sylvio de podesta: projetos recentes

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projetos recentes Sylvio E. de Podestá

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Livro publicado pelo arquiteto em 2008 com projetos executados até 2007, em versão integral. Latest book of the architect in full version.

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  • proj

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    rece

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    Sylv

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    . de

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    st

  • A carreira do Arquiteto Sylvio de Podest confunde-se no tempo com as inicia-tivas da Usiminas para desenvolver aplicaes de aos estruturais em nossa arquitetura.

    Poucos profissionais acompanharam este processo desde seu incio e soube-ram to bem compreender o conceito difundido pela empresa nestes anos de trabalho: designar nos projetos as situaes mais adequadas a extrair do ao suas melhores caractersticas esttico-funcionais, colocando-as a servio das intenes do arquiteto no projeto.

    Sylvio especificou, designou, estabeleceu: enfim, projetou e projeta transfor-mando as caractersticas do ao em vantagens para as obras ou em elementos fundamentais na definio de suas propostas arquitetnicas, no contexto em que se inserem, Os exemplos so muitos, desde projetos mais remotos, em co-autoria com olo Maia e J Vasconcelos, como a Escola de Timteo at outros mais recentes como as unidades padronizadas do Campus Pampulhinha em Tefilo Otoni e Campus Lagoa do Piau em Caratinga, passando pela proposta de Habitao Social vencedora do 3o PRMIO USIMINAS DE ARQUIT ETURA EM AO e vrios outros.

    O ao e seus processos de transformao em perfis, estruturas, elementos de vedao, coberturas e revestimentos serve racionalidade construtiva e orga-nizacional das propostas de Sylvio de Podest sem conflitar com sua maneira nica de projetar, explorando formas e demais aspectos expressivos originais de seu trabalho.

    O amadurecimento na definio de modulaes estruturais e construtivas da coordenao modular, e outros aspectos tcnicos to caros ao incremento da industrializao da construo civil so ntidos na sua obra e no impedem a construo de uma linguagem esttica original e criativa.

    A USIMINAS sente-se honrada em apoiar esta publicao e ainda mais em ter seguido to de perto o desenvolvimento da obra de Sylvio de Podest, notvel em sua dedicao profissional arquitetura e na incluso de suas benesses ao desenvolvimento cultural do nosso ambiente construdo.

    Marco Antnio Castello BrancoDiretor-Presidente da USIMINAS

    fotografia: Dimas Guedes

  • O significado de um livro muitas vezesextrapola em muito o seu contedo.

    Este, por exemplo, expe meus projetos sob o olhar carinhoso e gentil do Alenquer, Bahia e Cac atravs de seus textos, do meu filho Marcelo com sua afinada percepo grfica e sua sutil interpretao dos projetos. Estes, por sua vez, so acompanhados de alguns textos, ora tcnicos, ora ntimos e cheio de pequenas histrias que foram vistas e revistos pela Rita, filha querida. Podemos observar que nas fichas tcnicas sempre contei com a colaborao ou a parceria de vrios arquitetos e dentre eles meu tambm querido filho Pedro, no momento em Londres por sua conta e risco.Para ajuntar todas estas peas a coordenao da Gaby minha eterna companheira na AP.

    Outros amigos perguntam como est indo o novo livro, quando sai? Outros ajudam no seu custeio e ainda tecem elogios numa forma graciosa de apoio. Outros, pai e mo, lembram que quando o livro sair de no esquecer o exemplar para que a biblioteca sobre o filho esteja sempre atual.

    muito bom poder fazer mais um livro e poder agradecer.

    Obrigado a todos.

    Belo Horizonte, setembro de 2008

    agra

    deci

    men

    tos

  • [1992]

    [1994]

    [1998]

    [1998]

    [1998/99]

    [2002]

    [2002]

    [2002]

    [2003]

    [2003/08]

    [2003]

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    [2004]

    [2004]

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    [2006]

    [2006]

    [2006]

    [2006]

    [2006]

    [2006]

    [2006]

    [2007]

    [2007]

    [2007]

    [2007]

    [2007/08]

    Edifcio Direcional

    Edifcio Premo

    Casa Luis Carlos, Denise e meninos

    Ita Power Center e ita Power Shopping

    OuroShopping

    Sede Grupo Corpo

    Casa Luis Eduardo

    Show Auto Mall

    Habita Sampa

    Campus Lagoa do Piau

    Garagem Barcos

    Campus Pampulhinha

    UNISINOS

    CRMMG

    UFABC

    CBTU [MetrBH]

    Allegro Piano Bar

    Casa Sydney e Karla

    Casa John John

    Memorial Chico Xavier

    Museu do Avio

    Grfica Rona

    Mercado de Blumenau

    Sede da CAPES

    Teatro de Londrina

    TRT

    Casa Srgio, Maria Alice e meninos

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    pgi

    na

    outros projetos

    curriculo

    pgi

    na08.

    10.

    14.

    [pretexto] arquitetura pode e est na mesa do bar

    arquitetura e madureza

    arquitetura de um recm-chegado

    AP Cultural

    Sylvio Emrich de Podest

    coordenao geralGaby de Aragoprojeto grfico e diagramaoMarcelo Arago de Podestreviso de textosRita Arago de Podestimpresso e acabamentoRona Editora

  • 8p

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    a

    9

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    Trs arquitetos e amigos em uma mesa de bar -

    frum dilatado de existncia e Arquitetura. Vendo

    e irritado assim por gentes e seus lugares, fico

    surpreendentemente contente com a arquitetice

    que me faz lembrar de coisas nunca sabidas mas

    que sempre estiveram dentro de mim, e de coisas

    que irritam nossas discusses arquiteturais sobre a

    vida, as pessoas e as prprias coisas, inclusive aqui

    publicadas. Coisas desta vida e da outra que motivam

    nossa responsabilidade de arquiteto e afetiva minha

    sincera amizade por Sylvio Podest e Cac Brando.

    Instigado por nossas conversas sobre Arquitetura,

    algumas vezes irritadas pelos deslocamentos a que

    nos obriga os amigos. Vendo e lendo neste livro:

    este texto, esta casa, este mercado, este teatro,

    este edifcio, esta universidade, este comrcio,

    estes powers lugares, este memorial, este bar; coisas

    destas pessoas e de outras - Luiz Carlos e Denise,

    Chico Xavier, Corpo, Londrina, Piau, Blumenau... no

    descrevo a arquitetura do Sylvio, entretanto aventuro-

    me no pretexto de sua ao arquitetnica e no texto

    do Cac que, para alm da profisso de arquitetos,

    me instigam vida e outras arquiteturas celebradas,

    inclusive rotineiramente no bar Via Cristina e no

    carnaval de Ouro Preto. Somos muitas mesas de bar e

    carnavais - estados de esprito possveis em qualquer

    lugar, estabelecimento ou poca do ano, por se

    tratar da tribuna do esprito livre pensar essncia

    dos arquitetos e dos amigos. Neste pretexto, ou

    melhor, nesta mesa de bar, imbudo deste estado de

    esprito arquitetnico, convido generosos camaradas

    arquitetos e filsofos, tambm irritados com a vida

    comum, que aqui debrucem, reflitem e projetem

    cotidianos outros - Rossi, Tschumi, Rapopport,

    Gadamer, Merleau-Ponty, Cac Brando, Alicia Pena,

    Altino Caldeira, Higina Bruzzi, Sylvio Podest... e eu,

    que descubro nas discusses com eles, nesta mesa

    ou em outro carnaval, que a Arquitetura no pode

    ser constituda mas descrita e riscada - riscos de

    vida. Realidade e pessoas. E trago tambm para esta

    tribuna livre a discusso de que a Arquitetura : uma

    manifestao absolutamente coletiva inseparvel da

    [Pretexto] Arquitetura pode e est na mesa do bar

    formao da civilizao, objeto permanente universal

    necessrio onde edifcio dado real remetido

    experincia concreta do sujeito no mundo, ambiente

    propcio vida e intencionalidade esttica. Neste

    sentido, difiro a Arquitetura de outras artes e

    cincia por dar forma concreta sociedade, e ainda

    estar intimamente relacionada natureza. Rossi,

    um dos nossos camaradas de mesa, determina que

    a arquitetura dos edifcios no representa mais que

    um aspecto de uma realidade mais complexa de uma

    estrutura particular, mas seria, ao mesmo tempo, o

    dado ltimo verificvel dessa realidade mais concreta

    - a cidade. Nesta perspectiva, considero e caracterizo,

    da mesma maneira, os edifcios como fatos urbanos,

    vida urbana e tempo urbano.

    Debruo tambm sobre outras nossas irritadas

    discusses, registradas neste livro e em outros

    guardanapos, panos de mesa de bar e parangols de

    carnavais, em que defendo a idia do edifcio como um

    smbolo arquitetnico cuja funo de representao

    no uma mera referncia instituio Arquitetura,

    mas suplncia daquilo que lhe honrado. Desta forma,

    recuo o edifcio Arquitetura, pois somente esta lhe

    confere o carter de representao, porque no a

    sua experincia ptrea que lhe confere significao,

    pois esta condio fsica em si no tem significado,

    mas exatamente na Arquitetura que se d o seu

    significado. Abandono a idia de edifcio como um

    signo artificial arquitetnico, mas o defino em seu

    sentido para a memria, intento de conservao e

    permanncia.

    Procuro pelo discurso arquitetnico dos edifcios,

    no somente pelo entendimento das transformaes

    histricas, mas, em uma idia mais antropolgica,

    quando busco o entendimento do processo de

    interaes cotidianas da Arquitetura dentro do

    ambiente cultural, no qual a prpria Arquitetura foi

    criao e criatura. Num significado mais tradicional

    do termo cultura - processo de transmisso de valores

    de uma determinada sociedade num determinado

    tempo. Observo que, recentemente, a palavra cultura

    Cludio Listher Marques BahiaBelo Horizonte, 24 de setembro de 2008

    apresenta um esgotamento de seu significado,

    restringindo-se a uma discusso particular da

    vida social como tambm no estado mental do

    desenvolvimento de uma sociedade, concebida

    como um modo vida cultivado,. Porm, a discusso

    sobre a Arquitetura como fato cultural sempre foi

    entre ns, uma forma de tomar conscincia do nosso

    prprio destino, o que fez com que ela estivesse

    intimamente associada discusso sobre a nossa

    prpria identidade. E, assim. pelo processo cultural a

    que a manifestao arquitetural est organicamente

    ligada, procuro sempre a dilatao do termo cultura,

    entendendo o edifcio como uma obra de arte quando

    no representa apenas uma soluo esttica de

    uma funo ou um uso arquitetnico, mas quando

    configurado simultaneamente pela sua finalidade a

    que deve servir e pelo lugar que deve ocupar no todo

    de uma conjuntura espao-temporal. Observo tambm

    que, em nossas irritadas discusses, relacionamos o

    homem ao ambiente construdo considerando, por

    exemplo, os edifcios como obras de Arquitetura

    que fundamentam e organizam o tempo e espao

    da existncia humana. Isto entendendo que a

    Arquitetura no abortada das coisas, mas mediadora

    da existncia e que nesta mesa de bar est confirmada

    na ao do Sylvio e na argumentao do Cac.

