trabalho em terapia intensiva - avaliação dos riscos para a saúde do enfermeiro (1)

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    a atividade de trabalho. Esse ambiente composto por dispositivos legais, ticos, rudo,iluminao e temperatura.

    A instituio onde foi realizada esta pesquisa detm uma estrutura fsica

    bastante organizada e adequada aos padres estipulados pelo Ministrio da Sade eVigilncia Sanitria. Oferece equipamentos e materiais de consumo nas condies eem nmero adequados. Atende a uma premissa bsica solicitada no processo deacreditao que estrutura bsica (recursos), capaz de garantir assistncia para aexecuo coerente de suas tarefas. Atualmente existe uma mobilizao do hospitalpara atender s solicitaes impostas pela Norma Regulamentadora 32 (NR 32).

    O primeiro item a ser discutido relaciona-se ao rudo. De acordo com a NBR-10152 os nveis de rudo aceitveis para ambientes hospitalares, incluindo a UTI de 35-45 decibis (dB). Nveis de intensidade de rudos superiores aos estabelecidos soconsiderados de desconforto psicolgico; nveis acima de 65 dB (A) podem implicar emriscos de danos sade quando o tempo de exposio for prolongado e quando osvalores excederem muito os nveis recomendados, isto , acima de 90 dB (A)(FREITAS; CLMACO,1999).

    Sabe-se que em terapia intensiva, por se tratar de um setor fechado, tem suaacstica local desfavorvel tornando-o mais sensvel ao rudo. Alm disso, freqentea emisso de sinais sonoros (alarmes) pelos diversos equipamentos comuns a unidade.Esses alarmes so essenciais na vigilncia do paciente crtico, facilitando aidentificao de situaes que se encontrem fora dos parmetros de normalidade. Ovolume desses alarmes deve ser programado em um nvel que seja facilmentepercebido pelos profissionais. Contudo, a quantidade desses aparelhos grande e no incomum vrios desses alarmando ao mesmo tempo, tornando o ambiente catico.

    Somando-se a esse quadro, contamos com uma equipe numerosa nos

    ambientes de tratamento intensivo, visto a complexidade e gravidade dos doentes. Oalto nvel de atividade do setor, as discusses dos casos e mesmo a comunicao entreos profissionais dentro setor contribui ainda mais para o nvel elevado de rudos naunidade.

    Freitas e Clmaco (1999) avaliaram o desempenho acstico de setoreshospitalares. Observaram-se condies desfavorveis para os ambientes de terapia

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    intensiva, com valores reais muito alm dos ideais calculados para o setorespecificamente, com uma mdia de 65 dB (A). Esses resultados so preocupantesuma vez que acima de 55 dB (A) o rudo provoca estresse leve, excitante, causando

    dependncia e levando a durvel desconforto.Outro item valorado pelos profissionais foi relacionado inadequao do

    mobilirio existente no setor. Ao analisar o ambiente de trabalho, observamos apresena de armrios posicionados em altura inadequada, incompatvel com a estaturada maioria dos funcionrios ou em posio muito rebaixada, solicitando aosprofissionais posturas inadequadas. Equipamentos pesados so freqentementealocados em lugares altos exigindo esforo fsico do trabalhador.

    Um trabalho realizado com carteiros diagnosticou que o fator que apresentamaior risco para a sade o fator Condies de trabalho. Esses profissionais soexpostos muitas vezes a condies precrias por falta de equipamentos adequados epor atuarem em ambientes externos (ROSSI; CALGARO; MELO, 2007).

    J para os bancrios de uma instituio pblica, verificou-se que o fatorcondies de trabalho foi avaliado de modo satisfatrio, oferecendo pouco risco para asade do profissional (SOUZA et al., 2007).

    Freitas (2006) aponta que para os professores de ambiente virtual as condiesde trabalho se mostram satisfatrias, no entanto, existe uma inadequao do posto detrabalho para realizao das tarefas como mobilirio, espao fsico e ventilao.

    Aps essa discusso reflete-se ento que o contexto de trabalho investigadoapresenta avaliao de seus fatores de modo a contribuir para o risco de adoecer doprofissional enfermeiro. Observa-se que a organizao do trabalho a dimenso quemais contribui para aumentar esse risco, demonstrando uma instituio que mantm ospadres rgidos tayloristas. Os demais fatores pouco contribuem para o adoecimento

    dos trabalhadores. Os itens avaliados satisfatrios pelos profissionais podem atmesmo ser usados pela instituio, segundo Antunes e Alves (2004), para apreender asubjetividade do trabalhador e explor-lo. Ou seja, as empresas tendem proporcionarelementos geradores de satisfao ao trabalhador com o intuito de compromet-lo como trabalho. Essa situao se configura na nova explorao do trabalho, onde otrabalhador como um todo desejado e no somente seu fsico (FREITAS, 2006).

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    3.1.2 O custo humano do trabalho

    O custo humano do trabalho expressa o que se despende pelo trabalhador,individual ou coletivamente, nas esferas cognitiva, emocional e fsica, visando transporas contradies e impasses vivenciados no cotidiano do trabalho.

    Na avaliao da consistncia interna dos itens que compe os fatores da ECHT,observaram-se valores bastante satisfatrios para a populao em questo.

    Tabela 12 - Estatstica descritiva referente aos fatores da ECHT. Rio de Janeiro, 2008.(N=44)

    Fatores Mdia Desvio padro Alpha de Cronbach

    Custo Afetivo 3,15 0,87 0,75Custo Cognitivo 4,14 0,63 0,78

    Custo Fsico 3,53 0,43 0,90

    Com base na tabela acima, atenta-se que o fator custo afetivo reflete umaavaliao moderada, crtica. J as dimenses custo cognitivo e fsico mostram umaapreciao grave, interferindo de maneira negativa no risco de adoecimentoprofissional.

    - Custo afetivo

    Esse fator refere-se ao dispndio emocional, demonstrado por reaes afetivas,de sentimentos e de estado de humor, vivenciado pelos trabalhadores em funo dascaractersticas do contexto de trabalho.

    Os itens que obtiveram as mdias mais elevadas foram Ter controle dasemoes, com = 4,22 , e Ser obrigado a cuidar da aparncia fsica, com = 4,09.

    O controle emocional descrito como a habilidade de lidar com seus prpriossentimentos, adequando-os situao. Hudak e Gallo (1997) apontam que oenfermeiro atuante em UTI deve agregar diversas caractersticas como fundamentao

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    terica, capacidade de liderana, discernimento, iniciativa, habilidade de ensino,maturidade e estabilidade emocional.

    Tabela 13 - Distribuio de freqncias relativas e mdias dos itens do fator Custoemocional da ECHT. Rio de Janeiro, 2008. (N = 44)Nada

    exigidoPoucoexigido

    Mais oumenosexigido

    Bastanteexigido

    Totalmenteexigido

    MdiaItens

    F (%) F (%) F (%) F (%) F (%)

    1 - Ter controle dasemoes

    0 0 13,6 50 36,4 4,22

    2 - Ter que lidar comordens contraditrias

    0 2,3 27,3 52,3 18,1 3,86

    3 - Ter custo emocional 0 2,3 27,3 45,5 25 3,934 - Ser obrigado a lidarcom agressividade dosoutros

    9,1 13,6 31,8 31,8 16,3 3,27

    5 - Disfarar ossentimentos

    6,8 22,7 29,5 36,3 4,6 3,09

    6 - Ser obrigado a elogiaras pessoas

    47,7 29,5 18,2 2,3 2,3 1,81

    7 - Ser obrigado a ter bomhumor

    13,6 20,5 25 34,1 6,8 3,0

    8 - Ser obrigado a cu idarda aparncia fsica

    0 2,3 18,2 47,7 31,8 4,09

    9 - Ser bonzinho com osoutros

    18,2 31,8 18,2 25 6,8 2,70

    10 - Transgredir valoresticos

    61,4 13,6 9,1 6,8 9,1 1,88

    11 - Ser submetido aconstrangimentos

    59,1 25 34,1 4,6 0 1,61

    12 - Ser obrigado a sorrir 22,7 18,2 31,8 4,6 22,7 2,68

    Sabe-se que o controle emocional permite que decises rpidas e concretassejam tomadas, transmitindo segurana a toda equipe e, principalmente, diminuindo osriscos que ameaam a vida do paciente (GOMES, 1988).

    Frente s caractersticas especficas da UTI, esperada e cobrada uma posturade imparcialidade e segurana do enfermeiro. Porm impossvel permanecer imuneao contato com o sofrimento alheio, a exposio fsica, ao apelo do outro.

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    A relao entre seres humanos (cuidados e cuidadores) , por si s, complexa. As situaes vivenciadas por esses profissionais so cercadas de peculiaridades queimpem um custo emocional grande, como a perda do paciente seja por alta ou bito e

    a obrigao de uma postura profissional sem envolvimento, impedindo a expresso depreferncias ou recusas pelos pacientes.

    Outro item valorado pelos respondentes e que reflete uma preocupao ecobrana das empresas na atualidade Cuidar da aparncia fsica. Essa deixou deser uma caracterstica pessoal para ser requisito exigido pelas instituies de trabalho.

    Acredita-se que uma boa imagem pessoal transmita a impresso de uma empresaorganizada, segura e eficaz.

    Essa busca e exigncia pela imagem ultrapassam o uso de uniformespadronizados. Cobra-se que os homens estejam com a barba feita e no utilizemadornos; que as mulheres estejam sempre discretamente maquiadas, com adornosdiscretos, que sejam sempre solcitas e educadas. H instituies que preferem acontratao de pessoal jovem e que usam como critrio de seleo a beleza.

    Na instituio em questo, ao ser admitido, o enfermeiro recebe orientaesimpressas sobre como deve apresentar sua imagem pessoal. Informaes sobrevestimentas, calados, cabelos, unhas, adornos, postura, entre outras, so descritas.Orienta-se, tambm, que o no cumprimento das orientaes pode gerar advertnciasao trabalhador.

