tc monitoramento eletronico 2013.1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ – UNIDAVI PRÓ- REITORIA DE ENSINO – PROEN COLEGIADO DE ÁREA DAS CIÊNCIAS SOCIALMENTE APLICÁVEIS – CSA CURSO DE DIREITO MONITORAMENTO ELETRÔNICO DE PRESOS CRISTIAN CLEBER TENFEN

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Page 1: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO

ITAJAÍ – UNIDAVI

PRÓ- REITORIA DE ENSINO – PROEN

COLEGIADO DE ÁREA DAS CIÊNCIAS SOCIALMENTE APLICÁVEIS – CSA

CURSO DE DIREITO

MONITORAMENTO ELETRÔNICO DE PRESOS

CRISTIAN CLEBER TENFEN

ITUPORANGA

2013

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CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO

ITAJAÍ – UNIDAVI

PRÓ- REITORIA DE ENSINO – PROEN

COLEGIADO DE ÁREA DAS CIÊNCIAS SOCIALMENTE APLICÁVEIS – CSA

CURSO DE DIREITO

MONITORAMENTO ELETRÔNICO DE PRESOS

CRISTIAN CLEBER TENFEN

Trabalho de Curso submetido ao Centro

Universitário para o Desenvolvimento do Alto

Vale do Itajaí - UNIDAVI, como requisito parcial

a obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professora Patrícia Pasqualini Philippi

ITUPORANGA - SC

2013

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por sempre me guiar no caminho certo

da vida. Agradeço a minha família por me compreender nos momentos em que fiquei

fazendo este trabalho até de madrugada não os deixando dormir. Agradeço a minha

namorada Carla, por esta estar sempre do meu lado me compreendendo e dando

forças para poder realizar este trabalho.

Agradeço a minha orientadora professora Patrícia Pasqualini, que se

depositou sua confiança em mim e acreditou neste trabalho.

Page 4: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, que desde o início da faculdade me

deram forças para não desistir do curso e me ajudaram a superar vários desafios, à

minha namorada que sempre esteve do meu lado em todos os momentos.

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes.”

Marthin Luther King

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte

ideológico conferido ao presente trabalho, isentando o Centro Universitário para o

Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca

Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Ituporanga - SC, 28/05/2013.

Cristian Cleber Tenfen

Acadêmico

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ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CPP Código de Processo Penal

CRFB Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

DEPEN Departamento Penitenciário Nacional

GPS Global Positioning System - Sistema de Posicionamento Global.

HCTP Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico

LEP Lei de Execução Penal

PCC Primeiro Comando da Capital

PGC Primeiro Grupo Catarinense

SAC 24 Sistema de Acompanhamento de Custódia 24 horas

Page 8: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que o autor considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Monitoramento Eletrônico

“[...] O monitoramento eletrônico é uma espécie de prisão virtual, em que a pessoa

apenada passa a utilizar um aparelho que permite seu rastreamento via satélite.

Trata-se do Sistema de Acompanhamento de Custódia 24 horas – SAC 24.”1

Sistema de Acompanhamento de Custódia 24 horas – SAC 24

“Funciona através de rádio frequência e informações criptografadas fornecedoras de

dados sobre o posicionamento do apenado.”2

Sistema Penitenciário Brasileiro

“Introduz na personalidade e prisionalização da nefasta cultura carcerária; estimula o

processo de despersonalização; legitima o desrespeito aos direitos humanos.”3

1 JUNIOR. Luciano de Oliveira Souza. Direito e tecnologia: Uma alternativa ao sistema carcerário nacional. 2008. Disponível em: http://srv02.fainor.com.br/revista/index.php/memorias/article/viewFile/12/31. Acesso: 20 mai. 2013. p. 33

2 JUNIOR. Luciano de Oliveira Souza. Direito e tecnologia: Uma alternativa ao sistema carcerário nacional. 2008. Disponível em: http://srv02.fainor.com.br/revista/index.php/memorias/article/viewFile/12/31. Acesso: 20 mai. 2013. p. 33

3 OLIVEIRA, Edmundo. Política criminal e alternativas à prisão. Rio de Janeiro. Forense, 1.997. p. 55.

Page 9: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

RESUMO

O presente trabalho de curso tem como objeto o monitoramento eletrônico de

presos. Como pode ser visto em diversos meios de comunicação de nosso país que

volta e meias ocorrem rebeliões e motins dentro de presídios, penitenciárias,

unidades prisionais avançadas e em outros estabelecimentos penais, tendo como a

principal causa dessas rebeliões e motins a superlotação dos ergástulos penais. O

Brasil analisando as experiências de países internacionais que utilizam o sistema de

monitoramento eletrônico de presos sancionou no ano de 2010 a Lei 12.258/2010

que trata do monitoramento eletrônico de presos no Brasil. Portanto o presente

trabalho destina-se a conhecer melhor este instituto, procurando sua origem e quais

as formas que pode ser utilizado. O método utilizado na elaboração desse trabalho

de curso foi o indutivo e o método de procedimento foi o monográfico. O

levantamento de dados foi através da técnica da pesquisa bibliográfica. O ramo de

estudo é na área do Direito Penal. Nas considerações finais será visto se o presente

trabalho conseguiu responder ao problema a ele atribuído, dando conta de que a

hipótese utilizada verdadeira.

Palavras-chave: monitoramento eletrônico; crise; superlotação; estabelecimento

prisional; Lei 12.258/2010.

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ABSTRACT

This coursework has as object the electronic monitoring of prisoners. As can be seen

in various media of our country back and half occur rebellions and riots in prisons,

penitentiaries, prisons and other advanced prisons, having as the main cause of

these riots and riots of overcrowding ergástulos criminal. The Brazil by analyzing the

experiences of countries that use the international system of electronic monitoring of

inmates sanctioned in 2010 the Law 12.258/2010 dealing with electronic monitoring

of prisoners in Brazil. Therefore this paper aims to better understand this institute,

seeking its origin and what forms can be used. The method used in the preparation of

this course work was inductive method and procedure was the monograph. The

survey data was through the technique of literature. The field of study is in the area of

criminal law. The final remarks will be seen that the present study failed to respond to

the problem assigned to it, realizing that the hypothesis used true.

Keywords: electronic monitoring; crisis; overcrowding; prison; Law 12.258/2010.

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INTRODUÇÃO

O objeto do presente Trabalho de Curso trata sobre o monitoramento

eletrônico de presos, quais as possibilidades de utilização e quais foram as formas

utilizadas no Brasil.

O seu objetivo institucional é a produção do Trabalho de Curso como

requisito parcial a obtenção do grau de Bacharel em Direito pelo Centro Universitário

para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí – UNIDAVI.

O objetivo geral deste trabalho de curso é verificar como funciona o

monitoramento eletrônico de presos.

Os objetivos específicos são: a) analisar a inserção do monitoramento

eletrônico no Brasil através da Lei 12.528/2010; b) discutir acerca das possibilidades

de utilização deste método como pena autônoma; c) demonstrar o funcionamento do

monitoramento eletrônico de presos no Brasil.

Na delimitação do tema levanta-se o seguinte problema: Qual fundamento

legal prevê o monitoramento eletrônico de presos?

Para o equacionamento do problema levanta-se a seguinte hipótese:

a) supõe-se que o monitoramente de presos esteja previsto na Lei

12.258/2010.

O Método a ser utilizado na elaboração desse trabalho de curso será o

indutivo; o Método de procedimento será o monográfico. O levantamento de dados

será através da técnica da pesquisa bibliográfica.

O tema já citado chama muito a atenção, pois trata de um novo

mecanismo que foi criado para o Estado ter mais controle sobre os condenados,

haja vista que o país possui um sistema penitenciário “falido”. Outro ponto de vista

de grande relevância é o uso deste mecanismo pelo Estado para tentar diminuir o

número de detentos dentro das unidades prisionais de todo o país.

O Capítulo I trata do sistema penitenciário nacional, informando a

situação atual dos estabelecimentos penais de todo o país, fazendo uma analise dos

dados que serão apresentados. Também versa sobre a deficiência do sistema

penitenciário brasileiro, considerado como um sistema “falido”.

Principia–se, no Capítulo II, conhecer e entender mais profundamente

Page 13: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

12

sobre o monitoramento eletrônico. Como o referido instituto teve inicio, o conceito de

monitoramento eletrônico, posteriormente será visto os aspectos históricos mais

importantes que o instituto teve e quais foram os seus criadores. Também veremos

quais os principais países que adotaram este sistema e hoje servem de referência

para os demais.

O Capítulo III dedica-se a apresentar o monitoramento eletrônico de

presos no Brasil, a sua implementação, tendo como objetivo a diminuição da

população carcerária brasileira, também mostrará quais as principais possibilidades

de utilização deste instituto e a alteração que teve a Lei de Execução Penal para

incluir o monitoramento eletrônico – Lei 12.258/2010.

O presente Trabalho de Curso encerra-se com as Considerações Finais

nas quais serão apresentados pontos essências destacados dos estudos e das

reflexões realizados sobre o monitoramento eletrônico de presos.

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CAPÍTULO 1

SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO

1.1ESTABELECIMENTOS PENITENCIÁRIOS NO BRASIL

O sistema penitenciário do Brasil é formado por diversos

estabelecimentos penais, entre eles: penitenciárias federais, que são administradas

pelo governo federal e os demais estabelecimentos penais, como: presídios,

unidades prisionais, colônias, penitenciárias e albergues, que são administrados na

sua grande maioria pelos governos estaduais.

O atual sistema penitenciário brasileiro esta vivendo uma verdadeira

falência. O sistema penitenciário que o Brasil utiliza, pode ser considerado um

sistema ultrapassado. Os presos que cumprem pena em nosso país tem uma visão

do sistema penitenciário brasileiro como sendo um verdadeiro inferno para eles,

levando em conta a superlotação dos ergástulos penais, a falta de higiene, a sujeira,

a má alimentação e principalmente a falta de assistência adequada no que tange a

saúde do individuo que esta cumprindo pena em nosso país.

Edmundo Oliveira conceitua o sistema penitenciário brasileiro em relação

aos que cumprem pena nele, como sendo:

Um aparelho destruidor de sua personalidade, pelo qual: não serve o que diz servir; neutraliza a formação ou o desenvolvimento de valores; estigmatiza o ser humano; funciona como máquina de reprodução da carreira no crime; introduz na personalidade e prisionalização da nefasta cultura carcerária; estimula o processo de despersonalização; legitima o desrespeito aos direitos humanos.4

Através do comentário de Oliveira, podemos ver que o Estado em vez de

ressocializar o preso e o direcionar para um ensino profissionalizante, no qual o

detento teria um emprego quase que garantido, está jogando o apenado em um

4 OLIVEIRA, Edmundo. Política criminal e alternativas à prisão. Rio de Janeiro. Forense, 1.997. p. 55.

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buraco sem fim, onde não tem mais volta. Está retirando do preso o que ainda resta

de sua dignidade, de sua honra e de sua moral. Com tudo isso só aumenta o

número de reincidentes.

O sistema penitenciário brasileiro é composto por vários tipos de unidades

prisionais, tendo entre elas uma destinação para os presos provisórios e os presos

já condenados.

Os presos provisórios tem como principal destino as cadeias públicas,

conhecidas como presídios e unidades prisionais, conforme prevê o artigo 102 da

Lei de Execução Penal:

“Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento de presos

provisórios.” 5

As cadeias públicas têm como único objetivo, manter segregado da

liberdade o individuo que está aguardando o julgamento, sendo este considerado

como preso provisório, ou seja, aquele que ainda não possui condenação.

Para Júlio Fabbrini Mirabete, segundo o Código de Processo Penal, é

considerado preso provisório, a pessoa que foi autuada em flagrante delito, o

individuo que foi preso preventivamente e o individuo preso que foi submetido à

prisão temporária, sendo que este último deverá ficar separado dos demais presos. 6

A cadeia pública tem como única finalidade manter o preso provisório

segregado durante a investigação policial e a instrução do processo, sempre o

mantendo a disposição da justiça.

Os presos condenados a pena privativa de liberdade, terão de cumprir

suas penas inicialmente em algum dos seguintes regimes, fechado, semiaberto ou

regime aberto. A seguir será abordado cada regime de cumprimento de pena e em

qual estabelecimento penal a pena deverá ser cumprida.

Os presos que foram condenados a reclusão em regime fechado deverão

cumprir suas penas em penitenciárias, conforme dispõe o artigo 87 da Lei de

Execução Penal:

“Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em

5 BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

6 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Execução penal: comentários à lei nº 7.210, de 11-7-1984. 11. ed. rev. e atual. até 31 de março de 2004. São Paulo: Atlas, 2004.

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15

regime fechado.” 7

As penitenciárias, conforme já descrito acima, visam o cumprimento da

pena aos reclusos que foram condenados a pena privativa de liberdade em regime

fechado.

A maioria das penitenciárias que são construídas no Brasil são feitas em

locais que ficam de certo modo mais afastadas dos centros urbanos das cidades.

Neste tipo de estabelecimento penal o preso deveria ter uma cela individual para o

cumprimento de sua pena, e cada cela deveria ter em seu interior um dormitório,

sanitário e lavatório, isolamento e condicionamento térmico para dar ao segregado

as condições básicas de higiene.

O conceito de grandes complexos penitenciários foi introduzido nos

Estados Unidos por volta do ano de 1930, no conhecido Presídio de Alcatraz,

conforme discorre Daniela Pinheiro.

Celebrado em filmes e livros, Alcatraz simbolizava o controle total do Estado. Dali, não se fugia e se controlava todos os passos do preso. A decadência e o conseqüente fechamento de Alcatraz se deram exatamente depois da fuga de alguns detentos. Atualmente, as prisões menos populosas, com presos separados pelo grau de periculosidade, são uma idéia difundida em âmbito internacional.8

No que tange a alimentação e a saúde dos apenados nas penitenciárias é

possível afirmar que é um pouco melhor do que a situação encontrada nos presídios

e unidades prisionais avançadas.

As unidades prisionais avançadas são consideradas presídios menores,

pois possuem uma capacidade inferior aos presídios no que tange a quantidade de

vagas e o espaço físico para alocar presos, tornando estes locais sempre lotados.

Quase todos os presos que são condenados e então transferidos para

uma penitenciária, cumprem toda a sua pena na penitenciária, exceto quando

progridem para o regime aberto.

Já os presos que deverão cumprir suas penas em regime semiaberto,

7 BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

8 PINHEIRO, Daniela. O esboço do projeto antiviolência do governo propõe cadeias de segurança mínima para presos. Revista Veja. Edição 1 637. Editora Abril. 23/2/2000. Disponível em: http://veja.abril.com.br/idade/educacao/pesquise/carcerario/1637.html. Acesso em: 18 mai. 2013. p. 22.

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deverão ser conduzidos até uma colônia agrícola, industrial ou similar. É o que está

previsto no artigo 91 da Lei de Execução Penal:

“Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se ao

cumprimento da pena em regime semiaberto.” 9

As colônias agrícolas ou industriais têm por finalidade dar cumprimento à

pena aos detentos que estão cumprindo sua reprimenda no regime semiaberto.

O sistema penitenciário brasileiro necessita de mudanças com urgência,

pois, o caráter sócio-educativo que é atribuído as penas dadas aos detentos para

ressocializá-los e reeducá-los não funcionam, uma vez que esses indivíduos que

estão cumprindo suas penas segregados da liberdade são colocados em situações

sub-humanas em celas onde a capacidade máxima já foi ultrapassada há muito

tempo e lá ficam esquecidos.

Por fim os presos que são condenados a cumprirem suas penas

privativas de liberdade em regime inicial aberto e limitações em fins de semana,

estes tem como estabelecimento para o cumprimento de sua reprimenda a casa do

albergado, conforme determina o artigo 100 da Lei de Execução Penal:

“Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de pena

privativa de liberdade, em regime aberto e da pena de limitação de fim de semana.” 10

Este estabelecimento penal tem sua finalidade voltada ao cumprimento da

pena privativa de liberdade no regime aberto e da pena que é imposta ao individuo

limitando-o o seu deslocamento nos finais de semana.

