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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE ESCOLA DE ENGENHARIA CURSO DE QUÍMICA YURI BARROS DE ARAUJO GESTÃO ESCOLAR: ANÁLISE COMPARATIVA DE DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DA CIDADE DE SÃO PAULO

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Page 1: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

ESCOLA DE ENGENHARIA

CURSO DE QUÍMICA

YURI BARROS DE ARAUJO

GESTÃO ESCOLAR: ANÁLISE COMPARATIVA DE DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DA

CIDADE DE SÃO PAULO

São Paulo

2015

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YURI BARROS DE ARAUJO

GESTÃO ESCOLAR: ANÁLISE COMPARATIVA DE DUAS ESCOLAS PÚBLICAS DA

CIDADE DE SÃO PAULO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Química da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do Título de Licenciatura em Química.

ORIENTADOR: PROFA. DRA. MARY ROSANE CERONI

São Paulo

2015

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À minha mãe e avós, que sempre me apoiaram

nas minhas escolhas.

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AGRADECIMENTOS

À Profa. Dra. Mary Rosane Ceroni, minha gratidão, por ter sido orientadora persistente e

amiga que, com diretrizes seguras, muita paciência, constante acompanhamento e incentivo,

me aceitou com todas as minhas restrições.

À minha família, pela paciência e compreensão.

Aos meus colegas de sala e amigos, pela a companhia nesses meses de estudos.

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RESUMO

A gestão escolar é um conceito abrangente e muitas vezes relacionado erroneamente com

burocracia, mas esta pode ter amplas abordagens, como gestão democrática, participativa e de

descentralização, visando um novo caráter organizacional, em busca de constantes mudanças

para a melhoria educacional. Este trabalho tem como objetivo promover reflexões acerca do

encargo que os gestores estão realizando em suas instituições de ensino, estudando

determinações da estrutura organizacional, a definição efetiva do papel que a comunidade

exerce no ambiente escolar e o que isto pode acarretar nas medidas democratizantes dos

gestores responsáveis pela atuação na unidade educacional.

Tendo como foco duas escolas públicas da cidade de São Paulo, sendo uma municipal e outra

estadual, situadas na mesma zona, foi possível aplicar questões para os gestores dessas

instituições responderem, e com os resultados, fazer comparações acerca das diferentes

gestões. Levando em consideração o aspecto qualitativo, é possível concluir que a escola

municipal apresenta grande defasagem em relação a escola estadual, principalmente nos

indicadores de gestão pedagógica, gestão participativa e de pessoas e liderança, já que a

escola desacredita na possibilidade de alcançar a gestão democrática. Apesar disso, o

resultado mostra-se satisfatório quanto a gestão de infraestrutura, serviços e recursos, visto

que o cumprimento de leis e documentação é seguido rigorosamente, além do espaço público

que é cedido sempre à comunidade.

Palavras chaves: gestão escolar, gestores, escola pública

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ABSTRACT

School management is a comprehensive concept and often mistakenly associated with

bureaucracy, but it might have many approaches, as democratic, participative and

decentralization managements, aiming at a new organizational character, looking after

constant changes for a better education. This work intends to promote reflexion about the

charge the managers are executing in their educational institutions, studying determinations of

the organizational structure, the effective definition of the roles of the community in the

school environment and in what this may affect the democratising measures of managers

responsible for operations in the educational unit.

Focusing two public schools from São Paulo, one of them municipal school and the other one

state school, located in the same zone, it was possible to apply some questions to the

managers of this institutions to respond, and with the results make some comparisons about

the different administrations. Considering the qualitative aspect, it can be conclude that the

municipal school presents a large gap in relation to the state school, especially in educational

management indicators, participatory management and people and leadership, as the school

discredits the possibility of achieving democratic management. Despite this, the result is

satisfactory as to infrastructure management, services and resources, since the compliance

with laws and documentation is strictly followed, besides that the public space is given to the

community.

Key words: school management, managers, public school

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Mudança de paradigma de administração para gestão.......................................17

Quadro 2 – Gestão financeira nas escolas estaduais da Bahia........................................30

Quadro 3 – O que é autonomia e como se expressa.......................................................32

Quadro 4 – Aspectos comparativos da gestão escolar de duas escolas públicas............34

Quadro 5 – Planejamento e ações da gestão pedagógica................................................37

Quadro 6 – Resultados educacionais da gestão pedagógica............................................40

Quadro 7 – Indicadores da gestão participativa...............................................................43

Quadro 8 – Indicadores da gestão de pessoas..................................................................46

Quadro 9 – Indicadores da gestão de infraestrutura........................................................48

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APMs Associação de Pais e Mestres

Consed Conselho Nacional de Secretários de Educação

E. E. Escola Estadual

EMEFM Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

PDE Plano de Desenvolvimento da Escola

PGE Prêmio Gestão Escolar

PPP Projeto Político Pedagógico

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................10

2 QUESTÕES PARADIGMÁTICAS DA GESTÃO EDUCACIONAL.....................12

2.1 GESTORES ESCOLARES.............................................................................................12

2.2 GESTÃO ESCOLAR E GESTÃO EDUCACIONAL....................................................14

2.3 ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO...................................................................................16

2.4 GESTÃO PARTICIPATIVA..........................................................................................18

3 GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA PÚBLICA.............................................21

3.1 AUTORITARISMO........................................................................................................22

3.2 PERSPECTIVAS NA ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO.....................................23

4 GESTÃO EDUCACIONAL E SEUS PROCESSOS DEMOCRÁTICOS...............25

4.1 DESCENTRALIZAÇÃO................................................................................................25

4.2 AUTONOMIA.................................................................................................................27

4.2.1 Órgãos colegiados..........................................................................................................28

4.2.2 Eleição de diretores.......................................................................................................29

4.2.3 Descentralização de recursos financeiros....................................................................30

4.2.4 Autonomia escolar.........................................................................................................30

5 PESQUISA DE CAMPO: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DUAS ESCOLAS

PÚBLICAS DA CIDADE DE SÃO PAULO...............................................................34

5.1 QUESTÕES ACERCA DA VISÃO GERAL DA GESTÃO ESCOLAR......................34

5.2 GESTÃO PEDAGÓGICA..............................................................................................36

5.2.1 Planejamento e ações pedagógicas...............................................................................36

5.2.2 Resultados educacionais................................................................................................40

5.3 GESTÃO PARTICIPATIVA..........................................................................................43

5.4 GESTÃO DE PESSOAS E LIDERANÇA.....................................................................46

5.5 GESTÃO DE INFRAESTRUTURA: SERVIÇOS E RECURSOS................................48

6 CONCLUSÕES..............................................................................................................51

REFERÊNCIAS.............................................................................................................53

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho tem como objetivo principal investigar a gestão escolar nas escolas

públicas, inserindo conceitos importantes sobre descentralização, autonomia e gestão

democrática sob diferentes aspectos, mas principalmente participativos e pedagógicos. Tendo

como objetivos específicos: identificar a visão desses gestores responsáveis em um contexto

social; verificar a importância da participação da comunidade em decisões escolares; e

analisar criticamente o sistema educacional burocratizado.

Voltado para uma análise qualitativa nas diversas áreas da gestão escolar e suas

dimensões, serão analisadas duas escolas públicas da cidade de São Paulo, sendo uma

estadual e uma municipal, ambas na zona norte, identificando e comparando as principais

diferenças que estas apresentam, sob um olhar abrangente do sistema educacional e da gestão

escolar inserida na sociedade, visando responder a questões teóricas e práticas nos planos de

ação da gestão pedagógica, democrática e participativa, de pessoas e de infraestrutura.

A falta de uma gestão democrática e participativa nas instituições de ensino,

que busque alcançar a gestão propriamente dita, para mobilização e dinamismo nas ações dos

gestores ao compreenderem que apenas o trabalho administrativo burocrático dificulta a

eficiência e a eficácia na gestão escolar. É com o envolvimento e a participação de todos os

indivíduos, que fazem parte desse sistema, que se confirma a corresponsabilidade em buscar

futuras mudanças, deixando de lado a burocracia, a administração autocrática. Nesse sentido,

é necessária uma mobilização a partir de uma autorreflexão dos gestores e de seus papéis nas

escolas, cessando a síndrome de culpabilização, o que resulta em um maior envolvimento e

interatividade social com as escolas para alcançar a descentralização, a democratização e a

construção de sua autonomia.

As instituições de ensino necessitam de mudanças, e estas ocorrem por um

processo de transformação caracterizado por processos, estratégias e produção de ideias, e não

somente por recursos que não valem por eles mesmos, mas pelo uso que deles se faz. Ou seja,

o investimento em recursos deve ser válido a partir do momento em que há uma real

necessidade, e não pelo simples fato de tê-los sem apresentar uma função definida.

O trabalho será conduzido principalmente para reflexões acerca das dimensões

de gestão pedagógica e participativa, com elaboração de análise comparativa entre duas

escolas públicas, das diferenças destes aspectos no âmbito escolar.

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Pode-se esperar resultados voltados para a mobilização dos gestores nas

instituições de ensino sobre suas práticas como responsáveis por todo o processo de gestão,

refletindo em alguns pontos e realizando uma auto avaliação para possíveis futuras mudanças

positivas dentro das escolas.

Pretende-se realizar uma reflexão dos gestores e do sistema a partir de dados

coletados sobre estas instituições, elaborando e respondendo questões acerca da gestão escolar

refletida na alteridade destes indivíduos, passando a enxergar o coletivo.

Os beneficiados com sua realização serão as próprias instituições de ensino a

partir do momento em que os gestores juntamente com a sociedade façam uma reflexão sobre

o seu trabalho e tomem consciência de que fazem parte de um coletivo, encerrando as

transferências de responsabilidades.

Desejam-se alcançar um senso de avaliação comum, a partir das questões

levantadas, buscando identificar a melhoria da qualidade de ensino-aprendizagem a partir da

gestão efetiva e democrática. Os benefícios esperados serão o desenvolvimento de melhorias

para uma gestão participativa efetiva da sociedade no envolvimento das decisões escolares e

uma diminuição na divisão formal de responsabilidades, criando um pensamento conjunto.

O trabalho tem como público alvo todos que estão envolvidos no âmbito

escolar, promovendo a mobilização dos gestores para melhorias de projetos pedagógicos a

serem aplicados pelos professores sobre os alunos, buscando a melhoria da qualidade de

ensino para estes.

Em suma, abordar-se-á questões paradigmáticas da gestão educacional,

estabelecendo conceitos importantes sobre os gestores escolares e a passagem do termo

administração para o termo gestão. A gestão democrática da escola pública, visando

principalmente as perspectivas na administração da educação e as características do

autoritarismo. Os processos democráticos acerca da gestão educacional, que correlaciona

gestão participativa, descentralização e autonomia. Dados os fundamentos teóricos, será

possível realizar a análise comparativa entre as duas escolas públicas da cidade de São Paulo

para promover uma reflexão dos gestores.

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2 QUESTÕES PARADIGMÁTICAS DA GESTÃO EDUCACIONAL

O que é gestão educacional e escolar? Qual a relação entre gestão e

administração? Qual a natureza do processo de gestão? Quais seus desdobramentos,

dimensões e estratégias na escola? Quais as peculiaridades da gestão democrática

participativa? Quais as suas demandas sobre o trabalho dos gestores escolares? Que ações de

liderança são necessárias no trabalho de gestão? Quais as dimensões de gestão educacional?

Como planejar, organizar e ativar estrategicamente o trabalho da escola? Como avaliar a

gestão escolar e a atuação da escola? Quem são esses gestores? (LÜCK, 2010, p. 13). A partir

de uma análise apoiada nas dimensões da gestão escolar é possível responder estas perguntas.

Segundo Ferreira et al. (1998) a gestão democrática da educação requer

mudanças de paradigmas que proporcionem o desenvolvimento de uma gestão vivenciada

hoje, ou seja, requer muito mais do que simples mudanças organizacionais, mas sim que

estejam além dos padrões estabelecidos burocraticamente. Para isso, é necessário um fazer

coletivo que está sempre em processo, de modo contínuo, baseando-se na sociedade que

permanentemente sofre mudanças, fundamentando na qualidade de ensino.

A prática social da educação precisa de fundamentos para as mudanças

paradigmáticas realmente significativas, onde o poder se situe em diferentes esferas de

responsabilidades, e não em níveis hierárquicos, pois as relações de poder se realizam na

intersubjetividade da comunicação, destacando a importância do papel dos gestores para

alcançar a gestão democrática.

