texto 1: a importÂncia do planejamento

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1 CURSO: O USO PRÁTICO DO MOODLE NO ENSINO SUPERIOR TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PROFESSORA CONTEUDISTA: DÊNIA FALCÃO DE BITTENCOURT Objetivos de aprendizagem Compreender a importância do planejamento quando estamos diante do uso prático da tecnologia educacional; refletir sobre a necessidade de planejar atividades e materiais didáticos para usar na prática da disciplina; Roteiro de estudo 1. Tendências da educação do século XXI. 2. A importância do planejamento para fazer uso das tecnologias digitais.

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CURSO: O USO PRÁTICO DO MOODLE NO ENSINO SUPERIOR

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Page 1: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

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CURSO:

O USO PRÁTICO DO

MOODLE NO ENSINO

SUPERIOR

TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

PROFESSORA CONTEUDISTA:

DÊNIA FALCÃO DE BITTENCOURT

Objetivos de aprendizagem

Compreender a importância do planejamento quando estamos diante do uso

prático da tecnologia educacional;

refletir sobre a necessidade de planejar atividades e materiais didáticos

para usar na prática da disciplina;

Roteiro de estudo

1. Tendências da educação do século XXI.

2. A importância do planejamento para fazer uso das tecnologias digitais.

Page 2: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

2

Neste texto você irá interagir com uma série de questões que visam sua

fundamentação para o entendimento da importância do planejamento para o uso das

tecnologias educacionais, especialmente a digital.

SEÇÃO 1. TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DO SÉCULO XXI

Fonte: Disney

E a Rainha parecia adivinhar-lhe os pensamentos, porque gritava: - Mais ligeiro! Mais ligeiro! Não fale!

Não que Alice tivesse a menor intenção de fazê-lo, parecia-lhe que

nunca mais poderia falar, e cada vez mais lhe faltava a respiração.

E ainda assim a Rainha gritava: “Mais ligeiro! Mais ligeiro!” e,

puxando por ela, arrastava-a. A menina olhou em roda, muito

surpreendida.

- Mas... creio que estive sempre debaixo desta árvore! Tudo aqui

está bem como era!

- Pois sem dúvida que está! Como queria que estivesse?

- É que na minha terra – disse Alice, ainda ofegante –, quando a

gente corre como nós corremos agora, acha sempre alguma coisa diferente.

- É uma espécie de terra muito vagarosa! – disse a Rainha. –

“Agora você já viu que, para ficar no mesmo lugar, é preciso

correr muito.”

(Alice no País dos Espelhos – Lewis Carrol)

A sociedade em rede e as tecnologias digitais têm trazido imensos desafios para a

Educação. Este cenário exige um novo modelo de educação, que resulte na

formação de um indivíduo que saiba aprender a aprender continuamente, que esteja

preparado para lidar e se adaptar às frequentes mudanças. Indivíduo consciente do

seu entorno social de modo a assumir seu direito e dever como cidadão,

desenvolvendo sua autonomia ao ponto de gerenciar seu processo de educação

continuada. Que siga com saúde e busque ser mais criativo para inovar, flexível

para negociar e se relacionar, e que encare seu trabalho com maior profissionalismo.

A meta da educação sempre, com TIC’s ou sem, será semear a cidadania, a ética, a

produção de vida e o desenvolvimento de nossa sociedade. O grande desafio da

escola contemporânea é promover uma educação que compreenda o estudante que

vive essa realidade, suas necessidades e especificidades, inseridas em um contexto

socioeconômico e cultural.

Page 3: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

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Novos paradigmas da educação: real e virtual

Não há como ignorar as novas linguagens, culturas e hábitos dos jovens, para os

quais a separação entre virtual e real é cada vez mais tênue. A educação tradicional

está se transformando, dando lugar a novos paradigmas desencadeados por maiores

possibilidades de interatividade, de colaboratividade e de acesso as informações

aplicadas à educação.

Então, vamos visualizar esta transformação no quadro a seguir:

De Para

Prédios Escolas Uma infraestrutura para o conhecimento (prédios, laboratórios, rádio, televisão, Internet, museus etc.)

Classes Aprendizes individualizados, ainda que participando de grupos de referência e convivência.

Professor como dono Professor como facilitador e articulador do conhecimento

Livros e alguns recursos Materiais didáticos multimídia (impressos, audiovisuais, vídeo, digitais, etc.)

