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Boletim Informativo da presença Salesiana na Amazônia - Inspetoria São Domingos Sávio.

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Antônio de Assis Ribeiro (Pe. Bira), sdbDelegado para a Animação Pastoral

Manaus, 28 de Fevereiro de 2015

Iniciamos o ano das celebrações do Centenário da Presença Salesiana na Amazônia. O Tapiri continua sendo um importante instrumento que, esponta-neamente, vai documentando pouco a pouco a significativa história da presença salesiana na Amazônia.

Na verdade, não se trata somente de registar fatos, mas também de colher a sensibilidade pedagógico-pastoral sale-siana presente na Amazônia. É por isso que em cada edição temos sempre algu-mas reflexões pastorais.

Nesta edição continuamos as refle-xões sobre o Capítulo Geral 27. O Pe. João Mendonça aprofunda o tema “místicos no espírito”. Esse é um dos núcleos temá-ticos refletidos no CG 27. Para o Salesiano de Dom Bosco, a mística é fonte de ardor pastoral, capacita-o para a vivência da fraternidade, fortalece o senso de comu-nhão eclesial e o anima a viver com ale-gria servindo com autenticidade à missão.

Nos últimos anos a questão do tema Família Salesiana (FS) tem sido mui-to refletida em diversos níveis. Por isso, escrevo com o intuito de estimular e refletir sobre a Consulta da Família Sa-lesiana. Trata-se de um importantíssimo instrumento de animação do Carisma

EDITORIALEstimados(as) amigos(as), irmãos e irmãs

Salesiano entre os grupos. Não podemos esquecê-la. Considerar essa referência é muito importante para evitarmos “atitu-des paternalistas” ou de “comandante dos demais grupos”. Dessa forma evitamos assumir uma postura personalista e “au-torreferencial”.

A superação do preconceito contra os povos indígenas é fruto da ignorância. A ignorância gera uma concepção que, por sua vez, promove um determinado tipo de relação com os outros. O Pe. Justino Rezende, indígena Tuyuka, nos propõe uma reflexão que nos estimula a ir além, a saber valorizar e acolher a beleza dos sa-beres tradicionais indígenas.

Enfim, o Pe. José Benedito Araújo, partilha conosco uma importante expe-riência pastoral: a valorização da Palavra de Deus como fonte fundamental que deve permear todas as nossas iniciati-vas pastorais.

Na sessão “Aconteceu” apresen-tamos um breve resumo de diversos eventos deste primeiro bimestre no ano. Agradecemos aos leitores por di-versas manifestações enviadas de apre-ço ao Tapiri. A partir da próxima edição começaremos a publicar algumas des-sas opiniões. Boa leitura!

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Místicos no Espírito Pg. 04A Consulta da Família Salesiana Pg. 11Ciências e Saberes Tradicionais Pg. 14Experiência Pastoral: Apostando na Força da Luz da Palavra em Nova Sementeira Pg. 22Aconteceu Pg. 24

TAPIRI é uma publicação bi-mestral e gratuita da Inspetoria São Domingos Sávio, iniciada em janeiro de 1989, dirigida aos Sale-sianos de Dom Bosco, membros da Família Salesiana e aos colabo-radores leigos e educadores; tem como objetivo ser um instrumen-to de reflexão sobre temas diver-sos alinhados à ação pastoral do carisma salesiano.

O TAPIRI reserva-se o direi-to de condensar/editar as maté-rias enviadas como colaboração. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do ins-trumento pastoral, sendo de total responsabilidade de seus autores.

Inspetor: Pe. Francisco Alves de Lima

Organização: CIP

Coordenador: Pe. Antônio de Assis Ribeiro

Equipe de articulação: Eduardo Lacerda, José Luis

(Zeca) e Animadores de Pastoral

Projeto Gráfico: Eduardo Lacerda

Revisão: Josely Moura

Distribuição: José luis (Zeca)

Articulistas: Convidados

Capa: Ilustração sobre a vida de Dom Bosco

Manaus - Am - Brasil

SUMÁRIO

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Pe. João Mendonça, sdbDiretor do Colégio do Carmo

MÍSTICOS NO ESPÍRITO

Convidado para escrever para e com os irmãos, sobre este tema da mística salesiana, encontrei-me com a expressão estimulante: “mís-ticos no Espírito” (n. 32). Um dos nú-cleos temáticos do CG 27. Ser místi-co, no entanto, não se reduz apenas à espiritualidade cristã e católica.

A busca do Outro – transcendente – extrapola nossas crenças, religiões e tradições. O místico desenvolve uma intensa relação com o sagrado. Torna-se envolvido, imerso e absorvido pela experiência do ser amado que chega até a configurar-se a ele.

1. ENTENDAMOS O qUE é MÍSTICA

Há místicos em outras crenças e também em ambientes não cristãos. Místico é uma qualidade que se de-senvolve ao longo da vida de uma pessoa e, para nós cristãos, no conta-to com a chama preciosa que aque-ce o coração (Lc 24, 32). No entanto, para nós religiosos salesianos, imer-sos na sociedade líquida onde tudo passa velozmente e quase nada nos toca à carne ou não deixamos que nos toque, mergulhar na mística é

um desafio que pode esgotar nossas capacidades ou se tornar um chavão que se desfaz com o tempo.

Num Instituto Religioso total-mente dedicado à missão, cujo contato com os jovens e o povo em geral é cotidiano, podemos fa-cilmente nos desculpar de que não temos tempo para a experiência mística. Atenção: mística não signi-fica apenas oração contemplativa. A tentação é pensar que a mística está ligada diretamente à vida monásti-ca, mas não é bem assim.

Então, como definir a mística sa-lesiana? Garimpando no CG 27 en-contrei expressões que nos dão pis-tas para entender o significado do ser místico salesiano: - enraizar no mistério da Encanação (n. 33), - gas-tar-se pelos jovens (n. 33), - encontro com Deus (n. 34), - fraternidade (n. 40), missão (n. 43), comunhão (n. 45), - eucaristia e reconciliação (n.65), - oração com a Palavra de Deus (n. 65), - testemunho dos conselhos evangé-licos (n. 66), - alegria e autenticida-de (n. 67), - harmonia entre oração e trabalho (n. 67), - deixar-se guiar (n. 67), - saber partilhar (n. 67), - graça da unidade (pg. 20), - buscadores de Deus (n. 32).

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2. A LIqUIDEz DA ExISTêNCIA

Estas expressões podem dizer tudo sobre mística ou nada; apenas um monte de pensamentos que po-dem aumentar nosso linguajar es-piritual, mas que nada representam quanto à vida cotidiana. Estamos cheios de chavões que se desfazem como água no cotidiano. O mal estar da liquidez pós-moderna que afeta a vida religiosa nos joga para dentro do niilismo e de uma vida sem sentido1.

A verdadeira experiência mística, ao contrário, nos leva à essência de nossas vidas porque é animada pelo Espírito, o mesmo que pairava sobre as águas desde o início dos tempos e levou Jesus ao deserto (Gn 1,1; Mc 1,12). Contudo, a necessidade de re-alizar o encontro com Deus brota da sede que temos da verdade, sentido e prazer2. O paradoxo desta busca de

1 BAUMAN, Zygmunt, O mal estar da socie-dade, tradução Mauro Gama, Claúdia Mar-tinelli Gama, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

2 TERESA DE ÁVILA, Livro da Vida, In Escri-tos de Santa Teresa de Ávila, São Paulo: Loyola, 2001, p. 125-127.

saciar a sede é que o encontro com a verdade pode nos fazer sofrer, como bem dizia a grande mística e doutora da Igreja Santa Tereza de Ávila,

Depois ele nos traz um tor-mento que não podemos criar por nós mesmos, nem, quando acontece, evitar. A dor que eu então sentia em nada se parece com o to-mento de que falo agora, dis-tinguindo-se como se distin-gue uma coisa muito corporal de uma muito espiritual, e creio que não exagero. De fato, o primeiro sofrimento é sentido pela alma, mas esta está acompanhada do corpo e parece que os dois o divi-dem, não havendo o extre-mo desamparo de que agora falo. O segundo sofrimento, como eu disse, não tem a nossa participação; muitas vezes, vem de repente um de-sejo cuja origem não se sabe, desejo que penetra a alma por completo até fatigá-la. Deus a deixa isolada de to-das as coisas que, por mais que a alma trabalhe, pare-ce-lhe que não há na terra que a acompanhe, desejando

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apenas morrer. Outras vezes a alma sente grande neces-sidade de Deus, sem consolo do céu e da terra3.