2.1 GESTORES ESCOLARES

De acordo com Paro (2001, p. 11):

O que nós temos hoje é um sistema hierárquico que pretensamente coloca todo o poder nas mãos do diretor. Não é possível falar das estratégias para se transformar o sistema de autoridade no interior da escola, em direção a uma efetiva participação de seus diversos setores, sem levar em conta a dupla contradição que vive o diretor de escola hoje. Esse diretor, por um lado, é considerado a autoridade máxima no interior da escola, e isso pretensamente, acaba se constituindo, de fato, em virtude de sua condição de responsável último pelo cumprimento da Lei e da Ordem na escola, em mero preposto do Estado. Esta é a primeira contradição. A segunda advém do fato de que, por um lado, ele deve deter uma competência técnica e um conhecimento dos princípios e dos recursos da escola, mas, por outro lado, sua falta de autonomia em relação aos escalões superiores e a precariedade das condições concretas em que se desenvolvem as atividades no interior da escola tornam uma quimera a utilização dos belos métodos e técnicas adquiridos (pelo menos supostamente) em sua formação de administrador escolar, já que o problema da escola pública no país não é, na verdade, o da administração de recursos, mas o da falta de recursos.

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Diretores, supervisores, coordenadores e orientadores educacionais, estes são

os chamados gestores que carregam a difícil tarefa de compreender os processos escolares e a

repercussão de seu trabalho sobre a dinâmica das instituições de ensino. Devem participar de

forma ativa no processo de planejamento pedagógico, desenvolvendo a reflexão sobre práticas

de gestão mais consistentes e orientadas para a efetivação de resultados educacionais mais

positivos, tendo como foco maximizar as oportunidades de formação e melhorar a

aprendizagem dos alunos.

Segundo Libâneo (2003), o diretor da escola é aquele responsável por exercer o

cargo administrativo e pedagógico, mas com um funcionamento predominante na gestão geral

da escola, com funções relacionadas ao pessoal, financeiro, estruturais, materiais, supervisão e

relações com a comunidade. Ele quem organiza, coordena e gerencia todas as atividades da

escola, atendendo às leis, regulamentos e determinações dos órgãos superiores do sistema de

ensino, sendo auxiliado pelos demais componentes do corpo de especialistas e de técnicos-

administrativos. O termo direção implica a definição de um rumo, uma tomada de posição

frente a objetivos sociais e políticos da escola.

De acordo com Ceroni (2009), o gestor desenvolve papeis importantes

tratando-se do âmbito escolar, pois este deve estar envolvido com a prática da gestão

democrática e participativa, garantindo uma igualdade de direitos, supremacia da liberdade,

compromisso com mudanças, formando cidadãos críticos e pensativos através de uma

construção coletiva em unidade de conhecimento juntamente com a escola reflexiva,

utilizando ferramentas como a garantia da interdisciplinaridade, aproximando a realidade

social e novas dimensões socioculturais das comunidades humanas.

Atualmente, sabe-se sobre a ineficácia do ensino pelas elevadas taxas de

repetência, evasão e distorção idade-série, por isso, são necessárias mudanças paradigmáticas

(mudanças na visão de mundo com que se percebe a realidade) que visam os avanços que a

educação brasileira necessita para um salto qualitativo, como ações para a transformação,

participação, práxis, cidadania, autonomia e pedagogia interdisciplinar, destacando as

dimensões políticas e sociais como a superação do ensino conteudista, a promoção de

sistemas de ensino bem organizados sem um enfoque meramente administrativo e sim que

tenham visão aberta e estratégica, propiciando o desenvolvimento do potencial humano e

exigindo sujeitos ativos tanto na comunidade quanto na escola para a construção de um

projeto educacional competente.

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Nota-se que é muito difícil alcançar os objetivos de uma escola de qualidade

sem um trabalho conjunto com a direção e com a comunidade escolar, pois este é o único jeito

da comunidade aprender a participar. Cabe ao diretor-gestor criar um ambiente motivador ao

resto da equipe profissional, administrando de forma construtiva e participativa, onde todos

devem expressar suas opiniões até chegar a um consenso de como lidar com cada situação,

além de estar preparado para ampliar suas perspectivas, deve incentivar a participação dos

diferentes grupos sociais a assumirem responsabilidades.

O gestor escolar acarreta grande importância em trazer o exercício de cidadania

através de suas próprias ações que serão refletidas na qualidade de trabalho, onde este deve ter

em primeiro plano o incentivo pela cooperação, colaboração e o comprometimento para um

trabalho ético e produtivo da melhor maneira possível. É ele quem lidera e organiza todo o

espaço escolar, mas sempre contando com a participação dos membros da comunidade,

buscando que esta seja mais justa, humana e inclusiva, construindo um ambiente saudável e

participativo para aprender e desenvolver novas habilidades, refletidas na verdadeira

cidadania.

2.2 GESTÃO ESCOLAR E GESTÃO EDUCACIONAL

De acordo com Lück (2010, pp. 35 – 36):

Gestão educacional corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino como um todo e de coordenação das escolas em específico, afinado com as diretrizes e políticas educacionais públicas, para a implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos das escolas, compromissado com os princípios da democracia e com métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo (soluções próprias, no âmbito de suas competências) de participação e compartilhamento (tomada de decisões conjunta e efetivação de resultados), autocontrole (acompanhamento e avaliação com retorno de informações) e transparências (demonstração pública de seus processos e resultados).

Segundo Libâneo (2003), organização é a unidade social que funciona através

de estruturas e processos ordenados próprios através da interação entre pessoas visando

alcançar os objetivos da instituição. Para isso, é necessário tomar e controlar decisões e

procedimentos envolvendo aspectos gerenciais e técnico-administrativos, processo este

chamado de gestão, interligado a organização escolar, que juntos superam o termo

administração. Um atributo de gestão é a direção, e este deve ser um trabalho em conjunto,

colocando em ação o processo de tomada de decisões na organização, orientando o trabalho

para ser executado da melhor maneira possível.

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A gestão está dividida em dois âmbitos: gestão educacional, referente ao

sistema de ensino (âmbito macro) e gestão escolar, referente à escola (âmbito micro). Esta é

orientada pelos princípios democráticos, visando a participação das pessoas nas decisões,

onde devem entender que problemas globais demandam ação conjunta. O conceito de gestão

refere-se ao sistema de ensino como um todo e este supera o de administração, mas não o

substitui. Eles apresentam distintas características, porém, uma mesma área de atuação: a

organização sobre o trabalho educacional, porém, o termo gestão é a alteração de valores,

princípios, concepções, orientações e posturas, caracterizado por profundas mudanças.

Segundo Ceroni (2009), há muito o que se redefinir e repensar no processo

educacional e suas funções, sobretudo dentro do processo de educação continuada, onde deve

ser superado o pensamento de que a escola é regida por um sistema autoritário, ou seja, a

sociedade deve repensar de modo participativo nas transformações das relações interpessoais

no ambiente escolar para ser refletido diretamente na eficácia do trabalho do gestor, onde este

é identificado pelo seu desempenho satisfatório, mantendo uma postura disciplinada,

buscando as melhores alternativas para os problemas recorrentes e sabendo interpretar a

realidade e as diferenças culturais de cada um.

Mesmo com instrumentos e condições de orientação para aplicação de um

ensino de qualidade, por falta de ações conjuntas, tornam-se ineficazes. É através da gestão

que é possível superar a descontextualização e construir esta visão conjunta. Uma gestão

educacional participativa e democrática está interligada ao processo de tomar decisões,

levando em conta o compartilhamento de responsabilidades entre os mais diversos níveis de

autoridades do ensino, norteando-as para a construção da autonomia competente.

Um processo de gestão deve ter como objetivo principal a transformação,

sendo através da atuação efetiva e competente da sociedade que o ensino-aprendizagem

realmente se realize, construindo diálogos de respeito apoiados na solidariedade. Sendo assim,

um ensino encarado como uma prática social não só na relação de trabalho entre os membros

da organização escolar, mas sim na cultura e contextos que estes acarretaram ao longo da

vida, onde possa haver uma troca de experiências e saberes pessoais através de conceitos

científicos e éticos, buscando o desenvolvimento de verdadeiros cidadãos.

As escolas com seus sistemas de ensino devem ser entendidas como uma parte

viva da sociedade, onde demandam um novo enfoque de orientação, ressaltando a necessidade

de gestão educacional. Estes sistemas possuem uma postura meramente administrativa,

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impondo sobre as escolas obrigações e regras que elas mesmas poderiam decidir, retirando o

direito e dever de autoria de suas ações e possíveis melhores resultados. Recorrente disso,

houve a necessidade da criação do termo gestão e este, deve ser encarado com uma

perspectiva de uma nova organização educacional e de seus processos como interatividade

social, superando o conceito mecanicista de administração.

2.3 ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO

De acordo com Ceroni (2009), o termo administração passou a ser substituído

pelo termo gestão, com a intenção de valorizar os princípios democráticos, isto é, está

diretamente ligado aos princípios da cultura da comunidade escolar e a própria concepção de

cidadania, onde o cidadão é o sujeito que faz a sua história, solidariamente com os outros

cidadãos, sendo capaz de ser crítico das informações, produzir tecnologias e construir

conhecimentos, ou seja, educação e democracia são termos interdependentes para que a

construção de ambos seja recíproca.

Em relação à estrutura administrativa, transformações devem ser realizadas,

segundo Paro (2007), onde a maior delas é em relação à organização do poder e da autoridade

na gestão da escola. O modelo de hierarquia unipessoal atual não é compatível como os

objetivos democráticos da educação, do que as formas de gestão colegiadas colocadas como

para se atingir essa democratização. Procurando não só fortalecer os mecanismos de

participação coletiva como os conselhos de classe, grêmios estudantis e associações de pais e

mestres, mas buscando superar o modelo centralizado na direção escolar e a adoção de uma

direção colegiada, que seria composta por três ou quatro educadores, que seriam em reforço

humano coletivo de sua direção de modo participativo e cooperativo com o conselho da

escola, objetivando a melhoria da qualidade do ensino e democratização das relações na

escola através das políticas públicas.

Ao se adotar o conceito de gestão, assume-se uma mudança de concepção a

respeito da realidade e do modo de compreendê-la e de nela atuar, visando uma nova

perspectiva de organização e direção de instituições, tendo em mente sua transformação e de

seus processos, mediante a transformação de atuação, de pessoas e de instituições de forma

interativa e recíproca, a partir de uma perspectiva aberta, democrática e sistêmica. Esta se

constitui em condição para a melhoria de funcionamento do sistema de ensino e suas

instituições escolares, de modo que sejam efetivas na promoção da educação de seus alunos,

conforme o quadro 1:

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Quadro 1 – Mudança de paradigma de administração para gestão

ADMINISTRAÇÃO GESTÃO

O direcionamento do trabalho consiste

no processo racional, exercido subjetivamente

de fora para dentro, de organização das

condições de trabalho e do funcionamento de

pessoas, em um sistema ou unidade social.

O administrador deve manter-se

objetivo, imparcial e distanciado dos

processos de produção, como condição para

poder exercer controle e garantir seus bons

resultados.

Ações e práticas que produzem bons

resultados não devem ser mudadas, a fim de

que estes continuem sendo obtidos.

A autoridade do dirigente é centrada e

apoiada em seu cargo.

O dirigente exerce ação de comando,

controle e cobrança.

A responsabilidade do dirigente é a de

obtenção e garantia de recursos necessários

para o funcionamento perfeito da unidade.

O dirigente orienta suas ações pelo

princípio da centralização de competência e

especialização da tomada de decisões.

A responsabilidade funcional é definida

a partir de tarefas e funções.

Avaliação e análise de ação e de

desempenho são realizados com foco em

indivíduos e situações específicas,

considerados isoladamente, visando

identificar problemas.

O importante é fazer mais, em caráter

cumulativo.

O direcionamento do trabalho consiste no processo

intersubjetivo, exercido mediante liderança, para a

mobilização do talento humano coletivamente

organizado, para melhor emprego de sua energia e de

organização de recursos, visando à realização de

objetivos sociais.

O gestor deve envolver-se nos processos sob sua

orientação, interagindo subjetivamente com os demais

participantes, como condição para coordenar e orientar

seus processos e alcançar melhores resultados.

A alteração contínua de ações e processos é

considerada para o desenvolvimento contínuo; a sua

manutenção, mesmo que favorável, leva à estagnação.

A autoridade do dirigente é centrada e apoiada em

sua competência e capacidade de liderança.

O dirigente exerce ação de orientação, coordenação,

mediação e acompanhamento.

A responsabilidade maior do dirigente é a sua

liderança para a mobilização de processos sociais

necessários à promoção de resultados.

O dirigente orienta suas ações pelo princípio da

descentralização e tomada de decisão compartilhada e

participativa.

A responsabilidade funcional é definida a partir de

objetivos e resultados esperados com as ações.

Avaliação e análise de ação e de desempenho são

realizadas com foco em processos, em interações de

diferentes componentes e em pessoas coletivamente

organizadas, todos devidamente contextualizados,

visando identificar desafios.

O importante é fazer melhor em caráter

transformador.

Fonte: LÜCK, 2010, pp. 105 – 106.

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No âmbito escolar é possível observar a fragmentação do trabalho em funções

e tarefas, visto que o entendimento de escola é que esta é uma criação definida, pronta e

acabada do sistema, que determina seu funcionamento e que seus membros não podem

intervir, apenas estão lá para cumprir seus papéis burocraticamente determinados, acentuando

a hierarquização e deixando de contribuir para a construção efetiva do todo. Todos deveriam

entender que cada pessoa é responsável por parte do trabalho global, mas o que ocorre é a

transferência de responsabilidade, como culpar os diretores de escola pelo baixo padrão de

ensino, ou os professores culparem os alunos por não terem interesse em aprender, originando

os baixos resultados de ensino. É por essa busca pelos culpados que o todo não funciona.

