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Segurança Pública

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por Nelson Marchezan Júnior

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segurança pública

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segurança pública

apresentação

A Segurança Pública, ao lado de políticas públicas como saúde e educa ção,

é um dos serviços básicos prestados à população pelo Estado. Como tal, é consenso

que ele mereça ser debatido com mais profundidade no Par la mento gaúcho

e passe a ocupar a agenda de forma técnica e permanente.

Para sensibilizar os deputados e a sociedade sobre a importância da necessidade

de instalação de uma Comissão Permanente de Segurança Pública, realizei um

Grande Expediente. O discurso foi proferido no dia 12 de fevereiro de 2009, no

Plenário da Assembleia Legislativa, e contou com a presença do secretário da

Segurança Pública no Estado, general Edson de Oliveira Goulart; do chefe da

Polícia Civil no Rio Grande do Sul, delegado João Paulo Martins; do chefe do

Estado Maior da Brigada Militar, coronel João Batista Gil; demais órgãos públicos,

servidores e entidades ligadas à Segurança Pública.

A todos os presentes à solenidade e que contribuíram com a nossa manifestação,

o nosso agradecimento.

nelson Marchezan JúniorDeputado Estadual

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“Não há como tratar da segurança pública e não falar de problemas e

mazelas da sociedade.

Mas, dentro das limitações de tempo e de capacidade, aos obstinados,

aos vocacionados, aos honestos e justos, enfim, aos homens de bem que

trabalham na segurança pública do nosso Estado, e somente a esses,

eu gostaria que essas manifestações, minha e de meus colegas, servissem

de estímulo e de motivação.

É conhecida e sempre atual a frase de Martin Luther King: ‘Nossa geração

se lamentará tanto dos crimes dos perversos, como do estremecedor

silêncio dos bondosos’.

Temos que estar juntos para vencer e não sermos vencidos.”

nelson Marchezan JúniorDeputado Estadual

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nelson Marchezan Júnior tem 38 anos, é natural de Porto Alegre

e fi lho do falecido ex-deputado federal Nelson Marchezan e da professora

Maria Helena Bolsson Marchezan. É pai de Nelson Marchezan Neto, com

Nadine Dubal. Formado em Direito, exerceu a profi ssão por oito anos antes

de ingressar na vida pública. Atualmente cursa pós-graduação em Gestão

Empresarial na Fundação Getúlio Vargas.

Em 2003, Marchezan assumiu o cargo de diretor de Desenvolvimento,

Agronegócios e Governos do Banrisul e em 2006 elegeu-se deputado estadual

com 45.604 votos, a maior votação entre os deputados da bancada do PSDB

na Assembleia Legislati va. Foi eleito para quatro anos como

presidente da Comissão de Finanças, Planejamento,

Fiscalização e Controle da Assembleia Legislati va.

É o autor do projeto, já transformado em lei, que

vedou qualquer compra e contratação por dispensa de

licitação em todos os poderes do Estado. Agora,

todos os preços são cotados pela internet. Por

outro projeto, também já transformado em lei,

todas as compras e contratações de qualquer

órgão público estadual se darão por um leilão

ao contrário, na internet, onde qualquer

cidadão pode acompanhar. São as

duas ferramentas mais modernas

para o combate à corrupção,

economia, transparência e agilidade

no setor público.

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Além disso, o deputado também defende a aplicação do teto remuneratório,

determinado pela Constituição em todos os poderes, por cumprimento da

legislação, por justiça salarial, respeito ao contribuinte e por uma economia

superior a R$ 15 milhões por ano.

Na área da segurança pública, Marchezan se comprometeu a criar uma

Comissão Técnica Permanente para tratar semanalmente o tema na Assembleia

gaúcha. Esse foi um compromisso de campanha, e sua proposta tramita com

o apoio de todas as entidades ligadas ao tema. Com forte atuação e articulação

com entidades e profissionais da área, é sabedor de que esse é um dos

problemas que mais aflige e se agrava em nossa sociedade. Ou se encara

esse problema com transparência, de forma multidisciplinar e com coragem,

ou se continuará perdendo esse embate com o crime.

Essa atuação efetiva no Parlamento resultou no reconhecimento da

sociedade civil, que lhe conferiu o Prêmio Springer Carrier – ARI 2009, da

Associação Riograndense de Imprensa, na área de economia e o Prêmio

Mérito Lojista, categoria Personalidade Política 2009, da Federação das Câmaras

de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul – FCDL/RS.

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segurança públicaresponsabilidade intransferível do estado

Discurso proferido pelo deputado estadual nelson Marchezan Júnior no grande expediente da sessão plenária de 12 de fevereiro de 2009.

