tapiri 169 digital

41

Upload: eduardo-lacerda

Post on 06-Apr-2016

224 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Tapiri 169 digital
Page 2: Tapiri 169 digital

Pe. Antônio de Assis Ribeiro (Pe. Bira) – SDB.Delegado para a Animação Pastoral

Manaus, 05 de Setembro de 2014

Após certo tempo parado, reto-mamos as publicações de “Tapiri”. Desta vez sob a direção da Comis-são Inspetorial de Pastoral, tendo como coordenador o Delegado para a Animação Pastoral.

O Tapiri, deste os seus primór-dios, tem sido um importante veí-culo de Comunicação da Inspeto-ria Salesiana São Domingos Sávio. Aproveitaremos as diversas mídias disponíveis, das quais temos acesso, para divulgá-lo ainda mais.

Em cada número apresentare-mos três artigos e notícias diversas da ação pastoral dos Salesianos na Amazônia e de grupos da Família Salesiana.

Nesta edição o Pe. Canio Grimal-di, após vários anos como animador da pastoral da Faculdade Salesiana Dom Bosco, nos oferece uma re-flexão sistemática sobre a figura do animador de Pastoral. Quando o animador de pastoral não tem cla-reza da própria identidade, também não age em conformidade com o que se espera dele.

EDITORIALEstimados amigos e estimados irmãos

O Pe. Antônio de Assis Ribei-ro nos convida a aprofundarmos a questão da necessidade da promo-ção da animação pastoral em rede. Essa é uma das mais insistentes exigências da Igreja em nossos dias. Trabalhar em rede, mais que uma questão estratégica é uma necessi-dade vocacional dos discípulos mis-sionários de Jesus.

O Pe. Reginaldo Cordeiro, Dele-gado para a Animação Missionária, partilha conosco a importância do primeiro anúncio do Evangelho em vista da promoção da educação à Fé na ótica Salesiana. É fruto da sua participação na Jornada de Estudos Missionários em Los Teques, na Ve-nezuela, em 2013.

Na sessão “Aconteceu”, Gisele Lopes, Secretária para a Animação Pastoral, nos oferece a documen-tação de uma série de eventos de diversas obras salesianas. Faz bem para a história documentar o que fa-zemos! Boa leitura!

Boa Leitura!

Page 3: Tapiri 169 digital

O Animador de Pastoral: O Que Deve Saber e Fazer PG. 03A Importância da Animação Pastoral em Rede PG. 16Do Primeiro Anúncio à Educação à Fé na Ótica Salesiana PG. 30Aconteceu PG. 34

TAPIRI é uma publicação bimes-tral e gratuita da Inspetoria São Do-mingos Sávio, iniciada em janeiro de 1989, dirigida aos Salesianos de Dom Bosco e aos colaboradores lei-gos e educadores nas inúmeras ca-sas salesianas pertencentes à região amazônica brasileira que compõem a Inspetoria, com o objetivo de ser um instrumento de reflexão sobre temas diversos alinhados à ação pastoral do carisma salesiano.

O TAPIRI reserva-se o direito de condensar/editar as matérias envia-das como colaboração. Os artigos assinados não refletem necessa-riamente a opinião do instrumento pastoral, sendo de total responsabi-lidade de seus autores.

Inspetor: Pe. Francisco Alves de Lima

Organização: CIP

Coordenador: Pe. Antônio de Assis Ribeiro

Equipe de articulação: Gisele Lopes, José Luis (Zeca) e

Animadores de Pastoral

Projeto Gráfico: Eduardo Lacerda

Revisão: Josely Moura

Distribuição: José luis (Zeca)

Articulistas: Convidados

Foto da Capa: Curso de animadores de pastoral / julho

2014 - Manaus

SUMÁRIO

Page 4: Tapiri 169 digital

3

Por Pe. Canio Grimaldi1, sdbSecretário Inspetorial

O ANIMADOR DE PASTORAL: O QUE DEVE SABER E FAZER

Pe. Canio Grimaldi sdb1

1. INTRODUçãO

São muitas as comunidades eclesiais em que os leigos são res-ponsáveis pela ação pastoral das comunidades. Também nas Obras Salesianas a figura do “Animador de Pastoral” leigo agora é praxe comum. Estes leigos recebem uma formação adequada e o mandato da autorida-de eclesial competente.

É a nova Eclesiologia que está sendo posta em prática. De fato, a constituição dogmática “Lumen Gentium” (sobre a Igreja) e o decreto “Apostolicam Actuositatem” (sobre os leigos), do Concilio Vaticano II (1962-65), deram um salto de qualidade: convocaram os leigos a assumir sua responsabilidade de batizados na Igreja e no mundo. O papa João Pau-lo II em 1988, depois do sínodo dos bispos, publicou a Exortação Apostó-lica �A Vocação e Missão dos leigos na Igreja e no mundo”, apontando os ofí-cios e as funções dos leigos na Igreja.

Depois disso, nas dioceses ou grupos de dioceses, se multiplica-

01 Salesiano, já Diretor de Ações Comunitá-rias da Faculdade Salesiana Dom Bosco - Manaus.

ram os cursos de Teologia Pastoral para leigos nos vários níveis, para o desempenho de sua missão pastoral nas comunidades.

A Congregação salesiana, em 1996, realizou um Capítulo Geral que teve como tema �Salesianos e leigos: comunhão e partilha no espírito e na missão de Dom Bosco�, chamando expressamente os leigos preparados a fazer parte ativa da CEP (Comu-nidade Educativa Pastoral) da Obra salesiana. Foi a partir deste Capítulo Geral que os leigos começaram a as-sumir responsabilidades específicas e tarefas concretas, como a animação pastoral da Obra Salesiana. O Dicas-tério para a Pastoral Juvenil Salesia-na começou a publicar orientações e subsídios, dando como resultado o documento “A PASTORAL JUVE-NIL SALESIANA” Quadro referencial (terceira edição 2014): documen-to rico e precioso para os salesianos e leigos responsáveis pelo trabalho pastoral das nossas Obras.

O setor de Pastoral da Inspeto-ria Salesiana S. Domingos realizou um curso, em três módulos (2009-2010), para os leigos Animadores de Pastoral das Obras Salesianas. Foi um Curso teológico-pastoral com

Page 5: Tapiri 169 digital

4

estilo salesiano: Cristologia, Eclesio-logia, Pastoral Juvenil, Liturgia, Li-derança, Espiritualidade, Pedagogia Salesiana, Sociologia etc. Depois deste curso, melhorou muito a ação pastoral nas nossas Obras, de acor-do com os depoimentos dos pró-prios animadores de Pastoral e Dire-tores. A segunda edição deste Curso começou em janeiro 2014.

Lendo atentamente estes docu-mentos do magistério da Igreja e da Congregação Salesiana, lembrando o conteúdo do Curso para Animado-res de Pastoral e refletindo sobre a experiência pessoal na Paróquia, na Escola, no Ensino Superior (Pasto-ral da Universidade), achei por bem apontar alguns requisitos importan-tes para o Animador de Pastoral das Obras da nossa Inspetoria São Do-mingos Savio.

2. ESPIRITUALIDADE DO ANIMADOR DE PASTORAL

“A Pastoral Juvenil Salesiana afunda suas raízes numa es-piritualidade viva que a nutre e estimula a buscar a Deus no serviço aos jovens”. (QRPJS - p. 89)

Espiritualidade vem de espíri-to. O espírito capta o que está além das aparências, daquilo que se vê, se escuta, se pensa e se ama. Ele não possui apenas sentidos materiais e psíquicos. Possui sentidos espirituais, que nos fazem aprender o outro

lado das coisas, sua profundi-dade. �Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que no Cristo Jesus”, escreveu S. Paulo (Fil.2,5)

A espiritualidade é alimenta-da, em primeiro lugar, pela escuta da Palavra de Deus que é fonte de vida. É viver a experiência dos textos bíblicos com a experiência da nossa própria vida.

A Eucaristia �sacramento dos sa-cramentos� é fonte de energias no-vas da vida cristã. Na Eucaristia, mis-tério de Cristo que se doa por amor, o cristão aprende a doação genero-sa de si, abrindo-se ás necessidades dos outros, vencendo egoísmo e fe-chamento.

A pessoa de Maria tem lugar pri-vilegiado na espiritualidade salesiana. Dom Bosco cumpriu, com sua ajuda materna, o desígnio que Deus tinha sobre sua vida. “Foi Ela quem tudo fez” afirmou no termo de sua vida.

A missão do Animador de Pas-toral é superior ás suas forças, por isso ele precisa de oração: diálo-go pessoal, íntimo, profundo com Jesus Cristo, no Espírito Santo. Só em Deus encontra força e luz que a missão pastoral exige. A oração sa-lesiana é humilde, confiante e apos-tólica, alegre e criativa, adere á vida e nela se prolonga.

• O Animador de Pastoral não é um simples funcionário da Obra. Ele não mede o esfor-ço e o horário. A sua missão é doação de si mesmo no servi-

Page 6: Tapiri 169 digital

5

ço aos destinatários. Por isso ele é disponível, fazendo tudo o que é necessário pelo cres-cimento dos destinatários. Ele coopera com os outros, é to-lerante e misericordioso.

• A espiritualidade é alimento, força, centro e motivação da vida. Só uma espiritualidade firme pode dar sustentação ao testemunho cristão.

• O Animador de Pastoral deve cultivar uma profunda espi-ritualidade, lembrando o que disse Jesus aos apóstolo sem mim nada podeis fazer”.

• Para o Animador de Pas-toral importante é a leitu-ra orante da Bíblia (leitura, meditação, oração e con-templação), com sensibili-dade salesiana, referindo-se a situações suas pessoais e dos destinatários. Valoriza muito a Eucaristia, não só participando da Missa aos domingos, mas frequente-mente. A devoção a N. S. Auxiliadora é indispensável.

• O Animador de Pastoral deve rezar muito: em casa, no lugar de trabalho pasto-ral, lembrando sempre os destinatários, principalmente aqueles que mais precisam de ajuda espiritual.

• Ainda, o Animador de Pasto-ral deve estar disponível para atender aos destinatários, visitando-os quando estão doentes e rezando com eles e a família.

3. PASTORALEu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem”(Lc 10,14)

3.1 Ação

Pastoral é ação transformadora articulada com a reflexão. Para fa-zer pastoral é preciso ir ao campo e chamar as ovelhas pelo nome, con-duzir ás pastagens. Trata-se de uma atitude de relação com as pessoas, sob a luz da mensagem cristã.