Constatamos assim, que a expe-riência mística é dolorosa, não que seja uma dor física que um medica-mento pode curar, mas é a dor na alma como relata a própria Santa depois de suas experiências fortes de encontro com Deus e, ainda mais recente, Madre Tereza de Calcutá, quando revela ao arcebispo Périer:

Quero dizer-lhe uma coisa, mas não sei como expressá-la. Anseio, com uma ânsia doloro-sa, ser inteiramente para Deus, ser santa de tal maneira que Jesus possa viver plenamente a Sua vida em mim. Quan-to mais O quero, menos sou querida. Quero amá-lo como Ele nunca foi amado, porém, existe esta separação, este va-zio terrível, este sentimento de ausência de Deus. Há mais de quatro anos que não encon-tro auxílio na direção espiritu-al. Dentro de mim tudo é frio como gelo. Não rezo mais. Ele está destruindo tudo em mim4.

É a dor da ausência presença de Deus que nos faz passar pela aridez e sede para compreender na pró-

3 Ibid., p. 128s4 KOLODIEJCHUK, Brian, Madre Teresa ve-

nha, seja minha luz, a história e os escritos mais impressionantes da “Santa de Calcu-tá”. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2008, p. 172.173.178.

pria carne o sentido da dor do irmão que sofre. Isto também é mística. A mística abre as chagas interiores mais profundas, põe em evidência nossas fraquezas, pecados, lutas psicológi-cas e virtudes, que até podemos dis-farçar no contato com os outros, mas não podemos enganar o que somos de fato no fundo do poço de nosso deserto existencial. A mística é um processo de purificação e humilda-de – purgatório – como bem ensinou Santa Catarina de Genova:

É importante observar que, na sua experiência mística, Catarina jamais tem revelações específicas sobre o purgatório ou sobre as almas que ali estão a purificar-se. Todavia, nos escritos inspirados pela nossa santa, é um elemento central, e o modo de o descrever tem características originais em relação à sua época. O primeiro traço original diz respeito ao «lugar» da purificação das almas. No seu tempo, ele era representado principalmente com o recurso a imagens ligadas ao espaço: pensava-se num certo espaço, onde se encontraria o purgatório. Em Catarina, ao contrário, o purgatório não é apresentado como um elemento da paisagem das vísceras da terra: é um fogo não exterior, mas interior. Este é o purgatório, um fogo interior. A santa fala do caminho de purificação da alma, rumo à plena comunhão com Deus, a partir da própria experiência

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de profunda dor pelos pecados cometidos, em relação ao amor infinito de Deus5.

A mística passa por esta fase purgativa. Assim interpreto o CG 27 quando aponta para a “mística da fraternidade” (n. 40) como um teste-munho de vida na cultura do encon-tro-desencontro que nos purifica do egoísmo, do individualismo e da indi-ferença. Esta mística nos purifica de fato. É o nosso purgatório cotidiano. A vida fraterna em comunidade não se reduz a reunir algumas pessoas debaixo de um mesmo teto, mas à construção de laços afetivos, ami-zade, respeito, partilha, confiança. E tudo isto, requer purificação de si mesmo, ou seja, mística, humildade6.

3. ENCONTRAR A DEUS NOS JOvENS

Neste sentido, não obstante a escolha do CG 27 pela sugestiva imagem da sarça ardente como o lugar do encontro nosso com os jovens (n. 52), pessoalmente me aproprio de outro ícone para mim mais expressivo, o encontro de Jesus com a Samaritana (Jo 4, 1-38). Trata-se da imagem mais eloquente da mística salesiana. Nós, salesianos, temos um poço

5 Bento XVI, Catequese sobre as santas mulheres do cristianismo 12/01/2011. www.vatican.va/ acesso: 21/10/2014.

6 TERESA DE ÁVILA, Livro da Vida, In Escri-tos de Santa Teresa de Ávila, Op. Cit., p. 71.

onde vamos encontrar água, é o cenário juvenil. Um cenário bas-tante complexo. Há jovens que esporadicamente vivem a expe-riência cristã; outros são absorvi-dos pela prática e vivência da fé nas comunidades; muitos estão distantes da experiência de Deus, são indiferentes7.

Os jovens, portanto, imersos nes-te cenário, são o poço profundo onde brota a água viva – Deus – que sacia nossa sede. No entanto, esta água não está nos limites do poço, mas na profundidade daquele que salta dos rostos dos jovens e dialoga conosco no pátio: Jesus de Nazaré. Nele e com ele, encarnado nos jovens, fazemos a ex-periência da cultura do encontro, como dizia Dom Bosco: “Entre vocês me sin-to bem”. Aí está a verdadeira água que sacia nossas buscas, por isto, somos os “buscadores de Deus” (CG 27 32 e Car-ta do Padre Artemi, ACS 418).

Nossa mística está transparen-te neste ícone porque não nos fecha numa experiência religiosa individual e líquida, mas abre o vasto horizonte da comunidade. É a comunidade que sai às “periferias existênciais” dos jovens para estar com eles nos “novos pátios” (CG 23, 95; Const. Salesianas, 25; CG 27, 62) da comunicação, informação e da vida cotidiana. É neste cenário que a sentença do teólogo Rahner se torna desafiadora: “O cristão do século XX ou será um místico ou não será nada”.

7 DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVE-NIL SALESIANA, Quadro de referência, 3ª. Ed., Brasília: São Judas, 2014, p. 34.

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Parafraseando, eu digo: o salesiano de hoje e de amanhã ou será místico ou não terá visibilidade, credibilidade e fecundidade vocacional (CG 27, 98); ou buscará a Deus – água viva – nos jovens (CG 27, 54) ou morrerá de sede no deserto da infertilidade.

4. O PÁTIO MÍSTICO DO SALESIANO

Neste sentido, o pátio salesiano, o deserto teológico do encontro, onde está o poço, deve ser o “habitat” natu-ral do salesiano místico. E, este pátio, se caracteriza pela interface dos jogos de interesses juvenis que passam pelas novas tecnologias e redes sociais e se transformam em ambientes e centros de interesses e de ganchos evangeliza-dores, sem esquecer o encontro pes-soal, a saída do TU ao NÓS (CG 27, 59), onde se “habilita os jovens a desco-brirem a profundidade da própria ex-periência até perceberem o seu apelo religioso, a plena comunhão com Jesus Cristo pessoa central na relação a partir da qual se organiza a vida: atitudes, op-ções, ações, comportamentos8”.

8 Ibid., p. 56.

Assim, compreendemos por-que Dom Bosco lutou bravamente para manter a primeira geração de salesianos no pátio. Ele sabia que os salesianos não seriam místicos se sucumbissem no deserto de uma vida distante do poço e fe-chada em assuntos burocráticos. No entanto, é importante enten-der que o pátio da mística salesia-na é um ambiente aberto, acolhe-dor e proativo9. Aqui está nosso limite. Às vezes, nossos pátios se reduzem a ambientes cheios de normas, proibições e preconceitos castradores da genialidade juve-nil. É proibido namorar, é proibido entrar com tatuagens, é proibida a música popular, é proibido entrar os jovens vitimados pelas drogas, é proibido entrar os indisciplina-dos, é proibido entrar os que não rezam e não vão à capela, é proi-bido entrar quem não reza a carti-lha do salesiano.

Este pátio de proibições e mora-lista não forma a cultura do encontro, mas do desencontro. Trata-se de uma distância mental do cenário juvenil

9 Ibid., p. 127.

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que muito nos prejudica (CG 27, 24). E temos que ir mais além. O pátio sa-lesiano não se reduz a um ambiente geográfico, mas é uma maneira de estar com os jovens; é um ambiente acolhedor e rico de propostas10.

