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UMA CONTRIBUIÇAO AOS SISTEMAS
DE CUSTEIO
f
• BANCA EXAMINADORA
PROF. ORIENTADOR: JOÂO CARLOS HOPP, PH.D.
PROF. FRANCISCO SYLVIO DE OLIVEIRA MAZZUCCA .
PROF. LAZARO PLACIDO LISBOA
\
Aos meus pais e à minha esposa, pelo incentivo, apoio e
compreensão.
Ao Luizinho, meu filho, a quem dedico este trabalho.
i 1 o
FUNDAÇAO GET~LIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇAO DE EMPRESAS DE SAO PAULO
LUIZ CARLOS NEVES
UMA CONTRIBUIÇAO AOS SISTEMAS
DE CUSTEIO
DISSERTAÇAO APRESENTADA AO CURSO DE
P~S-GRADUAÇAO DA FGV/EAESP
AREA DE CONCENTRAÇAO: ADMINISTRAÇAO
CONTABIL E FINANCEIRA, COMO REQUISITO
PARA OBTENÇAO DE TITULO DE MESTRE EM
ADMINISTRAÇAO
ORIENTADOR: PROF. JOAO CARLOS HOPP, PH.D.
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SAO PAULO
1990
- Fundação Getulio Varga,. Escola de Administração de Empre~ de SiJo Paulo
Bibliotee<~
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NEVES, Luiz Carlos, Uma Contribuicão aos Sistemas de
Custeio. São Paulo, EAESP/FGV, 1990 (Dissertação de Mestrado
apresentada ao Curso de Pós-Graduação da EAESP/FGV, Area de
Concentração: Administração Contábil e Financeira) •
Resum.Q: Apresenta um modelo de sistema de custeio, que
observa as vantagens dos sistemas de custeio
direto e custeio por absorção. Aborda as origens
da Contabilidade e sua evolução até o surgimento
da Contabilidade de Custos. Tece considerações a
respeito dos métodos de custeio existentes.
Ilustra, com apresentação de exemplos numéricos, o
modelo de custeio proposto.
Palavras-Chave: Contabilidade Financeira - Contabilidade de
Custos Sistemas de Custeio - Custo Direto Custo por
Absorção -.Contribuição
i
!NDICE
INTRODUÇAO
PARTE I - DESENVOLVIMENTO HISTORICO DA CONTABILIDADE
O Advento da Contabilidade
A Origem das Partidas Dobradas
A Obra de Luca Pacioli
A Evolução da Teoria Contábil
Contabilidade de Custos
O Surgimento da Contabilidade de Custos
Conclusão
PARTE II - SISTEMAS DE CONTABILIDADE DE CUSTOS
Objetivos da Contabilidade de Custos
Classificação dos Custos
Sistemas de Custeio
Custo por Ordem de Produção
Custo por Processo
Custo-Padrão
PARTE III - CUSTEAMENTO DIRETO E CUSTEAMENTO POR ABSORÇAO
Sistema de Custeio por Absorção
Sistema de Custeio Direto
Custeio por Absorção Versus Custeio Direto
Vantagens e Desvantagens da Aplicabilidade
dos Sistemas.
i i
PARTE IV - UMA PROPOSTA DE EVOLUÇAO
Capacidade Produtiva da Planta
Uma Nova Abordagem
PARTE V - CONCLUSAO
BIBLIOGRAFIA
iii
i v
Queremos deixar registrado que a conclusão desse
trabalho foi possivel graças ao incentivo dado pelo
nosso orientador, prof.João Carlos Hopp, sem o que não
teriamos chegado ao êxito.
Ao nosso amigo, prof. Hélio de Paula Leite, que, com
seu exemplo pessoal, nos ensinou o caminho do
desenvolvimento acadêmico.
Ao Dr. Edmilson Ghersel Narchi e Dr. Sylvio M. F. J.
Jakubowikz, este não mais presente entre nós, membros
da alta direção da Sandoz S.A., que tudo fizeram para
que pudéssemos atingir este objetivo, que, há mui tos
anos atrás, mais parecia um sonho inatingível.
INTRODUCAO
A determinação do custo justo e adequado de um serviço
ou produto é fundamental para a empresa que o produz e para
aquele que o consome.
Os empresários não podem prescindir de uma organização
de custos, como instrumento que determine seus parâmetros de
eficiência e rentabilidade.
Quanto mais eficiente for o sistema de custeio de uma
empresa, melhor será sua capacidade de detectar incorreções,
tais como fabricação de produtos deficitários, ou alocação
inadequada, que venham a distorcer o custo de uma produção
eficiente.
Se um produto recebe alocações de custos justos, o
mesmo terá grande chance de aceitação pelo consumidor, desde
que se tenha, naturalmente, uma estrutura produtiva
eficiente.
Este trabalho procura desenvolver um estudo de
avaliação da importância dos sistemas de custeio como
ferramenta gerencial de controle, que permita às empresas
terem conhecimento da sua eficiência produtiva, além de
auxiliar na determinação da real posição patrimonial,
O objetivo desta monografia é discorrer a respeito dos y sistemas de custeio, apresentando suas vantagens e
desvantagens, comparativamente, tentando adequar os pontos
positivos dos mesmos, a fim de discutir a respeito de um
sistema misto, que contenha as vantagens apresentadas pelos
modelos hoje existentes.
Basicamente, são comparados os sistemas de custeio por
absorção e custeio direto.
Tal estudo tem a finalidade de prover as empresas de
mecanismos que as auxiliem quanto à determinação do custo
real dos produtos, sem os efeitos que as oscilações nos
níveis de produção causam no custo do produto vendido e na
real determinação do lucro do produto.
Ao longo de nossa vida profissional e acadêmica, nós
nos temos deparado com as constantes mudanças nos mecanismos
de controle das empresas e com a busca incessante de
profissionais e acadêmicos, em aprimorar as ferrame~tas
existentes.
~ sabido que inconsistências de sistemas de custos
acarretam prejuízos grandes às empresas, quanto à distorção
das informações gerenciais.
Uma empresa que não consiga determinar o custo justo de
um produto não poderá formular preços adequadamente, nem
saber o real potencial que um determinado produto tem no
mercado.
Sendo hoje em dia fundamental que as empresas consigam
detectar sua real situação de lucro, pois através do mesmo é
que se determina o valor da empresa, então o aprimoramento
dos sistemas de custeio é imprescindível para as empresas.
2
Consideramos que o estudo dos sistemas de custeio com
proposta de aprimoramento possa ser útil, não só ao meio
acadêmico, como também às empresas.
O presente trabalho foi dividido em cinco capítulos.
O primeiro capitulo discorre sobre as origens da
Contabilidade e seu aprimoramento, até chegar
Contabilidade de Custos.
O desenvolvimento histórico da matéria permite-nos
entender ·mui to a respeito dos conceitos e práticas
existentes na atualidade, e avaliar os caminhos que a
disciplina vem seguindo.
No segundo capítulo deste trabalho, discorremos a
respeito da moderna Contabilidade de Custos, com o objetivo
de ressaltar os principais conceitos hoje utilizados.
A classificação dos custos, os objetivos da
Contabilidade de Custos, os sistemas de custeio por ordem de
produção e por processo 1 e o custeio-padrão, são abordados
nesse capítulo.
o terceiro capitulo aprofunda-se nas abordagens do
custeio direto e do custeio por absorção, nas vantagens e
desvantagens da aplicabilidade dos mesmos. Efetua uma
comparação rígida entre ambos, visando a ressaltar seus
pontos favoráveis, como lastro técnico para o capítulo IV,
que propõe uma evolução através de uma nova abordagem. A
última parte é conclusiva, tecendo observações a respeito do
trabalho.
Esperamos com isso ter podido dar uma contribuição
efetiva à matéria de Contabilidade de Custos.
3
PARTE I
DESENVOLVIMENTO HISTORICO DA CONTABILIDADE
O desenvolvimento histórico de uma matéria em mui to
contribui para o entendimento do pensamento contemporâneo.
As teorias, conceitos, as ciências em geral são
desenvolvidas em uma certa ordem cronológica. Uma idéia leva
a outra. O que será o pensamento de amanhã fatalmente
dependerá do pensamento de hoje.
Antes de discorrermos a respeito da Contabilidade de
Custos, procuraremos relatar fatos relacionados ao
surgimento da própria Contabilidade.
A evolução da Contabilidade não ocorreu de forma
diferente de outras disciplinas, datando sua história de
muitos anos. Littleton observa que:
"A opinião de mui tos homens sábios sobre a
relatividade na história é uma inspiração.
Aristóteles expressa isso da seguinte forma: se
você se interessar por alguma coisa, obs-erve, isto
é o começo de um desenvolvimento,"<•>
( 1) A.C. Li t tleton, "Essays on Accountancy"-, Uni versi ty o f
Illinois Press, Urbana, 1961.
Ainda Littleton & Zimmerman citam:
"Por causa da ampla liberdade de um crescimento
literário técnico, pensamentos e ações contábeis
correntes podem ter-se derivado muito mais de
idéias acumuladas através de experiências passadas
do que de idéias conscientemente percebidas."<•>
Realmente, a teoria contábil desenvolveu-se juntamente
com as instituições mercantis, procurando atender às
necessidades emergentes dos negócios, sob os aspectos de
organização das informações, da apuração dos impostos
justos, do interesse dos acionistas, do governo e da própria
administração. Inicialmente, o desenvolvimento da
Contabilidade foi muito lento, pelo fato de que no seu
inicio a prática sempre precedeu à teoria, na sua forma mais
ampla. A respeito desse assunto Hendriksen diz que:
"Até 1930,
raciocinio
a teoria contábil, como um corpo de
lógico bem definido, não precedia
costumeiramente à prática contábil, ao contrário do que
pode ser dito atualmente. A Contabilidade desenvolveu
-se historicamente conforme emergiram as necessidades e
mudanças foram ocorrendo gradualmente nas suas técnicas
e conceitos. Mas novas práticas contábeis têm sido
necessárias
econômicas,
com as
relações e
mudanças
objetivos
nas
da
instituições
Contabilidade.
( 2) A.C. Littleton & V.K. Zimmerman, "Accounting Theory:
Continuity and Change", Englewood Cliffs, Prentice
Hall, 1962.
6
6
Entretanto, mui tas técnicas e conceitos continuam em
amplo uso, mesmo após as condições que as originaram
terem cessado."<•>
Dentro de um panorama de contabilidade rotineira, é
normal os profissionais não se envolverem com a avaliação
das razões de seus procedimentos. Mas, em oposição a esta
realidade, devemos constantemente estar avaliando os
procedimentos dentro da situação do momento.
O objetivo desse capitulo visa, através da abordagem
histórica da disciplina, a demonstrar como o desenvolvimento
teórico ocorreu, de forma a dar subsídios a este trabalho
como um todo.
( 3) Eldon S, Hendriksen, "Accounting Theory", Homewood,
Richard D. Irwin, 1982.
O ADYENTQ DA CONTABILIDADE
Alguns historiadores afirmam que, se a Contabilidade é
primariamente uma linguagem, um método de expressão, então
talvez seja possivel afirmar que ela é tão antiga quanto a
história do homem pensante. Observa Will Durant que as
primeiras tentativas para registrar transações por algum
método mais permanente do que a memória provavelmente
receberam uma forma semimecânica, destacando que tribos
primitivas freqüentemente usavam tais métodos:
"Algumas tribos usavam paus cortados para ajudar a
memória ou para transmiti r uma mensagem; outras não
somente cortavam os paus, mas pintavam figuras sobre
eles. Os indios peruanos mantiveram registros complexos
em ambos, números e idéias, através de nós e amarras
feitas em cordas coloridas."<•>
:B bem provável que o homem tenha iniciado um registro
mais formal de transações quando houve um aumento no
comércio entre as tribos. Inicialmente, podem ter sido
utilizadas pinturas dos objetos comercializados, mas, por
volta de 5000 A.C., foram desenvolvidos simbolos
inteligiv.eis para tribos de diversas
arqueologista britânico Flinders Petrie
linguagens. O
achou simbolos
( 4) Will Durant, "The Story of Civilization, our Oriental
Heritage", vol. 1, Simon and Schuster, 1935, apud
Williard E. Stone, "Antecedente of The Accounting
Profession", The Accounting Review, abril 1969.
7
gráficos em fragmentos de vasos e pedras em túmulos pré
históricos do Egito, no Oriente, bem como da Espanha, no
Ocidente. Mui tos dos sinais encontrados eram comuns para
todas as regiões. Não se tratava de pinturas, mas sim de
simbolos comerciais para vários tipos de bens, quantidades e
anotações de negócios. Eles constituem nossa primeira
linguagem escrita.<•>
Conclusões mais concretas de registros comerciais em
quadros de argila datam de 3200 A.c. e, em pedras, de 3600
A.C. , na antiga civilização mesopotâmica. Stone completa
que:
"~ aqui que o auditor ganha a primeira evidência
concreta de sua existência. ~ onde nós encontramos os
primeiros exemplos de controle interno. . • No antigo
Egito, no Departamento Financeiro Central dos Faraós,
eram utilizados controles internos e audi toriais. Os
escriturários preparavam registros de recebimentos e
pagamentos de prata. A medida que alguém registrava
sobre o papiro o montante trazido para os armazéns, um
outro checava o esvaziamento dos "containers" e como se
estava armazenando no prédio. Um terceiro escriturário
fazia a auditoria através da comparação destes dois
registros. "I 6 >
( 5) Will Durant, "The Story of Civilization, our Oriental
Heritage'', vol. 1. op. cit.
( 6) Williard E .. Stone, "Antecedente of The Accounting
Profession", The Accounting Review, abril 1969.
8
O fato é que
mercantis, ou algum
as civilizações que
tipo de problema de
9
tinham relações
organização de
governo ou de administração para resolver, precisavam ter
finanças ou registros numéricos de alguma espécie. No Egito
e Babilônia, os escriturários foram formados na Mesopotâmia,
em escolas-templos, e, na Terra dos Faraós, em escolas do
Tesouro. Na Babilônia, o currículo incluía, além das artes,
negócios, contabilidade e lei comercial. No Egito, a
educação foi mais utilitária. Os escriturários, em ambas as
civilizações,
população,
aritmética,
que
e
faziam . parte de uma
era preparada em
que conseqüentemente
pequena parte da
leitura, escrita e
ocupava posições
importantes nos negócios e na sociedade,<•>
Creta e a civilização hebraica, com seu alto nível de
governo urbano, utilizavam em sua administração um grupo de
ministros, escriturários e burocratas,<&>
Embora as relações dos escriturários com a sociedade
mudassem paralelamente com relação à evolução da economia e
às formas de organização da civilização, deste período
antigo da história da contabilidade não se conhecem
quaisquer técnicas estabelecidas ou conceitos que tenham
contribuído para a organização de uma teoria. Embora seja
( 7) Williard E. Stone, "Antecedente. of The Accounting
Profession", op. ·cit.
( 8) Will Durant, "The Story o f C i vilization, The li f e o f
Greece", vol. II, Simone Schuster, 1939, apud Williard
E. Stone, op. cit.
sabido que a história da contabilidade está documentada
apenas a partir da Idade Média, os fatos nos permitem saber
que o desenvolvimento efetivo ocorreu em época posterior.
10
A ORIGEM DAS PARTIDAS DOBRADAS
Um ponto apropriado para o estudo da evolução do
pensamento e conceitos contábeis é o sistema de duplas
entradas. O inicio da prática contábil moderna é aqui
percebido através das primeiras indicações de uma
padronização. Littleton & Yameyl•> comentam que as partidas
dobradas (duplas entradas) tªm trªs vantagens principais em
relação aos métodos anteriores de escrituração de registros:
1. os registros são mais ordenados e compreensíveis;
2. a dualidade da entrada de registros provê uma
conveniente checagem na acurácia e no encerramento
do livro-razão;
3. tornam possivel o desenvolvimento, como parte do
sistema, de relatórios sumarizados de lucros e
perdas, de posição patrimonial e de propriedade de
capital.
Hendriksen diz que alguns antecedentes tiveram
fundamental importância para o desenvolvimento da
contabilidade.
"O mais básico antecedente da contabilidade é a
habilidade de expressão. Isto inclui a arte de
escrever, o desenvolvimento da aritmética e o amplo uso
da moeda como denominador comum. Embora os numerais
romanos estivessem em uso em registros formais por
( 9) B.S. Yamey & A. C. Littleton, ''Studies in The Story of
Accounting". Homewood, Richard D. Irwin, 1956.
11
alguns séculos após o advento da escrituração por
duplas entradas, a introdução dos numerais arábicos
facilitaram, em muito, o crescimento da contabilidade.
Imagine quão incômodo seria manter livros contábeis e
computar lucro liquido com o uso de numerais
romanos."< 1 o>
Realmente, foi entre os gregos, no sexto século antes
de Cristo, que a moeda cunhada teve uso geral pela primeira
vez na história da humanidade. Foi possível levar o livro de
registros para um novo nível, graças à adoção do dinheiro
como meio normal de avaliação e troca. Todas as transações
mercantis puderam então ser registradas. Entretanto, a
contabilidade grega e também a romana tomaram a forma de
registros individuais de recebimentos, inventários e
pagamentos di versos, mais do que de contas em um moderno
sentido, e não evoluíram para sistema integrado de duplas
entradas. Alguns historiadores atribuem ao sistema de
notação numérica adotado a razão do atraso na contabilidade
grega e romana.
Acreditava-se, até passado recente, que a escrituração
por partidas dobradas tinha tido seu surgimento por volta do
ano de 1340, nos livros oficiais de Massari, em Gênova.
Porém, mais recentemente, através do exame de outros
livros comerciais, muito se tem discutido a respeito desse
tipo de escrituração, e mais além é colocado por Christopher
(10) Eldon S. Hendriksen, "Accounting Theory", op. cit.
12
W. Nobes< 11 > o questionamento acerca da exata natureza das
características das partidas dobradas. Dessa forma, as
origens remontam ao século XIV, nos centros comerciais
italianos, tais como Veneza, Milão, Florença e Gênova.
As duplas entradas não apareceram fora de qualquer
teoria preestabelecida, mas foram desenvolvidas passo a
passo, por um processo de tentativas e erros. Por volta de
1300, os mercadores já usavam contas de despesas e
patrimônio, e foi necessário muito pouco para aperfeiçoar o
sistema, estabelecendo a regra de que nunca se deveria fazer
um débito sem que houvesse um crédito correspondente. Muito
provavelmente esse resultado foi alcançado gradualmente.<••>
São três os fatores que mais contribuíram, nessa época,
para o progresso da contabilidade, citados por
Hendriksen< 1 • > :
1. conceito de propriedade privada;
2. o desenvolvimento do crédito;
3. a acumulação do capital,
(11) Christopher w. Nobes, "The Gallenari Account Book of
1305-1308", The Accounting Review, abril 1982.
(12) Raymond de Roover, "The Development of Accounting Prior
to Luca Pacioli according to the Account-Book of
Medieval Merchants", apud A. C. Littleton and B. S.
Yamey, op. cit.
(13) Eldon S. Hendriksen, "Accounting Theory", op. cit.
13
O primeiro i tem é o mais
reconhecimento da firma como
sócios.
importante, já que leva ao
uma entidade distinta dos
Um importante papel também foi desempenhado pelo
desenvolvimento do crédito. Durante o periodo das cruzadas,
ampliou-se o comércio
maior complexidade.
rapidamente
Em função
e
de
os negócios ganharam
alguns métodos de
memorização se mostrarem ineficientes, os sistemas de
registros mostraram uma evolução, com muitas transações
passando a ser lançadas em grupo, sob a forma de conta
corrente. E, finalmente, a acumulação de capital levou ao
reconhecimento dos lucros e perdas.
14
A OBRA DE LUCA PACIOLI
Contadores não deveriam encontrar dificuldades para
lembrar o ano de 1494, porque cronologicamente está próximo
de 1492, o ano em que Colombo descobriu o Novo Mundo. O ano
de 1494 é uma data significativa na história da
contabilidade, não porque marca o inicio da escrituração,
mas porque é o ano da publicação, na Itália, do primeiro
texto sobre o assunto. Antes desse significativo livro ser
publicado, entretanto, a escrituração vinha já sendo
praticada por um longo período.<••>
A propagação da escrituração de duplas entradas da
Itália para o resto da Europa, e de lá para mais longe, foi
em grande parte o resultado de tratados, anteriores à obra
de Luca Pacioli, que descreviam e explicavam o sistema e
suas práticas, e de práticas de negócios da Itália e dos
mercadores italianos.
O primeiro trabalho publicado descrevendo o sistema de
escrituração dentro dos registros contábeis foi a "SUMMA DE
ARITHMÉTICA, GEOMETRIA, PROPORTIONI ET PROPORTIONALITA",
obra de Luca Pacioli, em 1494, em Veneza. A divisão de seu
trabalho era a seguinte:< 15 l
(14) A. C. Littleton & V.K. Zimmerman, "Accounting Theory:
Continuity and Change", op. cit.
(15) B. S. Yamey & A. C. Littleton, "Studies in the Story of
Accounting", op. cit.
15
1. aritmética e álgebra;
2. seu uso em cálculo comercial;
3. escrituração;
4. dinheiro e troca;
5. geometria aplicada e pura.
Pacioli era um padre franciscano que passou mui to de
sua vida como professor e estudioso. Seu trabalho foi
essencialmente um tratado sobre matemática, mas que incluiu
uma seção sobre escrituração por partidas dobradas. A
"Summa" não é um livro original. Ela é um compêndio, como o
próprio Pacioli a chamava. Embora Pacioli não tenha sido o
criador da escrituração por partidas dobradas, seu livro
muito expandiu seu uso através de toda a Europa. Alguns
livros foram publicados durante o século XVI, não somente
por autores i tal i anos, mas também por ingleses e alemães.
Todos estes livros apresentam descrições de escrituração
semelhantes àquelas apresentadas por Pacioli e levaram à
expansão do "método italiano" nos séculos XVI e XVII.
Conforme interpretação de Peragallol •• > , Pacioli
delineou claramente a necessidade de manter a dualidade de
entradas e também se preocupou com a caracteristica da
dualidade de entradas no livro-razão, propondo a checagem da
mesma através de um balanço de verificação chamado "Summa
Summarum"., literalmente a "Soma das Somas", como uma prova
final de fechamento de um livro-razão, quando os saldos são
(16) Edward Peragallo, "Origin of Trial Balance", apud B. S.
