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CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema 1 Toxicologia e a Pele Projeto Pós-graduação Curso Enfermagem do Trabalho Disciplina Toxicologia Tema Toxicologia e a Pele Professor Me. João Luiz Coelho Ribas Introdução Toda lesão da pele e seus anexos (unhas, cabelos, pelos e glândulas) produzida ou agravada em um ambiente de trabalho, é caracterizada e identificada como dermatose do trabalho. A pele, ou o tegumento, é um dos elementos mais expostos às agressões no ambiente de trabalho, por ser um órgão externo e por sua extensão. Este tema tem como objetivo demonstrar que, apesar da pele constituir uma importante camada protetora do organismo, infelizmente ela nem sempre protege dos riscos presentes no ambiente do trabalho. Antes de iniciar os estudos deste tema, acompanhe o vídeo no material on-line. Problematização Durante as rotinas de trabalho, a pele fica exposta a muitos agentes toxicológicos. Dependendo da profissão que se exerça, o trabalhador deve ter um cuidado redobrado com a pele. No vídeo no material on-line, veja uma história que ilustra a necessidade desses cuidados.

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1

Tema 1 – Toxicologia e a Pele

Projeto Pós-graduação

Curso Enfermagem do Trabalho

Disciplina Toxicologia

Tema Toxicologia e a Pele

Professor Me. João Luiz Coelho Ribas

Introdução

Toda lesão da pele e seus anexos (unhas, cabelos, pelos e glândulas)

produzida ou agravada em um ambiente de trabalho, é caracterizada e

identificada como dermatose do trabalho. A pele, ou o tegumento, é um dos

elementos mais expostos às agressões no ambiente de trabalho, por ser um

órgão externo e por sua extensão.

Este tema tem como objetivo demonstrar que, apesar da pele constituir

uma importante camada protetora do organismo, infelizmente ela nem sempre

protege dos riscos presentes no ambiente do trabalho.

Antes de iniciar os estudos deste tema, acompanhe o vídeo no material

on-line.

Problematização

Durante as rotinas de trabalho, a pele fica exposta a muitos agentes

toxicológicos. Dependendo da profissão que se exerça, o trabalhador deve ter

um cuidado redobrado com a pele.

No vídeo no material on-line, veja uma história que ilustra a necessidade

desses cuidados.

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Dermatoses

Apesar de a pele ser uma importante camada protetora do organismo,

ela nem sempre consegue exercer essa função. As substâncias presentes no

ambiente de trabalho podem ser absorvidas diretamente pelo organismo

através de uma pele saudável, ou seja, não é necessário que existam

quaisquer tipos de lesões na pele para que haja a absorção. Uma vez

absorvidas pela pele, as substâncias químicas são transportadas por meio da

circulação para os órgãos-alvo, produzindo seus efeitos nocivos ao organismo.

Nos países industrializados, as lesões de pele constituem as doenças

mais comuns entre os trabalhadores em termos epidemiológicos. No Brasil,

não existe um registro adequado dos casos existentes, mas, com certeza, as

dermatoses são de fato as mais comuns entre os trabalhadores.

Conheça a principais dermatoses relacionadas ao trabalho no vídeo no

material on-line.

As dermatoses no trabalho podem ser provocadas por contato direto

com substâncias químicas irritantes ou alergênicas, agentes físicos

(radiações ionizantes, raios-X, raios solares, eletricidade, frio e calor), agentes

mecânicos (fricção, vibração e traumatismo) e agentes biológicos

(Microrganismos e parasitas).

De forma geral, no ambiente do trabalho, o cromo, a borracha e os

medicamentos tópicos são importantes causadores de reações alérgicas. Além

disso, as poeiras metálicas, as fibras de vidro, o vidro, a madeira, as

substâncias fixadas ou incrustradas na pele, o frio ou o calor são responsáveis

pela grande maioria de prurido originado no ambiente de trabalho.

Em termos biológicos, os bovinos, os caprinos, os equinos, os ovinos, os

suínos e outros animais podem transmitir parasitas, vírus, bactérias,

protozoários e fungos, que podem agredir a pele e anexos.