    Chamou-nos a ateno outro item com mdia elevada que Ser obrigado a lidarcom agressividade dos outros. Esse um problema evidente dentro da profisso e que pouco discutido. De acordo com Sznelwar e Uchida (2004), que estudaram osauxiliares de enfermagem, existem vrios relatos de agresso ao profissional pelospacientes e acompanhantes. H tambm situaes em que pacientes so internados

    sob custdia judicial ou policial, aumentando a insegurana no trabalho.No trabalho realizado por Freitas (2006) com professores de ambientes virtuais,

    observou-se que o custo afetivo (emocional) apresenta avaliao moderada, sendo queos itens com maiores mdias foram ser obrigado a elogiar as pessoas e ser obrigadoa sorrir.

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    - Custo Cognitivo

    Esse fator diz respeito ao dispndio mental dos trabalhadores motivados pelaaprendizagem inevitvel, a necessidade de resoluo de problemas e tomadas de

    deciso impostas pelo contexto de trabalho. Como j demonstrado anteriormente,obteve-se uma avaliao bastante grave, negativa dessa dimenso.

    Tabela 14 - Distribuio de freqncias relativas e mdias dos itens do fator Custocognitivo da ECHT. Rio de Janeiro, 2008. (N = 44)

    Nadaexigido

    Poucoexigido

    Mais oumenosexigido

    Bastanteexigido

    Totalmenteexigido

    MdiaItens

    F (%) F (%) F (%) F (%) F (%)

    1 - Desenvolvermacetes 25 36,5 13,2 20,5 4,6 2,43

    2 - Ter que resolverproblemas

    0 0 4,6 31,8 63,6 4,59

    3 - Ser obrigado a lidarcom imprevistos

    0 2,3 13,6 15,9 68,2 4,5

    4 - Fazer previso deacontecimentos

    0 0 9,1 34,1 56,8 4,47

    5 - Usar a viso deforma contnua

    0 0 6,8 20,5 72,7 4,65

    6 - Usar a memria 0 0 4,6 31,8 63,6 4,59

    7 - Ter desafiosintelectuais

    4,6 6,8 11,4 40,9 36,4 3,97

    8 - Fazer esforomental

    2,3 0 27,3 31,8 38,3 4,04

    9 - Ter concentraomental

    0 0 9,1 45,5 45,5 4,36

    10 - Usar a criatividade 0 9,1 29,5 31,8 29,5 3,81

    A seguir, so apresentadas as variveis que apresentaram as maiores mdias:Usar a viso de forma contnua, com = 4,65, Ter que resolver problemas, com =4,59 e com igual mdia em Usar a memria.

    Um dos principais intuitos de internao em UTI a vigilncia contnua. Cabe aoenfermeiro observar atentamente todos os sinais e sintomas demonstrados pelodoente. Para isso deve examin-lo, estar atento quanto aos dados fornecidos pelamonitorizao invasiva e no invasiva, resultados de exames laboratoriais e de imagem.

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    Para realizar todas essas aes necessrio o uso contnuo da viso e ateno, comdispndio cognitivo importante.

    De acordo com a Norma tcnica do INSS (BRASIL, 2001), existem diversos

    fatores de risco para doenas ocupacionais, em especial os distrbiosmusculoesquelticos, que variam conforme o grau de adequao do posto de trabalho zona de ateno e de viso. Diante disso, discute-se que, alm de ser exigido demaneira exacerbada o uso da viso e ateno e somente por isso j impor um custopara o trabalhador, a estrutura fsica do local de trabalho deve favorecer os seus usos.Freqentemente encontramos postos de trabalho cuja iluminao e disposio demateriais, ou seja, sua estrutura fsica impede ou prejudica a observao do ambientecomo um todo e conseqentemente a percepo das situaes importantes para opaciente e equipe.

    Outro fator que impe o uso constante da viso a comunicao escrita, meiode comunicao comumente utilizado para a transferncia de informaes entre osprofissionais.

    Alm disso, compete ao enfermeiro da UTI a coordenao e organizao daequipe de enfermagem, sendo que isso no significa distribuir tarefas e sim oconhecimento de si mesmo e das individualidades de cada um dos componentes daequipe. Ao reportarmo-nos ao conjunto das atividades desenvolvidas pelos enfermeirosde uma UTI, podemos afirmar que, apesar de esses profissionais estarem envolvidosna prestao de cuidados diretos ao paciente, em muitos momentos existe umasobrecarga das atividades administrativas em detrimento das atividades assistenciais ede ensino. Essa realidade vivenciada pelos enfermeiros vem ao encontro da literaturaquando analisa a funo administrativa do enfermeiro no contexto hospitalar e abordaque esse profissional tem se limitado a solucionar problemas de outros profissionais e a

    atender s expectativas da instituio hospitalar, relegando a concretizao dosobjetivos do seu prprio servio (GALVO; TREVIZAN; SAWADA,1998).

    Para que decises rpidas e concretas sejam tomadas transmitindo segurana atoda equipe e, principalmente, diminuindo os riscos que ameaam a vida do paciente, solicitado ao profissional enfermeiro o resgate de informaes em sua memria. Osdados requeridos so de naturezas diversas, como informaes tericas sobre a

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    patologia, protocolos, frmulas matemticas, histria pregressa do paciente,associaes farmacolgicas, informaes administrativas, entre outros.

    Com o intuito de que informaes sejam trazidas tona com eficcia e

    segurana, necessria concentrao do profissional. Assuno (2003) afirma que otrabalho convoca todo o corpo e inteligncia do trabalhador para encarar o que aestrutura organizacional deixa de oferecer.

    A mesma autora refora que na imprevisibilidade do trabalho, caractersticamarcante na unidade em estudo e desconhecida pela organizao da instituio, quese encontram as justificativas e interpretaes para os problemas de sade dosprofissionais.

    Toda a responsabilidade que fica a cargo do trabalhador implica em um custocognitivo e conseqentemente humano e reflete a discrepncia entre a tarefa prescritae a real.

    - Custo fsico

    O custo fsico refere-se ao esforo corporal imposto aos trabalhadores em funodas caractersticas do contexto de trabalho. Tambm foi um fator cuja apreciao foinegativa, grave.

    Os itens cujas mdias foram mais elevadas foram Usar as mos de formarepetida, com = 4,06, e Caminhar, com = 4,04.

    de conhecimento de todos que a enfermagem uma profisso queessencialmente exerce um trabalho manual. O preparo e administrao demedicamentos, a realizao de curativos e procedimentos, o exame fsico, a higiene,alimentao, enfim, vrias so as aes exercidas por esse profissional utilizando suasmos.

    Em estudo realizado com profissionais da equipe de enfermagem em hospitaluniversitrio verificou-se que, com relao aos distrbios musculoesquelticos, osparticipantes apresentaram uma prevalncia de dor e desconforto, nos ltimos 12meses, em pulsos e mos em 35,4% dos participantes (MAGNANO; LISBOA; GRIEP,2007).

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    O deslocamento da equipe tambm algo muito marcante. O enfermeiroassistencial trabalha a maior parte do seu tempo em p e se deslocando dentro doprprio setor e entre outros setores. Variados so os motivos que justificam as grandes

    distncias percorridas por esse profissional: aquisio de materiais em locaisespecficos (estoque, almoxarifado, farmcia) para a prestao dos cuidadosnecessrios, transporte do paciente para realizao de exames fora da unidade,encaminhamento de materiais para outros setores (laboratrio, central de esterilizao),entre outros.

    Tabela 15 - Distribuio de freqncias relativas e mdias dos itens do fator Custo fsicoda ECHT. Rio de Janeiro, 2008. (N = 44)

    Nadaexigido Poucoexigido Mais oumenos exigido Bastanteexigido Totalmenteexigido MdiaItens

    F (%) F (%) F (%) F (%) F (%)

    1 - Usar a forafsica

    4,6 11,3 36,4 36,4 11,3 3,38

    2 - Usar os braosde forma contnua

    4,6 15,9 29,5 22,7 27,3 3,52

    3 - Ficar em posiocurvada

    11,3 22,7 29,5 18,1 18,1 3,09

    4 Caminhar 6,8 6,8 11,3 25 50 4,04

    5 - Ser obrigado aficar de p

    9,1 0 11,3 43,2 36,4 3,97

    6 - Ter quemanusear objetospesados

    6,8 15,9 36,4 25 15,9 3,27

    7 - Fazer esforofsico

    6,8 6,8 38,7 25 22,7 3,5

    8 - Usar as pernasde forma contnua

    9,1 4,6 20,5 25 40,9 3,84

    9 - Usar as mosde forma repetida

    6,8 2,3 15,9 27,3 47,7 4,06

    10 - Subir e descerescadas

    25 13,2 38,7 15,9 6,8 2,65

    Os distrbios musculoesquelticos, nas ltimas dcadas, tm se constitudo emum grande problema da sade pblica e um dos mais graves no campo da sade dostrabalhadores (MUROFUSE; MARZIALE, 2005). Pesquisadores e organizaes de

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    vrias partes do mundo tm destacado a equipe de enfermagem como grupo de riscoem relao ao desenvolvimento de distrbios musculoesquelticos.

    De acordo com as mesmas autoras, dentre as profisses da rea da sade, a

    enfermagem, em particular, tem sido especialmente afetada pelo distrbiomusculoesqueltico. Pesquisas realizadas em vrios pases exibem prevalnciassuperiores a 80% de ocorrncia de distrbios musculoesquelticos em trabalhadores deenfermagem.

    A postura corporal e o uso da mecnica corporal foram avaliados por Mauro,Marques, Gomes e Ferreira (2002) por meio da observao sistemtica e de aferiesambientais em um hospital universitrio do Estado do Rio de Janeiro via observao deuma auxiliar de enfermagem de unidade de internao clnica. Essa trabalhadora foiobservada pelos autores durante quatro horas, enquanto desenvolvia suas atividadesem dias e horrios alternados. Como resultado, elas anotaram que a servidora, estandoparada, em marcha ou inclinada, permaneceu 211 minutos em p e apenas 29 minutossentada. Esse estudo confirma os resultados encontrados para a nossa populao, queavalia ser bastante exigida quanto a permanecer em p durante o turno de trabalho.

