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Os infantes século XXI e terceiro milênio estão aí, esperando por nós. Vamos viver uma ínfima parte deles. Mas que seja uma vida gostosa, ple- na de prazer e com muitos sorrisos reconstruídos. Relembrando o argen- tino Borges: “Não há um homem que não seja um descobridor. Começa des- cobrindo o amargo, o salgado, o liso, o áspero, as sete cores do arco-íris e as vinte e tantas letras do alfabeto. Passa pelos rostos, pelos mapas, pe- los animais e pelos astros. Conclui pela dúvida ou pela fé e pela certeza quase total de sua própria ignorância”. 1) Quais os preceitos didáticos mais importantes em sua aula? José Valladares Neto Uma aula tem que ser objetiva, sim- ples e sua elaboração deve obedecer um raciocínio linear capaz de condu- zir a platéia para o entendimento do tema em questão. Quando monto uma aula, preocupo-me em expor aquilo que eu gostaria de ouvir se estivesse do outro lado. 2) Como conduzir o tratamento da má oclusão de Classe III sua- ve a moderada (ou Classe I com- pensada) em indivíduos mascu- Entrevista Omar Gabriel da Silva Filho linos, portadores de padrão esquelético de Classe III, no es- tágio da dentadura permanente jovem (12 a 14 anos): ortopé- dico, camuflado ou cirúrgico? José Valladares Neto A decisão terapêutica para a cor- reção da má oclusão de Classe III de- pende, primeiro, da face. A face é so- berana. Mas depende também do grau de compensação dentária, ou seja, da liberdade que o ortodontista tem para aumentar a compensação natural sem colocar em risco a saúde e longevida- de periodontal. O padrão facial de Classe III em paciente jovem (12 a 14 anos), so- bretudo do sexo masculino, quando o crescimento facial estende-se por mais tempo, não está definido, principal- mente se o diagnóstico diferencial en- volver prognatismo mandibular, com ou sem laterognatismo. Portanto, na ausência de irregularidades dentárias que exijam intervenção imediata, o mais coerente seria aguardar a matu- ridade esquelética, quando então a opção terapêutica seria planejada com mais segurança. E a abordagem gira- ria em torno de duas possibilidades, a compensação dentária ou a descom- pensação visando a cirurgia ortogná- tica. Na dependência, naturalmente, do grau de comprometimento esque- lético e no impacto psicossocial con- seqüente, e na possibilidade de man- ter ou mesmo aumentar a compensa- ção dentária existente. 3) Quando indicar os distaliza- dores fixos para a correção da má oclusão de Classe II? José Valladares Neto Uma coisa é certa. Não existe apa- relho mecanicamente mais eficiente que o aparelho extrabucal (AEB) para distalizar molares, simétrica ou A Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial publica, com muito prazer, esta entrevista com o Prof. Omar Gabriel da Silva Filho. A opinião sempre segura do Prof. e sua constante contribuição para o desenvolvimento da ortodontia brasileira, abrilhantam essa edição. Dando aval para as decisões de nosso Conselho Editorial e colaborando com a publicação de artigos, o professor Omar é um dos nossos grandes colaboradores. Para o Prof. Leopoldino Capelozza, colega do Prof. Omar, em Bauru, é imprescindível ressaltar que “O Professor Omar Gabriel da Silva Filho, entrevistado neste número da Revista Dental Press, é um ortodontista ímpar. Envolvido em muitas atividades, senhor do tempo, multiplica-o e as executa com brilhantismo. Membro de nossa equipe de clínica, pesquisa e ensino no HRAC (Hospital de Reabilitação de Anomalias Crânio-Faciais), tem contribuído de maneira decisiva para seu sucesso. Ainda muito jovem, é um pesquisador de renome e com artigos que vão de básicas lições a consistentes descrições à pesquisa. É provavelmente o autor da Ortodontia brasileira que mais trabalhos publicou no exterior. Conhecedor da embriologia da face em normais e mal-formados, Mestre maior da ortodontia preventiva e interceptora, didático ao extremo, oferece nesta entrevista mais uma oportunidade para aprendermos com suas lições”. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 2, p. 1-7, mar./abr. 2001 1

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Os infantes século XXI e terceiromilênio estão aí, esperando por nós.Vamos viver uma ínfima parte deles.Mas que seja uma vida gostosa, ple-na de prazer e com muitos sorrisosreconstruídos. Relembrando o argen-tino Borges: “Não há um homem quenão seja um descobridor. Começa des-cobrindo o amargo, o salgado, o liso,o áspero, as sete cores do arco-íris eas vinte e tantas letras do alfabeto.Passa pelos rostos, pelos mapas, pe-los animais e pelos astros. Conclui peladúvida ou pela fé e pela certeza quasetotal de sua própria ignorância”.

1) Quais os preceitos didáticosmais importantes em sua aula?José Valladares Neto

Uma aula tem que ser objetiva, sim-ples e sua elaboração deve obedecerum raciocínio linear capaz de condu-zir a platéia para o entendimento dotema em questão. Quando monto umaaula, preocupo-me em expor aquiloque eu gostaria de ouvir se estivessedo outro lado.