Por conseguinte, nossas comu-nidades religiosas devem ser pá-tios de experiência mística, assim como nossa oração cotidiana. O estar juntos – “mística da fraternida-de” – começa na vivência entre nós e se estende a todos os ambientes, senão estaremos falseando nossa missão e a experiência do encontro, seja diante da sarça ardente seja do poço, e ficará aquém da verdadeira experiência de Deus.

O pátio de Valdocco era uma casa aberta e o encontro com Dom Bosco marcava os jovens e estes ficavam atraídos pelo educador a ponto de muitos dizerem: onde estava Dom Bos-co ali estava o oratório. Basta ler atentamente as crônicas do Ora-tório para perceber que ali não se concentravam apenas jovens bonzinhos e santos. Alguns deram muito trabalho a Dom Bosco, até decepções, basta analisar alguns sonhos com elefante, serpente, tigre, cães ferozes, etc., que re-velam arquétipos de um clima de tensão existente no Oratório, mas ele não lhes fechou as portas; ao contrário, investiu em propostas ousadas para acolhê-los e acom-

10 Ibid., p. 131.

panhá-los; por exemplo, as Com-panhias, grupos associativos que dinamizavam a vida em Valdoc-co e inseriam seus membros em projetos grandes de missão, can-to, apostolado, serviço litúrgico e discernimento vocacional. Hoje não podemos agir diferentemen-te. Proporcionar o ambiente de família e a experiência de grupo é fundamental para nossa ação educativa11 no contexto do Orató-rio-centro juvenil12.

Constatamos, porém, que nos-sos pátios, às vezes, são frios e enjaulados em nossos preconceitos e intolerâncias. O desafio, então, é criar o pátio místico salesiano, a al-deia aberta, proativa, alegre, cheia de possibilidades, preventiva, cria-tiva, marcada pela experiência de Deus, sobretudo com a presença do místico salesiano que escuta, vê, contempla e toca no jovem (1 Jo 1,1ss; CG 27, 18) e, desde ali, anun-cia a presença do Verbo presente no poço que está à nossa espera no deserto das periferias da existência humana13.

5. DEIxAR-SE TOCAR

Papa Francisco disse aos jovens no Rio de Janeiro durante a Via-Sa-cra que ninguém passa pela cruz

11 Ibid., p. 149.12 Ibid., p. 182.13 Atos do Conselho Superior 418, p. 84; DICAS-

TÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL SALE-SIANA, Quadro de referência, 3ª. Ed., p. 186.

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sem ser tocado por ela. Acredito que nenhum de nós salesiano pode passar pelo jovem sem ser tocado por ele, marcado por sua presença, cativado por sua jovialidade; assim, nenhum jovem passa por nós sem receber uma palavra, um gesto, um sorriso, um abraço. Isto é mística de quem busca a Deus em espírito e verdade (Jo 4, 23s).

Assim, o Espírito sopra e nos leva com ele ao profundo das an-gústias e esperanças, alegrias e tristezas dos jovens e não nos dei-xa à margem do caminho cegos e enrolados em nossas seguranças (Mc 10, 46-52), muito menos em cima da árvore escondido entre os galhos e folhas com medo de en-contrar o outro que passa pelo pá-tio (Lc 19, 1-10). Mas, com certeza, teremos que abrir nossas mentes para acolhê-los na madrugada fria

dos medos e desilusões, sempre em busca de respostas e significa-do (Jo 3, 1-15).

PARA REFLETIR1. Sou um religioso que busco o

poço para beber da água viva ou habito no deserto da in-fertilidade?

2. Colaboro com minha frater-nidade para ser expressão da mística salesiana ou fico na tenda com medo de enfrentar o sol e a caminhada até o poço para encontrar os jovens?

3. Nossa comunidade vive a mística da fraternidade como testemunho de acolhida, res-peito e solidariedade?

4. Somos tocados pelos jovens na vivência cotidiana ou esta-mos alheios a seus interesses?

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Pe. Antônio de Assis Ribeiro, sdbVice-Inspetor

A CONSULTA DA FAMÍLIA SALESIANA

1. O qUE é A CONSULTA?

É um instrumento (pessoas) de animação dos grupos da Família Sa-lesiana previsto no artigo 37 da Carta de Comunhão da Família Salesiana (Roma, edição de 1998) e no artigo 31 na edição de 2003. Ela é composta por representantes e ou dirigentes dos grupos que compõem a Família Salesiana presentes em um determi-nado território. Esse grupo animador deve ser formado em todos os níveis de animação: mundial, nacional, ins-petorial e local (áreas).

2. JUSTIFICATIvA DA ExISTêNCIA DA CONSULTA DA FAMÍLIA SALESIANA:

Graças a Deus a Família Sa-lesiana continua em expan-são inspirada pelo carisma de Dom Bosco. Surge daí o desafio do conhecimento, da comunhão carismática e ação apostólica unitária entre os mais variados grupos da grande família;

Cada grupo nasce com uma originalidade e especificida-

de de ação dentro da Igreja e da sociedade. Esta particula-ridade é um fator de riqueza, mas deve ter afinidade com os demais irmãos (carisma: ser, pensar, sentir, agir);

Não basta investimentos em literatura (Carta de Comu-nhão e Carta da Missão), é necessário a criação de es-truturas organizativas flexí-veis, de diversos níveis, que facilitem a promoção da co-munhão na grande família, partilha de bens e experiên-cia fraterna e apostólica. Dis-so vai depender a “pertença à família salesiana”;

O espírito que une os grupos é certamente o fato de todos participarem da alegria de serem sinais portadores do amor de Deus à juventude e, sobretudo, aos mais fragi-lizados. Essa ação apostólica deve ser uma concreta atua-lização do sonho de Dom Bosco. Isso pressupõe discer-nimento conjunto, ações or-ganizadas... para que a ação concreta seja carismatica-

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mente legitimada (possibili-dade de desvio);

Muitas podem ser as ações concretas da Consulta para a consecução do seu objeti-vo de animação do Carisma Salesiano, tais como: en-contros de estudos, partilha de reflexões, experiência de oração, festas, partilha de ex-periências apostólicas, busca de respostas conjuntas aos desafios atuais, consolo nos momentos difíceis.

“A Família Salesiana è um dom dado a todos nós. Um dom a ser cultivado, valorizado e incrementa-do. É preciso um empenho de co-nhecimento, formação e atuação concreta de iniciativas inspiradas pe-los seus dois grandes documentos, a “Carta de Comunhão” e a “Carta da Missão”. A consulta é importante para darmos “um passo avante” em todos os contextos e em todos os lugares da nossa vida salesiana”.

Don Bregolin

Vigário do Reitor Mor – 2004.

3. OBJETIvOS DA CONSULTA:

Zelar pela animação do Ca-risma Salesiano onde atua-mos (dom de Deus);

Promover o sentido de per-tença à Família Salesiana (fraternidade);

Estimular e reforçar a missão salesiana nos vários contex-tos (Igreja e sociedade);

Difundir carisma e o conhe-cimento da Família Salesiana (proposta);

Buscar unidade e visibilidade em relação aos desafios da missão comum e problemas sociais (missão).

4. COMPROMISSOS CONCRETOS:

A nivel formativo: 1. Estudar Dom Bosco fundador

para crescer no seu conheci-mento, entender seu sonho, assumir seu projeto de vida e critérios de ações pastorais;

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2. Conhecer positivas expe-riências de ações pastorais como Família Salesiana – a partir da experiência da vida de cada grupo;

3. Aumentar o conhecimento concreto dos grupos entre si e valorizar sua identidade específica;

4. Fazer concretas experiências pastorais de ação conjunta, com plano de ação, avaliações e senso de formação – me-diante um PEPS (Projeto Edu-cativo Pastoral Salesiano) que envolva toda a FS (presente em um território) na promoção da missão comum, mas respei-tando a autonomia e promo-vendo a complementaridade;

5. Estimular os salesianos (SDBs) a sentirem-se parte integran-te da Família e não superiores a ela, de modo que se pro-mova o sentido de pertença e se desenvolva a visão da reci-procidade e não de hierarquia.