5

Page 7: Tapiri 169 digital

6

3.2 Evangelização

Evangelizar é o anúncio da vida e da mensagem de Jesus, de sua res-surreição e de sua promessa da vin-da do Reino de Deus.

A evangelização requer: “pre-sença, testemunho, pregação, apelo à conversão pessoal, formação da Igreja, catequese; mas também in-culturação, diálogo inter-religioso, educação, opção preferencial pelos pobres, transformação da socieda-de” (QRPJS - p. 58)

3.3 Organização

Organização refere-se a um tra-balho sistematizado, com planeja-mento, objetivos e metodologia.

Toda ação organizada pressupõe uma coordenação que se faz guiar por um plano orgânico, com estra-tégias definidas e um sistema de avaliação. Isso exige planejamento participativo, capacidade de geren-ciamento de conflitos, carisma, isto é, dom e santidade, graça de Deus.

3.4 Eclesialidade

A igreja é comunidade que vive a comunhão. A Igreja é entendida como povo de Deus, servidora da humani-dade e iluminada pela mensagem do Evangelho. Como rebanho de Cristo, a Igreja é guiada por seus pastores: papa, bispos, padres, diáconos.

A Igreja muda seu modo de agir na história e nas culturas diver-

sas, estando atenta aos “sinais dos tempos”2.

A pastoral deve estar sempre em sintonia com o magistério da Igreja, do papa e dos bispos.

3.5 Mundo

O mundo é a realidade como um todo, aquilo que se manifesta, o conjunto das realidades que nos ro-deiam. A evangelização não é ação desvinculada do mundo, mas se dirige a pessoas inseridas em seus contextos próprios de vida. Assim a evangelização precisa atender aos apelos da realidade e estar atenta ao mundo que o cerca.

• O animador de pastoralprecisa testemunhar o que anuncia e organiza, com a capacidade de viver clara-mente a fé entre os jovens: coerência de fé, participação ativa na vida eclesial e social, respeito pela diversidade, ca-ridade atuante.

• OAnimadordePastoraldevenecessariamente ter uma boa base teológica: Cristolo-gia, Eclesiologia, Sacramen-tos, Ética, Doutrina Social da

02 “sinais dos tempos”. Esta expressão se encontra nos documentos do Conc. Va-ticano II e significa: discernir nos aconte-cimentos, nas exigências e nas aspirações de nossos tempos, a presença ou os de-sígnios de Deus, isto é, o que Deus quer através dos acontecimentos da vida do mundo.

Page 8: Tapiri 169 digital

7

Igreja. A Pastoral é fruto de uma boa teologia. Hoje em dia, diante de tantos desa-fios que a pós-modernidade apresenta, é necessária mui-ta competência, qualificação, isto é, a maior perfeição pos-sível no próprio trabalho.

• Aanimaçãolitúrgicaéimpor-tante na Pastoral, mas nem sempre um bom animador litúrgico é um bom Animador de Pastoral, se não tiver um fundamento teológico-pas-toral qualificado3.

• É importante para o Anima-dor de Pastoral ler os Do-cumentos atuais da Igreja: Documentos do Concilio Vaticano II, Documento de Aparecida (2007), Diretri-zes da CNBB, Evangelização da Juventude (n.85 CNBB), Diretrizes dos Regionais da CNBB, Plano de Pastoral da Diocese, Orientações do Se-tor de Pastoral da Inspetoria. Importante, também, sempre estar atento ao que acontece no mundo para confrontá-lo com o Evangelho4.

03 Pode acontecer de confiar a animação da pastoral a alguém que sabe tocar, cantar, animar a liturgia. A animação pastoral é mais abrangente, não é só liturgia.

04 Para os Animadores de Pastoral da nossa Inspetoria, é importante conhecer o docu-mento �Igreja na AMAZONIA, memória e compromisso�, que contém as conclusões do Encontro de Santarém 2012 dos bispos dos Regionais Norte I, Norte II, Noroeste.

• Paraoanimadordepastoraléde suma importância estudar e reler continuamente o do-cumento “A PASTORAL JU-VENIL SALESIANA” – Quadro de Referência – do Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesia-na: rica visão de conjunto do patrimônio pastoral salesiano.

• OAnimadordePastoralpro-cure incentivar o espírito missionário dos destinatá-rios, levando-os a testemu-nhar o Evangelho em casa, na escola, no lugar do traba-lho, em todo canto.

4. SISTEMA PREVENTIVO DE DOM BOSCO

“Não com pancadas, mas com a mansidão e a caridade é que deverás ganhar esses seus amigos” (Jesus a Joaozinho Bosco)Dom Bosco educou muitos jo-vens praticando um método pedagógico que ele mesmo chamou “Sistema Preventivo”, fundamentado no amor edu-cativo: Razão, Religião, Bon-dade. “Dom Bosco pretendeu oferecer aos jovens o método utilizado por ele para abrir as portas dos seus corações, conquistar a confiança deles e plasmar personalidades robus-tas do ponto de vista humano e cristão” (Pe. Páscual Chávez)5.

05 Reitor-Mor da Congregação Salesiana (2002-2014)

Page 9: Tapiri 169 digital

8

A razão: capacidade de compre-ender, confrontar, raciocinar, adap-tar-se, inventar, escolher, decidir. A religião: levar o jovem a Cristo e Cristo ao jovem, através de uma boa educação religiosa, da oração, dos sacramentos (Missa e Confissão) e o compromisso apostólico. A bondade: atenção, respeito, aproximação, en-tender e falar a linguagem do jovem, criar um ambiente espontâneo, am-biente de liberdade e naturalidade, de alegria e familiaridade. Assim o jo-vem se abre à influência do bem.

“Os jovens não somente sejam amados, mas sintam que são amados” (Dom Bosco).

Dom Bosco, com o Sistema Pre-ventivo, teve como objetivo: �Formar bons cristãos e honestos cidadãos”.

“Bons cristãos”, isto é, o segui-mento de Cristo (caminho, verdade e vida) que abre horizontes novos, dá mais sentido à vida humana. Formar bons cristãos hoje é respei-tar a liberdade e a responsabili-dade e educar para o senso crítico diante do pluralismo religioso con-temporâneo. “Honestos cidadãos”, implica hoje a “dimensão social da caridade”, isto é, educar para o empenho sócio-político, no próprio bairro, na própria cidade, no próprio pais. Educar na defesa dos direitos humanos, dos direitos dos pobres; incentivar a luta contra a corrupção, privilégios, exploração, engano. Suscitar o sentido crítico diante da sociedade, ajudando a descobrir o

mundo oculto das novas pobrezas e suas causas...

Importante educar para o valor da solidariedade contra a práxis da concorrência exasperada e do pro-veito individual. Solidariedade com projetos concretos em favor dos po-bres, dos excluídos. Incentivar e pro-mover o Voluntariado, que atual-mente é prioridade na Congregação Salesiana. Voluntário é a pessoa que cumpre algo espontaneamente, de sua vontade. O voluntariado é uma escola de solidariedade.

• O animador de Pastoral cui-dará da Catequese dos des-tinatários, com conteúdo e metodologias renovados (Catequese renovada), crian-do e preparando o grupo de catequistas, não esquecendo o ecumenismo e o diálogo in-ter-religioso6.

• Valorizará muito os sacra-mentos da Eucaristia e da Reconciliação. Preparará bem também as festas reli-giosas, alegres e juvenis. Or-ganizará os encontros de for-mação para os jovens, bem preparados e conduzidos. Cuidará bem do �bom dia,

06 Ecumenismo: é a aproximação, a coope-ração, a busca fraterna para superar as divisões entre os cristãos: Católicos, Or-todoxos, Luteranos, Metodistas, Batistas, Evangélicos etc. Diálogo inter-religioso: é o contato, o respeito com as religiões não cristãs: judaísmo, islamismo, budismo, reli-giões indígenas etc.

Page 10: Tapiri 169 digital

9

boa tarde, boa noite”, tradição salesiana educativa.

• O teatro, a música, o canto,o esporte, a dança, a arte, as gincanas, os momentos cul-turais são expressões con-cretas da alegria e espírito de família, que o Animador de Pastoral deve incentivar, com a colaboração de todos os membros da CEP.

• Cuidará também, e muito,da organização da AJS (Arti-culação Juventude Salesia-na), expressão da Pastoral Juvenil. Dentro da AJS for-mará o grupo vocacional (preparação para o Matrimô-nio, a Ordem ou à vida con-sagrada). Incentivará tam-bém a Pastoral Familiar7.

• ÉoAnimadordePastoralquedeve incentivar a dimensão social da caridade em comu-nhão com todos os membros

07 A animação da Pastoral Familiar, en-tre os pais dos nossos educandos, vai ajudar a AJS. Os filhos se animam vendo os pais engajados na pastoral da Obra salesiana.

da CEP. É ele que deve sus-citar reflexões, debates so-bre a realidade sócio-pollítica e econômica do território e ainda sugerirá propostas para projetos sociais que envol-vam educadores e educan-dos. (QRPJS, p. 196)

• CuidaráparaqueaObrasale-siana toda esteja presente na sociedade, principalmente quando se trata de manifes-tações públicas em favor dos direitos das classes menos favorecidas.

• OAnimadordePastoraldeveconhecer o documento da Congregação Salesiana “Vo-luntariado e Missão Sale-siana”, manual de Roteiro e Orientações, que é expressão madura da AJS. Projetos de Voluntariado devem entrar no PEPS da Obra salesiana, assim como o voluntariado missio-nário, com projetos que levem aonde as necessidades e as demandas dos jovens ainda não são preocupação8.

08 Exemplo de voluntariado missionário é

da CEP. É ele que deve sus-

Page 11: Tapiri 169 digital

10

5. PROJETO EDUCATIVO PASTORAL SALESIANO (PEPS)

“... a comunidade local é cha-mada a viver e agir com men-talidade clara de projeto; mentalidade que leva a indivi-duar os campos prioritários de atenção e fazer escolhas fun-damentais que orientem a vida das pessoas e a efetivação da ação nos diversos ambientes e setores de animação da obra” (QRPJS, p. 260)

A Organização é uma das cate-gorias necessárias da Pastoral. Não basta organizar algumas atividades com os destinatários ou coorde-nar alguns eventos, mas crescer na mentalidade de projeto e na dimen-são comunitária da Pastoral.

