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FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENÉCIA ADMINISTRAÇÃO KEILANE HARCBART A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA MANOEL BEZERRA SANTOS - ME NA CIDADE DE JAGUARÉ NO ANO DE 2012 NOVA VENÉCIA 2012

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Page 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENÉCIA ADMINISTRAÇÃO

KEILANE HARCBART

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA MANOEL BEZERRA SANTOS - ME NA

CIDADE DE JAGUARÉ NO ANO DE 2012

NOVA VENÉCIA 2012

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KEILANE HARCBART

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA MANOEL BEZERRA SANTOS - ME NA

CIDADE DE JAGUARÉ NO ANO DE 2012 Monografia apresentada ao curso de Graduação em Administração da Faculdade Capixaba de Nova Venécia, como requisito final para a obtenção do grau de Bacharel em Administração. Orientadora: Denise Gava Cerri

NOVA VENÉCIA 2012

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FICHA CATALOGRÁFICA

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KEILANE HARCBART

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA MANOEL BEZERRA SANTOS - ME NA

CIDADE DE JAGUARÉ NO ANO DE 2012

Monografia apresentada ao Programa de Graduação em Administração da Faculdade Capixaba de Nova Venécia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Administração.

Aprovada em de dezembro de 2012.

COMISSÃO EXAMINADORA ___________________________________________ Prof.ª Denise Gava Cerri Faculdade Capixaba de Nova Venécia Orientadora ___________________________________________ Prof.º Faculdade Capixaba de Nova Venécia Membro 1

___________________________________________ Prof.º Faculdade Capixaba de Nova Venécia Membro 2

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Ao Criador e Mantenedor do Universo, por seu imensurável amor e onipotência.

Através de Ti o impossível se torna possível, os sonhos se tornam realidade,

e ainda de uma forma melhorada.

À minha família, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

Aos professores que muito contribuíram

para a absorção de todo o conhecimento adquirido no curso.

Aos amigos que fiz na faculdade,

trabalhos compartilhados, risadas, afeto. Laços que jamais serão quebrados.

E aos amigos que compreenderam a

ausência em alguns momentos de diversão.

À querida orientadora pela compreensão, apoio e precisão na orientação. Sem ela

não chegaria até aqui.

À empresa Manoel Bezerra Santos ME pela colaboração na execução do

trabalho.

Enfim, a todos que torceram e de alguma forma deu sua contribuição para a

realização deste sonho.

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“O planejamento não é uma tentativa de predizer o que vai acontecer. O

planejamento é um instrumento para raciocinar agora, sobre que trabalhos e

ações serão necessários hoje, para merecermos um futuro. O produto final do

planejamento não é a informação: é sempre o trabalho.”

Peter Drucker

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RESUMO

Quando se fala em organizações, logo se reporta à produção, quer seja de bens ou

serviços. A produção move o mundo, e as pessoas estimulam a produção, visto que

as necessidades são ilimitadas. Se há um processo produtivo, é preciso que aja

planejamento e controle para que seu desenrolar não seja aleatório, com resultados

inimagináveis e devastadores. O desenvolvimento deste trabalho consiste em

mensurar como o Planejamento e Controle da Produção (PCP) é estabelecido em

uma empresa, cujo produto é sazonal em determinado período do ano, com o intuito

de responder como se dá o gerenciamento do processo produtivo nessa situação,

através de uma pesquisa exploratória e descritiva, bibliográfica e estudo de caso. No

referencial teórico procurou-se apresentar os aspectos mais relevantes no que diz

respeito ao “PCP”, conceituou-se Administração da Produção, os tipos de processo

produtivo, bem como os níveis do planejamento e controle da produção, evidencia-

se a importância do “PCP”, faz-se ainda abordagens sobre o “Just in Time”,

gerenciamento da capacidade produtiva, estoques, previsão de demanda,

sazonalidade, estratégias e vantagem competitiva. Tudo isso com o intuito de deixar

claro o assunto, de forma que os (possíveis) leitores tenham uma compreensão

efetiva de todo o estudo. Para coletar os dados utilizou-se como instrumento a

entrevista, feita com o proprietário da empresa Manoel Bezerra Santos ME. Ao longo

da entrevista, foi possível identificar como a produção é planejada e controlada na

empresa. Previsões são feitas, estratégias são adotadas para que a empresa

permaneça no mercado por tempo indeterminado. Dessa forma, é possível afirmar

que as abordagens da administração, mesmo tendo surgido há 10, 20, 30 ou 100

anos atrás é de intrínseco valor e quando adaptados à realidade da empresa pode

transformar um ponto de sorveteria em uma fábrica, como tem-se no histórico da

organização objeto de estudo desse trabalho. E ainda há muito pra se aprender e

ampliar em termos de conhecimento, pois este nunca para de se expandir.

Gradativamente as pessoas devem ampliar sua visão e enxergar nas ameaças,

grandes oportunidades de produzir.

PALAVRAS-CHAVE: Sazonalidade. Gerenciamento da capacidade produtiva. Previsão

de demanda. Vantagem Competitiva.

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ABSTRACT

When it comes to organizations, usually one refers to production, whether of goods

or services. The production moves the world and people stimulate it, since our needs

are unlimited. If there is a production process, it is necessary to plan and control it to

avoid a random conduct, with unimaginable and devastating results. The

development of this work is to measure how the Planning and Production Control

(PCP) is established in a company whose product is seasonal, in order to answer

how is the management of the production process in this situation, through an

exploratory and descriptive research, a literature research and a case study. In this

work, we present the most relevant aspects with regard to the “PCP”, we revise

production administration, the types of production processes, as well as levels of

planning and control of production. We highlight the importance of “PCP”,

approaches like “Just in Time”, productive capacity management, inventory, demand

forecasting, seasonality, strategies and competitive advantage. All this to clarify the

subjects, so that the (potential) readers have an effective understanding of the entire

study. To collect the data, we interviewed the business owner Manoel Bezerra

Santos ME. Throughout the interview, we identified how the production is planned

and controlled in the company. Forecasts are made and strategies are adopted to

ensure that the company stays in business. Thus, we can say that the approaches of

the administration, even having appeared for 10, 20, 30 or 100 years ago, is of

intrinsic value and when adapted to the reality of the enterprise can transform it, as

seen in the organization studied in this work. Surely, there is still a lot to learn and

expand in terms of knowledge and gradually people should broaden their horizons

and see in the threats, great opportunities.

KEYWORDS: Seasonality. Management of production capacity. Demand forecast.

Competitive Advantage.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 11

1.1 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA .............................................. 12

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ........................................................................ 12

1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................. 13

1.4 OBJETIVOS ............................................................................................. 13

1.4.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 13

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 14

1.5 HIPÓTESE ............................................................................................... 14

1.6 METODOLOGIA ....................................................................................... 15

1.6.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ..................................................................... 15

1.6.2 TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS.............................................................. 16

1.6.3 FONTES PARA COLETA DE DADOS ................................................................ 17

1.6.4 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA PESQUISADA ............................................... 17

1.6.5 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS ...................................................... 17

1.6.6 POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ................................ 18

1.7 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES DO TRABALHO ...... 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................ 21

2.1 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ........................................................ 21

2.2 PRODUÇÃO ............................................................................................. 22

2.2.1 TIPOS DE PROCESSOS PRODUTIVOS ............................................................. 24

2.3 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO (PCP) ...................... 27

2.3.1 PLANO ....................................................................................................... 27

2.3.2 CONTROLE ................................................................................................. 28

2.3.3 PLANO E CONTROLE .................................................................................... 29

2.3.4 NÍVEIS DO PCP .......................................................................................... 30

2.3.4.1 PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS ............................................................. 30

2.3.4.2 PLANO DE PRODUÇÃO ................................................................................. 31

2.3.4.3 MASTER PRODUCTION SCHEDULE (MPS) ...................................................... 31

2.3.4.4 MATERIAL REQUERIMENTS PLAN (MRP) ........................................................ 32

2.3.4.5 ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO ........................................... 33

Page 10: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

2.3.5 JIT (JUST IN TIME) NO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO ................ 33

2.3.6 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO ................... 34

2.4 CAPACIDADE PRODUTIVA .................................................................... 35

2.4.1 GERENCIAMENTO DA CAPACIDADE PRODUTIVA .............................................. 36

2.5 ESTOQUES ............................................................................................. 37

2.6 PREVISÃO DE DEMANDA ...................................................................... 38

2.6.1 DEMANDA .................................................................................................. 39

2.6.2 TIPOS DE PREVISÃO DE DEMANDA ................................................................ 40

2.6.2.1 TÉCNICAS PARA PREVISÃO DA MÉDIA ............................................................ 41

2.6.2.1.1 MÉDIA MÓVEL ............................................................................................. 42

2.6.2.1.2 MÉDIA EXPONENCIAL MÓVEL ........................................................................ 42

2.6.2.2 TÉCNICAS PARA PREVISÃO DA TENDÊNCIA ..................................................... 43

2.6.2.2.1 EQUAÇÃO LINEAR PARA TENDÊNCIA ............................................................. 43

2.6.2.3 TÉCNICAS PARA PREVISÃO DA SAZONALIDADE................................................ 44

2.7 SAZONALIDADE ...................................................................................... 44

2.8 ESTRATÉGIA E VANTAGEM COMPETITIVA ......................................... 45

2.8.1 ESTRATÉGIA ............................................................................................... 45

2.8.1.1 ESTRATÉGIA CORPORATIVA .......................................................................... 46

2.8.1.2 ESTRATÉGIA COMPETITIVA ........................................................................... 46

2.8.1.3 ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO ......................................................................... 47

2.8.2 VANTAGEM COMPETITIVA ............................................................................. 50

3 ESTUDO DE CASO ............................................................................ 52

3.1 EMPRESA OBJETO DE ESTUDO DE PESQUISA – MANOEL BEZERRA

DOS SANTOS ME .................................................................................................... 52

3.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS .............................................................. 53

3.2.1 ENTREVISTA COM O PROPRIETÁRIO DA EMPRESA ........................................... 53

3.3 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................ 55

4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .......................................... 60

4.1 CONCLUSÃO ........................................................................................... 60

4.2 RECOMENDAÇÃO .................................................................................. 63

Page 11: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

5 REFERÊNCIAS ................................................................................... 64

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11

1 INTRODUÇÃO

O mercado está cada vez mais competitivo e empresas têm surgido a todo instante,

dai vem a questão de como se manter no mercado, este que as vezes parece não

ter espaço pra mais ninguém, de tão acirrado que os negócios estão. E mesmo que

a empresa tenha uma boa introdução no mercado e crescimento, precisará chegar à

maturidade e manter-se estabilizada nesta etapa do seu ciclo de vida, pois se ela

vier a declinar a probabilidade de ir a falência é bem grande.

Indústrias alimentícias tem grande aceitação no mercado, porque todos tem a

necessidade fisiológica de se alimentar e irão adquirir produtos alimentícios

diversos. Em lugares onde o clima não é totalmente estável ou a população não é

tão grande, as oscilações nas vendas de alguns produtos nos períodos quentes e

frios é notável.

Dessa forma, vê-se a necessidade de se fazer um planejamento e controle da

produção (PCP) em todos os ramos de negócio, principalmente no que diz respeito

às empresas do ramo alimentício, visto que se for produzido uma grande quantidade

de determinado produto e este ficar encalhado no estoque, poderá ter-se a perda

dos mesmos, uma vez que muitos alimentos são perecíveis e as empresas devem

evitar ao máximo o desperdício, pois o mesmo poderá diminuir o seu lucro.

O PCP é de suma importância para a empresa, pois quando utilizado este dá a

empresa suporte no seu processo produtivo, de modo que ela saiba quanto produzir,

quando produzir, pra quem produzir, se será viável ou não fazer estoques e se é

preciso ampliar o portfólio de negócios da empresa para permanecer estabilizado no

mercado e à frente do concorrente.

