianças passam horas jogando pedras de todos os tamanhos dentro da lagoa. E parecem não se importar mesmo quando informadas de que o comportamento pode espantar o bicho.

A estrada, que assume a forma de um Y no meio da lagoa, virou caminho

Jacaré quase linchado A correria foi geral e

o medo grande. Primeiro nas pessoas que estavam na casa de Analice Pereira, na rua Genésio Serafim, na Rocinha. A filha estava saindo quando se deparou com um jacaré, bem próximo ao portão. “Era apenas um filhote, mas meteu um grande medo em todos nós”.

Isto aconteceu há cerca de quatro anos. O grito da jovem e a batida forte no portão de ferro assustaram o bicho, que correu para uma casa em frente, que estava em construção.

“Em pouco tempo uma pequena multidão se formou na rua, todos querendo pegar o bicho”, lembra a dona de casa. O jacaré, sentindo-se acuado, disparou e entrou em uma casa em frente, que ainda estava em construção. Levou pauladas e pedradas,

antes que uma equipe do Corpo de Bombeiros chegasse. Por pouco não virou moqueca.

“As pessoas já estavam fazendo uma vaquinha para comprar a cachaça que seria consumida com a carne do bicho”, disse Rejane dos Santos Góes. “O bicho fedia demais a lama e a peixe, e mexia muito com o rabo. Foi um horror”. Lembra que um morador do bairro que criava algumas galinhas no quintal foi quem teve o prejuízo. “As pessoas atacaram o galinheiro”.

Outra história conta que uma mulher se aproximou das margens da lagoa e foi atacada por um jacaré, que lhe bateu com o rabo. As pessoas contam, mas não há provas de que realmente este encontro aconteceu.

A lenda vira história na Lagoa Grande

natural dos curiosos que querem ver o bicho, privilégio de poucos persistentes. Moradores e transeuntes já demonstram certa preocupação com o sumiço do jacaré. Uma nova onda de especulações ganhou corpo. Uma delas é que o Ibama secretamente entrou em ação e capturou o bicho. Outros afirmam que o bicho foi levado por pescadores e virou ensopado.

O jacaré não se viu mais, mas as histórias de suas aparições são muitas. Curioso é que geralmente os “observadores de jacaré” geralmente estavam sozinhos na hora da visão.

No final da tarde de terça-feira um grupo formado por quatro pessoas passou apressadamente. Uma jovem fala para os outros que um conhecido viu o réptil há alguns dias, à noite. “Ele ia passando por aqui e viu o jacaré atravessando”.

Um adolescente afirma que viu duas vezes. “A gente tem que chegar cedo, porque não tem ninguém aqui para chatear o jacaré. Ele tem uma cabeça muito grande”, diz, enquanto abre e separa as duas mãos horizontalmente para dar uma dimensão do tamanho.

Ele disse que chega cedo à lagoa e sai sempre no final da tarde, já escurecendo. Passa o dia todo caçando preás, muçuns ou capturando cobras que

tem o couro retirado e vendido. “Aqui tem muitas delas”, garante, sem saber informar se as espécies são venenosas.

Outra pessoa que mora às margens da lagoa diz que “os jacarés” não mais estão aparecendo porque estão estressados com a presença de tanta gente. “Garanto que eles estão na ilha”. A ilha em questão é uma

grande pedra no meio da taboa, de difícil acesso.

Alheio a toda especulação, outro homem tentava a sorte ao lançar uma tarrafa nas pequenas lagoas que foram formadas num dos lados da estrada. Com água de aparência nada boa pela cintura, não conseguiu pegar nada. Queria capturar alguma traíra.

Com a área da Lagoa revirada pelas obras, o jacaré voltou a aparecer em meio à taboa

Suplente de deputado federal pelo PMDB em 1986, o médico Miraldo Gomes assume no ano seguinte, no lugar de Pisco Viana nomeado ministro, e logo reivindica a presença do seu grupo no diretório e na executiva do partido.

Deputado estadual e presidente local da legenda, o saudoso Colbert Martins, convoca uma reunião do colegiado na sede do Beco do Ginásio Santanópolis e sugere a renúncia espontânea de três correligionários, abrindo as vagas

pleiteadas por Miraldo. Militante histórico, Norberto Rodrigues reage atropelando o vernáculo, mas causando delírios na militância:

- Nós não pudemos aceitar esse tipo de coisa. Afinal, nós é que fudemos o partido...

A câmara municipal era composta de 15 vereadores e de acordo com a legislação vigente, cada partido poderia apresentar, em 1976, o triplo do número de vagas. Os arenistas homologaram 45 nomes e os emedebistas 43, porque no ato da convenção Zeca Ribeiro Marques e Silvio Pedra Cruz desistiram.

No programa A Cidade em Preto e Branco pela Rádio Sociedade, o saudoso radialista edival Souza divulga a relação dos 88 nomes, seguido de rápido comentário sobre as chances de cada um.

Disse que além dos que pleiteavam a reeleição, nos dois partidos existiam uns vinte estreantes com chances reais de vitória, para em seguida concluir irônico:

- os demais são velhos conhecidos do time dos teimosos...

No governo Waldir Pires, instalado em março de 1987, a gerência local da Urbis foi entregue a Telma Carneiro, por indicação do deputado Colbert Martins, depois de eliminar vários pretendentes dentro e fora do grupo por ele liderado.

