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MÓDULO I APOSTILA www.ctpac.com.br SAÚDE PÚBLICA

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MÓDULO I APO

STILA

w w w . c t p a c . c o m . b r

SAÚDE PÚBLICA

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2 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

SUMÁRIO

HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL 03

SUS: PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS E ORGANIZATIVOS 10

PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E OS MODOS DE INTERVENÇÃO 38

SAÚDE E AMBIENTE 42

SAÚDE E DESENVOLVIMENTO 46

FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE 47

EPIDEMIOLOGIA E INDICADORES DA SAÚDE COLETIVA 49

PROGRAMA DE SAÚDE DA MULHER 53

PROGRAMA DE SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 55

PROGRAMA DE SAÚDE DO IDOSO 58

PROGRAMA DE SAÚDE MENTAL 60

PROGRAMA DE SAÚDE DO TRABALHADOR 62

PROGRAMA DE SAÚDE DO ADULTO 63

ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA 64

REFERÊNCIAS 68

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3 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Tema 1

HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL

Descobrimento ao Império (1500-1889)

O Brasil colônia

• À primeira vista apenas nativos;

• Terra sem aparentes riquezas, senão o pau-brasil;

• Colonização por degredados e aventureiros.

• A atenção à saúde limitava-se aos próprios recursos da terra (plantas, ervas) e,

àqueles que, por conhecimentos empíricos (curandeiros), desenvolviam as suas

habilidades na arte de curar.

1808 – Chegada da Corte Portuguesa

• Sede provisória do Império português e principal porto do País, a cidade do Rio de

Janeiro tornou-se centro das ações sanitárias;

• Criada em 22 de janeiro de 1810, pelo Príncipe Regente D. Pedro I, a Inspetoria

Sanitária de Portos. Interesse primordial estava limitado ao estabelecimento de um

controle sanitário mínimo da capital do império

A carência de profissionais médicos no Brasil Colônia e no Brasil Império era

enorme, a saber, no Rio de Janeiro, em 1789, só existiam quatro médicos exercendo a

profissão (SALLES, 1971). Em outros estados brasileiros eram mesmo inexistentes.

Por ordem real, foram fundadas as Academias médico-cirúrgicas, no Rio de

Janeiro e na Bahia, na primeira década do século XIX, logo transformadas nas duas

primeiras escolas de medicina do País.

República Velha (1889 – 1930)

• A Proclamação da República estabeleceu-se uma forma de organização Jurídico-

Política típica do estado capitalista;

• Coronelismo - “política café-com-leite”;

• Doenças graves: varíola, a malária, a febre amarela, e posteriormente a peste, afetam

o comércio exterior.

Oswaldo Cruz e a Revolta da Vacina

• Em 1904 é instituída a Reforma Oswaldo Cruz e criado o Serviço de Profilaxia da

Febre Amarela e a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção, com a responsabilidade

de combater a malária e a peste no Rio de Janeiro;

• Revolta da Vacina - uma grave epidemia de varíola assolou a cidade do Rio de

Janeiro fazendo com que o governo interviesse, tornando a vacinação obrigatória;

• Modelo de intervenção campanhista;

• Erradicação da febre amarela;

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4 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Neste período Oswaldo Cruz procurou organizar a diretoria geral de saúde

pública, criando uma seção demográfica, um laboratório bacteriológico, um serviço de

engenharia sanitária e de profilaxia da febre-amarela, a inspetoria de isolamento e

desinfecção, e o instituto soroterápico federal, posteriormente transformado no Instituto

Oswaldo Cruz. Na reforma promovida por Oswaldo Cruz foram incorporados como

elementos das ações de saúde:

- o registro demográfico, possibilitando conhecer a composição e os fatos vitais de

importância da população;

- a introdução do laboratório como auxiliar do diagnóstico etiológico;

- a fabricação organizada de produtos profiláticos para uso em massa.

Carlos Chagas - Avanços

• 1909 Carlos Chagas descobriu a Doença de Chagas, provocada pelo

Trypanossoma cruzi;

• Em 1920 Carlos Chagas transformou os Distritos Sanitários Marítimos em Diretorias

de Defesa Marítima e Fluvial Sucessor de Oswaldo Cruz;

• Criaram-se órgãos especializados na luta contra a tuberculose, a lepra e as doenças

venéreas.

Eloi Chaves e as Caps

•1923 Lei Elói Chaves, com a criação de uma Caixa de Aposentadoria e Pensões -

CAPs para os empregados de cada empresa ferroviária.

• Ponto de partida para a criação de uma Previdência nacional propriamente dita, uma

vez que nos anos subsequentes estas “caixas de aposentadoria” seriam estendidas a

demais categorias, tais como: portuários, telegráficos, servidores públicos, mineradores,

etc.

• Lei Eloi Chaves “O artigo 9, que definia os benefícios concedidos apresentava

na sua lista, além dos benefícios pecuniários (aposentadorias e pensões), a

prestação de serviços médicos e farmacêuticos. Estes eram estendidos a todas

as 'pessoas de sua família que habitem sob o mesmo teto e sob a mesma

economia'" (Levy-Copello, 1996).

“Era Vargas” (1930 – 1964)

Entre 1922 a 1930, sucederam-se crises econômicas e políticas em que se

conjugaram fatores de ordem interna e externa, e que tiveram como efeito a diminuição

do poder das oligarquias agrárias. Em particular, atuaram no Brasil as crises

internacionais de 1922 a 1929, tornando mais agudas as contradições e instalações

contra a política dos governadores.

A crise de 1929 imobilizou temporariamente o setor agrário-exportador,

redefinindo a organização do estado, que vai imprimir novos caminhos a vida nacional.

Assim é que a crise do café, a ação dos setores agrários e urbanos vão propor um novo

padrão de uso do poder no Brasil.

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5 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Em 1930, comandada por Getúlio Vargas é instalada a revolução, que rompe

com a política do café com leite, entre São Paulo e Minas Gerais, que sucessivamente

elegiam o Presidente da República.

• Criação dos IAP’s (Instituto de Aposentadoria e Pensões):

Benefícios:

a) aposentadoria;

b) pensão em caso de morte para os membros de suas famílias ou para os beneficiários

c) assistência médica e hospitalar, com internação até trinta dias;

d) socorros farmacêuticos, mediante indenização pelo preço do custo acrescido das

despesas de administração.

§ 2o - O custeio dos socorros mencionados na alínea c não deverá exceder à

importância correspondente ao total de 8%, da receita anual do Instituto, apurada no

exercício anterior, sujeita a respectiva verba à aprovação do Conselho Nacional do

Trabalho.

I Conferência Nacional de Saúde

•1941 Realizada a 1ª Conferência Nacional de Saúde tendo como principais temas:

a organização sanitária estadual e municipal, a ampliação das campanhas nacionais

contra a lepra e a tuberculose, o desenvolvimento dos serviços básicos de saneamento

e o plano de desenvolvimento da obra nacional de proteção à maternidade, à infância e

à juventude.

Saúde e Saneamento

• 1942 Assinado convênio básico que estabelecia o desenvolvimento de atividades de

saneamento, profilaxia da malária e assistência médico-sanitária às populações da

Amazônia.

•O Ministério da Educação e Saúde criou o Serviço Especial de Saúde Pública

(SESP).

Conselho de Saúde

• 1948 Criado o primeiro Conselho de Saúde, considerado o marco inicial da saúde

pública moderna. A partir deste ano, a saúde do povo foi reconhecida como importante

função administrativa de governo.

Ministério da Saúde

• 1953 Lei n.º 1 920 - de 25/07/1953, regulamentada pelo Decreto n.º 34 596, de

16/11/1953, desdobrou o Ministério da Educação e Saúde em dois Ministérios:

Ministério da Educação e Cultura e Ministério da Saúde.

• Os órgãos do Ministério da Saúde eram: Gabinete do Ministro, Conselho Nacional de

Saúde, Comissão Nacional de Alimentação, Seção de Segurança Nacional, Serviço de

Documentação, Serviço de Estatística da Saúde, Departamento de Administração,

Departamento Nacional de Saúde, Departamento Nacional da Criança, Instituto

Oswaldo Cruz.

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Linha do Tempo da Saúde: Uma viagem pela História das Políticas de Saúde no

Brasil

• 1956 Lei n.º 2 743 - de 06/03/1956, efetivou a criação do Departamento Nacional de

Endemias Rurais (DNERU), integrante do Departamento Nacional de Saúde.

Luta pela Municipalização

• Realizou-se a 3ª Conferência Nacional de Saúde, no período de 09 a 15/12/1963 no

Rio de Janeiro.

Os temas centrais eram: Situação Sanitária da População Brasileira; Distribuição e

Coordenação das Atividades Médico-Sanitárias nos Níveis Federal, Estadual e

Municipal; Municipalização dos Serviços de Saúde; Fixação de um Plano Nacional de

Saúde.

A 1ª e 2ª Conferências Nacionais de Saúde aconteceram, respectivamente, em 1941 e

1950.

GOLPE MILITAR DE 1964

A Política de Saúde nos Anos 60

•A saúde pública, relegada ao segundo plano, tornou-se uma máquina ineficiente e

conservadora, cuja atuação restringia-se a campanhas de baixa eficácia. Os habitantes

das regiões metropolitanas, submetidos a uma política concentradora de renda, eram

vítimas das péssimas condições de vida que resultavam em altas taxas de mortalidade.

Este quadro seria ainda agravado com a repressão política que atingiu também o

campo da saúde, com cassações de direitos políticos, exílio, intimidações, inquéritos

policial-militares, aposentadoria compulsória de pesquisadores, falta de financiamento e

fechamento de centros de pesquisas.

Criação da Sucam - 1970

•Decreto n.º 66 623 - de 22/05/1970, criou a Superintendência de Campanhas de

Saúde Pública, SUCAM, resultado da fusão do Departamento Nacional de Endemias

Rurais, da Campanha de Erradicação da Varíola e da Campanha de Erradicação da

Malária. Coube à SUCAM as atividades de execução direta de ações de erradicação e

controle de endemias nas áreas apresentando transmissão atual ou potencial; o mesmo

decreto criou também a: Divisão Nacional de Educação Sanitária, Divisão Nacional de

Engenharia Sanitária, Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística da Saúde e a

Divisão Nacional de Organização Sanitária.

1975- Sistema Nacional de Saúde

Estabelecia de forma sistemática o campo de ação na área de saúde, dos

setores públicos e privados, para o desenvolvimento das atividades de promoção,

proteção e recuperação da saúde. O documento reconhece e oficializa a dicotomia da

questão da saúde, afirmando que a medicina curativa seria de competência do

Ministério da Previdência, e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministério da

Saúde.

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7 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

INPS – INAMPS - IAPAS - 1977

•Lei n° 6.439 - de 1° de setembro de 1977, instituiu o Sistema Nacional de Previdência

e Assistência Social - SINPAS, orientado, coordenado e controlado pelo Ministério da

Previdência e Assistência Social, responsável "pela proposição da política de

previdência e assistência médica, farmacêutica e social, bem como pela supervisão dos

órgãos que lhe são subordinados" e das entidades a ele vinculadas.

As Ações do Piass

• 1979 - Decreto n.º 84 219 - de 14/11/1979, dispôs sobre a intensificação e expansão

de serviços básicos de saúde e saneamento, aprovou o Programa de Interiorização das

Ações de Saúde e Saneamento (PIASS) para o período 1980/1985.

• Ocorreu o 1º Simpósio Nacional de Política de Saúde, realizado pela Comissão de

Saúde da Câmara dos Deputados, sendo um marco expressivo do Movimento Sanitário.

O Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES) apresentou e discutiu a primeira

proposta de reorientação do sistema de saúde.

Saúde nos anos 80

• Início dos Dias Nacionais contra a Paralisia Infantil no Brasil.

• Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde - Prev-Saúde.

• Começou em todo o país campanha de conscientização sobre a febre amarela,

para alertar quem viaja às zonas da mata das regiões Centro-Oeste e Amazônia sobre

a necessidade de se vacinar contra a doença, pelo menos dez dias antes da viagem.

Importantes Conquistas - 1984

• 1984 Nasceu o primeiro bebê de proveta no Brasil.

• Criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM).

• Iniciou-se em todo país a vacinação de crianças de zero a quatro anos de idade contra

poliomielite, sarampo, difteria, coqueluche e tétano.

Nova República (1985 – 1988)

Avanços e Desafios em 1985

• 1985 Após três décadas da sua erradicação das regiões urbanas do país, o

mosquito transmissor da febre amarela reaparece em várias cidades brasileiras,

incluindo São Paulo e Rio de Janeiro.

Conquistas Científicas em 1986

• 1986 Aprovado o Plano de Ação para a Erradicação da Poliomielite no Brasil.

• Criação do Centro de Informação Científica e Tecnológica - CICT.

• Criação do Zé Gotinha, personagem símbolo da erradicação da poliomielite.

Marco para o SUS em 1986

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8 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

• 1986 Realizou-se a 8ª Conferência Nacional de Saúde, no período de 17 a

21/3/1986, em Brasília. Os temas centrais eram: Saúde como Direito Inerente à

Cidadania e à Personalidade; Reformulação do Sistema Nacional de Saúde;

Financiamento do Setor Saúde.

Em 1986, foi realizada em Brasília a VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS),

com ampla participação de trabalhadores, governos, usuários e parte dos prestadores

de serviços de saúde. Precedida de conferências municipais e estaduais, a VIII CNS

significou um marco na formulação das propostas de mudança no setor de saúde,

consolidadas na Reforma Sanitária Brasileira. Seu documento final sistematiza o

processo de construção de um modelo reformador para a saúde, que é definida como:

“resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente,

trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a

serviços de saúde. É, assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização

social da produção, as quais podem gerar desigualdades nos níveis de vida". Este

documento serviu de base para as negociações na Assembleia Nacional Constituinte,

que se reuniria logo após.

Paralelo ao processo de elaboração da Constituição Federal, outra iniciativa de

reformulação do sistema foi implementada, o Sistema Unificado e Descentralizado de

Saúde (SUDS). Idealizado enquanto estratégia de transição em direção ao SUS,

propunha a transferência dos serviços do INAMPS para estados e municípios. O SUDS

pode ser percebido como uma estadualização de serviços. O seu principal ganho foi a

incorporação dos governadores de estado no processo de disputa por serviços

previdenciários. Contudo, a estadualização, em alguns casos, levou à retração de

recursos estaduais para a saúde e à apropriação de recursos federais para outras

ações, além de possibilitar a negociação clientelista com os municípios.

Enquanto resultante dos embates e das diferentes propostas em relação ao

setor de saúde presentes na Assembleia Nacional Constituinte, a Constituição Federal

de 1988 aprovou a criação do SUS, reconhecendo a saúde como um direito a ser

assegurado pelo Estado e pautado pelos princípios de universalidade, equidade,

integralidade e organizado de maneira descentralizada, hierarquizada e com

participação da população.

Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva

- Redemocratização

- Nova República

- Constituição de

1988

- Lei Orgânica da

Saúde.

- PREV-SAÚDE

- CONASP

- Seguridade Social

- Crescimento da

medicina supletiva

- Universalização

- AIS

- VIII CNS

- SUDS

- SUS

- Criação do SUS

- Formalização do

conceito amplo de

saúde.

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9 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

POS-CONSTITUINTE (1889-...)