Este estudo evidencia os tipos de processos existentes na manufatura, o que é o

PCP propriamente dito e quais os seus níveis, fala-se também sobre a técnica do

Just in time, utilizada em muitas empresas para evitar desperdícios, bem como o que

é estoque e como eles são vistos do ponto de vista organizacional. Além disso, são

explanados os tipos de demanda, previsões de demanda, sazonalidade, capacidade

Page 13: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

12

produtiva e estratégias de produção para se obter uma vantagem competitiva. Foi

realizado um estudo de caso na empresa Manoel Bezerra dos Santos ME, fabricante

de sorvetes e picolés.

1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA

Evidenciam-se nos tempos contemporâneos que o mundo vive constantes

mudanças. O consumidor nunca está satisfeito, segundo a lei da Escassez, em

economia: as necessidades humanas são ilimitadas, mas os recursos são limitados.

Diante de um produto alimentício, o sorvete, procura-se identificar como produzir

com qualidade, sem desperdício de matéria-prima e distribuir essa produção de

forma eficiente.

Portanto, essa pesquisa se justiça pela importância que tem o planejamento e

controle dentro de uma organização, visto que o mesmo vai atuar desde o plano

estratégico de negócios ao acompanhamento e controle da produção, indo desde a

aquisição de matéria-prima, controle de estoques, e entrega de valor ao consumidor

final. Dessa forma, contribui para que a empresa tenha uma vantagem competitiva à

frente do concorrente, usando as estratégias corretas.

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Este projeto tem como finalidade verificar a importância do planejamento e controle

da produção dentro da empresa Manoel Bezerra Santos ME, localizada no norte do

Espirito Santo, município de Jaguaré/ES, no ano de 2012, evidenciando as suas

vantagens.

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13

1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Segundo Gil (2002, p. 23):

O novo Dicionário Aurélio indica os seguintes significados de problema:

questão matemática proposta para que se lhe dê a solução;

questão não solvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento;

proposta duvidosa que pode ter numerosas soluções;

qualquer questão que dá margem à hesitação ou perplexidade, por ser difícil de explicar ou resolver;

Levando-se em consideração o fator de sorvete ser um produto sazonal, sendo

consumido em menor quantidade em algumas épocas do ano tem-se o seguinte

problema: Como gerenciar a capacidade produtiva diante da sazonalidade?

1.4 OBJETIVOS

De acordo com Cervo e Bervian (2002) os objetivos podem ter duas naturezas,

intrínsecos e extrínsecos. Podendo ainda ser definidos como gerais ou específicos.

1.4.1 OBJETIVO GERAL

Nos objetivos gerais, segundo Cervo e Bervian, (2002, p. 83) “procura-se determinar

com clareza e objetividade, o proposito do estudante com a realização da pesquisa”.

Assim sendo, o objetivo geral desse estudo é mensurar como o Planejamento e

Controle da Produção é estabelecido, numa empresa cujo produto em determinada

época do ano tem seu consumo reduzido, devido o inverno, visando manter sua

lucratividade.

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14

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Estabelecer objetivos específicos, segundo Cervo e Bervian (2002, p. 83), “significa

aprofundar as intenções expressas nos objetivos gerais”.

Os objetivos específicos desse estudo são:

Identificar se a empresa utiliza a previsão de demanda;

Diagnosticar quais os tipos de processo que a empresa utiliza para produzir e

controlar a produção.

Mensurar se a produção é diferenciada nos períodos de sazonalidade;

Verificar os tipos de estratégias que a empresa possui para garantir um

diferencial competitivo;

Identificar qual a importância do Planejamento e Controle da Produção.

1.5 HIPÓTESE

Para Cervo e Bervian (2002, p. 86) “em termos gerais, a hipótese consiste em supor

conhecida a verdade ou explicação que se busca”.

De acordo com Ferrão (2003) e Gil (2002), a hipótese pressupõe uma suposição ou

explicação efêmera, uma solução possível para o problema. E esta poderá ser

verdadeira ou falsa, visto que é apenas uma proposição para os fatos e não algo

concreto, do qual se tem plena certeza e conhecimento.

Dessa forma a hipóteses, ou a suposição para explicar o gerenciamento da

capacidade produtiva diante da sazonalidade, o método ideal é a utilização da

previsão de demanda, além disso boa definição do(s) tipo(s) de processo(s)

utilizado(s) pela empresa e como se dá o inicio de sua produção, se ela espera um

pedido para começar a produzir ou se ela produz e estoca para depois vender o seu

produto, bem como o estabelecimento e implantação de um plano e controle de

produção diferenciado nos períodos sazonais, onde a venda de sorvetes é reduzida.

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15

1.6 METODOLOGIA

1.6.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Segundo Gil, (2002, p. 41) “é possível classificar as pesquisas em três grandes

grupos: exploratórias, descritivas e explicativas”.

Sobre as pesquisas exploratórias Gil (2002, p. 41) discorre:

Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições.

De acordo com Cervo e Bervian (2002, p. 66) “a pesquisa descritiva observa,

registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”.

Segundo Gil, (2002, p. 42), pesquisas explicativas:

Têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Esse é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas.

Esta pesquisa classificou-se em exploratória e descritiva, pelo fato de que o assunto

foi explorado, através do uso das fontes secundárias, sendo pesquisas em livros,

artigos, internet e instrumentos para coleta de dados e, posterior descrição da forma

que a empresa gerencia a sua capacidade produtiva.

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16

1.6.2 TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS

Existem várias técnicas para coletar os dados. Abordaremos as mais utilizadas.

Segundo Gil, (2002, p. 43):

O elemento mais importante para a identificação de um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados. Assim, podem ser definidos dois grandes grupos de delineamentos: aqueles que se valem das chamadas fontes de “papel” e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. No primeiro grupo, estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo, estão a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento e o estudo de caso.

Gil, (2002, p. 44) diz que “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em

material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.

A pesquisa documental, segundo Ferrão (2003, p. 102): “É a pesquisa que se baseia

na coleta de dados, de documentos escritos ou não, através das fontes primárias,

realizadas em bibliotecas, institutos e centros de pesquisa, museus, acervos

particulares e públicos”.

Estudo de caso, de acordo com Cervo e Bervian (2002, p. 67), “é a pesquisa sobre

um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo do

seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida”.

As técnicas utilizadas neste trabalho são: pesquisa bibliográfica, através de

pesquisas em livros, periódicos e artigos e um estudo de caso, por meio de visita à

empresa.

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17

1.6.3 FONTES PARA COLETA DE DADOS

Segundo Andrade (2001, p. 43) existe dois tipos de fontes: primárias e secundárias.

Fontes primárias são constituídas por obras ou textos originais, material ainda não trabalhado, sobre determinado assunto. [...] As fontes secundárias referem-se a determinadas fontes primárias, isto é, são constituídas pela literatura originada de determinadas fontes primárias e constituem-se em fontes das pesquisas bibliográficas.

Neste trabalho utilizou-se para coleta de dados os dois tipos de fontes. Sendo a

primária por meio de informações obtidas pela empresa, a as fontes secundárias

provenientes de livros e artigos.

1.6.4 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA PESQUISADA

Essa pesquisa foi realizada na empresa Manoel Bezerra Santos ME, com o

proprietário por meio de entrevista, com perguntas abertas de forma a coletar

informações necessárias para o estudo proposto. Como apenas foi entrevistada 01

pessoa, pode-se afirmar que a margem de erro é praticamente nula, pois a amostra

corresponde a 100%.

A pesquisa foi realizada durante o mês de Setembro do ano de 2012 no município

de Jaguaré – ES.

1.6.5 INSTRUMENTOS PARA A COLETA DE DADOS

Para Ferrão (2003, p. 107), a coleta de dados “é uma tarefa que demanda tempo,

paciência, esforço pessoal, disciplina quanto ao tempo e local, treinamento, critério e

atenção no registro da informação”.

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18

Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 45) “os instrumentos de coleta de dados, de

largo uso, são a entrevista, o formulário e o questionário”.

Ferrão (2003, p. 104), diz que “entrevista é o encontro de duas pessoas com o

objetivo de obter informações a respeito de determinado assunto, mediante uma

conversa natural ou programada de forma profissional”.

Para Cervo e Bervian (2002, p. 46), “a entrevista não é simples conversa. É

conversa orientada para um objetivo definido: recolher, por meio do interrogatório do

informante, dados para a pesquisa”.

Segundo Ferrão (2003, p. 106), “Questionário é uma técnica de coleta de dados

através de uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por

escrito, sem a presença do entrevistador”.

Gil (2002, p. 115) diz que formulário é “a técnica de coleta de dados em que o

pesquisador formula questões previamente elaboradas e anota as respostas”.

A entrevista foi o instrumento para coleta de dados utilizada neste estudo, feita com

o proprietário da empresa, com perguntas abertas de modo a possibilitar a coleta de

informações necessária para o desenvolvimento do estudo.

1.6.6 POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Análise e interpretação são palavras que somadas levam a grandes conhecimentos.

Para Gil (1999, p. 168):

A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de forma tal que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos.

Page 20: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

19

Dessa forma, percebe-se que a analise é responsável por verificar os dados, de

modo a perceber se eles trazem respostas ao problema proposto e a interpretação

aprofunda-se no assunto para que se obtenha uma visão holística do que as

respostas propõem.

Segundo Nascimento (2002, p. 134):

Análise e interpretação são duas atividades distintas, mas estreitamente relacionadas. [...] A análise por seu caráter explicativo é a tentativa de estabelecer as relações porventura existentes entre o dado pesquisado com outros fenômenos. Já a interpretação por seu teor intelectivo procura dar significado às respostas encontradas, ou seja, é o momento de fazer o conhecimento avançar.

A análise e a interpretação tem uma ligação importante, pois na análise são

colocados frente a frente os dados obtidos com outros fatos que já tenham sido

registrados, comparações são feitas de modo a verificar e constatar quais as

relações existentes entre as situações. Feito isso, a interpretação vem para que o

aprofundamento do assunto aconteça e o conhecimento se amplie.

Para Andrade (2001) é possível, na elaboração dos dados, selecionar, categorizar e

tabular os dados. A seleção serve para impedir que os dados transmitidos sejam

incoerentes, busca-se comunicar a informação com mais clareza e precisão. Na

categorização, usa-se a codificação para facilitar a tabulação.

Segundo Marconi e Lakatos (2002) a codificação é responsável por classificar os

dados fazer a transformação de dados em símbolos, estes que poderão ser

computados ou dispostos em tabela.

Gil (1999, p. 171) define tabulação, como “o processo de agrupar e contar os casos

que não estão nas várias categorias de análise”.

Já para Andrade (2001, p. 153) “consiste em dispor os dados em tabelas, para maior

facilidade de representação e verificação das relações entre eles”.

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20

Neste estudo fez-se uso de algumas informações da empresa relativas ao que se

buscava conhecer e explicar sobre a forma de como ela produz e gerencia sua

produção, principalmente no que tange aos períodos em que o consumo é

diminuído, em virtude da característica sazonal do produto. Os dados foram

coletados, analisados e interpretados, para melhor compreensão dos mesmos.

1.7 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES DO TRABALHO

Este trabalho divide-se em cinco capítulos, da seguinte forma:

No primeiro capítulo têm-se a introdução, justificativa da escolha do tema,

delimitação e formulação do problema, objetivo geral e objetivos específicos,

hipótese e a metodologia utilizada;

No segundo capítulo é apresentado o fundamento teórico de modo a possibilitar a

relevância da execução do estudo de caso.

No terceiro capítulo os dados coletados são apresentados e posteriormente faz-se a

análise dos dados oriundos da pesquisa.

No quarto capítulo faz-se a conclusão do trabalho e as possíveis recomendações do

que pode ser considerado e colocado em prática futuramente por instituições de

ensino, alunos, professores, empresas e administradores.

Por fim, no quinto capítulo são expostas as referências bibliográficas utilizadas na

desenvoltura deste trabalho.