A casa do albergado deve ser construída em centro urbano, possibilitando

o fácil acesso às pessoas que cumprem pena neste local.

A Lei de Execução Penal, também traz em seu texto a definição de centro

de observação:

Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão encaminhados à Comissão Técnica de

9 BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

10 BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

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17

Classificação.Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas pesquisas criminológicas.Art. 97. O Centro de Observação será instalado em unidade autônoma ou em anexo a estabelecimento penal.Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação, na falta do Centro de Observação.11

O centro de observação foi criado para ser o local onde serão realizados

exames criminológicos e exames gerais, podendo o centro de observação ser

instalado e anexado a um estabelecimento penal ou a uma unidade autônoma.

Porém “na grande parte do Brasil não existe nenhum modelo de centro de

observação, sendo assim, os detentos apenados são classificados de acordo com

os crimes que cometeram e a quantidade de pena imposta aos apenados.” 12

Ainda classificado como um estabelecimento penal, a Lei de Execução

Penal, traz em seu artigo 99 e seguintes a definição de hospital de custódia e

tratamento psiquiátrico:

Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal.Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber, o disposto no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os internados.Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo 97, segunda parte, do Código Penal, será realizado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro local com dependência médica adequada. 13

Conhecido também como HCTP, o hospital de custódia e tratamento

psiquiátrico foi criado para receber os detentos considerados inimputáveis e semi-

imputáveis que estão elencados no artigo 26 do Código penal.

“Tal local deve ser salutar, para que possibilite condições de melhora ou

de restabelecimento para os que ali se encontram.” 14

11 BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

12 MESQUITA JÚNIOR, Sidio Rosa de. Execução criminal: teoria e prática: doutrina, jurisprudência, modelos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 13.

13 BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

14 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Execução penal: comentários à lei nº 7.210, de 11-7- 1984. 11.

Page 19: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

18

Como pode ser percebido, a Lei de Execução Penal destinou para cada

regime de cumprimento de pena, um estabelecimento penal específico. Contudo, na

situação que se encontra o sistema penitenciário brasileiro não é possível separar os

apenados, cada qual em seu regime de cumprimento de pena e estabelecimento

penal específico.

Os presídios e unidades prisionais avançadas são considerados cadeias

públicas e abrigam não só os presos provisórios conforme determina a Lei de

Execução Penal, mas sim, todos os regimes de cumprimento de pena, sendo eles:

os presos provisórios, os detentos que cumprem pena no regime fechado, os

apenados que se encontram cumprindo sua reprimenda no regime semiaberto e

também dão o suporte necessário aos albergados que cumprem sua pena em

regime aberto. Também não é diferente a situação das penitenciárias e colônias

agrícolas ou industriais, na qual também se encontram todos os tipos de regimes

para o cumprimento de pena.

Outro grande problema no Brasil é a superlotação dos estabelecimentos

penais. Com isso, os responsáveis por administrar suas respectivas unidades

prisionais, não conseguem individualizar a pena e separar os presos provisórios dos

presos condenados, sendo que esta é uma norma estabelecida pela Lei de

Execução Penal.

Muito bem se sabe que o sistema penitenciário brasileiro é falho, podendo

ver a real situação dos estabelecimentos penais, onde falta espaço, faltam vagas

para o cumprimento da pena e também existem muitos funcionários corruptos,

fazendo com que o sistema fique cada dia pior.

Falta também uma infra-estrutura adequada e conduzida de forma correta

para que a sociedade possa mudar o seu conceito em relação aos presos, uma vez

que hoje a sociedade vê o egresso de uma unidade prisional com sendo somente

mais um preso que deveria ter ficado mais tempo na prisão, achando que com isso o

detento iria mudar.

1.2A DEFICIÊNCIA DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO

ed. rev. e atual. 31 de março de 2004. São Paulo: Atlas, 2004. p. 5.

Page 20: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

19

No Brasil, o sistema penitenciário não tem conseguido cumprir a função a

ele atribuído. Como bem se sabe a função do sistema penitenciário é ressocializar o

preso, porém este fato está muito longe de ser concretizado e efetivamente

cumprido em nosso país, uma vez que os ergástulos penais estão super lotados,

não havendo mais vagas.

O fato de o Brasil estar com um grande número de pessoas reclusas em

unidades prisionais de todo o país acima do máximo suportado gera várias

consequências, entre elas, rebeliões, motins, gerando morte de presos e servidores,

este fato também contribui para que o servidor se torne corrupto.

A Lei de Execução Penal estabelece requisitos básicos para garantir o

cumprimento eficaz da pena, no qual visa concertar a conduta do apenado para

inseri-lo novamente na sociedade, porém sabe-se que na grande maioria dos

estabelecimentos penais brasileiros esse requisito não é aplicado.

Conforme dados do Departamento Penitenciário Nacional o DEPEN, é

muito elevado o “número de reincidência de crimes no Brasil, chegando a 85% dos

casos.” 15

Este dado nos mostra a realidade do Brasil, demonstrando que o sistema

penitenciário brasileiro é um sistema falido, onde não se consegue colocar em

prática o principal objetivo, que é de reinserir o condenado ao convívio em

sociedade. Um dos motivos que contribuem para a reincidência de crimes no Brasil

são os problemas relacionados com as estruturas dos estabelecimentos penais, que

impossibilitam colocar em prática as normas elencadas na Lei de Execução Penal.

Tem-se o entendimento que o estabelecimento penal, é o local destinado

ao apenado que recebeu uma sentença condenatória para que ele possa cumprir

sua pena de forma com que preceitua a Lei de Execução Penal.

No entanto, quando posto em prática o cumprimento da pena, não é isto

que se observa e sim totalmente o oposto. A Lei de Execução Penal diz que a pena

deverá ser cumprida de maneira individual, no entanto esta individualização da pena

não é feita no dia-a-dia em virtude dos ergástulos penais estarem lotados, sendo

esta situação jogada diretamente contra o princípio da dignidade da pessoa humana.

Sobre o tema, Janainna de Cassia Esteves assevera que:

15 DEPEN, Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Disponível em : http://portal.mj.gov.br/depen/data/Pages/MJC4D50EDBPTBRIE.htm. Acesso em: 20, mai. 2013.

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20

Infelizmente, a realidade prisional é "triste", tem-se um número exorbitante pessoas amontoadas nos presídios, cadeias públicas (onde por incrível que pareça ainda se cumpre pena), não sendo preciso muito esforço para verificar que há, de fato, um verdadeiro descompasso entre a realidade concreta e a utopia legal. Para se corroborar tal afirmação, suficiente é que se experimente uma rápida passagem aos cárceres de qualquer grande ou média cidade brasileira e, concomitantemente, aviste-se o que está disposto no art. 5º, XLIX, da Lei Maior do Estado: "é assegurado aos presos o direito á integridade física e moral". Após célebre explanação, uma angustiante assertiva nos resta: de que no que tange ao sistema penitenciário brasileiro, há uma verdadeira antítese entre a realidade prática e os almejos legais juridicamente tutelados. 16

No que diz respeito a superlotação que ocorre nos presídios brasileiros,

Virginia da Conceição Camargo discorre que este fato é o maior problema

encontrado pelo sistema penitenciário nos dia de hoje e por conta destes fatos

várias pessoas são jogadas em celas sem nenhuma privacidade, tendo que dividir o

espaço que já é pequeno para ele, com mais três ou quatro, sem contar as várias

noites que os presos revezam-se entre si para dormir no chão ou na cama, tendo

uma vida considerada por muitos como subumana. Assim Virginia da Conceição

Camargo expõe:

A superlotação devido ao número elevado de presos, é talvez o mais grave problema envolvendo o sistema penal hoje. As prisões encontram-se abarrotadas, não fornecendo ao preso um mínimo de dignidade. Todos os esforços feitos para a diminuição do problema, não chegaram a nenhum resultado positivo, pois a disparidade entre a capacidade instalada e o número atual de presos tem apenas piorado. Devido a superlotação muitos dormem no chão de sua celas, às vezes no banheiro, próximo a buraco de esgoto. Nos estabelecimentos mais lotados, onde não existe nem lugar no chão, presos dormem amarrados às grades das celas ou pendurados em redes.17

Desta forma comprovam-se os dados extraídos do Departamento

Penitenciário Nacional, onde consta que o Brasil possui um déficit de

aproximadamente 200.000 (duzentos mil) vagas no sistema penitenciário, tendo-se

assim a certeza de que a superlotação nos estabelecimentos penais espalhados

16 ESTEVES, Janainna de Cassia. O desvirtuamento do sistema prisional perante o caráter ressocializador da pena. 2002. Disponível em: http://www.direitonet.com.br/artigo/exibir/618/O-desvirtuamento-do-sistema-prisional-perante-o-carater-ressocializador-da-pena. Acesso em: 20 mai. 2013. p. 4.

17 CAMARGO, Virginia da Conceição. A realidade do sistema prisional no Brasil. 2006. Disponível em: http://www.pontojuridico.com/modules.php?name=News&file=article&sid=101. Acesso em: 20 mai. 2013.

Page 22: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

21

pelo Brasil. 18

Os estabelecimentos penais brasileiros podem ser considerados como

faculdades para aperfeiçoar o detento na prática de um novo crime quando este

ganhar a liberdade, ou até quando pratica algum crime dentro da unidade prisional

na qual está alocado e também faz através de contatos telefônicos de dentro dos

presídios com que pessoas na rua compram ordens como a de matar alguém. Este

fato ocorre porque não são separados os detentos de acordo com seu grau de

periculosidade, a pena que cada individuo ganhou, o crime que praticou e o grau de

instrução que recebeu.

Isto se comprova através do fato em que indivíduos considerados “pé de

chinelo” ou “ladrão de galinha”, ou seja, os detentos que possuem um menor grau de

periculosidade quando adentram nos estabelecimentos penais brasileiros são

“fabricados” para se tornarem verdadeiros bandidos e até mesmo integrarem

facções criminosas como o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o PGC (Primeiro

Grupo Catarinense).

Desta forma, é possível verificar o não cumprimento do dispositivo que

está disposto no artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil,

conforme segue:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação; 19

As penitenciárias, presídios e outros estabelecimentos penais não

cumprem com o que está disposto no artigo 5º da Constituição da República

Federativa do Brasil, bem com o que está descrito na Lei de Execução Penal. Neste

18 DEPEN. Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Disponível em: http://portal.mj.gov.br/depen/data/Pages/MJC4D50EDBPTBRIE.htm. Acesso em: 20 mai. 2013.

19 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. De 05 outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 20 mai. 2013.

Page 23: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

22

sentido Virginia da Conceição Camargo comenta:

Mudanças radicais neste sistema se fazem urgentes, pois as penitenciárias se transformaram em verdadeira “usinas de revolta humana”, uma bomba-relógio que o judiciário criou no passado a partir de uma legislação que hoje não pode mais ser vista como modelo primordial para a carceragem no país. O uso indiscriminado de celular dentro dos presídios, também é outro aspecto que relata a falência. Por meio do aparelho os presidiários mantêm contato com o mundo externo e continuam a comandar o crime. Ocorre a necessidade urgente de modernização da arquitetura penitenciária, a sua descentralização com a construção de novas cadeias pelos municípios, ampla assistência jurídica, melhoria de assistência médica, psicológica e social, ampliação dos projetos visando o trabalho do preso e a ocupação, separação entre presos primários e reincidentes, acompanhamento na sua reintegração à vida social, bem como oferecimento de garantia de seu retorno ao mercado de trabalho entre outras medidas. 20

A superlotação encontrada em muitas e muitas unidades prisionais de

todo o país tornam impossíveis o cumprimento da pena individualmente como é

exigido na LEP, também é muito difícil manter o controle de um estabelecimento

penal quando este está superlotado, contribuindo para o aumento do número de

brigas, confusões, rebeliões, mortes e violência que se infiltra no sistema

penitenciário entre os detentos.

O número exagerado de presos em uma cela que não suporta a

quantidade de presos que estão alocados, também gera problemas com a falta de

higiene, a baixa qualidade da alimentação, problemas com a sujeira gerando a

proliferação assídua de doenças entre os apenados.

O descaso dos estabelecimentos penitenciários é similar “com campos de

concentração para pobres, ou com empresas públicas de depósito industrial dos

dejetos sociais, do que com instituições judiciárias servindo para alguma função

penalógica – dissuasão, neutralização ou reinserção.” 21

Diante desta situação, é quase impossível imaginar que possam existir

programas no sistema penitenciário brasileiro que levam o apenado ao encontro da

educação ou de o preso desenvolver algum tipo de trabalho durante o cumprimento

de sua pena.

20 CAMARGO, Virginia da Conceição. A realidade do sistema prisional no Brasil. 2006. Disponível em: http://www.pontojuridico.com/modules.php?name=News&file=article&sid=101. Acesso em: 20 mai. 2013. p. 27.

21 WACQUANT, Loïc. 2001. As prisões da miséria. Tradução Ed André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, p. 09.

Page 24: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

23

Os apenados, durante o cumprimento da reprimenda que lhes foi

decretada deveriam ter o trabalho como função principal para discipliná-los e

recuperá-los, para posteriormente serem reinseridos na sociedade de forma

igualitária. Com o trabalho realizado dentro dos estabelecimentos penais os

apenados sairiam com uma qualificação profissional.

Muito longe de serem políticas de qualificação profissional, os cursos ministrados nas instituições que constituem o sistema prisional, são cursos de capacitação profissional, já que a capacitação profissional fundamenta-se meramente no desenvolvimento de técnicas, e foi justamente isso que presenciamos nos estabelecimentos penai.Essa deserção do Estado para com o sistema prisional, no que se refere especialmente, a ausência de políticas de qualificação profissional, contribuiu para aumentar significativamente a reincidência crimina, fazendo com que a prisão não atinja o seu objetivo de “ressocializar” o preso, aumentando os índices de reincidência criminal. 22

As dificuldades encontradas em conseguir controlar os apenados dentro

do cárcere, tornam impossíveis a utilização dos requisitos dado na Lei de Execuções

Penais. Como já foi dito a superlotação nos presídios e penitenciárias Brasil a fora,

tornam cada vez menor as chances que os apenados têm para retornar ao convívio

da sociedade normalmente e não mais reincidir nos tipos penais. Portanto o preso

que vive nessas condições é muito difícil conseguir desenvolver os valores ideais

para voltar à sociedade.

Para que o sistema penitenciário brasileiro funcionasse corretamente,

deveriam ter vagas e espaço para que cada detento pudesse cumprir sua pena de

maneira individual, tornando possível através da educação que iria receber e do

trabalho que pudesse desenvolver dentro dos estabelecimentos penais o seu retorno

sadio á sociedade. Deveria haver também acompanhamentos psicológicos e

psiquiátricos para a população carcerária de modo que pudesse ser possibilitando

intervenções na pena quando fossem necessárias. Contudo, através do depoimento

foi dado por uma psicóloga que desenvolve suas funções laborais no sistema

penitenciário do estado do Paraná, é possível ver que os presídios e demais

estabelecimentos penais brasileiros possuem uma realidade muito diferente do que

a Lei de Execução Penal busca estabelecer:

22 MIRANDA, Camila Maximiano, O Estado a as Políticas Educacionais Implantadas no Sistema Prisional. Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/31ra/2poster/GT05-4565--Int.pdf. Acesso em: 20 mai. 2013. p. 2-3.

Page 25: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

24

A sociedade tem ilusão de que os presos contam com psicólogos (como se fosse uma regalia), mas de fato não oferecemos a eles nenhum trabalho psicoterápico “superestruturado”. Os atendimentos se baseiam na proposta de trabalhar algum foco, breve, e há atendimentos de apoio em situações de crise, não sendo possível um trabalho de duração que possa contemplar todas as pessoas que ali estão presas. Muitas vezes faltam até salas específicas para os atendimentos, bem como para outras atividades que podem acontecer dentro do sistema, pois não raro a construção física das unidades penais desconsidera os espaços para intervenções numa perspectiva de humanização, estando focadas na questão da segurança. 23

O sistema penitenciário brasileiro também tem outro problema grave.

