revista sustenta brasil ed. 3

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Ainda há tempo para você ser sustentável Iniciativa de Curitiba vai em busca dos sonhos ecológicos de seus cidadãos para construção de um futuro melhor Página 30 O uso ainda irracional da água Página 36 Os dois lados do Código Florestal Páginas 17 e 18 Dicas sustentáveis Página 34 Sustentabilidade & Inclusão em Debate B RA SIL sustenta Revista trimestral Ano I - Número 03 Outubro 2011 n CORTESIA n

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Revista Sustenta Brasil, publicação Trimestral do Instituto Adolpho Bauer. O Instituto Adolpho Bauer é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, voltado para a promoção do desenvolvimento territorial sustentável, com inclusão social, de raça e de gênero, com sede na cidade de Curitiba (Paraná) e com perspectiva de atuação em todo território nacional. Agora na terceira edição aproveitaremos todo o potencial e as espectativas que a sustentabilidade gera nas pessoas e o que pequenas iniciativas fazem para gerir um Brasil melhor

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Ainda há tempo para você ser sustentável

Iniciativa de Curitiba vai em busca dos sonhos ecológicos de seus cidadãos para construção de um futuro melhorPágina 30

O uso ainda irracional da água Página 36

Os dois lados do Código FlorestalPáginas 17 e 18

Dicas sustentáveis Página 34

S u s t e n t a b i l i d a d e & I n c l u s ã o e m D e b a t eBRASIL

sustentaRevista trimestralAno I - Número 03 Outubro 2011

n CORTESIA n

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Vila Olímpica ParanáO Centro Infanto-juvenil de Formação de Atletas Olímpicos do Paraná é um projeto de modalidade de participação social que contará com um um ginásio poliesportivo, com estrutura para vestiários/sanitários, academia de musculação, administração, informática, espaço para dança e lutas marciais.O centro visa a formação em várias modalidades esportivas de atletas e para-atletas, oriundos de comunidades carentes, capacitando-os para o exercício da cidadania tornando-os cidadãos conscientes dos seus direitos e responsabilidades.

O Instituto Adolpho Bauer, organização de direito privado, sem fins lucrativos, com sede em Curitiba e de abrangência nacional, tem desenvolvido projetos que buscam a promoção do desenvolvimento sustentável com inclusão social, de gênero e raça, por intermédio do esporte, da educação e da cultura. Neste sentido, TOME UMA ATITUDE SUSTENTÁVEL, convidamos você e sua empresa, para ser nosso parceiro, DOE SEUS IMPOSTOS, para um de nossos projetos. São centenas de jovens e adolescentes carentes beneficiados em diversas cidades e regiões do país, nas mais diversas modalidades esportivas e culturais.O Instituto Adolpho Bauer presta também serviços de assessoria e consultoria para elaboração e implantação de Projetos de Desenvolvimento SUSTENTÁVEL, seja por benefício da Lei de Incentivo ao Esporte, Lei Rouanet, ou legislações municipais ou estaduais específicas, e conta com ampla rede de relacionamentos, tanto a nível empresarial, governamental, como por parte da sociedade civil. Conheça nossos projetos e parcerias e torne-se um grande promotor e apoiador do Esporte, da cultura e do desenvolvimento sustentável em nosso país.Acesse nossos sites e veja como pode participar:www.institutoiab.org.brwww.revistasustentabrasil.com.br

Atitude empresarial sustentável

Escola de Futebol do IABEstrutura de apoio esportivo de crianças e adolescentes carentes da cidade de Araucária e região metropolitana de Curitiba, visa beneficiar cerca de 100 alunos, de ambos os sexos, com a prática de esporte no contraturno escolar, aplicando a inicialização esportiva como garantia do exercício da cidadania.Além da prática saudável de exercícios físicos, as crianças e adolescentes são beneficiadas também com o resgate dos valores sociais, através do convívio em grupo e respeito à hierarquia. As aulas acontecem nos períodos matutinos e vespertinos, exigindo que o aluno participe da modalidade apenas no contraturno escolar.

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Atitude empresarial sustentável

AutomobilismoPromover, incentivar e difundir o automobilismo com o intuito de proporcionar a formação de jovens talentos, dentre eles, pilotos femininos e afrodescendentes, além de desenvolver junto às escolas públicas nos entornos dos autódromos participantes uma ampla campanha de combate à violência no trânsito e a promoção da igualdade de gênero e de raça.Inicialmente o projeto contempla cerca de 30 novos pilotos por trimestre nos autódromos participantes, totalizando 90 jovens formados ao ano, advindos das camadas sociais de baixa renda.O primeiro curso deverá acontecer no Autódromo Internacional de Curitiba, beneficiando moradores da região metropolitana, que moram nas imediações do autódromo.

Futsal de SuzanoO projeto visa atingir aproximadamente mil atletas na modalidade de futsal, envolvendo desde as categorias de base, até uma equipe principal masculina, apta a disputar a Liga Nacional de Futsal e o Campeonato Paulista. As equipes de base serão subdivididas em masculinas e femininas nas categorias sub-9 (250 crianças); sub-11 (250 crianças); sub-13 (200 crianças); sub-15 (200 jovens); sub-17 (50 jovens) e sub-20 (20 jovens).Através do reconhecimento do esporte como um fenômeno sociocultural, o Projeto Futsal de Suzano, além de formar cidadãos conscientes de seu papel e capazes de conviver em sociedade, é essencial para o desenvolvimento da cultura esportiva do município de Suzano e da região.

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Meu Professor é Show 2012!Projeto visa realizar shows simultâneos em todas as regiões do Brasil, com artistas renomados e locais, com o objetivo de comemorar o dia do professor, bem como promover maior valorização da profissão. O evento abre espaço para homenagens feitas por alunos e instituições escolares, além da comunidade em geral, tendo como tema o slogan: “Meu Professor é show!”.

Natação de SuzanoO projeto de natação Suzano-Correios contará com, aproximadamente, três mil atletas nas modalidades de natação (categorias mirim 1; mirim 2; petiz 1; petiz 2; infantil 1; infantil 2; juvenil 1; juvenil 2; júnior 1; júnior 2) e hidroginástica para a melhor idade. O projeto também envolve uma equipe principal masculina e uma feminina que disputarão os principais torneios aquáticos do país.A base do projeto é formar cidadãos conscientes de seu papel social e capazes de conviver em comunidade, ampliando o desenvolvimento da cultura esportiva do município de Suzano e da região. A cidade já conta com alguns exemplos de sucesso internacional no esporte, como o medalhista mundial Felipe França, que iniciou seu aprendizado nas escolinhas de natação do município.

Basquete de AraçatubaO Projeto de Basquete de Araçatuba foi criado em 2002 com o propósito de integrar socialmente crianças e adolescentes, promovendo a inclusão social. A missão do Basquete Clube é promover a cidadania através dos núcleos de ensino do basquetebol, além de criar um referencial positivo para a formação das crianças e adolescentes envolvidas no projeto.O projeto visa atender jovens de 8 a 17 anos, no contraturno escolar, através da prática esportiva exigindo, em contrapartida, uma freqüência escolar satisfatória. Através do esporte, os jovens desenvolvem a coordenação motora, o raciocínio, a atenção, a oportunidade de integração ao meio profissional, saúde física e mental, além da disciplina e da perseverança.

Futsal Feminino de AraçatubaO projeto de futsal contará com aproximadamente mil atletas na modalidade de futsal e envolverá, desde as categorias de base, até uma equipe principal feminina que disputará campeonato regional e a nível nacional. As equipes de base femininas serão subdivididas nas categorias sub-9 (250 crianças); sub-11 (250 crianças); sub-13 (200 crianças); sub-15 (200 jovens); sub-17 (50 jovens) e sub-20 (20 jovens).

Revista Sustenta BrasilFazer com que a publicação e edição do periódico trimestral esteja voltada para o diálogo e para a promoção do Desenvolvimento com Sustentabilidade e com Inclusão Social, promovendo ações que ampliem a sustentabilidade ambiental, social, política e cultural dos vínculos sociais contribuindo para que o Brasil seja um país ainda mais democrático e solidário.A revista Sustenta Brasil incentiva as camadas sociais a prática de um novo modelo econômico menos consumista, excludente e mais equilibrado.

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Número: 3 – Outubro de 2011Publicação Trimestral do Instituto Adolpho BauerConselho Editorial: Adilton de Paula, Osvaldo Rafael Pinto, João Carlos Nogueira, João Bosco Borba, Maria Alice da Silva, Ladislau Dowbor.Presidente: Donizal Lopes.Vice-presidente: Francisco Rodrigues.Coordenador Geral e Presidente do Conselho Editorial: Adilton de Paula.Diretor Geral da Revista: Adilton de PaulaCoordenação Geral: Maria Alice da Silva.Equipe de Vendas: Josemar Chaves Nizer, Orlei Rodrigues da Silva.Suporte: Iraci Sobral de Oliveira.Apoio Administrativo: Gisele Carvalho Lopes e Analice Rodrigues Santana.Edição: Danubia de Souza. Reportagem: Adilton de Paula, Lea Okseanberg , Danubia de Souza, Orlei Rodrigues da Silva e Débora AlbuquerqueEdição Gráfica e ilustração: Laércio Castro.Impressão: Tiragem: 5 mil exemplares impressos (200 mil exemplares virtuais).Jornalista Responsável: Danubia de Souza (MT 3631 SC).O Instituto Adolpho Bauer é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, voltado para a promoção do desenvolvimento territorial sustentável, com inclusão social, de raça e de gênero, com sede na cidade de Curitiba (Paraná) e com perspectiva de atuação em todo território nacional.

Nosso sitewww.revistasustentabrasil.com.br

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FacebookSustenta Brasil Iab

Índice

S u s t e n t a b i l i d a d e & I n c l u s ã o e m D e b a t eBRASIL

sustenta

n Sob as cortinas do Rio+20A cidade do Rio de Janeiro se prepara para receber, após duas décadas, a conferência global que discute o meio ambiente - Página 9

n Educação pra quê?Entrevista com Rejane Bressan, mestre em tecnologia pela UTFPR - Página 10

n Educação Ambiental pós Rio 92Apenas com educação e mudanças culturais teremos condições de construir um desenvolvimento sustentável, ou sociedades saudáveis e sustentáveis? - Página 13

n Código FlorestalDebates aquecidos tomaram conta da sociedade brasileira em torno do novo código florestal. Veja os prós e contras - Página 17 e 18

n Desafios para a sustentabilidadePara a ONU, até 2050, mais de 45% da população mundial não vai ter acesso à água potável - Página 21

n Da canção do exílio ao coro do Código Florestal!O lirismo de Gonçalves Dias demarca a representação social do Brasil bonito - Página 28

n O uso de energias limpasA humanidade sempre interagiu com o meio ambiente, e consequências negativas, de maior ou menor grau, sempre aconteceram - Página 36

n Sonhos verdesProjeto criado pela Cifal para transformar sonhos em realidade - Página 30

n Dicas sustentáveisA sustentabilidade no seu dia a dia - Página 34

n O uso racional da águaO que tem mudado nos últimos séculos é a qualidade e a quantidade de água disponível para o consumo humano. - Página 36

n Arquitetura sustentávelCom o desenvolvimento demasiado das cidades, surgem as alternativas sustentáveis como proposta de urbanização - Página 38

n Ação em prol da natureza

Teste feito pelo Setcepar ajudou transportadoras a deixarem de emitir 3.275 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera - Página 39

n O efeito que devemos evitar O mundo é finito, de recursos esgotáveis e o que fazemos aqui, permanece por aqui - Página 40

n Rio+20: a mudança necessáriaIniciativa da Itaipu Binacional prova que é possível unir desenvolvimento econômico com produção de energia - Página 44

n Atlas mapeia espécies ameaçadas de extinção no BrasilDentre as espécies ameaçadas, o caso mais crítico é o da Ararinha Azul - Página 47

n Energia renovávelPrograma de Energia Renovável é referência nacional e internacional - Página 48

n Poluição por agrotóxicosAgrotóxicos serviram como arma química nas duas guerras mundiais - Página 49 e 50

n Dock Dock em ParisJaime Lerner apresenta sua criação ao mundo - Página 52

n Agenda 21Uma percepção diante dos desafios para o Rio+20 - Página 54

n Eco sindicalismoEntrevista com Francisco Sobrinho - Página 58

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Com imenso prazer e satisfação apre-sentamos a vocês o terceiro número da SUSTENTA BRASIL. Graças a vocês

o projeto é um grande sucesso.Dialogar sobre Desenvolvimento Sus-

tentável com Perspectiva de Inclusão Social, de Gênero e Raça, tem sido nosso objetivo. Sabemos que tem muita gente falando sobre sustentabilidade e também sabemos que tem muita gente formulando sobre Inclusão Social, de gênero e de raça, mas juntar este intrincado quebra-cabeças é o grande desafio que nos move neste momento histórico.

A SUSTENTA BRASIL é uma revista com distribuição Nacional e gratuita, onde busca-mos chegar a lideranças e formadores de opi-nião, a partir de nossos gestores e gestoras públicos e privados.

Além da distribuição impressa, que chega a 10 mil autoridades e lideranças públicas e privadas, alcançamos também, a partir das redes sociais, quase meio milhão de pessoas.

Em nossa primeira edição tratamos da questão quilombola no Paraná e de temas relacionados ao crescimento econômico e

ao desenvolvimento sócio econômico do Brasil. Figuras como Ladslau Dowbor, Marcio Pochmann, entre outros abrilhantaram nos-sos diálogos.

Em nossa segunda edição lançada em março de 2011, tratamos a questão do de-senvolvimento com equidade de gênero, onde diversas autoridades públicas e priva-das manifestaram seus pensamentos e opi-niões sobre o tema e ajudaram na reflexão sobre “O que podemos fazer para contribuir com o combate a todas as formas de violên-cias contra as mulheres”. Ministras, espe-cialistas no assunto, autoridades públicas e empresariais, abordaram o assunto com so-briedade e profundidade e trouxeram muitas contribuições ao diálogo.

E agora estamos lançando a SUSNTENTA 3 que terá como tema gerador : A SUSTENTA-BILIDADE É VOCÊ! Com a ousadia de dialogar sobre a Rio+20 que acontecerá no Brasil em 2012, trazemos toda uma carga de informa-ções e debates sobre o que cada um de nós pode e deve fazer para contribuir com a pre-servação do planeta.

Com imensa alegria destacamos a impor-tante parceria e o lançamento da campanha MEU SONHO VERDE, da CIFAL – Curitiba, ór-gão vinculado a UNITAT da ONU, responsável pelas questões ambientais no Brasil e no Mundo. O Projeto é maravilhoso e visa criar ampla participação e mobilização social, para “sonharmos” um novo mundo e um novo pa-drão de desenvolvimento, que nos permita crescer e avançar, sem, no entanto destruir a vida e nosso planeta. Seu engajamento e par-ticipação neste processo são fundamentais.

Aproveitamos para convidá-lo para parti-cipar ativamente da construção da SUSTENTA número 4, que tratará da questão da JUVEN-TUDE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Sua participação pode ser feita por meio de nosso site: www.sustentabrasil.com.br ou nosso facebook: sustentabrasiliab, ou no nos-so twiter: @revistaIAB

Grande abraço

Adilton de PaulaPresidente do Conselho Editorial

Caros leitores e leitoras

Ponto de partida

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Inscrições abertas para crianças de 5 a 17 anos

Inscrições também no localRua Vitório Sfendrych, 500Araucária/PR(ao lado do Portal Polonês)

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Rio+20

O palco está em fase de finalização de montagem. Os convites já estão no

forno e uma pergunta já provoca frisson: O que estará por detrás das cortinas do Rio+20? A cidade do Rio de Janeiro receberá, após duas décadas, a conferência global que discute o meio ambiente. Em meio à quase inércia dos últimos encontros globais, como o de Copenhague na Dinamarca em 2009 e o de Cancún no México em 2010, o que se pode esperar para o encontro do Rio de Janeiro, em maio de 2012? Uma evolução nas discussões e, sobretudo, uma evolução na aplicabilidade dos resultados do encontro? A Conferência sobre meio ambiente Rio+20 será apenas para reunir ou para decidir? A sociedade assistirá a uma conjuntura ambiental denotada pelo estado de inércia ou a uma evolução do contexto? Qual será o grand finale da Rio+20?

Sob as cortinas do

Rio+20Fábio Nascimento

As articulações para a Rio+20 já come-çaram. No ano passado, o encontro global virou pauta de discussões do Mercosul, em reunião ocorrida em Buenos Aires, capital da Argentina. Os países que integram Mercado Comum do Sul deram o ponto de partida para a organização de uma pauta conjunta a ser apresentada na Conferência que contemple todos os anseios da região.

Contudo, para quem acha que a arti-culação só é de cunho político-econômico, engana-se. Foi instaurado o Comitê Faci-litador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20, com o objetivo de encampar diver-sos grupos da sociedade civil para promover a integração destes grupos ao processo de modelagem do contexto ambiental que será canalizado na Rio+20.

Conflito de ideias certamente haverá. De interesses também. Agora, será que estes conflitos trarão como saldo a conciliação do desenvolvimento com a preservação? Será que a Rio+20 atingirá seu principal objetivo de promover, em escala global, o desenvolvi-mento sustentável? A mesma meta era pleite-ada pela Eco 92, realizada no Rio de Janeiro há quase 20 anos.

AL se articula para a Conferência

A Conferência trouxe como saldo, por exemplo, a agenda 21, passo importante na tentativa de salvaguardar os recursos naturais, mas que ainda está distante de re-sultados totalmente satisfatórios e de uma adesão global. Também a meta foi pretendi-da pela Rio+10, realizada em Johanesburgo na África do Sul em 2002. Já o resultado foi a inércia, assim como os encontros globais que sucederam.

Espera-se a “vacina” para as “doenças” que assolam o meio ambiente como os tsuna-mis; o efeito estufa; a chuva ácida; o buraco na camada de ozônio que neste ano já bateu o recorde no Ártico e que já vitimou diversas pessoas no mundo com a contração de cân-cer de pele e catarata; as enchentes; os des-moronamentos de terra que, em janeiro deste ano, ceifaram várias pessoas no Rio de Janei-ro, a erosão e etc.

O que será que estará por detrás das cor-tinas da Rio+20? Só saberemos em maio de 2012. É torcer que no palco haja “vacinas”. Entretanto, bom mesmo é poder atuar. É ter atitude de poder contribuir de alguma forma para o desenvolvimento destes “remédios”. A participação social é fundamental. Afinal, o meio ambiente é de todos nós!

Fábio Nascimento, graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela

Universidade de Franca.

O que se espera da Rio+20 é que as discussões do encontro se convertam em ações que mexam com a sensibilidade do planeta com o objetivo de fazer com que cada área dele, cada recurso natural, e também com que todos nós aumentemos a expectativa de vida. Do contrário, nós, seres humanos, poderemos estar antecipando o apocalipse bíblico.

Inscrições abertas para crianças de 5 a 17 anos

Inscrições também no localRua Vitório Sfendrych, 500Araucária/PR(ao lado do Portal Polonês)

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ção dos bens naturais existentes em nosso planeta. Bens vitais para a sobrevivência da humanidade.

Ao considerar que o ser humano se desenvolve em detrimento das alterações estruturais que está envolvido, e das inte-rações existentes nesse meio, também em constante transformação, a preservação do meio ambiente precisa contemplar cuida-dos com os sistemas vivos perceptíveis e imperceptíveis, além do estado das relações sociais existentes nos ambientes familiar, so-cial e de trabalho.

SB – A preocupação com o meio ambiente é relativamente nova no país?Rejane Bressan - Na história da humanida-de, a educação e o meio ambiente sempre es-tiveram integrados. No entanto, essa integra-ção resultou nas catástrofes ambientais que a sociedade presencia diariamente porque não percebia a finitude dos recursos naturais.