2.4 GESTÃO PARTICIPATIVA

Segundo Ferreira et al. (2001) a gestão da participação substituiu as formas de

administração com a entrada da tolerância às diferenças, flexibilidade, valores mais

contemporâneos, relações igualitárias, justiça e cidadania. Falar em gestão participativa da

escola pública significa falar da intensa relação com a comunidade da forma mais real

possível, com sua heterogeneidade cultural e financeira, referente a interação entre desiguais

para enfrentar os problemas também reais e difíceis de lidar recorrentes da educação que

fogem da definição de qualidade.

O conceito de gestão democrático-participativa, segundo Libâneo (2003), é

baseado nas relações entre a participação do pessoal da escola e a direção, levando em conta

os objetivos comuns entre as partes, defendendo o princípio de que as decisões devem ser

tomadas de forma coletiva e discutidas publicamente. Este modelo tem sido influenciado pela

teoria de que a organização escolar é vista de forma cultural e subjetiva, pois depende das

experiências acarretadas pelas pessoas e de suas respectivas interações e significados

produzidos, ou seja, a organização é uma cultura construída pelos seus próprios membros,

valorizando a participação da comunidade escolar nas decisões, tornando-se um trabalho

interativo por meio da dinâmica intersubjetiva, do diálogo e do consenso.

É necessário superar as formas conservadoras e tradicionais de organização e

gestão, adotando formas mais criativas e alternativas, em que os objetivos da escola

correspondam a estratégias compatíveis de gestão, assegurando o desenvolvimento cognitivo,

operacional, social e moral através do pensar, compactando assim com a verdadeira cidadania,

este deve ser o papel da escola para os alunos, promover a apropriação de saberes, atitudes e

valores utilizando os professores como mediadores do saber e a escola como gestora e

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organizadora, através da real forma de participação, ou seja, com intervenção dos

profissionais da educação e dos usuários na gestão da escola.

Os sistemas de ensino são independentes e autônomos em relação às escolas, e

estas são dependentes e obedientes ao sistema, gerando uma questão de centralização da

autoridade que deve sofrer mudanças. O processo educacional só se torna mais competente a

partir do momento em que seus participantes tenham consciência de que são responsáveis

pelo seu desenvolvimento a partir de transformações, como propiciar condições necessárias

para que os sistemas de ensino alcancem metas de desempenho superiores às anteriores.

Para alcançar a continuidade do processo educacional fundamental para a

formação dos alunos, é necessário compreender a visão, missão, valores e princípios

assumidos pela escola. Isso demanda uma burocracia mínima meramente organizacional:

relacionamento interpessoal, responsabilidades compartilhadas em todos os setores

profissionais, preocupações com os resultados e não com formalidades, foco no

desenvolvimento e na aprendizagem. O individualismo evidencia-se como uma prática

negativa para realizar os objetivos na educação, necessitando de um trabalho conjunto para

uma ação docente efetiva.

De acordo com Lück (2010, pp. 95-96):

O ser humano é um ser social e só se desenvolve plenamente, a partir de sua interação produtiva com as demais pessoas. A educação é um processo interativo-social orientado para a formação de pessoas como seres sociais que atuam de maneira mais produtiva quando fazem de maneira colaborativa.

Apresentado que as instituições de ensino necessitam de mudanças e entendido

que a realidade é considerada como dinâmica e em movimento, portanto, imprevisível, é

possível estabelecer que experiências positivas em outras organizações servem como

referência à reflexão, busca de soluções próprias e mudanças. Estas ocorrem por um processo

de transformação caracterizado por processos, estratégias e produção de ideias, e não somente

por recursos que não valem por eles mesmos, mas pelo uso que deles se faz. Os processos

sociais marcados pela pluralidade de elementos dão origem a energia mobilizadora para a

realização de objetivos e alcance de bons resultados.

De acordo com Ferreira et al. (2001) faz-se necessário o entendimento de que a

escola pública pertence ao público, mas não só os constituintes desta, mas toda a sociedade

em seu entorno, ou então não haverá uma participação efetiva. Se pensarmos que a escola

pertence somente ao diretor e ao governo, o restante dos funcionários, professores e a

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comunidade não tem motivos para se sentirem comprometidos, sendo assim, a participação

requer a razão da construção de algo que pertença a todos. A participação deve buscar um

trabalho conjunto não apenas com a comunidade interna, mas também com a comunidade

externa, a quem a escola serve e pertence efetivamente, promovendo uma cooperação

interinstitucional. Portanto, participação deve ser encarada como condição para a gestão

democrática, pois são relações totalmente interdependentes.

De acordo com Libâneo (2003), para alcançar a gestão democrática, o principal

meio é a participação, que busca atingir os objetivos da escola de forma democrática e

centrada na qualidade dos processos de ensino-aprendizagem, possibilitando assim o

envolvimento dos usuários na organização e na tomada de decisões, além de garantir a

dinâmica das relações escola-comunidade aproximando professores, pais e alunos. Mas para

atingir os objetivos da gestão democrática, é necessário o cumprimento de responsabilidades

estabelecidas de forma colaborativa e compartilhada, onde a divisão de tarefas seja realizada e

exigida de alto grau de profissionalismo de todos, implicando na participação em função dos

objetivos da escola, assegurando as melhores condições de realização do trabalho docente.

As organizações escolares ao desenvolverem as práticas sociais participativas

devem perceber as enormes dificuldades e ameaças da reconversão burocrática e autoritária

de seus esforços, justamente pela diversificada cultura retratada na realidade bastante

complexa e dinâmica, porém, um aspecto merece destaque: o fundamento da participação é no

diálogo entre os membros. Porém este só é verdadeiro quando todos tentarem entender e

conhecer o outro em seu contexto e a partir de sua história. Ou seja, entender a escola pública

significa entender as relações humanas e praticar a alteridade como um exercício de

participação para alcançar o consenso pelo diálogo com todos, até mesmo os diferentes de

nós.

Portanto, a gestão educacional abrange a reconstituição dinâmica de atuações

como práticas sociais que ocorrem em instituições de ensino, passando a ser o centro de ações

organizadoras e orientadoras do ensino, tanto em âmbito macro (sistema) como micro (escola)

e na interação de ambos.

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21

3 GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA PÚBLICA

De acordo com Ferreira et al. (2001, p. 306):

Gestão é administração, é tomada de decisão, é organização, é direção. Relacionar-se com a atividade de impulsionar uma organização a atingir seus objetivos, cumprir sua função, desempenhar seu papel. Constitui-se de princípios e práticas decorrentes que afirmam ou desafirmam os princípios que as geram. Estes princípios, entretanto, não são intrínsecos à gestão como a concebia a administração clássica, mas são princípios sociais, visto que a gestão da educação se destina à promoção humana.

A gestão democrática pode ser entendida como um processo de aprendizagem

e de construção política que não se limita a prática educativa, mas permeia a prática social

acompanhada de sua autonomia, a possibilidade da efetiva participação, onde o papel da

escola pública deve ser desvinculado da ideia de preparação para o mercado de trabalho, pois

deve haver um resgate de sua verdadeira função social, onde a cidadania é exercida em

primeiro plano, considerando o contexto das relações escolares e suas necessidades para

serem efetivadas sob o âmbito democrático. A comunidade deve interferir nos objetivos da

escola, trabalhando novas relações sociais ao entenderem que são sujeitos ativos e

participativos das decisões na escola pública.

Ao pensarmos em escola, é possível relacioná-la como uma instituição

contribuinte para transformações na sociedade. Dois grandes obstáculos que se observam

atualmente é o Estado estabelecer o diretor como autoridade máxima dentro da escola e

quando ele deixa de oferecer a escola alguns recursos necessários para a realização de seus

fundamentos, provocando um caráter autoritário. É preciso começar a lutar contra esse papel

do diretor, necessitando que a escola se organize democraticamente com objetivos mais

transformadores e com uma maior inclusão da comunidade.

“Pensar a democratização da escola implica lutar pela democratização da

sociedade da qual essa faz parte e é parte constitutiva e constituinte”. (FERREIRA et al.,

2001, p. 90).

A escola apresentada como estatal só poderá ser reconhecida como pública a

partir do momento em que toda a população tiver acesso geral a uma educação valorizada, o

que, se depender do interesse do Estado, não haverá a universalização do ensino de boa

qualidade. É de grande importância ressaltar que a democratização se faz na prática social e

escolar, categorizada sem autoritarismo. A democratização no interior da escola não é

sinônimo de liberdade com os que nela frequentam, mas sim a abertura e a permissão de

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manifestar, questionar e refletir acerca das práticas internas, pois a democracia não se permite,

se realiza. Para alcançar essa democratização, é necessário superar a situação atual que faz a

democracia dependente de concessões e criar maneiras de construir um processo

completamente democrático na escola.

3.1 AUTORITARISMO

“Uma sociedade autoritária, com tradição autoritária, com organização

autoritária e, não por acaso, articulada com interesses autoritários de uma minoria, orienta-se

na direção oposta à da democracia”. (PARO, 2001, p. 19).

É preciso considerar que o fato de existirem interesses comuns identificados

nos grupos conviventes no ambiente escolar não significa que tais grupos sejam capazes de

percebê-los de forma clara para agirem de acordo buscando sua concretização.

No sistema escolar público atual, é o diretor quem escolhe a escola, mas a

escola e a comunidade não escolhem o diretor, já que estes dois grupos não têm condições de

mudar o chefe da escola. Este cargo de maior autoridade na escola vem acarretado

praticamente apenas de um concurso, para medir a competência que este possui

administrativamente, ou seja, sem focar nos interesses dos usuários da escola, limitando muito

essa concepção, gerando mais um problema do ensino público. Esta autoridade do diretor,

legitimada por um concurso público e concedida pelo Estado, dificulta exercer este poder

devido a estas limitações por conta da nomeação política, além da burocratização.

A democracia é um processo globalizante, que deve visar envolver todos os

indivíduos. Na prática, as escolas estão longe de seguir este requisito. Muito dificilmente

veremos um professor se relacionando de forma consequente num processo de participação

democrática da comunidade escolar se a sua relação com os alunos continua sendo autoritária.

A escola deve buscar uma aproximação com a comunidade, levando em conta seus reais

interesses e problemas, para então gerar um avanço e o processo ser inverso: a comunidade

participar da escola. Esta falta de aproximação explica grande parte do fracasso da gestão

escolar, pois a escola não propicia a devida atenção e nem acesso ao questionamento na forma

de participação da comunidade. Para superar este problema de participação, é necessário um

esforço por parte de todos os envolvidos: direção, professores, demais funcionários, pais e

alunos, ao passo que essa participação depende da superação das circunstâncias do

autoritarismo.

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23

É preciso analisar as condições da participação da população na escola para

tornar-se realidade, e não apenas ter presente a necessidade dessa participação. Alguns grupos

mais autoritários dentro da escola usam como contra-argumento de participação da

comunidade, a baixa escolaridade da população e o desconhecimento do funcionamento

formal da escola para afastar essa comunidade de participar da gestão. É possível apresentar

alegações e relatar alguns determinantes da participação dentro da comunidade com

elementos principais como condições econômico-sociais, disposição pessoal para participar,

falta de interesse, descrença em participação social, condições cultuais sobre a possibilidade

de participação e condições institucionais.

3.2 PERSPECTIVAS NA ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO

O Estado tem se mostrado cada vez mais desinteressado pela apropriação do

saber por parte das camadas majoritárias e pobres da população que procuram a escola

pública, então, esta fica sob precárias condições de funcionamento para atender a população.

Mesmo os alunos da rede pública estarem em constante mudança, a definição de um ensino de

qualidade não é alterada por nenhum grupo social, sendo este um conceito limitado a ocupar

cargos profissionais de maior prestígio ou para ingressar em uma universidade futuramente.

Este fato tem levado uma perspectiva decadente e desanimadora especialmente para os

professores, pois pode estar muitas vezes associado à queda da qualidade de ensino, sem

alcançar os atuais objetivos de educação.

A rede pública tem aplicado os mesmos currículos, os mesmos métodos, os

mesmos programas e os mesmos conteúdos, com raras alterações, usando a desculpa de que a

população mais pobre, por ser carente, tem um aprendizado mais demorado e é menos capaz,

necessitando de maior tempo para aprender. Mas o ponto de partida para reflexão acerca dos

objetivos da educação pública é o direito inquestionável do valor universal da mesma por toda

a população, sem levar em consideração a ordem econômica, ideológica ou de qualquer

espécie e em qualquer camada social, já que o acesso à cultura é um direito universal do

indivíduo enquanto ser humano pertencente a sociedade.