Devemos sempre lembrar que a prevenção e o diagnóstico precoce

da dermatose são os pilares fundamentais para evitar problemas mais graves e

até mesmo afastamento e incapacitação do trabalhador para exercer a sua

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função.

No quesito prevenção, a educação é um dos papéis mais importantes

desempenhados pela equipe de enfermagem no trabalho. Essa equipe deve

abordar vários aspectos das dermatoses, dentre as quais se destaca: a higiene

corporal e a automedicação.

O trabalhador deve ser estimulado e motivado a vestir roupas limpas e

adequadas; a utilizar os EPIs sempre que necessário; e a cuidar de sua higiene

pessoal, fator muito importante quando se aborda questões de exposição a

substâncias no ambiente de trabalho.

Outra questão extremamente importante é a remoção dos resíduos

que eventualmente ficam ou são depositados sobre a pele de forma adequada.

Há a necessidade de reduzir de forma bastante expressiva o contato

direto com substâncias que podem apresentar capacidade irritante e alérgica.

Devemos orientar que essa renovação deve ser realizada com produtos

seguros para não correr o risco de provocar efeito abrasivo e evitar que a

camada sebácea seja afetada, não comprometendo assim sua proteção natural

e aumentando a ação/absorção da substância.

A automedicação nesses casos deve ser sempre desencorajada, pois a

utilização de produtos tópicos sem a devida orientação e necessidade costuma

agravar as lesões preexistentes.

Além dessas orientações, os profissionais da área de saúde do

trabalhador devem conscientizar o empregador da importância de enclausurar

as substâncias responsáveis pelas dermatoses e de promover automação das

atividades de risco. Com isso garante-se a qualidade de trabalho e a redução

de lesões de pele devido a esse fato.

O diagnóstico precoce na anamnese ocupacional tem um destaque

excepcional nessa área. A equipe de enfermagem do trabalho deve participar

de forma efetiva na coleta de dados precisos e completos sobre a evolução da

doença e a exposição dos trabalhadores a agentes agressores.

No entanto, nem sempre essa coleta de dados é fácil, pois encontramos

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em nossa frente dificuldades como:

Frente a isso, outra dificuldade é a prova epicutânea ou teste de contato,

muito utilizado. Ele consiste em colocar substâncias suspeitas de sensibilizar o

indivíduo em contato direto com a pele por 24 a 48 horas.

A leitura será positiva se ocorrer vermelhidão, edema, vesículas e

exsudação nos locais de contato. O resultado positivo indica que o trabalhador

está sensibilizado pela substância, ou seja, que produz anticorpos contra

aquela substância.

O problema é que mesmo positivo, não podemos afirmar que essa

substância é a mesma que provocou as lesões.

Dermatoses Ocupacionais Limitantes e Incapacitantes

Devemos sempre lembrar que de forma geral podemos dividir as

dermatoses ocupacionais naquelas que limitam e naquelas que incapacitam.

As dermatoses ocupacionais que limitam podem ser divididas em:

As dermatoses ocupacionais que incapacitam podem ser divididas em:

Ambas necessitam de mudança de atividade, de especialidade ou de

empresa, devido à complexidade dessas substâncias.

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As dermatoses mais comuns são as dermites, responsáveis por 26%

dos problemas de pele e os eczemas, que são responsáveis por 17% dos

problemas de pele relativo ao trabalho. De forma geral, tanto as dermites

quanto os eczemas podem regredir espontaneamente assim que se cessa a

exposição às substâncias agressoras. No entanto, se elas persistirem, o

quadro clínico pode se agravar tornando-se crônico, podendo até em casos

mais graves e específicos evoluir para carcinoma, se a substância for

carcinogênica.

Para conhecer as dermatoses ocupacionais, recomendo a leitura dos

artigos nos ícones a seguir.

<http://www.scielo.br/pdf/abd/v85n2/03.pdf>

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-

05962010000400009#fig07>

Dermatoses Ocupacionais na Construção Civil

Dermatoses e Cimento

Alguns cimentos recebem aditivos para reforçar ou melhorar suas

características. Justamente aqui é que temos um problema extremamente

grave, pois alguns desses aditivos podem produzir irritação ou até mesmo

sensibilização. Os principais aditivos utilizados no cimento são: aceleradores,

anticongelantes, antioxidantes, corantes, fungicidas, impermeabilizantes e

plastificantes. Por ser abrasivo, higroscópico e altamente alcalino, o cimento é

muito irritante para a pele.