Yamey & A. C. Littleton, op. cit.
16
transferidos para um novo livro. Outro ponto importante
constante da obra de Pacio1i era a constatação de que
existiam certas contas que poderiam não ser transferidas
para um novo livro-razão, tais como despesas e receitas.
Estas contas são de uma natureza particular e podem ser
encerradas dentro de um registro de lucros e perdas, e
posteriormente encerradas na conta de capital.
Com a publicação de obras posteriores, tinha-se a
impressão de que a "Summa Summarum" teria uma curta
existência. Manzoni, que publicou seu "Quaderno Doppio" em
1540, continuava a usar a "Summa Summarum"<t•>. Seu trabalho
é importante, porque o uso das duplas entradas, como
desenvolvido em seu texto, não era mais do que uma cópia do
trabalho de Pacioli, com um minimo de mudanças. Isto nâo
deveria causar surpresas, considerando-se que o plágio era
uma prática comum até tempos recentes.
Três anos mais tarde, na Inglaterra, Oldcastle (como
reimpresso por John Nellis em 1588) reitera corretamente a
descrição do balanço de verificação.
No mesmo ano, 1543, Ympyn publicou seu notável "Nieuwe
Instructie in Antwerp". Ele foi imediatamente traduzido para
o francês, em 1543, com a distinção de ser o primeiro livro
sobre dupla entrada publicado nessa lingua, e foi também
traduzido para o inglês, em 1547. Como no caso de Oldcastle,
Ympyn descreve corretamente o balanço de verificação, porém
( 17) Domenico Manzoni, "Quaderno Doppio col suo Giornale,
Secondo il Costume de Venezia" (Veneza, 1540).
17
é o primeiro autor a usar o balanço contábil, próprio como
um livro-razão em contabilidade. Casanova, em 1558!18),
Pietra, em 1586!19), e todos os escritores posteriores
usaram o balanço contábil como um procedimento geralmente
aceito. A "Summa Summarum" desenvolvida por Pacioli não foi
usada por muito tempoc••>.
(18) Alvise Casanova,
1558).
"Specchio Lucidissimo •.• " (Veneza,
(19) Angelo Pietra, "Indizzo Degli Economi" (Milntua, 1586).
(20) Edward Peragallo, "Origin of the Trial Balance", apud
B. S. Yamey & A. C. Littleton, op. cit.
18
A EVOLUCAO DA TEORIA CONTABIL
As cidades italianas começaram a declinar politicamente
como centros comerciais no final do século XV.
Com a abertura de novas rotas comerciais e a descoberta
do Novo Mundo, os centros comerciais moveram-se para
Portugal e Espanha e, logo depois, para Holanda e Antuérpia.
O sistema i tal i ano de escrituração estendeu-se de forma
natural a estes países.
Na metade do século XVI havia suficientes tratados
sobre escrituração para que qualquer mercador inglês se
instruísse em seus mistérios.
Os trabalhos de Pacioli e Manzoni podiam ser lidos no
original, em italiano, porém, a partir de 1540, já havia um
crescente número de tratados ingleses e de traduções para o
inglês, do i tal i ano e de outras línguas estrangeiras. O
primeiro exemplo conhecido de um livro inglês escriturado
por duplas entradas, segundo Peter Ramsey<at>, foi de fato
escrito em espanhol. Mais do que a Itália, a Espanha parece
ter sido reconhecida como o lugar onde a técnica comercial
avançada do século XVI era aplicada. Por esta razão, e pelo
fato de o seguro marítimo ter sua origem atribuída a
Barcelona, é que se pensava que a escrituração por duplas
entradas era uma invenção espanhola. Mas muitos jovens
mercadores ingleses formaram-se nos colégios comerciais de
(21) Peter Ramsey, "Some Tudor Merchants' Accounts", apud,
B. S. Yamey & A. C. Littleton, op. cit.
19
20
Antuérpia. Não era por falta de oportunidade que um mercador
inglês do século XVI deixaria de obter uma adequada
instrução em técnicas de escrituração, teórica e prática.
Um dos desenvolvimentos significativos dessa época foi
a prática de se encerrar os lucros e as perdas no final de
cada ano e não mais ao final de cada empreendimento. O
código comercial da França, em 167'3, requeria que fosse
apresentado um balanço, no mínimo a cada dois anos, para
todos os comerciantes.<••> Ainda nesse período, a
escrituração de duplas entradas espalhou-se para outros
tipos de organização, tais como os conventos e o estado.
Entretanto, nos séculos XVII e XVIII, os livros-textos
preocupavam-se mais em facilitar o aprendizado da matéria,
estabelecendo regras gerais que se aplicassem a todas as
naturezas de contas, do que com o desenvolvimento da
contabilidade propriamente dita.
A mais importante influência no desenvolvimento da
teoria contábil, nesses séculos, foi a mudança institucional
e econômica advinda em decorrência do início da revolução
industrial, e do aparecimento de outras formas de
organizações.
Verificou-se uma série de eventos econômicos, no século
XIX, que provocaram uma enorme expansão da contabilidade e o
desenvolvimento de um sistema. de escrituração. Em
decorrência da rápida expansão do comércio e da indústria, a
contabilidade experimentou taxas aceleradas de crescimento,
(22) Eldon S. Hendriksen, "Accounting Theory", op. cit.
principalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos. Embora,
nos períodos antigos, a escrituração estivesse mais voltada
para fins administra ti vos, nas sociedades econômicas mais
complexas do século XIX as informações financeiras também
passaram a ser solicitadas por acionistas, credores,
investidores e governo.
O "Bri tis h Companies Act", de 1929, e os trabalhos do
"Americam Insti tu te o f Accountants" e o "New York Stock
Exchange", que resultaram no estabelecimento de principias
contábeis, apresentam formalmente a teoria contábil, em
1930.
21
CONTABILIDADE DE CUSTOS
Os primeiros sinais do aparecimento da contabilidade de
custos datam do século XIV, simultaneamente ao
desenvolvimento das partidas dobradas, Pequenas indústrias
começaram a ser
como resultado
estabelecidas, principalmente na Itália,
do crescimento do comércio. Existem
evidências de que, naqueles tempos, muitos registros eram
mantidos pelas
contabilidade de
empresas
custos,
sob
o que
o ponto de
estava, porém,
vista
longe
da
de
significar os amplos sistemas de custos que encontramos
hoje. Esses registros significavam, mais do que um avanço
teórico da matéria, o reconhecimento da necessidade da
contabilidade de custos, paralelamente ao crescimento da
contabilidade financeira.
Entretanto, foi com o rápido crescimento da engenharia,
na segunda metade do século XVIII, e o surgimento das
indústrias têxteis e de mineração de carvão, que a
contabilidade de custos mais se desenvolveu. Surgiram uma
série de problemas econômicos, associados aos grandes
montantes de capital, investido em instalações de
equipamentos e transportes, e esses problemas fizeram surgir
a necessidade de um maior controle e gerenciamento. Ainda
hoje, mui tos desses problemas são pertinentes e exigem os
complexos registros de custos, encontrados nas empresas
contemporâneas.
22
É citado por Johnson<tl) que as primeiras organizações
modernas que necessitaram de informação contábil interna,
para tomada de decisão e controle, foram as fábricas têxteis
de algodão que surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos,
ao redor de 1800.
Era utilizada por essas fábricas têxteis uma
contabilidade de custos, cuja finalidade era verificar a
mão-de-obra direta e os custos indiretos de transformação da
matéria-prima em fios e tecidos acabados. Essa contabilidade
de custos por duplas entradas difere radicalmente de
qualquer registro contábil usado até então em instituições
empresariais. Do surgimento da escrituração por duplas
entradas até o aparecimento das fábricas modernas, os
negociantes tinham usado as contas meramente para registrar
os resultados de mudanças de mercado. Com o advento das
fábricas têxteis integradas, as contas tornaram-se
necessárias para sintetizar informações acerca de custos
internos de atividades de produção. D. R. Scott, em
1931 < 2 • > , em trabalho in ti tu lado "The Cultural Significance
( 23) H. Thomas Johnson, "Toward a New Understanding o f
Nineteenth-Century Cost Accounting", The Accounting
Review, julho, 1981.
(24) D.R. Scott, "The Cultural Significance of Accounts",
1931. Apud H. Thomas Johnson, "Toward a New
Understanding of Nineteenth-Century Cost Accounting",
op. cit.
23
of Accounts", relatou as conseqüências do desenvolvimento
das fábricas para a contabilidade:
"Antes da revolução industrial, contabilidade era
principalmente um registro das relações externas de uma
unidade de negócio com outras unidades de negócio, um
registro das relações determinadas no mercado. Mas, com
o advento das operações produtivas de larga escala ••. ,
surgiu a necessidade de maior ênfase por interesses na
unidade competitiva, e sobre o uso de registros
contábeis como meio de controle administrativo sobre a
empresa .•. O aparecimento da contabilidade de custos em
manufaturamento ... é um exemplo".
Quando foi introduzido um novo modelo de organização de
produção, as fábricas modernas necessitaram do
desenvolvimento de um novo tipo de atividade contábil. Para
se entender o porquê do desenvolvimento de um novo sistema
contábil, considere-se a necessidade de informação por parte
de mercadores em um tão chamado sistema "doméstico", um
sistema de mercado que precedeu o aparecimento das modernas
fábricas têxteis, prevalecendo economicamente em áreas
desenvolvidas da ·Europa e América do Norte, e coordenando a
produção têxtil tão bem como outros tipos de produção. Em
geral, o sistema doméstico consistia em mercadores e
artesãos que coordenavam a transformação de matérias-primas
em . produtos acabados, a través de um mercado autônomo de
trocas. Especificamente, um mercador-empreendedor comprava
matérias-primas tais como algodão, seda ou lã em mercados
24
abertos e consignava
independentes. Estes
esses materiais para
artesãos, através do
artesãos
uso de
equipamentos próprios ou alugados, transformavam a matéria
prima em fios e tecidos acabados.
Um mercador compensava um artesão, de acordo com taxas
determinadas no mercado, por unidade de bem produzida, e
vendia os bens acabados em mercados abertos. Embora o
mercador mantivesse cont.as para registrar as trocas e
controlar os seus estoques, obviamente ele não tinha
necessidade de informação para tomada de decisão e controle.
Os preços de mercado forneciam todas as informações de
que ele precisava: preço para os produtos acabados e preço
para todos os seus insumos de produção. Os preços de insumos
de produção eram dados pelo preço de compra das matérias
primas, taxa de mercado por unidade paga aos artesãos e
demais preços de mercado pagos por outros insumos.
Eram fornecidas pelo mercado todas as informações
necessárias à tomada de decisões e controles até os
mercadores-empreendedores destinarem
processo de fabricação têxtil a um
a coordenação do
local de trabalho
centralizado. No sistema doméstico, informações sobre mão-
-de-obra e conversão de custos de "overhead" vinham sendo
fornecidas automaticamente pelos preços de mercado. Na
fábrica, em função de os contratos de trabalho entre
empregado e empregador substituírem as taxas de mercado por
unidade, e pelo fato de outros insumos para conversão
passarem a ser fornecidos internamente, os administradores
25
acharam necessários os registros para custos de conversão
interna. O salário de mercado que eles pagavam para os
trabalhadores continha somente parte da informação de que os
administradores necessitavam para verificar os custos da
mão-de-obra. A parte perdida da informação foi,
naturalmente, a produ ti v idade dos trabalhadores durante o
tempo em que eles ganhavam o seu salário. Enquanto as taxas
por unidade comparavam dinheiro e bem produzido, fornecendo
automaticamente a parcela de mão-de-obra nos custos de
produção, os registros especiais, que comparavam fluxos de
dinheiro coordenados internamente e bem produzidos, fizeram
-se necessários para sintetizar essa parcela dos custos no
sistema fabril organizado. Por se fazer necessário para a
contabilidade, ambos, o registro da mão-de-obra e outros
custos de produção, a coordenação administrativa impôs a
contabilidade de custos, das antigas fábricas têxteis, sob o
regime da escrituração por duplas entradas.<••l
Por volta de 1860, a revolução industrial entrou em uma
nova fase, bem diferente da que a havia precedido. Alguns
historiadores chamaram esta fase de segunda revolução
industrial. Surgiram inovações significativas, tais como o
processo de fabricação do aço, a invenção do motor de
combustão e o aperfeiçoamento do dinamo. Surgiram as
primeiras publicações de maior interesse para a
contabilidade de custos. Isto não quer dizer que os custos
(25) H. Thomas Johnson, "Toward a New Understanding of
Nineteenth-Century Cost Accounting", op. cit.
26
27
não tivessem maior importância anteriormente. Em um livro
que teve grande circulação em 1830, Charles Babbage dizia
que era fundamental para o manufaturador descobrir sistemas
pelos quais os custos dos produtos pudessem ser reduzidos, e
que era essencial saber com precisão quais eram os custos de
todo o processo de fabricação. Contudo, ele não dizia como
se poderia alcançar estes objetivos.
A primeira publicação feita por Henry Metcalfe, em
1885, foi de seu "Costs of Manufactures", e a segunda edição
dessa obra teve grande distribuição. Na virada do século,
mui tos dos sistemas de custeio instalados refletiram as
idéias e técnicas apresentadas nesse livro. Em 1893, Emile
Garcke e J. M. Fells publicaram o "Factory Accounts", que
muito fez pelo desenvolvimento da contabilidade de custos.
Esta obra foi muito usada e citada até quase vinte anos após
a sua publicação. No inicio do século, surgiram questões
tais como a apropriação dos "overheads", e a distribuição
dos custos fixos e de depreciação, que levaram a um grande
número de discussões e ao crescimento do número de
publicações, favorecendo, assim, um processo de evolução
para a contabilidade de custos que atingiu o ponto máximo
durante os anos de 1920 a 1945.
O SURGIMENTO PA CONTABILIDADE PE CUSTOS
Há quase 60 anos atrás, Littleton<••> afirmou que
"contabilidade de custos. . • é uma das mui tas conseqüências
da revolução industrial", Os historiadores de contabilidade
têm sido unânimes em concordar que a contabilidade de custos
é um produto da revolução industrial. Anos mais tarde,
Garner<••l reforça esta opinião dizendo que, embora
existissem muitas escriturações industriàis antes de 1800, a
.contabilidade de custos ganhou existência apenas após a
última metade do século XVIII.
Os historiadores contábeis têm concordado em um ponto
de vista particular sobre por que a contabilidade de custos
surgiu, ·e quando isso aconteceu. Este ponto de vista
tradicional sustenta que o crescimento de capital fixo
induziu os contadores, durante a revolução industrial, a
inserir a contabilidade de . custos em um sistema de duplas
entradas. 1!: afirmado por Garner< • • l , por exemplo, que a
"relativa simplicidade", no final do século XVIII, da
contabilidade das fábricas têxteis, de engenharia e minas de
carvão, não foi suficiente após 1800, quando surgiram os
(26) A.c. Littleton, "Accounting Evolution to 1900",
American Institute Publishing Co., 1933.
(27) S. Paul Garner, "Evolution of Cost Accounting to 1925",
University of Alabama Presa, 1954.
(28) S. Paul Garner, "Evolution of Cost Accounting to 1925",
op. cit.
28
problemas associados .a grandes montantes de capital
investido em equipamentos, plantas industriais e instalações
de transporte.
~observado mais recentemente por M. Chatfield<••> que
"o principal fato inovador confrontando a contabilidade
financeira e a de custos, no inicio da era industrial, foi a
presença de grandes capitais investidos em fábricas e
equipamentos".
A origem desse ponto de vista dominante atualmente foi
um certo descompasso histórico entre o aparecimento da
revolução industrial e a contabilidade de custos.
Simultaneamente com a revolução industrial não surgiu a
contabilidade de custos dentro de um sistema de escrituração
por duplas entradas. Embora no inicio da revolução
industrial as inversões e melhorias tivessem impactos
substanciais em todos os aspectos subseqüentes da atividade
econômica, e fossem, por si só, o resultado de muitas causas
remotas e complexas, seu impacto imediato na mudança em
ênfase do balanço
demonstrativo de
patrimonial para o ponto
resultado foi minimo. O
de vista
fato de
do
a
contabilidade de custos, em um sistema de escrituração por
duplas entradas, não responder imediatamente à demanda que a
revolução industrial criou através de mudanças
institucionais e econômicas da época, foi motivo de grande
discussão, por parte dos historiadores, na defesa do ponto
( 29) M. Chatfield, "The Origina of Cost Accounting",
Management Accounting, junho, 1971.
29
comum de que a contabilidade é produto da revolução
industrial. Na opinião de Hendriksen<•Ol, por exemplo,
existem quatro motivos aparentes para o retardo do
desenvolvimento:
1. No periodo anterior ao sistema de fabricação, os
maquinários caros eram incomuns e as despesas indiretas
eram parte pequena do custo total. Com o crescimento de
indústrias pesadas e métodos de produção em massa
durante a última metade do século XIX, e mais
particularmente após 1914, outros custos, além da mão
de-obra e materiais, tornaram-se parte significativa do
custo total de produção;
2. Uma vez que
desenvolvimento
tendência de
muitos
de suas
manter
contadores trabalharam no
próprias empresas, surgiu a
os métodos estritamente
confidenciais. Isso impediu a expansão de idéias novas
e é provavelmente a razão de poucas menç5es a respeito
da contabilidade de custos até 1900. Juntamente com a
idéia de confidencial idade, havia a idéia de que os
problemas de custo eram diferenc1ados para cada
indústria e que a publicação dos métodos de custos da
firma só poderia ser útil aos concorrentes;
3. Apenas no final do século XIX e inicio do século XX o
processo de manufatura tornou-se complexo, com uma
fábrica produzindo uma ampla diversidade de produtos. A
administração poderia ajustar os custos primários, de
(30) Eldon S. Hendriksen, "Accounting Theory", op. cit.
30
modo a incluir todos os outros itens de custo associado
à produção de poucos produtos incluídos nas operações
da empresa;
4. O uso crescente de equipamentos pesados e o
desenvolvimento de técnicas de produção em massa levou
ao reconhecimento dos custos indiretos como uma
necessidade, sendo este, na opinião de Hendriksen, o
ponto mais importante na origem do desenvolvimento da
contabilidade de custos.
Na primeira fase da revolução industrial, os
proprietários ainda dominavam a organização e, como
resultado, não tinham razão para testar a rentabilidade das
operações. Surgiu nos Estados Unidos, já na segunda fase da
revolução industrial, o chamado capitalismo industrial,
colocando ênfase na eficiência mensurada pelo volume de
saídas, e a rentabilidade tornou-se_ o método dessa
mensuração. Além disso, deu-se o surgimento do capitalista
financeiro que, tendo diversificado os seus investimentos,
dissociou a figura do administrador e do proprietário,
estando mais interessado na condução da política financeira
do que em qualquer outro aspecto das atividades, E,
finalmente, o próprio aumento da complexidade dos negócios
empresariais foi um fator essencial ao surgimento de
sistemas de contabilidade de custos, ocorrendo isto mais
nitidamente na chamada segunda revolução industrial.
O que pode ser percebido, a despe i to de haver mui tas
divergências, de autor para autor, quanto ao retardo do
31
32
desenvolvimento da contabilidade de custos em relação à sua
origem histórica, é que a definição de contabilidade de
custos usada pela maioria dos historiadores contábeis está
normalmente reservada à integração de custos e sistemas de
contabilidade financeira, os quais envolvem a alocação de
despesas indiretas e fixas. Muito embora historiadores
fizessem distinção entre o uso da informação contábil para
propósitos financeiros e para propósitos gerenciais, seus
comentários sobre as práticas da contabilidade de custos do
século XIX mostram uma clara tendência em favor dos
desenvolvimentos que previram a preocupação do século XX, de
comparar custos com receitas e de agregar custos de
fabricação a produtos. ~ evidente esta tendência na atenção
que os historiadores contábeis mostram para com a integração
de contabilidade financeira e de custos (Littleton, Garner e
Chatfield), para com métodos de inventariar custos de
produtos acabados e em processo (Littleton, Garner e
Chatfield) , e para com procedimentos de alocar todos os
custos de produção para os bens (Littleton e Chatfield),
Alguns historiadores da contabilidade mais atuais,
entretanto, observam que as opiniões existentes até então
não explicavam completamente as condições responsáveis pela
necessidade da contabilidade de custos. Entre estes autores
podemos destacar H. Thomas Johnson<tt), pela notoriedade que
vem adquirindo. Em seus estudos, tais como sobre a
administração das firmas de manufaturados do século XIX, ele
diz que o uso da informação contábil por parte dessas
firmas, para facilitar o controle e a tomada de decisão,
resultou em algumas conclusões que são inconsistentes com a
explicação tradicional de por que a revolução industrial
provocou o desenvolvimento da contabilidade de custos.
Revela,
fábricas
por exemplo,
têxteis
que, no inicio do
utilizavam-se de
século XIX, as
um sistema de
contabilidade de custos por duplas entradas para controle de
operações de processos múltiplos. Entretanto, isto ocorreu
muito antes dos ativos fixos demandarem a atenção dos
administradores. Investir em ativos fixos não era muito
diferente de comprar mercadorias, no conceito dos
( 31) H, Thomas Johnson tem se· destacado nos últimos anos
pelos seus trabalhos que versam sobre o surgimento da
contabilidade de custo. Podemos destacar dentre as suas
obras:
- "Early Cost Accounting for Interna! Management
Control: Lyman Mills in 1850", Business History
Review, winter, 1972.
- "The Role of Accounting History in the Study of
Modern Business Enterprise", The Accounting Review,
julho, 1975.
- "Toward a New Understanding of ·Nineteenth - Century
Cost Accounting", op. cit.
33
administradores industriais do século XIX. Estas
constatações têm sugerido que algumas fábricas
manufatureiras com capital intensivo, perto do final do
século XIX, usavam informações da contabilidade de custos
para controle e tomada de decisão, não estando
particularmente preocupadas com o problema da alocação de
custos fixos
operacionais.
para os produtos ou dentro dos ciclos
Esta corrente, que pensa a contabilidade de custos
integrada com a contabilidade financeira envolvendo a
alocação de despesas fixas e indiretas, segundo Johnson<t•J,
levou à constatação, por parte dos historiadores contábeis,
de que um verdadeiro sistema de custos por duplas entradas
não existiu até o final do século XIX, quando autoridades
contábeis fizeram os primeiros manuscritos acerca de
sistemas integrados para custeio de produtos. Muitas dessas
autoridades que manuscreveram a respeito de custeio de
produto, de 1885 a 1914, não estavam interessadas em
contabilidade, mas em estimativas. Elas escreviam como
engenheiros interessados em inventos racionais, sistemas
uniformes para fixação de preço único de produtos em
mercados não competitivos. Em função disso, eles dirigiram
sua atenção para problemas de como alocar custos fixos para
produtos em empreendimentos manufatureiros. Não havia
interesse fundamental na contabilidade de custos.