LEI ORGÂNICA DA SAÚDE

• 1990 Lei n.º 8 080 - de 19/9/1990, "Lei Orgânica da Saúde" REGULAMENTOU o

Sistema Único de Saúde.

• Lei n.º 8 142 - de 28/12/1990, dispôs sobre a participação da comunidade na gestão

do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de

recursos financeiros na área de saúde.

Novos Caminhos

• 1991 Aprovação da Norma Operacional Básica 01/91.

• Decreto n.º 100 - de 16/4/1991, criou a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).

• O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) começou a ser implantado na

região Nordeste, mediante projeto piloto, desenvolvido no estado da Paraíba.

• Nesse mesmo ano, com a entrada do cólera no país, o programa foi estendido em

caráter emergencial, à região Norte.

• 1993 Extinção do INAMPS

Saúde da Família

• 1994 Criação do Programa de Saúde da Família (PSF) como estratégia de

reorientação dos serviços de atenção básica à saúde. Os primeiros 55 municípios

colocaram em ação 328 equipes de Saúde da Família; cada equipe é composta por 1

médico, 1 enfermeiro, 1 auxiliar de enfermagem e de 4 a 6 agentes Comunitários de

saúde.

Financiamento do SUS – Uma Vitória

• 1999 Foi promulgada pelo Congresso Nacional a emenda constitucional (EC-29) que

vinculou verbas para o setor saúde e estabeleceu metas de aumento a serem atingidas

até 2004. Pela emenda, o governo terá que ampliar anualmente o orçamento da saúde

em percentual igual ao do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Urgências e Emergências

• 2003 Lançado o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) - principal

componente da Política Nacional de Atenção às Urgências.

• O serviço atende as urgências de natureza traumática, clínica pediátrica, cirúrgica,

gineco-obstétrica e psiquiátrica.

Pacto Pela Saúde

• 2006 PACTO PELA SAÚDE

• Assinado o Pacto de Gestão, documento que estabelece as responsabilidades

sanitárias de cada ente federado (União, estados e municípios). Uma das principais

ações é a definição de diretrizes para a gestão do SUS - descentralização,

regionalização, financiamento, pactuação entre municípios e regulação, entre outros.

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10 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Tema 2

O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS

Princípios Doutrinários e Organizativos

A primeira e maior novidade do SUS é seu conceito de saúde. Encarar saúde

apenas como ausência de doenças nos legou um quadro repleto não só das próprias

doenças, como de desigualdades, insatisfação dos usuários, exclusão, baixa qualidade

e falta de comprometimento profissional (DUARTE, 2009).

Para enfrentar esta situação era necessário transformar a concepção de saúde,

de serviços de saúde, e até mesmo da sociedade. Uma coisa era se deparar com a

necessidade de abrir unidades, contratar profissionais, comprar medicamentos. Outra

tarefa era conceber a atenção à saúde como um projeto que iguala saúde com

condições de vida. O direito à saúde, nesta visão, se confunde com o direito à vida.

Este conceito ampliado, ao definir os elementos condicionantes da saúde, incorpora:

meio físico (condições geográficas, água, alimentação, habitação, etc.)

meio sócio-econômico (emprego, renda, educação, alimentação, educação,

hábitos, etc.)

fatores biológicos (genéticos, raça, idade, etc.) para a garantia de acesso aos

serviços de saúde responsáveis pela promoção, proteção e recuperação da

saúde.

Ou seja, para se ter saúde é preciso possuir um conjunto de fatores, como

alimentação, moradia, emprego, lazer, educação, etc. A saúde se expressa como um

retrato das condições de vida. Por outro lado, a ausência de saúde não se relaciona

apenas com a inexistência ou a baixa qualidade dos serviços de saúde, mas com todo

este conjunto de determinantes (DUARTE, 2009).

Ao instituir a saúde como direito de cidadania e dever do Estado, ancorada na

concepção de Seguridade Social, a constituição operou uma ruptura com o padrão

anterior de política social, marcado pela exclusão de milhões de brasileiros do usufruto

público de bens de consumo coletivo. Assim, o SUS não se resume a um sistema de

prestação de serviços assistenciais. É um sistema complexo que tem a

responsabilidade de articular e coordenar ações promocionais e de prevenção, com as

de cura e reabilitação. Nesta medida não pode ser comparado com subsistemas de

natureza privada, que apesar de compô-lo por meio de parcerias público-privado, em

geral estabelecem sua ação exclusivamente no campo assistencial (VASCONCELOS;

PASCHE, 2003).

Ao lado do conceito ampliado de saúde, o SUS traz dois outros conceitos

importantes, o de sistema e a ideia de unicidade. A noção de sistema significa que não

estamos falando de um novo serviço ou órgão público, mas de um conjunto de várias

instituições, dos três níveis de governo e do setor privado contratado e conveniado, que

interagem para um fim comum. Na lógica do sistema público, os serviços contratados e

conveniados são seguidores dos mesmos princípios e das mesmas normas do serviço

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11 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

público. Os elementos integrantes do sistema referem-se ao mesmo tempo às

atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde.

Este sistema é único, ou seja, deve ter a mesma doutrina e a mesma forma de

organização em todo o país. Mas, é preciso compreender bem esta ideia de unicidade.

Num país com tamanha diversidade cultural, econômica e social como o Brasil, pensar

em organizar um sistema sem levar em conta estas diferenças seria uma temeridade. O

que é definido como único na Constituição é um conjunto de elementos doutrinários e

de organização de sistema de saúde, os princípios da universalização, da equidade, da

integralidade, da descentralização e da participação popular. Estes elementos se

relacionam com as peculiaridades e determinações locais, através de formas previstas

de aproximação da gerência aos cidadãos, seja com a descentralização político-

administrativa, seja através do controle social do sistema.

O SUS pode então ser entendido a partir da seguinte imagem: um núcleo

comum (único), que concentra os princípios doutrinários, e uma forma de organização e

operacionalização, os princípios organizativos.

Princípios Doutrinários

Universalidade

O acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas,

independentemente de sexo, raça, renda, ocupação, ou outras características sociais

ou pessoais. O exercício deste princípio traz a perspectiva da oferta a todos os

brasileiros, no sistema público de saúde, da vacina à cirurgia mais complexa, alterando

a situação anterior em que o acesso era diferenciado entre os que tinham vínculos

previdenciários e os demais brasileiros.

Equidade

O objetivo da equidade é diminuir desigualdades. Mas isto não significa que a

equidade seja sinônimo de igualdade. A equidade justifica a prioridade na oferta de

ações e serviços aos segmentos populacionais que enfrentam maiores riscos de

adoecer e morrer em decorrência da desigualdade na distribuição de renda, bens e

serviços. Para isso, a rede de serviços deve estar atenta às necessidades reais da

população a ser atendida.

A equidade é sinônimo de justiça social.

Integralidade

O princípio da integralidade significa considerar a pessoa como um todo,

atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de

ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a

reabilitação. Ao mesmo tempo, o princípio da integralidade pressupõe a articulação da

saúde com outras políticas públicas, como forma de assegurar uma atuação

intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de

vida dos indivíduos.

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12 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Princípios Organizativos

Para organizar o SUS, a partir dos princípios doutrinários apresentados e

levando-se em consideração a idéia de seguridade social e relevância pública, existem

algumas diretrizes que orientam o processo. Na verdade, tratam-se de formas de

concretizar o SUS na prática.

Regionalização e Hierarquização

A regionalização e a hierarquização de serviços significa que os serviços devem

ser organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a uma

determinada área geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos, e com

definição e conhecimento da clientela a ser atendida. A regionalização é, na maioria das

vezes, um processo de articulação entre os serviços já existentes, buscando o comando

unificado dos mesmos.

Com a ideia de hierarquização busca-se ordenar o sistema de saúde por níveis

de atenção e estabelecer fluxos assistenciais entre os serviços, de modo que regule o

acesso aos mais especializados, considerando que os serviços básicos de saúde são

os que ofertam o contato com a população e são os de uso mais frequente.

Descentralização e Comando Único

Descentralizar é redistribuir poder entre os níveis de governo. Na saúde, a

descentralização tem como objetivo prestar serviços com maior qualidade e garantir o

controle e a fiscalização pelos cidadãos. Quanto mais perto tiver a decisão, maior a

chance de acerto. No SUS a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até

o município. Isto significa dotar o município de condições gerenciais, técnicas,

administrativas e financeiras para exercer esta função.

A decisão deve ser de quem executa que deve ser o que está mais perto do

problema. A descentralização, ou municipalização, é uma forma de aproximar o cidadão

das decisões do setor e significa a responsabilização do município pela saúde de seus

cidadãos. È também uma forma de intervir na qualidade dos serviços prestados.

Para fazer valer o princípio da descentralização, existe a concepção

constitucional do mando único. Cada esfera de governo é autônoma e soberana nas

suas decisões e atividades, respeitando os princípios gerais e a participação da

sociedade. Assim, a autoridade sanitária do SUS é exercida na União pelo ministro da

saúde, nos estados pelos secretários estaduais de saúde e nos municípios pelos

secretários ou chefes de departamentos de saúde. Eles são também conhecidos como

“gestores” do sistema de saúde.

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13 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Participação Popular

O SUS foi fruto de um amplo debate democrático. Mas a participação da

sociedade não se esgotou nas discussões que deram origem ao SUS. Esta

democratização também deve estar presente no dia-a-dia do sistema. Para isto, devem

ser criados Conselhos e as Conferências de Saúde, que tem como função formular

estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde.

Os Conselhos de Saúde, que devem existir nos três níveis de governo, são

órgãos deliberativos, de caráter permanente, compostos com a representatividade de

toda a sociedade. Sua composição deve ser paritária, com metade de seus membros

representando os usuários e a outra metade, o conjunto composto por governo,

trabalhadores da saúde e prestadores privados. Os conselhos devem ser criados por lei

do respectivo âmbito de governo, onde serão definidas a composição do colegiado e

outras normas de seu funcionamento,

As Conferências de Saúde são fóruns com representação de vários segmentos

sociais que se reúnem para propor diretrizes, avaliar a situação da saúde e ajudar na

definição da política de saúde. Devem ser realizadas em todos os níveis de governo.

Um último aspecto que merece destaque é o da complementaridade do setor

privado. Este princípio se traduz nas condições sob as quais o setor privado deve ser

contratado, caso o setor público se mostre incapaz de atender a demanda programada.

Em primeiro lugar, entre os serviços privados devem ter prioridade os não lucrativos ou

filantrópicos. Para a celebração dos contratos deverão ser seguidas as regras do direito

público. Em suma, trata-se de fazer valer, na contratação destes serviços, a lógica do

público e as diretrizes do SUS. Todo serviço privado contratado passa a seguir as

determinações do sistema público, em termos de regras de funcionamento, organização

e articulação com o restante da rede. Para a contratação de serviços, os gestores

deverão proceder a licitação, de acordo com a Lei Federal nº 8666/93.

A criação do SUS, feita pela Constituição Federal, foi posteriormente

regulamentada através das Leis 8080/90, conhecida como Lei Orgânica, e 81421/90.

Estas leis definem as atribuições dos diferentes níveis de governo com a saúde;

estabelecem responsabilidades nas áreas de vigilância sanitária, epidemiológica e

saúde do trabalhador; regulamentam o financiamento e os espaços de participação

popular; formalizam o entendimento da saúde como área de “relevância pública” e a

relação do poder público com as entidades privadas com base nas normas do direito

público; dentre outros vários princípios fundamentais do SUS. Outros instrumentos têm

sido utilizados para possibilitar a operacionalização do Sistema, dentre eles as Normas

Operacionais Básicas do Sistema Único de Saúde (NOBS), publicadas pelo Ministério

da Saúde, sob forma de portaria.

Regulamentação do SUS

•Constituição Federal de 1988;

•Lei n° 8.080 de 19 de setembro de 1990 (LOS);

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14 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

•Lei n° 8.142 de 28 de dezembro de 1990 (Participação social e Transferências do

SUS);

•Lei n° 8.689 de 27 de julho de 1993 (Extinção do INAMPS, criação do SNA e

publicidade trimestral das contas do SUS);

•Normas Operacionais (NOB 01/91, 01/92, 01/93, 01/96; NOAS 01/02);

•Portarias ministeriais;

•Pacto pela Saúde 2006.

Norma Operacional Básica do SUS 01/91

Política de Saúde - Normas de Funcionamento do SUS

Editada pela da Resolução do INAMPS n° 258, de 7 de janeiro de 1991, e reeditada

com alterações pela resolução do INAMPS n°273, de 17 de julho de 1991)

•1991 Norma Operacional Básica 01/91.

• Decreto n.º 100 - de 16/4/1991, criou a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).

• O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) começou a ser implantado na

região Nordeste, mediante projeto piloto, desenvolvido no estado da Paraíba.

• Nesse mesmo ano, com a entrada do cólera no país, o programa foi estendido em

caráter emergencial, à região Norte.

• 1993 Extinção do INAMPS

1993 Norma Operacional Básica do SUS 01/93.

– Formalizou os Princípios Aprovados na 9ª Conferência Nacional de saúde (realizada

em 1992), que teve como tema central “a municipalização é o caminho” e desencadeou

um amplo processo de municipalização da gestão com habilitação dos municípios nas

condições de gestão criadas (incipientes, parcial e semiplena).

– Criou a transferência regular e automática (fundo a fundo) do teto global da

assistência para municípios em gestão semiplena;

– Habilita municípios como gestores;

Define o papel dos Estados de forma frágil, mas esses, ainda assim, passam a assumir

o papel de gestor do sistema estadual de saúde;

– São constituídas as Comissões Intergestores Bipartite (de âmbito estadual) e

Tripartite (nacional) como importantes espaços de negociação, pactuação, articulação,

integração entre gestores.

2001 Norma Operacional de Assistência à Saúde 01/01

–O objetivo da NOAS/SUS 01/01 é “promover maior equidade na alocação de recursos

e no acesso da população às ações e serviços de saúde em todos os níveis de

atenção”. Institui o Plano Diretor de regionalização da assistência em cada Estado e no

Distrito Federal, baseado nos objetivos de definição de prioridades de intervenção

coerentes com a necessidade da população garantia de acesso dos cidadãos a todos

os níveis de atenção à saúde.

–A NOAS/SUS 01/01 estabeleceu as responsabilidades, requisitos e prerrogativas dos

gestores, as origens e o processo de implantação do SUS municipais estaduais.

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15 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

–A partir de sua publicação os municípios puderam se habilitar em duas condições:

Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada e Gestão Plena de Sistema Municipal de

Saúde.

–Os Estados puderam se habilitar em duas condições: Gestão Avançada do Sistema

Estadual e Gestão Plena de Sistema Estadual.

–A nota Técnica CONASS n°23, de 13 de agosto de 2001, apresentou uma síntese dos

passos operacionais para a implantação da NOAS/SUS 01/01.

2002 Norma Operacional de Assistência à Saúde n°01/02

•Instituída pela portaria GM/MS n°373, de 27 de fevereiro de 2002).

•Objetivo:

–É o resultado dos encaminhamentos estabelecidos na reunião da Comissão

Intergestores Tripartite realizada em 22 de novembro de 2001. Foi firmado um acordo

entre o CONASS e CONASEMS contemplando propostas relativas ao comando único

sobre os prestadores de serviços de média e alta complexidade e fortalecimento da

Gestão dos Estados sobre as referências intermunicipais, notadamente no que diz

respeito à explicitação e mecanismos de acompanhamento dos recursos federais,

referentes ao atendimento da população não-residente que busca atendimento no

município de referência.