Hoje em dia nas Obras Salesia-nas existe o Projeto Educativo Pas-toral Salesiano (PEPS), que é “pla-no geral de intervenção que orienta a realização do itinerário educati-vo-pastoral num determinado con-texto inspetorial e local e orienta as iniciativas e os recursos para a evan-gelização... Responde à pergunta: O que fazer e como, para chegar à

a experiência da Pastoral da FSDB de Manaus. Um grupo de acadêmicos e ex-alunos passam quinze dias (no mês de janeiro) numa Obra salesiana do Alto Rio Negro, animando a colônia de férias. Re-alizam atividades religiosas, educativas e sociais com adolescentes e jovens. Eles recebem uma formação antes de viajar.

meta prevista?” – (QRPJS, p. 284). A elaboração, a execução e a avaliação do PEPS é uma oportunidade para crescer na mentalidade de viver e trabalhar juntos.

O PEPS é elaborado e realizado pela CEP (Comunidade Educativa Pastoral) que é o conjunto de pesso-as (salesianos, educadores, pais, jo-vens...) que trabalham juntos na edu-cação e evangelização dos jovens. A dimensão comunitária da ação pas-toral é fundamental: relações inter-pessoais, elementos de comunhão e colaboração sobre as preocupações gerenciais e organizativas. O PEPS se inspira no Sistema Preventivo.

O capítulo VI do documento “A PASTORAL JUVENIL SALESIANA” – Quadro referencial - é dedicado ao PEPS, com claras orientações sobre finalidade, elaboração, atuação em nível inspetorial e local.

No PEPS de cada Obra deve es-tar bem evidenciado que Educação e Evangelização formam um pro-cesso único, se articulam e qualifi-cam reciprocamente, contribuindo juntos para a realização da mesma finalidade: o desenvolvimento inte-gral do jovem considerado na totali-dade do seu ser. “uma educação que desenvolve o sentido religioso da vida, abre e favorece o processo de evan-gelização, e uma evangelização que propõe à educação um modelo de humanidade realmente realizada” (Pe. Pascual Chávez)

• O animador de Pastoral“coordena a atuação do PEPS

Page 12: Tapiri 169 digital

11

local com programações con-cretas para os diversos seto-res da Obra; promove iniciati-vas de formação dos agentes de pastoral; garante a relação e colaboração da Obra sale-siana com a pastoral da Igreja local” (QRPJS p.270).

• O Animador de Pastoral es-tará sempre presente em todas as reuniões da CEP e outras que dizem respeito a planejamento de atividades pedagógicas, culturais, reli-giosas, esportivas, para que estas atividades estejam de acordo com o conteúdo do PEPS, isto é, tenham sempre uma visão evangélica.

• O método “ver-julgar-agir-celebrar” é útil na progra-mação das atividades Edu-cativo-pastorais. Trata-se de caminhar com os jovens, partindo de suas vidas e preocupações, com ilumina-ção da fé e ação concreta. O Animador de Pastoral deve conhecer bem este método e utilizá-lo.

• OsetordePastoraldaInspe-toria pode orientar na elabo-ração do PEPS, onde ainda não existe. É o Animador de Pastoral que deve tomar a iniciativa, de acordo com o Presidente da CEP, Diretor da Obra Salesiana.

6. CONHECER OS JOVENS“O ponto de partida impres-cindível é o encontro com os jovens na condição em que se encontram, escutando atenta-mente os seus questionamen-tos e as suas aspirações, para valorizar o potencial de cresci-mento que cada um deles traz em si” – (QRPJS. p. 60)

Conhecer os jovens é condição prévia para a evangelização, que deve sempre partir da realidade (mundo), deve partir das condições concretas das pessoas, do contexto social e histórico da Obra Salesiana. É necessário dar atenção aos jovens reais, ás suas verdadeiras exigências, aos interesses atuais e aos deveres de vida que os esperam; à simpatia para com seu mundo.

São muitas as pesquisas cien-tíficas sobre a Juventude em geral, sobre a Juventude brasileira ou ama-zonense. A própria CNBB, Setor Ju-ventude, se preocupou com isso. Nestas pesquisas existem indicado-res interessantes do ponto de vista social, cultural, religioso9.

Conhecer os jovens, significa co-nhecer os jovens concretos que fre-quentam as Obras Salesianas (Pa-

09 O Texto-Base da CF2013 �Fraternidade e Juventude�, apresenta a realidade da juventude brasileira: religião, economia, trabalho, desafios...O documento da CNBB, n 85, �Evangelização da Juventu-de�, apresenta vários elementos da nova cultura pós-moderna que influem na re-ligiosidade dos jovens.

Page 13: Tapiri 169 digital

12

róquia, Escola, Oratório, Faculdade etc.). Pode ser feita uma pesquisa sobre estes jovens. O importante que a pesquisa seja científica, feita por pessoas competentes.

Dom Bosco criou o Sistema Pre-ventivo a partir da realidade dos jo-vens que frequentavam o Oratório de Valdocco (Turim), realidade que ele conheceu através o contato di-reto com eles: pátio, conversas, ati-vidades extra-classe. Dom Bosco era um ótimo observador. Era a ob-servação do pai que amava os filhos, os jovens sobre os quais ele tinha um projeto: �formar bons cristãos e honestos cidadãos�. “O amor de Dom Bosco pelos jovens era feito de gestos concretos e oportunos. Ele se inte-ressava pela vida inteira dos jovens, reconhecendo nela as necessidades mais urgentes e intuindo as mais re-cônditas” (R. Ruffinato)10

Para o conhecimento mais direto dos jovens Dom Bosco recomendou uma prática que se tornou um ponto importante na Pedagogia Salesiana, a Assistência Salesiana, �entendida como acompanhamento, proximi-dade animadora, atenção a tudo que acontece, possibilidade de intervenção tempestiva e exemplo”. (QRPJS p.122). Essa assistência realiza-se principal-mente no pátio. “A experiência de �pá-tio� é própria de um ambiente espon-tâneo, no qual se criam e estreitam relações de amizade e confiança.... É

10 Ruffinato, R. – Sacerdote salesiano, dou-tor em Salesianidade pela Pontificia Uni-versidade Salesiana de Roma.

o lugar adequado para dar atenção a cada menino/jovem, para a palavrinha ao ouvido, de onde deriva a relação educador-jovem que supera o forma-lismo ligado a outras estruturas, am-bientes e aos papeis”. (QRPJS, p. 131)

• OAnimadordePastoralpre-cisa, muito mais que os ou-tros educadores, estar no meio dos jovens, principal-mente no pátio, com espírito de observação educativa. Ele deve tomar a iniciativa, dar o primeiro passo para procu-rar os jovens e ficar com eles, conversar diretamente com os jovens que mais precisam de uma orientação. Os even-tos realizados na Obra Sale-siana são uma boa ocasião para conhecer os jovens.

• NasreuniõesdaCEP(Comu-nidade Educativa Pastoral) o Animador de Pastoral deve suscitar a troca de opiniões sobre a vida dos destinatá-rios, principalmente daqueles que apresentam mais neces-sidade de cuidado pastoral. Deve cuidar para que a assis-tência salesiana, a presença no pátio seja praticada por todos os educadores.

• O animador de pastoral sejadisponível para o colóquio pessoal com os destinatários. Procure encaminhar para o sacerdote ou a orientação psi-cológica, quando necessário.

Page 14: Tapiri 169 digital

13

7. VIRTUDES HUMANAS“Os valores humanos, sociais, culturais e religiosos para reali-zar o programa de Dom Bosco �bons cristãos, honestos cida-dãos�, devem ser vividos pelos leigos educadores para serem propostos aos jovens com cre-dibilidade� (CG 24, p. 129)

7.1 Esperança

É a capacidade não só de amar, mas de amar o que será amanhã, não só de crer e saber, mas crer e conhecer o amanhã. Esperança é olhar adiante e saber cultivar no co-ração a certeza de que aquilo que se está a fazer, produzirá muito fru-to, frutos de santidade. Esperança é otimismo que faz crescer os outros. A esperança é a virtude especial do carisma salesiano.

7.2 Prudência

É a virtude de saber fazer a coisa melhor mais razoável em cada mo-

mento. O prudente é aquele que age com sensatez, com discrição, com se-renidade, sem precipitação. Prudente é aquele que sabe resolver conflitos, que determina com coragem o que se deve fazer, que reflete antes de agir, persevera nos bons propósitos.

7.3 Fortaleza

É a virtude que torna forte para suportar com alegria as incompre-ensões, falta de resultados imedia-tos, agressões, conflitos pessoais, avaliação insuficiente. A fortaleza torna capaz de ser criativo, pensar em novos projetos pastorais, inclusi-ve projetos sociais.

7.4 Humildade

Consiste na consciência dos pró-prios limites, da própria fraqueza. O humilde sabe que o que tem foi re-cebido. O humilde se abre aos ou-tros, é capaz de aprender dos outros, sabe trabalhar com os outros.

Page 15: Tapiri 169 digital

14

7.5 Alegria salesiana

É energia interior que resiste também ás dificuldades da vida. Alegria é flexibilidade, confiança em si mesmo e nos destinatários, que não desespera de ninguém e que vive pacientemente a sua missão. O espírito de família, elemento carac-terístico da pedagogia salesiana, ali-menta a alegria salesiana.

Juntamente com estas virtudes humanas, muito importante é a ca-pacidade de diálogo: estar calmo antes de falar, procurar momento e lugar conveniente, falar com clareza, procurar soluções equilibradas, ava-liar as alternativas. “Quem não quer dialogar é um fanático. Quem não sabe dialogar é um estúpido e quem não tenta dialogar é um escravo” (Diaz, C.)11

Muito importante também é sa-ber trabalhar em equipe, que é o “trabalho do grupo que se encarrega de tarefas que criativamente desem-penham, organizando-se e reorga-nizando-se conforme as decisões do grupo”. (Libanio, J.B.)12

• Considerando o que foiapresentado sobre o que o Animador de Pastoral deve saber e deve fazer, é fácil en-tender que ele precisa adqui-rir muitas virtudes, algumas necessariamente. Porque, quanto mais ele é virtuoso,

11 DIAZ, C. em Ética del docene, p.92.12 Libanio, J,B. Jesuíta. A arte de formar-se,

p. 68.

tanto mais o seu trabalho será eficaz. É a pessoa do Animador de Pastoral que faz crescer os jovens, e não so-mente os seus conhecimen-tos e a sua pedagogia. O seu “ser” é responsável pela pro-moção integral dos jovens.

