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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE: CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE SUPLEMENTAÇÃO DE SAIS MINERAIS PARA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE A PASTO GUARAPUAVA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE: CURSO DE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE

SUPLEMENTAÇÃO DE SAIS MINERAIS PARA PRODUÇÃO DE BOV INOS DE CORTE A PASTO

GUARAPUAVA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE: CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE

SUPLEMENTAÇÃO DE SAIS MINERAIS PARA PRODUÇÃO DE BOV INOS DE CORTE A PASTO

Trabalho de conclusão de Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Produção de Bovino de corte da Faculdade de Ciências

Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientador: Prof. D. Sc. Mikael Neumann

GUARAPUAVA 2010

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Tema: Suplementação de sais minerais para produção de bovinos de corte a pasto Instituição Executora: Universidade Tuiuti do Paraná Órgão Executor: Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Estensão –PROPPE

Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Produção Bovina de Corte

Duração: 18 meses Município: Guarapuava Equipe: Aluno Elton Jhones Granemann Furtado Orientador: Prof. D. Sc. Mikael Neumann

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 05

2. REVISÃO DA LITERATURA...................................................................... 07

2.1 Mineralização de bovinos de corte a pasto 07 2.1.1 Introdução 07 2.1.2 Suplementação alimentar 07 2.1.3 As misturas minerais 08 2.1.4 Consumo de alimento 08 2.1.5 Fontes de elementos minerais 09 2.1.6 Biodisponibilidade 09 2.1.7 Contaminantes 10 2.1.8 A questão do Flúor 10 2.1.9 Potencial das pastagens e a utilização de sal proteínado 11 2.1.10 Exemplo de avaliação de um suplemento mineral comercial 14 2.1.11 Fisiologia da absorção e secreção de uréia 19 2.1.12 Ureáse 20 2.1.13 Exigências minerais de bovinos de corte 21 2.1.14 Essencialidade dos minerais 22 2.1.15 Fontes de minerais 23 2.1.16 Fisiologia dos bovinos na utilização dos minerais 25 2.1.17 Função dos minerais 27 2.1.18 Importância dos minerais para a microflora do rúmen 30 2.1.19 Interação entre elementos minerais 31 2.1.20 Deficiências minerais 32 2.1.21 Microelementos minerais considerados novos na nutrição de bovinos 40

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 41

4. CONCLUSÃO................................................................................................ 42

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 44

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil segundo o IBGE (2007), possuiu um rebanho bovino de

aproximadamente 205,9 milhões de cabeças em 2006 e em 2003 obteve uma leve

redução do valor efetivo relativamente ao ano anterior, corresponde a uma redução de

0,6% no rebanho, mas comparando-se os abates de bovinos foi relatado que houve alta

na taxa de abate dos animais em comparação ao ano anterior.

As previsões de médio e longo prazo para o mercado mundial de carne bovina

são muito favoráveis para o Brasil e vale a pena analisá-las agora, nesse momento em

que houve diferenças positivas na valorização da carne produzida começando a ter

efeitos na economia real. Os países desenvolvidos devem crescer muito pouco nos

próximos anos, abrindo oportunidade com melhorias ao nível de crescimento ao Brasil.

O crescimento virá dos países emergentes. A demanda mundial por carnes no mundo

cresce graças ao aumento da população, aumento da renda per capita e urbanização (ou

seja, mais pessoas vivendo em cidades e menos no campo), logo pode-se esperar

crescimento de consumo em países emergentes.

O consumo de carnes tem a tendência de crescimento nos próximos anos. No

caso da carne bovina, a grande questão é a oferta que esta intimamente ligada a

produção. Condições para se manter produzindo o Brasil têm de sobra, já que vem

demonstrando sua capacidade a nível mundial pela grande representatividade na

produção, sendo atualmente o maior exportador de carnes do mundo e detentor do

segundo maior rebanho bovino do mundo.

Basta adequar-se as condições de mercado internacional em relação a qualidade

da carne, e adequar-se no ponto de vista sanitário, produtivo e nutricional a nível

nacional.

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As dificuldades podem ser resolvidas com novos métodos de passar a tecnologia

do centro de pesquisa diretamente ao produtor e a técnicos que atuam no campo,

facilitando assim a utilização de novas técnicas.

Necessitam-se também de incentivos econômicos a nível governamental, no

âmbito que a pecuária nacional obtenha melhores índices produtivos para atuar assim

numa maior parcela de lucratividade gerada ao país.

Objetiva-se com esse trabalho a desmistificação no uso de sais minerais na

nutrição de bovinos de corte, aumentando a produção de forma quantitativa e qualitativa

já que o valor de preço na arroba paga ao produtor está em nível de melhor

expressividade.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Mineralização de bovinos de corte a pasto

2.1.1 Introdução

As forrageiras tropicais, em conseqüência da estacionalidade da produção, não

fornecem quantidades suficientes de nutrientes para a produção máxima dos animais.

Desta forma, há necessidade de se buscar alternativas tecnológicas que possibilitem

eliminar ou reduzir os efeitos destas condições sobre a produção (Euclides 2000), já que

os animais em pastejo dependem principalmente de forrageiras para atender a seus

requisitos nutricionais (Nicodemo 2003).

Em relação ao potencial das pastagens a disponibilidade e a qualidade das

forrageiras são influenciadas pela espécie e pela cultivar, pelas propriedades químicas e

físicas do solo, pelas condições climáticas, pela idade fisiológica e pelo manejo a que a

forrageira é submetida (Euclides 2003).

2.1.2 Suplementação alimentar

A adubação e o manejo corretos das pastagens têm proporcionado sensíveis

melhorias nos índices de produtividade. Todavia, essas estratégias não são suficientes

para solucionar o problema de alimentação do gado, principalmente, no inverno que é

um período mais seco. Isto é mais verdadeiro para sistemas de produção que objetivam

produzir animais de qualidade o ano todo. Nesta situação é importante que se procure

atender às exigências dos animais complementando os nutrientes disponíveis no pasto.

Assim, no caso da suplementação alimentar em pasto, o que deve ser feito é

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complementar o valor nutritivo da forragem disponível de forma a se atingir o

desempenho desejado. Para se obter o valor nutritivo dos alimentos, podem ser

utilizadas tabelas de composição de alimentos ou estimá-lo por meio de análise

bromatológica e uso de equações apropriadas (NRC, 1996).

2.1.3 As misturas minerais

As misturas minerais propiciam a correção de desequilíbrios e deficiências de

elementos minerais na dieta. Para a formulação de misturas adequadas, é necessário

reconhecer os dados sobre deficiências e desequilíbrios minerais na região, as

exigências nutricionais da categoria suplementada, estimar a quantidade e qualidade do

alimento ingerido/dia e conhecer a composição das fontes de minerais e sua

disponibilidade biológica (Nicodemo, 2001).

2.1.4 Consumo de alimento

O consumo de Matéria Seca (MS) é uma informação difícil de ser obtida para

animais em pastejo. Muitos fatores podem afetar a ingestão de forragem, entre eles

tamanho corporal, produção de leite, condição corporal, qualidade e disponibilidade de

forragem, quantidade de forragem, quantidade e tipo de suplemento e fatores

ambientais. Estimativas do consumo médio das forrageiras podem ser obtidas com o uso

de equações baseadas nas relações existentes entre peso corporal, qualidade de forragem

e ingestão de MS, assim fornecendo informações sobre a taxa de consumo.

Quando os animais são suplementados a campo, pequenas quantidades de

suplemento (< 0,2 % do peso vivo) em geral podem ser somadas ao consumo de

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forrageira; o efeito de substituição pode ocorrer quando maior quantidade de

concentrado é fornecida (0,3 a 1,0 % do peso vivo). Neste caso, pode-se considerar que

para cada 250 g de MS suplementada, o animal deixe de comer 300 g de MS da

forragem (Herd, 1997).