2) Como conduzir o tratamentoda má oclusão de Classe III sua-ve a moderada (ou Classe I com-pensada) em indivíduos mascu-

Entrevista

Omar Gabriel da Silva Filho

linos, portadores de padrãoesquelético de Classe III, no es-tágio da dentadura permanentejovem (12 a 14 anos): ortopé-dico, camuflado ou cirúrgico? JoséValladares Neto

A decisão terapêutica para a cor-reção da má oclusão de Classe III de-pende, primeiro, da face. A face é so-berana. Mas depende também do graude compensação dentária, ou seja, daliberdade que o ortodontista tem paraaumentar a compensação natural semcolocar em risco a saúde e longevida-de periodontal.

O padrão facial de Classe III empaciente jovem (12 a 14 anos), so-bretudo do sexo masculino, quando ocrescimento facial estende-se por maistempo, não está definido, principal-mente se o diagnóstico diferencial en-volver prognatismo mandibular, comou sem laterognatismo. Portanto, naausência de irregularidades dentáriasque exijam intervenção imediata, omais coerente seria aguardar a matu-ridade esquelética, quando então aopção terapêutica seria planejada commais segurança. E a abordagem gira-ria em torno de duas possibilidades, acompensação dentária ou a descom-pensação visando a cirurgia ortogná-tica. Na dependência, naturalmente,do grau de comprometimento esque-lético e no impacto psicossocial con-seqüente, e na possibilidade de man-ter ou mesmo aumentar a compensa-ção dentária existente.

3) Quando indicar os distaliza-dores fixos para a correção damá oclusão de Classe II? JoséValladares Neto

Uma coisa é certa. Não existe apa-relho mecanicamente mais eficienteque o aparelho extrabucal (AEB) paradistalizar molares, simétrica ou

A Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial publica, com muito prazer, estaentrevista com o Prof. Omar Gabriel da Silva Filho. A opinião sempre segura do Prof. e sua constantecontribuição para o desenvolvimento da ortodontia brasileira, abrilhantam essa edição. Dando avalpara as decisões de nosso Conselho Editorial e colaborando com a publicação de artigos, o professorOmar é um dos nossos grandes colaboradores.

Para o Prof. Leopoldino Capelozza, colega do Prof. Omar, em Bauru, é imprescindível ressaltarque “O Professor Omar Gabriel da Silva Filho, entrevistado neste número da Revista Dental Press, éum ortodontista ímpar. Envolvido em muitas atividades, senhor do tempo, multiplica-o e as executacom brilhantismo. Membro de nossa equipe de clínica, pesquisa e ensino no HRAC (Hospital deReabilitação de Anomalias Crânio-Faciais), tem contribuído de maneira decisiva para seu sucesso.Ainda muito jovem, é um pesquisador de renome e com artigos que vão de básicas lições a consistentesdescrições à pesquisa. É provavelmente o autor da Ortodontia brasileira que mais trabalhos publicouno exterior. Conhecedor da embriologia da face em normais e mal-formados, Mestre maior daortodontia preventiva e interceptora, didático ao extremo, oferece nesta entrevista mais umaoportunidade para aprendermos com suas lições”.

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assimetricamente. A verdade é quenenhum aparelho intrabucal conseguecontrolar tão bem o centro de rotaçãodurante a distalização do molar, porum princípio lógico da física onde areação da força aplicada e a linha deação da força estão fora da boca. Ascaracterísticas dos distalizadores in-trabucais, as quais norteiam a suaindicação, residem em serem fixos,intrabucais e induzirem efeitos exclu-sivamente ortodônticos. Prefiro os dis-talizadores intrabucais para as dista-lizações preferencialmente unilateraise de pequena magnitude, em situaçõesonde o AEB pode comprometer nega-tivamente a convexidade facial e dianteda negativa do paciente em fazer usodo AEB.

4) O avanço ortopédico da man-díbula com o aparelho de Herbsttem sido um recurso indicadopara o tratamento da má oclu-são de Classe II, com deficiên-cia mandibular, durante a faseativa de crescimento e, mais re-centemente proposto por PAN-CHERZ, até em adultos jovens.Qual o seu efeito em humanos:induzir mudanças meramenteposturais, associadas a movi-mentos dentários compensatóri-os ou conseguir, de forma efeti-va, alongar o comprimento man-dibular? José Valladares Neto

Para todos os efeitos, o aparelhoHERBST tem sido usado com a pre-tensão explícita de corrigir a deficiên-cia mandibular. E não deixa de seruma proposta atraente pelos impe-rativos de cooperação e usoininterrupto. Explica-se assim aressuscitação deste aparelho ortopé-dico fixo como uma homenagem àortopedia européia, de passaporte ale-mão, no caso aquela praticada nosprimeiros anos do século passado,antes mesmo da sedimentação daortopedia funcional dos maxilares eda sagração de nomes como Bimler,Fränkel, Schwarz, além de tantos ou-tros. Torna-se mesmo difícil identifi-car a paternidade do “conceito orto-

pédico”. Os estudos recentes comimagens da ATM (radiografia,tomografia e ressonância eletromag-nética) evidenciam a mudança ope-rada na ATM como conseqüência doavanço contínuo da mandíbula, com-patível com a intensidade da agres-são imposta. Essas imagens vêm de-monstrar a legitimidade do aparelhoHERBST como modelador ortopédico.No entanto, nenhum pesquisadorousa discordar dos efeitos dento-al-veolares provocados pelo aparelhoHERBST, independentemente da an-coragem. O que quero dizer é que asdúvidas acadêmicas surgidas com aortopedia funcional dos maxilares, notocante à possibilidade de interferên-cia extra-genética sobre a magnitudede crescimento mandibular, permane-cem acesas. O que interessa a nós,clínicos, de fato, é o impacto oclusal efacial que os aparelhos ditos ortopédi-cos promovem.