( 32) H. Thomas Johnson, "The Role o f Accounting History in
the St~dy of.Modern Business Enterprise", op. cit.
34
Johnsonl • • l utiliza em seus trabalhos uma definição
para a contabilidade de custos equivalente à de custeio
direto, ou seja, mais voltada para prover informações
financeiras, para o controle e tomada de decisão por parte
da administração. Sendo assim, sua opinião é divergente da
abordagem tradicional, conforme abaixo:
"Tanto os registros das antigas oficinas têxteis do
século XIX, quanto das gigantes firmas manufatureiras
do final daquele século, não sustentam a hipótese
tradicional de que o aumento do uso de a ti vos fixos
induziu ao desenvolvimento da contabilidade de custos
industriais. Ao contrário, as evidências vêm sustentar
a conclusão de que as mudanças na forma de organização
da atividade econômica, e não somente mudanças na
estrutura de custos, induziram as organizações
industriais do século XIX a desenvolver procedimentos
de contabilização de custos internos".
Sendo assim, a noção explorada nos estudos mais
recentes, de que a não existência de um mercado coordenador
das atividades econômicas induziu ao desenvolvimento de uma
contabilidade de custos gerencial, trouxe para um novo plano
a relação entre contabilidade de custos e revolução
industrial, extinguindo a noção de tardio progresso da
matéria com relação ao surgimento das condições
fundamentais.
(33) H. Thomas Johnson, "Toward a New Understanding of
Nineteenth-Century Cost Accounting, op. cit.
35
Mesmo estando longe de uma solução definitiva, parece
-nos que em quaisquer das abordagens nos leva a crer que o
surgimento da contabilidade de custos ocorreu em função das
instituições sociais, econômicas, financeiras e politicas.
Sem sombra de dúvidas, a conjuntura da revolução industrial
foi muito favorável ao aparecimento da contabilidade de
custos.
As indústrias do final do século passado e até nossos
dias, são o centro de toda a conjuntura econômica. O que não
podemos deixar de lembrar, entretanto, é a necessidade
permanente de estarmos atentos a todos os processos de
mudanças que ocorrem através da evolução natural da
sociedade. No que tange ao processo produ ti v o, sem dúvida
nenhuma, a vida econômica e as formas de organização
passaram por um processo de transformação muito grande,
desde a revolução industrial até nossos dias. A automação
industrial tem mudado sensivelmente o perfil de composição
de custos, e isso tende a acelerar o processo de evolução,
com a necessidade de aprimoramento de técnicas dos sistemas
de custeio. Este trabalho tem o objetivo de oferecer uma
abordagem diferenciada em relação aos modelos existentes.
36
CONCL!J..MQ
Potencialmente, todas as
nos
práticas
principais
utilizadas pelas
livros-textos de empresas hoje, explicadas
contabilidade de custos, foram desenvolvidas por volta de
1925< 34 >. Segundo H. Thomas Johnson<••> as primeiras
organizações modernas que necessitaram de informação
contábil interna para tomada de decisão e controle, foram as
fábricas têxteis de algodão, que apareceram nos Estados
Unidos e Inglaterra.
Por volta de 1855, a Lyman Mills, uma fábrica têxtil,
capacitou a gerência a monitorar a eficiência de conversão
de matéria-prima em
informações sobre
produtos
os custos
acabados. O sistema provia
dos produtos acabados,
produtividade da mão-de-obra, impacto de mudança no "lay
-out" da fábrica e controles de recebimento e uso de
algodão. Entre os anos de 1860 e 1870, as ferrovias
americanas desenvolveram procedimentos contábeis auxiliares
aos já existentes, planejamento e controle.
As ferrovias manipulavam um volume de recursos
substancialmente maior que quaisquer outros tipos de
negócios existentes até então, e em função disso criaram
procedimentos para registros e sumarização do grande número
(34) Robert s. Kaplan, "The Evolution o f Management
Accounting". The Accounting Review, julho, 1984.
( 3 5 ) H. Thomas J ohnson, "E ar 1 y C os t Accoun ting f o r Interna!
Managernent Control: Lyman Mills in 1850", op. cit.
37
38
de transaçaes de caixa. Estes procedimentos também geraram
relatórios financeiros sumarizados das operações de grande
quantidade de unidades da empresa, dispersas
geografic8lllente.
Por volta de 1880, com o surgimento de novas empresas
com produção e distribuição dos produtos em massa, foram
adaptados os sistemas das ferrovias para as demais
organizações. A massificação das vendas, no atacado e no
varejo, resultou em informações detalhadas a respeito do
giro de vendas por departamento e por região geográfica,
gerando relatórios de "performance" da operação global das
empresas. Um bom exemplo da importância da contabilidade de
custos na administração do empreendimento nesta década pode
ser obtido na companhia de aços de Andrew Carnegie.
Acreditando estar usando um sistema utilizado pelas
ferrovias, ele passou a coletar informações de custos por
departamentos em sua companhia, com centro exclusivamente na
mão-de-obra direta e materiais, adotando a bem-sucedida
posição de investir em quase tudo que reduzisse os seus
custos diretos.
Com o advento da administração cientifica nas
indústrias norte-americanas, surgiram os primeiros
desenvolvimentos da prática da contabilidade de custos. Com
o trabalho desenvolvido basicamente pelos engenheiros que,
através de uma análise detalhada dos tempos e movimentos,
determinaram os padrões "cientificos'' de mão-de-obra e
material necessário à consecução de uma unidade de bem
produzido.
Estes padrões serviram de base para a remuneração de
trabalhadores e para determinar ganhos extras aos que tinham
alta produtividade. Nessa época, também surgiu a prática de
mensurar e alocar custos indiretos para produtos e o
desenvolvimento do sistema de custeio padrão. A prática de
alocar custos fixos de capital para produtos ou para
período, entretanto, ainda não tinha surgido.
Somando-se a estas inovações pelos práticos da
administração e engenheiros, surgiram nesse tempo extensivas
discussões em livros textos, monografias e artigos.
O "Factory Accounting", de Garcke e Fells, publicado em
1887, procurava promover a integração da contabilidade de
custos com o sistema de contabilidade financeira por duplas
entradas de uma firma, e identificava a posição clara de que
custos indiretos fixos não deveriam ser alocados aos custos
de produção. A. Hamilton Church, um atento observador das
práticas de contabilidade de custos do início do século,
discorda da alocação dos custos indiretos através da mão-de
obra direta. Em 1923, J. M. Clark, da Universidade de
Chicago, apresentou extensivas discussões sobre a natureza
dos custos indiretos e seu uso nas decisões administrativas.
Mui tos dos conceitos de custos utilizados atualmente
podem ser encontrados em seu livro. Por volta de 1925,
sofisticadas teorias e práticas de contabilidade de custos
foram desenvolvidas. Mui tas destas inovações foram usadas
39
para aumentar a eficiência das empresas engajadas na
produção em massa de produtos padronizados com alta parcela
de mão-de-obra direta. Ao contrário da situação hoje
encontrada, a contabilidade de custos e o sistema de
contabilidade financeira foram mantidos separadamente, sendo
a contabilidade de custos tipicamente projetada e operada
nos departamentos manufatureiros.
40
PARTE II
SISTaMAS DE CONTABILIDADE DE..~CU~STLO~s~------------------------
Toda a prática de contabilidade gerencial e controle,
utilizada pelas empresas hoje, foi desenvolvida por volta
de 1925: contabilidade de custos; custos fixos; orçamentos
de caixa, lucro e capital, orçamentos flexíveis; previsões
de vendas; custo-padrão; preço de transferência e medida de
"perfomance" divisional.<•&J
Estas práticas foram desenvolvidas para atender às
necessidades de informação e controle dos gerentes de
complexos em desenvolvimento e diversas organizações daquela
época, Embora tenham ocorrido mudanças razoáveis na natureza
das organizações e na dimensão da competição, apenas
pequenas inovações têm sido apresentadas no planejamento e
implementação de sistemas de contabilidade de custos e
controle gerencial.
Parte desta estagnação é justificada pela importância
dada, ao longo das últimas décadas, aos relatórios
financeiros contábeis preparados para usuários externos,
(36) H. Thomas Johnson & Robert S. Kaplan, "Relevance Lost
- The Rise and Fall of Management Accounting". Harvard ·
Business Schoo1 Press, 1987.
tais como bancos, fornecedores, credores, auditores,
fiscais, acionistas, etc.
Outro fato lembrado por John Dearden<••J é que o
surgimento da contabilidade de custo deveu-se,
especificamente, à necessidade que contadores, auditores e
fiscais tinham de mensurar monetariamente os estoques e o
resultado, e não de fazer dela um instrumento de
administração.
Essa não utilização do potencial da contabilidade de
custos no campo gerencial fez com que a mesma não tivesse
uma evolução mais acentuada por um longo período.
Com o surgimento das empresas industriais, a
contabilidade de custos passou a ser vista como uma
eficiente ferramenta de auxílio no desempenho da função
gerencial.
O Prof. Eliseu Martins<••l lembra que essa nova visão,
por parte dos usuários de custo, não data de mais do que
algumas décadas e, por essa razão, ainda há mui to a ser
desenvolvido.
(37) John Dearden. Análise de Custos e Orçamentos nas
Empresas. Zahar Editores, 1971.
(38) Eliseu Martins. "Contabilidade de Custos". Editora
Atlas, 1988.
42
OBJETIVOS DA CON.TABlktD~E DE CUSTOS
A contabilidade de custos, instrumento da
é parte integrante do processo Administração,
administrativo; proporciona à Administração registros dos
custos dos produtos, operações ou funções, e compara os
custos reais e as despesas com os orçamentos e padrões
predeterminados. Também provê dados para estudos de custos
especiais, que envolvem escolhas alternativas com relação
aos produtos, operações e funções, assistindo dessa forma à
Administração em suas decisões com respeito às politicas de
vendas, métodos de produção, procedimentos de compras,
planos financeiros e estrutura de capital,!••>
Segundo John Deardenc • o> , um sistema de contabilidade
de custos tem três finalidades principais:
1. Prover os valores dos inventários de produtos em
processamento e produtos acabados (essa informação é
necessária para determinação de lucros);
2. Prover dados para o controle de custos;
3. Prover dados para as decisões de receita (por exemplo,
mudança de preço, abandono de um produto inútil ou
mudança de linha de produtos).
(39) Adolph Matz, Othel J, Curry & George W. Frank,
Contabilidade de Custos. Vol. I, Editora Atlas, 1973.
(40) John Dearden, Análise de Custos e Orçamentos nas
Empresas, op. cit.
43
Nem todos os sistemas de contabilidade de custos estão
preparados para executar todas essas finalidades. Em
muitos casos, o único uso do sistema de custos é o de
fornecer o valor dos inventários.
Conforme Backer & Jacobsen<••J, a Contabilidade de
Custos serve a três finalidades principais:
1. Fornecer dados de custo para a medição dos lucros e a
avaliação dos estoques (demonstração de lucros e perdas
e balanço).
2. Fornecer informações aos dirigentes para o controle das
operações e atividades das empresas (relatórios de
controle).
3. Fornecer informações para direção e tomada de decisões
(análises e estudos especiais).
O sistema formal de contabilidade de custos fornece,
geralmente, os dados de custo e os relatórios para a
realização das duas primeiras dessas finalidades.
Entretanto, para o planejamento direcional e o processo
decisório, estes dados, via de regra, precisam ser
reclassificados, reorganizados e suplementados por outros
dados econômicos e comerciais relevantes, que estão fora do
sistema formal de contabilidade de custos.
(41) Morton Backer & Lyle E. Jacobsen, "Contabilidade de
Custos: Um Enfoque de Administração de Empresas";
Macgraw-Hill do Brasil, 1976.
44
Na opinião de David H. Li< • a> , o uso dos dados de
custos para outros fins, além da determinação do custo, foi
um fato dos mais importantes para o desenvolvimento da
contabilidade de custos. No tocante à evolução da utilização
da informação de custos, ele lembra:
1. Contabilidade de Custos para Controle de Custos
Em virtude da concorrência, o controle de custo evoluiu
como o segundo objetivo da contabilidade de custos.
Esta alteração de objetivo, contudo, exigiu várias
mudanças tanto por parte da administração, como da
contabilidade. Não interessava mais quais custos tinham
sido incorridos, porém quem os incorrera. Passou-se a
enfatizar não mais o montante de custo incorrido, e sim
o montante de custo que deveria tê-lo sido. Passou-se a
dirigir a atenção não mais àquilo que era esperado, e
sim às áreas deficientes que exigiam ação corretiva.
A mudança de uma economia orientada para a produção
para uma economia orientada para o Marketing, requeria
uma reorientação semelhante para a contabilidade de
custos. Os custos de fabricação não eram os mais
importantes; as atividades fabris não mais deveriam
receber a atenção total por parte da contabilidade de
custos. O controle do custo de Marketing tornou-se uma
questão igualmente importante.
(42) David H. Li, Contabilidade de Custos, Editora
Interamericana, 1981.
45
2. Contabilidade de Custos para Planejamento do Lucro e
para Decisões Administrativas.
Flutuações econômicas violentas e concorrência acirrada
na década de 20, criaram uma necessidade de
planejamento global para preparar a administração para
enfrentar situações semelhantes. O uso de dados de
custo para fins de planejamento tornou-se, assim, um
objeti v·o adicional da contabilidade de custos.
Um aspecto do planejamento exigiu que a administração
fizesse uma previsão econômica do ano seguinte e que
fizesse planos
contabilidade de
com
custos
base naquela
contribuiu na
previsão.
coordenação
A
de
planos realizados por funções de vendas e produção e na
análise de suas inter-relações. A contabilidade de
custos também contribuiu na promoção de cooperação
entre planos desenvolvidos por administração
descentralizada, organizada como divisões de produto.
Outro aspecto do planejamento requereu que a
administração avaliasse propostas de ação para tomada
de decisões.
A contabilidade de custos contribuiu para a ordenação
de dados relevantes, adequados para tais fins. A
contabilidade de custos desempenha papel importante
quando o horizonte de planejamento é próximo ou
distante.
Da mesma forma que os objetivos de custos foram
evoluindo, novas técnicas foram sendo desenvolvidas.
46
Podemos traçar um relacionamento entre técnicas e
objetivos, conforme segue:
Ob.ietivo
Determinação do custo
Determinação do custo
com alguma atenção para
o contro1e de custo
Controle de custo
Planejamento do lucro
Tomada de decisão com
alternativa
Técnic.ll,s
Contabilização de matéria-prima
Contabilização de mão-de-obra
direta
Contabilização dos custos
indiretos de fabricação
Sistema de custo por encomenda
Sistema de custo por processo
Uso de estimativas como
dados de custo
Sistema de custeio padrão
Custeio direto
Contabilidade por responsabilidade
Controle de custos de distribuição
Planejamento do lucro
Análise de custo-volume-lucro
Tomada de decisão a curto prazo
Tomada de decisão a longo prazo
Fonte: David H. Li, Contabilidade de Custos, op. cit.
47
CLASSIFICACAO DOS CUS~-
Muito temos citado a palavra "custos" em nosso trabalho
e, realmente, é comum o uso desta palavra em nossa lingua. ~
comum também observar-se que o termo abrange uma série de
situações de natureza bem distintas. Podemos tomar, como
exemplo, custo do produto, ou seja, o custo associado às
unidades produzidas, e custo de oportunidade, que é o
rendimento alternativo máximo que se obteria, caso o
produto, serviço ou capacidade produtiva tivesse sido
aplicado em algum uso alternativo.
Tornamos a tarefa de analisar os custos mais fácil se
os definirmos, decompusermos e classificarmos.
Os custos devem ser distinguidos das despesas e das '---------
perdas. Os custos . representam aquela porção do preço de
aquisição de produtos, bens ou serviços que foi diferida, ou
seja, que ainda não foi utilizada para realização de renda.
Os ativos fixos e os estoques são exemplos de tais custos
diferidos.
As despesas são custos que foram aplicados contra a
renda de um determinado periodo. Os salários do pessoal de
escritório são despesas do periodo em que são incorridos.
As perdas são reduções do valor patrimonial de uma
empresa, excluídas as decorrentes de retiradas de
proprietários, para as quais não foi recebido nenhum valor
compensante .
..,...--,
48
A destruição de uma fábrica por um furacão ou por um
incêndio é um exemplo de perda.<•3>
Os três componentes básicos do custo são:
1. o valor das matérias-primas adquiridas de outras
empresas;
2. o valor dos serviços (trabalho) prestados por pessoas
físicas (operários ou empregados);
3. o valor dos serviços prestados por outras empresas
como: empresas de transportes, fornecedoras de força e
luz, empresas de seguros, bancos, etc.<••>
Costuma-se resumir os três componentes básicos
descritos utilizando as expressões:
1. matéria-prima;
2. mão-de-obra;
3. gastos gerais.
Com relação à maior ou menor facilidade de apuração
contábil de seus valores na produção de determinados bens ou
serviços, os custos podem ser classificados em :
1. diretos
2. indiretos
(43) Morton Baker & Lyle E. Jacobsen, Contabilidade de
Custos: Um Enfoque de Administração de Empresas, op.
cit.
(44) Américo M. Florentino, "Custos - Princípios, Cálculos e
Contabilização". Editora Fundação Getúlio Vargas, Rio
de Janeiro, RJ, 1988.
49
Com relação ao processo de sua formação na produção, os
custos classificam-se em:
1. fixos
2. variáveis
Os custos diretos
imediataaente apropriados
serviço.
são aqueles que podem ser
a um só produto ou a um só
Os custos indiretos são aqueles que dependem de
cálculos, rateios ou estimativas para serem divididos e
apropriados em diferentes produtos ou diferentes serviços.
Naturalmente, para uma empresa que fabrica um só
produto (sem variações de tamanho ou qualidade), ou executa
um só serviço, somente existem custos diretos.
Começa a existir custo indireto quando a empresa
fabrica ma'ÍS de um produto (ou mais de uma qualidade ou
tamanho de um só produto), ou quando a empresa executa mais
de um serviço e, mesmo assim, quando esse custo é atribuivel
a mais de um produto ou a mais de um serviço.
Custos fixos são os valores consumidos ou aplicados:
1. independentemente do fato de a empresa estar produzindo
ou parada. Exemplo: aluguel da instalação fabril;
2. independentemente de a empresa estar produzindo maior
ou menor quantidade de bens ou serviços. Exemplo:
composição da clicheria para um trabalho tipográfico.
Custos variáveis são os valores consumidos ou aplicados
que têm o seu crescimento dependente da quantidade produzida
pela empresa. Exemplo: papel para imprimir um trabalho
50
51
tipográfico, cuja quantidade aumentará em função do número
dos exemplares impressos,
Das duas classificações podem-se obter combinações tais
como as seguintes:
1. custos diretos fixos. Ex: aluguel de fábrica onde só se
produz um produto;
2. custos diretos variáveis. Ex: energia consumida por
máquina que produz um só produto;
3. custos indiretos fixos. Ex: aluguel de fábrica onde são
produzidos diversos artigos;
4. custos indiretos variáveis. Ex: energia consumida por
máquina que produz simultaneamente diversos artigos.
Até aqui, quando nos referimos a custos, computamos os
valores totais aplicados ou consumidos em toda a produção.
A concepção de custos, entretanto, é unitária.
Interessa-nos raciocinar sempre em termos de custo unitário,
isto é, saber o custo de uma só unidade produzida ou de um
só elemento de serviço elaborado,
O custo unitário é obtido pela divisão entre o custo
global da produção e a quantidade de unidades produzidas:
Custo Global ------------------- = Custo Unitário Unidades Produzidas
Chamando de:
p= o custo unitário ou preço unitário
f= o custo fixo total
v= o custo variável total
n= a quantidade de unidades produzidas, temos uma fórmula
elementar de custo unitário, representada por:
f + v p =
n
Da interpretação da fórmula deduzimos que:
1. os custos fixos têm volume variável decrescente
por unidade para cada número maior de quantidade
produzida;
2. os custos variáveis têm volume fixo por unidade
para qualquer número de quantidade produzida,
exceto se se tratar de custo variável progressivo
ou. regressivo.
52
SISTEMAS D-E._QUSTEIO
Conforme descri to na classificação de custos, podemos
perceber que alguns casos podem ser classificados em vários
tipos. Isto é, a classificação de custos apresentada não é
mutuamente excludente com a maioria dos custos encontrados.
A seguir, exemplificamos alguns custos dentro
classificações que descrevemos:
- Seguro contra acidentes trabalho na fábrica
- Cimento para construção de estrada
- Comida para cantina da fábrica
- Aluguel da fábrica
- Programa de treinamento de encarregados
de
Custos !:!& .. .f..Mlricacã...Q
Direto (D) ou
Indireto (I)
I
D
I
I
I
Variável (V) ou
Fixo (F)
v
v
v
F
F
das
Se fôssemos aplicar a classificação para todas as
formas de custo, teriamos uma quantidade grande de
combinações para efetuar a análise de custo. Sendo assim,
percebemos que, através de uma heterogeneização dos custos,
somos capazes de classificá-los de formas diferentes e de
determinar alguns parâmetros para seu comportamento.
A classificação de um custo direto permite-nos
assegurar que ele está diretamente associado a um produto.
53
Ou, como em outro , exemplo, a identificação de um custo
variável nos permite dizer que ele se elevará
proporcionalmente aos niveis de atividade da empresa.
Qualquer abordagem teórica empregada sempre apresentará
necessidade de critérios não exatos e suscetíveis de
critica.
A medida que vai-se ampliando o número de usuários de
um sistema de custeio, criam-se alguns impasses em termos de
objetivos, que dão vulnerabilidade às informações. Isto é
bastante evidente pelas diferenças de enfoque que
verificamos nos sistemas de custeio hoje existentes.