Com a superlotação é difícil o controle individual da pena de cada detento, deixando-

o preso por mais tempo do que efetivamente deveria, ou seja, no Brasil existem

presos que estão reclusos em unidades prisionais que foram esquecidos, sendo que

os mesmos já cumpriram as penas que lhes foram impostas, no entanto, este fato

ocorre por não haver o exato controle da pena de cada detento.

Sendo assim, os detentos que não têm o devido acesso a justiça, ficam

desamparados no que se refere a progressão de regime do fechado para o

semiaberto e do semiaberto para o aberto, contribuindo para o aumento do número

de internos que ocupam as vagas no sistema penitenciário brasileiro, gerando a

superlotação dos estabelecimentos penais.

É de se perceber que enquanto o sistema penitenciário continuar sendo

um sistema que tem como objetivo a punição do indivíduo, não será possível a

reintegração dos presos a sociedade, pois o sistema coloca os detentos em

situações extremas no que diz respeito principalmente a sua moral, tornando quase

que impossível a ressocialização.

O sistema penitenciário pode ser visto ainda de maneira mais grave, no

qual visa aumentar a marginalização, desrespeitando os direitos humanos e colocar

em pratica as desigualdades sociais.

Assim discorre Alessandro Baratta:

A comunidade carcerária tem, nas sociedades capitalistas contemporâneas,

23 CHAVES, Karine Belmont. Práticas em Psicologia e Políticas Públicas. Disponível em: http://crepop.pol.org.br/novo/wp-content/uploads/2011/02/CHAVES-Karine-Belmont.-Trabalho-do-Psicologo-Sistema-Prisional.pdf. Acesso em: 20 mai. 2013. p. 11.

Page 26: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

25

características constantes, predominantes em relação às diferenças nacionais, e que permitam a construção de um verdadeiro e próprio modelo. As características deste modelo, do ponto de vista que mais nos interessa, podem ser resumidas no fato de os institutos de detenção produzem efeitos contrários à reeducação e à reinserção do condenado, e favoráveis à sua estável inserção na população criminosa. 24

Através do que Alessandro Baratta abordou, fica claro que fatores

internos, próprios das unidades prisionais brasileiras são responsáveis pela

inoperância e ineficiência correta do sistema prisional no que tange o projeto de

ressocialização dos apenados para posteriormente terem o retorno a sociedade com

dignidade.

As instituições que são responsáveis por manter o preso condenado

excluído da sociedade e não o ressocializa está fazendo uma socialização negativa

do encarcerado. Como explica Alessandro Baratta, a socialização negativa como é

chamada, e composta de dois processos, sendo eles a desculturação e a

prisionalização. 25

Alessandro Baratta assevera que a desculturação pode ser reconhecida

através de um processo que afasta a condição necessária de saber como é a vida

fora dos ergástulos penais. Desta forma, o detento vai aos poucos perdendo a sua

dignidade, a sua percepção, a sua responsabilidade e a realidade que o mundo

exterior está tendo enquanto ele está dentro de um estabelecimento penal, tornando

assim o preso mais rebelde e despreocupado com a vida quando o mesmo tem sua

liberdade reconhecida e é posto em liberdade. Certamente este preso que teve sua

moral, sua dignidade, sua honra perante a sociedade literalmente roubada pelo

sistema penitenciário, voltará a reincidir em tipos penais. 26

Também no seu contexto Alessandro Baratta, nos mostra que no exato

momento em que o apenado se distancia dos valores que recebeu do mundo

exterior, começa a receber os comportamentos e valores que são tipicamente

adotados pela população prisional. Desta maneira, os valores que são recebidos

pelo detento dentro de unidades prisionais, são conhecidos como a prisionalização.27

24 BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: introdução à sociologia do direito penal. Tradução Juarez Cirino dos Santos. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002. p. 183.

25 BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: introdução à sociologia do direito penal. Tradução Juarez Cirino dos Santos. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002.

26 BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: introdução à sociologia do direito penal. Tradução Juarez Cirino dos Santos. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002.

27 BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: introdução à sociologia do direito penal. Tradução Juarez Cirino dos Santos. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002.

Page 27: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

26

Dados extraídos do Ministério da Justiça, que tem como gestor do

sistema penitenciário nacional o Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN, nos

mostra que no mês de junho de 2012 o Brasil tinha recluso em seus

estabelecimentos penais 549.577 (quinhentos e quarenta e nove mil, quinhentos e

setenta e sete) presos alocados nos estabelecimentos penais por todo o país. Outro

dado muito interessante, também extraído do Departamento Penitenciário nacional,

é que nesta data o Brasil possuía 190.732.694 (cento e noventa milhões, setecentos

e trinta e dois mil, seiscentos e noventa e quatro) habitantes, podendo ser afirmado

que era de 288,14 (duzentos e oitenta e oito, catorze) o número de presos para cada

100.000 (cem mil) habitantes. 28

Um dado também disponibilizado no site do Ministério da Justiça, nos

mostra que o maior número de reclusos no Brasil no mês de junho de 2012 está

elencado entre a faixa etária dos 18 aos 24 anos, totalizando nessa faixa etária um

montante de 138.363 (cento e trinta e oito mil, trezentos e sessenta e três) apenados

reclusos no Brasil, sendo destes 131.333 (cento e trinta e um mil, trezentos e trinta e

três) homens e 7.030 (sete mil e trinta) mulheres. Desta forma pode-se notar que é

grande o número de jovens que estão se envolvendo com o crime a cada ano que

passa. 29

Convivendo com o sistema penitenciário brasileiro, é possível afirmar que

a situação atual é muito grave, pois devem ser adotadas políticas e programas para

que os apenados tenham garantidos os seus direitos no que tange a Lei de

Execução Penal, assim Janainna de Cassia Esteves assevera:

O preso não só tem deveres a cumprir, mas é sujeito de direitos, que devem ser reconhecidos e amparados pelo Estado. O recluso não está fora do direito, pois encontra-se numa relação jurídica em face do Estado, e, exceto os direitos perdidos e limitados a sua condenação, sua condição jurídica é igual à das pessoas não condenadas. 30

Mesmo com todos os direitos que os apenados possuem, é com grande

28 DEPEN. Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Disponível em: http://portal.mj.gov.br/depen/data/Pages/MJC4D50EDBPTBRIE.htm. Acesso em: 20 mai. 2013.

29 DEPEN. Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Disponível em: http://portal.mj.gov.br/depen/data/Pages/MJC4D50EDBPTBRIE.htm. Acesso em: 20 mai. 2013.

30 ESTEVES, Janainna de Cassia. O desvirtuamento do sistema prisional perante o caráter ressocializador da pena. 2002. Disponível em: http://www.direitonet.com.br/artigo/exibir/618/O-desvirtuamento-do-sistema-prisional-perante-o-carater-ressocializador-da-pena. Acesso em: 20 mai. 2013. p. 7.

Page 28: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

27

frequência que são vistas as notícias vinculadas ao não cumprimento dos direitos

garantidos aos presos. Assim Janainna de Cassia Esteves segue:

Muito embora tenhamos em nosso ordenamento pátrio dispositivos legais que visam garantir a integridade física do condenado e o respeito à sua dignidade humana, infelizmente parecem estarem esquecidos, como “letras morta”, falta na realidade, vontade política e seriedade na administração pública com atitudes sérias, a fim de mudar a situação caótica que chegou hoje nosso sistema prisional, porém, há que se ter em mente que somente teremos solução quando nossos planos de segurança forem planejados com serenidade e não no calor de crises visando apenas saciar os anseios da sociedade. 31

Outro caso que merece destaque está relacionado ao custo que o Brasil

possui com cada apenado, hoje em dia o custo com cada indivíduo preso sob

custódia do Estado é de aproximadamente R$ 2.000,00 (dois mil reais), sendo este,

um valor mensal por cada preso. Deve-se destacar que este investimento que o

Estado possui com cada detento é muito alto tendo em vista que com o atual

sistema penitenciário brasileiro o preso não consegue se ressocializar. Quando o

apenado é colocado em liberdade reincide no crime e retorna novamente para as

prisões, gerando assim mais custos ainda para os cofres públicos.

Cezar Roberto Bittencourt, enfatiza que a prisão foi a alternativa que mais

se adequou no que tange a correção dos delinquentes, contudo, nos dias atuais, a

prisão não Brasil não passa de um sistema falido:

Quando a prisão se converteu na principal resposta penológica, especialmente a partir do século XIX, acreditou-se que poderia ser um meio adequado para conseguir a reforma do delinqüente. Durante muitos anos imperou um ambiente otimista, predominando a firme convicção de que a prisão poderia ser um instrumento idôneo para realizar todas as finalidades da pena e que, dentro de certas condições, seria possível reabilitar o delinqüente. Esse otimismo inicial desapareceu, e atualmente predomina uma atitude pessimista, que já não tem muitas esperanças sobre os resultados que se possa conseguir com a prisão tradicional. A crítica tem sido tão persistente que se pode afirmar, sem exagero, que a prisão está em crise. Essa crise abrange também o objetivo ressocializador da pena privativa de liberdade, visto que grande parte das críticas e questionamentos que se fazem à prisão refere-se à impossibilidade – absoluta ou relativa – de obter algum efeito positivo sobre o apenado. 32

31 ESTEVES, Janainna de Cassia. O desvirtuamento do sistema prisional perante o caráter ressocializador da pena. 2002. Disponível em: http://www.direitonet.com.br/artigo/exibir/618/O-desvirtuamento-do-sistema-prisional-perante-o-carater-ressocializador-da-pena. Acesso em: 20 mai. 2013. p. 8.

32 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal : parte geral. 11 ed. São Paulo: Saraiva,

Page 29: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

28

Sendo assim, o sistema penitenciário brasileiro necessita de uma reforma

urgente, pois não á dúvida de que ele é um sistema falido e está vivendo uma crise

muito grande. É possível verificar que devem ser tomadas medidas urgentes para

reparar e concertar o sistema penitenciário brasileiro para ai então por em pratica o

que está explicitado na Lei de Execução Penal – LEP, garantindo a individualização

da pena, os direitos humanos relativos aos presos, etc.

A ressocialização pode ser entendida como sendo a humanização do

apenado durante o período em que está alocado no sistema penitenciário. Isso nos

mostra que a pessoa que comete algum tipo de crime e por este é condenada,

deverá ser recolhida e permanecer em um estabelecimento penal á disposição da

justiça, neste ergástulo penal o individuo irá passar um tempo sob a custódia e os

cuidados do Estado para que possa ser reeducado para que quando ganhe a

liberdade possa viver em harmonia com a sociedade, não tendo mais a vontade de

cometer novos tipos penais. Porém como já vimos, este fato é rara de acontecer.

Neste sentido, a prisão teria um novo conceito perante a sociedade,

deixaria de ser uma fábrica de criminosos e passaria a reeducar os detentos, dando-

lhes trabalho, estudo e ensino profissionalizante para que quando ganharem a

liberdade não necessitem de praticar novos crimes, pois teriam uma profissão

podendo facilmente empregar-se. Contudo, a sociedade atual ainda possui muito

preconceito do individuo que possui o rótulo de “ex-detento”. Desta forma a prisão

seria usada para dar ao recluso, novas opções de preparação para retornar a vida

em sociedade.

No entanto, é possível afirmar que este fato elencado não ocorre na

pratica nos estabelecimentos penais brasileiros, sendo ainda os estabelecimentos

penais brasileiros conhecidos como “faculdades do crime”. Contudo, vale salientar

que a crise que vive o sistema penitenciário brasileiro não está exclusivamente

ligado a falta de ressocialização dos presos, ou seja, existem muitos outros fatores

responsáveis que contribuem de modo geral para a falência do sistema, conforme

narra Janainna de Cassia Esteves:

2007. v. 1. p. 102.

Page 30: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

29

Obviamente, a crise que nos apresenta hoje o sistema penitenciário tem sua origem em diversos fatores que vão além da falta de ressocialização dos criminosos, uma vez que a situação social do país apresenta-se de maneira precária, posto, que vivemos em um país com problemas, onde a maior parte da população está esmagada pela falta de recursos econômicos. Esta peculiaridade traz como conseqüência uma diminuição das condições materiais dos indivíduos, levando-lhes à miserabilidade e, por vias transversas, ao cometimento de crimes. Os indivíduos ficam “lançados à própria sorte”, ou seja, livres para viver igualmente em sociedade, sem nenhuma predileção a um ou a outro por parte do Estado. Esse quadro faz com que os que têm mais posses e condições materiais sobrepujem os despossuídos, os que não têm nada, relegando-os à miséria, retirando-lhes tudo. 33

Um fator importante que ajudaria a diminuir o cometimento de crimes,

seria o investimento forte na cultura, na educação e em politicas públicas que visão

a inclusão de detentos que já pagaram sua divida para a justiça, ou seja, já

cumpriram toda a sua pena. Como se sabe este projeto leva muito tempo, e por isso

é deixado de lado. Deve ser cobrado de nossos representantes na Câmara dos

Deputados, bem como no Senado Federal novas politicas penitenciarias, que

tenham como objetivo principal, o respeito dos direitos que os presos possuem e

que possibilite aos apenados um ressocialização garantida, para que possam ter um

bom convívio em sociedade não se tornando novamente um criminoso.

Assim Fábio Tofic Simantob discorre:

É claro que na prisão existem vários tipos de pessoas, desde réus primários que cometeram crimes banais, como portar pequena quantidade de entorpecente, até criminosos de alta periculosidade, cuja reinserção social é mais difícil de ser conseguida. Mas uma coisa é certa, a esmagadora maioria deles está abaixo da faixa dos 35 anos de idade e, em regra, presa por crime patrimonial ou por problema relacionado com a venda de psicotrópicos – crimes cuja força motriz desencadeante é quase sempre o salve-se quem puder que assola a camada mais baixa da população. Somente com investimento maciço em educação complementar e formação profissional mínima, estes jovens terão alguma chance de se libertar da vida bandida e enxergar alguma esperança de vida honesta fora da prisão. Se estivesse cuidando de cães com raiva, a política penitenciária brasileira estaria neste momento comprando coleiras em vez de remédios. 34

Depois de muitas tentativas frustradas, os legisladores conseguiram

33 ESTEVES, Janainna de Cassia. O desvirtuamento do sistema prisional perante o caráter ressocializador da pena. 2002. Disponível em: http://www.direitonet.com.br/artigo/exibir/618/O-desvirtuamento-do-sistema-prisional-perante-o-carater-ressocializador-da-pena. Acesso em: 20 mai. 2013. p. 12.

34 SIMANTOB, Fábio Tofic. Tornozeleira destoa da realidade brasileira. 2010. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2010-set-29/monitoramento-eletronico-destoa-realidade-prisional- brasileira. Acesso: 20 mai. 2013. p. 29.

Page 31: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

30

elaborar diversos projetos no que tange o sistema penitenciário brasileiro, sendo

que o projeto mais recente aprovado é o do monitoramento eletrônico de presos,

que como já vimos pode ser utilizado de forma cautelar, em prisão domiciliar e em

saídas temporárias.

Essa medida tem como seu principal objetivo a diminuição de reincidência

dos apenados que são postos em liberdade e também a diminuição dos gastos

gerados com cada individuo preso. Desta forma seria possível ressocializar o

detendo de uma forma mais digna e humana, tendo em vista que o equipamento

utilizado pelo preso, uma tornozeleiras ou pulseira é bem discreta.

No próximo capítulo será abordado sobre a origem, e o conceito de

monitoramento eletrônico, bem como as experienciais internacionais que este

instituto possibilitou.

CAPÍTULO 2

MONITORAMENTO ELETRÔNICO

2.1 CONCEITO

O monitoramento eletrônico tem seu funcionamento através de

dispositivos, como chips, pulseiras, tornozeleiras e tem como principal finalidade

Page 32: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

31

localizar e controlar presos que estão respondendo a um processo penal ou dar

cumprimento aos presos que foram condenados a pena privativa de liberdade.

A palavra monitoramento pode ser interpretada como a observação e a

vigilância de forma continua e ininterrupta.