5) Após 15 anos à frente doCurso de Aperfeiçoamento emOrtodontia Preventiva e Inter-ceptiva da PROFIS (Centrinho -USP/Bauru), qual é a sua opi-nião sobre os resultados obtidoscom o tratamento ortodôntico/ortopédico inter-ceptivo para asmás oclusões de Classe II, divi-são 1? Flávio Mauro Ferrari Júnior

Nestes 15 anos de existência, ex-perimentamos alguns protocolos detratamento para a má oclusão de Clas-se II, sempre na busca de finalizaçõesperfeitas, com o menor grau de com-pensação dentária possível. O proto-colo inicial, com o uso exclusivo doAEB a partir do início da dentaduramista, logo cedeu lugar ao protocolocom ortopedia funcional dos maxila-res, seguindo a filosofia de Balters,também a partir do início da dentadu-ra mista. A expansão rápida da ma-xila, em estágio precoce da dentaduramista, seguido pelo uso da ortopediafuncional dos maxilares no estágio fi-nal da dentadura mista, em confor-midade com o protocolo de tratamen-to sugerido por McNamara, passou a

dominar no tratamento das discre-pâncias de Classe II.

Tantos protocolos de tratamentopara uma má oclusão poderiam sig-nificar fracasso terapêutico. De certaforma era o que acontecia. Os pacien-tes com má oclusão de Classe II aca-bavam submetendo-se a um tempomuito prolongado de tratamento, o quedificultava a finalização. Mesmo o pro-tocolo de McNamara não suscitavaefeitos encorajadores. O que aconte-cia é que na época da instalação daortopedia funcional, era de praxe terque expandir novamente a maxila porcausa da recidiva. Baseado nas expe-riências via de regra mal sucedidas,foi esboçado um protocolo de trata-mento postergando a instalação daortopedia sagital para a época da ado-lescência (curva ascendente da ado-lescência). A expansão transversal damaxila passou a ser indicada somen-te quando a atresia interferia na rela-ção intra-arco.

Hoje, procuramos obedecer doisprotocolos de tratamento para a máoclusão Classe II: 1) tratamento naadolescência com ortopedia funcionaldos maxilares, optando pelo aparelhoBionator, e 2) antecipação da instala-ção da ortopedia sagital, com o apa-relho fixo tipo HERBST, levando-se emconsideração apenas a idade dentária- a partir do início da dentadura mis-ta. O protocolo de tratamento precoceé instituído quando a relação custo-benefício se justifica.

6) Qual a sua opinião sobre osresultados com anquilose inten-cional de caninos decíduos comocoadjuvante na tração reversa damaxila, no tratamento das másoclusões de Classe III? FlávioMauro Ferrari Júnior

A ancoragem biológica, proporci-onada pela anquilose intencional doscaninos decíduos, com o propósito deintensificar a magnitude do desloca-mento anterior da maxila durante oprocedimento terapêutico de traçãoreversa da maxila, não deixa de serum procedimento de vanguarda que

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vem sendo utilizado há pouco mais de2 anos, no curso de Ortodontia Pre-ventiva e Interceptiva da PROFIS. Doponto de vista clínico, os resultadostêm sido estimulantes. Mas, do pon-to de vista científico, é cedo para res-ponder tal pergunta. Além do mais, nãotemos casuística suficiente para umaavaliação dos resultados, uma vez quevários fatores limitam sua indicação:1) a incidência de Classe III já é reduzi-da, próxima de 3%, 2) a presença deretrognatismo maxilar, e 3) estágio dedentadura decídua ou início da denta-dura mista (preferencialmente, primei-ro período transitório), quando as raí-zes dos caninos decíduos ainda apa-rentam integridade. Pelo menos até omomento não tivemos nenhumaintercorrência que justificasse o abortode tal investimento terapêutico.

7) Qual a sua opinião sobre osartigos científicos publicados noBrasil? Flávio Mauro Ferrari Júnior

Posso dizer, sem receio, que a pro-dução científica brasileira cresceu emnúmero e qualidade nestas duas últi-mas décadas. Realidade esta que re-sultou de uma soma de fatores. O nú-mero de cursos de ortodontia aumen-tou em todos os níveis de formação:especialização, mestrado, doutorado,e mesmo as oportunidades de pós-doutorado no exterior. Conseqüente-mente, o número de profissionais, nosdiferentes níveis de formação, tambémaumentou, sendo acompanhado pelonúmero de indústrias nacionais demateriais ortodônticos. E, finalmente,surgiram novas revistas científicas,uma delas com qualidade geral com-patível ou superior aos melhores pe-riódicos internacionais. Enfim, o Bra-sil está capacitado a oferecer impor-tantes contribuições para a ortodon-tia mundial. Assim caminha a orto-dontia brasileira.