• A capacidade de diálogo e otrabalho em equipe são in-dispensáveis para o Anima-dor de Pastoral. Ele trabalha com os outros: deve trans-mitir confiança, segurança, harmonia, serenidade, bom humor. Por isso, nada de se-veridade, rigidez. Seriedade com amabilidade.

CONCLUSãO

O Animador de Pastoral é um apóstolo, escolhido e enviado por Jesus Cristo para cumprir um serviço em favor dos jovens que lhe foram confiados. Este serviço não leva o Animador de Pastoral a esquecer a si mesmo. Ao contrário, é ele que cresce juntamente com os destina-tários, os jovens. O seu serviço é um ministério, uma vocação, uma ma-neira de viver. Na medida em que ele doa a si mesmo, ele se recupera, cresce.

Uma oração que sugiro ao Ani-mador de Pastoral, a ser rezada fre-quentemente, é a oração ao Espírito Santo, bastante conhecida:

Page 16: Tapiri 169 digital

15

“Ó Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho,

inspirai-me sempre o que devo pensar,

o que devo dizer, como o devo dizer;

o que devo calar, o que devo escrever, como devo agir,

o que devo fazer para obter

a vossa glória, o bem das pessoas

e minha própria santificação. AMÉM”

BIBLIOGRAFIA

Documentos do Concilio Vaticano II (1962-65).

Atos do Conselho Geral, n. 407 (2010).

Atos do Conselho Geral, n. 415 (2013).

Capítulo Geral dos Salesianos – 24 (1996).

A PASTORAL JUVENIL SALESIANA-Quadro de Referencial (QRPJS). Di-castério para a Pastoral Juvenil Sale-siana (terceira edição 2014).

Evangelização da Juventude, CNBB, n. 85.

JULIATTO, C.I. Um jeito próprio de evangelizar. Editora Champanhat (2007).

LIBANIO, J.B. A arte de formar-se. Edições Loyola (2002).

PRIETO, M.D. Ética del docente. Las – Roma (2007).

FRANCISCO, Papa. A alegria do Evangelho. Exortação apostólica. Paulinas 2013.

Page 17: Tapiri 169 digital

16

Por Antônio de Assis Ribeiro (Pe. Bira), sdb Vice-Inspetor e Delegado Inspetorial de Pastoral

A IMPORTÂNCIA DA ANIMAçãO PASTORALEM REDE

1. INTRODUçãO

O senso de comunhão é uma das mais profundas e fortes carac-terísticas da Igreja Católica; por isso, apesar dos acidentes históricos, ela continua doutrinalmente sólida, politicamente compacta e pastoral-mente, a grosso modo, com a mes-ma sensibilidade.

A Igreja Católica, pelo que co-nhecemos no ocidente, é a única instituição bimilenar que continua com vida, atuante e com grande força religiosa e política em todo o mundo. Diante dessa realidade his-tórica somos convidados a nos per-guntar: De onde vem isso e qual é o seu segredo? Sem dúvida, o seu segredo está na comunhão, com consequência do mandamento do Amor deixado por Jesus.

Levado à prática, o mandamento novo, desde os primórdios do cris-tianismo, foi traduzido em organi-zações comunitárias alicerçadas no exercício da comunhão, em busca do mesmo pensamento, de sen-timentos de comunhão, de expe-riência de partilha, como bem nos atesta diversos textos do Novo Tes-tamento.

A comunidade nascente vivia uma forte experiência de comu-nhão doutrinal – o ensinamento dos apóstolos que, por sua vez, vinha de Jesus (cf. At 2,42-45). São Pau-lo exortava os fieis da comunidade de Filipos, dizendo: “comportem-se como pessoas dignas do Evangelho de Cristo. Desse modo, indo vê-los ou estando longe, eu ouça dizer que vocês estão firmes num só espírito, lutando juntos numa só alma pela fé do Evangelho” (Fl 1, 27).

Era o segredo dessa comunhão que causava grande impacto posi-tivo em quem entrava em conta-to com a proposta cristã. A práxis de vida tinha um grande poder de atração de novos fieis e, ao mesmo tempo gerava uma rede estratégi-ca que estimulava a propagação do Evangelho (cf. At 8,1; 1Ts 1,8; 2Cor 2,15).

A cultura contemporânea nos convida a reforçar esse sentido de comunhão trabalhando em rede. O termo rede nos estimula a pensar na força estratégica da união. Mas a Igreja e Congregação são chamadas a trabalhar em comunhão e em rede não por força de interesses estraté-gicos, mas por vocação! Isso deve

Page 18: Tapiri 169 digital

17

ser aprofundado! Dessa necessida-de vocacional decorrem muitas exi-gências e possibilidades de modali-dades de ação.

Esta matéria quer ser um simples convite e estímulo à reflexão sobre esse importante assunto. Faremos breves considerações antropológi-cas, bíblicas, eclesiais e por fim, ca-rismáticas na perspectiva salesiana. Contudo, é certo que não é suficien-te a consideração de fundamentos teóricos; isso tudo deve se traduzir em atitudes pessoais, comunitárias e em práxis pastorais.

2. HORIZONTE BIO-ANTROPOLÓGICO

a) A natureza nos fala de rede: essa ideia de rede vem da natureza; isso significa inte-gração e harmonia; a nature-za nos oferece uma brilhan-te rede de sistemas que nos mostram a beleza do dina-mismo da vida; onde não há integração, há morte. Aliás, a morte é a desintegração irreversível de um ser. Na natureza cada ser vivo tem

internamente diversos siste-mas dentro do seu contexto específico (habitat).

b) O homem imitando a natu-reza, aprende a importância da ordem, da integração e da harmonia em seus empreen-dimentos. Assim, as empre-sas são dotadas de sistemas técnicos em rede: rede de segurança, rede de comu-nicação, rede de produção, rede de distribuição; e ainda e mais importante a rede social, baseada fundamentalmen-te nos relacionamentos; por isso, fala-se tanto hoje, de ca-pital social das instituições...

c) A sensibilidade cultural con-temporânea: se por um lado o viver e trabalhar em rede é uma exigência e conquista da cultura atual, é bem verdade que o fundamento de tudo está na natureza humana. Isso é antigo! O ser humano é um ser social; social significa vol-tado para os outros, aberto, que não vive sozinho, que tem necessidade de interagir: dando e recebendo; o outro nos educa, fortalece, anima,

Page 19: Tapiri 169 digital

18

ajuda, desafia, nos favorece o autoconhecimento...

d) A família: nascemos e cres-cemos numa rede natural, a família! É nessa rede que somos educados, que apren-demos a ser gente, a ganhar, perder, partilhar, sonhar; é nessa rede que fazemos as primeiras experiências da alegria e da ternura do en-contro com outros e ao mes-mo tempo do medo e do conflito com ele. Não fomos programados para ser e viver isolados!

e) O instinto associativo: o ser humano, como muitos ani-mais, tem um forte instinto associativo; mas, ao mesmo tempo, vai muito além da-queles das outras espécies; nós nos associamos por atra-ção espontânea, por necessi-dade (segurança), por cons-ciência de cuidado, por dever etc. Nós nos associamos por estratégia, por interesses; mas também por opção ética e religiosa, ou seja, movidos por nossas crenças, valores e princípios.

3. HORIZONTE BÍBLICO-TEOLÓGICO

a) O que somos vem do NOS-SO CRIADOR: Deus é a rede do Amor absoluto, das rela-

ções harmoniosas, criativas e convergentes: “façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26). Deus é uno! Jesus declarou “eu e o Pai somos um” (Jo 10,30); “o Pai permanece em mim e eu no Pai” (Jo 10,38); “não cre-des que eu estou no Pai e o Pai está em mim?” (Jo 14,10); Jesus estimula seus discípu-los a essa mesma comunhão: “para que sejam um como nós somos um” (Jo 17,22); Deus é comunidade. Cada uma das pessoas da Santíssi-ma Trindade participa inteira-mente da ação da outra, sem individualismo, sem setoria-lismo, sem particularismo; “Repleto do Espírito Santo, Je-sus voltou do rio Jordão, e era conduzido pelo Espírito atra-vés do deserto” (Lc 4,1); “Jesus voltou para a Galiléia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redon-deza” (Lc 4,14).

b) DEUS SALVA formando Rede: no AT é muito clara a importância da família em si e das 12 tribos de Israel que formavam uma grande rede fraterna e um só povo; após a criação, todo o dinamismo da história da Salvação nos fala da profunda intenção di-vina de corresponsabilizar a humanidade como parceira do plano da própria salva-

Page 20: Tapiri 169 digital

19

ção; dessa forma, Deus faz alianças; aliança é envolvi-mento, corresponsabilidade, parceria, inclusão do outro interlocutor de uma missão; Deus fez aliança com Noé (cf. Gn 6,18), fez aliança com Abraão e seus descenden-tes Isaac e Jacó (cf. Gn 12-15; 17); no processo de liberta-ção do povo no Egito, Deus envolve a Moisés como seu parceiro e este, por sua vez, corresponsabiliza nessa mis-são seu irmão Aarão e Josué; no processo de liderança Moisés aprendeu a necessi-dade de corresponsabilizar os outros delegando-lhes específicas atribuições (cf. Ex 18,24). Moisés não trabalhava sozinho: Josué era seu auxi-liar (cf. Ex 24,13), seu ajudan-te (cf. Ex 33,11), seu servo (cf. Nm 11,28). Para a construção do templo de Jerusalém o rei Salomão envolveu muita gente estabelecendo parcei-ros e contratando profissio-nais (cf. 1Re 5,1-32); ninguém brilha sozinho!