Sua alcalinidade, muitas vezes, atinge o pH próximo a 14 e atua sobre o

tegumento do trabalhador, exercendo efeito irritante sobre a camada córnea e

removendo o manto lipídico. Devido a isso, podem ocorrer lesões secas

fissuradas, ceratólise e ulceração. Quando ocorrem lesões próximas às

porções distais dos dedos, pode-se aparecer paroníquias e quadros de

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infecções secundárias, bastantes sérias e bastante comuns nesses

trabalhadores.

Conheça as dermatoses causadas por cimento, clicando nos ícones a

seguir.

<http://worksafety.blogspot.com.br/2011/11/medicina-do-trabalho-

dermatoses.html>

<http://nilcinhamorais.blogspot.com.br/2013/06/doencas-ocupacionais-

causado-pelo.html>

<http://sherazademedica.wordpress.com/2013/02/27/eczemas/>

De forma geral, algumas horas após o contato inicial da pele, ocorre

eritema com prurido, que evolui com queimação e ardor. No dia seguinte ao

contato, já podem ser observadas lesões em fase ativa e ulceradas, que

evoluem muito rapidamente para necrose. Essa evolução das lesões depende

tão somente do tempo de contato e da alcalinidade do cimento ou do concreto

que entrou em contato com a pele do trabalhador.

Outro grande problema na construção civil e ainda em relação ao

cimento são aqueles trabalhadores que exercem a sua atividade no

ensacamento e transporte de cimento armazenados em sacos, expondo-se ao

pó, que pode atingir os olhos, especialmente porque existe grande resistência

por parte desses trabalhadores na utilização de óculos de segurança,

causando conjuntivites irritativas e, em alguns casos, ulceração da córnea.

Devemos estar sempre atentos à queda de cimento ou de concreto

dentro do sapato do trabalhador, pois esse fato associado à pressão e ao atrito

produz inicialmente eritema intenso e, posteriormente, ulceração e necrose.

Muitos trabalhadores, especialmente os autônomos, têm resistência a

utilizar sapato fechado durante o seu turno de trabalho, e outros pelo hábito de

introduzir a extremidade da calça para dentro das botas, isso facilita a queda

acidental da massa de cimento dentro delas.

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Esse quadro pode ser agravado se o trabalhador já for sensibilizado a

alguns dos componentes do cimento ou for diabético, aumentando inclusive o

risco de amputação.

São medidas que previnem lesões causadas por cimento:

Higiene Pessoal

o Evitar o trabalho com ferramentas que estejam sujando a pele

o Se a pele for atingida ou as mãos forem afetadas, fazer a higiene

do local atingido, rapidamente

o Se a massa de cimento, concreto ou calda de concreto cair dentro

das botas e luvas, removê-las e lavar a área afetada e o interior

da bota e da luva com água corrente

Usar EPI adequado, sempre que a pele necessitar proteção

Fornecer a orientação ao trabalhador sobre riscos e medidas de

segurança

Condições ambientais de segurança

o Arranjo físico apropriado de equipamentos e materiais em

movimentação na obra

o Piso apropriado, andaimes, passarelas, e escadas adequadas e

sem entulho

o Instalações elétricas adequadas e protegidas

Fatores concorrentes

o Baixo nível cultural

o Inexperiência profissional

o Violência temperamental

o Preocupações pessoais

o Alcoolismo e drogas são fatores importantes que devem ser

conhecidos e neutralizados paulatinamente

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No vídeo no material on-line, note algumas medidas simples que, se

seguidas pelos trabalhadores, resultam no aumento da qualidade de trabalho.

Dermatose Ocupacional por Componentes da Borracha

A borracha é constituída por monômeros, que podem estabelecer

ligações entre si, formando polímeros com longas cadeias de alto peso

molecular. O processo de ligação é chamado de vulcanização, e a capacidade

de se estabelecerem ligações pode ser estimulada pelo uso de determinadas

substâncias químicas, hoje conhecidas como agentes de vulcanização.