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21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO

A forma como as empresas produzem bens ou serviços é denominada

administração da produção. É notório que o fato de viver implica em consumo, e

para que se consuma algo, alguém deverá produzir esse algo e a maneira como

esse produto ou serviço chega a um consumidor só é possível pelo fato de haver um

processo produtivo (mesmo que invisível para algumas pessoas).

Segundo Slack, Chambers e Johnston (2008, p. 29), administração da produção:

Trata da maneira pela qual as organizações produzem bens e serviços. Tudo o que você veste, come, senta em cima, usa, lê ou lança na prática de esportes chega a você graças aos gerentes de operações que organizaram sua produção.

Todos os produtos que se adquirem em um supermercado, aulas de qualquer tipo,

tratamentos em consultórios odontológicos ou médicos, serviços almejados em

boutiques, tudo foi produzido ou passa por um processo de produção na hora em

que você recebe o serviço. Apesar de na maioria das vezes as pessoas

responsáveis por essa “produção” não serem chamadas de gerentes de produção

ou operações, elas o são.

Segundo Moreira (1999, p. 3) “a Administração da Produção e Operações é o campo

de estudo dos conceitos e técnicas aplicáveis à tomada de decisões na função de

Produção (empresas industriais) ou Operações (empresas de serviços)”.

É na Administração da Produção que são explanados conceitos relacionados à

produção, incluindo o estudo sobre estoques, capacidade, demanda, bem como é

apresentado a importância da aplicação de algumas técnicas e ferramentas para a

obtenção de um resultado positivo e uma vantagem competitiva na produção de

bens e serviços.

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22

2.2 PRODUÇÃO

É interessante ressaltar que existe sistema produção e função produção. O sistema

consiste em todo o processo produtivo, é uma visão holística do processo, que vai

desde a aquisição de matéria-prima com fornecedores à entrega do produto ou

serviço ao consumidor final e o feedback que esse cliente poderá ou não expor. Já a

função é responsável pela produção propriamente dita, ou seja, a transformação dos

insumos em bens ou serviços.

De acordo com Oliveira (2010, p. 6): “sistema é um conjunto de partes interagentes

e interdependentes que, conjuntamente, formam o todo unitário com determinado

objetivo e efetuam função específica”.

Os sistemas podem ser classificados em fechados ou abertos de acordo com a

permeabilidade e a previsão de suas entradas e saídas (OLIVEIRA, 2000).

a) Sistema aberto: Possui maior intercâmbio com o ambiente que o envolve

externamente, e por isso possui uma grande variedade de entradas e saídas, nem

sempre bem conhecidas.

b) Sistema fechado: Possui pouquíssimas entradas ou saídas em relação ao

ambiente que são limitadas e perfeitamente previsíveis, guardando entre si uma

relação de causa e efeito que pode ser conhecida (OLIVEIRA, 2000).

Os sistemas podem ser abertos ou fechados. Todas as organizações são sistemas

abertos, pois interagem com o meio onde estão inseridas podendo influenciar o meio

onde vivem e também serem influenciadas.

Segundo Moreira (1999, p. 8) “definimos ‘sistema produção’ como o conjunto de

atividades e operações inter-relacionadas envolvidas na produção de bens (caso de

indústrias) ou serviços”.

Page 24: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

23

O sistema produção compreende todas as interações e influencias que a empresa

sofre ou faz no ambiente no qual está inserida, que tem relações com o sistema

produtivo.

Conforme Slack et al. (1997, p. 34), “a função produção é central para a organização

porque produz os bens e serviços que são a razão de sua existência”.

As organizações vivem em constante produção, afinal elas surgiram por essa razão:

oferecer um bem ou serviço ao consumidor de modo a atender suas necessidades

ou criar nele o desejo de ter esse bem ou serviço seja qual for o motivo para essa

aquisição, dessa forma os bens que elas produzem ou os serviços que prestam são

a causa que lhes movem para que atinjam o estágio de maturidade no ciclo de vida

da organização e não venham a perecer ou declinar.

De acordo com Tubino (2000, p. 18) “a função produção consiste em todas as

atividades que diretamente estão relacionadas com a produção de bens ou

serviços”.

Não se diz que há produção somente quando um bem necessariamente passou por

um processo de transformação dentro de determinada organização e em seguida é

exposto para a venda, o atendimento ao cliente feito por um garçom em um

restaurante, por exemplo, também trata-se de um processo produtivo, pois um

serviço está sendo prestado e este deverá ser feito com toda presteza de modo a

atender a necessidade do consumidor.

Quanto à função produção, Slack et. al (1997, p. 33) discorre:

Se a função produção for eficaz, deve usar eficientemente seus recursos e produzir bens e serviços de maneira que satisfaça a seus consumidores. Além disso, ela deve ser criativa, inovadora e vigorosa para introduzir formas novas e melhoradas de produzir bens e serviços. [...] Se a produção puder fazer isso, ela proporcionará à organização os meios de sobrevivência a longo prazo porque dá a ela uma vantagem competitiva sobre seus rivais comerciais.

Page 25: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

24

Características fundamentais para uma organização sobreviver nos dias atuais são:

flexibilidade e inovação. Flexibilidade no que tange às negociações diversas, no que

diz respeito a fornecedores, colaboradores e clientes e, a inovação é fundamental,

uma vez que as necessidades humanas são ilimitadas, sempre é bom ter algo novo

para apresentar ao seu público-alvo e quando se inova, dá-se um passo a frente do

concorrente.

Segundo Slack et al. (1997, p. 33), “a função produção na organização representa a

reunião de recursos destinados à produção de seus bens e serviços. Qualquer

organização possui uma função produção porque produz algum tipo de bem e/ou

serviço”.

Mesmo que há na empresa o departamento responsável pela produção é importante

ressaltar que todos os setores da empresa produzem, e é imprescindível que nas

organizações todos trabalhem em sinergia para que os objetivos traçados sejam

cumpridos, de forma que se obtenha a satisfação dos clientes, bem como

lucratividade para a empresa e seja percebida motivação por parte dos

colaboradores no desempenhar de todas as atividades, para que o sucesso da

empresa seja visto como o seu próprio sucesso.

Dessa forma, espera-se que os departamentos de vendas, de produção, de

marketing, bem como o de recursos humanos estejam em harmonia, trocando

informações relevantes para cada departamento de forma a alçar uma vantagem

competitiva e uma visão holística da empresa, bem como do meio no qual ela está

inserida para que sejam vislumbradas e colocadas em prática novas estratégias que

possibilitarão à empresa uma estabilidade no mercado, que está cada vez mais

acirrado.

2.2.1 TIPOS DE PROCESSOS PRODUTIVOS

Nota-se que na vida, as pessoas tem suas características únicas e exclusivas, da

mesma forma os produtos tem suas peculiaridades, uns requerem mais tempo e

trabalho para serem produzidos e outros são feitos de forma mais rápida. Essa é

Page 26: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

25

uma das razões pelas quais percebe-se a importância de definir tipos de processos

para que as empresas saibam de que forma seu ou seus produtos deverão ser

processados, vez que a função da empresa no que tange à produção é de

transformar entradas em saídas que satisfaçam as necessidades ou desejos

humanos.

Ainda sobre a função produção, Tubino (2000, p.19) diz que ela “transforma insumos

em bens ou serviços por meio de um ou mais processos organizados de conversão.

[...] a essência da função de produção consiste em adicionar valor aos bens ou

serviços durante o processo de transformação”.

Sabe-se que produção não acontece somente em grandes indústrias. A produção

pode ser visualizada em todos os ramos de mercado existentes. Mas a forma de

processamento de um produto é diferente da forma de como acontece uma

prestação de serviços, dai são usadas nomenclaturas diferenciadas para que haja

distinção entre manufatura e prestação de serviços, no que tange a forma de

produção utilizada por cada empresa.

Segundo Slack, Chambers e Johnston (2008, p. 129) “são usados termos diferentes

para identificar tipos de processos nos setores de manufatura e serviços”.

Os tipos de processos produtivos da manufatura segundo Slack, Chambers e

Johnston (2008) compreendem:

Processos de projeto – Segundo Slack et. al (1997, p. 135) “Processos de

projeto são os que lidam com produtos discretos, usualmente bastante

customizados”.

Podem ser exemplos desse tipo de processo, a construção de navios,

construções civis de modo geral, atividades do ramo petrolífero, entre outros.

Esse tipo de processo requer um planejamento de longo prazo, normalmente

é feito sob encomenda e demanda tempo e habilidades especiais para uma

produção eficiente.

Page 27: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

26

Processos de Jobbing – De acordo com Slack et. al (1997, p.136) “em

processos de jobbing cada produto deve compartilhar os recursos de

operação com diversos outros”.

Nos processos de jobbing os produtos dividem os recursos de produção com

vários outros produtos, mas cada um é exclusivo e atende às necessidades

do seu público. São exemplos desse tipo de processo, costureiras que

trabalham sob encomenda, editoras, entre outras.

Processos em lotes ou bateladas – Para Tubino (2000, p. 28):

“caracterizam-se pela produção de um volume médio de bens ou serviços

padronizados em lotes; [...] empregando equipamentos pouco especializados

e mão-de-obra polivalente”.

Esse processo pretende atender as necessidades dos clientes e as

oscilações da demanda e fica entre os processos de massa e de projeto.

Exemplos: alimentos industrializados e fabricação de sapatos.

Processos de produção em massa – Segundo Tubino (2000, p. 28) “são

empregados na produção em grande escala de produtos altamente

padronizados. Normalmente, a demanda pelos produtos são estáveis fazendo

com que seus projetos tenham pouca alteração a curto prazo”.

Esse tipo de processo visa a maior produtividade de determinado bem. A

produção tende a ser uniforme, como por exemplo, as empresas

automobilísticas e de eletrodomésticos.

.

Processos contínuos - De acordo com Chiavenato (2005, p. 22) “o sistema

de produção continua é utilizado por empresas que produzem um

determinado produto por um longo período de tempo e sem modificações”.

Esse tipo de processo é comumente utilizado em organizações cujos

produtos não sofrem modificações a curto prazo e são produzidos durante

muito tempo pela empresa.

Page 28: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

27

Como se observa são vários os tipos de processos, a empresa deverá estudar cada

um deles e fazer uso daquele(s) que se enquadra ao perfil da empresa. Dessa forma

evitará o desperdício de insumos e ainda reduzirá o custo da produção.

2.3 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO (PCP)

Antes que uma empresa efetivamente comece a produzir um bem ou serviço, é

preciso que haja planejamento e controle. E deve-se observar que todas as etapas

deverão ser cumpridas em seu devido momento, evitando falhas e corrigindo-as no

momento de sua detecção, desenvolvendo uma melhoria continua no processo.

De acordo com Tubino (2000, p. 23):

Em um sistema produtivo, ao serem definidas suas metas e estratégias, faz-se necessário formular planos para atingi-las, administrar os recursos humanos e físicos com base nesses planos, direcionar a ação dos recursos humanos sobre os físicos e acompanhar esta ação, permitindo a correção de prováveis desvios. [...] Essas atividades são desenvolvidas pelo Planejamento e Controle da Produção.

As empresas comumente elaboram estratégias para crescerem, atingir maturidade e

permanecerem estáveis no mercado. Na maioria das vezes, não é possível que

todos vislumbrem as estratégias da empresa, mas sim as táticas, que são planos a

curto prazo. É o conjunto dessas táticas que determinarão o sucesso da

organização. Portanto, torna-se imprescindível a formulação de planos que indiquem

como devem ser utilizados todos os recursos disponíveis para a organização, de

forma a garantir a satisfação de todos, desde a alta administração, sócios e

acionistas, nível tático, operacional e principalmente os clientes.

2.3.1 PLANO

Quando diz-se de plano, pensa-se em um caminho a percorrer para que objetivos e

metas sejam alcançadas, de modo que a empresa alcance estabilidade,

posicionamento de mercado e fidelização de clientes.

Page 29: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

28

Segundo Correa, Gianesi e Caon (2001, p. 37):

Planejar é entender como a consideração conjunta da situação presente e da visão de futuro influencia as decisões tomadas no presente para que se atinjam determinados objetivos no futuro. Planejar é projetar um futuro que é diferente do passado, por causas sobre as quais se tem controle.