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Em 2007, os assaltos e roubos nas estradas gaúchas resultaram no desaparecimento de cargas avaliadas em 70 milhões de reais.

Tivemos mais de três mil e duzentos assas-sinatos nos últimos dois anos no RS.

Em janeiro de 2009, o Rio Grande do Sul foi cenário de 156 homicídios – média supe-rior a cinco assassinatos por dia.

A violência em nosso Estado é a quarta cau-sa de morte por causas externas.

A imprensa, no último domingo, informou que nos bairros Rubem Berta, de Porto Alegre, e Guajuviras, de Canoas, as taxas de assassina-tos são pouco inferiores às registradas no Iraque – país em guerra e ocupado.

São apenas alguns números que escolhi. Primeiro, para valorizar e home-nagear a todas as senhoras e senhores que dedicam, literalmente, suas vidas para combater o crime. Segundo, para iniciarmos com a real dimensão des-sa matéria. Mas não é uma situação isolada de nosso Estado.

De acordo com o cientista social Alex Teixeira, do Grupo de Pesquisa em Violência e Cidadania da UFRGS, “as estatísticas gaúchas de homicídio

têm se mostrado maiores em locais com carência ex-trema de emprego, tráfico de drogas e escassa presen-ça do Estado”.

Dezenas de outras pes-quisas, em outros estados e países, apontam para um ce-nário parecido, com causas semelhantes. E ajudam a compreender porque a Amé-rica Latina é, entre todas as regiões do planeta, aquela em que se registra a maior

Comandante Geral da Brigada Militar, coronel João Carlos Trindade Lopes

“As estatísticas gaúchas de homicídio

têm se mostrado maiores em locais com carência extrema de emprego, tráfico de

drogas e escassa presença do Estado”

Alex TeixeiraCientista Social

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taxa de homicídios. É aproxi-madamente duas vezes supe-rior à da África, quatro vezes maior do que a da América do Norte, 10 vezes maior do que a da Ásia e 20 vezes superior à da Europa e da Oceania.

Estudo divulgado pela ONU, em 2007, informa que, a cada ano, na Améri ca Latina, 140 mil pessoas são assassinadas e 28 milhões de famílias sofrem fur to ou roubo – média de 54 famílias por minuto, quase uma a cada segundo.

De modo geral, todos os estudos e levantamentos concluem, ou condu-zem à conclusão, que a violência e a criminalidade se abastecem e se rea-bastecem, basicamente, da ausência do Estado. Exemplos de sua ausência são, também, seus serviços muitas vezes precários; da sensação de impuni-dade que o Judiciário, por motivos vários, muitas vezes desperta nos crimi-nosos; da corrupção de autoridades e agentes públicos; e da falta, ou do pouco entrosamento e colaboração entre todas as polícias, promotores e

autoridades judiciárias. Há um distancia-mento nosso, representantes do Estado, da vida real da maioria de nossos cida-dãos, da própria comunidade, que é o único motivo pelo qual os cargos que nós ocupamos existem.

Há outro mal que enfrentamos: o da corrupção. Não há instituição, pública ou privada, que esteja livre de um de seus membros cair na tentação. Existe no se-tor privado, existe nas igrejas, e no setor público também, em todos os órgãos e em todos os poderes. E qualquer cons-

“Todos os estudos e levantamentos concluem, ou conduzem à conclusão,

que a violência e a criminalidade se abastecem

e se reabastecem, basicamente, da ausência

do Estado.”Marchezan

Deputado Estadual

Chefe da Polícia Civil no RS, João Paulo Martins

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tatação diferente, perdoem-me, não reflete a realidade. Para esse, como para quase todos os males que nos afligem, e aqui me refiro à segurança pública, é melhor prevenir, evitar, do que, depois, tentar pegar o ladrão. Não se acaba com a corrupção, controla-se, e isso se faz, na polícia, segundo alguns estudiosos da área, com a re-formulação de alguns quadros, muitas vezes das próprias instituições; com quadros de carreira baseados na me-ritocracia (acima de partidarismos, sindicalismos, “amiguismos”); indubi-tavelmente, com melhores e mais ade-

quados salários; com melhores con-dições de trabalho; maior controle da atividade policial, formação mais qualificada; e independência no tra-balho das corregedorias.

Se nem tudo isso é possível, de imediato, no nosso caso é possível, sim, começar.

Ainda que modestos diante da dimensão dos problemas de Segu-rança Pú blica, os investimentos fei-tos pelo Governo Estadual avançam nesse sentido.