    Cac pode e est aqui.

    Sylvio Podest. Aqui. Arquitetura

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    O que preside a maioria dos projetos que se seguem

    a compreenso do lugar e a instaurao de dilo-

    gos entre ele e o objeto arquitetnico. Entenda-se

    lugar no apenas como o stio fsico, mas tambm

    como o contexto espacial, histrico e cultural que o

    envolve ou que por ele sugerido.

    H vrios modos de constituir-se esse dilogo. Um

    contrapor-se ao existente e inaugurar o debate e

    a assimetria at alcanarmos um acordo de ordem

    mais elevada e complexa, como os que eu e meu

    amigo Sylvio almejamos ao redor da mesa de um bar,

    ao cair da tarde, seja para escapar da banalidade

    dominante, seja para submeter prova as antigas

    certezas nossas e de nossos interlocutores e ver

    at que pontos elas resistem. Sobre este princpio

    da contraposio fundaram-se as vanguardas e a

    arquitetura moderna, como a obra de Niemeyer: o

    Edifcio Niemeyer, o Hotel de Ouro Preto, as obras

    de Diamantina, Braslia e Pampulha, so formas de

    dizer no ao contexto pr-existente que encontra-

    mos na Praa da Liberdade, na cidade colonial, no

    Planalto Central e num funcionalismo estiolado em

    resolues convencionais e carente de qualquer ima-

    ginao. O ps-modernismo, enquanto conscincia

    crtica do moderno e promovido pelo Sylvio e olo

    Maia, dentre outros, recusou o no absoluto do mo-

    dernismo e trouxe cena o dilogo com a tradio,

    com o contexto, com o vernculo e com a cultura dos

    lugares, como fundamentado em Jane Jacobs, Has-

    san Fathy, Aldo Rossi e Carlos Nelson. A arquitetura

    moderna tambm foi rica quando dialogava com a

    cultura. Mas, para ela, esta cultura era a univer-

    sal, uma vez que, aps as duas guerras mundiais, os

    problemas colocados e suas solues tambm eram

    universais, como o da habitao em larga escala, s

    possvel de ser resolvido mediante o recurso pro-

    duo industrial em srie.

    Ambos os movimentos, moderno e ps-moderno,

    fossilizaram-se quando suas arquiteturas deixaram

    de tensionar-se no debate com a cultura, caram

    num figurativismo irrelevante e num esteticismo es-

    vaziado do propsito tico, humano, cultural e am-

    biental que faz a arquitetura distinguir-se tanto do

    mero alojamento quanto das belas artes, academi-

    cistas ou de vanguarda. Infelizmente, este mesmo

    esteticismo narcsico e pueril que domina grande

    parte tanto das releituras minimalistas do moderno

    quanto das extravagncias, inclusive no que se refe-

    re aos custos, dos espetculos desconstrutivistas e

    performticos de toda espcie.

    A arquitetura, contudo, no espetculo, mas decoro,

    convenincia ao local, histria e aos usos, promotora

    e facilitadora da ao humana, individual ou coletiva,

    e no da mera contemplao. Ela se sabe instrumen-

    to para a vida de mortais, pressionados por carncias

    de toda ordem: econmicas, simblicas, imaginrias

    e afetivas. So com essas carncias mortais que ela

    tem de se haver, de compreender e dialogar.

    ***

    Aproximando-se do pedestre e das casas do en-

    torno, a escala do Edifcio Direcional abaixa-se na

    entrada e atenua a conciso volumtrica, os talhos

    fortes que recortam os vazados na alvenaria acima e

    a oposio entre a solidez do granito e a transparn-

    cia dos cristais. Trabalhando os elementos pr-mol-

    dados (como lajes, vigas e painis) e a expresso da

    estrutura, a conciso volumtrica e a sisudez apa-

    rente do material tambm so suavizadas no projeto

    para a PREMO, em cujo terreno, estreito e limitado,

    providencia-se uma abertura para o contexto e para

    o espectador atravs do eixo de acesso. A mesma n-

    fase na estrutura, combinada com a dada tambm

    luz natural, verifica-se no Ita Power Center, onde

    a preservao das chamins no meio do estaciona-

    mento traz era da prestao de servios as origens

    da nossa histria industrial.

    A integrao entre interior e exterior define os par-

    tidos da Casa-pavilho Beatriz e da Casa Luis. Inte-

    grao que se obtm pela transparncia dos grandes

    panos envidraados, pela apreenso visual do entor-

    no e por uma das constantes mais presentes na obra

    do Sylvio, nesta e nas fases anteriores: a criao de

    eixos de articulao entre o edifcio e o entorno, os

    quais servem tanto para disciplinar a distribuio

    dos espaos e a paisagem quanto para conferir aos

    lugares a ordem da arquitetura, claramente transmi-

    tida ao fruidor.

    Disciplinar os percursos a geratriz da planta do

    shopping projetado no anel de Ouro Preto. Mimeti-

    zando o traado da cidade colonial, o espao evolui

    segundo vrias perspectivas distintas e sucessivas,

    compassadas por aluses s torres sineiras, cujas

    verticais, ainda hoje, ritmam o casario horizontal.

    Situado em terreno difcil, este shopping serve tam-

    bm como articulador urbano e foco aglutinador das

    atividades desenvolvidas pela UFOP e pelo hospital

    prximos. A Ouro Preto recuperada no Botequim Al-

    legro a da geometria dos cristais, a qual d forma

    sua cobertura de forragens verdes e serve para os

    terraos explorarem as vistas panormicas da Rua

    So Jos. Vidro e ao conversam com os filetes de

    pedra e com a madeira em que se esculpiu a cultu-

    ra construtiva local. Eles nos dizem que Ouro Preto

    cidade de todos os sculos, inclusive o XXI: suas

    runas esto mais grvidas de futuro do que do peso

    do passado. Da emerge a leveza desse botequim, um

    pouco mais sofisticado do que aqueles em que Sylvio

    e eu costumamos conversar para discutir a arquite-

    tura e a cidade contemporneas.

    Grvida de intervenes e ampliaes futuras e co-

    lorida como as pinturas de Frida Kahlo (1907-1954),

    a Casa John-John diminuta em relao ao terreno,

    mas j projeta sobre todo ele o eixo de ips amarelos

    que o disciplina cosmicamente. Aqui, Sylvio combina

    as texturas dos materiais com a lisura das vistas, a

    rugosidade da madeira velha com a atemporalidade

    dos ladrilhos hidrulicos e com o neoplasticismo dos

    volumes cbicos que nos lembram Rietveld e Oud.

    Combinaes bem mais complexas so exigidas para

    o Museu do Avio, no Rio de Janeiro. Um prtico ma-

    terializa o eixo de acesso que nos leva a admirar os

    avies expostos em um espao aberto e neutro. So

    Arquitetura e madureza (1)

    Carlos Antnio Leite Brando Escola de Arquitetura da UFMG

    eles, e no a arquitetura, que devem ser admirados.

    E o arquiteto sabe conte-lo na sua funo de supor-

    te, e no mais. Como as insgnias aeronuticas, os

    volumes distribuem-se simetricamente em relao

    quele eixo, de forma a combinar a lagoa, os sho-

    ppings, os condomnios, o clube militar, a pista de

    pouso, o museu e todos os seus anexos. Passando

    do ar para a gua, uma leve estrutura pousa sobre

    a construo da antiga Garagem de Barcos, em Fur-

    nas, para controlar a luz do sol que a ilumina e para

    estabelecer o dilogo entre as duas temporalidades.

    A mesma inteno concebe o paisagismo, o qual pre-

    serva o antigo pomar.

    Dois Campus, em Caratinga e Tefilo Otoni, sinteti-

    zam as maiores prioridades desta fase mais silencio-

    sa e calma da obra de Sylvio. Nela, a obra de arquite-

    tura apenas mais uma, e no a nica, personagem

    que se apresenta no teatro do espao. A lagoa e suas

    vistas, a mata do vale preservada, o solo sobre o

    qual se elevam os mdulos construtivos, a luz ofus-

    cante e que a orientao e a cobertura humanizam

    at providenciar o conforto do aluno na sala de aula,

    o vento que conduzido pelo edifcio at baixar-lhe

    a temperatura em at dez graus evidenciam o di-

    logo construdo em Caratinga entre o artifcio dos

    pr-moldados e a natureza virgem. Os eixos regula-

    dores tambm se apresentam para conformar todo

    o espao, seja enfatizando seus focos (como a Pra-

    a do Angico), seja gerando prgulas e trepadeiras

    das quais bem se poderia colher e comer o maracuj.

    Desviando-se do ritual axonomtrico, micro-pai-

    sagens e micro-lugares criam ambincias propcias

    ao ato fundador de uma escola: duas pessoas con-

    versando sob uma rvore onde um ensina sem saber

    que est ensinando e outro aprende sem saber que

    est aprendendo. Como os bons dilogos em volta de

    uma mesa de bar. Dilogos, inclusive, com um futuro

    complexo com cinemas, auditrios, hotis e chals

    imaginados desde j para completar o conjunto. Em

    Tefilo Otoni, a falta de carter comum s periferias

    de nossas cidades sugere que o edifcio tenha mais

    expresso. O eixo da via pr-existente que corta a

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    Arquitetura e madureza : Carlos Antnio Leite Brando

    praa cvica d partida ao paisagismo retilneo, s

    passarelas de frutas e construo totalmente in-

    dustrializada, feita de perfis metlicos assentados

    pela mo de obra local. A orientao, os brises e a

    cobertura servem ao controle ambiental, tal como

    os volumes dispostos assimetricamente para otimi-

    zar as delcias do vento que passa em territrio to

    quente. O frescor deste vento traz com ele o mesmo

    ato fundador da escola, mencionado acima, e o de-

    posita na Praa da rvore.