A nível pastoral:1. Conhecer bem os desafios pas-

torais da Igreja local: desafios gerais e desafios específicos em relação à missão salesiana;

2. Estabilizar uma relação de confiança e colaboração com os bispos, força vivas eclesiais, pessoas e grupos eclesiais;

3. Manter uma relação com as forças da sociedade civil interessada na Missão Sale-siana; nossas iniciativas de-vem interessar também a eles pois trabalhamos para o bem comum;

4. Dar respostas aos desafios sócio-eclesiais mediante um PEPS – que determine as ur-gências comuns da FS.

“A Família Salesiana não é “un di più” (algo a mais) no nosso trabalho apostólico; é um modo particular de vivermos o Carisma Salesiano, desde as origens, com o máximo envolvimento de religiosos e lei-gos” (P. Bregolin).

FONTE BIBLIOgRÁFICA:

Adriano BREGOLIN, ACG 392 - Al-cune indicazioni per l’animazione della Famiglia Salesiana a livello is-pettoriale e locale. Roma 2006.

OUTRAS REFERêNCIAS:

Carta de Comunhão da Família Sa-lesiana – São Paulo, Editora Salesia-na 2003.

Carta da Missão da Família Salesiana - São Paulo, Editora Salesiana 2003.

VECCHI, JUAN – ACG 358 - A Famí-lia Salesiana completa vinte e cinco anos, Roma 1997.

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Pe. Justino Sarmento Rezende1, sdbDiretor e Ecônomo da Missão Salesiana de Marauiá

CIêNCIAS E SABERES TRADICIONAIS

INICIANDO A CONvERSA1

Quando os colonizadores che-garam ao Brasil (1500) e na Ama-zônia no século XVI (1542s.) existia uma grande pergunta: se éramos pessoas humanas ou não? A partir daquela concepção se es-tabeleceu relações de pessoas com não pessoas, superiores e inferio-res, de civilizados e selvagens, etc. Assim se tornou normal destruir as culturas, línguas, saberes e ma-tar os indígenas.

Já se foram alguns séculos, mas os preconceitos e estereótipos con-tra os povos indígenas perduram até nos dias atuais. Os saberes indí-

1 ÉindígenadopovoɄtãpinopona-Tuyuka.É padre salesiano. Possui Licenciatura plena em Filosofia pela UniversidadeCatólica deBrasília. Bacharelado emTe-ologia pela Faculdade Teológica NossaSenhora da Assunção. Mestrado em Edu-caçãoIndígenapelaUniversidadeCatóli-ca Dom Bosco, Campo Grande/MS. Este artigo foi elaborado para participação da MesaRedonda–CiênciaseSaberesTra-dicionais, dentro da Semana de Ciências da Universidade Estadual do Amazonas(UEA)comatemática:EDUCAÇÃOEMCI-ÊNCIAS:CIÊNCIA,SOCIEDADEECIDADA-NIANAAMAZÔNIA,noperíodode7a10de outubro/2014, na cidade de Manaus.

genas são vistos com suspeita, com razão, pois os saberes de cada povo indígena servem primeiro para os membros daquele povo e não para todos os povos indígenas e nem têm pretensões de serem válidos para o mundo todo e para todas as culturas.

Vou pular grande parte das his-tórias brasileiras e destaco a Cons-tituição Federal de 1988, que no artigo 231, assegura nossos di-reitos indígenas quando diz: “São reconhecidos aos índios sua orga-nização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tra-dicionalmente ocupam, competindo àUniãodemarcá-las,protegere fa-zer respeitar todos os seus bens.”

Hoje eu estou aqui compartilhan-do com vocês alguns saberes, em ple-no século XXI, quando o tempo histó-rico favorece eu contar para as outras ciências e para outros cientistas os nossos pensamentos indígenas. Eu acredito que nós estamos fazendo isso com uma nova perspectiva his-tórica onde reconhecemos as diver-sidades culturais, valorizamos o mul-tilinguismo e com possibilidades de construção de novos saberes a partir de nossas relações interculturais.

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Os saberes que eu vou partilhar com vocês nesse momento perten-cem aos povos indígenas que ha-bitam a região do Alto Rio Negro,Amazonas – Brasil, onde vivem vin-te e três povos pertencentes a qua-tro famílias linguísticas: Tukano,Aruak,MakueYanomami.

1. SOMOS PESSOAS INTELIgENTES

Para tratar dos Saberes de um povo eu parto do princípio de que as pessoas são inteligentes, são capazes de enxergar o mundo, de enxergar as pessoas, perceber os desafios históricos, sabem dar res-postas para os desafios de cadamomento histórico. Nós indígenasestamos dentro deste panorama. Nossosavósconstruírammuitossa-beres que sustentaram e sustentam os povos indígenas e suas culturas. Nossosavósensinavamtodosessessaberes cotidianamente e nas gran-des festas.

Como eles ensinavam? Segundo aquilo que eu sei os nossos avós e pais nos ensinavam falando-mos-

trando-fazendo e aprendemos ou-vindo-vendo-fazendo. Os nossos educadores são os nossos pais, avós, sábios de nossas culturas. São pessoas conhecedoras dos funda-mentos da educação de seu povo, possuem suas filosofias de vida,contruíram suas próprias teorias de conhecimento e práticas de vida, os conhecimentos indígenas são or-ganizados, transmitidos de manei-ra organizada e diferenciada para crianças, jovens, meninas, meninos e adultos [ler anexo1:NOSSASVI-DASINDÍGENAS]

2. SABER CUIDAR DAS vIDAS

Nossos saberes indígenas estãointimamente ligados com as vidas. Nossos avós nos ensinanaram quenós pessoas humanas vivemos rela-cionando com muitas outras vidas: vida humana (outra etnias), vida do mundo que nos sustenta (terra, água, ar...), vida das florestas [gen-te-florestas], vida das águas, dospeixes[gente-peixes],gentepedras,etc.Tudooquenos circundae en-

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volve são outras vidas dialogantes com seres humanos. [ler anexo 2: ÁRVORES]

Os nossos sábios avós nos en-sinam que a vida humana deve ser bem cuidada com os bens materiais e bens imateriais. Deve ser bem cui-dada desde a gestação, por isso, os benzedores benzem o corpo, o úte-ro e a vida da mãe para que o novo ser em gestação possa crescer bem. Assim em todas as fases da vida: do nascimento até a nossa morte.

Quando eu falo de bens materiais estou me referindo à alimentação (comida, bebida), cuidado com o corpo (banho, descanso, trabalho...), com o ambiente, etc. Os bens ima-teriais são os benzimentos que são feitos para criar harmonia de nos-sos interesses e possibilidades, criar harmonia de nossa vida humana com as vidas de outras pessoas e ou-trosseresvivospresentesnasflores-tas, nas águas, nas montanhas, etc.

Os benzedores benzem para criar equilíbrio nos relacionamen-tos com diversas vidas. Quando os seres humanos desrespeitam os ambientes sagrados aí surge de-sarmonia e desequilíbrio, que se expressa através de temporais, do-enças, acidentes de trabalho, etc. Osmeus parentes Tuyuka até hojefazem as festas cerimoniais de can-tos/danças, discursos, pinturas, benzimentos, defumação para criar harmonia entre as pessoas. Eu tam-bém já participei diversas vezes. Passei a noite acordado para par-

ticipar das festas, dancei as danças mais simples como cariço. Atual-mente vivo mais tempo com o povo YanomamidorioMarauiá,nomuni-cípiodeSanta IsabeldoRioNegro.Lá os pajés fazem seus rituais dia-riamente, cheiram paricá, entram em transe, dança, conversam com as divindades para pedir às divin-dades para que criem harmonia e equilíbrio no convívio das pesso-as, pedindo proteção para que não aparecçam doenças, que afastem temporais, raios, etc. Fazem danças para cura de doenças; as mulheres de vez em quando acordam gritan-do e correm no meio do mato com galho na mão para espantar os espí-ritos da doença.

Como são produzidos os sabe-res? São produzidos por todas as pessoas, mas principalmente por pajés, mestres de canto/danças e demais benzedores. Eles possuem inteligência e sensos apurados para conhecerem o mundo material e imaterial. Por isso dizemos que existem os saberes materiais prá-ticos e os saberes imateriais práti-cos. Os nossos avós aprofundavam seus conhecimentos do mundo das pessoas, douniverso, das florestas,dos rios e outras vidas. Refletiamindividual e coletivamente, faziam meditações noturnas e conversa-vam sobre o funcionamento dessas realidades. A partir disso, eles pro-duziam seus pensamentos e ensina-vam as práticas de boa convivência com os mundos que nos cercam.