Luciano de Oliveira Souza Júnior, traz em seu estudo sobre direito e

tecnologia o conceito de monitoramento eletrônico como sendo:

O monitoramento eletrônico é uma espécie de prisão virtual, em que a pessoa apenada passa a utilizar um aparelho que permite seu rastreamento via satélite. Trata-se do Sistema de Acompanhamento de Custódia 24 horas – SAC 24, que funciona através de rádio frequência e informações criptografadas fornecedoras de dados sobre o posicionamento do apenado. 35

No livro Crise no sistema penitenciário brasileiro: o monitoramento

eletrônico como medida de execução penal, a sua autora Nara Borgo Cypriano

Machado ressalva que “o monitoramento eletrônico é uma medida de controle

judicial composta por um sistema de controle a distância de uma pessoa em um

determinado lugar ou de sua ausência de um local determinado por decisão judicial.” 36

Deste conceito o autor deixou bem claro que o monitoramento eletrônico

é feito de uma forma onde é possível ver onde a pessoa está e se esta, está dentro

da área permitida. A outra forma pode ser entendida no caso de prisão domiciliar,

onde a pessoa deverá estar no local e não ausentar-se.

Complementando os conceitos acima, Carlos Weis citado por Lucas

Rocha Fabris conceitua monitoramento eletrônico em “consiste em fiscalizar extra

muros aqueles que cumprem penas privativas de liberdade, mediante equipamentos

tecnológicos que permitem saber a exata localização em que o individuo se

encontra.” 37

35 JUNIOR. Luciano de Oliveira Souza. Direito e tecnologia: Uma alternativa ao sistema carcerário nacional. 2008. Disponível em: http://srv02.fainor.com.br/revista/index.php/memorias/article/viewFile/12/31. Acesso: 20 mai. 2013. p. 33

36 MACHADO, Nara Borgo Cypriano. Crise no sistema penitenciário brasileiro: o monitoramento eletrônico como medida de execução penal. 2009. Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/Anais/sao_paulo/2913.pdf. Acesso: 20 nov. 2013. p. 16.

37 FABRIS, Lucas Rocha. Monitoramento eletrônico de presos. 2010. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17136. Acesso em: 18 nov. 2010. p. 2.

Page 33: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

32

Neste sentido o monitoramento eletrônico é a fiscalização fora dos muros

da prisão de que esta cumprindo pena privativa de liberdade, porém, não se

preocupou em citar quem terá o controle de tal instrumento, como este funcionará,

bem como de qual forma será executado tal medida.

Destes três conceitos acima citados é possível extrair algumas

características deste instrumento de controle.

Uma das características fala que o monitoramento eletrônico é uma

medida de controle judicial, sendo que esta somente pode ser concedida pelo juiz.

No entanto o juiz pode solicitar que o Ministério Público, na pessoa de seu

representante de uma opinião para a concessão ou não do monitoramento

eletrônico, porém somente o juiz, é que tem o poder de dar a decisão concedendo

ou não esta medida de controle judicial.

O monitoramento eletrônico, como pode ser visto, é um sistema

desenvolvido que controla pessoas a distância, através de radiofrequência, para que

estas não saiam de um local previamente determinado pelo juiz ou deixem de

apresentar-se em um determinado local.

Neste sentido, explica Carlos Roberto Mariath que “o monitoramento

eletrônico pode ser realizado por meio de três tecnologias diferentes, sendo elas:

sistema ativo, sistema passivo e sistema de posicionamento global.” 38

O primeiro sistema que é conhecido como sistema ativo, o monitoramento

letrônico funciona por meio de um dispositivo que é devidamente instalado na casa

da pessoa que recebeu esta medida ou em algum local determinado, sendo que

este dispositivo transmite o sinal para a central de monitoramento. Um segundo

dispositivo é colocado na pessoa que deverá cumprir tal medida, outrossim, se o

mesmo distanciar-se do aparelho instalado em sua residência a central de

monitoramento que controla este dispositivo ficará ciente de que o mesmo não esta

cumprindo a medida a ele imposta.

O sistema passivo pode ser entendido de uma forma onde a pessoa que

recebeu esta medida utiliza um aparelho parecido com um telefone, e

frequentemente é efetuado uma chamada para saber se o apenado esta no local

designado na decisão judicial que propiciou tal medida. Funciona com um dispositivo

que é instalado em um determinado local, desta forma, quando o dispositivo é

38 MARIATH, Carlos Roberto. Monitoramento eletrônico: Liberdade vigiada. 2007. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17196/monitoramento-eletronico-liberdade-vigiada. Acesso: 18 mai. 2013.p. 12.

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33

acionado o apenado deverá se identificar, sendo que geralmente os métodos usados

para a identificação da pessoa é a biometria ou senha.

No terceiro sistema, que é o mais conhecido, o sistema de

posicionamento global, ou também conhecido com GPS, em inglês Global

Positioning System, é um método mais moderno que os outros dois já vistos. Este

método é o mais utilizado, pois permite que a central de monitoramento tenha um

maior controle e vigilância sobre o apenado, podendo ser utilizado para a pessoa

que está usando este sistema não frequente determinados lugares, bem como para

que o usuário não saia do local determinado na decisão judicial, tornando esse

sistema o mais completo, pois pode ser utilizado como o sistema ativo ou como o

sistema passivo, observando o que está descrito na decisão judicial que deferiu tal

medida.

O sistema de posicionamento global – GPS é composto através de

satélites, centrais de monitoramento conectadas à internet e dispositivos móveis,

conhecidos como tornozeleiras eletrônicas, conforme demonstrado na figura abaixo.

Funcionamento do Sistema de Monitoramento Eletrônico de Presos. 39

Neste sistema não é necessário instalar vários dispositivos em locais

previamente determinados, como é o caso dos outros dois sistemas de

monitoramento eletrônico.

39 Funcionamento do Sistema de Monitoramento Eletrônico de Presos. Disponível em: http://www.google.com.br/search?hl=ptBR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&q=MONITORAMENTO+ELETRONICO+DE+PRESO&btnG=Pesquisa+por+imagem&biw=1280&bih=699&sei=qrmaUe-TA6fL0QHn24DgBA#imgrc. Acesso em: 20 mai.2013.

Page 35: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

34

Pode-se destacar que há experiências com o uso da nanotecnologia.

Neste sentido entende-se por nanotecnologia:

Nanotecnologia é a possibilidade de manipular átomos e moléculas, ou seja, colocar cada átomo e cada molécula no lugar desejado, permitindo criar novas utilidades para insumos. Em outras palavras, é a possibilidade de manipular a matéria conscientemente ao nível nano, ou seja, de zero a cem nanômetros (um bilionésimo de metro chama-se “nanômetro”,”Nano” é um prefixo que vem do grego antigo e significa “anão”). Um bilionésimo de metro é muito pequeno, imagine uma praia começando em Salvador, na Bahia, e indo até Natal, no Rio Grande do Norte. Pegue um grão de areia nesta praia. Pois bem, a dimensão desse grão de areia está para o comprimento destas praias, como o nanômetro está para o metro. Nanotecnologia não é uma tecnologia específica, mas todo um conjunto de técnicas, baseadas na Física, na Química, na Biologia, na Ciência, Engenharia de Materiais e na Computação, todas elas trabalham juntas em novos materiais que são aplicados em produtos que já consumimos e que ganham novas características. 40

Ainda sobre o assunto segue:

As aplicações possíveis incluem: aumentar espetacularmente a capacidade

de armazenamento e processamento de dados dos computadores; criar

materiais mais leves e mais resistentes do que metais e plásticos para

prédios, automóveis, aviões; criar formulas de isolamento térmico, acústico,

anti-fogo e muitas outras inovações em desenvolvimento ou que ainda não

foram sequer imaginadas. Um exemplo é que através da nanotecnologia, a

Nasa desenvolveu a fórmula de vitrocerâmica de alta qualidade, essa

fórmula consiste em microesferas cerâmicas ocas a vácuo. Essa tecnologia

protege os veículos espaciais contra acidentes térmicos e desintegração

causada pelo extremo calor gerado na penetração orbital.41

Os experimentos feitos através da nanotecnologia possibilitam ao invés

do uso das tornozeleiras ou pulseiras eletrônicas o uso de chips. Quando posto este

método em prática os chips irão substituir as tornozeleiras e as pulseiras eletrônicas

já existentes, sendo que pode ser usado qualquer um dos sistemas já mencionados

anteriormente.

40 NANOTECH DO BRASIL. O que é Nanotecnologia. Publicado em 11 de outubro de 2009 Disponível em: http://www.nanotechdobrasil.com.br/o-que-e-nanotecnologia/. Acesso em 20 mai. 2013.

41 NANOTECH DO BRASIL. O que é Nanotecnologia. Publicado em 11 de outubro de 2009 Disponível em: http://www.nanotechdobrasil.com.br/o-que-e-nanotecnologia/. Acesso em 20 mai. 2013.

Page 36: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

35

Com o uso da nanotecnologia o apenado não seria mais discriminado,

pois o equipamento eletrônica ficaria no seu corpo e não seria visível por outras

pessoas. Sobre o assunto, Luciano de Oliveira Souza Junior:

Uma terceira hipótese de controle seria efetivada com a colaboração da nanotecnologia, em que uma estrutura de átomos é desenvolvida na criação de um microchip que seria inserido em determinada região do corpo do apenado. Os dados contidos nesse chip poderiam ser transmitidos via satélite, informando a localização exata de quem estivesse portando-o. 42

Conforme ressalva o Dr. Russel G. Schith citado por Mariat (2007), o

monitoramento eletrônico pode ser usado para a realização de três finalidades,

sendo elas: a detenção, a restrição ou a vigilância da pessoa que esta cumprindo tal

medida que lhe foi imposta através de uma decisão judicial.

A detenção é uma forma utilizada para manter o indivíduo que se

encontra cumprindo tal medida eu um determinado local, haja visto que esta forma

foi a primeira solução tecnológica utilizada no monitoramento eletrônico e continua

sendo usada, tornando-se a mais comum.

A restrição consiste em uma fato negativo gerado pelo apenado, isto é, a

restrição obriga que a pessoa do apenado não frequente mais determinados lugares

e também não se aproxime de determinadas pessoas, como por exemplo,

testemunhas ou vítimas.

A vigilância é uma medida na qual é possível monitorar cada passo da

pessoa que esta cumprindo esta medida. Como esta medida pode ser acompanhada

vinte e quatro horas por dia o apenado sente-se inibido para cometer novos delitos,

pois sabe que está sendo monitorado.

Eduardo Viana Portela Neves classifica e conceitua o monitoramento

eletrônico quanto ao momento de utilização:

Sinteticamente pode-se dizer que o monitoramento eletrônico é uma alternativa tecnológica à prisão utilizada na fase de execução da pena, bem assim na fase processual e, inclusive, em alguns países, na fase pré-processual. Há, ainda, legislação admitindo, em casos de delitos

42 JUNIOR. Luciano de Oliveira Souza. Direito e tecnologia: Uma alternativa ao sistema carcerário nacional. 2008. Disponível em: http://srv02.fainor.com.br/revista/index.php/memorias/article/viewFile/12/31. Acesso: 20 mai. 2013. p. 36.

Page 37: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

36

especialmente graves (equivalente aos nossos crimes contra a dignidade sexual), o monitoramento eletrônico após a execução da pena privativa de liberdade. É o que determina o recém alterado código de processo penal francês. 43

Do conceito de Eduardo Viana Portela Neves é possível extrair uma

informação de grande importância. Essa informação é a utilização do monitoramento

eletrônico como alternativa tecnológica à prisão na fase da execução da pena.

Observa-se que o monitoramento eletrônico pode ser utilizado na fase de execução

da pena, durante o processo, ou até mesmo antes de haver um processo e em

raríssimos casos, quando os crimes são muito graves até mesmo depois do

cumprimento da pena imposta.

Portanto pode-se definir que o monitoramento eletronico é realmente uma

alternativa a prisão, concedida somente por um juiz, utilizada para controlar, vigiar e

monitorar se uma pessoa está no local que foi determinado decisão judicial, ou se o

apenado deixou de ir ou nao ir à alguns lugares restritos pelo juiz em sua decisão.

Para que este sistema funcione corretamente, é utilizado um sistema

específico que transmite informações criptografadas, pela internet ou através de um

dispositivo que foi instalado anterirmente em um local, sendo que quase sempre

esse segundo dispositivo é instalado na casa do apenado, que tem por objetivo

avisar e dar infromções suficientes à central de monitoramento eletrônico para saber

se o apenado esta cumprindo o que está disposto na decisão judicial que deferiu tal

medida a pessoa do apena.

Este sistema é utilizado em diversas fases procesuais, sendo elas: pré-

processual, processual, na fase de execução da pena e tambem podendo ser

utilizado na fase pós-processual quando o crime cometido for de grande risco e

altamente perigoso.

O sistema de monitoramento eletrônico tem como seu segundo objetivo o

total cumprimento da pena de forma eficaz, afastando o apenado das unidades

prisionais, proporcionando ao apenado o convívio na sociedade em geral e também

efetiva um princípio constitucional, conhecido como o princípio da dignidade

humana. Desta forma contribui para a diminuição dos reeducandos nos presídios e

penitenciárias, reduzindo os gastos públicos e principalmente os índices de

reincidência em crimes.

43 NEVES, Eduardo Viana Portela. Monitoramento eletrônico de condenados: avanço ou retrocesso? 2010. Disponível em: http://eduardo-viana.com/?p=302. Acesso: 21 mai. 2013. p. 35.

Page 38: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

37

2.2 ORIGEM

Muito embora se pensa que o monitoramento eletrônico de presos é algo

atual, porém não é tão atual assim. Teve sua utilização iniciada como alternativa à

prisão. Eduardo Viana Portela Neves menciona que:

Desde 1946, no Canadá, já haviam experiências de controle de presos em seu domicílio. No entanto, a sua prática judicial é algo mais recente. Conforme enuncia CÉRE, a idéia partiu de uma história em quadrinhos, quando, em agosto de 1979, um magistrado americano, Jack Love, leu em um jornal local um trecho do “homem Aranha” onde era mencionada a possibilidade de usar uma pulseira como transmissor; neste episódio, o bandido conseguiu localizar o herói graças a um dispositivo colocado em seu punho. 44

Pode-se ver que há experiências de controle de presos fora dos

estabelecimentos prisionais, isto é, nas residências dos indivíduos, isto na década

de 40 do século anterior. No entanto, o sistema utilizado em meados do século

passado não tinha um controle com equipamentos eletrônicos que são utilizados e

fabricados nos dias de hoje. Contudo foi grande a contribuição da experiência feita

nos anos de 1940 para a concretização do que hoje chamamos de monitoramento

eletrônico de presos.

Têm-se registros que a ideia de utilizar o monitoramento eletrônico de

presos teve inicio por volta dos anos 60, sendo que nesta época foi desenvolvido um

dispositivo eletrônico criado e elaborado pelo psicólogo americano Robert

Shwitzgebel e seu irmão Ralf Shwitzgebel, tendo por objetivo, segundo Lucas Rocha

Fabris, proporcionar uma alternativa ao cárcere, tornando o cárcere da pena mais

humana e com menor dispêndio econômico.45

A invenção dos dois irmãos ficou conhecida como “a máquina do Dr.

Shwitzgebel”. Esta invenção era composta por um transmissor e uma bateria, tendo

este transmissor capacidade múltipla de emitir sinal e receber sinal em uma

capacidade de extensão de um quarto de milha, conforme afirma Nara Borgo 44 NEVES, Eduardo Viana Portela. Monitoramento eletrônico de condenados: avanço ou

retrocesso? 2010. Disponível em: http://eduardo-viana.com/?p=302. Acesso: 21 mai. 2013. p. 36.45 FABRIS, Lucas Rocha. Monitoramento eletrônico de presos. 2010. Disponível em:

http://jus.uol.com.br/revista/texto/17136. Acesso em: 18 nov. 2010.

