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Sistema Tributário Nacional – Parte 2
[Ano]
Universidade Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodosul.edu.br
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Sistema Tributário Nacional – Parte 2
Sistema Tributário Nacional – Parte 2
MATERIAL TEÓRICO
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Reinaldo Zynchan Moraes
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Campus Virtual Universidade Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br
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Sistema Tributário Nacional – Parte 2
DIREITO TRIBUTÁRIO – PARTE 2
1. TRIBUTOS EM ESPÉCIE
1.1. IMPOSTOS
Estão previstos no art. 145, inciso I, da Constituição Federal,
bem como no art. 16 do Código Tributário Nacional.
CTN
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato
gerador uma situação independente de qualquer atividade
estatal específica, relativa ao contribuinte.
É um tributo não vinculado, nele não existe a ideia de uma
específica contraprestação estatal em razão de seu pagamento.
I M P O S T O
É O TRIBUTO CUJA OBRIGAÇÃO TEM POR FATO GERADOR
UMA SITUAÇÃO INDEPENDENTE DE
QUALQUER ATIVIDADE ESTATAL ESPECÍFICA AO CONTRIBUINTE
Em regra, não permite a Constituição Federal que a receita de
impostos seja vinculada a algum tipo de despesa ou uso específico.
1.2. TAXAS
É uma espécie de tributo vinculado, ou seja, existe uma
específica contraprestação estatal que justifica a sua cobrança.
Elas estão previstas no art. 145, inciso II e § 2º, da Constituição
Federal, bem como no art. 77 do Código Tributário Nacional.
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CF
Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia
ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposição;
§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria
de impostos.
CTN
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados,
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no
âmbito de suas respectivas atribuições, têm
como fato gerador o exercício regular do poder
de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de
serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou
fato gerador idênticos aos que
correspondam a imposto nem ser
calculada em função do capital das
empresas.
FATO GERADOR DA
TAXA
TAXA DE POLÍCIA TAXA DE SERVIÇO
EXERCÍCIO
REGULAR DO
PODER DE POLÍCIA
UTILIZAÇÃO
EFETIVA POTENCIAL
DE SERVIÇO PÚBLICO ESPECÍFICO E DIVISÍVEL
PRESTADO POSTO À DISPOSIÇÃO
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TAXA DE POLÍCIA
É um tributo cobrado em razão do exercício do poder de polícia,
cujo conceito é apresentado no art. 78 do Código Tributário Nacional.
CTN
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da
administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade,
regula a prática de ato ou a abstenção de fato,
em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais
ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do
poder de polícia quando desempenhado
pelo órgão competente nos limites da lei
aplicável, com observância do processo
legal e, tratando-se de atividade que a lei
tenha como discricionária, sem abuso ou
desvio de poder.
Como se pode ver, o poder de polícia é o exercício de atividades
fiscalizatórias diversas realizadas pela Administração Pública, não
podendo ser confundido com questões relacionadas a crimes e
exercício da polícia de preservação da ordem pública (atividade
policial).
Dessa forma, por exemplo, quando alguém encaminha um
projeto de construção para a Administração Pública Municipal esta irá
utilizar o poder de polícia para:
verificar as plantas e documentos para a construção;
conceder alvarás para autorizar o início da obra;
realizar fiscalizações sobre a forma como a obra está sendo
realizada, ou seja, se estão sendo seguidas as normas e
posturas municipais que tratam do assunto, bem como a
fidelidade daquilo que está sendo construído e o projeto
aprovado.
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Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração
Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e
direitos individuais, em benefício da coletividade e do próprio Estado –
Hely Lopes Meirelles.
Exemplos:
o Taxa de Inspeção Sanitária: cobrada por vários Municípios
dos estabelecimentos que possuem instalações sanitárias,
como restaurantes, bares, e congêneres, pela fiscalização
realizada pelo Poder Público em suas instalações.
o Taxa de Alvará: cobrada em função da autorização que o
município concede para que um estabelecimento possa se
instalar em determinado local.
TAXA DE SERVIÇO
Certos serviços públicos podem ser tributados por meio das
chamadas taxas de serviço, sendo que para que isso ocorra essa
atividade estatal deve atender aos requisitos fixados no art. 79 do CTN.