    Outra pesquisa desenvolvida avalia o estresse no trabalho e distrbiosmusculoesquelticos em trabalhadores de enfermagem. Seus resultados demonstraramque os trabalhadores que referiram percorrer longas distncias durante o turno detrabalho tiveram associao significativa com dor na regio cervical (p = 0,026), noscotovelos (p = 0,036), nos pulsos e mos (p = 0,000), joelhos (p = 0,037) e tornozelos (p= 0,027) (MAGNANO; LISBOA; GRIEP, 2007).

    Medidas de promoo da sade, tratamento e preveno de novos episdios sonecessrias, visando evitar a intensificao dos sintomas e o comprometimento dacapacidade funcional do trabalhador, tanto no trabalho quanto na vida familiar

    (MAGNANO et al., 2007).Freitas (2006) afirma que, para os professores de ambientes virtuais, mltiplas

    so as exigncias, sendo que o custo fsico apresenta-se de maneira mais acentuada,visto a intensa comunicao escrita e a impossibilidade dos equipamentos eletrnicosdarem conta das necessidades dos professores.

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    J Ferreira e Mendes (2003) evidenciaram alto custo cognitivo de auditores-fiscais da Previdncia Social Brasileira, sendo que itens como o uso intenso damemria e quantidade significativa de informaes que esses devem deter influenciam

    para a percepo negativa do fator. O custo afetivo tambm foi avaliado de modonegativo, pois segundo os autores h sobrecarga de trabalho com cansao fsico emental. O custo fsico no obteve avaliao to evidente quanto os demais fatores.

    Em estudo com carteiros, Rossi, Calgaro e Melo (2007) observaram que oesforo cognitivo desses profissionais pode estar relacionado com o uso da ateno, daviso e da memria por perodos prolongados para atividades especficas, como:triagem de objetos, preparao, recepo e envio de malotes. O custo fsico, por suavez, est ligado ao manuseio de malotes de correspondncia, que pesam em mdia 20kg, sob condies climticas e outros obstculos que fogem ao planejamento dasatividades. Por trabalharem sob situaes de presso temporal, com medo de errarrequisitando, necessitando concentrao e uso da memria, gerado um dispndioemocional grande para esses trabalhadores.

    3.1.3 Prazer e sofrimento no trabalho

    Essa escala composta por quatro fatores: dois para avaliar prazer realizaoprofissional e liberdade de expresso e dois para avaliar o sofrimento no trabalho falta de reconhecimento e esgotamento profissional.

    A aplicao do Alpha de Cronbach para avaliao da consistncia interna dositens apresentou coeficientes muito satisfatrios para os enfermeiros intensivistas.

    Conforme j descrito na metodologia, esta escala deve ser analisada de mododiferente das anteriores. Para os fatores do prazer, considerando que os itens sopositivos, obtivemos que o fator liberdade de expresso apresentou uma avaliaobastante satisfatria, positiva, com = 4,13 e = 0,89. A outra dimenso analisada foiRealizao profissional, que foi apreciada de maneira moderada, crtica, com = 3,92 e = 0,54.

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    Para os fatores do sofrimento, atentando que so itens negativos, observou-separa o fator Esgotamento profissional, uma avaliao moderada, crtica, com = 3,14 e = 1,06, e para o fator Falta de reconhecimento uma apreciao satisfatria, com =

    2,02 e = 0,72.

    Tabela 16 - Estatstica descritiva referente aos fatores da EIPST. Rio de Janeiro, 2008.(N=44)

    Fatores Mdia Desvio padro Alpha de Cronbach

    Liberdade de Expresso 4,13 0,89 0,69Realizao Profissional 3,92 0,54 0,92

    Esgotamento Profissional 3,14 1,06 0,86Falta de Reconhecimento 2,02 0,72 0,92

    Ferreira e Mendes (2001) afirmam que, de acordo com a forma como realizadoo trabalho, permite-se uma percepo significativa ou no dessa atividade para cadatrabalhador, assumindo, assim, um sentido particular, especfico, que percebido porvivncias de prazer e de sofrimento.

    Mendes (1999) indica que o prazer para os trabalhadores vivenciado emsituaes em que o trabalho favorece a valorizao e reconhecimento pela realizao

    de tarefas significativas para a organizao do trabalho (chefia e colegas) e sociedade. A liberdade para colocar em prtica a criatividade do profissional, imprimindo notrabalho caractersticas prprias associada ao orgulho por realizar essa atividade, sofontes de prazer para o trabalhador.

    As vivncias de sofrimento, por sua vez, esto associadas rigidezorganizacional, com a padronizao das tarefas, a subutilizao da criatividade epotencial do trabalhador, burocratizao das atividades, centralizao de informaes,

    impossibilidade de participar das decises, o no reconhecimento e perspectivasescassas de ascenso profissional. Pode, tambm, advir da relao conflituosa entre odesejo e a realidade, entre o real e o prescrito (MENDES, 1999).

    O sofrimento, para Mendes (1999), deve ser entendido como um alerta aoprofissional, indicando que algo no est bem. Mendes, Paz e Barros (2003) completamque o sofrimento pode ser vivenciado de maneira duradoura e intensa, no entanto,

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    inconsciente, por sentimentos de angstia, medo e insegurana oriundos das situaes j expostas acima. A atual realidade capitalista na qual estamos inseridos possibilitasituaes de espoliao, alienao e sofrimento.

    Antunes (1999) refere que para Marx apesar do trabalho ser um importantemarco para humanizao do ser social, o mesmo se encontra degradado pelocapitalismo, deixando de ser meio de realizao e formador de identidade para ostrabalhadores para se tornar via de subsistncia e explorao do homem.

    A seguir, sero apresentados os resultados de cada dimenso da EIPST e suadiscusso, que apresenta os itens que obtiveram as maiores dimenses de cada fator.

    - Liberdade de expressoEsse fator reflete a vivncia de liberdade para pensar, organizar e falar sobre o

    trabalho.Os itens que apresentaram as maiores mdias, contribuindo de maneira positiva

    para as vivncias de prazer no trabalho foram Solidariedade entre os colegas, com =5,36, e Cooperao entre os colegas, com = 5,06.

    Observa-se que para os enfermeiros esse o fator que mais gera prazer.Conforme a definio desse fator, pode-se afirmar que a liberdade de expresso notrabalho favorece a construo da identidade do profissional. Segundo Freitas (2006), otrabalho deve ser um espao de organizao da vida social onde os trabalhadores sovistos como sujeitos que influenciam e so influenciados pelo trabalho, mesmo que adominao notada em toda relao capitalista exista. Atravs do trabalho acontece umadupla transformao onde o homem atua sobre a natureza modificando-a e ao mesmotempo o trabalho desenvolve suas potencialidades.

    A identidade algo que se constri na relao com o outro, ou seja, marcada

    pelo julgamento e reconhecimento do outro (VZINA, 2000). Na enfermagem praticamente impossvel trabalharmos sozinhos. O trabalho em terapia intensiva marcado pelas aes coletivas. De acordo com Sznelwar e Uchida (2004), a construoda confiana nas relaes profissionais primordial para a sade do trabalhador edepende da criao de um coletivo de trabalho onde regras, normas e valores so

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    - Realizao profissional

    Essa dimenso relaciona-se com as experincias de gratificao profissional,

    orgulho e identificao com o trabalho que faz.

    Tabela 18- Distribuio de freqncias relativas e mdias dos itens do fator Realizaoprofissional da EIPST. Rio de Janeiro, 2008. (N = 44)

    Nenhumavez

    Umavez

    Duasvezes

    Trsvezes

    Quatrovezes

    Cincovezes

    Seisou

    maisvezes

    MdiaItens

    F (%) F(%)

    F (%) F (%) F (%) F (%) F (%)

    1 Satisfao 2,3 2,3 15,9 25 11,4 11,4 31,8 4,022 Motivao 9,1 4,5 13,6 20,5 18,2 11,4 22,7 3,59

    3 - Orgulho pelo quefao

    9,1 0 9,1 6,8 4,5 13,6 56,8 4,65

    4 Bem estar 6,8 4,5 9,1 11,4 20,5 11,4 36,3 4,13

    5 - Realizaoprofissional

    11,4 2,3 6,8 4,5 13,6 20,5 40,9 4,31

    6 Valorizao 20,5 4,5 13,6 11,3 18,2 11,4 20,5 3,18

    7 Reconhecimento 25 4,5 11,4 13,6 18,2 9,1 18,2 2,95

    8 - Identifi cao comas minhas tarefas 6,8 2,3 0 15,9 18,2 18,2 38,6 4,45

    9 - Certificao pessoalcom as minhasatividades

    11,4 0 4,5 18,2 20,5 18,2 27,2 4,0

    A maior contribuio para a avaliao positiva dessa dimenso para osenfermeiros intensivistas coube aos seguintes itens: Orgulho pelo que fao, com =4,65, e Identificao com minhas tarefas, com = 4,45.

    Esse fator obteve uma avaliao moderada, crtica, ou seja, itens que soimportantes para vivncias de prazer no trabalho no foram na sua totalidade bemavaliados.

    Para os profissionais pesquisados os itens mais valorados refletem aidentificao pessoal com a profisso, ou seja, demonstram que os enfermeiros gostame se identificam com as atividades que realizam. A enfermagem um tipo de trabalho

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    que possui uma caracterstica muito peculiar: s trabalha nessa profisso quemrealmente gosta, pois o profissional se submete a condies de trabalho e envolvimentocom o sofrimento e a intimidade alheia intensos.

    muito comum se ouvir que enfermagem vocao, dom. Mas, ao mesmotempo, se esquece que, apesar de ser primordial a afinidade pelo tipo de atividade a serrealizada, ser enfermeiro uma profisso como outra qualquer, sendo igualmenteimportantes aspectos como reconhecimento, valorizao, satisfao, entre outros.