Nem tudo que é planejado em uma organização ou até mesmo na vida de uma

pessoa é absoluto. O plano pode ser a curto, médio ou longo prazo.

De acordo com Slack et. al (1999, p. 232) “plano é uma formalização de o que se

pretende que aconteça em determinado momento no futuro”.

O plano é uma expectativa de que algo aconteça, nem sempre o que foi planejado

acontece da forma como se era esperado. Assim para que haja maior perspectiva no

que tange à realização de um plano em uma organização, a empresa, ao

estabelecer um plano deve-se estipular metas a serem alcançadas e uma estratégia

a ser seguida. O conjunto de táticas que culminará na estratégia deve ser bem

comunicado a todos quanto fazem parte da organização, de modo que cada um

coopere da melhor forma possível para que no final, a estratégia seja alcançada com

sucesso.

2.3.2 CONTROLE

Todas as ações de uma empresa deverão ser controladas, de modo que eventuais

falhas sejam corrigidas, antes que façam grandes estragos. É importante ressaltar

que para obter uma vantagem competitiva sobre o concorrente, deve ser feito

controle do controle. Tudo deve estar em constante monitoração para evitar erros e

consequentes prejuízos.

Slack et . al (1999) diz que o controle é o processo de lidar com as variações que

podem acontecer entre o que foi planejado e que está sendo executado. Ele será

responsável por fazer os ajustes necessários para que o plano seja bem executado.

Page 30: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

29

Um plano dificilmente será refeito, ele poderá ser reajustado e sofrer de algumas

adaptações. O controle aparece para dar suporte aos gerentes de produção, de

modo a detectar se todas as etapas estão sendo criteriosamente seguidas, o que

pode ser feito para melhorar a estratégia e atingir os objetivos traçados de modo a

garantir que todas as situações estarão sob controle e no final o sucesso será

alcançado.

2.3.3 PLANO E CONTROLE

Todos os processos produtivos requerem planos e controle. Na administração da

produção, o plano e controle são vistos de forma integrada.

“O Planejamento dá as bases para todas as atividades gerenciais futuras ao

estabelecer linhas de ação que devem ser seguidas para satisfazer objetivos

estabelecidos, bem como estipula o momento em que essas ações devem ocorrer”

(MOREIRA, 1999, p. 7).

O plano é o caminho que deve ser seguido pela empresa, e o controle irá verificar se

o plano foi bem implantado e se necessita de melhorias.

Slack et al (1997, p. 322) afirmam que “planejamento e controle é o processo de

conciliar demanda e fornecimento”.

Não dá pra pensar em um sem pensar no outro. Assim que a empresa começa a

trabalhar o seu PCP no plano estratégico, o controle já está ali avaliando e

informando se é necessário fazer algum ajuste ou melhoria e qualquer falha que

possa ser percebida, já será corrigida de imediato. As empresas também devem

estar cientes de que devem fazer o controle de seu controle, dessa forma alçará

uma vantagem competitiva.

Page 31: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

30

2.3.4 NÍVEIS DO PCP

O PCP está presente em todos os níveis hierárquicos da organização: estratégico,

tático e operacional, o que significa que ele participa de todo o processo produtivo.

Arnold (2009, p. 11) diz que: “o planejamento e controle de produção é responsável

pelo planejamento e controle do fluxo de materiais através do processo de

produção”.

Cada nível do PCP deverá ser seguido sem pular a ordem, pois se os níveis forem

seguidos de forma aleatória, problemas e falhas tendem a surgir. É como num

relacionamento, namoro, noivado e casamento, as etapas não devem ser puladas.

2.3.4.1 PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS

Esse é o primeiro nível do Planejamento e Controle da Produção. Vai integrar toda a

organização, de forma que todos saibam quais são as metas e objetivos da mesma.

Segundo Arnold (2009, p. 20):

O plano estratégico de negócios é uma declaração dos principais objetivos e metas que a empresa espera atingir nos próximos dois a dez anos ou mais. É uma declaração do direcionamento amplo da empresa e mostra o tipo de negócio – as linhas de produtos, mercados e assim por diante – Em que a empresa pretende atuar no futuro. O plano indica como a empresa espera atingir esses objetivos. É baseado em previsões a longo prazo e inclui a participação de marketing, finanças, produção e engenharia.

Todos os departamentos deverão estar a par do rumo que a empresa pretende

seguir, para que cada um desempenhe a sua função da melhor forma possível.

Deve haver sinergia, para que todos os objetivos sejam alcançados e a organização

cresça e atinja a maturidade.

Page 32: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

31

2.3.4.2 PLANO DE PRODUÇÃO

Uma vez que os objetivos as metas a serem atingidas são fundamentados no plano

estratégico, esse nível do PCP preocupar-se-á em elaborar um plano de produção e

trabalhará em conjunto com os departamentos da organização, quais sejam:

marketing, financeiro, produção e engenharia.

Arnold (2009, p. 21 e 22) diz que:

A administração da produção envolve-se com:

Quantidade de cada grupo de produtos que deve ser fabricada a cada período.

Níveis de estoque desejados.

Recursos como equipamentos, força de trabalho e materiais necessários a cada período.

Disponibilidade de recursos necessário. [...] O nível de detalhamento não é alto. [...] Os responsáveis pelo planejamento da produção devem elaborar um plano para satisfazer à demanda de mercado dentro dos limites dos recursos disponíveis pela empresa.

A empresa vai trabalhar de forma a conciliar fornecimento e demanda, de modo a

satisfazer as necessidades do cliente. E preocupar-se-á em evidenciar quais os

recursos que serão necessários para a produção e quais já se tem disponíveis para

tal. Nesse plano ainda são estimados a quantidade de cada grupo de produtos que

serão produzidos durante um dia, uma semana, um mês, um trimestre ou semestre.

Bem como se será feito estoques de materiais, se serão adquiridas máquinas para a

produção e se haverá contratação de pessoal.

2.3.4.3 MASTER PRODUCTION SCHEDULE (MPS)

Master Production Schendule é o terceiro nível de produção, sendo de suma

importância para a empresa, pois divide o plano de produção, determinando o plano

para a produção de cada item final individualmente. Pode ser chamado também de

programa-mestre de produção.

Page 33: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

32

O MPS, segundo Arnold (2009, p. 22) “é um plano para fabricação de itens

individuais finais. Divide o plano de produção, visando a mostrar, em cada período,

qual é a quantidade de cada item a ser fabricada”.

Este nível indica qual a quantidade de cada item será fabricada em cada período.

Ainda segundo Arnold (2009, p. 22) “o horizonte de planejamento normalmente

estende-se de três a 18 meses, mas depende principalmente dos lead times de

compras e fabricação”.

Esse planejamento tem um horizonte de planejamento de médio prazo, e é

estipulado de acordo com o tipo de produção e o tempo de entrega das compras e

da fabricação de cada produto.

2.3.4.4 MATERIAL REQUERIMENTS PLAN (MRP)

Material Requeriments Plan é o mesmo que plano de requerimento de materiais.

É definido, de acordo com Arnold (2009, p. 22) como “um plano para a fabricação e

compra de componentes utilizados para a feitura dos itens do MPS. Mostra as

quantidades necessárias e quando a produção pretende utilizá-las”.

Nesse nível serão feitas as requisições de materiais para que os itens do MPS

sejam produzidos, bem como é definido qual a quantidade de insumos necessária

para a execução da produção do período.

Segundo Arnold (2009) o horizonte de planejamento é de igual ao do MPS, ou seja,

de três a 18 meses. Arnold (2009, p. 23) ainda afirma que “O nível de detalhamento

é alto. O MRP estabelece quando os componentes e peças serão necessários para

fabricar cada item final”.

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33

O detalhamento é alto, porque as empresas utilizam um banco de dados que precisa

ser alimentado a cada movimentação de material, dessa forma é possível saber

quando será necessário fazer novas compras para renovar os estoques.

2.3.4.5 ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO

Como já foi dito ao longo deste estudo é importante ressaltar que o controle deve

estar presente em todos os momentos, desde quando o plano estratégico de

negócios é elaborado, passando por todas as etapas da produção, para que a

produção ocorra da melhor forma possível.

Tubino (2001, p. 26) diz que “o Acompanhamento e Controle da Produção, por meio

da coleta e análise de dados, busca garantir que o programa de produção emitido

seja executado a contento”.

Tudo deve ser monitorado e controlado constantemente de forma que os problemas

que eventuais erros que venham a surgir sejam corrigidos e melhorias sejam

aplicadas, no momento em que se percebe a necessidade de tal correção ou

melhoramento.

2.3.5 JIT (JUST IN TIME) NO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO

O Just in time é uma técnica com surgimento no Japão, com o intuito de reduzir os

estoques e diminuir o desperdício.

Segundo Bicheno (apud SLACK et al., 1997, p. 474) “O JIT visa atender à demanda

instantaneamente, com qualidade perfeita e sem desperdício”.

O Just in time tem a filosofia de que a empresa deve ter os recursos disponíveis

para a produção na hora certa, na quantidade certa, no lugar certo, no momento

certo.

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34

Corrêa, Gianesi e Caon dizem que (2001, p. 363):

O sistema de JIT tem como objetivos fundamentais a qualidade e a flexibilidade. A atuação do sistema JIT no atingimento desses dois objetivos dá-se de maneira integrada, ou seja, os objetivos são, também, pressupostos para a implementação do sistema. Os objetivos de qualidade e flexibilidade, quando estabelecidos quanto ao processo produtivo, têm um efeito secundário sobre a eficiência, a velocidade e a confiabilidade do processo.

O Just in time é de suma importância para organização, porque visa a otimização

dos processos, de forma que aja integração de todos da empresa para que todos os

benefícios sejam alcançados.

2.3.6 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO

São vários os aspectos que denotam a importância do PCP nas organizações.

O fito do planejamento e controle, segundo Slack et al. (1997, p. 319) é “garantir que

a produção ocorra eficazmente e produza produtos e serviços como deve”.

O planejamento e controle da produção (PCP) através de seus níveis devem ser

capazes de influenciar no desempenho dos critérios de desempenho. Bem como

funcionar como atividade de apoio no que tange ao auxilio na tomada de algumas

decisões de suma importância para a organização, quais sejam: planejar as

necessidades porvindouras de capacidade produtiva, planejar os materiais que

devem ser adquiridos, planejar os níveis desejados de cada tipo de estoque,

programar as atividades produtivas, gerenciar todos os recursos disponíveis, ser

capaz de atingir resultados.

Moreira (1999, p. 7) explana que “o Controle envolve a avaliação do desempenho

dos empregados, de setores específicos da empresa e dela própria como um bloco,

e a consequente aplicação de medidas corretivas se necessário”.

Page 36: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

35

A partir do momento que o plano começa a ser elaborado, o controle já está sendo

executado, para que quaisquer falhas sejam corrigidas, bem como é importante que

se perceba qual a origem da falha: planejamento, execução, se os funcionários

estão capacitados e tudo mais. Para que as medidas corretivas sejam mais eficazes.

Segundo Correia, Gianesi e Caon (2001, p. 26):

Ser capaz de reagir eficazmente a mudanças é uma função essencial da atividade de controle da produção. [...] Um bom sistema de administração da produção deve ser sensível o suficiente para identificar os desvios da realidade em relação ao plano com a rapidez necessária e com base nisso, se necessário, que seja capaz de rapidamente replanejar o futuro, levando em conta as novas recorrências.

Nem sempre o que se planeja é realmente o que se acontece. Dessa forma,

entende-se que muitas vezes será preciso redefinir alguns planos pelo fato de os

recursos financeiros ou humanos não estarem disponíveis na quantidade adequada,

ou até mesmo pelo fato de não conseguir adquirir todas as matérias primas

necessárias para a produção de determinado bem. Enfim, a organização deve ter

planos de A à Z, ter uma atitude não só proativa, que planeja mais a curto prazo, e

sim interativa, sempre atenta as mudanças e com planejamentos a longo prazo e

sempre realizando gerenciamento de riscos.