–A nota técnica do CONASS número 2, de 20 de março de 2002, apresentou um

detalhamento das principais alterações introduzidas pela NOAS/SUS 01/ 02.

-O município-sede de módulo assistencial pode estar habilitado em Gestão Plena de

Sistema Municipal quando em situação de comando único municipal ou em Gestão

Plena da Atenção Básica Ampliada (GPABA) quando em situação único estadual;

- Estabeleceu que o Limite Financeiro da Assistência de cada Estado, assim como do

DF no que couber, independente de sua condição de gestão, deverá ser programado e

apresentado da seguinte forma:

•Relação de todos os municípios da UF, independentemente da sua condição de

gestão;

•Condição de gestão do município ou nível de governo responsável pelo comando único

de média e alta complexidade;

•Parcela de recursos financeiros para o atendimento da população residente sob gestão

municipal;

•Parcela e recursos financeiros para atendimento das referências intermunicipais;

•Parcela de recursos financeiros para atendimento da população residente sob gestão

estadual;

•Outros recursos sob gestão estadual, alocados nos municípios ou na SES;

•Limite Financeiro Global da UF, somas dos itens C, D, E e F.

Normas Operacionais do SUS

Política de Saúde - Normas de Funcionamento do SUS

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16 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Pacto pela Saúde

3 Dimensões:

–Pacto pela Vida;

–Pacto em Defesa do SUS;

–Pacto de Gestão do SUS.

–Port. GM/MS n° 399/2006 e 699/2006

PACTO PELA VIDA

Política de Saúde - Normas de Funcionamento do SUS:

Prioridades básicas em saúde que os três entes federados devem perseguir,

com metas e indicadores para avaliação anual.

Atividades prioritárias:

–atenção integral à saúde do idoso;

–controle do câncer de colo de útero e de mama;

–redução da mortalidade materna e infantil;

–fortalecimento da atenção básica;

–a promoção da saúde;

–reforço de ações para o controle das doenças emergenciais e endemias, com ênfase

na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza

PACTO EM DEFESA DO SUS

Política de Saúde - Normas de Funcionamento do SUS

Discutir nos conselhos municipais e estaduais as estratégias para implantação

Priorizar espaços com a sociedade civil para realizar as ações previstas

PACTO DE GESTÃO DO SUS

Política de Saúde - Normas de Funcionamento do SUS

NOB/91 NOB/93 NOB/96 NOAS/01/02

Somente Gestão pelo

INAMPS (Convênios)

Descentralização de

dinheiro

SIA/SIH

Incipiente

Parcial

Semiplena

Gestão Plena do Sistema-

GPS

Gestão Plena da Atenção

Básica-GPAB

Gestão Plena do Sistema

Municipal-GPSM

Gestão Plena da Atenção

Básica Ampliada-GPABA

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17 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

• Responsabilidades a serem assumidas no Termo de Compromisso de Gestão (3

esferas):

–Descentralização;

–Regionalização;

–Planejamento;

–Programação Pactuada e Integrada;

– Regulação;

–Participação e Controle Social;

–Gestão do Trabalho;

–Educação na Saúde

–Financiamento

•5 blocos: Atenção Básica, Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar,

Assistência Farmacêutica, Vigilância em Saúde e Gestão do SUS;

Financiamento do SUS

COMPREENDENDO A SEGURIDADE SOCIAL

SAÚDE/ASSISTÊNCIA E PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

O termo Seguridade Social é definido como um conjunto integrado de ações de

iniciativa dos Poderes Públicos e também com participação da sociedade, cuja

destinação é a princípio, assegurar os direitos relativos à SAÚDE, á ASSISTÊNCIA

SOCIAL e à PREVIDÊNCIA ao cidadão. -

A Seguridade Social tem a equidade na forma de participação no custeio e com

diversidade da base de financiamento. -

Esse financiamento possui contribuições sociais provenientes da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios. -

AS FONTES DE FINANCIAMENTO DO SUS

Os recursos destinados ao financiamento do SUS estão constitucionalmente atrelados

ao OSS, por isso é importante conhecer suas fontes, quais sejam:

Contribuições:

– Confins - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (antigo Finsocial

até 1992).

– CSLL - Contribuição sobre o Lucro Líquido de Empresas.

– Contribuição sobre Concurso Prognóstico.

– Contribuição de Empregados e Empregadores (recolhida pelo INSS).

–CSS ANTIGA CPMF exclusiva para a Saúde

• Recursos do Tesouro da União (tributos arrecadados).

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18 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

• PIS (programa de Integração Social) e Pasep (programa de Formação do Patrimônio

do Servidor Público), que existem desde 1970 e permanecem vinculados ao FAT

(Fundo de Amparo ao Trabalhador).

• Recursos próprios dos Tesouros Estaduais e Municipais.

FUNDOS ESPECIAIS DE SAÚDE

–Conta especial utilizada especificamente para a movimentação financeira destinada à

Saúde.

– É instituído por lei.

– A Lei 8.080/90, artigo 33, parágrafo 1°, cria o Fundo Nacional de Saúde e a Lei

8.142/90, artigo 4, estabelece que para receber recursos do governo federal, estados e

municípios devem ter Fundo de Saúde.

– A existência do fundo possibilita a transparência das fontes da receita, seus valores e

data de ingresso, das despesas realiza­das, dos rendimentos das aplicações

financeiras, o que facilita o controle social e permite a autonomia na aplicação dos

recursos na área da saúde.

BLOCOS DE FINANCIAMENTO

•PACTO PELA SAÚDE 2006 – PORTARIAS Nº- 698 e 699, DE 30 DE MARÇO DE

2006:

•Art. 3º Ficam criados os seguintes blocos de financiamento:

•I - Atenção Básica;

•II - Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar;

•III - Vigilância em Saúde;

•IV - Assistência Farmacêutica;

•V - Gestão do SUS;

• VI – Investimento na Rede de Serviços

PROGRAMAÇÃO PACTUADA E INTEGRADA

A PPI envolve as atividades de assistência ambulatorial e hospitalar, de

vigilância sanitária e de epidemiologia e controle de doenças, constituindo um

instrumento essencial de reorganização do modelo de atenção e da gestão do SUS, de

alocação dos recursos e de explicitação do pacto estabelecido entre as três esferas de

governo. Traduz as responsabilidades de cada município com a garantia de acesso da

população aos serviços de saúde.

A operacionalização das diretrizes aqui apresentadas tem sido uma tarefa

cotidiana de vários dos municípios brasileiros. Esta não tem sido uma tarefa fácil e

enfrentar obstáculos de toda ordem: dificuldades de financiamento, disputa de grupos

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19 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

com interesses divergentes, insuficiência de capacidade gerencial, excessiva burocracia

nas formas de administração, experiência ainda recente com os processos de

descentralização e democratização, insuficiência de mecanismos jurídicos para que a

regulação da rede privada, formação de recursos humanos com perfil diferente daquele

demandado pelo novo sistema, e uma lista interminável de outros problemas. Apesar

disto, várias experiências bem sucedidas têm sido implementadas. O SUS se constrói

no cotidiano de todos aqueles interessados na mudança da saúde no Brasil. Entendê-lo

é uma boa forma de fortalecer a luta pela sua construção (DUARTE, 2009).

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 1988

Título VIII

Da Ordem Social

Capítulo II

Da Seguridade Social

Seção II

Da Saúde

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas

sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e

ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e

recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder

público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle,

devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por

pessoa física ou jurídica de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e

hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes

diretrizes:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem

prejuízo dos serviços assistenciais;

III - participação da comunidade.

§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos

do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, além de outras fontes.

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente,

em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de

percentuais calculados sobre:

I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista

no § 3º

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20 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos

impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159,

inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos

respectivos Municípios;

III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos

impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159,

inciso I, alínea b e § 3º.

§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos,

estabelecerá:

I - os percentuais de que trata o § 2º;

II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos

Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus

respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;

III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas

esferas federal, estadual, distrital e municipal;

IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema

único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou

convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às

instituições privadas com fins lucrativos.

§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros

na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.

§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de

órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e

tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus

derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos

termos da lei:

I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a

saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos,

hemoderivados e outros insumos;

II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de

saúde do trabalhador;

III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento

básico;

V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor

nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;

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21 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização

de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990

Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a

organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras

providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu

sanciono a seguinte lei:

Disposição Preliminar

Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde,

executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas

naturais ou jurídicas de direito Público ou privado.

TÍTULO I

Das Disposições Gerais

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as

condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de

políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros

agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e

igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da

sociedade.

Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a

alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a

educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de

saúde da população expressam a organização social e econômica do País.

Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto

no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de

bem-estar físico, mental e social.

TÍTULO II

Do Sistema Único de Saúde

Disposição Preliminar

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22 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições

públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das

fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde - SUS.

§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas federais, estaduais

e municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos,

medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde.

§ 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde - SUS, em caráter

complementar.

CAPÍTULO I

Dos Objetivos e Atribuições

Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde - SUS:

I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde;

II - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e

social, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei;

III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e

recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das

atividades preventivas.

Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde - SUS:

I - a execução de ações:

a) de vigilância sanitária;

b) de vigilância epidemiológica;

c) de saúde do trabalhador;

d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;

II - a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento

básico;

III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;

V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho;

VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros

insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção;

VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a

saúde;

VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano;

IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e

utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico;

XI - a formulação e execução da política de sangue e seus derivados.

§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar,

diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes

do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de

interesse da saúde, abrangendo:

I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a

saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo;

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23 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a

saúde.

§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam

o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores

determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de

recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.

§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades

que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à

promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e

reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das

condições de trabalho, abrangendo:

I - assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou portador de doença

profissional e do trabalho;

II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde - SUS, em

estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde

existentes no processo de trabalho;

III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde - SUS, da

normatização, fiscalização e controle das condições de produção, extração,

armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de

máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;

IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;

V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre

os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os

resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão,

periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;

VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do

trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;

VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de

trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais;

VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a

interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando

houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.

CAPÍTULO II

Dos Princípios e Diretrizes

Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou

conveniados que integram o Sistema Único de Saúde - SUS, são desenvolvidos de

acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo

ainda aos seguintes princípios:

I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;

II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das

ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada

caso em todos os níveis de complexidade do sistema;

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24 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;

IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer

espécie;

V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;

VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua

utilização pelo usuário;

VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de

recursos e a orientação programática;

VIII - participação da comunidade;

IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de

governo:

a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;

b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;

X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento

básico;

XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de

assistência à saúde da população;

XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência;

XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins

idênticos.

CAPÍTULO III

Da Organização, da Direção e da Gestão

Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema Único de Saúde - SUS,

seja diretamente ou mediante participação complementar da iniciativa privada, serão

organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade

crescente.

Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde - SUS é única, de acordo com o inciso I

do art. 198 da Constituição Federal, sendo exercida em cada esfera de governo pelos

seguintes órgãos:

I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;

II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde ou

órgão equivalente;

III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão

equivalente.

Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver em conjunto as

ações e os serviços de saúde que lhes correspondam.

§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da direção

única, e os respectivos atos constitutivos disporão sobre sua observância.

§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde - SUS, poderá organizar-se em

distritos de forma a integrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a

cobertura total das ações de saúde.

Art. 11. (VETADO).

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25 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacional, subordinadas ao

Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por

entidades representativas da sociedade civil.

Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e

programas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas

no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.

Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das comissões intersetoriais,

abrangerá, em especial, as seguintes atividades:

I - alimentação e nutrição;

II - saneamento e meio ambiente;

III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;

IV - recursos humanos;

V - ciência e tecnologia;

VI - saúde do trabalhador.

Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de integração entre os serviços

de saúde e as instituições de ensino profissional e superior.

Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finalidade propor prioridades,

métodos e estratégias para a formação e educação continuada dos recursos humanos

do Sistema Único de Saúde - SUS, na esfera correspondente, assim como em relação à

pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições.

CAPÍTULO IV

Da Competência e das Atribuições

Seção I

Das Atribuições Comuns

Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão, em seu

âmbito administrativo, as seguintes atribuições:

I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação e de fiscalização das

ações e serviços de saúde;

II - administração dos recursos orçamentários e financeiros destinados, em cada ano, à

saúde;

III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde da população e das

condições ambientais;

IV - organização e coordenação do sistema de informação de saúde;

V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade e

parâmetros de custos que caracterizam a assistência à saúde;

VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade para

promoção da saúde do trabalhador;

VII - participação de formulação da política e da execução das ações de saneamento

básico e colaboração na proteção e recuperação do meio ambiente;

VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;

IX - participação na formulação e na execução da política de formação e

desenvolvimento de recursos humanos para a saúde;

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26 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de Saúde - SUS, de

conformidade com o plano de saúde;

XI - elaboração de normas para regular as atividades de serviços privados de saúde,

tendo em vista a sua relevância pública;

XII - realização de operações externas de natureza financeira de interesse da saúde,

autorizadas pelo Senado Federal;

XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes

de situações de perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias, a

autoridade competente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar bens

e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa

indenização;

XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;

XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos internacionais relativos à

saúde, saneamento e meio ambiente;

XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, proteção e recuperação da

saúde;

XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do exercício profissional e

outras entidades representativas da sociedade civil para a definição e controle dos

padrões éticos para pesquisa, ações e serviços de saúde;

XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde;

XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;

XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscalização inerentes ao poder de

polícia sanitária;

XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos estratégicos e de

atendimento emergencial.

Seção II

Da Competência

Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde - SUS compete:

I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição;

II - participar na formulação e na implementação das políticas:

a) de controle das agressões ao meio ambiente;

b) de saneamento básico;

c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;

III - definir e coordenar os sistemas:

a) de redes integradas de assistência de alta complexidade;

b) de rede de laboratórios de saúde pública;

c) de vigilância epidemiológica;

d) vigilância sanitária;

IV - participar da definição de normas e mecanismos de controle, com órgão afins, de

agravo sobre o meio ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde

humana;

V - participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das condições

e dos ambientes de trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador;

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27 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica;

VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e

fronteiras, podendo a execução ser complementada pelos Estados, Distrito Federal e

Municípios;

VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle da qualidade sanitária

de produtos, substâncias e serviços de consumo e uso humano;

IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fiscalização do exercício

profissional, bem como com entidades representativas de formação de recursos

humanos na área de saúde;

X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução da política nacional e

produção de insumos e equipamentos para a saúde, em articulação com os demais

órgãos governamentais;

XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência nacional para o

estabelecimento de padrões técnicos de assistência à saúde;

XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a

saúde;

XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios para o aperfeiçoamento da sua atuação institucional;

XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema Único de Saúde - SUS

e os serviços privados contratados de assistência à saúde;

XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas e para os Municípios,

dos serviços e ações de saúde, respectivamente, de abrangência estadual e municipal;

XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacional de Sangue,

Componentes e Derivados;

XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas as

competências estaduais e municipais;

XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito do SUS, em cooperação

técnica com os Estados, Municípios e Distrito Federal;

XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a avaliação técnica e

financeira do SUS em todo o Território Nacional em cooperação técnica com os

Estados, Municípios e Distrito Federal.

Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância epidemiológica e sanitária

em circunstâncias especiais, como na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que

possam escapar do controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde - SUS ou

que representem risco de disseminação nacional.

Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde - SUS compete:

I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços e das ações de saúde;

II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do Sistema Único de Saúde

- SUS;

III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e executar supletivamente ações e

serviços de saúde;

IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços:

a) de vigilância epidemiológica;

b) de vigilância sanitária;

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28 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

c) de alimentação e nutrição;

d) de saúde do trabalhador;

V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agravos do meio ambiente que

tenham repercussão na saúde humana;

VI - participar da formulação da política e da execução de ações de saneamento básico;

VII - participar das ações de controle e avaliação das condições e dos ambientes de

trabalho;

VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar e avaliar a política de

insumos e equipamentos para a saúde;

IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e gerir sistemas públicos de

alta complexidade, de referência estadual e regional;

X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros, e gerir

as unidades que permaneçam em sua organização administrativa;

XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o controle e avaliação das ações

e serviços de saúde;

XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suplementar, de procedimentos

de controle de qualidade para produtos e substâncias de consumo humano;

XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e

fronteiras;

XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indicadores de morbidade e

mortalidade no âmbito da unidade federada.

Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde - SUS compete:

I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e

executar os serviços públicos de saúde;

II - participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e

hierarquizada do Sistema Único de Saúde - SUS, em articulação com sua direção

estadual;

III - participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e

aos ambientes de trabalho;

IV - executar serviços:

a) de vigilância epidemiológica;

b) de vigilância sanitária;

c) de alimentação e nutrição;

d) de saneamento básico;

e) de saúde do trabalhador;

V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e equipamentos para a

saúde;

VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que tenham repercussão

sobre a saúde humana e atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais

competentes, para controlá-las;

VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;

VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;

IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilância sanitária de portos,

aeroportos e fronteiras;

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29 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contratos e convênios com

entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua

execução;

XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde;

XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públicos de saúde no seu

âmbito de atuação.

Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reservadas aos Estados e aos

Municípios.

CAPÍTULO V

Do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena

Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o atendimento das populações

indígenas, em todo o território nacional, coletiva ou individualmente, obedecerão ao

disposto nesta Lei.

Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, componente do

Sistema Único de Saúde – SUS, criado e definido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de

28 de dezembro de 1990, com o qual funcionará em perfeita integração.

Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, financiar o Subsistema de

Atenção à Saúde Indígena.

Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema instituído por esta Lei com os

órgãos responsáveis pela Política Indígena do País.

Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governamentais e não

governamentais poderão atuar complementarmente no custeio e execução das ações.

Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a realidade local e as

especificidades da cultura dos povos indígenas e o modelo a ser adotado para a

atenção à saúde indígena, que se deve pautar por uma abordagem diferenciada e

global, contemplando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nutrição,

habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação sanitária e integração

institucional.

Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá ser, como o SUS,

descentralizado, hierarquizado e regionalizado.

§ 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como base os Distritos

Sanitários Especiais Indígenas.

§ 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de Atenção à Saúde

Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações na estrutura e organização do SUS

nas regiões onde residem as populações indígenas, para propiciar essa integração e o

atendimento necessário em todos os níveis, sem discriminações.

§ 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao SUS, em âmbito local,

regional e de centros especializados, de acordo com suas necessidades,

compreendendo a atenção primária, secundária e terciária à saúde.

Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar dos organismos colegiados

de formulação, acompanhamento e avaliação das políticas de saúde, tais como o

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30 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Conselho Nacional de Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando

for o caso.”.

CAPÍTULO VI

Do subsistema de Atendimento e Internação Domiciliar

Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o atendimento

domiciliar e a internação domiciliar.

§ 1o Na modalidade de assistência de atendimento e internação domiciliares

incluem-se, principalmente, os procedimentos médicos, de enfermagem,

fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência social, entre outros necessários ao

cuidado integral dos pacientes em seu domicílio.

§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realizados por equipes

multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina preventiva, terapêutica e

reabilitadora. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)

§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser realizados por indicação

médica, com expressa concordância do paciente e de sua família.

CAPÍTULO VII

Do subsistema de Acompanhamento durante o Trabalho de Parto, Parto e Pós-

parto Imediato

Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou

conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um)

acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.

§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado pela parturiente.

§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos direitos de que trata este

artigo constarão do regulamento da lei, a ser elaborado pelo órgão competente do

Poder Executivo.

Art. 19-L. (VETADO)"

TÍTULO III

Dos Serviços Privados de Assistência à Saúde

CAPÍTULO I

Do Funcionamento

Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracterizam-se pela atuação, por

iniciativa própria, de profissionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas

de direito privado na promoção, proteção e recuperação da saúde.

Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

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31 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saúde, serão observados

os princípios éticos e as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único de

Saúde - SUS quanto às condições para seu funcionamento.

Art. 23. É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou de capitais

estrangeiros na assistência à saúde, salvo através de doações de organismos

internacionais vinculados à Organização das Nações Unidas, de entidades de

cooperação técnica e de financiamento e empréstimos.

§ 1° Em qualquer caso é obrigatória a autorização do órgão de direção nacional do

Sistema Único de Saúde - SUS, submetendo-se a seu controle as atividades que forem

desenvolvidas e os instrumentos que forem firmados.

§ 2° Excetuam-se do disposto neste artigo os serviços de saúde mantidos, em

finalidade lucrativa, por empresas, para atendimento de seus empregados e

dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social.

CAPÍTULO II

Da Participação Complementar

Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura

assistencial à população de uma determinada área, o Sistema Único de Saúde - SUS

poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada.

Parágrafo único. A participação complementar dos serviços privados será formalizada

mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público.

Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantrópicas e as sem fins

lucrativos terão preferência para participar do Sistema Único de Saúde - SUS.

Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços e os parâmetros de

cobertura assistencial serão estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de

Saúde - SUS, aprovados no Conselho Nacional de Saúde.

§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de pagamento da

remuneração aludida neste artigo, a direção nacional do Sistema Único de Saúde - SUS

deverá fundamentar seu ato em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a

efetiva qualidade de execução dos serviços contratados.

§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técnicas e administrativas e

aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde - SUS, mantido o equilíbrio

econômico e financeiro do contrato.

§ 3° (VETADO).

§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entidades ou serviços

contratados é vedado exercer cargo de chefia ou função de confiança no Sistema Único

de Saúde - SUS.

TÍTULO IV

Dos Recursos Humanos

Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será formalizada e

executada, articuladamente, pelas diferentes esferas de governo, em cumprimento dos

seguintes objetivos:

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32 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

I - organização de um sistema de formação de recursos humanos em todos os níveis de

ensino, inclusive de pós-graduação, além da elaboração de programas de permanente

aperfeiçoamento de pessoal;

II - (VETADO)

III - (VETADO)

IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema Único de Saúde - SUS.

Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema Único de Saúde - SUS

constituem campo de prática para ensino e pesquisa, mediante normas específicas,

elaboradas conjuntamente com o sistema educacional.

Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessoramento, no âmbito do

Sistema Único de Saúde - SUS, só poderão ser exercidas em regime de tempo integral.

§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou empregos poderão

exercer suas atividades em mais de um estabelecimento do Sistema Único de Saúde -

SUS.

§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos servidores em regime de

tempo integral, com exceção dos ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou

assessoramento.

Art. 29. (VETADO).

Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço sob supervisão serão

regulamentadas por Comissão Nacional, instituída de acordo com o art. 12 desta Lei,

garantida a participação das entidades profissionais correspondentes.

TÍTULO V

Do Financiamento

CAPÍTULO I

Dos Recursos

Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Único de Saúde - SUS

de acordo com a receita estimada, os recursos necessários à realização de suas

finalidades, previstos em proposta elaborada pela sua direção nacional, com a

participação dos órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista

as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos provenientes de:

I - (VETADO)

II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assistência à saúde;

III - ajuda, contribuições, doações e donativos;

IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;

V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados no âmbito do Sistema

Único de Saúde - SUS;

VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.

§ 1° Ao Sistema Único de Saúde - SUS caberá metade da receita de que trata o inciso I

deste artigo, apurada mensalmente, a qual será destinada à recuperação de viciados.

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33 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS serão creditadas

diretamente em contas especiais, movimentadas pela sua direção, na esfera de poder

onde forem arrecadadas.

§ 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas supletivamente pelo

Sistema Único de Saúde - SUS, serão financiadas por recursos tarifários específicos e

outros da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema

Financeiro da Habitação - SFH.

§ 4º (VETADO).

§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico em saúde

serão co-financiadas pelo Sistema Único de Saúde - SUS, pelas universidades e pelo

orçamento fiscal, além de recursos de instituições de fomento e financiamento ou de

origem externa e receita própria das instituições executoras.

§ 6º (VETADO).

CAPÍTULO II

Da Gestão Financeira

Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde - SUS serão depositados

em conta especial, em cada esfera de sua atuação, e movimentados sob fiscalização

dos respectivos Conselhos de Saúde.

§ 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do Orçamento da Seguridade

Social, de outros Orçamentos da União, além de outras fontes, serão administrados

pelo Ministério da Saúde, através do Fundo Nacional de Saúde.

§ 2º (VETADO).

§ 3º (VETADO).

§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu sistema de auditoria, a

conformidade à programação aprovada da aplicação dos recursos repassados a

Estados e Municípios. Constatada a malversação, desvio ou não aplicação dos

recursos, caberá ao Ministério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.

Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da receita efetivamente

arrecadada transferirão automaticamente ao Fundo Nacional de Saúde - FNS,

observado o critério do parágrafo único deste artigo, os recursos financeiros

correspondentes às dotações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a

projetos e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.

Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da Seguridade Social será

observada a mesma proporção da despesa prevista de cada área, no Orçamento da

Seguridade Social.

Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos a Estados, Distrito

Federal e Municípios, será utilizada a combinação dos seguintes critérios, segundo

análise técnica de programas e projetos:

I - perfil demográfico da região;

II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;

III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde na área;

IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período anterior;

V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos estaduais e municipais;

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34 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da rede;

VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para outras esferas de

governo.

§ 1º Metade dos recursos destinados a Estados e Municípios será distribuída segundo o

quociente de sua divisão pelo número de habitantes, independentemente de qualquer

procedimento prévio.

§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório processo de migração, os

critérios demográficos mencionados nesta lei serão ponderados por outros indicadores

de crescimento populacional, em especial o número de eleitores registrados.

§ 3º (VETADO).

§ 4º (VETADO).

§ 5º (VETADO).

§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação dos órgãos de controle

interno e externo e nem a aplicação de penalidades previstas em lei, em caso de

irregularidades verificadas na gestão dos recursos transferidos.

CAPÍTULO III

Do Planejamento e do Orçamento

Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema Único de Saúde - SUS

será ascendente, do nível local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos,

compatibilizando-se as necessidades da política de saúde com a disponibilidade de

recursos em planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da

União.

§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e programações de cada nível de

direção do Sistema Único de Saúde - SUS, e seu financiamento será previsto na

respectiva proposta orçamentária.

§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento de ações não previstas

nos planos de saúde, exceto em situações emergenciais ou de calamidade pública, na

área de saúde.

Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes a serem observadas

na elaboração dos planos de saúde, em função das características epidemiológicas e

da organização dos serviços em cada jurisdição administrativa.

Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxílios a instituições

prestadoras de serviços de saúde com finalidade lucrativa.

Das Disposições Finais e Transitórias

Art. 39. (VETADO).

§ 1º (VETADO).

§ 2º (VETADO).

§ 3º (VETADO).

§ 4º (VETADO).

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35 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do INAMPS para órgãos integrantes

do Sistema Único de Saúde - SUS será feita de modo a preservá-los como patrimônio

da Seguridade Social.

§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inventariados com todos os

seus acessórios, equipamentos e outros bens móveis e ficarão disponíveis para

utilização pelo órgão de direção municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou,

eventualmente, pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontre,

mediante simples termo de recebimento.

§ 7º (VETADO).

§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados, mantidos pelo Ministério

da Saúde e pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, será assegurado às

Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao

processo de gestão, de forma a permitir a gerência informatizada das contas e a

disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas médico-hospitalares.

Art. 40. (VETADO).

Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras Sociais e pelo Instituto

Nacional do Câncer, supervisionadas pela direção nacional do Sistema Único de Saúde

- SUS, permanecerão como referencial de prestação de serviços, formação de recursos

humanos e para transferência de tecnologia.

Art. 42. (VETADO).

Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preservada nos serviços

públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas dos contratos ou convênios

estabelecidos com as entidades privadas.

Art. 44. (VETADO).

Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de ensino integram-se ao

Sistema Único de Saúde - SUS, mediante convênio, preservada a sua autonomia

administrativa, em relação ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino,

pesquisa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que estejam vinculados.

§ 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais de previdência social

deverão integrar-se à direção correspondente do Sistema Único de Saúde - SUS,

conforme seu âmbito de atuação, bem como quaisquer outros órgãos e serviços de

saúde.

§ 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os serviços de saúde das Forças

Armadas poderão integrar-se ao Sistema Único de Saúde - SUS, conforme se dispuser

em convênio que, para esse fim, for firmado.

Art. 46. o Sistema Único de Saúde - SUS, estabelecerá mecanismos de incentivos à

participação do setor privado no investimento em ciência e tecnologia e estimulará a

transferência de tecnologia das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de

saúde nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.

Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis estaduais e municipais do

Sistema Único de Saúde - SUS, organizará, no prazo de dois anos, um sistema

nacional de informações em saúde, integrado em todo o território nacional, abrangendo

questões epidemiológicas e de prestação de serviços.

Art. 48. (VETADO).

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36 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Art. 49. (VETADO).

Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios, celebrados para

implantação dos Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde, ficarão rescindidos

à proporção que seu objeto for sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde - SUS.

Art. 51. (VETADO).

Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui crime de emprego irregular

de verbas ou rendas públicas (Código Penal, art. 315) a utilização de recursos

financeiros do Sistema Único de Saúde - SUS em finalidades diversas das previstas

nesta lei.

Art. 53. (VETADO).

Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de 1954, a Lei nº. 6.229, de

17 de julho de 1975, e demais disposições em contrário.

Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º da Independência e 102º da República.

FERNANDO COLLOR

LEI N° 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990

Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de

Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos

financeiros na área da saúde e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de

setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do

Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:

I - a Conferência de Saúde;

II - o Conselho de Saúde.

§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos

vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a

formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder

Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.

§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado

composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de

saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da

política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e

financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente

constituído em cada esfera do governo.

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37 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde - CONASS e o Conselho Nacional

de Secretários Municipais de Saúde - CONASEMS terão representação no Conselho

Nacional de Saúde.

§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferências será

paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos.

§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua organização e

normas de funcionamento definidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo

conselho.

Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde - FNS serão alocados como:

I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus órgãos e entidades,

da administração direta e indireta;

II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder Legislativo e

aprovados pelo Congresso Nacional;

III - investimentos previstos no Plano Quinquenal do Ministério da Saúde;

IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos Municípios,

Estados e Distrito Federal.

Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste artigo destinar-se-ão a

investimentos na rede de serviços, à cobertura assistencial ambulatorial e hospitalar e

às demais ações de saúde.

Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei serão repassados de forma

regular e automática para os Municípios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os

critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.

§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios previstos no art. 35 da

Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, será utilizado, para o repasse de recursos,

exclusivamente o critério estabelecido no § 1° do mesmo artigo.