CTN
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77
consideram-se:
I. utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a
qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização
compulsória, sejam postos à sua disposição
mediante atividade administrativa em efetivo
funcionamento;
II. específicos, quando possam ser destacados em
unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou
de necessidades públicas;
III. divisíveis, quando suscetíveis de utilização,
separadamente, por parte de cada um dos seus
usuários.
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A utilização pode ser:
o EFETIVA: quando o contribuinte de fato utiliza o serviço
público;
o POTENCIAL: mesmo não sendo de fato utilizado pelo
contribuinte, é compulsoriamente colocado à sua disposição.
O serviço público deve ser:
o SERVIÇO ESPECÍFICO: o contribuinte sabe efetivamente
por qual motivo está pagando o serviço.
o SERVIÇO DIVISÍVEL: quando pode ser utilizado
separadamente, individualmente, por cada contribuinte. É
possível se apurar individualmente quanto cada contribuinte
utiliza desse serviço.
“Portanto, os serviços públicos dividem-se em gerais e
específicos. Os serviços públicos gerais, ditos também
universais, são os prestados uti universi, isto é, indistintamente
a todos os cidadãos. Eles alcançam a comunidade, como um
todo considerado, beneficiando número indeterminado (ou,
pelo menos, indeterminável) de pessoas. É o caso dos serviços
de iluminação pública, de segurança pública, de diplomacia, de
defesa externa do País etc. Todos eles não podem ser
custeados, no Brasil, por meio de taxas, mas, sim, das receitas
gerais do Estado, representadas, basicamente, pelos impostos,
conforme vimos no tópico anterior.
Já, os serviços públicos específicos, também chamados
singulares, são os prestados uti singuli. Referem-se a uma
pessoa ou a um número determinado (ou, pelo menos,
determinável) de pessoas. São de utilização individual e
mensurável. Gozam, portanto, de divisibilidade, é dizer, da
possibilidade de avaliar-se a utilização efetiva ou potencial,
individualmente considerada. ...”1
Um dos exemplos desse tipo de serviço é a de coleta de lixo
realizado em hospitais e clínicas médicas e veterinárias.
1 CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. São Paulo: Malheiros, 20. ed., 2004. p.483-484.
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Uma questão que foi discutida há algum tempo se refere à Taxa
de Iluminação Pública criada por alguns municípios. Reiterada
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal diz que essa taxa é
inconstitucional, sendo a matéria sumulada.
Súmula nº 670
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado
mediante taxa.
O maior problema dessa taxa está na impossibilidade de se
aferir a “divisibilidade” do serviço, ou seja, quanto cada contribuinte se
beneficia dessa atividade estatal.
Para resolver essa situação, foi criada uma contribuição para
resolver esse problema, a Contribuição para a Iluminação Pública – art.
149A da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda
Constitucional n.º39/02.
Como todas as pessoas políticas podem criar taxas, a divisão de
competência se dá com base nos serviços que cada um deles pode
prestar.
CTN
Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas,
consideram-se compreendidas no âmbito das
atribuições da União, dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios, aquelas que, segundo
a Constituição Federal, as Constituições dos
Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e
dos Municípios e a legislação com elas
compatível, competem a cada uma dessas
pessoas de direito público.
QUEM
PRESTA O
SERVIÇO
PÚBLICO
COBRA A TAXA
A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos
aos correspondentes aos impostos, nem ser calculada em virtude do
capital das empresas – art 145, § 2º, CF e artigo 77, parágrafo único,
do CTN.
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1.3. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
É um tributo vinculado, previsto no art. 145, inc. III, da
Constituição Federal e no art. 81 do Código Tributário Nacional.
CF
Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
III - contribuição de melhoria, decorrente de
obras públicas.
CTN
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União,
pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, é instituída para fazer face ao custo
de obras públicas de que decorra valorização
imobiliária, tendo como limite total a despesa
realizada e como limite individual o acréscimo de
valor que da obra resultar para cada imóvel
beneficiado.