Estudante como receptor passivo de informações

Estudante como colaborador e participante na construção coletiva de conhecimento

Quadro 1: Novos paradigmas para práticas educacionais Fonte: adaptado de UNESCO, 2002: 8

Perceba que as tecnologias da informação e comunicação (TICs) não chegam

sozinhas. O fato é que, com o seu uso, estamos também mudando a forma que a

educação é planejada, organizada, oferecida e avaliada. Frente às novas demandas

da sociedade do conhecimento, os professores começam a ocupar diferentes papéis

e a desenvolver novas competências. Novos papéis como planejadores e

estrategistas de roteiros que facilitem o estudo autônomo e colaborativo, como

mediadores do processo de aprendizagem, estimuladores das inteligências coletivas

e promotores do processo de construção coletiva.

Page 4: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

4

Convergências presencial/virtual: Blended Learning1

Dois ambientes de aprendizagem que

historicamente se desenvolveram de maneira

separada, a tradicional sala de aula presencial e

o moderno ambiente virtual de aprendizagem,

vêm se descobrindo mutuamente

complementares.

O resultado desse encontro são ‘cursos híbridos’

que procuram aproveitar o que há de vantajoso

em cada modalidade, considerando contexto,

custo, adequação pedagógica, objetivos

educacionais e perfis dos estudantes.

Outra abordagem que tem se consolidado é o

Blended Leaming, que é a combinação de

aprendizagem presencial com aprendizagem

virtual interativa (Graham, 2005).

Figura 2- Imagem adaptada da revista Época- junho/2011

No Blended Learning os educadores podem

lançar mão de uma gama maior de recursos de

aprendizagem. Podem planejar atividades

virtuais ou presenciais, levando em consideração

limitações e potenciais que cada uma apresenta

em determinadas situações e em função de

forma, conteúdo, custos e resultados

pedagógicos desejados.

1 Fonte: Tori, 2008, p. 121 e 122

Figura 1 - Imagens extraídas da

Revista ÉpocaFigura 1- Infográfico adaptado Revista

Época (junho de 2011)

Page 5: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

5

Este conceito pode ser aplicado em diversos níveis numa organização educacional,

destacando-se quatro principais:

1. Nível da atividade: mistura de elementos presenciais e virtuais em uma

mesma atividade de aprendizagem. Exemplo: aula em laboratório, com a

presença do professor, e uso de simuladores de realidade virtual.

2. Nível da disciplina: combinação de atividades presenciais com atividades

virtuais em uma mesma disciplina. Exemplo: este curso que estamos

fazendo, que teve o momento presencial e agora está no momento virtual.

3. Nível de curso: combinam-se disciplinas não-presenciais e presenciais para a

integralização do programa de um curso. No Brasil esta prática é cada vez

mais comum, em grande parte graças à portaria ministerial nº 2.253, que

faculta a inclusão de atividades não-presenciais até o limite de 20% da carga

horária do curso (Brasil, 2001). Exemplos: oferecer um cardápio de

disciplinas optativas a partir do qual cada estudante compõe seu mix de

disciplinas virtuais e presenciais; grade curricular com a distribuição de

disciplinas predeterminada para o curso.

4. Nível institucional: quando o Blended Learning atinge este nível, há um

modelo institucional que prevê essa abordagem, havendo comprometimento

e esforço para que o estudante se beneficie da melhor forma possível da

combinação de presencial e virtual em todos os níveis. Uma instituição que

ofereça cursos presenciais e cursos a distância não necessariamente atingiu

este nível.

Se na modalidade presencial pode-se fazer uso de diversas linguagens, na educação

virtual todas podem ser utilizadas simultaneamente, conferindo-se ao processo um

potencial enorme de comunicação e integração espaço/tempo.

Se na modalidade presencial é mais fácil engajar o estudante, socializar a turma e

colher diversos tipos de feedbacks - adaptando-se estratégias pedagógicas em tempo

real -, nas atividades remotas, ou com apoio de recursos virtuais, é possível atender

a diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e aumentar a produtividade do

professor e do aprendiz.

