secretaria de desenvolvimento social, criança e juventude · ritos de passagem no processo de...

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Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude Secretaria Executiva de Assistência Social Gerência de Projetos e Capacitação Centro Universitário Tabosa de Almeida – ASCES-UNITA

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Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e JuventudeSecretaria Executiva de Assistência Social

Gerência de Projetos e CapacitaçãoCentro Universitário Tabosa de Almeida – ASCES-UNITA

... eles povoam a cidade.

Depois da cidade,

o mundo.

Depois do mundo,

as estrelas, dançando o baile do medo.

Carlos Drummond de Andrade

Ritos de Passagem

? ? ? ?• Motivações para a escolha do Curso• Apresentações individuais: Nome, Serviço

ou Setor onde atua, Função e tempo de exercício na assistência social

• O que o perfil do Grupo nos sinaliza sobre o desenvolvimento do curso?

Construindo o Perfil do Grupo

1. Instituições com profissionais

comprometidos e atuantes,

2. Crianças e adolescentes em

situação de risco e vulnerabilidade

3. Atividades lúdicas e de garantia de

direitos

4. Necessidade de qualificar estrutura

física das casas para melhor

atendimento e condições de

trabalho para atuação da equipe

5. Formação continuada para prática

mais direcionada e especializada.

Construindo o Perfil do Grupo

Programa que integra a Política de EducaçãoPermanente do SUAS (estabelecida naRESOLUÇÃO do CNAS Nº 4, DE 13 DE MARÇODE 2013, por efeito da NOB RH) emperspectiva de :

a. Consolidação de um modelo de atençãocidadã na perspectiva do direito.

b. Desprecarização do trabalho, dostrabalhadores e agentes sociais do SUASatravés do esforço coletivo e integrado.

c. É espaço de trocas e debates quepermitam aos participantes suspenderseu cotidiano e reconstruí-lo à luz deconceitos e paradigmas.

Capacita SUAS

Ritos de passagem ...

Há um tempo em que é preciso abandonar asroupas usadas, que já tem a forma de nosso corpo,e esquecer os caminhos que nos levam semprepara os mesmos lugares. É o tempo da travessia, ese não ousarmos fazê-la, teremos ficado parasempre à margem de nós mesmos.

(Fernando Pessoa)

Ritos de passagem ...Oficina : o pensado e o vivido Atividade 1

Escrever em tarjetas de cores diferente:1. Qual a razão de existir da Casa de acolhimento?2. O que precisa ser comum na Casa de acolhimento?3. O que precisa ser diferente na Casa de acolhimento?

“A humanidade é constituída por gruposonde os indivíduos têm em comum ritos,tradições, uma linguagem que lhes permitecolaborar entre si, tendo em vista dominaro mundo exterior, mas, em primeiro lugar,precisam se apoiar uns nos outros, a fim dese auxiliarem mutuamente parasobreviver.”

Henri Wallon

Ritos de passagem na história, na vida das pessoas:

Como o passado se revela no presente?

•Cerimônias, que marcam pontos dedesprendimento. Velhas atitudes sãoabandonadas e novas aceitas.

• A convivência com algumas pessoas devia serdeixada para trás e novas pessoas passavam aconstituir o grupo de relacionamento direto.

•Em algumas culturas , a cada rito de passagem ,a pessoa trocava de nome, representando queaquela identidade que assumira até então, nãomais existia - ela era uma nova pessoa.

Ritos de passagem na evolução da política deAtendimento

Cultura da Institucionalização Garantia de direitos

Respostas as situações de vulnerabilidade e risco : institucionalizar

Resposta : apoio sócio familiar e inclusão nas políticas públicas

O abrigo como “Internato do pobre” O abrigo como medida protetiva de caráter excepcional

Longa permanência Provisoriedade do atendimento

Despotencialização das famílias : solução para educar “adequadamente” as crianças pobres

Potencialidade das famílias: promoção da reintegração familiar e, excepcionalmente, adoção

Cuidados massificados Respeito a individualidade e a história do usuário

Isolamento e segregação Inserção na comunidade e preservação de vínculos

Revitimização Reparação

Violação de direitos Proteção e defesa

No acolhimento de crianças e adolescentes,os Ritos de passagem precisam consolidar

os seguintes princípios:

I – preservação dos vínculos familiares;II – integração em família substituta, quando esgotados os recursos demanutenção na família de origem;III – atendimento personalizado em pequenos grupos;IV – desenvolvimento de atividades em regime de coeducação;V – não-desmembramento de grupos de irmãos;VI – evitar sempre que possível, a transferência para outras entidades de criançase adolescentes abrigados;VII – participação na vida comunitária local;VIII – preparação gradativa para o desligamento;IX – participação de pessoas da comunidade no processo educativo.