Entre 2007 e 2008, o Governo Es-tadual adquiriu 991 viaturas novas e sete mil coletes balísticos, além de contratar 3.110 profissionais para di-versas áreas da segurança pública. Fornecedores de automóveis e gaso- Viaturas entregues pelo Governo do Estado

Presídio Central de Porto Alegre

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lina voltaram a vender ao Es-tado. E a preços bem inferio-res, pois sabem que vão rece-ber, e na data aprazada.

O investimento, que dimi-nuiu em 2007, cresceu vertigi-nosamente em 2008, 290%. Para 2009, se cumprido todo o orçamento previsto, haverá um aumento de investimentos de cerca de 150%. Em dois anos, se cumprido o Orçamento pre-visto em 2009, o Estado estará pulando de R$ 18 milhões de exe cução em investimentos em segurança pública, para mais de R$ 180 milhões.

Na parte de construções de presídios (no presí dio central temos 2083 va gas para 4.837 presos), o valor total de investimentos será R$ 121 milhões, e mais R$ 21 milhões de reformas, totalizando R$ 142 milhões de aplicações em estabelecimentos penais.

O desafio será gastar, pois nossas estruturas não estão acostumadas a isso. A própria elaboração de projetos, em alguns órgãos, é extremamente

penosa. Também não é privilégio nosso. Dos 60 projetos para auxílio das cidades catarinenses, recentemente atingidas por um desastre natural, 59 tinham proble-mas na sua elaboração.

Com certeza, há lugares do Brasil e do exterior onde a violência produz mais dra-mas e é traduzida em números muito pio-res. Mas não é lá que estão os bons exem-plos que podemos e devemos aproveitar. Aqui mesmo – em quase 290 municípios gaúchos – nenhuma pessoa foi assassi-nada em todo o ano de 2008. E é esta,

“Há lugares do Brasil e do exterior onde a violência produz mais dramas e é traduzida em números

muito piores. Mas não é lá que estão os bons exemplos

que podemos e devemos aproveitar.”

MarchezanDeputado Estadual

Vice-presidente da Feconsepro, Ito José Lanius e Coordenador da Feconsepro, Jovino Antônio Demari

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sem dúvida, a referência que nos serve.Aliás, pobres dos cidadãos cujo prefeito de

sua cidade diz que segurança não é um proble-ma seu. Segurança é um problema de todos, que não discrimina sexo, idade, religião, classe social, bairro, cidade, nem mesmo os profissio-nais e os estabelecimentos de segurança públi-ca escapam da ação criminosa, como vimos nes-sa semana ocorrer.

Nenhuma autoridade responsável se consi-dera irresponsável pela segurança pública. Nes-se sentido é imperioso reconhecer, ainda, a con-tribuição dos múltiplos atores sociais - empresários, trabalhadores, acadê-micos e organizações não-governamentais.

A Feconsepro - Federação dos Conselhos Comunitários Pró-Segurança Publica, por exemplo, registrou, em 2007, arrecadações de R$ 6.500.000,00 para a BM, PC, Susepe e IGP, segundo seu presidente, Jovino Demari, que conta com cerca de 250 Consepros.

Em qual o município não houve melhora na segurança com a ajuda dos sindicatos rurais, das ACI’s, dos CDL’,s? Compra de viaturas, de equipamen-

tos de informática; estrutu-ração de delegacias, de quar-téis; manutenção e custeio de viaturas, auxílios moradia, etc, são alguns exemplos.

Não podemos esquecer de organizações como a Bra-sil Sem Grades, cujo Presi-dente Luiz Fernando Oderi-ch, constantemente, sugere mudanças no nosso código de Processo Penal; do Ins-tituto Chega de Violência – presidido pela senhora Ca-

“Pobres dos cidadãos cujo prefeito de sua

cidade diz que segurança não é um

problema seu. Segurança é um

problema de todos.”Marchezan

Deputado Estadual

Diretoria da Ong Brasil Sem Grades

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rine Breton, de 71 anos de idade. E tantas outras pesso-as indignadas, vítimas, fami-liares de vítimas, todos obs-tinados, que trabalham para melhorar a segurança em nosso Estado.

A mobilização desses per-sonagens, públicos e priva-dos, garantiram, ao Rio Gran-de do Sul, no ano passado, a conquista de alguns avanços no combate à violência e à criminalidade. Caíram no ano passado os números de furtos, de roubos, de latrocínios, de roubo de veículos e de extorsão mediante seqüestro.