Outro problema encontrado nas escolas da rede pública é a aula ser identificada

meramente como uma mercadoria qualquer no mundo da produção material, já que o Estado,

por pressão da população, deve oferecer escola para todos, porém, há escassez até mesmo nos

padrões mínimos de qualidade de ensino, além de não se adaptar aos grupos sociais atuais, já

que se pauta pelos padrões tradicionais de décadas atrás. É por isso que para caminhar a uma

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24

qualidade de ensino deve-se preocupar com o fundamental, fazendo uma escola competente

para atender os usuários de hoje, colocando em destaque os reais interesses da população a

que se destinam.

Na consideração pelos padrões mínimos de qualidade de ensino para a escola

pública popular, um elemento importante a ser levado em conta é a implantação de um

processo efetivo de avaliação dessa escola pública, mas não um controle essencialmente

burocrático como é feito pelos órgãos superiores dos sistemas de ensino procurando averiguar

o rendimento dos alunos, mas sim uma avaliação de resultados. É de extrema importância

avaliar o andamento do processo educativo, para refletir e corrigir algumas práticas,

providenciando recursos, redimensionando metas, superando fracassos em geral, adequando

procedimentos, todas essas práticas estão longes da rede pública de ensino.

A estrutura da escola pública é constituída por uma ordenação de relações

hierárquicas de mando e submissão, ao invés de relações humanas de solidariedade e

cooperação. O diretor ocupa o mais alto posto dessa hierarquia, ele é o responsável por tudo o

que acontece dentro da escola, tendo autoridade sobre as demais pessoas, mas é o Estado a

quem ele deve prestar conta das atividades, ou seja, não exerce quase nenhum poder pois

assume o papel de preposto do Estado diante da instituição escolar. No sistema público atual,

a autoridade máxima e absoluta dentro da escola é o diretor, então mesmo com um conselho

de escola contando com a participação de professores, funcionários, alunos e pais, é o diretor

o responsável pelas decisões finais. Seria necessário um sistema em que a direção fosse

exercida por um conselho geral, em que o diretor perderia o papel autoritário que possui,

sendo apenas mais um membro, dividindo entre os participantes, a responsabilidade de

direção da unidade escolar.

Infelizmente, as instituições de ensino atuais encontram-se quase totalmente

impermeáveis a quaisquer mudanças e formas de participação popular, sendo esta uma ironia,

pois é a população que mantém o Estado com seus impostos e é a escola que deve servir os

seus usuários de acordo com seus interesses baseados nas decisões tomadas por eles. O

caminho para uma sociedade que seja realmente democrática é a participação efetiva da

população nas decisões escolares, sendo totalmente necessário determinar e esclarecer os

objetivos para atender aos interesses das camadas sociais na escola, pois são estas pessoas a

quem a instituição realmente necessita servir.

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25

4 GESTÃO EDUCACIONAL E SEUS PROCESSOS DEMOCRÁTICOS

A gestão educacional é responsável por sustentar todo o direcionamento dos

sistemas de ensino e das escolas, tendo como objetivo superar a falta de orientação e

liderança, tornando-as competentes, numa perspectiva de superação efetiva das dificuldades

cotidianas através do entendimento de que a realidade é dinâmica e as dificuldades no

processo educacional são globais. Para isso, é necessário promover organização, mobilização

e articulação de todas as condições estruturais, funcionais, materiais e humanas necessárias

para garantir o avanço dos processos socioeducacionais.

Visando atender a finalidade da educação escolar, segundo Ferreira et al.

(2001) vê-se necessário focar na dimensão social, na relação com o outro, mas para isso a

organização educacional precisa de uma estrutura pedagógica não tradicional, não

burocrática. Os resultados alcançados pela escola não têm sua qualidade definida na

padronização, mas sim em seres autônomos objetivando o coletivo, a dimensão social.

Autonomia esta que requer o desenvolvimento de seres únicos, mas busca a equidade no

sentido de inclusão social (cultural, política e econômica) de todos os cidadãos.

A execução da cidadania na escola depende da reformulação dos paradigmas

de gestão, colocando a autonomia e a construção da cidadania como processos indissociáveis

para a escola pública de qualidade, exigindo assim a construção de processos democráticos de

gestão com novas concepções e paradigmas, concebendo uma gestão democrática que seja

voltada para a inclusão social, ordenada aos interesses dos cidadãos, com ações transparentes

e clareza de propósitos.

Gestão democrática é todo o processo de organização das operações que

entrarão em prática na escola visando uma liderança competente e coletiva, é um processo de

coordenação de iguais, não de subordinados, assumindo linhas de compromissos e tomando

decisões pactuadas. É um princípio que deve ser sempre aprimorado acerca de novos

paradigmas nos ambientes educativos.

4.1 DESCENTRALIZAÇÃO

Descentralização, de acordo com Salerno (2009), é a iniciativa de otimização

da gestão no contexto escolar.

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26

Visando a obtenção de melhores resultados educacionais, entende-se como

necessária uma descentralização que reflita na solução para os grandes sistemas de ensino que

falham por não gerirem diretamente as escolas; que reconheça a importância social da escola

entendendo que esta possui uma cultura própria; e que compreenda o processo educacional

como formativo, efetuando a formação de um ambiente democrático propriamente dito, tudo

isso tendo como panorama a democratização da sociedade, assim como uma melhor gestão de

processos sociais e de recursos.

Ocorrem problemas uma vez que são mantidas as tendências de decisão

centralizadora, como políticas que tendem a ignorar as desigualdades e alto grau de

ineficiência e ineficácia. Para uma real descentralização, é essencial que aplicações sejam

efetuadas, como a suspensão de práticas comuns no ensino, a implementação de projetos

pedagógicos pelas escolas ao invés de políticas educacionais, entre outras. A descentralização

do ensino é complexa, por tratar-se de um país com uma diversidade regional enorme,

apresenta grandes diferenças socioculturais, portanto, não é um processo homogêneo e

praticado com uma única direção.

De acordo com Lück (2006, pp. 56 – 57):

A descentralização é uma ação dinâmica de implantação de política social, visando estabelecer mudanças nas relações entre os sistemas centrais e suas escolas, pela redistribuição de poder, passando, em consequência, as ações centrais, de comando e controle, para coordenação e orientação (descentralização política); pela abertura à autodeterminação no estabelecimento de processos e mecanismos de gestão do cotidiano escolar, de seus recursos e de suas relações com a comunidade (descentralização administrativa e financeira). Conduz a escola à construção de sua identidade constitucional, constituída pela formação da capacidade organizacional para elaborar seu projeto educacional (descentralização pedagógica), mediante a gestão compartilhada e a gestão direta de recursos necessários à manutenção do ensino.

Descentralização, democratização da escola e construção da autonomia são

aspectos da gestão democrática, diretamente associadas entre si e que têm a ver com as

estruturas e expressões de poder na escola. A autonomia da gestão escolar evidencia-se como

uma necessidade quando a sociedade pressiona as instituições para que promovam mudanças

urgentes e consistentes, a tomar decisões rápidas para que as mudanças ocorram no momento

certo e da forma mais efetiva. A democratização da escola corresponderia, na realização do

trabalho escolar orientado pela realização e desenvolvimento da competência de todos, em

conjunto.

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27

Sob o aspecto dos alunos, demanda que eles aprendam a compreender a vida, a

sociedade e a si mesmos inseridos nela, sendo participantes ativos, ressaltando uma atuação

mais efetiva, ou seja, transformá-los em cidadãos participativos na sociedade. Um exemplo

seria o professor levando o aluno a desenvolver seu potencial através de seus conhecimentos,

habilidades e atitudes, envolvendo-o em uma participação ativa, exercitando processos de

crítica, análise e organização, realizando perguntas para sugerir caminhos e elaborando

soluções a problemas. Com este processo, ocorre a democratização da escola, pois o aluno é

levado ao sucesso escolar.

Para superar a falta de organização nas escolas públicas, cabe aos profissionais

da educação ter a responsabilidade e o compromisso de buscar o desenvolvimento da

sociedade. Mas os professores são vistos apenas como prestadores de serviços educacionais,

os serviços educacionais são avaliados apenas pelos seus resultados, e não pelo processo de

ensino e o Estado é o elemento regulador, controlador e fiscalizador do sistema educacional.

Portanto, novos modelos de gestão vêm sendo desenvolvidos, de forma mais flexível,

participativa e descentralizada de administração dos recursos e das responsabilidades,

direcionando-se às práticas de motivação, cooperação e integração, e não mais de forma

processual como eram tratados.

Há muitas discussões acerca da descentralização de sistemas educacionais de

ensino e a otimização da gestão escolar, mas indubitavelmente deve-se distribuir o poder de

decisão, desenvolvendo a capacidade de planejamento das escolas, envolvendo a atuação de

todos os profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico escolar em seus

aspectos educacionais, não deixando apenas o diretor agir sozinho em sua elaboração e

execução, já que a escola está a serviço do desenvolvimento humano, deve planejar

coletivamente sua proposta pedagógica, sob uma articulação gerencial no seu interior,

buscando o equacionamento entre recursos humanos, financeiros, técnicos, didáticos e físicos,

garantindo uma aprendizagem efetiva, atendendo aos anseios da sociedade.

“Uma organização curricular que desenvolva competências e habilidades e não

um ensino enciclopédico significa levar o aluno a aprender, a pensar e ler o mundo de forma

crítica e consciente, ressignificando assim a aprendizagem”. (SALERNO, 2009, p. 107).

4.2 AUTONOMIA

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28

A autonomia para a escola é encarada como um processo de descentralização,

porém, muitas escolas competem pelo desenvolvimento isolado de projetos educacionais

autônomos, na ótica de atender as necessidades de aprendizagem por meio do envolvimento

da comunidade. Então há a necessidade da busca pela autonomia relativa, visando as

transformações sociais interdependentes da escola e do coletivo, para garantir o seu próprio

padrão de qualidade em respeito à diversidade. Para um ensino de qualidade, é necessário ter

uma gestão escolar de qualidade. É importante ter a definição clara desta palavra neste

contexto: é a otimização da gestão escolar no que se refere à sua eficiência, eficácia e

racionalidade.

O fundamento da concepção democrático-participativa da gestão escolar é a

autonomia, que segundo Libâneo (1999), significa ter poder sobre as diferentes formas de

organização até alcançar os objetivos, independentemente do poder central, onde as escolas

têm livre decisão de escolher o caminho a ser traçado através de professores, funcionários,

pais, alunos e a comunidade em geral, sendo estes responsáveis pelo êxito da instituição de

ensino, transformando-se em um ambiente educador, coletivo e de aprendizagem, onde a

tomada de decisões baseia-se na análise de cada problema em seus diferentes aspectos e na

ampla democratização das informações.

Uma gestão escolar de qualidade não deve ser realizada de forma

independente, mas sim com cooperações internas, de forma coletiva e com parcerias reais,

para haver produtividade. Este trabalho conjunto deve ser enfatizado na escola para tornar-se

realidade de maneira ampla interna e externamente. Além do coletivo, para haver a gestão

escolar de sucesso, faz-se necessário um sistema de ensino bem estruturado, com capacidade

logística e financeira adequadas, além da competência profissional que é essencial.

É de grande importância destacar mecanismos de construção da autonomia da

gestão escolar no contexto brasileiro, nestes estão inseridos: a eleição de diretores, a formação

de órgãos colegiados e a descentralização de recursos financeiros.

4.2.1 Órgãos colegiados

De acordo com Lück (2006, p. 66):

Um órgão colegiado escolar constitui-se em um mecanismo de gestão da escola que tem por objetivo auxiliar na tomada de decisão em todas as suas áreas de atuação, procurando diferentes meios para se alcançar o objetivo de ajudar o estabelecimento de ensino, em todos os seus aspectos, pela participação de modo interativo de pais, professores e funcionários. Em sua atuação, cabe-lhe resgatar valores e cultura,

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considerando aspectos socioeconômicos, de modo a contribuir para que os alunos sejam atendidos em suas necessidades educacionais, de forma global.

A gestão escolar vê-se necessária a participação de todos no âmbito escolar,

como uma condição fundamental para que a escola esteja integrada na comunidade e a

comunidade nela, promovendo uma maior participação e integração nos processos de tomada

de decisão, constituindo a base para a maior qualidade do ensino.

4.2.2 Eleição de diretores

“A escolha do diretor [...] vem se ampliando como mecanismo de seleção

diretamente ligado à democratização da educação e da escola pública, visando assegurar,

também, a participação das famílias no processo de gestão da educação de seus filhos”.

(PARENTE & LÜCK, 1999, p. 37).

A realização de eleição de diretores teve início na década de 80, por iniciativa

dos primeiros governos estaduais eleitos, após o fim do governo pelo regime militar, como

parte da redemocratização do país. Não há, no entanto, resultados gerais e consistentes que

demonstrem a efetividade desses mecanismos na prática de gestão democrática e construção

da autonomia da gestão escolar. Não é a eleição em si, como evento, que democratiza, mas

sim o que ela representaria, como parte de um processo participativo global.