De uma forma esquemática podemos definir esse tributo da
seguinte forma:
... FAZ FACE AO CUSTO DE OBRAS PÚBLICAS
DE QUE DECORRA VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA
TENDO COMO LIMITE
MÁXIMO INDIVIDUAL
O ACRÉSCIMO DE VALOR QUE
CADA OBRA RESULTAR PARA
CADA IMÓVEL BENEFICIADO
MÁXIMO TOTAL
A DESPESA TOTAL PARA
REALIZAÇÃO DA OBRA PÚBLICA
A contribuição de melhoria tem suas normas gerais fixadas pelo
Decreto-lei nº 195/67.
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No Município de São Paulo, por exemplo, somente é cobrada a
contribuição de melhoria decorrente do asfaltamento de ruas. Essa
obra pública, inegavelmente, aumenta o valor dos imóveis situados
nesse logradouro, razão pela qual pode ser criado e cobrado esse
tributo.
Porém, se a obra pública causar a desvalorização do imóvel, tal
como ocorre com a construção de um presídio próximo da casa do
contribuinte, obviamente não pode ser cobrado esse tributo, bem como,
em geral, os prejudicados não recebem qualquer tipo de compensação
do Poder Público.
1.4. EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS
É um tributo vinculado, sendo sempre instituído por lei
complementar.
Os recursos arrecadados com este tributo somente podem ser
utilizados na despesa que fundamentou a sua instituição.
O fato gerador deste tributo será definido pela lei complementar
que o instituir. A calamidade pública, a guerra etc. não são os fatos
geradores do tributo, mas sim o motivo que justificou a sua instituição.
É um tributo que não é caracterizado pelo seu fato gerador, mas
sim por sua finalidade.
Somente os motivos apontados pela Constituição Federal é que
podem justificar a criação dos empréstimos compulsórios.
CF
Art. 148 - A União, mediante lei complementar, poderá
instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias,
decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter
urgente e de relevante interesse nacional,
observado o disposto no art. 150, III, b.
Parágrafo único - A aplicação dos recursos provenientes
de empréstimo compulsório será
vinculada à despesa que fundamentou
sua instituição.
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EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS
INCISO I INCISO II
para atender a despesas
extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência;
no caso de investimento público de
caráter urgente e de relevante
interesse nacional;
EMERGÊNCIA ABSOLUTA URGÊNCIA
Não se aplica o Princípio da
Anterioridade – art 150, III, „b‟,
da CF
Aplica-se o Princípio da
Anterioridade
Não se aplica o Princípio da
Anterioridade Nonagesimal –
art 150, III, „c‟, da CF.
Aplica-se o Princípio da
Anterioridade Nonagesimal.
1.5. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS, PARAFISCAIS OU ESPECIAIS
Há uma divergência doutrinária sobre o nome desse gênero de
tributos:
Elas estão previstas genericamente no art. 149 Constituição
Federal.
CF
Art. 149 - Compete exclusivamente à União instituir
contribuições sociais, de intervenção no domínio
econômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas, como instrumento de sua atuação nas
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e
150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
instituirão contribuição, cobrada de seus
servidores, para o custeio, em benefício destes, do
regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja
alíquota não será inferior à da contribuição dos
servidores titulares de cargos efetivos da União.
§ 2º - As contribuições sociais e de intervenção no
domínio econômico de que trata o caput deste
artigo:
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I – não incidirão sobre as receitas decorrentes de
exportação;
II – incidirão também sobre a importação de produtos
estrangeiros ou serviços;
III – poderão ter alíquotas:
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita
bruta ou o valor da operação e, no caso de
importação, o valor aduaneiro;
b) específica, tendo por base a unidade de medida
adotada.
§ 3º - A pessoa natural destinatária das operações de
importação poderá ser equiparada a pessoa
jurídica, na forma da lei.
§ 4º - A lei definirá as hipóteses em que as contribuições
incidirão uma única vez.
ESPÉCIES DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
CONTRIBUIÇÕES
SOCIAIS,
PARAFISCAIS
OU ESPECIAIS
CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO
CONTRIBUIÇÕES DE INTERESSE DE CATEGORIAS
PROFISSIONAIS OU ECONÔMICAS
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS ou DA SEGURIDADE SOCIAL
1.5.1. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS ou DA SEGURIDADE SOCIAL
As principais são:
PIS/PASEP;
COFINS;
CSLL;
FGTS;
Contribuições cobradas pelos Estados, Distrito Federal
e Municípios de seus servidores para o custeio dos
seus sistemas de seus sistemas de previdência e
assistência.
