tcc yuri emulsoes

46
INSTITUTO SUPERIOR DE TEOLOGIA APLICADA CURSO DE BACHARELADO DE FARMÁCIA THALLES YURI LOIOLA VASCONCELOS AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ACELERADA E MICROBIOLÓGICADO CREME BASE ANIÔNICO E NÃO-IÔNICO FORMULADOS EM UM LABORATÓRIO ESCOLA LOCALIZADO EM SOBRAL-CE 0

Upload: yuri-loiola

Post on 14-Apr-2017

627 views

Category:

Business


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: tcc yuri emulsoes

INSTITUTO SUPERIOR DE TEOLOGIA APLICADACURSO DE BACHARELADO DE FARMÁCIA

THALLES YURI LOIOLA VASCONCELOS

AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ACELERADA E MICROBIOLÓGICADO CREME BASE ANIÔNICO E NÃO-IÔNICO FORMULADOS EM UM LABORATÓRIO

ESCOLA LOCALIZADO EM SOBRAL-CE

SOBRAL-CE2015

0

Page 2: tcc yuri emulsoes

THALLES YURI LOIOLA VASCONCELOS

AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ACELERADA E MICROBIOLÓGICA DO CREME BASE ANIÔNICO E NÃO-IÔNICO FORMULADOS EM UM LABORATÓRIO

ESCOLA LOCALIZADO EM SOBRAL-CE

Projeto submetido à Faculdade INTA,

como requisito Parcial para conclusão

da disciplina de Trabalho de Conclusão

de Curso I, do curso de Bacharelado

em Farmácia. Orientadora: Profª Esp.

Débora Patrícia Feitosa Medeiros

SOBRAL-CE2015

1

Page 3: tcc yuri emulsoes

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 4

2 OBJETIVOS 7

2.1 Objetivos Gerais 7

2.2 Objetivos Específicos 7

3 REFERENCIAL TEÓRICO 8

3.1 Pele 8

3.1.1 Epiderme 8

3.1.2 Derme 10

3.1.3 Hipoderme 10

3.1.4 Absorção cutânea 11

3.2 Emulsões 12

3.3 Estabilidade de Produtos Cosméticos 16

4 METODOLOGIA 21

4.1 Tipo de estudo 21

4.2 Local de estudo 21

4.3 Preparo das amostras 21

4.4 Teste de Estabilidade Acelerado 22

4.5 Parâmetros Físico-Químicos Avaliados 22

4.5.1 Parâmetros Organolépticas 22

4.5.2 Determinação do Potencial Hidrogeniônico (pH) 23

4.5.3 Determinação da Viscosidade 23

4.5.4 Determinação da Densidade Relativa 23

4.5.5 Avaliação do Peso 24

4.6 Parâmetros Microbiológicos Avaliados 24

4.6.1 Diluições 24

4.6.2 Contagem do Número Total de Microrganismos Mesofilos 24

2

Page 4: tcc yuri emulsoes

4.6.3 Pesquisa de Microrganismos Patogênicos 25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRONOGRAMA

ORÇAMENTO

APÊNDICES

ANEXOS

3

Page 5: tcc yuri emulsoes

1 INTRODUÇÃO

As emulsões são sistemas heterogêneos termodinamicamente instáveis,

constituídos de duas fases imiscíveis, ou seja, possui uma fase dispersa em outra,

na forma de pequenas gotas, finamente divididas, nas quais o diâmetro varia entre

0,1 e 10µm. A fase dispersa (ou interna) é a fase que está presente em forma de

gotas. E a fase dispersante é a que forma a matriz em que essas gotas estão

dispersas. Para ocorrer a estabilização dessas duas fases são utilizados agentes

emulsionantes. (SINKO, 2008)

Os agentes emulsionantes são moléculas que possuem uma parte polar e uma

parte apolar equilibradas. Esses agentes vão atuar na formação das emulsões

reduzindo a tensão interfacial e formando uma película rígida interfacial, que vai

proporcionar um aumento da estabilidade física e a manutenção das fases dispersa

e dispersante. (RIBEIRO, 2002; SILVA; SOARES, 1996)

A tensão interfacial é a força por unidade de comprimento existente entre duas

fases de líquidos imiscíveis. Quanto maior a miscibilidade entre duas fases, menor a

tensão. Quando dois líquidos são completamente miscíveis, não há tensão

interfacial entre eles. (SINKO, 2008)

O tipo de emulsão mais comum é a emulsão óleo em agua (O/A), nesse tipo de

formulação, a emulsão é absorvida mais rapidamente, e também é mais facilmente

removida da pele. Por esse motivo, essas emulsões são mais agradáveis em

relação ao uso tópico, isso porque não apresenta aspecto gorduroso. Nesse tipo de

emulsão, as gotas de óleo estão dispersas na fase aquosa. (AULTON, 2005)

As emulsões podem ser utilizadas como base para incorporação dos mais

variados princípios ativos, que podem ser tanto lipofílicos como hidrofílicos. Essas

formulações não podem ser irritante ao usuário, não pode se degradar em condições

estabelecidas, ou seja, apresentando uma boa estabilidade, como: ser compatível

com os componentes. (SILVA; SOARES, 1996; D’LEÓN, 2001)

A versatilidade é uma das principais vantagens das emulsões, o fármaco pode

estar dissolvido ou suspenso na fase aquosa ou na oleosa. Como vantagens as

emulsões apresentam, ainda: a possibilidade de mascarar o sabor e o odor

desagradável de certos fármacos através da solubilização da fase interna e boa

biocompatibilidade com a pele humana. Pode se destacar como desvantagens das

4

Page 6: tcc yuri emulsoes

emulsões a baixa estabilidade física ou físico-química e a menor uniformidade da

dose. (LEONARDI, 2005)

Estabilidade pode ser definido como o tempo (em dias, meses, anos) durante o

qual o produto farmacêutico, ou mesmo a matéria-prima, mantém as mesmas

características que possuía no momento da produção dentro dos limites

estabelecidos, durante o período de armazenamento, transporte e uso.

(TABORIANSKI, 2003)

Os estudos de estabilidade tem como objetivo fornecer dados para prever a

estabilidade do produto, tempo de vida útil e compatibilidade da formulação com o

material de acondicionamento. (BRASIL, 2004)

A estabilidade de produtos farmacêuticos depende de fatores ambientais como

temperatura, luz e umidade, e de outros fatores associado ao próprio produto como

características físico-químicas de princípios ativos e outros componentes, da forma

farmacêutica e a sua composição, do processo de fabricação, do tipo e propriedades

dos materiais de embalagem. (BRASIL, 2005)

Existem cinco categorias importantes de estabilidade: química - cada

componente ativo deve manter a sua integridade química e sua potência

estabelecida na embalagem; física – é a propriedade que os produtos apresentam

de manter de forma inalterada o aspecto que apresentam após a sua produção.