c) Jesus, o Filho de Deus, for-mou uma comunidade em vista da promoção do Reino de Deus; Jesus não trabalhou sozinho, chamou colabora-dores, os formou e os corres-ponsabilizou em sua missão (cf. Mt 4,10-22; Mt 10,1-11; Mc 6,6-13; Lc 6,12-16. O evange-

lista João descreve uma cena muito significativa: no pro-cesso de envolvimento dos primeiros discípulos com Je-sus, há um brilhante senso de envolvimento gerando uma verdadeira rede de animação vocacional (cf. Jo 1,35-50); enfim, nesse processo de envolvimento com a pessoa de Jesus e sua missão não havia somente os doze, mas também mulheres que o se-guiam e o assistiam em suas necessidades (cf. Lc 8,1-3); Jesus tinha parceiros em sua missão! Tinha uma rede de amigos, admiradores, discí-pulos, apóstolos! Jesus com-partilha sua missão, nada re-teve para si, nem ideias, nem projetos, nem experiências, nem responsabilidade (cf. Lc 10,1ss). Os exemplos são muitos: na multiplicação dos pães há uma rede fantástica de colaboração (cf. Mt 14,15; Mc 6,34-43; Jo 6,5-13); no processo de preparação da páscoa – última ceia - há en-volvimento (cf. Mt 26,19; Mc 14,12); quando o evangelista João descreve o impacto da ressurreição, narra um mara-vilhoso dinamismo de comu-nicação, alegria, respeito (cf. Jo 20,18ss).

d) No livro dos Atos dos Após-tolos, Lucas quando fala do vazio deixado por Judas Is-

Page 21: Tapiri 169 digital

20

cariotes, reflete sobre a ne-cessidade que os apóstolos sentiram de logo reconstituir a comunidade apostólica, por causa do abandono de Ju-das; e assim, entrou para fa-zer parte do grupo dos doze, por sorteio, o jovem Matias (cf. At 1,23-26); enquanto isso Lucas faz questão de descre-ver o perfil da comunidade dos apóstolos marcado pela comunhão, partilha, solida-riedade e oração (cf. At 1,14; At 2,42-47 At 4,32-35; At 5, 12-16); também dos Atos dos Apóstolos é muito significati-va a narração do processo de resolução do primeiro grande conflito, através do diálogo, da escuta e do discernimen-to; quem provocava a con-fusão eram pessoas que não estavam em comunhão com os apóstolos (cf. At 15,1-35).

e) São Paulo com o seu exem-plo de vida e doutrina tam-bém nos deixou um grande estímulo sobre a importância do “fazer pastoral em rede”. Paulo nunca trabalhava so-zinho, não foi um herói so-litário; tinha sua equipe de animação pastoral (cf. At 13,13-14) – diversos são os seus companheiros ou cola-boradores de missão como Barnabé, Marcos, Silas, Sil-vano, Lucas, Timóteo, Tito, Apolo etc. Mais ainda, lá

onde fundava uma comuni-dade promovia lideranças.

4. HORIZONTE ECLESIAL

4.1 Concílio Ecumênico Vaticano II: a pastoral de conjunto

Com o advento do Concílio Ecumênico Vaticano II, cresceu for-temente em todo o mundo, o con-ceito de Igreja como comunidade de comunhão dos discípulos de Jesus. Abandonou-se, por comple-to, a tentação de considerar a Igreja como uma “sociedade perfeita, au-tossuficiente e distante do mundo”.

Ao contrário, passou-se, com mais clareza e liberdade teológica, a considerar a experiência da comu-nhão, que se expressa em atitudes pastorais, como uma das mais au-tênticas manifestações de testemu-nho da Igreja como “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-15).

A partir do Concílio Ecumênico Vaticano II, entra na Igreja Católica, uma nova linguagem pastoral dan-do enfoque a um novo modo de agir, que se expressa numa grande diversidade de termos, tais como: “em comunhão”, “em conjunto”, “em colaboração”, “em sintonia”, “em si-nergia”... para refletir, estudar, discer-nir, programar, agir, avaliar, celebrar, tomar decisões etc. São expressões recorrentes em muitos documen-tos que nos revelam a convicção de uma nova postura pastoral.

Page 22: Tapiri 169 digital

21

O Decreto “Optatam totius”, sobre a formação sacerdotal, já propunha a promoção da ação pastoral conjunta como uma experiência profundamen-te formativa e estimulante para o sur-gimento de novas vocações: “que se organize metódica e coerentemen-te e promova com zelo e discrição uma ação pastoral de conjunto para o fomento de vocações”1 em todas as dioceses e nações. Daí esse con-ceito de “ação pastoral de conjunto” se desenvolveu e se ampliou.

4.2 Documentos Pontifícios

Essa forte reflexão teológica sobre a comunhão eclesial, se traduz, na prática, em sinergia pastoral, espíri-to de colaboração, abertura à parce-ria, partilha de experiências, reflexão conjunta, senso de obediência etc. É essa sensibilidade que identifica-mos nos mais variados documentos pontifícios, sobretudo, nas encíclicas e nas exortações apostólicas. Nas úl-timas recentes décadas, sobretudo

01 Concílio Ecumênico Vaticano II. Decreto Optatam Totius, sobre a Formação sacer-dotal. Roma 1965, Número 3.

no pontificado do papa João Paulo II, tivemos grandes encíclicas e áre-as diferentes, tais como: “Laborem Exercens” (14 de Setembro de 1981), “Sollicitudo Rei Socialis” (30 de De-zembro de 1987), “Redemptoris Mis-sio (7 de Dezembro de 1990), “Cen-tesimus Annus” (1 de Maio de 1991), “Veritatis Splendor (6 de Agosto de 1993), “Evangelium Vitae” (25 de Março de 1995), “Ecclesia de Eucha-ristia” (17 de abril de 2003).

A mesma sensibilidade ressoa nas exortações apostólicas: “Ecclesia in Africa” (14 de setembro de 1995), “Ec-clesia in America” (22 de janeiro de 1999), “Ecclesia in Asia” (6 de novem-bro de 1999), “Ecclesia in Oceania” (22 de novembro de 2001) e “Ecclesia in Europa” (28 de junho de 2003).

Em 2007, falando das pastorais sociais, assim o Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Iti-nerantes, se expressa: “dever-se-á «pôr em rede» quanto já existe num determinado território, em vista de um intercâmbio de boas experi-ências e também de uma eventual ajuda, por parte daqueles que já dis-põem de uma ampla prática, em re-lação a quantos ainda se encontrem

Page 23: Tapiri 169 digital

22

no início” (142). Para agir como Igreja somos desafiados a sair do pessi-mismo, fechamento e da autossu-ficiência: “as possíveis crises levam a estrutura de assistência a sair do isolamento, em que por vezes, cor-re o risco de se encontrar, e a pôr em prática um «trabalho em rede», com os vários serviços presentes no território” (154)2.

O papa Francisco na Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” in-sistentemente nos exorta a fugir de toda espécie de atitude de fecha-mento e individualismo. Vejamos algumas citações: “A intimidade da Igreja com Jesus é uma intimidade itinerante, e a comunhão «reveste essencialmente a forma de comu-nhão missionária» (EG, 23); “Temos, porém, de reconhecer que o apelo à revisão e renovação das paróquias ainda não deu suficientemente fru-to, tornando-se ainda mais próxi-mas das pessoas, sendo âmbitos de viva comunhão e participação e orientando-se completamente para a missão” (EG, 28).

“O individualismo pós-moderno e globalizado favorece um estilo de vida que debilita o desenvolvimen-to e a estabilidade dos vínculos en-tre as pessoas e distorce os víncu-los familiares. A ação pastoral deve mostrar ainda melhor que a relação

02 Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, Pastorais Sociais, Roma, 24 de Maio de 2007, Números 142, 154.

com o nosso Pai exige e incentiva uma comunhão que cura, promove e fortalece os vínculos interpesso-ais” (EG, 67).

“Neste tempo em que as redes e demais instrumentos da comuni-cação humana alcançaram progres-sos inauditos, sentimos o desafio de descobrir e transmitir a «místi-ca» de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar nesta maré um pou-co caótica que pode transformar-se numa verdadeira experiência de fra-ternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação sagrada. Assim, as maiores possibilidades de comu-nicação traduzir-se-ão em novas oportunidades de encontro e solida-riedade entre todos” (EG, 87).

“Aos cristãos de todas as comu-nidades do mundo, quero pedir-lhes de modo especial um testemunho de comunhão fraterna, que se tor-ne fascinante e resplandecente. Que todos possam admirar como vos preocupais uns pelos outros, como mutuamente vos encorajais animais e ajudais: «Por isto é que todos co-nhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35). Foi o que Jesus, com uma intensa oração, pediu ao Pai: «Que todos sejam um só (…) em nós [para que] o mundo creia» (Jo 17, 21). Cui-dado com a tentação da inveja! Esta-mos no mesmo barco e vamos para o mesmo porto! Peçamos a graça de nos alegrarmos com os frutos alheios, que são de todos” (EG, 99).

Page 24: Tapiri 169 digital

23

4.3 Conferências Episcopais Latino-americanas

4.3.1 II Conferência do Episcopado Latino-Americano

O documento de Medellin (1968) nos apresenta com muita clareza a necessidade da comunhão da Igreja, sobretudo, em sua constituição hie-rárquica. Assim declaram os bispos: “no corpo místico de Cristo, os bispos e os presbíteros são consagrados pelo sacramento da Ordem para exercer o sacerdócio ministerial como um con-junto orgânico, que manifesta e torna presente a Cristo Cabeça. Os presbí-teros são incorporados a este conjun-to orgânico para serem cooperadores da Ordem episcopal (cf. MD 2,a). A afirmação soa fortemente profética, uma vez, que nesse período, muitos países estavam sofrendo pela divisão politica por causa dos regimes de di-tadura implantados pelos governos militares.

O documento também retoma a necessidade da promoção da “pas-toral de conjunto” (cf. MD, 3,a) mas vai além. O Episcopado Latino-A-mericano consciente da complexi-dade da transição cultural, propõe que se promova uma pastoral edu-cacional, nos países latino-america-nos, que não seja concebida como uma série de atividades e normas desconexas, mas como parte inte-grante de uma pastoral de conjunto que se apresenta como uma urgên-cias pastoral (cf. MD 4.1).

4.3.2 III Conferência do Episcopado Latino-Americano

O tema da comunhão, muito se amplia no documento de Pue-bla. Incentiva-se a promoção e a consolidação dos movimentos e ou-tras formas do apostolado familiar (cf. DP, 615. n), mas “deve-se insistir numa opção mais decidida em fa-vor da pastoral de conjunto, espe-cialmente com a colaboração das comunidades religiosas, promoven-do grupos, comunidades e movi-mentos; animando-as a um esforço constante de comunhão” (DP,650).

Os bispos reconhecem que há fraca unidade e critérios de ação que constitui uma fragilidade pastoral (cf. DP, 673, a). Todavia, também se reconhece conquistas da animação pastoral conjunta, em colaboração, da comunhão pastoral, apesar da di-versidade teológica e vocacional en-tre clero secular, religiosos, religiosas e leigos (cf. Dp, 850).