Para a produção industrial da borracha, são necessários vários

compostos. Devido a isso, a borracha é potencialmente causadora de

dermatite alérgica de contato.

Inúmeras outras substâncias são usadas na fabricação de borracha com

finalidades variadas, entre as quais, obter um produto de melhor qualidade,

facilitar o processo durante a fabricação, baixar o custo da produção. Por

curiosidade, estes componentes ultrapassam hoje mais de mil substâncias.

Sendo assim, a proteção da pele do trabalhador contra a ação desses

agentes químicos se faz necessária. No entanto, também temos que avaliar

que o próprio EPI fornecido pela empresa pode, em trabalhadores sensíveis a

borracha, desenvolver patologias cutâneas derivadas dessa exposição.

Dermatoses Presentes na Indústria de Eletrodeposição de Metais

A galvanização é uma atividade industrial que utiliza processos químicos

e eletrolíticos para revestir superfícies metálicas. O trabalhador pode entrar em

contato com substâncias potencialmente prejudiciais à sua saúde como, por

exemplo: cromo, níquel, zinco, cádmio, estanho, ácidos e álcalis.

A indústria de eletrodeposição de metais é uma das maiores

responsáveis por problemas de pele no trabalhador. Um exemplo desses

problemas é a galvanização.

As peças a serem cromadas, por exemplo, são polidas, limpas por

processo eletrolítico ou com solventes, conhecido como pré-tratamento.

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Comumente ocorrem agressões à pele do trabalhador, como dermatites

irritativas devido ao contato com solventes diversos.

Após o pré-tratamento, as peças estão prontas para receber

revestimento metálico. Na cromagem de metais ferrosos, a eletrodeposição

pode ser feita na seguinte ordem: banho de cobre alcalino e de cobre ácido,

banho de níquel e finalmente, banho de solução contendo ácido crômico.

Do mesmo modo, o contato com ácidos e soluções alcalinas pode

causar lesões mais graves, como queimaduras químicas, com áreas ulceradas

e de cicatrização demorada. No banho das peças, também podemos encontrar

um problema bastante comum pela liberação de névoas.

Além disso, as peças a serem cromadas e niqueladas precisam ser

lixadas, polidas e limpas. O polimento final pode ser feito usando politrizes com

tiras de couro, sobre as quais se coloca sebo. Nesta fase, sujeira, partículas

das peças polidas e sebo podem atingir a pele exposta e, também, o vestuário

do trabalhador, caso as medidas de higiene sejam descuidadas.

O vestuário sujo pode contaminar a pele e irritar o óstio folicular

causando lesões acneiformes em um processo conhecido como elaioconiose.

Muitas vezes também, pode também ocorrer irritação e obstrução nas

glândulas sudoríparas, processo este conhecido como miliária rubra.

Nos ícones a seguir, conheça mais sobre as dermatoses resultantes do

trabalho em indústrias de eletrodeposição de metais.

<http://www.scielo.br/pdf/abd/v86n4s1/v86n4s1a13.pdf>

<http://www.dermis.net/dermisroot/en/home/index.htm>

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Dermatoses na Indústria Metalúrgica

As indústrias metalúrgicas são constituídas, em sua grande maioria, por

empresas de pequeno e médio porte. Muitas delas apresentam espaço físico

complexo, às vezes, desordenado, em que máquinas e equipamentos se

distribuem de forma desorganizada, dando a impressão de improviso. Nesses

ambientes, a proteção e a segurança não são eficientes e causam riscos à

integridade física do trabalhador.

Acidentes e agressões à pele são constantes e habituais nessas

indústrias. As principais lesões observadas nesse contexto são as erupções

acneiformes e as discromias.

As erupções acneiformes podem ser superficiais ou profundas. As

superficiais, também conhecidas como elaiconiose, acometem especialmente a

epiderme superficial, diferentemente das profundas, também conhecidas como

furunculose ocupacional, que acometem a derme e o tecido subcutâneo.

As discromias podem ser do tipo hipocrômicas ou hipercrômicas. As

hipocrômias ou vitiligo ocupacional podem ocorrer em trabalhadores

susceptíveis, devido à presença de substâncias fenólicas na composição de

alguns óleos de corte, diferente das hipercromias, que são raras mas, todavia,

podem ocorrer principalmente em trabalhadores da etnia negra sobre a mesma

exposição.