Conhecer a composição mineral da água fornecida aos animais pode ser de

grande valor, considerando que em algumas situações, a água pode fornecer níveis

significativos de minerais, como ferro, sódio e cálcio (Nicodemo, 1988).

2.1.5 Fontes de elementos minerais

As principais fontes de elementos minerais e sua composição média são listados

na tabela 4. O valor biológico das diversas fontes minerais varia em função da

concentração do elemento de interesse, disponibilidade biológica, palatabilidade,

presença de elementos tóxicos ou contaminantes (Nicodemo, 2001).

2.1.6 Biodisponibilidade

O conteúdo total de um determinado elemento na fonte precisa ser qualificado

por um fator que indique a disponibilidade biológica. O elemento precisa passar pelos

processos de digestão, absorção e transporte até ficar disponível para exercer suas

funções. A biodisponibilidade pode ser considerada como uma medida da habilidade de

um determinado suplemento suportar os processos fisiológicos do animal (McGillivray,

1978).

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2.1.7 Contaminantes

Minerais presentes na rocha que deu origem ao fosfato podem aparecer como

contaminantes. O alumínio e o ferro, por exemplo, podem complexar o fósforo,

reduzindo sua disponibilidade biológica (Ammerman et al., 1957; Internacional

Minerals and Chemical Corporation – IMCC, 1982, citado por Nicodemo, 2001). As

rochas fosfáticas brasileiras apresentaram níveis baixos de flúor e metais pesados

(Ballio, 1986, citado por Lopes et al., 1997), as concentrações de chumbo foram 3,82

mg/kg e 2,55 mg/kg no fosfato bicálcico e superfosfato triplo (obtido a partir de fosfato

de Tapira), respectivamente. As concentrações de cádmio nos fosfatos testados ficaram

abaixo do limite de detecção (0,1 mg/kg). Bovinos recebendo misturas minerais

contendo 70 g de P/kg na forma de fosfato bicálcico ou superfosfato triplo durante cerca

de dois anos apresentaram níveis aceitáveis de arsênico, cádmio, mercúrio e chumbo na

carne, fígado e rins (Nicodemo, 2001).

2.1.8 A questão do Flúor

A legislação em vigor (Portaria MAA-SRD nº 06 de 4 de fevereiro de 2000)

proíbe a comercialização de misturas minerais com flúor acima de 2.000 ppm (mg/kg).

Os mais importantes minerais que contêm flúor são fluorita, fluorapatita e fosfato de

rocha segmentar. Flúor também está presente em menor quantidade em compostos de

cálcio, como a calcita e aragonita (NRC, 1974).

A concentração de flúor nos fosfatos alimentares depende em grande parte da

origem e do processamento (Nicodemo, 2001).

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2.1.9 Potencial das pastagens e a utilização de sal proteínado

Uma tendência natural dos sistemas de produção de carne nos trópicos seria

explorar ao máximo o potencial de cada forragem durante o período favorável de

crescimento, isto é, primavera/verão. Nessa época, além de maior produtividade, as

pastagens poderiam ser consideradas como dietas completas, desde que suplementadas

com água e mistura mineral. O potencial forrageiro de cada planta, associado com as

práticas de manejo utilizadas, vai resultar em diferentes desempenhos animais, e o uso

do suplemento poderia ser uma opção para adicionar, ao ganho animal cerca de 100 a

200 g/animal/dia considerando valores médios na produção (Thiago et al. 2003).

A disponibilidade e a qualidade das forrageiras são influenciadas pela espécie e

pela cultivar, pelas propriedades químicas e físicas do solo, pelas condições climáticas,

pela idade fisiológica e pelo manejo a que a forrageira é submetida (Thiago & Silva,

2003).

Segundo Houser (1976), as pastagens não conseguem suprir a necessidade de

minerais para manter a homeostasia fisiológica e a produtividade, sem a suplementação

de sal a cocho. Geralmente a deficiência será apresentada por todos os animais sendo a

necessidade de ingestão de sal comum para manter o equilíbrio bioquímico e

hidroeletrolítico do animal.

A suplementação não deve ser considerada uma maneira de mascarar o uso

inadequado de pastagens ou problemas de manejo, e sim de aumentar o consumo e

utilização de forragem disponível, corrigindo déficits e desequilíbrios porventura

existentes, nas várias fases (épocas) do ano, garantindo adequação nutricional da dieta.

(Paulino et al, 2002).

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Quando as forrageiras tropicais não são suficientes ou não contém nutrientes

essenciais em proporções adequadas de modo a atender às exigências dos

microorganismos do rúmen e dos animais, Euclides (2001), e Paulino (2001), sugerem a

suplementação de natureza múltipla, que consiste em formulações envolvendo a

associação de fontes de nitrogênio solúvel, proteína verdadeira, energia, macro e

microminerais, além de promotores de crescimento, vitaminas, entre outros.

O baixo valor alimentício das forrageiras tropicais está associado ao reduzido

conteúdo de proteína e minerais, ao alto conteúdo de fibra, à baixa digestibilidade e o

baixo consumo. (Houser et al., 1976).

A deficiência de sódio é generalizada a animais privados da ingestão de sais, e a

mistura mineral em geral busca atender a 100% dos requisitos nutricionais deste

elemento. Os animais apresentam apetite específico por sal comum, que é utilizado com

veículo para a ingestão outros minerais. Misturas contendo pelo menos 30% a 40% de

sal comum são bem consumidas (McDowell, 1985). Os requisitos de sal comum para

um bovino adulto estão ao redor de 27g/cabeça/dia, mas a ingestão voluntária com

freqüência excede as exigências mínimas. O sal comum não é um regulador preciso da

ingestão, e alguns animais toleram mais sal que outros. Podem ser necessários ajustes

para a obtenção do consumo apropriado da mistura, pela evaporação do teor de NaCl,

ou inclusão de palatabilizantes. Importante cuidar para não causar intoxicação por

excesso de sal comum, não passando de 9%, na ração, e manter disponibilidade de água

boa a disposição (Schunke, 2003).

O sal proteinado é um produto de baixo custo devido ao seu baixo consumo.

Mesmo porque não visa atender diretamente as demandas nutricionais protéicas do

bovino em pastejo, mas sim a deficiência de nitrogênio no ambiente ruminal. A

presença de nitrogênio no rúmen é fundamental para que o processo de síntese

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microbiana ocorra de forma contínua e eficiente. Isto significa maior digestibilidade,

aumento no consumo de matéria seca e melhor desempenho animal. No entanto, uma

porcentagem variável, mas de importância de aproximação ideal a 25% deste nitrogênio

deveria ser fornecido via proteína verdadeira. O uso do sal é benéfico em diferentes

épocas, podendo ser um aliado na produção no tempo em que a produção da pastagem

está no período vegetativo e quando as pastagens estão maduras e secas, mas formando

a configuração de agregar ganho ao animal ou somente ter a função de mantença,

respectivamente (Thiago et al. 2003).

De forma econômica poderia se utilizar a mineralização com sal protéico, com o

intuito de manter o peso ou até gerar ganhos moderados de até 200 g/animal/dia,

levando como variação o tipo de pastagem, e a categoria animal utilizada. O consumo

deveria ficar em aproximadamente 1 g/kg de peso vivo/animal/dia. Deve-se ajustar o

percentual de sal branco no suplemento para alcançar o consumo programado (Thiago

& Silva, 2003).

As relações entre os nutrientes precisam ser consideradas na determinação dos

níveis ótimos de minerais em uma dada situação (Underwood & Mertz, 1987).

No caso de macroelementos, é possível estimar a ingestão, por meio da dieta

ajustar quanto deve ser suplementado via mistura mineral. Em geral, a mistura mineral

deve conter, em média, pelo menos 6 a 8% de fósforo, correspondendo a uma ingestão

média diária de 3 a 4 gramas (g) de fósforo para o consumo de 50 g da mistura mineral

suplementar. O fósforo deve ser tratado como um promotor de crescimento. Para fêmeas

em reprodução deve-se fornecer fósforo o ano todo, considerando teores de 8 a 10% de

fósforo são insuficientes, podendo necessitar de 7 a 9 g P/dia (Underwood & Mertz,

1987).