A eleição em si deveria representar a definição de um ideário social

democrático para a construção de instituições e prestação de serviços sociais em atendimento

a planos de desenvolvimento organizacional e social amplos. Seriam, nesse caso, eleitas as

pessoas que melhores condições e competências tivessem de promover a realização desse

ideário e de manter os membros da comunidade escolar mobilizados para a sua realização.

O Estado e a escola existem como instituições a serviço da sociedade, visando

a promoção de seu desenvolvimento. Governantes e dirigentes de escolas se dispõem a

trabalhar pelo bem comum da sociedade – no caso da escola pela qualidade de ensino,

motivando e orientando servidores e usuários para tais realizações, superando interesses

corporativistas e individualistas.

A autonomia da gestão escolar pode ser facilitada por ações dos sistemas de

ensino no sentido financeiro, com recursos que lhe permitam atender às necessidades de seu

cotidiano, visando uma gestão independente, mas compartilhada entre todos os membros da

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comunidade escolar, colocando em primeiro plano o que for imprescindível principalmente

aos estudantes.

4.2.3 Descentralização de recursos financeiros

Quadro 2 - Gestão financeira nas escolas estaduais da Bahia

4.1. O Secretário da Educação estabelecerá normas pertinentes à gestão de recursos financeiros dos

estabelecimentos de ensino, cabendo ao dirigente escolar velar pelo cumprimento destas.

4.2. Independentemente de autorização prévia, o dirigente poderá realizar todas as despesas relacionadas à

manutenção e desenvolvimento do ensino, inclusive a aquisição de móveis e equipamentos, bem como

realizar obras de pequeno e médio portes, excetuando-se despesas relativas a grandes reformas e contratação

de pessoal para o quadro permanente, respeitando o orçamento do estabelecimento de ensino e a previsão da

mesma despesa no PDE.

4.3. A Unidade Escolar não poderá contrair dívidas de qualquer natureza que ultrapassem os recursos

financeiros alocados pela Secretaria da Educação ou por ela gerados ou que não tenham sido previstos no

PDE.

4.4. O dirigente escolar será responsável pelo pagamento de quaisquer despesas por ele autorizadas ou pelas

quais seja responsável, em virtude de delegação da Secretaria da Educação.

4.5. Constitui motivo para perda do cargo em comissão a não-prestação de contas no prazo devido e a

aplicação irregular dos recursos recebidos.

4.6. O dirigente escolar, ouvindo o Colegiado Escolar, poderá gerar recursos no âmbito do estabelecimento de

ensino, através de contribuições voluntários, sendo vedada a colaboração de taxas a qualquer título.

Fonte: Secretaria da Educação e Cultura da Bahia, 2000.

Conforme o quadro 2, nota-se que mesmo algumas escolas elegendo seus

diretores, recebendo dinheiro para gastos cotidianos e criando unidades colegiadas, estas não

se converteram em autônomas. Esta prática depende da condição de competência dos

participantes e da vontade política das bases de assumir efetivamente as responsabilidades do

trabalho e aos órgãos superiores de dispor e apoiar estas ações seguindo princípios de

desenvolvimento institucional. Autonomia não se constrói com normas e regulamentos

limitados a aspectos operacionais e sim com princípios e estratégias democráticos e

participativos, devendo ser entendida como um processo em desenvolvimento nas escolas

brasileiras.

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31

4.2.4 Autonomia escolar

Segundo Lück (2006), a autonomia escolar consiste no âmbito de sistemas de

ensino, sendo muito mais uma prática de discurso, uma intenção, uma proposta ou um desejo,

do que uma prática concreta manifestada em ações objetivas, visando a transformação

evolutiva de práticas sociais. Entende-se que autonomia, no contexto da educação, consiste na

ampliação do espaço de decisão, voltada para o fortalecimento da escola e melhoria da

qualidade do ensino que oferece, e da aprendizagem que promove pelo desenvolvimento de

sujeitos ativos e participativos.

A maioria dos problemas relacionados à educação são problemas coletivos, e

não simplesmente problemas das entidades superiores isoladas da sociedade, como o governo.

A autonomia surge como uma forma de orientação política de extrema importância para

resolução destes problemas, devendo ser buscadas em conjunto, levando em conta a reflexão

coletiva sobre a realidade. Ou seja, para a autonomia ser considerada efetiva, deve ser

construída de forma democrática clara e objetiva, compartilhada em todos os níveis de gestão.

É possível apresentar alguns significados e aspectos básicos da autonomia da

gestão escolar. É um processo construído diariamente, a partir do momento em que os

participantes da escola entendem seu papel na mesma. A prática democrática e participativa

para a construção da autonomia da escola é um aprendizado constante. Princípios sociais,

institucionais, regras e regulamentos são necessários, sempre buscando resultados

educacionais, à medida que estabeleçam condições de funcionamento. A autonomia pode ser

considerada como um processo de interdependência, pois não se constrói autonomia da escola

sem um consentimento entre os dirigentes dos sistemas de ensino e os dirigentes escolares, e

estes com a comunidade escolar sobre a maneira de organização da educação.

Para a autonomia ser realmente efetiva, ela necessita que os âmbitos macro de

gestão construam uma orientação voltada aos princípios da mesma, implicando numa

responsabilização pelo todo, diante de uma gestão participativa. Quando se alcança essa

efetividade, mediante uma transformação da cultura escolar, caracteriza-se pela iniciativa,

empreendedorismo, entusiasmo, responsabilização, orientação para resultados, ética e todo o

resto que permeia a escola. Em suma, é um movimento dirigido para a tomada de decisão

cerceada de responsabilidades por parte da escola e da comunidade.

De acordo com Lück (2006, pp. 103-104):

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32

A autonomia é realizada em quatro dimensões: a financeira, a política, a administrativa e a pedagógica, sendo que nenhuma delas se basta a si mesma para caracterizar a autonomia da gestão escolar, uma vez que são interdependentes e se reforçam reciprocamente, estando umas a serviço de outras. Essa autonomia se constrói com autoridade, isto é, com o sentido de autoria. Trata-se de uma autoridade intelectual (capacidade conceitual), política (capacidade de compartilhar poder), social (capacidade de liderar e orientar-se por liderança) e técnica (capacidade de produzir resultados e monitorá-los). É a ação que transforma a realidade e não a contemplação. As ideias não têm valor por si próprias, mas por sua capacidade de impulsionar a ação para promover resultados desejados.

A autonomia pode ser compreendida como um processo aberto de participação

coletiva da escola, visando a competência da mesma, onde os seus profissionais assumem as

suas responsabilidades e seus alunos obtém sucesso, mas para a construção da gestão

autônoma, segundo Lück (2006), são necessários alguns princípios, como: comprometimento

em sentir-se responsável pela educação, competência buscando o aprimoramento profissional,

liderança ao contribuir para o bem estar geral oferecendo ideias, mobilização coletiva,

transparência de atitudes e significados, visão estratégica e abrangente, visão proativa,

iniciativa e criatividade ao olhar a realidade com uma nova perspectiva.

Assim como princípios necessários para a construção da gestão autônoma são

necessários, algumas práticas e atitudes devem ser evitadas, como: acomodação e

imobilização, autoritarismo, burocratização, medo de perda de poder e controle, delimitação e

transferência de responsabilidade, dependência e individualismo. Além disso, vê-se

necessário criar e fazer funcionar continuamente mecanismos de gestão colegiada, como por

exemplo, conselho escolar, grêmio, comissões de currículo, de parcerias, de atividades

extraclasse, de projetos, entre outros. O quadro 3 mostra o significado de autonomia e como

se expressa.

Quadro 3 – O que é autonomia e como se expressa

Autonomia é a expressão de cidadania e se realiza na escola a partir de:

Perspectiva de alunos como sujeitos ativos.

Comunicação e processo interativo abertos.

Participação de todos.

Prática de valores responsabilidade, organização, respeito, respeito interpessoal.

Criatividade.

Consciência da relação entre direitos e deveres.

Uso produtivo da liberdade.

Integração entre escola e comunidade, a partir de ações voltadas para a qualidade.

Comprometimento com a qualidade contínua.

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33

Ação orientada para a construção da credibilidade.

Fonte: LÜCK, 2006, p. 126.

Uma escola é instituída como uma organização a serviço da sociedade, onde

educa seus jovens para que estes participem ativamente e contribuam para o seu

desenvolvimento, repercutindo em um estilo de vida organizado, produtivo e feliz. É

necessário ressaltar que a gestão autônoma é uma forma de agir assumindo responsabilidades,

comprometendo-se com a sua melhoria e ter uma visão de futuro em conjunto com a

sociedade, visando à formação competente dos alunos.

Foca-se tanto para que a gestão escolar seja autônoma e democrática porque

acredita-se que estas são as características fundamentais para que a cultura da escola possa

promover a formação para a cidadania dos estudantes numa sociedade democrática. Com isso,

o Consed promoveu a instituição do Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar, que

tem por objetivo oferecer às escolas um estímulo e uma orientação para a realização de sua

auto avaliação, como um processo participativo e pedagógico.

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34

5 PESQUISA DE CAMPO: ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DUAS ESCOLAS

PÚBLICAS DA CIDADE DE SÃO PAULO

Nesta parte desse estudo apresentam-se reflexões acerca de pesquisas feitas

com os gestores de duas escolas públicas da cidade de São Paulo, sendo uma municipal e

outra estadual, ambas localizadas na zona norte, onde foi aplicado um questionário embasado

na pesquisa teórica acerca da gestão escolar de caráter investigativo sobre conceitos definidos

por estes gestores ao longo do tempo. Esta pesquisa foi apoiada também no PGE, onde sua

principal proposta está em auxiliar a instituição escolar no percurso do autoconhecimento e da

autorreflexão para o planejamento de novas ações e procedimentos, criando um instrumento

de auto avaliação com indicadores para que a comunidade escolar possa olhar para si mesma,

reconhecendo os avanços e os problemas ainda por resolver.

Este exercício de reflexão e planejamento proposto pelo PGE, elaborado e

organizado pelo Consed, cria a possibilidade de os gestores escolares visualizarem seus

avanços e fragilidades, refletindo sobre as determinações e atuações que estão se

desenvolvendo na escola. Com isso, será possível identificar o que é preciso fazer para que os

processos de ensino se aproximem, cada vez mais, do que a comunidade escolar considera

uma educação de qualidade, criando um papel de mobilização, coordenação e liderança na

realização das ações.

5.1 QUESTÕES ACERCA DA VISÃO GERAL DA GESTÃO ESCOLAR

A seguir são apontados dados gerais sobre a visão dos gestores escolares das

duas escolas públicas da cidade de São Paulo, como mostra o quadro 4:

Quadro 4 – Aspectos comparativos da gestão escolar de duas escolas públicas

EMEFM E. E.

Gestão escolar A gestão escolar está diretamente

associada ao processo de seguir

leis, mas o ideal é que seja

democrática.

A gestão escolar limita-se apenas na gestão

administrativa, ou seja, todo o excesso de burocracia

educacional que o sistema exige do gestor.

Gestão

democrática

A gestão democrática significa

ouvir a todos os interessados na

A gestão democrática é praticamente inexistente dentro

da escola, pois a própria estrutura educacional impõe

Page 35: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

35

comunidade escolar: pais, alunos,

professores e funcionários.

práticas muito burocráticas, e a gestão acaba sendo

puramente administrativa nos diversos segmentos da

escola.

Envolvimento

da

comunidade

na

organização

escolar

A comunidade não é envolvida

no processo de planejamento e

organização escolar e pouco que

acontece é referente ao conselho

de escola. Existe uma resistência

imensa com a participação da

comunidade, onde a própria

estrutura escolar não permite que

ela seja tão democrática.

A escola procura envolver a comunidade no processo

de planejamento e organização escolar, mas há uma

demanda que não reside nas imediações da Unidade

Escolar e isto dificulta a proximidade com os

responsáveis pelos alunos. A escola procura chamar a

comunidade para reuniões, mas sem obter sucesso.

Gestores e

suas funções.

A divisão do trabalho é dividida

em dois âmbitos principais: o

pedagógico e o administrativo. O

pedagógico é estabelecido pelo

coordenador pedagógico, que

tem por função acompanhar o

rendimento dos alunos e auxiliar

no desenvolvimento de melhores

métodos para o ensino-

aprendizado.

O administrativo tem como

encargo um diretor e um vice-

diretor, que tratam mais das

questões burocráticas e

cumprimento das leis, mas

sempre caminhando para a

ampliação da democratização da

política escolar, visando atender

as necessidades dos estudantes na

medida do possível.

Diretor: administrar o pessoal, recursos materiais e

financeiros da escola, aprovar o plano escolar,

assegurar o cumprimento da legislação em vigor,

assegurar os meios para reforço e recuperação de

aprendizagem dos alunos, assinar todos os documentos

relativos a vida escolar dos alunos, atribuir classes e

aulas aos professores da escola, autorizar matrícula e

transferência dos alunos.

Vice-diretor: ajudar o diretor no desempenho de todas

as atribuições que lhe são próprias, responder pela

direção da escola no horário que lhe é confiado e

substituir o diretor de escola em suas ausências e

impedimentos.