Para evitar as dermatoses presentes na indústria metalúrgica, é

importante:

Fazer a remoção imediata de substâncias predominantemente irritantes

ou sensibilizantes que entrarem em contato com a pele.

Roupas sujas ou contaminadas devem ser substituídas imediatamente

Nunca usar solventes para limpar a pele.

Evitar o uso de sabão em pasta para limpeza das mãos, pois é muito

alcalino.

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Lavar as mãos antes de usar sanitário, isto não é apenas higiênico, mas

muito importante, pois evitará a contaminação genital com óleos, graxas

e outras substâncias potencialmente perigosas.

As máquinas, ferramentas e o local devem ser limpos diariamente,

enquanto que entulhos e restos de material usado devem ter destino

adequado.

No vídeo no material on-line, note algumas recomendações de

segurança para o trabalho com óleos de corte.

Dermatoses Ocupacionais por Madeira

As indústrias de beneficiamento de madeira têm vários problemas de

lesões dermatológicas. Essas lesões ocorrem principalmente porque, além dos

principais componentes da madeira - que são a celulose, a lignina e a

hemilignina -, existem outros inúmeros produtos que fazem parte da sua

constituição - tais como resinas, ceras, óleos, látex, corantes, taninos,

gorduras, alcalóides, glicosídeos, amido, cânfora, essências, sais minerais,

ácidos orgânicos e inorgânicos.

Estima-se que aproximadamente 500 compostos químicos são obtidos

da madeira, sendo que muitos deles são potencialmente alergênicos em casos

de manipulação frequente. O pó da madeira, por exemplo, pode atingir a pele,

mucosas e vias aéreas superiores, e ocasionar dermatoses diversas e reações

alérgicas.

As lesões de dermatoses ligadas à madeira surgem em regiões

expostas, como dorso das mãos, antebraços, pescoço, face, pálpebras e couro

cabeludo (especialmente tratando-se de trabalhadores calvos).

O quadro dermatológico geralmente tem início com prurido e eritema,

que progride para lesões eritematovesicoedematosas. Às vezes, ocorre

exsudação que, quando há remissão, deixa lesões descamativas. Além disso,

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o trabalhador pode desenvolver hipercromia ocupacional, principalmente na

face e no pescoço, que pode remitir após alguns meses de afastamento do

trabalhador. No entanto muitas lesões hipercrômicas apresentam componentes

fototóxicos.

A irritação da mucosa nasal e conjuntivas também é frequente. As vias

aéreas superiores podem ser atingidas, desencadeando quadros asmatiformes

em trabalhadores susceptíveis. Além desses, os trabalhadores expostos à

madeira podem desenvolver câncer do septo nasal.

Para se evitar as consequências do contato cutâneo com pó de madeira,

deve-se estar atento para:

No vídeo no material on-line, note como as dermatoses ocupacionais por

madeira podem ser evitadas.

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Revendo a Problematização

a. Sim, provavelmente as feridas no órgão sexual têm relação com o

trabalho. As principais orientações cabíveis ao caso estão ligadas

com a higiene no trabalho, com a higiene pessoal e especialmente

com a falta de uso dos EPIs. Aqui a medida necessária é a educação

e a conscientização do trabalhador sobre os efeitos do cimento na

pele e sobre as medidas de proteção e higiene adequadas.

b. Não, pois é muito mais uma questão de higiene pessoal do que

necessariamente alguma relação com o trabalho.

c. Sim, mas de uma forma geral é um problema do trabalhador e não

necessariamente da empresa, por se tratar de falta de higiene

pessoal. Neste caso, não caberia nenhuma orientação ou medida.