8) Qual a sua opinião sobre oensino da ortodontia no Brasil?Flávio Mauro Ferrari Júnior

No Brasil existem pólos científicosde referência, reconhecidos interna-

cionalmente, que geram ciência, bus-cam o aperfeiçoamento constante doofício e engrandecem a profissão.Espelhados nestes centros de referên-cia, muitos cursos bem intencionadosformam profissionais capacitados emtodo território nacional. Mas num paístão vasto e com tantos cursos de or-todontia, é muito difícil aquilatar o ní-vel geral do ensino. Esta, aliás, deve-ria ser uma preocupação das entida-des de classe.

9) Ao longo de sua experiênciaclínica e científica a sua visãopara o tratamento da má oclu-são de Classe II modificou mui-to? Na prática, o que mudou?Terumi Okada

Sem dúvida nenhuma, minha vi-são sobre o tratamento da má oclu-são de Classe II mudou. E mudou tan-to no tocante à forma de tratar quan-to à época de intervenção.

No início da minha carreira clínicaeu tratava todas as más oclusões Clas-se II com aparelho extrabucal, desdeo início da dentadura mista, a despei-to da quase onipresença da deficiên-cia mandibular nas más-oclusões declasse II. Não havia muita preocupa-ção em elaborar um planejamento ló-gico com o diagnóstico estrutural damá oclusão. Não se respeitava o en-volvimento transversal da maxila, enão se questionava a época de tratar.De certa forma essa conduta refletia acorrente mais ortodoxa da ortodontiaamericana, quando a “ortopedia fa-cial” para discrepância sagital de Clas-se II restringia-se ao AEB, com reve-rência especial a Klohen. Torna-seoportuno comentar que a ortodontiaamericana assimilou o conceito orto-pédico funcional, dominante naeuropa, para o tratamento da deficiên-cia mandibular. E tal era a simbioseentre os dois conceitos, ortodôntico eortopédico, que o famoso periódico daAAO, por pressão de Graber, então edi-tor, em 1986, passou a chamar-se“American Journal of Orthodonticsand Dentofacial Orthopedics”.

Com a experiência acumulada,

principalmente no tratamento decrianças, eu percebi que os dois as-pectos são essenciais no sucesso dotratamento da má oclusão de ClasseII: o como e o quando tratar. A pri-meira questão diz respeito à localiza-ção do erro morfológico nos três sen-tidos do espaço, se na mandíbula, namaxila ou nos dentes. A segunda ques-tão, mais controversa, consiste eminstituir o tratamento na época maispropícia. Sempre que possível adio otratamento para o final da dentaduramista ou para a dentadura permanen-te, na dependência da manifestaçãodo surto de crescimento da adolescên-cia. Acho producente coincidir a orto-pedia sagital com a curva ascendenteda adolescência. Em regra, não tenhopressa de iniciar o tratamento da Clas-se II, já que minha experiência comseu tratamento precoce não é positi-va. Claro que alguns fatores concor-rem para antecipar a terapia, comopor exemplo a gravidade da discrepân-cia esquelética, a presença de apinha-mento, em especial no arco dentáriosuperior, o impacto psicossocial da máoclusão e a expectativa dos pais.

Hoje, o uso exclusivo do AEB paraa correção da má oclusão de Classe IIno início da dentadura mista é algoimpensável na ortodontia contempo-rânea. Neste estágio do desenvolvi-mento oclusal procuro tirar proveitodo efeito ortodôntico do AEB.

10) Acompanhar o desenvolvi-mento da oclusão parece seruma de suas linhas de pesquisapredileta. Diante de apinha-mentos ântero-inferiores no pri-meiro período transitório dadentadura mista, mais especi-ficamente na fase de irrupçãodos incisivos laterais, muitosautores recomendam a extra-ção dos caninos decíduos pre-cocemente para o alinhamentodos incisivos permanentes. Qualseria a sua conduta diante des-ses casos? Terumi Okada

Na realidade, o apinhamento nadentadura mista passou a me impres-

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sionar não só pela sua freqüência, cer-ca de 50% das crianças no estágio dedentadura mista, mas principalmentepela diversidade de tratamentos im-postos, com pontos de vista os maisheterogêneos possíveis. De início, as-sustou-me a ausência de critériosmorfológicos que pudessem determi-nar a melhor forma de tratamento pre-coce e isso forçou-me a encontrá-los.A intenção era ser objetivo e tratarcorretamente.

A linha de pesquisa do apinhamen-to na dentadura mista iniciou com aconstatação da sua alta incidência nosescolares de primeiro grau de Bauru(52%), e prosseguiu com o estudo docomportamento espontâneo do api-nhamento ao longo da dentadura mis-ta, desde o apinhamento primário (diag-nosticado no primeiro período transi-tório da dentadura mista). O acompa-nhamento longitudinal é imperativo eredundou na publicação: “Apinhamen-to primário temporário e definitivo,diagnóstico diferencial”. Esse artigoproporcionou critérios clínicos, nãodigo definitivos, mas bem definidos,para indicar o tratamento do apinha-mento considerado má oclusão.