Na rotina do acolhimento institucional, vale tirar doautomático as impressões obvias e refletir, questionando equestionando-se: “eles estão lá porque querem” ou foramtirados e/ou expurgadas de suas famílias, de suas escolas, detoda a sua rotina, das pessoas com as quais tinham vínculos?De onde vem as crianças e adolescentes que chegam à Casa?Quando pensamos nas crianças e adolescentes acolhidos, oque imaginamos?Quais os elementos que podem caracterizar o rito depassagem?Como os ritos de passagem podem marcar a chegada dacriança no Acolhimento?

A segurança é um dos aspectos fundamentaispara o desenvolvimento emocional saudável, ea sua ausência pode gerar grandes dificuldadesde desenvolvimento de vínculos de confiança,entre outras questões psíquicas bemimportantes .Na maioria das vezes, as perdas vividas pelascrianças e adolescentes geraram grande dor edesestabilidade emocional que perdura eestimula a descrença.

As privações parciais ou totais de afeto,causadas por rupturas, insuficiência deinteração, descontinuidade e reações deluto, afetam as esferas: emocional,física, cognitiva, comportamental esocial.

É preciso observar e buscar compreendermelhor algumas consequências para enfrentar ecombater as causas .

O que é abandono?

Privação do vínculo afetivo, cuidados,proteção e conforto daquele que responde àsnecessidades básicas.A segurança pode representar algo conhecido,por isso crianças que apanham todos os diastem este referencial.Se esta criança passa a não reconhecer maisesta dinâmica, passa a ficar insegura, pois nãotem controle da situação e não reconhecer oque é conhecido, habitual.

A equipe da Casa de Acolhimento precisacuidar e apoiar as crianças e os adolescentesna desconstrução da banalização da dor e danaturalização do sofrimento.

É PRECISO COMPREENDER ...

O luto e suas manifestaçõesO luto são reações às perdas. No caso das criançase adolescentes acolhidos, o luto é vivido nospequenos aspectos como: família, casa,brinquedos, comida, cheiros, hábitos, escola,lugares e etc.

As manifestações de luto podem ocorrer demaneira misturada, com sentimentos de raiva,angústia, perda de referência, medo e etc.

As crianças que não se adaptam a algumlugar, possivelmente, estão vivendo umprocesso de luto.

A não adaptação pode ser uma forma dereaver o que tinha antes. Ainda sobre oluto, é preciso considerar algunselementos para identificá-lo, muitas vezes“velados” por outras emoções, como porexemplo:

QUAIS AS RELAÇÕES EXISTENTES NAS MANIFESTAÇÕES DE :

Raiva que revela luto

Desinteresse que revela Insegurança

É PRECISO COMPREENDER AS RELAÇÕES

Desprezo que revela medo do abandono e rejeição

É PRECISO COMPREENDER AS RELAÇÕES

Recusa do cuidado e do afeto que revela desejo de segurança e controle

Luto X Trauma

É possível admitir que todo traumaacompanha um luto, uma perda.No entanto, nem sempre o luto estárelacionado ao trauma, mas àpossibilidade de despedida.O luto está mais relacionado a ritos depassagem, a rupturas e separações, e podeapresentar-se com desânimo aparente,raiva, no qual falar a respeito pode aliviar.

Luto X Trauma

O trauma está relacionado à maus tratos, abuso,guerra e desastres naturais. Todo traumaacompanha um luto. Ao vivenciarmos situaçõestraumáticas, os sentidos ficam comprometidos,por isso, a metodologia de intervenção dapedagogia da emergência contempla atividadescomo: jogos cooperativos, atividades comequilíbrio, ritmos, aquarela, música, dança,argila e contação de histórias, comopossibilidade de elaboração das vivênciastraumáticas.

Os traumas influenciam os ritos depassagem...