Sintetizando, a importância do planejamento e controle, se dá pelo fato de que o

PCP é responsável pela alocação dos recursos no tempo, no lugar e na quantidade

adequadas ou certas, de forma a atingir a efetividade, que é a junção do positivo da

eficiência e eficácia, gerando valor para o cliente e garantindo estabilidade à

organização.

2.4 CAPACIDADE PRODUTIVA

Capacidade é a quantidade de produtos que podem ser feitos em um período.

Segundo Arnold (2009, p. 125) “capacidade é o volume de trabalho que pode ser

feito num período especifico de tempo”.

Page 37: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

36

Nem sempre a capacidade da empresa é atingida. Às vezes, ela tem a capacidade

de fazer 200 bicicletas durante uma semana se trabalhar pela manha e a tarde, mas

por trabalhar só no turno vespertino em determinada semana, essa produção será

reduzida, pois a capacidade produtiva vai variar de acordo com o tempo

especificado.

2.4.1 GERENCIAMENTO DA CAPACIDADE PRODUTIVA

O gerenciamento da capacidade produtiva deve ser feito para que o fornecimento

corresponda ao que está sendo demandado pelos clientes.

De acordo com Slack et al. (1997) muitos tipos de operações lidam com demanda

sazonal, as causas da sazonalidade podem ser climáticas, festas, comportamentais,

politicas, financeiras e sociais. Dessa forma é importante que a empresa faça a

medição de sua capacidade.

É bem difícil que uma empresa consiga utilizar toda a sua capacidade disponível.

Dessa forma, torna-se necessário verificar qual a capacidade da empresa, qual a

capacidade que está sendo utilizada e qual a produção estimada.

“Planejamento e controle de capacidade é a tarefa de determinar a capacidade

efetiva da operação produtiva, de forma que ela possa responder à demanda”

(SLACK et al., 1997, p. 347).

É inviável para uma empresa produzir menos do que lhe é demandado. Por

exemplo, se uma empresa de confecção trabalha mediante pedidos, a mesma deve

estar preparada para suprir a necessidade de seus clientes para que eles se sintam

satisfeitos. Dessa forma entende-se que para a produção ser efetiva é preciso

produzir uma quantidade igual ou superior a que foi demandada. Utilizando-se dos

recursos e meios que lhe for possível para garantir o suprimento da demanda.

Page 38: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

37

Esse gerenciamento envolve todo o PCP, pelo fato de que precisa-se de

fornecedores de confiança, o que implica em fazer parte de uma cadeia de

suprimentos eficaz, para que a produção não precise parar e o que foi planejado

seja feito sem muitas turbulências.

2.5 ESTOQUES

Estoque é aquilo que se guarda por um período de tempo, para ser usado,

posteriormente.

Segundo Russomano (2000, p. 153), "estoque é qualquer quantidade de material

que seja armazenada, para uso futuro, por algum intervalo de tempo".

Dependendo da empresa e do ramo de negocio escolhido por ela seu estoque

poderá ser amplo ou curto. Poderá ser maior em alguns períodos ou se manter

estável durante todo o ano. É importante ressaltar que nenhuma organização

manterá estoque por status ou pra melhorar sua imagem e posicionamento no

mercado. Mantêm-se estoques com o intuito de usar futuramente aquilo que foi

armazenado.

Para Slack et. al (1997, p. 380):

Os gerentes de produção usualmente têm uma atitude ambivalente em relação a estoques. Por um lado, eles são custosos e algumas vezes empatam considerável quantidade de capital. [...] Por outro lado, proporcionam alguma segurança em um ambiente complexo e incerto. Sabendo disso, mantêm-se itens em estoque, para o caso de consumidores ou programas de produção os demandarem; são uma garantia reconfortante contra o inesperado.

Os estoques são responsáveis por grande parte do dinheiro investido nas

organizações (cerca de 80%), sendo considerados custosos para alguns. Corre-se o

risco de perder o que está no estoque, pelo fato de a maioria dos produtos terem um

prazo de validade, por exemplo. Bem como, alguns produtos ou item podem se

tornar arcaicos, ultrapassados e não mais necessários na produção ou para o

consumidor final.

Page 39: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

38

Arnold (1999, p. 281) diz que "de um ponto de vista financeiro, o estoque é um ativo

e representa um dinheiro preso, que não pode ser utilizado para outros propósitos".

Ao mesmo tempo em que o estoque é como “um dinheiro preso”; ele denota uma

segurança para as organizações, diante das incertezas de demanda e imprevistos

com fornecedores que venham a ocorrer.

Slack et. al (1997, p. 383):

Não importa o que está sendo armazenado como estoque, ou onde ele está posicionado na operação; ele existirá porque existe uma diferença de ritmo ou de taxa entre fornecimento e demanda. Se o fornecimento de qualquer item ocorresse exatamente quando fosse demandado, o item nunca seria estocado.

As empresas devem ter pelo menos um estoque de segurança para dar vasão a sua

produção e garantir que as necessidades dos clientes estão sendo sanadas. Dessa

forma, entende-se que o estoque tem sua importância dentro do contexto das

operações desenvolvidas pela empresa, para que a mesma tenha um bom

andamento.

Nem sempre tudo o que é produzido será vendido. Nos tempos da Revolução

Industrial, na Inglaterra, tudo que se produzia chamava a atenção das pessoas,

todos queriam adquirir o carro preto da Ford ou qualquer outra coisa que fosse

colocada no mercado. Nos dias atuais, as pessoas compram um carro e quando

veem um novo modelo já querem possuir o lançamento. Celulares, computadores e

outros também são exemplos típicos da era da tecnologia. Dessa forma, as

empresas querendo ou não acabam mantendo estoques.

2.6 PREVISÃO DE DEMANDA

As incertezas de quando se deve produzir e se, essa produção será vendida ou não

surgem sempre nas organizações. Daí surge a necessidade de fazer previsões,

estimativas com base no que já foi produzido e vendido nos períodos anteriores.

Page 40: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

39

De acordo com Martins e Laugeni (2001, p.173) previsão é um:

Processo metodológico para a determinação de dados futuros baseado em modelos estatísticos, matemáticos ou econométricos ou ainda em modelos subjetivos apoiados em uma metodologia de trabalho clara e previamente definida.

A previsão vai determinar qual a quantidade de determinado produto deverá ser

produzido na próxima semana, mês, trimestre ou ano, com base em dados

estatísticos e cálculos diversos a partir de dados da (s) produção (ões) anteriores.

De acordo com Tubino (2000, p.63), “a previsão de demanda é a base para o

planejamento estratégico da produção, vendas e finanças de qualquer empresa”.

Essa previsão é a base para que se de início as atividades dos níveis do PCP. É

difícil para qualquer organização produzir, vender e garantir os recursos necessários

para o seu processo produtivo sem que antes seja feita uma previsão de demanda.

2.6.1 DEMANDA

O total de itens ou serviço que será adquirido por consumidores em determinado

período num mercado, por um preço determinado, é considerado uma demanda.

Segundo o Wikipédia (2012) “demanda, procura, ou "demandada" é a quantidade de

um bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir por um preço definido em

um dado mercado, durante uma unidade de tempo”.

As empresas produzem e as pessoas compram e consomem os produtos que estão

disponíveis no mercado. Normalmente as pessoas fazem pesquisa de preços, para

que adquiram o produto que querem, com boa qualidade e por um preço justo. Essa

procura e a entrega do bem ou serviço ao cliente consiste em satisfazer a demanda,

ou seja, a procura que se evidencia pelo desejo ou necessidade de fazer a aquisição

de um bem ou serviço.

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40

Há dois tipos de demanda segundo Arnold (2009): Demanda dependente e

demanda independente.

A demanda dependente é Segundo Slack (1999, p. 235): “a demanda que é

relativamente previsível devido a sua dependência em alguns fatores conhecidos”.

A demanda de pneus na produção de um carro é uma demanda dependente, pois

para cada automóvel são necessários 5 pneus.

Segundo Arnold (2009, p. 76): “a demanda independente não é relacionada à

demanda de qualquer outro produto”.

Uma empresa que concerta geladeiras pode ser considerada como tendo uma

demanda independente, pois não há nenhum fator que determinara quantas

geladeiras irão apresentar problemas em determinado mês.

2.6.2 TIPOS DE PREVISÃO DE DEMANDA

Algumas empresas produzem para estoque, as cervejarias são exemplo dessa

produção. Mas, a maioria das empresas precisam de uma estimativa de quanto

devem produzir, para que iniciem a produção. Daí vem à necessidade de fazer

previsão da demanda.

Arnold (1999, p. 229) “a maioria das empresas não pode esperar que os pedidos

sejam realmente recebidos antes de começarem a planejar o que produzir”.

Se a empresa for esperar receber um pedido para começar sua produção, ela

perderá tempo, talvez tenha que manter um nível de estoque elevado e ter mão-de-

obra ociosa. Para que isso não ocorra é importante que a mesma faça uma previsão

de demanda, para que assim tenha uma estimativa de quanto deverá produzir. Logo,

iniciar seu processo produtivo.

Page 42: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

41

Segundo Tubino (2000, p. 64) “a previsão de demanda é a principal informação

empregada pelo PCP na elaboração de suas atividades, e afeta de forma direta o

desempenho esperado de suas funções de planejamento e controle do sistema

produtivo”.

A previsão de demanda consiste em fornecer informações imprescindíveis para que

o PCP tenha um bom desempenho, uma vez que ele está em todo o ciclo produtivo

e a previsão é a base para que os planos de produção sejam elaborados e

colocados em pratica de forma eficaz.

“Afinal, sem uma estimativa da demanda futura não é possível planejar efetivamente

para futuros eventos, somente reagir a eles” (SLACK, 1997, p.349).

Para que a empresa não seja reativa, é preciso que ela faça uma previsão de sua

demanda futura.

As técnicas de previsões baseadas em séries temporais segundo Tubino (2000) se

dividem em: técnicas para a previsão da média, técnicas para a previsão da

tendência e técnicas para a previsão da sazonalidade.

2.6.2.1 TÉCNICAS PARA PREVISÃO DA MÉDIA

De acordo com Tubino (2000, p. 70) “as técnicas de previsão da média procuram

privilegiar os dados mais recentes da série histórica, que normalmente representam

melhor a situação atual”.

Essa técnica vai explorar os dados mais atuais da demanda passada, pois os

mesmos estarão mais próximos da real situação da empresa.

Page 43: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

42

2.6.2.1.1 MÉDIA MÓVEL

Essa técnica permite que se obtenha uma média para ter-se uma base de quanto a

empresa deverá produzir no próximo período.

Segundo Moreira (1999, p. 337): “a previsão para o período t, imediatamente futuro,

é obtida tomando-se a média aritmética dos n valores reais da demanda

imediatamente passados”.

É a forma mais simples para se fazer a previsão de demanda, pois soma-se os

valores de um número determinado de períodos anteriores e divide pelo número de

períodos que foi usado.

Dessa forma, suponha-se que em uma previsão de demanda utilizando-se dos três

períodos anteriores. Sabe-se que em março a demanda foi 400 unidades, em abril

500 e em maio, 360 unidades. Qual seria a previsão de demanda para junho? É

simples soma-se 400+500+360 e divide-se por 3, que é o número de períodos. A

previsão de demanda nesse caso seria, 420 unidades.

2.6.2.1.2 MÉDIA EXPONENCIAL MÓVEL

A média exponencial média é um pouco mais complexa que a média móvel.

De acordo com Martins e Laugeni (2001) “a previsão é computada com base na

previsão feita no período anterior, somada ou diminuída de um grau, que irá

multiplicar o consumo que de fato ocorre e a previsão no período”.

A complexidade se dá porque é preciso que antes tenha sido feito uma previsão e

utiliza-se de um coeficiente que vai multiplicar o consumo real e a previsão do

período.