Existe uma situação, a qual de-nominamos de “apinhamento pri-mário temporário”, que não deman-da tratamento. Nessa situação, oapinhamento se dissolve com o tem-po devido às alteraçõesdimensionais espontâneas que ma-nifestam-se na dentadura mista eculminam com o aumento do perí-metro dos arcos dentários. Essaconceituação veio fundamentar oprovérbio clínico até então aplicadoempiricamente na nossa prática:“Com relação ao apinhamento pri-mário, na dúvida não faça nada.”Assim, só tratamos o apinhamentoconsiderado má oclusão, e atribuí-mos a ele a designação de“apinhamento primário definitivo”.

Decidido o apinhamento a ser tra-tado, começa o dilema: que aborda-gem optar, uma conduta extracionistaou uma conduta expansionista? Issoé determinado principalmente pela

morfologia dos arcos dentários. Quan-do o arco dentário pede, iniciamos otratamento do apinhamento com umaconduta expansionista. Quando osarcos dentários apresentam uma boaconfiguração, isentos, portanto, deconstricção transversal, partimos paraa antítese da conduta expansionista,a sedimentada e secular condutaextracionista (um programa de extra-ções seriadas).

Resumindo, frente ao apinhamen-to na dentadura mista, podemos ado-tar três protocolos terapêuticos distin-tos: 1) acompanhar, sem tratamen-to; 2) expandir os arcos dentários, e3) partir para um programa de extra-ções seriadas.

11) A sua trajetória ortodônticainiciou-se atendendo os pacien-tes com fissura lábio-palatal. Deque maneira isso contribuiu paraabrir os horizontes das suas li-nhas de pesquisa e culminar coma experiência e a realidade dehoje? Terumi Okada

Assim que concluí minha gradua-ção, acanhado odontólogo, aportei noCentrinho - o Hospital mais bem or-ganizado e mais conceituado da Amé-rica Latina para o tratamento das de-formidades congênitas lábio-palatais,e de lá não saí mais.

O Centrinho foi decisivo na minhaformação ortodôntica. Aprendi a fazera expansão ortopédica da maxila den-tro da filosofia (ancoragem dento-muco-suportada) e protocolo (expan-são rápida) defendidos por Haas.Aprendi a lidar com o rebordo alveolarsegmentado pelo defeito congênito.

O Centrinho foi decisivo na mi-nha formação científica. Desde cedoconvivi com nomes que influencia-ram e continuam influenciando a ci-ência e a cultura deste país. Enxer-guei neles, além do talento e a dispo-sição para o trabalho, duas qualida-des que transcendem as razões daciência: a solicitude e a solidarieda-de. Essas qualidades me seduziram eme espelharam.

O Centrinho também foi decisivo

na minha formação humanista. Suafilosofia de atendimento coloca no cen-tro das preocupações o ser humano,sua dignidade, suas necessidades e seubem-estar. Essa postura redefiniu meuscódigos éticos perante a vida.

O Centrinho, síntese de experiên-cia enriquecedora e singular, transfor-mou aquele acanhado odontólogo. Epor tudo isso, lhe sou muito grato.

12 ) Acompanhando, ao longodesses anos, sua trajetória cien-tífica pode-se constatar que vocêé um dos ortodontistas com pro-dução recorde de artigos em re-vistas nacionais e internacionais.Gostaria que compartilhassecom todos os leitores o que o levaa escrever com tanta satisfaçãoe conhecimento. Terumi Okada

Tive a oportunidade de acompa-nhar o final da primeira década de vidado Centrinho. O Centrinho emergiucom vigor desenfreado e isso conti-nuou em todas essas décadas de his-tória, é um processo em curso. Assi-milei este vigor, acredito. Na realida-de, considero-me um genuíno repre-sentante da civilização pós-Freudianae encontrei no trabalho a forma deredimir as minhas culpas.

13) Qual a época que consideraideal para o tratamento precoceda Classe II, sem apinhamento?Guilherme Janson

Eu costumo dizer nas minhas au-las que quando lidamos com crianças,em estágios que antecedem a maturi-dade oclusal, torna-se imperioso res-ponder duas questões antes de se ins-talar uma mecanoterapia: da necessi-dade e da oportunidade do tratamen-to. De nada adianta aplicar uma me-canoterapia lógica num momento ino-portuno. Resumindo, a responsabilida-de do ortodontista quando ele tem aoportunidade de decidir o momentoexato da abordagem terapêutica é muitomaior. A resposta para esta perguntaconstitui uma das chaves do sucessono tratamento da Classe II. Em quemomento do desenvolvimento

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dentofacial seria possível obter o má-ximo de efeito ortopédico, no menortempo possível, em detrimento do mí-nimo de compensação dentária? Hojetento postergar o tratamento da dis-crepância sagital de Classe II para ofinal da dentadura mista (segundoperíodo transitório) ou dentadura per-manente, deixando-me guiar pela ida-de óssea.