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De maneira geral deve-se descobrir as maiores deficiências apresentadas pela

região, pelo tipo de exploração e pela espécie de pastagem utilizada para forrageamento

dos animais, aconselhando-se suplementar de 50% a 150% dos requisitos dos

macroelementos já conhecidos como deficientes na região. O requerimento mineral

depende muito do nível de produtividade animal. Os requisitos para ótima saúde são

talvez 25 a 50% maiores do que aqueles necessários para o crescimento normal, no caso

de alguns microelementos (Herd, 1997).

Segundo Houser (1976), a suplementação mineral se aproximaria das

necessidades reais com pelo menos 25 a 50% dos requisitos nutricionais, aonde não

houvesse informações precisas.

A legislação obriga a mistura mineral a conter uma concentração mínima de

micro e macroelementos para registro (Tabela 1) (Mota, 1998).

TABELA 2 - Concentração mínima de macro e microelementos na mistura mineral para bovinos de corte.

Elemento Unidade Quantidade/Kg de mistura final

Fósforo G 40 Magnésio G 5 Cobalto Mg 15 Cobre Mg 400 Iodo Mg 30 Manganês Mg 500 Selênio Mg 5 Zinco Mg 2.000

Fonte: Anexo à Portaria SDR Nº30, de 06 de junho de 1997.

2.1.10 Exemplo de avaliação de um suplemento mineral comercial

Para avaliarmos uma mistura mineral, além dos pontos referentes à

biodisponibilidade, qualidade, qualidade da fonte, e outros já citados, devem ser

consideradas, quais as necessidades de minerais da categoria em questão;

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Quantidade e qualidade do alimento/água consumidos;

Deficiências minerais esperadas na região;

Consumo estimado do suplemento mineral.

Para bovinos sob pastejo em pastagens tropicais, é comum o fósforo ser o

mineral mais deficiente sendo que também a forrageira contribui geralmente com um

aporte muito pequeno de sódio, cujas exigências serão integralmente suplementadas via

mistura mineral (Underwood & Mertz, 1987).

Para avaliar se a mistura está adequada o primeiro passo é o consumo do

suplemento. Como o sódio é o principal limitante/indutor de consumo, e dependendo da

categoria animal. Ex. Vacas de 450 Kg de peso, consumindo 2% Matéria Seca (MS) de

forragem, sendo a pastagem de capim Brachiaria brizantha na região do noroeste do

Paraná, implantada em solos de média fertilidade, período de estação verão.

Quanto de Cálcio e Fósforo devem ser suplementados diariamente;

Peso vivo adulto médio das vacas: 450 Kg

Consumo de MS: 2% do peso vivo = 9 Kg de MS/dia.

Concentração média (no verão) de Ca = 0,28% e P = 0,11% na MS da forragem:

Calculando a ingestão diária estimada de Ca e P por meio do consumo de

forragem:

100 Kg de MS = 0,28 Kg Ca

9 Kg de MS = 0,025 Kg Ca = 25, 2 g Ca

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100 Kg MS

9 Kg de MS = 0,0099 Kg P = 9, 9 g P

Requisitos nutricionais médios para Ca = 23g/dia e P = 15 g/dia (NRC, 1996).

A mistura mineral deve suplementar cerca de 5 g/dia estando fósforo em

concentrações adequadas na forragem.

TABELA 3 - Quantidades estimadas de Ca e P (g/dia) fornecida pela forrageira.

Discriminação Ca P Forragem 25,2 9,9 Requisitos 23 15 Diferença +2,2 -5,1

Considera-se possível as deficiências de Cu, Zn, Co, I, Se e Na nas condições propostas, e estes elementos deverão ser suplementados também. TABELA 4 - Nível de suplementação de nutrientes por meio da mistura mineral.

Elemento Nível suplementado

Cálculo Ingestão desejada do elemento/dia

Fósforo - - 5 g Sódio 0,1% (0,1 x 9) /100 9 g Cobalto 0,1 mg/Kg (0,1 x 9) 0,9 mg Cobre 10 mg/Kg (10 x 9) 90 mg Iodo 0,5 mg/Kg (0,5 x 9) 4,5 mg Selênio 0,1 mg/Kg (0,1 x 9) 0,9 mg Zinco 30 mg/Kg (30 x 9) 270 mg

Para calcular a quantidade do elemento que deve constar na dieta do animal,

considere que a vaca ingere 9 Kg de matéria seca/dia. Usando regra de três:

100 Kg de MS = 0,1 Kg de sódio

9 Kg de MS da dieta = A Kg de sódio

A = (9 x 0,1) / 1 = 0,9 mg de cobalto/dia

Considerando uma mistura mineral existente no mercado indicada como

suplemento mineral, como saber se a mistura é adequada. O primeiro passo é estimar o

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consumo do suplemento. Como o sódio é o principal limitante/indutor estima-se o

consumo dos demais pelo consumo de sódio.

Sendo a quantidade de sódio indicada na concentração descrita no pacote ou

indicação da constituição do sal ou da mistura que deve ser administrada:

Ex: 1000 g do produto = 141 g de sódio

X g do produto = 9 g de sódio

X = (1000 x 9) / 141 = 63,83 g do produto

Ao consumir 63,83 g do produto, o consumo dos elementos minerais poderá ser

comparado ao consumo desejado de cada elemento, já calculado anteriormente.

Uréia

A inclusão de uréia em rações de ruminantes é lucrativa desde que a produção

não seja diminuída e que a uréia seja utilizada para a síntese de proteína microbiana ou

para estimular a fermentação do rúmen (Peixoto & Moura, 1984).

Dentre os produtos mais comumente utilizados como fontes de nitrogênio não

protéico (NNP), a uréia merece lugar de destaque. A uréia é um composto orgânico

sólido, cristalizado por meio do sistema prismático e solúvel em água, álcool e benzina

(Rezende, 2005 e Gonçalves et al., 2004).

Classificada quimicamente é como amida, daí ser considerada um composto de

NNP (Rezende, 2005). A obtenção industrial da uréia é feita pela combinação da

amônia com gás carbônico, sob condições de elevada temperatura e pressão sendo um

produto químico que se apresenta na forma química NH2CONH2. A obtenção industrial

da uréia é feita pela combinação da amônia com gás carbônico, sob condições de

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elevada temperatura e pressão sendo um produto químico que se apresenta na forma

química NH2CONH2 (Gonçalves et al., 2004).

A amônia é o composto central para síntese de proteína microbiana no rúmen e

pode surgir no rúmen por meio da degradação proteolítica do alimento (e/ou da própria

proteína microbiana), ou ser proveniente da decomposição da uréia e outras fontes de

nitrogênio não protéico, sejam elas provenientes da dieta ou não. (Ørskov, 1992).

Para se calcular o percentual da proteína bruta ou total em determinado alimento,

multiplica-se o percentual de nitrogênio existente pelo fator 6,25. Chegou-se a esse fator

da seguinte maneira: sabe-se que as proteínas têm, em média, 16% de nitrogênio que,

divididos por 100 dá como resultado 6,25 (Vilela, 1985).

Todavia, o uso da uréia para ruminantes tem sido restringido pela conversão

ineficiente do nitrogênio da uréia em misturas alimentares (Stiles et al., 1970), além de

sua elevada solubilidade no rúmen, que a transforma rapidamente em amônia, sob a

ação da enzima uréase produzida pelos microorganismos ruminais (Daughrty & Church,

1982; Owens et al., 1980). Bloomfiel et al. (1960) estimaram que a taxa de degradação a

uréia em amônia é cerca de quatro vezes maior que a taxa de utilização de amônia pelos

microorganismos e Swingle & Araiza (1977) relataram que a uréia se transforma em

amônia numa velocidade maior que a transformação da lignocelulose em ácidos graxos

voláteis necessários para a síntese de proteína microbiana.