Apesar desses avanços, é notório que temos muito por fazer. Imaginem se tivéssemos a integração real e com a utilização da Tecnologia da Informa-ção e Comunicação entre as esferas municipais, estadual, federal, e também dessas instituições privadas?

O desenvolvimento de projetos, como o de cen-tros integrados de opera-ções de segurança, assim como de sistemas de In-formações Judiciárias e de Identificação criminal, fa-voreceu a investigação de crimes e delitos, agilizou o atendimento aos cida-dãos e contribuiu para a solução de crimes.

É possível, por exem-plo, por um telefone fixo, comunicar-se com qual-

Diretoria do Sindicato dos Agentes, Monitores e Auxiliares de Serviços Penitenciários do RS - Amapergs

Diretoria da Associação dos Oficiais da Brigada Militar - AsofBM

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quer tipo de rádio, computador, mesmo um laptop, palm top, ou celular. É possível interligar qualquer câmera de vídeo, de qualquer marca, que já esteja ou que vá ser instalada em algum lugar estratégico. É possível que nossos famosos e lucrativos pardais (municipal, estadual e federal) pos-sam, além de faturar, monitorar todos os veículos que circulam pelas principais vias, estradas e rodovias, pelos principais aces-sos municipais, em tempo real. É possível receber, em tempo real, todos os veículos que estão passando pelos pedágios. E to-dos, absolutamente todos esses dados, essas informações, ainda são des-perdiçadas. Em resumo, a modernização de processos e de equipamentos de informação e de comunicação pode melhorar a qualidade dos serviços de segurança prestados à população. Precisamos avançar, evoluir, buscar novas tecnologias para o poder público como um todo.

Já faz tempo que surgiu um poder, paralelo, que cresce em força, organi-zação, tecnologia, lucros, e que tem se feito presente e atuante para milhões

de pessoas: o poder da droga.Recentemente, vivi uma

experiência ímpar de ser can-didato a pre feito da Capital, onde tive a oportunidade de conhecer dezenas de lo cais em Porto Alegre, onde o caminho do sucesso é o do consumo e da venda de drogas. Quem le-va os doentes ao hospital e que tem carro para is so, às ve-zes estacionado na frente do posto de saúde, é o traficante. Quem construiu e cercou o

“Já faz tempo que surgiu um poder, paralelo, que

cresce em força, organização, tecnologia, lucros, e que tem se feito presente e atuante para milhões de pessoas: o

poder da droga.”Marchezan

Deputado Estadual

Presidente da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (ASSTBM), tenente Aparício Costa Santellano (D)

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campo de futebol foram os tra-ficantes. Quem tem dinheiro no bairro, na vila, é o traficante. Quem tem influência, quem re-solve os problemas, quem tem poder, é o traficante. Para uma criança de cinco, 10, 15 anos, qual será o seu modelo de su-cesso? O que essa criança vai querer ser?

Representantes do Ministério Público do Rio Grande do Sul nos alertam para a existência de territórios em que a posse, o consumo e o trá-fico de drogas formaram ambientes semelhantes aos das áreas mais confla-gradas do Rio de Janeiro. Isso é confirmado pela nossa Brigada Militar. O próprio crescimento das apreensões de drogas, como cocaína, crack e haxi-xe, oferece-nos uma ideia da gravidade da situação. O volume dessas drogas tem crescido de forma alarmante. A quantidade apreendida de haxixe, por exemplo, em 2008, foi 649% superior ao ano de 2007.

Especificamente, no caso do consumo de crack, a Secretaria de Saúde já definiu como epidêmica a si-tuação, estimando a existên-cia de 50 mil dependentes no Estado. Nos meses de cam-panha à prefeitura, ao menos uma vez por semana, eu era abordado por uma mãe de-sesperada, que estava com seu filho acorrentado ou amarrado para que ela pu-desse mantê-lo longe do con-sumo de crack.

Uma pedra custa em tor-no de R$ 5,00. Depois de meia

Diretoria da Servipol e Ugeirm

Diretoria da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul - Asdep/RS

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hora, o dependente quer outra. E faz tu-do o que for necessário pela próxima pedra. O índice de recuperação, por mais desestimulante que isso possa ser, é per-to de zero. Essa é uma droga barata, mas se engana quem pensa que atinge ape-nas as pessoas de menor renda. O pró-prio prefeito de Washington, capital dos EUA, foi flagrado fumando crack. Esse cenário é terrível. E a tendência é piorar. A merla, que é produzida com a pasta base de cocaína e algum solvente, como ácido de bateria ou querosene, é mais atuante no organismo que o crack, e já é consumida por mais de 50% dos usuários de drogas do Distrito Federal.