Atualmente, algumas áreas do conheci-mento se preocupam com a integração de técnicas e produções, pautadas no conceito de sustentabilidade. Porém, o conceito de sustentabilidade precisa estar presente “nas partes e também no todo” dos empreendi-mentos. Isso possibilita a realização da apli-cação das técnicas e dos procedimentos pro-dutivos de forma sistêmica, potencializando o desenvolvimento sustentável de qualquer sistema produtivo.

SB – Cite um exemplo.Rejane Bressan – A sustentabilidade de uma empresa precisa ser vista sob a ótica eco-nômica, social e ambiental. Ou seja, de nada adianta substituir o trabalho do ser humano e empregar a automação no processo produ-tivo para otimizar os recursos financeiros, se essa ação causará desempregos e outros des-dobramentos prejudiciais à manutenção da vida das pessoas na comunidade que está no

Para desenvolver o método, Rejane levou em conta os Objetivos de De-senvolvimento do Milênio* – ODMs

– e contou com o apoio técnico do Obser-vatório Regional de Base de Indicadores de Sustentabilidade. Para a Sustenta Brasil, Rejane concedeu entrevista exclusiva.

Sustenta Brasil – Por que tanto se fala no tripé Educação, Meio Ambiente e Sustentabilidade?Rejane Bressan – O tripé Educação, Meio Ambiente e Sustentabilidade pode ser identificado como uma diretriz para auxiliar a sociedade a reverter os proble-mas causados pelas formas de explora-

entorno dessa empresa. Existe a necessidade de remanejar e capacitar esses profissionais para a nova realidade. É sempre bom lembrar que o uso de determinadas máquinas causam o aumento do volume de lixos tóxicos. Estes resíduos prejudicam o meio ambiente.

Desta forma, quando comentamos sobre o tripé Educação, Meio Ambiente e Sustentabilidade, precisamos perguntar: educação para quê?

SB – Aproveito a deixa e pergunto: educa-ção pra quê?Rejane Bressan – Para conhecer, dominar, usufruir os bens naturais. A educação já se de-senvolve com essa finalidade há séculos. Mas como conhecer, dominar e usufruir os bens naturais de maneira a promover a qualidade de vida para toda a sociedade é algo que de-

Entrevista

Mestre em Tecnologia pela UTFPR, Rejane Bressan é também a idealizadora do método revolucionário Cidade Júnior. Sob orientação da PhD Sonia Ana Leszczynski recebeu a validação científica do método pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Educação pra quê?

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pende da integração do conceito de sustenta-bilidade com o conceito de educação e com o de meio ambiente no processo de preparação dos cidadãos para dar continuidade ao desen-volvimento das nações.SB – De que maneira se prepara o olhar dos cidadãos para este processo de inte-ração?Rejane Bressan - O físico Fritjof Capra, no seu livro Teia da Vida, de 1996, apresentou os prin-cípios da ecologia, flexibilidade, diversidade, in-terdependência, parcerias e reciclagem como um caminho para a sociedade construir comu-nidades sustentáveis. Se a educação for de-senvolvida pautada nesses princípios, fica mais fácil atenuar os desafios contemporâneos.

SB - Porque poucos fazem isso?Rejane Bressan - Na verdade, muitos pro-fessores já fazem uso desses elementos, mas ainda de forma isolada. Falta às escolas aplicar um sistema educacional que possa gerenciar essas diversas atividades sem que se perca a oportunidade de integrar estas diferentes atividades durante todo o período letivo para que essas práticas desenvolvidas com foco nos saberes fundamentais, estabe-lecidas pelo Ministério da Educação – MEC – tenham visibilidade.

Assim, seria possível mensurar todos os resultados de aprendizagem alcançados por esses professores e estruturar, de forma or-denada, as dinâmicas que são desenvolvidas dentro e fora das salas de aula, para facilitar o desenvolvimento da gestão de todo o proces-so educacional.

SB – Onde o método Cidade Junior, desen-volvido pela senhora, entra nesta questão?Rejane Bressan – O método Cidade Júnior é um sistema educacional pautado nos Parâ-metros Curriculares Nacionais. Sistema que auxilia a equipe pedagógica a administrar o tempo e o espaço do ambiente educacional e extraeducacional no desenvolvimento de dife-rentes atividades práticas que os estudantes e professores produzem ao longo do período curricular. Desta forma, as experiências signi-ficativas acerca do exercício da cidadania se-riam, de fato, promovidas.

O fluxo da organização dessas atividades, de forma sistêmica, é que dá origem ao nome do método. Com o Cidade Júnior implantado nas escolas, o aprendizado se desenvolve a partir da reprodução da mesma dinâmica de ações produzidas em uma cidade. E o ponto de partida do processo de ensino-aprediza-

gem são os conteúdos curriculares.

SB – Mas os trabalhadores em educação precisam também estar preparados. Como isso se dá?Rejane Bressan – Para que esse processo se desenvolva de forma organizada é neces-sária a preparação desses profissionais, para que utilizem esse sistema integrado de manei-ra a aproveitar os saberes e ideias dos profes-sores e professoras que fazem maravilhas nos mais diversos ambientes, muitas vezes estru-turados com poucos recursos.

SB –E a tecnologia, como ela auxilia a educação?Rejane Bressan –O uso da tecnologia, por muitas instituições educacionais, vem auxi-liando de maneira exponencial o avanço da democratização do conhecimento, mas ain-da assistimos, e muito, ao uso irresponsável dessa ferramenta. É muito comum ver as pessoas ficarem animadíssimas para mos-trarem alguma coisa que descobriram na in-ternet. Quando verificamos, nada mais é do que uma situação de bulliyng publicado na rede, o que se mantém com muita força nas rotinas de qualquer ambiente, seja de traba-lho, social ou familiar.

SB – Na sua opinião, qual é a causa disso? Rejane Bressan –O tripé educação, meio ambiente e sustentabilidade remete à ideia da necessidade de se pensar a preparação de cidadãos para viverem pautados em ações que promovam o bem comum da humanidade. Diferente do que foi desenvolvido até a atu-alidade. Até hoje, a preparação de cidadãos apresenta diferentes interesses positivos, mas

O físico Fritjof Capra, no seu livro Teia da Vida,

de 1996, apresentou os princípios da ecologia,

flexibilidade, diversidade, interdependência,

parcerias e reciclagem como um caminho para

a sociedade construir comunidades sustentáveis.

O uso da tecnologia, por muitas instituições edu-cacionais, vem auxiliando de maneira exponencial o avanço da democratização do conhecimento, mas ainda assistimos, e muito, ao uso irresponsável dessa ferramenta.

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que se perdem porque estes cidadãos não são preparados para se desenvolverem de maneira a garantir a segurança, o respeito aos direitos das pessoas que interagem entre si e a coexis-tência do desenvolvimento tecnológico com a qualidade de vida da humanidade.

SB – Me parece que, aqui, o problema é cultural... Rejane Bressan – Concordo. Só que isso não quer dizer que precisamos parar de pro-duzir e consumir, mas a prática educacional precisa estimular o desenvolvimento de pen-samentos criativos e críticos pautados em

valores éticos, como respeito ao próximo e responsabilidade sobre os atos. Só assim, a Educação de qualidade não vai ser aquela que apenas certifica os profissionais, que ex-ploram maiorias desprovidas de condições de se defenderem, bem como os “gênios” que produzem bombas. Percebe-se que, nesses casos, as pesquisas são limitadas do ponto de vista da visão sistêmica.

SB – Você fala em integração, em educa-ção formal, temos aí, saindo do forno o Plano Nacional de Educação, elaborado em conjunto com toda a sociedade. Este Plano não contempla, por exemplo, a disciplina de educação ambiental ou algo similar. Existe algum impedimento como carga horária ou foi mesmo esquecimento? Qual a sua sugestão para que o tema seja, defi-nitivamente, incorporado ao currículo? Rejane Bressan - A disciplina Educação Am-biental não apresentará o resultado esperado se ela for implantada de forma isolada das ou-tras disciplinas. A educação ambiental precisa despertar novos hábitos comportamentais. A educação precisa promover práticas que esti-mulem o desenvolvimento de novos hábitos. A educação pautada nos conceitos de meio ambiente e de sustentabildiade sugere a apli-cação prática desses conceitos.

O problema não está, necessariamente, na organização das disciplinas de forma isolada. Afinal, o todo só pode ser organizado de forma sistêmica se conhecermos com profundidade as partes. Mas a organização das disciplinas deve ser encarada na sua transversalidade.

SB – Qual seria a alternativa?Rejane Bressan – O que pode suprir a lacu-na existente para realizar a integração dessas disciplinas é um sistema educacional que per-mita facilitar a gestão dessa integração, para que não se perca o rigor técnico pedagógico no desenvolvimento do processo educacional. E, a partir disso, a equipe pedagógica pode-rá mensurar quais são as reais necessidades da comunidade em que os estudantes vivem para promover a educação voltada à melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Essa integração só poderá se tornar reali-dade quando a educação for desenvolvida efe-tivamente e rigorosamente visando ao bem da humanidade, à preservação do ambiente em que vivemos para as futuras gerações. E tam-bém quando as pessoas desistirem de pensar que essa hipótese é uma ideia romântica. É, sim, um direito de todos os seres vivos.

Educação de qualidade não vai ser aquela

que apenas certifica os profissionais, que

exploram maiorias desprovidas de condições

de se defenderem, bem como os “gênios” que

produzem bombas.

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Educação

Educação Ambiental no Brasil pós Rio 92No entanto, as distintas concepções so-

bre o que é sustentabilidade socioam-biental e sobre o papel da educação

ocasionam dificuldades para a definição de objetivos comuns e caminhos compartilha-dos, pautados por uma agenda de prioridades que permita o estabelecimento de políticas públicas na área.

Muitos não são inocentes em afirmar que a educação sozinha irá resolver qualquer um desses problemas, mas todos são unanimes em reconhecer a importância da mesma, para contribuir no enfrentamento dessas questões. É comum encontrarmos afirmações sobre a educação, especialmente a ambiental, pre-cisar ser feita com crianças, pois adultos já

não se modificam mais, e elas precisam ser educadas nas escolas, pois os pais não têm tempo para elas.

Como educar as crianças, sem educar os adultos? Ao menos se admite a importância de investir-se na formação de professores, mas ignora-se a complexidade dessa missão e não se debate a necessidade de educarem-se os pais das crianças e também os protagonis-tas dos veículos de comunicação e todos os demais adultos que convivem com as crianças e exercem um papel muito mais forte na edu-cação delas do que a professora, nas poucas horas que por ela é responsável, tendo que ensinar pautada pela necessidade de trans-mitir uma enorme quantidade de conteúdos.

Diante dos desafios colocados pela questão da sustentabilidade

socioambiental, quando nos deparamos com o aquecimento global, as mudanças climáticas

e um quadro continuado de degradação das florestas, águas

e todos os demais “recursos naturais”, bem como, com a

miséria, a fome, a violência, o medo e a depressão a atingir permanentemente boa parte

da humanidade, é comum encontrarmos pessoas afirmando

que apenas com educação e mudanças culturais teremos

condições de construir um desenvolvimento sustentável,

ou sociedades saudáveis e sustentáveis.

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No Brasil, a EA no período pós Rio92, pode-se detectar um panorama de avanços e retrocessos. Muitos progressos foram realiza-dos no sentido de colocar a EA na ordem do dia, tendo sido aprovada uma Lei, em 1999, que instituiu a Política Nacional de EA (PNEA). No entanto, essa lei só foi regulamentada em 2002 e começou a ser implantada em junho de 2003, com a criação do seu Órgão Gestor, composto pelos ministros de Educação e de

Meio Ambiente e do seu Comitê Assessor, composto por uma variada representação da sociedade e dos governos

A partir de 2004, com a aprovação do ProNEA (Programa Nacional de Educação Am-biental), durante o V Fórum Brasileiro de EA, tendo como referencial teórico o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Susten-táveis e Responsabilidade Global (documento produzido e aprovado no processo da Rio92,

Nas escolas, o país não cedeu ao mais fácil, simplesmente criando uma disciplina de EA, como uma nova educação moral e cívica, prescrevendo comportamentos ecologica-mente corretos, provavelmente de forma ma-çante e desinteressante, isolada das demais disciplinas e atividades escolares que se de-sobrigam de educar ambientalmente.

A educação ambiental, nos últimos 20 anos, é hegemonicamente compreendida pela legislação e pelos teóricos da área como interdisciplinar e os governos, federal, estadu-ais e municipais, bem como os dirigentes es-colares (mais de 95% das escolas brasileiras declararam fazer EA, em pesquisa realizada pelo INEP/MEC em 2005), na maior parte dos casos, dizem fazer EA por meio de projetos, eventos, palestras e atividades que ocorrem

A Política Nacional de EA

EA nas Escolas

no fórum Internacional de ONGs e Movimen-tos Sociais), passa-se a implementar no país um conjunto de sub-programas e projetos vol-tados a fortalecer as iniciativas que a socieda-de brasileira já vinha desenvolvendo desde a década de 70, como atividades de resistência aos regimes autoritários e desenvolvimentis-tas a qualquer preço.

Em governos pautados por fortes tendên-cias desenvolvimentistas, uma EA que ques-tiona as necessidades materiais simbólicas, o consumismo, e reivindica a ampliação dos espaços democráticos, com maior participa-ção da sociedade no controle das instituições e na criação de vínculos comunitários, que estão na contra-mão do individualismo e das aspirações materiais modernas, gera tensões responsáveis também por retrocessos institu-cionais na sua implantação em todo país.

Como formular e implantar políticas públi-cas de EA, nesse contexto? Como caminhar na construção de sociedades sustentáveis, cons-truindo-se agendas de enfrentamento dos pro-blemas socioambientais de forma participati-va? Como avançar da concepção de políticas públicas sob responsabilidade do estado, ou apenas de governos “fantoches de interesses privados, para a de políticas públicas como responsabilidades compartilhadas, onde a so-ciedade organizada exerce importante papel de controle do estado e do mercado?

Nesse cenário, pode-se detectar um qua-dro de iniciativas na educação ambiental es-colarizada e outro na educação dita não for-mal, ou seja, fora da escola.

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As ações destinadas a construção de um Sistema Nacional de EA (SisNEA), têm ocor-rido de forma errática nos últimos 20 anos, mas chegou a ser enunciada e planejada como eixo estruturante das políticas públi-cas na área, ao final da gestão Marina Silva à frente do Ministério do Meio Ambiente.

Hoje, alguns estados, como o PR, MT e BA, por iniciativas de uma ampla frente

de educadoras e educadores ambientais e de instituições que desenvolvem ativi-dades na área, organizados, no caso dos dois últimos estados mencionados, na CIEA (Comissão Interinstitucional de Edu-cação Ambiental), promoveram processos de construção ou revisão da lei estadual de EA, onde um sistema estadual de EA entra na ordem do dia.

A sua enunciação expressa o amadure-cimento da EA no país, compreendendo que não basta a multiplicação dos projetos e ações na área, se eles não se somarem siner-gicamente, criando um processo permanente, continuado, articulado e junto a totalidade das populações onde se pretende fazer EA. Não bastam também termos instrumentos legais ou programas nacional e estaduais de EA. Precisamos que ela ocorra no cotidiano das pessoas, em todo o tecido social.

E para isso ocorrer, é necessário uma ação articulada entre as distintas instituições de cada território, como coletivo educador, com a pactuação de projeto político pedagó-gico participativo (PPPP), capaz de promover uma EA voltada a mudanças culturais e a transformações sociais, que garantam con-servação da biodiversidade, recuperação de áreas degradadas, proteção da água, do ar, do solo e de todos os bens naturais para que todos deles possam usufruir, bem como a me-lhoria da qualidade de vida e das condições existenciais, de forma que a fome, a miséria, todas as formas de violência e doenças hoje enfrentadas por grandes parcelas da humani-dade, sejam apenas lembranças do passado.

Um Sistema nacional, articulando siste-mas estaduais e municipais que conspirem de forma orgânica numa mesma direção – a da participação e empoderamento das popu-

lações locais para elas educarem e se educa-rem continuadamente na direção de socieda-des sustentáveis.

Um Sistema comprometido com o forta-lecimento de vínculos comunitários, onde a identidade individual e coletiva seja forjada por meio do diálogo potencializador da ação e da felicidade de todos e de cada uma das pessoas em todo o Planeta.

Desafios, que num cenário de avanços e retrocessos, ainda convivem com propostas, que muitas vezes se tornam hegemônicas, de limitar a política pública de EA a campanhas do tipo “o saco é um saco”, prescrevendo comportamentos ecologicamente corretos e negligenciando com a responsabilidade do es-tado de fomentar a participação de todos na construção de uma EA crítica, contextualizada e emancipatória.

Marcos Sorrentin: ambientalista e pro-fessor, coordena o Laboratório de Educa-ção e Política Ambiental, da ESALQ/USP, onde é professor no Depto de Ciências Florestais. Foi diretor de EA do Ministé-rio do Meio Ambiente de 2003 a 2008. Cursou biologia e pedagogia, mestrado e dou-torado em educação e pós doutoramentos em psicologia social na USP e em desenvolvimen-to sustentável na UNB; fuindador e militante de diversas associações ambientalistas, re-des e coletivos de meio ambiente e de EA.

EA fora do ambiente escolar

Mas o que seria esse Sistema?

na escola. No entanto, visivelmente isto não tem sido suficiente para compreender-se que as escolas brasileiras fazem EA e outras inicia-tivas de políticas públicas na área se tornaram necessárias, para não retornar-se a constante tentação de criar-se uma disciplina e entregar--se toda a responsabilidade dessa missão nas mãos de um único professor ou de uma única professora.

Foram produzidos os PCNs (Parâmetros curriculares Nacionais), tendo a EA como eixo transversal. No entanto, a reclamação genera-lizada era a de serem belos documentos que ficavam na gaveta do diretor ou, quando mui-to, nas prateleiras da biblioteca escolar, mui-tas vezes fechada, por falta de bibliotecário na escola. Vieram os PCNs em Ação, experimen-talmente bem sucedidos, mas de vida curta, com o fim de um governo e início de uma nova orientação política no governo federal.

Aí vieram as conferências infanto-juvenis de meio ambiente na escola, criticadas por serem meros eventos. Mas, compreendidas como deflagradoras da organização de COM--VIDAS (Comissões de Meio Ambiente e Qua-lidade de Vida) realizadoras da Agenda 21 na Escola e em conexão com os CJs (Centros de Juventude e Meio Ambiente) e com a RE-JUMA (Rede de Juventude e Meio Ambiente), passam a ser vistas como políticas estrutu-rantes. No entanto, ainda faltaram recursos, humanos e financeiros em todas as redes de ensino, para dar-lhes capilaridade e presen-ça continuada, transbordando para a sala de aula e para todas as comunidades escolares.

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Projetoaçaínamerendaescolar

A importância da merenda escolar no desenvolvimento do aluno

MineraisImportante para o rendimento durante a atividade, física.SódioImportante na manutenção do sódio perdido na transpiração.PotássioImportante para a transmissão nervosa, contração muscular e equilíbrio de fluidos no organismo.MagnésioAtua principalmente nos músculos e ossos, contribuindo para o metabolismo energético. CálcioFundamental para o fortalecimento de ossos e dentes, coagulação sangüínea e pressão arterial.Vitamina B1Inibe a produção do ácido lático assim fazendo com que o atleta suporte maior carga de treinamento.Vitamina EAntioxidante natural protegendo o corpo dos radicais livres.

Fonte: Tereza Cristina Rodrigues Silveira

Vantagens do açaí como reforço da merenda escolar e como base de formação de Atletas

Todos concordam que a esco-la tem um papel fundamental em nossa sociedade. É certo que a sua importância tem aumentado cada vez mais nas últimas déca-das devido a ampliação das pos-sibilidades de melhorias que o es-paço escolar tem proporcionado em nossa sociedade.