Page 39: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

38

Cypriano Machado. O psicólogo chegou a patentear a invenção no ano de 1969,

mas nos Estados Unidos a utilização do monitoramento eletrônico de presos não

ocorreu antes do ano de 1980. 46

No ano de 1979, o Juiz norte americano Jack Love, da cidade de

Albuquerque no estado do Novo México, inspirou-se em uma história em

quadrinhos, onde no contexto da história o vilão conseguiu localizar o super-herói,

“homem aranha” por este ter um dispositivo eletrônico colocado em seu punho. Ao

ver este fato o juiz solicitou que um perito em eletrônica e representante de vendas

da empresa Honeywell, com o nome de Michel Goss, para que o mesmo projetasse

e construísse um dispositivo eletrônico de monitoramento com semelhança ao que

tinha visto na história em quadrinhos.

Michel Goss desenvolveu um dispositivo que foi chamado “gosslink”,

sendo que este dispositivo diferentemente do apresentado na história em quadrinhos

era fácil de ser removido. Porém, se o dispositivo fosse removido ou simplesmente

violado gerava uma acusação no sistema.

Primeiramente a tornozeleira foi utilizada e testada pelo próprio juiz por

três semanas. Depois de constatado a sua eficiência foi implantada

progressivamente.

A sentença que sentenciou o primeiro réu a utilizar o dispositivo do

sistema de monitoramento eletrônico foi dada somente no ano de 1983 pelo Juiz

Jack Love nos Estados Unidos. O juiz resolveu utilizar o sistema de monitoramento

eletrônico de presos em virtude de o estado estar vivendo um momento crítico de

superlotação nas cadeias locais.

No verão de 1982, tivemos o que eu considerava ser intolerável superlotação em nossas cadeias locais. Liberação do trabalho foi uma frase popular para a prisão de curto prazo, mas descobrimos que havia um período de carência de 100 dias, isto é, que, se um juiz condenou um prisioneiro a liberação do trabalho, o prisioneiro não seria capaz de iniciar a frase por 100 dias. Eu pensei que tinha que ser corrigido.47

Posteriormente à medida que foi tomado pelo Juiz Jack Love foi

46 MACHADO, Nara Borgo Cypriano. Crise no sistema penitenciário brasileiro: o monitoramento eletrônico como medida de execução penal. 2009. Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/Anais/sao_paulo/2913.pdf. Acesso: 20 nov. 2013.

47 LOVE, Jack. Electronic Monitoring of Offenders: The Birth of na Industry. Nerola, 2004. p. 12.

Page 40: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

39

rapidamente aceito pelos outros estados norte-americanos. No ano de 1988 nos

Estados Unidos o número de apenados monitorados eletronicamente girava em

torno de 2.300, já dez anos depois, o número de apenados monitorados

eletronicamente chegou á marca dos 95.000 indivíduos.

A partir dai, o monitoramento eletrônico dos presos norte-americanos

passou a ser considerado uma medida de sucesso entre os advogados, os

magistrados e a sociedade em geral. Por isso vejamos a pesquisa que foi realizada

entre os anos de 2003 e 2004, em Denver na Califórnia nos Estados Unidos,

conforme dispõe Carlos Roberto Mariath:

Desde a implantação da ferramenta em 1992, 24.978 pessoas foram submetidas às regras do monitoramento, sendo que 93,6% terminaram com sucesso suas sentenças; 78,2% permaneceram empregadas ou passaram a laborar, sendo certo que aos usuários é imposta uma taxa única de US$ 75,00 (setenta e cinco dólares) para a manutenção do sistema. 48

Através destes números obtidos pelo sistema prisional norte americano,

vários outros países passaram a adotar o sistema de monitoramento eletrônico de

presos como sendo a melhor forma alternativa e humana à prisão. Deste modo, é

possível dizer que os Estados Unidos tiveram grande contribuição para a

implantação e o desenvolvimento do monitoramento eletrônico de presos, haja visto

que foram os pioneiros.

2.3 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS

Diversos países adotaram o sistema de monitoramento eletrônico de

presos, sendo este sistema uma solução tecnológica de grande valia para resolver

diversos problemas relacionados aos seus sistemas prisionais de execução de pena.

Temos como exemplo vários países que podem ser citados, entre eles a França,

Suécia, Inglaterra, Escócia, Austrália, Portugal, Argentina, Canadá, Holanda, Nova

Zelândia e os Estados Unidos.

48 MARIATH, Carlos Roberto. Monitoramento eletrônico: Liberdade vigiada. 2007. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17196/monitoramento-eletronico-liberdade-vigiada. Acesso: 18 mai. 2013.p. 15.

Page 41: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

40

Igual nos Estados Unidos, os principais problemas encontrados pelos

países mencionados anteriormente foram o custo elevado da execução da pena dos

apenados para o Estado, a superlotação carcerária nos ergástulos penais e a

elevadíssima taxa de reincidência em crimes vendo que o sistema prisional de todos

os países tem falhas.

2.3.1 Inglaterra

O sistema de monitoramento eletrônico começou a ser discutido na

Inglaterra no inicio dos anos 80 através do The offenders Tag Association. Porém

não foi aceito, haja vista que o sistema tinha sido considerado que não era

suficientemente severo. No ano de 1987 foi retomado o sistema de monitoramento

eletrônico em caráter experimental.

No início o monitoramento eletrônico de presos tinha como principal

objetivo diminuir e evitar o crescimento e o aumento do número de apenados dentro

dos estabelecimentos penais. O juiz já convicto da real situação dos presídios e

penitenciárias ao dar a decisão judicial na maioria das vezes optava pelo

monitoramento eletrônico em vez de privar a liberdade do apenado. Desta forma

aumentaram o número de apenados monitorados eletronicamente e diminuiu o

número de presos dentro dos estabelecimentos penais. Essa situação ficou

conhecida como front-door, conforme escreve Fábio André Silva Reis.49

No último ano do século XX, foi criado um programa que tinha por objetivo

facilitar a saída dos presos de dentro dos estabelecimentos penais onde cumpriam a

pena, para a sociedade. Esse programa ficou conhecido como Home Dettention

Curfew e chamado de back-door, conforme assevera Fábio André Silva Reis. 50 O

principal era retirar os presos dos ergástulos nos quais cumpriam a pena, após os

mesmos terem cumprido uma parte de sua reprimenda, para que o restante da pena

cumprissem em casa.

49 REIS, Fábio André Silva. Monitoramento Eletrônico de Prisioneiros: breve análise comparativa entre as experiências inglesa e sueca. 2004. Disponível em: <http://www.lfg.com.br/artigos/Blog/MonitoramentoEletronicodePrisioneiros_FabioAndreSilvaReis.pdf>. Acesso: 21 mai. 2013.

50 REIS, Fábio André Silva. Monitoramento Eletrônico de Prisioneiros: breve análise comparativa entre as experiências inglesa e sueca. 2004. Disponível em: <http://www.lfg.com.br/artigos/Blog/MonitoramentoEletronicodePrisioneiros_FabioAndreSilvaReis.pdf>. Acesso: 21 mai. 2013.

Page 42: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

41

Esta medida que foi tomada na Inglaterra trouxe resultados positivos e

satisfatórios para o governo do país, haja vista que 94% (noventa e quatro por

cento) terminaram o Home Dettention Curfew com sucesso, conforme dispõe

Dodgson citado por Carlos Roberto Mariath. Porém não foi um meio eficaz, pois os

apenados tornaram-se reincidentes. 51

2.3.2 França

O monitoramento eletrônico de presos neste país teve seu primeiro relato

no ano de 1989, ano em que o Senador Gilbert Bonnemaieson mencionou este

instituto em um relatório que falava sobre a modernização do serviço público

penitenciário.

Este documento foi entregue ao Garde dês Sceaux e ao Primeiro ministro

Francês e ele previa a começo da aplicação do monitoramento eletrônico de presos

na modalidade de detenção provisória, na modalidade de execução da pena de

curta duração e de semi-liberdade, conforme ressalva Nara Borgo Cypriano

Machado. 52

No ano de 1997 o Senador teve sua ideia transformada em lei, contudo

esta começou a ter seu somente três anos depois ainda em caráter experimental.

Na França, a partir do ano de 2003, a lei do monitoramento eletrônico de

presos teve sua aplicabilidade aumentada com grande relevância. A lei foi destinada

aos presos já condenados a igual a um ano ou inferior a um ano, ou aos presos que

faltassem cumprir um ano ou menos de sua pena total.

Nos dias de hoje para ter direito ao monitoramento eletrônico na França, o

apenado necessita ter residência fixa, uma linha telefônica e um atestado fornecido

por um médico declarando que o apenado não apresenta nenhuma rejeição quanto

à utilização da tornozeleiras ou bracelete eletrônico em seu corpo.

51 MARIATH, Carlos Roberto. Monitoramento eletrônico: Liberdade vigiada. 2007. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17196/monitoramento-eletronico-liberdade-vigiada. Acesso: 18 mai. 2013.

52 MACHADO, Nara Borgo Cypriano. Crise no sistema penitenciário brasileiro: o monitoramento eletrônico como medida de execução penal. 2009. Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/Anais/sao_paulo/2913.pdf. Acesso: 20 nov. 2013.

Page 43: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

42

2.3.3 Portugal

Neste país o monitoramento eletrônico teve início por volta do ano de

2002, tendo iniciado em onze comarcas da Grande Lisboa. O objetivo principal da

implantação deste sistema também é diminuir o número de pessoas segregadas da

liberdade dentro de estabelecimentos penais e reduzir gradativamente a taxa de

aplicação da prisão preventiva.

O monitoramento eletrônico de presos em Portugal, teve sucesso desde o

inicio quando foi implantada, conforme diz Carlos Roberto Mariath, “alcançou

excelentes níveis de operacionalidade e eficácia, e os seus custos revelaram-se

muitos inferiores aos do sistema prisional, provando ser uma real alternativa à prisão

preventiva.” 53

O governo de Portugal devido a ter obtido bons resultados com a

implantação do sistema de monitoramento eletrônico de presos, decidiu estender e

aplicar esse sistema em toso o país, conforme dispõe Carlos Roberto Mariath:

Os bons resultados levaram o Governo português a estabelecer um programa de ação para o desenvolvimento da solução no sistema penal visando, por um lado, concluir a fase de experimentação do monitoramento, procedendo a generalização de sua utilização em todo o País e, por outro lado, “desenvolver condições que permitam a sua utilização, ainda que de forma progressiva e faseada, no contexto da execução de penas”. 54

Como pode ser visto, em Portugal o sistema de monitoramento eletrônico

de presos se estendeu para todo o território daquele país, uma vez que foi

implantado na Grande Lisboa e lá teve resultados satisfatórios, por isso,

posteriormente foi utilizado em todo o país.

2.3.4 Suécia

53 MARIATH, Carlos Roberto. Monitoramento eletrônico: Liberdade vigiada. 2007. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17196/monitoramento-eletronico-liberdade-vigiada. Acesso: 18 mai. 2013. p. 27.

54 MARIATH, Carlos Roberto. Monitoramento eletrônico: Liberdade vigiada. 2007. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17196/monitoramento-eletronico-liberdade-vigiada. Acesso: 18 mai. 2013. p. 29.

Page 44: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

43

Na Suécia o monitoramento eletrônico de presos começou a ser

introduzido no país a partir dos anos de 1992, ano em que o Comitê Jurídico Sueco

começou a apresentar propostas para serem estas uma alternativa à prisão. Porém,

somente no ano de 1994 foi elaborada a lei que abordava o monitoramento

eletrônico de presos como sendo uma alternativa à prisão.

Primeiramente o monitoramento eletrônico de presos foi introduzido em

seis distritos daquele país de forma experimental. Na Suécia esse sistema tinha

como principais objetivos a redução dos custos obtidos com os apenados dentro de

estabelecimentos penais e a aplicação de uma medida punitiva que seria

considerada mais humana do que a prisão.

No ano de 1999 foi inserido o sistema de monitoramento eletrônico em todo o território da Suécia, pois os resultados que foram obtidos entre os anos de 1994 á 1998 foram muito satisfatórios, levando então o governo a utilizar o sistema em todo o país. Chegava a ser de 90% o cumprimento correto e efetivo cumprido pelos apenado, sendo que os outros 10% dos apenados violavam o dispositivo instalado em seu corpo por estarem sob efeito de drogas, mesmo assim era grande o número de sucesso que o sistema conseguiu neste país. 55

Na Suécia, o monitoramento eletrônico de presos conseguiu alcançar

resultados satisfatórios, afastando em torno de dezessete mil penas privativas de

liberdade das penitenciárias e aplicando a estes apenados a medida imposta pelo

monitoramento eletrônico, é o que assevera Carlos Roberto Mariath. 56

Fábio André Silva Reis, em seu estudo mostra que “em 2001, o

monitoramento eletrônico de presos na Suécia foi aplicado principalmente para os

condenados que estavam envolvidos com sonegação fiscal, fraudes e o tráfico de

drogas.” 57

55 REIS, Fábio André Silva. Monitoramento Eletrônico de Prisioneiros: breve análise comparativa entre as experiências inglesa e sueca. 2004. Disponível em: <http://www.lfg.com.br/artigos/Blog/MonitoramentoEletronicodePrisioneiros_FabioAndreSilvaReis.pdf>. Acesso: 21 mai. 2013. p. 17.

56 MARIATH, Carlos Roberto. Monitoramento eletrônico: Liberdade vigiada. 2007. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17196/monitoramento-eletronico-liberdade-vigiada. Acesso: 18 mai. 2013.

57 REIS, Fábio André Silva. Monitoramento Eletrônico de Prisioneiros: breve análise comparativa entre as experiências inglesa e sueca. 2004. Disponível em: <http://www.lfg.com.br/artigos/Blog/MonitoramentoEletronicodePrisioneiros_FabioAndreSilvaReis.pdf>. Acesso: 21 mai. 2013. p. 18.

Page 45: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

44

O monitoramento eletrônico na Suécia é usado para a supervisão e a

fiscalização das penas impostas, tornado o apenado obrigado a participar de

atividades como trabalho ou estudo. No âmbito geral a maioria das despesas

causadas pela utilização deste sistema é paga pelo individuo que participa deste

programa.

2.3.5 Estados Unidos

Lucas Rocha Fabris em seu estudo mostra que os Estados Unidos foram

os pioneiros que criaram e utilizaram este sistema de monitoramento eletrônico no

ano de 1983 conforme já descrito neste trabalho. 58

Para que o apenado seja enquadrado neste sistema, é necessária a sua

voluntariedade. As despesas geradas pela utilização do monitoramento eletrônico

neste país são pagas no todo ou em alguns casos em parte pelo próprio apenado ou

por sua família.

O sistema de monitoramento eletrônico de presos nos Estados Unidos é

utilizado conjuntamente com outras medidas impostas ao apenado que utiliza o

sistema, sendo uma delas a prestação de trabalho comunitário.

2.3.6 Austrália

O monitoramento eletrônico na Austrália é utilizado com uma alternativa à

pena privativa de liberdade, possibilitando ao apenado o cumprimento de uma parte

da pena que lhe foi imposta em sua residência.

O que originou a implementação deste sistema na Austrália, foi “o Bail Act

1985, onde permitia que o juiz arbitrasse uma fiança e impondo que o indivíduo

condenado permanecesse em sua casa. Neste caso também admitia-se como uma

exceção a prestação de serviços”. É o que afirma Carlos Roberto Mariath. 59

58 FABRIS, Lucas Rocha. Monitoramento eletrônico de presos. 2010. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17136. Acesso em: 18 nov. 2010.

59 MARIATH, Carlos Roberto. Monitoramento eletrônico: Liberdade vigiada. 2007. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17196/monitoramento-eletronico-liberdade-vigiada. Acesso: 18 mai. 2013. p. 23.

Page 46: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

45

O monitoramento eletrônico de presos na Austrália, é utilizado para o

acompanhamento de qualquer decisão proferida, dependendo de interpretação da

Suprema Corte Australiana.

2.3.7 Argentina

O primeiro país latino-americano que utilizou em seu sistema

penitenciário o sistema de monitoramento eletrônico de presos foi a Argentina, tem

como objetivo a detenção e vigilância de presos provisórios em suas residências.

Contudo o sistema de monitoramento eletrônico na Argentina é bem

recente, tendo como gastos operacionais a metade do que é gasto com um apenado

recluso em estabelecimentos penais daquele país.