    O dilogo com o contexto, inspirado no Sulacap em

    Belo Horizonte, o ponto de partida do projeto para

    o Conselho Regional de Medicina, cujo prtico en-

    quadra a Igreja de Santa Tereza ao fundo e lembra-

    nos que a cidade um todo cujas partes deveriam

    conversar entre si. As marcaes e a equilibrada

    articulao entre as horizontais e verticais fortes

    liberam espao para um jardim intermedirio que

    serve no s s vistas da cidade quanto tambm aos

    favores do sol e do vento. Ouro Preto, Ipatinga, Ca-

    ratinga, Tefilo Otoni e Belo Horizonte: as Minas so

    muitas, como as do ouro (sculo XVIII), as da terra

    (sculo XIX) e as da indstria (sculo XX). Suas v-

    rias vozes ecoam juntas neste incio do sculo XXI e

    cumpre ao arquiteto multiplicar-se por vrios esti-

    los e por vrias correntes, de modo a que o coro de-

    las constitua-se na voz polifnica de nosso tempo.

    No lhe serve mais o estilo pessoal: ele tem de ser

    mltiplo e vrio, saber desfazer-se e recompor-se

    de outra forma, a cada instante e cada projeto, com

    outra voz, com outro trao, com outra imagem. Seu

    pensamento, hoje, deve ser plstico e mvel, como o

    vento que sopra nas asas nos ps de Mercrio.

    Os eixos norte-sul e leste-oeste definem a ocupao

    do terreno e a distribuio das unidades no projeto

    da UNISINOS (RS). Paralelas a estes eixos, elevam-

    se as passarelas e as estruturas metlicas, as quais

    evocam uma atmosfera futurista hi-tech sobreposta

    s runas de um ginsio pr-existente, ao trmino

    da linha de metr e aos incios de uma rea de pre-

    servao ambiental que da se descortina.

    Dois tipos de estrutura, a metlica e a pr-moldada,

    conversam entre si no prdio da Grfica Rona e com

    os ips, aroeiras e quaresmeiras que oferecem am-

    bientes e lugares de encontro contrapostos aos da

    linha industrial. Sobre aquelas estruturas, os sheds

    inclinam-se para direcionar o vento e a luz do sol.

    Em funo dessa luz tambm so abertos os vos

    permitidos pela nova estrutura metlica do Show

    Automall, at converter um amorfo galpo onde se

    amontoavam carros em um lugar amplo onde os flu-

    xos so organizados e o vazio adquire forma, espri-

    to e disciplina.

    Disciplina a palavra que ressoou trs vezes no

    ouvido de Chico Xavier (1910-2002) ao ser instrudo

    beira de um rio em Pedro Leopoldo (MG) e iniciar-

    se na mediunidade. Sylvio a interpreta como o modo

    pelo qual o esprito se infunde na paisagem e na

    matria para faz-la arte, cultura, natureza huma-

    nizada. No Memorial Chico Xavier, a disciplina se faz

    crculo em torno de um poste que joga sua luz no

    ponto onde aquele rio passava e as instrues foram

    recebidas. O nmero de suas colunas abertas ao rio,

    paisagem, aos homens e s mulheres do bairro vi-

    zinho coincide com os setenta e dois anos da vida de

    um mdium generoso. Suas palavras, instrumentos

    da cura, circulam pelo cho sob a marquise da colu-

    nata. Um eixo de ligao, tanto fsica quanto espiri-

    tual, une o conjunto ao bairro e propicia ao Memo-

    rial fazer-se foco de um parque para uma cidade que

    dele carece. Branco e silencioso, o projeto ergue-se

    sobre a quadra pr-existente que serviu-lhe de base

    para a implantao e sobre a vida de algum cujo

    brilho maior foi recuperar nos outros o brilho que

    haviam perdido. Foi para o cu.

    este mesmo cu que os funcionrios vem de seus

    gabinetes e escritrios projetados pelo arquiteto

    goiano para o concurso Sede da CAPES, em Braslia.

    Feita em parceria com Humberto Hermeto, a propos-

    ta se compe de dois blocos separados por um vo

    onde o vento do Planalto Central passa e nos refres-

    ca na praa interna, a qual funciona como hall de en-

    contro, de acesso e de distribuio da circulao. O

    mesmo cu, com sua luz pica, vaza atravs dos she-

    ds dos escritrios e sobre as circulaes verticais.

    Numa regio amorfa onde duas vias margeiam a ro-

    doviria e as antigas fbricas, cumpre ao projeto de

    Sylvio e Humberto para o concurso do Teatro de Lon-

    drina buscar uma ordem mais precisa, contempo-

    rnea e abstrata, como as esculturas de Amlcar de

    Castro, to caras e influentes no trabalho dos arqui-

    tetos mineiros dessa gerao. Assim, o conjunto

    composto por dois volumes geomtricos, recortados

    em planos triangulares definidos a partir de exer-

    ccios processuais tridimensionais. Ligando estes

    volumes, o espao estruturado por grandes eixos de

    circulao cria um foyer integrado praa e s r-

    vores, ao contrrio dos ambientes que predominam

    nas casas de espetculo, geralmente divorciadas do

    teatro maior da vida. Da descortina-se a cidade.

    Tambm desenvolvido atravs de maquetes proces-

    suais e tambm contrariando o edital do concurso, de

    forma proposital, o projeto do Tribunal de Trabalho,

    em Goinia, (Sylvio, Humberto e Igor), constitui-se

    de dois prismas separados. Um deles um grande

    paraleleppedo sobreposto aos galpes existentes

    e que deveriam ser destrudos aps a ocupao do

    novo projeto. Placas servem para controlar o vento,

    a temperatura, a iluminao e o ritmo plstico das

    fachadas. Tambm o projeto para o Mercado de Blu-

    menau definido pela necessidade contempornea

    de otimizar ao mximo os fatores ambientais e pou-

    par nossas energias. O projeto sintetiza-se na co-

    bertura de sheds que filtram a luz solar, o ambiente

    e o clima do edifcio, sem prejudicar as insolaes e

    conforto das edificaes vizinhas, como a vila com a

    qual o Mercado interage. Na agncia de publicidade

    construda na Barragem Santa Lcia, em Belo Hori-

    zonte, a vizinhana um aglomerado de ocupao

    irregular. O prdio cbico no nega esta vizinhana.

    Ao contrrio, abre-se para ela e para as cores novas

    com que se vai pintando o casario pobre. So estas

    cores e o samba da favela que atravessam a trans-

    parncia das paredes de vidro do cubo para conta-

    minarem o espao fluido, amplo e livre dos andares

    landscape.

    ***

    passada a poca dos grandes manifestos e das gran-

    des revolues, como aquela de quarenta anos atrs

    e da qual somos filhos. Desconfio que Sylvio pres-

    sente que as grandes mudanas fazem-se, hoje, em

    silncio, devagar, sem alardes, de modo a abalarem a

    estrutura profunda do sistema, e no as superfcies

    de um mundo por demais liso, neutro e achatado na

    dimenso de sua imagem e aparncia, sem espessura

    e sem densidade, como domina na arquitetura con-

    tempornea. passada a poca dos arrebatamentos

    e das paixes que no se deixam decantar. Chegamos

    madureza, idade da raa dos que no se limitam

    a lutar e ganhar, como disse Ceclia Meireles (1901-

    1964), e precisam aprender a bem passar. Deus me

    deu um amor no tempo de madureza, diz Drummond

    em Campo de Flores. Neste tempo, o mundo deixa de

    ser um vcuo atormentado, um sistema de erros.

    Ele tambm tem manhs que me sorriam, e eu no

    via. Tem crepsculos maravilhosos, como o deste

    azul belorizontino, onde as mos aprendem a proje-

    tar e a acariciar com pacincia, sabendo que os limi-

    tes de nossas mortais possibilidades no vo alm

    da distncia demarcada por nossos braos estendi-

    dos. No tempo da madureza, as angstias vividas e

    os sonhos alardeados espremem-se em silncio para

    decantar o vinho que merecemos e para encontrar o

    mundo que perdemos. No crepsculo, vibra um sa-

    bor que privilgio de maduros, que se aprende no

    limite, depois de se arquivar toda a cincia herda-

    da, ouvida. Amor comea tarde. (Drummond, Amor

    e seu tempo). E o vinho da arquitetura tambm. H

    que merec-lo, e sabore-lo. Como Sylvio vem fazen-

    do e, aqui, o estende ao leitor.

    1. Este estudo conta com a colaborao das reflexes de-senvolvidas tambm junto nossa pesquisa Arquitetura, Humanismo e Repblica, patrocinada pelo CNPq, e que encontram-se melhor sistematizadas em nosso site http://www.arq.ufmg.br/ahr e na revista eletrnica Interpretar Arquitetura (http://www.arq.ufmg.br/ia).

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    A arquitetura provavelmente deveria ser mais

    discutida, nas escolas, nos jornais e entre as pessoas

    que falam de msica, de cinema e de outras artes

    para cultivarmos, junto com outros ensinamentos,

    uma cultura arquitetnica que nos permitisse

    compreender melhor o nosso ambiente e cobrar mais

    daquilo que nos influencia to profundamente.

    Saber ver a arquitetura no algo muito simples e

    muito difuso por a. Assim como no fcil entender

    de cinema, de artes plsticas e de tantas outras.

    necessrio mergulhar nos discursos, na histria,

    contemplar as mudanas e os produtos destas

    mudanas; analisar os contextos, habituar-se s

    ferramentas... No entanto, quando nos deparamos

    com um quadro ou escutamos uma msica acontece

    de nos sensibilizarmos profundamente sem que haja

    muitas explicaes para isso.

    De maneira parecida, sentimos a arquitetura, porque

    cada discurso, cada trao que divide uma rea no

    papel (ou no computador, digamos) se traduz em

    espao; espao que nos rodeia, que percorremos, e

    habitamos.

    Se talvez as fachadas nos lembrem uma escultura,

    na relao com o ambiente e no jogo de formas e

    linhas e vazios do espao interior que a arquitetura

    se manifesta, e onde, mesmo que inconscientes,

    apreendemos de forma definitiva o discurso

    arquitetnico. Este carrega consigo as concepes e

    formas de seu tempo, e se por acaso nos encontramos

    vivendo em um apartamento fastfood (de produo

    em srie) ou numa redoma de vidros verdes, no s

    os arquitetos merecem as crticas, mas ns mesmos.