Nos últimos anos diversos institutos de pesquisa na área da nutrição desenvolveram estudos que comprovam que uma alimen-tação deficiente, que não atende o mínimo de vitaminas e nutrien-tes necessários, prejudicam o de-senvolvimento físico e intelectual dos alunos.

Os alimentos oferecidos nor-malmente nas cantinas escola-res limitam-se a lanches rápidos - salgados, balas e doces, entre

outros - que contém altos índices de gordura e açúcar, além, é cla-ro, dos refrigerantes. Esse tipo de alimentação pode causar diversos problemas de saúde, destacando entre eles a obesidade infantil, cujos índices vêm aumentando ano após ano.

Por outro lado é possível cons-tatar também que os lanches leva-dos de casa, ou servido pela es-cola na merenda não atendem as necessidades alimentares de nos-sas crianças e adoldescentes. Por falta de informação sobre educa-ção alimentar, as escolas não pre-param alimentos com qualidade nutritiva, pelo contrário, fornecem aos seus alunos refeições pobre em vitaminas e proteínas, o que resulta em prejuízos na aprendi-zagem e na saúde desses jovens.

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Código Florestal

Relator do projeto de Lei de reforma do Código Florestal Brasileiro, o

deputado Aldo Rebelo apresenta abaixo os argumentos que o fizeram votar a favor da mudança. Polêmico

em suas ideias, ele defende o incentivo a economia nacional.

Em defesa do Código florestal

Aldo Rebelo

A reforma do Código Florestal Brasileiro, já apro-vada pela Câmara dos Deputados e em discus-são no Senado, faz-se necessária para adaptar

a legislação à nova realidade do campo. Promulgado em 1934, e reformulado em 1965, mas desde então muito alterado por medidas provisórias, decretos e re-soluções, o Código precisa recuperar a ambivalência original de ao mesmo tempo proteger o meio ambiente e viabilizar a agropecuária.

As alterações introduzidas nos últimos anos, muitas delas sem consulta nem debate, geraram um desequilíbrio nessa característica essencial da lei. Embora o Código efetivamente não tenha sido res-peitado nesse período de 45 anos, há um movimento para transformá-lo definitivamente em uma típica lei de papel, que ignora a realidade e por ela também é ignorado. A reforma corrige distorções, a começar da que colocou a grande maioria dos produtores rurais na ilegalidade, por meio de novas normas aplicadas com efeito retroativo. Muitíssimos proprietários foram punidos por supostas infrações que não eram assim tipificadas na época em que foram praticadas.

Trata-se agora de manter o Código Florestal Bra-sileiro como um dos raros diplomas legais do plane-ta que protege a natureza, continuando rigoroso na conservação de nosso patrimônio florestal inigualável, mas sem necessidade de restringir e muito menos estrangular a produção de alimentos que abastecem a mesa do povo brasileiro e geram divisas para a eco-nomia nacional.

Aldo Rebelo é deputado federal pelo PCdoB

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Rubens Hering

Num lado desse ringue parlamentar está a enor-me e milionária Bancada Ruralista, em defesa do agronegócio. Do outro lado fica a pequena

Bancada Verde, junto com os demais idealistas do De-senvolvimento Sustentável, que lutam por uma natureza mais preservada. São plumagens de diversas cores, que vão do verde do PV, passando pelo vermelho PTista até o azul e amarelo Tucano. Na arquibancada e gerais fica a galera das ONGs e os ambientalistas de plantão. Já nos camarotes estão os lobistas que querem ver a amplia-ção das áreas plantáveis e a concessão da anistia aos desmatadores ilegais que deixariam de responder por seu crime ambiental e de pagar as multas que devem.

A maior parte das autuações e prisões por crime ambiental ocorreu na gestão de Marina Silva, quando à frente do Ministério do Meio Ambiente. Uma lutadora incansável da ecologia a quem tentam em vão nocaute-ar e jogar na lona desse ringue infame. Ao soar o gongo para início da luta, o deputado comunista Aldo Rebelo, produziu um relatório liberalizante e dúbio em suas vá-rias versões, distribuídas de última hora pra confundir os contendores, na tentativa de se aprovar um texto de conveniência do grande capital em detrimento da ecolo-gia. Assim, começou a estapafúrdia pancadaria verbal.

Vejo comunistas fazendo discurso de direita, traindo seus princípios e companheiros. Noto, ao mesmo tempo, ruralistas de direita acusando os ambientalistas e ONGs de defenderem interesses estrangeiros, porque estes te-riam atrás de si o “agrobusiness” do imperialismo ameri-cano, o qual não quer a maior competitividade da agricul-tura brasileira.

Assisto a tudo isso estarrecido e sem entender. Os comunistas, como é o relator do projeto, agora arrotam Keynes e Adam Smith. Já os ruralistas de direita fazem o mais radical discurso vermelho dos Marxistas: “fora tio Sam e suas ONG´s”, “chega de intervenção estrangeira

As discussões e discórdias em torno da reforma do Código Florestal Brasileiro já transcendem ao debater e adentram ao combater. A coisa está levando os Deputados do xingamento a estarem próximos dos socos e tabefes. Ringues seriam mais apropriados do que o plenário legislativo para as próximas sessões desse embate.

Código Florestal

Interesses estrangeiros ou estranhos?

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em nossa agricultura”, “Yankees go home”. Em suma, tudo no discurso reformista é falso. É o interesse setorial de poucos em detrimento do país, do planeta e da humanidade. O fato de americanos e europeus terem destruído antes suas florestas, não justifica cometermos o mes-mo erro. Não se nivele a questão por tão baixo. Coloquemo-nos acima deles. Analisemos, as-sim, onde está o verdadeiro interesse estran-geiro, ou até mesmo estranho.

Quando o agricultor vai plantar, a primei-ra coisa que faz é optar pela semente. A soja brasileira, por exemplo, é mais de 80% trans-gênica. Portanto, é de semente patenteada por empresa estrangeira. A seguir passa-se para o herbicida, no caso, específico e exclusivo da mesma empresa. Por fim, o royalty sobre a produção consumando um monopólio injusto e cruel. A próxima ação do agricultor é com-prar os fertilizantes. Alguém consegue citar um grande produtor brasileiro de adubos? Desco-nheço algum. O terceiro passo do agricultor é comprar os inseticidas e demais defensivos ou agrotóxicos, em suma, venenos. Esse setor químico é dominado por uns poucos “players” internacionais, como as alemãs BASF, Bayer e Hoescht, as francesas Ródia e Dupont, e as americanas Monsanto e Dow. A etapa seguinte é plantar e colher. Para tanto, o agricultor tem a seu dispor máquinas e equipamentos da New Holland, Massey Fergusson, Caterpillar, John Deer, Valmet, Estil, Husqvrna, etc. Alguma na-cional? Nenhuma. Ato contínuo ao da colheita é o armazenamento sob lonas da japonesa Sansuy. Em seguida vem o transporte em cami-nhões da americana Ford, as alemãs Volkswa-gen e Mercedes, a italiana Fiat, as suecas Volvo e Scânia e, em breve, também os chineses vi-rão se servir desse imbecil mercado rodoviário e sem ferrovias ou hidrovias bastantes. Nas custosas rodovias pedagiadas também já sur-gem concessionários estrangeiros.

No porto, absurdamente embarcamos commodities a granel e in natura para serem industrializadas e gerarem emprego e riqueza lá fora, quando não, alimentando os confinados porcos e vacas européias, japonesas e chine-sas. O preço vil dessas commodities é ditado pela Bolsa de Chicago. Esse mercado, domi-nam as gigantes multinacionais Cargill, Bunge, Monsanto, Brasway, Gessy Lever, Anderson Clayton, Nestlé, etc., as quais ditam o preço ao produtor brasileiro no campo. Fazem-no tam-bém até ao consumidor final mundo afora. Por-tanto, compram e vendem nas duas pontas de um mercado que é seu quintal.

Então, ao se contrapor ao lobby e aos inte-

resses representados por esse modelo perver-so e “estrangeirizado”, de um ruralismo que fal-samente se diz nacionalista, os ambientalistas é que seriam contra os interesses brasileiros? O Greenpeace, a WWF e as ONG´s similares brasileiras como a SOS Mata Atlântica e a SPVS, ao defenderem a preservação é que se-riam os vilões entreguistas e estariam a serviço de tio Sam e de outras águias internacionais? Insinuar isso de ONGs sérias como essas é no mínimo uma infâmia. Os agricultores estariam falidos por culpa do Código Florestal vigente? Claro que não. Ora, olhos e mentes devem ser abertos. Não vejo deputados da bancada ru-ralista combater monopólios ou carteis. Não os vejo empenhados no combate à corrupção que apodrece o país. Pouco empenho contra a enorme carga ributária. Tampouco questionam o crédito raro e caro. Também nada se faz con-tra um câmbio perverso e estúpido resultante do capital especulativo internacional que para cá vem em busca do juro estratosférico da agiotagem bancária, achatando ainda mais o preço dos produtos agrícolas. O que dizer dos subsídios sufocantes e perversos da Europa e EUA aos seus agricultores. Reconhecer o aque-cimento global, nem pensar. Sabe-se também do desperdício inaceitável, do campo ao porto, perdendo-se quase 30% do que se colhe. A in-fra-estrutura de transportes continua péssima e onerosa na maior parte do nosso país. Essa é a combinação diabólica de fatores que sufo-ca os agricultores. Vai do desgoverno à miopia do próprio setor. Não são nascentes, rios e as poucas árvores que restam em propriedades rurais, as vilãs ou mazelas da agricultura.

O Código Florestal é usado como bode expiatório de males outros. Estamos diante de uma grande panacéia. É evidente que a dificuldade no campo tem outras origens. Não devem ser as áreas de Reservas Florestais, de Proteção Ambiental nascentes ou os cursos de Águas, condenados a pagarem o pato via uma crescente depredação embutida na pretensa reforma, a qual prejudicará a sociedade atual e as futuras gerações.

Por isso tudo defendo que no Código Flo-restal vigente não deveria ser mudada uma úni-ca vírgula. Neste momento crucial da história brasileira, não haverá espaço para a omissao das pessoas de bem. Posicione-se. Reaja. Faça a sua parte. Exerça a plena cidadania influindo sobre em quem votou e ajudou eleger.

Rubens Hering é economista, ouvidor do PV do Paraná. Foi candidato ao Senado em 2010.

Blog: www.rubenshering.com

Viva Chico Mendes! Viva a

Irmã Dorothy, dentre tantos outros heróis anônimos! A

eles minha homenagem

e meu pranto. São símbolos

da luta por uma causa justa, cujo sangue

derramado, não pode ter sido

em vão...

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Sustentabilidade

Água, biodiversidade, energia e lixo parecem ser os principais desafios da humanidade no século 21. Para a ONU, até 2050, mais de 45% da população mundial não vai ter acesso à água potável.

O lixo nosso de cada diaDiariamente, milhões de toneladas de ma-

térias-primas são extraídas dos mais diferentes lugares do planeta, consumindo energia. Indus-trializadas, são consumidas. Nesse processo de-senfreado, não há como não produzir lixo. Mas será que podemos racionalizar isso, reduzir o que é desperdício, reutilizar o que for possível, sepa-rar o que pode ser reciclável e ainda dar correta destinação no que ainda é tratado como rejeito?

Uma das formas predominantes de deposi-ção final de resíduos sólidos, gerados pela ativi-dade humana, são os chamados “aterros sanitá-rios”. Para muitos uma tecnologia ultrapassada. Neles, os resíduos podem ser dispostos em três modalidades básicas: tóxicos e contaminantes – provenientes das atividades industriais e de ser-viços de saúde –, não inertes – compostos por lixo domiciliar e dejetos sólidos urbanos e inertes

– provenientes da indústria de construção civil. São Paulo e Rio são as duas maiores cida-

des brasileiras onde convivem exemplos extre-mos do quadro que se repete praticamente de Norte a Sul. Enquanto o mundo discute as res-ponsabilidades da indústria sobre os efeitos do consumo e a geração de energia com a recicla-gem, ainda lutamos para universalizar a coleta e acabar com lixões e aterros precários, destino de 60% do lixo no país.

Para diminuirmos a quantidade de lixo, não basta apenas produzir menos dejetos, é preciso aprender a consumir de forma mais sustentá-vel, com as pessoas mais conscientizadas da importância de cada um nesse processo. A educação aparece com destaque entre as ferra-mentas necessárias para reverter a crônica de uma tragédia anunciada.

Desafios para a sustentabilidade do planeta

A exaustão das reservas de biodiversidade agravará ainda mais o desequilíbrio que não é só climático, afinal, enquanto 20% da

população mais rica do planeta consomem 86% dos recursos naturais, 20% da população mais pobre utilizam apenas 1,3% desses recursos.

Para o uso correto dos meios naturais dispo-níveis, a sociedade deveria ter a clara noção de como tornar sustentável a exploração dos recur-sos disponíveis, principalmente os finitos. Nesse cenário caótico, o Brasil se destaca. O país possui as maiores reservas hídricas e de biodiversidade do mundo. Nossas fontes de energia são predo-minantemente renováveis, mas podemos naufra-gar se não cuidarmos do lixo nosso de cada dia.

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O lixo no Brasil

Síndrome da pirâmide invertida

No Brasil, a produção per capita de lixo varia de 0,3 a 1,1 quilo por dia. As pesquisas indicam que, quanto maior é o poder aqui-sitivo da população, maior é a quantidade de lixo produzida. Segundo o IBGE, geramos diariamente cerca de 230 mil toneladas, quantidade suficiente para encher, a cada dia, um estádio do tamanho do Maracanã.

Mais de 60% dos municípios do país não têm sistemas de manuseio correto para o lixo. A construção de um aterro decente para uma cidade de 50 mil habitantes custa quase o mesmo que uma unidade para 150 mil. Como 85% dos municípios têm menos de 30 mil habi-tantes, sai muito caro para uma prefeitura arcar sozinha com um projeto desse porte.

A saída parece ser a criação de con-sórcios que reúnam cidades vizinhas para compartilhar da mesma estrutura de trata-mento. Mas, para isso é preciso encarar a realidade. Até hoje, o que tem predominado é o esforço dos políticos para simplesmente esconder a sujeira.

O poder público não faz direito a lição de casa e permite que empresas privadas explorem, quase sem controle, desde a var-rição pública até a coleta e destinação final, avançando para a venda de créditos de car-bono a países desenvolvidos. Um terreno ainda livre a explorar, devido à falta de um marco regulatório para o setor.

Ao que parece, o governo federal tenta fazer a sua parte. Em dezembro de 2010, foi sancionada, pelo presidente Lula, a lei que regulamenta a Política Nacional de Re-síduos Sólidos, visando a estabelecer de-finições, responsabilidades, metas e regu-lando o princípio da logística reversa. Com a nova legislação, os municípios poderão exigir que as empresas produtoras de resí-duos retirem do meio ambiente seus sub-produtos poluentes.

A correta e moderna gestão de resídu-os passa, impreterivelmente, pelo conceito hierárquico que vai da não geração à dis-posição final. Mas o que tem ocorrido, na prática, é que a disposição final vem privi-legiando o aterramento como tecnologia de destinação, desconsiderando as muitas formas de reintegração dos resíduos aos

meios de produção. Até agora, a legislação brasileira vinha

pecando por beneficiar soluções mais “de forma” em detrimento de outras mais “de conteúdo”, como é o caso da adoção de tecnologias que permitem a recuperação energética dos resíduos, como parte do processo de reciclagem.

A partir dessa leitura, pelo que prevê a Re-solução Conama, a implantação de projetos de recuperação energética de resíduos, por meio de tratamentos térmicos, deve ser pre-cedida de um programa de segregação de re-síduos com metas agressivas para a realidade brasileira, que hoje coleta, de forma seletiva, aproximadamente 2% do total de resíduos.

Além de ser uma meta extremamente agressiva, apenas para brilhar no papel, a re-solução exime do poder público a responsabi-lidade pela coleta seletiva e transfere à inicia-tiva privada a responsabilidade pela mudança do paradigma que, no fundo, não interessa a quem obtém lucro com o lixo.

A Resolução Conama 316, de 2002 destaca: “Art. 24. A implantação do sistema de tratamento térmico de resíduos de ori-

gem urbana deve ser precedida da implementação de um programa de segregação de resíduos, em ação integrada com os responsáveis pelo sistema de coleta e de tratamento térmico, para fins de reciclagem ou reaproveitamento, de acordo com os planos municipais de gerenciamento de resíduos.

Parágrafo único. A partir da licença de operação do sistema de tratamento térmi-

co, deverá ser observado o seguinte cronograma mínimo de metas:

I - no primeiro biênio, deverá ser segregado o percentual correspondente a seis por cento do resíduo gerado na área de abrangência do sistema;

II - no segundo biênio, deverá ser segregado o percentual correspondente a doze por cento do resíduo gerado na área de abrangência do sistema;

III - no terceiro biênio, deverá ser segregado o percentual correspondente a de-zoito por cento do resíduo gerado na área de abrangência do sistema;

IV - no quarto biênio, deverá ser segregado o percentual correspondente a vinte e quatro por cento do resíduo gerado na área de abrangência do sistema; e

V - a partir do quinto biênio, deverá ser segregado o percentual correspondente a trinta por cento do resíduo gerado na área de abrangência do sistema.”

A Resolução, em suma, transfere responsabilidade à iniciativa privada.

Geramos diariamente cerca de 230 mil toneladas, quantidade suficiente para encher, a cada dia, um estádio do tamanho do Maracanã.

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Uma das saídas está na educação

Matrizes energéticas e lixo

A discutível questão dos créditos de carbono derivados do lixo

Em países como a Alemanha e outros no norte da Europa, a mudança de conduta de seus habitantes foi alcançada através de anos de programas governamentais de educação ambiental, bem como a aplicação de políticas fortes e subsídio público a novas tecnologias.

Assim, a lógica que tem prevalecido é a de que “se a sociedade não fizer tudo, tam-bém não fazemos nada”. Dessa forma, co-metemos o grande erro de tornar mais fácil a manutenção dos ultrapassados padrões de gestão de resíduos atrelados ao aterra-mento e avesso a tecnologias que venham a torná-los obsoletos.

A lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê que deverá ser ob-servada a seguinte ordem de prioridade: não

geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, podendo ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que com-provada sua viabilidade técnica e ambiental e com a implantação de programa de monitora-mento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental.

A ausência de políticas públicas comple-mentares claras, focadas e integradas, acaba gerando outras distorções de enorme gravi-dade, como o “jeitinho brasileiro” de burlar regras e tratados internacionais, como o que prevê os mecanismos de desenvolvimento limpo, que têm até gerado negócios no emer-gente mercado de “crédito de carbono”.

O Brasil é um país privilegiado, quando o assunto é geração de energia. Apesar de crises recentes e a ameaça de escassez es-tar continuamente rondando o país, nossas matrizes são predominantemente limpas. 73,63% delas vêm de fonte hidrelétrica e 7,87% de outras fontes renováveis.

Embora o destaque das hidrelétricas, construir novas usinas, capazes de suprir a necessidade dos próximos anos, tem se tor-nado cada vez mais difícil devido aos longos e conturbados processos de licenciamento, problemas para o início das obras (como ocorreu em Santo Antonio e Jirau), além do debate em torno de Belo Monte são exem-plos recentes. Além disso, locais adequados para empreendimentos desse porte são cada vez mais escassos.

A extração de gás metano dos lixões para geração de energia, a partir do “se-questro” nos aterros sanitários, possibilitou a arrecadação de recursos internacionais. Nesse processo, São Paulo saiu na frente com o projeto implantado no Aterro Bandei-rantes, encerrado após 27 anos de operação na região de Perus, zona Oeste da capital.