    Esse pensamento errneo sobre a profisso de enfermagem explicado porLautert (1995), que refere que a lgica capitalista encontrou terreno frtil naenfermagem brasileira, que tem suas razes no sentimento de religiosidade e caridade.Ressaltavam-se como as qualidades do bom profissional a obedincia, o respeito hierarquia, a humildade, o esprito de servir, disciplinado, obediente e alienado. Emfuno disso, at hoje os trabalhadores da enfermagem enfrentam srias dificuldadesde ordem profissional, com uma organizao poltica frgil, com baixa remunerao equase sem autonomia.

    certo que o sentimento de orgulho pela atividade exercida est intimamenterelacionado com a possibilidade de ajudar o doente, de aliviar o sofrimento mesmo queparcialmente, de ser til e de participar ativamente no tratamento e, conseqentemente,ter sua parcela nos resultados positivos atingidos.

    Um item presente nesse fator que merece ser discutido a motivao. Amotivao pode ser conceituada como desejo inconsciente de obter algo ou como umimpulso para a satisfao, em geral visando o crescimento e desenvolvimento pessoale, como conseqncia, o organizacional (LIMA, 1996).

    De acordo com Chiavenato (1990), a motivao das pessoas depende de doisfatores: os higinicos e os motivacionais. Os fatores higinicos dizem respeito s

    condies fsicas e ambientais de trabalho, o salrio, os benefcios sociais, as polticasda empresa, o tipo de superviso recebida, o clima de relaes entre a direo e osempregados, os regulamentos internos, entre outros. Os fatores motivadores, por suavez, referem-se ao contedo do cargo, s tarefas e aos deveres relacionados ao cargoem si, produzindo efeitos duradouros de satisfao e aumento de produtividade emnveis de excelncia.

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    comum considerarmos as questes financeiras como o principal motivadorpara uma profisso. No entanto, observamos pela listagem acima e por trabalhospublicados sobre a temtica que diferentes so os fatores que influenciam a motivao

    do enfermeiro. Batista et al. (2005), em estudo sobre os fatores de motivao einsatisfao no trabalho de enfermeiros, observaram que a remunerao se apresentacomo um fator de motivao no trabalho, no sendo, entretanto, o principal motivador.Os enfermeiros pesquisados fazem referncia a outros fatores motivacionais em seutrabalho atual, e entre eles destacam-se o gostar do que faz, o relacionamentosatisfatrio com a equipe multiprofissional e a possibilidade de obter crescimentoprofissional.

    Para os enfermeiros intensivistas o prazer vivenciado no trabalho pode terrelao com a motivao que os mesmos afirmam ter, visto que fatores orgulho peloque faz, bom relacionamento com a equipe e condies de trabalho satisfatriasso essenciais e esto presentes na avaliao pela amostra estudada.

    Segundo Ferreira e Mendes (2001), a valorizao consiste em entender otrabalho como algo que tem sentido e valor por si s e visto como importante esignificativo pela organizao e sociedade. O sentimento de reconhecimento implica emser bem aceito, admirado, respeitado no seu ambiente de trabalho, de modo a permitira expresso de sua individualidade.

    No ambiente de trabalho aos quais esto expostos os trabalhadores comumque esses se deparem com situaes que fogem as atividades prescritas. Para darconta dessas situaes e garantir a continuidade da produo com eficcia, oprofissional utiliza de sua inteligncia e criatividade. Entretanto, a inteligncia,criatividade e eficcia das solues que o trabalhador prope so efetivamente julgadaspelos pares (quer colegas de trabalho ou chefia). Se bem avaliadas, essas situaes

    podem gerar satisfao e vivncia de intenso prazer pelo trabalhador, uma intensidadeest proporcionalmente relacionada com a complexidade do desafio solucionado.

    Faz-se, dessa maneira, a impresso da identidade do profissional no ambientede trabalho atravs de seu reconhecimento. Merlo et al. (2003) referem que apossibilidade de dar significado ao sofrimento vivenciado pelo trabalhador encontra-se

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    Segundo Murufose, Abranches e Napoleo (2005), as mudanas tecnolgicas eorganizacionais introduzidas no processo produtivo pela lgica capitalista, alm depossibilitarem s empresas o aumento da produtividade e, conseqentemente, dos

    lucros, implicaram no surgimento de afeces fsicas e psquicas na sade dotrabalhador. No documento da Comisso das Comunidades Europias, citado pelosmesmos autores, afirma-se que as [...] enfermidades consideradas emergentes, comoo estresse, a depresso ou a ansiedade, assim como a violncia no trabalho, o assdioe a intimidao, so responsveis por 18% dos problemas de sade associados aotrabalho, uma quarta parte dos quais implica em duas semanas ou mais de ausncialaboral.

    O estresse no trabalho resultante da interao entre muitas demandaspsicolgicas, menor controle no processo de produo de trabalho e menor apoio socialrecebido de colaboradores e chefes, no ambiente de trabalho (KARASEK; THEORELL,1990).

    A incidncia do estresse mental no trabalho em pases como os Estados Unidose o Canad no diferem muito dos dados estatsticos apresentados na comunidadeeuropia, sendo que o estresse mental sozinho responde por 11% das reclamaes pordoenas nos Estados Unidos, segundo dados do National Council on CompensationInsurance , de 1985 (JAQUECS; CODO, 2002).

    Apesar de escassos os dados estatsticos sobre o assunto no Brasil, acredita-seque deve ser configurado um quadro semelhante ao acima exposto. Como aenfermagem no permaneceu de fora de toda a modificao desse contexto produtivo eexplorativo, nota-se tambm, nessa profisso, a presena do estresse ocupacional. Aotentarmos compreender essa situao certamente conseguiremos elucidar problemascomo insatisfao profissional, produtividade no trabalho, absentesmo, doenas

    ocupacionais, entre outros. A importncia e preocupao com a questo do estresse na atualidade referem-

    se a sua associao com o adoecimento ou sofrimento que ele provoca no trabalhador.Diversos so os sintomas fsicos mais comumente apresentados: fadiga, dores decabea, insnia, dores no corpo, palpitaes, alteraes intestinais, nusea, tremores,extremidades frias e resfriados constantes. Entre os sintomas psquicos, mentais e

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    emocionais, encontram-se a diminuio da concentrao e memria, indeciso,confuso, perda do senso de humor, ansiedade, nervosismo, depresso, raiva,frustrao, preocupao, medo, irritabilidade e impacincia (FILGUEIRAS; HIPPERT,

    2002).De acordo com Alves (2004), estudos demonstram associaes entre estresse

    no trabalho e desordens psiquitricas menores, doenas do sistema digestivo,desordens msculo-esquelticas, auto-avaliao negativa do estado de sade,absentesmo no trabalho, doenas cardiovasculares e seus principais fatores de risco,tais como hipertenso arterial e hbitos considerados pouco saudveis comotabagismo, etilismo e consumo de outras drogas.

    Alm do estresse, outra sndrome tem sido bastante discutida oBurnout.

    Essa serefere a uma sndrome onde existem sentimentos de fracasso e exausto dotrabalhador em relao ao seu trabalho. De acordo com Carlotto e Palazzo (2006), trsso os aspectos mais relevantes nessa sndrome: a exausto emocional, adespersonalizao e a falta de envolvimento no trabalho.

    Dentre esses trs aspectos apenas a exausto emocional ser discutida porapresentar-se intimamente relacionada com o segundo item mais valorado do fator.Murufose, Abranches e Napoleo (2005) afirmam que a exausto emocional consistena falta de energia associada ao sentimento de esgotamento emocional, onde osprofissionais relatam no possuir condies de despender energia para a realizao desua atividade.

    O sofrimento que o indivduo apresenta frente a essas situaes repercute demaneira negativa no seu estado de sade, no seu desempenho profissional, na suavida como um todo, refletindo tambm em aspectos sociais, econmicos e naorganizao do trabalho na qual se encontra inserido. A busca exacerbada por

    produtividade se deparou com um limite intransponvel: o limite do prprio ser humano,permanecendo ento, como um desafio para as instituies a falta de motivao, aalienao, a depresso, o estresse e mais recentemente o B urnout (MURUFOSE;

    ABRANCHES; NAPOLEO, 2005). A enfermagem foi classificada, nos EUA, pela Health Education Authority ,

    segundo Ortiz e Platio (1991), como a quarta profisso mais estressante, no setor

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    pblico, que vem tentando profissionalmente afirmar-se para obter maiorreconhecimento social. Diversos so os componentes reconhecidos como ameaadoresao meio ambiente ocupacional do enfermeiro, entre eles o nmero reduzido de

    profissionais de enfermagem no atendimento em sade em relao ao excesso deatividades que eles executam, as dificuldades em delimitar os diferentes papis entreenfermeiros, tcnicos e auxiliares de enfermagem e a falta de reconhecimento ntidoentre o pblico em geral de quem o enfermeiro. Alm disso, a remuneraoinadequada obriga os profissionais a ter mais de um vnculo de trabalho, resultandonuma carga mensal extremamente longa e desgastante.

    Assuno (2003) comenta sobre o aumento da demanda de medicamentospsicotrpicos nos servios mdicos de instituies e cita o exemplo de uma empresa deprocessamento de dados que pretendia enxugar o efetivo de pessoal e que registrouuma prevalncia aumentada de demanda por esse tipo de medicamento. Esse autorcontesta a abordagem da medicina do trabalho exercida atualmente, que procuraexplicar os sintomas depressivos e os distrbios de ansiedade exclusivamente pelahistria de vida dos sujeitos, sem levar em conta o contexto da organizao do trabalhoe seus efeitos sobre a vida dos trabalhadores.