Page 6: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

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Educação: entre a modalidade presencial e virtual

Uma forma de entender as mudanças pelas quais o processo educacional vem

passando, um exemplo é ver as possíveis variações em termos de espaço. O autor

Romero Tori (2008) toma por base a seguinte imagem, elaborada por Milgram apud

Azuma (1997):

Figura 2 - Continuum real/virtual

Fonte Tori citando Milgmram apud Azuma, 2008

A imagem mostra o continuum real/virtual, o qual distribui sobre uma linha as

infinitas possibilidades de integração entre real e virtual (Tori e Kirner, 2006,

citados por Litto & Formiga, 2008, p. 124):

Ambiente presencial: corresponde àquele onde todas as atividades são realizadas no

espaço físico real, como na aula presencial tradicional.

Ambiente virtual: apresenta atividades realizadas no ciberespaço, através da

disponibilização de mensagens no fórum, de publicações de arquivos, da realização de

chats via internet, e outros como até mesmo de um simulador de realidade virtual (RV).

Realidade aumentada: possibilita enriquecer um ambiente real com elementos virtuais.

Exemplos: projeções sobre objetos físicos, alterando a visualização de suas texturas, a

projeções holográficas de personagens virtuais 3-D que interagem com pessoas reais como

se fossem reais.

Virtualidade aumentada: insere elementos capturados do mundo físico em tempo real,

permitindo que elementos virtuais e reais interajam entre si como se compartilhassem o

O Blended Learning possui, portanto, grande potencial

para melhorar a qualidade e a eficiência da aprendizagem.

Page 7: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

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mesmo ambiente. Exemplo: o vídeo de uma pessoa incluído em um ambiente virtual,

como o cenário de um videogame.

Realidade misturada: é uma denominação mais genérica que engloba RA e RV, incluindo

aplicações que misturam real e virtual em proporções que tornam difícil a identificação de

qual dos ambientes é o predominante.

Tipos disponíveis de interação2

O processo educacional também pode variar em relação ao tempo. Neste caso

entram os conceitos de interações síncronas (realizadas em tempo real) e

assíncronas (ocorrem em tempos diferentes). A realização de um chat seria um

encontro síncrono e a disponibilização de mensagens de vários estudantes em um

mesmo fórum, em dias e horários diferentes uns dos outros, corresponde a

encontros assíncronos.

Especificamente sobre a interatividade, sua gradação pode variar de passiva até

interativa (Tori, 2008). O grau de interação entre os estudantes varia com base nas

tecnologias e ferramentas educacionais disponíveis, bem como em função de fatores

sociais, conjunturais e psicológicos desses estudantes. E esclarece que a presença ou

não de interatividade pode ser identificada a partir de três características básicas,

vejamos:

Frequência (quantas vezes é possível interagir)

Abrangência (quais os tipos disponíveis de interação)

Significância (qual a importância da interação para a construção do conhecimento em

estudo).

Mas, na prática como ocorre a interação ou interatividade?

A educação virtual abre espaço para que o estudante interaja não apenas com o

meio (conteúdos, conhecimentos), mas também com pessoas (professores, colegas).

A forma e a intensidade dessa interação estão em consonância com a abordagem

2ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini (2005). Educação, ambientes virtuais e interatividade. In

SILVA, Marco (org.). Educação on-line. São Paulo, Loyola.

BELISÁRIO, Aluízio (2005). O material didático na educação a distância e a constituição de

propostas interativas. In SILVA, Marco (org.). Educação on-line. São Paulo, Loyola.

Page 8: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

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pedagógica adotada, com a natureza do conteúdo tratado, com o perfil dos sujeitos

aprendentes e com os recursos disponíveis para a ação educacional.

Interação estudante-conteúdo - Trata-

se da interação do estudante com o

assunto apresentado para estudo. O

estudante realiza um processo

individual de acomodação da

informação em suas estruturas

cognitivas anteriores. A interação com o

conteúdo pode ser textual (por meio de

guias de estudo, livros-textos), sonoro

(mp3, mp4, mov, etc.), multimídia

interativa (som, imagem, animação),

radiodifusão, televisão e web.

Interação estudante-professor - Considerada essencial pela maioria dos

estudantes e altamente desejável por muitos educadores, a interação entre

estudante e professor ocorre em complemento à apresentação do conteúdo.

Nessa abordagem, o professor é responsável por manter o interesse e a

motivação do estudante, por organizar suas atividades práticas, monitorar seu

progresso, esclarecer dúvidas, propor analogias, sugerir leituras e atividades

complementares. Além de enfatizar a aplicação do conteúdo aprendido a

novas situações, ajustando as estratégias de aprendizagem ao perfil e ao

desempenho do estudante ou da turma.

