revista linha direta

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MARÇO 2011 - 11ª edição - ANO V - TRIMESTRAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA PROIBIDA www.sintetel.org [email protected] Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo EM REVISTA Sindicato abre suas portas para atividades culturais e disponibiliza aulas de dança, teatro e violão SUBA NESTE PALCO ENTREVISTA Dr. Leonardo Addêo Ramos, especialista em medicina do esporte e doutor em cirurgia do joelho, alerta sobre doenças do trabalho

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Revista do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações no Estado de São Paulo – SINTETEL-SP

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Page 1: Revista Linha Direta

MARÇO 2011 - 11ª edição - ANO V - TRIMESTRAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA PROIBIDA

[email protected]

Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo

EM REVISTA

Sindicato abre suas portas para atividades culturais

e disponibiliza aulas de dança, teatro e violão

SUBA NESTE PALCO

ENTREVISTADr. Leonardo Addêo Ramos, especialista em medicina do esporte e

doutor em cirurgia do joelho, alerta sobre doenças do trabalho

Page 2: Revista Linha Direta

Siga o perfil oficial do Sintetel no

Acesse: http://twitter.com/Sintetel

Alinhado com as novas tecnologias e aderindo de vez às mídias sociais, o Sintetel inaugurou em

dezembro de 2009 o seu Twitter oficial. O mecanismo, que funciona como uma espécie de mi-

croblog da entidade, é a nova sensação da web e tem sido amplamente adotado por usuários e

empresas. O maior sindicato de telecomunicações da América Latina não podia ficar de fora dessa

novidade! O Twitter é mais um canal importante para a divulgação dos nossos conteúdos.

Quem acessar a nossa conta irá se deparar com informações diárias sobre a instituição, além de

obter dados essenciais sobre os campos da economia, política e telecomunicações no Brasil e no

mundo. A ferramenta ainda permite um contato mais estreito entre a entidade e seus trabalha-

dores, facilitando a comunicação e a acessibilidade. Para interagir com a gente, basta seguir o

nosso perfil (http://twitter.com/Sintetel). Acesse agora mesmo!

Page 3: Revista Linha Direta

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LINHA DIRETA em revista 3

ÍNDICE

EM REVISTA

Editorias

4 Editorial

8 Mulher

12 Trabalho

16 Aposentados

18 Cidadania

28 Notícias

30 Cultura

33 Passatempo

Artigos

32 - João Guilherme Vargas Netto

34 Amo Você Curitiba - Artigo do Leitor

Entrevista - “Trabalhador deve ficar atento à combinação de

boa postura, qualidade de sono e vida sem estresses” ................ 5Dr. Leonardo Addêo Ramos, médico formado pela Santa Casa e Doutor em cirurgia

do joelho pela Escola Paulista de Medicina, fala sobre doenças do trabalho.

Esporte - Amarelo de atenção ............................................... 10Preparativos nacionais para a Copa de 2014 estão atrasados e acabam por revelar a

burocracia brasileira na hora de importantes decisões.

Saúde - Farmácia Popular: remédios a preço de custo .......... 14Alguns medicamentos são 90% mais baratos do que em redes farmacêuticas

privadas.

Capa - Aqui o artista é você ............................................... 20Cultura, diversão, arte e esporte para todos. Este é o objetivo do novo Espaço Cultural

do Sintetel inaugurado em novembro do ano passado.

Tecnologia - Broadband, TV com acesso à internet ............ 24Desde a chegada da transmissão digital, finalmente a tão falada interatividade começa

a sair do papel para se tornar realidade.

Economia - Encontro de fachada .......................................... 26A reunião do G-20 serve para passar boa impressão ao mundo, mas nada de con-

creto é decidido.

Page 4: Revista Linha Direta

Cartas“A revista Linha Direta lançada recentemente veio com um conteúdo informativo e intelectual digno de informar. Assim como o Brasil, a imprensa do Sintetel está numa fase de evolução graças ao potencial dos jornalistas que integram a equipe de comunicação interna desta entidade. É muito inteligente da parte destes profissionais aborda-rem vários temas que vem informar de uma maneira clara e objetiva assuntos relevantes como: lazer, segurança, política, ciência e tecnolo-gia, entre outros. Vejo com bons olhos a participação ativa do nosso presidente, Almir Munhoz, relatando sobre o que se passa em nosso País em termos de política. Uma entidade como o Sintetel não seria tão forte sem um líder no comando mostrando a direção que todos devem seguir. Marco, parabéns para você e toda equipe que está sob sua liderança. Sou muito grato por viver perto de vocês, de uma maneira física e abstrata.” Raimundo Lima

“Recebi a 10ª edição da Revista Linha Direta. Está ótima. O artigo com o querido Artur está supimpa. Parabéns.” José Maria - São Paulo

Recente pesquisa realizada pelo Sin-tetel (que está detalhada na matéria de capa) mostrou que nossa ca-tegoria mudou. Hoje, mais de 50% dos trabalhadores em telecomuni-cações de São Paulo são mulheres com menos de 30 anos de idade. Além disso, independente do sexo, a maioria de nossos trabalhadores são jovens.

Tendo em vista os resultados obti-dos pela análise, o Sintetel dá mais um passo adiante com o objetivo de adaptar a entidade ao novo perfil de nossa categoria.

A diretoria do Sindicato decidiu abrir um espaço cultural para oferecer ao jovem trabalhador as oportunidades de entretenimento que não estão ao al-cance de todos, às vezes, até por questões financeiras. O espaço é exclusivo e já começa oferecendo aulas de dança de salão e teatro.

É importante ressaltar que o novo espaço está subordinado à diretoria social e à secretaria de esportes, cultura e lazer, e será aberto a todos os trabalha-dores e também aos aposentados.

Queremos tornar este espaço cultural um ambiente de convivência dos tra-balhadores e nossa meta é ampliar as atividades com a realização de campe-onatos, torneios, festivais de música e muito mais.

No início desta nova experiência, o espaço foi criado em São Paulo, ao lado da sede do Sintetel. Mas em segunda etapa, temos a intenção de expandir as atividades para as regiões de nossas subsedes.

O primeiro passo já foi dado e estamos convictos que muita coisa boa virá num futuro bem próximo. Boa leitura.

* Almir Munhoz é presidente do Sintetel.

4 LINHA DIRETA em revista

Lazer, diversão e arte

EDITorIal

Almir Munhoz *

DIRETORIA DO SINTETEL

Presidente: Almir Munhoz

Vice-Presidente: Gilberto Rodrigues Dourado

Diretoria Executiva: Cristiane do Nascimento, Fábio Oliveira da Silva, José Carlos Guicho, Joseval Barbosa da Silva e Marcos Milanez Rodrigues.

Diretores Secretários: Alcides Marin Salles, Ana Maria da Silva, Aurea Meire Barrence, Germar Pereira da Silva, José Clarismunde de Oliveira Aguiar, Kátia Silvana Vasconcelos de Barros, Maria Edna Medeiros e Welton José de Araújo.

Diretores Regionais: Elísio Rodrigues de Sousa, Eudes José Marques, Jorge Luiz Xavier, José Roberto da Silva, Ismar José Antonio,

Genivaldo Aparecido Barrichello e Mauro Cava de Britto.