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No cotidiano e nas festas os sá-bios sentam-se na casa do baya(mestre de cantos/danças; ou na Casa de Saberes), mascam ipadu, fumam o cigarro, passam um para o outro esses elementos geradores dossaberes.Nas festasrituaiscon-versam de forma solene, porém, são intercaladas entre falas sérias com gostosas piadas. As seriedades, brincadeiras, gargalhadas, apeli-dos são ingredientes que dão bom sabor aos ambientes dos saberes. As mulheres possuem seu próprio campo para produção dos conheci-mentos sobre a feminilidade e to-das as ações que elas desenvolvem no mundo e em suas vidas.

Além desses sábios de realida-des sagradas existem outros gran-des conhecedores das realidades da pesca, da caça, conhecedores de geografias regionais, conhecedo-res dos igarapés, conhecedores das vidas dos animais, seus caminhos, conhecem épocas de frutas, das caças e sua alimentação. Existem sábios de pinturas, de tocar os ins-trumentos musicais. Existem sábios (as) que conhecem diversos remé-diosdenossasflorestasqueservempara curas de diversas doenças, para atração da pessoa amada, para ser bom pescador, bom caçador, etc.

Saberes também são os segredos que os sábios transmitem somente para seus filhosenetos.Os saberesconstituem também diversas formas de colocar em comum os seus co-nhecimentos a serviço do seu povo.

Anoto aqui alguns cantos/dan-ças [Basamo = conjunto de Músi-cas/Cantos] que se realizam paracuidar das vidas, estão relacionados à vida humana e ao mundo mate-rial e imaterial que nos envolvem. Essas vidas são temidas, reconheci-das, respeitadas, invocadas, faladas, benzidas, cantadas e dançadas. En-treosTuyukaexistemessescantose danças importantes:

DASIA BASA (Dança do Cama-rão): é cantada e dançada quando da primeira menstruação das mo-ças, quando se quer dar nome a um filhooufilhadeumchefeequandovão dar de comer peixe pela pri-meiravezaessacriança.HIÃBASA(Dança da Lagarta): como o Dasia basa, é cantada e dançada duran-te a cerimônia de dar nome a uma criança, na primeira menstruação da moça e de dar de comer peixe. Dançada e cantada durante o ve-rão Hiarõ que significa “tempo deaparecimento de lagartas que co-mem folhas de cunurizeiro”. Eles representam espíritos de pajés do universo e provocam trovoadas e doenças nas pessoas. Através dessa dança/canto os benzedores prote-gem as comunidades fazendo apa-ziguamento dos seus espíritos. IKI-GA (Dança Inajá): cantam e dança na cerimônia de oferecimento de comida (dabucuri, na língua geral), como peixe, produtos de mandio-ca e carne de caça. A origem da ce-rimônia e do canto vem dos seres divinos Diroa-masã, quando eles fi-

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zeram a primeira cerimônia de ofe-recimento de comida, peixe e caça paraseusavôs.UMUABASA(Dançado Japu): assim como a dança do Camarão, é cantada nas cerimônias de nominação e de proteção da casa e, por extensão, de toda a comuni-dade. WAI BASA (Dança do Peixe): é cantada e dançada antes da época das enchentes, quando os peixes se juntam e fazem sua desova. Serve para apaziguar os espíritos dos pei-xes (Wai masã), para não provoca-rem doenças na humanidade. WASÕ BASA (Dança de Wasõ): cantada e dançada quando se faz oferecimen-to de frutas, como açaí, buriti, ingá, ucuqui, cunuri, jatobá, japurá, uacu, tucumã, sorva, sorvinha, cucura, etc. ÑASA BASA (Dança do Mara-cá): cantada e dançada na festa de confraternização durante a qual se protegem as pessoas e suas casas contra doenças do universo e as enviadas pelos pajés e os espíritos da floresta. YUA BASA (Dança doCalanguinho Azul): cantada e dan-çada após concluir os trabalhos das roças. Pedem aos espíritos para que haja um bom verão para boa quei-mada. Cantam e dançam pedindo para que não apareçam doenças às mulheres durante seus trabalhos. YUKɄ BASA (Dança dos Paus): can-tada e dançada como complemento dadançaYuaBasa.KAMÕKABASA(Dança do Kamõka): é cantada edançada nas festas com os mem-bros da Casa Ritual e os demais ir-mãos. Servem para benzimentos de proteção de seus moradores contra

doenças, picadas de cobra e aciden-tes de trabalho.

Existem outros instrumentos musicais mais simples que são utilizadas em meio as músicas sa-gradas. Alguns são: Sʉ (caracol),ñamakoã(flautadeossodeveado),ñama dʉpoa (flauta de cabeça deveado), kuware (casco de jabuti),weruweruhirikoã (flautadeossode anta), perurige (flauta de pã),tõrõriwʉ (flautade taboca)eseru-ruhirõ(flautadepãpequena). [leranexo3:DANÇA]

3. NOSSAS ORIgENS DIvINO-HUMANAS

Segundo as narrativas das histó-rias do povo PamʉriBasoka[povosque emergiram da água] as Casasdo Surgimento marcam o início de nossas histórias sagradas. Nossosmestres de danças/cantos narram que existem duas Casas inicial-mente: Opekõwi = Casa de Leite;Tõkowi = Casa de bebida doce [doBem]. Ao lado dessas Casas existeum lago Opekõtaro = Lago de Lei-te. Tenório (2005, 11) diz: “Tetiroto nikumarĩya tokõkosope,marĩyatokõwi,marĩyatokõkumuro,marĩyatokõwastoa, tie niku kʉ Ʉtapino-makʉ niñamasãre”2. As histórias de

2 Marĩyatokõkosope=nossaportadobem[porta do bem, doce]; marĩya tokõwi= nossa casa do bem [doce]; marĩyatokõkumuro = nosso banco do bem[doce], marĩya tokõwatoa = nossa cuiadobem[doce];tienikukʉɄtapinomakʉ

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nossas origens estão bem ligadas às divindades geradoras da vida. Por outra parte existem longas Rotas de Emergência ou Transformação dospovos indígenas, por isso, são mui-tas Casas de Transformação pelasquais passamos até estabelecermos nas atuais moradias. Essas histórias sãotransmitidasnodiaadiaaosfi-lhos e netos. A forma solene de nar-rar essas histórias acontecem nas cerimônias de cantos e danças ri-tuais: discursos, entoações, etc. São momentos sagrados por isso, an-tes, durante e depois os mestres de danças, cantos e pessoas que con-somem bebidas e comidas benzidas seguem dietas alimentares reco-mendadas pelo benzedor principal.

Os nossos nomes de benzimen-tos estão enraizados numa das Ca-sas de Transformação. Nós Filhos-da-Cobra-de-Pedra3 – chegamos à

niñamasãre = são esses elementos que dão vida ao Filho-da-Cobra-de-Pedra. Traduçãodotexto:Porissoaiestãonos-sa Porta do Bem, nossa Casa do Bem, nossa Banco do Bem, nossa Cuia do Bem, esses elementos constituem a vida do Fi-lho-da-Cobra-de-Pedra.

3 Ʉtapinoponaéopovopopularmenteco-

Cachoeira de Caju4 como um só gru-po.AíconstruíramBasawi(CasaRi-tual) e os primeiros seres emergen-tes (primeiros Tuyuka) realizaramrituais de iniciação de todos os seus filhos,utilizandoinstrumentosceri-moniais, flautas sagradas, adornosde cabeça ou faixas emplumadas, benzimentos, entoações, cantos, ca-api. Dentro da Casa Ritual através de discursos entremeados de can-tos, danças e brincadeiras, narram histórias sagradas passando pelas diversasCasasdeTransformação.

Nós povos indígenas temos raí-zes de nossas vidas nos seres divi-nos. Existem pensamentos e prá-ticas teológicas próprias de cada povo indígena. Cada povo possui centenas de espiritualidades que sustentam suas vidas, suas histó-rias, seus projetos de vida, seus tra-balhos, suas festas. Existem rituais, cerimoniais, disciplinas, dietas ali-mentares, etc.

nhecido como Tuyuka. Nome sagrado:Ʉtã=Pedra;Pino=Cobra;Pino=Cobra;Filhos-da-Cobra-de-Pedra.