Coordenador pedagógico: acompanhar, avaliar e

controlar o desenvolvimento do currículo, assessorar a

direção da escola na articulação das ações pedagógicas

desenvolvidas pela Unidade Escolar, auxiliar a direção

da escola na coordenação de diferentes projetos,

inclusive os de reforço de aprendizagem, avaliar os

resultados do ensino no âmbito da escola, organizar os

recursos didáticos da escola, coordenar e garantir o

trabalho pedagógico coletivo na escola.

Evolução da

gestão escolar

e a busca pela

melhoria.

A gestão escolar era bem mais

autoritária pelo contexto de

abertura política. Haviam papeis

sociais mais bem definidos,

relações de poder, e hoje a

A escola pública no decorrer dos anos se massificou,

ou seja, passou a atender toda a população da cidade,

não sendo mais elitista como era no passado. Os

gestores devem coordenar, planejar e acompanhar a

implementação descentralizada das políticas e

Page 36: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

36

escola, teoricamente, deve ser

democrática, mais aberta ao

diálogo, mas há uma grande

resistência, pelas pessoas que

trabalham há muito tempo, não

permitindo grandes mudanças.

diretrizes educacionais, garantindo a articulação entre a

gestão central e a gestão escolar. Uma das ações é o

fortalecimento do professor coordenador que deve

orientar e acompanhar a escola, identificando

problemas e agilizando o fluxo de informações entre a

escola e a Diretoria de Ensino.

Fonte: autor desse estudo.

O quadro 4 retrata aspectos gerais acerca do conhecimento das tarefas de cada

um dos gestores responsáveis pela parte pedagógica (coordenador pedagógico) e

administrativa (diretor e vice-diretor), além de compartilhar da visão dos gestores escolares

das duas escolas públicas, onde ambos apresentam uma opinião bem definida sobre gestão

escolar ser totalmente burocrática e gestão democrática ser a ideal, em que todos os membros

da escola devem ser contribuintes para formulação desta, mas isto acaba sendo uma tarefa

difícil já que a estrutura educacional impõe práticas meramente administrativas, além do não

envolvimento por parte da comunidade em tomar decisões em conjunto com a escola,

dificultando ainda mais a execução da gestão democrática. A escola pública antigamente

trabalhava de forma autoritária, até pelo contexto político tipicamente rígido, e acabou

demorando muito tempo até reformular a visão destes gestores para mudanças que atuassem

de forma efetivamente mais democrática e menos limitada.

5.2 GESTÃO PEDAGÓGICA

5.2.1 Planejamento e ações pedagógicas

Abrange processos e práticas de gestão do trabalho pedagógico, orientados

diretamente para assegurar o sucesso da aprendizagem dos estudantes, em consonância com o

projeto pedagógico da escola.

Destacam-se como indicadores de qualidade: a atualização periódica da

proposta curricular; o acompanhamento da aprendizagem dos estudantes; o desenvolvimento

da inovação pedagógica; as políticas de inclusão com equidade; o planejamento da prática

pedagógica; a organização de implantação de projetos didáticos consonantes com o PPP da

instituição e a organização do espaço e tempo escolares, com suas rotinas e estratégias de

acompanhamento, como mostra o quadro 5:

Page 37: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

37

Quadro 5 – Planejamento e ações da gestão pedagógica

EMEFM E. E.

Proposta

curricular

atualizada

A proposta curricular não é

atualizada periodicamente.

O currículo envolve temas relativos a

relações sociais, valores, identidade

dos estudantes e conhecimentos

escolares.

O currículo não favorece a expressão

dos alunos.

A escola oferece, na medida do

possível, apoio técnico aos

professores, para o trabalho de

contextualização e definição do

currículo.

A proposta curricular é atualizada

periodicamente, para atender os interesses e as

necessidades dos estudantes e da comunidade.

O currículo envolve temas relativos a

conhecimentos escolares, procedimentos

pedagógicos e contextualização dos alunos.

O currículo favorece a expressão dos alunos

nas suas diferentes formas, nas várias áreas de

conhecimento.

A escola oferece grande apoio técnico aos

professores para o trabalho de

contextualização e definição do currículo.

Acompanhamento

de aprendizagem

Os resultados de aprendizagem são

pouco analisados.

A análise dos resultados de

aprendizagem raramente é utilizada

como informação para o

planejamento das aulas e dos

projetos.

A escola não oferece

acompanhamento especial para

estudantes em distorção idade/série.

A escola não realiza ações orientadas

para as turmas com maiores taxas de

reprovação.

Alunos com dificuldades de

aprendizagem raramente recebem

auxílio para atingir os níveis de

aprendizagem esperados.

Os resultados de aprendizagem são bastante

analisados.

A análise dos resultados de aprendizagem é

utilizada como informação para o

planejamento das aulas e dos projetos, onde

são desenvolvidas ações pedagógicas, tendo

por objetivo a melhoria contínua do

rendimento escolar.

A escola não oferece acompanhamento

especial para estudantes em distorção

idade/série.

A escola realiza ações orientadas para as

turmas com maiores taxas de reprovação.

Alunos com dificuldades de aprendizagem

recebem auxílio, estímulo e apoio para atingir

os níveis de aprendizagem esperados.

Inovação A escola está muito atrasada quanto a São desenvolvidas práticas inovadoras para

Page 38: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

38

pedagógica realização de práticas inovadoras. atender as diferentes necessidades e ritmos de

aprendizagem dos estudantes com a utilização

adequada de recursos didáticos e tecnologias

educacionais, que favoreçam o trabalho em

equipe, a interdisciplinaridade, a

contextualização e a apropriação de saberes. E

estas práticas são analisadas a partir do

rendimento dos alunos.

Inclusão com

equidade

São realizadas práticas pedagógicas

inclusivas que traduzam o respeito e a

equidade no atendimento a todos os

estudantes, independentemente de

origem socioeconômica, gênero, raça,

etnia e necessidades especiais.

Quando possível, as ações com os

alunos, pais ou responsáveis,

servidores da instituição são

realizadas para acolher casos

especiais.

As práticas pedagógicas inclusivas são

incentivadas pelos gestores, mas não são

levadas tão a sério pelos estudantes.

São realizadas ações com o conjunto de

alunos, pais ou responsáveis, servidores da

instituição no sentido de acolher casos que

necessitam de atendimento especial.

Planejamento de

prática pedagógica

A escola dispõe de poucos momentos

periódicos (apenas quatro reuniões

por ano) para o planejamento

coletivo.

O planejamento das aulas tenta estar

em consonância com a proposta

curricular da escola, mas as

necessidades individuais dos alunos

não são muito percebidas.

A escola estabelece os objetivos no

projeto pedagógico para cada

ano/série de acordo com as diretrizes

curriculares.

Os conteúdos para cada componente

curricular/disciplina e para cada

ano/série ou ciclo são organizados de

forma sequencial

A escola dispõe de momentos periódicos para

o planejamento coletivo e cooperativo da

prática pedagógica.

O planejamento das aulas está em consonância

com a proposta curricular da escola e com

base nos avanços e necessidades individuais

dos estudantes.

A escola estabelece os objetivos no projeto

pedagógico para cada ano/série de acordo com

as diretrizes curriculares.

Os conteúdos para cada componente

curricular/disciplina e para cada ano/série ou

ciclo são organizados de forma espiralada.

Organização do A escola dispõe de poucos momentos A escola dispõe de momentos coletivos para

Page 39: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

39

espaço e do tempo

escolares

coletivos para organização dos

ambientes, horários de aula e

atividades extraclasse.

Os eventos escolares, informes e

solicitações administrativas são

organizados e tratados com um

mínimo de interrupção das aulas.

O horário previsto para cada aula é

definido e seguido pelos professores

que tentam dedicar todo o tempo das

aulas para atividades que objetivam a

aprendizagem, concentrando-se nas

atividades de ensino.

A escola utiliza ou adapta espaços

fora da sala de aula para a realização

de atividades diversificadas que

favoreçam a aprendizagem dos

diferentes conteúdos escolares.

Os espaços são organizados na

medida do possível, de modo a

propiciar algum tipo de aprendizagem

aos estudantes.

organização dos ambientes, horários de aula e

atividades extraclasse, de modo a assegurar

práticas pedagógicas que aprimoram a

qualidade do ensino e o atendimento às

necessidades de aprendizagem dos estudantes.

Os eventos escolares, informes e solicitações

administrativas são organizados e tratados

com um mínimo de interrupção das aulas.

O horário previsto para cada aula é claramente

definido e seguido pelos professores que

dedicam todo o tempo das aulas para

atividades que objetivam a aprendizagem,

concentrando-se nas atividades de ensino.

A escola utiliza ou adapta espaços fora da sala

de aula para a realização de atividades

diversificadas que favoreçam a aprendizagem

dos diferentes conteúdos escolares.

Os espaços da escola estão organizados de

modo a propiciar algum tipo de aprendizagem

aos estudantes.

Fonte: autor desse estudo.

O quadro 5 mostra a diferença quanto às ações das gestões pedagógicas nas

duas escolas públicas. A escola municipal não apresenta uma proposta curricular atualizada

periodicamente, mas mostra-se aberta a contextualização do currículo baseando-se em valores

sociais e identidade dos estudantes, além de não se preocupar em analisar os resultados de

aprendizagem e nem auxiliar alunos que possuem mais dificuldade individualmente, pois

dispõe de poucos momentos para o planejamento coletivo. Também alega um grande atraso

na inovação de práticas pedagógicas que tentem favorecer os alunos, apenas realizam ações

de incentivo ao respeito e a alteridade. A ação diferenciada que a escola promove é a

adaptação de espaços fora da sala de aula para realizar atividades diversificadas de caráter

incentivador e aprendizagem aos estudantes, de modo a desenvolverem sua criatividade e seu

lado crítico.

Page 40: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

40

Já a escola estadual, relata um caráter satisfatório quanto ao planejamento e

ações da gestão pedagógica, já que se preocupa em ter uma proposta curricular atualizada em

favorecimento aos alunos, oferecendo apoio técnico aos professores procurando a

contextualização na elaboração do currículo, tendo em vista a análise de avaliações e

resultados como informações para o planejamento objetivando a melhoria do rendimento

escolar, além de auxiliar os alunos com maiores dificuldades individualmente e incentivando

práticas inclusivas dentro e fora da escola.

5.2.2 Resultados Educacionais

Abrange processos e práticas de gestão para a melhoria dos resultados de

desempenho da escola – rendimento, frequência e proficiência dos estudantes.

Destacam-se como indicadores de gestão de resultados: a avaliação e melhoria

contínua do projeto pedagógico da escola; a análise, divulgação e utilização dos resultados

alcançados; a identificação dos níveis de satisfação da comunidade escolar, com o trabalho da

sua gestão; e transparência de resultados, conforme a quadro 6:

Quadro 6 – Resultados educacionais da gestão pedagógica

EMEFM E. E.

Avaliação do

projeto

pedagógico

Não é estabelecido um diálogo com a

comunidade para a elaboração do

currículo escolar

A equipe escolar quase não utiliza os

resultados das avaliações para fazer

revisões no currículo.

A diretora e os professores não sabem

quantos e quais estudantes estão em

dificuldades em cada componente

curricular/disciplina.

São aplicados diferentes instrumentos de

avaliação e proporcionadas situações de

aprendizagem variadas.

A equipe escolar estabelece expectativas

de aprendizagem de desempenho para

No processo de elaboração do currículo da

escola não é estabelecido o diálogo com a

comunidade.

A equipe escolar utiliza os resultados das

avaliações para fazer revisões no currículo e

no seu projeto.

A diretora e os professores sabem quantos e

quais estudantes estão em dificuldades em

cada componente curricular/disciplina.

São aplicados diferentes instrumentos de

avaliação e proporcionadas situações de

aprendizagem variadas.

A equipe escolar estabelece expectativas de

aprendizagem de desempenho para avaliar os

estudantes em cada ano/série/ciclo, com base

Page 41: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

41

avaliar os estudantes em cada

ano/série/ciclo, com base nas diretrizes

curriculares adotadas.

As expectativas de aprendizagem

determinantes para o sucesso escolar em

cada ano/série, e ao longo da

escolarização, nem sempre são claras e

conhecidas por todos os professores e

estudantes.

nas diretrizes curriculares adotadas.

As expectativas de aprendizagem

determinantes para o sucesso escolar em cada

ano/série, e ao longo da escolarização, são

claras e conhecidas por todos os professores e

estudantes.

Rendimento

escolar e

resultados de

desempenho

A escola nem sempre analisa os

resultados de seu desempenho de forma

comparativa com os resultados das

avaliações nacionais, estaduais e/ou

municipais.

A escola nem sempre tem realizado

registros e análises das taxas de

aprovação, reprovação e abandono.

A comunidade é muito pouco informada

sobre os resultados e desempenho da

escola.

A escola analisa os resultados de seu

desempenho de forma comparativa com os

resultados das avaliações nacionais, estaduais

e/ou municipais, identifica necessidades e

propõe metas de melhoria.