Jurídico: Humberto Viviani [email protected]

OSLT: Paulo Rodrigues [email protected]

Recursos Humanos: Sergio Roberto [email protected]

COORDENAÇÃO EDITORIAL

Diretor Responsável: Almir Munhoz

Jornalista Responsável: Marco Tirelli MTb 23.187

Revisão Geral: Amanda Santoro MTb 53.062

Redação: Amanda Santoro, Emilio Franco Jr., Marco Tirelli e Renata Sueiro

Diagramação: Agência Uni (www.agenciauni.com)

Fotos: F.F. Fotografia

Colaboradores: João Guilherme Vargas Netto, Paulo Rodrigues e Theodora Venckus

Impressão: Gráfica Unisind Ltda. (www.unisind.com.br)

Distribuição: Sintetel

Tiragem: 10.000 exemplares

Periodicidade: Quadrimestral

Linha Direta em Revista é uma publicação do Sindicado dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado de São Paulo | Rua Bento Freitas, 64

Vila Buarque | 01220-000 | São Paulo SP | 11 3351-8899

www.sintetel.org | [email protected]

SUBSEDES

ABC: (11) 4123-8975 [email protected]

Bauru: (14) 3231-1616 [email protected]

Campinas: (19) 3236-1080 [email protected]

R.Preto: (16) 3610-3015 [email protected]

Santos: (13) 3225-2422 [email protected]

S.J.Rio Preto: (17) 3232-5560 [email protected]

V. Paraíba: (12) 3939-1620 [email protected]

O Sintetel é filiado à Fenattel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações), à UNI (Rede Sindical Internacional) e àForça Sindical. Os artigos publicados nesta revista expressam

exclusivamente a opinião de seus autores.

Você pode enviar as suas sugestões, opiniões e comentários para a redação de Linha Direta em Revista. Basta encaminhar um e-mail para [email protected], ligar para (11) 3351-8892 ou mandar uma carta para o seguinte endereço: Rua Bento Freitas, 64 – Vila Buarque - CEP: 01220-000 - São Paulo - SP. A/C do Depto. de Comunicação.

Page 5: Revista Linha Direta

LINHA DIRETA em revista 5

“Trabalhador deve ficar atento à combinação de boa postura, qualidade

de sono e vida sem estresses”Emilio Franco Jr. e Renata Sueiro

Doenças oriundas de problemas no ambiente de trabalho são comuns e atingem grande parte das pessoas. Por isso, Linha Direta em Revista conversou com o Dr. Leonardo Addêo Ra-mos, médico formado pela Santa Casa, que é especialista em medicina do esporte e Doutor em cirurgia do joelho pela Es-cola Paulista de Medicina.

Na entrevista concedida em seu consultório, ele falou sobre os problemas decorrentes da má postura, dos movimentos repeti-tivos e das dores que acometem diversos trabalhadores. “Pre-venção. Essa é a chave para que a gente consiga se manter de maneira ativa no trabalho sem dor ou afastamentos”, afirma.

Linha Direta em Revista: Boa parte da categoria de tele-comunicações é formada pelo teleatendimento. Como a rotina repetitiva desses trabalhadores pode trazer proble-mas para o corpo?

Leonardo Addêo Ramos: Eu costumo dizer para os meus pacientes que tudo que é feito de maneira anormal gera alguma consequência também anormal. Então, o fato de você ficar muito tempo na mesma posição, algo que não é comum, vai gerar problemas. Tudo que você fizer que não seja fisiológico, que não seja o natural, pode sobrecarregar as articulações, os músculos e os tendões, que sofrerão sobrecarga repetitiva e constante. Isso pode ir desgastando o corpo até se tornar uma lesão propriamente dita.

LDR: Os trabalhadores de rede (instaladores, reparadores e cabistas) também enfrentam riscos de lesões?

LAR: Quem está se movimentando tem esse risco diminuído, mas é óbvio que a gente cai no mesmo fator dos exercícios re-petitivos. Se ele sobe e desce trezentas vezes a escada, está repe-tindo o exercício e aí tem que estar preparado para isso. O atleta de maratona se prepara para correr, por exemplo. O trabalhador também precisa se preparar para exercer suas funções.

Tem gente que paga academia e faz o chamado exercício de step. Então, subir e descer escada é exercício físico. Por isso, a pessoa tem que ter músculo e condicionamento para fazer

aquilo. Óbvio que quem trabalha em uma atividade mais se-dentária não precisa de preparo físico semelhante àquele que vai subir e descer escadas. Mas o indivíduo que fará isso sem dúvida não pode não gostar de fazer atividades físicas ou ser sedentário, porque a função exigirá fisicamente o corpo.

LDR: E quais exercícios podem prevenir lesões?

LAR: Alongamento, fortalecimento específico e atividades físicas fora do ambiente de trabalho. As pessoas pensam: “ah, eu subo e desço escadas, já estou fazendo minha parte”. O

ENTrEVISTa

Page 6: Revista Linha Direta

“Acordou de manhã, faz um alongamento

leve e se prepara para o dia. Isso é uma forma de prevenir lesão.”

6 LINHA DIRETA em revista

problema é que está sobrecarregando, pois a pessoa não varia os exercícios. Na verdade, só está trabalhando um múscu-lo, quando o correto é trabalhar vários.

LDR: E movimentos repetitivos de quem não está em constante mo-vimento, mas sim sentados durante horas, como é o caso dos trabalhador teleatendimento?

LAD: É fundamental a postura no tra-balho. Tem que haver consenso entre a empresa e o trabalhador de que a ergo-nomia do trabalho é importante. A mesa e os estandes não são adequados. Por isso, tem que haver controle postural por parte do empregado. Da empresa, a vontade para ter ferramentas necessárias para que o funcionário consiga ter boa postura e bom descanso.

Muitas companhias já atendem esses requisitos com ginástica laboral e pausa do trabalho. A pessoa tem que ter uma boa relação entre postura e repouso e tentar levar isso para o trabalho.

LDR: A ginástica laboral tem eficá-cia comprovada no combate e na pre-venção de lesões?

LAR: Sim, o problema é que muitos trabalhadores não fazem mais nada e ficam só naqueles quinze minutinhos. A ginástica laboral deve servir como um ponto de partida para outras ativi-dades preventivas.

Pensando na evolução da espécie. O homem saiu da posição de quadrúpede e ficou na posição ereta e tirou proveito disso porque evoluiu, mas agora tem ou-tros problemas dessa luta contra a gravi-dade. Se olharmos para todas as espécies de animais, notamos que todas quando acordam se espreguiçam. Nós devemos fazer a mesma coisa, mas a gente se es-quece disso. O ato de se espreguiçar não é mais do que um alongamento, uma forma de preparar o seu corpo para o dia a dia. Alongar-se é muitíssimo im-portante. Então, acordou de manhã, faz

um alongamento leve, se prepara para o dia. Isso é uma forma de prevenir lesão.

LDR: Existe cura ou tratamento para essas lesões laborais?

LAR: Eu fico muito preocupado com essa coisa fatalista. Não existe nada que não possa ser tratado. Aí eu te dou um exemplo típico. Você tem uma pedrinha no sapato e me fala: “Doutor, estou com dor no pé”. Você toma um remédio e melhora por um tempo. Mas enquanto você não tirar a pedra do sapato, vai con-tinuar doendo. Essas coisas acontecem. O trabalhador tem tendinite, o que é clássico, porque fica no computador no trabalho e em casa e, com isso, fica muito tempo na mesma posição. Ele exagera no erro de postura e vai ao médico para tratar a dor, mas enquanto ele continuar errando na postura, não vai combater a causa e a dor volta. Nesse caso, a tendi-nite não tem cura.