4 Essa Cachoeira está localizada no territó-riocolombianonoaltoUaupés.Tambémchamada Cachoeira de Jurupari.

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Nós indígenas temos nossos te-ólogos, espiritualistas, que medi-tam, refletem, os que benzem, quecuram, que dançam, fazem discur-sos rituais, realizam cerimoniais... Eles falam das histórias de vida, histórias das vitórias, das supera-ções e ultrapassagens dos perigos, dos inimigos. Eles cantam sobre as vidas, sobre as histórias! Ritualizam as nossas histórias. Através dessas cerimônias e rituais acontecem as ações preventivas, curativas de se-res divinos que os nossos antepas-sados depositaram suas vidas, suas histórias e seus projetos de vida.

Cadapovoindígenaéespecífico,com seus saberes, conhecimentos, danças/cantos, rituais, línguas, mo-dos de interagir com as pessoas e com mundo envolvente. Entre os membros de um mesmo povo so-mos irmãos maiores e menores, tios, avós... Com as pessoas de ou-tros povos indígenas podemos ser cunhados, primos. Esses saberes já vieram de longe, desde nossos an-tepassados seres-divinos-espíritos até chegar aos nossos tempos con-temporâneos.

4. MODOS DE EDUCAR

Nossos avós e nossos pais nosensinaram que a educação serve para nos ensinar a ser GENTE, serPESSOA HUMANA. Por isso, elescuidam de nós e ensinam muitos conhecimentos de como viver a vida, como viver com as pessoas,

como tratar as pessoas, como traba-lhar, como pescar, como caçar, como dançar, como casar, como educar os filhos, como acolher as pesssoas,etc.

Nossos avós possuem diversosconhecimentos (conteúdos), di-versos modos de cuidar da pessoa (pedagogia) e diversas forças ima-teriais (benzimentos, forças das di-vindades) para cuidar da pessoa do educador,dosfilhosedacomunida-de,dos ambientes [casas, florestas,caminhos, roças, rios...]. Ameta daeducaçãoéeducarparaqueo filhoea filhacheguemaserbonsmem-bros do povo ao qual eles perten-cem. Finalmente, que ele e ela sai-bam viver bem.

FECHANDO A CONvERSA

Concluindo as colocações dos meus pensamentos digo que hoje em dia não é possível dizer catego-ricamente que somente os saberes tradicionais indígenas serão solu-ções para os problemas do mundo nem tão pouco dizer que somente os saberes ocidentais [não indíge-na]équeresolverãoosnossospro-blemas. Eu vejo que o mundo ma-terial e imaterial hoje está pedindo ajuda para continuar existindo me-lhor. Nós indígenas que moramoslá no interior, dentro das florestassofremos também com as conse-quências da destruição humana da biodiversidade,danatureza,daflo-resta, da poluição, etc.

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Nesses últimos quinze anos emnossa região do Alto Rio Negro sebuscam recuperar os saberes de nossos avós que foram sendo dei-xados de lado desde que começou o processo de escolarização, na dé-cada de 1920. Gradualmente nós indígenas do Rio Negro fomos es-tudando outras ciências ocidentais, de tal maneira que pensávamos que estudando tais ciências não preci-saríamos mais dos nossos saberes tradicionais. Mas sem esses sabe-res nossas vidas indígenas tiveram muitos vazios que nem ciências mo-dernas ocuparam e substituíram.

Eu transito muito nessa nossa região, participo dos diversos se-minários de educação promovido pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRNem parceria com o Instituto Socio-ambiental – ISA, ministro cursos na Licenciatura Indígena Políticas Educacionais e Desenvolvimen-to Sustentável – ICHL –UFAM, nospolos espalhados na nossa região, vejo as escolas indígenas realizando

diversas pesquisas em suas conclu-sões de trabalhos de cursos com os temas de saberes tradicionais. Al-gumas escolas indígenas possuem pesquisas muito bem feitas a res-peito da geografia regional, sobreos lagos, procriação de peixes, es-tudo das constelações, plantações, vegetações, benzimentos, danças/cantos, etc. Tais estudos são feitosutilizando métodos de pesquisas modernas: observação, anotações, estatísticas de resultados, compro-vação de resultados e divulgação. É importante dizer que no tempo chamado “hoje” as ciências mo-dernas influenciam positivamenteno conhecimento de nossas vidas indígenas e do mundo. Os profes-sores, alunos e os membros das co-munidades realizam pesquisas com metodologiascientíficasdepesqui-sa-ação, estatísticas e comprovan-do a veracidade de suas pesquisas a respeito das mesmas realidades que nossos avós vinham ensinando oralmente e com a prática.

Por fim, digo que as Ciências eSaberesTradicionais sãodois cam-pos de saberes que se complemen-tam e podem ajudar muito no cui-dado das vidas e do mundo em que vivemos. Nós membros dos povosindígenas acadêmicos, professores, educadores, pessoas que ocupam cargos públicos não podemos nos omitir de contribuir com os nossos saberes na tarefa de cuidar da vida e do mundo. Para isso temos que amar a nossa vida indígena.

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Pe. José Benedito Araújo de Castro, sdbAnimador de Patoral da Escola Salesiana do Trabalho

ExPERIêNCIA PASTORAL: APOSTANDO NA FORÇA DA LUz DA PALAvRA EM NOvA SEMENTEIRA

Na Escola Salesiana do Trabalho - EST, em Belém do Pará, os alunos do Curso Profissionalizante, podem ser distribuídos em 70% de católicos e uns 25% de evangélicos. A presença dos alunos evangélicos não cria barreiras à proposta de Animação Pastoral da EST eis alguns traços e sua postura: eles participam de todas as

atividades da escola; alguns são líderes de turma; não há expressão de proselitis-

mo religioso entre seus colegas; eles têm um cordial relaciona-

mento com os padres e com todos os educadores;

vários deles pediam ao Pe. João Sucarrats (ainda no pri-meiro semestre na EST) co-piar em pen-drive o mate-rial por ele preparado para o Bom Dia e Boa Tarde;

não há expressão de vanda-lismo contra imagens e es-tampas religiosas;

os retiros são bem aceitos, pois estão focados na pessoa e na mensagem de Jesus Cristo;

a maioria deles costuma par-ticipar, de forma livre, das ce-lebrações eucarísticas;

participam de todas as ativi-dades recreativas e culturais propostas pela casa. Mas de-pendendo da denominação, alguns alunos manifestam maior reserva e algum dis-tanciamento.

Digo isto porque em outras obras de outros contextos da ISMA, a si-tuação pode ser bem complicada e até conflitiva, como em algumas obras nas quais trabalhei. A comple-xidade religiosa brasileira nos leva a ter horizontes bem pé no chão.

Desde os dias de acolhida no iní-cio de ano e do segundo semestre, a EST afirma que espera que todos os alunos vivam no respeito mútuo, o que incluir a diversidade religiosa que marca os educandos e educa-dores. Há o esforço de caminhada tranquila ao redor dos valores co-muns entre eles e nós e de respeito profundo naquilo em que temos vi-sões diferentes.

Este contexto da EST é seme-lhante ao contexto onde muitos salesianos trabalham pelo mundo afora como, por exemplo, no mun-do árabe e no mundo das grandes religiões da Ásia: jovens muçul-manos ou hinduístas não aceitam

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Jesus como Salvador, têm outra concepção de Deus, mas mesmo assim participam dos valores do Sistema Salesiano de Educação. En-tão vigora o “Basta que sejais jovens” de Dom Bosco.

Nesta experiência diária de res-peito religioso, a Animação Pastoral aposta num especial formato de se-meadura da Palavra. O melhor local na casa é o do átrio de entrada da EST, por ser o único espaço para o acesso e saída de alunos e educado-res. Eis alguns elementos da Proposta: Primeiro elemento: um gran-

de painel afixado na parede com o versículo “Tua Palavra é lâmpada para os meus pés, luz para meu caminho” (Sl 119,5);

Segundo elemento: um ver-sículo bíblico. O versículo o-cupa um espaço do painel e que é removido e renovado a cada semana pela Animação Pastoral;

Terceiro elemento: os dize-res: “Olhe, Leia, Hoje, ilumine sua vida com a Palavra!”