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Estão previstas no artigo 195 Constituição Federal,
divididas em quatro grupos:
DO
EMPREGADOR,
DA EMPRESA,
DA ENTIDADE
A ELA
EQUIPARADA
SOBRE A FOLHA
DE SALÁRIOS
A RECEITA OU O
FATURAMENTO
O LUCRO
DO TRABALHADOR E DOS DEMAIS SEGURADOS DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL, EXCETO OS APOSENTADOS E
PENSIONISTAS
SOBRE A RECEITA DOS CONCURSOS DE PROGNÓSTICOS
DO IMPORTADOR DE BENS E SERVIÇOS
DO EXTERIOR
FONTES DA
SEGURIDA
DE SOCIAL
ART 195
CF
COFINS
PIS/PASEP
IMPORTAÇÃO
PIS/PASEP
COFINS
CSLL
As contribuições sociais previstas nos incisos do „caput‟
do artigo 195 da CF são criadas, em regra, por leis ordinárias.
Contudo, o § 4º do artigo 195 da CF permitiu que fossem criadas
outras contribuições sociais (chamadas de Contribuições Sociais
Residuais), cuja criação deve ocorrer por meio de Lei
Complementar.
CF
Art 195
§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a
garantir a manutenção ou expansão da seguridade
social, obedecido o disposto no art. 154, I.
CONTRIBUIÇÕES
SOCIAIS
RESIDUAIS
INSTITUÍDAS POR LEI COMPLEMENTAR
DEVEM SER NÃO-CUMULATIVAS, COMPENSANDO-SE O
QUE FOR DEVIDO EM CADA OPERAÇÃO COM O MONTANTE
COBRADO NAS ANTERIORES
NÃO PODERÃO TER A MESMA BASE DE CÁLCULO E FATO
GERADOR DOS IMPOSTOS DISCRIMINADOS PELA CF
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1.5.2. CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO
ECONÔMICO - CIDE
Há atividades que devem sofrer intervenção do Estado
Federal, a fim de que se promova um maior controle fiscalizatório
sobre elas, regulando seu fluxo produtivo. Há, especialmente,
duas contribuições deste tipo de maior relevância:
CIDE – Remessa para o Exterior ou CIDE – Tecnologia ou CIDE
- Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para
o Apoio à Inovação (Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico, Devida Pela Pessoa Jurídica Detentora de Licença
de Uso ou Adquirente de Conhecimentos Tecnológicos, Bem
Como Aquela Signatária de Contratos que Impliquem
Transferência de Tecnologia, Firmados com Residentes ou
Domiciliados no Exterior): instituída pela Lei Nº 10.168/00 e
regulamentada pelo Decreto Nº 3.949/02, tem por fim atender o
Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para
Apoio à Inovação.
o Contribuinte: a pessoa jurídica detentora de licença de uso
ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como a
signatária de contratos que impliquem transferência de
tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no
exterior.
o Incidência: sobre as importâncias pagas, creditadas,
entregues, empregadas, ou remetidas em cada mês, a
residentes ou domiciliados no exterior, a título de royalties ou
remuneração previstos nos contratos relativos ao
fornecimento de tecnologia, prestação de serviços de
assistência técnica, cessão e licença de patentes.
o Alíquota: 10%
o A Lei nº 11.452/07 – estabeleceu que esse tributo não incide
na importação de direito de comercialização ou distribuição
de softwares, sem transferência de tecnologia.
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CIDE – Combustíveis (Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico Incidente Sobre a Importação e a Comercialização
de Petróleo e Seus Derivados, Gás Natural e Seus Derivados, e
Álcool Etílico Combustível), instituída pela Lei Nº 10.336/01 e
regulamentada pelo Decreto Nº 4.565/03.
o Contribuinte: pessoa jurídica que importar ou comercializar
no mercado interno petróleo e seus derivados, gás natural e
seus derivados e álcool etílico combustível.
o Fato Gerador: sobre a importação ou comercialização
desses produtos.
o Alíquotas: estão previstas no artigo 5º da lei (alíquotas
específicas)
Esta contribuição possui destinação para o produto de sua
arrecadação fixada pelo texto constitucional.