LDR: Existem alternativas para evi-tar o tratamento médico?

LAR: Prevenção. Essa é a chave para que a gente consiga se manter de ma-neira ativa no trabalho sem dor e sem afastamento. O trabalhador também tem a obrigação de se cuidar. A prevenção gira em torno de aspectos intrínsecos, ou seja, próprios daquela coisa. E também gira em torno de fatores extrínsecos, que é o cuidado com a cabeça por meio de atividade para a memória e raciocínio e

com o corpo.

LDR: Quanto tempo dura o trata-mento dessas lesões?

LAR: As lesões têm diferentes níveis de gravidade, mas existe um número médio – que não serve nem para os casos mais graves, nem para os mais leves. Partin-do desse pressuposto, uma tendinite de antebraço devido ao uso excessivo do computador tem tratamento de seis a oito semanas. Isso é a média, na verdade é preciso analisar vários aspectos como o tipo de lesão, local de lesão, tipo de pessoa. Isso é muito variável.

LDR: Como o trabalhador pode per-ceber que sua dor não é normal e que precisa ser tratada por um médico?

LAR: Primeiro, sentir dor não é normal. Essa é a primeira coisa que temos que ter na cabeça. A dor já é um aviso do corpo de que alguma coisa não está bem. É ób-vio que se você faz uma atividade acima do habitual, fica com dor, mas ela passa em dois ou três dias. Só que se a dor se estende, alguma coisa está errada. Você não vai esperar formigamento, sinais de gravidades, perda de sensibilidade e for-ça, ou qualquer outra alteração, porque esses já são sinais de complicações. Algo está errado.

LDR: O que o trabalhador deve fazer quando tem os primeiros si-nais de dor?

LAR: Procurar um médico. Fez uma atividade e começou a dor, faça o re-pouso e procure um médico. A partir daí, ele vai indicar o tratamento. Não se automedique por que isso engana o organismo. A pessoa toma o remédio e acha que está tudo bem, mas na verdade você pode estar piorando a lesão.

LDR: Por que o movimento repetiti-vo leva a essas dores? O que acontece com o corpo?

LAR: Na verdade todo o corpo funciona exatamente como uma máquina. Se você

ENTrEVISTa

Page 7: Revista Linha Direta

LINHA DIRETA em revista 7

analisar todo motor tem certa potência. Então todas as vezes que você sobrecar-rega essa potência você força a máquina e ela corre o risco de quebrar. O mús-culo também tem uma capacidade, por hora, por minuto ou por dia. Ele tem uma capacidade de contração e quando você excede essa capacidade, o músculo começa a entrar em fadiga e passa a ter contraturas musculares. A lesão começa dentro do tendão do próprio músculo.

LDR: Existe alguma forma de or-ganização no local de trabalho que evita essas lesões?

LAR: Primeira coisa são as adaptações no ambiente de trabalho relacionadas à postura. A cadeira tem que ter encosto para o braço e a altura deve ser regu-lável. O antebraço deve estar apoiado na mesa. O monitor e o teclado têm que estar à frente do trabalhador, na altura dos olhos, para que ele não tenha que se curvar para enxergar. O headset não pode ser colocado de forma incorreta.

LDR: Então boa postura é funda-mental?

LAR: Sim. Nesse ambiente de trabalho, principalmente de teleatendimento, o que a gente observa muito é o problema postural e o problema de excesso de tra-balho. São duas coisas que juntas estão machucando muita gente.

LDR: Quais são os danos a longo prazo?

LAR: Uma das alterações que podem acontecer relacionadas à postura são as sobrecargas articulares. A coluna é uma articulação, as vértebras se articulam umas com as outras. Então, quando eu falo articulações entenda articulações do punho da mão, dos dedos, do cotovelo, ombro, mas também a coluna.

A sobrecarga leva ao desgaste precoce, a chamada artrose. A articulação tem uma superfície lisa e escorregadia que é a cartilagem. A partir do momento que

você sobrecarrega essa cartilagem, ela se desgasta e começa a dor crônica e a de-formidade óssea nos casos mais graves. Uma complicação futura pode ser o agravamento em relação à artrose.

LDR: O que você recomenda para quem está na terceira idade e tem esse tipo de dor?

LAR: Em relação à artrose especifica-mente, como é um desgaste, não tem como retornar ao que era antes. A partir do momento que é constatada, existem duas saídas: a pessoa vai tratá-la com medicamentos, que é a solução mais simples, passando por atividades físicas, fisioterápicas até chegar ao último está-gio, que é a cirurgia.

Outra opção é a prevenção, que fun-ciona com fortalecimentos musculares. Pessoas que estão especificamente na terceira idade têm um fator a mais que é a perda de massa muscular. Todos nós vamos perder massa, se exercitando ou não. E essa perda sobrecarrega ainda mais as articulações. Então, para que a artrose não seja tão problemática na terceira idade temos que fortalecer os músculos. Para isso, o idoso não precisa frequentar academia, até porque ele não vai se ambientar. A ideia é fazer ativi-

dade para que haja aumento da massa, sempre com orientação de um professor de educação física.

LDR: Quais os casos mais graves li-gados estritamente à doença do tra-balho?

LAR: Quedas e acidentes laborais. Mas é frequente paciente chegar com vários exames médicos porque sente dor, mas não procura especialistas. Ele pensa que vai fazer o exame, o médico vai dar um remedinho e vai resolver o problema.

Mas se não tratar a dor, principalmente com tratamento devido, o problema não vai melhorar. Eu considero que es-ses casos são graves, pois o indivíduo não está trabalhando e isso gera um problema social, familiar e psicológico muito grande.

Além disso, o estresse no trabalho leva a uma predisposição a lesões musculares e tendinites. O indivíduo que trabalha tem que entender que ele exige muito do corpo, que deve estar preparado para isso. Ele repete aquele movimento várias vezes e não tem preparo físico para isso. Então, deve ficar atento à combinação de boa postura, qualidade de sono e vida sem estresses.

ENTrEVISTa

Page 8: Revista Linha Direta

Campanha pelo combate à violência da mulher deveria ser estendida para o restante do ano

Quase metade das mulheres brasileiras, 43% delas, já sofreram al-

gum tipo de violência segundo dados da Fundação Perseu Abra-

mo. Além das agressões físicas praticadas por seus parceiros, elas

ainda são vítimas de ameaça, constrangimento e sofrimento físico,

moral, sexual, psicológico, social e econômico. Como esse crime

não é exclusividade brasileira, o Centro de Liderança Global das

Mulheres (CWGL, na sigla original), organização sem fins lucrati-

vos criada para ampliar o poder do gênero, criou a Campanha 16

Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher.

A campanha foi idealizada por 23 lideranças femininas de dife-

rentes países e de várias áreas de trabalho. Elas decidiram criar os

16 Dias de Ativismo como forma de promover a conscientização

social para combater a violência e encorajar as mulheres a rom-

perem o silêncio. “O foco é fortalecer a autoestima, incentivar

a busca de lideranças que transformem a sociedade, além de es-

clarecer e orientar as mulheres para que exijam os seus direitos

conforme prevê a Lei Maria da Penha no Brasil”, declara Maria

Edna Medeiros, secretária da Mulher do Sintetel.