Interação estudante-estudante - Esta terceira forma de interação é uma

dimensão relativamente nova em termos de educação mediada por

tecnologias. Especialmente se considerarmos que a aprendizagem em rede se

torna um paradigma muito mais viável a cada ano. Com o advento das

tecnologias móveis em tempos mais recentes, se vislumbra o potencial de

uma aprendizagem ainda mais intensiva e colaborativa. Dessa forma, não

apenas os materiais didáticos e os professores são vistos como fontes de

informação, mas os colegas também podem ser consultados para resolver

problemas reais. Valorizam-se, então, as estratégias que habilitam os

estudantes a aplicar múltiplas perspectivas a um problema e a assumir a

postura de que, para entender o ponto de vista dos outros, é necessário

dialogar e não apenas ouvir.

Page 9: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

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Comunidade virtual de aprendizagem

As dinâmicas de interação das tecnologias digitais têm o potencial de criar as

chamadas comunidades virtuais de aprendizagem.

Embora existam várias definições, a maioria centra-se na visão de professores e

alunos que trabalham juntos, sistematicamente, para significantes metas acadêmicas

compartilhadas. A colaboração e a cooperação são acentuadas, a comunicação é

interativa e amigável, a competição é desestimulada, e professor e alunos têm que

atuar em novos papéis, frequentemente pouco conhecidos. As ações ocorrem por

meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem, como o Moodle, por exemplo.

O papel básico do professor/instrutor é promover a sinergia e entrega dos conteúdos

e experiências. É também atuar como mediador, um orientador especializado e um

modelo para os alunos. O papel do aluno também muda: de observador

relativamente passivo do ensino e consumidor de informação para construtor ativo

do conhecimento.

Figura 3 – Representação de uma Comunidade Virtual de Aprendizagem

Page 10: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

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Muitos pesquisadores de EaD defendem: quanto mais interativos forem os

elementos pedagógicos e as ferramentas tecnológicas, mais facilmente os

aprendizes irão compreender o conteúdo do curso.

Observe, assim, que a tarefa da educação ficou também mais complexa, mais

ampla, estratégica e necessita ser mais ágil e dinâmica do que os modelos

tradicionais de educação que eram voltados para a manutenção do sistema, a

obediência e a estabilidade.

Novos paradigmas estão surgindo. Se antes o modelo tradicional trazia o professor

como centro do processo, agora a tendência é o estudante no centro dos processos

de ensino-aprendizagem. Porém, o melhor ainda é buscar o equilíbrio para o novo

modelo pedagógico, onde os estudantes e os professores recebam igual importância.

SEÇÃO 2. A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PARA FAZER USO DAS

TECNOLOGIAS DIGITAIS

“Cabe pensar que planejar o futuro é ter consciência do caos.

E ato do design é sempre uma forma de planejar uma saída.” Azevedo (2001, pag. 86).

A criação de elementos para a Educação a Distância (EaD) ou Blended Learning

(BL) não é fruto somente de pura criatividade, inspiração e arte de seu criador.

Estas condições são necessárias, porém insuficientes. Por trás de um material

educativo de alta qualidade e de serviços tutoriais aos estudantes, há sempre uma

concepção educativa poderosa em consonância com princípios derivados das teorias

de aprendizagem humana. Tudo, entrelaçado, serve de condutor para as inclinações,

atividades e experiências de aprendizagem propostas ao aprendiz, com apoio da

mídia baseada nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).

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Por que planejar?

O planejamento leva-nos a atingir a nossa meta, dá clareza das várias etapas dos

procedimentos, suas ações distintas e inter-relacionadas. É o registro escrito que

permite ao planejador revisitar suas antecipações e as relações feitas entre a

intencionalidade definida pelas metas e a concretização dos procedimentos.

Quando usamos TICs devemos pensar, sistematizar e registrar o planejamento do roteiro

de estudo e da mediação dos processos educativos. Um dos motivos é que não há

improviso na mediação pedagógica por TICs. É preciso planejar até mesmo os momentos

online, síncronos, para que eles tenham efeito educativo e para promover a interação com

todos os alunos.

Em resumo, o planejamento é feito para:

Valorizar o estudante no processo de instrução.