A droga está por trás de, pelo menos, 70% dos assassinatos praticados na Capital, conforme informações relatadas pelo delegado Bolívar Lantada.

Ou nos unimos, ou continuaremos perdendo. Nós estamos perdendo. E vencer é possível. A cooperação, a criação e a multiplicação de conselhos comunitários e, especialmente, o envolvimento das famílias, é o imprescin-

dível atalho para onde que-remos chegar.

Necessariamente, exige a mobilização e a moralização do aparelho estatal. São obri-gações intransferíveis do Es-tado, responsável pela segu-rança pública: combater sem trégua a corrupção em todos os órgãos e, principalmente, em todos os níveis (quem vende a droga é tão podre e nocivo à sociedade, como quem vende o seu BO, seu

Diretoria do Sindicato dos Servidores do Instituto-Geral de Perícias do Estado do Rio Grande do Sul - Sindiperícias

“Nos meses de campanha à prefeitura, ao menos uma vez por semana, eu era abordado por uma mãe desesperada, que estava

com seu filho acorrentado ou amarrado para que ela pudesse mantê-lo longe do

consumo de crack.”Marchezan

Deputado Estadual

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parecer, a sua sentença, o seu voto); aumentar o poli-ciamento preventivo, repres-sivo e investigativo; equipar adequadamente a polícia; investir em tecnologia; e agi-lizar os processos judiciários. A legislação penal vigente desperta em todos nós, bra-sileiros, a sensação de que os bandidos estão mais pro-tegidos do que os cidadãos de bem, tamanhas são a mo-rosidade dos processos e a impunidade decorrente dessa lentidão. Como diria Rui Barbosa, “A justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualifica-da e manifesta”.

Todas estas exigências impostas ao Estado e respondidas ainda timidamen-te por instituições do próprio Estado, como por organizações representantivas de segmentos da sociedade, convocam a Assembleia Legislativa a integrar-se cada dia mais aos esforços pela melhoria dos serviços de segurança pública.Acredito mesmo que já se tornou irrecusável e urgente a criação da Comissão

Permanente de Segurança Pública na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Hoje, nossa Assembleia tem 12 comissões permanentes, como a comissão da saúde, a da educação, de finanças, da agricultura, etc. e ne-nhuma que se dedique ao debate técnico, se-manal, permanente e regimental da situação da segurança dos gaúchos. E devemos humildemen-te reconhecer que estamos atrasados.

Há sete anos, as conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou o Nar-cotráfico levaram a Câmara dos Deputados a criar a Comissão de Segurança Pública e Com-

Diretoria da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho – ABAMF/RS

“Quem vende a droga é tão podre e nocivo à sociedade como quem vende o seu BO, seu parecer,

a sua sentença, o seu voto.”

MarchezanDeputado Estadual

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bate ao Crime Organizado, Violência e Nar-cotráfico. No ano passado, debateu temas como o uso do GPS para localizar desapa-recidos; o uso de videoconferência para interrrogatório de presos; o serviço volun-tário da Polícia Militar e o rastreamento eletrônico de presos.

Além do Congresso, mais da metade, 14 das 27 assembleias legislativas, mantêm comissões dedicadas ao estudo, ao debate e à busca de soluções para a insegurança com que convivem os cidadãos nas ruas e as condições de trabalho daqueles que la-butam diariamente, nessa área. Elas estão operando em São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Mato Grosso, Espírito Santo, Tocantins, Pará, Paraíba, Piauí, Maranhão, Distrito Federal. Conside-rados os sete estados que formam as regiões Sul e Sudeste, o Rio Grande do Sul é o único a não ter uma Comissão Permanente de Segurança Pública na sua Assembleia Legislativa.

Por outro lado, pelo menos desde 2005, sucessivas pesquisas de opinião pública, realizadas no Bra-sil, identificam a insegu-rança entre os problemas que mais preocupam a população.

Aos meus colegas que, em qualquer medida, já se empenharam aqui por esta causa pública, meu reconhecimento. E se é obrigação do Estado, la-to sensu, os serviços de saúde, educação e segu-rança; se o Estado, ente

“Nossa Assembleia tem 12 comissões

permanentes, nenhuma que se dedique ao debate

técnico, semanal, permanente e regimental

da situação da segurança dos gaúchos.”

MarchezanDeputado Estadual

Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/RS, Cláudio Pacheco Prates Lamachia (D) e diretoria

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segurança pública

federativo, tem como sua atri-buição a segurança; se mais da metade dos parlamentos esta-duais e o parlamento federal já tem uma comissão de segu-rança; e se é o desejo da po-pulação, demonstrado em to-das as pesquisas da última dé-cada; eu quero me juntar aos que se empenharam e aos que se empenham, agora, para que uma de nossas comissões pas-se a ter como denominação e foco, a Segurança Pública.