Depois, já como prefeito pela segunda vez, Colbert encaminha um eleitor à gerente para resolver pendência junto à direção em Salvador. Não tendo sido atendido, o mutuário queixou-se ao prefeito. Dias depois, ao receber a gerente no gabinete, Colbert se faz de alheio aos fatos e pergunta sobre o problema. Telma

justifica: “Prefeito, é uma questão muito difícil de resolver”. Colbert contra ataca:

- olha Telma, muito mais difícil foi sua nomeação e eu consegui...

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12 Feira de Santana, sexta-feira 19 outubro de 2012 saúde

lANA MATToS

Conforme estimativa do Instituto Nacional do Câncer de Mama (INCA), cerca de 2.110 novos casos da doença serão diagnosticados apenas no interior da Bahia em 2012. Segundo a mesma fonte, as mortes pela doença em todo o país devem chegar a 12 mil.

“Não há dados específicos para Feira de Santana, mas podemos afirmar que serão algumas centenas de mulheres diagnosticadas com a doença na nossa cidade e região”, certifica Augusto Mota, coordenador geral da Unacon (Unidade de Alta Complexidade em Oncologia), um dos três serviços privados do ramo em Feira de Santana, que funciona no Hospital Dom Pedro de Alcântara.

Feira de Santana acompanha os crescentes índices dos grandes centros. A cidade, “tem adquirido características de grande metrópole, o que determina modificações nos hábitos de vida, por exemplo, gestações em idade mais avançada, hábitos alimentares não saudáveis”, constata o mastologista Flávio Amorim.

Em todo o país, tanto a incidência quanto a mortalidade têm aumentado. “O desafio é diminuir a mortalidade, que deve ser alcançado por meio de diagnóstico precoce e drogas mais eficazes no tratamento”, declara Flávio Amorim.

A triste realidade se justifica pelas mudanças no estilo de vida da mulher.

estilo de vida colabora para o surgimento do câncer de mama

“Provavelmente, os hábitos alimentares estão associados ao aumento da incidência”, ou seja, “dieta rica em gordura e carboidrato, em detrimento de verduras e frutas, são apontadas como vilãs no que se refere à origem do câncer de mama”, relata o médico. Contudo, não é possível evitar o surgimento da doença. Ele esclarece que o que o Ministério da Saúde propõe é a prevenção secundária, ou seja, evitar a morte por câncer de mama, através da mamografia, exame que pode ser feito na rede pública. Os principais fatores de risco para o câncer de mama são idade - quanto maior a idade, maior o risco -; uso de terapia hormonal por mais de dez anos. Nos casos hereditários – mãe ou irmã que tiveram câncer de mama com menos de 40 anos - a prevalência é de 5% a 10%. Os sintomas mais comuns são nódulo na mama, secreção mamilar transparente ou sanguinolenta e erosão do mamilo. O perigo é que o câncer de mama, em

menstruação. Nas mulheres que não menstruam uma vez ao mês, a data deverá ser escolhida por ela própria. Se descoberto no início, quando o câncer de mama ainda não invadiu os tecidos vizinhos, a cura com a cirurgia pode ser completa. “Na medida em que a doença progride, as chances declinam”, explica Amorim. No entanto, o preconceito e a ignorância ainda são os grandes vilões. Amorim conta que algumas mulheres têm receio do diagnóstico pelo risco de perder a mama no tratamento cirúrgico, outras não acreditam na possibilidade de cura e preferem ignorar a existência

Como fazer o autoexame: 1º: Observação das mamas diante do espelho. Neste momento é feita a pesquisa de alterações na pele (ferimento, depressão, encolhimento) bem como no mamilo.

2º A mama deve ser apalpada pela própria mulher, com as pontas dos dedos, em movimentos circulares, em toda superfície da mama.

3º Por último, as axilas também devem ser examinadas.

Você sabia? Homens também podem ter câncer de mama. Mas é pouco frequente: para cada 100 casos em mulheres, apenas um caso deste tipo de câncer no homem.

em todo o país, tanto a incidência quanto a mortalidade têm aumentado.

Flávio Amorim é natural de Vitória da Conquista e mora em Feira de Santana há 10 anos. Formou-se pela Escola Bahiana de Medicina. É mestre em ginecologia e obstetrícia e mastologia pela Universidade Estadual De São Paulo (UNIFESP). Trabalha como mastologista há onze anos. É professor do curso de medicina da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Atua no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Feira de Santana (IHEF), Hospital Emec e Clínica Integrada da Mulher.

da doença. Curiosamente, a amamentação contribui para reduzir o risco deste câncer. “Esse efeito é melhor observado quando a amamentação ocorre antes dos 20 anos de idade”, esclarece o mastologista.

O ato de amamentar contribui para um efeito chamado de “lipossubstituição do parênquima mamário”.

Existe uma série de opções terapêuticas para o câncer de mama. A cirurgia ainda é o meio mais eficaz, no entanto, se apresenta como única opção apenas em casos muito iniciais. Nos demais, há necessidade de associação com outros procedimentos:

radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia alvo. Uma das formas de correção da mama é reconstrução com prótese. Outra é a cirurgia plástica específica, denominada de oncoplástica. Na maioria das vezes é possível fazer reconstrução imediata, na mesma cirurgia de retirada da mama.

Outra vantagem do diagnóstico inicial é diminuir as chances de retorno da doença, a chamada recidiva. Neste caso, elas são mínimas. Caso o diagnóstico seja realizado tardiamente, as chances de recidiva aumentarão consideravelmente.

sua fase inicial, normamente é assintomático. Por isso, a prevenção é a melhor medida a ser tomada.

A mamografia deve ser feita a partir dos 40 anos, com intervalo anual. O autoexame a partir dos 20, uma vez ao mês, após a

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