É evidente a necessidade de adaptação a dietas contendo uréia, pelo fato de que a

retenção de nitrogênio apresenta tendência de aumento após o início do fornecimento da

uréia e, ao fato de que a quantidade de uréia necessária para intoxicar o animal aumenta

significativamente com o tempo após o início do seu fornecimento (Teixeira, 1991).

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2.1.11 Fisiologia da absorção e secreção de uréia

Segundo Helmer & Bartley, (1971), grande quantidade de nitrogênio amoniacal

é absorvida pela parede do rúmen, sobrecarregando o fígado e aumentando a

concentração de amônia no sangue, o que pode levar a um quadro de intoxicação nos

animais, podendo ser agravado quando o consumo de uréia se dá em um curto espaço de

tempo (Helmer & Bartley, 1971). Essa amônia em excesso, ao atravessar o epitélio

ruminal e ser carreada via sistema circulatório até o fígado, podendo ou não ser perdida

via sistema urinário (Vilela, 1985), e no fígado é novamente convertida em uréia

(Mugerva & Conrad, 1971), em um processo conhecido com “ciclo da uréia”

(Lehninger et al., 1995), que resulta na manutenção baixa dos níveis séricos de amônia,

sendo essa uma forma fisiológica de desintoxicação.

À medida que a digestão ruminal progride, todo o alimento ingerido pelo animal,

juntamente com as bactérias e seus produtos, continuam a avançar pelo trato digestivo.

Quando a digesta alcança o abomaso, que possui grande acidez, e é considerado o

estômago verdadeiro do ruminante, as bactérias são destruídas e seu conteúdo é

liberado. No abomaso e no intestino delgado, todas as frações alimentares são digeridas.

A digestão da proteína bacteriana nada mais é do que sua quebra em aminoácidos, os

quais serão absorvidos no intestino e transformados em proteínas pelo próprio animal.

(Gonçalves et al., 2004)

Existe ainda a uréia endógena (produzida no metabolismo animal), que é

sintetizada no fígado do próprio animal. Nesse processo, a amônia proveniente da

degradação da proteína ou da uréia ingerida é absorvida pela parede do rúmen e chega

ao fígado pela veia porta. No fígado, essa amônia é convertida em uréia. Parte dessa

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uréia volta ao rúmen, parte vai para a saliva e parte é excretada pela urina (Gonçalves et

al., 2004).

Seja qual for a origem da uréia que alcança o rúmen dos animais, é inegável a

contribuição dessa na síntese de todos os aminoácidos, e é considerável seu valor na

sobrevivência de animais que se alimentam de rações deficientes em aminoácidos não-

essenciais ou em proteína (Correia, 1992).

2.1.12 Ureáse

A ureáse é uma enzima classificada como amidase. Ela é largamente encontrada

em plantas, principalmente em certas leguminosas, fermentos e bactérias. O líquido do

rúmen apresenta uma alta atividade ureolítica pelo fato de ser produzida por bactérias. O

líquido do rúmen apresenta uma intensa atividade ureolítica pelo fato de ser produzida

por bactérias. Quanto maior a temperatura do rúmen maior ( até 49 graus centígrados),

maior a atividade da urease. A atividade ureolítica é maior à temperatura de 39 graus

centígraso entre o pH de 7,0 a 9,0, tendo seu ótimo de ação em pH 8,5 e sendo que é

quase nula com pH abaixo de 3,0 e acima de 9,5. Este efeito pode ter um valor prático,

já que em rações com amido o pH negativo por causa da influência de íon sobre a

permeabilidade da membrana celular à passagem da uréia, pois a ureáse é uma enzima

que age intracelularmente. Cobalto, potássio, bário, reduzem a atividade e Cálcio,

magnésio e manganês, aumentaram (Vilela, 1985).

A absorção da amônia é provavelmente passiva na forma não ionizada NH3, isto

é, amônia na forma não ionizada passa através das membranas no sentido de uma

concentração fisiológica menor (gradiente fisiológico). Uma vez que a concentração de

amônia na circulação periférica é mantida a baixos níveis devido à conversão de amônia

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periférica, existe um gradiente permanente que permite a absorção da amônia em

excesso em relação à capacidade de utilização dos microorganismos (Peixoto et al.,

1984).

2.1.13 Exigências minerais de bovinos de corte

O grau de controle fisiológico varia de um elemento para outro, mas a ingestão

contínua de dietas deficientes, ou exposição contínua a ambientes que são a rigor

deficientes, desequilibrados ou expressivamente altos, em particular, de alguns

elementos, induz trocas nas formas de funcionamento, concentração e atividade nos

fluidos e tecidos do corpo. Dessa forma, eles caem abaixo ou vão acima dos limites

permitidos pela homeostasia orgânica. Nessas circunstâncias, são desenvolvidos

defeitos bioquímicos, as funções fisiológicas são afetadas e desordens estruturais podem

surgir com o passar do tempo, as quais diferem conforme os distintos elementos e suas

funções, com o grau de duração da dieta tóxica ou deficiente, com a idade, sexo e

espécie de animal envolvida (Underwood & Mertz, 1987).

Os requerimentos para o cobre são bem maiores se a pastagem tem teores

elevados de molibdênio e enxofre. Isso se deve ao efeito antagônico dos referidos

elementos no metabolismo do cobre. Outro aspecto importante para bovinos, é que os

requisitos para algumas funções orgânicas podem ser maiores do que para crescimento.

Similar situação ocorre com o cobre e o manganês para ovelhas no período reprodutivo

(Underwood, 1981).

Segundo Suttle & Jones (1989), a nutrição tem uma grande importância sobre a

função imune. As deficiências de cobre e zinco alteram várias funções do sistema

imunológico.

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Existem, portanto, indicações de que as exigências desses elementos na fase de

formação do sistema imunológico devem ser maiores do que as necessidades dos

mesmos considerando apenas crescimento (Spear, 1991).

2.1.14 Essencialidade dos minerais

Um elemento mineral pode ser considerado essencial quando sua ausência na

dieta ocasiona redução no desempenho e/ou saúde dos animais. Existe uma condição

ótima de concentração e forma funcional ideal para cada elemento no organismo, a fim

de manter sua integridade estrutural e funcional, de maneira que a saúde, crescimento e

reprodução se mantenham inalterados (Moraes 2001).

Sabe-se que pelo menos são 15 elementos minerais reconhecidos com essenciais

para vida dos animais superiores: cálcio, fósforo, magnésio, potássio, sódio, cloro,

enxofre, iodo, manganês, ferro, cobre, cobalto, molibdênio, selênio e flúor. Com o

avanço da produtividade da pecuária, as exigências minerais aumentaram, necessitando

assim uma adequação da nutrição para que os índices produtivos não recuem (Moraes

2003).

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2.1.15 Fontes de minerais Tabela 5 - Fontes de minerais.