O “sequestro” de parte do gás metano liberado na atmosfera, a partir de lixões, em-bora positivo, apresenta, na prática, resul-tado ambiental nefasto. A falta de controle social na aplicação dos recursos obtidos, faz com que a iniciativa de geração de energia

limpa, a partir de fonte suja, se transforme num paradigma míope, em que o desejo de ampliar lixões parece até vantajoso quando se vislumbra a possibilidade de obtenção de recursos com a geração de mais gás metano para vender mais créditos.

Por essa razão, regras sociais e ambien-tais internacionais precisam estar previstas em tratado internacional que determinem que, em casos de descumprimento, justifiquem como barreira sanitária o condicionamento à libera-ção de investimentos e o próprio comércio in-ternacional de mercadorias e serviços entre os países e seus respectivos blocos econômicos.

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O governo vem apresentando estratégias contraditórias. Ao mesmo tempo em que anun-ciou benefícios a projetos de fontes como bio-massas tradicionais, pequenas centrais hidre-létricas (PCHs) e energia eólica, o governo tem priorizado grandes investimentos em termelé-tricas, movidas a combustíveis, com fontes não renováveis, como óleo, gás e carvão mineral.

Outra contradição foi o anúncio da reto-mada do projeto nuclear, com a construção de Angra 3. A previsão é gerar 1.350 MW a

um custo de R$ 8,4 bilhões, considerando que a geração de energia nuclear apresenta grandes riscos à saúde da população e ao meio ambiente, devido à radioatividade do combustível empregado.

Apesar de não apresentar emissões de gases poluentes significativas durante sua operação, usinas nucleares geram resíduos altamente contaminantes e de gestão extre-mamente complexa. Nesse caso, o agravan-te é o risco de acidente.

Diferentemente das demais modalidades em que isso representa o pico do problema (sendo possível dimensionar seus custos com socorro a vítimas, remediação e recuperação dos danos e reconstrução), no caso da nucle-ar, é justamente na ocorrência de acidente que começa o problema. É difícil dimensio-nar os custos de uma solução. Os trágicos reflexos do acidente de Chernobyl, já duram mais de duas décadas e, mais recentemente, Fukushima, no Japão, servem de exemplo.

O emprego dessa tecnologia, no Brasil, é desnecessário. Temos muitas outras fon-

tes, limpas e renováveis, facilmente disponí-veis, cuja utilização ainda é muito pequena. Isso faz co que sobre muito espaço para a expansão, como no caso das biomassas tra-dicionais, eólica, além da geração de energia a partir do lixo.

Gerado em todas as residências, esta-belecimentos comerciais e industriais de todo o país, cerca de 230 mil toneladas de lixo por dia, que atualmente saturam lixões e aterros sanitários e contaminam o solo e a água, inviabilizando o uso futuro de imensas áreas, podem ser destinadas a esse fim.

O potencial de geração de energia do lixo brasileiro supera o patamar de 6.500 MW, algo que não pode ser desperdiçado, ainda mais porque esse tipo de empreendimento

possui outra função, ainda mais importante: tratar e reduzir em até 90% os resíduos ge-rados pelo sistema, tornando a sobra inerte e passível de reutilização.

Apesar de a população ainda desco-nhecer as tecnologias de geração de ener-gia a partir do lixo, ela já é realidade em centenas de países de todo o mundo, há décadas, principalmente na Europa e Amé-rica do Norte, cujos países possuem legis-lação ambiental e fiscalização muito mais rigorosas que as nossas.

Atualmente existem cerca de 500 usi-nas deste tipo em funcionamento somente na Europa e, nos últimos cinco anos, mais de 90 foram construídas na Ásia. Essas usi-nas não utilizam grandes áreas. Podem ser

instaladas até em grandes centros urbanos. O processo não requer preparação

prévia do lixo, uma vez que os resíduos recicláveis são separados antecipada-mente e podem gerar renda a catadores e recicladores, além de reduzir os atuais níveis de emissões do metano, conside-rado o segundo maior e mais nocivo gás de efeito estufa. Tanto é que diversos pro-jetos pelo mundo já geram recursos atra-vés da comercialização de certificados de redução de emissões, os chamados “cré-ditos de carbono”.

Enfim, o uso do lixo para geração de energia é capaz aumentar nossa oferta de energia em 5,7%, ajudando a evitar o risco de falta de energia, eliminando, de maneira correta, um dos mais sérios pro-blemas ambientais, além de trazer enor-mes ganhos sociais.

A questão é: por que, embora existam investidores dispostos a apostar nisso, o governo brasileiro nada faz para que essa tecnologia seja empregada e produza es-ses benefícios, com ganhos para toda a sociedade?

O desafio é manter fontes renováveis

Energia nuclear. Não, obrigado.

Potencial não pode ser desperdiçado

Lixo & energia

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Conhecida como “USINAVERDE”, a tec-nologia de tratamento térmico de resíduos sólidos urbanos para recuperação de ener-gia, apesar de pioneira no Brasil, ainda é algo “experimental”. O “protótipo” está instalado numa área de 5000 m², pertencente à Fun-dação BioRio, no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Ilha do Fundão.

A iniciativa surgiu graças a um acordo de cooperação técnica com a Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Es-

tudos Tecnológicos – Coppetec. O protótipo tem capacidade limitada (30 ton/dia - 1250 kg/h), com geração de energia para consu-mo próprio, mas o projeto perdeu apoio da universidade, ao se configurar como empre-sa de capital privado, questionando sua le-gitimidade. Embora pudesse ser vista como um “avanço”, a iniciativa não apresenta as características capazes de responder ao dra-ma vivido pelas cidades.

Para tanto, seria fundamental que o modelo contasse com forte apoio do poder público, como ocorre com a França, onde a estatal EDF opera a usina de geração de energia do lixo, localizada nas margens do rio Sena, em Paris.

Para o país seguir crescendo são ne-cessários grandes investimentos em infraes-trutura, mas isso não se restringe às obras. Estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental também são imprescindíveis e custam caro.

Se a necessidade de investimentos é crescente, a disponibilidade de recursos públicos para o setor está ficando cada vez mais reduzida, principalmente em função dos contingenciamentos orçamentários des-tinados ao controle inflacionário.

Para tentar superar essas dificuldades, duas novas figuras jurídicas, bastante difun-

didas e conhecidas no exterior, começam a ganhar espaço no Brasil: são as parcerias público-privadas, as PPPs, por meio dos pro-cedimentos de manifestação de interesse – PMI. Estas “figuras” já são muito utilizadas em Estados como Minas e Alagoas.

Nos dois os casos, a premissa deve ser a proteção do interesse público. A lei que ins-tituiu as PPPs foi promulgada em dezembro de 2004, com objetivo de tornar mais atrati-vos os investimentos e permitir maior e me-lhor distribuição de riscos, garantias firmes e, acima de tudo, formas claras de controle social e fiscalização pública.

Sustentabilidade e os desafios para investimentos em infraestrutura

No Brasil tecnologia ainda é “experimental”

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Cultura

O lirismo de Gonçalves Dias demarca a representação social do Brasil bonito. A formosura das paisagens e a abundância dos recursos naturais seduzem os olhares do poeta, que com 24 versos transforma o Brasil Império em um verdadeiro oásis.

Da canção do exílio ao coro do Código Florestal!

Fábio Nascimento

Tal iniciativa remonta ao tempo do des-cobrimento do Brasil, em 1500, com a carta que Pero Vaz de Caminha escre-

veu sobre as primeiras percepções do am-biente natural do Brasil.

Também, pode ser estendido ao hino na-cional brasileiro, de letra de Joaquim Osório Duque Estrada, que denota a exaltação do nacionalismo, do ambiente natural.

Quando o poeta redigiu os versos lá em Coimbra em Portugal, em seu exílio, a quanti-dade de árvores e de belezas naturais no Bra-sil era bem maior e o meio ambiente era outro.

Hoje, Gonçalves Dias não está mais entre nós. A quantidade de árvores no Bra-sil diminuiu em progressão geométrica e a Canção do Exílio, um top ten do gênero lírico, vem cada vez mais ficando obsoleta e está sendo ofuscada hoje pelos holofotes do coro do Código Florestal.

Nas três primeiras décadas após o des-cobrimento do Brasil, com a exploração do pau-brasil, as florestas brasileiras vêm sen-do devastadas. Depois da Revolução Indus-trial do século XVIII, o quadro se agravou ainda mais.

Muitas cidades se urbanizaram de forma

desordenada. Árvores foram sendo cortadas para abrir espaço para uma extensa malha viária. Este desordenamento, por exemplo, deixou a Mata Atlântica e muitas espécies de animais, habitantes daquela mata, à bei-ra da extinção.

O desmatamento no Brasil ficou mais crônico, especialmente depois da década de 30, quando o processo de industrialização no país se intensificou. Um dos grandes líde-res da defesa da preservação das florestas brasileiras, dos recursos naturais do Brasil, foi Chico Mendes.

Mendes articulou um movimento nunca visto na história do país em defesa da Amazô-nia. Sua luta social atraiu os olhares de alguns segmentos da sociedade e da mídia nacional e internacional para a questão da Amazônia.

O contexto ambiental está permeado pelo coro em torno do Código Florestal. Há muitos impasses, muitas controvérsias em torno de um conjunto de leis que objetiva re-ger a atividade florestal no país.

É preciso um Código Florestal que alie ple-namente desenvolvimento com preservação e que não fique só no papel, mas, sobretudo se expresse nas atividades práticas do cotidiano.

Fábio Nascimento é jornalista

Canção do exílio (Gonçalves Dias)

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar –sozinho, à noite– Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá;

Sem que disfrute os primores Que não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.

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Caderno de Diálogos

Combatendo os ACIDENTES

e as DOENÇAS do TRABALHO

Por um mundo

melhor e sustentável

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Combata as doenças e acidentes de trabalho em sua

empresa ou espaço de trabalho, publique conosco e distribua

esta cartilha em seu sindicato

ou empresa

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Energia

A humanidade sempre interagiu com o meio ambiente, e consequências negativas, de maior ou menor grau, sempre aconteceram.

O uso de energias limpas

Charles Carneiro e Gustavo R. C. Possetti*

Contudo, mais recentemente, palavras do tipo “efeito estu-fa”, “mudanças climáticas”, “aquecimento global”, que an-tes nos pareciam tão abstratas e distantes, cada vez mais

hoje, vamos nos familiarizando, e infelizmente, a duras penas. Desastres ambientais dos mais diversos tipos têm se tornado

cada vez mais frequentes e intensos, de modo a obrigar e acelerar a busca por ações que promovam de alguma forma uma redução, ou minimamente, uma melhor previsão destes acontecimentos.

Estamos longe de um reequilíbrio ou sustentabilidade plane-tária. Modificações nos regimes pluviométricos, aumento de tem-peraturas e também elevação no nível dos oceanos já são realida-de. Contudo, várias e importantes iniciativas vêm ocorrendo em diversos cantos do planeta.

Conceitualmente há diferentes terminologias para energias limpas ou renováveis ou bioenergia. As energias consideradas lim-pas são aquelas geradas por fontes regeneráveis a curto prazo e que geram baixas ou nenhuma emissão de gases.

Entre as principais fontes de energia limpa, destacam-se:

1Eólica, que se dá a

partir de ventos

2Solar – por meio da

radiação solar

6Geotérmica, que é a

partir do vapor e calor do interior da terra

4Biomassa/biogás -

originária de resíduos orgânicos e esgotos

5Biocombustíveis,

obtida de vegetais e biomassa

7Maremotriz, que vem

do movimento dos oceanos

8Hidrogênio, que se dá a partir da

combinação do hidrogênio e água gerando vapor e liberação de energia

3Hidráulica, a

partir da água

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Inventário de Gases de Efeito Estu-fa (GEE) ajuda cidades a identificarem os pricipais gastos energéticos

Obviamente que, algum grau de impacto, em maior ou menor grau, as energias limpas também geram, como por exemplo as inundações provoca-das por barragens ou arraste de mine-rais indesejáveis à superfície em pro-cessos geotérmicos. Porém, bastante inferior aos processos tradicionais.

Uma ótima estratégia para iniciar trabalhos voltados a energias mais lim-pas, renováveis ou mesmo desenvolver processos mais eficientes energetica-mente ou que reduzam emissões, é re-alizar um inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE).

O inventário possibilita identificar os principais gastos energéticos, quer seja de uma empresa, evento ou cida-de. A partir deste documento, buscar formas e oportunidades de redução de emissões através da melhoria de eficiência ou alterações nos processos produtivos e administrativos.

Hoje, é possível mensurar o gasto energético da vida humana em todas as suas atividades e em todos os es-paços do ambiente. Através da mensu-ração e monitoração de atividades de lazer, de quantitativos de população, residências, indústrias (tirei a palavra existentes), colégios, eventos, entre outros, se obtêm boas estimativas das emissões de gases de efeito estufa ge-radas por estas ações.

Após a conclusão do inventário GEE, basicamente, é possível conduzir as ações de duas formas: redução e/ou compensação das emissões. Fun-damentalmente, as ações de redução, ou seja, minimizar emissões, em fun-ção da escala e por atuarem na causa, têm maior relevância.

Como minimizar os impactos ambientais

A redução dos gastos energéticos dispen-sados na prática empresarial no processo da prestação de serviço ou mesmo nas me-nores ações cotidianas das pessoas, como por exemplo, desligar uma lâmpada, deve assumir uma condição de prioridade. Por ou-tro lado, as compensações de emissão, que consistem em compensar uma certa quantia de gás emitida pela imobilização de outra se-melhante, estão calcadas em plantios de es-pécies florestais, desde que com o necessário compromisso de fazer o plantio efetivamente se tornar uma floresta adiante.

O fato da utilização de energias mais lim-pas consiste, em tese, gerar energia a partir de processos que emitem gases em quanti-dade significativamente menor, comparati-vamente aos processos tradicionais. Razão pela qual é tão importante, por exemplo, es-timular o uso de biocombustíveis derivados de materiais vegetais que, naturalmente, são imobilizadores de carbono durante seu ciclo vegetativo, em detrimento ao uso de combustíveis fósseis.

Nesse sentido, os avanços no setor de combustíveis, oriundos do refino de recursos naturais não-renováveis ou da transforma-ção daqueles renováveis, têm sido determi-nantes no progresso de inúmeras nações. Apesar de historicamente os combustíveis fósseis desempenharem mundialmente um papel importante, nos últimos anos, a ado-ção de políticas públicas de incentivo ao uso de fontes de energia alternativas e renová-veis, a disponibilidade de biomassa e a ele-vada aplicabilidade têm viabilizado a utiliza-ção de vários outros tipos de energia, como a solar e a eólica, e fomentado a produção crescente e otimizada de biocombustíveis, como o etanol, o biodiesel e o biogás.

Por isso, as “energias limpas” compõem um dos mercados mais atrativos e rentáveis disponíveis, hoje, para investimentos, sobre-tudo pela crise nuclear deflagrada pelos re-centes vazamentos de materiais radioativos na usina de Fukushima localizada no Japão.

Segundo o relatório Clean Energy Trends 2011, divulgado pela consultoria norte-ame-ricana Clean Edge, os rendimentos do setor em 2010 foram superiores a 188 bilhões de dólares e devem ser da ordem de 350 bi-lhões de dólares em 2020.

Dentre as emissões de gases de efeito

estufa o consumo de energia é o principal fator antrópico. Assim, não basta somente bons programas de energias renováveis. São necessários também bons projetos de efi-cientização energética e redução de perdas.

Há uma tendência mundial na prioriza-ção de energias renováveis. E neste con-texto, o Brasil exerce papel de destaque, já que é o país com maior índice de energias renováveis em sua matriz energética, nota-damente a hidráulica, com inúmeras usinas hidrelétricas.

Um bom exemplo do uso de energias renováveis nas empresas, é o realizado pela Companhia de Saneamento do Paraná – Sa-nepar. Conhecida pela atuação nos proces-sos de água e esgoto, a empresa implantou em uma de suas estações de tratamento anaeóbio de esgoto em Foz do Iguaçu, um sistema de geração de energia elétrica a partir do gás metano, que é um subprodu-to gerado no processo de tratamento, com utilização conjunta de energia solar. Com ob-jetivo de pesquisa, a energia produzida pelo protótipo é maior do que a demanda ener-gética da estação; e a energia excedente é comercializada à concessionária de energia.

Embora o uso de energia hidráulica seja expressivo, é preciso investir mais em outras fontes, como solar e eólica. É preciso políti-cas efetivas de estímulo ao uso de energias limpas com a adoção de medidas estruturais e incentivos fiscais. É preciso dar sustentabi-lidade a estes processos sobre os três pila-res, a viabilidade econômica é fundamental aos projetos para que as iniciativas, que têm enorme apelo e importância socioambiental, não se tornem iniciativas isoladas.

*Charles Carneiro – é engenheiro agrô-nomo, doutor em Geologia - geoquímica de águas, Mestre em Ciência do Solo e, atual-mente, é gerente de Pesquisa & Desenvolvi-mento da Companhia de Saneamento do Pa-raná - Sanepar e professor de pós-graduação em Economia e Meio Ambiente na Universi-dade Federal do Paraná.

Gustavo Rafael Collere Possetti é eng. ambiental e elétrico, Doutorando e Mestre em Engenharia Elétrica e Informática Indus-trial, especialista em Automação em Proces-sos de Petróleo e Gás Natural. Atualmente, é pesquisador da Companhia de Saneamento do Paraná - Sanepar.

Pequenas ações e bons projetos

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O sonho verde da Sophia, de oito anos, é o fim da poluição em Curitiba. Já a pro-fessora Zoraia gostaria de ver a cidade

com as ruas e calçadas mais limpas, e o floris-ta Urubatan deseja que o Rio Barigui seja revi-talizado e as árvores do cenário urbano sejam substituídas por espécimes frutíferas.

Estes são apenas três dos mais de 700 depoimentos gravados em vídeos de até um minuto de duração pelas lentes de ce-lulares e máquinas fotográficas digitais dos participantes do projeto “Green Dreams Around the World” (Sonhos verdes ao redor do mundo). Em cada um destes registros, os moradores de Curitiba respondem à se-guinte questão: “Qual é o seu sonho verde para a sua cidade?”.

Esta iniciativa, de identificar os desejos dos curitibanos na área do meio ambiente, surgiu de um pedido do Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (UNITAR) para o comitê gestor do Centro Internacional de Formação de Atores Locais para a América Latina (Cifal), localizado em Curitiba e mantido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). A demanda era para que fosse criado pelo Cifal um projeto piloto inovador vol-tado à mobilização local, com a temática do meio ambiente e sustentabilidade. Tal projeto

Cifal

Sonhos verdes

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deveria ter capacidade de replicação que pos-sibilitasse sua adoção por outras cidades ao redor do mundo.

No projeto piloto de Curitiba, intitulado “Meu Sonho Verde”, os sonhos dos mora-dores estão sendo captados por jovens uni-versitários das áreas de ciências humanas e sociais que participam como bolsistas do Programa de Formação de Agentes de Desenvolvimento Local do SESI-PR. Estes agentes já desenvolvem um trabalho de in-terlocução com a comunidade, promovendo a mobilização de moradores e comerciantes dos bairros onde atuam para melhorar a qualidade de vida nestes locais.

A opção por utilizar estes agentes está na forte aderência do projeto Meu Sonho Verde ao programa Redes de Desenvolvimento Local e também devido à grande sintonia destes jo-vens com centenas de atores locais em todos os bairros e municípios vizinhos, uma vez que a chave para a descoberta do sonho é a es-pontaneidade dos entrevistados.