    Porem, saber ver aquilo que est contido em um

    projeto, uma planta, um croqui ou perspectiva

    exige experincia e, ai sim, uma boa dose de cultura

    arquitetnica. Os detalhes tcnicos, da altura,

    espessura, encaixes esto descritos ali nas plantas

    sem grandes desafios. Mas a habilidade est em

    conseguir extrair dos esboos as etapas do processo,

    as sobreposies e tentativas da idia que se forma e

    se transforma em perspectivas e em desenhos. Criar

    a imagem mental do espao, levantar na imaginao

    as paredes, os recortes e os vazios, atravessar linhas,

    vigas, curvas, para ento projeto pronto na cabea,

    caminhar ao longo dos espaos imaginados, para

    sentir as distncias, as nuances de luz, a aluso das

    formas, observar e fazer parte da vista que se projeta

    pela janela.

    Ajudam-nos as maquetes em 3D e os tours virtuais,

    aos leigos e aos clientes mais difceis. Mas no h

    tour que traduza os fluxos do olhar e das sensaes

    de quem entra num ambiente, o percorre e o habita.

    Talvez, saber ver a arquitetura s mesmo fazendo.

    E transformar em livro esse universo de desenhos,

    propostas e rabiscos tem um qu de imaginar esses

    percursos, outro desafio, de buscar dar formas quilo

    que muito mais para ser vivido.

    Particularmente, devo confessar, comecei pelos

    croquis (to abundantes nesse livro), com o esforo

    de no transform-los em texturas, ampliando-os

    at explodirem na folha, ou cort-los e sobrep-los,

    at me acostumar com os projetos e decifrar melhor

    a seqncia das plantas, as fotos (nem sempre as

    melhores) mais significativas.

    Operei sem censuras, mas tambm no completamente

    ingnuo. Alguns projetos conheo pessoalmente, ou

    os vejo por aqui em maquetes e plantas; de outros

    acompanhei alguns processos e os resultados que

    provocaram nos nimos (telefonemas, viagens, seres

    noturnos). E, como no, alguns desenhos e conversas

    de bar, inclusas as outras presenas deste livro.

    O resultado no uma forma de ver a arquitetura, mas

    pretende contribuir para transmitir uma, aquela dos

    riscos e rabiscos que, se por acaso expandi demais e

    quase os transformei em textura, certamente falam

    por si s. Boa arquitetura.

    Arquitetura de um recm-chegadoMarcelo Arago de Podest

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    [1998]

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    [2007]

    [2007/08]

    Edifcio Direcional

    Edifcio Premo

    Casa Luis Carlos, Denise e meninos

    Ita Power Center e ita Power Shopping

    OuroShopping

    Sede Grupo Corpo

    Casa Luis Eduardo

    Show Auto Mall

    Habita Sampa

    Campus Lagoa do Piau

    Garagem Barcos

    Campus Pampulhinha

    UNISINOS

    CRMMG

    UFABC

    CBTU [MetrBH]

    Allegro Piano Bar

    Casa Sydney e Karla

    Casa John John

    Memorial Chico Xavier

    Museu do Avio

    Grfica Rona

    Mercado de Blumenau

    Sede da CAPES

    Teatro de Londrina

    TRT

    Casa Srgio, Maria Alice e meninos

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    Sylvio E. de Podest

    Edificio DirecionalBelo Horizonte | MG

    arquitetos

    Sylvio Emrich de Podest

    Jlio Arajo Teixeira

    19911993/94

    construo

    cuculo estrutural

    jardins

    iluminao

    rea do terreno

    rea construda

    fotos

    Direcional Engenharia Ltda.

    Aldeir Pantaleo

    Jnia Lobo

    Iluminar

    450,00 m2

    2.380,00 m2

    Daniel Mansur e

    Sylvio Emrich de Podest

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    Edfcio Direcional

    Ao exigir o uso misto de comrcio e residncia em

    alguns zoneamentos, a legislao municipal impe

    determinadas regras quase inflexveis na composi-

    o deste modelo, que na grande maioria dos casos,

    tem produzido prdios que nos fazem repensar a va-

    lidade destes controles.

    Jencks, no seu livro Bizarre Architecture, Acade-

    my Editions, Londres/1979, nomina estes objetos de

    bizarre juxtaposition e apresenta vrios exemplos

    de boas e ms solues, mas sempre fica uma sen-

    sao de que uma parte foi feita antes da outra ou

    que ali trabalharam mais de dois profissionais em

    momentos e lugares diferentes.

    A estruturao deste edifcio passou por estas difi-

    culdades: incorporar dois usos distintos, caracteri-

    zar suas imagens individuais, suprimir o bizarro e

    dar construo final personalidade.

    Este edifcio abriga a sede da construtora na sua

    parte comercial, que o ergueu de forma a traduzir a

    imagem de contemporaneidade com que ela tentava

    impor aos seus clientes.

    Um subsolo semi-enterrado foi necessrio em res-

    peito ao lenol fretico. Logo acima trs nveis, a

    loja ocupada pela construtora, pilotis e cinco pa-

    vimentos com uma unidade residencial por andar,

    sendo o ltimo, duplex.

    Estruturado em concreto armado, na sua leitura

    externa possvel perceber o domnio da soluo

    estrutural, visvel nos pavimentos acima do pilotis

    com a adoo de balanos, desenhada na medida

    exata da independncia dos volumes. No revesti-

    mento da torre principal, refora-se esta leitura

    no desenho do assentamento do revestimento e do

    formato das esquadrias laterais. Esta soluo suge-

    re leveza ao conjunto, refora suas independncias

    mas d relao dos dois acoplagem conveniente.

    A diferenciao das funes reforada pelas formas

    e pelos revestimentos internos: um, pedra, sugerin-

    do proteo e, o outro, vidro espelhado e em curva,

    margeado por um jardim, sugerindo transparncia.

    Est localizado em um bairro que passou por mudan-

    as recentes no seu tipo de assentamento, vertica-

    lizando-se e sugerindo, a tempo, que se repensem

    estes novos objetos de forma a estabelecerem, des-

    de j, padres de excelncias para os futuros empre-

    endimentos. Este, um dos primeiros, procura induzir

    os conceitos de qualidade necessrios, dando a es-

    tas inevitveis substituies tipolgicas qualidades

    acima das existentes.

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    proprietrio

    preveno e combate incndio

    rea do terreno

    rea

    Premo Engenharia Ltda.

    Segurana Engenharia

    Ltda. 393,00 m2

    2.544,42 m2

    localizao

    Belo Horizonte | MG 1994dataSylvio E. de Podest

    arquiteto

    Sylvio Emrich de Podest

    colaborao

    Mateus Moreira Pontes

    Edificio Premo

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    Edifcio Premo

    O lugar antigamente ocupado por casas geminadas, art

    dec, era a sede da Premo, para mim a primeira, onde

    ramos recebidos pelo Renato e, estudantes, conhe-

    cermos da pr-fabricao em concreto, roubarmos seu

    tempo e eventualmente sua biblioteca com revistas

    nrdicas e outras brasileiras que sempre contaram com

    o apoio da Premo/Renato: Informador das Construes

    (que veio no futuro dar apoio a Revista Vo Livre, pre-

    cursora da Pampulha) e da Arquitetura e Engenharia

    do saudoso Godoy, uma das mais importantes revistas

    da arquitetura brasileira no farto perodo modernista.

    Que o digam Eduardo Mendes, Rafael Hardy, Sylvio de

    Vasconcellos e o ento menino Fernando Graa, alm

    de vrios outros. Nossa AP tambm recebeu grande

    apoio enquanto viveu.

    A rua da Bahia, cenrio bomio intelectual de Belo

    Horizonte e ali vizinhos, Academia Mineira de Letras,

    Associao Mineira de Imprensa e seu famoso Bar da

    AMI, Igreja de Lourdes dos casamentos da sociedade,

    o BDMG, marca imponente e registro da arquitetura

    institucional e declarado contraponto ao neogtico da

    igreja vizinha. Escola de teatro, grupo escolar e outras

    peas arquitetnicas datadas do incio da construo

    da cidade, assim a rua.

    Ortogonalmente, Rua dos Timbiras, parte da quadrcula

    do Projeto inicial de Aaro Reis onde estados se cruzam

    com tribos e naes indgenas, vizinho de fundos, um

    edifcio residencial projetado por lvaro Vital Brasil.

    As casinhas geminadas apenas lembravam sua origem

    e sua preservao, feita de modo documental, foi con-

    duzida pelo arquiteto Jorge Askar. Os primeiros estu-

    dos sofreram mudanas de forma a no interromper a

    viso volumtrica do edifcio do lvaro, reduzindo a al-

    tura do fundo e curvando a cobertura do 2. Pavimen-

    to. Destas observaes resultou a volumetria final.

    Garagens no subsolo, dois sales com generoso acesso

    lateral onde se pretendia localizar a sede da empresa,

    o pilotis e oito andares compunham a edificao.

    No s estas densas particularidades conduziam o

    projeto mas tambm o inidetismos de se construir um

    edifcio totalmente pr-moldado, vertical e com a apli-

    cao de painis de vedao em concreto, em terreno

    exguo, de complicada estratgia construtiva, seja no

    seu canteiro de obras, na locao de grua ou chegada

    de componentes.

    O mercado inicialmente sugeria uma ocupao comer-

    cial que no processo foi repensada como ocupao

    mista, moradias a partir do 3. piso. No foi construdo

    e uma deciso baseada provavelmente na economia da

    poca, basta retrocedermos a estes tempos.

    Hoje tem-se uma viso mais clara da sua genealogia

    ocupacional e pode-se voltar a pensar novamente no

    seu desenvolvimento.

    Public-lo significa reforar a importncia deste tipo

    de projeto e confirmar que, definitivamente, a cida-

    de no de um s arquiteto. As inseres, sejam elas

    quais forem, devem ser resultado da leitura de todo o

    contexto macro e micro onde se localiza, do respeito

    aos vizinhos e da capacidade do novo objeto de regis-

    trar seu tempo em permanente dilogo com seus an-

    tecedentes.

    Este edifcio tem valores implcitos, percebidos pela

    histria do lugar, sua rua e seus vizinhos.

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    interiores

    construo

    rea do terreno

    rea

    Ccero Gontijo e Maria luiza A. Rocha de Siqueira

    Plante Engenharia Ltda.