E que esse tema, que hoje eu trouxe, seja permanentemente debatido pelos meus pares, na chamada casa do povo.

Muito obrigado pela presença e pela atenção das senhoras e dos senhores.

Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings

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Marchezan une governo e oposição eM torno Da

segurança pública

O deputado estadual Nelson Marchezan Júnior (PSDB) protocolou, no dia 10 de dezembro de 2009, o pedido de criação da Comissão de Segurança Pública na Assembleia Legislativa. O documento também foi assinado pelo líder de governo Pedro Westphalen e pelo presidente da Comissão de Serviços Públicos, deputado Fabiano Pereira.

A instalação foi articulada por Marchezan que, desde o começo de 2009, visitou sindicatos e entidades ligadas à segurança pública e con-versou com lideranças da área em busca de apoio.

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segurança pública

proJeto De resolução nº 26 /2009Deputado(a) nelson Marchezan Jr. + 2 Dep(s)

Altera a redação do inciso III do art. 50 da Resolução nº 2.288, de 18 de janeiro de 1991, instituindo a Comissão Técnica Permanente de Segurança e Serviços Públicos.

art. 1º - O inciso III do art. 50 da Resolução nº 2.288, de 18 de janei-ro de 1991, Regimento Interno da Assembleia Legislativa, passa a ter a seguinte redação:

“Art. 50 - ......III – Comissão de Segurança e Serviços Públicos;”

art. 2º - O inciso IV do art. 56 da mesma Resolução será assim redi-gido:

“Art. 56 - .....III – Comissão de Segurança e Serviços Públicos – aspectos atinentes

à segurança e à ordem públicas, à incolumidade das pessoas e do patri-mônio, ao combate à criminalidade, às atividades da Polícia Civil, da

Polícia Militar, à paz pública em geral, à organização político-adminis-trativa do Estado, matérias relacionadas com obras públicas, saneamen-to, transporte de cargas, viação, energia, comunicações, mineração e funcionalismo público;

art. 3º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Sala de Sessões, Deputado(a) Nelson Marchezan Jr.

Deputado(a) Fabiano Pereira Deputado(a) Pedro Westphalen

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JustiFicativaNo passado, esta Casa testemunhou esforços para se criar uma Comissão Técnica Permanente de Segurança

Pública, dado o progressivo acúmulo de dificuldades nesta área. As boas intenções foram frustradas. Ainda que os desafios tenham crescido exponencialmente, os problemas da Segurança Pública continuam passando ao largo das nove Comissões Técnicas Permanentes da Assembleia Legislativa. Nenhuma delas se ocupa especificamente deste tema.

É lugar comum referir a intranqüilidade pela qual passam hoje, em nosso Estado, a família, a escola, a empresa, os cidadãos em geral. A impunidade reina como nunca. Agride-se, rouba-se, invade-se, mata-se diariamente, como revelam as páginas policiais dos jornais. São raras as famílias que não tenham sofrido algum tipo de violência. Policiais militares e civis sobrevivem com vencimentos aviltantes, o que conspira contra a necessidade urgente de combater a criminalidade. Não raro, os que cumprem seu dever tombam assassinados. Muitos são tentados a se omitir, a não prevenir, a não punir. Nos bolsões de pobreza, é comum a efetivação da justiça com as próprias mãos, como mecanismo fatal na luta pela sobrevivência. Se as leis são frouxas e as instituições insuficientes, não se tem como esperar outro comportamento.

Levantamento feito pela Folha de São Paulo, publicado por Zero Hora em 19 de fevereiro de 2008, assegura que Porto Alegre, comparado com outras capitais, teve o maior crescimento em homicídios entre 2006 e 2007. Os números deste levantamento dão a medida não só do aumento da criminalidade na capital do Rio Grande do Sul, como também da criminalidade em outros Estados. Qualitativamente, no entanto, a Capital dos gaúchos colhe os piores resultados:

A comunidade tem consciência destes fatos, até porque acontecem no seu dia a dia. Pesquisa do Correio do Povo/Instituto Methodus, divulgada em 12 de agosto de 2008, solicitou aos porto-alegrenses sobre prioridades para a administração da cidade. A principal reivindicação apontada foi policiamento, seguida de saúde, creches

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segurança pública

A tudo isso deve ser acrescentada a questão da drogadição, que induz à violência e, não raro, à morte. Zero Hora de 14 de dezembro de 2008 (edição on line) faz um apanhado dos assaltos em 2008, identifi-cando 70 casos em que, dada a reação das vítimas, os assaltantes foram mortos. Afirma textualmente a reportagem:

“Frias, as estatísticas escondem que, por trás das armas, há criminosos extremamente nervosos, na maior parte das vezes drogados e com pouca experiência. Essa vulnerabilidade pode se tornar também fatal: tanto podem morrer quanto matar.”