“Captar os sonhos das pessoas já é uma prática, faz parte do que eles fazem na co-munidade. Eles mobilizam, articulam e con-vidam para que sonhem e ajam em prol do

seu desenvolvimento.”, afirma Soraia Mel-chioretto, coordenadora da rede de desen-volvimento local em Curitiba, referindo-se ao trabalho que as redes desenvolvem junto às comunidades, onde os cidadãos tornam-se protagonistas no processo de desenvolvi-mento de cada localidade.

O conteúdo gerado no projeto Meu So-nho Verde, além de subsidiar o debate nacio-nal e internacional sobre a sustentabilidade, servirá de base para nortear futuras políticas públicas para o desenvolvimento de iniciati-vas locais voltadas à sustentabilidade e ao

meio ambiente.Para chegar ao modelo utilizado no pro-

jeto, a consultora técnica do SESI-PR, Rosa Alegria, foi a Bangalore, na Índia, em fevereiro deste ano, onde acompanhou o lançamento do projeto “Dream-In”. Esta iniciativa captou mais de mil vídeo depoimentos de pessoas comuns de várias províncias indianas, que contaram às câmeras seus sonhos pessoais para uma vida melhor.

Posteriormente foram reunidos pensa-dores das cidades – gestores públicos, ur-banistas, engenheiros, administradores, em-

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Rio+20

Cifal

Os vídeos gravados ao longo do projeto fo-ram compilados em um website (http://www.meusonhoverde.com.br/) onde os internau-tas podem consultar os materiais, enviar no-vas gravações e discutir os temas levantados nos depoimentos. Esta plataforma digital foi lançada durante a 2ª Conferência Internacio-nal das Cidades Inovadoras (CICI), realizada entre os dias 17 e 20 de maio deste ano.

Na ocasião, a indiana Sonia Manchanda, idealizadora do Dream-In, discorreu sobre a sua experiência com o projeto que colheu mais de 1.000 depoimentos em vídeo dos indianos. Para ela, mais importante do que incluir a população nos programas de gover-no é saber o que sonham os moradores das cidades para o futuro.

O material que vem sendo produzido em Curitiba vai alimentar a discussão global so-bre o futuro do planeta, que estará no cen-tro das atenções mundiais daqui a um ano,

O Centro Internacional de Formação de Atores Locais para a América Latina (Cifal) é uma iniciativa do Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (UNI-TAR), órgão ligado à Organização das Na-ções Unidas (ONU).

Existem nove centros em todo mundo, distribuídos nos cinco continentes. Cada Cifal atua no desenvolvimento de programas de

capacitação e na promoção de cooperações técnicas entre cidades para o desenvolvimen-to urbano sustentável, colaborando para atin-gir os Objetivos de Desenvolvimento do Milê-nio das Nações Unidas (ODM). Em Curitiba, o Cifal é mantido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e é presidido pelo presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Ro-cha Loures.

presários, financistas, acadêmicos – que se propuseram a desenhar políticas públicas, projetos sociais, ambientais e empresariais baseados nestes sonhos. “A grande inovação é que estas idéias partem dos sonhos e não das necessidades. A necessidade parte de uma falta, do vazio, enquanto o sonho é um desejo, uma vontade”, explica Rosa. Segundo a consultora, o objetivo é inspirar que as pes-soas em Curitiba tornem-se multiplicadoras destas ações, ampliando voluntariamente a galeria de vídeo depoimentos de outras pes-soas, contribuindo para ampliar a reflexão dos temas relacionados à sustentabilidade local. “A idéia é que essa proposta se espalhe pelo mundo de forma viral”, afirma.

A largada do projeto Green Dreams Around the World ocorreu na Fiep em maio deste ano. Na ocasião os agentes receberam as orienta-ções básicas sobre como proceder a realiza-ção das entrevistas e dicas técnicas de como obter o melhor resultado com equipamentos amadores de captação de vídeo, como celula-res e máquinas fotográficas. Todos os passos desta capacitação foram gravados em vídeo e irão se tornar um documentário em estilo making-off, que servirá de base didática para que o processo seja reaplicado em outras ci-dades ao redor do mundo.

O objetivo é que os agentes de desenvol-vimento local dêem o primeiro impulso neste projeto e que sensibilizem seus entrevistados para que eles mesmos tornem-se multiplica-dores destas ações, passando a captar por conta vídeo-sonhos nas comunidades onde residem. Daí a escolha de ferramentas acessí-veis, como celulares, que a maioria dos mora-dores das grandes cidades tem à disposição.

Segundo o diretor executivo do Cifal Curi-tiba, Gustavo Fanaya, a meta é “gerar uma onda significativa de contribuições espontâne-as de cidadãos urbanos de diferentes partes do mundo com foco na dimensão ambiental local, extraindo visões de futuro inspiradoras, de grande potencial transformador para as ci-dades e para o planeta”.

quando for realizada a Conferência das Na-ções Unidas sobre Desenvolvimento Susten-tável (Rio+20), que ocorre 20 anos depois da Eco 92. A expectativa é que quando che-gar a Rio+20 o modelo de mobilização local desenvolvido em Curitiba tenha transborda-do as fronteiras e colhido milhões de sonhos verdes ao redor do mundo.

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Seja você também um coletor de sonhosO Centro Internacional de Formação de

Atores Locais para a América Latina (Cifal) é uma iniciativa do Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (UNI-TAR), órgão ligado à Organização das Na-ções Unidas (ONU).

Existem nove centros em todo mundo, distribuídos nos cinco continentes. Cada Ci-fal atua no desenvolvimento de programas de capacitação e na promoção de coopera-ções técnicas entre cidades para o desen-volvimento urbano sustentável, colaborando para atingir os Objetivos de Desenvolvimen-to do Milênio das Nações Unidas (ODM). Em Curitiba, o Cifal é mantido pela Federação

das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e é presidido pelo presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Rocha Loures.

O projeto Meu Sonho Verde está aberto à participação de toda pessoa que tiver inte-resse. Basta gravar em seu celular, câmera fotográfica ou outro dispositivo semelhante, vídeos de até um minuto de duração com o depoimento de amigos, colegas, familiares ou membros da sua comunidade.

Estes vídeos não podem conter edição, ou qualquer tipo de trucagem. Neles, os entrevistados se apresentam e respondem à seguinte questão: “Qual seu sonho verde para sua cidade?”.

Estes vídeos são reunidos em uma plata-forma digital na internet, agrupados em dez eixos temáticos, como água e solo, ar e clima, consumo e comportamento, entre outros.

O endereço para enviar este material é http://meusonhoverde.com.br/. Os vídeos também podem ser postados primeiramen-te no site Youtube e, em seguida, vinculados ao site do projeto.

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Dicas Sustentáveis

Cobre dos políticosExija de partidos, candidatos e governantes, propostas e ações que viabilizem e aprofundem a prática do consumo consciente.

Reutilize produtos e embalagensNão compre novamente o que você pode consertar, transformar ou reutilizar.

Prefira cores clarasQuando for pintar a casa, prefira sempre cores claras na fachada. Com essa atitude a absorção de calor é menor, o que reduz o uso do ar-condicionado. E claro, escolha tintas que não liberem resíduos tóxicos.

Trânsito solidárioCompartilhe seu veículo no dia a dia. Você economiza espaço, dinheiro, petróleo e evita o estresse. O meio ambiente agradece.

Plante árvoresAlém de reduzir o efeito do aquecimento global, as árvores ajudam a evitar erosões no solo e, se plantadas corretamente ao lado das casas, também proporcionam sombra e ajudam a economizar energia, entre outros benefícios.

Economize águaDiminua o tempo no banho e feche a torneira ao escovar os dentes e ao lavar a louça. Fazendo isso diariamente você consegue economizar muitos litros de água. O meio ambiente e o seu bolso agradecem.

Prefira lâmpadas fluorescentesAs lâmpadas mais eficientes são mais caras, mas duram muito mais. As fluorescentes compactas ficam cinco vezes mais baratas que as incandescentes. Pagam o investimento em menos de três meses na conta de luz, pois economizam 70% em energia.

Sustentabilidade sou eu, é você, somos nós. Sejamos pessoas sustentáveis.

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Sustentabilidade sou eu, é você, somos nós. Sejamos pessoas sustentáveis.

Estes materiais não são recicláveis ou reciclados em nosso país:

Espelho

Esponja de limpeza

Etiqueta adesiva

Fotografias

Fraldas descartáveis

Guardanapo e papel higiênico

Lentes de óculos

Papel celofane

Porcelana

Sacolas plásticas (só é possível quando limpas e separadas)

Não deixe aparelhos em stand byNão use o micro-ondas como relógio, nem deixe os aparelhos em stand by. Desligue-os da tomada quando não estiver usando ou adote tomadas com interruptor.

Coleta seletivaExija coleta seletiva, bem como disposição correta do lixo urbano na sua região.

Aproveite água da chuvaSempre que possível, aproveite a água da chuva para outros fins. É possível, por exemplo, lavar o carro, calçadas e molhar plantas. Além de ajudar o meio ambiente, você também economiza no bolso.

Tenha uma caneca no local de trabalhoLeve sua própria caneca, squeeze ou garrafa térmica de casa. Assim, você ajuda a evitar que copos de plástico e garrafinhas Pets acumulem no local de trabalho.

Compre alimentos da épocaPrefira frutas, legumes e verduras locais, pois eles emitem menos gases de efeito estufa no transporte. Opte por produtos da época, que consomem menos água.

Evite plástico e isoporProdutos embalados em papel e vidro têm menos impacto no ambiente do que aqueles em plástico e isopor. Prefira embalar alimentos com papel manteiga, no lugar do filme plástico.

Você sabia?

Contribuição: Communitá

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Ivanilde Maria Muxfeldt

Dizem os historiadores que, do ponto de vista do abastecimento, os antigos exploradores cometeram um erro estratégico grave ao instalar cidades como Curi-tiba e São Paulo em áreas onde não existe grande disponibilidade hídrica.

Com o crescimento das grandes cidades, as companhias de saneamento enfrentam o desafio de ter que ir buscar água in natura cada vez mais longe, o que aumenta os custos, que têm que ser repassados à sociedade. Ou seja, todos pagam a conta por depender de água mais cara.

O consumo de água individual, de acordo com especialistas, tem correla-ção direta com conscientização, hábitos familiares e poder aquisitivo. As famílias mais abastadas, que têm em casa itens de conforto como banheira de hidromas-sagem, vários banheiros, mais equipamentos domésticos e piscina, tendem a consumir mais água do que as pessoas mais pobres.

Dados estimados pela ONU – Organização Mundial de Saúde – OMS – e Banco Mundial.

do Planeta Terra é coberto por água.

70%

2,325% estão em geleiras e icebergs.0,675% restantes estão em rios, lagos, subsolo e atmosfera.Somente 0,0091% está potencialmente disponível para consumo humano.

Destes, 97% são de água salgada.

3% são de água doce.

Água

Desde o início, o volume de água no planeta Terra é o mesmo. Basicamente, as grandes concentrações estão nos oceanos e mares, nas geleiras e icebergs, e nos rios e aquíferos. O que tem mudado nos últimos séculos é a qualidade e a quantidade de água disponível para o consumo humano.

Água é tudo. Mas nem todos usam de forma racional.

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Muitas pessoas não sabem que o óleo de cozinha é altamente poluente, principalmente quando em contato com água. Um único litro de óleo, descartado de forma incorreta, pode poluir até 25 mil litros de água.

Isso porque, além de prejudicar o fun-cionamento das Estações de Tratamento, o óleo compromete o equilíbrio ambiental da água e impermeabiliza os solos, conta-minando tudo por onde passa.

Para minimizar esse problema, o go-verno do Estado de Santa Catarina criou em 2009 o projeto de Óleo no Futuro. A ideia consiste na coleta de óleo de cozi-nha nas escolas estaduais, que é trocado por materiais de limpeza. Somente nas regiões de Blumenau, Jaraguá do Sul e Florianópolis são arrecadadas, em mé-dia, 80 toneladas de óleo por mês.

Como funcionaSão colocadas bombonas nas esco-

las, onde alunos e funcionários podem depositar óleo de cozinha. No fim do mês, uma empresa (que assinou parceria com o governo) recolhe o óleo e troca por ma-teriais de limpeza. Em algumas escolas, os próprios alunos aprendem a fazer sa-bão e outros materiais.

No fim, é dado um destino correto para o óleo de cozinha, os alunos ga-nham mais conhecimento sobre práticas ambientais e a escola ganha ajuda com materiais de limpeza.

n Um banho de 15 minutos exige 105 litros de água. Reduzindo o tempo para 10 minu-tos, o consumo cai para 70 litros.

n Cada vez que você lava as mãos, com a torneira aberta o tempo todo, são gastos 7 litros de água.

n Enquanto faz a barba, com a torneira aberta, um homem gasta 65 litros de água. Feche a torneira enquanto faz a barba, e só volte a usar água para enxaguar. Com a torneira fechada não gastará um litro.

n Para escovar os dentes é necessário

Como utilizar a água racionalmente De óleo no futuro

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, um indivíduo necessita de cerca de 80 litros de água por dia para satisfazer suas necessidades básicas. Dá para reduzir este consumo. Veja algumas dicas:

Se toda água doce do Planeta pudesse ser contida em uma garrafa de 2 litros de refrigerante, o volume que poderia ser tratado seria o equivalente à metade da tampinha desta garrafa. O restante está em geleiras, icebergs, ou rios e aquíferos muito distantes dos centros populacionais ou está contaminada.

apenas um copo de água. As pessoas que não fecham a torneira durante a escovação gastam 10 litros.

n A válvula de descarga é um grande vilão no consumo de água. Sozinho o vaso sanitá-rio pode ser responsável por 50% do que se gasta em uma residência. Nunca jogue cigarro, absorvente, camisinha ou papel no vaso, porque haverá maior consumo de água para mandar esse lixo embora.

n Deixar a mangueira aberta enquanto lava o carro, nem pensar! Se você fizer isso vai gastar em média 360 litros. Só lave o carro usando mangueira com bico de pressão ou balde.

n Lavar a louça da família também exige mu-dança de hábito, porque para cada pessoa se usa 112 litros. Mude o hábito. Feche a cuba da pia, encha de água. Ensaboe toda a louça e enxágüe com água limpa.

n Procure usar a capacidade máxima da máquina de lavar roupas.

n A água que fez o último enxágüe das roupas, no tanque ou na máquina pode perfeitamente ser usada para ensaboar tapetes, tênis e cobertores. Também serve para molhar plantas, jardim ou lavar o carro.

n Os vazamentos são grandes vilões. É fun-damental observar se a válvula de descarga está funcionando perfeitamente, se não há manchas de umidade nas paredes e calça-das e também se todas as torneiras estão vedando adequadamente. Uma torneira que fica gotejando durante um mês representa um desperdício de 2 metros cúbicos, o suficiente para atender as necessidades de uma pessoa por 14 dias.

n A sua criatividade vai lhe ensinar como fazer economia de água, usando-a sem desperdício. E lembre-se a água que você desperdiça está fazendo falta na casa de uma família que mora em outra região. Fonte: Sanepar

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Fernanda Nascimento

A arquitetura e a construção civil pas-sam por esse dilema, e reavaliar os conceitos é um desafio para todos os

profissionais da área. A maior preocupação está na maneira como será disposto o es-paço urbano, levando em consideração as transformações enfrentadas pelas cidades e pelo meio ambiente.

Na história da arquitetura moderna a marca registrada foi a racionalidade e a fun-cionalidade. No entanto, a partir da década de 80 começa a surgir o conceito de de-senvolvimento sustentável e, desde então, a bandeira verde foi hasteada em todos os sentidos. A arquitetura não poderia ficar de fora dessa discussão, principalmente pela função social exercida.

O conceito de arquitetura sustentável leva em consideração todos os impactos causados ao meio ambiente e ao ser huma-no e, com isso, desenvolve tecnologias pra minimizá-los. Para isso, deve-se avaliar o consumo de energia, água e outros recursos naturais, bem como a utilização de materiais que não poluem o meio ambiente ou causam menor degradação.

Nesse sentido há vantagens em desen-

volver um projeto sustentável, pois nele se-rão identificadas características como modo de vida do usuário e condições climáticas. Desta forma, essas particularidades serão aproveitadas em benefício do meio ambien-te, causando menor impacto ambiental e, no caso do consumidor, a vantagem será na economia de recursos.

Outro tema preocupante é a quantida-de de entulhos produzidos na realização de uma reforma, decoração ou construção que, além de causar impactos ambientais, gera custos financeiros. Com isso, a prática de reciclagem de material tem se tornado cada vez mais frequente no setor. Fator que tem destacado muitos profissionais no ramo da decoração e da arquitetura, pois os projetos são inovadores e não deixam de ter requinte e charme.

Já existem vários objetos sendo empre-gados nas novas construções que, de fato, contribuem para a questão ambiental. Porém,

muitos ainda estão em fase de pesquisas. O arquiteto tem a obrigação de fazer uso destas novas tecnologias e, além disso, se preocupar durante o desenvolvimento do projeto em con-ceber edificações com boa orientação solar, na qual o uso de energia elétrica ou de equi-pamentos de ar condicionado seja menor.

A bandeira verde tornou-se uma cons-tante na sociedade atual e criar soluções que diminuam os impactos ambientais é uma preocupação para todos os profissio-nais. Para isso, é necessária uma mudança cultural para, então, poder preservar o futuro das próximas gerações.

Fernanda Nascimento é professora do CEPDAP (Centro de Educação Profissional de Design,

Artes e Profissões) e arquiteta.

Soluções Sustentáveis

Com o desenvolvimento demasiado das cidades, a elaboração de propostas de urbanização que satisfaçam esse crescimento desordenado é uma necessidade real. Na contramão dessa expansão, os recursos naturais ficam cada vez mais escassos. A preocupação com o futuro do planeta é inevitável e chega a todos os setores da sociedade.

Arquitetura sustentável e verde já é uma realidade

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Soluções Sustentáveis

Com o teste da fumaça preta, sindicato ajudou transportadoras a deixarem de emitir 3.275 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera

Setcepar realiza ação em prol da natureza

A preservação do meio ambiente é, hoje, uma preocupação administrativa impor-tante. Diversas empresas, organizações

não governamentais e sindicatos estão se em-penhando em manter precisamente a influên-cia sobre o meio ambiente por meio de inúme-ras atividades. Vários departamentos dos mais diversos segmentos da economia participam definindo metas ambientais relevantes.

Algumas medidas vingaram e ajudam, de forma efetiva, a melhorar o meio ambien-te. Um exemplo está na ação sindical no Pa-raná que, por meio de um simples programa, auxilia na “desintoxicação” do ar.

Com o projeto, mais de três mil tonela-das de dióxido de carbono – CO² – deixaram de ser emitidas na atmosfera com a ajuda dos testes de fumaça preta realizados nas empresas associadas ao Setcepar – Sindi-cato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná.

De acordo com Gilberto Antonio Cantu, presidente do sindicato, esse teste visa ao controle e à redução da emissão de fumaça preta dos veículos movidos a óleo diesel que trafegam pelo Paraná. “Desde 2004, quando iniciamos com o programa, a equipe do Setce-par já realizou mais de onze mil medições. O índice de veículos aprovados pelo programa, que em 2005 era de 42,6%, subiu para 79% em 2010. Estes números permitem afirmar que o teste fez com que as empresas fisca-lizassem as próprias frotas e diminuíssem a emissão da fumaça preta dos veículos movi-dos a diesel na atmosfera”, fala.

Para a realização do teste, técnicos do sindicato, treinados e bem preparados, uti-lizam opacímetros digitais e equipamentos

de segurança pessoal – EPI – para realizar a avaliação da fumaça emitida pelos veículos. Após esta etapa, um relatório com os resul-tados da avaliação é entregue à empresa, que também recebe orientações sobre ma-nutenção corretiva ou preventiva, principal-mente do sistema de injeção do veículo.

O motorista, por sua vez, recebe orien-tações sobre como obter um melhor rendi-mento mecânico do veículo, reduzindo cus-tos operacionais e a emissão de poluentes para atmosfera.