    3.000,00 m2

    650,00 m2

    Sylvio E. de Podest

    1998data

    obra 1993/94

    Casa Luiz Carlos e Denise

    arquiteto

    Sylvio Emrich de Podest

    colaborao

    Mateus Moreira Pontes

    localizao

    Condomnio Vila Castelo

    Nova Lima | MG

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    Ele, um cliente reincidente, um dos proprietrios da

    empresa Microcity, projeto meu com a colaborao de

    Benedito Fernando Moreira e ela, grande incentiva-

    dora do projeto Microcity, famosa por sua leitoa pu-

    ruruca, por saraus e festas, proprietria das pimentas

    Pimentinha e da clnica Anima, formam um casal com

    caractersticas tais que fizeram com que neste proje-

    to modificasse minha forma de abordagem projetual

    vistas nas propostas mostradas nas diversas casas at

    aqui apresentadas.

    Meus projetos residenciais quase sempre se apresen-

    tam com uma espcie de corpo fechado, totalmen-

    te amarrados em uma idia volumtrica que responde

    pelos diversas querncias dos diversos tipos de pro-

    prietrios, mas com um resultado que se assemelha

    a uma escultura, acabado, dentro de uma proposta

    fechada, com direito a um reducionismo tipo logo-

    marca, que indica seus principais elementos e como

    se interagem.

    Esta residncia interrompe este procedimento, to-

    talmente aberta e de tal forma que vem permitindo

    variaes desde o anteprojeto: modificao da co-

    bertura, acrscimo do solarium do casal, aumento da

    piscina e rea do bar molhado e outros, sem que se

    perca o que substancialmente dirigiu sua concepo.

    Acredito que isto s possvel por ser um projeto

    aberto como estou nominando. Aberto mas no sig-

    nificando ausncia de eixos estruturais, racionalida-

    de quanto ao uso do ao, da madeira, dos pisos, mas

    aberto porque pode receber acrscimos e modifica-

    es no sujeitas a uma volumetria forte e definitiva

    como so outros tantos.

    Identifico a causa desta mudana de raciocnio pro-

    jetual prpria relao com os proprietrios e a di-

    ferena de abordagem que cada um d aos aspectos

    referenciais que querem conquistar ora em conjunto,

    ora individualmente- nesta sua nova residncia. Este

    diferencial que permitiu o uso casado da estrutura

    metlica inferior com o elaborado desenho da estru-

    tura de madeira superior, que suporta a cobertura; do

    uso do vidro laminado, sem esquadrias, transparente

    e que escancara a paisagem em frente, mas que se re-

    colhe em venezianas no escurecimento dos quartos

    na parte superior. Da grande sala de msica com suas

    peas de coleo e home theater, ligadas ao estar

    como a esperar por grandes festas, ao recolhimento

    do apartamento do casal em outro extremo e nvel,

    bem como o escritrio/consultrio na parte poste-

    rior, sugerindo estudo.

    Nota-se, observando as plantas, que a todo momento

    se tem equipamentos que podem ser utilizados se-

    parados ou prontos para participarem de encontros

    mais numerosos. Que distintas atividades podem ser

    etariamente praticadas e sua mistura acontecendo

    apenas quando querida e necessria.

    definitivamente uma casa sujeita a prtica da ale-

    gria, de festas, mas tambm para o uso naqueles fe-

    riades nacionais, onde o corpus vai morosamente se

    espraiar pelo grande deck panormico, contemplar a

    montanha frente, abrir a long neck geladssima, ou-

    vir o som distribudo pelos diversos ambientes e espe-

    rar a noite vir caindo bem devagar, as luzes do jardim

    surgirem e olhar para a casa e gostar de estar ali.

    A, subitamente, um pergunta ao outro: como que va-

    mos limpar aquele vidro l em cima? Esquece, por ali

    que entra o sol e a lua (olham eles novamente), um

    dia eles nos contam!

    A este texto, inicialmente publicado no livro Sylvio

    E. de Podest - CASAS, pags.192 a 199, AP Cultural,

    2000, podemos acrescentar que sobre esta casa pai-

    ra um eterno clima de bons momentos, memorveis

    encontros, novas amizades e a generosidade de seus

    proprietrios para com ela enquanto objeto e lugar e

    para com seus visitantes/amigos.

    Casa Luiz Carlos e Denise

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    sSylvio Emrich de Podest

    Maurcio Meirelles

    colaborao

    Mateus MoreiraPontes

    Itau Power Center e Itau Power Shopping

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    localizao Contagem (das Abboras) | MG

    BHZ Arquitetura e Gerenciamento

    Emmerson Ferreira

    Danilo Matoso, Argus Saturnino, Renata Rocha, Tiago

    Esteves G. da Costa, Bruna Crhistofaro e Mateus Pontes

    Condomnio Ita Power Shopping

    Premo Engenharia

    Codeme, Techneao e Metform (steel deck)

    120.000,00 m2 (Wal Mart, Sams Club,

    Leroy Merlin e Ita Power Shopping)

    75.000,00 m2 (28.00,00 m2 de ABL)

    3.3000 vagas (1.800 cobertas)

    1.600 assentos

    Fbio Canado e Sylvio Emrich de Podest

    projeto executivo, detalhamento, obra

    coordenao BHZ

    equipe

    proprietrio shopping

    estrutura pr-moldada de concreto

    estrutura metlica

    rea Ita Power Center

    rea Ita Power Shopping

    estacionamento

    cinema

    fotos

    1998data

    obra 1998/2003Sylvio E. de Podest

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    Inaugurado em outubro de 2003, a construo do

    shopping no local da antiga fbrica de cimento Ita,

    de onde preservou-se as chamins, marco urbano

    e histrico industrial de Contagem, o Ita Power

    Center tem como caracterstica principal a con-

    centrao de operaes comerciais diversificadas e

    de grande porte. Um grandioso centro de compras,

    lazer, alimentao e entretenimento, localizado em

    uma rea de grande influncia geogrf ica, popula-

    cional e estratgica, confluncia da Belo Horizonte,

    Contagem e Betim e abrangendo 35 cidades num

    raio de pelo menos 100km, com populao estimada

    de 3 milhes de pessoas.

    Ita Power Center e Ita Power Shopping

    Existem tambm, acessos locais e regionais como a

    via expressa, anel rodovirio, BR-381 e 040 e metr

    com estaes vizinhas, que garantem o fluxo neces-

    srio ao sucesso do empreendimento.

    Esse conjunto de fatores, hoje realidade, transfor-

    maram a regio em marco urbano, seja do ponto de

    vista comercial e, mais importante, como um dos pri-

    meiros empreendimentos comerciais em substitui-

    o s antigas atividades industriais ali localizadas

    que se transferem para outro local, modernizando

    suas plantas e possibilitando que sejam implanta-

    dos novos locais de servios, mais convenientes por

    estarem localizados dentro de uma densa malha ur-

    bana, resultado do imenso crescimento do lugar.

    Tanto as chamins e a sede da antiga fbrica, res-

    tauradas e tombadas pelo patrimnio histrico da

    cidade - trabalho conjunto dos arquitetos, muni-

    cipalidade, empreendedor e patrimnio - hoje so

    smbolos grficos e urbanos do Power.

    O projeto de implantao, fluxos, estacionamentos e

    docas diversas proposto foi acompanhado de grande

    modificao no trnsito local, resultado do estudo

    de impacto, que contemplou melhorias diversas nos

    fluxos e acessos gerais.

    As ncoras externas, previamente localizadas pelo

    projeto de implantao, compem o conjunto onde

    participa o shopping, um projeto de 75.000m de

    rea construda, divididos entre 300 lojas, 3500

    vagas de estacionamento e rea de alimentao. O

    destaque est no design arrojado e moderno que

    privilegia conforto e beleza sem descuidar do custo

    operacional.

    A obra basicamente de concreto com cobertura

    metlica, ou seja, a estrutura principal pr-mol-

    dada em concreto e a secundria, grandes e peque-

    nas coberturas, guarda corpos, escadas, passarelas,

    em ao e vidro. Vedaes em concreto celular, gesso

    cartonado, granito para os pisos de mall.

    A arquitetura procurou aliar ao processo construti-

    vo acabamentos durveis que permitissem desenhos

    no muito rebuscados (pisos) e tetos curvos, suaves

    e claros.

    O mix, ou a distribuio dos espaos comerciais,

    norteou os fluxos direcionados, praas, acessos,

    luzes zenitais, de forma a compor a estratgia pro-

    posta pelo tipo de empreendimento, ou seja, o es-

    tmulo permanncia, compra e sociabilizao que

    acontece nestes espaos em contrapartida s ofer-

    tas externas. Praas de alimentao,cinemas, jogos

    e acontecimentos diversos cumprem a funo com-

    plementar ao de compra direta.

    Externamente, o grande espao dramtico, vazio

    e inegavelmente fora da escala urbana - o estacio-

    namento - permite grandes eventos comerciais e de

    lazer/culturais.

    Urbanisticamente grandes estacionamentos fron-

    tais causam impactos visuais, climticos e so solu-

    es que futuramente devem ser revistas, podendo

    ser ocupados por outros tipos de ncoras, princi-

    palmente ligadas ao lazer, convenes, exposies,

    formando uma cidadela com caractersticas menos

    danosas e menos impactantes, onde os carros no

    precisam necessariamente serem vistos e outros ti-

    pos de transportes sejam mais utilizados.

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    OuroShopping

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    sSylvio Emrich de Podest

    Maurcio Meirelles

    colaborao

    Jonas Schetino

    Mateus Moreira Pontes

    Flvio Lcio Nunes de Lima

    localizao

    Ouro Preto| MG

    1998/99data

    consultorias

    Mix bsico recomendvel:

    Consultoria tcnica:

    Ar condicionado, ventilao

    forada, ventilao natural:

    rea do terreno

    rea

    Atrium Consultorias e Planejamento de Shoppings

    Paranasa

    Protherm

    45.000,00 m2

    000,00 m2

    Cooperativa de Consumo dos Moradores da Regio dos Inconfidentes

    proprietrio

    Sylvio E. de Podest

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    A publicao deste projeto interessa no sentido de

    prestar informaes sobre as diversas abordagens que

    devem ser consideradas em um empreendimento des-

    ta natureza e, informar tambm, que shopping center

    no necessariamente sinnimo de mau gosto, de

    pastiche, de abordagens ps-modernosas que, quase

    sempre, prevalecem em projetos destes edifcios.

    Os primeiros shoppings brasileiros so cpias tar-

    dias de shoppings americanos principalmente da

    dcada de 60, que ainda hoje, servem, como base

    para projetos atuais.