A sociedade encontra-se em estado permanente de angústia diante dessa criminalidade incontrolada. Embora agravado quantitativa e qualitativamente, este panorama não é novo. Consultando os anais do Parlamento, como foi referido inicialmente, encontramos tentativas históricas para enfrentá-lo, frustradas todas elas pela ausência de decisão.

Menciono como exemplo a Comissão Especial de Segurança que funcionou nesta Casa em 1987 e 1988 e que foi presidida pelo Deputado José Antônio Daudt (processo administrativo nº 1210/87-4). Não logrou sequer garantir a incolumidade de seu presidente. Já em 2003, frustrou-se na Comissão de Consti-tuição e Justiça o Projeto de Resolução nº 02/2003, que propunha a criação de uma Comissão Permanente de Segurança Pública (Processo 20152 01.00 ALRS 03 5). Em 2006 repetiu-se a experiência quando foi proposta uma Comissão Mista Permanente de Segurança Pública, através do Processo nº 20653 01.00 ALRS 06 03, singelamente arquivado no final do exercício.

Além desses expedientes, repousam nos arquivos da Assembleia Legislativa os relatórios de Comissões Parlamentares de Inquérito que examinaram a situação da segurança pública no Estado. A mais recente, instalada em 2001, debateu a “insegurança pessoal e patrimonial da maioria dos habitantes do Estado do Rio Grande do Sul”, com destaque para a política de segurança pública, a desestruturação do aparelho policial, as rebeliões nos presídios, as fugas no sistema carcerário, o aumento de assaltos a bancos, farmácias, lotéricas, ônibus e táxis, furtos, roubos e homicídios. Se comparados os dados atuais com os levantados em diferentes momentos, desde os anos 80, observa-se que os problemas de violência não recuaram, ao contrário, se agravaram, enquanto o Parlamento deixou de tomar providências efetivas para melhor conhecê-los, equacioná-los e, se for o caso, enfrentá-los.

O que não se pode de maneira alguma admitir é que o Parlamento gaúcho continue alheio a um pro-blema que só faz crescer. A situação já era séria nos anos 80 e 90. Agravou-se mais no século XXI, como se pode ver pelas ocorrências de crimes contra a vida e a propriedade registradas na Secretaria de Segurança Pública, do ano 2000 a 2008 :

municipais, limpeza urbana, horário de ônibus, iluminação pública, pavimentação de ruas, escola de ensino fundamental, conservação de praças/parques, coleta de lixo, arborização, conforme segue:

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Os dados da tabela são apenas uma amostragem. Poder-se-ia também indicar a variação crescente nos casos de lesões corporais, rixas, danos, receptação, seqüestros e outros. A eles faz contraponto a deficiência existente entre os recursos humanos previstos e os disponíveis na área da segurança pública (Brigada Militar, Polícia Civil, Superintendência de Serviços Penitenciários, Instituto Geral de Perícias). A população carcerária cresceu de forma pronunciada. Havia 16.692 apenados em 2002. Hoje são mais de 24.000. O Presídio Central de Porto Alegre está com a maior lotação em 50 anos.

Enquete realizada pela Fato Pesquisa Social e Mercadológica, junto a 800 entrevistados, publicada pelo jornal Zero Hora em 22 de julho de 2007 (p. 46 e 47), mostrou que, nas dez cidades gaúchas mais violentas, um em cada três entrevistados foi vítima de roubo. No total, 88,6% dos entrevistados afirma-ram que se sentem inseguros em relação ao risco de ser vítima de roubo, furto ou acidente. Apenas 6,6% declararam sentir-se seguros.

Além de atentar contra a incolumidade das pessoas, são crimes que prejudicam também o seu pa-trimônio. Levantamento feito pelo Sindicato das Empresas Transportadoras, publicado por Zero Hora em 28 de fevereiro de 2008, informou que, em 2007, desapareceram 70 milhões de reais em mercadorias ao longo das estradas gaúchas, dado que variou em mais de 45% em relação ao ano anterior. O mesmo jornal publicou, em 04 de março de 2008, que Porto Alegre já está superando o Estado do Rio de Janeiro em assaltos e roubo de automóveis: Em 2007, ocorreram 112 roubos por grupos de 100 mil automóveis em Porto Alegre, enquanto no Rio, foram 88 roubos por grupo de 100 mil automóveis.