O documento lança o impor-tante critério teológico-pastoral de “Comunhão e participação” que deve permear o dinamismo da vida eclesial que evita toda espécie de divisão e isolamento (cf. DP, 992); por fim, reconhecendo a pluralidade da vida da sociedade, os bispos de-claram-se abertos para a promoção de uma ação conjunta com organis-mos da sociedade na promoção do Bem Comum (cf. DP, 1214, c).

Page 25: Tapiri 169 digital

24

4.3.3 IV Conferência do Episcopado Latino-Americano

O Documento de Santo Do-mingo, refletindo sobre os desafios emergentes da sociedade fala da “urgência de um novo tipo e alto nível de colaboração” (DSD, 20); a Igreja Católica na América Latina sente-se, humildemente, como um sujeito capaz de colaborar e aberta para a reflexão e busca de solução para os problemas sociais. Por isso declara que é necessário “favorecer a formação de trabalhadores, em-presários e governantes em seus direitos e em seus deveres, e pro-piciar espaços de encontro e mútua colaboração” (DSD, 185).

Em nível interno, eclesial, o do-cumento retoma o importante prin-cípio da comunhão e da colaboração entre os vários sujeitos eclesiais: é preciso “evangelizar em estreita co-laboração com os bispos, com os sacerdotes e com os leigos, dando exemplo de renovada comunhão” (cf. DSD, n. 27 e 21). Constata a impor-tância de “animar iniciativas e forta-lecer as estruturas e organismos de colaboração intra-eclesial que sejam necessários ou úteis, respeitando às diversas competências” (cf, DP, 208).

4.3.4 Aparecida: V Conferência do Episcopado Latino-Americano

O Documento de Aparecida nos convoca insistentemente a uma

“conversão pastoral”; dentre os tan-tos aspectos consequentes dessa conversão está a questão da exi-gência fundamental da comunhão da qual deriva a promoção de uma pastoral em rede. Vejamos algumas citações desse documento;

“A renovação das paróquias no início do terceiro milênio exige a re-formulação de suas estruturas, para que seja uma rede de comunidades e grupos, capazes de se articular conseguindo que seus membros se sintam realmente discípulos e mis-sionários de Jesus Cristo em comu-nhão. A partir da paróquia, é neces-sário anunciar o que Jesus Cristo “fez e ensinou” (At 1,1) enquanto esteve entre nós” (DA, 172).

“A Igreja apoia as redes e progra-mas de voluntariado nacional e inter-nacional, que surgiram em muitos países, na esfera das organizações da sociedade civil, para o bem dos mais pobres de nosso continente, à luz dos princípios de dignidade, subsidiariedade e solidariedade, em conformidade com a Doutrina So-cial da Igreja” (DA, 372).

Lamenta a existência de um “certo enfraquecimento da vida cris-tã no conjunto da sociedade e da própria pertença à Igreja Católica”; e denuncia a falta de comunhão e solidariedade entre comunida-des (cf. DA, 100, b, e). Recorda a todos que como discípulos-mis-sionários somos chamados a viver em comunhão (cf. DA, 155-156); a Igreja, animada pela Palavra de

Page 26: Tapiri 169 digital

25

Deus e pela Eucaristia, é “casa e escola de comunhão”, onde os discípulos compartilham a mesma fé, esperança e amor a serviço da missão evangelizadora (cf. DA, 158).

O documento pede que as as-sociações, serviços e movimentos, comunidades religiosas, pequenas comunidades, comissões de pastoral social e diversos organismos eclesiais tenham uma visão de conjunto e con-vergência de iniciativas (cf. DA, 281).

4.4 A sensibilidade pastoral da CNBB

A CNBB no documento 104, fala da urgência de concebermos e pro-movermos a paróquia como uma rede de comunidade e uma comu-nidade como uma rede de pastorais, grupos, movimentos, associações etc. Afirma: “A paróquia, porém, não é a Igreja Particular no sentido estrito, pois ela está em rede com as demais paróquias que formam a diocese, que é a Igreja Particular” (CNBB, Doc. 104, N.57).

Constatando os frágeis laços de pertença na cultura contemporânea, afirma que o critério de associação preferido pelas pessoas não é mais aquele da territorialidade, mas da afetividade, que se manifesta atra-vés da vida em rede. Disso decorre a necessidade de repensar os critérios de animação pastoral na paróquia, não mais orientado pelo princípio da territorialidade geográfica (cf. CNBB, Doc. 104, N.108).

5. HORIZONTES CARISMÁTICOS

5.1 A mentalidade de Dom Bosco

Dom Bosco deste o início de seu sacerdócio aprendeu e se exercitou na prática do envolvimento de pes-soas no seu trabalho, evitando toda e qualquer forma de heroísmo soli-tário: sua primeira colaboradora foi a sua mãe, corresponsabilizou seus primeiros jovens a cuidar dos cole-gas, estabeleceu parcerias com os empresários da construção civil do seu tempo, envolveu em seu tra-balho os líderes políticos de Turim, partilhava seus sonhos com o papa e os bispos; a congregação salesiana nasce com um estilo profundamen-te “social”, “civil”, “aberta”, solidária ao povo e aos seus líderes;

Dom Bosco aos poucos cria uma rede de instituições unidas pelos mesmos ideais, “ser instrumento

Page 27: Tapiri 169 digital

26

de salvação para a juventude”: So-ciedade de São Francisco de Sales, as Filhas de Maria Auxiliadora, os Salesianos cooperadores e a Asso-ciação dos Ex-alunos; essa vai se expandindo com o passar dos anos. Por vocação e carisma, os salesia-nos são estimulados a viver e a tra-balhar em comunhão.

Para Dom Bosco a paixão pelo Reino de Deus é inseparável de um profundo amor à Igreja. Essa marca ca-rismática está presente também nas atuais constituições salesianas quan-do afirma: “sentimo-nos parte viva da Igreja e cultivamos em nós e em nos-sas comunidades uma renovada cons-ciência eclesial. Expressamo-la na fide-lidade filial ao sucessor de Pedro e ao seu magistério, e na vontade de viver em comunhão e colaboração com os bispos, o clero, os religiosos e os leigos” (Const. SDB, artigo 13).

5.2 O Capítulo Geral 24

Em 1996 aconteceu em Roma o Capítulo Geral XXIV que refletiu so-bre o tema: “salesianos e leigos em comunhão no espírito e na missão de Dom Bosco”. Os salesianos de Dom Bosco foram convocados a trabalhar em rede com os leigos ani-mados pela mesma comunhão ca-rismática, o espírito de Dom Bosco.

No texto do CG 24, o princípio da comunhão entre salesianos e leigos em todas as Comunidades Educativas Pastorais, se converte em compromisso cotidiano de tra-

balhar “juntos”: juntos e em comu-nhão, juntos em sinergia, juntos em colaboração, juntos na formação e na vivência do Sistema Preventivo, juntos em caminho de santidade, juntos como família salesiana (cf. GC 24, N. 104, 125, 144, 185, 239).

5.3 O Capítulo Geral 27

O último capítulo geral nos con-vida a fortalecer a “Graça da Uni-dade”; somos profetas e servos dos jovens em comunhão fraterna; isso significa esforço por superar: a visão fragmentada da própria vida e da missão; combater o individualismo, o isolamento, o conformismo (imo-bilismo), o ativismo (ações desorde-nadas), o clericalismo, o perfeccio-nismo, a solidão; evitar a todo custo estrelismo (fazer por aplausos e não por consciência de ser); nos estimula a “redesenhar” a dinâmica da nossa ação pastoral em seu ardor, expres-são e metodologia.

Além desse convite genérico à comunhão e sinergia afetiva e inte-lectual, o QRPJS nos convida com muita insistência a articular nossa animação pastoral em rede. O do-cumento reconhece que não pode-mos contrariar a dinâmica do con-texto sócio-cultural no qual vivemos profundamente sensível à dinâmica das redes. “Tudo está acontecendo em rede, e as jovens gerações (os “nativos digitais”, “cyberkids”, “click generation”) adquiriram uma eleva-da capacidade de acesso à tecnolo-

Page 28: Tapiri 169 digital

27

gia e às capacidades de sua utiliza-ção” (QRPJS, p. 162).

Por isso o processo de animação e evangelização das nossas CEP não deve ser dispersivo, isolado e nem fechado; “nossas iniciativas pastorais mais significativas devem ser articu-ladas como rede: todos colaboram em diversos níveis na elaboração do PEPS, centro de convergência de to-das as atividades, cooperando no próprio processo educativo, enrique-cendo-se reciprocamente num itine-rário comum de formação (cf. CG24, n. 157). A experiência formativa en-volve a comunhão de critérios (men-talidade), convergência de intenções (objetivos) e organicidade de interven-ções (corresponsabilidade, confronto, busca, revisões)” (QRPJS, p. 110).

Essa dinâmica de comunhão e colaboração em rede se estende para fora de nossas obras em vista de atingir o complexo Movimento Juvenil Salesiano (AJS), nos quais os jovens se encontram e se ajudam em seu caminho de crescimento. “É necessário ligar numa rede inspe-torial os grupos existentes e os que vão surgindo” (QRPJS, p. 166).

Essa articulação em rede contri-bui eficazmente para a promoção da visibilidade do MJS. Por isso, “é importante, criar uma rede de in-formações e coligações entre os di-versos grupos e associações do MJS e também entre eles e os demais grupos e associações na Igreja e no território” (QRPJS, p. 168). A diversi-dade das obras salesianas presente

em um determinado território, com suas múltiplas características, não é empecilho para estarem ligados en-tre si (cf. QRPJS, p. 179,184).

5.4 Quadro Referencial da Pastoral Juvenil Salesiana

A animação da missão é entre-gue a uma CEP, que envolve a todos internamente e trabalha em rede dentro da Inspetoria. O documento apresenta a comunhão como prin-cípio fundamental da qual deriva o bom êxito da missão confiada a uma comunidade educativa: é ne-cessária, antes de tudo, “convergên-cia espiritual”, “convergência de in-tenções”, “convicções de todos” (cf. QRPJS, pag. 77, 107-108).

O QRPJS nos fornece no seu quar-to capítulo (cf. QRPJS, pag. 136-169) um elemento fundamentam, sem o qual não é possível a comunhão e, muito menos, o trabalho em rede. Trata-se da mentalidade projetual. É necessário trabalhar com projeto!