CF
Art 177
§ 4º - A lei que instituir contribuição de intervenção no
domínio econômico relativa às atividades de
importação ou comercialização de petróleo e seus
derivados, gás natural e seus derivados e álcool
combustível deverá atender aos seguintes
requisitos:
I – a alíquota da contribuição poderá ser:
a) diferenciada por produto ou uso;
b) reduzida e restabelecida por ato do Poder
Executivo, não se lhe aplicando o disposto no
art. 150, III, b;
II- os recursos arrecadados serão destinados:
a) ao pagamento de subsídios a preços ou
transporte de álcool combustível, gás natural e
seus derivados e derivados de petróleo;
b) ao financiamento de projetos ambientais
relacionados com a indústria do petróleo e do
gás;
c) ao financiamento de programas de infra-
estrutura de transportes.
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Sistema Tributário Nacional – Parte 2
1.5.3. CONTRIBUIÇÕES DE INTERESSE DE CATEGORIAS
PROFISSIONAIS ou ECONÔMICAS
São contribuições compulsórias criadas pela União, mas
arrecadadas e fiscalizadas por:
CONTRIBUIÇÕES DE
INTERESSE DE
CATEGORIAS
PROFISSIONAIS OU
ECONÔMICAS
CONSELHOS DE CLASSE: CREA, CRM, CRO etc
ALGUMAS AUTARQUIAS ESPECIAIS: OAB, OEB etc
SINDICATOS
ENTIDADES PRIVADAS VINCULADAS AO SISTEMA
SINDICAL: SESC, SESI, SENAC etc
“A contribuição social caracteriza-se como de interesse de
categoria profissional ou econômica quando destinada a
propiciar a organização dessa categoria, fornecendo recursos
financeiros para a manutenção de entidade associativa.”2
2. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
“A imunidade tributária é, assim, a qualidade da situação que
não que não pode ser atingida pelo tributo, em razão de norma
constitucional que, à vista de alguma especificidade pessoal ou
material dessa situação, deixou-a fora do campo sobre que é
autorizada a instituição do tributo.” 3
É uma não-incidência constitucionalmente qualificada.4
O conceito de imunidade está no campo da definição da competência
tributária, ou seja, a Constituição Federal exclui da competência da pessoa
política determinadas situações, instituindo que elas não podem ser
objeto de leis que criam tributos.
2 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito. São Paulo: Malheiros, 26ª ed., 2005. p.410.
3 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 10ª ed., 2004. p.148-149.
4 SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. São Paulo: DPJ Editora, 5ª ed., 2004. p. 44.
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Sistema Tributário Nacional – Parte 2
IMUNIDADES IMUNIDADES IMUNIDADES
UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS
DISTRIBUIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS PELA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
EXCLUSÃO DA COMPETÊNCIA
DETERMINADA PELA CONSTITUIÇÃO
SITUAÇÕES
PASSÍVEIS
DE INCIDÊNCIA
TRIBUTÁRIA
ISENÇÃO: a isenção significa a dispensa do pagamento de tributo devido,
estabelecida em lei, razão pela qual, basta se alterar a lei para que ela deixe de
existir.
ESPÉCIES DE IMUNIDADES
IMUNIDADES
SUBJETIVAS
OBJETIVAS
refere-se a certas pessoas imunes
refere-se a certas coisas imunes
2.1. IMUNIDADE RECÍPROCA
Está prevista no art. 150, inc. VI e § 2º, da Constituição Federal.
CF
Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas
ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
§ 2º - A vedação do inciso VI, ‘a’, é extensiva às
autarquias e às fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio,
à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
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Sistema Tributário Nacional – Parte 2
É uma imunidade subjetiva.
“É uma decorrência pronta e imediata do postulado da
isonomia dos entes constitucionais, sustentado pela estrutura
federativa do Estado brasileiro e pela autonomia dos
Municípios”
(STF – Ag Rg 174.808, rel. Min. Maurício Corrêa).