§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo menos setenta por cento,

aos Municípios, afetando-se o restante aos Estados.

§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execução de ações e serviços

de saúde, remanejando, entre si, parcelas de recursos previstos no inciso IV do art. 2°

desta lei.

Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta lei, os Municípios, os

Estados e o Distrito Federal deverão contar com:

I - Fundo de Saúde;

II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo com o Decreto n° 99.438,

de 7 de agosto de 1990;

III - plano de saúde;

IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o § 4° do art. 33 da Lei n°

8.080, de 19 de setembro de 1990;

V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento;

VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários - PCCS, previsto

o prazo de dois anos para sua implantação.

Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos Estados, ou pelo

Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste artigo, implicará em que os recursos

concernentes sejam administrados, respectivamente, pelos Estados ou pela União.

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38 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro de Estado, autorizado a

estabelecer condições para aplicação desta lei.

Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e 102° da República.

FERNANDO COLLOR

Tema 3

PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E OS MODOS DE INTERVENÇÃO

CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA

ANTIGUIDADE

Oriente médio (Idade Antiga): viam as doenças como decorrentes de causas

externas;

Cristianismo: pecado é responsável pelos males físicos;

Medicinas clássicas da Índia e China: doença como desequilíbrio de elementos

chamados “humores”: terra, ar, água e fogo.

Na pré-história da humanidade predominava como ideia central que a doença era

decorrência de fenômenos transcendentais. Acreditava-se que os fatores etiológicos

eram decorrentes do sobrenatural, frequentemente atribuídos ao castigo dos deuses,

demônios ou de forças do mal (FREESE, 2006; PEREIRA, 2000).

IDADE MÉDIA

Igreja católica era dominante;

Medicina patrística;

Duas interpretações para doenças:

Pagã: demoníaca ou feitiçaria ou Cristã: purificação e expiação dos pecados

Epidemias: peste, varíola, difteria, sarampo, influenza, tuberculose, escabiose.

Na idade média ocorre a negação dos conceitos ambientalistas devido à

hegemonia do catolicismo romano, no qual as invasões dos bárbaros trouxeram um

predomínio das práticas de saúde de caráter mágico-religioso, onde amuletos, orações

e cultos a santos protetores da saúde materializavam a ideologia religiosa de salvação

da alma mesmo com a perdição do corpo (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003).

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39 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

IDADE MODERNA

Mecanismo da circulação sanguínea;

Teoria miasmática;

Surgiu o pai da moderna anatomia, pai da cirurgia;

A teoria dos miasmas que perdurou até o século XIX e, segundo a qual, sujeiras

externas e odores de putrefação provenientes de resíduos da decomposição de

animais e plantas deveriam ser eliminados para não espalharem doenças (MINAYO,

2006), ou seja, as “emanações” passariam do doente para os indivíduos suscetíveis,

o que explicaria a origem das epidemias das doenças contagiosas (PEREIRA,

2000).

IDADE CONTEMPORÂNEA

Descobertas bacteriológicas;

Formação unicausal

Abordagem do modelo multicausal:

Multicausalidade simples: relações causais entre fatores de risco e doença;

Historia natural da doença: explicação multicausal da doença

Determinação social da doença: novo marco explicativo.

Com o desenvolvimento da microbiologia e a preocupação com o saneamento

dos portos criavam-se estímulos para investigações no campo das doenças infecciosas,

que resultaram no surgimento do conceito de vigilância com o propósito de detectar a

doença em seus primeiros sintomas e, a partir deste momento, instituir o isolamento

(WALDMAN, 1998).

Nesta fase surgem modelos que tentam explicar o processo saúde-doença

através da multicausalidade. O primeiro modelo foi proposto por Gordon, no qual, a

saúde era o resultado do equilíbrio entre o agente, o hospedeiro e o meio ambiente,

mas embora este modelo representasse uma evolução em relação à unicausalidade,

ele atribuía igual importância aos elementos da tríade, o que raramente corresponde à

realidade (PEREIRA, 2000).

Com o modelo de Leavell e Clarck (História Natural da Doença), o ambiente é

novamente introduzido como explicativo para o processo saúde-doença, sendo

conformado pelo ambiente físico e social e compreende três níveis de prevenção:

primária (promoção da saúde e proteção específica), secundária (diagnóstico precoce e

proteção específica) e terciária (reabilitação) (FREESE, 2006).

História Natural da Doença

• A História Natural da Doença tem seu desenvolvimento em 2 períodos:

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40 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

• Período epidemiológico ou pré-patogênico: o interesse é dirigido para as relações

suscetível-ambiente; Envolve, de um lado, os condicionantes sociais e ambientais e, do

outro, os fatores próprios do suscetível;

• Período patológico ou patogênico: interessam as modificações que se passam no

organismo vivo.

Prevenção às Doenças

Prevenção primária

•Promoção da saúde:

• Educação sanitária;

• Alimentação e nutrição adequadas;

• Habitação adequada;

• Emprego e renda adequados

•Condições para satisfação das necessidades básicas do indivíduo.

•Proteção específica:

• Vacinação;

• Exame pré-natal

•Quimioprofilaxia;

• Fluoretação da água;

• Eliminação de exposição de agentes carcinogênicos.

Prevenção secundária

•Diagnóstico e tratamento precoce:

• Rastreamento;

• Exame periódico de saúde;

• Procura de casos entre os contatos;

• Auto-exame;

• Intervenções médicas ou cirúrgica precoces.

•Limitação do dano:

•Acesso facilitado aos serviços de saúde;

•Tratamento médico ou cirúrgico adequados;

•Hospitalização em função das necessidades.

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41 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Prevenção terciária

•Reabilitação (impedir a incapacidade total)

•Terapia ocupacional;

•Fisioterapia

•Emprego paara o reabilitso;

•Educação do público para a aceitação do deficiente;

•Próteses e órteses.

O NASCIMENTO DA MEDICINA SOCIAL

MEDICINA DE ESTADO ALEMÃ

Tentativa de melhorar o nível de saúde da população – política médica:

Sistema completo de observação da morbidade;

Normatização do ensino médio;

Criação de funcionários médicos nomeados pelo governo como administradores

de saúde

MEDICINA URBANA FRANCESA:

• Modelo médico e político da quarentena – internamento (peste) e exclusão (lepra);

•A medicina urbana teria 3 objetivos:

Análise de regiões de amontoamento, de confusão e perigo no espaço urbano;

Controle e estabelecimento de uma boa circulação da água e do ar;

Controle de esgoto e da água usada para beber.

MEDICINA DA FORÇA DO TRABALHO INGLESA:

• O p o b r e c o m e ç a a a p r e s e n t a r p e r i g o :

Razões políticas: revoltas ou participação nelas;

Falta de serviço para os pobres;

Divisão do espaço urbano entre ricos e pobres em função de medo político e sanitário.

Somente no início do século XX ocorre a recuperação do caráter social como

explicativo do processo saúde-doença. Diversos autores apresentaram

questionamentos sobre a história natural das doenças e, para eles, a doença é um fato

social em que as relações políticas e econômicas repercutem no processo de

adoecimento. Este fato refletiu na modificação do conceito de vigilância que deixou de

ser aplicado no sentido da observação sistemática de contatos de doentes, para ter

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42 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

significado mais amplo, o de acompanhamento sistemático de eventos adversos à

saúde na comunidade, com o propósito de aprimorar as medidas de controle

(WALDMAN, 1998).

Tema 4

SAÚDE E AMBIENTE

Não é de hoje que as inter-relações entre população, recursos naturais e

desenvolvimento têm sido objeto de preocupação social e de estudos científicos. Desde

há muito, as exigências cada vez mais complexas da sociedade moderna vêm

acelerando o uso dos recursos naturais, resultando em danos ambientais que colocam

em risco a sobrevivência da humanidade no planeta.

A história mostra que o homem sempre utilizou os recursos naturais para o

desenvolvimento da tecnologia e da economia e, com isso, garantir uma vida com mais

qualidade. Entretanto, é fácil constatar que essa equação (exploração dos recursos

naturais = desenvolvimento econômico e tecnológico = qualidade de vida) não vem se

relevando verdadeira. Isso porque os recursos oriundos da natureza estão sendo

aproveitados de forma predatória, causando graves danos ao meio ambiente e

refletindo negativamente na própria condição de vida e de saúde do homem.

Nesse sentido, para alguns "tudo se tornou válido em nome do progresso, do

bem estar da sociedade e da vida mais confortável". Mas, a busca do homem por uma

vida melhor está lhe trazendo doenças, problemas sociais e comprometendo seu futuro,

já que suas ações são altamente degradantes. Diante desse quadro, fica claro que meio

ambiente e saúde são temas completamente indissociáveis, fazendo parte do contexto

da saúde pública.

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43 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

MEIO AMBIENTE

A expressão "meio ambiente" deve ser interpretada de uma forma ampla, não se

referindo apenas à natureza propriamente dita, mas sim a uma realidade complexa,

resultante do conjunto de elementos físicos, químicos, biológicos e sócio-econômicos,

bem como de suas inúmeras interações que ocorrem dentro de sistemas naturais,

artificiais, sociais e culturais.

SAÚDE

A palavra saúde também deve ser compreendida de forma abrangente, não se

referindo somente à ausência de doenças, mas sim ao completo bem-estar físico,

mental e social de um indivíduo. Nesse sentido, é a orientação que se extrai da

disposição contida no artigo 3º da Lei nº8.080/90, onde se consigna que "a saúde tem

como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o

saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o

lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais" (grifos nossos).

Assim o termo "saúde" engloba uma série condições que devem estar

apropriadas para o bem estar completo do ser humano, incluindo o meio ambiente

equilibrado.

Por Paulo Roberto Cunha

Constituição da República Federativa do Brasil – 1988

Saúde Art. 196 - “... direito de todos e dever do estado, garantindo mediante

políticas públicas sociais e econômicas que visem à redução de doenças e de outros

agravos ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,

proteção e recuperação.”.

Meio Ambiente Art. 225 - “... direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para

as presentes e futuras gerações.”

SAÚDE E AMBIENTE NO CONTEXTO DA SAÚDE PÚBLICA

Através da história humana, os principais problemas de saúde enfrentados pelos

homens têm tido relação com a vida em comunidade, por exemplo, o controle de

doenças transmissíveis, o controle e a melhoria do ambiente físico (saneamento), a

provisão de água e alimentos em boa qualidade e em quantidade, a provisão de

cuidados médicos, e o atendimento dos incapacitados e destituídos. A ênfase relativa

colocada em cada um desses problemas tem variado de tempo a outro, mas eles estão

todos inter-relacionados, e deles se originou a saúde pública como a conhecemos hoje”

(Rosen, 1958).

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44 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

As relações entre a ecologia e saúde, que reúnem a atividade humana com as

condições do ecossistema, saúde e políticas públicas fornecem uma melhor

compreensão dos processos que determinam a saúde e o bem-estar das populações

(NIELSEN, 2001). As atividades produtivas e suas externalidades negativas provocam

sérias consequências na saúde do meio ambiente natural, rural e urbano, inclusive da

população humana, fato que é motivo de preocupação de toda a sociedade.

Como resultado desta percepção sobre a influência do ambiente na saúde,

surgiu a necessidade de se desenvolver métodos para apreender a realidade sob uma

nova perspectiva; a abordagem ecossistêmica para a saúde humana, desenvolvida no

Canadá na década de 70 e derivada do pensamento sistêmico ganha assim espaço no

campo da saúde (LEBEL, 2003). Segundo Minayo (2006), o enfoque ecossistêmico

da saúde humana procura integrar a saúde e o ambiente por meio da ciência e

tecnologia, “gerada e aplicada em consonância com gestores públicos, privados, com a

sociedade civil e os segmentos populacionais afetados.” Esta proposta leva em

consideração os aspectos sociais, econômicos e ecológicos, valorizando igualmente

estes três componentes para o desenvolvimento sustentável. Assim, iniciou-se uma

abordagem ecossistêmica, integrando saúde e ambiente, de modo que ciência e mundo

da vida se unam na construção da qualidade de vida através de uma melhor gestão do

ecossistema e da responsabilidade individual e coletiva sobre a saúde.

O conceito de “desenvolvimento sustentável” utilizado até os dias atuais e

definido como aquele que “atende as necessidades do presente sem comprometer a

capacidade das gerações futuras de atenderem as suas”, por meio da sustentabilidade

do desenvolvimento que implica uma mudança nas relações econômicas, político-

sociais, culturais e ecológicas. Desse modo, a natureza passa a ser vista como parte

integrante de um sistema que originalmente deveria ser cíclico, excluindo o

comportamento predador do modelo desenvolvimentista predominante (OLIVEIRA,

2003).

No sistema de saúde brasileiro, o setor de Saúde Ambiental procura identificar e

intervir nos processos diretamente ligados ao meio ambiente e que determinam e

condicionam a saúde e qualidade de vida humana, por exemplo, ao monitorar a

qualidade da água, solo e do ar.

A divulgação do “Relatório Lalonde” despertou a atenção do campo da saúde

para as questões ambientais no mundo e no Brasil (LALONDE, 1981; MINAYO, 2006;

VASCONCELOS, 2007). As principais influências que determinaram a formação de um

setor de saúde ambiental no Brasil vieram do Movimento Ambientalista Mundial e da

Medicina Social Latino - Americana, surgindo como uma “questão eco-sanitária”.

Existem duas dimensões que interagem na temática da saúde ambiental: uma é

formada por práticas sociais e a outra sob a luz científica. A primeira dimensão tem a

Declaração da Eco-92, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento (CNUMAD) como base. A segunda utiliza a epidemiologia como

modelo científico para integrar as áreas de produção, ambiente e saúde (GIRALDO,

2005; PALÁCIOS et al., 2004).

Lalonde (1981), em seu relatório na Conferência de Otawa foi o que primeiro

relacionou os problemas ambientais com os de saúde (MINAYO, 2006). O Relatório

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45 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Lalonde influenciou a mudança de visão no campo da saúde, pois apontou para a

necessidade de incluir os aspectos do cuidado com o espaço biofísico, a inclusão dos

fatores sociais e a bagagem genética, e não somente a assistência curativa que

predominava (e ainda predomina) no setor saúde (MINAYO, 2006). No Brasil, houve

uma influência para a criação de políticas públicas que promovessem espaços

saudáveis, com a aproximação das abordagens sistêmicas do campo da saúde com as

políticas de desenvolvimento sustentável (VASCONCELOS, 2007).

ENTENDENDO A RIO 92

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e desenvolvimento, a

Cúpula da Terra, ou Rio-92, como é mais conhecida, que reuniu chefes de Estado e

representantes oficiais de 179 países, e, ainda, organizações não governamentais de

todo o mundo em um evento paralelo - o Fórum Internacional de ONGs e Movimentos

Sociais. A Agenda 21 foi o documento mais abrangente que resultou dessa conferência

e selou um compromisso entre as nações participantes. Apresenta-se, tanto para o

poder público como para a sociedade civil e os setores econômicos, como um grande

guia para a promoção de ações que estimulem a integração entre o crescimento

econômico, a justiça social e a proteção ao meio ambiente. Sua principal estratégia é

propor soluções e alternativas em favor do desenvolvimento sustentável e deve ser

compreendida como um instrumento que é propor soluções e alternativas em favor do

desenvolvimento sustentável e deve ser compreendida como um instrumento que

conjuga participação e transformação social.