Cantu destaca que, apesar de este programa existir em diversos estados, o di-ferencial do Setcepar é que o sindicato dis-ponibiliza uma equipe que se desloca até a

empresa de transporte de carga, facilitando a diminuição da degradação da qualidade do ar devido à frota de veículos a diesel. “Com isso, incentivamos até mesmo a renovação da frota das transportadoras, uma vez que o próprio empresário vai tendo consciência da importância de modernizar a frota e torná-la menos poluente”, explica.

Criado em 1943, o Sindicato das Empre-sas de Transportes de Cargas no Paraná re-presenta cinco mil empresas de transporte de cargas em 265 cidades do Estado. O Setcepar oferece aos associados diversos serviços e eventos, para debater e fomentar melhorias no setor, e no relacionamento das empresas entre si e com demais setores da sociedade.

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Luiz Eduardo Cheida

O que subtraímos da natureza, ou o que adi-cionamos a ela, é o que fica depois de ter-mos passado. Uma espécie de rastro que

atesta que estivemos por aqui. Um rastro da espé-cie. E, como acontece?

Às vezes, através da indevida usurpação de um raro metal, que dorme nas profundezas do oceano e que, agora, será utilizado com avidez na fabricação de IPods. Ou o potássio, o nitrogê-nio, o fósforo, salpicados como insumos, em ter-ras agrícolas, depois de sacados das seculares reservas a milhares de quilômetros. O cádmio, o chumbo, o mercúrio, o lítio, o manganês que, desfalcando estoques ínfimos, comporão pilhas e baterias. O polimetilmetacrilato, do acrílico. Os vi-dros não-recicláveis dos espelhos, das lâmpadas, das ampolas de medicamentos. As esponjas de aço, clipes, grampos. Adesivos, espumas, papéis de fax. Novos ou velhos sais dos remédios que, mesmo depois de vencidos, permanecem na ter-ra, nas águas e no interior de seres vivos. O quase nada que sobrevém a uma floresta queimada. O petróleo, que repousava no seio da Terra, agora estocado na atmosfera em forma de gás. E tantas outras impressões deixadas para trás, na forma

de triste ausência ou incômoda presença.E, por que as coisas ocorrem dessa forma? Por-

que somos uma sociedade que objetiva o consumo. Sociedade cuja natureza econômica, arranjo produ-tivo, relações de trabalho e relações sociais estão direcionadas para o consumo enquanto tática de acúmulo do estratégico capital.

Neste tipo de organização social, o ritmo de pro-dução deve ser crescente. E, para mantê-lo assim, é necessário levar todos a um crescente consumo.

Assim, o ato de consumir deixa de ser um ato de subsistência para se tornar o próprio sentido da existência.

Consumindo mais, espoliamos mais os recursos naturais e produzimos mais resíduos do que a natu-reza é capaz de processar. Além disso, nos últimos 200 anos, a ciência e a tecnologia, praticamente, reinventaram uma outra natureza ao sintetizarem novas moléculas, novos compostos e novos proces-sos químicos e físicos. E, o que é mais grave: estes novos produtos científicos e tecnológicos jamais ha-viam coexistido. O resultado disso? Só temos a dúvi-da como única certeza.

Produção desenfreada e consumo irresponsá-vel. Esta é a síntese do qual é feito o desequilíbrio ambiental, já que quase tudo o que consumimos acaba por gerar impactos ao meio ambiente.

Consciência Ambiental

O mundo é finito, de recursos esgotáveis. Não troca matéria ou energia com nenhum outro planeta. De modo que, o que fazemos aqui, permanece por aqui.

O efeito bumerangue que devemos evitar

Desnecessário dizer que, dentre todos os seres vivos, somente a espécie humana produz resíduos que a natureza é incapaz de incorporar. “

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A criação, pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA), de um programa de governo denominado DESPERDÍCIO ZERO, no ano de 2003, cujos objetivos eram a eliminação de 100% dos li-xões e a redução de 30% dos resíduos sólidos gerados, foi o ponto de partida.

Todavia, o Estado só começou a solu-cionar o problema no momento em que colocou a questão enquanto alternativa de geração de negócios.

Ora, quase todo resíduo possui um valor de mercado. Muitas vezes, o que é resíduo para uma empresa é matéria-prima para ou-tra. Além disso, a legislação agrupa os seg-mentos diante de responsabilidades comuns quanto aos produtos. Então, é fundamental consorciá-las de acordo com seus interesses.

Por isso, com a participação do Ministério Público, foram chamadas as entidades clas-sistas patronais, como sindicatos, FIEP, FAEP, cooperativas, OCEPAR, SESI, SENAC, SENAI, e empresas, isoladamente. Durante meses, em centenas de reuniões, buscou-se agrupá-las em fóruns afins, e compreender o que tinham em comum quanto aos resíduos sólidos. Mais: entender onde estavam as dificuldades para que aceitassem de volta as embalagens ou similares de seus próprios produtos depois de consumidos. Ou, o que as impedia de busca-rem matéria-prima, na forma de resíduos, no mercado. Ou, qual a tecnologia ideal que re-comendavam a fim de que cada produto seu fosse reciclado. Ou, ainda, o que as impedia de negociar os seus resíduos entre si.

Assim, nasceram os fóruns de empresas como as do plástico, papel, vidro, metal, resí-duos de saúde, agrotóxicos, pneus, pilhas e baterias, construção civil, embalagens longa vida, óleos lubrificantes, óleos vegetais, lâm-padas e dezena de outros.

Após seis anos, o programa DESPERDÍCIO

ZERO contabilizou a adesão de 400 grandes empresas, tais como Coca-Cola, Tetra Pak, Philips, Goodyear, Firestone, Pepsi-Cola, que passaram a receber as embalagens dos pro-dutos que colocavam no mercado e garantiam o recolhimento de grande parte dos resíduos sólidos do Estado.

Atualmente, excetuando os resíduos or-gânicos, 510 empresas asseguram o recebi-mento de 90% dos resíduos sólidos gerados no Paraná.

Nos últimos dois anos, as empresas pas-saram a aportar recursos em cooperativas de catadores, otimizando seu trabalho. Natural-mente, quando se propõe a ser um negócio, uma das primeiras coisas que se deve garantir é a quantidade dos bens comercializados, em escala suficiente para compensar o negócio. Por isso, as empresas já investiram nas coo-perativas R$ 45 milhões em esteiras, veículos, prensas, elevadores, uniformes e outros itens que asseguram dignidade no trabalho e esca-la comercial nos negócios.

Operacionalmente, lançou-se mão da lo-gística reversa garantindo a logística do retor-no da embalagem e demais resíduos, desde o ponto de consumo até o local de origem. Os objetivos são o de recuperar valor ou deposi-tar o resíduo em local seguro. Mas, a recupe-ração ou o retorno dos produtos, a redução do consumo de matérias-primas, a reciclagem, substituição e reutilização de materiais e a reparação e refabricação de produtos foram objetivos igualmente alcançados.

O Estado foi o grande indutor dos arran-jos que possibilitaram com que a sociedade desse um passo à frente, inovando e abrindo oportunidades de negócios entre grupos so-ciais tão distintos quando catadores e empre-sários tradicionais.

A simplicidade comandou este arranjo. Também por isso, ele deu certo.

A primeira conseqüência do mo-delo consumista é a modificação quantitativa e qualitativa dos recursos naturais tais como ar, água, solo, maté-rias-primas e seres vivos.

A segunda conseqüência é o acú-mulo dos resíduos. Principalmente os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU).

O Brasil produz cerca de 200.000 toneladas (200 milhões de quilos) de resíduos sólidos ao dia, sem contar os resíduos da construção civil. Dos 5.564 municípios, 3.895 (70%) desti-nam estes resíduos a lixões.

Sem monitoramento, o lixão é fonte de proliferação de agentes e transmissores de doenças tais como bactérias, vírus, fungos, ratos, insetos, baratas e outros. O chorume, caldo negro e tóxico aí produzido, contendo substâncias cancerígenas como tria-lometano e dioxina, contaminam solo, subsolo e lençóis subterrâneos.

Além disso, segundo a UNICEF, 50 mil crianças vivem do lixo brasileiro. É, portanto, um sério problema sócio--ambiental.

Consequências Uma solução criativa

Ao mesmo tempo em que se dedicava a isso, a SEMA trabalhava em mais outras cinco tarefas:1 Mudança de atitudes e hábitos de consumo2 Minimização da geração de resíduos3 Combate ao desperdício4 Incentivo à reutilização de materiais5 Reaproveitamento de materiais através da reciclagem

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O programa DESPERDÍCIO ZERO só deu certo porque tem duas idéias-matriz simples: empresas e sociedade partilham responsabili-dades (responsabilidade compartilhada) e as empresas recolhem o que puseram no merca-do (logística reversa).

Na verdade, sem o saber, há oito anos atrás, o Paraná adiantou-se ao que é hoje a Lei Federal.

Há dois anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) recomendou o programa para-naense em seu site oficial. Recentemente, países como Espanha, Itália, França, Bolívia, Paraguai, El Salvador, República Dominicana, Guatemala, estão solicitando ao PNUD (Pro-grama das Nações Unidas para o Desenvolvi-mento), a implantação de programas simila-res ao DESPERDÍCIO ZERO.

No último mês de maio, a Assembléia Le-gislativa aprovou Projeto de Lei de minha au-toria tratando da Logística Reversa de Medi-camentos. Através desta lei, os consumidores terão responsabilidades em devolverem os

remédios, porventura, vencidos às farmácias e estas deverão repassá-los aos laboratórios farmacêuticos. Nas águas brasileiras, ditas potáveis, encontram-se, cada vez com mais freqüência, antibióticos, antiinflamatórios, hormônios, antilipêmicos, citostáticos e outros resíduos, advindos de medicamentos descar-tados na rede coletora de esgoto, nas galerias pluviais e mesmo nos lixões a céu aberto.

Todo aborígene australiano sabe que, lançando seu bumerangue, ele descreve um círculo de 3600. Por isso, sabedoria maior é evitar que, na volta, ele bata em sua nuca. Assim são os resíduos: uma vez lançados, é preciso evitar que nos atinjam. E a melhor ma-neira de fazê-lo é recuperá-los do ambiente, dando-lhes um destino seguro.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos

A partir do ano passado, a Lei 12.305/10, que instituiu Política Nacional de Resíduos Sólidos, passou a obrigar os entes federativos a efe-tuarem a gestão dos resíduos. Além disso, no Art. 30, institui a responsa-bilidade compartilhada:Art. 30 - É instituída a responsabilida-de compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importa-dores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos (...). Como se vê, TODOS passam a ter responsabilidades perante esta lei.E, uma menção especial para a logís-tica reversa:O Art. 80 – XII – logística reversa: ins-trumento de desenvolvimento econô-mico e social, caracterizada por um conjunto de ações, procedimentos e meios, destinados a facilitar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos aos seus geradores para que sejam tratados ou reaproveitados em novos produtos, na forma de novos insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, visando a não--geração de rejeitos.

Luiz Eduardo Cheida é médico, deputado estadual e presidente da Comissão de Ecologia da Assembléia

Legislativa do Paraná. Premiado pela ONU por seus projetos ambientais, foi prefeito de Londrina,

secretário de Estado do Meio Ambiente, membro titular do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e

do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

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Desde maio de 1974, quando foi consti-tuída a entidade Itaipu Binacional, o ob-jetivo maior do Brasil e do Paraguai era

a produção de eletricidade. E assim foi erguida uma fortaleza de ferro, rocha e concreto que tem na água, armazenada em um reservatório com 1.350 km², sua força motora para gerar a energia de qualidade que sustenta 18% do Bra-sil e mais de 90% do Paraguai. Naquela época, já havia alguma preocupação com a questão ambiental, mas nada que alcançasse a dimen-são da problemática, cada vez mais crescente a partir da década de oitenta.

Hoje, quase 40 anos depois, às vésperas da conferência Rio+20, a situação do planeta terra é outra: estamos diante da maior crise socioambiental da história da humanidade. As mudanças climáticas, o aquecimento glo-bal, as novas epidemias, a crise da água e os desastres climáticos podem ser o sinal de um futuro em que, se nada for feito, será inviabili-zada a vida no planeta.

A conferência Rio 92, quando 117 chefes de Estado se reuniram para discutir ideias de desenvolvimento sustentável, foi um marco – apesar da falta de resultados concretos. Ago-ra, as esperanças se renovam. O Brasil será palco – por força de uma ação forte e articu-lada do então presidente Lula, em 2009, na ONU – da maior conferência socioambiental de todos os tempos, a Rio+20.

Para Achim Steiner, subsecretário-geral da ONU e diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNU-MA), a “Rio+20 poderá marcar um ponto de virada nos assuntos globais, um momento em que a estabilidade ambiental será trans-formada em realidade”. A ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira, reforça: “Esta é uma conferência que não está presa ao pas-sado. Ela olha para o futuro”.

Soluções Sustentáveis

Iniciativa da Itaipu Binacional prova que é possível unir desenvolvimento econômico com produção de energia, atenção social e cuidado com meio ambiente

Rio+20: A Mudança Necessária

Empresas públicas ou privadas que quei-ram sobreviver num futuro muito próximo te-rão que avançar – e muito – na responsabili-dade social e ambiental. A transição para uma economia verde, a erradicação da pobreza e o fortalecimento da governança global para o desenvolvimento econômico, ambiental e so-cial têm que virar prioridade central dos esfor-ços internacionais da sustentabilidade.

Consciente desses novos paradigmas, a Itaipu, em 2003, incorporou à sua missão ins-titucional a sustentabilidade, o cuidado com o meio ambiente e com as pessoas de forma participativa e mobilizadora. Foi assim que a maior hidrelétrica do mundo em geração de energia tornou-se também a promotora, jun-to com seus inúmeros parceiros, de um dos mais abrangentes programas de cuidado com a água, o solo, o ar, a vida e a sustentabilida-

Cultivando Água Boa

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Hoje, o Cultivando Água Boa contempla 20 programas e 65 ações fundamentadas em alguns dos principais documentos planetários: a Carta da Terra, a Agenda 21, os Objetivos do Milênio, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabili-dade Global, Políticas Públicas do Governo Fe-deral e o Plano Nacional de Recursos Hídricos.

Hoje, depois de oito anos, mais que um programa, o Cultivando Água Boa cada vez mais se transforma num movimento pela sus-tentabilidade, num contexto de novas iniciati-vas, partindo de outras esferas de governo e de organizações não governamentais, além de oportunas propostas, como a Plataforma Itaipu de Energias Renováveis e o Pacto Glo-bal/Relatório de Sustentabilidade.

São vários os resultados e impactos de-correntes do programa: a preservação dos re-cursos hídricos, com proteção e recuperação de nascentes nas cabeceiras dos rios e cór-regos da região e implantação, recuperação e proteção da vegetação e matas ciliares dos rios é um dos mais importantes, bem como a diminuição da poluição das águas, com o con-trole da erosão do solo cultivado, através da aplicação de técnicas adequadas de plantio direto, terraceamento, adequação de estra-das, instalação de abastecedouros comunitá-rios para os equipamentos agrícolas e destina-ção adequada dos efluentes.

De catadores de materiais recicláveis a pescadores artesanais, passando por as-sentados, comunidades indígenas e jovens

Resultados globais

de em desenvolvimento no Brasil: o Programa Cultivando Água Boa.

Tendo como ancora a água, mas com vi-são sistêmica e vitalidade comunitária, respei-tando a unidade de planejamento da natureza que é a bacia hidrográfica, o programa busca a recuperação de cada microbacia da Bacia do Rio Paraná 3; realiza gestão participativa, com total envolvimento dos atores sociais; estabelece conexões globais e ações locais; age firmemente junto a segmentos social e economicamente vulneráveis; promove justiça social; constrói a cultura da água; estimula a ética do cuidado (“quem ama, cuida”); fomen-ta um novo jeito de ser/sentir, viver, produzir e consumir; aviva a construção da solidariedade entre as pessoas e delas com a natureza. En-fim, co-edifica os valores da sustentabilidade.

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carentes, milhares de pessoas tiveram suas vidas beneficiadas pelas ações do programa, com o fornecimento de infraestrutura para os catadores, a introdução da aquicultura em tanques-rede, assistência técnica em diver-sos projetos e apoio na formação de coope-rativas. Com a criação de 14 associações de produtores orgânicos, pesquisa, apoio técni-co, capacitação, produção e comercialização de produtos orgânicos, o programa também ajudou a gerar renda para 1.100 famílias de agricultores.

A Itaipu também vem apoiando o desenvol-vimento da economia verde, particularmente com as tecnologias trabalhadas pela Platafor-ma Itaipu de Energias Renováveis, que faz de dejetos e de lixo – grandes geradores de meta-no, causador do efeito estufa –, uma fonte de energia, saindo de um grave passivo ambiental para uma solução com valor econômico.

“Temos aqui um laboratório a céu aberto em que existem sinais muito evidentes e po-sitivos de uma economia verde e, ao mesmo tempo, de cuidado e atenção com o segmen-to social economicamente fragilizado”, avalia Nelton Friedrich, diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu Binacional. “É a nos-sa região dando uma contribuição para uma questão que é global”, diz.

Tão logo a Rio+20 foi anunciada pela Or-ganização das Nações Unidas, a Itaipu partiu para um engajamento efetivo no evento. Além de a empresa ter participado da Conferência Preparatória para a Rio+20, em Nova York, em janeiro de 2011, o diretor-geral Jorge Samek está constituindo o Comitê Gestor Itaipu – Rio +20, para melhor articular as ações da bina-cional com olhar na Conferência.

Para Friedrich, a empresa, com suas diver-sas ações no Oeste do Paraná, vem atuando diretamente nos temas que serão abordados

na Rio+20. “É nossa forma de contribuir para a sustentabilidade nesse ‘pedaço do planeta’. Sintonizados com as esperanças realimenta-das pela Rio+20, estamos inserindo na agen-da de atividades do programa o sentido e os conteúdos desse evento, como, por exemplo, as mais de 13 mil pessoas que já participaram das caminhadas e jornadas preparatórias nas cidades em que atuamos”, explicou.

Para Friedrich, o mais importante é que a Rio+20 resulte em metas e compromissos. “Se tivermos apenas enunciados, será mais

uma frustração. Precisamos saber quem fará o quê e quando”. O diretor avalia ainda que a Rio +20 será uma oportunidade de consta-tar o quanto o CAB tem de ações na linha dos dois temas centrais da conferência e de prota-gonismo de mudanças e transformações nos comportamentos e atitudes.

Ação para a mudança

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A Ararinha Azul é um dos pássaros mais belos da fauna brasileira. Sua plumagem estonteante, em conjunto com a cauda e

as asas alongadas, formam um belo exemplar raríssimo no país. Literalmente, raríssimo.

Hoje a espécie não existe mais na natu-reza. Apenas em cativeiro e precisa de uma ação intensa do governo e da sociedade para reintroduzi-la de volta ao seu ambiente natu-ral. Essa foi apenas uma das constatações do Atlas da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção em Unidades de Conservação Fede-rais, produzido pelo Instituto Chico Mendes.

A pesquisa contém mais de 1.300 regis-tros sobre as 314 espécies de animais em estado de risco no Brasil. O trabalho teve a participação de cerca de 130 pessoas, en-tre pesquisadores dos Centros de Pesquisa e Conservação do Instituto Chico Mendes, gestores de Unidades de Conservação, pes-

quisadores externos, entre outros. O objetivo do material foi avaliar se 100%

das espécies ameaçadas estão efetivamente conservadas em Áreas Protegidas. “O grande ponto positivo foi descobrir que apesar das Unidades de Conservação nunca terem sido planejadas com o objetivo de cobrir 100% das espécies ameaçadas, 63,7% tem registro de ocorrência de espécies ameaçadas. Já, como ponto negativo, descobrimos que ain-da 49,4% das espécies não tem registro em UCs, o que nos leva a necessidade de inves-tir na identificação das melhores áreas para protegê-las, explica Ugo Versillo, coordenador do Instituto Chico Mendes.