Entre as características físicas, a não separação das fases é fundamental, porque se

isso ocorrer, todas as demais propriedades de uma emulsão serão afetadas;

microbiológica - manutenção da esterilidade ou bloqueio ao crescimento microbiano;

terapêutica - o efeito terapêutico permanece sem alteração; toxicológica - não deve

ter uma alteração significante na toxicidade. Os estudos de estabilidade sugeridos

para os cremes são os de estabilidade física, microbiológica. (SANCTIS, 1999;

D’LEÓN, 2001)

A oxidação é um dos fatores que pode ocasionar a instabilidade em uma

emulsão, resultando em alterações na aparência e no odor. A oxidação pode ser

causada pelo oxigênio ou ainda pela ação de microrganismos, especialmente na

fase oleosa. Essa instabilidade pode ser evitada com a adicionando antioxidantes na

preparação, em que se destaca o BHT (butilhidroxitolueno), um antioxidante de

sistemas oleosos, muito empregado em formulações cosméticas. (SILVA; SOARES,

1996)

5

Page 7: tcc yuri emulsoes

Em relação ao controle de qualidade microbiológico de cosméticos, em que

admite-se a presença de carga microbiana limitada, o objetivo é certificar a ausência

de determinados microrganismos patogênicos e definir o número de microrganismos

viáveis. O crescimento microbiano nas emulsões pode afetar algumas

características físico-químicas do produto, podendo causar: modificações na cor e

no odor, mudanças no pH, quebra da emulsão, hidrólise dos óleos. (AULTON, 2005;

BRASIL, 1999).

Os conservantes utilizados em preparações tópicas devem possuir algumas

característica, tais como: não deve ter atividade tóxica ou irritante; devem possuir

amplo espectro de atividade contra microrganismos, devem ser estável e eficaz

dentro de uma faixa de pH; devem possuir atividade bactericida; e devem ser

compatível com os elementos da formulação e a sua embalagem. (AULTON, 2005)

A adição de quantidades adequadas de conservantes nas emulsões vai impedir

o crescimento microbiano. Os conservantes mais empregados nas formulações

tópicas são os parabenos (metilparabeno, propilparabeno), os fenóis (ácido p-

hidroxibenzóico, fenol), o ácido benzóico, o ácido sórbico e a imidazolidiniluréia.

(ANSEL, 2000)

Desta forma, este estudo tem como objetivo realizar o estudo de estabilidade

acelerado de um lote do creme base aniônico (Lanette®), e um lote do creme base

não-iônico (Polawax®). E realizar avaliação microbiológica de cada um dos lotes. A

produção e os testes de estabilidade serão realizados na Farmácia Escola das

Faculdades INTA. O estudo de estabilidade acelerado segue as diretrizes do Guia

de Estabilidade de Produtos Cosméticos, elaborado pela ANVISA em 2004.

6

Page 8: tcc yuri emulsoes

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Realizar um estudo de estabilidade acelerado, através da análise dos

parâmetros físico-químicos e microbiológicos da base creme não iônico e aniônico,

produzidas na Farmácia Escola das Faculdades INTA.

2.2 Objetivos Específicos

Determinar os parâmetros físico-químicos, tais como características

organolépticas, pH; viscosidade e o comportamento reológico; densidade

relativa; avaliação da variação de peso das amostras nos tempos 0 (logo

apos a produção), 1 mês, 3 mês e 6 mês;

Realizar a contagem de microrganismos viáveis totais das amostras, através

da contagem microbiana em placa (pour plate), e avaliar a presença ou

ausência de microrganismos patógenos nos tempos 0 (logo apos a

produção), 1 mês, 3 mês e 6 mês.

7

Page 9: tcc yuri emulsoes

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Pele

A pele é o maior órgão do corpo humano, ocupando uma área média de 2m 2, o

que corresponde a cerca de 10 a 15% do peso total corporal. É um órgão de

revestimento complexo e heterogêneo, composto essencialmente de três grandes

camadas de tecidos: uma superior, a epiderme; uma camada intermediária, a derme;

e uma camada profunda, a hipoderme, ou tecido subcutâneo. (LEONARDI, 2005)

A pele possui diversas funções como proteção, barreira impermeável,

regulação da temperatura corporal (conservação e dissipação do calor), defesa do

organismo, excreção de sais, síntese de vitamina D, sensorial e de sinalização

sexual. (KIERSZENBAUM, 2008)

A pele pode se distinguir em pele fina e espessa, dependendo da espessura da

epiderme. A parte mais superficial é a epiderme, e em continuidade com a derme, e

na porção mais profunda se encontra a hipoderme. (JUNQUEIRA; CARNEIRO,

2008)

3.1.1 Epiderme

A epiderme é formada por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. As

principais células presente são os queratinócitos, os melanócitos, as células de

Langerhans e as células de Merkel. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008)

A célula mais abundante nesse epitélio é o queratinócito, assim chamado

porque seu principal produto é a queratina, célula que confere a pele elasticidade e

impermeabilidade a água. Os melanócitos são células presentes na camada basal

cuja função é a produção de melanina, substância que proporciona cor à pele e uma

proteção natural contra os raios solares. (KIERSZENBAUM, 2008; LEONARDI,

2005)

As células de Langerhans são bastante ramificadas e se localizam em toda a

epiderme entre os queratinócitos, sendo mais frequente na camada espinhosa. São

originadas através de células precursoras da medula óssea. São capazes de captar

antígenos, processá-los e apresentá-los aos linfócitos T, participando da estimulação

dessas células, sendo importante nas reações imunitárias cutâneas. (JUNQUEIRA;

8

Page 10: tcc yuri emulsoes

CARNEIRO, 2008)

As células de Merkel existem em maior número na pele espessa,

especialmente na ponta dos dedos. Em contato com a base dessas células existe

uma estrutura em forma de disco, onde se inserem fibras nervosas aferentes que

conduzem impulsos para o sistema nervoso central. As células de Merkel são

mecanorreptores participando no processo de sensibilidade tátil. (JUNQUEIRA;

CARNEIRO, 2008)

A estrutura e a espessura da epiderme variam de acordo com o local estudado,

sendo mais espessos e complexos na palma das mãos, na planta dos pés e em

algumas articulações, podendo atingir a espessura de até 1,5mm. Na pele

espessa, podem ser distinguidas cinco camadas da epiderme. Começando da mais

profunda a mais superficial há a camada basal, a camada espinhosa, a camada

granulosa, a camada lúcida e a camada córnea. (LEONARDI, 2005; JUNQUEIRA;

CARNEIRO, 2008)

A camada basal é formada por uma camada de queratinócitos cúbicos sobre

uma membrana basal. Apresenta intensa atividade mitótica, sendo responsável junto

com a camada espinhosa pela renovação constante da epiderme.