Luciano de Oliveira Souza Junior afirma que: “A experiência na América

do Sul teve como pioneira a Província de Buenos Aires, na Argentina, onde se

constatou a redução da reincidência criminal: o índice foi de 8% menor do que entre

os apenados com a privação de liberdade.” 60

Como se pode verificar, o sistema de monitoramento eletrônico de presos

em nosso país vizinho, a Argentina teve bom desenvolvimento no que diz respeito a

reincidência de crimes, uma vez que os apenados que encontram-se reclusos em

estabelecimentos penais, possuem um percentual maior na reincidência de crimes.

O capitulo seguinte abordará a introdução do sistema de monitoramento

eletrônico no Brasil e as possibilidades que este sistema pode ser utiizado.

60 JUNIOR. Luciano de Oliveira Souza. Direito e tecnologia: Uma alternativa ao sistema carcerário nacional. 2008. Disponível em: http://srv02.fainor.com.br/revista/index.php/memorias/article/viewFile/12/31. Acesso: 20 mai. 2013. p. 35.

Page 47: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

46

CAPÍTULO 3

MONITORAMENTO ELETRÔNICO NO BRASIL

3.1O MONITORAMENTO ELETRÔNICO DE PRESOS

Nosso país acompanha o crescimento da crise que vive o atual sistema

penitenciário, sem fazer absolutamente nada para resolver esse problema. Várias

pesquisas nos mostram que é cada vez maior a população carcerária, a pratica de

abusos por parte dos agentes penitenciários, os maus tratos e a inexistência do

cumprimento dos princípios que regem os Direitos Humanos.

Deste modo, várias ideias foram surgindo e colocadas em discussão ao

longo dos últimos anos. Essas ideias visavam o melhor cumprimento da pena e um

modo de fiscalizar os detentos fora da prisão. Sendo assim, o Brasil analisando as

experiências de outros países que utilizam o sistema de monitoramento eletrônico

de presos sancionou no ano de 2010 a Lei nº 12.258/2010 que trata do

monitoramento eletrônico de presos no Brasil, para dar um melhor cumprimento na

fase da execução da pena.

O monitoramento eletrônico de presos tem como principal objetivo

fiscalizar os indivíduos que estão cumprindo pena privativa de liberdade em convívio

com a sociedade, ou seja, fora dos estabelecimentos prisionais. Este mecanismo

utiliza meios tecnológicos para saber onde o apenado está e se este está cumprindo

sua pena corretamente.

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Luciano de Oliveira Souza Júnior (2008), conceitua monitoramento

eletrônico de presos:

O monitoramento eletrônico é uma espécie de prisão virtual, em que a pessoa apenada passa a utilizar um aparelho que permite seu rastreamento via satélite. Trata-se do Sistema de Acompanhamento de Custódia 24 horas – SAC 24, que funciona através de rádio frequência e informações criptografadas fornecedoras de dados sobre o posicionamento do apenado. 61

Carlos Roberto Mariath, demonstra que o monitoramento eletrônico de

presos possui três classificações, sendo:

I – Detenção: O monitoramento visa manter o indivíduo em lugar predeterminado (normalmente em casa). Esta foi a primeira forma de utilização da solução tecnológica, permanecendo até hoje a mais comum. II – Restrição: Alternativamente, o monitoramento é utilizado para garantir que o indivíduo não entre (freqüente) determinados locais, ou ainda se aproxime de determinadas pessoas, mormente testemunhas, vítimas e coautores. III – Vigilância: Nessa ótica, o monitoramento é utilizado para que se mantenha vigilância contínua sobre o indivíduo, sem a restrição de sua movimentação. 62

Conforme já visto no Capitulo I, o monitoramento eletrônico pode ser

realizado por meio de três tecnologias diferentes, sendo elas: sistema ativo, sistema

passivo e sistema de posicionamento global.

O sistema ativo de monitoramento eletrônico funciona por meio de um

dispositivo que é devidamente instalado na residência do indivíduo que recebeu esta

medida, ou então será instalado em algum outro local determinado pelo juiz. Este

dispositivo que fica instalado na residência do apenado transmite um sinal para a

central de monitoramento. Um segundo dispositivo é colocado na pessoa que

deverá cumprir tal medida, igualmente, se o mesmo distanciar-se do aparelho

instalado em sua residência a central de monitoramento que controla este dispositivo

61 JUNIOR. Luciano de Oliveira Souza. Direito e tecnologia: Uma alternativa ao sistema carcerário nacional. 2008. Disponível em: http://srv02.fainor.com.br/revista/index.php/memorias/article/viewFile/12/31. Acesso: 20 mai. 2013. p. 33.

62 MARIATH, Carlos Roberto. Monitoramento eletrônico: Liberdade vigiada. 2007. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17196/monitoramento-eletronico-liberdade-vigiada. Acesso: 18 mai. 2013. p. 24.

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ficará ciente de que o mesmo não está cumprindo a medida a ele imposta.

O segundo sistema, conhecido como sistema passivo pode ser entendido

de uma forma onde a pessoa que recebeu esta medida utiliza um aparelho parecido

com um telefone celular, e frequentemente é efetuado uma chamada para saber se

o apenado está no local designado na decisão judicial que propiciou tal medida.

Funciona com um dispositivo que é instalado em um determinado local, desta forma,

quando o dispositivo é acionado o apenado deverá se identificar, sendo que

geralmente os métodos usados para a identificação da pessoa é a biometria ou

senha.

No terceiro sistema, que é o mais conhecido, o sistema de

posicionamento global, ou também conhecido com GPS, em inglês Global

Positioning System, é um método mais moderno que os outros dois já vistos. Este

método é o mais utilizado, pois permite que a central de monitoramento tenha um

maior controle e vigilância sobre o apenado, podendo ser utilizado para a pessoa

que está usando este sistema não frequente determinados lugares, bem como para

que o usuário não saia do local determinado na decisão judicial, tornando esse

sistema o mais completo, pois pode ser utilizado como o sistema ativo ou como o

sistema passivo, observando o que está descrito na decisão judicial que deferiu tal

medida.

O sistema de posicionamento global – GPS é composto através de

satélites, centrais de monitoramento conectadas à internet e dispositivos móveis,

conhecidos como tornozeleiras eletrônicas.

Nos dias de hoje, há varias técnicas de monitoramento eletrônico de

presos, entre elas estão: a tornozeleira, o cinto, a pulseira e os microchips que são

colocados no corpo dos apenados. Todos esses quatro tipos possuem a mesma

funcionalidade, de um modo que os aparelhos e dispositivos instalados nas pessoas

que deverão cumprir tal medida emitam sinais para um satélite e este mando o sinal

para a central de monitoramento, podendo desta forma saber a exata localização do

apenado em tempo real.

No Brasil, começou-se a discutir acerca da adoção do sistema de

monitoramento eletrônico de presos no ano de 2007 no Congresso Nacional, sendo

que esta foi a fase onde pode ser vista as primeiras propostas para a inserção de

sistemas que possibilitassem a monitoração eletrônica de apenados no sistema

penitenciário. Contudo, o sistema de monitoramento eletrônico de presos somente

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foi inserido no Brasil no ano de 2010, com a promulgação da Lei n. 12.258 de 15 de

julho de 2010.

Outro fato que teve valor para a posterior aprovação do sistema de

monitoramento eletrônico de presos no Brasil vem do Estado da Paraíba:

Em 11 de julho de 2007, o juiz Bruno Azevedo, da Vara de Execuções Penais da Comarca de Guarabira, na Paraíba, divulgou a informação de que seria testado o sistema de monitoramento eletrônico em cinco presos do regime fechado da cidade, em parceria com a empresa INSIEL, denominando o projeto Liberdade Vigiada, Sociedade Protegida. 63

Já no ano de 2009 o tema teve novo avanço:

Em de março de 2009, o plenário do Conselho Nacional de Justiça aprovou o Plano de Gestão para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execução Penal, após consulta pública realizada no período de 60 dias. O documento de 154 páginas contemplou tanto propostas que independem de aprovação legislativa, quanto propostas a serem submetidas ao Congresso Nacional. Em relação às propostas de alteração legislativa, foi incluído o monitoramento eletrônico para o cumprimento da pena em regime domiciliar. 64

Ainda segue:

Em 1º de abril de 2009, foi aprovado, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, o parecer ao Substitutivo da Câmara dos Deputados ao Projeto de Lei do Senado 175/2007 (1.288/07 na Câmara dos Deputados), tendo como relator o senador Demóstenes Torres, que, ao relatar a proposição, destacou que o PLS 175/2007 previa inicialmente que a decisão judicial que autoriza a progressão para o regime aberto ou que concede o livramento condicional poderia ser acompanhada pela determinação de o condenado utilizar equipamento de rastreamento eletrônico como condição para a obtenção de tais benefícios. 65

Depois de muitos e muitos tramites que teve as propostos, o projeto de

lei, somente em 15 de junho de 2010 que a Lei 12.258/2010 foi sancionada pelo

Presidente da República. Sendo que esta Lei ordinária teve vários vetos por parte da

63 MACHADO, Nara Borgo Cypriano. Crise no sistema penitenciário brasileiro: o monitoramento eletrônico como medida de execução penal. 2009. Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/Anais/sao_paulo/2913.pdf. Acesso: 20 nov. 2013. p. 190.

64 OLIVEIRA, Janaina Rodrigues. O Monitoramento Eletrônico de Apenados no Brasil. Revista Brasileira de Segurança Pública - São Paulo. Ano 5. Edição 9. Ago/Set 2011. p. 103.

65 OLIVEIRA, Janaina Rodrigues. O Monitoramento Eletrônico de Apenados no Brasil. Revista Brasileira de Segurança Pública - São Paulo. Ano 5. Edição 9. Ago/Set 2011. p. 104.

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Presidência da República, porém esses vetos foram explicados pelo ministro da

Justiça como segue:

A adoção do monitoramento eletrônico no regime aberto, nas penas restritivas de direito, no livramento condicional e na suspensão condicional da pena contraria a sistemática de cumprimento de pena prevista no ordenamento jurídico brasileiro e, com isso, a necessária individualização, proporcionalidade e suficiência da execução penal. Ademais, o projeto aumenta os custos com a execução penal sem auxiliar no reajuste da população dos presídios, uma vez que não retira do cárcere quem lá não deveria estar e não impede o ingresso de quem não deva ser preso. Essas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar os dispositivos acima mencionados do projeto em causa, as quais ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros do Congresso Nacional. 66

Deste modo, foi aprovado a lei que dá respaldo para o monitoramento

eletrônico de presos no Brasil, sendo que os apenado terão direito a usufruir desta

medida quando for autorizado pelo juiz a saída temporária no regime semiaberto e

no caso de prisão domiciliar. Também outra possibilidade de ser aplicado o

monitoramento eletrônico de presos foi estabelecido pela Lei 12.403/2011, esta

prevê que o preso provisório pode ser submetido ao monitoramento eletrônico de

forma cautelar.

O veto de que trata a Presidência da República não possibilita a utilização

do monitoramento eletrônico de presos em demais casos, conforme segue:

O veto da Presidência da República traz clara opção de política criminal, uma vez que expressamente inviabiliza a possibilidade de uso do monitoramento nos demais casos, tendo em vista o caráter restritivo de direitos da medida, que criaria forma de fiscalização para os indivíduos que já se encontram em liberdade, sem enfrentar a questão de superpopulação prisional. Foi excluída a possibilidade de vigilância eletrônica no regime aberto, quando da realização de atividades ligadas a estudo, trabalho e outras atividades autorizadas. 67

Também foi objeto de veto da Presidência da República o artigo 2º do

PLS 175/2007, sendo que este artigo daria atribuição aos juízes de execução penal

para que eles pudessem decidir quando achassem que deveriam decretar o

66 OLIVEIRA, Janaina Rodrigues. O Monitoramento Eletrônico de Apenados no Brasil. Revista Brasileira de Segurança Pública - São Paulo. Ano 5. Edição 9. Ago/Set 2011. p. 104.

67 OLIVEIRA, Janaina Rodrigues. O Monitoramento Eletrônico de Apenados no Brasil. Revista Brasileira de Segurança Pública - São Paulo. Ano 5. Edição 9. Ago/Set 2011. p. 104-105.

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cumprimento da pena através de monitoramento eletrônico. Assim sendo:

O outro objeto de veto da Presidência da República foi o artigo 2º do PLS 175/2007, que incluía a atribuição, entre aquelas de competência do juiz da execução previstas no artigo 66 da Lei de Execução Penal, de determinar o uso da vigilância eletrônica, quando entendesse necessário, permissivo legal que, caso não fosse vetado, abriria um amplo leque interpretativo e de caráter eminentemente subjetivo. O artigo 2º do PLS 175/2007 também previa a possibilidade de o juiz da execução estabelecer o monitoramento eletrônico como condição especial para concessão do regime aberto, nos termos do artigo 115 da Lei de Execução Penal, no que também foi vetado. Trazia ainda a previsão de estabelecer como condição ao livramento condicional a utilização do equipamento de monitoramento eletrônico, igualmente vetado. 68

Depois que a Lei 12.258/2010 foi sancionada, vários estados de todo o

território nacional editaram e publicaram novas leis estaduais que tratam deste

mesmo assunto. Um exemplo de uma lei estadual que trata sobre o monitoramento

eletrônico de presos é do Estado do Espírito Santo, segue:

No Espírito Santo, foi aprovada lei estadual sobre o tema, a Lei 9.217/2009. Em face do diploma legal, foi ajuizada ação civil pública pela Defensoria Pública Estadual, impugnando a validade do ato normativo em questão. A constitucionalidade da lei estadual que disciplina o uso da vigilância eletrônica, antes da entrada em vigor da Lei n. 12.258, de junho de 2010, foi questionada diante do art. 24 da Constituição, que dispõe sobre as competências legislativas concorrentes, exercidas pela União, Estados-membros e Distrito Federal. Pelo dispositivo constitucional em questão, à União incumbe editar normas gerais e, aos Estados e Distrito Federal, editar normas específicas, de natureza especial (competência supletiva). As normas gerais editadas pela União são de observância obrigatória, não podendo ser suplementadas pelos Estados com legislação complementar inovadora ou conflituosa, que supere suas peculiaridades locais. 69

Neste contexto, a ação civil pública pedia que fosse impugnado o ato

normativo da Lei Estadual n. 9217/2009 que trata do monitoramento eletrônico, haja

visto que a matéria que já foi editada pela União deve ser seguida pelos Estados,

tendo como fundamento legal para tal pedido o Artigo 24 da Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988.

Segundo o site de notícias INFOSURHOY:

68 OLIVEIRA, Janaina Rodrigues. O Monitoramento Eletrônico de Apenados no Brasil. Revista Brasileira de Segurança Pública - São Paulo. Ano 5. Edição 9. Ago/Set 2011. p. 105.

69 OLIVEIRA, Janaina Rodrigues. O Monitoramento Eletrônico de Apenados no Brasil. Revista Brasileira de Segurança Pública - São Paulo. Ano 5. Edição 9. Ago/Set 2011. p. 106-107.

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RIO DE JANEIRO, Brasil – Tecnologia adotada em vários países, o monitoramento eletrônico à distância de apenados começa a ser utilizado no Brasil. A adoção de tornozeleiras eletrônicas para monitorar condenados em saída temporária no regime semiaberto ou em prisão domiciliar foi autorizada com a Lei N° 12.258 em 16 de junho de 2010. Nove estados já concluíram testes com o equipamento, segundo levantamento do jornal O Globo, publicado em 28 de março. São Paulo foi um dos primeiros estados a testar e adotar sistema. As experiências iniciais foram realizadas em 2007, com 30 presos voluntários, escolhidos pelo bom comportamento. “Na avaliação da Secretaria da Administração Penitenciária, o resultado é altamente positivo”, diz Lourival Gomes, titular da pasta. 70

Como pode ser visto varios estados da federação ja concluiram os testes

referentes ao funcionamento dos aparelhos de controle a distancia, atraves de GPS.