    Essa idia corroborada por Karasek e Theorell (1990) que afirmam que, emtermos prticos, o posicionamento das instituies frente ao indivduo que adoece emdecorrncia de exposio ao estresse no ambiente de trabalho de responsabilidadeda vtima, esvaziando qualquer iniciativa poltica de modificar situaes advindas doambiente especfico de trabalho.

    Apesar da insegurana e o medo serem itens amplamente discutidos naspesquisas envolvendo psicodinmica do trabalho e prazer-sofrimento, verifica-se para apopulao estudada suas maiores freqncias na opo nenhuma vez nos ltimos seis

    meses.Dejours (1999) refere tambm que o medo est intimamente relacionado com a

    possibilidade de demisso. No rotina da instituio pesquisada serem observadasdemisses sem justa causa ou um ambiente hostil de insegurana e medo entre osfuncionrios coagidos pelo fantasma da demisso. Esse dado pode ser verificado pelos

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    dados scio-demogrficos j expostos, onde grande parte dos profissionais trabalha hmais de 5 anos na instituio (56,9%).

    A profisso de enfermagem oferece diversos riscos aos profissionais: biolgicos,

    qumicos, fsicos e ergonmicos. Dejours (1992) afirma que o medo est presente emtodos os tipos de ocupao e que os riscos que atingem o corpo do trabalhador soinerentes ao trabalho. Subentende-se que quanto maior o risco a que esto expostosesses profissionais, maior deve ser o medo de sofrerem algum tipo de injria. Noentanto, observa-se que para os enfermeiros pesquisados os riscos inerentes profisso no foram recordados e valorizados nas respostas escolhidas.

    O medo, de acordo com Dejours (1999), pode desencadear nos trabalhadores ouso de estratgias defensivas individuais e coletivas, como: a intensificao dotrabalho, aumento do sofrimento objetivo, silncio, individualismo, entre outros.

    - Falta de reconhecimento

    tambm um fator que avalia o sofrimento no trabalho e reflete condies deinjustia, indignao e desvalorizao devido ao no reconhecimento do trabalho.

    Esse fator obteve dentro da escala uma avaliao satisfatria, positiva, sendoque os dois itens que apresentaram as maiores mdias contriburam para umaapreciao moderada do fator. Esses itens foram Falta de reconhecimento do meudesempenho, com = 2,90, e Falta de reconhecimento do meu esforo, com =2,79.

    Felizmente os resultados obtidos com a avaliao desse fator revelam quevivncias de sofrimento causadas por esses itens no so freqentes. A falta dereconhecimento repercute no processo de formao da identidade do sujeito, daafirmao da utilidade tcnica, social ou econmica da atividade exercida e da

    expresso da individualidade e singularidade do trabalhador. O no reconhecimento dotrabalho prejudica a transformao do sofrimento em prazer, j que o reconhecimento condio essencial no processo de mobilizao subjetiva e enfrentamento doprofissional (DEJOURS, 1999; MERLO, 2003).

    Sabe-se que na enfermagem a falta de reconhecimento histrica e perpetua naatualidade. A dificuldade de se definir as competncias especficas da enfermagem

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    frente s competncias de outros profissionais influencia de modo negativo para oprofissional que, em determinadas situaes, no se posiciona por insegurana emdefinir seu prprio papel.

    Tabela 20 - Distribuio de freqncias relativas e mdias dos itens do fator Falta dereconhecimento da EIPST. Rio de Janeiro, 2008. (N = 44)

    Nenhumavez

    Umavez

    Duasvezes

    Trsvezes

    Quatrovezes

    Cincovezes

    Seis oumaisvezes

    MdiaItens

    F (%) F(%)

    F (%) F (%) F (%) F (%) F (%)

    1 - Falta dereconhecimento domeu esforo

    29,5 15,9 4,5 6,8 6,8 11,4 25 2,79

    2 - Falta dereconhecimento domeu desempenho

    29,5 9,1 6,8 6,8 15,9 6,8 25 2,90

    3 Desvalorizao 36,4 9,1 11,4 11,4 6,8 6,8 18,2 2,36

    4 Indignao 36,4 9,1 9,1 11,4 6,8 4,5 22,7 2,47

    5 Inutilidade 65,9 4,5 9,1 9,1 2,3 2,3 6,8 1,11

    6 Desqualificao 75 4,5 2,3 9,1 2,3 4,5 2,3 0,81

    7 Injustia 31,8 15,9 13,6 13,6 4,5 11,4 9,1 2,13

    8 Discriminao 56,8 0 11,4 11,4 9,1 2,3 9,1 1,59

    Outro fator importante na determinao desse quadro a diviso da profissopor categorias (auxiliares, tcnicos e enfermeiros). Essa segmentao implica em umadificuldade de diferenciao pelo pblico em geral e pelos prprios membros da equipemultidisciplinar. A classificao de todos como enfermeiros gera um sentimento dedesvalorizao e despersonalizao, pois a formao das categorias completamentediferenciada e suas funes e responsabilidades tambm diferem.

    Alm disso, podemos citar um aspecto cultural de supervalorizao do sabermdico. O mrito pelo xito do tratamento dado comumente somente ao profissionalmdico que detm o poder curativo. A parcela que cabe aos profissionais daenfermagem freqentemente desvalorizada ou vista como um ato de caridade. Porser uma profisso essencialmente manual, o ato de cuidar de enfermagem acaba porocupar uma posio menos importante aos olhos dos pacientes, familiares e prprios

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    profissionais quando comparado s aes mdicas. Isso reflete at mesmo naremunerao das atividades do enfermeiro que ao cobrar um valor para realizao desuas atividades , muitas vezes, visto como uma pessoa desumana, j que a prtica de

    enfermagem vista historicamente como um ato de servir ao outro sem inteneslucrativas.

    Diante desse quadro nos deparamos com um contexto histrico de peso para afalta de reconhecimento das atividades e do esforo do profissional em questo querepercute ativamente nas suas vivncias de sofrimento.

    Freitas (2006) relata que, para os professores de ambientes virtuais, o prazer seapresenta principalmente no fator realizao profissional, revelando-se atravs doorgulho por trabalharem em uma rea nova e pelo contexto de trabalho possibilitarrelaes intersubjetivas, marcadas pela troca e confiana entre os pares. A liberdade deexpresso para esses profissionais aparece pela autonomia para organizar o horrio detrabalho e pela confiana nos colegas. O sofrimento por sua vez, advm do desgaste,insatisfao, desvalorizao e falta de reconhecimento nos contextos em que atuam. Oesgotamento profissional ocorre em funo da distncia fsica dos alunos epadronizao do planejamento das aulas pelo uso constante do computador.

    Em pesquisa com bancrios Sousa et al. (2007) identificaram vivncias de prazere sofrimento de modo moderado, no entanto, observou-se prevalncia de vivncias deprazer. Os itens solidariedade com os colegas, liberdade para falar sobre o trabalho econfiana nos colegas foram os que mais contriburam para os fatores que avaliavam oprazer. J para os fatores de sofrimento, os itens mais valorados foram: desgaste, faltade reconhecimento e frustrao por trabalhar em uma empresa cuja organizao dotrabalho rgida, exigente e com ritmo de trabalho exacerbado.

    Ferreira e Mendes (2003) concluram que para os auditores fiscais da

    Previdncia o prazer e sofrimento so vivenciados de forma moderada, pois nemsempre h o atendimento s necessidades profissionais nesse ambiente de trabalho.

    Em estudo com teleatendentes identificou-se o prazer como resultado doambiente de trabalho favorecer a construo de relaes intersubjetivas, que setraduzem pela amizade e solidariedade entre os colegas, bem como pelo elogio daclientela (VIEIRA, 2005).

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    Pesquisando enfermeiros que trabalhavam em UTI, Linhares (1994) analisou queo prazer no trabalho estava diretamente relacionado identificao do trabalhador comas atividades exercidas, assim como o resultado encontrado para a populao deste

    estudo.Lunardi-Filho e Mazzilli (1996) revelaram que, para enfermeiras, a existncia de

    desgaste em suas atividades associada ao sofrimento relacionado organizao dotrabalho inflexvel e condies de trabalho precrias geram vivncias de sofrimento emedo de no conseguir realizar as atividades que lhe competem.

    Outro estudo com enfermeiras realizado por Lisboa (1998) identifica a relao doprazer com o sentido do trabalho para as profissionais e o sofrimento com a rigidez daorganizao e das relaes de trabalho conflituosas. Esse ltimo resultado contradiz oencontrado no presente estudo, visto que as relaes de trabalho foram bem avaliadas,sendo consideradas geradoras de prazer para os enfermeiros intensivistas.

    Em pesquisa feita com enfermeiros de UTI foram identificados como indicadoresde prazer a recuperao do paciente, o reconhecimento no trabalho e a harmonia noambiente. Entretanto, aspectos como relaes interpessoais insatisfatrias, dor fsica emorte do paciente, mecanizao do trabalho, falta de recursos materiais e sofrimentodos familiares foram considerados geradores de sofrimento profissional (MARTINS,2000). Esses resultados confirmam que o tipo de trabalho realizado, por promover oenvolvimento com o ser humano em sua intimidade e sofrimento, gera um custopsquico ao trabalhador de enfermagem.

    Rego et al. (2007) analisaram o trabalho de digitadores terceirizados de umainstituio bancria pblica e identificaram que as vivncias de prazer prevalecem,porm o sofrimento existe. O item que mais influenciou para o fator realizaoprofissional foi a identificao com a tarefa que realiza e, para o fator liberdade de

    expresso, os itens liberdade para usar o estilo pessoal e solidariedade com os colegasforam os que mais contriburam. Para os fatores de sofrimento, observou-se que itenscomo desgaste, estresse, esgotamento emocional, insatisfao e frustraocontriburam de modo insatisfatrio para o fator esgotamento profissional. Apesar de serum trabalho terceirizado, que no oferece estabilidade, o item insegurana no foi

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    avaliado negativamente. Para o fator falta de reconhecimento, os itens falta dereconhecimento, indignao e desvalorizao obtiveram as maiores freqncias.