A escola, nos últimos três anos, tem realizado

registros e análises das taxas de aprovação,

reprovação e abandono, identificando

necessidades e implementando ações de

melhoria.

A comunidade é informada sobre os

resultados e desempenho da escola.

Frequência

escolar

A escola tem realizado acompanhamento

e controle da frequência dos estudantes,

mas as medidas para assegurar a sua

permanência na escola deixam a desejar.

A escola procura a família dos estudantes

que se ausentam dias seguidos sem

justificativa, para que percebam a relação

entre frequência escolar e bom

desempenho.

A escola tem realizado acompanhamento e

controle da frequência dos estudantes e

adotado medidas para assegurar a sua

permanência na escola.

A escola procura a família dos estudantes que

se ausentam dias seguidos sem justificativa,

para que percebam a relação entre frequência

escolar e bom desempenho.

Transparência

dos resultados

São divulgados, periodicamente, aos pais

e à comunidade, os resultados de

aprendizagem dos estudantes, mas as

ações educacionais não são muito

divulgadas.

Os estudantes não têm muita clareza dos

São divulgados, periodicamente, aos pais e à

comunidade, os resultados de aprendizagem

dos estudantes e as ações educacionais

implantadas para a melhoria do ensino.

Os estudantes não têm nenhuma clareza dos

conteúdos e do grau de expectativa da

Page 42: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

42

conteúdos e do grau de expectativa da

aprendizagem que se espera deles.

A comunidade é informada sobre os

objetivos e projetos da escola e os pais

são informados sobre os resultados dos

seus filhos nas avaliações qualitativas

feitas pela escola.

aprendizagem que se espera deles.

A comunidade é informada sobre os objetivos

e projetos da escola e os pais são informados

sobre os resultados dos seus filhos nas

avaliações qualitativas feitas pela escola.

Satisfação dos

estudantes,

pais,

professores e

demais

profissionais da

escola

Não são levantados e analisados de

forma sistemática, índices de satisfação

dos estudantes, pais, professores e

demais profissionais da escola, em

relação à gestão, às práticas pedagógicas

e aos resultados da aprendizagem.

Os estudantes não avaliam se os

professores estão comprometidos com o

ensino.

A equipe da escola não se sente

valorizada e respeitada por pais e

estudantes.

Os pais e a comunidade, no geral,

mostram-se insatisfeitos em relação aos

resultados da escola e o desempenho dos

seus profissionais.

Não são levantados e analisados de forma

sistemática, índices de satisfação dos

estudantes, pais, professores e demais

profissionais da escola, em relação à gestão, às

práticas pedagógicas e aos resultados da

aprendizagem.

Os estudantes não avaliam se os professores

estão comprometidos com o ensino.

A equipe da escola não se sente valorizada e

respeitada por pais e estudantes.

Os pais e a comunidade, no geral, mostram-se

insatisfeitos em relação aos resultados da

escola e o desempenho dos seus profissionais.

Fonte: autor desse estudo.

O quadro 6 aponta os resultados educacionais da gestão pedagógica, utilizando

como parâmetro a avaliação do projeto pedagógico, em que ambas as escolas não estabelecem

um diálogo com a comunidade para elaboração do currículo, já que alegam que a própria

comunidade não tem interesse em participar de forma efetiva, dificultando todo o processo de

organização e gestão democrática. Por mais que sejam aplicados diferentes instrumentos de

avaliação, a escola municipal não tem conhecimento individual de cada estudante sobre suas

dificuldades e nem sempre as expectativas para alcançar o sucesso escolar são claras para

todos os membros, principalmente para os alunos, que não questionam acerca da clareza e

grau de aprendizagem que se espera deles. Além de não analisar resultados de desempenho,

há certa escassez de informações na divulgação para a comunidade, já que esta não se vê

Page 43: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

43

interessada. A escola apenas se preocupa em procurar as famílias dos estudantes que se

ausentam por muito tempo, e estes ainda se demonstram insatisfeitos com o trabalho da gestão

escolar, já a equipe da escola, não se sente valorizada e respeitada por pais e estudantes.

As informações fornecidas pela escola estadual, diferem-se apenas em alguns

aspectos, como utilizar os resultados das avaliações para realizar mudanças e melhorias no

currículo, prezando pela melhor qualidade de ensino, procurando dar atenção individual para

alunos que possuem mais dificuldades. A escola procura da melhor forma possível incentivar

os estudantes a assegurar a permanência, propiciando acompanhamento familiar e

averiguação e comparação com resultados anteriores para buscar novas alternativas de

trabalho, divulgando aos pais e a comunidade as ações implantadas. Mas em alguns aspectos,

assim como na escola municipal, os gestores não recebem um retorno da comunidade, dos

estudantes e da família, pois estes demonstram-se insatisfeitos com o sistema, havendo certa

resistência de participação e falta de conhecimento de cada papel, sendo assim, a equipe

gestora não sente que esteja realizando um trabalho significativo.

5.3 GESTÃO PARTICIPATIVA

Abrange processos e práticas que respondem ao princípio da gestão

democrática do ensino público. São destacados como indicadores de qualidade: a participação

dos pais; a participação e envolvimento dos estudantes; a atuação de órgãos colegiados –

conselhos escolares, APMs, grêmios estudantis e outros; o estabelecimento de articulações e

parcerias na integração da escola com a comunidade/sociedade; e a participação de toda a

equipe de profissionais que atuam na escola, como aponta o quadro 7:

Quadro 7 – Indicadores da gestão participativa

EMEFM E. E.

Participação

dos pais

A equipe escolar disponibiliza as notas

pelo site da prefeitura para que os pais

possam acompanhar o desenvolvimento

escolar de seus filhos.

A escola não promove reuniões entre

pais e professores para discutir questões

relativas à melhoria do desempenho dos

estudantes.

A equipe escolar desenvolveu sistemáticas para

que os pais possam acompanhar o

desenvolvimento escolar de seus filhos.

A escola promove reuniões entre pais e

professores para discutir questões relativas à

melhoria do desempenho dos estudantes, mas a

maioria dos pais não comparece aos encontros.

A escola realiza eventos pedagógicos e culturais

Page 44: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

44

A escola não realiza muitos eventos

pedagógicos e culturais que permitam

contato entre pais e professores.

Os pais não participam autônoma e

efetivamente dos colegiados escolares,

há pouca presença de pais.

A equipe escolar preocupa-se menos do

que deveria em preparar pautas e

organizar encontros que contribuam para

a participação dos pais.

que permitam contato entre pais e professores.

Os pais não participam autônoma e

efetivamente dos colegiados escolares.

A equipe escolar preocupa-se em preparar

pautas e organizar encontros que contribuam

para a participação dos pais.

Participação

e

envolvimento

dos

estudantes

A escola não tem um Grêmio Estudantil

efetivo.

Os estudantes raramente apresentam

iniciativas para realização de eventos e

campanhas junto à comunidade.

A escola tenta adotar iniciativas que

estimulam os estudantes dos anos/séries

mais adiantados a auxiliarem as turmas

de séries anteriores.

A escola não realiza referendos ou

consulta aos estudantes sobre temas de

interesse geral.

A escola apoia e incentiva a atuação do Grêmio

Estudantil.

Os estudantes apresentam iniciativas para

realização de eventos e campanhas junto à

comunidade.

A escola não adota iniciativas que estimulam os

estudantes dos anos/séries mais adiantados a

auxiliarem as turmas de séries anteriores.

A escola não realiza referendos ou consulta aos

estudantes sobre temas de interesse geral.

Atuação dos

colegiados

O conselho define e valida os processos

pedagógicos, financeiros e

administrativos da escola, mas com

pouca eficiência.

Os processos de ensino, aprendizagem e

gestão participativa da escola atendem ao

que foi definido e validado pelo

conselho.

O conselho não apresenta muitas

sugestões e críticas destinadas a melhorar

os resultados da escola.

O conselho define e valida os processos

pedagógicos, financeiros e administrativos da

escola.

Os processos de ensino, aprendizagem e gestão

participativa da escola atendem ao que foi

definido e validado pelo conselho.

O conselho apresenta sugestões e críticas

destinadas a melhorar os resultados da escola.

Integração

escola –

comunidade –

A realização de articulações e parcerias

com as famílias, com os demais serviços

públicos, associações locais, empresas e

Não são realizadas articulações e parcerias com

as famílias, com os demais serviços públicos,

Page 45: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

45

sociedade profissionais, visando à melhoria da

gestão escolar deixam a desejar.

Não são utilizados canais dinâmicos de

comunicação com a comunidade escolar

a respeito dos planos de ação e

realizações da escola.

associações locais, empresas e profissionais.

São utilizados canais dinâmicos de comunicação

com a comunidade escolar a respeito dos planos

de ação e realizações da escola, com vistas a

prestar contas e dar transparência à gestão

escolar.

Participação

e

envolvimento

da equipe

escolar

Poucos profissionais da escola se

dispõem a participar dos colegiados

escolares e das diferentes atividades de

integração com a comunidade.

Os profissionais da escola não assumem

posição de protagonistas na proposição e

organização de eventos com a

comunidade local e no estabelecimento

de parcerias.

Na medida do possível, a equipe escolar

trabalha em conjunto para tratar de

questões de interesse da escola.

A equipe escolar avalia o desempenho de

seu pessoal e o da escola como um todo,

mas dificilmente aceita inovações e

mudanças.

Os diferentes profissionais da escola se dispõem

a participar dos colegiados escolares e das

diferentes atividades de integração com a

comunidade.

Os profissionais da escola assumem posição de

protagonistas na proposição e organização de

eventos com a comunidade local e no

estabelecimento de parcerias.

A equipe escolar trabalha em conjunto para

tratar de questões de interesse da escola.

A equipe escolar avalia o desempenho de seu

pessoal e o da escola como um todo, aceitando

inovações e se mostra envolvida em processos

que demonstram necessidade de mudanças e

aperfeiçoamento.

Fonte: autor desse estudo.

É possível perceber que o quadro 7 apenas reforça a falta de participação

efetiva da comunidade e principalmente dos pais que deixam de comparecer nos colegiados

escolares, tornando difícil de elaborar questões pedagógicas já retratadas anteriormente,

impossibilitando mais ainda uma gestão democrática. A escola municipal alega não realizar

muitos eventos culturais por não ter a adesão tão almejada, então a equipe escolar de certa

forma desistiu de disponibilizar recursos para participação da comunidade, além dos

estudantes que também não apresentam iniciativas para promover uma melhoria de trabalho

que seja de forma conjunta. O conselho também não favorece o incentivo de sugestões e

ideias para conseguir melhores resultados da escola por estar acomodado e acostumado com

processos antigos que não funcionam de forma tão eficaz, poucos profissionais se propõem a

Page 46: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

46

participar de atividades de integração com a comunidade, mas a equipe de gestores em geral

apresenta grande resistência quando se trata de inovações e mudanças.

Em contrapartida, a escola estadual apresenta aspectos um pouco mais

esperançosos, já que os estudantes levantam iniciativas para realização de eventos com a

comunidade, e a instituição promove total apoio, além de fornecer reuniões entre pais e

professores para a melhoria do desempenho e das ações pedagógicas, mas poucos pais

comparecem. Ainda assim, a escola tem preocupação de organizar encontros e avaliar

processos de ensino através do conselho, onde a equipe escolar trabalha em conjunto para

tratar de interesses da escola e é totalmente aberta a sugestões e ideias inovadoras com o

único propósito de trazer o aperfeiçoamento para todos os envolvidos.

5.4 GESTÃO DE PESSOAS E LIDERANÇA

Abrange processos e práticas de gestão, visando ao envolvimento e

compromisso das pessoas (professores e demais profissionais, pais e estudantes) com o

projeto pedagógico da escola. São considerados indicadores de qualidade: a integração entre

profissionais da escola, pais e estudantes; o desenvolvimento profissional contínuo e a prática

de avaliação de desempenho; o clima organizacional; a observância dos direitos e deveres; a

valorização e o reconhecimento do trabalho escolar; a atuação do gestor na definição das

atribuições dos diferentes profissionais, bem como, ações que favoreçam a avaliação

contínua, a formação e capacitação destes profissionais, segundo o quadro 8:

Quadro 8 – Indicadores da gestão de pessoas

EMEFM E. E.

Visão

compartilhada

Não é promovida regularmente a

integração entre os profissionais da

escola, pais e estudantes.

Não é promovida regularmente a integração

entre os profissionais da escola, pais e

estudantes.

Desenvolvimento

profissional e

avaliação de

desempenho

São pouco promovidas, por iniciativa

da escola, ações de formação

continuada com base na identificação

de necessidades dos docentes e

demais profissionais em relação aos

conhecimentos, habilidades e atitudes

requeridos para a implementação do

São promovidas, por iniciativa da escola, ações

de formação continuada com base na

identificação de necessidades dos docentes e

demais profissionais em relação aos

conhecimentos, habilidades e atitudes

requeridos para a implementação do projeto

Page 47: TCC - Gestão Escolar - Yuri Barros - Licenciatura em Química - Final.docx

47

projeto pedagógico.