O estado de São paulo foi um dos pionairos, que já vem desenvolvendo e

aperfeicoando seu sistema desde o ano de 2007.

3.2POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO

O monitoramento eletrônico de presos como já vimos foi instituído pela

Lei 12.258/2010 em seu artigo 146-B e é um mecanismo que possibilita uma nova

alternativa à prisão, podendo ser aplicado em vários casos, sendo eles: na prisão

domiciliar, nas saídas temporárias que os reclusos têm direito quando estão no

regime semiaberto, e também na prisão cautelar de modo a assegurar a presença

dos presos que estavam recolhidos provisoriamente, sendo esta última hipótese

inserida pela Lei 12.403 de 04 de maio de 2011.

Uma das possíveis formas para a utilização do sistema de monitoramento

eletrônico é na prisão domiciliar. A prisão domiciliar está fundamentada no artigo 117

da Lei de Execução Penal:

Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de:I - condenado maior de 70 (setenta) anos;II - condenado acometido de doença grave;

70 INFOSURHOY, Notícias. Monitoramento Eletrônico no Brasil. 2010. Disponível em: http://infosurhoy.com/cocoon/saii/xhtml/pt/features/saii/features/main/2011/05/17/feature-02. Acesso em: 21 mai. 2013.

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III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;IV - condenada gestante. 71

Apesar de a lei elencar essas quatro situações de cabimento de prisão

domiciliar, á outros entendimentos.

O Supremo Tribunal de Justiça tem um entendimento de que o rol de

possibilidades de prisão domiciliar no artigo 117 da LEP, não é taxativo. Sendo que

se não houver vaga em um estabelecimento penal adequado para que o apenado

cumpra sua pena, pode ser concedido ao apenado o cumprimento de sua

reprimenda em prisão domiciliar. Neste sentido o STJ já julgou:

Inexistindo vaga em Casa de Albergado, o cumprimento da pena em estabelecimento destinado a condenados submetidos a regime mais rigoroso configura manifesto constrangimento ilegal. 2. Impõe-se a possibilidade de que o sentenciado a que foi determinado o regime aberto cumpra sua pena em prisão domiciliar, até que surja vaga em estabelecimento próprio. 3. Recurso provido. 72

Outro julgado:

A inexistência de vaga no estabelecimento penal adequado ao cumprimento da pena permite ao condenado a possibilidade de ser encaminhado a outro regime mais brando, até que solvida a pendência. Se, por culpa do Estado, o condenado não vem cumprindo a pena no regime fixado na decisão judicial (semi-aberto),está caracterizado o constrangimento ilegal. Recurso especial DESPROVIDO. 73

E assim segue:

Pena. Réu condenado ao regime aberto. Inexistência de casa do albergado na Comarca. Deferimento, excepcional, da casa prisão domiciliar. Se o Estado, durante anos a fio, permanece inerte e não constrói a chamada "Casa do Albergado", para o cumprimento da prisão no regime aberto, não é justo que o condenado nessa condição seja trancafiado numa prisão comum, em contato com delinqüentes de toda a sorte. Impõe-se, assim,

71 BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

72 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas-corpus nº 16649. Estado de Minas Gerais. Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa. DJ 18/04/2005. p. 394.

73 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 574511. Estado de São Paulo. Rel. Min. Paulo Medina. DJ 10/10/2005. p.451.

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excepcionalmente, conceder-lhe a prisão domiciliar, enquanto inexistente o local apropriado. 74

Através destes entendimentos julgados pelo Superior Tribunal de Justiça,

é passível o entendimento que o monitoramento eletrônico no caso de prisão

domiciliar estende-se a vários casos, não só aos casos elencados no artigo 117 da

LEP.

Nos casos acima citados, o juiz pode decretar a prisão domiciliar

acompanhada do monitoramento eletrônico e outras condições, quando não a vagas

para os apenados cumprirem sua reprimenda no sistema do regime aberto, ou se

não houver a Casa do Albergado na Comarca em que o indivíduo foi condenado.

O portal de noticias online G1 traz uma notícia em onde mostra que vinte

e três mil presos condenados poderão ganhar a prisão domiciliar:

A falta de vagas no sistema prisional pode levar 23 mil condenados do regime semiaberto em todo o país para a prisão domiciliar. No regime semiaberto, o preso trabalha em colônias agrícolas ou industriais, segundo determina o Código Penal.Mas, devido à falta de vagas em colônias, muitos ficam em alas especiais dentro de presídios, deixam o local durante o dia para trabalhar e retornam à noite para dormir. Mas mesmo nessas alas, há superlotação – está em gestação no governo um plano para reduzir a superlotação em presídios.Na prisão domiciliar, o condenado fica em casa e tem de se apresentar periodicamente à Justiça. 75

Desta forma é possível perceber que como a falta de vagas em

estabelecimentos penais no Brasil é muito grande, os indivíduos condenados que

estão cumprindo pena em regime semiaberto ganharão facilmente o benefício da

prisão domiciliar, podendo cumprir o restante de sua pena em sua residência.

No que tange a pena que deverá ser cumprida em regime aberto o STJ já

julgou procedente o pedido de prisão domiciliar, por não ter Casa do Albergado na

comarca do cumprimento da pena, assim segue:

Cumprimento de pena no domicílio do réu, se já prova de que não existe

74 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 129869. Brasília - Distrito Federal. Rel. Min. Anselmo Santiago – DJ 04/05/98. p.285.

75 G1. Portal de Notícias. Falta de Vagas. Disponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/04/falta-de-vagas-pode-levar-23-mil-do-semiaberto-prisao-domiciliar.html. Acesso em: 20 abr. 2013.

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Casa de Albergado ou local reservado com igual finalidade o qual, ainda que não seja o ideal, mas considerada a realidade do país, pode-se admitir como solução emergencial. 76

Ainda segue outra decisão:

REGIME PRISIONAL. PRISÃO ALBERGUE. CASA DO ALBERGADO. TENDO O CONDENADO ATENDIDO AS CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS PARA OBTER REGIME PRISIONAL ABERTO, MAS NÃO POSSUINDO O ESTADO A CASA DO ALBERGADO, NEM ESTABELECIMENTO QUE ADEQUADAMENTE POSSA SUBSTITUI-LA, DEVE ELE SER COLOCADO, ENTÃO, EM PRISÃO DOMICILIAR, COMO OPÇÃO VALIDA PARA QUE PERMANECA NA MESMA SITUAÇÃO, MAS SIM POSSA INICIAR SEU PROCESSO DE REINTEGRAÇÃO A SOCIEDADE, PODENDO VOLTAR AO TRABALHO, PARA SEU SUSTENTO E DE SUA FAMILIA. PRECEDENTES. 77

Uma segunda forma de utilizar o mecanismo do monitoramento eletrônico

seria no acompanhamento dos apenados nas saídas temporárias, sendo que para

atingir este benefício de saída temporária o detento precisa estar cumprindo pena no

regime semiaberto.

A saída temporária tem seu fundamento legal disposto no artigo 122 da

Lei de Execução Penal:

Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos:I - visita à família;II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução;III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.Parágrafo único.  A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. 78

A possibilidade de o apenado receber o monitoramento eletrônico em sua

76 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas-corpus nº 3355-0. Estado de São Paulo. Rel. Costa Lima – DJU de 28/03/94, p. 6.334

77 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas-corpus nº 68121. Estado de São Paulo. Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo. Rel: ALDIR PASSARINHO, p. 64.

78 BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

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saída temporária esta prevista no Artigo 146-B, II, como segue:

Art. 146-B.  O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando: I - (VETADO); II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto; 79

Como visto poderá ser aplicado o monitoramento eletrônico aos detentos

que estão cumprindo sua pena no regime semiaberto, quando estes ganharem o

benefício da saída temporária. A saída temporária que os detentos ganham, tem por

finalidade a visitação de parentes e familiares.

O site Avaaz.org, divulgou no dia 14 de dezembro de 2012 a seguinte

notícia que confirma os fatos narrados anteriormente:

Só neste ano, de acordo com levantamento feito pelo Diário, pelo menos 11 crimes foram cometidos por presos durante a saída temporária. “Uma boa parte aproveita o tempo livre para cometer outros crimes, outros vão para as cidades onde moram e não voltam mais. Por ano, cada preso tem direito a cinco saídas temporárias de até sete dias casa. Ao todo, são 35 dias fora da prisão ( mais do que as férias de um trabalhador). Um exemplo de criminoso que aproveitou a saída temporária para promover ataques contra policiais é o de Francisco Antonio Cesario, conhecido como Piauí, um dos chefes do tráfico no PCC. Ele acabou recapturado em agosto.A tornozeleira eletrônica poderia ajudar no controle da saída dos presidiários. No entanto, há somente um quarto do número de equipamentos necessários. O governo prefere dar o "benefício da saidinha" a realmente investir em instalações e recuperação destes detentos. Tapando o sol com a peneira, mascarando o descaso. 80

De outro modo, o monitoramento que é feito para fiscalizar o benefício da

saída temporária, exige que o Estado grandes recursos, conforme foi noticiado pelo

Jornal de Brasília:

Os detentos do Complexo Penitenciário da Papuda liberados para passar o Dia das Mães em casa serão monitorados de perto pelos órgãos de Segurança Pública do Distrito Federal. De 11 a 14 de maio, cerca de mil sentenciados serão beneficiados com o "saidão", concedido em feriados. O

79 BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

80 AVAAZ. Proibição do Direito a Saída Temporária de Detentos. Disponível em: http://www.avaaz.org/po/petition/Proibicao_do_direito_a_saida_temporaria_de_detentos/. Acesso em: 20 abr. 2013.

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acompanhamento reforçado dos presos deve garantir que todos retornem à prisão no dia estipulado.Durante o saidão, funcionários da Gerência Penitenciária de operações Especiais (GPOE), com agentes das delegacias do DF, farão visitas às residências dos presos beneficiados para conferir se eles estão hospedados no local que indicaram. 81

Desta forma é possível afirmar que o sistema de monitoramento

eletrônico de presos permite ao Estado acompanhar um número expressivo de

apenados durante suas saídas temporárias, lembrando que monitoramento

eletrônico também permite que o controle dos sentenciados seja feito de maneira

simultânea, tendo apenas um funcionário para monitorar diversos presos em tempo

real. Com isto o Estado teria custos mais baixos, se comparados com o modo de

fiscalização disposto na noticia acima citada e ainda teria mais funcionários

disponíveis para prestar outros serviços essenciais no que tange principalmente a

segurança pública.

Do mesmo modo, o monitoramento eletrônico de presos estende-se aos

detentos condenados que frequentam um determinado curso supletivo, também aos

que frequentam o ensino do 2º grau e até mesmo um curso de graduação. Da

mesma forma, o benefício abrange os apenados que participam de atividades para

o retorno ao convívio na sociedade.

A outra forma que é possível o monitoramento eletrônico de presos é na

prisão cautelar, sendo que esta é para assegurar a presença dos presos que

estavam recolhidos provisoriamente.

Esta forma de utilizar o monitoramento eletrônico foi inserida no

ordenamento jurídico brasileiro através da Lei 12.403 de 04 de maio de 2011.

A Lei acima citada modificou o artigo 319, inciso IX do CPP, na

oportunidade inseriu a monitoração eletrônica, sendo esta considerada como uma

medida cautelar aplicável no durante o curso do processo penal, na fase do inquérito

policial, bem como durante a ação penal. Neste sentido a lei inovou ao autorizar o

monitoramento eletrônico a pesos provisórios, sendo que até então esta medida era

aplicada somente aos detentos já condenados.

O artigo 319 do Código de Processo Penal passou a ter a seguinte

redação:

81 JORNAL DE BRASÍLIA. Saída Temporária. Disponível em: http://www.clicabrasilia.com. br/impresso/noticia.php?edicao=1546&IdCanal=10&IdSubCanal=&IdNoticia=293562&IdTipoNoticia=1. Acesso em: 20 abri. 2013.

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Art. 319.  São medidas cautelares diversas da prisão: I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; 82

Ainda segue:

VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; IX - monitoração eletrônica. § 1o  (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). § 2o  (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). § 3o  (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). § 4o  A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares. 83

Vale salientar que, antes da publicação da Lei 12.403/2011, o sistema de

monitoramento eletrônico de presos era admitido apenas aos presos já condenados,

sendo esta possibilidade introduzida na Lei de Execuções Penais pela Lei nº

12.258/2010 que possibilitou a utilização do monitoramento eletrônico de presos nos

casos de prisão domiciliar e nas saídas temporárias para os apenados que estão

cumprindo pena no regime semiaberto. Desta forma a Lei 12.403/2011 trouxe uma

nova forma para aplicação do monitoramento eletrônico.

A Lei 12.403/2011 considerou o monitoramento eletrônico como uma

medida cautelar que pode substituir a prisão preventiva, desta forma, tal medida é

uma ferramenta de grande importância quando se fala em alternativa ao cárcere.

Desta maneira o artigo 282, II, § 6º do Código de Processo Penal

82 BRASIL, Decreto Lei nº 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 out. 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

83 BRASIL, Decreto Lei nº 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 out. 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

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estabelece:

Art. 282.  As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.§ 6o  A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar. 84

Vale destacar através do disposto legal, que o monitoramento eletrônico

é um grande meio para substituir a prisão preventiva, pois deve o julgador, antes de

decretar a prisão preventiva ao acusado ou indiciado, analisar se é possível a

aplicação de alguma das medidas cautelares elencados no Artigo 319 do CPP,

sendo que, entre elas, está elencado a possibilidade de aplicar o monitoramento

eletrônico de forma preventiva.

3.3A LEI 12.258/2010 QUE INCLUIU O MONITORAMENTO ELETRÔNICO NA LEI

DE EXECUÇÃO PENAL

A Lei nº 12.258/2010 (Lei do Monitoramento Eletrônico) alterou vários

artigos da LEP, sendo que nessas alterações, incluiu a possibilidade de ser utilizado

o sistema de monitoramento eletrônico, também entendido como um equipamento

que proporciona vigilância indireta do apenado.

Nos próximos parágrafos será feia uma abordagem acerca da lei acima já

citada, comentando alguns vetos efetuados pela Presidência da República e quais

foram as alterações que a Lei nº 12.258/2010 (Lei do Monitoramento Eletrônico)

causou à Lei de Execução Penal.

O artigo 1º da referida lei foi vetado, no entanto o Artigo 1º possuía a

seguinte redação:

Art. 1º O § 1º do art. 36 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:Art. 36. [...]§ 1º O condenado deverá, fora do estabelecimento, trabalhar, freqüentar

84 BRASIL, Decreto Lei nº 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 out. 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

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curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.

O Código Penal Brasileiro em seu Artigo 36 dispõe que o indivíduo que

estiver cumprindo sua reprimenda, ou seja, sua pena no regime aberto deverá

exercer atividade autorizada ou realizar trabalhos fora dos estabelecimentos penais

sem vigilância, seja ela direta ou indireta. Desta forma o artigo 1º da Lei nº

12.258/2010 (Lei do Monitoramento Eletrônico) foi vetado e o artigo 36 do Código

Penal continua tendo a sua mesma redação.

A razão pela qual a Presidência da República vetou alguns artigos da Lei

em estudo foi apenas uma para todos os vetos, como segue:

A adoção do monitoramento eletrônico no regime aberto, nas penas restritivas de direito, no livramento condicional e na suspensão condicional da pena contraria a sistemática de cumprimento de pena prevista no ordenamento jurídico brasileiro e, com isso, a necessária individualização, proporcionalidade e suficiência da execução penal. Ademais, o projeto aumenta os custos com a execução penal sem auxiliar no reajuste da população dos presídios, uma vez que não retira do cárcere quem lá não deveria estar e não impede o ingresso de quem não deva ser preso. 85

Já o artigo 2º da Lei nº 12.258/2010 (Lei do Monitoramento Eletrônico),

esclarece que alguns artigos da LEP terão validade, porém com algumas alterações.

A primeira alteração que o artigo 2º previa seria a inclusão da alínea i, no inciso V,

do artigo 66 da Lei de Execução Penal, porém essa inclusão também foi vetada.