Horngren<••> destaca que a contabilidade de custos
serve a três fin~lidades principais:
1. Relatórios internos à administração, para planejamento
e controle de operações rotineiras;
2. Relatórios internos à administração, para tomada de
decisões não rotineiras e formulação de planos e
políticas de menor importância;
3. Custear produtos para avaliação de estoques e
determinação de custos.
Ele afirma que a contabilidade de custos atende,
simultaneamente, às necessidades de informações por parte da
administração e dos interessados externos.
(45)Charles T. Horngren, "Contabilidade de Custos: Um
Enfoque Administrativo", Editora Atlas, 1972.
54
55
Anthony &. Dearden<••1 colocam a necessidade de
informações para planejamento e controle em três niveis:
1. Planejamento Estratégico
É o processo que detém os objetivos da empresa, que
decide as alterações desses objetivos, escolhe os
recursos a serem utilizados para o alcance dos mesmos,
fixa as políticas a seguir para aquisição, uso e
disposição desses recursos.
O planejamento estratégico é orientado essencialmente
no exterior, buscando informações de seu meio externo;
é a economia aplicada e um envolvimento de alta
hierarquia da empresa - normalmente cercado de grande
confidencialidade.
2. Co~tr~le Operacional
É o processo pelo qual atinge-se a realização eficiente
e eficaz de tarefas especificas. Aqui, a preocupação é
com o desempenho das atividades-fim da empresa, focado
sobre as tarefas tornadas separadamente urnas das outras.
O horizonte de tempo do controle operacional é de
curtíssimo prazo, é o dia-a-dia; o controle, nesse
nível, consome grande volume de informações,
principalmente quantitativas; raramente trata-se de
informações monetárias.
As decisões a nível operacional são descritas em
procedimentos manuais programados, pois são altamente
( 46) Robert N. Anthony &. John Dearden, "Management Control
Systems: Text and Cases", Richard D. Irwin, Inc.,1976.
estruturadas, envolvendo modelos de decisão matemáticos
facilmente computadorizados.
3. Controle Gerencial
~ o processo pelo qual os administradores certificam-se
de que os recursos necessários são obtidos e utilizados
com eficácia para realização dos objetivos fixados pela
empresa.
Este nivel também é conhecido por controle
administrativo ou controle de gestão, e caracteriza-se
por:
a) Está focado em programas ou orçamentos como instrumento
de gestão, dividindo-se em centros de responsabilidade,
ou seja, uma unidade da organização sob o comando de um
só administrador responsável.
b) O sistema de informações a nivel de controle gerencial
gera informações previsionais (orçadas) e atuais
(relatadas após as realizações) e satisfaz-se com
valores aproximados.
c) ~ um sistema amplo, abrangendo todos os aspectos da
operação da empresa.
d) Apóia-se em uma estrutura financeira, na qual os dados
relevantes são os monetários.
e) Apresentada uma característica
repetitiva.
ciclica, ou seja,
f) ~. ou deve ser, coordenado e integrado, ou seja, seus
dados são conciliáveis.
56
Na gestão de uma empresa 1 a comunicação através da
organização é muito importante, e deve envolver toda a
administração.
O horizonte de tempo pelo qual o controle gerencial
desenvolve-se é de curto prazo, normalmente de um ano, ou de
um ciclo operacional da firma.
~ devido a essa necessidade de informação que os
sistemas de custeio tornam-se cada vez mais importantes,
atuando como ferramenta de apoio às decisões e ao
acompanhamento das estratégias da empresa.
Existem, basicamente, dois sistemas de custeio em uso
atualmente nas empresas:
por absorção;
direto.
Muitos outros métodos existentes constituem em
variações destes.
Não dependendo do método, pode-se utilizar registros de
valores reais ou históricos (custo atual) ou então valores
orçados (custo-padrão).
No que tange à base de rateio, pode-se utilizar o
método de custo por processo ou por ordem de produção.
A análise dos sistemas de custeio por absorção e
direto, bem como as vantagens e desvantagens de um em
relação ao outro, poderá ser amplamente acompanhada na parte
III deste trabalho.
57
58
A seguir, discorreremos sobre os sistemas de:
1. custos por ordem de produção;
2. produção continua ou custo por processo;
3. custo-padrão.
QUSTOS POR ORnE~ PRODUCAQ
Um sistema de custeamento por ordem de produção tem as
seguintes caracteristicas:
1. O processo de produção é estabelecido com base em um
número distinto de ordens de produção ou trabalho.
2. A cada ordem de produção é dado um número ou qualquer
outro simbolo que a diferencie, e um documento contábil
em separado (usualmente um cartão de ordem de produção)
é estabelecido para cada ordem.
3. Todo o material e mão-de-obra diretos, aplicados ao
processo, são designados como se fossem aplicados a uma
.ordem especifica e compilados em um cartão de ordem de
produção.
4. Os custos indiretos são alocados a cada ordem de
produção, usualmente utilizando-se como base o valor
relativo de mão-de-obra direta.
5. O valor do Inventário de .Produtos em Processamento é
igual à soma dos valores das ordens de produção não
determinadas< • 7 l •
Esse tipo de sistema é mais apropriado quando a
produção consiste em ordens especiais ou projetos, em vez de
produtos padronizados e quadros de produção repetidos ou
contínuos. Exemplos desse tipo de atividade incluem projetos
de engenharia, construção de casas, produção de filmes
(47) John Dearden, "Análise de Custos e Orçamentos nas
Empresas'', op. cit.
59
cinematográficos, oficinas de consertos e impressão por
encomenda. O sistema por ordens de produção é usado também
quando o tempo exigido para a fabricação da unidade, do
produto, é bastante longo e quando o preço de venda depende
muito do custo da produção, como, por exemplo, na produção
de vinhos, queijos e seda pura. O sistema de custo por
ordens de produção é também usado nas empresas que produzem
uma variedade de produtos, tais como porcas e parafusos,
cuja produçào é programada em bateladas.
Quando quase toda ordem de produção é diferente de
algum modo, é razoável supor que os custos de produção de
cada ordem sejam diferentes e que esses custos possam ser
agrupados separadamente. Os custos que podem ser
identificados com uma determinada ordem, por exemplo,
matéria-prima e mão-de-obra, são debitados diretamente a
essa ordem, logo que são identificados. Os custos que não
estão diretamente relacionados com uma determinada ordem são
distribuídos a todas as ordens, segundo alguma base de
rateio.
A maior parte dos custos gerais de produção está na
última categoria, embora alguns custos, como o tempo de
preparo de máquinas, os prêmios por horas-extras e os
projetos de engenharia, sejam freqüentemente debitados
diretamente às ordens apropriadas. As taxas predeterminadas
de custos gerais são particularmente úteis no custeio por
ordens de produção. Como os custos gerais efetivos não podem
ser determinados antes do fim do mês ou ano, não há
60
possibilidade de conhecer os custos das ordens de produção
imediatamente depois de acabadas, sem o recurso às taxas de
custos gerais. Essas taxas também oferecem à direção da
empresa uma base para a estimativa dos custos e a cotação de
preços.<••>
------·----( 48) Morton Backer & Lyle E. Jacobsen, "Contabilidade de
Custos: Um Enfoque de Administração de Empresas", op.
cit.
61
Abaixo, podemos observar o Fluxograma de Custos por
Ordem de Produção:
~!il&l: i as - Pr i_mru!. El:.ç@tos em Fabr..i..Q~ Produto§_Açabados
~-------------->
Mão-de-obra direta
~-------------->
Custo Indireto de Fabricação
~------------------>
---------------->
Fonte: David H. Li, "Contabilidade de Custos'', op. cit.
62
CUSTOS POR PROCESSO
O sistema de contabilidade de custos por processo é o
que melhor se adapta a uma operação na qual todos os
produtos fabricados num determinado departamento são
idênticos. (Uma condição oposta àquela encontrada no sistema
por ordem de produção, o qual é o que melhor se adapta a
uma operação em que
diferentes. )<••>
os trabalhos, ou produtos, são
As características de um sistema de contabilidade de
custos por processo são:
1. Os custos são acumulados por departamento ou centro de
custo.
2. Os custos dos departamentos de serviço são alocados aos
departamentos de produção, de maneira que todos os
custos são, finalmente, descarregados em algum
departamento de produção. (Isso também é válido para um
sistema por ordem de produção que tenha desenvolvido
taxas departamentais de custos indiretos.)
3. O número de unidades produzidas em cada departamento de
produção é calculado.
4. O custo total do departamento é dividido pelo número de
unidades produzidas no mesmo, resultando o custo
unitário de produção daquele departamento.
(49) John Dearden, "Análise de Custos e Orçamentos nas
Empresas", op. c i t.
63
O custo unitário total do produto acabado é obtido pela
soma dos custos unitários de todos os departamentos por onde
passou o produto.
Pode-se sustentar que as empresas deveriam esforçar-se
para mudar da produção por ordens de produção para a
produção por processo, sempre que isso fosse possível,
porque a produção por processo é mais estável, padronizada
e, portanto, mais eficiente. As atividades de planejamento,
execução e controle tornam-se mais fáceis e exigem menos
atenção da direção da empresa quando as unidades de produção
são padronizadas e os processos de fabricação contínuos, do
que quando as unidades de produtos são diferenciadas e os
processos de produção intermitentes.<• 0 >
Um exemplo de mudança do sistema de produção por ordens
de produção para o de processo é o dos produtores de sabão,
que fizeram a troca quando o desenvolvimento tecnológico
reduziu o tempo exigido para a elaboração de uma batelada de
sabão de muitos dias para algumas horas. O fenômeno
americano da produção em massa de produtos padronizados,
para o consumo em massa, aumentou a importância da produção
do tipo por processo.
Os esforços de engenharia para rotinizar e padronizar
as operações de produção do homem e das máquinas
acompanharam essa padronização dos produtos. Os
(50)Morton Backer & Lyle E. Jacobsen, "Contabilidade de
Custos: Um Enfoque de Administração de Empresas", op.
ci t.
64
aperfeiçoamentos tecnológicos também reduziram o tempo
necessário para transformar a matéria-prima em produtos
acabados.
Na contabilidade de custos por processo a
caracteristica é a agrupação dos custos para um periodo de
tempo, tal como um mês, segundo os processos ou
departamentos, funções, centros de custo, pelos quais é
responsável um gerente.
Isto contrasta com o sistema de custo por ordens de
produção, cuja característica é a agrupação dos custos,
segundo as ordens ou lotes de produção.
Os custos importantes para as finalidades do controle
são os diretos em relação aos processos ou departamentos.
Aqueles que são diretamente relacionados ao produto,
normalmente, estão também relacionados diretamente aos
processos. Os custos diretos dos produtos, tais como os
materiais diretos, a mão-de-obra direta e os custos gerais
diretos, habitualmente podem também ser relacionados
diretamente ao departamento e processo nos quais incorreram.
Para a finalidade de custeio dos produtos, contudo, os
custos que estão indiretamente relacionados com os
processos são a estes atribuídos
razoável.
segundo alguma base
Depois que tiverem sido agrupados os custos de cada
departamento · ou processo, elaboram-se os relatórios de
informações e controle para o uso da direção da empresa. Os
custos pelos quais o gerente de cada departamento ou
65
processo é responsável são comparados com alguma medida de
desempenho, tais como dotações orçamentárias, custos-padrão
ou resultado de periodos anteriores. A direção da empresa,
então, esforça-se para remediar as condições que estão "fora
de linha".
Depois de obtidas as informações de controle das contas
de custos, todos os componentes do custo de produção,
inclusive os custos indiretos, que foram atribuidos aos
processos, são encaminhados através das contas dos
processos, para determinar o custo total de produção dos
produtos acabados. Esse total deve ser comparado com o valor
inicial da produção em andamento, mais os três componentes
do custo da produção (matéria-prima, mão-de-obra e custos
gerais), que são incorporados a um processo durante um certo
periodo de tempo.
Depois de obtidas das contas de custos, as informações
de controle são descarregadas, quer como custo dos produtos
processados e transferidos ao processo seguinte ou ao
estoque de produtos acabados, quer como existências da
produção em andamento no fim do periodo. O fluxo dos custos
através das contas é realizado creditando-se um processo e
debitando-se o processo seguinte (ou os produtos acabados),
pelo custo dos produtos transferidos. Os saldos que
permanecem nas contas de processos representam o valor da
produção em andamento.
Os custos por unidade de produto são obtidos dividindo
se o custo dos produtos acabados ou processados pelas
66
unidades acabadas ou processadas. Esses custos unitários são
amontoados à medida que a produção passa de processo em
processo, numa situação de processos sucessivos, e assim o
produto acabado reúne os custos acumulados de todas as
operações pelas quais passou. Esses elementos de custo de
produção são usados, então, para determinar o custo dos
estoques e dos produtos vendidos e para a tomada de decisões
da direção, tal como a fixação de preços de venda.
67
Fluxo de Custos no Sistema de Custo por Processo
Materiais
' ' \ ' ' \ ' \ ' \ ' \ ' \
\
Mão-de-Obra Direta
\
Custo Indireto de fabricação
I
\
' '
\
Produtos em fabricação-A
Produtos em ,fabricação-E
\
\
', "' ~
Produtos em fabricação-C
\
Produtos Acabados
Fonte: David H. Li," Contabilidade de Custos", op. cit.
68
CUSTO-PADRAO
Os padrões contábeis são custos cientificamente
predeterminados, que proporcionam uma base para a medição do
desempenho efetivo, Os padrões contábeis de custo não
necessitam ser inêorporados ao sistema contábil. De fato, é
prática comum não incorporar os custos-padrão de
distribuição. Contudo, de um modo geral, os custos-padrão de
produção são formalmente integrados nas contas de custo.
Quando isso ocorre, designa-se o sistema como "sistema de
custeio por custo-padrão".<••>
Os custos-padrão são ~ustos cuidadosamente
estabelecidos e que deveriam ser atingidos dentro de
operações eficientes. Servem para aferição de desempenho,
para fazer orçamentos úteis, para nortear preços, para obter
um custo significativo de produto e para economia de
escrituraÇão.
O controle de custos depende de uma série de padrões
que esquematizem como executar uma tarefa, e quanto esta
execução deve custar. A medida que se completa o trabalho,
os custos totais incorridos são comparados com os padrões
para revelar as variações, que são procuradas para descobrir
(51) Morton Backer & Lyle E. Jacobsen, "Contabilidade de
Custos: Um Enfoque de Administração de Empresa",
McGraw-Hill, 1976.
69
melhores maneiras de atingir ou alterar os padrões ou
alcançar os objetivos desejados,!••>
O prof. Eliseu Martins 153 > esquematizou uma forma
bastante simples de se contabilizar os custos, fazendo uso
dos valores dos padrões fixados, que seria a seguinte:
1. todos os custos, quer diretos, quer indiretos, fixos ou
variáveis, seriam debitados à conta de produção por
seus valores reais;
2. à medida que a produção fosse sendo transferida aos
estoques (ou entregue na produção por encomenda), seria
baixada dessa conta por seu valor-padrão. O mesmo para
os produtos em elaboração no final do periodo;
3. sobraria na conta de produção sempre um saldo, devedor
ou credor, relativo à soma das variações, já que de um
lado entram valores reais e de outro sai produção pelo
valor-padrão. A análise seria feita fora dos registros
contábeis, bem como seria, no final de cada periodo,
ajustado esse saldo representativo da soma de todas as
variações;
4. as contas de produto acabado receberiam, durante o
per iodo, os produtos feitos a débito e os vendidos a
crédito, sempre pelo padrão, ficando os estoques assim
avaliados no periodo,
(52) Charles T. Horgren, "Contabilidade de Custos. Um
Enfoque Administrativo", op. cit.
(53) Eliseu Martins, "Contabilidade de Custos", op. cit.
70
Na opinião de David H. Li< 5 • > , embora seja exigido
algum planejamento gerencial em relação ao estabelecimento
da taxa predeterminada de aplicação do custo indireto de
fabricação, em muitos casos a qualidade de tal planejamento
pode ser pobre.
Em algumas ocasiões pode não haver nenhum planejamento:
adotam-se como estimativa, para o ano vindouro, dados
efetivos do ano passado para o custo indireto de fabricação
e para o volume. Duas razões respondem por isso. Primeiro,
para muitos, a taxa predeterminada de aplicação é meramente
um meio de evitar as três limitações do uso da taxa de
alocação do custo indireto. A medida que essas limitações
são eliminadas, eles estão satisfeitos; não vêem
contribuição potencial dos custos não efetivos para o
processo administrativo. Segundo, planejamento, mesmo ao
nivel rudimentar, requer algum entendimento de medida de
volume e de comportamento de custo.
Quanto ao desenvolvimento histórico dos custos-padrão,
David H. Li diz que, enquanto a taxa predeterminada de
aplicação do custo indireto é um desenvolvimento dos
contadores industriais para desembaraçar o custeio, o custo
padrão é o produto da inteligência dos engenheiros para
reduzir custos.
Em outras
primeiramente, a
palavras,
melhorar a
os custos-padrão visam,
eficiência gerencial. A
(54) David H. Li, "Contabilidade de Custos", op. cit.
71
contabilidade de custos adapta-os a uso mais benéfico para a
administração.
Segundo Backer & Jacobsen<••l, existem os custos
estimados, os normalizados, os orçados e os custos-padrão.
"Custo estimado" é a import&ncia que a empresa pensa
que um produto, ou a operação de um processo por um período,
irá efetivamente custar. Freqüentemente, um custo estimado
baseia-se em alguma experiência de custo médio efetivo de
produção passada, ajustada às mudanças econômicas, da
eficiência, etc., previstas para o futuro. Os custos
estimados comumente incluem uma margem para as perdas,
refugos e ineficiências previsíveis que aumentam os custos
unitários e totais das operações e dos produtos.
"Custo normalizado" tem, de um modo geral,
aproximadamente o mesmo significado que "custo estimado". As
vezes, lhe é atribuída a acepção, ligeiramente diferente, de
uma média dos custos efetivamente incorridos somente em
períodos passados, sem tc>!iiar em consideração as mudanças
esperadas no futuro.
"Custo or:;:ado" tem o mesmo significado que "custo
estimado" ou "custo normalizado", isto é, o custo orçado é
aquele planejado, que em muitos casos é baseado numa média
dos custos passados, ajustada quanto às mudanças futuras
previstas. A sinonímia de custo estimado, custo normalizado
(55) Morton Backer & Lyle E. Jacobsen," Contabilidade de
Custos: Um Enfoque de Administração de Empresas", op.
cit.
72
e custo orçado é exemplificada pela terminologia usada por
mui tas empresas que "elaboram os seus orçamentos à base dos
custos estimados normais de produção." Entretanto, um
orçamento pode ser elaborado em termos de custos-padrão. Tal
orçamento é, então, chamado de orçamento-padrão. Nessa
discussão dos custos-padrão e da análise das variâncias,
estamos admitindo que os orçamentos tenham sido elaborados
em termos de custos estimados ou normais, e não de custos
-padrão, a menos que se indique o contrário.
"Custo-padrão" é o montante que a empresa acha que um
produto, ou a operação de um processo, por um per iodo de
tempo, deveria custar, com base em certas condições
presumidas de eficiência de situações econômicas e de outros
fatores.
Para que o custeio-padrão seja eficiente, é necessário
que os padrões sejam fixados de acordo, e nesse caso o mesmo
é útil para fins de determinação de custo. Sendo assim, eles
simplificam sobremaneira o
particularmente com
aplicação do custo
relação
indireto de
trabalho
ao custeio
fabricação
de escritório,
de materiais,
e relatório de
custo de produção (quando empregado no sistema de custo por
processo).
Contudo, as vantagens do emprego do custeio-padrão para
fins de determinação de custo são secundárias; a ênfase está
no fornecimento de dados, de custo para uso gerencial. Ao
permitir a conservação de dados baseados em custos-padrão e
custos totais esperados nos registros contábeis, inclusive
73
para fins de demonstração financeira, a
administração é dirigida às varianças que
exceções ao esperado.
atenção da
representam
74
PARTE III
QYSTEAMENTO DIRETO E CUSTEAMENTO POR_A~SORCAO. ____________ __
O sistema de custeamento por absorção, que significa a
imputação ao custo dos produtos ou serviços, de todos os
gastos, incluindo os custos fixos que são rateados e
distribuídos através de critérios apropriados, é o mais
completo.
Este sistema, também conhecido como tradicional,
enfatiza uma classificação funcional de custos em oposição a
uma classificação por comportamentos de custos.c••>
Porém, entre os contadores, principalmente norte-
-americanos, surgiu há poucos anos, uma tendência para
adoção da técnica do custeamento direto, que tem o princípio
de não ratear e não distribuir ao custo dos produtos ou
serviços as parcelas de custos fixos.
Nesse sistema, os valores de custos fixos são levados
ao resultado do período, não sendo agregados, portanto, como
custos integrantes dos diversos produtos ou serviços
elaborados pela empresa.
(56) Charles T. Horgren, "Contabilidade de Custos: Um
Enfoque Administrativo", op. cit.
76
Podemos observar que, no custeamento por absorção, são
descarregados ao máximo todos os custos existentes na
empresa. Cada produto recebe, além de seus componentes
variáveis, custos fixos que são apropriados por um ou mais
critérios de distribuição, o mais conveniente possível, o
que acarreta dependência do custo total do produto em
relação ao critério adotado.
O custeamento díreto é bem mais simples se comparado ao
tradicional. Porém sua utilidade para as empresas é mui to
discutida e tem gerado muitas controvérsias.
O objetivo desse tópico é descrever amplamente as
características de ambos os sistemas, comparando-os e
destacando as vantagens e desvantagens de um em. relação
outro.
ao
4
77
Sll..I.EMA DE CUSTEIO POR All.SQEQAQ
Custeio por absorção é o método derivado da aplicação
dos princípios de contabilidade geralmente aceitos.
Consiste na apropriação de todos os custos de produção
aos bens elaborados, e só os de produção; todos os gastos
relativos ao esforço de fabricação são distribuídos para
todos os produtos feitos.
Não é um principio contábil propriamente dito, mas uma
metodologia, nascida com a própria Contabilidade de Custos.
Outros critérios diferentes têm surgido através do tempo,
mas este é ainda adotado pela contabilidade financeira,
tanto para fins de Balanço sendo, portanto, válido
Patrimonial e Demonstração de Resultados como também, na
maioria dos países, para Balanço e Lucros Fiscais.< 57 l
Na abordagem tradicional, a demonstração de lucros e
perdas para um determinado exercício poderia ter o seguinte
formato:
Receita de Vendas
(-) Custo das Mercadorias Vendidas
(nesse caso incluindo despesas
indiretas fixas de fabricação)
(=) Lucro Operacional
(-) Despesas Gerais e Administrativas
(=) Lucro antes do Imposto de Renda
xxxx
xxxx
(57) Eliseu Martins, "Contabilidade de Custos", op. cit.