    A anlise do prazer-sofrimento de carteiros feita por Rossi, Calgaro e Melo

    (2007) demonstrou que esses percebem em grau moderado todos os fatores da escala.Destaca-se a liberdade que os mesmos tm para organizar suas tarefas (triagem,montagem de roteiro de entrega de malotes), por no ficarem presos a uma rotinainterna, j que eles saem para a rua entram em contato com pessoas diversas. Apesarde ocorrer competio, os carteiros referem que h solidariedade. Em relao aosfatores de sofrimento, a insatisfao no trabalho pode se dar em razo da falta deoportunidades de crescimento profissional. Alm disso, esses profissionais sosubmetidos a uma organizao do trabalho que exige esforo fsico, biomecnico emental para execuo das tarefas. Eles enfrentam medo e riscos de incidentes e, paracombat-los, constroem estratgias operatrias.

    Na anlise de cada realidade de trabalho e de cada profisso em particularpodem ser encontrados os fatores geradores de prazer-sofrimento. Apesar de diferirementre si, as vivncias de prazer-sofrimento encontram-se intimamente relacionadas como contexto de trabalho (organizao, relaes profissionais e condies de trabalho).Nota-se que em comum entre as pesquisas apresentadas anteriormente existe aimportncias das relaes subjetivas entre os pares e seu peso nas vivncias de prazere na transformao do sofrimento.

    Dejours (2004) declara que impossvel conceber uma organizao do trabalhoque de alguma forma no permita o sofrimento do profissional. O prazer-sofrimento,para o mesmo autor, resulta da inter-relao entre os trabalhadores e o contexto detrabalho. A sade e o prazer no trabalho so processos que esto em constantemutao e que devem ser conquistados diariamente. A sade no trabalho resulta do

    modo como o trabalhador enfrenta as situaes conflituosas presentes no contexto detrabalho.

    Ferreira e Mendes (2001) relatam que o trabalho um espao de envolvimentode sujeitos diferenciados em uma determinada realidade. Nesse espao so produzidase (re) construdas relaes sociais e significaes psquicas. As situaes conflituosaspresentes nesse contexto podem ser positivas ou negativas e a maneira como essas

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    so enfrentadas determinam a qualidade de vida no trabalho e o bem-estar psquico dotrabalhador.

    Conhecendo todos os fatores predisponentes ao sofrimento e suas possveis

    repercusses na sade e adoecimento do profissional, questiona-se a permanncia dostrabalhadores em um estado de normalidade frente a todos esses fatores de risco.Sznelwar e Uchida (2004) acreditam que esse estado de normalidade reflete umequilbrio instvel entre o sofrimento psquico e as estratgias de defesa e amobilizao subjetiva utilizadas pelos profissionais.

    Dejours, Abdoucheli e Jayet (1994) afirmam que a mobilizao subjetiva consistena utilizao de recursos psicolgicos e do espao pblico de discusso no trabalho natentativa de ressignificar as situaes que causam sofrimento no cotidiano do trabalho ebuscar o prazer.

    Os mesmos autores descrevem que as estratgias defensivas constituem emaes coletivas, em sua maioria, onde o trabalhador pretende modificar, transformar eminimizar aspectos presentes no contexto de trabalho resultantes do conflito entre oprescrito e o real, que o faz sofrer. As estratgias de enfrentamento podem ser:conformismo, individualismo, negao de perigo, agressividade, passividade, entreoutras (DEJOURS, 1987). Ao utilizar dessas defesas, pode ocorrer um processo dealienao e cristalizao do trabalhador, dificultando e diminuindo as possibilidades demodificao das situaes de trabalho.

    Sennett (2002) refere que os atuais contextos de trabalho moldados pelo sistemacapitalista, marcados pela explorao da mo de obra e o aumento gradativo dosndices de desemprego, so desfavorveis utilizao de estratgias de mobilizao, jque essas implicam em organizao dos trabalhadores na tentativa de modificar assituaes geradoras de sofrimento no trabalho.

    O presente estudo no teve como objetivo estudar as estratgias defensivasapresentadas pelos enfermeiros intensivistas, porm reconhecida a importncia doestudo das mesmas para aprofundar o reconhecimento do problema em questo efavorecer a indicao de propostas especficas para a realidade estudada.

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    3.1.4 Danos relacionados ao trabalho

    Os danos fsicos e psicossociais relacionados ao trabalho surgem mediante aosofrimento freqente e intenso e do insucesso das estratgias de mediao.

    Os valores resultantes da avaliao da consistncia interna dos itens da escalaEADRT demonstraram que essa bastante confivel para avaliar os danosrelacionados ao trabalho para a populao do estudo.

    Por retratar situaes graves relacionadas sade, proposta uma avaliaodiferenciada dessa escala. Apesar do ponto mdio da escala ser matematicamentetrs, a autora do inventrio desdobra em dois intervalos com variao de um desviopadro. A seguir, so apresentados os resultados encontrados.

    Tabela 21 - Estatstica descritiva referente aos fatores da EADRT. Rio de Janeiro, 2008.(N=44)

    Fatores Mdia Desvio padro Alpha de Cronbach

    Danos Fsicos 3,05 1,51 0,77Danos Sociais 2,36 0,84 0,75

    Danos psicolgicos 2,21 0,81 0,89

    Observa-se que todos os fatores foram avaliados de modo moderado, crtico.

    - Danos fsicos

    Esse fator diz respeito aos distrbios biolgicos causados pelo trabalho.Os itens mais valorados para o fator foram Dores nas pernas e Dores no

    corpo apresentando as mesmas mdias, = 5,09.Sabe-se que uma das principais queixas dos profissionais de enfermagem e uma

    das principais causas de afastamento do trabalho para essa profisso so as doenasosteomusculares (DORT). Moreira e Mendes (2005) afirmam que o ambiente detrabalho, considerando as condies fsicas, mecnicas e psquicas inadequadas, umimportante fator de risco para o desenvolvimento de DORT.

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    Tabela 22 - Distribuio de freqncias relativas e mdias dos itens do fator Danosfsicos da EADRT. Rio de Janeiro, 2008. (N = 44)

    Nenhumavez

    Umavez

    Duasvezes

    Trsvezes

    Quatrovezes

    Cincovezes

    Seis oumaisvezes

    MdiaItens

    F (%) F (%) F (%) F (%) F (%) F (%) F (%)

    1 - Dores nocorpo

    0 2,3 6,8 11,4 4,5 9,1 65,9 5,09

    2 - Dores nosbraos

    25 0 11,4 9,1 9,1 15,9 29,5 3,43

    3 - Dor de cabea 13,6 6,8 4,5 20,5 6,8 6,8 40,9 3,84

    4 - Distrbiosrespiratrios

    56,8 2,3 9,1 15,9 6,8 4,5 4,5 1,45

    5 - Distrbiosdigestivos

    36,4 13,6 11,4 9,1 11,3 2,3 15,9 2,15

    6 - Dores nascostas

    6,8 0 11,3 4,5 6,8 11,3 59,1 4,75

    7 - Distrbiosauditivos

    75 6,8 9,1 2,3 2,3 0 4,5 0,68

    8 - Alteraes doapetite

    27,3 4,5 9,1 18,2 9,1 2,3 29,5 3,02

    9 - Distrbios naviso

    72,7 11,4 6,8 2,3 0 2,3 4,5 0,70

    10 - Alteraes nosono 18,2 0 11,4 11,4 6,8 2,3 50 3,95

    11 - Dores naspernas

    2,3 4,5 2,3 9,1 6,8 4,5 70,4 5,09

    12 - Distrbioscirculatrios

    47,7 0 6,8 9,1 2,3 6,8 27,2 2,47

    Magnano et al. (2007) citam diversos trabalhos que confirmam a alta prevalnciade distrbios musculoesquelticos em profissionais da enfermagem, chegando a

    prevalncia de 80% em alguns pases e de 43 a 93% em estudos brasileiros.Esse quadro caracteriza a dimenso do problema no qual a enfermagem

    encontra-se inserida.

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    Segundo Mauro, Cupello e Mauro (2003) podem ser considerados fatores derisco para DORT: organizao do trabalho (jornada de trabalho aumentada, ritmo detrabalho excessivo, dficit de pessoal), fatores ambientais (mobilirio inadequado,

    iluminao insuficiente), sobrecargas de segmentos corporais, movimentos repetitivos,posturas inadequadas, entre outros.

    Sobre os fatores de risco, a Norma Tcnica do INSS refere que esses estoagrupados conforme a adequao do ambiente de trabalho a aspectos como: zona deateno e viso, frio, vibraes, presses locais, posturas inadequadas, cargamecnica e esttica osteomuscular, invariabilidade das tarefas, exigncias cognitivas efatores organizacionais e psicossociais relacionados ao trabalho (BRASIL, 2001).

    Murofuse e Marziale (2005) completam que outro fator determinante para asDORT a inovao tecnolgica resultante da reestruturao produtiva. As autorasexpem que, a partir de 1990, as instituies hospitalares brasileiras tm incorporado oavano tecnolgico e os atuais modelos de gesto com o intuito de aumentar aprodutividade e qualidade das empresas. Como exemplo dessas modificaespodemos citar a implementao da assistncia de enfermagem integralizada, aintroduo de tecnologias minimamente invasivas para o diagnstico e tratamento depatologias, as mais recentes modalidades de assistncia intra-hospitalar, como o dayclinic , a informatizao dos sistemas hospitalares, como pronturios eletrnicos,informaes online , e as polticas de terceirizao (PIRES, 2000).

    Mesmo ciente de todos os fatores de risco a que esto expostos essestrabalhadores, que por si s explicam esses distrbios, existe uma grande controvrsiana questo das DORT, que a negao da relao existente entre a patologia e aatividade realizada pelo trabalhador. Isso implica em danos para o trabalhador, que temseus direitos ameaados (MUROFUSO; MARZIALE, 2001).