A alínea vetada tinha os seguintes dizeres:

“i) a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo

condenado,

quando julgar necessário.” 86

O inciso V, do artigo 66 da LEP discorre sobre a competência que tem o

juiz da execução penal para determinar ou não, alguns atos durante o cumprimento

da pena pelo condenado. Neste sentido, o legislador tinha como pretensão dar ao

85 BRASIL, Mensagem nº 310 de 15 de junho de 2010. Altera a Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal). Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jun. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Msg/VEP-310-10.htm. Acesso em: 12 abr. 2013.

86 BRASIL, Mensagem nº 310 de 15 de junho de 2010. Altera a Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal). Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jun. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Msg/VEP-310-10.htm. Acesso em: 12 abr. 2013.

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juiz da execução da pena a possibilidade de dele determinar de forma genérica, a

utilização do sistema de monitoramento eletrônico, sendo este ato feito, quando o

juiz julgasse necessário.

Sobre o assunto, Sandro de Oliveira Sousa possui um entendimento que

este veto feito ao artigo 2º é incoerente em relação ao poder que tem o juiz da

execução da pena, assim segue:

Nessa ordem de idéias, parece incoerente não conceder ao juiz o poder para aplicar a moderna medida em casos que achar convenientes, como os que citamos alhures a título de exemplo.Se o juiz detém os poderes arrolados no artigo supra, porque não pode, então, o magistrado da execução decidir sobre o uso do monitoramento eletrônico quando achar conveniente? É de se convir que isso retira do juiz da execução a liberdade de julgar a situação conforme sua mais íntima convicção. 87

O veto em relação a alínea i, do inciso V, do artigo 66 da LEP feito pela

Presidência da República tem como fundamento o aumento de gastos adicionais.

A Lei nº 12.258/2010 (Lei do Monitoramento Eletrônico) também pretendia

fazer a alteração do artigo 115 da LEP, sendo que esta alteração também foi vetada.

Assim discorria o referido artigo:

“Art. 115. O juiz poderá estabelecer condições especiais para concessão

do regime aberto, entre as quais a monitoração eletrônica do condenado, sem

prejuízo das seguintes condições gerais e obrigatórias.” 88

O legislador pretendia implantar a monitoração eletrônica do condenado

também no regime aberto. Através deste veto presidencial é possível entender que

o monitoramento eletrônico não é possível no cumprimento da pena em regime

aberto, porém com este veto essa possibilidade não foi possível.

Através da Lei em estudo foi incorporado um parágrafo único no artigo

122 da Lei de Execução Penal, possuindo o seguinte texto:

“Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização

de equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim

87 SOUSA, Sandro de Oliveira. Tornozeleira eletrônica: considerações sobre a Lei nº 12.258/10. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/18285/tornozeleira-eletronica consideracoes-sobre-a-lei-no-12-258-10. Acesso em: 09 mai. 2013.

88 BRASIL, Mensagem nº 310 de 15 de junho de 2010. Altera a Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal). Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jun. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Msg/VEP-310-10.htm. Acesso em: 12 abr. 2013.

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determinar o juiz da execução.” 89

A saída temporária prevista no artigo 122 da LEP é possível de ser

aplicada ao condenado que está cumprindo pena no regime semiaberto e esta é a

primeira situação legal que discorre sobre a permissão de utilizar o sistema de

monitoramento eletrônico. O apenado precisa de alguns requisitos para que a saída

temporária seja autorizada.

Em seu texto Luiz Flávio Gomes assevera sobre o monitoramento

eletrônico no regime semiaberto, assim:

Essa é a primeira situação legal de permissão para o monitoramento eletrônico. Já vimos que isso não será possível (em razão dos vetos presidenciais) no regime aberto nem como reforço dos muros prisionais. São muitas as possibilidades de saída temporária (visita à família, frequência a cursos etc.). Se o juiz determinar, o beneficiado com a saída temporária terá que se submeter ao monitoramento eletrônico. O juiz, claro, deverá se orientar pelo princípio da proporcionalidade (idoneidade da medida, necessidade da medida e proporcionalidade entre custos e benefícios) e fundamentar a sua decisão (nesse ponto também). O controle eletrônico do condenado beneficiado com a saída temporária vem sendo elogiado porque de 12% a 20% das fugas (no sistema prisional brasileiro), consoante declaração do Ministro da Justiça, acontecem nessa situação (de saída temporária). 90

A Lei nº 12.258/2010 (Lei do Monitoramento Eletrônico) também alterou o

artigo 124 da Lei de Execução Penal, onde passou a ter a seguinte redação:

Art. 124. [...]§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado: I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício;II - recolhimento à residência visitada, no período noturno;III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.§ 2o Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o

89 BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

90 GOMES, Luiz Flávio. Lei nº 12.258/2010: Monitoramento Eletrônico. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/15113/lei-no-12-258-2010-monitoramento-eletronico. Acesso em: 09 mai. 2013.

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cumprimento das atividades discentes.§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra. 91

Luiz Flávio Gomes expõe seus comentários em face do artigo supracitado

inserido pela nova lei:

A lei nova faculta, com o escopo de ter mais controle do condenado, imposição de várias condições. Dentre todas, a que nos importa sublinhar neste momento é a do monitoramento eletrônico. Antes isso não era possível, por falta de legalidade (por não haver previsão legal). Agora é possível (desde que haja estrutura material e decisão do juiz). 92

O artigo 132 da LEP, em seu parágrafo 2º, alínea “d”, inicialmente seria

acrescentado, porem foi vetado. A referida alínea discorria sobre a possibilidade de

ser utilizado o monitoramento eletrônico de presos no livramento condicional.

Sandro de Oliveira Souza não concorda com o referido veto e tem seu

entendimento de que “essa foi outra atitude contraproducente do Presidente da

República, pois o livramento condicional poderia ser concedido a mais presos do

que o é hoje, dada a eficácia do sistema de localização do condenado, o que

desafogaria sobremaneira o sistema prisional brasileiro.” 93

A Lei nº 12.258/2010 (Lei do Monitoramento Eletrônico) também incluiu na

Lei de Execução Penal o artigo 146-C, sendo que este artigo descreve os deveres

que o condenado tem quando utiliza o sistema de monitoramento eletrônico. Assim

dispõe o artigo:

Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o equipamento eletrônico e dos seguintes deveres: I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações;II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer

91 BRASIL, Mensagem nº 310 de 15 de junho de 2010. Altera a Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal). Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jun. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Msg/VEP-310-10.htm. Acesso em: 12 abr. 2013.

92 GOMES, Luiz Flávio. Monitoramento Eletrônico. Disponível em: http:// www.lfg.com.br - 21 de junho de 2010. Acesso em: 21 jun. 2010. p. 4.

93 SOUSA, Sandro de Oliveira. Tornozeleira eletrônica: considerações sobre a Lei nº 12.258/10. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/18285/tornozeleira-eletronica consideracoes-sobre-a-lei-no-12-258-10. Acesso em: 09 mai. 2013.

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forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça;III - (VETADO);Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa:I - a regressão do regime;II - a revogação da autorização de saída temporária;III - (VETADO);IV - (VETADO);V - (VETADO);VI - a revogação da prisão domiciliar;VII - advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz da execução decida não aplicar alguma das medidas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo. 94

Sandro de Oliveira Souza fala sobre este artigo que foi inserido na LEP:

O art. 146-C da LEP, incluído pela nova lei, dispõe sobre os cuidados e as obrigações do apenado com o mecanismo de monitoração. Foi vetado, nesse artigo, o inciso que previa que o apenado deveria avisar à entidade responsável pela monitoração eletrônica sobre eventuais falhas no equipamento. Veto acertado, pois somente a empresa responsável poderia detectar tais falhas, na medida da ocorrência de oscilação ou interrupção do sinal emitido via satélite. Caminhando pela análise da lei, mais uma vez o contrasenso se instala quando o parágrafo único do art. 146-C prevê que o juiz decidirá sobre a revogação dos benefícios concedidos se o apenado violar os deveres a ele impostos em virtude da aplicação da monitoração eletrônica. Pergunta-se: se o juiz pode decidir pela perda ou não de direitos no correr da execução, tendo como objeto a monitoração eletrônica, porque não pode o mesmo julgador ter poderes para conceder outras benesses relativas à vigilância indireta que o sistema propõe? 95

Ainda a lei do monitoramento eletrônico de presos inseriu na LEP o artigo

146-D, sendo que neste artigo está disposto quando o monitoramento eletrônico

poderá ser revogado:

Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revogada: I - quando se tornar desnecessária ou inadequada;II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta grave. 96

94 BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

95 SOUSA, Sandro de Oliveira. Tornozeleira eletrônica: considerações sobre a Lei nº 12.258/10. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/18285/tornozeleira-eletronica consideracoes-sobre-a-lei-no-12-258-10. Acesso em: 09 mai. 2013.

96 BRASIL, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

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65

A Lei nº 12.258/2010 (Lei do Monitoramento Eletrônico) trás em seu artigo

3º a seguinte redação:

“Art. 3º O Poder Executivo regulamentará a implementação da

monitoração eletrônica.” 97

Neste sentido, o sistema de monitoramento eletrônico de presos precisa

de um detalhamento, porém não há nenhum impedimento para que o juiz determine

ou não a utilização do mecanismo de monitoração eletrônica. Sobre o tema discorre

Luiz Flávio Gomes:

Por força do art. 3º em destaque a implementação do monitoramento eletrônico depende de regulamentação (de detalhamento). Não se trata, no entanto, de norma inflexível, insuperável. Ou seja: caso o juiz queira determinar o monitoramento eletrônico prontamente, não há impedimento. Claro que o juiz depende de condições materiais para isso. Ocorre que vários Estados já faziam a experiência do monitoramento eletrônico. O que foi disciplinado pelo legislador é o quanto basta para se admitir que existe um estatuto jurídico (corpus iuris) para o monitoramento eletrônico. A falta de definição da tecnologia a ser empregada (por ondas de rádio ou por GPS ou outro sistema mais moderno ainda) não pode constituir obstáculo à aplicação da lei. Só deve o juiz tomar a cautela de fazer executar um sistema que não seja ofensivo à dignidade humana (nesse sentido: Flávia A. Feitosa Coelho). O controle do monitoramento ficará por conta do sistema penitenciário do Estado, a quem caberá também providenciar a busca e o recolhimento do condenado ou acusado quando haja motivo legal para isso (rompimento doloso do aparelho de monitoramento, por exemplo). 98

E ainda segue:

Não vemos impedimento algum para a participação da iniciativa privada nessa tarefa. Aliás, se o poder público não conta com recursos próprios, tem mesmo que se valer da iniciativa privada para suprir suas carências.Não se pode afirmar, de acordo com nosso ponto de vista, que o instituto do monitoramento eletrônico tenha o mesmo regime jurídico das normas penais em branco. Quanto às normas penais, sem o complemento não se sabe (exatamente) o que está proibido. No que diz respeito ao monitoramento eletrônico, o essencial foi disciplinado na lei. Daí a possibilidade de sua aplicação imediata, desde que retrate a humanização do cumprimento da

97 BRASIL, Lei nº 12.258, de 15 de junho de 2010. Altera a Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal). Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jun. 2010.. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ato2007/2010/2010/lei/l12258.htm. Acesso em: 18 mai. 2013.

98 GOMES, Luiz Flávio. Monitoramento Eletrônico. Disponível em: http:// www.lfg.com.br - 21 de junho de 2010. Acesso em: 21 jun. 2010. p. 6.

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pena. 99

Deste modo, é possível verificar que a Lei nº 12.258/2010 (Lei do

Monitoramento Eletrônico) veio para dar ao Estado uma fiscalização mais ampla

sobre os condenados e junto com esta possibilidade, a referida lei também trouxe

muitas criticas e vários conflitos, porém proporcionou ao direito penal brasileiro um

grande avanço em tecnologia, sendo na fase da execução da pena e também de

modo cautelar a prisão.

Nas considerações finais será visto se a hipótese básica elencada na

introdução foi considerada correta e também uma abordagem geral sobre o tema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

99 GOMES, Luiz Flávio. Monitoramento Eletrônico. Disponível em: http:// www.lfg.com.br - 21 de junho de 2010. Acesso em: 21 jun. 2010. p. 6-7.

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O presente trabalho visa a inserção do sistema do monitoramento

eletrônico de presos no Brasil, uma vez que a crise no sistema penitenciário nacional

só aumenta. Desta forma o sistema de monitoramento eletrônico possibilitaria uma

nova forma de cumprimento de pena, gerando menos gastos para o Estado em

relação ao cumprimento da pena dentro de um estabelecimento penal.

Como pode ser visto, os direitos dos presos que são assegurados pela

Lei de Execução Penal não são cumpridos na sua totalidade, deixando muito a

desejar no que tange o cumprimento da pena de forma individual, a ressocialização

do preso, o estudo, a alimentação, a saúde, etc.

Após verificar e comprovar o funcionamento do monitoramento eletrônico

de presos em outros países, o Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva,

sancionou a Lei 12.258/2010 (Lei do Monitoramento Eletrônico), para estabelecer

normas gerais sobre o instituto do monitoramento eletrônico de presos, uma vez que

vários estados brasileiros possuíam legislação própria para dirimir sobre o tema.

Desta forma é possível comprovar a hipótese básica levantada na

introdução, pois este sistema de monitoramento foi inserido no ordenamento jurídico

brasileiro através da Lei 12.258/2010 (Lei do Monitoramento Eletrônico) que inseriu

o artigo 146-B na Lei de Execução Penal. Este instituto também está previsto no

artigo 319, IX do Código de Processo Penal, pois a Lei 12.403/2011 alterou o

referido artigo, sendo neste caso o sistema de monitoramento eletrônico aplicado de

forma cautelar.

O monitoramento eletrônico de presos no Brasil é uma realidade e é

aplicado nas saídas temporárias no regime semiaberto, na prisão domiciliar e

também de forma cautelar a prisão, ou seja, quando o preso ainda não é

condenado.

Com o monitoramento eletrônico de presos será mais fácil ressocializar o

preso, pois o mesmo cumprirá sua pena, quando a lei permitir, em convívio com a

sociedade e não será esquecido dentro de uma penitenciária por muitos anos. Com

a aplicação deste instituto o preso poderá ter um emprego, onde irá ocupar sua

mente com o trabalho e não com planejamento de novos crimes, pois é isto que

ocorre com o preso que está dentro de um presídio no Brasil.

Através deste trabalho foi possível verificar que o sistema de

monitoramento eletrônico de presos é a solução mais adequada para garantir os

direitos do preso estabelecidos na Lei de Execução Penal. Este sistema possibilita

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ao Estado um melhor controle da pena, uma vez que esta será cumprida de forma

individual, conforme prevê a LEP.

Após realizar vários estudos sobre o instituto do monitoramento eletrônico

é possível afirmar que o mesmo seria uma alternativa para desafogar as cadeias do

país de forma segura para o Estado, pois o mesmo teria um melhor controle sobre

os condenados que estivessem usando o sistema de monitoração eletrônica.

Pode-se verificar que a Lei 12.258/2010 (Lei do Monitoramento

Eletrônico), prevê a utilização do sistema de monitoramento eletrônico de presos

para dar um melhor cumprimento à execução penal, desta forma dando ao Estado

um maior controle sobre os presos. Entendo que é muito importante o estudo sobre

este instituto, pois o mesmo propicia uma nova forma de cumprimento da pena na

fase da execução penal, bom como de forma cautelar, contando com o suporte de

uma tecnologia.

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

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AVAAZ. Proibição do Direito a Saída Temporária de Detentos. Disponível em: http://www.avaaz.org/po/petition/Proibicao_do_direito_a_saida_temporaria _de_detentos/. Acesso em: 20 abr. 2013.

BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: introdução à sociologia do direito penal. Tradução Juarez Cirino dos Santos. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal : parte geral. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 1. p. 102.

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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas-corpus nº 68121. Estado de São Paulo. Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo. Rel: ALDIR PASSARINHO. p. 64.

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Page 71: Tc Monitoramento Eletronico 2013.1

70

Distrito Federal. Rel. Min. Anselmo Santiago – DJ 04/05/98. p. 285.

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