Ressonâncias: muitos, entre alu-nos e educadores, param diante do painel; alguns anotam o versículo bíblico e a comunidade educativa acolhe a iniciativa por reafirmar um ambiente formativo vivido em valo-res do Evangelho. A mesma resso-nância ocorre em toda pessoa que acessa à EST, que assim reafirma sua identidade.

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ACONTECEU

Dias 13-16 de dezembro aconte-ceu num sítio no município de Presi-dente Figueiredo, um acampamento Juvenil. Os participantes foram os jo-vens que estão participando do curso de formação de Liderança Juvenil. O evento fez parte do processo de for-mação incluindo diversas atividades e reflexão de temas importantes como: dinâmica de grupo, gestão dos impre-vistos, criatividade, solidariedade...

Acompanharam os jovens diver-sos educadores dentre eles o Pe. Is-ley Nascimento, a Ir. Cláudia Matos e o Pe. Bira.

A experiência foi muito exigen-te, rica, desafiadora. Num vídeo eles contam o que isso significou para eles: https://www.youtube.com/watch?-feature=player_embedded&v=DMIp-5cHf8o4

1 – ACAMPAMENTO JUvENIL

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formatos: modalidade de jogos popu-lares (cabo de guerra, corrida de saco, corrida do limão, corrida de pneu) e uma disputa de hip-hop. Outro for-mato envolveu os esportes tradicio-nais (vôlei, futsal, basquete, dama). Ao mesmo tempo em que aconteciam os jogos, houve um concurso de de-senhos e charge com o título: “Dom Bosco jogando com os seus jovens”.

O encerramento do lazer acon-teceu com um banho de piscina. A programação aconteceu nos dois turnos com turmas diferentes e os educadores foram distribuídos nos serviços de animação dos jogos e de presença de pátio. Ao final das atividades, a comunidade celebrou o aniversario de dona Lucia (faxinei-ra na EST). No dia 31 de janeiro: um passeio e a Missa com ex-alunos do Carmo. Pela manhã, a comunidade dos educadores realizou um passeio de congraçamento e seu primeiro momento foi a celebração da Missa da Solenidade de Dom Bosco, pre-sidida pelo Pe. Sadeck. Ao final da celebração, o Diretor distribuiu aos educadores uma pequena cruz me-tálica com a efígie de Dom Bosco e um folheto com seus ensinamentos.

ACONTECEU

No dia 30 de Janeiro: celebração, jogos populares, tarefas da Gincana, esporte.

Preparativos: Tudo começou na primeira semana de Janeiro, com o lançamento da Proposta pelo Serviço de Animação Pastoral à Comunidade Educativa na Semana de Planejamen-to. Ao retorno das aulas, aconteceu o envolvimento dos alunos a partir da eleição dos líderes de turma. Então entre os alunos foi lançado um ques-tionário sobre a Vida de Dom Bosco valendo para a Gincana do Bi; e trazer uma pessoa que ou tivesse o nome de João Bosco ou tivesse nascido no dia 31 de Janeiro; para ganhar a pon-tuação, a pessoa deveria responder a uma pergunta sobre Dom Bosco;

O dia 30 começou com uma Ce-lebração com alunos e educadores. Logo após a celebração, foram orga-nizados momento de lazer: em três

2 – A ABERTURA DAS CELEBRAÇÕES DO BI-CENTENARIO NA EST

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Queremos PARABENIZAR o Se-nhor Ilton Marques Pinto e Luiz Feli-pe Fialho pela vitória no Concurso do Hino do Centenário da Presença Sale-siana na Amazônia.

O Hino tem como título: "Cem Anos de História e Amor".

Registramos aqui os nossos agra-decimentos à todos os participantes

Aconteceu em Candeias do Jamari, na Chácara Dom Bosco, dias 05 e 06 de fevereiro. Contou com a participa-ção de 40 educadores das obras de Ji-Paraná (do Centro Educativo Dom Bosco), Humaitá (Centro do Menor) e de Porto Velho (Centro Salesiano do Menor). Nesse encontro diversos te-mas foram estudados: a Estreia 2015, a significatividade do Bicentenário e do Centenário da presença salesiana na Amazônia, Educar evangelizando e orientações do Quadro Referencial da

3 – CONCURSO A APROvA HINO DO CENTENÁRIO DA PRESENÇA SALESIANA NA AMAzÔNIA

4 – FORMAÇÃO PEDAgÓgICA DOS EDUCADORES DAS OBRAS SOCIAIS SALESIANAS DA ÁREA DE RONDÔNIA

ACONTECEU

do concurso com excelentes propostas: Ilton Marques, Luiz Filipe Fialho, Pe. Lázaro Andrade, Pe. Justino Rezende, Augusto Souza, Pe. José Manoel de Jesus e Jean Suwa. Valeu! O hino vencedor em breve será divulgado! PARABÉNS!

Pastoral Juvenil para as Obras Sociais (horizontes comuns!).

Foi uma experiência muito provei-tosa. O assessor foi o delegado Inspe-torial para a Pastoral Juvenil. Parabéns pela Participação!

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Foi uma Jornada de estudos e debates sobre o tema da Campa-nha da Fraternidade promovida pela arquidiocese de Manaus, acon-tecida no dia 21 de fevereiro, sába-do, Centro de Formação da Arqui-diocese de Manaus (CEFAM).

O tema da Campanha da Fra-ternidade deste ano, Igreja e Socie-dade, tem amplos horizontes. Isso significa um convite para refleti-lo em diversas perspectivas. O Evan-gelho perpassa todas elas.

Neste evento os debatedores (bispos e estudiosos de diversas áreas) convidaram os participan-tes a uma reflexão interdisciplinar do serviço da Igreja à sociedade: as características específicas da Ama-zônia nos pedem uma reflexão re-gionalizada; o modo de serviço da

4 – MANAUS: SEMINÁRIO - IgREJA E SOCIEDADE AMAzÔNICA

Igreja não se identifica e até diverge tantas vezes das opções dos gover-nos; a Igreja tem como compromis-so testemunhar um serviço à luz do Evangelho tendo como referência absoluta as palavras, os gestos e as atitudes de Jesus Cristo.

É importante a memória históri-ca da relação igreja e sociedade. O que a Igreja sente e faz hoje, encar-nada nas realidades sociais (urbano, rural, indígena, ribeirinho, univer-sitário...), tem uma longa história, é fruto de um processo... Essa ques-tão ganhou uma particular caracte-rística a partir do Concilio Ecumêni-co Vaticano II (1962-1965).

A sociedade não é produto do acaso. É fruto da dialética (dinamis-mo) histórica entre seus sujeitos. As mudanças ocorrem como produto consequente dessas relações, seja para o bem como para o mal.

Somos todos corresponsáveis pela sociedade que temos. A expe-riência de fé eclesial deve nos aju-dar a dar nossa insubstituível cola-boração, calcada na sensibilidade de Jesus. Ele nos desafiou sermos "sal da terra e luz do mundo".

ACONTECEU

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No dia 23 de Fevereiro de 2015, durante o Bom Dia e a Boa Tarde aos alunos, feito pelo Pe. Sadeck, Diretor, aconteceu a posse dos no-vos líderes de turma do ano letivo 2015. Duas turmas decidiram reele-ger seus líderes do ano anterior.

A posse foi coordenada pelo Ser-viço de Animação Pastoral - AP e teve como referência inicial, o car-taz da Campanha da Fraternidade - 2015 e o lema “Eu vim para servir”, projetados no telão.

Foram 10 jovens do turno da manhã e 12 do turno da tarde. De-pois do juramento dos líderes, o Pe.

5 – NOTÍCIAS SOBRE LIDERANÇA JUvENIL

Sadeck lhes entregou o bóton de lí-der e eles receberam o Boletim Sa-lesiano e o Regulamento da Gincana do Bi-Centenário.

Logo após, foi tirada a foto do grupo e entre eles, os membros da AP (Pe.Bené, Jefferson e Ronal-do, jovem ex-aluno da EST (Escola Salesiana do Trabalho) e que está em experiência de apoio pastoral durante o mês de Março). Durante a semana, aconteceu a posse dos jovens líderes das turmas do Curso de Auxiliar de Administração que só comparecem uma vez por se-mana na EST.