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Feedbacks

a. De fato, esse é um caso típico de falta de higiene no trabalho e está

relacionado ao trabalho pelo fato de se estar trabalhando sem as

orientações corretas. Isso acontece muito, pois, na maioria das vezes o

trabalhador exerce sua atividade em um ramo diferente, e ao ser

desligado da empresa e não conseguir trabalho na mesma área, acaba

escolhendo áreas com maiores chances de ser empregado. No entanto,

como não tem experiência, desconhece as orientações sobre como

proceder. Neste caso, lavar as mãos, retirando o cimento antes de ir ao

banheiro, poderia ter evitado a lesão no órgão sexual, assim como as

lesões na pele.

b. Este é sim um problema de higiene pessoal, mas muito mais que isso, é

uma questão de higiene do trabalho, pois é necessário a orientação do

trabalhador para questões aparentemente simples, mas que são vitais

para a conservação da saúde. Isso pode ser exemplificado pelo fato de

outros trabalhadores tinham o mesmo problema, com certeza, pela falta

de higiene e do uso adequado dos EPIs.

c. Sim, é de fato um problema do trabalhador, mas também problema da

empresa, pois devido ao não uso adequado dos EPIs e a falta de

higiene, acabam danificando a sua saúde e levando eventualmente a

problemas pessoais e profissionais.

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Síntese

Nesta aula vimos como é importante o uso dos EPIs e de uma higiene

adequada no trabalho, especiamente quando se fala em contato de

substâncias tóxicas com a pele e seus anexos.

Notamos também que, por ser a camada mais externa do corpo

humano, a pele é o órgão mais exposto aos agentes toxicológicos. Isso justifica

o cuidado redobrado do trabalhador com esse ógão.

Para finalizar, acompanhe o vídeo no material on-line, em que o

professor João fará a síntese dos assuntos abordados nesta aula.

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Referências

Larini, L. Toxicologia. São Paulo: Manole Ltda.

Oga, S. Fundamentos de Toxicologia. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2008

Klaassen, C. D.; Watkins III, J. B. Fundamentos em Toxicologia de Casarett

e Doull. 2 ed. São Paulo: Artmed, 2012.

Michel, O. da R. Toxicologia Ocupacional. São Paulo: Revinter, 2001.

Sistema Nacional de informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) –

www.fiocruz.br

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) – www.anvisa.gov.br.

Centro de Controle de Doenças (CDC) – www.cdc.gov.

Biblioteca Virtual em Saúde: Toxicologia Brasil –

<http://br.storescompared.net/search/biblioteca+virtual/>

Ministério do Trabalho e Emprego (TEM) - http://portal.mte.gov.br/portal-

mte/.

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Questões Avaliativas

1. O cimento tem sua ação na pele:

a. Pela alcalinidade atuando sobre o tegumento do trabalhador,

exercendo efeito irritante sobre a camada córnea e removendo o

manto lipídico.

b. Por seu pH neutro e lipossolubilidade, ele remove o manto lipídico,

deixando a pele desprotegida para ação de outros produtos.

c. Por seu pH ácido ele atua na pele, levando a efeitos graves, inclusive

necrose local e irritação intensa.

d. Causa bloqueio físico das reações normais da pele

2. Quanto tempo após o contato as lesões ocasionadas pelo cimento

iniciam seu processo toxicológico, de forma geral?

a. Semanas

b. Meses

c. Horas

d. Dias

3. Em relação às medidas que os trabalhadores devem observar no

contato com produtos causam lesões dermatológicas, podemos citar:

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a. A higiene local rapidamente após o contato com a substância não é

uma orientação padrão.

b. Se a massa de cimento, concreto ou calda de concreto cair dentro de

botas e luvas, removê-las e lavar a área afetada e o interior da bota e

da luva imediatamente com água corrente.

c. Ferramentas sujas que estejam em contato a pele, não necessitam

ser lavadas.

d. Utilizar os EPIs apenas se o trabalhador achar necessário.

4. Em relação às dermatoses ocupacionais da borracha, escolha a

alternativa correta.

a. Os EPIs de borracha fornecidos pelas empresas nunca apresentam

problemas em relação a dermatoses de origem ocupacionais.

b. A proteção da pele do trabalhador durante o processo de uso de

borracha não é um fator importante.

c. A borracha é um produto extremamente seguro e o seu contato com

a pele do trabalhador quase nunca leva a dermatoses ocupacionais,

por isso não precisamos nos preocupar com ela.

d. A dermatite ocupacional ocasionada pela borracha é devida ao

emprego de várias substâncias químicas no processo de obtenção

desse produto.