    O terreno, rea de 45 mil m2 s margens da BR-356,

    contm centralmente um plat com 10 mil m2 ladea-

    do por uma elevao com rea aproximada, tambm,

    de 10 mil m2, tem toda sua rea restante em declives

    com 20 a 25% de inclinao. Na rodovia frontal ao

    terreno, localiza-se um tnel que parte integrante

    de acessos projetados pelo DER, incorporando uma

    nova pista que permitiria acesso direto a Ouro Pre-

    to. Todos estes fatores topogrficos e de engenharia

    de trfego conduziram implantao proposta.

    Estabeleceu-se uma cota ideal e geral para todo o proje-

    to - Hipermercado e Shopping Center - baseada na maior

    rea plana existente, tambm cota mdia da Rodovia.

    OuroShopping | CooperOuro

    Esta definio gera cortes na elevao direita e aterros

    localizados, principalmente, na lateral esquerda do ter-

    reno cuja sondagem revelou-se impenetrvel.

    Estabelecido este plat principal, localizou-se pri-

    meiramente o Hipermercado na parte esquerda do

    terreno devido a facilidade de acesso s docas de

    abastecimento, acessos de servios e outros. Como

    grande ncora, o Hiper estabelece assim a localiza-

    o do Shopping que se inicia a partir dele, margeia

    o limite do plat proposto na sua parte posterior e,

    aproveitando sua geometria e vistas, define o local

    da Praa de Alimentao, outro importante espao

    do projeto alm da possibilidade de expanso a par-

    tir desta articulao.

    As docas e parte do Hipermercado se situam sobre

    aterro, o que sugere a criao de um subsolo parcial

    onde se localizam diversos servios como: apoio a

    funcionrios, refeitrios, vestirios, expanso de de-

    psitos, garagens, dentre outros, amenizando o volu-

    me de aterro necessrio. Esta implantao nordeste/

    sudoeste-sudeste/noroeste alm de dar maior visi-

    bilidade ao empreendimento, permite o tratamento

    bioclimtico de seus espaos internos, diminuindo

    substancialmente o custo final do empreendimento.

    O projeto partiu das seguintes premissas bsicas:

    Melhor cota de implantao em um terreno com 60%

    de sua rea em declives acentuados;

    Melhores condies de acessos diferenciados - servi-

    os Hipermercado, estacionamentos gerais, estao

    intermodal;

    Insolao e ventilao que possibilitem tratamento

    bioclimtico dos seus espaos internos;

    Visibilidade do empreendimento como um todo,

    principalmente da Rodovia, sendo que a localizao

    frontal do estacionamento funciona como incenti-

    vador das facilidades que lhe convm e, definio do

    Hiper como importante ncora do empreendimento,

    com carater prprio sem contudo estar desvincula-

    do urbanista e arquitetonicamente do conjunto.

    Elementos de arquitetura como coberturas metli-

    cas plsticas e convenientes s suas funes - ilu-

    minao e ventilao zenital naturais, esttica ex-

    terna e interna do mall- alm de torres alusivas

    arquitetura de Ouro Preto, pontuando as principais

    entradas do Shopping e ampliando a mdia visual do

    empreendimento. Caixa dgua geral e totens rodo-

    virios complementam esta visibilidade.

    Externamente, alm das questes tcnicas, o Hiper-

    mercado tem tratamento semelhante ao do Shop-

    ping, utilizando-se de materiais mais elaborados e

    design arrojado, eliminando a antiga caixa/galpo,

    contrria aos servios hoje fornecidos e estetica-

    mente incompatvel com o estmulo que a arquite-

    tura deste tipo de local deve provocar. Facilidade

    de acessos de servios e de usurios com estacio-

    namentos fronteirios e hall coberto para carrinhos

    antecedendo o acesso ao prdio e funcionando tam-

    bm como porte cocher. Ligao interna Hiper/

    Shopping atravs de praa e portas envidraadas

    provocando tambm estmulos e troca de pblico.

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    b.

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    BELO HORIZONTE MARIANA

    N.M.

    A sua estrutura tem modulao conveniente im-

    plantao dos servios e da rea de vendas, com

    poucos pilares, facilitando lay-outs e operacionali-

    zando a loja. A estrutura mista (pr-fabricada nas

    rea de servio e check outs e metlica na grande

    loja) agilizando a sua construo.

    Iluminao natural e artificial adequada, pisos mo-

    nolticos, cores claras, etc., criam conforto ambien-

    tal (trmico e acstico) e visual (limpeza de percur-

    so, desenho estrutural, etc.).

    O gerador da construo foi o percurso do mall que

    foi estudado de forma a permitir visadas mltiplas,

    adequadas ao seu funcionamento, estimulando e evi-

    tando monotonias, fruindo aos poucos. Sugere ruas

    da cidade de Ouro Preto e em particular a So Jos,

    definindo em suas extremidades praas que poderiam

    ser reconhecidas como Praa do Chafariz junto ao

    Hiper e Largo da Alegria para a Praa de Alimenta-

    o. Estas ricas analogias formais tambm podem ser

    vistas na parte externa da construo onde casarios

    compem o corpo do Shopping e torres e cobertu-

    ras se destacando da massa continua construda.

    A bela paisagem que se estende na parte posterior

    do terreno resgatada pela incluso do terrao pa-

    normico contguo Praa de Alimentao e, em

    contrapartida, pousado sobre este plat, a cons-

    truo tambm se harmoniza com a serra que ladeia

    a Rodovia, vendo-se ao longe o Pico do Itacolomi,

    smbolo natural da cidade.

    A modernidade do empreendimento est neste res-

    peito cultura local sem, no entanto, fazer da sua

    arquitetura uma cpia pastiche mas, retirando

    do passado o que ele tem de rico e incorporando o

    marketing mercadolgico, novos materiais e dese-

    nhos de arquitetura que dem suporte a estas ati-

    vidades.

    Com o corte na elevao localizada direita do ter-

    reno, abre-se a possibilidade imprescindvel do uso

    dos espaos remanescentes do terreno para o entre-

    tenimento como eventos de grande porte, carncia

    real da cidade, aproveitando parte do estaciona-

    mento como platia e os taludes como pano de fun-

    do natural. Numa segunda etapa, esta rea deveria

    ser ocupada por uma expanso planejada sendo que

    o estacionamento deveria crescer de forma vertical

    ou com a anexao de terreno contguo.

    Entre a faixa reservada ao DER e a pista de acesso

    aos estacionamentos foi proposta uma plataforma

    de espera de nibus intermunicipal, urbano e semi

    urbano, com estacionamento simultneo de quatro

    unidades, contendo ainda instalaes sanitrias e

    pequenas lojas (banca de revistas, lanches, etc.).

    Prevista uma implantao de maior porte em ter-

    reno vizinho ao empreendimento com criao de

    estacionamento para nibus de turismo, oficinas e

    abastecimento.

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    Sede Grupo Corpo

    localizao

    Vale do Sol

    Nova Lima | MG

    arquiteto

    Sylvio Emrich de Podest

    colaborao

    Mateus Moreira Pontes 2002data

    rea do terreno 16.700,00 m2

    Sylvio E. de Podest

    Concurso Nacional de Projetos

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    E importa tambm ao arquiteto, na-

    queles sucessivos processos de esco-

    lha a que afinal se reduz a elaborao

    de um projeto, ter sempre presente,

    como lembrete, o seguinte:

    Sede Grupo Corpo

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    arquitetura coisa para ser exposta intemprie e a um determinado ambiente;

    arquitetura coisa para ser encarada na medida das idias e do corpo do homem;

    arquitetura coisa para ser concebida como um todo orgnico e funcional;

    arquitetura coisa para ser pensada estruturalmente;

    arquitetura coisa para ser sentida em termos de espao e volume;

    arquitetura coisa para ser vivida.

    Lcio Costa

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    NM

    ACESSOPRINCIPAL

    LIMITE DO TERRENO

    ARRUAMENTO

    ACESSOARRUAMENTO

    LIMITE DO TERRENO

    ACESSOPRINCIPAL

    ACESSO

    Como nas artes, a arquitetura um jogo entre es-

    paos funcionais e imaterialidade, entre vazios e

    cheios regados a jardins e sombras.

    bem possvel resolver os espaos funcionais exi-

    gidos para a sede do Grupo Corpo na forma de um

    escritrio racional mas, tal abordagem no se justi-

    ficaria para um stio agreste, mas generoso, onde a

    construo da paisagem privada se faz to necess-

    ria quanto os espaos funcionais e assim foi conce-

    bida, destacando-se dois momentos:

    Paisagismo trreo exuberante com incluso de rvo-

    res de porte, mudana da topografia plana, vazio de

    pilotis, sombreando a Praa do corpo.

    Vazios e jardins superiores protegidos por brises e

    prgulas, possibilitando luzes e sombreamento con-

    trolados.

    So vazios conceituais que diferenciam e categori-

    zam os espaos, ricos em virtualidade e funcionam

    como coadjuvantes dos espaos funcionais.

    O corpo como platia

    no conceito utilizado na sede que se inicia uma

    leitura linear que vai destes vazios e ausncia de

    matria fosca, concreta, se fechando em estdios,

    depsitos, galerias, cinemas, at o brilho metlico e

    a transparncia do vidro do grande teatro.

    Vazios e jardins painis de concreto painis de

    SAC painis de ao galvanizado (inox ou alumnio),

    ou seja, do vazio conceitual ao brilho do espetcu-

    lo, numa leitura bvia e didtica que diz da possvel

    ocupao imediata (setor a) e da futura (setor b).

    Evitou-se uma leitura linear, racionalidade progra-

    mtica. Propem-se surpresas, vazios visuais no

    lugar de vises ortogonais, emolduradas por aber-

    turas seletivas.

    Criar matria e paisagem, fluxos horizontais e verti-

    cais recheados de estmulos, no um caso de gos-

    to, simples mudana de cenrio; estria de pea

    nova em temporada que se inicia.

    Arquitetura coisa para ser vivida.

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    Casa Luis Eduardoarquiteto

    Sylvio Emrich de Podest

    localizao

    Lagoa Santa | MG

    2002data

    rea do terreno

    rea

    1.361,00 m2

    350,00 m2

    Sylvio E. de Podest

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    Lagoa Santa foi nas dcadas de 60 e 70 o ponto de

    encontro da juventude motorizada de Belo Horizon-

    te. Ali se esquiava, nadava, navegava, namorava at

    a manh de segunda quando se retornava a BH. A

    decadncia das dcadas seguintes foi interrompida

    por uma nova corrida imobiliria com lanamentos

    de lotes e chcaras nas redondezas da cidade e o sa-

    neamento da orla com a criao de rede de esgoto,

    recuperao da vegetao, retorno de alguns bares

    e restaurantes com ofertas diferenciadas dos anti-

    gos barzinhos, atraindo pblico diverso.