O termo “Agenda 21” foi usado no sentido de expressar as intenções de se

caminhar para a realização desse novo modelo ao longo do século XXI. A Agenda 21 é

um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em

diferentes regiões do planeta, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social

e eficiência econômica. (Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2005.)

Assim, a Agenda 21 Global constitui a mais abrangente tentativa já realizada de

promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, denominado

“desenvolvimento sustentável”. Ao redefinir o conceito de desenvolvimento,

assegurando-lhe dimensão não apenas quantitativa, mas também qualitativa, o

documento enfatiza o aumento da produtividade, aliado à justiça social e à conservação

dos recursos naturais, cujas perdas crescentes devem ser consideradas contribuição

negativa ao produto interno bruto (PIB) e às contas nacionais. Tal esforço exige

mudanças culturais de comportamento, inovação tecnológica e rede de cumplicidades

formada por todos os setores sociais e que se irradie nos planos global, nacional e

local.

No plano concreto, na Rio-92, cada país se comprometeu a definir sua própria

Agenda, fixando prioridades, envolvendo a sociedade e o governo, promovendo

parcerias e introduzindo meios de implementação capazes de reverter os processos de

insustentabilidade em curso, no modelo de desenvolvimento em vigor no mundo.

A ECO-92 foi um marco para o setor ambiental, e influenciou o setor de saúde

ao colocar os seres humanos e sua saúde como objetivo principal na elaboração de

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46 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

políticas públicas sendo que este seria alcançado pela promoção de um meio ambiente

saudável em harmonia com a produção. Neste ponto, o setor da saúde pública pode

intervir nos processos sociais que influem na saúde humana e do meio ambiente; a

integração do fator ambiente no campo da saúde coletiva necessita de uma abordagem

interdisciplinar, e áreas do conhecimento como a Ecologia e conceitos como o da

sustentabilidade estão integrados a este processo (GIRALDO, 2005).

AGENDA 21 BRASILEIRA

O Brasil tem empreendido esforços significativos para estabelecer um

programa de governo com a finalidade explícita de fazer a transição para o

desenvolvimento sustentável, em consonância com os objetivos e as metas traçadas

pela Agenda 21 Global. Dentro deste marco, foi estratégica a criação da Comissão de

Políticas de Desenvolvimento Sustentável (CPDS), em 1997, paritária entre governo e

sociedade civil, presidida pelo Ministério do Meio Ambiente e com o objetivo de elaborar

a Agenda 21 Brasileira.

Para tal, a metodologia de trabalho aprovada pela CPDS selecionou as áreas

temáticas e determinou a forma de consulta e construção do documento. A escolha dos

temas centrais - agricultura sustentável, cidades sustentáveis, ciência e tecnologia para

o desenvolvimento sustentável, gestão dos recursos naturais, infraestrutura e

integração regional, e redução das desigualdades sociais - foi feita de forma a

compreender a complexidade do País e suas regiões dentro do conceito de

sustentabilidade ampliada.

As ações prioritárias da Agenda 21 brasileira estão centradas nas seguintes

estratégias:

a. economia da poupança na sociedade do conhecimento;

b. inclusão social para uma sociedade solidária;

c. estratégia para a sustentabilidade urbana e rural;

d. recursos naturais estratégicos: água, biodiversidade e

florestas;

e. governança e ética para a promoção da sustentabilidade.

TEMA 5

SAÚDE E DESENVOLVIMENTO

Se a saúde tem consequências no desenvolvimento social e econômico, as

condições econômicas e sociais também influem na saúde.

Os estudos a respeito das relações entre saúde e desenvolvimento se, por um

lado, não são propriamente uma novidade, de outro, ainda são escassas as pesquisas e

a produção científica a respeito de suas conexões.

Sem dúvida o tema já é tratado há muito tempo. Basta lembrarmos do importante

estudo de Friedrich Engels (1986) sob a condição da classe operária na Inglaterra no

início dos anos 1800. Engels traça um paralelo entre as condições de vida da classe

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47 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

trabalhadora e a ocorrência de doenças, mortes e agravos, concluindo que as

condições de vida interferem diretamente na produção da saúde, associando pobreza e

injustiça com doença, morte e degradação da dignidade humana. Os estudos de

Vilermé (Goldberg, 1994), pai da epidemiologia socioeconômica, Chadwick (Aires,

1995), entre outros, formam um bom acervo sobre as implicações do desenvolvimento e

a saúde das pessoas e populações.

Em mais de um século muitos estudos têm tratado das conexões entre

desenvolvimento econômico e social e a produção da saúde, muito embora, como nos

alertou Marcel Goldberg (1994) já no início dos anos 90 do século passado, a

importância dos fatores sócio-econômicos foi relativamente deixada de lado nos

estudos e pesquisas epidemiológicos. Ou seja, a análise destes fatores (determinantes

da saúde) sobre a produção de saúde é na atualidade um fato secundário nas

pesquisas. Neste sentido, é possível afirmarmos, que a influência dos fatores sociais e

econômicos teve importância relativa maior em séculos passados que na atualidade.

Além disto, têm sido colocado em questão as finalidades do desenvolvimento,

abrindo-se importantes questionamentos sobre a sustentabilidade e a capacidade dos

modelos de desenvolvimento em promover a vida, a justiça e a solidariedade humana.

1. Como contribuir para que não haja condições precárias de saúde que solapem “o

desenvolvimento” e como influenciar para que “o desenvolvimento” não mine os

benefícios obtidos na saúde?

2. Como contribuir para o fortalecimento de capacidades e potencialidades e para que

os benefícios advindos do processo de desenvolvimento sejam distribuídos de forma

equânime?

3. Como contribuir para que a gestão da saúde e o desenho da rede de atenção

contemplem mudanças na clínica, potencializem a produção da saúde e ampliem a sua

contribuição ao desenvolvimento?

Tema 6

FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

A educação e saúde no Brasil possuem dois pressupostos, no qual o primeiro

refere-se às medidas preventivas e curativas que visam à obtenção da saúde e o

enfrentamento das doenças; o segundo, às estratégias da promoção da saúde objetiva

a construção social da saúde e do bem estar. O pressuposto das estratégias

preventivas e curativas de enfrentar a doença e de obter saúde é coerente com os

princípios que regem as atuais culturas e sociedades, pois são baseadas na produção

incessante e sempre renovada de variados serviços que se fundamentam na tecnologia

e na ciência oferecidos para o consumo das pessoas (GUEDES; SILVA; FREITAS,

2004).

A promoção da saúde entendida como processo participativo de toda a população

no contexto de sua vida cotidiana e não apenas das pessoas sob risco de adoecer,

quando evidencia a obtenção das condições de vida da população, abrange, entre

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48 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

outros propósitos, excluir ou minimizar a ocorrência dinâmica de morbidades

decorrentes da ausência destas condições. Deste modo atinge as causas e não apenas

evita a manifestação de tais agravos.

Prevenção pode ser considerada como toda e qualquer medida tomada antes do

surgimento de dada condição mórbida ou de um seu conjunto, vistas a tal situação não

ocorra com pessoas ou coletividades ou, pelo menos, se vier a ocorrer, que isso se dê

de forma menos grave ou mais branda (GUEDES; SILVA; FREITAS, 2004).

O PAPEL DOS AGENTES DE ENFERMAGEM COMO EDUCADOR EM SAÚDE

Os agentes de enfermagem enquanto agentes do processo de trabalho em

saúde têm desempenhado um papel importante na questão da educação e saúde. O

surgimento da enfermagem moderna no Brasil, e do profissional enfermeiro está

diretamente vinculado ao trabalho da enfermagem numa dimensão educativa, já que as

enfermeiras foram formadas na finalidade de suprir a falta de um profissional envolvido

com as atividades educativas sanitárias, iniciadas por médicos sanitaristas na década

de 1920.

Na década de 80, na enfermagem a visão de educação e saúde que resgata o

indivíduo com direitos de cidadania, começa a ser apontada num amplo aspecto que

possibilita o indivíduo ter uma compreensão de si mesmo enquanto cidadão, enquanto

membro ativo em sua participação na sociedade, com direitos a adequadas condições

de saúde e de vida (ALMEIDA et al 1989 apud LIMA 1996).

Hoje as ações educativas em saúde constituem-se em um dos instrumentos

utilizados pela enfermagem, num contexto abrangente tanto no processo de trabalho

individual e coletivo, cuja preocupação vai do corpo individual ao controle da doença

entendida como fenômeno coletivo. No modelo individual e essas ações se voltam para

o desenvolvimento do indivíduo e no modelo da saúde coletiva há preocupação com a

cidadania (ALMEIDA et al 1989 apud LIMA 1996).

Na organização de uma ação educativa, seja esta realizada no consultório, sala

de reunião, escola, entre outros locais, é vital possibilitar um ambiente descontraído e

harmonioso que se adeque ao programa de ensino pré-determinado (SILVA, 2004).

Pode-se programar para o atendimento, ensino e treinamento individual, em

grupo ou para um grande público (educação em massa), conforme relata a autora,

utilizando recursos diversos, tais como: dramatização, álbuns seriados, cartazes,

folders, dinâmicas, entre outras.

Educação Individual

A orientação individual é realizada durante a consulta de enfermagem, no

primeiro contato com o paciente. Durante esta prática evidencia-se o estabelecimento

de um vínculo entre o paciente e o profissional. É essencial uma relação de empatia e

receptividade com o paciente evitando realizar juízo de valores fato que diminuiria a

eficácia desta atividade.

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49 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Educação em grupo

Este método de ensino permite a interação entre os indivíduos deste grupo e os

membros da equipe de saúde tornando possível analisar as percepções e experiências

de todos os membros do grupo. Deste modo, a educação em saúde, permite uma

educação contínua aumentando, consequentemente, a interação entre estes indivíduos

e os profissionais de saúde.

Quando este grupo é estabelecido, por exemplo, por clientes que apresentam

uma determinada condição clínica em comum, esta troca de experiências individuais é

um poderoso meio educativo, no qual a troca de soluções entre eles é sempre útil

potencializando assim, adesão às terapêuticas medicamentosas e comportamentais

necessárias.

Educação em massa

Podem-se utilizar os meios de comunicação para mobilizar a opinião pública e

sensibilizá-la para os problemas de saúde que afligem a população em caráter

individual ou coletivo. As informações são transmitidas visando evitar situações

suscetibilidades a patologias, aumentar o conhecimento público sobre doenças

emergentes, orientar sobre campanhas de saúde, corrigir algumas crenças enraigadas

na população, entre outras situações. Neste método se enquadram as palestras,

orientações realizadas nos meios de comunicações (rádio e televisão), distribuição de

folhetos, entre outras ações (SILVA, 2004).

A construção do conhecimento, em relação à promoção da saúde, é um processo

que precisa ser realizado de forma constante tendo a participação individual e coletiva,

na esfera familiar, no grupo de trabalho, nos grupos sociais, nas comunidades ou até

mesmo nas organizações sociais (CEGANO; SIQUEIRA; CÉZAR VAZ, 2005).

Os profissionais da enfermagem desempenham um significativo papel nas

relações entre seres humanos, sociedade, pesquisa, saúde e educação. Assim, este

profissional, com uma de suas funções tem o papel de promover a formação seja no

aspecto individual e coletivo considerando os problemas que envolvem a saúde.

Tema 7

EPIDEMIOLOGIA E OS PRINCIPAIS INDICADORES DA SAÚDE COLETIVA

Epidemiologia

Do grego, Epedeméion (aquele que visita)

•Epi (sobre)

•Demós (povo)

•Logos (palavra, discurso, estudo)

•Etimologicamente “epidemiologia” significa:

– “Ciência do que ocorre com o povo”

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50 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

A palavra epidemiologia surge no título de um trabalho sobre a Peste na Espanha, na

segunda metade do século XVI.

O que é Epidemiologia?

Ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade, analisando a

distribuição populacional e os fatores determinantes do risco de doenças, agravos

à saúde e eventos associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção,

controle ou erradicação de enfermidades, danos ou problemas de saúde e de proteção,

promoção e recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informação e

conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, na administração e

na avaliação de sistemas, programas serviços e ações de saúde”

(Almeida Filho & Rouquayrol, 2002)

O que é Epidemiologia?

“Epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou

eventos relacionados à saúde em populações específicas e suas aplicações no

controle de problemas de saúde.”

(Dicionário de Epidemiologia - Last, 1988).

Objetivos da Epidemiologia

•Descrever a magnitude, a tendência e a distribuição dos problemas de saúde em

populações humanas.

Descrever características dos casos, formas clínicas, modo de transmissão,

grupos de maior risco, curso da doença etc..., quando da ocorrência de um agravo

desconhecido.

•Proporcionar dados essenciais para o planejamento, e avaliação das ações de

prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como estabelecer prioridades.

•Identificar fatores de risco e determinantes das enfermidades e outros agravos à saúde

Aplicações da Epidemiologia

• Estudo da frequência (QUANTO)

• Estudo da distribuição dos óbitos segundo a cronologia (tempo – QUANDO?).

• Estudo dos locais de ocorrência (espaço – ONDE?).

• Estudo sobre a população atingida (pessoas – QUEM?).

Formas de Intervenção da Epidemiologia

• identificar o agente causal ou fatores relacionados à causa dos agravos à saúde;

• entender a causação dos agravos à saúde;

• definir os modos de transmissão;

• definir e determinar os fatores contribuintes aos agravos à saúde;

• identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças;

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51 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

• estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à saúde;

• estabelecer medidas preventivas;

• auxiliar o planejamento e desenvolvimento de serviços de saúde;

• prover dados para a administração e avaliação de serviços de saúde.

Aplicações da Epidemiologia em Saúde Pública

As aplicações mais frequentes da epidemiologia em saúde pública são*:

• descrever o espectro clínico das doenças e sua história natural;

• identificar fatores de risco de uma doença e grupos de indivíduos que apresentam

maior risco de serem atingidos por determinado agravo;

• prever tendências;

• avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos problemas e necessidades das

populações;

• testar a eficácia, a efetividade das estratégias de intervenção, assim como a

qualidade, acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para controlar, prevenir e

tratar os agravos de saúde na comunidade.

A saúde pública tem na epidemiologia o mais útil instrumento para o cumprimento de

sua missão de proteger a saúde das populações.

Elementos Básicos

Indicadores

São medidas utilizadas para descrever e analisar uma situação existente, avaliar o

cumprimento de objetivos, metas e suas mudanças ao longo do tempo.

Indicadores de mortalidade

•O risco ou probabilidade que qualquer pessoa na população apresenta de vir a morrer,

em decorrência de uma doença, é calculado pela TAXA OU COEFICIENTE DE

MORTALIDADE.

•PRINCIPAIS INDICADORES DE MORTALIDADE:

–Mortalidade Geral

–Mortalidade Materna

–Mortalidade infantil

–Taxa de Letalidade

Taxa de mortalidade geral

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52 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Taxa de mortalidade infantil

Taxa de mortalidade infantil precoce (neonatal)

Taxa de Letalidade

•Mede o poder da doença em determinar a morte e também pode informar a qualidade

da assistência médica prestada ao doente

Indicadores de morbidade

• Coeficiente de incidência

• Coeficiente de prevalência

MEDEM O RISCO DE ADOECER

Taxa de incidência

•Incidência é o número de casos novos de uma doença em um dado local e período,

relativo a uma população exposta.