Atualmente, a mobilização dos 16 Dias acontece simultaneamente

em 164 países e conta com o apoio da ONU (Organização das

Nações Unidas), órgãos governamentais, além de empresas públi-

cas e privadas. De acordo com pesquisa do CWGL, cerca de 3.400

organizadores participam anualmente da divulgação do projeto e

espera-se que o número aumente nos próximos anos.

Importância Social

A violência contra a mulher é uma questão de saúde pública. Se-

gundo a organização, a violência causa perda de autoestima, des-

motivação e improdutividade no trabalho. Por esse motivo, a cam-

panha visa orientar as mulheres para que exijam os seus diretos e

alertem a sociedade para a problemática.

Renata Sueiro

8 LINHA DIRETA em revista

MUlHEr

16 Dias de Ativismo são suficientes?

Page 9: Revista Linha Direta

Zilda Maria Zapparoli e Andréa Alves de Souza, coordenadora e

assistente do Centro de Cidadania da Mullher de São Paulo (CCM)

respectivamente, aprovam todas as campanhas que lutam pelo

fim da violência “É importante para a evolução social. Por meio

delas novas políticas públicas surgem”, afirma Zilda Zapparoli. “As

ações são fundamentais para a promoção da mulher, melhoria da

autoestima, encorajamento à superação das agressões sofridas e

rompimento do ciclo de violência”, completa Andrea Alves.

O porquê dos 16 dias

Os 16 dias destacam datas impor-

tantes. Segundo a CWGL, o início

e o término da campanha foram

escolhidos simbolicamente para

salientar que a violência contra a

mulher é também uma violação

dos direitos humanos.

O Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mu-

lher, em 25 de novembro, por exemplo, é uma homenagem às

irmãs Mirabal, opositoras da ditadura de Rafael Leônidas Trujillo,

na República Dominicana, que foram brutalmente assassinadas

em 1960.

Já em 1º de dezembro é celebrado o Dia Mundial de Combate à

Aids. A data entra no roteiro da campanha devido ao avanço e a

feminilização da doença no Brasil. No dia 6, o Massacre de Mu-

lheres de Montreal, no Canadá, também é lembrado. Neste dia,

14 estudantes da Escola Politécnica de Montreal foram assassina-

das. O massacre tornou-se símbolo da injustiça

contra as mulheres.

O Dia Internacional dos Direitos Humanos,

em 10 de dezembro, celebra a Declaração Uni-

versal dos Direitos Humanos, adotada pela

ONU como resposta à violência da Segunda

Guerra Mundial. A data fecha a campanha dos

16 dias para lembrar que violência do gênero

também é uma violação dos direitos humanos.

A campanha em 2010

No Brasil, a campanha é coordenada desde

2003 pela AGENDE (Ações em Gênero Ci-

dadania e Desenvolvimento) e, assim como

em 2010, os 16 Dias serão marcados por diversas atividades que

começam em 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) e vão

até 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos).

O Sintetel participa de algumas ações por meio da Secretaria da

Mulher. No ano passado, esteve presente na Conferência Mundial

de Mulheres da UNI, que na ocasião lançou o projeto “Rompendo

Barreiras Juntas”; no Encontro Paranaense Fortalecendo a Equi-

dade de Gênero, com a aprovação do “Pacto Nacional do En-

frentamento à Violência Contra a Mulher”; e na Palestra sobre o

Enfrentamento da Violência Contra a Mulher, com passeata pelo

centro histórico de São Paulo.

No meio sindical, o Sindicato participou da Reunião de Planeja-

mento da Força Sindical, com manifestação pública em Brasília.

Na ocasião, foi entregue um manifesto pelo fim da violência sexis-

ta e pela igualdade de gêneros. O ex-presidente Luíz Inácio Lula

da Silva e o ministro do trabalho Carlos Lupi lançaram a Confe-

rência Nacional de Emprego e Trabalho Decente para tratar sobre

melhorias no âmbito trabalhista e a igualdade de oportunidades

entre homens e mulheres.

Segundo Maria Edna Medeiros, a participação e a troca de ex-

periências ampliou o conhecimento em torno desse tema impor-

tante “O resultado foi positivo e pretendemos informar mais para

atingir um número cada vez maior de mulheres nessa ação global”,

afirma. Cenise Monteiro, diretora da UNI Américas, considera a

campanha vital para a sociedade. “Os 16 dias de ativismo deveri-

am ser 365, ou seja, o ano todo”.

LINHA DIRETA em revista 9

MUlHEr

Page 10: Revista Linha Direta

Preparativos para a Copa de 2014 estão atrasados e acabam por revelar a burocracia brasileira na hora de importantes decisões

Passado pouco mais de um ano desde o primeiro encontro or-ganizado pela Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) sob o tema “São Paulo de Braços Abertos para a Copa”, a sensação é de que pouca coisa saiu do papel. O sinal verde do planejamento deu espaço ao amarelo da preocupa-ção. Agora não só está em jogo o que o estado paulista tem feito para o maior evento esportivo do mundo, datado para ocorrer aqui em 2014, mas o progresso geral do País levando-se em conta o curto espaço de tempo que ainda resta.

A Fecomercio mais uma vez abriu as suas portas para que o tema fosse debatido por especialistas. E qual foi o panorama desenhado por eles? O Brasil vai mal, as obras estão atrasadas, há burocracia nas licitações e o dinheiro nem sempre chega como deveria. O amarelo da atenção dá sinais de que mudará para alerta vermelho muito em breve.

“Não é difícil construir estádios em dois anos e meio, isso é tempo suficiente para fazer o que falta”, afirmou Evelina Christillin, vice-presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Tu-rim, na Itália. “Claro que não há possibilidade de relaxar com este apertado espaço de tempo, não há margem para qualquer tipo de erro”, completou.

A opinião é compartilhada por João Alberto Manaus Corrêa, dire-tor do Centro de Comércio do Estado de São Paulo, que ainda adicionou um viés cultural tipicamente brasileiro. “Em São Paulo temos um exemplo bem claro com o Palmeiras, que é privado, tem

projeto aprovado e correu atrás da licença por dois anos. Aqui há uma burocracia que deve ser levada em consideração”, acrescen-tou o especialista.

Pouca gente se lembra, mas a escolha do Brasil para a Copa de 2014 foi feita em outubro de 2007. Planejamento e prevenção eliminariam boa parte dos problemas enfrentados hoje. O curto espaço de tempo cobra agilidade, mas os dados apresentados pelas autoridades estão cada vez mais distantes dos esperados.

O caos aéreoUma das teclas mais acionadas durante as discussões sobre in-fraestrutura para a Copa de 2014 refere-se à capacidade brasileira de receber 600 mil turistas estrangeiros, público estimado pelos especialistas. Somado a isso há o fato de que esse contingente adi-cional, juntamente com milhões de brasileiros, transitará em nosso território por diferentes estados, pois os jogos serão pulverizados em cidades das cinco regiões brasileiras.