Incrementar os materiais educacionais, torná-los eficientes, efetivos e interessantes.

Facilitar a coordenação entre pesquisa, desenvolvimento, implementação e

avaliação.

Facilitar a difusão, disseminação e adoção do projeto (credibilidade).

Facilitar o desenvolvimento de meios alternativos de interação.

Facilitar a consequência entre os objetivos, atividades e avaliação.

Facilitar a solução de problemas durante todo o processo de elaboração e

implementação.

Gerar indicadores e controles para o processo de avaliação, permitindo assim fazer

ajustes no percurso.

Buscar continuamente melhorias educacionais para satisfazer as necessidades dos

estudantes, assim como as necessidades do contexto em que o projeto se insere.

De forma resumida, o desenvolvimento de projetos de educação a distância ou

Blended Learning se dá em duas etapas:

planejamento: diagnóstico ou análise das necessidades

execução: etapa de design ou escolha das estratégias tecnológicas e pedagógicas.

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Planejamento

O planejamento de cursos ou disciplinas a distância apoiados em ambientes virtuais de

aprendizagem exige uma nova maneira de organização didática das informações, dos

objetivos, conteúdos e atividades.

Requer a integração compatível de três elementos fundamentais:

a concepção educacional,

as características da virtualidade e

a configuração do contexto do curso.

O planejamento deve ser baseado em objetivos, destinados à elaboração de produtos

funcionais e atraentes. Moore e Kearsley (1996, p. 103) destacam que:

“[...] as estratégias de ensino - como o planejamento das aulas, do fluxo de informação e do que os estudantes devem fazer - não podem começar até que os objetivos e o projeto de avaliação estejam prontos.”

Em linhas gerais, a etapa de planejamento envolve ações como:

Identificar as

necessidades

Delimitar o

problema

Caracterizar

o público-

alvo –

estudantes

Formular

objetivos do

projeto

(indicadores

de

desempenho)

Figura 3 - Estrutura virtual de uma Universidade que

oferece cursos a distância via Internet

Page 13: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

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Para planejar projetos de EaD ou BL é necessário realizar um diagnóstico/análise que

permita, pela coleta/observação de dados, obter as informações que determinam aonde ir.

Nesta etapa é processado o levantamento de necessidades da demanda dos estudantes, e do

que temos a oferecer, ou seja, da estrutura tecnológica e das equipes de profissionais que

poderão estar envolvidas em todas as etapas de um curso. Veja a seguir com iniciar a fazer

o planejamento:

São questões a serem investigadas para conhecer o perfil dos participantes:

Qual o contexto social, geográfico e cultural

dos participantes?

Qual é a faixa etária, seus interesses,

experiência e expectativas?

Qual a disponibilidade de tempo para

estudar em um curso on-line?

Tem familiaridade com a tecnologia? Quais

são as condições de acesso?

Qual é a escolaridade, área de formação e/ou

atuação profissional?

Quais suas demandas e interesses

conceituais? E de competências e

habilidades?

Qual é o conhecimento prévio sobre o tema

e sua motivação para aprender?

A turma será formada por um grande grupo ou por pequenos subgrupos, com

características semelhantes?

As respostas indicam o repertório básico dos estudantes, a linguagem, a estética, os

símbolos e as metáforas. Estes aspectos podem ser utilizados na construção de

materiais de comunicação eficazes.

A investigação diagnóstica envolve outras questões:

O que será desenvolvido? (curso stricto ou lato sensu, especialização, graduação, ou

extensão)?

O perfil dos estudantes é a base para a construção do curso ou dá disciplina, da escolha das estratégias pedagógicas e tecnológicas.

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Qual é a ementa e o projeto pedagógico?

Qual é a duração do curso ou disciplina?

Qual é a infraestrutura tecnológica necessária ou existente? Qual plataforma (ambiente

virtual, quais as ferramentas disponíveis) está sendo adotada?

Qual é o material didático e quais mídias poderão ser integradas na produção do curso ou

disciplina?

Qual o investimento humano e financeiro previstos? Qual é a equipe de trabalho e

professor tutor (quando o projeto especificar uma equipe pedagógica)?

Qual o cronograma para implantação?

Quais questões da logística administrativa, pedagógica e tecnológica você deve conhecer

para a produção e operacionalização do curso?

Qual é a metodologia de ensino a ser utilizada?