5. Na prevenção de dermatoses de origem ocupacional, podemos orientar

o trabalhador a:

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a. Usar roupas grossas, mesmo que estejam sujas, pois não há contato

direto da substância com a pele e sim somente com a roupa.

b. Usar EPIs somente quando achar necessário ou dependendo da

substância com a qual trabalha.

c. Usar roupas limpas e adequadas.

d. A higiene pessoal não é importante nesse caso.

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Feedbacks

1.

a. Correto. De fato o cimento exerce sua ação toxicológica devido sua alta

alcalinidade.

b. b) Esta alternativa não é a correta. A ação do cimento se deve ao

seu pH alcalino e a remoção do manto lipídico, ela não deriva da

lipossolubilidade, até mesmo porque o cimento não possui essa

característica.

c. c) Esta alternativa não é a correta. Sua ação se deve por seu pH

alcalino.

d. d) Esta alternativa não é a correta. Sua ação é exercida não

necessariamente por suas características físicas, e sim, por suas

características químicas, como por exemplo o pH alcalino.

2.

a. Esta alternativa não é a correta. A lesão pelo cimento inicia muito rápido,

em termos de horas. Pois em menos de 24 horas já pode apresentar

lesões ulceradas.

b. Esta alternativa não é a correta. Em apenas 1 dia já pode haver a

presença de úlceras e necrose local.

c. Correto. De fato, em apenas algumas horas inicia-se o desenvolvimento

da lesão, com formação de úlceras em menos de 1 dia.

d. Esta alternativa não é a correta. O início a lesão é rápida, em questão de

horas.

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3.

a. Esta alternativa não é a correta. A higiene local tão logo haja o contato

da substância com o trabalhador é de grande importância para evitar

lesões dermatológicas ocupacionais.

b. Correto. De fato, a remoção e lavagem da área afetada e do interior da

bota e da luva são essenciais para evitar lesões graves originadas pelo

contato do cimento com a pele.

c. Esta alternativa não é a correta. Se as ferramentas estão sujas, elas

devem ser limpas, especialmente se estiverem em contato direto com a

pele.

d. Esta alternativa não é a correta. O EPI deve ser utilizado sempre que

existir potencialmente o contato de substâncias com a pele do

trabalhador e não somente quando ele achar necessário.

4.

a. Esta alternativa não é a correta. Infelizmente somente o contato com os

EPIs de borracha em trabalhadores sensíveis já podem originar

problemas em relação a dermatoses de origem ocupacionais.

b. Esta alternativa não é a correta. A proteção da pele do trabalhador

durante o processo de uso de borracha é um fator considerado essencial

para prevenção de dermatoses ocupacionais originadas pelo contato

com a borracha e suas substâncias químicas.

c. Esta alternativa não é a correta. Infelizmente temos que nos preocupar,

pois a borracha é um dos maiores causadores de dermatoses no

ambiente de trabalho, seja por sua exposição direta durante a sua

manufatura, seja pela exposição à ela pelo uso de EPIs constituídos de

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borracha.

d. Correto. De fato, o grande problema da borracha reside na sua

constituição. Como são utilizadas várias substâncias químicas no seu

processo de obtenção, ela se torna um potencial causador de dermatite

alérgica de contato.

5.

a. Esta alternativa não é a correta. Na verdade, mesmo que a roupa seja

grossa, existe o contato da substância com a pele.

b. Esta alternativa não é a correta. O ideal é sempre usar os EPIs. Pois, às

vezes, o trabalhador acha que uma substância não irá causar

problemas, e é essa que causa maior comprometimento da pele. Há

vários exemplos para essa situação, mas podemos pensar em

borracha, cimento, graxas e solventes como a gasolina e o diesel.

c. Correto. Devemos lembrar que roupas limpas e adequadas reduzem e

muito o contato de substâncias e a pele, levando a uma redução

bastante significativa do aparecimento de dermatoses ocupacionais.

d. Esta alternativa não é a correta. A higiene pessoal é extremamente

importante, pois o simples contato com alguma substância em áreas

mais sensíveis pode levar a lesões. Por exemplo, o trabalhador entra em

contato com uma substância e não lava as mãos antes de ir ao

banheiro; com essa atitude, ele pode desenvolver lesões nos órgãos

íntimos devido a não higienização adequada.