Elemento Fonte Fórmula Elemento %

Forma Física

Biodisponi- bilidade

Carbonato de cálcio CaCO3 40 Pó branco Média

Calcário calcítico CaCO3 35 Pó

insolúvel Média

Calcário dolomítico CaCO3.MgCO3 22,3 Pó

insolúvel Média

Farinha de ostra CaCO3.Cax 38 Granulada Média

Fosfato monocálcico Ca(H2PO4)2.H2O 15,9 Cristais brancos

Alta

Fosfato bicálcico CaHPO4.2H2O 23,3 Cristais brancos

Alta

Fosfato tricálcico Ca3(PO4)2 38,6 Pó branco - Sulfato de cálcio diidratado

(gesso) CaSO4.H2O 22 Pó branco -

Farinha de ossos autoclavada

Ca(PO4)2.CaX 26 - Alta

Cálcio

Farinha de ossos calcinada Ca3(PO4)2.CaX 36 - Alta

Fosfato monocálcico Ca(H2PO4)2.H2O 24,6 Cristais brancos

Alta

Fosfato bicálcico CaHPO4)2.H2O 18 Cristais brancos

Média

Fosfato tricálcico Ca3(PO4)2 20 Pó branco Média Farinha de ossos

autoclavada Ca3(PO4)2.CaX 14,5 - Alta

Farinha de ossos calcinada Ca3(PO4)2.CaX 15,5 - Alta

Ácido fosfórico H3PO4 24 - Alta

Fósforo

Fosfato monoamônico (NH4)H2PO4 23,5 Pó branco Alta

Sódio Cloreto de sódio NaCl 37 Cristais brancos

Alto

Óxido de magnésio MgO 60,3 Pó branco Alta

Magnésio Carbonato de magnésio MgCO3 28,8

Cristais brancos

Alta

Potássio Cloreto de potássio KCl 50 Pó ou cristal branco

Alta

Flor de enxofre S0 96 Pó amarelo Baixa Enxofre

Sulfato de amônio (NH4)2SO4 24 - Média

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Sulfato de cálcio diidratado (gesso)

CaSO4.2H2O 18 Pó branco Baixa

Sulfato ferroso anidro FeSO4 36,7 46-

Pó solúvel Alta

Óxido de ferro FeO 60 Pó preto Indisponível Ferro

Carbonato de ferroso FeCO3.H2O 41,7 Pó solúvel Média

Sulfato de cobalto CoSO4.7H2O 24,8 Cristais

vermelhos a

Carbonato de cobalto CoCO3 49,5 Cristais

vermelhos Cobalto

Cloreto de cobalto CoCl2.6H2O 24,7 Cristais

vermelhos

a

a

Iodo

Iodato de potássio

Iodeto d potássio

Iodato de cálcio

KIO3

KI

Ca(IO3)2

59

76

62

Cristais brancos Cristais brancos Cristais brancos

Alta

Altab

Alta

Sulfato de manganês MnSO4.H2O 32,5 Cristais

avermelhados

Alta

Óxido de manganês MnO 77,4 Cristais verdes

Alta Manganês

Carbonato de manganês MnCO3 47,8 Pó

avermelhado

Média

Sulfato de cobre CuSO4.5H2O 25,5 Cristais azuis

Alta

Óxido de cobre CuO 80 Pó preto Baixa Cobre

Cloreto de cobre CuCl2.H2O 37,2 Cristais verdes

Alta

Sulfato de zinco ZnSO4.7H2O 22,7 Cristais brancos

Alta

Óxido de zinco ZnO 80,3 Pó branco Alta

Cloreto de zinco ZnCl2 48 Cristais Brancos

Média Zinco

Carbonato de zinco ZnCO3 52,1 Cristais brancos

Alta

Selênio Selenito de sódio Na2SeO3 45 Cristais brancos

Alta aEfetivo; bComposto instável

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Fontes: Souza (1981), McDowell (1985), Nicodemo (1988), NRC (1996).

2.1.16 Fisiologia dos bovinos na utilização dos minerais

Organismos superiores possuem mecanismos homeostáticos que podem manter

as concentrações dos minerais em seus locais ativos, dentro de estreito limite

fisiológico, apesar de altas e baixas disponibilidades na dieta. Tais mecanismos incluem

o controle da absorção e excreção intestinal, a disponibilidade de estoques específicos

para elementos individuais e o uso de carreadores químicos que se ligam a alguns

elementos sob formas inócuas ou em quantidades potencialmente tóxicas (Underwood,

1981).

O grau do controle homeostático varia de um elemento para outro, mas a

ingestão contínua de dietas deficiente, a exposição contínua a ambientes que são a rigor

deficientes, desequilibrados ou excessivamente altos, em particular, de alguns

elementos, induz trocas nas formas de funcionamento, concentração e atividade nos

fluídos e tecidos do corpo (Moraes, 2001).

Nessas circunstâncias, são desenvolvidas defeitos bioquímicos, as funções

fisiológicas são afetadas e desordens estruturais podem surgir, as quais diferem

conforme os distintos elementos e suas funções, com o grau de duração da dieta tóxica

ou deficiente, com a idade sexo e espécie do animal envolvida (Underwood & Mertz,

1987).

Dessa forma, tem sido proposta uma definição de quatro fases de um estado de

deficiência (Underwood & Mertz, 1987):

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I – Fase de depleção inicial é caracterizada pelas trocas, somente, no

metabolismo do próprio elemento em resposta a uma ingestão subótima; compensado

durante um período de tempo pelo suprimento inadequado. Nenhum distúrbio da outra

estrutura biológica ou das funções é detectável. Aumento da eficiência da absorção

intestinal e/ou a redução das perdas por excreção, desnaturação das proteínas

carreadoras específicas e diminuição gradual dos estoques corporais são as típicas

características, mas a concentração do elemento com seus locais específicos de ação não

é afetada. A fase de depleção inicial pode retroceder a um status normal com uma

crescente ingestão do elemento; e pode persistir por todo o tempo de vida se a oferta

permanecer marginal; ou pode levar à fase II com uma ingestão mais limitada.

II – Fase de “compensação metabólica”: é caracterizada pela diminuição de

certas funções bioquímicas específicas, tais como as atividades das enzimas

dependentes de elementos traços ou receptores afins.

Às vezes, durante o processo de depleção, pode ficar inadequado para manter a

concentração do elemento normal no local de ação, resultando na paralisação de

algumas funções bioquímicas específicas. Primeiro existe uma troca mensurável no

nível e no metabolismo dos substratos dessa função bioquímica, porque outros sistemas,

independentes do elemento deficiente, realizam essa compensação – é a fase de

compensação metabólica propriamente dita.

A “fase e compensação metabólica” representa a deficiência propriamente dita,

por causa da diminuição da função biológica. Sua conseqüência direta para a saúde é

insignificante, quando os vários sistemas compensatórios estarão em vigor. Se nenhuma

troca houver na dieta ou na exposição aos fatores que se interagem pode precipitar uma

deficiência severa.

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III – Fase de “descompensação metabólica” da deficiência: é caracterizado pelo

aparecimento de defeitos nas importantes funções para a saúde, tais como, metabólico,

imunológico, desenvolvimento cognitivo e emocional, a aqueles relativos à capacidade

de trabalho. Por definição, os sinais e sintomas não são clínicos e são detectados

somente por testes especializados. Em relação aos riscos à saúde, discutidos na fase II,

os desvios metabólicos (p.ex. metabolismo da glicose ou de lipídios) representam

fatores de riscos para as doenças clínicas, como diabete e doenças cardiovasculares.

IV – Fase clínica: é caracterizada pelo aparecimento da doença e, com o

crescente agravamento, da deficiência até a morte. Para muitos microelementos, a fase

clínica pode ser curada por meios nutricionais; alguns não respondem à terapia

nutricional sozinhos.

2.1.17 Função dos minerais

As principais funções dos minerais estão ligadas à composição estrutural física e

química do corpo, participação sob forma iônica dos fluídos e líquidos intra e

extracelular, como catalisadores enzimáticos e como constituintes hormonais. Existem

funções dos minerais, que não são de um elemento em particular, mas podem ser

desempenhadas por mais de um elemento ao mesmo tempo (Georgieviskii et al., 1982).

Os elementos que são componentes estruturais dos órgãos e tecidos corporais,

tais como cálcio, fósforo, magnésio e flúor nos osso e dentes, e o fósforo e enxofre nas

proteínas musculares. O osso contém cerca de 99% do total de cálcio, 80% do total de

fósforo, 70% do magnésio e 40% de microelementos do organismo do animal. O P faz

parte de uma gama de reações metabólicas produtoras de energia para o animal e para as

bactérias do rúmen, controle ácido-básico, sistema enzimático e da molécula de ácido

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nucléico e seus derivados. É importante na transmissão do código genético. Cerca de

1% do Ca encontra-se distribuído no tecido mole (contração e relaxamento muscular) e

na forma iônica, no plasma sangüíneo (coagulação do sangue, excitabilidade normal

neuromuscular, regulação das batidas cardíacas, manutenção da permeabilidade das

membranas das células de todos os tecidos moles e ativação de algumas enzimas)

(Salviano, 2006).