Como será a avaliação do estudante e do projeto ao longo do tempo?

Existem situações físicas e temporais que podem ser desfavoráveis?

Como será a forma de divulgação do curso?

Essas informações servirão de base e se integrarão formando a estrutura

organizacional do projeto. Colaborarão para, na etapa de design, definir as

estratégias de gestão, de identidade de produto, pedagógicas e tecnológicas e de

avaliação.

Design: escolha das estratégias tecnológicas e pedagógicas

De modo genérico, a etapa do design de projetos de EaD ou BL envolve o processo

de concepção, escolha de estratégias pedagógicas e tecnológicas e tomadas de

decisões, as quais ficarão explicitadas nos materiais didáticos, nos ambientes

(virtuais) de aprendizagem e sistemas tutoriais.

Como mencionamos anteriormente, os objetivos pedagógicos devem servir de base

para desenhar os componentes que integram um projeto de EaD ou de Blended

Learning.

O propósito da etapa do design é produzir os “meios” para o alcance dos

resultados solicitados no projeto de EAD ou BL.

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A partir da definição dos objetivos iniciam-se o desenvolvimento e a

implementação do curso, que precisam ser totalmente integrados:

A demanda e o contexto dos estudantes levam à definição do conteúdo (teorias, casos e

aplicação).

A forma (design gráfico e visual),

por sua vez, será decidida pela

abordagem pedagógica.

A abordagem pedagógica

(estratégias de instrução,

linguagem, avaliação e atividades)

servirá de base, tanto teórica

quanto didática, para a etapa de

produção e de mediação

pedagógica.

A abordagem, portanto, deve variar

conforme os meios de

comunicação disponíveis para o

projeto e esses (os meios de

comunicação) determinarão

também a distribuição do material educativo e a respectiva interatividade pedagógica.

A qualidade e a quantidade da interação na educação a distância tendem a variar

conforme a capacidade dos meios tecnológicos, proporcionando um determinado grau de

comunicação entre os participantes.

O suporte técnico, por esta razão, vai influenciar não só o conteúdo, como também a

forma na qual se configura cada modalidade de educação a distância ou híbrida.

O planejamento, quando a educação é vista desta maneira, deve atender às necessidades de

conteúdo e às possibilidades técnicas de cada usuário.

Quando este procedimento é seguido, a atenção do estudante é captada e ele passa a

considerar os componentes do sistema. A interação dos componentes - estudante,

conteúdo, método/material e ambiente - produz resultados, criando o tipo de

experiência de aprendizagem necessário para o estudante. É preciso haver um

equilíbrio entre os componentes, ou seja, um não deve exercer qualquer tipo de

ascendência sobre outro, a fim de salvaguardar a qualidade efetiva do curso.

Também na etapa de design é o momento para refletir sobre:

O conteúdo, os objetivos, as atividades a serem planejadas, o que os estudantes vão

aprender e, assim, poder passar a informação e dar o tempo para eles aprenderem.

As metáforas e exemplos que serão facilmente entendidos pelos estudantes.

A linguagem, o ritmo e as imagens que podem colaborar para a motivação e o

entendimento. Quanto mais o projeto for dirigido ao estudante, menor será a interferência

Page 16: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

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da mídia na comunicação, menor a sensação de isolamento e maior o envolvimento dos

estudantes.

Os procedimentos educativos que auxiliem os estudantes a se adaptar às atividades que

fazem uso do Moodle, assim como aspectos motivacionais para o período em que o

estudante estiver realizando atividades “morosas ou complexas”.

Testes e avaliação para que haja interação; fazer com que estas se interliguem;

disponibilizar o material indicado no lugar adequado; planejar o horário.

Ampliar as possibilidades de escolha dos estudantes, proporcionando-lhes visões

alternativas sobre o mesmo problema e também materiais complementares que auxiliem

na formação de um pensamento crítico e analítico. Isto pode garantir a capacidade de

observação crítica e o pluralismo de idéias.

MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA

Para apoiar as estratégias de um projeto de EAD ou BL, um conceito interessante é

o de mediação pedagógica, que é o tratamento de conteúdos e das formas de

expressão dos diferentes temas a fim de tornar possível o ato educativo, dentro do

horizonte de uma educação concebida como participação, criatividade,

expressividade e relacionalidade (Perez, 1996). Este autor diz que a mediação

pedagógica deve-se manifestar em três tratamentos:

Tratamento temático a partir do tema – a mediação pedagógica começa pelo conteúdo.