Amanda Santoro

Amarelo de atenção

10 LINHA DIRETA em revista

ESPorTES

Page 11: Revista Linha Direta

“Precisamos parar de falar em capacidade aeroportuária para pen-sar em nível de serviço. Quanto tempo demora para as bagagens chegarem? Quanto tempo o turista perde na fila de imigração? Quanto tempo a aeronave fica taxeando na pista?”, indagou Res-pício do Espírito Santo Junior, presidente do Instituto de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo.

Aprofundando a discussão, os especialistas – que nem sempre convergem – concordam em ao menos um aspecto: o assunto da mobilidade não serve somente para a Copa, mas para os planos da cidade de São Paulo daqui por diante. A maior área comer-cial brasileira está, atualmente, impossibilitada de crescer porque o transporte é fator de entrave em todas as suas esferas de inte-gração internacional.

Após o acidente envolvendo o Vôo 3054 da TAM, o aeroporto de Congonhas passou a trabalhar com restrições. O volume de embarques e desembarques, muito maior no passado, diminuiu drasticamente em respeito a uma cautela política – não técnica – originada com o fatídico acontecimento. O aeroporto pode ser ampliado, mas aí volta a imperar a questão da qualidade de serviço.

“Outro absurdo é o aeroporto de Cumbica não sofrer qualquer tipo de ampliação nos últimos 15 anos. Isso quer dizer que a porta de entrada de São Paulo, do Brasil, está jogada às traças por uma década e meia. Se este não for um caso único no mundo, é um dos dez principais”, criticou Respício.

Um ponto não menos importante, mas sem tanto enfoque na mí-dia, refere-se ao abastecimento. Somente os aeroportos de Gua-rulhos e do Galeão são regados por dutos. O restante recebe combustível por caminhões, ou seja, pela rede rodoviária que já tem sérios problemas. Fica a dúvida: de que adianta ter capacidade para transportar pessoas quando as aeronaves podem ficar impos-sibilitadas de voar?

Os números do turismoO setor de viagens disponibiliza, direta e indiretamente, mais de oito milhões de postos de trabalho no País. Para o ano de 2020 há uma projeção de que o segmento empregue 11 milhões de brasi-leiros, correspondendo a um índice de 10% a 12% do PIB na-cional. Já para 2014, as estimativas são de que sejam criados 3,63 milhões de novos empregos. “Esse dado é bastante animador, mas traz consigo uma preocupação, pois estamos trabalhando com ocupações temporárias. Para onde vão esses profissionais quando a Copa acabar?”, questiona Marcelo Dias Calado, coordenador técnico da área educacional de Turismo, Lazer e Eventos do Senac São Paulo.

Alguns desses profissionais transitórios já estão em processo de preparação. O “Bem Receber Copa”, do Ministério do Turismo, pretende capacitar cerca de 300 mil pessoas até a Copa das Con-federações, que acontece em 2013. Um dos principais motes do projeto é quanto ao treinamento de idiomas para o receptivo, que atualmente já conta com 80 mil interessados. “Quando estive na África tive o sentimento de despreparo. Não houve preocupação especial com capacitação de recepcionistas, camareiras e garçons, por exemplo”, pontuou Jacinto Fabio Barbosa Corrêa, diretor de Planejamento e Comunicação do Senac.

Apesar dos números expressivos dentro da realidade nacional, o Brasil ocupa somente a 45ª posição no ranking de competitividade no setor de Viagens e Turismo. Em 2008, o País recebeu 5,1 mi-lhões de turistas, enquanto a França, por exemplo, alcançou 72,9 milhões. “O Brasil, assim como São Paulo, deve investir em uma marca nacional. A Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 selarão a imagem do nosso País frente ao mundo”, analisou Carlos Nas-cimento, diretor da administradora Rio Vermelho. “Sem dúvida alguma os dois eventos servirão para a captação de negócios fu-turos”, finalizou.

Muitos policiais, pouco treinamentoUma das principais inquietações dos turistas estrangeiros relacio-na-se à segurança brasileira. Na Copa da África, 44 mil policiais foram destacados para manter a ordem dos jogos. As estimativas são muito maiores por aqui. Segundo o delegado Adilson José Vieira Pinto, se somadas as forças da Polícia Civil e da Polícia Militar de São Paulo o número já é superior: 130 mil homens. “Estamos ainda aumentando o grau de exigência nos concursos públicos, com valorização de idiomas”, disse.

Equipes da Polícia Militar também buscaram conhecimento fora dos limites nacionais. Grupos foram enviados para a África do Sul, Israel, países da América e da Europa para adquirir conheci-mento adicional. “Precisávamos nos familiarizar com situações e problemas não típicos da nossa cultura, como o terrorismo”, complementou o Coronel Álvaro Camilo.

LINHA DIRETA em revista 11

ESPorTES

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TraBalHo

Na agenda de Dilma, mudanças tributárias e eleitorais merecem maior destaqueReforma trabalhista não é prioridade

Emilio Franco Jr.

Nos últimos anos, o Brasil tem passado por um momento de grande prosperidade econômica e isso tem se refletido também na geração de novos postos de trabalho. Quando Lula assumiu a presidência, em 2003, prometeu criar 10 milhões de empregos com carteira assinada. A meta não só foi cumprida como ultra-passada, e o governo anterior chegou ao final com a expressiva marca de 15 milhões de empregos gerados. Embora represente a continuidade do projeto de Lula, a presidenta Dilma não quis se comprometer com promessa semelhante; preferiu focar seu discurso na necessidade de realizar reformas, mas sem contem-plar o campo trabalhista.

“É complicado defender mudanças trabalhistas em meio a tanta pujança econômica”, afirma o professor aposentado pela USP José Pastore, especialista em relações do trabalho. Consciente disso, Dilma afirmou durante a campanha que esta reforma não faz parte da agenda de seu governo. Mesmo assim, quando saiu vitoriosa das urnas, enfatizou a necessidade de desonerar a folha

de pagamento, portanto, a nova presidenta está disposta a fazer pequenos ajustes.

Atualmente, um empregado custa para a empresa mais do que o dobro daquilo que recebe. Um funcionário que ganha, por exemplo, mil reais mensais gera um custo de R$ 2.020,00 para o empregador. “As despesas de contratação formal ultrapassam em 100% o custo do salário, e isso não é aceitável”, lamenta Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio (Feco-mercio). Para Pastore, a desoneração da folha de pagamento é uma questão parecida com a reforma tributária. “Todos es-tão de acordo, mas na hora de fazer não há consenso no que mexer”, explica.

O ex-deputado federal Paulo Delgado (PT/MG) acredita que convencer a população sobre a necessidade de reformar o campo trabalhista será uma tarefa complicada. “O ministro do trabalho anuncia recorde atrás de recorde na geração de em-pregos, então é difícil argumentar que é preciso mexer no que

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LINHA DIRETA em revista 13

está dando certo”, pontua. O tributo na contratação e na folha está vinculado a gastos sociais do governo para prover direitos básicos da população. Mesmo assim, Delgado defende a deso-neração das empresas por acreditar que elas podem ser obriga-das a fazer compensações relativamente simples.

A lógica é fácil: se o Estado passa a arrecadar menos, terá me-nos verba para investir nos serviços sociais, logo, ao conceder tributação diferenciada para as empresas é necessário cobrar delas esse investimento. “O empregador pode educar os filhos de seus funcionários e ter sua tributação reduzida, já que as-sim o Estado precisa investir menos na educação”, exemplifica Delgado. Para o ex-congressista, migrar a tributação da folha de pagamento para dentro da empresa é uma solução viável e benéfica para os dois lados.