    Esta proximidade com BH e acesso pela Linha Verde,

    autopista que liga a capital ao aeroporto de Confins

    volta a fazer deste stio local aprazvel e de boa mo-

    rada.

    Topograficamente a lagoa a parte mais baixa da ci-

    dade e cercada de colinas. Numa delas, l no alto

    est a casa Luiz Eduardo, com vistas longas para as

    cercanias e tambm para a lagoa.

    Acostumado a construir, o proprietrio personagem

    interativo do projeto que se iniciou em partes, as mais

    importantes, quarto, cozinha, sala, piscina e sauna.

    Agora caminha para a parte frontal que ser acrescida

    de duas sutes no antigo vazio da sala. Mudana de

    planos. A casa dos meninos est em stand by.

    Algumas dificuldades iniciais na construo, mate-

    rial, mo de obra e o arquiteto que esmoreceu com

    a dinmica do construtor e condutor de barcos em

    Parati, foram resolvidas.

    Uma nova etapa se apresenta e como toda casa esta

    tambm se constri junto com a vida que se modifi-

    Casa Luis Eduardo

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    Sylvio E. de Podest

    Show Auto Malllocalizao

    Belo Horizonte | MG

    arquiteto

    Sylvio Emrich de Podest

    colaborao

    Mateus Moreira Pontes

    proprietrio

    gerenciamento

    construo

    consultoria

    rea do terreno

    rea

    Carij Empreendimentos e Negcios Ltda.

    Murba Engenharia S/A

    SGO Engenharia

    Dry Consultoria, Acessoria e Administrao de Shopping Centers

    4.083,00 m2

    15.332,16 m2

    2002data

    obra 1993/94

    2 etapa 2002/2004

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    Projetado a partir de uma grande estrutura de con-

    creto existente (cinco subsolos, parte do pavimento

    trreo e do segundo ainda em construo), elaborou-

    se um plano de ocupao baseado nas necessidades

    econmicas dos espaos, da experincia do proprie-

    trio em comrcio de carros usados e do estudo de

    retorno econmico. Gerou um novo desenho de flu-

    xos, de espaos comerciais, modificao estrutural

    dos dois ltimos pavimentos aps a necessria de-

    molio de parte da estrutura de concreto, inclusive

    rampas de veculos, e sua substituio por estrutura

    metlica que permitisse espaos mais limpos, desim-

    pedidos visualmente e, eventualmente, alguma tran-

    sio de pilares. As rampas de acesso de veculos ao

    segundo piso foram substitudas por dois elevadores

    colocados entre pilares existentes de forma a permi-

    tir o rpido embarque e desembarque, necessrios

    aos testes de direo neste tipo de negcio.

    Foi preciso colocar reforos metlicos em pilares e

    vigas que sofreram esforos diferenciados de novas

    cargas ou dos vazios entre andares, necessrios a

    novos acessos, ligaes visuais entre andares e cap-

    tao de iluminaes zenital e natural, principal-

    mente para as reas comuns.

    Adaptaes tambm nos fluxos de combate e pre-

    veno de incndio com a locao de novas circu-

    laes verticais (escadas e elevadores), alm da

    previso de local para uma futura escada rolante

    de acesso ao piso superior.

    Estas reformulaes tambm foram feitas no pri-

    meiro subsolo onde localizou-se servios gerais e no

    quinto, dividido entre administrao e estaciona-

    mento de funcionrios e visitantes. Manteve-se ali a

    grande rampa circular de acesso duplo da rua a este

    primeiro subsolo e os demais, retas, at o quinto.

    Tambm redistribuiu-se as vagas, inserindo outras

    para portadores de deficincias.

    O terreno, um grande declive, est ocupado, a partir

    do quinto subsolo, por uma espcie de pilotis que

    atinge a rua de baixo. Soluo estrutural de difcil

    acerto arquitetnico. Sugeriu-se um fechamento em

    tela e um paisagismo possvel no sombreado que ali

    se forma.

    Pela avenida de acesso, o edifcio possua um nvel

    trreo abaixo do grade desta via e, o apelo visual

    necessrio ao empreendimento, apresentava-se

    reprimido. A soluo foi a criao de uma estrutu-

    ra em metal e vidro plugada estrutura existente,

    um grande outdoor, que personalizasse a edificao

    e lhe desse as caractersticas indispensveis para a

    sua atividade principal. Este conjunto permite tam-

    bm a identificao do edifcio no perodo noturno,

    funcionando como uma grande luminria.

    Previsto para esta via um futuro alargamento fron-

    tal, reformulou-se todo o acesso ao shopping e bair-

    ro adjacente, o acesso ao bairro posterior e a criao

    de um retorno aliviou o localizado logo a frente.

    Show Auto Mall

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    072003

    data

    localizao

    So Paulo | SP

    Projeto Cnego Vicente Miguel Marino

    Habita Sampa Concurso Nacional de Projeto arquitetosSylvio Emrich de PodestMateus Moreira Pontes

    rea terreno

    rea projeto 8.541,60 m2 (240 unidades habitacionais, Departamento de Patrimnio da Prefeitura e Centro de Capacitao)

    9.426,03 m2

    Sylvio E. de Podest

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    Habita Sampa

    Este projeto um desenvolvimento lgico e aplicado

    do sistema proposto para o 2. Prmio Usiminas Ar-

    quitetura em Ao (1. Prmio - 1999) no qual repeti-

    mos textualmente alguns conceitos adotados, ape-

    nas formatando o sistema para esta nova situao

    proposta pelo concurso, alm de algumas modifica-

    es de material e montagem propostos pela equi-

    pe Usiminas e maior desenvolvimento dos painis

    eltricos e hidrulicos projetados pelo engenheiro

    Absalo de Carvalho.

    Inicialmente, uma citao de Le Corbusier que di-

    zia que a casa deve ser uma mquina de morar com

    economia e eficincia industriais: preciso criar o

    esprito de casas em srie; o estado de esprito de

    construir, residir e conceber casas em srie, cuja

    defesa deste primado da indstria sobre o artesana-

    to baseava-se em trs argumentos principais: bara-

    teamento e massificao das construes, qualidade

    intrinsecamente universal e abstrata e, finalmente,

    a possibilidade da mquina substituir o homem em

    algumas horas, reduzindo sua jornada de trabalho

    nos fazia pensar que no bastava apenas observar

    este princpio - que contm particularidades que

    poderamos adotar como premissas para um proje-

    to industrializado - mas no incorrer novamente no

    erro de uma arquitetura imposta, facilmente provo-

    cada pelo carter emergencial da falta crnica de

    moradias, permitindo que o conjunto de indivduos

    da comunidade atendida percam seu carter parti-

    cular, seus projetos individuais e independentes.

    Podemos perceber em Lauro Cavalcanti (Casas para

    o Povo, Dissertao de Mestrado, 1987) trs tendn-

    cias de como se aborda normalmente a questo ha-

    bitacional no Brasil e acredito que em vrios outros

    pases:

    Corrente idealista, que defende uma postura indus-

    trial em relao moradia. Processos de construo

    seriada suprindo rapidamente a demanda por casas

    populares.

    Renomeio essa corrente chamando-a de apicultu-

    ra ou casas de abelhas a guiza de moradias o que

    provoca o aparecimento em nossas cidades dos hor-

    ripilantes conjuntos habitacionais perifricos, com

    casinhas de duas guas colocadas lado a lado num

    interminvel e montono conjunto amorfo.

    Acredita-se que a criatividade dos moradores aliada

    s suas reais necessidades incorporam a esta mono-

    tonia outros valores, os reais.

    Corrente pragmtica, defendendo uma interveno

    mnima em termos construtivos. Deixa a cargo da

    prpria populao o projeto e execuo de suas mo-

    radas. Atuaes em pequenas e mdias escalas.

    Os famosos mutires que aparentemente suprem

    demandas de populaes de baixssima renda. Me-

    todologia emergencial que aproveita do descanso

    ou desemprego do cidado e o coloca a trabalhar

    em causa prpria, algo meio paternalista e abusivo.

    Alternativa que deveria ser substituda pela melhor

    formao da pessoa, emprego e acesso ao crdito, ou

    seja, incorpor-lo definitivamente sociedade que

    pertence.

    Corrente tecnicista que busca fundamentalmente

    racionalizar processos construtivos no sentido de

    possibilitar maior produo de moradias. Ocupa-se

    de sistemas construtivos no entrando no mrito de

    sua organizao espacial.

    Outra forma preocupante de suprir demandas: n-

    meros. Se estas so historicamente as formas mais

    comuns de abastecer as cidades de moradias em

    escala, sente-se ento a necessidade de um estudo

    sobre o que j foi historicamente conquistado em

    outros formatos, sobre os engodos e deficincias de

    planos passados e, frente a estas premissas, estabe-

    lecermos o que seria um conceito/concluso para os

    dias de hoje.

    Temos certeza de que resolver a habitao pura e sim-

    plesmente o mais falho dos caminhos e sugerimos,

    frente a este grande erro, a criao de um sistema

    completo de produo em escala de componentes de

    montagem de moradias que atinja diversos segmen-

    tos e que, sob o ponto de vista industrial/comercial,

    possa suprir as necessidades de uma indstria tipo.

    Baseamos na real constatao de que equipamen-

    tos complementares s moradias como mobilirios

    e utenslios so adquiridos em prestaes, at por

    quem no tem onde morar, a casa deveria participar

    deste sistema de acesso (crdito, mesmo subsidia-

    do) e a demanda seria na capacidade (mnima que

    seja) de endividamento.

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    O Sistema

    Para tanto, a criao de um sistema, que a combi-

    nao de partes que concorrem para um resultado

    como o proposto, deve ser formado por:

    Construo: fabricao do produto base (ao);

    transformao do produto base em manufaturado

    (estrutura e componentes); componentes acess-

    rios ou agregados que formatam o objeto como um

    todo e/ou o particulariza (vedaes, acabamentos,

    etc.); centro de montagem dos elementos manufa-

    turados com os elementos acessrios e agregados;

    transporte de componentes e/ou produtos acabados

    dos centros de montagens ao stio; stio ou local da

    instalao do produto final do sistema construtivo

    mais montagem;

    A habitao

    O sistema proposto procura estabelecer um proces-

    so semelhante ao sistema adotado pelas montado-

    ras de veculos automotores.