O custo das mercadorias vendidas pode ser apurado em
função do critério de avaliação dos estoques utilizado pela
empresa, quer seja ele custo médio, Peps, Ueps, etc, e esta
apuração pode seguir o seguinte esquema:<&•>
Estoque Inicial de Produtos Acabados
(+) Custo dos Produtos Fabricados e
Acabados
(-) Estoque Final de Produtos Acabados
(=) Custo das Mercadorias Vendidas
xxxx
xxxx
Nas empresas comerciais, onde não existem custos de
produtos fabricados, este i tem é substi tu ido simplesmente
pelas compras. Já na empresa industrial, que tem estoques em
três níveis de processo (matéria-prima, produtos em processo
e produtos acabados), cada um deles possuindo variações de
estoques no período, é possível decompor-se da seguinte
forma:
(58) Para um maior aprofundamento sobre os critérios de
avaliação de estoques ver:
- Adolph Matz, et al. , "Contabilidade de Custos", op.
cit.
- Sérgio de Iudícibus, et al. , "Contabilidade
Introdutória", Editora Atlas, 1980.
Nelson Gouveia, "Contabilidade", Editora Mcgraw
- Hill do Brasil, 1976.
78
Custo das Matérias-Primas
(+) custo de mão-de-obra
da fábrica
(+) custos indiretos de
fabricação
(=) total de custos de
fabricação
(+) estoque inicial de
produtos em processo
(=) total de produtos sujeitos
a processamento no período
(-) estoque final de produtos
em processo
(=) custo dos produtos
xxxx
xxxx
xxxx
xxxx
fabricados e acabados ~
No custeio por absorção, todos os custos passam pelos
estoques, que são avaliados a nível de produto.
Os custos que não são diretamente associados aos
produtos, por estarem associados às a ti v idades de produção
geral, são atribuídos através de critérios de apropriação.
Sendo assim, o custo total de produção atribuído a todos os
produtos só afetará o resultado do período quando da venda
dos mesmos.
No que se refere às despesas operacionais, o fluxo não
passa pelo estoque; elas são alocadas diretamente ao
resultado no fim do período. Sendo assim, tudo que se refere
79
às atividades da empresa, e não ao processo fabril, é
lançado na demonstração de resultado, como despesas gerais e
administrativas. Como exemplo, citamos: salários de
vendedores, viagens, aluguéis de escritórios, propaganda,
depreciação de móveis e utensílios.
80
81
Fluxo de Cus~o por Ab~9~io<So)
Despesas Gerais e Custos de Produção I Administrativas
I I
I Direto I I Indire~o I I Direto I
I Rateio I L I
I Produto A I I Produto B I -
I Demonstrativo de Resultado J
(59) Ivan Pinto Dias, "Cone e i tos de Contabilidade de
Custos", Material Didático da EAESP. - FGV.
82
O fluxo do sistema de custeio por absorção é mais
facilmente entendido através das contas "T", do ponto de
vista da contabilidade, como a seguir:
Fluxo do Si~~a de Custeio ~Qr Absorcão
Mão-de-Obra Direta
Matérias Prods.em -Primas Processo
r----------------->
C.I.F. Variável
r----------------->
C.I.F. Fixo
~------------------->
Despesas Gerais e Adm.
Prods. Custos Prods. Acabados Vendidos Resultado
Fonte: David H. Li, "Contabilidade de Custos", op. cit.
~EMA DE CUSTEIO DIRETO
No sistema de custeio direto, somente os componentes
variáveis do custo de produção são apropriados aos produtos,
Os itens fixos do custo são tratados como custo do periodo
e, conseqüentemente, não transitam por estoques, sendo
apropriados diretamente ao demonstrativo do resultado.
Embora o sistema de custeio direto existisse antes de
1930, somente a partir da Segunda Guerra Mundial foi que
despertou interesse. Durante os últimos anos, muitas grandes
empresas nos Estados Unidos passaram para o sistema de
custeio direto.<••>
O demonstrativo de resultados pelo método de custeio
direto destaca a margem de contribuição, como pode ser
observado:
Receita de Vendas xxxx
(-) Custos variáveis
( =) Margem de contribuição xxxx
(-) Custos fixos
( = .) Lucro bruto xxxx
(-) Despesas gerais e
administrativas
( = ) Lucro antes do
Imposto de Renda
(60) John Dearden, "Análise de Custos e Orçamentos nas
Empresas", op. cit.
83
84
Podemos notar que a abordagem do custeio direto difere
da tradicional apenas em um aspecto: as despesas indiretas
de fabricação fixas são excluidas do custo dos estoques dos
produtos acabados. Isto faz com que os custos da empresa
variem de acordo com as oscilações do volume de vendas para
um determinado periodo.
Caso as. vendas aumentem, o resultado crescerá; se as
vendas diminuirem, o resultado baixará. Na realidade, o
sistema de custeio direto surgiu exatamente para permitir
este resultado,
Um dos maiores problemas no estabelecimento de um
sistema de custeio direto consiste na separação dos custos
variáveis dos custos fixos. (Uma das razões freqüentemente
fornecidas para a não adoção de um sistema de custeio direto
é a dificuldade de definição de um custo variável). O
material e mão-de-obra direta são variáveis, e não
apresentam maiores problemas. Os custos indiretos de
fabricação, no entanto, contêm tanto custos fixos quanto
variáveis, e a separação destes representa um problema.
Dearden< 6 1l sugere os métodos a seguir para separar os
custos indiretos de fabricação fixos dos variáveis:
1. Considere os custos indiretos de fabricação como sendo
100% fixos e inclua somente o material e a mão-de-obra
no custo do produto.
(61) John Dearden "Análise de Custos e Orçamentos nas
Empresas", op. cit.
2. Inclua como custos variáveis somente aquelas categorias
de custos indiretos que são quase totalmente variáveis;
trate todas as outras como fixas.
3. Inclua como custos variáveis aquelas categorias de
despesas indiretas que parecem ser 50% mais variáveis;
trate todas as despesas como fixas.
4. Inclua como custos fixos somente aquelas categorias de
despesas que são totalmente fixas e trate todas as
outras como variáveis.
5. Divida todas as despesas indiretas em variáveis, semi
variáveis e fixas. Desdobre o elemento fixo e variável
de cada conta semivariável.
A decisão sobre que método devemos usar somente poderá
ser tomada dentro do contexto de uma dada situação. Estando
em igualdade com as outras condições, a estimativa mais
acurada dos custos variáveis deve ser usada. Isso representa
normalmente o método 5. O método 1 é usualmente melhor
quando os custos indiretos representam uma proporção
relativamente pequena dos custos de produção e, de maneira
geral, não variam muito com o nivel de produção. Isso
freqüentemente acontece, por exemplo~, em pequenas fábricas
que montam componentes acabados num produto final.
A decisão de que método usar é determinada por:
1. O grau de minúcia requerido;
2. O custo do desmembramento dos elementos fixos dos
variáveis nos custos semivariáveis; e
85
86
3. A natureza dos custos indiretos (particularmente o
tamanho relativo e o grau de variabilidade).
Um método menos minucioso não deverá ser utilizado por
nenhuma razão a não ser a economia. O método 4, por exemplo,
não deverá ser utilizado até termos certeza de que sua
contribuição não foi superes~imada. Se tomarmos
deliberadamente um método que ·superestima os custos
variáveis, poderemos levar o erro às decisões da
administração.
Devido ao fato de, no custeio por absorção, ser
impossível apurar-se o custo de um produto sem que se
proceda ao rateio dos custos indiretos (mesmo que se
fabrique um único item, ainda existiriam os rateios entre
custos e despesas e o rateio dos custos indiretos em função
das quantidades produzidas), existem sempre muitos
questionamentos sobre a utilidade do custeio por absorção
para efeito de análises gerenciais. Todo critério de rateio •
possui sempre algum grau de arbitrariedade, não existindo um
só critério relativo a qualquer custo que se possa dizer
"cientifico".
Existe também o fato de normalmente a grande maioria
dos custos indiretos ser consti tu ida de custos fixos que,
devido à sua natureza, independem das oscilações nos volumes
de produtos fabricados. Por essa razão, têm o seu valor
unitário atribuído a cada produto, variando em cada período,
conforme varia o próprio volume produzido.
Mesmo não variando o volume de um certo produto, se
houver variação no volume produzido de outros itens,
alterando a quantidade de custos indiretos para aqueles que
recebem rateios, então haverá modificação no custo unitário
desse produto.
Devido a essas dificuldades (predominância dos custos
fixos entre os indiretos, que acarreta alteração do custo
unitário, toda vez que houver mudança no volume de produto
fabricado e a necessidade de se escolher, sempre com algum
subjetivismo, um critério de rateio para tais custos
indiretos), é que surgiu a idéia do custeio direto.
Por que não se fazer com que todos os custos fixos de
produção sejam também considerados como despesa do periodo,
deixando de se incorporar aos produtos elaborados? Este tipo
de custeio é semelhante ao utilizado em empresas comerciais,
onde as despesas totais do negócio (tais como aluguel,
salários dos empregados, energia, etc.) são lançadas para
resultado do periodo independente do volume de vendas.
A esse método de se avaliar estoques (somente são
agregados aos estoques os custos variáveis plenamente
identificados com o produto), atribuiu-se o nome de custeio
direto ou de custeio variável.
Esta óltima expressão é mais correta, já que "custeio c
direto" dá a impressão de só se atribuir aos estoques os
custos diretos, o que só será verdade se todos os custos
diretos forem variáveis e todos os indiretos forem fixos; às
vezes isso ocorre, mas não se pode dar como verdadeiro
87
88
sempre. Seu verdadeiro sentido, todavia, é este citado:
apropriação aos produtos tão somente dos custos variáveis de
fabricação.< • • >
Com o uso do custeio direto, pode-se ter, além de um
valor mais aceitável representando o montante que se gasta
com cada unidade produzida a mais, uma idéia completa de
quanto se gasta para manter a empresa em condições de
operar, numa determinada faixa de volume.
Além disso, se deduzirmos do preço de venda, além do
custo variável do produto, também as despesas variáveis de
vendas e financiar, teremos o conceito fundamental (para
fins de análise gerencial), que é o da margem de
contribuição de cada produto.
No Brasil, o Decreto-Lei n• 1598/77 faz clara opção
pelo cus'teio por absorção e afasta a possibilidade de adoção
do custeio direto, pois as contas de estoques devem ser
debitadas pelo custo total incorrido na elaboração dos
produtos no exercício. Não existe, porém, qualquer
impedimento para que a empresa contabilize os seus custos de
produção pelo sistema de custeio por absorção e gerencie-se
internamente pelo sistema de custeio direto.
Mas o que é importante neste momento é o entendimento
dos principais conceitos sobre custeio, para que possamos
mostrar nossa proposta de evolução.
(62) Temática Contábil e
Industriais: Custeio
Balanço, "Avaliação de
por Absorção Versus
Direto", Boletim IOB, janeiro, 1982,
Estoques
Custeio
89
Fluxo d~ Custeio Direto
Despesas Gerais e I Custos de Produção I Administrativas
Fixos V ar i v eis
Produto Produto A B
I Demonstrativo de Resultados l
Fluxo do Sistema de Custeio Di~
Mão-de -Obra Direta
Matérias Prods.em -Primas Processo
~------------->
C.I.F. Variável
~-------------->
C.I.F. Fixo
Prods. Acabados
Custos Prods. Vendidos Resultado
r---------------------------------------------> Despesas gerais e Adm.
Fonte: David H. Li, "Contabilidade de Custos", op. cit.
90
91
CUSTEIO POR ABSORCM~SUS CUSTEIO DIRETO.
Na 1 i tera tu r a contábil, os problemas de alocação de
custos, há tempos, têm sido um tópico que gera muita
controvérsia.
Normalmente, a alocação de custos é analisada sob o
aspecto de formulação de preços e de avaliação de estoques.
É sabido que os problemas de a:~p~ação também surgem nos
casos de avaliação de performance divisional, preços de
transferências, relatórios referentes a linhas de negócio,
etc.
Entendemos que, para uma avaliação mais objetiva das
diferenças entré os dois sistemas, uma demonstração mais
minuciosa dos efeitos decorrentes dos mesmos, no
demonstrativo de resultado, seria muito útil. Utilizamos uma
apresentação numérica dos sistemas, conforme exemplo:
Para efeito dé simplificação, suponhamos uma empresa
hipotética, que fabrica um determinado produto, não
existindo estoques iniciais e firiais de matérias-primas e
produto em processo. Os val~óres relativos a custos, produção
e vendas são os seguintes:
92
Petiodo
~ 1.fuú!_ lJllill
Produtos Acabados
Estoque Inicial (unidades) 1.500 500 100.
( +) Produção (unidades) 2.500 2.000 3.000
(-) Vendas (unidades) 3.500 2.400 2.800
( = ) Estoque final (unidades) 500 100 300
Preço de venda unitário (Ncz$) 8,00 8,00 8,00
Custo unitário variável (Ncz$) 1 '00 1,00 1,00
Custo fixo totP.l (Ncz$) 12.000,00 12.000,00 12.000,00
Despesas gerais e adm. (Ncz$) 2.000,00 2.000,00 2.000,00
Suponhamos que, nos sistemas de custeio por absorção,
tenhamos em 19x8 um estoque inicial de produtos acabados de
Ncz$ 9.000, isto é, 1500 unidades ao custo variável unitário
de Ncz$ 1,00, somado a um custo fixo unitário de Ncz$ 5,00,
pressupondo-se que, no ano anterior (19x7), o montante dos
custos fixos tenha sido de Ncz$ 12.000,00, para uma produção
de 2.400 unidades. Sendo assim, o demonstrativo de resultado
ficaria:
93
PeríodQ_
Valor em NCZ$
Receita de Vendas 28.000 19.200 22.400
( - ) Estoque inic. prods.acabados 9.000 2.900 700
(-) Custo variável 2.500 2.000 3.000
(-) Custo fixo 12.000 12.000 12.000
( + ) Estoque final prods.acabados _.2._,_apo _]_QQ L_QQ_Q_
( = ) Lucro bruto 7.400 3.000 8.200
(-) Despesas gerais e adm. ?_,_!)00 hQ_QQ 2.000.
( =) Lucro antes do Imposto Renda 5.400 1. 000 6.200
Lucros acumulados 5.400 6.400 12.600
Podemos observar que:
1. o total do custo variável é conseguido pela
multiplicação do custo unitário variável pelo volume de
produção do período.
2. O estoque final é apurado levando-se em consideração os
custos fixos do período. Os custos unitários de
produção para os três períodos foram:
19x8 ----> 1, 00 + 12.000 = 5,80 Noz$/ unidade ------
2.500
19x9 ----> 1,00 + 12.000 = 7,00 Noz$/ unidade ------
2.000
19x0 -----> 1,00 + 12.000 = 5,00 Noz$/ unidade ------
3.000
94
3. O valor dos estoques finais é o resultado da
multiplicação do custo unitário pela quantidade de
produto acabado que sobrou no final do período:
19x8 ----> 5,80 x 500 = Ncz$ 2.900
19x9 ----> 7,00 x 100 = Ncz$ 700
19x8 ----> 5,00 x 300 = Ncz$ 1.500
Lembramos que o estoque final de um período é igual ao
estoque inicial do período seguinte.
Já no sistema de custeio direto teríamos um estoque
inicial de Ncz$ 1.500, isto é, 1.500 unidades ao custo
unitário variável de Ncz$ 1, 00, já que nesse sistema os
custos fixos não são agregados aos estoques. Nesse sistema,
teríamos o seguinte demonstrativo de resultados:
Período ____ _
Valores em NCZ$
Receita de Vendas 28.000 19.200 22.400
(-) Estoque inic. prods. acabados 1. 500 500 100
( - ) Custo variável 2.500 2.000 3.000
( +) Estoque fin. de prods.acabados 500 100. 300
( = ) Margem de contribuição 24.500 16.800 19.600
( - ) Custo fixo 12_,_()0.!2 12.000. 12.000
( = ) Lucro bruto 12.500 4.800 7.600
(-) Despesas gerais e adm. 2.000 2.00Q 2.000
( = ) Lucro antes do Imposto Renda 10.500 2.800 5.600
Lucros acumulados 10.500 13.300 18.900
Podemos observar que:
1. No que se refere aos custos variáveis, não existe
diferença entre os dois métodos.
2. Os custos fixos não são agregados aos estoques finais,
sendo o seu valor o resultado da multiplicação das
unidades
unitário.
(do estoque final) pelo custo variável
3. São tratados como custos do per iodo os custos fixos,
que são lançados ao demonstrativo dos resultados
pela sua incorrência no período.
4. A margem de contribuição varia proporcionalmente com o
volume de unidades vendidas no período. Observou-se
que, dado um custo variável unitário por unidades, e um
preço de vendas unitário fixo por unidades, a margem de
contribuição por unidade vendida será também fixa.
5. Os estoques e os resultados dos per iodos apresentam
diferenças nos dois sistemas, um em relação ao outro. O
que determina essa diferença é o fato de que, no
custeio direto, os custos fixos são lançados como custo
do período e, no sistema de custeio por absorção, os
custos fixos são parcialmente agregados aos estoques,
sendo o restante lançado para o resultado, via custo
das mercadorias vendidas.
Para um melhor entendimento, ilustramos as diferenças
entre os dois métodos, conforme o quadro a seguir:
95
------~S,l~·s~t~~~e Custeio
Lucro do Periodo
19x8 10.500
19x9 2.800
19x0
Lucro Acumulado
Variação dos Estoques
Estoque final 19x0 300
Estoque inicial 19x8 1.500
Diminuição dos Estoques 1.200
5.400
1.000
1.500
5. 100
1.800
-600
6.300
-1.200
-7.500
6.300
Como podemos notar, a diferença entre a diminuição dos
estoques nos dois métodos é de Ncz$ 6.300, o que
equivale à diferença de lucro acumulado apurada para o
mesmo período, Tal fato ocorre devido à diferença da
avaliação de estoques, que utilizam critérios
diferentes.
Horngrenc••J cita alguns dos efeitos do sistema de
custeio no que se refere à apuração do lucro, conforme
segue:
1, Quando o volume de produção é inferior ao de vendas no
período, ou seja, quando os estoques finais diminuem, o
lucro pelo sistema de custeio será mais elevado, De
( 63) Charles T. Horngren, "Contabilidade de Custo: Um
Enfoque Administrativo", op. cit.
96
fato, neste caso, ao vender estoques pelo sistema de
custeio por absorção, estariamos descarregando no
resultado parte dos custos fixos de periodos anteriores
que estavam estocados.
2. Quando o volume de produção é superior ao de vendas no
periodo, ou seja, quando os estoques aumentam, o lucro
apresentado pelo sistema de custeio por absorção será
mais elevado. Isto é decorrente, do fato de que, neste
sistema, parte dos custos fixos é absorvida pelo
estoque, sendo apenas posteriormente, . quando da venda
dos estoques, descarregada no resultado.
3. Quando os volumes de produção e de vendas se igualam,
obtemos o mesmo resultado, utilizando qualquer dos dois
sistemas de custeio. Neste caso, em ambos os sistemas,
o valor total dos custos fixos é deduzido da receita.
4. Se o volume de produção permanecer constante, o
resultado variará na mesma direção das vendas, para
qualquer dos sistemas de custeio utilizados.
5. Se o volume de vendas permanecer constante, e o volume
de produção não, para o sistema de custeio direto o
resultado permanecerá o mesmo, pois independe das
variações em estoques.
6. A diferença entre os resultados acumulados obtidos
pelos dois métodos tende a diminuir, progressivamente,
a longo prazo. Isto porque o volume de vendas e
97
98
produção tendem a se igualar, o efeito de estoque
passando a ser desprezivel.<••J
( 64) Outras .considerações podem ser encontradas em Ivan de
Sá Motta, "Métodos dé Custeio e Lucro Real", Revista de
Administração de Empresas, março, 1964.
Temática Contábil e Balanço, "Avaliação de Estoques
Industriais: Custeio por Absorção versus Custeio
Direto'', op. cit.
99
VA!iT..AGENS E DESVAN.U-ºENS DA APLl!::A.!ll.L..I.PADE POS SI S.I.E.MA.S
Na contabilidade de custos, a consideração principal
consiste em fornecer à administração as melhores informações
para a tomada de decisões. Nenhum sistema será o melhor para
todas as situações.
Na maioria dos sistemas de informação, a administração
precisará tanto de custos unitários quanto de custos
variáveis. A decisão para a adoção de um sistema de custeio
direto deve ser feita tendo como base as vantagens de ter os
custos variáveis, em confronto com os custos totais gerados
pelo sistema contábil.
O professor Eliseu Martins<••> comenta que um "si~tema
de custos ~ na o é somente um conjunto de normas, papéis e
rotinas, mas depende primordialmente de pessoas.
"Para atingir sua capacidade de funcionar como
instrumento de administração, precisa desenvolver-se e
aprimorar-se, porque nenhum sistema é capaz de resolver
todos os problemas".
Em seu artigo introdutório, Jonathan N. Harris<••>, um
dos primeiros a discorrer sobre o sistema de custeio direto,
diz que esse sistema possui três desvantagens principais,
que são sobrepujadas, em muito, pelas suas vantagens.
(65) Eliseu Martins, "Contabilidade de Custos'', Ed. Atlas,
op. cit.
(66) Jonathan N. Harris, "What Did We Earn Last Month", NAA
Bulletin, janeiro, 1936.
A única desvantagem existente com a eliminação dos
custos fixos dos custos de fabricação, segundo Harris, era
que o capital de giro poderia ser reduzido com a introdução
de estoques menos valorizados do que aqueles que eram
aceitos pelos bancos e a prática contábil da época; que era
questionável se as avaliações de estoques, sugeridas pelo
novo método, poderiam ser aceitas pelo Interna! Revenue
Department para efeito de imposto de renda; e que haveria
uma dificuldade de vender a idéia de que, apesar dos custos
de fabricação estarem mais baixos, isso não deveria ser
transferido para os preços de vendas, desde que o aumento
nas percentagens de margem deveria ser usado para compensar
os custos fixos de produção eliminados.