A empresa ganha ao pagar menos impostos e o estado ganha com uma possível redução da informalidade, muitas vezes causada pelo excesso de tributação. Atualmente, cerca de 50% dos brasileiros ativos no mercado de trabalho vivem fora do mercado formal, o que representa 50 milhões de tra-balhadores sem nenhum tipo de proteção legal. “Isso acontece por causa da nossa legislação”, aponta Szajman, defensor da reforma trabalhista.

O problema de uma possível reforma é que muitos empresários, maioria no Congresso, defendem a flexibilização da CLT (Con-solidação das Leis Trabalhistas) como forma de estimular a ge-ração de empregos. As centrais sindicais, por sua vez, são con-trárias a essa ideia e ainda lutam pela ampliação de direitos como a ratificação da convenção 158 da OIT (Organização Interna-cional do Trabalho), que dificulta a demissão sem justa causa. Outra forte reivindicação do movimento sindical é a redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais. Com isso, espera-se estimular a criação de mais de dois milhões de novos empregos.

Frente a pontos de vistas tão díspares sobre ampliação dos direi-tos e deveres e a posição de Dilma contra a realização desta reforma, Szajman propõe que haja aumento do papel dos sindi-catos. Para ele, o estado deve entrar nessa questão trabalhista apenas como regulador, e deixar que empregador e empregados negociem livremente por meio de suas entidades representati-vas. “Tudo o que puder ser tratado diretamente entre sindicatos patronais e dos trabalhadores deve ser suplantado em relação a leis que não condizem mais com a realidade”, defende.

O ex-deputado petista Delgado faz um contraponto e argumen-

ta que os acertos da CLT são mais relevantes para o povo do que os seus problemas. Mesmo assim, ele concorda em partes com a visão empresarial de Szajman e afirma que 30% do mercado brasileiro pode ser deslocado para fora da CLT. “Certos setores não precisam desse apoio”, justifica e cita como exemplo a área de TI (Tecnologia da Informação).

Sobre bandeiras de lutas importantes das centrais, como a redução da jornada, o ex-deputado mostra-se favorável à nego-ciação direta entre os sindicatos e os empregadores. Ele conta que muitos setores, por exemplo, já percebem que podem im-plantar horários alternativos, com jornadas diurnas e noturnas, sendo que essa última é boa para trabalhadores que não gostam da rigidez do relógio, para as empresas, que se tornam produti-vas por mais tempo, e para as cidades, que diminuem seus pro-blemas de mobilidade urbana.

Mesmo com a defesa de alterações nos direitos trabalhistas, Pas-tore deixa claro que essa possibilidade não deve ser encarada como uma forma de desproteger o trabalhador. “A CLT precisa ser simplificada, mas isso não pode ocorrer com ônus para o empregado”, salienta. Para ele, de alguma forma esse tema tem que fazer parte da agenda do novo governo.

TraBalHo

Ex-deputado, Paulo Delgado afirma que possíveis alterações na Lei não podem trazer perdas ao trabalhador.

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14 LINHA DIRETA em revista

Alguns medicamentos são 90% mais baratos em comparação com as redes farmacêuticas privadasO acesso a medicamentos é uma questão fundamental na garantia do direito Constitucional do brasileiro à saúde. Visando melhorar o sistema nacional, em junho de 2004 o Governo Federal criou o Programa Farmácia Popular com o objetivo de ampliar o acesso da população aos medicamentos considerados essenciais para tratamentos de saúde. “É um meio de os brasileiros encontrarem medicamentos com preços mais em conta”, afirma o Dr. José Miguel do Nascimento Jr., diretor do Departamento de Assistên-cia Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.

Pesquisa realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública Arou-ca, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão do Ministério da Saúde, mostra que os medicamentos em farmácias populares podem custar até 90% mais barato do que nos estabelecimentos convencionais. Nascimento Jr. conta que os remédios são ofere-cidos com baixo custo para abranger e beneficiar o maior número possível de pessoas.

Cleusa Pereira Firmino, de 43 anos, compra os remédios da família na Farmácia Popular. “Comparei os preços com outras famácias e descobri que aqui economizo mais de R$ 4,00 por medicamento”, declara. “Essa economia faz toda a diferença no meu orçamento”, completa.

Atualmente, o Programa Farmácia Popular conta com mais de treze mil estabelecimentos espalhados em mais de dois mil municí-pios brasileiros, sendo que 534 são de unidades próprias e 12.499 de empresas credenciadas no “Aqui Tem Farmácia Popular”. As

unidades próprias são operacio-nalizadas pela Fundação Oswaldo Cruz e tem o apoio dos governos estaduais e municipais. Elas con-tam com 108 medicamentos, além do preservativo masculino. Nessas unidades, os remédios vendidos têm redução de até 90% do valor em comparação com farmácias e drogarias privadas.

Já as unidades privadas do progra-ma “Aqui Tem Farmácia Popular”, atuam por meio de um sistema de copagamento. Neste caso, os preços de alguns medicamentos podem variar conforme a marca ou o valor estabelecido pelas redes. “O Governo Federal paga o equivalente a 90% do valor dos medicamentos e o restante o cidadão paga na hora da compra”, explica o Dr. Nascimento Jr.

Para combater as fraudes, o Ministério da Saúde monitora e fis-caliza eletronicamente o programa por meio do Sistema de Au-torização de Vendas e pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus). Quando detectado qualquer indício de irregu-laridade, a conexão da empresa com o sistema autorizador é sus-pensa imediatamente e acontece a apuração de responsabilidade pelo Denasus. Caso alguma irregularidade seja constatada, aplica-se multa de até 10% sobre o montante das vendas referentes ao

Farmácia Popular: remédios a preço de custo

Renata Sueiro

SaÚDE

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LINHA DIRETA em revista 15

último trimestre. “Só nos últimos seis meses, ao constatar irregu-laridades em aproximadamente 240 farmácias privadas, o Minis-tério descredenciou todos os estabelecimentos”, assegura o Dr. Nascimento Jr.

A Fundação Oswaldo Cruz é executora responsável pelo pro-jeto. Ela compra os medicamentos de laboratórios farmacêuticos públicos ou do setor privado e disponibiliza nas Farmácias Popu-lares a preço de custo.

Atendimento ao públicoO programa contabiliza cerca de 48 milhões de atendimentos a população e é dirigido, sobretudo, às pessoas que tem difi-culdades de comprar remédios para tratamentos de saúde. Nas unidades próprias o cidadão recebe atendimento personalizado e conta com o auxílio de farmacêuticos e profissionais qualifica-dos para orientar sobre os cuidados com a saúde e o uso correto dos medicamentos.

Maria Amália, aposentada de 69 anos, compra medicamentos na Farmácia Popular desde 2004. “Só compro meus remédios aqui. Pago pouco, a qualidade é a mesma e nunca falta remé-dio”, conta. Para aquisição dos medicamentos disponíveis é necessário que o paciente apresente a receita médica ou odon-tológica e um documento com foto.