(KIERSZENBAUM, 2008)

A camada espinhosa, formada por queratinócitos ligeiramente achatados, que

além de atuar na renovação da epiderme, tem papel importante na manutenção da

coesão entre as células da epiderme e na resistência ao atrito. (JUNQUEIRA;

CARNEIRO, 2008)

A camada granulosa, é responsável pela formação uma barreira impermeável

que impede a penetração de substâncias e de água na epiderme.

(KIERSZENBAUM, 2008)

A camada lúcida, mais evidente na pele espessa, é uma camada intermediária

entre a camada granulosa e a camada córnea. No entanto, nenhuma característica

citológica distinta é aparentemente significativa. (KIERSZENBAUM, 2008)

A camada mais superficial é a camada córnea.Essa camada possui células

ricas em queratina e não possui núcleo ou organelas. É uma eficiente barreira,

protegendo o corpo da desidratação. Os lipídios disponíveis no estrato córneo

formam membranas que retêm água, conservando a superfície da nossa pele

saudável e macia. (LEONARDI, 2005; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008)

A porção menos permeável da epiderme é a mais superficial (o estrato córneo),

9

Page 11: tcc yuri emulsoes

onde as células são mais queratinizadas e o teor de lipídios é mais elevado. Depois

que uma molécula atravessa o estrato córneo, não há outra barreira à difusão nas

outras camadas da pele por isso a importancia dessa barreira para impedir a entrada

de a molécula maléficas ao organismo. (LEONARDI, 2005)

3.1.2 Derme

A derme é o tecido conjuntivo no qual se apoia a epiderme e une a pele ao

tecido subcutâneo, a hipoderme. Apresenta espessura variável, atingindo um

máximo de 3mm na planta do pé. Sua superfície externa é irregular observando-se

saliências, as papilas térmicas. Essas papilas aumentam a área de contato da

derme com a epiderme, reforçando a união entre essas duas camadas, sendo mais

encontradas em zonas sujeitas a pressões e atritos. (JUNQUEIRA; CARNEIRO,

2008)

A derme é formada por duas camadas: a papilar (superficial) e a reticular

(profunda). A camada papilar contribui para prender a derme a epiderme. A camada

reticular é responsável pela elasticidade da pele, além de estar presente outras

estruturas como folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas.

(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008)

Nesta camada da pele estão presentes as raízes dos pêlos, as glândulas, as

terminações nervosas, os vasos sanguíneos e alguns tipos de células (sendo a

maioria fibroblastos) e ainda, fibras de colágeno e elastina.Estas enzimas são

produzidas em excesso quando se expõe a pele à luz solar, promovendo o

envelhecimento precoce. (LEONARDI, 2005)

3.1.3 Hipoderme

A hipoderme é constituída por tecido conjutivo frouxo, que une de maneira

pouco firme a derme aos órgãos subjacentes. É a camada responsável pelo

deslizamento da pele sobre as estruturas nas quais se apoia. (JUNQUEIRA;

CARNEIRO, 2008)

Dependendo da região e do grau de nutrição do organismo, a hipoderme

poderá ter uma camada variável de tecido adiposo que, quando desenvolvida,

constitui o panículo adiposo. O panículo adiposo modela o corpo, possuindo a

10

Page 12: tcc yuri emulsoes

reserva de energia e proporciona proteção contra o frio. (JUNQUEIRA; CARNEIRO,

2008)

3.1.4 Absorção cutânea

Os termos penetração ou absorção cutânea são utilizados para produtos que

apresentam ação tópica, ou seja, formulações cosméticas e dermatológicas,

enquanto que os termos permeação cutânea ou absorção transcutânea têm sido

mais empregados para produtos de ação sistémica, ou seja, transdérmicos.

(LEONARDI, 2004)

A penetração de substâncias na pele depende, essencialmente, de suas

características físico-químicas, do seu comportamento quando presente em uma

forma farmacêutica apropriada e, finalmente, da pele (CHORILLI et al., 2007).

A absorção de fármacos na pele sofre influencia de vários fatores, tais como

temperatura, espessura, grau de hidratação, fluxo sanguíneo, limpeza da pele,

concentração de lipídios,função das glândulas sudoríparas, número de folículos

pilosos, raça,integridade da camada córneae pH na superfície da pele. (SILVA,

2010)

A epiderme é a camada que dá proteção a pele contra o meio externo. Em sua

superfície epitelial externa está presente o estrato córneo, que é uma camada de

células mortas, queratinosas e que atuam como uma barreira eficaz contra

microrganismos, além de controlar a penetração de substâncias pela pele. O estrato

córneo é considerado a principal barreira à penetração dos fármacos pela da pele

(CHORILLI et al., 2007; GILL et al., 2009).

É fundamental que a formulação garanta uma penetração eficiente através da

barreira do estrato córneo. A natureza do princípio ativo e o tipo de forma

farmacêutica interferem de maneira significativa na absorção percutânea. Desse

modo, algumas características devem ser consideradas, com natureza e

concentração de princípios ativos, tipo de excipientes e tipo de sistema utilizado para

transportar o fármaco, facilitando, assim, essa penetração através do estrato córneo.

(SILVA, 2009)

As características adequadas para um fármaco ter uma boa absorção

percutânea são: apresentar baixo peso molecular e uma boa solubilidade tanto em

meios hidrofílico quanto em meios hidrofóbicos. No entanto, a quantidade que

11

Page 13: tcc yuri emulsoes

penetra na pele depende principalmente da forma farmacêutica utilizada. (SILVA,

2010)

Segundo o estudo de Oliveira (2008), fármacos muito hidrofílicos, quando

utilizados em formulações destinadas a absorção cutânea, terá dificuldade em

atravessar a camada córnea. Por outro lado, se o fármaco for muito lipofílico, terá

tendência a ficar retido. Por essa razão, é importante que os fármacos não

apresentem um elevado grau de lipofilia e que o seu equilíbrio hidrófilo-lipófilo (EHL)

permita a sua penetração na pele.

3.2 Emulsões

Emulsão é um sistema heterogêneo, termodinamicamente instável, constituído

por duas fases, na qual uma fase está dispersa na outra fase (denominada fase

dispersante) na forma de pequenas gotículas. (PRISTA, 1995)

A fase dispersa está presente na forma de gotículas finamente divididas, cujo

seu diamêtro vária entre aproximadamente 0,1 a 10μm. E a fase em que forma a

matriz em que se dispersam essas gotas é denominada fase dispersante. (SINKO,

2008)

A aparência da emulsão é determinada pelo tamanho dessas gotículas da fase

dispersa. As gotículas com diâmetro inferior a 120nm (1/4 do comprimento de onda

da luz visível), não refratam a luz, e assim, permanecem transparentes a vista.

(LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG, 2001).

A fase dispersa das emulsões é conhecida como fase interna e a fase

dispersante, fase externa. Desta maneira, pode-se classificar como óleo/água (O/A)

quando a emulsão possuir como fase externa (dispersante) água, e como fase

interna óleo. O presente estudo visa avaliar a estabilidade desse tipo de emulsão. As

emulsões água/óleo (A/O) apresentam fase interna água e fase externa óleo. Para

determinar qual tipo de emulsão, depende de vários fatores, como: a concentração

dos componentes dos sistemas, o tipo de agente emulsificante e a técnica utilizada

na produção da emulsão. (ANSEL et al., 2000; LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG,

2001)

Em relação aos tipos de emulsões, as do tipo O/A são mais utilizadas como

para aplicação tópica de fármacos hidrofílicos e lipofílicos. Além de serem mais

rapidamente absorvidas (baixo conteúdo de óleos), são facilmente removíveis da

12

Page 14: tcc yuri emulsoes

pele. (SINKO, 2008)

A aceitação pelo paciente, é o motivo mais importante que justifica a

popularidade das emulsões como forma farmacêutica, seja de uso oral ou tópico.

Fármacos que possuem sabor ou texturas desagradáveis, podem se tornar mais

aceitáveis quando formulados em emulsões por mascara o sabor desagradável de

certos fármacos, através da solubilização da fase interna. E em relação ao uso

tópico, as emulsões possuem certo grau de elegância e podem ser facilmente

laváveis. As emulsões são constituídas por três componentes principais: a fase

oleosa, a fase aquosa e um sistema de agentes emulsificantes adequado.

(LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG, 2001; SINKO, 2008)

A fase oleosa é formada por compostos não polares, incompatíveis com a

água. Entre esses compostos, podemos citar gorduras, óleos e ceras, ácidos graxos,

hidrocarbonetos, ésteres, glicerídeo e silicones. (ECCLESTON, 2002)

A fase aquosa é a parte da emulsão constituída pela água e pelos demais

constituintes hidrofílicos do sistema, que podem ser: umectantes (como glicerina ou

propilenoglicol), polímeros hidrossolúveis que dão espessamento, conservantes,

corantes e outros componentes, como extratos vegetais ou proteínas hidrolisadas.

(ECCLESTON, 2002)

Quando são misturados a água e o óleo e depois agitadas, várias gotículas de

tamanhos variados são produzidas. A existência de tensão interfacial ocasiona a

atração de moléculas de mesma fase e repulsa moléculas de fases diferentes. Deste

modo, o sistema tende a ficar estabilizado em duas fases distintas. (SANTORO,

2006)

Para evitar que isso não ocorra, é adicionado substâncias que reduzem essa

tensão interfacial, permitindo que o sistema se mantenha estável por um período

maior de tempo. Essas substâncias são chamadas de agentes emulsificantes. Os

emulsificantes são substâncias tensoativas utilizadas para estabilizar as emulsões.

(ANSEL et al., 2000).

Para exercer suas funções adequadamente num sistema emulsionado, os

emulsificantes devem apresentar as seguintes características: reduzir a tensão

interfacial, ser rapidamente adsorvido ao redor das gotículas que estão dispersas,

proporcionar um potencial elétrico adequado para repulsões múltiplas ocorrerem,

aumentar a viscosidade da emulsão e ser efetivo em concentrações razoáveis.

(PRISTA,1995).

13

Page 15: tcc yuri emulsoes

Os agentes emulsificantes foram empiricamente classificados por Griffin (1949

e 1954) de acordo com o equilíbrio entre as partes hidrofílica e lipofílica da molécula.

Este equilíbrio é descrito com um valor numérico, denominado Equilíbrio Hidrofílico-

Lipofílico (EHL). Os emulsificantes hidrofílicos possuem o EHL maior ou igual a sete

e os lipofílico menores ou igual a sete. O agente emulsificante utilizado na

preparação dos cremes do presente estudo é o estearato de octila. (LACHMAN;

LIEBERMAN; KANIG, 2001)

Os agentes emulsionantes são tensoativos que possuem moléculas anfifílicas,

isto é, que possuem uma parte não-polar (hidrofóbica), que pode ser um

hidrocarboneto de cadeia normal ou ramificado, ligado a uma outra parte polar

(hidrofílica), como pode ser observado na Figura 1. Os hidrocarbonetos não possui

afinidade com as moléculas de água, porém o grupo polar possui elevada afinidade,

tornando solúvel em água. (SOUSA, 2005)

Figura 1. Composição de um tensoativo: parte hidrofóbica e parte hidrofílica. (ROSSI et al., 2006)

A classificação dos emulsionantes pode ser feita com base na sua natureza

química, isto é, podem ser classificados como: aniônicos, catiônicos, não iônicos e

anfóteros. (SOUSA, 2005)

14

Page 16: tcc yuri emulsoes

Os tensoativos aniônicos em meio aquoso apresenta íons carregados

negativamente. Os tensoativos mais importantes desse grupo são os sabões,

compostos sulfonados e compostos sulfatados. Um exemplo de tensoativo aniônico

bastante utilizado é o lauril sulfato de sódio (Figura 2). (GUERTECHIN, 2009; SILVA,

2008)

Figura 2. Estrutura química do lauril sulfato de sódio, tensoativo aniônico muito utilizado na produção de produtos para os cabelos. (GUERTECHIN, 2009)

Na indústria cosmética, os emulsionantes aniônicos são comumente utilizados

em associações a outros surfactantes, a fim de se obter um produto menos

agressivo para a pele e cabelos, com a viscosidade adequada e com boa formação

de espuma. (GUERTECHIN, 2009)

Os catiônicos são aqueles que apresentam carga positiva quando em solução

aquosa. Os compostos quaternários de amônio são os maiores representantes

dessa classe. Os emulsionantes catiônicos apresentam propriedades condicionantes

e antibacterianas, por isso são amplamente utilizados em produtos destinados aos

cabelos. São os tensoativos que apresentam maior irritabilidade do grupo. Como

exemplo existe o cloreto de benzalcônio (Figura 3). (GUERTECHIN, 2009; SILVA,

2008).

Figura 3. Estrutura química do cloreto de benzalcônio, tensoativo catiônico que faz parte do grupo de compostos do amônio quaternário. (GUERTECHIN, 2009)

Os emulsionantes não-iônicos são aqueles não dissociam em íons em meio

15

Page 17: tcc yuri emulsoes

aquoso. O monoestearato de glicerila é um exemplo de tensoativo não-iônico muito

utilizado (Figura 4). Devido à ausência de cargas, essa classe é compatível com a

classe dos catiônicos e aniônicos. Devido à baixa irritabilidade ocular e cutânea os

emulsionantes não iônicos são geralmente associados aos aniônicos e destinados

ao uso infantil e para peles sensíveis (GUERTECHIN, 2009; SILVA, 2008).