Os traumas, também, contagiamas pessoas na maioria das vezescom descrença em transformaçõesnecessárias.

ATENTE PARA :

Muitas vezes, as crianças não conseguemidentificar e reconhecer suas emoções e, porvezes, podem utilizar de mecanismos demanipulação para obter satisfação imediata,apresentando baixa tolerância à frustração etendendo a recriar vivências de rupturas,confirmando a crença de que não é possívelconfiar novamente.

Ritos de passagem Dando identidade ao acolhimento

Institucional

Entende-se por acolhimento institucional: Um espaço deproteção provisório e excepcional, destinado a crianças eadolescentes privados da convivência familiar e que seencontram em situação de risco pessoal ou social ou que tiveramseus direitos violados. Nessa perspectiva , os ritos de passagemsão processos que revelam transições, ora por “suas escolhas”,ora por impossibilidades de escolhas.Ritos de passagem no processo de acolhimento surgem deforma mais intensa seja no processo da criança e doadolescentes em medida de proteção, seja no processo deamadurecimento e evolução das equipes e outros coletivosorganizados que devem produzir a proteção social para odesenvolvimento integral preconizado no ECA.

Recepção e acolhimento / Admissão e inserção

“Acolher significa o ato de atender, receber,tomar em consideração, em atenção,agasalhar”. (Dicionário Aurélio, 1998).

É necessário que a equipe atente para o contatoinicial, assumindo atitudes facilitadoras paramais um rito de passagem na vida da criança edo adolescente.Diante do que já apresentamos, vale conferir:

Na maioria das vezes, ao chegar aCasa de Acolhimento, acriança/adolescente está insegura (o)e em alerta, como uma tentativa de seproteger e se preparar para o pior,com medo de que uma nova ruptura,um novo abandono aconteça.

É possível identificar alguns comportamentosnas crianças mais “pegajosas”, por exemplo,como o desejo pelo controle e tentativa deevitar novo abandono, enquanto outrascrianças/adolescentes utilizam o desprezocomo forma de manter um distanciamentoseguro a fim de evitar novas rupturas.

O medo de que elas aconteçam novamente estápresente em duas formas de interação. As crianças“boazinhas” tentam garantir a aceitação.

As crianças que fazem parte de famílias presentesfisicamente, mas distantes emocionalmente,tendem a serem “grudentas”, enquanto que ascrianças que vivenciaram rupturas definitivastendem a desprezar as relações e se isolar.

O CAMINHO A SER TRILHADO

FORTALECER A IDENTIDADE DA CRIANÇA

E DO ADOLESCENTE

NÃO EMITIR JUÍZO DE VALORES OU

COMENTÁRIOS SOBRE A SITUAÇÃO DA CRIANÇA;

EXPRESSAR GESTO CONCRETO, OFERECENDO

CUIDADOS

APRESENTÁ-LA ÀS DEMAIS CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE ESTÃO ABRIGADAS.

Ritos de passagem ...Oficina: o pensado e o vivido

Atividade 2Descreva em tarjetas brancas a rotina que marca achegada das crianças e adolescentes a casa deAcolhimento;Considerando a importância do rito de passagem ,avalie as tarjetas brancas e registre em tarjetasamarelas o que precisa ser adaptado e nas tarjetasrosa o que precisa ser excluído do processo.

RITOS DE PASSAGEM :

Fatores externos e internos queameaçam a medida de proteção edesviam o olhar sobre a doutrina deproteção integral preconizada peloECA, fragilizando o SGD da criança e doadolescente

Assistência Social e universalização de

direitos

Desproteção Social

Pobreza

Ass

istê

nci

a So

cial

Proteção Social

Vigilância Socioassistencial

Defesa de Direitos

ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIALSEGUNDO SUAS FUNÇÕES

EIXOS DO SISTEMA DE GARANTIA DEDIREITOS

Eixo da Defesa dos Direitos Humanos: os órgãospúblicos judiciais; ministério público,especialmente as promotorias de justiça, asprocuradorias gerais de justiça; defensoriaspúblicas; advocacia geral da união e asprocuradorias gerais dos estados; polícias ;conselhos tutelares; ouvidorias e entidades dedefesa de direitos humanos incumbidas de prestarproteção jurídico-social.