Veda a cobrança de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços uns
dos outros. Ex.: IOF, IPTU, ITR, IPVA, IR etc.
Deve ser observado que essa imunidade irá incidir somente nos casos
em que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios forem sujeitos
passivos da obrigação tributária (aquele que tem o dever de pagar o tributo).
Assim, por exemplo, se a União locar um imóvel para instalar uma Delegacia
da Polícia Federal, não haverá a aplicação dessa Imunidade, pois o IPTU tem
como sujeito passivo (aquele que deve pagar o tributo) o proprietário do imóvel,
ou seja, o particular que alugou o prédio, sendo que esse não goza de
imunidade.
Não há vedação para outros tipos de tributos. Assim, por exemplo, as
repartições federais pagam taxas municipais normalmente.
Esta imunidade se estende às autarquias e fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, contudo somente no que se refere ao patrimônio,
à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais e às delas
decorrentes, portanto, para essas pessoas jurídicas a imunidade é mais
restrita.
A imunidade recíproca não se aplica às empresas públicas e sociedades
de economia mista.
Exemplos:
o IMÓVEIS PERTENCENTES AO ESTADO
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imóvel onde
funciona um
órgão da
administração
estadual
imóvel do
Estado onde
reside o
Governador
Não incide o
IPTUNão incide o
IPTU
o IMÓVEIS PERTENCENTES A UMA AUTARQUIA ESTADUAL
2.2. IMUNIDADE DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO
É prevista no art. 150, inc. VI, alínea “b” e §4º, da Constituição Federal.
CF
Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
b) templos de qualquer culto;
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas b e c,
compreendem somente o patrimônio, a renda e os
serviços, relacionados com as finalidades essenciais das
entidades nelas mencionadas.
imóvel onde
funciona a
autarquia
estadual
Não incide o
IPTUIncide IPTU
imóvel do
cedido onde
reside o
Diretor da
Autarquia
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Sistema Tributário Nacional – Parte 2
É uma imunidade subjetiva. Apesar da alínea „b‟ do inciso VI do artigo
150 da CF se referir aos templos, o § 4º fala da entidade, razão pela qual a
imunidade abrange, não só o templo, mas o patrimônio, a renda e os serviços
relacionados com a atividade da entidade religiosa.
Assim, se a entidade mantém uma fazenda onde está situado um local
para retiro espiritual de seus adeptos ou um mosteiro, não haverá incidência de
ITR sobre a propriedade rural.
Estão abrangidas todas as religiões, não importa o número de seus
seguidores, bem como não há necessidade de qualquer tipo de registro em
órgão público para que haja este reconhecimento, tudo em razão da liberdade
de crença assegurado pelo artigo 5º, inciso VI, da CF.
CF
Art 5º
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e as suas liturgias;
2.3. IMUNIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS, INCLUSIVE SUAS
FUNDAÇÕES, DAS ENTIDADES SINDICAIS DOS
TRABALHADORES, DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, SEM FINS LUCRATIVOS
Está prevista no art. 150, inc. VI, alínea “c” e §4º, da Constituição
Federal.
CF
Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas b e c,
compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços,
relacionados com as finalidades essenciais das entidades
nelas mencionadas.
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Sistema Tributário Nacional – Parte 2
É uma imunidade subjetiva que beneficia:
o PARTIDOS POLÍTICOS, inclusive suas fundações;
o ENTIDADES SINDICAIS DOS TRABALHADORES: se for
sindicato dos empresários não se aplica esta imunidade;
o INSTITUIÇÕES DE ENSINO SEM FINS LUCRATIVOS;
o INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM FINS
LUCRATIVOS.
A imunidade abrange o patrimônio, a renda e os serviços,
relacionados com as finalidades essenciais das entidades. Ex. não está
abrangido na imunidade o imóvel cedido pelo partido para que se
presidente resida em Brasília.
Para as instituições de ensino e de assistência social só há esta
imunidade se forem sem fins lucrativos, conforme o definido em lei.
Atualmente esta definição está no artigo 14 do CTN.