ACONTECEU

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ACONTECEU

Aconteceu no Centro Inspeto-rial com a participação de repre-sentantes das casas Salesianas SDB de Manaus.

No início o padre Antônio de Assis Ribeiro (P. Bira), em nome do inspetor, deu as boas vindas ao Sr. Ilton Marques Pinto como Coordenador Pastoral da área de Manaus que presidiu a reunião. Acolheu também aos novos inte-grantes do Grupo na área de Ma-naus, como, o padre Wilson Ri-beiro (Colégio Dom Bosco), André

6 – ENCONTRO DOS ANIMADORES DE PASTORAL DAS CASAS SALESIANAS DE MANAUS

Batista e os pós-noviços Francisco e Luis Antônio.

O grupo tem uma organização interna com atribuições específicas para o secretário, animador espiri-tual e agente de comunicação.

Nessa primeira reunião do ano, o Grupo de Trabalho Pas-toral fez uma revisão da Agenda Anual 2015 e recordou os princi-pais compromissos em processo: formação de líderes jovens, ação conjunta, Centenário da presença Salesiana na Amazônia...

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ACONTECEU

Foi com 32 jovens que aconteceu o retiro de carnaval da paróquia São José do Ji-Paraná - RO, na comuni-dade do interior, especificamente na comunidade Nossa Senhora das Dores, linha 98.

Foi um momento de profun-da oração e reflexão. Nossa imen-sa gratidão a comunidade que nos acolheu e, em especial, ao sr. Jovino.

Grupo de líderes animadores do Oratório, Centro Juvenil, grupos juve-nis e pastorais da Paróquia São José Operário Centro - Manaus, em experi-ência formativa com o Delegado para a Pastoral Juvenil, Pe. Bira.

O principal tema tratado foi a apresentação do Quadro Referencial da Pastoral Juvenil Salesiana. Tal sub-sídio será a base dos conteúdos for-mativos desse grupo ao longo do ano.

7 – RETIRO DE CARNAvAL

8 – LÍDERES JOvENS EM FORMAÇÃO

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9 – NOTÍCIAS DA gUATEMALA

ACONTECEU

Teve início em janeiro de 2015 a experiência na Guatemala o curso do Centro Regional para a Forma-ção Específica do Salesiano Coadjutor (CRESCO). São 15 os jovens salesianos irmãos de cinco países sul-americanos que iniciaram mais um ano da experi-ência de aprofundamento da figura do salesiano leigo.

O CRESCO é um espaço idôneo para uma reflexão pessoal e comunitá-ria, da única vocação religiosa salesiana: fornece as bases para a profissão per-pétua e constitui uma etapa importan-te de maturação humano-religiosa na espiritualidade da congregação.

O grupo de jovens, composto por onze salesianos do primeiro ano e por quatro do segundo, mostra um renova-mento da vocação salesiana do Coad-jutor em algumas áreas do Continente americano, sobretudo neste ano que marca o bicentenário de Dom Bosco.

A comunidade se compõe de cin-co argentinos (3-ARS, 2-ARN), cinco brasileiros (3-BCG, 1-BMA, 1-BRE), três colombianos (COM), dois paraguaios (PAR), um boliviano (BOL), um mexica-no (MEM) e um salvadorenho (CAM).

Da Inspetoria São Domingos Sávio participa o jovem coadjutor Dernival Martins Ricardo. As atividades de for-mação deste grupo de jovens salesia-nos irmãos se caracterizam por um denso programa de partilha fraterna, pela prática pastoral e pelo estudo do Curso Teológico em Ciências Religio-sas, que é de grande auxílio para com-preender a Vida Consagrada Laical, no mundo de hoje.

Todavia o objetivo principal desta fase de formação específica para os Salesianos Irmãos é favorecer o am-biente certo para formá-los com uma profunda experiência intercultural de Igreja e de comunidade salesiana.

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10 – PROgRAMA DE LEITURA ORANTE

ACONTECEU

Foi lançado em Manaus dia 26 de fevereiro um programa anual de Leitura Orante da Bíblia. A ini-ciativa faz parte da Pastoral Juvenil Salesiana e é destinada a jovens e adultos das obras salesianas, para membros de grupos da Família Sa-lesiana e povo em geral.

O Pe. Bira, na noite de abertura do projeto no auditório da FSDB, disse que se trata de uma forma de colocar em prática o que o Ca-pítulo Geral 27 deliberou para toda a Congregação.

O Pe. Wilson Barros, vice-páro-co, recordou que também é uma das mais sérias exigências do do-cumento de Aparecida no proces-so de formação de verdadeiros discípulos missionários de Jesus Cristo. Precisamos superar a igno-rância da Palavra de Deus.

Participaram da apresentação do projeto cerca de 300 pessoas provenientes de todas as obras e mais de 15 paróquias da arquidio-cese de Manaus. Parabéns! Todo mês haverá um encontro de expe-riência da leitura orante.

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Hoje em Brasília, na sede da Conferência dos Inspetores do Bra-sil, foi apresentado ao CAD (Conse-lho Administrativo da Rede Salesia-na Brasil), o Caderno de Identidade Organizacional da REDE SALESIA-NA BRASIL DE AÇÃO SOCIAL.

O caderno é o primeiro de uma série de Documentos que marcam os horizontes, valores, princípios e compromissos fundamentais da Rede de Ação Social Salesiana no Brasil em sintonia com novas exi-gências legais e institucionais.

Essa Rede de Ação Social é em conjunto com as irmãs Salesia-nas (FMA) e reúne centenas de instituições filantrópicas que tem como público prioritário crianças, adolescentes, jovens pobres e em

11 – NOvOS HORIzONTES PARA A AÇÃO SOCIAL SALESIANA

situação de risco nos mais varia-dos contextos do território nacio-nal. Dentre essas diversas obras temos: Centros Sociais, Abrigos, Oratórios, Centros juvenis, Centros de Educação profissional, missões indígenas... Elas revelam o grande um forte sentido de Responsabi-lidade Social dos filhos e filhas de Dom Bosco.

ACONTECEU

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Em 2017 a Igreja Católica no Bra-sil celebrará 300 anos de história da devoção à Nossa Senhora Apareci-da. A abertura oficial do processo de preparação para o jubileu dos 300 anos da devoção de a Nossa Senho-ra Aparecida, será no dia 14 de abril deste ano (2015) no Santuário Na-cional de Nossa Senhora Aparecida com uma grande vigília.

Aproveitando essa ilustre oca-sião a CNBB (conferência Nacional dos Bispos do Brasil) está lançando um Projeto Pastoral que tem como objetivo principal a promoção da Evangelização. O projeto tem ainda como objetivos específicos:

a) promover a devoção a Nossa Senhora;

b) preparar toda a comunidade católica no Brasil para que abrace esse grande momen-to festivo;

c) proporcionar uma grande peregrinação da imagem de N. Sra Aparecida por todo o

12 – PROJETO "APARECIDA 300 ANOS" (1717-2017)

país. Será uma atividade pas-toral de grande repercussão envolvendo todas dioceses do Brasil.

As congregações, movimen-tos religiosos e novas comunidades eclesiais são convidados a promover em suas ações pastorais o envol-vimento da juventude aproveitan-do essa ocasião para desenvolver processo de formação mariana (dar fundamentação) e animação missio-nária juvenil. Vamos lá! Divulgue!

ACONTECEU

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Após o CG 27, o Dicastério das Mis-sões coordenada pelo Pe. Guillermo Basañes promove a reunião da Consul-ta Missionária onde estão presentes al-guns delegados da animação missioná-ria dos cinco continentes para revisão, reflexão e programação da animação missionária da congregação até 2020.

13 – CONSULTA MISSIONÁRIA SALESIANA 2015

ACONTECEU

Pela inspetoria participa o De-legado das Missões, Pe. Reginaldo Cordeiro. O encontro está aconte-cendo em lugar muito significativo em Tibidabo/Barcelona na Espanha, lugar do quinto sonho missionário de Dom Bosco. Acompanhemos com nossas orações!

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