Por outro lado, Harris observa que o sistema simplifica
o cálculo de custos de fabricação padrão, porque elimina a
controvérsia sobre o que é capacidade normal de produção;
elimina os custos indiretos de fabricação fixos como
componente dos custos de fabricação, o que elimina a noção
de custos sub ou superabsorvidos, aumentando a confiança dos
administradores nos novos custos-padrão, os quais não
incluem distribuiçÕeB arbitrárias de custos de fabricação
fixos; desenvolve o sistema de custo-padrão, tornando-o
ainda mais útil no controle dos custos de fabricação
efetivos, elimina as despesas variáveis de produção, como
sendo um fator a ser considerado no orçamento de controle de
despesas da organização; e, finalmente, garante para a
BIBLIOTECA í(;4RL A. BOfDfCKER
100
administração um mai'or retorno para cada unidade de dinheiro
gasta, na contabilidade.
Em um trabalho mais completo, publicado anos mais tarde
pelo comitê de pesquisa do N.A.A., o "Research Series N• 23:
Direct Costing" I 6 • l , foram apresen'tadas as seguintes
vantagens de se usar este método:
1. O lucro de um período não é afetado por mudanças na
absorção de custos fixos, resultantes do aumento ou
redução do volume de estoques. Mantendo-se os demais
fatores constantes (preço de venda, custos e mix de
vendas), os lucros movem-se na mesma direção das vendas
quando se usa o sistema de custeio direto.
2. Os dados de custo-volume-lucro, necessários ao
propôs i to de planejamento de lucro, são diretamente
obtidos dos relatórios contábeis regulares. Até então,
a administração tinha que trabalhar com dois grupos de
dados distintos para relacionar um ao outro.
3. Os custos de produção e demonstrativos de resultado, no
sistema de custeio direto, acompanham melhor o
raciocínio da administração do que o sistema de custeio
por absorção. Por esta razão, a administração acha mais
fácil entender e usar os relatórios que seguem este
sistema.
4. Dados de lucro marginal facilitam a apreciação relativa
do produto, territórios, tipos de clientes e outros
(67) N.A.A. Research Series n•23: "Direct Costing", NAA
Bulletin, abril, 1953.
101
5.
segmentos do negócio, sem que os resultados sejam
obscurecidos pela alocação de custos fixos.
o impacto das despesas fixas sobre o lucro é
enfatizado, dado que o montante total de tais custos
para o período aparece no demonstrativo de resultados.
6. O custeio direto amarra-se com planos efetivos para
controle de custos, tanto quanto com custeio-padrão e
com orçamentos flexíveis. De fato, o orçamento flexível
é um aspecto do custeio direto, que leva muitas
empresas a adotarem este sistema apenas para este
propósito.
7. O sistema de custeio direto constitui um conceito de
custo de estoques, que se amarra intimamente com gastos
desembolsados necessários à produção de bens.
Conforme John Dearden<••>, as vantagens do sistema de
custeio direto são:
Elimina as flutuações dos lucros, causadas pelas
diferenças entre os volumes de vendas e produção.
A maior vantagem de um sistema de custeio direto, para
muitos administradores e controladores, consiste em
eliminar as flutuações do lucro resultantes das
diferenças entre o volume de vendas e o volume de
produção em um período contábil. A administração tende
a pensar que os lucros são diretamente relacionados ao
volume de vendas.
(68) John Dearden, "Análise de Custos e Orçamentos nas
Empresas", op. cit.
102
Já o sistema de custeio por absorção gera
freqüentemente confusão à administração, quando as
vendas do mês corrente são maiores que as do mês
anterior e os lucros são menores por causa dos custos
indiretos subabsorvidos.
É geralmente muito dificil para o controlador explicar
essa situação para um administrador sem visão contábil.
Esse problema é acentuado quando os gráficos de lucro
volume (ou ponto de equilíbrio) são usados
extensivamente.
Esses gráficos baseiam-se nas receitas das vendas e nos
custos variáveis; conseqüentemente, eles não fornecem
as diferenças entre os volumes de venda e de produção.
Na avaliação de qualquer sistema, a aplicabilidade
dessa vantagem dependerá principalmente da medida em
que os volumes de produção diferem dos de venda durante
o periodo coberto pelo relatório interno de lucros. A
existência de custos indiretos sobreabsorvidos ou
subabsorvidos, por si mesma, não causa flutuações nos
lucros. Essas flutuações são causadas por uma diferença
entre o volume de vendas e de produção.
Se os volumes de venda e produção são idênticos, os
lucros em um sistema contábil de absorção total serão
os mesmos que os lucros em um sistema de custeio
direto, ainda que os relatórios financeiros, no segundo
sistema, demonstrem um grande montante de custos
indiretos subabsorvidos ou sobreabsorvidos.
103
Poder-se-á argumentar, naturalmente, que o sistema de
absorção total é melhor porque chama, forçosamente, a
atenção da administração para o fato de serem baixos os
nfveis de produção. Se esta é a informação necessária
para a administração de uma empresa, deve-se usar o
método de absorção total.
As variações entre os volumes de venda e produção são
geralmente relacionadas a um dado perfodo de tempo.
Quanto mais longo o período de tempo, tanto maior será
a aproximação entre os dois volumes. Por essa razão, os
lucros mensais serão, geralmente, mais afetados que os
lucros anuais.
2. Aproxima dos custos diferenciais os custos de produção.
A segunda vantagem do custeio direto consiste em que os
custo_s dos produtos gerados através do sistema contábil
tendem a se aproximar dos custos diferenciais. Isso
ajuda a eliminar a confusão, quando os custos contábeis
diferem daqueles usados para a tomada de decisão a
respeito dos produtos. Essencialmente,
diferencial é o
resultante de uma
montante de alteração
mudança no projeto do
um custo
no custo
produto ou
volume de produção. Para mudanças a curto prazo, os
custos diferenciais tenderão a se igualar aos custos
variáveis calculados por um sistema de custeio direto.
Por exemplo, um produto poderá ser modificado para
torná-lo mais aceitável ao consumidor com um
crescimento nos custos de Ncz$ 50,00 na mão-de-obra
104
direta e Ncz$ 50,00 nos custos indiretos variáveis. Em
um sistema de absorção total, essa elevação de custos
poderá ser demonstrada nos livros como Ncz$ 150,00, se
a taxa de alocação for de 100%. Para estarmos seguros,
o peso nos outros produtos será reduzido, de maneira
que os custos, em geral, possam ser os mesmos que foram
estabelecidos nos estudos. O fato lembra, no entanto,
que sob um sistema de absorção total os dados contábeis
não refletirão esse fato. As mesmas condi'ções são
verdadeiras quando adicionamos um novo produto à linha,
ou substituímos um produto antigo por um novo.
Essa vantagem aplicada em qualquer empresa dependerá da
natureza de seu negócio e, outra vez, de como a
administração compreende o sistema. Num negócio que
caracteristicamente efetua mudanças no projeto, ou na
composição dos produtos para ganhar vantagens no
mercado a curto prazo, o custeio direto fornecerá,
normalmente, as melhores informações contábeis mensais.
Em alguns casos, porém, as mudanças no projeto ou
composição dos produtos podem ser infreqüentes e,
quando feitas, podem ter a expectativa de continuação
por um período de anos.
Nesse caso, os custos totais podem estar mais próximos
do que os custos variáveis dos custos diferenciais da
decisão.
Quanto mais longo for o período de tempo envolvido,
tanto mais próximos estarão os custos diferenciais dos
105
custos totais. (A longo prazo, todos os custos são
variáveis.)
3. Menos alocações são necessárias.
Uma terceira vantagem de um sistema de custeio direto é
que menos alocações são necessárias. Por exemplo, não é
necessário alocar os custos
produtos. Isso não somente
sistemas de custos essas
fixos aos departamentos e
poupa gastos (em alguns
alocações são feitas
mensalmente), mas também elimina algumas distorções,
tais como custos diferentes para os produtos que são
feitos em máquinas adquiridas em épocas diferentes.
Essa vantagem é aplicável à empresas que não necessitam
conhecer os custos unitários totais, ou terem os lucros
das 1inhas de produto pelo montante de contribuição.
Essa situação não é usual, entretanto, cabe questionar:
existirá alguma vantagem na alocação dos custos fixos
aos produtos, fora dos livros de contabilidade? (Quando
a administração necessita de uma aproximação dos custos
totais, esta deve ser feita fora do sistema contábil
quando o custeio direto é usado.
Em muitos casos, existe uma vantagem em alocar os
custos fixos aos produtos fora dos livros de
contabilidade. A parte fixa do custo do produto é, na
melhor das hipóteses, somente uma aproximação
grosseira, e pode ser usada somente como uma diretriz
geral para a ação administrativa. Ao fazermos essas
alocações, através dos livros de contabilidade, nós as
106
tornaremos menos precisas, e algumas vezes elas nos
fornecerão uma aparência de precisão sem garantias.
Quando os custos fixos são alocados aos produtos, fora
dos livros de contabilidade, existe, geralmente, maior
flexibilidade. Por exemplo, não há nenhum problema em
cruzar as linhas departamentais. No caso em que um
departamento tenha um equipamento antigo e outro novo,
é possivel fazer uma média dos custos totais fixos de
ambos os departamentos e alocar o montante médio, por
unidade, a cada unidade produzida (admitindo que os
produtos necessitam de processos de produção
comparáveis).
Uma vez que os custos fixos foram alocados à linha de
produtos, será normalmente desnecessário mudá-los mais
de uma vez por ano (e, freqüentemente, nem nessa
freqüência) .
Os custos fixos, por definição, não devem variar muito
de mês para mês, e a contabilidade para as pequenas
flutuações mensais não acrescenta minúcia aos dados que
já são grosseiras aproximações.
A aplicação dessa vantagem a~~· qualquer empresa depende
de qual parte fixa do custo do produto é usada, o que
envolve seu cálculo, e a existência ou não de
distorções no custo do produto causadas pelas
diferenças nos valores dos equipamentos usados nos
departamentos. Em muitos casos, quando a alocação não é
cara e não existem distorções no custo do produto, a
107
vantagem no 3 não será uma razão válida para se mudar
para o custeio direto.
4. A contribuição é refletida nos livros de contabilidade.
A quarta vantagem, que é freqüentemente citada a favor
do custeio direto, consiste em que a contribuição é
refletida nos livros de contabilidade. A administração
precisa conhecer a contribuição para tomar numerosas
decisões sobre os produtos e, se ela não é calculada
nos livros de contabilidade, isso terá que ser feito
fora do sistema contábil. A única pergunta que terá que
ser feita neste ponto é: ''Qual a vantagem de termos a
contribuição refletida nos livros de contabilidade?"
Desde que a administração tenha o conhecimento do
montante de contribuição que envolve qualquer decisão
sobre os produtos, a diferença
sistema de absorção total e um
principal entre um
sistema de custeio
direto consiste no desdobramento dos lucros nos
relatórios financeiros mensais ou trimestrais. Sob o
custeio direto, será demonstrada à administração a
contribuição mensal e, sob um sistema de absorção
total, a administração tomará conhecimento somente do
lucro bruto. 'Em qualquer sistema, essa vantagem será
aplicável somente se existir alguma razão para mostrar
à administração os montantes de contribuição nos
relatórios de lucros mensais (ou trimestrais).
108
5. Fornece um maior controle sobre os custos fixos.
Uma vantagem final proposta pelos defensores do custeio
direto é que ele fornece um melhor controle sobre os
custos fixos.
O argumento afirma que os custos fixos podem ser
controlados de uma maneira melhor pelo total, e que o
custeio direto trata os custos fixos pelo total. O
controle dos custos fixos não parece ser uma razão que
nos leve a adotar o custeio direto.
Esses custos podem ser controlados tanto pelo custeio
de absorção total quanto pelo custeio direto. A única
vantagem de um sistema de custeio direto é que os
custos fixos são demonstrados em uma linha, pelo total,
no relatório mensal de resultados. Num sistema de
controle orçamentário, a administração pode comparar os
custos fixos reais pelo total com o orçamento, até
mesmo quando esses dados não aparecem no relatório de
receitas.
Se não existe um sistema de controle orçamentário numa
empresa, poderá haver alguma vantagem em demonstrar os
cust9_s. fixos _dQ_ total no relatório de receitas.
Novamente, a aplicação dessa vantagem dependerá da
natureza do negócio da empresa e do custo do sistema de
controle em
essencialmente
operação. Se os
não controláveis,
custos fixos são
por exemplo, existe
pouca vantagem em demonstrá-los separadamente.
109
O prof. Norberto A. Torres 1&•1 enumera as vantagens do
sistema de custeio direto sobre o sistema de custeio por
absorção.
1. Os custos variáveis não estão sujeitos a critérios
subjetivos de rateio, como os custos fixos no sistema
de custeio por absorção. Sendo assim a margem de
contribuição constitui um parâmetro muito confiável
para a tomada de decisões. Com a aplicação do.conceito
de margens de contribuição, os resultados obtidos das
análises são muito mais confiáveis e as variações
facilmente detectáveis.
2. O sistema de custeio por absorção dilui os custos fixos
pelos diversos produtos.
O custeio direto, por não distribuir os custos fixos
pelos produtos, obriga a uma análise destes, na sua
forma original, sendo, portanto, mais fácil detectar
variações nos mesmos.
Isto é, as despesas são controladas para o fim a que se
destinam, e não como uma simples parcela de um total de
custos.
3. Como toda e qualquer decisão é tomada em termos de
·resultados globais para a empresa, consegue-se, em
geral, uma melhor distribuição dos recursos da empresa,
----·----·--(69) Norberto Antonio Torres,
o Aumento do Lucro
"O Método do Custeio Direto e
Empresarial". Revista de
Administração de Empresas, da Fundação Getúlio Vargas,
no v /dez/197 5.
110
principalmente no que se refere aos recursos reservados
para a aplicação de planos promocionais sobre os
produtos.
Os resultados são medidos em termos de valores
absolutos, além de indices relativos, permitindo um
enfoque mais amplo e objetivo.
4. Podem ser projetados resultados com mais precisão.
Como, pelo sistema do custeio por absorção, os custos
fixos são distribuidos pelos produtos segundo critérios
subjetivos de rateio, ao projetarmos os custos e lucros
unitários estaremos supondo que as quantidades vendidas
serão as mesmas que deram origem aos custos
apropriados, e que os critérios de distribuição dos
custos fixos serão os mesmos.
Sem a necessidade de distribuição dos custos fixos,
estes serão projetados por seus totais, e os resultados
previstos serão, portanto, mais realistas. ~ claro que,
mesmo pelo custeio por absorção, os custos fixos
unitários podem ser projetados com base nas projeções
dos totais desses custos fixos e das quantidades
vendidas, implicando isto, porém, para cada alteração
nas vendas previstas, uma completa reestruturação dos
custos unitários.
Pelo custeio direto, observada alguma alteração nas
previsões dos custos fixos, uma simples modificação de
seu valor e do resultado total é suficiente para
descrever a nova si tuaçã.o.
111
5. A aplicação do custeio direto, além de outras
vantagens, é mais simples e rápida, do que no sistema
de custeio por absorção.
6. O sistema de custeio por absorção pode provocar erros
na tomada de decisões, devido à utilizacão inadequada
de critérios de rateio dos custos fixos.
7. O acompanhamento de custos é mais fácil, rápido e
objetivo, no controle por custeio direto, do que no
sistema de custeio por absorção; isto é, se tivermos 5
produtos e 10 itens de custos fixos, teremos de
controlar pelo custeio por absorção 50 itens de custos
fixos unitários, enquanto que, no custeio direto, o
controle será feito diretamente sobre os cinco totais
de custos fixos.
8. O sistema de custeio direto permite uma maior
flexibilidade da atribuição de preços dos produtos,
pois são possiveis mais combinações preço x quantidade
(e, portanto, resultado operacional) ao analisarmos os
produtos tendo como orientação suas margens de
contribuição.
9. Permite um melhor equacionamento do problema promoção x
quantidade vendida x quantidade fabricada x lucro
total.
Como pode ser observado, existe uma série de autores
que enumeram as vantagens do método do custeio direto.
Entretanto, o que se nota atualmente é que, apesar das
vantagens que o sistema de custeio direto apresenta, a
112
grande maioria das empresas continua com a prática de alocar
os custos. Jerold L. Zimmerman< • o J comenta que "a visão
predominante dos pesquisadores contábeis varia, da posição
em que a determinação de como alocar custos é essencialmente
uma decisão arbitrária, até a visão de que o custo é muito
específico de firma para firma, para que possa ser
determinada uma regra geral ... Não obstante, as firmas
continuam a alocar custos independentemente das opiniões
contrárias".
Existem também aqueles que, a exemplo dos defensores
da prática do sistema de custeio direto, defendem a alocação
de custos e, conseqüentemente o sistema de custeio por
absorção, cujas vantagens são:
1. No sistema de custeio por absorção, dado que os custos
fixos não são considerados como custos do período, mas
sim custos do produto, estes custos são demonstrados no
resultado na mesma base de tempo em que ocorrem as
vendas.
2. Através do reconhecimento de uma capacídade normal de
produção, o sistema de custeio por absorção provê
amplas informações para controle e tomada de decisões,
a saber, variação dos custos de promoção e despesas com
capacidade ociosa.
(70) Jerold L. Zimmerman, "The Costs and Benefits of Cost
Allocations", The Accounting Review, julho, 1979.
113
3. A apropriação dos custos fixos aos custos dos produtos
fabricados provê bases sólidas para a fixação de
preços.
4. O sistema de custeio por absorção provê um custo de
produto fabricado condizente com os princípios
contábeis geralmente aceitos, no que tange à avaliação
de estoques.
5. O sistema de custeio por absorção ajuda no planejamento
e controle da produção. De fato, dado que a proporção
entre custos fixos e variáveis varia de produto para
produto, é possível distribuir-se melhor os produtos
entre suas linhas de montagem, conhecendo-se os custos
totais. Os custos totais ajudam a conhecer a melhor
composição de montagem e desempenho da fábrica com
relação às vendas e ao lucro.
6. O sistema de custeio por absorção permite vislumbrar
melhor o problema de escolha de alternativas de
investimento, tais como expandir ou não a fábrica,
vender ou comprar, repor máquinas obsoletas, etc.
7. Os custos totais por departamento, não podem ser usados
efetivamente como instrumentos de avaliação das pessoas
responsáveis; entretanto, eles são instrumentos
psicológicos efetivos para fazer um gerente consciente
da significância de todos os custos que ele administra.
Este aspecto é considerado atualmente como fator
114
importante de motivação,ITll
Dificilmente uma informação é totalmente inútil para a
administração. Mas é comum mui ta informação deixar de ser
analisada ou transmitida porque, de uma forma geral, sua
prioridade é pequena, e o tempo disponível, por parte da
pessoa a quem se destina, é mui to escasso para dela se
ocupar. Portanto, torna-se inútil.
Nenhuma informação é gratuita, sempre gerando um gasto
e podendo trazer um benefício. Esta relação entre gasto e
beneficio necessita ser muito bem avaliada quando da
implantação de um sistema de custeio e mesmo depois, durante
todo o seu funcionamento. Sendo assim, a apreciação de um
sistema de custeio deve sobretudo considerar os objetivos de
informação envolvidos, a estrutura organizacional desejada e
as características gerais de funcionamento da empresa como
um todo. As vantagens de cada sistema apresentadas
anteriormente são colocadas num contexto generalizado de
situação. Isso não quer dizer que devam ser ignoradas, mas
(71) Para saber as vantagens do custeio por absorção, veja:
- John w. Ludwig, "Inaccuracies of. Direct Costing" em
Raymond P. Marple, Edito r, "National Association on
Direct Costing Selected Papers'', abril, 1965.
- Jerold L. Zimmerman, "The Costa and Benefits of Cost
Allocations'', op. cit.
- John A. Beckett, "A Study of the Principles of
Allocating Costa", The Accounting Review, julho,1951.
115
sim que devem ser permanentemente reavaliadas de caso para
caso, não se esquecendo das principais dificuldades que os
dois sistemas apresentam, que podem ser resumidas abaixo:
1. No sistema de custeio por absorção, a alocação de
alguns custos indiretos de fabricação fixos pode,
igualmente, ser dificil, o que pode, de certa forma,
tirar um pouco da confiabilidade dos dados.
2. No sistema de custeio direto podem ser encontradas
algumas dificuldades em distinguir os componentes fixos
e variáveis dos custos de fabricação. Em particular,
certos custos semivariáveis podem exigir classificações
mais ou menos arbitrárias dos seus componentes fixos e
variáveis.
3. O sistema de custeio direto não determina os custos
completos de fabricação no processo de custeio de
produção. Uma alocação suplementar de custos indiretos
fixos, pressupondo-se volume normal ou uma outra base
qualquer, pode ser necessária para fixação de preços a
longo prazo e outras tomadas de decisão a longo prazo.
4. O sistema de custeio por absorção, ao contrário do que
foi exposto acima, é mais ineficiente na tomada de
decisões não rotineiras, tais como eliminação um
produto ou não e fixação de preços especiais de curto
prazo.
5. No sistema de custeio direto existem problemas quanto à
sua aceitabilidade para custeio de estoques, nos
demonstrativos financeiros preparados para os
116
acionistas e público em geral, e para efeito de imposto
de renda.
6. No sistema de custeio por absorção, por considerar os
custos indiretos fixos nos estoques, e dado que estes
custos não são fixos por unidade produzida, podem
ocorrer períodos em que os custos de fabricação por
unidade sejam bastante heterogêneos, ocorrendo efeitos
nos demonstrativos de resultado que não são facilmente
entendidos pela administração.
7. No sistema de custeio direto, os lucros mensais tendem
a flutuar com maior frequência quando a procura é
sazonal. Num sistema de absorção total, se a produção é
relativamente constante, os efeitos das flutuações
sazonais serão consideravelmente diminuídos. No custeio
direto, no entanto, o mesmo montante de custos fixos
estará representado no relatório de
mensalmente, sem observar o volume de
receitas,
vendas;por
conseguinte, os lucros serão mais altos nos meses com
venda acima da média e menores nos meses abaixo da
média.
A gravidade dessa desvantagem dependerá de muitas
coisas: em primeiro lugar, se existe variação sazonal;
em segundo lugar, se ela não existe, se a produção é
mais constante que as vendas (se não, as flutuações
mensais dos lucros não serão atenuadas); em terceiro
lugar, se a administração compreende as limitações das
estimativas dos lucros mensais. Como nos outros casos,
117
essa desvantagem somente poderá ser avaliada no
contexto de uma empresa que está julgando a adoção de
um sistema de custeio direto.