14) Qual a possibilidade de su-cesso da expansão rápida damaxila em adultos? GuilhermeJanson

Existem restrições esqueléticasque condicionam a probabilidade desucesso da expansão rápida da ma-xila. O sucesso da expansão ortopé-dica depende principalmente da fle-xibilidade óssea, e isto guarda rela-ção inversa com a idade cronológi-ca. Quanto mais idade, maior é a ri-gidez estrutural do esqueleto e me-nor é o efeito ortopédico induzido peloprocedimento de expansão rápida damaxila. Mas, sem dúvida, é difícilprecisar qual é a idade limite para talprocedimento. É claro que, passadaa adolescência, toda pretensa expan-são ortopédica tem prognóstico som-brio até que se prove o contrário.Como não temos dados de diagnós-tico prévio para identificar de ante-mão os casos de fracasso ortopédi-co, temos que tentar para responderessa pergunta. É claro que esse “ten-tar” exige bom senso. No dia-a-diaacho coerente tentar uma expansãoortopédica até o início da década dos20 anos de idade, levando em consi-deração: 1º) condição periodontal, 2º)quantidade de expansão necessáriapara garantir uma oclusão razoável,3º) sensibilidade e disposição do pa-ciente para o desconforto inevitável.

15) Qual a estabilidade desteprocedimento, em adultos? Gui-lherme Janson

A prática tem mostrado que nãoexiste estabilidade permanente emortodontia. Para a inquietude dos or-todontistas, o conceito de estabilidade

está banido da prática ortodôntica. Háum certo consenso de que toda movi-mentação ortodôntica ou ortopédicaestá fadada a algum grau de recidiva.Algumas vezes, justificando umretratamento. Esse raciocínio tambémé válido para a consagrada expansãorápida da maxila, independentemen-te da idade, mas com certeza em graupreponderante quando executado naidade adulta, dada a maior compen-sação dentária. Acabamos de enviarum trabalho para a “Revista DentalPress de Ortodontia e Ortopedia Fa-cial” acerca da recidiva a longo prazono ganho transversal conseguido coma expansão rápida da maxila na ado-lescência. O trabalho salienta a ten-dência de recidiva nas dimensõestransversais, contando com a coni-vência da literatura pertinente. A reci-diva transversal pode comprometertanto a relação intra-arco como a re-lação inter-arcos.

16) Como o Sr. decide, em umcaso de mordida cruzada poste-rior, se tratará o mesmo utilizan-do um aparelho Quad Helix ouuma expansão rápida da maxi-la? Luiz Gonzaga Gandini Júnior

Indico a correção da mordida cru-zada posterior desde a dentadura de-cídua, a partir dos 5 anos de idade.Como regra, 90% dessas expansõessão efetuadas mediante o procedimen-to de expansão rápida da maxila, como aparelho expansor fixo tipo Haas.Na minha prática, hoje, corrijo siste-maticamente a deficiência transversaldo arco dentário superior com a ex-pansão ortopédica, mesmo nos está-gios precoces do desenvolvimento daoclusão. O critério de escolha da abor-dagem terapêutica, e que explica a in-dicação expressiva da expansão rápi-da, centra na inclinação vestibulolin-gual dos dentes posteriores. A expan-são lenta está indicada quando da in-clinação lingual dos dentes posterio-res. Quando isso ocorre, dou prefe-rência para o arco em “W”, visto queincomoda menos o paciente do queos helicóides do Quad Helix.

17) Como o Sr vê a polêmica dotratamento ortodôntico em umaou duas fases e qual das condu-tas lhe parece mais lógica? LuizGonzaga Gandini Júnior

Embora este assunto envolva am-plo território de discussão, generica-mente pode-se dizer que há um lugarpara o tratamento ortodôntico preco-ce, ou em duas fases, tanto na insti-tuição acadêmica como clínica. No iní-cio da lida com crianças, minha in-tuição dizia que qualquer má oclusãomerecia uma mecanoterapia em ida-de precoce. O cerne da justificativa erasimples e facilmente compreensível sobum ponto de vista imediatista: corrigiro desvio morfológico o mais rápidopossível. Entretanto, concordo quehavia um entusiasmo desmedido eesta proposta generalizadora não sejustifica na ótica da relação custo-be-nefício a longo prazo. Hoje, avalian-do os erros e acertos das abordagensem duas fases, defendo o tratamen-to precoce naquelas más oclusõesonde a mecanoterapia imprime umimpacto corretivo imediato, acompa-nhado de um grau de estabilidadepós-tratamento razoável e naquelassituações onde o tratamento numaúnica fase (dentadura permanentemadura) pode comprometer o prog-nóstico de correção. Em regra, o tra-tamento precoce tem vantagens,como mecânicas mais simples e me-nor iatrogenia estrutural sobre operiodonto de sustentação.

18) Até que idade, em média, oSr recomenda a expansão rápi-da da maxila sem que seja ne-cessário o auxílio de alguma in-tervenção cirúrgica para se al-cançar sucesso? Luiz GonzagaGandini Júnior

A resposta para esta questão en-contra-se numa das perguntas do Dr.Guilherme Janson.