O projeto é fruto de uma inten-ção, ou seja, de um desejo conjunto por onde se deseja passar e o que se pretende fazer. O projeto é a “carta de navegação” de um empreendi-mento no qual condensamos as re-ferências fundamentais, a dinâmica de ação e as adequadas estratégias para a consecução de um geral. Quando trabalhamos sem projeto, ficamos a deriva das circunstâncias e dos desejos de quem lidera.

Page 29: Tapiri 169 digital

28

CONCLUSãO

1. O tema abordado na pers-pectiva teológica e pastoral, o trabalho em rede, já faz parte de uma das mais profundas convicções e dinâmicas de trabalho da cultura das gran-des corporações empresariais e que cresce cada vez mais. Vivemos em rede!

2. A exigência da promoção da animação pastoral em rede é fruto da evolução da consciên-cia de diversas exigências da ação evangelizadora da Igreja. É fruto do amadurecimento da assimilação do agir de Jesus e do anúncio do Reino de Deus. Não basta o anúncio, é impor-tante uma metodologia ade-quada e coerente.

3. Estamos diante de um tema muito importante, que não é questão de “moda pastoral”. Trata-se de um importantíssi-mo critério de ação pastoral e, ao mesmo tempo, condição de sua significatividade à luz do Evangelho. A essência da ação evangelizadora da Igreja é o anúncio da pessoa de Je-sus Cristo e do seu Reino que promove o encontro, a co-munhão fraterna, a partilha, a corresponsabilidade etc.

4. A questão do desenvolvimen-to da pastoral em rede é uma condição de eclesialidade ca-tólica. Toda ação pastoral iso-

lada e avulsa, não é católica. A pastoral em rede começa com a adesão e assimilação de princípios teológicos, bí-blicos e doutrinais. Não há verdadeira pastoral em rede, onde não se leva em conta as orientações eclesiais.

5. Na perspectiva salesiana te-mos uma forte herança ca-rismática. Dom Bosco foi um sacerdote profundamente aberto à interação e muito sensível à promoção da cor-responsabilidade. Dom Bos-co foi um grande promotor do trabalho pastoral em rede: envolvendo sua mãe, corres-ponsabilizando seus primei-ros jovens, compartilhando seus sonhos com seus co-legas e bispos, estimulando as autoridades a assumir sua parcela de responsabilidade, divulgando o bem que fazia, fundando novas instituições com o mesmo ideal.

6. Essa herança carismática converteu-se para os sale-sianos e leigos em todas as Comunidades Educativas e Pastorais um compromis-so permanente; não se trata de uma questão opcional. Os documentos oficiais da Congregação, assim como aqueles da Família Salesiana (Carta de Comunhão e Carta da missão da Família Salesia-na) nos apresenta a exigência

Page 30: Tapiri 169 digital

29

do trabalho conjunto como um princípio fundamental que expressa nossa unidade carismática e pastoral como Família Salesiana.

7. Elemento de fundamental importância para estimular a convergência de intenções e uma práxis pastoral anima-das pelos mesmos princípios é o Projeto Educativo Pas-toral. O Projeto é um instru-mento operativo que discipli-na e direciona o agir pastoral. Para que um grupo de sujei-tos possa trabalhar em con-junto formado rede é preciso que reconheçam um centro de unidade, valores comuns, critérios compartilhados.

8. Há muitas vantagens do tra-balho desenvolvido em rede: fortalecemos nossos sonhos, ampliamos nossa visão da realidade, somamos recur-sos, diminuímos perdas, re-duzimos as margens de ris-co, erros e prejuízos; juntos, alimentamos a esperança, promovemos o otimismo e chegamos à solução dos pro-blemas com mais rapidez; no trabalho em rede desen-volvemos nossas ações com mais serenidade e segurança...

9. Para chegarmos a essa expe-riência, contudo, não é sim-ples e nem automático. E pre-ciso que nos eduquemos para superarmos uma série de ati-

tudes antissociais, tais como: o individualismo, a autossufi-ciência, o heroísmo solitário, o anonimato, o autoritarismo, o pessimismo, o messianismo, o medo do outro, a apatia, a depreciação das nossas ex-periências pastorais, o nega-tivismo, a inveja, o ciúme, o boicote de processos e dinâ-micas pastorais etc.

10. Em fim, a animação pastoral em rede, é profundamente educativa porque nos esti-mula a estar sempre numa contínua atitude de revisão das nossas atitudes oportu-nizada pela experiência do confronto, do diálogo, da interação e da partilha dos desafios que encontramos. Por isso é uma práxis pasto-ral rica de estímulos positi-vos capaz de despertar uma otimista atitude diante dos desafios e problemas. É des-sa forma que percebemos de perto o quanto é maléfica a fragmentação eclesial e o in-dividualismo pastoral.

Manaus, 24 de setembro de 2014Antônio de Assis Ribeiro – SDB (Pe. Bira)

Delegado Inspetorial para Pastoral Juvenil Salesiana

Email: [email protected]

Page 31: Tapiri 169 digital

30

DO PRIMEIRO ANúNCIO à EDUCAçãO à Fé NA ÓTICA SALESIANA

Após o encontro realizado em Los Teques, Venezuela, entre os dias 20 e 25 de novembro de 2013 com a jornada de Estudo dos Salesianos e Filhas de Ma-ria Auxiliadora, sobre o Primei-ro Anúncio ao Discipulado Mis-sionário na América e Caribe, a Inspetoria Salesiana Missionária da Amazônia junto com a Ins-petoria Santa Teresinha e a Ins-petoria Laura Vicuña, realizaram um evento de cunho missionário com os jovens do evento “Campo Bosco” e com alguns membros da família salesiana no Colégio Auxi-liadora(Manaus), no dia 12 de se-tembro com intuito de sensibili-zar o ardor missionário dos jovens animadores de oratório, para a missionariedade de “coração ora-toriano para um coração oratoria-no missionário”.

Neste sentido, se refletiu em for-ma de celebração, recordando os cinco continentes tendo como base algumas reflexões iniciais do texto da Ir. Nancy Venegas – FMA, com o tema: Do primeiro anuncio à Educa-ção à Fé na ótica Salesiana.

O texto nos propõe as seguintes reflexões:

Por Pe. Reginaldo Lima Cordeiro, sdbDelegado da Animação Missionária da Amazônia

Façamos o caminho: “ O Filho de Dom Bosco e a Filha de Maria Auxi-liadora, como membro de uma co-munidade concreta é um enviado(a). Chamado(a) a viver a identidade de educador(a) salesiano(a) no espíri-to do ‘Da mihi animas’ e do “a ti as confio” para cooperar na salvação infância e da juventude”.

No contexto de uma nova evan-gelização, muitas são as perguntas que a Igreja se coloca no atual cami-nho missionário. “O sistema Preven-tivo1 característica da nossa vocação na Igreja, é para nós específica e mé-todo de ação pastoral. É uma expe-riência de caridade apostólica que tem como fonte o próprio coração de Cristo e como modelo a solicitude materna de Materna de Maria. Con-siste numa presença educativa que, somente com a força da persuasão do amor, procura colaborar com o Espírito Santo para o crescimento de Cristo no coração das jovens. Foi-nos transmitido como um espírito que deve guiar nossos critérios de ação e permear todos os nossos relaciona-mento e o nosso estilo de vida”2.

01 Cf MB IV 546-552.02 Cf. MB XVII 628.

Page 32: Tapiri 169 digital

31

Aqui encontramos a razão de ser da nossa vocação e missão dentro da Igreja. Viver a tarefa Evangeli-zadora com a caridade pastoral de Cristo Bom Pastor e com atenção especial ao jovens pobres e aban-donados.

Por sua vez, as Linhas orientado-ras da Missão Educativa oferecem elementos essenciais que devem ser traduzidos em projetos adequa-dos às situações concretas de idade, ambientes familiares e sociais, cul-turas e religiões. Entendem acom-panhar o processo de inculturação do carisma nos vários contextos, sendo pontos de referencia que orientam a missão, oferem motiva-ções e critérios inspiradores.3

Para nós, é fundamental deixar-nos conduzir pela categoria evan-gélica da vida como dom e como tarefa entende sublinhar a intrínse-ca dimensão vocacional da missão educativa, reafirmando a opção de estar a serviço da vida, lá onde mui-tas vezes reina uma cultura da mor-te, e convidar com determinação a ser testemunhas da plenitude de humanidade que Jesus manifestou na existência.

A visão antropológica de refe-rência tem raízes no mistério da Encarnação redentora de Cristo. Ele assumiu e levou a cabo a realidade humana e fez de todos filhos e fi-

03 Para que tenham vida e vida em abundância. Linhas Orientadoras da missão educativa das FMA, Madri, 2005 (LOME).

lhas de Deus. Nesta visão unitária da pessoa e do seu processo de cres-cimento, a nossa missão encontra legitimidade, mesmo em contextos multireligiosos e multiculturais.

Onde quer que trabalhemos com espírito salesiano, educação e evan-gelização, pedagogia e pastoral se harmonizam na ótica do Sistema Preventivo, no qual convergem as prospectivas: cultural, evangélica, social, comunicativa.

No documento Lineamenta do Sínodo sobre a Nova Evangeliza-ção, as perguntas giram em torno à transmissão da fé, sua crise e a exi-gência de novas formas de evange-lizar e a urgência de desenvolver em nossas comunidades um processo de iniciação à vida cristã que come-ce com o kerigma e guiado pela Pa-lavra de Deus, conduza a um encon-tro pessoal, cada vez mais intenso, com Jesus Cristo; se esta é uma re-alidade urgente para todos os seres humanos, com maior razão para a infância e a juventude. Para nós SDB e FMA é de grande importância a comunidade cristã vista com sujeito evangelizador e lugar onde se vive a evangelização já que é na comuni-dade que vivemos a espiritualidade do Sistema Preventivo formando um ambiente de família no qual os jovens possam experimentar o que se anuncia, celebra e testemunha com a vida. Somos convocados pela força da fé a testemunhar Cristo Ressuscitado. Num estilo de vida comunitário, esta tarefa é realizada

Page 33: Tapiri 169 digital

32

em colaboração direta com os outros grupos da Família Salesiana, como testemunho de comunhão e em ordem a uma ação mais eficaz a serviço do Reino.