O autor do texto-base deve partir já de recursos pedagógicos destinados a tornar a

informação acessível, clara e bem organizada, em função da autoaprendizagem.

Tratamento pedagógico a partir da aprendizagem – nesta fase se desenvolvem os

procedimentos mais adequados para que a autoaprendizagem se converta em um ato

educativo; tratam-se das atividades que enriquecem o texto com referências na experiência

e o contexto do educando.

Tratamento formal a partir da forma – refere-se aos recursos expressivos postos em

jogo no material: diagramação, tipo de letras, ilustrações, entre outros.

As práticas da disciplina que fazem uso do Moodle, além de forma,

funcionalidade e qualidade, precisam evocar emoções e conquistar por meio

da originalidade.

.

Page 17: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

17

Figura 5 - TICs e usos pedagógicos

Fonte: Kenski (2008)

As estratégias pedagógicas desenvolvidas devem buscar como meta a autonomia do

aluno, a interação com materiais pedagógicos e tecnológicos e com pessoas, que

trocam conhecimento e se comunicam via mediação tecnológica.

Ao educador cabe aprender a dialogar e praticar as potencialidades oferecidas pelas

tecnologias digitais para a prática de sua disciplina.

Uma vez que você finalizou a leitura desse primeiro texto antes de seguir para a

leitura do próximo realize as atividades propostas para realizar atividades como

praticar, conhecer exemplos e aprofundar os conhecimentos discutidos neste

primeiro texto.

Page 18: TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

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SAIBA MAIS

DOWBOR, Ladislau. Tecnologias do Conhecimento: os desafios da Educação.

Disponível em http://dowbor.org/tecnconhec.asp, acessado em 13/02/2010.

MELO, Luci Ferraz de. Artigo: EaD e interatividade - conceitos em evolução. RuMoRes

- Revista Online de Comunicação, Linguagem e Mídias. ISSN: 1982-677X. Edição: 5,

Ano: 3, Período: Maio-Agosto de 2009. Disponível em:

http://www3.usp.br/rumores/visu_art.asp?cod_atual=145 Acesso em 13/02/2010.

BITTTENCOURT, Dênia Falcão. dissertação: A construção de um modelo de curso "Lato

Sensu" via internet – A experiência com o Curso de Especialização para Gestores de

Instituições de Ensino Técnico UFSC / SENAI. PPGEP/UFSC, 1999. Disponível em

http://www.eps.ufsc.br/disserta99/midia99.htm Acesso em: 13/02/2010.

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini (2005). Educação, ambientes virtuais e

interatividade. In SILVA, Marco (org.). Educação on-line. São Paulo, Loyola.

Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/26/trabalhos/mariaelizabethalmeida.rtf

BELISÁRIO, Aluízio (2005). O material didático na educação a distância e a

constituição de propostas interativas. In SILVA, Marco (org.). Educação on-line. São

Paulo, Loyola. Disponível em: www.abed.org.br/congresso2008/tc/1152008220039.pdf

Acesso em: 13/02/2010

Livros:

KENSKI, V. M. Educação e Tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP:

Papirus, Coleção Papirus Educação, 3ª edição. 2007.

KENSKI, V. M. Tecnologias e Ensino presencial e a distância. 6ª Ed. Campinas, SP:

Papirus, 2008.

TORI, R. Cursos híbridos ou blended learning. In: Fredric M. Litto; Marcos Formiga.

(Org.). Educação a distância: O Estado da Arte. São Paulo: PEARSON, 2008, v. 1, p. 121

a 128.

Sites:

Artigo de BERTOLETTI, A. Tecnologias digitais e o ensino da arte: algumas reflexões.

Artigo de aluna Universidade do Estado de Santa Catarina – Udesc. URL:

http://ppgav.ceart.udesc.br/VCiclo/artigo05.pdf Acesso em 8/07/2011.

Artigo de SANTINI, R. M.; LIMA, C. R. M. A Biblioteca Virtual de música da UFSC na

rede de pontos de cultura. The Virtual Music Library Of UFSC In The Points Of Culture

Network. URL: http://www.musicahodie.mus.br/9_1/91_08.pdf Acesso em 8/07/2011.