8. Outro fator a ser considerado em um sistema de custeio
direto é que os relatórios financeiros internos serão
diferentes dos relatórios publicados. Isso ocorre
porque a maioria dos métodos de custeio direto não é
aceita pelos contadores públicos para os relatórios
financeiros externos. Conseqüentemente, quando uma
empresa usa o custeio direto, é necessário elevar o
valor do inventário para representar os custos
contábeis totais. Esse ajuste pode causar confusão,
porque os dados internos de lucros serão diferentes
daqueles incluídos no relatório anual.
A gravidade dessa desvantagem depende da habilidade da
administração em compreender a situação. Se a
administração compreende e concorda que um sistema de
custeio direto é mais útil, haverá poucos problemas.
Se, no entanto, a administração não puder (ou não
desejar) compreender por que os relatórios internos e
externos são diferentes, esse fator poderá ser uma
consideração importante nas decisões da adoção, ou não,
de um sistema de custeio direto.
9. O sistema de custeio direto acarreta, para a maioria
das empresas, um afastamento dos métodos contábeis
existentes há algum tempo nessas empresas. Qualquer
mudança acarreta certa quantidade de problemas e
118
confusão. Uma mudança para um sistema de custeio
direto, por conseguinte, não deve ser feita a menos que
haja vantagens positivas para fazê-la.
Uma empresa não deve mudar seu sistema contábil interno
simplesmente porque "parece-nos que isso deve ser
feito".
O custeio direto deve auxiliar a administração a tomar
melhores decisões, mas ele não compensará a
administração inadequada.<••>
( 72) Existem mui tos trabalhos que versam sobre os sistemas
de custeio por absorção e direto. Mais detalhes sobre
os mesmos, além das vantagens de um em relação ao
outro, podem ser encontrados em:
- R. Gregg Schul te, "One More Time: Direct Costing
Versus Absorption Costing", Management Accounting,
novembro, 1975.
- Bruce R. Williams, "Measuring Costa: Full Absorption
Cost Or Direct Cost". Management Accounting, janeiro,
1976.
- Richard W. Swalley, "The Benefits of Direct Costing'',
Management Accounting, setembro, 1974.
- George T. Logan Jr., "The Direct Costing
Controversy", Management Accounting, setembro, 1968.
- David w. Wycoff,"Direct and Idle-Time Cost
Accounting", Management Accounting, dezembro, 1974.
119
PARTE IV
UMA PROPOSTA DE EVOLUCAo_. ___ ·----------------
Após termos discorrido sobre os sistemas de custeio por
absorção e custeio direto, procuraremos apresentar um modelo
que baseado nos mesmos, agregue suas principais vantagens de
forma a permitir uma melhor avaliação dos estoques, apuração
de um lucro real mais correto e justo.
O sistema de custeio por absorção é o sistema aceito
oficialmente pelos órgãos responsáveis pela determinação dos
princípios contábeis geralmente aceitos.
A posição oficial do American Institute of Certified
Public Accountants (AICPA) está contida na seguinte
afirmação:
"A base primária de contabilização dos estoques é o
custo ..• Quando aplicado aos estoques, custo significa,
em princípio, a soma dos dispêndios aplicáveis e gastos
incorridos, direta ou indiretamente, com o intuito de
deixar um artigo em sua atual condição e localização.
Também deve-se reconhecer que a exclusão de qualquer
custo indireto dos custos do estoque não constitui um
procedimento contábil aceito."<••J
(73) David H. Li, "Contabilidade de Custos", op. cit.
Igualmente, um comitê da American Accounting
Association comenta o seguinte:
"Desse modo, o custo de um artigo elaborado é a soma
dos custos de aquisição que possam ser razoavelmente
identificados com aquele artigo e devem incluir tanto
fatores diretos quanto indiretos. Não é aceitável a
omissão de qualquer elemento do custo fabril"< • • l ,
Podemos observar que essas citações atestam o conceito
de cus to agregado, que
contabilidade de custos. Os
é o fundamento teórico da
dados de custo que não forem
consistentes com o conceito de custo agregado não poderão
ser usados para fins de determinação do custo e de
elaboração das demonstrações financeiras, embora sejam
valiosos para informar a administração e para a tomada de
d,~_e>isões.
O fator central dos constantes questionamentos quanto
ao sistema de custeio por absorção é o seguinte:
1) A grande dificuldade de se alocar custos aos produtos,
através de critérios de rateios, pois, por mais
perfeitos que sejam, sempre haverá uma dosagem de
arbitrariedade e injustiça.
2) A dependência dos custos dos produtos, no tocante aos
ni v eis de produção, isto é, a carga dos custos fixos
que um produto unitário recebe depende da quantidade
produzida no periodo, ou seja, se a quantidade
(74) David H. Li, "Contabilidade de Custos", op. cit.
121
produzida for alta, então o custo fixo unitário
diminuirá, caso contrário, o efeito será inverso.
Com isso, uma empresa pode tomar a decisão de
descontinuação de um determinado produto aparentemente
deficitário, por questões decorrentes dos sistema de
custeio, quando na realidade o mesmo pode ser rentável e o
seu custo estar distorcido pelo critério de rateio adotado.
Também pode ocorrer a decisão de manutenção de um produto
realmente deficitário, mas que pelo favorecimento em um
critério de rateio pode parecer lucrativo.
Outra distorção é a variação do custo total do produto,
afetada pelas variações nos níveis de produção. Isto é, o
custo variável é fixo por unidade, tanto para a empresa
quanto para o concorrente (supomos não haver variação no
custo das matériaE;-primas, _mão~-~de-ob~ra,~ etc. em um mercadC?
de grande competitividade); o que pode variar unitariamente
é o rateio dos custos fixos, que depende dos níveis de
produção. Então, se a empresa concorrente produziu mais em
um determinado per iodo, a mesma terá um custo total do
produto (custos variáveis e custos fixos) inferior à empresa
que tenha produzido menos no mesmo period_o.
Estas distorções afetam as empresas não só na sua
avaliação patrimonial (em função dos custos dos estoques),
mas também em suas decisões gerenciais quanto à continuidade
ou não de seus produtos. Afetam também a formulação de
preços (se estes forem elaborados com base nos custos) e,
122
conseqüentemente, a margem de contribuição potencial dos
produtos.
Cooper e Kaplanl • 5 > observam que, para tomar decisões
importantes a respeito de produtos, os gerentes necessitam
saber quais são seus verdadeiros custos. Decisões de
introdução de novos produtos e a quantidade de esforços
gastos na tentativa de vendas de um determinado produto ou
linha de produto serão influenciadas pelos custos
antecipados e a lucratividade do produto. Inversamente, se
um produto apresenta uma lucratividade baixa, a questão da
descontinuidade será levantada. Custos dos produtos também
podem tocar no importante papel da formulação de preços,
principalmente para produtos com baixo volume de vendas e
sem uma avaliação pronta de preços de mercado.
O efeito cumulativo das decisões de introdução,
manutenção e descontinuação de produtos define a estratégia
da firma. Se a informação dos custos dos produtos está
destorcida, a firma pode envolver-se com uma inapropriada e
não lucrativa estratégia. Por exemplo, uma produção de baixo
custo freqüentemente alcança vantagem competitiva servindo a
um amplo número de consumidores. Esta estratégia terá
sucesso se a economia de escala exceder os custos
adicionais, causados pela produção, e servir a uma linha de
produtos mais diversa. Se o sistema de custo não atribui
( 7 5) Robin Cooper e Robert S. Kaplan, "How Cost Accounting
Distorts Product Costs", Management Accounting, abril,
1988.
123
corretamente os custos adicionais para os produtos, a firma
pode estar competindo em segmentos onde o escopo-relativo
dos custos excede os beneficios da larg-a produção de escala.
Uma das razões, se não a principal razão, para o
surgimento do sistema de custeio direto foi exatamente o
fato de que oscilações nos niveis de produção causam
distorções no custo dos produtos fabricados. No artigo de
Jonathan N. Harris< ,., , ele cita os efeitos dos niveis de
produção nos custos dos produtos, e a influência desse
fator, e mais as variações nos niveis de venda, no resultado
de um periodo.
Se uma empresa não tem condições de produzir a custos
estáveis, fatalmente muitos problemas surgirão, tais como:
1) Se o preço do produto é resultado de um regime de livre
concorrência- .onde__ .os_ c_oncorrentes têm preços
semelhantes, então as oscilações de custos resultarão
em uma margem de contribuição variável, isto é, lucros
variáveis.
Conforme Arthur V. Corr< 77 >, em uma economia livre, os
preços são determinados pelo mercado e outros fatores
relacionados com o mesmo.
2) Uma empresa que esteja apurando custos distorcidos pode
descontinuar produtos lucrativos e/ou continuar em sua
(76) Jonatahn N. Harris, "What Did We Earn Last Month?", op.
cit.
( 77) Arthur V. Corr, "The Role of Costing In Princing",
Management Accounting, novembro, 1974.
124
linha de produção com artigos ineficientes e que
acarretam prejuízos.
3) Se os preços dos produtos são formulados com base nos
custos, então o preço pode atingir um patamar não
aceito pelo mercado, e ai questionaremos como é que o
concorrente pode vender um produto igual, por um preço
que é inferior aos custos de produção.
4) A posição patrimonial de uma empresa pode estar
distorcida se o custo de seus estoques estiverem
afetados pelos custos fixos que variem em função dos
níveis de produção.
Estes são apenas alguns problemas que podem ocorrer, em
função de o sistema de custeio por absorção ser afetado por
variações nos níveis de produção. Porém o sistema de custeio
direto também não irá solucioná-los.
No sistema de custeio direto, os estoques não
apresentam a parcela de custos fixos que deveria estar
embutida nos produtos em processo e nos produtos acabados.
Isso afeta a posição patrimonial da empresa.
Por que afirmamos que os custos fixos deveriam estar
embutidos nos custos dos produtos em processo e produtos
acabados? A resposta é a seguinte: quando uma matéria-prima
(ou mais) recebe mão-de-obra, energia de uma máquina de
produção, insumos diversos necessários à sua transformação
em produto acabado, não está havendo despesas ou algum tipo
de perda, mas sim transferência de outros ativos para que se
possa chegar ao produto final.
125
A depreciação de uma máquina, isto é, o consumo dessa
máquina, junto com outros ativos, é que irá transformar uma
matéria-prima (ou mais) em um produto acabado.
Quando compramos um produto qualquer, não estamos
comprando somente as matérias-primas embutidas nele, mas
também a energia que foi transformada, a mão-de-obra do
operário que o fez ou manipulou máquinas, etc.
Defendemos, portanto, o conceito do custo agregado.
No sistema de custeio direto, teremos dificuldade de
formular preços, pois só conhecemos a parcela dos custos
variáveis.
Poderemos estar mantendo em nossa linha de produção
produtos cuja margem de contribuição (diferença entre preço
final e custos variáveis), por maior que seja, pode ser
inferior aos custos incorridos necessários à produção de um
determinado bem.
Se o sistema de custeio por absorção apresenta os
problemas aqui citados e se estes não são solucionados pelo
sistema de custeio direto, então qual seria a solução?
Poder-se-ia pensar em um sistema misto que contenha os
pontos favoráveis dos dois sistemas de custeio.
O sistema de custeio por absorção total defende a idéia
do custo agregado, mas não a idéia de agregar os a ti vos
efetivamente utilizados na produção de um determinado bem.
Referimo-nos ao fato de que, quando existem oscilações na
produção, um item produzido pode estar recebendo mais custos
126
do que realmente
(transformações).
seria necessário à sua produção
O sistema de custeio direto defende a idéia de se levar
para resultado de um exercício (ou ciclo operacional) as
despesas incorridas durante o per iodo, no caso os custos
fixos que existam independentemente de haver ou não
produção.
Baseados nisso, pensamos em um sistema de custeio que
apresente as vantagens dos dois sistemas.
Antes de entrarmos nessa proposta, lembramos que parece
lógico que a discussão entre os métodos de custeio direto e
custeio por absorção só tem sentido no curto prazo. No longo
prazo, a diferença entre lucros apurados, utilizando-se os
dois métodos, tende a zero, devido ao fato desses lucros
equalizarem-se tanto mais quanto maior for o período.
Isso se deve ao fato de as vendas, no longo prazo, não
poderem ser, sistematicamente, maiores que a produção, nem a
produção ser sistematicamente maior que as vendas. Então,
toda controvérsia a respeito dos dois métodos de custeio só
traz beneficios para tomada de decisões gerenciais no curto
prazo.
Os efeitos do método utilizado na demonstração de
resultado, no curto prazo, podem ser observados a seguir:
1) Quando, para um mesmo período, a produção for igual ao
volume de vendas, não existindo estoques iniciais nem
finais, o lucro apurado no final deste período será o
mesmo sob o método de custeio direto e custeio por
127
absorção. A razão para isso é que os custos indiretos
fixos do per iodo serão apropriados para resultado do
exercicio, pelos dois métodos, no caso do custeio
direto e também no do custeio por absorção, através da
apropriação do custo das mercadorias vendidas no
resultado. Sendo assim, os custos fixos agregados ao
custo dos produtos são totalmente lançados para
resultado do exercicio, já que não existem estoques
remanescen-tes.
2) Quando o volume de produção excede o volume de vendas
(isto é, aumento dos estoques de produtos acabados e
produtos em processo), o custeio por absorção apresenta
um lucro maior que o método do custeio direto. A razão
para isso é que o custeio direto apropria para o
resultado do per iodo todos os custos fixos, ao passo
que no custeio por absorção somente será apropriada
para o resultado do per iodo a parte dos custos fixos
das unidades vendidas, ficando di ferido em estoques a
parte dos custos fixos dos produtos não vendidos.
Sendo assim, no custeio direto o lucro será menor que
no custeio por absorção (que apropria somente uma parte
dos custos fixos), A parte dos custos fixos agregada
aos estoques somente será apropriada para o resultado
quando esses estoques forem vendidos em exercicios
futuros.
3) Quando o volume de vendas excede o volume de produção
(isto é, diminuição dos estoques de produtos acabados e
128
produtos em processo), o custeio por absorção apresenta
um lucro menor que o custeio direto. A razão para isso
é que, no custeio direto, serão lançados como despesas
do período somente os custos fixos incorridos no
próprio período, ao passo que, no custeio por absorção,
serão lançados para resultado do período, além dos
custos fixos do período, também a parte dos custos
fixos de períodos anteriores, que está agregada aos
estoques produzidos anteriormente e que agora são
vendidos (juntamente com a produção do período atual).
4) No caso do· volume de vendas ser constante, porém com
variações na produção, o método do custeio direto,
apresenta lucros constantes, devido ao fato de os
volumes de produção não afetarem o lucro. Isso se dá
pelo fato das vendas, custos fixos e custos variáveis
serem constantes, sendo conseqüentemente o lucro (que é
o resultado da subtração dos custos fixos e variáveis
das vendas) também constante.
Sob as mesmas circunstâncias, o custeio por absorção
apresenta um lucro flutuante, que é afetado pelo volume
de produção. Quando a produção for maior que as vendas,
o custeio por absorção apresentará um lucro maior que o
custeio direto, e, quando a produção for menor que as
vendas, esse lucro será menor.
5) Quando o volume de produção é constante, o lucro será
diretamente proporcional ao volume de vendas, no
sistema de custeio por absorção. Isso se deve ao fato
129
de os custos fixos por unidade serem fixos. Sendo
assim, a margem de contribuição será percentualmentP.
fixa, porém nominalmente irá variar de acordo com o
volume de vendas.
Exemplificando:
i..J!.QJ: .... .Y!LÍJ,lli-º..~. _x__
Preço de VPr"1da (PV) 30 100,0
Custos vliriáveis (CV) 10 33,3
Custos fixos (CF) 10 33,3
Margem de contribuição (MC) 10 33,4
Para uma venda de 1000 unidades, a margem de
contribuição será de 33,4%, porém o lucro será de
$10.000. Para uma venda de 200 unidades, a margem
também será de 33,4%, porém o lucro será $20.000.
Já no custeio direto, o lucro será igual ao custeio por
absorção, se o volume de vendas for igual ao volume de
produção. O lucro também depende do volume das vendas,
mas a margem só é fixa em relação aos custos variáveis.
Exemplificando:
Preço de venda (PV)
Custos variáveis (CV)
.~ PQ.L_IJJ:!.!.d!!d.~
30
10
Margem de contribuição (MC) 20
---~-···
100,0
33,3
66,7
Após esta margem é que serão deduzidos os custos fixos
pelo seu montante incorrido no período.
130
Então, para urna venda de 1000 unidades, o lucro será de
$10.000 (igual' ao custeio por absorção), e, para urna
venda de 2000 unidades, o lucro será de $30.000 (maior
que no custeio por absorção), porque só foram
apropriados para resultado os custos fixos do período
($10.000), enquanto que no custeio por absorção foram
apropriados os custos fixos dos exercícios passados,
que estavam agregados aos estoques (produzidos
anteriormente). Utilizamos para a construção desse
exemplo o pressuposto de que o volume de produção é de
1000 unidades, custos fixos totais de $10.000 e
conseqüentemente custos fixos unitários de $10.
6) A divergência entre lucros computados periodicamente
pelos métodos de custeio direto e absorção tende a ser
menor para longos períodos que para curtos períodos,
porque diferenças entre produção e vendas tendem a uma
abordagem equalizada no longo período. Então, a
diferença entre lucros anuais computados pelos dois
métodos é usualmente menor que lucros mensais. Com um
período de vários anos, os métodos devem apresentar
substancialmente o mesmo resultado, porque vendas não
podem continuar a exceder produção, nem pode a produção
continuamente exceder vendas.
131
A idéia do custo agregado parece-nos bem razóavel,
conforme já dissemos anteriormente. Porém, não achamos justo
que os custos fixos que foram consumidos, mas não foram
util~dos para a produção de nenhum artigo, sejam agregados
ao cus5o dos produtos que não necessitaram, em nada, dessa
carga de custos.
~so ocorre sempre que uma empresa divide a totalidade
dos custos fixos pela quantidade de itens produzidos.
Para que possamos apurar o custo justo, que não dependa
dos niveis de produção, devemos primeiro estabelecer a
capacidade produtiva da planta instalada.
Segundo Dearden< 78 >, uma das maiores controvérsias na
atual teoria de contabilidade de custos relaciona-se com o
custeio pela capacidade de produção. A maior parte da
confusão deriva da definição de ''capacidade de produção",
A expressão "capacidade de produção" deve sempre ser
sucedida por um adjetivo que descreva a espécie de
capacidade que se quer mencionar, porque existem pelo menos
duas espécies de capacidade comumente usadas: teórica e
prática. Até mesmo quando modificada pelo adjetivo
apropriado, é imperioso reconhecer que existem muitas
maneiras de calcular o que se supõe ser a mesma espécie de
capacidade. Não somente existem problemas sérios na
(78) John Dearden, "Análise de Custos e Orçamentos nas
Empresas'', op. cit.
132
definição das capacidades, mas em qualquer situação de
produção complicada mui tas hipóteses têm de ser feitas as
quais afetarão os dados finais. Dois homens, igualmente
competentes, estimarão dois dados diferentes de capacidade
de produção para um mesmo equipamento, até mesmo quando eles
concordarem no tipo de capacidade que estão calculando e na
definição dessa capacidade de produção.
Basicamente, são definidas a capacidade de produção
teórica e a prática. Abaixo descrevemos as suas
características:
1) A capacidade de produção teórica é definida como a
máxima produção de uma fábrica ou unidade de produção.
Normalmente, não há descontos para o tempo requerido
pela manutenção ou qualquer perda na produção causada
por fatores tais como programação ineficiente ou
desempenho da mão-de-obra fora do padrão. David H.
Li<79l diz que, na capacidade teórica, as máquinas ou
os departamentos operam continuamente com a extrema
eficiência, sem se levar em conta demoras, retardes ou
paradas para reparos e manutenção ou fins de semana ou
feriados. Devido a essas condições, essa medida é
aplicável apenas às indústrias que operam dia e noite.
Ela é às vezes conhecida como a capacidade ideal ou
máxima, porque o volume medido desta forma raramente é
atingido e nunca ultrapassado.
(79) David H. Li, "Contabilidade de Custos", op. cit.
133
Existem, no entanto, duas hipóteses importantes que
podem afetar o volume significativamente: uma é o
número de turnos por semana e a outra são as hipóteses
a respeito da composição da linha de produtos. Uma
operação de três turnos em uma semana de sete dias
resultará em mais de quatro vezes a capacidade de uma
operação de um turno em uma semana de cinco dias.
Também a composição dos produtos afetará a utilização
das máquinas. Uma composição ideal pode tornar possivel
manter todas as máquinas operando a uma capacidade fixa
todo o tempo.
Em operações de fabricação não complexas, deve ser
normal que a capacidade teórica total da fábrica seja
igual à soma das capacidades afixadas de todo o
equipamento da fábrica.
Quando a capacidade teórica é discutida, por
conseguinte, o conceito deve ser definido precisamente.
Para os objetivos desse trabalho, a capacidade teórica
significará o máximo que uma fábrica pode produzir
durante uma semana de trabalho padrão, tomando-se por
hipótese uma composição "normal" dos produtos, mas sem
descontar as perdas devidas a maneiras ineficientes de
efetuar a produção, ou tempo perdido para reparos. Em
outras palavras, seria o volume de produção se tudo
corresse normalmente.
134
Uma escola de pensamento recomenda o uso da capacidade
teórica para calcular os custos unitários. As
principais razões dadas para tal, são:
a) Jl: um volume constante e eliminará as oscilações
dos custos unitários que têm como causa as
oscilações dos volumes. (Isso, .geralmente, será
verdadeiro. Se a capacidade é aumentada,
significa, em geral, que ocorreu um acréscimo de
equipamentos, por conseguinte havendo um aumento
nos custos fixos. Tendo em vista que o numerador e
o denominador crescerão, a taxa de custos
indiretos tenderá a continuar constante.)
b) Outros métodos de custeio incluem o custo da
capacidade ociosa nos custos unitários. O custeio
c)
na capacidade teórica elimina o custo da
capacidade ociosa e, então, avalia os inventários
em uma base conservadora. (Um argumento semelhante
consiste em que a capacidade ociosa é uma ''perda",
e não um "custo 11, e não deve ser incluída no
inventário.)
o custo da capacidade ociosa é claramente
identificado nas despesas subabsorvidas.