    H uma estrutura de base repetvel na horizontal

    e na vertical que estabelece de forma modular a

    sustentao da habitao e define o conjunto de

    componentes de divises internas e externas.

    Caractersticas bsicas

    A criao de um sistema permite que se estabelea

    um padro antes da montagem do conjunto hori-

    zontal/vertical.

    Mdulos bsicos com 27m, 37m e 42m.

    Fechamentos e divises com qualidade industrial,

    alta produtividade (cadeia produtiva).

    Possibilidade de transporte de peas acabadas (m-

    dulo bsico) para unidades individuais e semi-aca-

    badas no caso de verticalizao.

    Possibilidade de financiamento total da unidade ou

    por partes, direto com os fornecedores/montado-

    res.

    Custo controlado da unidade pretendida e garantia

    da sua qualidade por um longo perodo, eliminando

    materiais de qualidade duvidosa e tecnicamente mal

    produzidos.

    Como o MDULO BSICO um produto de mercado

    e no de uma classe especfica, ele permite ser in-

    dustrializado de forma a aproveitar sua base teri-

    ca e estrutural (como o chassis do automvel) para

    outros equipamentos (mesma famlia) e suprindo as

    demandas de apoio, CCR, etc..

    Fornecedores de subprodutos como caixas dguas,

    fossas, coletores solares e clulas fotoeltricas,

    centrais de lixo, estaes de tratamento de esgoto

    e gua, etc.. Garantindo a qualidade de seus pro-

    dutos por tempo determinado e compatvel. Incor-

    poram-se as qualificaes ISO, sejam elas tcnicas,

    ambientais, etc., de forma a permitir cobranas de

    performances e, se for o caso, serem substitudas,

    reparadas ou mesmo indenizado.

    Processo simplificado de montagem de 2 mdulos sobrepostos - torres e viga atirantada montadas em fbrica - painis de concreto celular para

    vedao e laje - esquadrias moduladas

    Valores individuais e urbanos, valores simb-

    licos e funcionais:

    Eliminar a distncia entre as imagens men-

    tais dos arquitetos e a vida real de uma socie-

    dade que, na maior parte dos casos, no se

    conhece quanto a seus sistemas de valores,

    seus esquemas estticos, seus cdigos de

    comportamento possibilitando o uso pelos

    diversos tipos de pessoas, dando-lhes chance

    de manifestaes diversas.

    O mdulo integrado ao contexto urbano:

    O mdulo bsico um componente da estrutu-

    ra macro. Esta estrutura formada por todos

    os elementos que circunscrevem a vida social:

    espaos pblicos, promotores de relaes so-

    ciais; edifcios para a sade, a cultura, a educa-

    o produo, etc. to somente uma parte do

    sistema, e deve se integrar s solues totais.

    A implantao conveniente, urbanisticamente

    correta, deve procurar suprir todos os elemen-

    tos que verdadeiramente compem uma vida em

    sociedade.

    Venda e instalao de conjuntos;

    Arquitetura, urbanismo, gerenciamento: firmas ter-

    ceirizadas para projetos de montagem de conjuntos,

    fundaes e gerenciamento da construo, monta-

    gem e urbanizao.

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    Mdulo bsico

    Consiste no mdulo

    bsico que, agregado

    (componentes) ou

    multiplicado gera

    os diversos tipos de

    mltiplos.

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    Possibilidade de desmontagem, mesmo vertical,

    mudana de stio por necessidade de remoes como

    desapropriaes e outras.

    Estrutura, lajes, vedaes e acabamentos, estrutura

    metlica

    A estrutura do MDULO BSICO (pilares e vigas)

    formada por perfis metlicos tipo caixa (chapa do-

    brada) e/ou perfis I de ao, soldados, com compo-

    nentes pr-montados em fbrica ou parafusados (no

    caso de componentes pr-montados). Esses compo-

    nentes formam um conjunto tecnologicamente com-

    provado 16,92 kg/m e um paraleleppedo estru-

    tural semelhante a uma vierendeel tridimensional,

    transportvel em partes.

    As lajes podem ser mistas, tipo decks metlicos ou

    os painis armados de concreto celular autocla-

    vados (CCA). Assentados sobre as vigas, recebem

    GROUTE(s) de com ao soldado viga, contrapiso

    (30mm) com tela eletrosoldada e cinta de concreto

    de borda. Revestimento cermico em toda sua su-

    perfcie colado com argamassa.

    As vedaes, tambm em painis (piso teto) de

    concreto celular autoclavado (CCA), so fixadas a

    estrutura atravs de cantoneiras de chapa dobrada

    de (superior, lateral e inferior). Ligaes estanques

    com uso de placa EPS, mastic e argamassa.

    Painis acabados recebendo revestimento acrlico tex-

    turizado, aplicados com rolo mdio, ps-montagem.

    Na cozinha, servio e banheiro recebem revestimento

    cermico at 1,10m de altura com exceo na rea do

    Box revestida at 1,80m.

    Esquadrias: perfis laminados, chapa dobrada de ao,

    pr-pintadas, modulares e instaladas prontas.

    OBS: Os acabamentos devem ilustrar a inteno de

    construir uma habitao com qualidade arquite-

    tnica, aplicao tecnolgica e fcil manuteno,

    alm do baixo custo, mas prevendo que esses acaba-

    mentos devero ter vida til compatvel com a idia

    proposta (20 anos de garantia dos fabricantes, pelo

    menos) e a habitao quando pronta passvel de

    receber certificados ISO em todas as reas, inclusive

    na ambiental e de projetos.

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    Concluso

    O que pode ser dito que esta proposta uma an-

    lise de experincias e tentativas (algumas com su-

    cesso) de diversos arquitetos, entidades, governos,

    etc. e, mais uma vez, como finalidade de locao

    social, com caractersticas e conceito coerente no

    que diz respeito aplicabilidade do conhecimento

    (tanto social quanto tecnolgico), da garantia de

    qualidade final do produto e de uma arquitetura que

    permita e desfrute de uma vida ntima e socialmen-

    te rica, com possibilidade real de convvio alm de

    compatvel com as tipologias vizinhas.

    Acrescento concluso um comentrio aps o re-

    sultado do concurso: diferentemente das propostas

    vencedoras, espalhamos as moradias por todo terre-

    no de forma a minimizar custos com manuteno de

    jardins ou reas de lazer e deixando a administrao

    destas reas aos condminos ou seus sndicos,

    eliminando-as da administrao pblica como se faz

    em qualquer outro conjunto habitacional em outras

    faixas econmicas.

    O retorno de implantaes na forma de grandes pa-

    vilhes que liberam reas trreas formatando pra-

    as, a nosso ver desagrega tipologicamente a regio

    e cria grandes reas de onerosa administrao, to-

    talmente contrrio ao parecer dos jurados.

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    localizao

    Lagoa do Piau

    Caratinga | MG

    Campus Lagoa do PiauInstituto Doctum, Faculdades Integradas de Caratinga

    arquiteto

    Sylvio Emrich de Podest

    colaborao

    Gian Paolo Lorenzetti

    Pedro Arago de Podest

    Marcos Franchini Mascarenhas (estagirio)

    proprietrio

    construo prdio A

    estrutura metlica clculo e montagem

    rea do terreno

    rea do prdio A

    Instituto Doctum, Faculdades Integradas de Caratinga

    Plante Engenharia Ltda.

    Techneao Engenharia Ltda.

    16,5 hectares

    1.575,00 m2

    2005/06data

    obra 2005/06

    Sylvio E. de Podest

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    Localizado em local de extrema beleza natural, es-

    tratgico em relao a regio (Vale do Ao e do Rio

    Doce), o Campus Lagoa do Piau nasce com identida-

    de ecotecnolgica, pretendendo o desenvolvimen-

    to de novas tecnologias (Cincia da Informao,

    Engenharia Civil/Sistemas Construtivos, Eltrica e

    Telecomunicaes, etc.), da promoo do desenvol-

    vimento Turstico e preservao do Meio Ambiente

    da regio, por isso nada mais sintomtico do que se

    municiar de um projeto arquitetnico e urbanstico,

    com etapas de crescimento programadas em funo

    da demanda socioeconmica , que possa oferecer

    alternativas de acesso a uma abordagem acadmica

    que contemple as diversas facetas deste encontro

    eco e tecnolgico.

    Dividido em trs mdulos, o terreno caracteriza de

    imediato suas possibildades funcionais.

    Uma grande rea plana, com vegetao inexpressiva,

    sugere uma ocupao mais densa. Esta rea cercada

    por uma exuberante paisagem formada por elevaes

    Introduo

    lindeiras e frontais que conformam um grande e belo

    lago (ou lagoa), parte do projeto de preservao am-

    biental do Vale do Rio Doce. onde implantamos o

    Campus propriamente dito composto pelo Curso de

    Cincia da Computao e Cincia da Informao, En-

    genharia Ambiental e com parcerias para formao do

    Centro Tecnolgico e Ps-Graduao.

    Este projeto acadmico amplia-se na sua oferta inicial

    com a criao da Universidade Livre do Meio Ambien-

    te, um laboratrio de conhecimento e manejo dos di-

    versos tipos de ambiente e com o Centro de Estudos

    de Promoo Turstica que aproveita da implantao

    no Mdulo 3 de um Hotel/Escola e um Centro de Con-

    venes com estrutura para eventos diversos.

    Amplia-se tambm na implantao de um Centro

    Cultural que promover oficinas e mostras artsti-

    cas, preservao da memria e cultura regionais e

    tambm de um setor de Lazer e Esportes, com ativi-

    dades ligadas s comunidades vizinhas na promoo

    de shows, campeonatos e outros.

    O Estudo Inicial apresentado, metaforicamente

    compara estas abordagens e suas funcionalidades

    inter-relacionadas a um circuito impresso onde as

    diversas funes setorizadas compem uma nica

    placa onde elementos como chip, processador, me-

    mria, cabos, pilhas, etc. se ajustam para cumprir o

    programa pretendido.

    Campus Lagoa do Piau

    Malha Infra-estrutural

    O Mdulo 2, topograficamente plano, quem recebe

    (como no circuito impresso) uma malha desenhada

    com eixos ordenadores onde se localizam todos os

    componentes (sujos e limpos) da estrutura de