O magnésio está envolvido no metabolismo de carboidratos e lípides, como

também, é um fator essencial de muitas enzimas envolvidas na síntese do ATP. Os

elementos componentes dos fluídos e tecidos corporais, como eletrólitos na manutenção

da pressão osmótica, balanço ácido-básico, permeabilidade das membranas,

irritabilidade tissular. Assim, têm-se o sódio, potássio, cloro e magnésio presentes no

sangue, fluido cérebro espinhal e o suco gástrico. Os minerais estão presentes como sais

solúveis no meio intracelular, e demais fluídos do organismo animal, de forma parcial

ou total, dissociados em íons eletricamente carregados (cátions e ânions). Na análise do

plasma sangüíneo dos animais, a proporção dos íons é correspondente à composição

salina da água do mar (Anderson, 1987).

A catálise dos sistemas enzimáticos requer, freqüentemente, a presença não

somente a presença da enzima e do substrato, mas também de uma substância não

protéica denominada de cofator (vitaminas), que são as coenzimas, e íons metálicos. As

reações entre os íons metálicos e as enzimas formam um complexo organometálico

(metaloenzima e metaloproteína) fundamental no processo biológico. O efeito de cada

metal é específico. Podem existir, também, microelementos que atuam na manutenção

de certas macromoléculas não enzimáticas, como o silício (Si) no colágeno, Co na

Vitamina B12 (cianocobalamina) e cromo (Cr), ingrediente ativo do fator de tolerância

da glicose (GTF) (Anderson, 1987).

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Alguns elementos que têm efeito específico na ação de hormônios, como a

aldosterona (Na), hormônio da paratireóide (Ca), a calcitonina (Ca) e S sob a forma de

ponte dissulfídrica que interliga cadeias de aminoácidos e estabiliza a estrutura protéica,

estão contidos na maioria das moléculas de hormônios, principalmente a insulina,

prolactina, oxitocina, vasopressina. Quando as pontes de dissulfetos são rompidas, a

atividade hormonal é perdida. (Georgieviskii et al., 1982).

O iodo é um elemento único por ser parte estrutural, integrante e específica do

hormônio tironina da tireóide. O Cr vem despertando interesse na pecuária de corte em

função de sua ação ativa do GTF e a sua relação com a entrada da insulina na célula

para metabolizar a glicose produzida nos casos de estresse.

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2.1.18 Importância dos minerais para a microflora do rúmen

Dados de literatura têm indicado mecanismos de interação dos minerais com a

microflora simbiótica do trato gastrointestinal. Com relação aos ruminantes, observa-se

o seguinte:

Alguns elementos minerais são essenciais, tanto para o organismo animal,

quanto para a microflora ruminal. Entre os elementos incluem-se: K, essencial para o

crescimento de certas espécies de microorganismos ruminais; P, essencial para os

processos energéticos das células, tanto do animal, com da microflora; Mg, Fe, Zn, e

Mo, componentes ativadores de enzimas bacterianas. O elemento mineral Co é

essencial, principalmente para os microorganismos que produzem os metabólitos

requeridos pelo organismo animal. Por exemplo, certos grupos de bactérias que

produzem vitamina B12 (cianocobalamina) (Rosa, 1994).

O elemento é essencial ao organismo animal e à microflora, mas é assimilado

preferencialmente pelos microorganismos do rúmen, na forma que é fornecido. Um

exemplo é o S, requerido para a digestão da celulose, assimilação de N não-proteíco

síntese de vitaminas do grupo B. (Rosa, 2001).

Elementos minerais que são essenciais nos processos metabólicos no organismo

animal, mas também participam na criação de um meio ótimo para suporte dos

microorganismos. Tais elementos incluem K, Na, Cl, e P e, sendo o rúmen um sistema

biológico fechado, mantêm seu meio interno constante (ação tampão, pressão osmótica,

concentração relativa de íons) (Rosa, 1994).

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2.1.19 Interação entre elementos minerais

Os minerais podem interagir entre si, com outros nutrientes e com fatores não

nutritivos. Essas interações podem ser sinérgicas ou antagônicas, tomam lugar no

próprio alimento, no trato digestivo, nos tecidos e no metabolismo celular (Georgieviski

et al., 1982).

Segundo Rosa (2001), elementos sinergéticos são aqueles que aumentam

mutuamente a sua absorção no trato digestivo e cumprem a mesma função metabólica

no tecido ou na célula: A interação pode ser direta entre os elementos. O nível de

absorção é que determina suas proporções na dieta. Ex.: Ca/P; Na/Cl; Zn/Co.

As deficiências minerais constituem um dos principais fatores responsáveis

pelos baixos índices de produtividade dos ruminantes do Brasil, principalmente porque

essas deficiências provocam a diminuição da taxa de crescimento e ganho de peso,

baixa eficiência reprodutiva, e redução da produção de carne e leite (Tokarnia, et al.

1999).

O cálcio e o fósforo são os minerais mais estudados na nutrição de ruminantes

devido as inúmeras funções, suas presenças nos tecidos moles e principalmente nos

ossos e devidos aos seus metabolismos apresentaram mecanismos físicos e biológicos

semelhantes (Salviano, 2006).

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2.1.20 Deficiências minerais

Cálcio

Segundo Moraes, (2001), deficiência de cálcio em pastagens é rara nas regiões

tropicais. Alguns aspectos colaboram com este fato: As forrageiras encerram em seus

tecidos concentrações de cálcio superiores às de fósforo; os solos deficientes de cálcio

são geralmente menos comuns do que os deficientes de fósforo; os níveis de cálcio para

a as forrageiras não declinam com a maturidade e senescência da planta, o que acontece

com o fósforo. Outro aspecto importante é a presença de oxalato em algumas forrageiras

tropicais, que complexa o cálcio, tornando-o indisponível para utilização de alguns

animais, mas dificilmente poderia aplicar-se a bovinos, que têm uma capacidade muito

maior de utilizar o cálcio sobre a forma de oxalato. Assim, é muito difícil em se

estabelecer deficiência de cálcio nas áreas de pastagens brasileiras, a não ser em

algumas regiões ou condições atípicas.

Fósforo

A deficiência de fósforo é ampla e de maior importância econômica, envolvendo

bovinos sob condições de pastagens. Os sintomas da carência de fósforo podem

manifestar-se, no inicio, reduzindo o apetite, seguindo-se perda de peso, apatia geral,

redução da fertilidade, alterações ósseas (deformidade e fraturas) enrijecimento das

articulações (“andar duro”), claudicação, apetite depravado (pica, alitriofagia),

caracterizado por mastigar ou chupar materiais em geral estranhos à dieta. Sabe-se que a

relação cálcio:fósforo é importante e afeta a absorção de ambos, ma para bovinos de

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corte é muito menos crítica do que para a maioria dos outros animais. Algumas

pesquisas têm mostrado que bovinos de corte toleram a relação Ca:P até 7:1, sem efeitos

prejudiciais, desde que os níveis de fósforos estejam adequados (Moraes, 2001).

Sódio e cloro

Bovinos mantidos a pasto precisam ser suplementados com sódio, porque as

forrageiras em geral são pobres no elemento. As altas concentrações de potássio, que

muitas vezes ocorre nas forrageiras tropicais, podem agravar o problema de carência de

sódio por promover e excreção deste pela urina (Moraes, 2001).