19) Como se deve efetuar odiagnóstico ortodôntico: em Má-xima Intercuspidação Habitual(MIH) ou em Relação Cên-

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trica (RC)? Por que? ClaudenirRossato

O diagnóstico sempre deve ser rea-lizado em Relação Cêntrica (RC). A jus-tificativa encontra respaldo no fato dafinalização em RC constituir uma dasmetas do tratamento ortodôntico, a dedevolver a máxima intercuspidaçãohabitual (MIH) coincidindo com a RC.

20) Que objetivos devem ser al-mejados no tratamento ortodôn-tico? Claudenir Rossato

O tratamento ortodôntico visa de-volver ao paciente as particularidadesmorfológicas que caracterizam umaoclusão normal. A OMS define a oclu-são normal como a relação entre osarcos dentários capaz de manter a in-tegridade física e mental do indivíduo.Em termos mais objetivos, as metasterapêuticas idealizadas pela ortodon-tia correspondem a: 1) oclusão cêntri-ca, 2) excursões mandibulares obede-cendo os princípios da escolagnatológica, ou seja, desoclusão ante-rior na protrusiva e desoclusão lateralpelo canino ou em grupo, mas semcontato oclusal no lado de balanceio,3) sorriso agradável, 4) periodontosaudável e 5) longevidade da oclusão.

21) Que assuntos, provavelmen-te, despertarão interesse da co-munidade ortodôntica no iníciodesta nova década? ClaudenirRossato

Não há como deter a roda do tem-po. Prova disto está no colossal desen-volvimento que a ortodontia experi-mentou neste século de especialidade,principalmente nestas últimas décadas.A sofisticada tecnologia das ligas de Ní-quel e Titânio, o início do entendimentoda reação do ligamento periodontal naóptica da biologia molecular, represen-tam alguns de tantos avanços biome-cânicos. Mas, com certeza, muitos as-suntos despertarão o interesse da classecientífica tornando a ortodontia cadavez mais fascinante e menos enigmá-tica. Gostaria que um desses tópicos seconcentrasse no melhor entendimen-to da reação biológica do ligamento

periodontal, para oferecer a oportuni-dade de controle absoluto da integri-dade radicular durante a movimenta-ção dentária induzida.

22) Baseado em sua experiênciarecente, quais os efeitos do apa-relho de Herbst na dentadura mis-ta? São eles diferentes dos des-critos para pacientes tratados emfase de crescimento? LeopoldinoCapelozza Filho

Inicialmente reticente, hoje consi-dero-me um entusiasta do aparelhoHerbst para o tratamento da deficiên-cia mandibular quando em idade pre-coce, ou seja, a partir da dentaduramista. Embora o protocolo para o tra-tamento precoce da deficiência mandi-bular com o aparelho de Herbst tenhasido instaurado sob influência direta doDr. Wieslander, na Suíça, não tenhoexperiência no tratar a Classe II duran-te o estágio da dentadura decídua. Como ressurgimento do aparelho Herbst,nenhum ortodontista, com exceção dePancherz, tem sido o centro de tantaatenção como o Dr. Wieslander, no seucaso específico por indicar o tratamen-to da Classe II desde a dentaduradecídua (pelo menos os casos que eleconsidera de gravidade acentuada) epor ter acompanhamento a longo pra-zo.

O aparelho de Herbst possui a famade ser o mais ortopédico dos aparelhoscom este intento (não pondo em dúvi-da aqui, claro, a supremacia genômica)e pelo menos em idade pré-adolescen-te tem levado a melhor, quando com-parado ao efeito intermitente produzi-do pelo aparelho Bionator, principal-mente por independer do rigor discipli-nar do paciente ao submeter a mandí-bula a um avanço forçado contínuo.

A compensação dento-alveolar, re-sultante da experiência com o Biona-tor em idade precoce, reformulou mi-nha atuação terapêutica, me fazendoadotar o aparelho Herbst quando damecanoterapia em idade precoce (tra-tamento em duas fases distintas). Noentanto, se por um lado o Bionator emidade precoce promove demasiada com-

pensação ortodôntica, o aparelhoHerbst desafia a musculatura mandi-bular que responde com graus varia-dos de recidiva, ameaçando subitamen-te a remodelação ortopédica lograda.Uma coisa é certa: na aplicação preco-ce do Herbst, a estabilidade pós-trata-mento está longe de ser fato consuma-do, contrariando a explícita remodela-ção da ATM na imagem radiográfica.A recidiva recorrente influenciou o sub-seqüente protocolo de tratamento pre-coce, o qual exige uso mínimo do apa-relho fixo por 1 ano, constituindo a faseativa do tratamento, e contenção obri-gatória com o aparelho Bionator até ofim do surto de crescimento da adoles-cência.

Resumindo, pela minha experiên-cia com os dois aparelhos, o efeito or-topédico do aparelho Herbst supera oefeito dos aparelhos ortopédicos fun-cionais removíveis, quando em idadeprecoce. No entanto, a recidiva quasecerta obriga a contenção do avançomandibular enquanto houver cresci-mento remanescente ou, pelo menos,até que se reinicie uma nova etapa te-rapêutica. Esta falibilidade suscita in-dagações éticas sobre a época maisoportuna de correção da Classe II, dei-xando-me propenso a postergar o iní-cio do tratamento até a época da ado-lescência.