A principal desvantagem do uso da capacidade teórica
consiste em que os custos unitários resultantes não
podem ser usados para decisões sobre
adicionar alguma coisa referente
as receitas,
aos custos
sem
da
capacidade ociosa, que são parte integrante de uma
135
empresa. Os custos calculados pela capacidade teórica
são inatingíveis e não podem ser usados pela
administração para determinar a adequabilidade de uma
estrutura de preços, a lucratividade dos vários
produtos ou a necessidade de expandir ou retrair
qualquer uma das linhas de produtos.
A decisão sobre o uso da capacidade teórica como uma
base para o cálculo dos custos unitários depende da
informação que a administração necessite. Se isolarmos
todos os custos que resultam das operações e, a menos
que a capacidade teórica forneça as informações que a
administração verifique serem mais úteis, então esta
deverá ser usada (admitindo-se que a administração
precisa dos custos unitários como uma base para
decisões sobre preços e produtos, o uso da capacidade
teórica, normalmente, não será justificado).
2) A capacidade prática também é definida de várias
maneiras. Na maioria dos casos, na capacidade prática,
existe o desconto do tempo necessário para reparos e
para restrições normais na capacidade utilizável, tais
como inspeção das linhas de produção e programação. Em
outras palavras, ela representa a produção possível que
uma fábrica pode obter se não houver escassez de ordens
de produção e se ela estiver operando a um grau de
eficiência normal. (Note-se que existem mui tas áreas
onde o julgamento individual pode afetar os dados). Uma
modificação freqüente dessa definição permite uma
136
margem de capacidade para enfrentar as altas sazonais e
o crescimento normal. Isso significa que:
a. ~ necessário manter alguma capacidade ociosa para
enfrentar as altas sazonais; e
b. Alguma capacidade ociosa é normalmente esperada,
quando um equipamento é instalado para enfrentar o
aumento subseqüente do volume de vendas.
Embora ambas as capacidades, teórica e prática, sejam
usadas na descrição do ''custeio pela capacidade'', existe uma
grande diferença entre esses dois conceitos. Na capacidade
teórica, os custos unitários não consideram a capacidade
ociosa, e devem ser ajustados antes que esses dados de custo
possam ser usados pela administração para a tomada de
decisões nas áreas de preços ou produtos. Por outro lado, os
custos unitários calculados pela capacidade prática excluem
dos custos unitários somente os custos da capacidade ociosa
anormal. (A capacidade ociosa anormal é aquela resultante de
um volume de vendas insuficiente ou desempenho de produção
ineficiente. Isso diferirá, de alguma maneira, dependendo do
modo como é definida a capacidade prática. O objetivo em
todos os casos, no entanto, é levar em conta o tempo ocioso
no cálculo dos custos unitários). De maneira geral, os
custos unitários, calculados na base da capacidade prática,
são mui to mais
sobre preços
úteis para a
e produtos.
administração tomar decisões
Eles representam, mais
aproximadamente, os custos que o consumidor deverá pagar.
137
Se alguma capacidade ociosa é necessária (e na maioria
das vezes o é), como parte de um plano eficiente de produção
e comercialização, é de se esperar que o custo dessa
capacidade ociosa seja transferido para o consumidor. Também
os custos unitários baseados na capacidade prática são muito
mais realísticos para levar avante os objetivos de
planejamento que os custos baseados na capacidade teórica.
Estes últimos são custos que não podem ser obtidos
porque a capacidade teórica não pode ser alcançada.
Até na área das taxas não absorvidas, a administração
receberá normalmente informações mais úteis usando a
capacidade prática.
Devido ao fato de que existirá sempre uma taxa
subabsorvida usando a capacidade teórica, a administração
não poderá usar essas informações (derivadas da capacidade
teórica) para decidir quando existe um problema. É
necessário saber quais dos custos indiretos subabsorvidos
estão ao nível da capacidade prática. Quando a taxa
subabsorvida exceder esse montante, a administração saberá
que existe um problema.
Na maioria das empresas, entretanto, esse fato não é de
importância porque a administração não tem confiança,
normalmente, nos montantes das taxas sobreabsorvidas ou
subabsorvidas como uma fonte de informação sobre os volumes
de produção.
Não pode haver uma afirmativa categórica de que a
capacidade prática é melhor do que a capacidade teórica para
138
calcular custos unitários. Cada método resultará no
fornecimento de informações diferentes; o método correto é
aquele que fornecer as informações mais significativas à
administração. Entre os dois métodos, a capacidade prática
será o método mais útil na maioria das empresas. Quando se
usar a capacidade teórica, no entanto, as caracteristicas de
um caso particular deverão ser analisadas para se ter
segurança de que o método é justificável em termos de
fornecer informações mais úteis à administração.
Existem outros autores que classificam as capacidades
produtivas< e o> , mas não iremos nos estender neste tópico
mais do que o relatado até aqui.
(80) Veja, por exemplo: George R. MacGrail & Daniel R.
Furlong, "Absorption Break-Even", Management
Accounting, outubro, 1973.
- David H. Li, ''Contabilidade de Custos", op. cit.
139
l.l.MA NOVA ABQB.l2AQ.E.M
A escolha da medição da capacidade de produção, como já
dissemos anteriormente, dependerá mui to da necessidade de
informação por parte da administração. Para o objetivo deste
trabalho, torna-se indiferente a capacidade de produção
escolhida. O que é importante é que, após esta decisão,
teremos condições de normalizar o custo dos produtos.
Conforme Grinnell< • 1 l , a distinção entre custeio direto
e custeio por absorção é importante. Ele diz que pode ser
demonstrado que a solução ótima, em um dado caso, pode ser
diferente dependendo da definição de lucro. Tem sido
mostrado que lucro no sistema de custeio direto é somente
função de vendas de produtos, enquanto que o lucro no
sistema de custeio por absorção é função não somente de
vendas de produtos, mas também de produção. Se o custeio por
absorção for usado como uma base definitiva para a função de
lucro, então dois pressupostos devem ser assumidos para que
a função do lucro seja representada:
1) a unidade fixa dos custos de "overhead" deve ser
normalizada ou predeterminada; e
2) as variações no volume dos custos de "overhead"
acima do sistema de custo normalizado devem ser
tratadas como custo do período.
( 81) D. Jacque Grinnell, "Product Mix Decisions: Direct
Costing vs. Absorption Costing", Management Accounting,
agosto, 1976.
140
Em termos teóricos, onde o preço das matérias-primas,
os salários dos empregados, o custo das máquinas, energia,
etc. são iguais para todas as empresas, o custo normalizado
que citamos acima seria igual para todos.
Sempre que houvesse uma diminuição das quantidades
produzidas, os custos fixos que foram consumidos e que não
foram utilizados na produção de nenhum artigo seriam uma
perda, e seriam lançados ao resultado do periodo, não
devendo, portanto, serem agregados ao custo dos produtos que
não receberam efetivamente estes custos.
Se, excepcionalmente, o nivel de produção for superior
à capacidade de produção, isso acarretaria um ganho no
periodo. Obviamente, se isso ocorresse sucessivamente a
capacidade de produção deveria ser ajustada.
Para uma melhor compreensão de nosso raciocínio,
efetuareEos um exemplo numérico:
C~pacidade de produção para 1.000 itens
Custos fixos no valor de $10.000
Custo fixo unitário $10
Custo variável unitário $20
Custo unitário total $30
Conforme anotado acima, os custos fixos de uma empresa
são de $ 1 O. 000, e sua capacidade de produção é de 1000
unidades de um determinado produto.
Então o custo fixo unitário é de $10 por item e é fixo
independentemente das quantidades produzidas. Se o custo
141
variável é de $20 por unidade, então o custo total é de $30
por item.
Se forem produzidos 1.000 itens, então não haverá
perdas oriundas da ociosidade.
Se forem produzidos 500 itens, o custo por item
continuará sendo $30, sendo o custo fixo unitário no valor
de $10 e o custo variável unitário no valor de $20.
Nesse caso, haveria uma despesa (ou perda) de $5.000,
referente a $10 fixos de 500 unidades não produzidas.
Esquematizando, teríamos:
1.Para uma produção de 1.000 itens não haveria ociosidade.
Capacidade produtiva para 1.000 itens
Aproveitamento total
.Custo fixo total $ 10.000
.Custo fixo unitário $ 10
2. Para uma produção de 500 itens haveria uma ociosidade de
500 itens, cuja parcela unitária de custo fixo corresponde a
$10, o que totalizaria uma despesa, decorrente dessa
ociosidade, no valor de $5.000.
Ociosidade de 50%
Capacidade prod~ tiva para 100 itens Aproveitamento parcial
.Custo fixo total $10.000
.Custo fixo unitário $10
A despesa decorrente da ociosidade será sempre a
quantidade que deixou de ser produzida, multiplicada pelo
custo fixo unitário normalizado. Sendo assim, em nosso
142
exemplo, se a ociosidade fosse de 100 itens, então a despesa
seria de $1.000 (lOOx $1 O); se fosse de 200 i tens, então
seria de $2.000 (200 x $10), e assim sucessivamente.
No esquema, teríamos:
3. Para 900 itens produzidos no período,
Aproveitamento de 90%
Custo fixo total $10.000 Custo fixo unitário $10 Despesa com ociosidade $1 . 000 Ociosidade de 10%
4. Para 800 itens produzidos no período,
Aproveitamento de 80%
Custo fixo total $10.000 Custo fixo unitário $10 Despesa com ociosidade $2000 Ociosidade de 20%
Se fosse dividido o custo fixo pelas quantidades
produzidas, no caso da produção de 500 itens, seria apurado
um custo total de $40 por unidade, sendo o custo variável de
$20 por unidade, mais o custo fixo unitário, que seria de
$20 ($10.000 500 = $20) . Se isso ocorresse, a empresa
estaria embutindo no custo do produto uma despesa incorrida
no presente período, para apropriá-la no período em que
fosse efetuada a venda, distorcendo assim, completamente,
os resultados da operação e também a posição patrimonial,
onde o custo dos estoques estaria superavaliado.
No caso da produção de 900 itens, o custo 'total seria
de $31,11, sendo o custo variável de $20 e o custo fixo
143
144
unitário de $11,11 ($10.000: 900 = $11,11). Para uma
produção de 800 itens então o custo total seria de $32,50,
referente ao custo variável de $20,00 por unidade e mais a
parcela de $12,50, referente ao custo fixo unitário ($10.000
800 = $12,50).
Podemos perceber que, se forem divididos os custos
totais pelo volume produzido, a cada nivel de produção
apuraremos um custo total unitário diferente, conforme
abaixo:
$
Nivel de Custo fixo Custo fixo Custo variável Custo total produção total unitário unitário unitário
1000 10.000,00 10,00 20,00 30,00
900 10.000,00 11 '11 20,00 31,11
800 10.000,00 12,50 20,00 32,50
500 10.000,00 20,00 20,00 40,00
Não parece que essa forma de custeio por absorção seja
a mais justa, pois o custo das mercadorias produzidas oscila
em função do nível de produção. O custo de uma mercadoria
deve ser justo e agregar somente os custos necessários à
produção da mesma. Possíveis erros na dimensão de uma planta
ou oscilações nos níveis de produção não devem afetar o
custo, que, como já dissemos, deve ser justo.
Ainda dentro desse raciocínio, se uma empresa tem
despesas de ociosidade em todos os períodos (meses,
trimestre, anos, etc.), fatalmente terá uma capacidade maior
que sua necessidade de produção. O fato dessa empresa estar
superdimensionada não significa que o custo de seus produtos
deva ser maior do que os de um possível concorrente com uma
planta ajustada e que produza um artigo idêntico. Ou se
utiliza a capacidade ociosa produzindo para terceiros, ou
simplesmente deve se desfazer-se da mesma.
Exemplificando: se temos uma máquina a mais, em relação
à nossa necessidade produtiva, então devemos vendê-la, e não
agregar a sua depreciação aos custos do produtos.
Se a ociosidade for momentânea, então não iremos nos
desfazer de nossos ativos produtivos, mas deveremos lançar
para despesa do período os custos fixos que não foram
agregados à produção de nenhuma unidade produzida.
Essa linha de pensamento é partilhada por MacGrail &
Furlong<••J; eles dizem que, dependendo do método de custeio
adotado, porções variáveis dos custos fixos de produção são
tratadas como custos dos produtos. O sistema de custeio por
absorção extremo ou absoluto incluiria todos os custos nos
custos dos produtos. Quanto menor for a porção de custos
fixos lançadas ao custo dos produtos, a abordagem do sistema
de custeio por absorção aproxima-se do método do custeio
direto. O problema, contudo, é que custeio por absorção não
inclui regras para se determinar quais custos são aqueles
inerentes à produção de itens, e quais aqueles relativos ao
período. Para solucionar esse problema eles apresentam o
sistema de custeio por absorção geral, que utiliza a fixação
(82) George R. MacGrail & Daniel R. Furlong, "Absorption
Break-Even", op. cit.
145
da capacidade produtiva para determinar os níveis dos
sistemas de custeio por absorção.
De cada capacidade produtiva teórica deriva um grau de
custeio por absorção. As capacidades produtivas que eles
relatam são a prática, a média e a esperada, que foram
delineadas por A.W.Patrick.<••J
Para um melhor entendimento, iremos demonstrar a
fórmula estabelecida por eles para um período, na capacidade
média. Antes, porém, descreveremos a definição da
capacidade de atividade média. Todos os custos fixos de
produção deveriam ser carregados para o produto, mas sob um
longo período de tempo. Em um período simples, poderia haver
uma sub ou superabsorção de custos fixos lançados para
resultado. A teoria de que a carga de custos lançada para o
produto deveria variar com mudanças nos níveis de produção é
abandonada.
A fórmula que nos leva ao ponto de equilíbrio é dada
abaixo:
FA = SU [s- (Fm + vm + VA)] - [ Fm- (Pu). N
onde:
CE .. I!l) l N
FA = Total dos custos fixos de vendas e administrativos
SU = Vendas em unidades
s = Preço de venda unitário
Fm = Total dos custos fixos de produção
(83) A.W. Patrick, "Direct Versus Absorption Costing", The
Controller, abril, 1961.
146
N = Média ou produção normal em unidades
Vm = Custos de fabricação variáveis por unidade
Va = Custos administrativos e de vendas variáveis por
unidade
Pu = Produção em unidade
Pode ser observado facilmente, que a última parcela da
equação é que destaca os custos da ociosidade. Quando o
nível de produção do período (Pu) é igual à média ou
produção normal em unidade (N), não haverá ociosidade, como
podemos observar abaixo:
rm - ( Pu ) . ( ~m) J onde Pu = N
então
(Pu). (~m] = Fm - Fm = O
Quando houver variações, em que o nível de produção no
per iodo (Pu) for menor que a média ou produção normal em
unidade (N), (Pu < N), haverá perdas com a ociosidade, que
será tanto maior quanto menor a produção (Pu). Isso porque a
parcela ([m), que é exatamente o custo de produção unitáN
rio normalizado, quando multiplicada pelo nivel de produção
(Pu), resultará na parcela dos custos de produção total que
será agregada às unidades produzidas. Quanto menor for o
nivel de produção (Pu), menor serão os custos de produção
total a serem agregados às unidades produzidas, os quais,
147
deduzidos dos custos de produção total (Fm), resultarão no
custo de ociosidade.
Nos exemplos utilizados neste capítulo, aplicados à
fórmula, teríamos:
un. $ un.
Niveis de Custos fixos Produção Produção (Pu) totais (Fm) normal
1.000 10.000,00 1.000 900 10.000,00 1.000 800 10.000,00 1.000 500 10.000,00 1.000
conforme cálculos abaixo:
produção (Pu) = 1.000 unidades
$ 1o.ooo - ( t.ooo>. (U.Q..._Q_o...Q.> = o 1.000
produção (Pu) = 900 unidades
$ 10.00 - (900) • (+J..Q.OOO) = $1.000 1.000
produção (Pu) = 800 unidades
$10.000- (800) • ($1Q_._QOQ) = $2.000 1.000
produção (Pu) = 500 unidades
$ 10.000 - (500). ($10_,_Q!)_Q) = $5.000 1.000
( N)
$
Custos de ociosidade
o 1.000,00 2.000,00 5.000,00
A equação completa leva-nos à fórmula do ponto de
equilíbrio, ou seja, a que volume de vendas temos condições
de cobrir os custos totais, de forma a atingirmos o
equilíbrio de resultado.
MacGrail & Furlong apresentam um gráfico onde é
possivel ser distinguir os seguintes pontos:
148
149
AB = ponto de equilíbrio no custeio por absorção.
DB = ponto de equilibrio no custeio direto.
NA = ponto de equilíbrio no custeio por absorção sob
produção normal.
NB = ponto de equilibrio no custeio direto sob produção
normal.
Graficamente, teríamos: $
2
3
'" /:~ j._.:C.::..~~~~-+~---.,{__~~L--.,A---AB N
Pu
o ~------------------------------------------------> vendas em unidades (SU)
onde:
linha 1 representa:
(Su) (s) ou receita total
linha 2 representa:
(Su) (s-Fm) ou receita total menos custos fixos N
linha 3 representa:
(Su) [ s- (Fm + vm) ou lucro bruto N
linha 4 representa:
( Su) [ s ,- (Em, + vm + va)] ou lucro/perda após variação N
linha 5 representa:
(Su) [ s - ( Fm + vm+ va) ] - [ Fm - (Pu) . (.Em) ] N N
ou linha do lucro ou perda
Ressaltamos que a equação acima foi desenvolvida para
um período e estoque inicial igual a zero.
Eles concluem que o gráfico apresenta uma forma de
visualização simples e entendimento fácil da sensibilidade
que o lucro liquido tem em relação a mudanças nos custos,
preços de venda, volume de vendas ou produção. O ponto de
equilíbrio, quando visualizado dentro de possibilidades de
mudança, torna-se uma área de ponto de equilíbrio, e assim
ganha uma grande relevância.
Esta monografia não tem a pretensão de esgotar o
assunto dentro da matéria de contabilidade de custos. O
objetivo claro foi o de discorrer sobre custos com a
150
final idade de levantar pontos para discussão sobre áreas
polêmicas.
A abordagem aqui apresentada tem limitações, o que não
permite o esgotamento do tema. A definição da capacidade de
produção não é uma coisa simples de se determinar. Mesmo os
aspectos de rateio de custos fixos não são solucionados
dentro dessa abordagem.
Acreditamos que outros trabalhos acadêmicos poderiam
ser realizados abordando estas áreas dentro da contabilidade
de custos.
Para efeito dessa monografia, o que destacamos é que
alguns autores, preocupados com a evolução nos mecanismos de
apuração de custos, lucros, posição patrimonial, etc.,
apresentam seus trabalhos incluindo sempre inovações, que
têm o objetivo do aprimoramento das técnicas existentes.
t graças a este espirito de inovação que as ciências
evoluem.
ll: o caso da totalidade dos artigos e boa parte dos
livros que formam a bibliografia deste trabalho acadêmico.
151
PARTE V
Ç_Q_N_ÇL_ USA o ____ ------ _ -----·----.. ·----
o surgimento e desenvolvimento histórico da
contabilidade ocorreu conforme as necessidades, tendo ·havido
mudanças e um aprimoramento gradual em seus conceitos e
técnicas. O enfoque da contabilidade financeira prevaleceu
até o surgimento das indústrias.
Até então, a contabilidade estava estruturada para
atender às necessidades de empresas comerciais. A partir do
surgimento das necessidades apresentadas pelas empresas
industriais, durante a revolução industrial, é que foi
desenvolvida a contabilidade de custos.
O desenvolvimento nas instituições e em seu ambiente
causava rápidas mudanças, e dentro desse contexto a
contabilidade de custos ocupou importante espaço dentro do
campo gerencial, nesse sentido estendendo-se a outras
atividades que não a industrial.
Com o acirramento da concorrência, os negócios
tornaram-se mais complexos, fazendo com que a administração
dependesse cada vez mais da compilação sistemática de dados
para ·se manter informada, sendo assim auxiliada no
planejamento, controle e tomada de decisões. ~ através de
uma estrutura formal de comunicação que são obtidas
informações relevantes que auxiliam os gerentes a atingir os
objetivos predeterminados pela organização.
É sabido que os sistemas de contabilidade gerencial
hoje existentes foram desenvolvidos há mais de sessenta
anos, o que, segundo Johnson & Kaplan(••>, torna-os
obsoletos.
A medida que os mecanismos de controle industrial e
avaliação de performance foram surgindo, estes foram sendo
úteis nas épocas em que eram implementados. Os mecanismos
que são utilizados na prática e ensinados nas escolas
necessitam de um ajustamento à realidade contemporânea. Esta
realidade inclui uma extraordinãria expansão da informação
tecnológica, uma maior competição global, uma redução no
ciclo de vida dos produtos e inovações na organização e
tecnologia de operações, pois tudo isso tem contribuído para
novas demandas e novas oportunidades para os sistemas de
contabilidade gerencial corporativa. Contudo, a despeito do
enorme crescimento
informação, muitas
na capacidade de processamento de
organizações ainda utilizam um simples
sistema. para produzir seus relatórios financeiros e
contãbeis gerenciais. Mesmo com o sistema de contabilidade
gerencial, o valor dado a sistemas especializados no
processo de controle no curto prazo, para medida de
performance periódica e custeio dos produtos,
apresentado muita evolução.
não tem
( 84) H. Thomas Johnson & Robert S. Kaplan, "Relevance Lost.
The Rise and Fall of Management Accounting", op. cit.
153
Com a preocupação do aprimoramento das técnicas de
custeio hoje existentes é que este trabalho foi idealizado e
desenvolvido. Procuramos ordenar de forma gradativa e lógica
as informações
selecionada, de
pesquisadas na
forma a permitir
ampla bibliografia
ao leitor o máximo
aproveitamento possível, quando em contato com esta obra.
Finalmente, lembramos que as tendências contemporâneas
na competição, na tecnologia e em gerenciamento demandam
maiores mudanças nas formas de avaliação organizacional,
gerenciamento de custos e avaliação de performance de curto
e longo prazo.
Falhas nas modificações das ferramentas de suporte
gerencial irão inibir a habilidade das firmas de serem um
efetivo e eficiente competidor global.
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FGV/EAESP.
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