O primeiro sinal da deficiência dietética de sódio é um apetite exagerado para o

sal, manifestando-se pelo hábito de roer, lamber ou chupar madeira, lamber ou ingerir

solos e lamber o suor de outros animais. A avidez pelo sal estabelece-se após poucas

semanas de uma dieta deficiente, pois não existe um órgão ou tecido de depósito no

organismo. Isto implica em que o cloreto de sódio deva ser suprido em uma base

constante aos animais em pastejo. O bicarbonato de sódio é tão efetivo na recuperação

do animal carente quanto ao cloreto de sódio, indicando que o elemento cloro, ele faz

parte do suco gástrico, formando o ácido clorídrico para a degradação das proteínas no

abomaso, além de ser mediador no balanço ácido/básico do sangue e tem função de

ativação das amilases (Perry, 1995).

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Potássio

Apesar de requerimentos dietéticos altos de potássio dos animais, a maioria dos

alimentos encerram este mineral em concentrações adequadas (Rosa, 2001).

A deficiência de potássio geralmente é difícil de acontecer e de ser avaliada em

bovinos sob pastejo. A degradação contínua das pastagens pode favorecer a redução na

disponibilidade deste elemento para os animais, possibilitando o aparecimento sinais da

deficiência, aparecendo limitações a produção. Teores de 3% na dieta de bovinos podem

interferir na utilização do magnésio. O aumento da concentração do magnésio na dieta

oferece proteção contra a toxicidade do potássio (Moraes, 2001).

Enxofre

Segundo Moraes, (2001) na deficiência de enxofre, a síntese da proteína

microbiana é reduzida e os animais apresentam aspecto distrófico. A falta de enxofre

permite o desenvolvimento de microorganismos no rúmen que não utilizam o lactato,

que acumula no rúmen, sangue e urina. É difícil diagnosticar uma deficiência de

enxofre. Ocorre perda de peso, debilidade muscular, lacrimejamento, tontura e morte. A

flora microbiana ruminal tem a capacidade de converter o enxofre inorgânico em

compostos orgânicos sulfurados, que são utilizados pelo animal ou pelos próprios

microorganismos no rúmen. Com o crescente aumento do uso de nitrogênio não-

protéico (NNP) para suplementar parte da proteína na dieta dos ruminantes aumentam

as probabilidades de ocorrência de carência de enxofre. Recomenda-se a suplementação

de uma parte de enxofre para cada dez a quinze partes de NNP utilizado em

complementação à proteína verdadeira da dieta dos bovinos.

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A suplementação de enxofre pode ser importante para ruminantes sob dieta de

volumoso de baixa qualidade, produzido em solos pobres de enxofre ou volumosos

fornecidos com alguma fonte de NNP. A concentração máxima tolerável de enxofre em

dieta de bovinos tem sido estimada em 0,40% e níveis excedentes a este podem resultar

em grave intoxicação (Teixeira, 1991).

Ferro

Setenta por cento do ferro no organismo do animal está sob forma de

hemoglobina e 30% encontra-se no fígado, baço e medula óssea. A hemoglobina é o

composto de eleição para diagnóstico da deficiência de ferro. Esta raramente ocorre no

gado bovino, exceto quando os animais apresentam alto grau de parasitismo ou

hemorragia.

Nos solos tropicais, a disponibilidade de ferro nas forrageira é suficiente e até

alta para atender à demanda dos bovinos. Em termos de pesquisa, é possível que o ferro

deva ser um motivo mais de preocupação em relação ao seu potencial tóxico que de

deficiência, para bovinos. O principal efeito deletério do excesso de ferro na dieta seria

a formação de complexo insolúvel com o fósforo no rúmen.

Manganês

O manganês é necessário para manter o funcionamento perfeito dos processos

reprodutivos tanto para os machos como das fêmeas. Ele é necessário, também, para a

manutenção da estrutura óssea normal e o funcionamento adequado do sistema nervoso

central. O fígado é o órgão de eleição para a estocagem do manganês. A deficiência de

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manganês é pouco provável em bovinos sob condições de pastagens, pois estas

encerram quantidades adequadas que suprem as exigências dos animais. Por outro lado,

pastos formados em áreas que eram originalmente florestas podem apresentar teores

deficientes de manganês. Os sintomas da deficiências desse elemento podem ser

expressos por anomalias no esqueleto de animais jovens e recém-nascidos, transtornos

na reprodução, retardamento do cio e conseqüente baixa taxa de concepção. A

disponibilidade do Mn é maior em solos cujo pH está abaixo de 6, como nas regiões de

Cerrados. Análise de pastagens nativas e cultivadas nesta região tem demonstrado

concentrações sempre acima do nível máximo de exigência de bovinos.

Cobre

Este elemento está diretamente ligado à formação da hemoglobina, maturação da

hemácia e no funcionamento do sistema enzimático. Participa da formação do tecido

ósseo e conjuntivo e do sistema imunológico. Ele é importante para a integridade do

sistema nervoso central e da musculatura cardíaca. O fígado também é o órgão de

estocagem deste microelemento. Os principais sintomas de sua deficiência são: 1)

anemia nutricional, resultante de uma prolongada deficiência de cobre; 2) Ataxia

enzoótica em bezerros recém-nascidos, caracterizada por perturbações da locomoção,

paralisia posterior e morte, causada pela má formação da bainha de mielina da medula

espinhal em decorrência da deficiência crônica de cobre das mães; 3) morte súbita,

caracterizada por e fibrose do miocárdio, os animais caem e morrem de súbito por

falência cardíaca aguda; 4) diarréia, uma ocorrência mais comumente associada com

deficiência direta ou induzida (toxidez de molibdênio e/ou enxofre); 5) perda da cor

natural dos pêlos, demonstrada em animais de pelagem escura; 6) declínio de fertilidade

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pela falta ou retardamento do cio; 7) deformidade e enfraquecimento dos ossos longos,

que fraturam com relativa facilidade. Carências de fósforo e cobre estão entre as mais

generalizadas em ruminante em pastejo. Em algumas regiões do Brasil, como as de

solos mais férteis, pode ocorrer a deficiência condicionada de cobre, devido a altas

concentrações de molibdênio e/ou enxofre no solo. O excesso de molibdênio na dieta

causa sinais clínicos similares e indistinguíveis da deficiência de cobre. Tanto o excesso

de molibdênio como o cobre deficiente podem ser corrigidos pela provisão adicional de

cobre aos animais. Nas áreas onde o molibdênio está presente em altas concentrações

nas pastagens, a melhor maneira de suplementar o cobre é pela aplicação de injeções

periódicas de compostos à base desse alimento, evitando complexação no trato

gastrointestinal.

Zinco

Segundo Moraes (2001) o zinco tem papel fundamental no metabolismo do

ácido nucléico e de proteínas, em conseqüência, nos processos fundamentais de

multiplicação celular. É um elemento estrutural ou ativador de uma série de enzimas.

Ele é necessário para a adequada formação e funcionamento do sistema imunológico na

primeira fase da vida do animal. Um parte do zinco da dieta é absorvida no abomaso e o

restante no duodeno, daí é metabolizado no fígado. O zinco, ao contrário dos demais

elementos, não é estocado em nenhum órgão. Ele se constituí “pool” móvel,

comandando pro uma proteína específica, que mobiliza-o para um tecido ou órgão de

maior demanda. É um elemento importante na estabilização dos déficits causado pelo

estresse. A deficiência de zinco de animais em pastejo dificilmente se manifesta de uma

forma clara, com a sintomatologia clínica bem definida. Deficiências subclínicas são

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comuns. Bezerros pertencem à categoria animal mais predisposta a esta deficiência. A

carência de zinco incide primeiro bloqueando a síntese de proteínas; em conseqüência

há redução de apetite, redução na imunocompetência (baixa resistência às infecções),

dificuldade de cicatrização das lesões cutâneas, paraqueratose e infertilidade, tanto de

machos como de fêmeas. A administração de doses orais ou de injeções de compostos à

base de zinco pode reduzir o estresse metabólico presente na desmama.