Figura 4. Estrutura química do monoestearato de glicerila, exemplo de tensoativo não iônico muito utilizado. (GUERTECHIN, 2009)

Os tensoativos anfóteros são os que apresentam, na mesma molécula, um sítio

carregado positivamente e um sítio de carga negativa. A carga vai depender do pH

do meio: em meios com o pH abaixo de 4, atuam como tensoativos catiônicos, em

pH entre 4 e 9, como tensoativos não-iônicos e quando adicionados a meios com pH

entre 9 e 10 assumem característica de tensoativos aniônicos. Um exemplo desse

grupo de tensoativos é o cocoamido propil betaína (Figura 5). (SILVA, 2008).

Figure 5. Estrutura química do cocoamido propil betaína. Um exemplo de tensoativo anfótero. (SANTORO, 2006)

3.2 Estabilidade de Produtos Cosméticos

A estabilidade é a propriedade que os produtos cosméticos apresentam em

16

Page 18: tcc yuri emulsoes

manter inalterada as suas características físicas, químicas e microbiológicas.

(D’LEON, 2001).

De acordo com a USP (USP XXX, 2007) estabilidade é definida como a

amplitude na qual um produto mantém dentro de limites estabelecidos, as mesmas

propriedades e características que possuía no momento de sua fabricação, durante

o seu período de armazenamento e durante o período uso.

A estabilidade de produtos farmacêuticos depende de fatores ambientais como

luz, umidade, temperatura, e de outros que são relacionados ao próprio produto

como propriedades físicas e químicas de substâncias ativas e excipientes

farmacêuticos, forma farmacêutica e sua composição, processo de produção, tipo e

propriedades dos materiais de embalagem. (BRASIL, 2005)

Após estabelecer as características do produto e as especificações que devem

ser preservadas, são realizados os testes de controle de qualidade. A estabilidade

pode ser estudada e determinada sob o ponto de vista químico, físico,

microbiológico, terapêutico e toxicológico. (ANSEL et al., 2000)

Do ponto de vista químico: cada componente ativo deve manter sua integridade

química e potência indicada na embalagem; físico: o produto deve se manter suas

características físicas, como cor, odor, textura de forma inalterada. Dentre as

características físicas é fundamental que não ocorra a separação de fases da

emulsão, pois se ocorrer, todas as demais especificações serão afetadas. No ponto

de vista microbiológico: deve manter a resistência ao crescimento microbiano; no

terapêutico: o efeito terapêutico deve permanecer inalterado; e no toxicológico: não

deve ocorrer aumento significante na toxicidade do produto. (SANCTIS, 1999).

São diversos os fatores que influenciam a estabilidade dos produtos

cosméticos, desde os componentes e o processo de produção até as formas de

armazenamento e transporte do produto. Esses fatores podem ser classificados

conforme sua origem em intrínsecos e extrínsecos. (BRASIL, 2004)

Os fatores extrínsecos referem-se aos fatores externos aos quais foi submetido

o produto, como: temperatura, tempo, luz, umidade, oxigênio, material de

acondicionamento, microrganismos, modo de transporte e as condições de

armazenamento. Já os fatores intrínsecos são aqueles relacionados a própria

natureza do produto, principalmente a interação entre seus componentes e com o

material de acondicionamento, como: incompatibilidade física, como precipitações,

cristalização, separação de fases; incompatibilidade química, alterações no pH,

17

Page 19: tcc yuri emulsoes

reações de óxido-redução, hidrólise, interação entre ingredientes da formulação

(BRASIL, 2004).

Qualquer que seja a finalidade que se destine uma emulsão, esta deve se

manter estável durante um prazo determinado. Porém, apesar dos cuidados na

produção das emulsões, pode acontecer alterações durante algum tempo após a

sua produção. Entre essas alterações pode-se destacar a floculação, a

coalescência, a cremação e a sedimentação. (PRISTA, 1995).

A floculação pode ser definida como uma agregação reversível das partículas

da fase interna. A qual é influenciada por alteração nas superfícies das partículas

emulsionadas. Se uma quantidade insuficiente de emulsificante estiver presente, as

partículas da emulsão vão se agregar e coalescer rapidamente. Porém, através da

agitação a emulsão volta ao estado original. (PRISTA, 1995)

Já a coalescência é um processo de aumento do tamanho das partículas,

durante o qual, estas se juntam para formar partículas maiores, até atingirem um

ponto visível a olho nu, gerando a separação de fases da emulsão. Este processo

ocorre devido a uma diminuição da espessura e ruptura do filme existente ao redor

das partículas dispersas que se unem. (RIEGER, 1996)

A floculação difere da coalescência pelo fato do filme interfacial e as partículas

permanecerem intactas e por este, ser um fenômeno reversível. (PRISTA, 1995)

A cremeação ocorre quando as partículas sobrenadam em relação a fase

continua. As partículas tendem a migrar para a superfície da emulsão devido a

diferença de densidade das fases do sistema. É um mecanismo reversível, onde o

produto pode ser reconstituído por agitação ou mistura. (LACHMAN; LIEBERMAN;

KANIG, 2001)

A sedimentação é o processo inverso ao mecanismo da cremeação. Nesse

casso, a densidade da fase interna é superior a da fase externa. Dessa forma as

partículas tendem a sedimentar. (SANTORO, 2006)

Testes de estabilidade são experimentos conduzidos em condições pré-

estabelecidas de temperatura e umidade, que devem representar um modelo das

condições climáticas no ambiente em que os produtos serão transportados e

armazenados durante seu prazo de validade. (ORIQUI; MORI, 2013)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária criou em 2004 o Guia de

Estabilidade de Produtos Cosméticos, onde estabelece as condições de temperatura

para estudo de estabilidade acelerado. (BRASIL, 2004)

18

Page 20: tcc yuri emulsoes

Em função das exigências dos órgãos governamentais de saúde, é

indispensável que sejam estabelecidos protocolos de testes específicos, com

objetivo de garantir e controlar a qualidade dos produtos cosméticos (SEIXAS, 2014)

O principal objetivo dos programas e técnicas para analisar a estabilidade das

emulsões, é determinar a vida útil dessas em condições normais de

armazenamento, sendo as técnicas de estudo de estabilidade acelerado a principal

base de estudos. (RIEGER, 1996)

Para diminuir o tempo que é exigido pelos testes de estabilidade, as amostras

são submetidas a condições extremam que força a estabilidade do produto. Por

exemplo, pode se determinar a estabilidade física e química de formulações

cosméticas submetendo-as a condições de stress, como altas temperaturas.

(LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG, 2001)

O prazo de validade de medicamentos é definido como o período máximo em

que, após a sua produção, e quando mantido em condições de armazenamento

estabelecidas, não apresenta uma degradação do princípio ativo superior a 10 ou

15%. (ANSEL et al., 2000)

Os produtos cosméticos, por sua vez, além da necessidade de manter a

estabilidade, necessita preservar outras características do produto. Assim, devem

ser realizados também testes de estabilidade física, avaliando-se a textura,

aparência, uniformidade, odor, cor, entre outros. (SEIXAS, 2014)

19

Page 21: tcc yuri emulsoes

4 METODOLOGIA

4.1 Tipo de Estudo

O estudo terá caráter quantitativo, devido a busca de dados números para

determinação dos parâmetros de estabilidade das emulsões. Também terá caráter

descritivo, pois terá finalidade de analisar as alterações na estabilidade durante o

experimento através de métodos validados. E terá caráter experimental, por que

será realizado um experimento visando avaliar a estabilidade acelerada das

emulsões. (GIL, 2008)

4.2 Local do Estudo

O estudo será realizado na Farmácia Escola e no Laboratório de Núcleo de

Bioprospecção e Experimentação Molecular Aplicada (NUBEM) das Faculdades

INTA.

4.3 Preparo das Amostras

As emulsões serão preparadas pelo método convencional do Formulário

Nacional da Farmacopéia Brasileira 2ª edição, 2012. A fase aquosa será aquecida a

80ºC e a fase oleosa será aquecida a 75ºC. Em seguida, a fase aquosa será vertida

lentamente sobre a oleosa sob agitação constante e continua, até que a emulsão

chegue a temperatura ambiente (25ºC).

Serão preparados mil gramas de cada lote, sendo produzido um lote de cada

tipo de emulsão, totalizando duas formulações. Os componentes e suas quantidade

(em percentual) utilizadas está presente nos Apêndices 1 e 2.

4.4 Teste de Estabilidade Acelerado (TEA)

Será produzido um lote de cada creme base e cada lote terá mil gramas. Todos

os lotes serão acondicionados em recipientes fechados e submetidos a condições

20

Page 22: tcc yuri emulsoes

de temperatura e umidade pré-estabelecidas. As formulações serão submetidas as

condições citadas por um período de 180 dias e as análises serão realizadas no 1º,

30º, 90º dias. O 1º dia do teste, será correspondente ao dia da produção das

amostras. As condições segue as diretrizes do Guia de Estabilidade de Produtos

Cosméticos, e as são as seguintes: Incubar em estufa a 40ºC+/- 2ºC. (BRASIL,

2004).

4.5 Parâmetros Físico-Químicos Avaliados

4.5.1 Parâmetros Organolépticas

Aspecto – Observar visualmente as características da amostra, verificando se

há ocorrência de modificações macroscópicas, em relação ao padrão estabelecido.

A amostra poderá ser classificada como: normal ou sem alteração; levemente turvo

ou turvo. E avaliar se ocorreu a separação das fases. (BRASIL, 2004)

Cor – Comparar a cor da amostra com a cor do padrão estabelecido em frasco

da mesma especificação. A amostra poderá ser classificada como: normal, sem

alteração; levemente modificada; modificada; intensamente modificada. (BRASIL,

2004)

Odor – Comparar o odor da amostra com do padrão pré-estabelecido, através

do olfato. A amostra poderá ser classificada como: normal, sem alteração;

levemente modificada; modificada; intensamente modificada. (BRASIL, 2004)

Homogeneidade – Observar e identificar visualmente a homogeneidade da

amostra, classificando a amostra como homogênea ou heterogênea.

4.5.2 Determinação do Potencial Hidrogeniônico (pH)

Avaliação do pH das amostras através de peagâmetro previamente calibrado.

A determinação por peagâmetro é feita através de dois eletrodos imersos na

amostra. Um eletrodo é sensível a íons hidrogênio e o outro é um eletrodo de

referência, de potencial constante. Os eletrodos serão imersos em suspensão

contendo 10% da respectiva emulsão. (BRASIL, 2010)

4.5.3 Determinação da Viscosidade

21

Page 23: tcc yuri emulsoes

Determinar a viscosidade das amostras através do viscosímetro de Brookfield.

O viscosímetro de Brookfield mede a viscosidade pela força necessária para girar o

spindle na amostra. (BRASIL, 2010)

Acondicionar a amostra a ser analisada em recipiente coletor do viscosímetro

de Brookfield até a marca desejada, depois programar o aparelho escolhendo um

número de spindle (3 ou 4) e uma rotação específica para amostra. Em seguida,

imergir o spindle na amostra a ser analisada e acionar o aparelho até a estabilização

do valor no aparelho, que será de próximo de 50%. Depois do procedimento verificar

os resultados, que serão dados em milipascal (mPa). Caso não ocorra a

estabilização do valor no viscosímetro, testar novamente com outro spindle ou outra

rotação. (BRASIL, 2010)

4.5.4 Determinação da Densidade Relativa

A densidade relativa de uma substância é a razão de sua massa pela massa

de mesmo volume de água, ambas a 20ºC. A densidade relativa das bases

produzidas serão determinadas através de picnômetro de vidro de 25 mL

previamente calibrado. A calibração do picnômetro consiste na determinação da

massa do picnômetro vazio e da massa de seu conteúdo preenchido com água

destilada a 20ºC. (BRASIL, 2010)

Para realizar a determinação será produzido uma suspensão a 10% contendo

cada uma das bases. Será transferido a amostra para o picnômetro em temperatura

de 20ºC, se necessário, remover o excesso da substância, e pesar. Obter o peso da

amostra pela diferença de massa entre o picnômetro preenchido com a amostra e

vazio. Calcular a densidade relativa determinando a razão entre a massa da amostra

e a massa da água, ambas a 20ºC. (BRASIL, 2010)

Formula densidade relativa

4.5.5 Avaliação do Peso

Avaliar o peso das amostras em balança analítica. Deve ser realizado em todos

os períodos de testes para identificar a variação de peso.