A direção não trata abertamente, com

os diferentes profissionais, questões

relacionadas às oportunidades e

necessidades de capacitação e

aperfeiçoamento.

A equipe gestora pouco proporciona

a avaliação de desempenho dos

vários profissionais que atuam na

escola.

A escola não oferece um retorno

individualizado.

pedagógico.

A direção trata abertamente, com os diferentes

profissionais, questões relacionadas às

oportunidades e necessidades de capacitação e

aperfeiçoamento.

A equipe gestora proporciona a avaliação de

desempenho dos vários profissionais que atuam

na escola.

A escola oferece um retorno individualizado

que, além de informar, reconhece cada

profissional, tendo em vista o cumprimento dos

objetivos e metas escolares.

Clima

organizacional

Não são promovidos processos e

ações para desenvolver equipes e

lideranças.

A gestão da escola estabelece, e

compartilha com transparência, as

atribuições dos profissionais da

instituição e promove o necessário

acompanhamento do desempenho das

tarefas.

São promovidos processos e ações para

desenvolver equipes e lideranças, elevar a

motivação e a autoestima dos profissionais e

mediar conflitos, em um clima de compromisso

ético, cooperativo e solidário.

A gestão da escola estabelece, e compartilha

com transparência, as atribuições dos

profissionais da instituição e promove o

necessário acompanhamento do desempenho

das tarefas.

Observância de

direitos e deveres

São desenvolvidas práticas de

conhecimento e observância da

legislação educacional, do regimento

da escola e demais normas legais que

orientam os direitos e deveres de

professores, demais profissionais,

pais e estudantes.

São desenvolvidas práticas de conhecimento e

observância da legislação educacional, do

regimento da escola e demais normas legais que

orientam os direitos e deveres de professores,

demais profissionais, pais e estudantes.

Fonte: autor desse estudo.

O quadro 8 retrata os indicadores acerca da gestão de pessoas e liderança,

sendo possível observar que a única ação efetiva em ambas as escolas é o cumprimento

efetivo da legislação, estas alegaram que é o único aspecto que funciona rigidamente, até por

questões mais burocráticas. Entretanto, a escola municipal mais uma vez apresenta aspectos

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abaixo do esperado, por parte da gestão, no que se trata de promover ações de formação

continuada, no compartilhamento de informações sobre o projeto pedagógico, retorno

individualizado e proporcionar ações para desenvolvimento de equipes no desempenho de

tarefas coletivas. Entretanto, a escola estadual, trata abertamente as questões do projeto

pedagógico e incentiva ações para capacitação e aperfeiçoamento da equipe gestora,

oferecendo um retorno individual para os alunos tendo em vista o cumprimento dos objetivos

e elevação do nível escolar.

5.5 GESTÃO DE INFRAESTRUTURA: SERVIÇOS E RECURSOS

Abrange processos e práticas eficientes e eficazes de gestão dos serviços de

apoio, recursos físicos e financeiros que envolvem toda a infraestrutura necessária para o

desenvolvimento de atividades. Destacam-se como indicadores de qualidade: a organização

dos registros escolares; a utilização adequada das instalações e equipamentos; a preservação

do patrimônio escolar; a interação escola/comunidade e a captação e aplicação de recursos

didáticos e financeiros, de acordo com o quadro 9:

Quadro 9 – Indicadores da gestão de infraestrutura

EMEFM E. E.

Documentação

e registro

escolares

São realizadas práticas de organização,

atualização da documentação, escrituração,

registros dos estudantes, diários de classe,

estatísticas, legislação e outros, para um

atendimento ágil à comunidade escolar e

ao sistema de ensino.

São realizadas práticas de organização,

atualização da documentação, escrituração,

registros dos estudantes, diários de classe,

estatísticas, legislação e outros, para um

atendimento ágil à comunidade escolar e ao

sistema de ensino.

Utilização das

instalações e

equipamentos

São utilizados de forma limitada as

instalações, os equipamentos e os materiais

pedagógicos.

É disponibilizado o espaço da escola, nos

fins de semana e período de férias, para a

realização de atividades que congreguem a

comunidade local, de modo a garantir a

maximização de seu uso e a socialização

de seus bens.

São utilizados de forma apropriada as

instalações, os equipamentos e os materiais

pedagógicos, incluindo os recursos

tecnológicos, para a implementação do

projeto pedagógico da escola.

Não é disponibilizado o espaço da escola,

nos fins de semana e período de férias, para

a realização de atividades.

A escola não dispõe de materiais

pedagógicos e didáticos adequados, que

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A escola dispõe menos do que deveria de

materiais pedagógicos e didáticos

adequados, que permitam atividades

diversificadas dentro e fora do ambiente da

sala de aula.

permitem atividades diversificadas dentro e

fora do ambiente da sala de aula.

Preservação do

patrimônio

escolar

São promovidas ações que assegurem a

conservação, higiene, limpeza,

manutenção e preservação do patrimônio

escolar.

Os estudantes nem sempre demonstram

consciência de sua participação na

conservação do patrimônio escolar.

As ações dos professores e dos demais

profissionais da escola proporcionam o

desenvolvimento nos alunos do respeito e

preservação do patrimônio público.

São promovidas ações que assegurem a

conservação, higiene, limpeza, manutenção

e preservação do patrimônio escolar.

Os estudantes não demonstram consciência

de sua participação na conservação do

patrimônio escolar.

As ações dos professores e dos demais

profissionais da escola não proporcionam o

desenvolvimento nos alunos do respeito e

preservação do patrimônio público.

Captação de

recursos

São pouco buscadas formas alternativas

para criar e obter recursos, espaços e

materiais complementares para a melhoria

da realização do projeto pedagógico da

escola.

São buscadas formas alternativas para criar e

obter recursos, espaços e materiais

complementares para a melhoria da

realização do projeto pedagógico da escola.

Gestão de

recursos

financeiros

Tentam ser realizadas ações participativas

de planejamento, acompanhamento e

avaliação da aplicação dos recursos

financeiros da escola, levando em conta as

necessidades do projeto pedagógico e os

princípios da gestão pública.

A direção submete o planejamento para a

aplicação dos recursos financeiros ao

conselho escolar, bem como a prestação de

contas dos gastos efetuados.

São realizadas ações participativas de

planejamento, acompanhamento e avaliação

da aplicação dos recursos financeiros da

escola, levando em conta as necessidades do

projeto pedagógico e os princípios da gestão

pública.

A direção submete o planejamento para a

aplicação dos recursos financeiros ao

conselho escolar, bem como a prestação de

contas dos gastos efetuados.

Fonte: autor desse estudo.

O quadro 9 remete a informações sobre os indicadores da gestão de infraestrutura,

onde resultados bastante interessantes foram obtidos, pois diferentemente dos outros

indicadores, a escola estadual apresentou mais dificuldades que a escola municipal. Mas

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50

também, assim como em outros indicadores, ambas as escolas apresentam aspectos em

comum, como práticas de organização e atualização da documentação, promoção de ações

que assegurem a preservação do patrimônio escolar, mas sem que os estudantes demonstrem

consciência nessa participação, a prestação de gastos efetuados e o planejamento de

aplicações financeiras é feita pela direção.

Tratando-se da escola estadual, o espaço não é disponibilizado aos alunos

durante o período de férias e nem nos finais de semana, tornando-se contraditório o discurso

de gestão democrática, já que os estudantes fazem parte da comunidade. Além disso, a escola

não dispõe de materiais adequados para atividades fora do ambiente da sala de aula, porém,

formas alternativas de obter recursos são buscadas visando atender o projeto político da

escola. Já a escola municipal mostra-se bastante aberta, já que o espaço é disponibilizado ao

público em todos os períodos, oferecendo cursos diversificados à comunidade, mesmo

dispondo de poucos recursos pedagógicos, as ações participativas tentam ser realizadas da

melhor maneira possível levando em conta os princípios da gestão pública.

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6 CONCLUSÕES

É possível concluir que a gestão escolar apresenta diversas facetas, passando por

um processo de evolução histórica até chegar na aclamada gestão democrática, esta que

depende de muitas práticas por parte do envolvimento social. A estrutura administrativa agora

ganha um caráter de gestão, abandonando medidas burocráticas e a busca constante por

organizações de cunho pedagógico em detrimento à qualidade de ensino, devendo haver

mediações tanto na estrutura didática quanto administrativa de modo coerente, necessitando

de sujeitos que participem ativamente nas tentativas de introdução de mecanismos

democráticos na escola, onde todo o sistema e gestores devem estar envolvidos e colaborando

para práticas incentivadoras e abertos a mudanças, já que o grande objetivo da escola é formar

cidadãos nas dimensões individuais e sociais, a instituição precisa acreditar e seguir este

propósito colaborando da melhor forma para isto.

Em ambas as escolas, foi possível observar uma clara divisão de poder entre os

gestores, ocupando as posições de diretor, vice-diretor e coordenador pedagógico, porém, não

só estas divisões de poder são importantes de serem estabelecidas, mas sim dentre a escola

toda, onde o objetivo principal é uma visão compartilhada em cada segmento de função

social, visando a melhoria e o trabalho em conjunto para construir uma gestão democrática.

Foi possível observar também que a escola estadual não visa simplesmente a

burocratização diante de um autoritarismo (definido por Paro (2001) como sendo a direção

oposta da democracia), criando mecanismos de gestão colegiada, como reuniões constantes,

diferentemente da escola municipal, que desacredita um pouco no funcionamento de

encontros para compartilhamento de novas ideias, caminhando contrariamente para a

autonomia, mostrando-se um pouco mais individualista, conceito que vai contra a gestão

democrática.

Em aspectos gerais, foi possível analisar e comparar questões quanto à gestão

escolar de duas escolas públicas na cidade de São Paulo, uma escola estadual e uma escola

municipal, sendo ambas da zona norte, objetivando principalmente a reflexão dos gestores

responsáveis por estas instituições a repensarem algumas práticas, já que visam sempre uma

melhor qualidade. A escola estadual demonstrou resultados bastante satisfatórios em linhas

gerais quanto ao funcionamento e à equipe gestora, sendo esta capaz de lidar com o público e

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aberta a mudanças e inovações, mas o grande problema é a falta de adesão por parte da

comunidade, dificultando a execução de alguns projetos e ideias pedagógicas da escola.

A escola municipal apresentou grandes defasagens em muitos aspectos da gestão,

baseando-se nos indicadores de qualidade, já que esta reconhece estar despreparada na maior

parte dos fatores, principalmente nos pedagógicos, resultados educacionais, participativos, de

pessoas e liderança. Também apresenta dificuldades no envolvimento com a comunidade, mas

além disso, os próprios gestores mostraram-se insatisfeitos com o modo realmente

administrativo e burocrático que exercem sobre a instituição há tantos anos e alegaram

repensar acerca de algumas práticas e promover reflexões em conjunto para gerir da melhor

forma possível de forma participativa e contribuinte, visando alcançar uma maior qualidade

do ensino e elevação do nível educacional.

É totalmente relevante destacar a importância acerca da reflexão desses gestores

escolares, reavaliando seu senso crítico diante da instituição e repensando nas práticas

aplicadas a todos os envolvidos na escola, pois a busca pela gestão democrática é constante,

mas é necessário estar totalmente aberto a mudanças e a novas práticas, elencando os

principais problemas para tentar resolvê-los e caminhar assim, para uma educação de

qualidade, já que a reforma precisa começar da base, que é a gestão.

Também é de grande relevância retomar a liderança de gestão, indicador que

abrange processos e práticas de gestão quanto ao compromisso dos gestores com o projeto

pedagógico da escola, já que aborda diversos instrumentos de estudo que devem ser levados

em conta para um melhor desenvolvimento educacional a partir do envolvimento de toda a

comunidade escolar. Portanto, é necessária uma continuidade desse estudo devido a

consideração da gestão de pessoas e liderança nas escolas, o reconhecimento do trabalho do

gestor para promover mudanças significativas na qualidade educacional.

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REFERÊNCIAS

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FERREIRA, N. S. et. al. Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez, 1998.

LÜCK, H. Concepções e processos democráticos de gestão educacional. Petrópolis: Vozes, 2006.

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LÜCK, H. Gestão educacional: uma questão paradigmática. Petrópolis: Vozes, 2010.

LÜCK, H. Perspectivas da gestão escolar e implicações quanto à formação de seus gestores. Em Aberto, Brasília, 2000.

LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2013.

LIBÂNEO, J. C.; Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 1999.

LIBÂNEO, J. C..Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2003.

PARENTE, M.; LÜCK, H. Mapeamento da descentralização da educação brasileira nas redes estaduais do ensino fundamental. Brasília: Ipea/Consed, 1999.

PARO, V. H.. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2001.

PARO, V. H. Gestão escolar, democracia e qualidade do ensino. São Paulo: Ática, 2007.

PRÊMIO GESTÃO ESCOLAR. Sobre o prêmio: dimensões. Disponível em: <http://www.premiogestaoescolar.com.br/dimensoes>. Acesso em: 10 maio 2015.

SALERNO, S. C. Descentralização e a gestão escolar. São Paulo: Expressão & Arte, 2009.