As deficiências de zinco alteram várias funções do sistema imunológico

(Existem, portanto, indicações de que as exigências desses elementos na fase de

formação do sistema imunológico, assim devem ser maiores do que as necessidades dos

mesmos considerando apenas crescimento (Suttle & Jones, 1989; Spear, 1991).

Iodo

É o único elemento exigido para uma só função primordial no organismo dos

mamíferos. Ele é necessário para a síntese do hormônio tiroxina pela glândula tireóide,

que regula o metabolismo energético em todas as fases da vida do animal, ou seja, da

produção de energia para a mantença (termoregulação, reprodução, crescimento,

circulação sangüínea, função muscular). Na falta de iodo, o hormônio não é sintetizado

e ocorrendo aumento da glândula tireóide (bócio). Alguns fatores que contribuem para a

deficiência do elemento incluem solos com baixos níveis de iodo e muito drenados,

distância do mar, variação da capacidade da planta em absorver iodo. Bovinos em

pastejo estão sujeitos a deficiência deste elemento. A maneira mais eficiente de prevenir

a deficiência de iodo é suplementá-lo em misturas minerais. O uso de iodeto de potássio

não estabilizado deve ser evitado porque o iodo se volatiliza com facilidade nas

condições tropicais. O iodato de potássio é mais estável (Moraes, 2001).

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Cobalto

O cobalto é requerido pelos microorganismo do rúmen para a síntese da

vitamina B12 (cianocobalamina), requerida para o funcionamento de vários sistemas

enzimáticos na utilização de energia (Moraes, 2003).

A deficiência de cobalto, pela sua gravidade e freqüência com que ocorre, é uma

das mais consideráveis para bovinos em condição de pastagem. Ela é características

pela diminuição do apetite, perda de peso, pêlos arrepiados, pele grossa, anemia e às

vezes a morte. Os sintomas são indistinguíveis dos da subnutrição protéica ou

energética e parecem indicar que o efeito da falta de cobalto pode ser sobre o apetite,

em vez de um efeito direto sobre o organismo animal. A deficiência do cobalto pode ser

prevenida ou tratada com adição de sais de cobalto à mistura mineral, do uso de

veículos albergando cobalto (que permanecem no rúmen-retículo liberando o elemento

de modo gradativo), ou de injeções de vitamina B12. O adequado suprimento de cobalto

aos bovinos deficientes produz rápida redução e desaparecimento dos sintomas, sendo

este talvez o sinal mais seguro para o correto diagnóstico da deficiência do elemento

(Moraes, 2001).

Selênio

O selênio é um elemento ativador de uma enzima estratégica na eliminação dos

radicais livres originados dos processos de estresse, infecções, atuando juntamente com

a vitamina E (tocoferol). A enzima (glutationa peroxidase) atua no citoplasma celular e

a vitamina E na membrana. Hoje sabe-se que este alimento está envolvido, com o zinco

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e cobre, na formação e desenvolvimento dos órgãos de defesa na resposta imunitária e

no combate ao estresse.

Os sinais clínicos da deficiência de selênio em ruminantes são: falta de

vitalidade, crescimento retardado e infertilidade. O sintoma característico da deficiência

grave de selênio em bezerros e cordeiros é a “doença do músculo branco”, uma distrofia

muscular de origem nutricional. A forma mais adequada de suplementar selênio é pelas

misturas minerais, ou pela administração via intramuscular de compostos contendo

selênio e vitamina E (Moraes, 2001).

2.1.21 Microelementos minerais considerados novos na nutrição de bovinos

Cromo

Na década de 1990, foi reconhecido o potencial do Cr na nutrição de bovinos e

suínos.(Chang & Mowat, 1992).

O cromo tem importância para a bovinocultura, quando há estresse emocional,

físico e metabólico, resultante da intensificação das práticas produtivas, que propicia

uma maior susceptibilidade às doenças e alterações metabólicas (Burton, 1995).

O Cr funciona integralmente como componente e biologicamente como ativador

do fator de tolerância à glicose (GTF) que potencializa a ação da insulina na célula. O

átomo de Cr, do GTF, facilita a interação entre insulina e os receptores dos tecidos

musculares e tecidos adiposos (Mertz, 1987).

O cromo é necessário para o funcionamento dentro da normalidade das células â

(alfa), secretoras de insulina no pâncreas, prevenindo uma super-resposta da secreção de

insulina mediante ao estímulo da glicose (Striffler 1995).

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A insulina é um hormônio que promove o processo anabólico e inibe o

catabolismo nos músculos, fígado e tecido adiposo, para tal, é dependente do GTF. Em

condições de estresse (período pré e pós parto, no transporte, em alta lotação e variação

extrema da temperatura) há aumento dos níveis sangüíneos de glicose e, ao mesmo

tempo, do hormônio cortisol, provocando mobilização das reservas de Cr nos tecidos

(Moraes, 2001).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando a forrageira é a única fonte de energia e proteína para os animais em

crescimento ou engorda, as taxas de ganho de peso podem ser menores de que as

desejadas, para atingir os objetivos da pecuária de ciclo curto. Nesse caso, suplementos

energéticos e protéicos devem ser usados para aumentar as taxas de ganho. Entretanto,

esse aumento pode ser maior ou menor do que o esperado, e isso será a função das

interações entre o tipo, a quantidade e a qualidade de forragem disponível. Desta forma,

ao formular-se um suplemento, o objetivo a ser alcançado deve estar bem claro, de

forma a trazer benefício econômico. O uso da suplementação alimentar a pasto está em

franca expansão devido, principalmente, ao trabalho de marketing promovido pelas

empresas produtoras de suplementos. Porém, o uso indiscriminado dessa prática pode

não promover resultados adequados. Por exemplo, a suplementação em épocas que a

forrageira utilizada na propriedade está no seu pico de produção pode promover o efeito

de substituição do pasto pelo suplemento, o que não é desejável. Outro aspecto

importante nesse contexto é o fato de que a suplementação ser recomendada sem estar

fundamentada em resultados regionais. É importante ressaltar que esses fatores podem

contribuir de forma negativa e resultar em redução do uso desta alternativa tecnológica

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que além de promissora, pode ser fundamental para a melhoria da competitividade da

pecuária de corte brasileira.

A procura pela intensificação de produção, resultante da combinação da oferta

de forragem e da suplementação alimentar em pasto, aumenta a complexidade do

sistema de produção, quando se almeja diminuir o tempo de produção na pecuária

nacional.

4 CONCLUSÃO

O uso errôneo de um complemento nutricional influencia significativamente a

estrutura de custos, com custos explícitos (envolvendo desembolso de dinheiro)

aumentando sua participação nos custos totais. Isso exige um gerenciamento técnico

mais rigoroso, sem o qual a viabilidade do negócio pode ficar comprometida. Dessa

forma, a maior utilização de capital e de tecnologia tem como conseqüência maiores

probabilidades de maior lucro, todavia, por outro lado, resultam em maior

complexidade e aumento de risco, o que por sua vez requer melhor manejo gerencial.

Neste contexto, vale ressaltar que além da maior demanda por melhoria de gerência,

tornam-se de fundamental importância os investimentos em capacitação de pessoal, para

que haja melhor compreensão e utilização das tecnologias, visando a melhor adaptação

do sistema onde o lucro seja o único produto para o produtor rural.

A condição para a adoção da suplementação dentro dos sistemas de produção de

carne é que a mesma atenda a uma relação custo/benefício favorável. Essa relação será

diferente para cada produtor. Para determinar benefícios, é necessário conhecer o custo

atual do suplemento (R$/kg) e compará-lo ao valor do ganho de peso adicional

correspondente da produção (R$/arroba).

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Finalmente deve-se lembrar que a necessidade da suplementação vem

intimamente correlacionada em função da expectativa de cada propriedade rural,

devendo assim ser estipulada uma meta, pela quantidade e qualidade da pastagem, com

os atuais níveis de manejo conciliada a cooperação da natureza se tratando de clima

propício, chega-se as necessidades estimadas para o animal.

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