As receitas podem ser tanto de médicos da rede pública como de convênios particulares. No momento da compra, o far-macêutico poderá substituir a droga originalmente prescrita pelo médico por um medicamento correspondente, mas apenas se não houver expressa restrições quanta a essa prática. Além disso, é necessário ficar atento ao prazo das prescrições, já que algumas delas, como as de antibióticos, têm data de validade. Caso a receita apresentada esteja fora do prazo, o paciente deve solicitar uma nova receita ao médico.

Medicamentos à disposiçãoAs unidades próprias contam, além do preservativo masculino, com remédios essenciais que atendem cerca de 80% das doen-ças que atingem a população brasileira, entre elas a hipertensão, diabetes, úlcera gástrica, depressão, asma, infecções e vermino-ses. Já o sistema “Aqui Tem Farmácia Popular” recebeu neste

ano a inclusão de fraldas geriátricas e de nove medicamentos. “São produtos indicados para os tratamentos de asma, rinite, mal de Parkinson, osteoporose, glaucoma e hipertensão”, ga-rante o Dr. Nascimento Jr.

De modo similar, o Governo do Estado de São Paulo criou em 2005 o “Dose Certa”, que disponibiliza 67 tipos de me-dicamentos básicos, em 21 pontos da região metropolitana de São Paulo. As farmácias do “Dose Certa” estão instaladas em estações do Metrô, CPTM, EMTU, hospitais e ambulatórios da capital paulista.

A lista de remédios que incluem o Programa, assim como os preços, pode ser vista no site www.saude.gov.br

Cidades com farmácias popularesEm São Paulo, são noventa unidades de Farmácias Popu-lares espalhadas por todo o estado. Todas as cidades paulis-tas listadas abaixo possuem unidades próprias do Programa Farmácia Popular:

Aparecida, Araçatuba, Araraquara, Assis, Avaré, Bebedouro, Birigui, Botucatu, Caçapava, Campinas, Carapicuíba, Cat-anduva, Cotia, Cruzeiro, Diadema, Ferraz de Vasconce-los, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guaratinguetá, Guarulhos, Hortolândia, Indaiatuba, Itanhaém, Itapecerica da Serra, Itapeva, Itaquaquecetuba, Itatiba, Itu, Jandira, Jaú, Limeira, Mairiporã, Marília, Mauá, Mogi Mirim, Os-asco Ourinhos, Pindamonhangaba, Poá, Ribeirão Pires, Ribeirão Preto, Rio Claro, Santos, Salto, Santa Barbara D’ Oeste, Santo André, São Bernardo do Campo, São Carlos, São José do Rio Preto, São Vicente, Serrana, Sertãozinho, Sumaré, Suzano, Taboão da Serra, Taubaté, Tupã, Ubatuba e Várzea Paulista.

Só em São Paulo são diversos endereços: Sé, Vila Maria, Vila Gulherme, Vila Mariana, Campo Limpo, Capela do Socorro, Lapa, Santo Amaro, Penha, Mooca, Freguesia do Ó, Ipiranga, Itaquera, Pinheiros, Pirituba, Santana, Tucu-ruvi, Vila Prudente.

Os horários de atendimento são de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h e aos sábados, das 8h às 12h.

Para mais informações ligue para o Disque Saúde 0800 61 1997

Dose CertaEstações de Metrô: Ana Rosa / Brás / Itaquera / Carrão / Sé / Barra Funda / Clínicas / Saúde / Tucuruvi / Vila Mariana

CPTM: Guaianazes / Perus / Santo Amaro

EMTU: Terminal São Mateus

SaÚDE

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16 LINHA DIRETA em revista

aPoSENTaDoS

“Trabalhar nunca matou

ninguém”

A frase resume a vida de Gilmar Rodrigues, que iniciou sua batalha muito cedo, aos 12 anos

Gilmar Rodrigues nasceu em São Paulo no dia 8 de dezem-bro de 1952. Casado há 30 anos com Maria José e pai de dois filhos, é dono de uma história bastante peculiar. Com quatro anos de idade foi morar em Mogi Guaçu, pois a tecelagem na qual seu pai trabalhava mudou para aquela cidade. Seis meses depois, a empresa faliu e a família se mudou para a casa dos avós em Amparo. Passados outros três anos, a família Rodri-gues fez nova mudança, desta vez para Campinas. “Moro no mesmo bairro até hoje. Na época era considerado um lugar muito distante. Hoje em dia posso falar que moro perto, pois estou a seis quilômetros do centro”, conta Gilmar.

Pelas dificuldades da vida, o companheiro perambulou pelo mundo para arrumar emprego. Aos 12 anos, começou em uma barraca de feira, quando levantava às quatro horas da manhã para encarar o batente. “Por isso sempre falo que trabalhar nunca matou ninguém”, afirma categoricamente.

Em meados de 1975 surgiu uma oportunidade de trabalho na Telesp. No dia 3 de dezembro daquele ano, Gilmar foi final-mente admitido para ocupar o cargo de guarda-fios. A novi-dade foi recebida com muita euforia. “Com apenas dois meses de Telesp fui a uma loja efetuar uma compra para minha casa. Queria fazer um crediário, mas havia esquecido os documen-tos. Meu crédito foi aprovado pelo simples fato de apresentar o crachá. A confiança que os trabalhadores da Telesp tinham no mercado era uma coisa fantástica”, orgulha-se.

Na lembrança de Gilmar está vivo Américo Casari, que segundo ele próprio, foi uma das pessoas mais fantásticas que teve a oportunidade de conviver. “Ele era uma pessoa de um humor invejável, nunca vi aquele cidadão tratar mal alguém, era unanimidade. Todo mundo gostava dele”, recorda-se.

Conta-se que se tratava de um chefe que dava oportunidades aos trabalhadores. Por indicação dele, Gilmar foi trabalhar em Americana. A Telesp tinha encampado a empresa de telefonia da cidade, que era da iniciativa privada.

Era o mês de novembro de 1976 e a equipe Telesp havia sido destacada para arrumar a rede. O município tinha pouquís-simas linhas, cerca de 500, e isso causava um grande conges-tionamento. “Quando retornei de Americana, Casari ainda me concedeu a oportunidade de participar de uma seleção interna. Fui aprovado e promovido a reparador”, conta.

Protesto e reivindicaçãoEm 1978, Gilmar foi trabalhar na zona rural. Ele conta que os fios que faziam a ligação entre as fazendas eram de ferro.

Marco Tirelli

Paixão pelo atletismo

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LINHA DIRETA em revista 17

“Aquilo era difícil de quebrar, mas quando quebrava, era um sofrimento para emendar”, lembra. Naquele período aconte-ceu uma grande revolta no setor no qual Gilmar trabalhava. O motivo foi o descontentamento com a conduta de um ge-rente. “Hoje nós entendemos que fomos vítimas de assédio moral, mas nós chamávamos de perseguição”, relembra.

Foi nesse período que Gilmar passou a ser “perseguido” por um gerente. “Certa vez ele foi até se certificar se o meu pai estava doente, pensando que eu estivesse mentindo”, conta. Mas incentivado por um assinante da cidade, Gilmar foi pro-curar o serviço social da empresa para fazer uma reclamação formal sobre sua chefia. “Pensei que as coisas piorariam”, recorda. Antes que a empresa solucionasse o problema, Gilmar foi envolvido em outra situação mais incômoda ainda. “Ao retornar das minhas férias, a chefia me chamou para prestar esclarecimentos sobre um serviço que eles desconfiavam que eu houvesse mandado alguém fazer no meu lugar”, discorre.