    Os itens mais valorados para os profissionais desse estudo esto contempladasnas DORT. A seguir, sero comentadas algumas das principais queixas dessestrabalhadores e suas possveis relaes com as funes por eles desempenhadas.

    As dorsalgias so bastante comuns aos enfermeiros, principalmente aslombalgias. Essa tem associao ao trabalho sentado ou pesado, ao levantamento depesos, a falta de atividade fsica e a distrbios psicolgicos. Nas UTI os pacientes, por

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    estarem gravemente doentes, geralmente encontram-se sedados ou em estado quegeram dependncia total. Nesses casos, a enfermagem deve ajud-los ou at mesmorealizar atividades por eles, como no caso de mobilizao no leito, auxlio nas

    atividades de higiene, alimentao, entre outros. Independente do peso do paciente,essas atividades so realizadas por profissionais, na maioria das vezes mulheres, cujafora e estatura no favorece o levantamento de altas cargas, exigindo, dessa maneira,a utilizao errnea da musculatura e posio corporal para cumprir as atividades quelhe cabem.

    Outra situao freqentemente observada a necessidade de permanecer empostura agachada ou curvada para realizao de curativos em locais peculiares. Apostura inadequada por um perodo de tempo prolongado gera desconforto imediato e alongo prazo para o profissional.

    Tambm, por se tratar de uma unidade de cuidados intensivos, o uso deaparatos tecnolgicos diversificados usual. Nem sempre eles so projetadospensando no trabalhador que ir manipul-lo, apresentando-se pesados, de difcilmobilizao. Esses aparelhos devem permanecer em local que permitem a sua fcilvisualizao, logo, so colocados geralmente em posies elevadas em cima debancadas ou suportes altos. Essas manobras de colocao de monitores, bombasinfusoras, respiradores so realizadas pelos profissionais da enfermagem e exigemdispndio de energia e o uso de posturas inadequadas quando feitas sobre condiesque no o favorecem (falta de materiais, escadas).

    Murofuso e Marziale (2005) referem que os casos de lombalgias descritos comoocupacionais esto relacionados a atividades que requeiram contratura esttica ouimobilizao por tempo prolongado de segmentos corporais, como cabea, pescoo,ombros, esforos excessivos e elevao e abduo de membros superiores acima da

    altura dos ombros. Todas as atividades descritas anteriormente esto presentes notrabalho da enfermagem.

    Outro local bastante acometido o membro superior, na forma de sinovites,tenossinovites, dedo em gatilho, estenopatias, entre outras (MUROFUSE; MARZIALE,2005). As atividades exercidas pelos profissionais provavelmente associadas so o

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    preparo de medicao, o uso de escrita como meio de comunicao e, atualmente, ouso do computador (pronturio eletrnico).

    O comprometimento dos membros superiores gera incapacidades que

    perpassam as atividades profissionais e pessoais, gerando complicaessocioeconmicas para o trabalhador, famlia e sociedade.

    Alm dos locais j mencionados, possvel citar o acometimento dos membrosinferiores. Conforme resultado dessa pesquisa, so freqentes as queixas lgicas naspernas. Os enfermeiros passam a maior parte do seu tempo em p e se locomovendodentro do prprio setor e entre diversos setores do hospital a fim de prover materiais emedicamentos necessrios, transportar pacientes, realizar atividades burocrticas,entre outras, como confirmado em pesquisa realizada por Mauro et al. (2002).

    Outra pesquisa desenvolvida avaliando o estresse no trabalho e distrbiosmusculoesquelticos em trabalhadores de enfermagem demonstrou que ostrabalhadores que referiram percorrer longas distncias durante o turno de trabalhotiveram associao significativa com dor nos joelhos (p = 0,037) e tornozelos (p =0,027) (MAGNANO; LISBOA; GRIEP, 2007).

    Em estudo com profissionais de enfermagem feito por Murofuso e Marziale(2005) observou-se o acometimento de msculos e articulaes em membros inferiorescomo mialgias, artroses e bursites no joelho.

    De acordo com Leite, Silva e Merighi (2007), as doenas ocupacionais sosubnotificadas quando comparadas aos acidentes de trabalho, pois existe uma grandedificuldade de comprovao do seu nexo causal. Logo, perpetua-se a escassez dedados sobre o perfil de adoecimento dos trabalhadores de enfermagem.

    - Danos sociais

    Percebido como dificuldades nas relaes familiares e sociais.Para essa dimenso as variveis cujas mdias apresentaram-se mais elevadas

    foram Impacincia com as pessoas no geral, com = 3,63, e Vontade de ficarsozinho, com = 3,47.

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    Tabela 23 - Distribuio de freqncias relativas e mdias dos itens do fator Danossociais da EADRT. Rio de Janeiro, 2008. (N = 44)

    Nenhumavez

    Umavez

    Duasvezes

    Trsvezes

    Quatrovezes

    Cincovezes

    Seis oumaisvezes

    MdiaItens

    F (%) F (%) F (%) F (%) F (%) F (%) F (%)

    1 - Insensibilidadeem relao aoscolegas

    47,7 13,6 11,4 18,2 2,3 4,5 2,3 1,36

    2 - Dificuldades nasrelaes fora dotrabalho

    31,8 11,4 11,4 20,5 4,5 9,1 11,4 2,27

    3 - Vontade de ficarsozinho

    15,9 9,1 6,8 18,2 9,1 11,4 29,5 3,47

    4 - Conflitos nas

    relaes familiares

    29,5 15,9 11,4 22,7 6,8 6,8 6,8 2,09

    5 - Agressividadecom os outros

    29,5 11,4 13,6 15,9 11,4 6,8 11,4 2,34

    6 - Dificuldade comos amigos

    43,2 20,5 9,1 13,6 11,4 2,3 0 1,36

    7 - Impacincia comas pessoas emgeral

    9,1 6,8 11,4 25 9,1 9,1 29,5 3,63

    Riscos relativos s dimenses psicolgicas no trabalho tm sido discutidos demodo articulado dimenso social, o que gerou a categoria de anlise de riscospsicossociais. A discusso desse fator foi realizada junto ao fator dano psicolgicomediante a semelhana dos assuntos abordados.

    - Danos psicolgicos

    O ltimo fator da escala representa os sentimentos negativos em relao a simesmo e a vida em geral.

    As variveis com maior mdia desse fator so apresentadas a seguir: Irritaocom tudo, com = 3,47, e Mau humor, com = 3,27.

    Os resultados apresentados nas tabelas 23 e 24 demonstraram que, felizmente,os itens presentes em ambos os fatores (danos sociais e psicolgicos) so avaliados deforma satisfatria, estando pouco presente no cotidiano dos enfermeiros (a maioria dasfreqncias est na opo nenhuma vez). No entanto, Mendes (2007) afirma que

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    mesmo quando apenas 01 profissional apresenta sintomas de adoecimento, esse deveser valorizado, visto que avalia um dano j instalado. Logo, preocupante oaparecimento de itens com mdias moderada.

    Tabela 24 - Distribuio de freqncias relativas e mdias dos itens do fator Danossociais da EADRT. Rio de Janeiro, 2008. (N = 44)

    Nenhumavez

    Umavez

    Duasvezes

    Trsvezes

    Quatrovezes

    Cincovezes

    Seis oumaisvezes

    MdiaItens

    F (%) F (%) F (%) F (%) F (%) F (%) F (%)

    1 Amargura 56,8 15,9 6,8 15,9 2,3 0 2,3 1,0

    2 - Sensao de

    vazio

    43,2 15,9 4,5 13,6 6,8 2,3 13,6 1,86

    3 - Sentimento dedesamparo

    40,9 11,4 11,4 18,2 2,3 4,5 11,4 1,88

    4 - Mau-humor 11,4 11,4 20,5 13,6 9,1 6,8 27,3 3,27

    5 - Vontade dedesistir de tudo

    31,8 2,3 11,4 13,6 4,5 6,8 29,5 2,95

    6 Tristeza 15,9 15,9 18,2 15,9 9,1 4,5 20,5 2,81

    7 - Irritao comtudo

    9,1 18,2 18,2 4,5 6,8 6,8 36,4 3,47

    8 - Sensao deabandono

    47,7 20,5 6,8 9,1 4,5 2,3 9,1 1,45

    9 - Dvida sobre acapacidade de fazeras tarefas

    34,1 9,1 13,6 15,9 15,9 4,5 6,8 2,11

    10 Solido 52,3 20,5 2,3 11,4 2,3 2,3 9,1 1,34

    Conforme j explicitado, a falha das estratgias mediadoras na tentativa detransformar o sofrimento em prazer pode causar o adoecimento do trabalhador.Entretanto, esse adoecimento ultrapassa a dimenso fsica, cuja facilidade demensurao e percepo, at mesmo pelo profissional, maior.

    At mesmo o uso contnuo dessas estratgias sem a modificao da realidadepode promover a alienao e cristalizao do trabalhador, sendo consideradoadoecimento (DEJOURS, 1987). Alguns trabalhos de Selligmann-Silva (2001)evidenciaram que vrias so as repercusses psicossociais e psicopatolgicasadvindas das novas formas de organizao do trabalho que degradam de modo

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    acirrado a sade mental dos trabalhadores, sendo evidenciado por retraimento,afastamento e isolamento social. Dessa forma, prejudica-se a sociabilidade esubjetividade do indivduo.

    Dejours (1992) afirma que o medo advindo das presses temporais, das falhasdo contexto de trabalho, das relaes de trabalho insatisfatrias, pode levar aoindividualismo, a quebra da solidariedade entre os pares. Merlo et al. (2003), em estudocom portadores de leses por esforos repetitivos, descrevem bem o individualismopresente no contexto de trabalho desses profissionais, onde a cooperao entre oscolegas era prejudicada pelo ritmo de trabalho imposto e pela cobrana por produo.Logo, ajudar um colega significava atrasar sua prpria produo. Esses profissionaiseram cobrados pela chefia a ensinar os trabalhadores novatos durante o trabalho,tendo, dessa maneira, que intensificar ainda mais seu ritmo de trabalho, aumentandosua exposio aos riscos fsicos e psquicos.