Frente aos grandes desafios enunciados, como Família Sale-siana, somos chamados a viver o anúncio de Cristo nas diversas for-mas de serviço pastoral e, de modo especial, na catequese, e oratório que é a alma da nossa ação evan-gelizadora. Esta tarefa deve ser realizada com competência e em comunhão com o caminho da Igre-ja, procurando ajudar os jovens a discernir o plano de Deus na pró-pria vida, de modo que este seja a meta de nossa ação pastoral. Para a nossa família religiosa, o oratório exige dedicação e atenção e deve ser vivida dentro de um proces-so que leve os jovens ao encontro autentico com Jesus Cristo, porque também hoje o mundo precisa de outros “Domingos Sávio, Miguel Magone e Laura Vicuña”. Acredito que, diante desta tarefa, se vislum-

bra uma primeira urgência à qual devemos responder e que é aque-la que objetiva examinar o método e as linguagens da evangelização. Evangelizar não é somente pro-clamar a boa notícia: a vida intei-ra precisa converter-se numa boa notícia. E não só pessoalmente, mas como comunidade que coloca Jesus no centro, se reúne ao redor da Palavra e da Eucaristia; cultiva o amor aos irmãos e as irmãs, se con-verte em lugar de acolhida e comu-nhão para todos, sobretudo para as famílias e para os jovens mais ne-cessitados.

No que se refere ao primeiro anúncio como exigência de novas formas do discurso sobre Deus, vale a pena recordar-nos que a dimen-são missionária é um elemento es-sencial à congregação salesiana e somos chamados a trabalhar entre os povos aos quais ainda não che-gou o anúncio da Palavra, para nós o interesse pelos problemas da evan-gelização é algo fundamental. Por isso, o nosso compromisso com a

32

Page 34: Tapiri 169 digital

33

evangelização deve ter como objeti-vo ajudar os jovens e as jovens a va-lorizarem não somente as celebra-ções litúrgicas, mas também todos os espaços de oração e de aprendi-zagem em termos de educação à fé segundo as orientações da Igreja.

Entretanto, os desafios que nos apresentam o fenômeno da glo-balização, o pluralismo religioso e a realidade neoliberal, com suas luzes e sombras, fazem sim que sintamos como uma outra urgência a necessi-dade de capacitarmo-nos para de-senvolver com verdadeira compe-tência a missão de evangelizadores através de uma adequada prepara-ção e uma constante atualização, em espírito de discernimento.

A evangelização sistemática e or-gânica, da qual tanto se fala e sobre a qual estamos refletindo, pressu-põe a responsabilidade de realizar um primeiro anuncio kerigmatico-missionário, para depois continuar o processo em termos de maturação e crescimento na fé, que nos faça, junto com os jovens, encontrar Cris-

to e nos permita viver a vida num estilo de conversão contínua e per-manente. Isto, por sua vez, nos tor-na credíveis e coerentes naquilo que anunciamos e testemunhamos; nos ajuda, junto com os jovens, a apro-fundar o Mistério de Cristo e da Igre-ja, inserindo-nos ativamente na vida da comunidade paroquial e diocesa-na. Para os que pertencem a outras confissões devemos oferecer uma formação que respeite e desenvolva os valores humanos e sociais pre-sentes em cada cultura e lhes abra um caminho rumo à aceitação de Cristo e sua mensagem.

Por fim, o compromisso de ser-mos fiéis ao “da mihi animas cetera tolle” e ao “a ti as confio” deveria le-var-nos a viver a paixão por Cristo e pela humanidade como empenho a sermos sinais do amor preveniente de Deus entre os jovens e as jovens, ao mesmo tempo em que promo-vemos um humanismo de paz e de justiça e nos fazemos presentes nos “novos pátios” que os avanços tec-nológicos nos oferecem.

Page 35: Tapiri 169 digital

34

ACONTECEU

A festa do Bicentenário do Nasci-mento de Dom Bosco (1815-2015) é a celebração de uma vida dedicada à prática do sistema preventivo nas nossas vidas. Será de grande emo-ção e reflexão estar na terra onde viveu esse santo homem e apro-fundar nossos conhecimentos sobre sua trajetória de doação aos jovens necessitados.

Recordaremos, in loco, principal-mente os ensinamentos que ele nos deixou como grande legado para a nossa prática profissional como edu-cadores de diversas obras salesianas na Amazônia: Colégio Dom Bosco de Manaus, Faculdade Salesiana Dom Bosco, Pró-Menor Dom Bosco, Paró-quia São José de Ji-Paraná (Ro), Obras Sociais do Aleixo (Manaus), Centro Ju-venil Salesiano de Manicoré, Missão Salesiana de Yauaretê, Colégio Dom

34

Bosco e Paróquia Nossa Senhora de Fática de Porto Velho.

Os diversos grupos somam 49 pe-regrinos em processo de preparação. Em cada área temos um coordena-dor que anima o grupo auxiliando o delegado inspetorial para a pastoral. Participar da organização dessa pe-regrinação com os peregrinos da ci-dade de Manaus, nos leva a repensar tudo aquilo que nos propomos a fazer como cristãos e honestos cidadãos.

No dia 20 de Setembro de 2014, o grupo de Manaus teve seu I Encon-tro de Formação. Refletimos sobre o tema “As Atitudes dos Peregrinos” apresentado pelo Coordenador Ge-ral Pe. Bira. Para melhor se articular, o grupo com 25 integrantes, formou internamente 04 comissões: even-tos, liturgia, cultura e animação, sob as orientações das coordenadoras Fer-nanda Melo e Cleyse Silva.

1 – PREPARAçãO DA PEREGRINAçãO A TURIM DE 27 DE JUNHO A 14 DE JULHO DE 2015

Page 36: Tapiri 169 digital

35

luntariado nas comunidades mais ca-rentes da cidade.

O grupo está sendo acompanha-do pelo animador de pastoral do Co-légio Oswaldo Tércio, e pelo Pe. Da-niel (Pároco da Paróquia Dom Bosco). Trata-se de uma experiência pasto-ralmente ousada que merece nossos

parabéns! A promoção do GAM é um compromisso da Pastoral Juvenil Ins-petorial que deve ser promovido em todas as obras.

ACONTECEU

O GAM (Grupo de Animação Mis-sionária) do Colégio Dom Bosco de Manaus – Centro, fez a sua primeira experiência de Voluntariado-Missio-nário fora de Manaus, no município de Manicoré (Amazonas) na Paró-quia Nossa Senhora das Dores e no Centro Juvenil Salesiano nos dias 04 a 12 de julho deste ano.

Com o tema “A quem eu te en-viar, irás!” (Jr 1,7) os jovens do GAM ousaram realizar esta experiência de convivência, partilha, oratório e vo-

35

2 – ANIMAçãO MISSIONÁRIA JUVENIL

Page 37: Tapiri 169 digital

36

Nos dias 12 a 14 de Setembro de 2014, realizamos o encontro com a temática I Campo Bosco na Ama-zônia em Manaus com 60 jovens animadores de oratório das Obras Salesianas das Filhas de Maria Au-xiliadora e dos Salesianos da área do Pará, Rondônia e Manaus. A ati-vidade foi desenvolvida no estilo de acampamento nas estruturas da Casa de retiro dos jovens, anexo á sede da Inspetoria Laura Vicuña.

O foco do evento buscou vi-venciar a experiência de um gran-de oratório salesiano com diver-sos momentos formativos antes e durante o evento, frisando o inicio dos oratórios de Valldocco e Mor-nese. Os jovens foram estimulados a apresentarem a realidade de cada oratório onde atuam e motivados pelo tema “Um Coração Oratoria-no”, mostraram o quanto é belo a vida de um animador salesiano.

3 – CAMPO BOSCO NA AMAZÖNIA

ACONTECEU

Page 38: Tapiri 169 digital

37

No mês de setembro o Tiroci-nante Augusto dos Santos acom-panhou a itinerância com o Pe. Norberto Hohenscherer (conhe-cido por todos os cantos do Rio Negro como o padre que viaja so-zinho, por isso houve surpresa do povo ao vê-lo acompanhado).

O Rio Papurí é o limite de fronteira entre o Brasil e a Colômbia, na parte inferior da região que se chama “ca-beça do cachorro” no mapa do Brasil.

4 – RELATO DA ITINERÂNCIA NO RIO PAPURÍ

37

Tem muitas cachoeiras e o tris-te fenômeno do grande exôdo das comunidades indígenas para a ci-dade. Saindo das terras demarca-das para se aventurar em busca de melhores condições de vida.

Segundo Augusto, foi uma óti-ma experiência para conhecer o povo de Deus que mora distante dos grandes centros e procura nos meios das crises, cruzes e luzes vi-ver a sua fé.

ACONTECEU

Page 39: Tapiri 169 digital

38

Parabenizamos o Pe. Alberto Rypel (SDB), pároco da Paróquia São José Operário, do Bairro São José I, em Manaus, pela maravilho-sa iniciativa da promoção do curso de teologia para os fieis da sua pa-róquia. Foram mais de 200 partici-pantes provenientes das várias co-munidades da paróquia.

A formação, organizada por mó-dulos, foi credenciada pela Facul-dade Salesiana Dom Bosco como curso de Extensão Universitária. A formação de fieis leigos é uma con-dição fundamental para a renovação pastoral de uma paróquia.

Diz o Documento de Apare-cida: “Os melhores esforços das

5 – CURSO DE TEOLOGIA PARA LEIGOS

paróquias neste início do tercei-ro milênio devem estar na con-vocação e na formação de leigos missionários. Só através da multi-plicação deles poderemos chegar a responder às exigências missio-nárias do momento atual” (Doc. Aparecida, 174).

“Para cumprir sua missão com responsabilidade pessoal, os leigos necessitam de sólida formação dou-trinal, pastoral, espiritual e adequa-do acompanhamento para darem testemunho de Cristo e dos valores do Reino no âmbito da vida social, econômica, política e cultural” (cf. Doc. Aparecida 207, 212). Que sejam perseverantes!

ACONTECEU

Page 40: Tapiri 169 digital

39

No dia 19 de setembro se reu-niram os animadores de pastoral e educadores membros da família salesiana para programar a peregri-nação à Basílica de Nossa Senhora

6 – PEREGRINAçãO DA FAMÍLIA SALESIANA à BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DE NAZARé - BELéM/PA

de Nazaré que está agendada para a 1ª quinzena do mês de outubro. Em conformidade com esta Programa-ção, houve a Peregrinação da Ima-gem também nas Casas Salesianas.

ACONTECEU

Page 41: Tapiri 169 digital