EIXOS DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS

Eixo da Promoção dos Direitos: A política de atendimento dosdireitos humanos de crianças e adolescentes operacionaliza-seatravés de três tipos de programas, serviços e ações públicas:1) serviços e programas das políticas públicas, especialmente

das políticas sociais, afetos aos fins da política deatendimento dos direitos humanos de crianças eadolescentes;

2) serviços e programas de execução de medidas de proteçãode direitos humanos e;

3) serviços e programas de execução de medidassocioeducativas e assemelhadas.

EIXOS DO SISTEMA DE GARANTIA DEDIREITOS

Eixo do Controle e Efetivação dos Direitos: realizadoatravés de instâncias públicas colegiadas próprias, taiscomo: conselhos dos direitos de crianças eadolescentes; conselhos setoriais de formulação econtrole de políticas públicas; e os órgãos e os poderesde controle interno e externo definidos na ConstituiçãoFederal. Além disso, de forma geral, o controle social éexercido soberanamente pela sociedade civil, atravésdas suas organizações e articulações representativas.

Pobreza, Risco e

Vulnerabilidade

Indicadores

Planejamento,Monitoramento

e Avaliação intersetorial

Proteção Social

Fatores externos einternos para garantir aproteçãoSocioassistencial

Território

Vigilância

Socioassistencial

O PENSADO (desafios na mudança de paradigma)

Resposta : apoio sócio familiar e inclusãonas políticas públicas

O abrigo como medida protetiva decaráter excepcional

Provisoriedade do atendimento

Potencialidade das famílias: promoção dareintegração familiar e, excepcionalmente,adoção

Respeito a individualidade e a história dousuário

Inserção na comunidade e preservação devínculos

Reparação

Proteção e defesa

O VIVIDO (dificuldades na desconstrução da lógica da situação irregular, da caridade e da benesse)

Desarticulação das Políticas sociais

O abrigo como única medida de proteção

Permanecia para além do tempo definido

Ausência de diagnóstico intersetorial e descrença nos ritos de passagem da família

Dificuldade metodológica para um atendimento mais personalizado

Preconceito e discriminação

Revitimização

Frágil integralidade das proteções afiançáveis

A acompanhamento dos casos pode garantir a produção de informação da vigilância socioassistencial deve mostrar o

descompasso entre o tamanho de nossas demandas sociais e o que já está sendo efetivamente garantido para as crianças, adolescentes

e famílias

Riscos evulnerabilidades

Oferta real da Casa de Acolhimento e do SGD

como um todo

Essa visão de totalidade permite traçar melhores ações e estratégias para prevenir epara reduzir agravamento das situações e contribui para o melhor planejamento daoferta intersetorial

“Independentemente de permanecermuito ou pouco tempo em um larsubstituto, as crianças precisam serajudadas a encontrar formassatisfatórias de viver e se tornarinteiros”

(Wilgocki e Wright , 2002).

Sugestões bibliográficasBORGES, Paulo Rogério. O declínio dos ritos depassagem e suas consequências para os jovens nassociedades contemporâneas.

Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação,Universidade de São Paulo, 2013.

RIBEIRO, Carlos Antonio Costa. Desigualdades nastransições para a vida adulta no Brasil (1996 e2008). Sociologia & Antropologia, Rio de Janeiro, v. 4, p.433-473, out. 2014.

RODOLPHO, Adriane Luisa. Rituais, ritos de passagem ede iniciação: uma revisão da bibliografiaantropológica. Estudos Teológicos, v. 44, n. 2, p. 138-146, 2004.

Avaliando o dia a partir dos objetivos previstos:

Reconhecer o espaço institucional como espaço deacolhida coletiva contemplando as singularidadesdo sujeito marcado por diferentes exclusõessociais;

Garantir acolhida afetuosa e especializadapromovendo assim a autonomia e a relação deconfiança fundamental para o desenvolvimento dacriança e do adolescente no espaço institucional;

Fortalecer vínculos estabelecidos no processo deatendimento estimulando a construção de novasrelações e a composição de diferentes modelos defamílias e de outros núcleos sociais.

Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e JuventudeSecretaria Executiva de Assistência Social

Gerência de Projetos e Capacitação

www.sigas.pe.gov.brE-mail: [email protected]

Telefone: 81 3183 0702

Centro Universitário Tabosa de Almeida – ASCES-UNITA

E-mail: [email protected]: (081) 2103-2096