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43

Segundo Tubino (2000, p.72):

O coeficiente de ponderação α é fixado pelo analista dentro de uma faixa que varia de 0 a 1. Quanto maior seu valor, mais rapidamente o modelo de previsão reagirá a uma variação real da demanda. Se o valor do coeficiente for alto, as precisões ficarão muito sujeitas às variações aleatórias de demanda. Se ao contrário, o valor do coeficiente α for muito pequeno, as previsões poderão ficar defasadas da demanda real.

Deve-se ter atenção quanto ao coeficiente de ponderação, o mesmo é definido por

um analista e poderá ter variações se for muito alto ou muito pequeno, deve estar

tentar manter um equilíbrio para que a previsão se aproxime ao máximo da situação

real da empresa. Por não ser uma técnica tão simples, grande parte das empresas

fazem essa média exponencial móvel em sistemas computadorizados e os sistemas

buscam fazer simulações no modelo para que seja reduzido o erro de previsão.

2.6.2.2 TÉCNICA PARA PREVISÃO DA TENDÊNCIA

As técnicas utilizadas para previsão da tendência segundo Tubino (2000) são

equação linear para a tendência e ajustamento exponencial para a tendência.

2.6.2.2.1 EQUAÇÃO LINEAR PARA A TENDÊNCIA

Uma das técnicas para previsão de tendência mais utilizada é a equação linear para

tendência.

Segundo Tubino (2000, p. 74) uma equação linear possui o seguinte formato:

Y= α + βX

Nesse tipo de previsão de demanda, monta-se um tabela para facilitar a visualização

dos dados. Depois que são encontrados os coeficientes α e β, volta-se a fórmula da

equação inicial e faz-se a substituição para saber qual será a previsão de produção

para o próximo período. Dessa forma, percebe-se que os dados são obtidos com

base nas produções anteriores e os coeficientes também partem desses dados.

Page 45: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO.pdf

44

2.6.2.3 TÉCNICAS PARA PREVISÃO DA SAZONALIDADE

Pelo fato de muitas empresas sofrerem de sazonalidade, em virtude de não ter

matéria-prima durante todo o ano, ou mesmo por causa do clima e do tipo de bem

que é ofertado, é importante que se faça a previsão da sazonalidade.

O índice sazonal, de acordo com Arnold (2009, p. 228), “trata-se de uma estimativa

de quanto a demanda, durante um determinado período, será maior ou menor que a

demanda média do produto”. A fórmula do índice segundo Arnold (2009)

compreende:

Índice sazonal= demanda média para o período / demanda média para todos os

períodos

O período pode ser dado em dias, semanas, meses ou trimestres, de acordo com o

tipo de sazonalidade do produto. Este índice vai auxiliar a empresa no seu

planejamento e controle da produção, uma vez que a previsão de demanda sofrerá

menos oscilações, sendo mais próxima da situação real da empresa. Dessa forma, a

empresa não terá prejuízos relativos à grande produção e pouca procura (demanda).

2.7 SAZONALIDADE

Nos dias atuais evidencia-se que as mudanças são constantes. É difícil para a

empresa saber quanto deverá produzir e nem sempre se sabe se toda produção

será vendida. Muitas vezes essa incerteza se dá por causa da sazonalidade.

Para Slack et al. (1997, p. 46):

O ambiente turbulento em que a maioria das organizações faz negócios significa que a função produção está tendo que se ajustar continuamente às circunstâncias mutantes. A produção é vulnerável às incertezas ‘ambientais’ em termos de oferta e demanda.

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45

As empresas precisam se adequar rapidamente as mudanças que surgirem, para

não ficarem obsoletas e declinarem no mercado. A produção também deve ser

considerada quando a empresa é afetada por mudanças, no intuito de conciliar

fornecimento e demanda.

Segundo Moreira (1999, p. 368), "estocar produtos em fases de demanda baixa para

usá-los no atendimento da demanda em fases de alta é um recurso extremamente

comum em empresas industriais".

Algumas empresas escolhem estocar seus produtos quando a demanda está

pequena e utilizam posteriormente quando a demanda é grande, é um recurso

corriqueiro em empresas industriais.

Ainda conforme Slack et al. (1997, p. 350), em muitas organizações, “o

planejamento e controle de capacidade está preocupado em lidar com flutuações

sazonais da demanda”.

O PCP preocupa-se com tudo que está relacionado com o processo produtivo, as

oscilações decorrentes da sazonalidade da demanda requerem um cuidado especial

por parte do PCP e isto é evidenciado quando é feito a previsão da demanda e a

alocação de recursos para a produção dos bens ou serviços.

2.8 ESTRATÉGIA E VANTAGEM COMPETITIVA

2.8.1 ESTRATÉGIA

Estratégia é um caminho ou um plano que a empresa traça para atingir seus

objetivos.

Estratégia, de acordo com Slack (1999, p.74), “é o padrão global de decisões e

ações que posicionam a organização em seu ambiente e têm o objetivo de fazê-la

atingir seus objetivos de longo prazo”.

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46

Para que a estratégia seja alcançada no seu tudo são utilizadas diversas táticas a

curto prazo, visto que a estratégia é para alcance a longo prazo, nem sempre será

perceptível a estratégia que a empresa delineou. A empresa pode ter diversas

estratégias, ou diversos meios para atingir os seus objetivos a longo prazo.

2.8.1.1 ESTRATÉGIA CORPORATIVA

Para que uma empresa tenha sucesso, primeiramente deve focar em algo e

estabelecer estratégias.

Segundo Tubino (2000, p. 36):

A estratégia corporativa define as áreas de negócios em que a empresa deverá atuar, e como ela deverá adquirir e priorizar os recursos corporativos para atender às reivindicações de cada unidade de negócios. Dessa forma, é a estratégia corporativa que faz com que os diversos negócios da empresa tenham um sentido comum, e obtenham resultados superiores à mera soma dos resultados individuais.

A estratégia corporativa será responsável por definir qual ou quais serão o(s)

objeto(s) da empresa, dessa forma irá maximizar a utilização dos recursos para

atingir um resultado sinérgico em todos os âmbitos da corporação.

2.8.1.2 ESTRATÉGIA COMPETITIVA

Manter-se no mercado não é fácil, daí a necessidade de se estabelecer estratégias

competitivas.

De acordo com Tubino (2000, p.37), estratégia competitiva:

Propõem a base na qual os diferentes negócios da empresa irão competir no mercado, suas metas de desempenho, e as estratégias que serão formuladas para as várias áreas funcionais do negócio, para suportar a competição e buscar tais metas. Pode-se dizer que uma estratégia competitiva, em dado instante, é a escolha de determinada posição competitiva.

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47

A empresa deverá definir quais serão os seus objetivos de desempenho e trabalhar

neles de forma a garantir um diferencial com relação aos seus concorrentes. Desse

modo, para melhor garantia de sucesso é primordial que a empresa decida em qual

posição deseja atuar no mercado e atingir um bom posicionamento da marca ou da

empresa (ou atingir o target da mente do cliente).

2.8.1.3 ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO

A estratégia de produção da empresa será definida no nível estratégico e

posteriormente será passada de forma clara e objetiva para os níveis tático e

operacional, de forma que os mesmos saibam onde a empresa quer chegar e

trabalhem em prol desse objetivo.

Tubino (2000, p.38) diz que:

Uma estratégia produtiva consiste na definição de um conjunto de políticas, no âmbito da função de produção, que dá sustento à posição competitiva da unidade de negócio da empresa. A estratégia produtiva deve especificar como a produção suportará uma vantagem competitiva, e como complementará e apoiará as demais estratégias funcionais.

A definição de uma estratégia produtiva baseia-se em dois pontos chaves: as prioridades relativas de critérios de desempenho, e a política para as diferentes áreas de decisões da produção. Logo, uma estratégia de produção consiste em estabelecer o grau de importância relativa entre critérios de desempenho, e formular políticas consistentes com esta priorização para as diversas áreas de decisão.

A estratégia vai definir as politicas da empresa e os objetivos gerais, no que tange

ao processo produtivo. Essa definição terá por base os objetivos de desempenho,

que compreendem: custo, rapidez (ou desempenho de entrega), flexibilidade,

inovação e qualidade.

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48

Segundo Tubino (2000, p. 39 e 40):

O objetivo da estratégia de produção é fornecer à empresa um conjunto de características produtivas que dêem suporte à obtenção de vantagens competitivas a longo prazo. O ponto de partida para isto consiste em estabelecer quais critérios, ou parâmetros, de desempenho são relevantes para a empresa e que prioridades relativas devem ser dadas a ele. Esses critérios deverão refletir as necessidades dos clientes que se buscam atingir para um determinado produto de maneira a mantê-los fiéis a empresa.

A estratégia vai ajudar a empresa a se destacar no mercado, obtendo vantagens

competitivas, atendendo as necessidades dos clientes e ficando à frente do

concorrente.

Segundo Tubino (2000) os critérios de desempenho evidenciados no sistema de

produção são: custo, qualidade, desempenho de entregas e flexibilidade.

TABELA 1: DESCRIÇÃO DOS CRITÉRIOS DE DESEMPENHO.

Critérios Descrição

Custo Produzir bens/serviços a custo mais baixo do que a concorrência

Qualidade Produzir bens/serviços com desempenho de qualidade melhor que a concorrência

Desempenho de entrega Ter confiabilidade e velocidade nos prazos de entrega dos bens/serviços melhores que a concorrência

Flexibilidade Ser capaz de reagir de forma rápida a eventos repentinos e inesperados.

Tabela 1: DESCRIÇÃO DOS CRITÉRIOS DE DESEMPENHO Fonte: Adaptado de Tubino (2000)

A empresa deverá buscar fazer o seu melhor, de modo que ofereça ao seu

consumidor final um produto com bom preço, boa qualidade, proporcionando uma

rapidez na entrega e ainda ser capaz de adaptar-se às mudanças de forma rápida e

flexível.

Segundo Slack et. al (1997, p. 56) :

Incluímos nos objetivos de desempenho de produção a qualidade dos bens e serviços, a velocidade em que eles são entregues aos consumidores, a confiabilidade das promessas de entrega, a flexibilidade para mudar o que é produzido e o custo da produção.

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49

De acordo com Tubino (2000) além dos critérios supramencionados, a inovação e a

preservação ambiental também podem ser consideradas critérios de desempenho.

Inovação compreende à competência da empresa para inserir de forma veloz novos

produtos ou serviços no seu processo produtivo, e a preservação ambiental consiste

em não agredir o meio ambiente e ter ações de âmbito sócio ambientais.

O consumidor está cada vez mais exigente, suas necessidades são ilimitadas.

Portanto é vital que as empresas sempre tenham algo novo a oferecer. No que

tange a preocupação com o meio ambiente, existem informações disponíveis para

os consumidores saberem quais empresas se preocupam com o meio ambiente e

investem na preservação e conservação do bem de todos e, atualmente os clientes

preferem pagar um pouco mais em um produto de fonte renovável ou que

desenvolve alguma ação no âmbito socioambiental do que adquirir de quem só polui

e destrói o meio em que se vive.

Pode-se considerar a estratégia de produção, segundo Tubino (2000, p. 41), “como

um conjunto coeso de políticas nas diversas áreas de decisão relativas ao sistema

de produção que sustentem essa posição competitiva”.

As áreas de decisão segundo Tubino (2000) podem ser: instalações, capacidade de

produção, tecnologia, integração vertical, organização, recursos humanos,

qualidade, planejamento e controle da produção e novos produtos.

As áreas de decisão são importantes para um bom desempenho de todo o sistema

de produção, através das áreas de decisão a empresa caminha. As políticas

definidas para cada campo do sistema de produção norteiam o desenvolvimento do

mesmo.

Dessa forma, deve-se atentar ao fato de que a formulação e a forma como uma

estratégia de produção é colocada em prática, devem dar sentido e nexo ao

conjunto das decisões para que se o obtenha vantagem competitiva.

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50

2.8.2 VANTAGEM COMPETITIVA

Não é possível agradar a todos os públicos de uma só vez e com um só produto.