Enquanto os crimes cresceram, diminuiu significativamente o efetivo de policiais civis e militares. De todos os crimes que chegam ao conhecimento da Polícia Civil, quase metade não é investigada, segundo relatório da Divisão de Planejamento e Coordenação da Polícia Civil (Zero Hora de 27 de julho de 2002).

Enquanto isso, 240 gangues de assaltantes, traficantes e baderneiros disputam espaço no submundo da Capital (Zero Hora de 07 de agosto de 2008).

Em 2008, o Estado conta com apenas 22.133 policiais militares. Na verdade, é o menor efetivo da Brigada nos últimos 23 anos. Ou seja, em 1985 havia 23.572 brigadianos ativos. Ocorre, no entanto, que naquele ano o Rio Grande tinha somente 243 municípios e dois milhões de habitantes a menos do que tem hoje.

Os desafios da segurança pública, por serem um problema nacional, estão presentes em todos os Estados da Federação. Há que se considerar, no entanto, que as Assembleias Legislativas de onze unidades federativas se adiantaram e criaram comissões técnicas permanentes de segurança pública. São elas São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Mato Grosso, Espírito Santo Tocan-tins, Pará e Distrito Federal. Com base nos sites disponíveis na rede mundial de computadores, pode-se conferir os dados desses Estados, o total dos deputados de cada um, o total de comissões, bem como o número de deputados por comissão:

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segurança pública

Uma primeira constatação revela que, comparada com a realidade gaúcha, a composição das comissões técnicas permanentes nesses Estados conta com reduzido número de parlamentares. No má-ximo 9 (nove), como é o caso de São Paulo, todos distantes da realidade da Assembleia do Rio Grande do Sul, onde são 12 os integrantes de cada comissão técnica permanente. É semelhante a situação do número total das comissões técnicas permanentes comparativamente à Assembleia gaúcha, onde elas são apenas 9 (nove), enquanto nos demais Estados este número é bem maior.

Como são conhecidas as dificuldades enfrentadas nesta Casa para o funcionamento das comissões, mesmo integradas por 12 (doze) parlamentares, é plausível admitir que nos demais Estados haja limita-ções operacionais, dado o reduzido número de integrantes. Daí que no presente PR não se altera o núme-ro de comissões, nem a sua composição. O PR pretende apenas inserir o tema segurança pública numa das comissões da Casa. Tal pode ser feito através da Comissão Técnica Permanente de Serviços Públicos, por ter esta, atualmente, competências que mais se aproximam do conteúdo pretendido.

Não é exagero admitir que o Rio Grande do Sul vive, hoje, uma combinação de crises complexas, de desfecho imprevisível que, no caso da Segurança Pública, está a requerer a presença indispensável das instituições, onde o Parlamento não pode se omitir. Reincidir na omissão, neste momento, seria imper-doável.

O art. 53 da Constituição Estadual, no inciso X, inclui entre as competências exclusivas da Assembleia expedir resoluções. Não seria correto deixar de expedi-las quando absolutamente necessárias.

Sendo assim, submeto a presente proposta à elevada consideração dos meus pares, na convicção de que corresponde aos desejos e expectativas da sociedade gaúcha em relação ao seu Parlamento.

Sala das Sessões,

Deputado(a) Nelson Marchezan Jr.

Deputado(a) Fabiano Pereira Deputado(a) Pedro Westphalen

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teleFones úteis

SSP - Secretaria da Segurança Pública – Fone – 51 3288.1900

Guia on-line de delegacias em: http://www.pc.rs.gov.br

Instituto Geral de Perícias - http://www.igp.rs.gov.br

Fone - (51)3288.5166

Susepe - http://www.susepe.rs.gov.br

Fone - (51) 3288-7206

DENARC (Del. Narcotráfico) - 0800.518518

DECAP (Del. Capturas) - 0800.5104668

telefones de emergência

Polícia Civil - 197

Brigada Militar - 190

Polícia Federal - 191

Polícia Rodoviária Atendimento Médico de Urgência (SAMU) - 192

Corpo de Bombeiros – 193

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Gabinete Deputado Estadual nelson Marchezan JúniorPraça Marechal Deodoro, 101 – Sala 702 – Porto Alegre – RS – CEP 90010-300

Fone (51) 3210.2330 – Fax (51) [email protected][email protected]