CI = casos NOVOS da doença em determinada comunidade e tempo x 10n

população da área no mesmo tempo

Exercitando...

•No ano de 2010, foram confirmados 2.490 casos de dengue no Estado de Paraíso,

cuja população, nesse ano, era de 9.003.804 habitantes. Qual foi o coeficiente de

incidência de dengue em Paraíso, em 2004?

•CI= 2.490/ 9.003.804 = 0,0002767

•0,0002767 x 100.000 = 27,67 casos novos por 100 mil habitantes.

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53 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Coeficiente de Prevalência

•Prevalência: representa o número de casos presentes (novos + antigos) em uma

determinada comunidade num período de tempo especificado.

Exemplificando…

•O quadro abaixo mostra o número de casos de dengue notificados pelo SINAN, da

Secretaria Municipal de Saúde de Natal no primeiro semestre de 2009.

•Baseado nos dados apresentados e sabendo-se que a população de Natal está

estimada em 800.000 habitantes responda as seguintes questões:

a) Qual a o coeficiente de incidência no mês de abril?

b) Qual a coeficiente de prevalência no final do semestre?

•CI abril = 161/800.000 = 0,0002012

•0,0002012 x 100.000 = 20,12 casos novos por 100 mil habitantes.

•Coeficiente de prevalência no final do semestre:

CP = 720 / 800.000 = 0,0009

0,0009 x 100.000 = 90 casos por 100 mil habitantes

Tema 8

PROGRAMA DE SAÚDE DA MULHER

1. Assistência integral à saúde da mulher

Os problemas relacionados à condição feminina e sexualidade, a fase de pré-

adolescência, as doenças sexualmente transmissíveis, as doenças malignas doenças

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54 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

crônico-degenerativas e ocupacionais são enfocados em um conjunto de ações

preventivas, de diagnóstico e tratamento ou recuperação, de acordo com as

necessidades de saúde da população feminina.

1.1 Objetivos

- Fornecer condição para melhorar os índices de aleitamento materno;

- Aumentar a cobertura de atendimento dos serviços de saúde: pré-natal, assistência ao

parto e ao puerpério;

- Implantar ou ampliar a assistência e as atividades de identificação em controle do

câncer cérvico-uterino e de mama, bem como de outras patologias ginecológicas;

- Implantar ou ampliar o controle das doenças sexualmente transmissíveis;

- Desenvolver atividades de auxílio à concepção e contracepção;

- Desenvolver atividades de educação participativa para compreensão dos direitos da

mulher;

- Incentivar o caráter participativo em todas as atividades desenvolvidas.

1.2 Assistência Clínico-ginecológica

Conjunto de ações que visam prevenir, diagnosticar, tratar e controlar as patologias

clínico-ginecológicas, bem como as atividades relativas à prevenção do câncer cérvico-

uterino e de mama.

1.3 Assistência no pré-natal

Conjunto de ações clínicas e educativas com o objetivo de identificar precocemente

os agravos que possam resultar em risco para a gestante e seu concepto. Segundo o

Ministério da Saúde, para garantir uma assistência efetiva no pré-natal, devem-se

observar alguns fatores:

Captação precoce da gestante na comunidade;

Controle periódico e contínuo durante toda a gestação;

Recursos humanos treinados;

Área física adequada;

Equipamento e instrumental mínimos;

Instrumentos de registro e estatística;

Medicamentos básicos;

Apoio laboratorial;

Sistema eficiente de referência e contra-referência;

Avaliação das ações da assistência ao pré-natal.

1.4 Assistência ao puerpério

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55 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Tem como objetivo o encaminhamento e tratamento de problemas e sequelas não

resolvidas durante a gestação e parto, o incentivo e apoio ao aleitamento materno e a

orientação sobre a anticoncepção.

1.5 Incentivo à amamentação

As vantagens do aleitamento materno consistem no preenchimento de todas as

necessidades nutricionais nos primeiros seis meses de vida, na proteção contra

infecções por possuir inúmeros mecanismos de defesa, na questão econômica e por

não exigir preparo, além de proporcionar maior interrelação mãe e filho.

1.6 Funções do Técnico de Enfermagem na Assistência à Mulher

A proposta de assistência integral à saúde da mulher objetiva a integralidade do

atendimento com ações educativas e clínicas, para o estabelecimento da promoção da

saúde, a enfermagem deve:

- Trabalhar com grupos de mulheres, com objetivos afins, nos quais haja troca de

experiências e integração.

- Trabalhar com as informações, dúvidas e crenças que são veiculadas informalmente

pelo grupo.

- Planejar e programar todo trabalho a ser desenvolvido nos grupos.

- Evitar os detalhes técnicos e linguagem científica.

- Trabalhar em conjunto com todos os membros da equipe da saúde;

- Utilizar como estratégia os folhetos educativos, vídeos, técnicas de dinâmica de grupo,

etc.

A promoção da saúde da mulher dependerá das atividades desenvolvidas pelo

serviço de saúde e também do envolvimento e participação da comunidade e da equipe

de saúde na execução dessas ações.

Tema 9

PROGRAMA DE SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

As causas que agravam a saúde da população infanto-juvenil brasileira variam

de acordo com a região, condições socioeconômicas e o grupo etário. As principais

são:

- Causas pré-natais: provocadas por lesões congênitas, atendimento inadequado

durante o pré-natal, parto domiciliar sem recursos, demora no atendimento à mulher

em trabalho de parto;

- Doenças diarreicas decorrentes principalmente do saneamento básico precário,

higiene inadequada das mães e alimentos, desmame precoce.

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56 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

- Doenças respiratórias: as mais comuns são a gripe, faringite, amigdalite, sinusite,

bronquite e pneumonias. As principais causas que contribuem para esta situação são:

Habitação inadequada;

Imunização incompleta;

Poluição e contaminação do ambiente;

Utilização inadequada de medicamentos;

Condições precárias de saneamento.

- Desnutrição: facilita a instalação de processos infecciosos e outras patologias;

- Acidentes de trânsito, homicídio e suicídio;

- Gravidez na adolescência: a ausência de debate pela sociedade sobre a sexualidade

e a falta de informações tem aumentado o número de gravidez precoce e de doenças

sexualmente transmissíveis.

2.1 Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC)

Tem como objetivo assegurar à assistência integral à saúde da criança através

das ações básicas como resposta do setor de saúde aos agravos mais frequentes e

de maior risco na mortalidade de crianças de 0 a 5 anos de idade.

Ações básicas:

- Utilizar o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento como meio de

assistência à criança nesta faixa etária;

- Promover o aleitamento materno e orientar a alimentação no primeiro ano de vida;

- Aumentar os níveis de cobertura vacinal;

- Controle da diarreia;

- Controle das doenças respiratórias na infância;

- Promover a educação em saúde, destacando a participação da família nas atividades

de assistência à criança.

2.2 Atenção Integral às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI)

Objetivos:

- Redução da mortalidade de crianças menores de 5 anos ;

- Diminuição da incidência e/ou gravidade de distúrbios nutricionais;

- Diminuição da incidência e/ou gravidade das doenças infecciosas (pneumonia,

diarreia, parasitoses intestinais, meningites, tuberculoses, malária, sarampo);

- Garantia de qualidade da atenção à saúde dos menores de 5 anos nos serviços de

saúde, domicílio e na comunidade;

- Fortalecimento da promoção à saúde e de ações preventivas na infância.

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57 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

2.3 Atenção Humanizada ao Recém Nascido de Baixo Peso (Método Mãe

Canguru)

- Acolhimento do bebê e de sua família;

- Respeito às singularidades de cada recém-nascido;

- Envolvimento da mãe, do pai e da família nos cuidados com o bebê;

2.4 Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento Infantil

Este documento expressa a adoção de medidas para o crescimento saudável,

enfocando a garantia de direito da população e cumprimento de dever do Estado nos

aspectos biológico, afetivo, psíquico e social.

2.5 Compromissos para a Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade

Infantil

- Combate à desnutrição e anemias carenciais;

- Estímulo à alimentação saudável e prevenção do sobrepeso e obesidade infantil;

- Ações da saúde da mulher;

- Atenção humanizada e qualificada à gestante e ao recém-nascido;

- Triagem neonatal (teste do pezinho);

- Incentivo ao aleitamento materno;

- Incentivo ao acompanhamento do crescimento e desenvolvimento.

PROGRAMA DE SAÚDE DO ADOLESCENTE (PROSAD)

2.6 Objetivo

Promover a assistência integral, favorecendo o processo geral de seu

crescimento e desenvolvimento, buscando reduzir a morbimortalidade e os desajustes

individuais e sociais em jovens entre 10 e 19 anos.

2.7 Diagnóstico e Planejamento das Atividades de Promoção e Atenção à Saúde

de Adolescentes

Características dos adolescentes: idade, sexo, raça, nível socioeconômico,

escolaridade, inserção no mercado de trabalho (formal ou informal), uso de álcool,

fumo, drogas, gravidez na adolescência, conhecimento e uso de contraceptivos.

Características das famílias: estrutura, renda e dinâmica familiar;

Condições de vida: saneamento, destino do lixo, condições de segurança,

transporte;

Recursos comunitários: escolas, atividades profissionalizantes, culturais e

esportivas, áreas de lazer;

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58 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Recursos humanos (equipe multiprofissional) – O adolescente deve ser atendido

por equipe multiprofissional interessada e capacitada para o atendimento integral

do indivíduo como um todo biopsicossocial, único e em constante interação com o

ambiente. A equipe deve ser constituída por profissionais das áreas de educação,

enfermagem, nutrição, saúde bucal, mental e serviço social.

2.8 Atividades do Técnico de Enfermagem

- Crescimento e desenvolvimento;

- Sexualidade;

- Saúde bucal;

- Saúde mental: a psicologia da saúde da adolescência está vinculada à compreensão

de suas transformações corporais, da evolução do pensamento e do conhecimento

das modificações de socialização emergente nesta fase da vida, fatores que

conduzem à definição da identidade.

- Saúde reprodutiva: deve contemplar os adolescentes de ambos os sexos, visando

prevenir doenças sexualmente transmissíveis e gravidez.

- Prevenção de acidentes: a busca de identificação dos adolescentes leva-os à

curiosidade, ao idealismo e a contestação.

2.9 Princípios e Diretrizes do Atendimento a Adolescentes e Jovens

Ética - A relação do profissional com o adolescente e jovem deve ser de respeito e

liberdade, prescritos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pelos códigos de

ética das diferentes categorias.

Privacidade - Adolescentes e jovens podem ser atendidos sozinhos, casos desejem.

Confidencialidade e sigilo - Adolescentes e jovens devem ter a garantia de que as

informações obtidas no atendimento não serão repassadas aos seus pais e/ou

responsáveis. Por outro lado, eles devem ser informados sobre as situações que

requerem quebra de sigilo, ou sempre que houver risco de vida para o cliente ou

terceiros, como em situações de abuso sexual, ideia de suicídio, informação de

homicídios, etc.

Tema 10

PROGRAMA DE SAÚDE DO IDOSO

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o idoso é todo

indivíduo com 60 anos ou mais de idade. O pacto pela saúde (2006) teve como uma

das prioridades a saúde do idoso, com o objetivo de implantar a Política Nacional de

Saúde da Pessoa idosa, buscando a atenção integral.

3.1 Perfil do Idoso

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59 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Há várias formas de envelhecimento, dependendo das características pessoais,

da história passada (ocupação, alimentação), da classe social e doa acesso aos

cuidados médicos.

O idoso poderá responder positivamente ou negativamente às mudanças dessa

nova etapa da vida, pois ele caminha para uma fase de decréscimo físico, biológico e

social, decorrente das limitações naturais do processo de em envelhecimento.

3.2 Objetivos

Tem como finalidade desenvolver ações de promoção da saúde e de prevenção

das doenças, ou seja, diminuir o mais precocemente possível, os fatores de risco ao

envelhecimento patológico. Visando o bem estar físico e psíquico da população idosa

e uma permanência mais prolongada na comunidade, o programa deve ter como

objetivo:

- Estimular a formação de grupos de lazer e de convivência, a fim de facilitar a sua

integração, estimular o sentimento de valorização pessoal e social, discutir e trabalhar

as questões de saúde e social;

- Elaborar o diagnóstico médico e social de cada cliente através de consulta médica,

de enfermagem e com a assistente social;

- Realizar o controle da saúde do idoso, encaminhando-o ao clínico geral, geriatra e

especialistas;

- Assegurar atendimento de reabilitação física e psicológica;

- Realizar visita domiciliária ou aos idosos institucionalizados, a fim de orientar,

supervisionar e/ou dar assistência complementar.

3.3 Atividades do Programa

A equipe multiprofissional é composta por médico geriatra, enfermeira,

assistente social, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo e terapeuta ocupacional. A

equipe mínima é formada pelo médico com especialidade em geriatria, pela equipe de

enfermagem e assistente social.

As atividades devem ser discutidas e trabalhadas em conjunto com a equipe

multiprofissional, para que a assistência ao idoso atenda as suas necessidades

básicas. Além disso, as atividades devem ser realizadas com o idoso em vez de para

ele, assim, evita-se tomar decisões por ele, estimulando a sua autoestima e

independência, preservando a sua identidade.

Para atender os objetivos do programa são desenvolvidas as seguintes

atividades:

- Sensibilizar e capacitar todos os funcionários da Unidade de Saúde que tem

contato com a população idosa;

- Promover treinamento, reciclagens e supervisão para assegurar um

atendimento adequado e atualizado;

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60 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

- Matricular no Programa do Idoso a população com idade igual ou maior de 60

anos;

- Realizar a primeira consulta médica nos idosos matriculados;

- Realizar consulta com assistente social a cada ano ou a critério;

- Encaminhar o cliente para o especialista, quando necessário;

- Agendar consultas e exames laboratoriais e radiológicos;

- Promover palestras sobre o processo de envelhecimento;

- Elaborar um perfil alimentar e nutricional do cliente;

- Realizar atendimento psicológico individual, a família e/ou em grupo;

- Estimular e orientar os idosos a formar grupos de convivência;

- Manter contato e entrosamento com os serviços e instituições sociais;

- Orientar, supervisionar e prestar assistência complementar nas instituições

sociais que abrigam os idosos.

- Realizar reuniões periódicas com a equipe multiprofissional e clientela.

3.4 Ações de enfermagem

Auxiliar a equipe de saúde nas questões pertinentes à enfermagem;

Realizar consulta de enfermagem individual ou em grupo;

Integrar o idoso a outros programas de seu interesse: hipertensão arterial,

diabetes etc.

Avaliar as condições do idoso impossibilitado de ir à unidade de saúde;

Operacionalizar a marcação de consulta, retornos, agendamento de exames e

encaminhamentos;

Medir a pressão arterial, pulso e peso;

Realizar visita domiciliar;

Orientar sobre medidas de prevenção de acidentes e manutenção da saúde;

Realizar algumas adaptações na casa para evitar quedas e fraturas;

Realizar exercícios respiratórios que melhorem a capacidade pulmonar;

Participar das reuniões com a equipe de saúde e/ou com o grupo de idoso;

Desenvolver atividades que diminuam o estresse do idoso;

Orientar para uma correta higiene oral e cuidados com a dentadura;

Tema 11

PROGRAMA DE SAÚDE MENTAL

Os distúrbios mentais nem sempre foram considerados como doença.