Os riscos para a ATM, por outrolado, não podem ser descartados apriori, principalmente quando o apare-lho é instalado em fase fora de cresci-mento, o que tem justificado os investi-mentos em pesquisa por imagem. Dequalquer forma, até hoje não se com-provou um só caso de distúrbio articu-lar provocado pelo uso do Herbst. Cu-riosamente, respeitados especialistascomo Paulsen e Pancherz têm indica-do o aparelho de Herbst em pacientesadultos jovens, fora da fase de cresci-mento. Não tenho experiência com estaempreitada.

23) Em sua perspectiva pre-ventiva quais seriam as tendên-cias para a ortodontia preven-tiva e interceptoras nos próxi-

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mos anos? Mudam os conceitos,ou os aparelhos? LeopoldinoCapelozza Filho

Mudam os conceitos. Presencia-remos a combinação do aparelhovelho, renovado pelo progressotecnológico, aplicado sob uma ópticamais racional, respeitando-se a rela-ção custo-benefício a longo prazo.

24) Como o senhor vê a pers-pectiva do tratamento ortodôn-tico com a aplicação dos implan-tes e mini-implantes como an-coragem? Adilson Luiz Ramos

Sinceramente, não tenho vivênciacom ancoragem intra-óssea propor-

cionada pelos mini-implantes. Basica-mente, os mini-implantes constituemdispositivos intrabucais projetadospara oferecer ancoragem “estática”conferida pela ausência de ligamentoperiodontal. Sob o ponto de vista me-cânico, estes dispositivos são fantás-ticos por anularem completamente areação da força ortodôntica durantea mecanoterapia, evitando os movi-mentos indesejáveis da “ancoragem”.Sob o ponto de vista biológico, asse-melham-se à anquilose intencional dedentes (ancoragem biológica), porémcom menos intervenção e com a van-tagem de não culminar com a perdade dentes que um dia funcionaram

Terumi Okada

- Doutoranda da Universi-dade de São Paulo -UNESP - Araraquara.

- Ortodontista do Hospitalde Reabilitação de LesõesLábio-palatais de Bauru.

como ancoragem (no caso da anqui-lose intencional). No entanto, há umponto de vista não menos importantea ser considerado: o custo financeirodecorrente deste procedimento. Levan-do-se em conta todos estes aspectos,os mini-implantes como ancoragemconstituem recurso a mais no ofícioda ortodontia.

Os implantes tradicionais, comvista à futura prótese, têm sua apli-cação como ancoragem ortodônticae fundamentação semelhante aosmini-implantes. São excelentes comorecurso mecânico, mas sua indica-ção também deve levar em conside-ração a necessidade protética.

Claudenir Rossato

- Mestre e Doutor em Orto-dontia pela FOB-USP.

- Professor Associado daUniversidade Estadual deLondrina.

- Coordenador do Setor deOrtodontia (Graduação e Especialização)da Universidade Norte do Paraná, Londri-na-PR

Flávio MouroFerrari Junior

- Especialista em Ortodontiapela PROFIS - Sociedadede Promoção Social doFissurado Lábio-Palatal(Bauru-SP).

- Integrante do corpo docente do Curso deOrtodontia Preventiva e Interceptiva daPROFIS - Sociedade de Promoção Socialdo Fissurado Lábio-Palatal (Bauru-SP).

Luiz GonzagaGandini Junior

- Professor Assistente doDepartamento de ClínicaInfantil – Disciplina deOrtodontia Preventiva daFaculdade de Odontologiade Araraquara - UNESP.

- Doutorado em Ortodontia pela Faculdadede Odontologia de Araraquara – UNESP.

LeopoldinoCapelozza Filho

- Professor Assistente Dou-tor da Faculdade de Odon-tologia de Bauru da Uni-versidade de São Paulo.

- Responsável pelo Setor deOrtodontia do Hospital de Reabilitação deAnomalias Cranio-faciais da Universida-de de São Paulo (HRAC), em Bauru-SP.

José ValadaresNeto

- Professor da Disciplina deOrtodontia Preventiva daFaculdade de Odontologiada Universidade Federalde Goiás - FO/UFG,

- Mestrado em Morfologia, junto ao Institu-to de Ciência Biológicas da UniversidadeFederal de Goiás.

- Sub-Coordenador do Curso de Especiali-zação em Ortodontia promovido pela FO/UFG (1998-2000).

- Ex-Diretor do Departamento Científico daABO/GO (1996).

Guilherme Janson

- Professor Associado daDisciplina de Ortodontiada FOB - USP.

- Pós-Doutorado na Universi-dade de Toronto, Canadá.

- Coordenador do Curso deEspecialização em Ortodontia da FUNBEO.

- Professor dos Cursos de Especialização emOrtodontia da FOB, FUNBEO e APCD.

- Professor dos Cursos de Extensão da Soci-edade Paulista de Ortodontia.

- Membro do Royal College of Dentists ofCanada - M.R.C.D.C.

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