tc tórax: infecções pulmonares
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Aspecto das infecções pulmonares na TC tóraxTRANSCRIPT
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 02 1
Infecções pulmonares: aspectos de imagem na TC
Gustavo de Souza Portes Meirelles 1
1 – Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Me dicina – UNIFESP
1 – Introdução
As infecções pulmonares são doenças comuns, sendo causa importante de morbidade e mortalidade. O
diagnóstico das mesmas requer uma combinação de exame clínico, análises laboratoriais e métodos de
imagem. A radiografia simples é habitualmente o exame de imagem mais empregado, pelo seu menor custo
e alta disponibilidade, mas a tomografia computadorizada (TC) tem algumas indicações na avaliação destas
doenças, principalmente nos casos duvidosos, em indivíduos imunocomprometidos ou nos quadros
infecciosos complicados. Abordaremos neste capítulo as pneumonias bacterianas, as infecções fúngicas
(aspergilose, pneumocistose, paracoccidioidomicose) e as virais (citomegalovírus – CMV). A tuberculose
pulmonar será abordada no próximo capítulo.
2 – Pneumonias bacterianas
Os agentes mais comuns das pneumonias bacterianas são Streptococcus pneumoniae, Mycoplasma
pneumoniae, Chlamydia pneumonia e Legionella pneumophila, destacando-se o pneumococo como o
germe mais freqüente. Embora os métodos de imagem auxiliem na avaliação destas infecções, não é
possível, na maior parte dos casos, definir o agente infeccioso envolvido, já que o padrão radiológico é
raramente específico. Deve-se lembrar também que a radiografia e a TC podem ser normais em fases
iniciais da doença.
O aspecto radiológico clássico das pneumonias bacterianas é de consolidações pulmonares mal definidas,
com distribuição lobar ou segmentar, que mudam rapidamente de aspecto em exames sucessivos e podem
ter broncogramas aéreos (figuras 1 e 2). Derrame pleural, geralmente pequeno, é comum (figura 3).
A radiografia, somada ao quadro clínico, é suficiente para o diagnóstico na maior parte das ocasiões. A TC
pode auxiliar nos casos duvidosos ou nas complicações, como pneumatocele, empiema pleural e abscesso
pulmonar (figuras 4, 5 e 6).
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Figura 1. TC de tórax em paciente com pneumonia lobar por pneumococo.Consolidação com broncogramas aéreos no lobo
inferior esquerdo.
Figura 2. Infecção por Mycoplasma. Consolidação no lobo inferior direito, com margens mal definidas.
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Figura 3. Consolidação com broncogramas aéreos no lobo inferior direito, com derrame pleural associado.
Figura 4. Paciente com pneumonia por S. aureus com pneumatocele no lobo inferior direito.
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Figura 5. Pneumonia lobar complicada por abscesso no pulmão direito, com paredes espessas.
Figura 6. Empiema pleural esquerdo como complicação de pneumonia bacteriana. Presença de gás e líquido no espaço pleural.
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A TC é de grande utilidade nos germes mais agressivos, com invasão da parede torácica, como Nocardia e Actinomyces. Nestes casos, o diferencial com neoplasia maligna por vezes é difícil e a tomografia ajuda na demonstração da lesão e determinação da extensão da mesma, bem como detecção de eventuais complicações (figura 6).
Figura 6. Actinomicose com invasão da parede torácica. Consolidação parenquimatosa no lobo médio com extensão para a parede torácica
anterior direita e envolvimento do esterno e de algumas costelas.
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3 – Infecções fúngicas e virais
3.1 – Paracoccidioidomicose
A infecção pelo P. brasiliensis pode ter vários aspectos de imagem na TC. Os mais comuns são bandas
parenquimatosas, associadas a nódulos, espessamentos septais, espessamento peribroncovascular, vidro
fosco e consolidações, geralmente predominando nas regiões perihilares (figuras 7 e 8).
Figura 7. Consolidações parenquimatosas associadas a múltiplos nódulos pulmonares, predominando nas regiões centrais, peri-hilares, em paciente com
paracoccidioidomicose.
Figura 8. Infecção por P. brasiliensis. Consolidações pulmonares associadas a nódulos, espessamento peribroncovascular e opacidades em vidro fosco
esparsas.
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3.2 – Pneumocistose
A infecção pelo P. carinii (P. jiroveci) é mais comum em pacientes imunocomprometidos, principalmente
naqueles infectados pelo HIV. A combinação de dispnéia com achados típicos na TC de tórax em pacientes
com AIDS é praticamente diagnóstica de pneumocistose. Os achados mais comumente encontrados na TC
são vidro fosco, espessamentos septais e pequenos cistos predominando nos lobos superiores (figura 9). A
TC é útil também para detectar complicações como pneumotórax (figura 10).
Figura 9. Paciente com AIDS com achados típicos de pneumocistose na TC de tórax, caracterizados por opacidades em vidro fosco associadas a espessamentos septais (este padrão é conhecido como “pavimentação
em mosaico”) e pequeno cisto (seta) de permeio.
Figura 10. Paciente com pneumocistose, caracterizada na TC como opacidades em vidro fosco, espessamentos septais e pequenos cistos. Pneumotórax esquerdo,
decorrente de ruptura para a pleura de um dos cistos pulmonares.
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3.3 – Aspergilose
Há várias apresentações da infecção pelo Aspergillus na TC. Dentre elas, demonstraremos o aspergiloma
(figura 11), a aspergilose broncopulmonar alérgica (figura 12) e a aspergilose invasiva (figura 13).
Figura 11. Cavidade de tuberculose no lobo superior esquerdo preenchida por material amorfo e heterogêneo. Aspergiloma (bola fúngica).
Figura 12. Aspergilose broncopulmonar alérgica em paciente asmático. Bronquiectasias no lobo superior esquerdo preenchidas por material mucóide de alta
densidade.
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Figura 13. Aspergilose pulmonar invasiva em transplantado de medula óssea, neutropênico febril. Múltiplos nódulos pulmonares com vidro fosco ao redor (“sinal do halo”).
3.4 – Citomegalovírus (CMV)
A infecção pelo citomegalovírus ocorre principalmente em pacientes imunodeprimidos. O aspecto mais
comumente encontrado na TC é de nódulos esparsos, consolidações e opacidades em vidro fosco (figuras
14 e 15).
Figura 14. Infecção pelo CMV em paciente transplantado renal. Opacidades em vidro fosco esparsas bilateralmente.
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Figura 15. Nódulos pulmonares com vidro fosco adjacente. Infecção pelo CMV em paciente imunodeprimido.
4 – Leitura recomendada
Funari M, Kavakama J, Shikanai-Yasuda MA et al. AJR 1999;173:59-64.
Kang EY, Patz EF, Müller NL. JCAT 1996;20:295-929.
Kuhlman JE, Fishman EK, Siegelman SS. Radiology 1985;157:611-614.
Kuhlman JE, Kavuru M, Fishman EK et al. Radiology 1990;175: 711-714.
McGuiness G, Scholes JV, Garay SM et al. Radiology 1994;192: 451-459.