22

Page 24: tcc yuri emulsoes

4.6 Parâmetros Microbiológicos Avaliados

A contaminação microbiana de um produto pode alterar suas propriedades

físico-químicas e ainda é risco de infecção para o usuário. Desse modo,

preparações farmacêuticas de uso oral e tópico não estéreis devem estar sujeitos ao

controle de contaminação microbiana. (BRASIL, 2010)

Para a realização dos ensaios deve-se empregar técnicas assépticas na

amostragem e execução dos ensaios. Caso a amostra tenha alguma atividade

antimicrobiana, deve ser previamente removida ou neutralizada. (BRASIL, 2010)

4.6.1 Preparo das amostras e diluições

Transferir 10g da amostra do creme em 90 mL água peptonada adicionada de

polissorbato 80 para inativação dos conservantes. Misturar cuidadosamente,

mantendo sempre a temperatura até a formação de uma emulsão. Caso necessário,

ajustar o pH para 6,5 – 7,5. Preparar diluições decimais sucessivas (1:100, 1:1000) a

partir da primeira diluição. Realizar os testes em cada lote das bases. (BRASIL,

2010)

4.6.2 Contagem do Número Total de Microrganismos Mesófilos

Esse ensaio tem como objetivo determinar o número total de bactérias

mesófilas e fungos presente em produtos e matérias-primas não estéreis e é

aplicado para determinar se o produto satisfaz as exigências microbiológicas

farmacopeicas. (BRASIL, 2010)

Os produtos cosméticos admitem a presença de carga microbiana, desde que

não ultrapasse os limites especificados pela RDC nº 481, de 23 de setembro de

1999. Os produtos cosméticos são divididos em dois tipos e cada tipo há um limite

de carga microbiana. Estão descritos no Anexo 1. (BRASIL, 1999)

Adicionar 15-20 mL de ágar caseína-soja em Placa de Petri e adicionar 15-20

mL de ágar Sabouraud-dextrose em placa de Petri e esperar solidificar. Após as

placas secarem, semear na superfície de cada meio de cultura 0,1 mL da amostra

diluída preparada anteriormente. (BRASIL, 2010)

23

Page 25: tcc yuri emulsoes

Incubar as placas contendo ágar caseína-soja a 32,5 °C ± 2,5 °C por 3 - 5 dias

e as placas com ágar Sabouraud-dextrose a 22,5 °C ± 2,5 °C por 5 - 7 dias para

determinação do número total de microrganismos mesófilos. Tomar a média

aritmética das placas de cada meio e calcular o número de unidades formadoras de

colônias (UFC) por mL da amostra. (BRASIL, 2010)

Figura 6. Exemplo de cálculo da média aritmética de unidade formadoras de colônias. (BRASIL, 2010)

4.6.3 Pesquisa de Microrganismos Patogênicos

Esse ensaio permite verificar a presença ou ausência de microrganismos

patogênicos. Para pesquisa de microrganismos patogênicos será utilizado 10 mL da

diluição 1:10 e deve-se adicionar 90 mL de caldo de caseína-soja. Logo após deve

se homogeneizar e incubar a 32,5 ºC ± 2,5 ºC durante 18 a 24 horas. (BRASIL,

2010)

24

Page 26: tcc yuri emulsoes

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANSEL, H. C.; POPOVICH, N. G.; LOYD, V. O. Farmacotécnica: formas farmacêuticas & sistemas de liberação de fármacos. 6a ed. São Paulo: Editorial Premier, 2000.

AULTON, M. E. Delineamento de formas farmacêuticas. 2.ed. Porto Alegre: Artmed; 2005.

BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Guia de Estabilidade de Produtos Cosméticos. vol. 1, 2004.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução no 481, de 23 de setembro de 1999.

BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Resolução RE nº. 1, de 29 de julho de 2005, Diário Oficial da União, de 01/08/2005

BRASIL. Farmacopéia Brasileira. 5ª ed. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2010.

CHORILLI M.; BRIZANTE, A. C.; RODRIGUES, C. A.; SALGADO, H. R. N. Aspectos gerais em sistemas transdérmicos de liberação de fármacos. Revista Brasileira de Farmácia. v. 88 n. 1, p. 7-13, 2007.

D’LEON, L. F. P. Estudo de estabilidade de produtos cosméticos. Cosmetic & Toiletries, São Paulo, v.13, n. 4. p. 54-62, 2001.

ECCLESTON, G.M. Emulsions and microemulsions. In: SWARBRICK, J.; BOYLAN, J.C. Encyclopedia of pharmaceutical technology. New York: Marcel Dekker, v.3, p.1066-1084. 2002.

GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6 ed. São Paulo, Editora Atlas S.A, 2008.

25

Page 27: tcc yuri emulsoes

GILL H.S.; ANDREWS, S. N.; SAKTHIVEL, S.K.; FEDANOV, A.; WILLIAMS, I. R.; GARBER, D. A.; PRIDDY, F.H.; Yellin, S.; FEINBERG M. B.; STAPRANS, S. I.; PRAUSNITZ, M. R. Selective removal of stratum corneum by microdermabrasion to increase skin permeability. European Journal of Pharmaceutical Scienses. vol. 38, n. 2, p 95-103, 2009.

GUERTECHIN, L. O. Classification of Surfactants. In: PAYE, M.; BAREL, A.O.; MAIBACH, H.I. (Org.) Handbook of Cosmetic Science and Technology. 2ed. Nova Iorque, 2009.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

KIERSZEMBAUM, A.L. Histologia e biologia celular: uma introdução a patologia. 2a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

LACHMAN, L.; LIEBERMAN, H. A.;KANIG, J.Teoria e prática na indústria farmacêutica. Lisboa: Fundação Caloustre Gulbenkian,2001.

LEONARDI, G. R. Cosmetologia Aplicada. São Paulo: Editora MEDFARMA, 2005.

OLIVEIRA, R. C. S. Desenvolvimento, formulação e avaliação de sistemas de libertação transdérmica incorporando sistemas. (Tese) - Portugal: Universidade do Porto; 2008.

ORIQUI, L. R., MORI, M. Guia para a determinação da estabilidade de produtos químicos. Química Nova. v. 36, n. 2, p. 340-347. 2013.

PRISTA, L. Nogueira; Alves, A. Correia; Morgado, Rui. Tecnologia farmaceutica. 4 ed. Lisboa: FCG, 1995

RIBEIRO, H.M. Teorias de estabilidade de emulsões cosméticas. Cosmetics & Toiletries. v. 14, n.4, p. 88-92, 2002.

RIEGER, M. M. Teste de estabilidade de macroemulsões. Cosmetics & Toiletries. v. 8, n. 5, p. 47-53, 1996.

ROSSI, C. G. F. T.; DANTAS, T. N. C.; NETO, A. A. D.; MACIEL, M. A. M. Tensoativos: uma abordagem básica e perspectivas para aplicabilidade industrial.

26

Page 28: tcc yuri emulsoes

Revista Universidade Rural Série Ciências Exatas e da Terra, v. 25, n. 1-2, p. 73-85, 2006.

SANCTIS, D. S. Emulsões para uso externo. Revista Racine, São Paulo, n. 53, p. 53 – 62, nov./dez. 1999.