O estudo apontou ainda quais as regi-ões mais críticas do Brasil quando se refere à preservação. “Em termos comparativos o pampa (comum na região do Rio Grande do Sul) é o bioma com menor proteção das

espécies ameaçadas por Unidade de Con-servação. A mata atlântica continua sen-do preocupante, pois apesar de existirem inúmeras UCs na região o bioma é muito degradado e, portanto, apresenta a maior concentração de espécies ameaçadas do país. Já o Pantanal e Amazônia estão numa situação melhor em virtude de existirem menor número de espécies ameaçadas nestes locais”, salienta Versillo.

As espécies ameaçadas mais encontra-das em Unidades de Conservação foram a onça-pintada, localizada em 59 UCs, seguida da jaguatirica, com ocorrência em 45 UCs e o lobo-guará, em 39 UCs.

O Instituto Chico Mendes pretende conti-nuar os trabalhos de pesquisa e já está am-pliando essas informações para atualizar um novo mapa sobre as espécies nas Unidades de Conservação.

Caso mais crítico é o da Ararinha Azul, espécie que não existe mais na natureza

Educação

Atlas mapeia espécies ameaçadas de extinção no Brasil

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Mônica Venson

Duas representantes do governo francês e dois pesquisadores do Maranhão estiveram na cidade para conhecer o

programa da Sanepar que transforma o gás metano, subproduto do tratamento de esgoto, em energia elétrica.

O projeto desenvolvido pela empresa já foi visitado por mais de 400 pessoas, entre pesquisadores brasileiros, representantes de empresas de saneamento e de energia elétri-ca, missões governamentais e empresariais da África do Sul, Áustria, Costa Rica, Congo, Estados Unidos, Honduras, Itália, Japão, Mo-çambique, e Tanzânia, tornando-se referência na produção de energias renováveis.

A missão francesa, composta pela biólo-ga Emanuelle Durant e a engenheira florestal Valerie Borroni, veio ao Paraná para conhe-cer as experiências do Estado na produção de energias renováveis. Valerie, que é espe-cialista em biomassa, disse que o processo desenvolvido na geração de energia é muito interessante. Ela também ficou impressiona-da com o processo de tratamento do lodo

Programa de Energia Renovável é referência nacional e internacionalNo início de junho a Estação de Tratamento de Esgoto Ouro Verde, em Foz do Iguaçu, recebeu mais dois grupos de pesquisadores em energias renováveis.

Energia Renovável

de esgoto, transformado em biossólido e destinado à agricultura. As francesas são de Rhône-Alpes, na região de Lion, e integram o programa de Cooperação Técnica entre o Paraná e o estado francês.

Dois pesquisadores do Maranhão tam-bém foram a Foz do Iguaçu para conhecer o programa desenvolvido na ETE Ouro Verde. Ana Maria França Cutrim e Daniel Rocha Pe-reira desenvolvem pesquisas no setor de ener-gias renováveis. Para Pereira, a empresa está inovando no setor de energias renováveis.

Energia Limpa O programa de geração de energia a par-

tir do gás metano (subproduto do tratamento de esgoto) foi implantado pela Sanepar em Foz do Iguaçu, em 2008, com a instalação da unidade piloto de energia da ETE Ouro Verde. Atualmente a estação produz a cada 30 dias o suficiente para atender a demanda de energia elétrica de cinco residências por mês.

Mônica Venson é jornalista

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Thays Renata Poletto

A preocupação mais aparente é do con-sumo de alimentos com níveis excessi-vos de agrotóxicos, mas com a relação

estreita que há entre tudo o que chamamos de “natureza”, o problema da contaminação por pesticidas ganha as mesmas dimensões da escassez de recursos naturais como o pe-tróleo e a água.

Na Companhia de Saneamento do Paraná – Sanepar, um trabalho contínuo de aproxi-mação com o tema ambiental tem sido feito. Dele, fazem parte muitas ações com grupos de produtores, especialmente através dos empre-gados que atuam como agentes ambientais. Essa atuação ajuda a sensibilizar sobre a qua-lidade da água e a responsabilidade de cada um no cuidado e na preservação ambiental. As atividades, que incluem fortemente o trabalho de representantes da Sanepar nos grupos de gestores de bacias, alertam para a urgente reflexão sobre os impactos da poluição por agrotóxicos. Em 2005, pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já

apontava que o uso de agrotóxicos era a se-gunda causa de contaminação da água no país, depois do despejo de esgoto doméstico e antes do lixo disposto inadequadamente.

É de uma mudança de atitude com rela-ção aos agrotóxicos que precisamos. A falta de informação, consciência e respeito ao meio ambiente aliada ao ritmo alucinante de busca de produtividade e lucro leva agricul-tores a dispensar veneno no solo e em cor-pos d’água. E há uma longa e imensa fileira de outros profissionais a contribuir com essa bola de neve. Não é só do agricultor a respon-sabilidade. É de quem produz o defensivo, de quem não instrui os trabalhadores rurais so-bre sua aplicação e riscos, de quem financia pesquisas superficiais e sem compromisso com o futuro, de quem não fiscaliza a aplica-ção do produto ou o retorno das embalagens, de quem se nega a investir em sistemas alter-nativos de produção agrícola que dispensam agrotóxicos ou reduzem seus impactos, de quem desperdiça comida... E nessa última modalidade “estamos” muitos de nós, aqui e agora, leitores deste texto.

Como em tantos outros casos, também com relação aos agrotóxicos, os danos cau-sados hoje ao meio ambiente e à saúde hu-mana ficam pendurados na conta das próxi-mas gerações, que estarão sempre a pagar o mais alto preço da recuperação daquilo que poderíamos ter preservado. Haverá mesmo como pagar essa dívida amanhã? Qual é a moeda que o tempo cobra?

Talvez seja possível remediar alguns pro-blemas, como faríamos com alguém que, ime-diatamente após ter ingerido um alimento com níveis excessivos de agrotóxico, tenha passado mal. Mas como remediar o problema de al-guém que consumiu, durante anos, vários pro-dutos contaminados e, hoje, está doente sem que se apresente um documento confirmando esse consumo e essa relação causa-efeito? O descompromisso com o futuro nesta socieda-de arrasta a dívida para quem ainda nem nas-ceu. Pendura. Fica para amanhã.

Bom mesmo seria se a mãe-natureza pu-desse pregar a placa: fiado, só amanhã.

Thays Renata Poletto é jornalista

Saúde

Desenvolvidos para exterminar vidas, os agrotóxicos serviram como arma química na primeira e segunda guerras mundiais, depois passaram a ser usados no controle de pragas na agricultura. Desde que surgiram, são a causa de uma grave, silenciosa e permitida contaminação ambiental.

Poluição por agrotóxicos: fiado, só amanhã

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Rasca Rodrigues

O uso inadequado e exagerado de agro-tóxicos nas plantações é responsável pelos altos índices de intoxicação ve-

rificados entre os produtores e trabalhadores rurais. Além disso, ele provoca a contamina-ção dos alimentos consumidos pela popula-ção e causa a perda da biodiversidade.

Para se ter idéia, uma pesquisa da Uni-versidade Federal de Mato Grosso (UFMT) coletou leite de 62 mulheres, no município de Lucas do Rio Verde, para avaliar a situ-ação dos agrotóxicos. Todas elas apresen-taram taxas elevadas de agrotóxico no leite materno. Algumas até com seis tipos de ve-nenos diferentes.

Nesse quadro, os agrotóxicos já ocupam o quarto lugar no ranking de intoxicações, fi-cando atrás apenas dos medicamentos, aci-dentes com animais peçonhentos e produtos de limpeza. Essas fórmulas podem causar distúrbios neurológicos, respiratórios, cardí-acos, pulmonares e no sistema endócrino,

ou seja, na produção de hormônios. No Brasil o consumo de agrotóxicos

cresce de forma correspondente ao avan-ço do modelo do agronegócio, que concen-tra a terra e utiliza grande quantidade de venenos para garantir a produção em es-cala industrial.

Mas é possível mudar este modelo de produção e reduzir o uso de agrotóxicos no país. Diversos estudos de empresas brasilei-ras garantiram o desenvolvimento de novas tecnologias que proporcionam a correta co-locação do produto no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica e com o mí-nimo de contaminação de outras áreas.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária (Embrapa), por exemplo, desen-volveu o bocal eletrostático para pulveriza-dores, um equipamento que reduz o uso de agrotóxicos em plantações. A Embrapa Meio Ambiente adaptou-o em pulverizadores mo-torizados e, em testes realizados na cultura de tomate estaqueado, demonstrou que a nova tecnologia aumenta 19 vezes a depo-

sição de agrotóxicos nas plantas e reduz em 13 vezes a contaminação dos aplicadores.

Ou seja, é possível mudar este modelo de consumo que causa danos ao meio am-biente e a sociedade. Esta por sua vez, está cada vez mais consciente quanto às conse-qüências do uso de agrotóxicos nas planta-ções. Uma prova disso é a crescente busca pelos produtos orgânicos.

Dentro deste novo cenário a agricultura orgânica e a agroecologia ganham força. O mercado de orgânicos movimenta cerca de US$ 40 bilhões (R$ 89,2 bilhões) ao ano, no mundo. Ou seja, a busca por uma produção sustentável e alimentação saudável é cres-cente e não encontra barreiras.

No Paraná participamos da implemen-tação de algumas ações direcionadas a redução dos níveis de contaminação pelo uso e armazenamento de agrotóxicos. Em 2003, o Estado ocupava a 9ª colocação no ranking nacional de recolhimento de emba-lagens de agrotóxicos.

Com o lançamento de campanhas – em

Saúde

O perigo do uso indiscriminado dos agrotóxicosO Brasil, infelizmente, é o líder mundial de uso de agrotóxicos. Somente em 2010 foram jogados nas lavouras do país mais de um bilhão de litros de veneno, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola.

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parceria com o Instituto Nacional de Reco-lhimento de Embalagens Vazias (Inpev) - ex-plicando a importância da tríplice lavagem para o recolhimento, garantimos o aumento nos índices de devolução. Em 2009, o Para-ná já ocupava destaque no cenário mundial entre os que mais recolheram embalagens usadas de agrotóxicos.

Além disso, os estoques de Hexabenzeno de Cloro (BHC) - agrotóxico proibido há mais de 20 anos – estão com os dias contados no Paraná. Em 2009, lançamos uma campanha inédita para recolher e destinar adequada-mente este produto que ainda pode ser en-contrado em propriedades rurais no interior do Estado. O BHC, ao entrar em contato com a pele, tem efeito cumulativo, causando da-nos irreversíveis. Já para o meio ambiente, entrando em contato com o solo, pode conta-minar a terra por mais de 100 anos.

O pontapé inicial aconteceu no municí-pio de Mandaguaçu, de onde foi retirada a primeira, contendo 14 toneladas do produto armazenado em 20 propriedades rurais.

Vale lembrar, que só estamos conseguin-do eliminar este passivo ambiental graças ao apoio dos Sindicatos Rurais, Coopera-tivas, técnicos, produtores e apoio legal do Projeto de Lei - aprovado pela Assembléia Legislativa do Paraná.

Também como parte da campanha, lan-çamos o ‘Manual de Orientação para Acon-dicionamento, Transporte e Destinação do BHC e Agrotóxicos Obsoletos e Proibidos’, elaborado pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMA) para orientar a maneira correta de manipular os agrotóxicos.

Com isso, esperamos uniformizar no Pa-raná os procedimentos de redução na aplica-ção, retirada e incentivo a agricultura susten-tável, garantindo aos produtores rurais a não manipulação desses produtos perigosos, o que irá preservar a saúde do agricultor e evitar danos irreversíveis ao meio ambiente.

Rasca Rodrigues é deputado estadual pelo PV, vice-presidente da Comissão de Ecologia e Meio

Ambiente da Assembléia Legislativa e ex-secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná.

Você sabia?Os agrotóxicos já ocupam o quarto lugar no ranking de intoxicações, ficando atrás apenas dos medicamentos, acidentes com animais peçonhentos e produtos de limpeza.

Alimentos com alto índice de agrotóxico

Dados de 2009 da Anvisa

Pimentão

64,36%

Morango

36,05%

Uva

32,67%

Cenoura

30,39%

Alface

19,08%

Tomate

18,27%

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Da Rua Bom Jesus para a

Torre Eiffel

De Paris - Jaime Lerner já não sabe o que é mais difícil: trazer uma fábrica de carros franceses para o Paraná ou levar um só carrinho de fabricação própria para rodar em Paris. Nos dois casos, no entanto, conseguiu seu intento. A fábrica da Renault mostrou a que veio e com o seu Dock Dock de fundo de quintal o arquiteto realizou mais um dos seus sonhos: “Santos Dumont passou por cima da Torre Eiffel. Eu vou passar por baixo.”

Inovação

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Dante Mendonça

Dumont era o brasileiro voador. Lerner é o arquiteto sonhador: encaixotou o carrinho de 1,70m de comprimento,

1,20m de largura traseira e 1m de largura dianteira, e veio ao Velho Mundo mostrar o seu brinquedo de gente grande. Primeiro passou por Berlim, onde fez a Porta de Bran-demburgo “girar em torno do Dock Dock”, e na tarde de ontem fez a Torre Eiffel olhar com carinho e simpatia o veículo para trans-porte individual, mas sem o conceito de pro-priedade privada.

Com alimentação elétrica na “doca” (daí o dock), o compacto é movido a energia lim-pa e destinado a cobrir pequenas e médias distâncias dentro do território da cidade, em pontos estratégicos como terminais de transporte coletivo e endereços de serviços, cultura e comércio.

Com a concepção de Jaime Lerner e o design de Emílio Mendonça, até o ano que vem ainda veremos milhares de “jaiminhos” girando pelas vias lentas do sistema trinário de Curitiba, o que vai alcançar praticamen-te a cidade inteira. Bem mais em conta que os carros tradicionais (“aqueles feitos para quatro bundas, mas que carregam apenas uma”) o Dock Dock foi concebido para fun-cionar mediante pagamento de tarifas con-forme o tempo de uso, via cartão magnético a ser comprado pelo usuário. Ou até mesmo de graça, conforme o objetivo do sistema. Após o uso, pode ser estacionado em qual-quer estação do sistema.

Junto à Prefeitura de Paris (Hôtel de Ville), um dia antes de passar por baixo da Torre Eiffel com o Dock Dock, Jaime Lerner atendeu a um telefonema do Brasil:

- Onde você está, Jaime?- Estou indo para a Torre Eiffel. Vou me

jogar lá de cima!À sua procura estava o escritório do arqui-

teto na rua Bom Jesus, em Curitiba, também em busca do paradeiro de um componente elétrico que, por ter queimado em Berlim, pre-cisou ser enviado pela HDL Transportes.

Lerner não precisou se jogar da Torre Eiffel (apesar da HDL, a peça chegou aos 46 minutos do segundo tempo) e o Dock Dock fez a sua festa em Paris, rodou no alto do Trocadero, e Pierre Mansat, assessor eleito de Relações Metropolitanas do pre-feito de Paris Bertrand Delanoë, passeou em torno do Hôtel de Ville feito uma criança com brinquedo novo.

No final da tarde, para comemorar, o Dock Dock foi para a frente do Les Deux Ma-gots, lendário café de Paris onde as pessoas sentam-se para ver, seja gente, seja cachor-ro, sejam cenas insólitas do cotidiano. Paris sempre é uma festa, inclusive para quem veio da rua Bom Jesus!

Dumont era o brasileiro voador. Lerner é o arquiteto sonhador: encaixotou o carrinho de 1,70m de comprimento, 1,20m de largu-ra traseira e 1m de largura dianteira, e veio ao Velho Mundo mostrar o seu brinquedo de gente grande. Primeiro passou por Berlim, onde fez a Porta de Brandemburgo “girar em

torno do Dock Dock”, e na tarde de ontem fez a Torre Eiffel olhar com carinho e simpa-tia o veículo para transporte individual, mas sem o conceito de propriedade privada.

Com alimentação elétrica na “doca” (daí o dock), o compacto é movido a energia lim-pa e destinado a cobrir pequenas e médias distâncias dentro do território da cidade, em pontos estratégicos como terminais de transporte coletivo e endereços de serviços, cultura e comércio.

Com a concepção de Jaime Lerner e o design de Emílio Mendonça, até o ano que vem ainda veremos milhares de “jaiminhos” girando pelas vias lentas do sistema trinário de Curitiba, o que vai alcançar praticamente a cidade inteira. Bem mais em conta que os carros tradicionais (“aqueles feitos para qua-tro bundas mas que carregam apenas uma”) o Dock Dock foi concebido para funcionar mediante pagamento de tarifas conforme o tempo de uso, via cartão magnético a ser comprado pelo usuário. Ou até mesmo de graça, conforme o objetivo do sistema. Após o uso, pode ser estacionado em qualquer es-tação do sistema.

Junto à Prefeitura de Paris (Hôtel de Ville), um dia antes de passar por baixo da Torre Eiffel com o Dock Dock, Jaime Lerner atendeu a um telefonema do Brasil:

- Onde você está Jaime?- Estou indo para a Torre Eiffel. Vou me

jogar lá de cima!À sua procura estava o escritório do arqui-

teto na rua Bom Jesus,em Curitiba, também em busca do paradeiro de um componente elétrico que, por ter queimado em Berlim, pre-cisou ser enviado pela HDL Transportes.

Lerner não precisou se jogar da Torre Ei-ffel (apesar da HDL, a peça chegou aos 46 minutos do segundo tempo) e o Dock Dock fez a sua festa em Paris, rodou no alto do Tro-cadero, e Pierre Mansat, assessor eleito de Relações Metropolitanas do prefeito de Paris Bertrand Delanoë, passeou em torno do Hôtel de Ville feito uma criança com brinquedo novo.

No final da tarde, para comemorar, o Dock Dock foi para a frente do Les Deux Ma-gots, lendário café de Paris onde as pessoas sentam-se para ver, seja gente, seja cachor-ro, sejam cenas insólitas do cotidiano. Paris sempre é uma festa, inclusive para quem veio da Rua Bom Jesus!

Dante Mendonça é cronista, cartunista e escritor e essa matéria foi extraída da edição de 26 de maio do

site parana-online.com.br

O que é Dock Dock

O carro Dock Dock foi criado em 2009, pelo ex-prefeito

de Curitiba e ex-governador, Jaime Lerner, que é arquiteto

e urbanista. O objetivo foi criar uma solução diferente para desafogar o trânsito. O dock dock é uma carro

elétrico em fase de protótipo que atinge até 20 quilômetros

por hora e é indicado para pequenos e médios

deslocamentos. Os usuários poderiam alugá-lo em um

dos terminais mais próximos de ônibus e devolvê-lo em

qualquer estação, pagando com o cartão de crédito.

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Não há contrasenso em afirmarmos que o planejamento é uma necessidade em todas as áreas da atividade humana e que, quanto mais complexas e organizadas as estruturas sociais, maior a importância do saber planejar.

Objetivamente, planejar está ligado à capa-cidade de analisar uma determinada realidade, refletir sobre as condições materiais e imate-riais nela existentes e prever formas alternativas de ação para alcançar objetivos desejados ou superar dificuldades. Portanto, o planejamento, independente de sua complexidade, envolverá sempre as possibilidades individuais ou coleti-vas de análise, reflexão, previsão e desenho de sua produção. Esses fatores estão intimamente ligados ao momento histórico de determinada sociedade e, de uma forma geral, todo processo civilizatório, de tempos imemoriais até a presen-te data, nos apresentam seus legados através de suas formas e possibilidades de planejar e executar o que foi planejado.