    Em estudo com professores de ambientes virtuais, Freitas (2006) encontrou,para os trs fatores, mdias baixas. Esse resultado revelou que as estratgias demediao utilizadas pelos trabalhadores obtiveram xito no enfrentamento dosofrimento. Observou-se que, ao contrrio do professor presencial, cujo uso excessivoda voz pode prejudicar sua sade, os professores virtuais tendem a apresentar lesespor esforos repetitivos e DORT mediante ao uso contnuo do computador.

    Ao analisar os danos relacionados ao trabalho dos carteiros, Rossi, Calgaro eMelo (2007) observaram que danos fsicos foi o fator que mais chamou a ateno.Evidenciou-se a percepo de dores no corpo devido a manipulao de malotespesados e pelo esforo fsico ao qual se submete ao percorrer longas distncias,permitindo, dessa forma, o desenvolvimento de DORT.

    Para os bancrios de uma instituio financeira pblica apenas o fator danos

    fsicos apresentou avaliao crtica, sendo os itens dores no corpo e dores nascostas os mais valorados. Para os danos sociais e danos psicolgicos as mdiasdemonstraram-se satisfatrias, pouco contribuindo para o adoecimento dessesprofissionais.

    Observa-se que as disfunes osteomusculares no so exclusivas dosprofissionais de enfermagem, sendo tambm fator de peso na avaliao dos danos de

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    outros profissionais. Contudo, para os demais fatores, percebem-se avaliaessatisfatrias, diferente dos resultados encontrados no presente estudo. Essa diferenapode estar relacionada ao tipo de trabalho desenvolvido. Trabalhar na rea de sade,

    em especial em ambiente de terapia intensiva, implica em custos psicossociais maiselevados, por envolver o cuidado do ser humano em um estado de fragilidade edependncia extremas.

    O estudo sobre os riscos para o adoecimento profissional valido quandoobservamos fatores especficos relacionados ao trabalho, porm grande parte dosproblemas que observamos nesse e em outros estudos citados so constitudos porfatores inespecficos. Essas noes de risco baseiam-se na prescrio do trabalho eno consideram a sua variabilidade e a individualidade do profissional que o executa.Esses so influenciadores e determinantes na percepo de um trabalho penoso egerador de sofrimento (ASSUNO, 2003).

    A epidemiologia ocupacional orienta para a elaborao de ndices para os limitesde exposio determinados fatores de risco, com base em mdias de estudos jrealizados. Entretanto, esquecem que mesmo a sintomatologia diferente de indivduopara indivduo (ASSUNO, 2003). Na tentativa de prever e dar visibilidade adeterminados riscos ocupacionais, foi adotado no Brasil, entre 1980 e 1990, o modeloitaliano de Mapa de Risco, que contribuiu para as discusses sobre sade dotrabalhador.

    No entanto, Assuno (2003) pondera que esse instrumento revelou-seinsuficiente e inadequado para a avaliao da relao entre sade e trabalho em suaintegralidade, considerando as determinaes sociais do trabalho e as estratgiasconstrudas pelos profissionais dentro do contexto de trabalho.

    O mesmo autor afirma que o Mapa de Risco se transformou em um instrumento

    burocrtico, que transmite a idia errnea de que todos os riscos podem seridentificados, quantificados, classificados e localizados fisicamente no ambiente detrabalho.

    As aes que realmente podem prevenir os danos relacionados ao trabalhodevem incorporar os pontos de vista dos trabalhadores no seu planejamento(ASSUNO, 2003).

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    A sade no trabalho constitui a soma de duas parcelas de igual peso. Dependeda busca contnua pelo trabalhador por integridade fsica, psquica e social, sendo,portanto uma dimenso individual e de um ambiente com condies favorveis para o

    desenvolvimento das atividades, dimenso social (MENDES; DIAS, 1991).

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    4 CONCLUSES

    A aplicao das diversas escalas que compe o ITRA e a utilizao doreferencial da Psicodinmica do trabalho permitiram a avaliao e discusso sobre ainfluncia da organizao e dinmica do trabalho e os riscos sade do enfermeirointensivista.

    Este estudo contribui, sobretudo, para uma melhor compreenso dasubjetividade impressa no trabalho de enfermagem. Reafirma-se, ento, a importnciade se analisar a natureza psicossocial do trabalho e a necessidade de se introduziressa perspectiva na elaborao de polticas pblicas de segurana e sade no trabalhoque ainda se limitam nas discusses sobre questes fsicas e ergonmicas do trabalhoe suas repercusses na sade do profissional.

    Apesar de o ITRA ser um instrumento criado para trabalhadores em geral,observou-se que para enfermeiros o mesmo demonstrou-se internamente consistente.Contudo, fica clara a limitao do mesmo para avaliar com profundidade as influnciasdo trabalho na sade do trabalhador devido a subjetividade envolvida nos constructosem questo (sade, sofrimento, doena, prazer, entre outros). A prpria autora doinstrumento relata que esse instrumento no permite a avaliao das estratgias demediao utilizadas pelos profissionais, ele apenas avalia os riscos de adoecerrelacionados s diversas dimenses do trabalho. Para que uma avaliao maiscompleta e fidedigna, prope a associao de mtodos qualitativos, como discussescom os profissionais em grupos, permitindo que eles falem sobre o seu trabalho e suasvivncias, tornando, assim, um espao de discusso.

    Esse, ento, constitui um limite do presente estudo, visto que somente o

    instrumento foi aplicado, no sendo avaliadas e analisadas as estratgias de mediao.O fato de utilizarmos a tcnica de amostragem intencional e o nmero de participantesdo estudo tambm constituram um limitante, entretanto, optamos por restringir o localde pesquisa em apenas uma instituio e aprofundar a discusso dos resultadosmediante melhor conhecimento do ambiente.

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    Sobre o instrumento, o fato de o ITRA ser longo, (composto por 4 escalas, comum total de 125 itens), foi levantado por vrios participantes do estudo alegando sercansativo respond-lo. Devemos, ento, atentar para possveis vieses de ateno.

    Alm disso, para responder as escalas EADRT e EIPST solicita-se que o participante serecorde de fatos acontecidos nos ltimos 6 meses. Por diversas vezes o enfermeirorespondente questionou esse recorte temporal, alegando no se lembrar com precisodo nmero de vezes que a situao solicitada aconteceu. Esse fato pode ter geradoresultados com vieses de memria.

    A opo por discutir apenas os dois itens de cada fator das escalas queapresentaram as maiores mdias assumida como um limite do estudo que apontampara estudos posteriores, explorando os demais itens. Outro ponto limitante desteestudo foi a inexistncia de estudos com enfermeiros que possibilitassem a comparaodos resultados. Logo, foram utilizados estudos realizados com outras categoriasprofissionais que certamente contriburam com a discusso.

    Apesar de todos os limites expostos, o simples fato de aplicar o instrumentogerou, nos profissionais, uma reflexo sobre o processo de trabalho e as relaes comsua sade, com suas percepes e vivncias de prazer e sofrimento. Algunsenfermeiros expressaram sua admirao ao entender como situaes sutis presentesno cotidiano profissional podem repercutir na sua sade e adoecimento. De acordo comreferenciais da psicodinmica, apenas o fato do profissional tomar conhecimento dosfatores que geram riscos para sua sade, j capaz de prepar-lo para seuenfrentamento atravs de medidas e estratgias defensivas. Logo, nos satisfazobservar a sensibilizao do profissional ainda na etapa de aplicao do instrumento.

    O estudo permitiu identificar riscos de adoecimento de enfermeiros atuantes emunidades de terapia intensiva, tendo como base as relaes de organizao do

    trabalho, vivncias de prazer-sofrimento, os custos e danos relacionados ao trabalho. A recorrncia de alguns temas durante a apresentao dos resultados e sua

    discusso evidencia o peso da organizao do trabalho na sade deste trabalhador:cobrana, ritmo, presso. Torna-se clara, ento, a permanncia de uma marca tayloristanos atuais moldes de administrao e gesto do trabalho.

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    A anlise do contexto de trabalho desses profissionais constata a presena deuma organizao do trabalho rgida, que limita a impresso da criatividade e identidadedo enfermeiro na realizao da sua tarefa. Alm disso, por tratar-se de um hospital

    particular e qualificado, onde se busca produtividade e competitividade no mercado,percebe-se de modo intenso a cobrana por resultados. Dessa forma, o risco deadoecer relacionado ao fator organizao do trabalho avaliado de modo grave, crtico.

    Refora-se, com este estudo, que mais estudos devem ser desenvolvidos com ofoco na organizao do trabalho. Rever as atuais abordagens e reas de concentraoem sade do trabalhador mostra-se necessrio, j que observa-se cada vez mais aproduo de estudos apenas de base ambiental, que desconsideram as relaes e aforma como se organiza o processo de trabalho.

    Espera-se que a instituio em questo, com base nesses resultados que serodevolvidos, tambm se sensibilize para a sade dos profissionais que nela atuam. certo que algumas caractersticas de administrao e organizao provavelmente nosero modificadas, j que se trata de um hospital particular que visa lucratividade.Porm, alguns aspectos vistos aqui como fatores gerados de riscos sade profissionalso passveis de mudanas ou, ao menos, de serem amenizados. Alm disso, aodevolver e discutir os resultados com os trabalhadores, espera-se contribuir para aampliao de uma conscincia coletiva crtica dos enfermeiros sobre as formas como aorganizao do trabalho pode afetar sua sade e a qualidade do cuidar.

    A partir dos resultados e limitaes desta pesquisa, novos problemas e hiptesesso gerados, abrindo campo para que novos estudos sejam realizados, confirmando,comparando e ampliando a compreenso do processo sade adoecimento e os riscosrelacionados ao trabalho desses profissionais.

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