SANTORO, D. M. Propriedades físico-químicas de emulsões obtidas a partir dos emulsificante monoestearato de glicerina e cetim fosfato de potássio. (Dissertação) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2006.

SEIXAS, V. C. Desenvolvimento e avaliação da estabilidade e eficácia de formulações cosméticas contendo fosfato de cério com propriedades fotoprotetoras. (Tese) - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. 2014.

SILVA, E. C.; SOARES, I. C. Tecnologia de emulsões. Cosmetic & Toiletries, São Paulo, v. 8, n. 5, p. 37 – 46, 1996.

SILVA, J. A.; SANTANA, D. P.; BEDOR, D, G. C.; BORBA, V. F. C.; LIRA, A. A. M; EGITO, E. S. T. Estudo de liberação e permeação In Vitro do diclofenaco de dietilamônio em microemulsão gel-like. Química Nova. vol. 32, n. 6, pag 1389-1393, 2009.

SILVA, J.A.; APOLINÁRIO, A. C.; SOUZA, M. S. R.; DAMASCENO, B. P. G. L.; MEDEIROS, A. C. D. Administração cutânea de fármacos: desafios e estratégias para o desenvolvimento de formulações transdérmicas. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada. vol. 31, n. 3, p. 125-131, 2010.

SILVA, P. K. L. Remoção de óleo da água de produção por flotação em coluna utilizando tensoativo de origem vegetal. (Dissertação) – Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2008.

SINKO, P. J. Martin: físico-farmácia e ciências farmacêuticas. 5a edição. Porto Alegre: Artmed, 2008.

SOUSA, K. S. M. G. Estudo de sistemas: petróleo/água/tensoativo para aplicação na recuperação avançada de petróleo. (Monografia) Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2005.

27

Page 29: tcc yuri emulsoes

TABORIANSKI, A.M. Validação de métodos para análise e estudos de estabilidade de anti-retrovirais em preparações farmacêuticas. (Dissertação) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2003.

UNITED STATES PHARMACOPEIA. 30.ed. Rockville: The United States Pharmacopeia Convention, 2007.

28

Page 30: tcc yuri emulsoes

CRONOGRAMA

ORÇAMENTO

29

2015.2

AtividadesJUN

JUL

AGO

SET

OUT

NOV

DEZ

Levantamento Bibliográfico X X X X X X X

Qualificação do Projeto de Pesquisa X

Ajuste e Correção Pós-Qualificação X

Realização dos Experimentos (T0) X

Realização dos Experimentos (T1) X

Realização dos Experimentos (T2) X

Análise dos Dados X X X X X X

Elaboração dos Resultados, Discussão e Conclusão X X

Defesa da Monografia X

Ajuste e Correção Pós-Defesa X

Entrega da Versão Final X

Page 31: tcc yuri emulsoes

ANEXOS

30

Materiais de Consumo Quantidade Valor Unitário (R$)

Valor Total (R$)

Cartucho de Tinta (unid.) 1 R$30,00 R$30,00

Resma de Papel A4 (500

folhas)2 R$16,00 R$33,80

Fotocópia (unid.) 400 R$0,05 R$20,00

Caneta Esferográfica Preta

(unid.)10 R$0,75 R$7,50

Ágar Sabouraud Dextrose

500g1 R$242,25 R$242,25

Ágar Triptona de Soja 500g 2 R$ 302,96 R$605,92

Placa de Petri (unid.) 80 R$3,00 R$240,00

EDTA Sódico 100g 1 R$5,00 R$5,00

Metilparabeno 100g 1 R$7,00 R$7,00

Propilparabeno 100g 1 R$8,00 R$8,00

Glicerina 500 mL 1 R$7,50 R$7,50

BHT 100g 1 R$6,00 R$6,00

Estearato de Octila 500 mL 1 R$45,00 R$45,00

Ciclometicona 500 mL 1 R$36,00 R$36,00

Cera auto-emulsionante

aniônica 1000g1 R$68,00 R$68,00

Cera auto-emulsionante não-

iônica 1000g1 R$64,00 R$64,00

Polissorbato 80 100mL 2 R$20,00 R$40,00

- - Valor Total R$1.465,97

Page 32: tcc yuri emulsoes

Anexo 1. Limites de aceitabilidade de carga microbiana em cosméticos. (BRASIL, 1999)

ÁREA DE APLICAÇÃO E FAIXA ETÁRIA

LIMITES DE ACEITABILIDADE

TIPO – I

PRODUTOS PARA

USO INFANTIL

PRODUTOS PARA

ÁREA DOS

OLHOS

PRODUTOS QUE

ENTRAM EM

CONTATO COM

MUCOSAS

a) Contagem de microrganismos mesófilos

aeróbios totais , não mais que 102 UFC/g ou ml

Limite máximo 5x 102 UFC/g ou ml

b) Ausência de Pseudomonas Aerugiosa em 1g ou

mL

c) Ausência de Staphylococcus aureus em 1g ou

ml

d) Ausência de Coliformes totais e fecais em 1g ou

ml

e) Ausência de Clostrídios sulfito redutores em 1 g

(exclusivamente para talcos).

TIPO – II

DEMAIS

PRODUTOS

SUSCEPTÍVEIS À

CONTAMINAÇÃO

MICROBIOLÓGIC

A

a) Contagem de microrganismos mesófilos

aeróbios totais, não mais que 103 UFC/g ou ml

Limite máximo 5x 103 UFC/g ou ml

b) Ausência de Pseudomonas aeruginosa em 1g

ou ml

c) Ausência de Staphylococcus aureus em 1g ou

ml

d) Ausência de Coliformes totais e fecais em 1g ou

ml

e) Ausência de Clostrídios sulfito redutores em

1 g (exclusivamente para talcos)

APÊNDICES

31

Page 33: tcc yuri emulsoes

Apêndice 1. Formulação do Creme Base Não-Iônico

Componentes Quantidade (%)FASE AQUOSAEDTA SÓDICO 0,1METILPARABENO 0,2ÁGUA PURIFICADA qsp 76,5GLICERINA 3,0

FASE OLEOSABHT 0,1PROPILPARABENO 0,1CERA AUTO-EMULSIONANTE NÃO IÔNICA 16,0ESTEARATO DE OCTILA 2,0CICLOMETICONA 2,0

Apêndice 2. Formulação do Creme Base Aniônico

Componentes Quantidade (%)FASE AQUOSAEDTA SÓDICO 0,1METILPARABENO 0,2ÁGUA PURIFICADA qsp 70,5GLICERINA 3,0

FASE OLEOSABHT 0,1PROPILPARABENO 0,1CERA AUTO-EMULSIONANTE NÃO IÔNICA 16,0ESTEARATO DE OCTILA 8,0CICLOMETICONA 2,0

32