Segundo Porter (1989, p. 10), “ser ‘tudo para todos’ é uma receita para a

mediocridade estratégica e para um desempenho abaixo da média, pois

normalmente significa que uma empresa não tem absolutamente qualquer vantagem

competitiva”.

As empresas que não segmentam seu mercado, não definem o seu público alvo,

tem grande possibilidade de ficar para traz, pois dessa forma podem estar tomando

uma postura de resistência a inovações e mudanças gerais, pecam ainda por não

estudar e conhecer o comportamento do cliente, de modo que acabam por não

saber o que o cliente realmente espera da empresa, visto que não o conhecem.

Cada risco tem suas consequências, que só serão sentidas se estes forem corridos.

Arriscar é sempre arriscado, e deixar de arriscar pode ser ainda pior. O simples fato

de não se posicionar no mercado já é um risco, pois a empresa tornar-se-á

vulnerável ao declínio. Não é possível agradar a todos, mas pode-se trabalhar com

diversos segmentos ou nichos de mercado, de forma a abraçar muitos, de forma

peculiar atendendo às necessidades que lhes são prioridades.

Segundo Porter (1986, p. 61): “a estratégia competitiva envolve o posicionamento de

um negócio de modo a maximizar o valor das características que o distinguem dos

seus concorrentes”.

As empresas devem fazer uma analise dentro da própria empresa de forma que

sejam diagnosticadas as suas forças, fraquezas, ameaças e oportunidades. Após

diagnosticar as forças que afetam a concorrência a empresa pode buscar se

posicionar-se no mercado, utilizar as forças e oportunidades que tem para que

possa aumentar o número de clientes, explorando a mudança e estratégia de

diversificação.

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51

De acordo com Martins e Laugeni (2001, p. 9) “ser competitivo é ter condições de

concorrer com um ou mais fabricantes e/ou fornecedores de um produto/serviço em

um determinado mercado”.

Ser competitivo é ter capacidade de inovar, se adaptar as mudanças de forma que

seja possível concorrer com uma ou mais empresas em dado mercado. Essa

competitividade não surge da noite para o dia é preciso ter estratégias e saber

utilizá-las no momento certo. Dessa forma, a empresa conseguirá atingir a

maturidade e o mais importante, se manter estável.

A empresa que está em conexão com os ambientes internos e externos, fazendo

analises de ambiente e de mercado e faz uso do Planejamento e Controle da

Produção, estabelece um bom planejamento estratégico, com metas claras,

objetivas e genéricas, está sem sombra de dúvidas a frente daquelas organizações

que são reativas, agem só ao que acontece sem um plano prévio. A bola da vez está

em ser interativo, pois no meio em que se vive não há como uma empresa ficar

inerte, sem influenciar ou ser influenciada. O objetivo de todas as empresas ou

sociedades é obter lucro, como obter lucro se o mercado está cada vez mais

acirrado? Talvez a resposta e a forma de se obter o tão esperado resultado é tão

simples que muitos não conseguem enxergar, qual seja a utilização das ferramentas

disponíveis que requerem um bom planejamento e controle.

Enfim, o Planejamento e Controle da Produção é de suma importância para todas as

organizações, pois há constante produção em todos setores, quer seja de bens ou

serviços. Há produção, e esta deve ser bem aproveitada para que se atinja o que foi

definido pela organização com efetividade. Para que tal procedimento seja efetivo, é

interessante utilizar-se do JIT, trabalhar sem desperdícios, com os recursos certos,

no momento certo e no local certo.

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52

3 ESTUDO DE CASO

3.1 EMPRESA OBJETO DE ESTUDO DE PESQUISA – MANUEL BEZERRA DOS

SANTOS ME

A empresa Manoel Bezerra dos Santos ME, inscrita sob o CNPJ 02853231/0001-73,

fundada em 01/07/2001, está instalada à Rua da Japira, nº 343, Bairro SEAC,

Jaguaré-ES, CEP: 29950-000. Cujo proprietário é o Sr. Manoel Bezerra dos Santos

ME, possui um quadro de 9 (nove) funcionários e, aproximadamente 90 (noventa)

clientes diretos espalhados em municípios capixabas.

Baseado em uma análise informal de mercado observou-se que o ramo de

sorveteria era escasso no município e que a única empresa existente obtinha

clientes, porém não aproveitava todas as oportunidades. Diante dessa situação

pôde-se observar uma ótima chance de negócio, pois além do clima da região ser

favorável a comercialização do sorvete, havia pouca concorrência. Decidiu-se então

investir no ramo, procurando ajuda especializada para qualificação profissional e

consequente melhoria do processo produtivo.

Após alguns anos de processos de investimento, estabilidade financeira e mercado

promissor, observou-se que havia uma necessidade de distribuição do produto

acabado (sorvete pronto) em toda região. Aproveitando este fato, que tornaria

possível um aumento da produção, foi construída uma fábrica de sorvete, migrando

do setor terciário (prestação de serviços) para o setor secundário (produção e

industrialização), sendo o foco a produção e distribuição de sorvete e picolé.

Inicialmente sua produção era destinada apenas ao consumidor final do município

de Jaguaré, atualmente, é voltada ao fornecimento de seus produtos a outras

sorveterias do estado chegando a atender 10 municípios (Jaguaré, São Mateus,

Pedro Canário, Linhares, Aracruz, João Neiva, Ibiraçu, Conceição da Barra,

Sooretama, Serra e Vila Valério).

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53

Além disso, ainda possui um ponto comercial em Jaguaré tornando seu produto

acessível também aos consumidores locais de todas as classes econômicas e faixas

etárias.

A empresa ainda não possui projetos sociais. Seus projetos e estratégias futuras

compreendem: lançamento de produtos light e diet, implementação de um sistema

para melhor gerenciamento da produção, introdução de polpa de fruta natural,

reformulação de Marketing e imagem da empresa, além de elaboração de projetos

sociais no intuito de contribuir com o desenvolvimento da sociedade onde a empresa

está inserida.

3.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Neste tópico serão apresentados os dados que foram coletados em uma entrevista

realizada com o proprietário da empresa Manuel Bezerra dos Santos ME. O fito da

pesquisa foi verificar se o PCP é utilizado como uma ferramenta importante nessa

empresa.

3.2.1 ENTREVISTA COM O PROPRIETÁRIO DA EMPRESA

1) A empresa utiliza o Planejamento e Controle da Produção? Se sim, qual a

importância do mesmo para a organização?

“Sim, Importância total, se eu não controlar eu não sei o que vendo e não sei o que

tem”.

2) Como se dá o início do processo produtivo? A empresa produz para

estoque e depois vende sua produção ou a empresa só produz mediante

pedido?

“De acordo com a previsão de demanda, a empresa produz, estoca por um período

não muito longo, e depois efetua suas vendas”.

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54

3) A empresa faz previsão de demanda? De que forma?

Faz previsão de demanda, devido a sazonalidade. No inverno, nós temos previsão de uma demanda de venda bem menor do que se compara ao verão. No inverno, agente produz menos, porque sabe-se que vai vender em torno de 40% a menos do que vendemos no verão. Quando se aproxima do verão nós então calculamos o que vendemos no ano anterior e adicionamos um percentual que agente vê em previsão de tempo e o percentual que agente tem que ter em previsão de crescimento ou investimento podemos colocar.

4) Sabe-se que o sorvete é um produto sazonal, as vendas não são iguais

durante todos os períodos do ano. Nesse sentido, a produção se difere nos

períodos de sazonalidade? Como funciona?

Se difere sim, no período de maior venda, que é o verão, nós trabalhamos com equipe completa e ainda contratamos pessoas pra completar de acordo com a demanda de produção. No inverno, volta-se ao corpo de funcionários que temos e adicionamos as férias dos funcionários pra que não tenha que despedir ninguém que é funcionário nosso. Até porque nos temos investimento na qualidade do produto, em termos de receita, e nós não queremos perder funcionários.

5) Qual é o tipo de processo produtivo que a empresa utiliza (por projetos,

jobbing, em lotes ou produção em massa)?

“Produzimos por lote, uma vez que os sorvetes e picolés são de diferentes sabores,

sendo produzidos em escalas”.

6) Como é feito o gerenciamento da capacidade produtiva, de forma a

maximizar a produção?

Se temos a necessidade de produzir o máximo possível, nós temos que fazer o aproveitamento de nossas horas de trabalho. Produz por uma escala de cada produto, um lote de cada produto a uma quantidade maior, ou seja, se nós temos que render nossa produção, nós passamos um dia produzindo só um único produto, que não precisamos de regular a máquina mais do que uma vez, nós não precisamos trocar a escala de maquinário pra embalar, pra produzir, seguimos uma única escala. Quando há sazonalidade e agente precisa produzir menos, então agente num dia produz vários produtos diferentes, numa quantidade menor. Aí a produção acaba sendo menor.

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55

7) A empresa possui estoque? Em quais situações?

“Possui estoque razoável para manter a produção e atender aos clientes”.

8) A empresa possui estratégias que garantem um diferencial competitivo?

“Possui, por isso nós estamos no mercado há 11 anos”.

9) Como é feito o planejamento e controle da produção? Todos os níveis do

PCP são seguidos criteriosamente?

De acordo com a nossa simples administração são seguidos sim, precisamos aprofundar ainda mais. A empresa possui um planejamento estratégico, se preocupa em elaborar um plano de produção, bem como um plano mestre de produção e faz-se um controle de compras de matéria-prima para a produção. E todo o processo tem um acompanhamento de modo a evitar e corrigir eventuais falhas.

3.3 ANÁLISE DOS DADOS

Uma vez coletados e interpretados os dados, faz-se necessário sua análise de modo

a verificar o que ficou subtendido em todo o contexto já exposto e quais as relações

coexistentes entre o fundamento teórico e a prática da organização objeto de estudo

do presente trabalho.

O entrevistado evidenciou na questão 1 que o PCP é de importância total, subtende-

se que se tudo é feito aleatoriamente, sem um plano e posterior acompanhamento e

controle da produção, fica difícil de se saber onde e como a empresa chegará a

algum lugar. Se não há controle na produção, não se sabe quanto se produziu, bem

como se haverá necessidade de alocação de algum material para a produção, e

ainda diagnosticar ocorrências de erros no processo produtivo a serem sanados.

Percebe-se que ao ser abordado na questão 1 sobre qual a importância do

Planejamento e Controle da Produção para a organização, o entrevistado confirmou

a ideia sobre o fito do planejamento e controle segundo Slack et al. (1997, p. 319)

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56

que é: “garantir que a produção ocorra eficazmente e produza produtos e serviços

como se deve”, exposta no tópico 2.3.6 do referencial teórico.ao dizer que o PCP é

de “Importância total, se eu não controlar eu não sei o que vendo e não sei o que

precisa ser feito”.

Quanto à questão 2 é interessante ressaltar que os bens produzidos em uma fábrica

de sorvete devem permanecer na câmera fria e em freezers para posterior venda,

dessa forma a estocagem é feita de maneira minuciosa. E pelo fato se ter um

consumo reduzido no inverno, aproveita-se para estocar para venda na próxima

estação, onde a demanda tende a aumentar.

Na questão 2, afirmou-se a ideia de Moreira (1999, p. 368), "estocar produtos em

fases de demanda baixa para usá-los no atendimento da demanda em fases de alta

é um recurso extremamente comum em empresas industriais", conforme tópico 2.7

do referencial teórico no momento em que o entrevistado deixou transparecer que a

empresa aproveita o período de menor consumo para produzir e estocar para as

vendas subsequentes.

Essa forma de proceder é percebida na maioria das empresas industriais, e é bem

válida, pelo fato de que aproveitar-se-á os insumos que estão disponíveis para a

produção, evitando assim o desperdício.

No que diz respeito à previsão de demanda, questionada na questão 3, observou-se

que a empresa a faz, em virtude de a demanda não ser constante em todos os

períodos do ano, conforme informação do entrevistado “faz previsão de demanda,

devido a sazonalidade”. O que vem dar sentido ao que Tubino diz (2000, p.63), “a

previsão de demanda é a base para o planejamento estratégico da produção,

vendas e finanças de qualquer empresa”.