CTN
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é
subordinado à observância dos seguintes
requisitos pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu
patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
II - aplicarem integralmente, no País, os seus
recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e
despesas em livros revestidos de formalidades
capazes de assegurar sua exatidão.
Veja duas decisões do Supremo Tribunal Federal sobre esse tipo
de imunidade.
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Sistema Tributário Nacional – Parte 2
Imunidade Tributária e ICMS
As operações relativas à circulação de mercadorias realizadas por
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, estão
cobertas pela imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF. Com base nesse
entendimento, a Turma não conheceu de recurso extraordinário interposto pelo
Estado do Espírito Santo contra acórdão que deferira segurança impetrada por
instituição de ensino, visando ao não pagamento do ICMS na entrada de
mercadorias importadas do exterior, destinadas a integrar o seu ativo fixo. RE
203.755-ES, rel. Min. Carlos Velloso, 17.09.96.
Imunidade Tributária e ICMS
O mesmo entendimento prevaleceu no julgamento de dois outros
recursos derivados de mandados de segurança impetrados por entidades de
assistência social contra a incidência do ICMS nas operações de venda de
pães e calçados por elas realizadas com a finalidade de obter receita para suas
atividades filantrópicas. RREE 186.175-SP e 193.969-SP, rel. Min. Carlos
Velloso, 17.09.96.5
CF
Art 195
§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade
social as entidades beneficentes de assistência
social que atendam às exigências estabelecidas em
lei.
ATENÇÃO: aqui, apesar de a Constituição falar em isenção, a hipótese
é de IMUNIDADE.
5 Informativo 45 do Supremo Tribunal Federal.
PARA AS ENTIDADES
BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL EXISTE TAMBÉM A
ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES
PARA A SEGURIDADE SOCIAL.
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Sistema Tributário Nacional – Parte 2
As entidades de educação, assistência social e de caráter
filantrópico devem possuir o Certificado de Entidade Beneficente de
Assistência Social com prazo de validade de 1 a 5 anos, de acordo com
o disposto no § 4º do art. 21 da Lei nº 12.101/09.
2.4. IMUNIDADE DOS LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O
PAPEL DESTINADO A SUA IMPRESSÃO
Está prevista no art. 150, inc. VI, alínea “d”, da Constituição Federal.
CF
Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão.
É uma imunidade objetiva, ou seja, aplicável somente à coisa,
assim, para a venda de livros, não pode ser instituído ICMS ou IPI,
contudo, a editora, em razão do lucro auferido com as vendas de livros,
irá pagar, por exemplo, imposto de renda.
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Sistema Tributário Nacional – Parte 2
2.5. OUTRAS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
Além das imunidades acima mencionadas, a Constituição Federal
prevê uma série de outras. Podemos mencionar, por exemplo:
o Taxas em razão do exercício do Direito de Petição e do
Direito de Certidão – art. 5º, inc. XXXIV, da CF.
o Contribuições Sociais e de Intervenção no Domínio
Econômico sobre Receitas Decorrentes de Exportação – art.
149, §2º, da Constituição Federal.
o IPI para produtos destinados a exportação – art. 153, § 3º,
inc. III, da CF.
o ITR sobre pequenas glebas rurais – art. 153, § 4º, inc. II, da
CF.
o Tributos sobre o Ouro – Ativo Financeiro ou Instrumento
Cambial – sujeição somente ao IOF – imunidade em relação
aos outros tributos – art. 153, § 5º, CF.
o ICMS em algumas hipóteses – art. 155, § 2º, inc. X, da CF.
o Operações relativas à Energia Elétrica, Serviços de
Telecomunicações, Derivados de Petróleo, Combustíveis e
Minerais do País somente podem ser tributados pelo ICMS,
Imposto de Importação e Imposto de exportação – art. 155, §
3º, da CF.
o ITBI em algumas hipóteses – art. 156, § 2º, inc. I, da CF.
o Vários Impostos no Caso de Transferência de Imóveis
Desapropriados Para Fins de Reforma Agrária – art. 184, § 5º,
da CF.
o Imunidade das Contribuições Sociais para as aposentadorias
e pensões pagas pelo Regime Geral de Previdência Social –
art. 195, inc. II, da CF.
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Anotações
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