É fundamental entendermos que todo pla-nejamento incorpora a elaboração de um plano, com estratégias definidas, para a transforma-ção do processo mental em material, sem o qual uma idéia ou um sonho não superam o campo da abstração.

Todos os planos necessitam responder a questões fundamentais como: o que pretende-mos realizar, como fazer, quem fará, quando fará, como devemos analisar e verificar se o que pretendemos foi atingido e, se for o caso, como será sua continuidade. Assim, o plano pode ser considerado a culminância do processo de pla-nejamento e incorpora sua estratégia de conclu-são, implementação e monitoramento.

Quando vários planos convergem a uma visão considerada comum, e necessitam inte-grar-se para que sejam potencializados seus resultados, o instrumento que possibilita esta integração é a agenda. Apesar de mais conhe-cida por todos nós como sendo um instrumento de organização individual, onde estruturamos nossas vidas diárias em forma de planejamen-to de ações, o conceito de agenda extrapola em muito esta escala individual.

Podemos encontrar assim agendas interna-cionais, agendas de nações, de regiões, de cida-des, de localidades, de entidades, de famílias e de indivíduos que nos servem de base para a elaboração de análise histórica das relações sociais de forma bastante profunda.

Longe da intenção de simplificar a aná-lise da história das civilizações humanas, podemos concordar para o melhor enten-dimento de nossa matéria, que todas as estruturas sociais formularam agendas e construíram-na através de diferentes formas e capacidades de planejamento.

Considerando que agendas são passí-veis de revisões, implementações e monito-ramentos numa determinada linha de tem-po, portanto objeto e sujeito vivo, elas estão

sempre relacionadas ao nascimento, apo-geu e colapso das estruturas e superestru-turas sociais e através desta movimentação da história podemos entender as diferentes agendas elaboradas em seu transcurso des-de a comunidade primitiva até o capitalismo moderno.

Como a base das relações de produção do regime da comunidade primitiva era a propriedade social, toda a agenda de ações estava focada na partilha de bens e no forta-

Planejamento e Agenda

Agenda

Agendas e Civilização Estrutura e Superestrutura

Planejamento Ambiental

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Agenda O século XX foi um século de agendas contraditórias em franca oposição e luta.

No palco da história, presenciamos o apogeu e decadência do modelo imperia-lista colonialista Europeu, focado numa agenda de superexploração dos recursos humanos e naturais de suas colônias. Vi-vemos as crises financeiras e a ascensão do capitalismo multinacional, transferido seu centro para os Estados Unidos da América após a segunda guerra mundial. Os mesmos padrões de superexploração mundial em atividades econômico-finan-ceiras ultratecnológicas

Vimos o planeta dividido em blocos, o capitalismo, as revoluções socialistas, a ci-ência voltada para guerra e para a beleza do cosmos, a obscuridade e a iluminação, a psicanálise e a física quântica em con-traposição a miséria humana, a fome e a exploração. O entendimento complexo, e o marketing, a relatividade e a energia atô-mica recriada em bomba.

Em meio a uma agenda de guerras, de ocupação forçada de territórios e de matéria prima, territórios geográficos ou culturais, a agenda do século XX, ao mesmo tempo em que planejou os maio-res holocaustos, vistos agora pelas lentes cinematográficas, planejou também sua contracultura.

Enquanto nossa cultura predominante-mente cartesiana, iluminista, nos conven-cia de que podíamos dominar a natureza, inclusive a nossa própria, e nos fornecia incontáveis instrumentos de auto-engano para manter-nos convencidos disso, as evidências de que esse domínio está mui-to longe de ser tão completo ficavam mais claras e científicas.

A “idéia de progresso” da modernida-de se desfazia com a mesma velocidade

Uma percepção diante dos desafios para o Rio+20

lecimento da “gens” ou tribo. O aperfeiçoa-mento das ferramentas e dos instrumentos que permitiram levar a bom termo as ativi-dades de agricultura, pastoreio e produção artesanal fez surgir a família cada vez mais afastada da estrutura tribal e a propriedade converte-se, da genes social a propriedade privada constituindo planejamento e agenda de uma nova formação econômica baseada na produção de excedente e na acumulação de bens materiais e principalmente com a

Quando a escravidão passa a ser a for-ma dominante das relações de produção, o regime da comunidade primitiva desapare-ce. Da transição da primeira agenda escra-vagista para a feudal onde o senhor prescin-

de do escravo pelo servo a agenda passa a priorizar o planejamento de novas formas de produção aprimorando o extrativismo, as manufaturas, o transporte, a organização das cidades e a conquista de terras. Se na primeira fase do feudalismo a economia é predominantemente natural, a situação se modifica bruscamente quando a troca e o dinheiro adquirem importância incisiva na economia. A nova classe apresenta uma nova agenda e o capitalismo assume o mo-vimento da história.

Ao mesmo tempo, o capitalismo sem-pre revelou o caráter contraditório de sua própria agenda: o caráter social da produ-ção e sua forma privada de apropriação; a necessidade ilimitada do crescimento das forças produtivas e da exploração dos bens naturais para o lucro e os limites des-tes bens naturais; os limites de produção e consumo exacerbado e do desperdício e a imposição de condições de miséria e de fome a milhares de seres humanos impos-sibilitados de consumir.

Como síntese a essas contradições, em especial em resposta aos anseios de uma nova classe social que ascendia, o proleta-riado, fica estabelecida uma nova agenda que inicia sua estratégia de poder no século XVIII e que se estende até os momentos atu-ais. Uma agenda socialista.

Cabe reafirmar, devido a importância do debate sobre a construção de uma agenda para o século XXI que, desde convertida a propriedade coletiva em propriedade priva-da dos meios de produção e da formação de classes sociais distintas, as agendas refletem as lutas entre essas classes na busca da hegemonia, sejam nas disputas pelo poder econômico, suas estruturas po-líticas e jurídicas, e no campo da cultura e de contracultura.

Qualquer análise que não utilize este cri-tério provém e nos leva a uma fragmentação forçada do conhecimento e típica de uma visão de neutralidade do processo de plane-jamento e construção de agendas.

Uma Agenda para o Século XXI

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em que formulávamos a natureza do pensa-mento complexo, a compreensão da visão sistêmica e da estrutura de redes. Pensado-res do século XX trouxeram de volta outros pensadores de todos os séculos que haviam sido apagados de nossos compêndios. Dos princípios herméticos de Toth, aos cabalistas da idade média, dos símbolos e signos dos gregos e alquimistas ao inconsciente coleti-vo, do Tao a Marx e Engels.

A dialética e a dialógica nos mostraram a necessidade da síntese e a impossibilidade dela mesma já que “o último passo da razão é reconhecer que há uma infinidade de coi-sas que a ultrapassam”, que é “impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, assim como conhecer o todo sem conhecer particularmente as partes” e que “a razão isolada, separada da emoção, da intuição e dos sentimentos não passa de um racio-nalismo árido”. (Pascal, Tomás de Aquino e Hermes Trimegistus).

Vivendo a estagnação do velho mundo, nos deparamos com a possibilidade de um novo mundo ser possível e estar em ges-tação. O final do século XX foi o tempo dos grandes tratados em defesa da vida e da Ter-ra. O tempo da visão de que o planeta é um ser vivo e de que todas formas de vida são comunidades de aprendizado. A natureza não está separada do homem, a mente não está separada do corpo e os ecossistemas são correspondentes e se conectam como uma rede viva e vibrante.

Ainda no século XX, diante de um mun-do globalizado de grandes disparidades, integrados pela mais alta tecnologia de co-municação e informação, pela ciência mais avançada de controle de endemias e epide-mias, diante de todas as oportunidades de erradicação da pobreza e distribuição de riqueza, da certeza de poder acabar com a fome através da produção saudável de ali-mentos, de preservar e recuperar a biodi-versidade acontece, em 1992, a primeira Cúpula da Terra.

Governos assinam seus tratados, a so-ciedade impõe os seus. Todos sabedores que os limites estão claros, que o modelo capitalista hegemônico não sustenta o equi-líbrio dos ecossistemas, polui incessante-mente as águas e o ar, esgota a terra com a utilização de padrões de monocultura ex-tensiva utilizando agrotóxicos. Um sistema insustentável, que põem em risco a saúde das comunidades da terra, da vida na terra.

Por outro lado, o contraponto ao capita-

A Agenda 21 não deve ser considerada um documento acabado e sim em processo de permanente construção, e sua influência na forma de planejar, como planejar e o que planejar, justifica o empenho em apresentá--la, discutí-la e implementá-la de forma per-manente em todos os países e locais.

Setores governamentais e algumas ONGs insistem em qualificá-la como um do-cumento ultrapassado, o que denota uma resistência a mudança e interesses corpo-rativos que insistem nas estratégias de pla-nejamento centralizado e burocrático ou de Estado mínimo.

A Agenda 21 se contrapõe a esta visão neoliberal e propõe, em sua essência, que o planejamento seja participativo, descentrali-zado e que respeite e organize as visões e cenários futuros construídos pelas comuni-dades locais. Propõe a organização local, se-

lismo internacional, o socialismo soviético, não apresentou agenda alternativa . De for-ma contrária, nascido com a visão produti-vista, ecologicamente desequilibrada, adver-so a revolução permanente e a democracia socialista, com suas bases e ideais estrutu-rados na industrialização poluente e em uma agenda de poder centralizado e burocrático o socialismo soviético reacionário desmoro-na e o capitalista, mais forte do que nunca cumpre seu papel hegemônico.

Mesmo diante do impasse, uma Agenda para o século XXI deve apresentar propostas claras para o planejamento integrado do que foi chamado de desenvolvimento sustentá-vel.

Apesar desta agenda não definir qual modelo econômico a suporta, todos os mo-delos a serem pensados e desenvolvidos de-vem, a partir daí, ser ecológicos.

Trata-se de uma influência profunda e importante, a da Agenda 21, apresentando a todas as nações pela primeira vez, princí-pios e caminhos para planejarmos e imple-mentarmos do global ao local e vice versa, a mudança de paradigma necessária ao novo século. De um modelo predatório, que insis-te em artificializar suas relações naturais para um modelo que equilibre as dimensões econômica, social, cultural e ecossistêmica ou ambiental.

Agenda 21 é processo e não produto

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Em relação a esse aspecto, não há dú-vidas de que os desafios de uma agenda ecossistêmica (neste caso uma agenda para o desenvolvimento considerado sus-tentável) trata de sua implementação e monitoramento.

A Agenda 21, neste sentido, carece da avaliação e monitoramento de resultados al-cançados nas últimas duas décadas, desde a sua formulação para a Primeira Conferência das Nações Unidas Para o Desenvolvimento e o Meio Ambiente, a Rio 92. As condições necessárias ao monitoramento destes avan-ços, dependerá da construção de indicado-res relacionados ao desenvolvimento susten-tável em suas diversas escalas.

Alguns países, principalmente os Euro-peus e o Canadá avançaram na elaboração destes indicadores, mas não necessaria-mente cumpriram suas agendas nacionais e locais e longe de serem processos parti-cipativos mantém os padrões de planeja-mento centralizado, governamental ou não governamental.

Outros países, incluindo o Brasil, apesar de não possuírem um rol de indicadores de sustentabilidade, específicos e integrados, cumpriram metas fundamentais apresenta-das na Agenda 21 e tem muito o que contri-buir durante o Rio+20.

Devemos avançar na percepção de que uma agenda não é produto e sim um pro-cesso com inúmeros resultados planejados, implementados e monitorados permanen-temente, e que abandonar as propostas das agendas 21 global, nacional e locais, substituindo-a por um debate fragmentado sobre mudanças climáticas, ou economia verde, será uma perda de oportunidade, um retrocesso histórico que levará uma grande parte da civilização humana a fome a sede e a toda sorte de injustiças ambientais e a paralisação total do processo produtivo.

A Rio+20 tem um papel histórico de avaliar e monitorar os resultados do planeja-mento proposto pela Agenda 21 e incluir, em seu monitoramento, temas relevantes como os propostos pelas Nações Unidas como a Economia Verde e as novas estruturas de

Governança. Do Local ao Global e do Global ao Local. Empoderando os povos pela defe-sa da vida, da multiculturalidade e no debate sobre um novo sistema econômico que apre-sente alternativas ao capitalismo.

Mas não está me parecendo que os go-vernos ou as ONGs sejam protagonistas nes-te processo de formulação, até porque estão cada vez mais organicamente ligados ao sistema hegemônico. Os movimentos sociais mundiais e altermundialistas com certeza o farão e são a grande esperança da nova Cú-pula dos Povos em 2012.

Para que haja alguma mudança que não se limite à retórica, e aí é que se encontra o grande desafio, é indispensável que se aposte numa mudança de modelo “mental”, que sabemos que só se concretizará a partir uma mudança nas relações de produção. Ao mesmo tempo em que uma transformação social só poderá ocorrer historicamente a partir do processo de transformação men-tal e cultural. Compreender este processo e planejar o mundo novo. Elaborar a agenda em defesa da vida.

Voltamos-nos assim a necessidade de mobilização e de trabalho em rede, por um novo modo de pensar não mecanicista e não hierárquico que permita acreditar que outro mundo é possível apesar dos cínicos e dos céticos.

O Brasil é o único país do mundo que possui uma Rede Nacional de Agendas 21 Locais que vem apostando no fortalecimen-to de Agendas 21 Locais e na construção da Agenda 21 Global e Brasileira. A Rio+20 é, como já afirmamos, uma oportunidade única.

Por isso, as apostas terão que ser feitas. Negativamente ou positivamente as apostas serão feitas. E como defende a visão e a re-flexão do pensamento ecossistêmico, não apostar sempre no melhor é reconhecer que estamos ausentes da construção de nossas próprias vidas.

Carlos Frederico Castello Branco Membro do Colegiado Nacional da Rede Brasileira

de Agendas 21 Locais - REBALCoord. da Agenda 21 do Estado do Rio de Janeiro

Instituto Estadual do Ambiente

torial, regional e nacional em torno do deba-te sobre o que é ser sustentável, integrando o indivíduo ao ecossistema. e partir daí pla-nejar o desenvolvimento de forma coletiva. Propõe o aperfeiçoamento da democracia representativa para a democracia participa-tiva, o conhecimento integrado e sistêmico, o planejamento integrado.

Contrapondo-se as estratégias neolibe-rais de enfraquecimento do papel do Esta-do, da desorganização social, de agendas fragmentadas, da manutenção de uma eco-nomia baseada no prazer pelo consumo, no desperdício e na ausência de valor na degradação dos ecossistemas e das rela-ções humanas saudáveis, a Agenda 21 nos aponta um novo paradigma e ainda continua extremamente atual, em suas teses para o desenvolvimento ambientalmente harmôni-co e socialmente justo.

Desafios da Agenda 21 - Implementação e Monitoramento Para a Rio+20

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SB - Quais são os principais desafios para o Sindicalismo e para a Classe Trabalhadora hoje?Francisco - Primeiramente temos que en-tender que o mundo mudou muito nos últi-mos anos. A globalização tomou de fato for-ma global, as distâncias se encurtaram e o mundo do trabalho mudou radicalmente.

As máquinas e as tecnologias ocupa-ram novos papéis e espaços no processo produtivo, e a função do trabalho e do tra-balhador também se alteraram substan-cialmente.

Antigas lutas e reinvindicações traba-lhistas se esgotaram ou foram atendidas e novas necessidades e reinvindicações geradas. A grande verdade é que o mundo

O eco sindicalismo

Ponto Final

Entrevista com Francisco Rodrigues da Silva Sobrinho, vice-presidente da FETIEP – Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado do Paraná. Vice presidente do STIQFEPAR – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Paraná e diretor técnico do Instituto Adolpho Bauer.

e a realidade são dialéticos, ou seja, não estão parados no tempo, muito pelo con-trário estão permanentemente em profun-da mudança e transformação. Em outras palavras mudou o chão de fábrica, mudou a realidade do mundo dos.

Os próprios trabalhadores estão mais conscientes, organizados e preparados cul-turalmente. Sabem que têm que estudar mais e que precisam se qualificar a todo o momento para enfrentar os desafios do mundo do trabalho. Hoje os trabalhadores e trabalhadoras não lutam mais só por sa-lário e condições de trabalho, lutam tam-bém por cidadania, transparência pública e dignidade. Mas acima de tudo lutam por um mundo melhor e sustentável.

SB - Quer dizer que eles estão percebendo a importância do meio ambiente?Francisco - Tanto as empresas como os trabalhadores descobriram que o planeta está esgotado e que nossa forma de produ-ção e consumo esta falida e provocando a destruição de toda forma de vida na Terra. Neste sentindo, hoje temos que estudar e entender o Eco-sindicalismo. Nós, que sem-pre lutamos pela paz, pela justiça social e pela vida, hoje mais que nunca precisamos lutar pelo meio ambiente e pelo Planeta.

Isto não significa abandonar nossas reinvindicações e plataformas de luta, ali-ás, muito pelo contrário, embora o mundo do trabalho tenha mudado bastante, as re-lações de trabalho mudaram, mas não ne-cessariamente mudaram para melhor.

Os salários ainda são muito baixos, os acidentes e doenças do trabalho se avolu-mam e o assédio e a violência ainda estão dentro das fábricas e empresas, e, além dis-to, toda vez que há uma catástrofe, são os mais pobres, portanto a classe trabalhadora que fica com a parte mais cruel da conta.

Todos sofrem com a destruição ambien-tal e planetária, mas sem dúvida alguma os trabalhadores, ou seja, os mais pobres são os que sofrem mais.

Neste sentido entendemos que os Sin-dicatos têm que participar dos movimentos e lutas ambientalistas e se juntarem a go-vernantes e empresários responsáveis para buscar saídas e alternativas à destruição planetária.

Humildemente nosso sindicato tem buscado dar sua cota de contribuição. Ações como a criação do Instituto Adolpho Bauer, da Revista SUSTENTA BRASIL e o di-álogo e participação permanente das me-sas de discussão sobre a temática, além das campanhas educativas e de conscien-tização pública, hoje fazem parte de nossa agenda e pauta cotidiana.

Hoje ser o Eco-sindicalismo é a agen-da de quem não quer ficar parado no tem-po, ultrapassado e distante das vontades e necessidades da sociedade e da classe trabalhadora.

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Aunar esfuerzos y valorar el trabajo de otros en muy importante, y en la Unión Iberoamericana de Municipalistas lo sabemos, y por eso, promovemos y potenciamos el trabajo en REDES.Una de ellas es la Red UIM de Instituciones Iberoamericanas de Desarrollo Local RIIDEL. Una red internacional que reúne instituciones, que con una visión democrática piensan en el municipalismo como agente de cambio social, interesándose en profundizar, participar, colaborar, discutir y proponer proyectos en temas afines a los gobiernos locales.El objetivo fundamental de RIIDEL es establecer un marco de acuerdo mutuo que permita articular programas destinados al intercambio de experiencias municipalistas, la realización de actividades formativas y de investigación conjunta, impulsando y fomentando publicaciones sobre la temática municipalista, asistencias técnicas, etc.Si su institución pretender incorporarse a programas y proyectos que refuercen su labor y favorezcan la realización de programas tendentes al fortalecimiento de los gobiernos locales, RIIDEL es la mejor apuesta. Ya forman parte de RIIDEL diversos municipios latinoamericanos, asociaciones municipales y entidades públicas y privadas ligadas al desarrollo local. Pertenecer a RIIDEL no sólo otorgará a su Institución beneficios directos, sino que además le permitirá internacionalizar su imagen.

LAS REDES CONSTITUYEN LA SUMA DE ESFUERZOS

Estar a la vanguardia implica conecer la fortaleza que supone el trabajo conjunto, la suma de esfuerzos y los retos comunes que junto a otros se pueden alcanzar

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