Ainda segundo Tubino (2000, p. 64) “a previsão de demanda é a principal

informação empregada pelo PCP na elaboração de suas atividades, e afeta de

forma direta o desempenho esperado de suas funções de planejamento e controle

do sistema produtivo”.

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57

A previsão de demanda consiste em fornecer informações imprescindíveis para que

o PCP tenha um bom desempenho, uma vez que ele está em todo o ciclo produtivo

e a previsão é a base para que os planos de produção sejam elaborados e

colocados em pratica de forma eficaz.

“Afinal, sem uma estimativa da demanda futura não é possível planejar efetivamente

para futuros eventos, somente reagir a eles”. (SLACK, 1997, p.349).

A questão 4 vem demonstrar que há necessidade de diferenciar a produção nos

períodos de sazonalidade e o entrevistado deixa claro qual é o procedimento

adotado pela organização. E que em virtude da sazonalidade a empresa deve

estipular um plano a ser seguido nesse período de menor consumo para não parar a

produção ou ocasionar desemprego.

O que confirma a ideia de Arnold (1999, p. 229) “a maioria das empresas não pode

esperar que os pedidos sejam realmente recebidos antes de começarem a planejar

o que produzir”.

Na questão 5 ao responder “produzimos por lote” evidencia-se que a empresa utiliza

um dos tipos de processo explanados no tópico 2.2.1 conforme transcrição:

Processos em lotes ou bateladas – Para Tubino (2000, p. 28):

“caracterizam-se pela produção de um volume médio de bens ou serviços

padronizados em lotes; [...] empregando equipamentos pouco especializados

e mão-de-obra polivalente”.

Esse processo pretende atender as necessidades dos clientes e as oscilações da

demanda e fica entre os processos de massa e de projeto.

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Quando questionado na questão 6 sobre como é feito o gerenciamento da

capacidade produtiva, a resposta vem confirmar a ideia de que o gerenciamento da

produção é de suma importância para a organização e como o tempo pode ser

aproveitado de forma a atender às demandas e não ter tempo ocioso na empresa,

nem estoques exorbitantes. Vindo a confirmar a ideia que se segue, exposta no

tópico 2.4.1 do referencial, conforme consta a seguir:

De acordo com Slack et al. (1997) muitos tipos de operações lidam com demanda

sazonal, as causas da sazonalidade podem ser climáticas, festas, comportamentais,

politicas, financeiras e sociais. Dessa forma é importante que a empresa faça a

medição de sua capacidade.

É bem difícil que uma empresa consiga utilizar toda a sua capacidade disponível.

Dessa forma, torna-se necessário verificar qual a capacidade da empresa, qual a

capacidade que está sendo utilizada e qual a produção estimada.

“Planejamento e controle de capacidade é a tarefa de determinar a capacidade

efetiva da operação produtiva, de forma que ela possa responder à demanda”.

(SLACK et al., 1997, p. 347)

Na questão 7, quando o entrevistado é questionado se a empresa possui estoque,

evidencia-se que a empresa utiliza-se mesmo que sem perceber da filosofia do Just

in Time, pelo fato de manter um estoque mínimo, de forma que atenda ao processo

produtivo e ao cliente. Nota-se tal ideia na resposta do entrevistado “possuímos

estoque razoável para manter a produção e atender aos clientes”.

Conforme diz Russomano (2000, p. 153), "estoque é qualquer quantidade de

material que seja armazenada, para uso futuro, por algum intervalo de tempo".

A empresa possui estratégias que garantem um diferencial competitivo, isso se dá

ao fato de ter permanecido no mercado ao longo dos anos, o que é visto na resposta

ao do entrevistado “possui, por isso nós estamos no mercado há 11 anos”.

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Ficou subtendido no diálogo com o proprietário da empresa que a sua principal

estratégia é inovar constantemente, tendo sempre algo novo para o consumidor.

Além de investir em equipamentos e técnicas, bem como softwares para

melhoramento do processo produtivo. Pois de acordo com Slack (1999, p.74)

estratégia, “é o padrão global de decisões e ações que posicionam a organização

em seu ambiente e têm o objetivo de fazê-la atingir seus objetivos de longo prazo”.

O entrevistado na questão 9 foi questionado sobre como é feito o PCP da

organização. A resposta, “de acordo com a nossa simples administração são

seguidos sim, precisamos aprofundar ainda mais”, indica que a empresa vê a

necessidade de aprofundar-se no PCP para que o mesmo venha a trazer resultados

melhores e até mesmo aumentar a produção e a qualidade da produção e também

do produto. Essa percepção demonstra que a empresa está no caminho certo.

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4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

4.1 CONCLUSÃO

Observou-se ao longo deste estudo que a utilização do PCP é primordial para que

as empresas trabalhem de forma efetiva, mantendo-se no mercado e com um

diferencial competitivo.

Diante de todo o exposto, faz-se necessário verificar se o estudo correspondeu a

tudo o que foi proposto na inicial.

O problema que desencadeou este estudo compreende “como gerenciar a

capacidade produtiva diante da sazonalidade”? A resposta a esse questionamento é

alcançada nas questões 4 e 6, tópico 3.2, do capitulo 3 deste estudo.

Ao questionar o entrevistado, se a produção era diferenciada no período sazonal,

obteve-se a seguinte resposta:

Se difere sim, no período de maior venda, que é o verão, nós trabalhamos com equipe completa e ainda contratamos pessoas pra completar de acordo com a demanda de produção. No inverno, volta-se ao corpo de funcionários que temos e adicionamos as férias dos funcionários pra que não tenha que despedir ninguém que é funcionário nosso. Até porque nos temos investimento na qualidade do produto, em termos de receita, e nós não queremos perder funcionários.

E ao questioná-lo sobre como é feito o gerenciamento da capacidade produtiva,

ouviu-se o transcrito:

Se temos a necessidade de produzir o máximo possível, nós temos que fazer o aproveitamento de nossas horas de trabalho. Produz por uma escala de cada produto, um lote de cada produto a uma quantidade maior, ou seja, se nós temos que render nossa produção, nós passamos um dia produzindo só um único produto, que não precisamos de regular a máquina mais do que uma vez, nós não precisamos trocar a escala de maquinário pra embalar, pra produzir, seguimos uma única escala. Quando há sazonalidade e agente precisa produzir menos, então agente num dia produz vários produtos diferentes, numa quantidade menor. Aí a produção acaba sendo menor.

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Bem como, encontra-se a resposta do problema no tópico 2.4.1 do referencial

teórico deste trabalho:

De acordo com Slack et al. (1997) muitos tipos de operações lidam com demanda

sazonal, as causas da sazonalidade podem ser climáticas, festas, comportamentais,

politicas, financeiras e sociais. Dessa forma é importante que a empresa faça a

medição de sua capacidade.

“Planejamento e controle de capacidade é a tarefa de determinar a capacidade

efetiva da operação produtiva, de forma que ela possa responder à demanda”.

(SLACK et al., 1997, p. 347)

O objetivo geral proposto neste estudo foi o de “mensurar como o Planejamento e

Controle da Produção é estabelecido, numa empresa cujo produto em determinada

época do ano tem seu consumo reduzido, devido o inverno, visando manter sua

lucratividade”, a resposta é evidenciada nas questões 4 e 6, apresentadas no

capítulo 3, tópico 3.2.1, conforme escrito acima. E ainda é respondido no referencial

com fundamentos teóricos sobre o assunto vindo a confirmar o principal objetivo do

Planejamento e controle da produção. O qual foi definido no capitulo 2, tópico 2.3.

De acordo com Tubino (2000, p. 23):

Em um sistema produtivo, ao serem definidas suas metas e estratégias, faz-se necessário formular planos para atingi-las, administrar os recursos humanos e físicos com base nesses planos, direcionar a ação dos recursos humanos sobre os físicos e acompanhar esta ação, permitindo a correção de prováveis desvios. [...] Essas atividades são desenvolvidas pelo Planejamento e Controle da Produção.

Nesse estudo foram alavancados 5 objetivos específicos, sendo que todos foram

respondidos com sucesso. O primeiro objetivo específico foi “identificar se a

empresa utiliza a previsão de demanda”, sendo respondido no capitulo 3, no tópico

3.2.1 na questão 3, onde foi questionado se a empresa faz previsão e o entrevistado

respondeu positivamente.

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O segundo objetivo específico pretendia “diagnosticar quais os tipos de processo

que a empresa utiliza para produzir e controlar a produção”, tendo sua resposta no

capítulo 3, tópico 3.2.1, na pergunta de número 5, o processo utilizado pela empresa

é produção em lotes.

No terceiro objetivo buscava-se “mensurar se a produção é diferenciada nos

períodos de sazonalidade”, e ficou evidenciado no tópico 3.2.1 do capítulo 3, na

questão 4 que a produção se difere sim nos períodos de sazonalidade.

Viu-se que a empresa objeto de estudo deste trabalho está no mercado há 11 anos

segundo resposta do entrevistado na questão 8, tópico 3.2.1, capítulo 3, esse tempo

no mercado e o constante crescimento se dá a capacidade de inovar da empresa e

seus projetos futuros evidenciados no histórico da empresa no capitulo 3, tópico 3.1,

vem confirmar que a empresa possui estratégias para se manter no mercado, com

um diferencial competitivo, o que responde positivamente ao quarto objetivo

específico, qual seja “verificar os tipos de estratégias que a empresa possui para

garantir um diferencial competitivo”.

Por fim o quinto objetivo específico consistia em “identificar qual a importância do

Planejamento e Controle da Produção”, sendo evidenciado e respondido no capítulo

2, no tópico 2.3.6. E ainda o objetivo é respondido na questão 1 da entrevista com o

proprietário da empresa, no tópico 3.2, capítulo 3.

A hipótese levantada no capítulo 1, tópico 1.5, diz que: “para explicar o

gerenciamento da capacidade produtiva diante da sazonalidade, o método ideal é

utilização da previsão de demanda, além disso boa definição do(s) tipo(s) de

processo(s) utilizado(s) pela empresa e como se dá o inicio de sua produção, se ela

espera um pedido para começar a produzir ou se ela produz e estoca para depois

vender o seu produto, bem como o estabelecimento e implantação de um plano e

controle de produção diferenciado nos períodos sazonais, onde a venda de sorvetes

é reduzida”. A hipótese foi positiva, pois na entrevista com o proprietário da empresa

apresentada no capitulo 03, tópico 3.2 é perceptível, que há todo um planejamento e

controle da produção, conforme questão 1, o tipo de processo utilizado (produção

em lotes), como observado na resposta à questão 5, possibilita a obtenção de uma

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produção mais rápida e eficaz, nota-se que a empresa faz previsão de demanda, de

acordo com questão 3, e ainda sua produção é feita para estoque ou seja, ela

produz, estoca e depois vende seu produto, segundo resposta à questão 2, o que

lhe proporciona mais flexibilidade em atender à demanda.

4.2 RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se às instituições de ensino que abordem o tema de sazonalidade e

ainda dê mais ênfase aos conceitos de previsão de demanda e JIT.

Aos estudantes recomenda-se um estudo mais aprofundando sobre a sazonalidade

em diversos ramos de indústria ou até mesmo a verificação da existência de

demanda sazonal em prestadoras de serviço, de forma que sejam estudadas

possibilidades de ampliação e diversificação dos negócios para que a empresa não

tenha grandes impactos decorrentes do período sazonal, como por exemplo,

demissão em massa.

À empresa, objeto de estudo recomenda-se que se possível contrate um gerente de

produção para que faça o acompanhamento da produção, utilizando-se de um

sistema integrado, o qual possibilita controlar em tempo real as entradas e saídas,

fazer análises e previsões diversas, no intuito de que a empresa venha se expandir

ainda mais no mercado, satisfazendo as necessidades dos clientes e garantindo um

feedback positivo em todos os sentidos.

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5 REFERÊNCIAS

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