Baseando-se na abordagem psicológica e na compreensão de que os indivíduos

transitam em diferentes níveis de saúde e doença, ou seja, não estão constantemente

em profunda dependência física e/ou mental, propõe-se tratar o doente mantendo os

seus vínculos familiares e sociais, ao invés de retirá-lo desse convívio, o que pode

gerar segregação e abandono.

Para ocorrer a substituição do modelo assistencial centrado no hospital

psiquiátrico pelo modelo de atendimento diversificado, torna-se necessária uma

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61 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

política de extinção progressiva dos hospitais psiquiátricos e o aumento dos serviços

extra-hospitalares. A assistência passa a ser as unidades básicas de saúde e

ambulatórios de saúde mental, ficando os hospitais como uma retaguarda para

atender as situações em que não se indica a permanência do doente na sociedade,

nos momentos de crise ou de profunda dependência física e /ou mental.

4.1 Objetivos:

- Promover a saúde mental;

- Prevenir as enfermidades mentais;

- Prestar assistência aos doentes e ajuda-los a recuperar a saúde mental;

- Orientar os doentes, família e comunidade sobre as enfermidades mentais.

4.2 Estrutura da atenção

Devido à necessidade de diminuir os leitos hospitalares, a atual política de saúde

mental pretende fortalecer o trabalho extra-hospitalar com implantação de um sistema

referência e contra-referência.

Para que a população possa receber esse tipo de assistência, é necessário que

as secretarias de saúde organizem um plano assistencial primário, secundário e

terciário.

Nível Primário

A atividade é desenvolvida na Unidade Básica de Saúde e tem por objetivo:

- Desenvolver trabalho na comunidade, visando prevenir e /ou diminuir a incidência de

doenças mentais;

- Detectar e tratar precocemente a doença mental para impedir seu agravamento;

- Desenvolver trabalho com a comunidade de referência ou grupos específicos, visando

prevenir a marginalização dos indivíduos com distúrbios mentais;

- Propiciar assistência aos familiares dos indivíduos com problemas mentais;

- Encaminhar ao ambulatório de referência ou ao hospital os casos que necessitam de

uma assistência mais intensiva.

Nível Secundário

As atividades são desenvolvidas pelos ambulatórios, hospitais dia/noite, centros

de atenção psicossocial. Tem como objetivos:

- Oferecer programa de atendimento ambulatorial adequado e resolutivo;

- Acompanhar e agir terapeuticamente com os familiares dos doentes;

- Garantir o seguimento ambulatorial dos egressos de hospitalização;

- Colaborar no desenvolvimento de ações educativas junto à população;

- Encaminhar para a hospitalização os casos mais graves.

Nível Terciário

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62 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

Abrange os serviços de emergência psiquiátrica em pronto socorro geral e com

leitos de observação para até 72h.

4.3 Ações de enfermagem

- Participação em atividade que cria o ambiente terapêutico e que possibilita o

desenvolvimento do doente;

- Estabelece limites e ajudar o indivíduo a conservar a sua integridade e saúde física;

- Participar de programas de terapia de grupo.

Atendimento Individual

- Triagem: a enfermagem ouve a queixa do paciente e/ou família, avalia e decide pelo

melhor procedimento;

- Recepção dos pacientes novos: preenchimento dos dados, controle dos sinais vitais,

orientação quanto às rotinas dos serviços e importância do tratamento;

- Consulta de enfermagem;

- Realização de visita domiciliária para uma melhor avaliação das condições em que

vive o indivíduo e sua família.

Atendimento em Grupo

Quando o indivíduo é colocado em um grupo de pessoas que participam do mesmo

universo, ele poderá sentir uma identificação mais próxima, exprimir melhor seus

sentimentos e partilhar suas experiências.

Tema 12

PROGRAMA DE SAÚDE DO TRABALHADOR

5. Objetivos:

- Identificar e registrar a população economicamente ativa, por sexo e faixa etária;

- Reconhecer as atividades produtivas existentes na área, bem como os perigos e os

riscos potenciais para a saúde dos trabalhadores, da população e do meio ambiente;

- Identificar os integrantes das famílias que são trabalhadores (ativos do mercado

formal e informal, no domicílio, rural ou urbano), por sexo e faixa etária;

- A existência de trabalho precoce (crianças e adolescentes menores de 16 anos,

que realizam qualquer atividade de trabalho, independentemente de remuneração,

que frequentem ou não as escolas).

5.1 Atribuições do Técnico de Enfermagem

- Acompanhar por visita domiciliar os trabalhadores que sofreram acidentes graves

e/ou os portadores de doença relacionada ao trabalho que estejam ou não afastados

do trabalho ou desempregados;

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63 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

- Preencher e organizar arquivos das fichas de acompanhamento de saúde do

trabalhador;

- Participar do planejamento das atividades educativas em saúde do trabalhador;

- Coletar material biológico para exames laboratoriais.

- Orientar os trabalhadores quanto ao seu direito à saúde;

- Orientar sobre os fatores condicionantes que levam aos acidentes e as doenças

profissionais (máquinas e ferramentas sem condição de uso, inalação de produtos

tóxicos, iluminação inadequada, postura incorreta, a importância do uso de

equipamento de proteção individual);

- Orientar sobre a importância da imunização de rotina, exames e consultas médicas

periódicas.

- Identificar as fontes dos principais riscos ambientais;

- Medir o grau de exposição aos riscos;

- Avaliar a eficácia das medidas de controle instituídas.

Tema 13

PROGRAMA DE SAÚDE DO ADULTO

As ações dirigidas a este grupo visam, principalmente, diagnosticar e tratar

precocemente as doenças de modo a prevenir os problemas de saúde mais

frequentes no adulto.

6.1 Ações de controle

a) Programa de controle das doenças transmissíveis- Tem a finalidade de

contribuir para a redução da morbimortalidade por doenças transmissíveis, quer

aquelas evitáveis por imunizações, quer outras que englobam atividades voltadas

para o tratamento de indivíduos e para o controle do ambiente.

b) Programa de controle de doenças crônico-degenerativas – As ações nesta

área enfatizam a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento das pessoas com

maior incidência, como a hipertensão arterial, o diabetes e o câncer.

Muitos são os fatores predisponentes para as doenças crônicas:

Dieta;

Ocupação;

Hábitos (fumo, álcool);

Envelhecimento da população;

Industrialização e Desenvolvimento econômico.

6.2 Ações de enfermagem

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64 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA – CTPAC – TÉC. EM ENFERMAGEM - Prof.ª GUIMARÃES, V.

A enfermagem tem um papel importante na prevenção e controle, a partir do

conhecimento que identifica as causas mais comuns, planeja e atua no sentido de

minimizar os problemas existentes e desenvolve estudos e pesquisas para melhoria dos

serviços prestados.

6.3 Atividades do Técnico de Enfermagem

- Verificar os níveis da pressão arterial, peso, altura e circunferência abdominal, em

indivíduos da demanda espontânea da unidade de saúde;

- Orientar a comunidade sobre a importância das mudanças nos hábitos de vida, ligadas

à alimentação e à prática de atividade física rotineira;

- Orientar as pessoas sobre os fatores de risco cardiovascular, em especial aqueles

ligados à hipertensão arterial e diabetes;

- Agendar consultas e reconsultas médicas e de enfermagem para os casos indicados;

- Proceder às anotações devidas em ficha clínica;

- Cuidar dos equipamentos (tensiômetros e glicosímetros) e solicitar sua manutenção

quando necessária;

- Encaminhar as solicitações de exames complementares para serviços de referência;

Orientar:

- Sobre o consumo de uma dieta equilibrada, diminuindo a ingestão de sal e gorduras;

- Sobre a manutenção do peso ideal;

- Limitar ou abolir o consumo de álcool e cigarro;

- A prática de exercícios físicos;

- Formação de grupos educativos;

- Formação de agentes comunitários para multiplicação da informação;

- Vigilância epidemiológica.

Tema 14

ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

O Programa de Saúde da Família (PSF) surgiu em 1994 e atualmente, tem sido

denominado Estratégia de Saúde da Família (ESF), não possui caráter programático, e

sim características estratégicas de mudança do padrão de atenção à saúde da

população. Com isso, as práticas da ESF visam ter como foco do trabalho a família e

constitui uma prática que combate a fragmentação do saber e do indivíduo avançando

para além da simples intervenção médica sob o corpo anátomo-fisiológico centrado no

saber médico. Esse programa busca a integração com a comunidade, numa atuação

interdisciplinar dos profissionais que compõem as equipes de saúde da família,

buscando identificar os determinantes sociais do processo saúde-doença e intervir

nestes, possibilitando uma transformação das condições de vida e saúde.

A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do

modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes

multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo

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acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área

geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção,

recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da

saúde desta comunidade.

Objetivos

Divulgar o conceito de saúde como qualidade de vida e direito do cidadão;

Promover a família como núcleo básico da abordagem no atendimento à saúde

da população, num enfoque comunitário;

Prestar atendimento básico de saúde, de forma integral a cada membro da

família, identificando as condições de risco para saúde do indivíduo;

Proporcionar atenções integrais, oportunas e contínuas a população no

domicílio, em ambulatórios e hospitais;

Agendar o atendimento a população com base nas normas dos programas de

saúde existentes, sem descartar a possibilidade de atendimentos eventuais e

domiciliares;

Humanizar o atendimento e estabelecer um bom nível de relacionamento com a

comunidade;

Organizar o acesso ao sistema de saúde;

Ampliar cobertura e melhorar a qualidade do atendimento no sistema de saúde;

Promover a supervisão e a atualização profissional para garantir boa qualidade e

eficiência no atendimento;

Incentivar a participação da população no controle do sistema de saúde.

Equipes de saúde

O trabalho de equipes da Saúde da Família é o elemento-chave para a busca

permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os

integrantes da equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de Saúde.

As equipes são compostas, no mínimo, por um médico de família, um enfermeiro, um

auxiliar de enfermagem e 6 agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, conta

ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene

dental.

Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhamento de, no máximo, 4 mil

habitantes, sendo a média recomendada de 3 mil habitantes de uma determinada área,

e estas passam a ter corresponsabilidade no cuidado à saúde. A atuação das equipes

ocorre principalmente nas unidades básicas de saúde, nas residências e na mobilização

da comunidade, caracterizando-se: como porta de entrada de um sistema hierarquizado

e regionalizado de saúde; por ter território definido, com uma população delimitada, sob

a sua responsabilidade; por intervir sobre os fatores de risco aos quais a comunidade

está exposta; por prestar assistência integral, permanente e de qualidade; por realizar

atividades de educação e promoção da saúde.

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Atribuições comuns a todos os profissionais que integram as equipes:

- Conhecer a realidade das famílias pelas quais são responsáveis com ênfase nas suas

características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas;

- Identificar os problemas de saúde e situações de risco mais comuns aos quais, aquela

população está exposta;

- Elaborar, com a participação da comunidade, um plano local para o enfrentamento dos

problemas de saúde e fatores que colocam em risco a saúde;

- Executar, de acordo com a qualificação de cada profissional, os procedimentos de

vigilância e de vigilância epidemiológica, nas diferentes fases do ciclo de vida;

- Valorizar a relação com o usuário e com a família, para a criação de vínculo de

confiança, de afeto, de respeito;

- Realizar visitas domiciliares de acordo com o planejamento;

- Resolver os problemas de saúde do nível de atenção básica;

- Garantir acesso à continuidade do tratamento dentro de um sistema de referência e

contra-refência para os casos de maior complexidade ou que necessitem de internação

hospitalar;

- Prestar assistência integral à população adscrita, respondendo à demanda de forma

contínua e racionalista;

- Coordenar, participar de e/ou organizar grupos de educação para a saúde;

- Promover ações intersetoriais e parcerias com organizações formais e informais

existentes na comunidade para o enfretamento conjunto dos problemas identificados;

- Fomentar a participação popular, discutindo com a comunidade conceitos de

cidadania, de direitos à saúde e suas bases legais;

- Incentivar a formação e/ou participação ativa da comunidade nos conselhos locais de

saúde e no conselho Municipal de Saúde;

- Auxiliar na implantação do cartão Nacional de Saúde.

Atribuições do Técnico de Enfermagem

I - participar das atividades de atenção realizando procedimentos regulamentados no

exercício de sua profissão na Unidade Básica de Saúde e, quando indicado ou

necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações

etc);

II - realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea;

III - realizar ações de educação em saúde a população adstrita, conforme planejamento

da equipe;

IV-participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado

funcionamento da UBS;

V - contribuir, participar e realizar atividades de educação permanente.

Abordagem Integral ao Indivíduo

A abordagem integral consiste na visualização do indivíduo como um todo,

levando em consideração seus aspectos físicos, emocionais, intelectuais e sociais.

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Abordagem integral na visita domiciliar

A abordagem integral faz parte da visita domiciliar por envolver diversos fatores

no processo saúde-doença da família. A saúde não é um produto nem um estado, e sim

um processo multidimensional no qual permanentemente interagem sistemas

biológicos, psicológicos, sociais, culturais, familiares e ambientais. A partir daqui,

portanto, modifica-se a função do profissional da saúde, que já não serve só para curar

enfermidades, e sim cuidar da saúde, ouvir, olhar, tocar, acolher o outro, levando em

consideração a pessoa doente em seu contexto familiar.

Também, devemos levar em conta que os cuidados à saúde nunca foram

exclusividade dos médicos, e hoje se estima que cerca de 80% dos cuidados são

prestados por não médicos (cuidadores, pessoal técnico auxiliar, familiares). Passa-se

de uma medicina centrada na doença para uma medicina centrada no indivíduo e a

díade paciente-médico, avança para a tríade paciente-família-equipe de saúde.

É nesse contexto que a visita domiciliar deve conceber a família em seu espaço

social, abordando de modo integral e individualizado o paciente em seu contexto sócio-

econômico e cultural. Assim, o profissional de saúde deve ter uma avaliação da

dinâmica da vida familiar, ter para com cada indivíduo uma atitude de respeito e

valorização das características peculiares que cada indivíduo/família apresenta.

A postura do profissional da saúde na abordagem integral

As famílias necessitam não só de atenção à saúde, mas de assistência a outras

necessidades. Com isso, também se deve ter a preocupação com a postura profissional

ao adentrar no domicílio, pois é necessário o respeito à privacidade das pessoas e a

sua cultura. Fazendo isto, os profissionais não realizam apenas uma prática

intervencionista e invasiva, mas uma prática com ênfase no respeito à autonomia dos

indivíduos sobre as informações que lhes dizem respeito; bem como realizar um

atendimento subjetivo e respeitoso, buscando a autonomia do sujeito, deixando que

este participe do assistir e se responsabilize pelo mesmo.

A integralidade é uma das diretrizes básicas do Sistema Único de Saúde,

instituído pela Constituição de 1988. De fato, o texto constitucional não utiliza a

expressão integralidade, ele fala "atendimento integral, com prioridade para as

atividades preventivas sem prejuízo dos serviços assistenciais" (BRASIL, 1988, art.198).

Mas o termo integralidade tem sido utilizado corretamente para designar exatamente

essa diretriz. (MATTOS, 2001, p. 39).

Importa destacar que, noção de integralidade como princípio deve orientar para

ouvir, compreender e, a partir daí, atender às demandas e necessidades dos indivíduos,

grupos e comunidades num novo paradigma de atenção a saúde.

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LAWINSKY, L., MERTENS, F. TÁVORA, R. As abordagens ecossistêmicas para a

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