A situação ficou insustentável e, novamente, Gilmar foi falar com a assistente social - que resolveu convocar todos os tra-balhadores subordinados àquela gerência para uma pesquisa. Alguns dias depois veio a notícia de que uma nova equipe assumiria o setor. “Fizemos churrasco com direito a fogos de artifício e bateria de escola de samba. Foi uma grande festa”, comemora.

Investindo nos estudosApós muita dedicação, no final de 1980, Gilmar conseguiu con-cluir o 2º grau. “Em 1983, fui aprovado no vestibular da PUC para Educação Física. Cursei a faculdade no período noturno, sempre trabalhando na Telesp”, conta.

Ligado aos esportes, ele passou a se envolver com as com-petições da empresa. “Montamos uma equipe fantástica de atletismo aqui em Campinas”, relata. “Alguns companheiros se destacaram, como o Vicente em salto em distância, Sérgio em altura e o Abrão nos 100m rasos”, recorda-se.

E a história corrobora as falas de Gilmar. Em 1988 aconteceu a Olimpíada da Telesp e Campinas ficou em segundo lugar em atletismo.

Conhecendo o Sintetel Gilmar conta que não foi delegado sindical e nem atuou como sindicalista na época em que era funcionário da Telesp. “Mas eu sempre participava ativamente de todos os movimentos de greve que aconteciam lá dentro. E foi aí, em 1982, que o Gilberto Dourado (atual vice-presidente do Sintetel) despon-tou”, relata.

E da amizade de Gilmar e Gilberto, muitos “causos” ficaram para a história. Certa vez, o carro da Telesp estava sem freios e eles precisaram ir ao mecânico. Gilmar conta que quando esta-vam descendo a Rua Benjamin Constant, perto da prefeitura,

começou a chuviscar e o carro só tinha freio de mão. “No que o Gilberto pisou no freio, o carro rodou e colidimos com um ônibus, ele bateu com a cabeça no vidro e eu com a perna no painel”, relata.

Após sua aposentadoria no ano de 2000, Gilmar foi convi-dado pelo diretor regional de Campinas, Elísio Rodrigues, a trabalhar no Sintetel. Atualmente auxilia na coordenação da subsede de Campinas. “Trabalho com prazer e porque gosto. Não tem hora, não tem dia,” pontua.

HOBBIESNas horas vagas, que são poucas, Gilmar vai para o fogão. “Co-zinhar é um dom, nunca entrei em escola ou estudei culinária. Eu crio os pratos e as pessoas gostam. Não me animo em fazer o trivial, mas ajudo a minha esposa quando ela precisa”, orgulha-se.

No mês de abril, Gilmar Rodrigues completa sete anos de ati-vidades na diretoria do Sintetel, em Campinas. Mas de catego-ria ele já ultrapassou os 30.

aPoSENTaDoS

Greve na Tivit em 2009: manifestação em grande escala

A famosa e tradicional bacalhoada que Gilmar prepara todo fim de ano

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18 LINHA DIRETA em revista

Encontro em Cancun trouxe avanços na discussão sobre o meio ambiente

CIDaDaNIa

O problema da mudança climática entrou de vez na agenda

política brasileira após a última eleição presidencial, mérito, em

grande parte, da pauta estipulada pelo Partido Verde, represen-

tado, em esfera nacional, pela ex-ministra do meio ambiente

Marina Silva. E o legado deixado por ela é levado adiante den-

tro da pasta destinada ao assunto. “A visão do ministério é a de

que a mudança do clima não é questão de meio ambiente, mas

sim de modelo de desenvolvimento”, garante Branca Bastos

Americano, secretária do Ministério do Meio Ambiente.

É baseada nessa visão que o fracasso do Fórum de Copenha-

gue, que chegou ao fim sem nenhum acordo relevante entre

as nações, escancara a falta de comprometimento de muitos

países em relação ao tema. Ao término do encontro, as ações

propostas foram apenas documentadas, sem que ninguém assu-

misse qualquer espécie de compromisso. “Alguns países como

a China estão claramente fazendo corpo mole para a aprovação

de acordos dessa natureza”, afirma Branca. “Outro que nunca

ajuda são os Estados Unidos”, lamenta. “Se formos

depender deles, não acontecerá nada nos próximos

três ou quatro anos”.

A mesma visão é compartilhada pelo ex-secretário

executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáti-

cas, Fábio Feldmann, que concorreu ao governo

paulista na última eleição. “Copenhague foi um

grande fracasso. E a culpa disso é da omissão norte-

americana”, sugere. “Infelizmente, muito dos nossos

problemas estão ligados a eles, e é difícil não contar

com o esforço da maior potência mundial”.

Por causa de posturas como a desses países é que

o fórum climático de Cancun, realizado no final de

2010, começou desacreditado. “A expectativa bai-

xou muito. O melhor que poderia acontecer seria

a aprovação de medidas que forçassem os partici-

pantes a saírem de lá com compromissos firmados”,

comenta Branca. E foi o que surpreendentemente

aconteceu. O chamado Acordo de Copenhague foi oficializado

e, assim, os países se comprometeram a evitar que a tempera-

tura global aumente em mais de 2º C. Além disso, criou-se o

Fundo Verde, que destina verbas de países ricos para auxiliar os

pobres no combate ao desmatamento.

Esses resultados agradaram o governo brasileiro, que já havia

deixado clara sua intenção de não sair do encontro de Cancun

sem avanços no debate. “Na sociedade brasileira há uma res-

posta forte nesse sentido, muito maior do que em países desen-

volvidos”, aponta Branca. Já Feldmann acredita que no Brasil e

no mundo conflitam duas visões antagônicas, que não são mais

a esquerda e a direita, como acontecia anos atrás. Para ele, a po-

larização atual é a dos que veem o modelo de desenvolvimento

ainda no século 20 contra aqueles que já são capazes de o enxer-

gar no século 21. “A mudança no Código Florestal, por exemplo,

é uma dessas ideias de quem enxerga a questão com olhos do

século passado”, afirma Feldmann. A alteração prevê, entre ou-

tras coisas, a concessão de anistia para os desmatadores.

O clima melhorouEmilio Franco Jr.

Page 19: Revista Linha Direta

LINHA DIRETA em revista 19

CIDaDaNIa

O candidato derrotado do PV ao governo aproveitou o fim

do período eleitoral para confessar a intenção de seu partido

no último pleito. “A estratégia do Partido Verde, inclusive

com a candidatura da Marina, era colocar na pauta do debate

político dos candidatos com mais chances de se elegerem as

questões ligadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento do

novo milênio”.

A intenção era, também, ampliar a atual visão do governo fe-

deral que, de acordo com a secretária do ministério, está focado

na questão do desmatamento da Amazônia e do Cerrado. “Se

eu diminuo o desmatamento, mas aumento a emissão de gases

em outros setores, dá no mesmo”, critica Feldmann. Ele explica

que nos últimos anos o governo de São Paulo adotou medidas

mais eficientes, que são tidas como exemplo no mundo inteiro.

No Estado é obrigatória por lei a redução de 20% da emissão

de gases, isso inclui todos os aspectos poluidores, do desmata-

mento e agricultura até a siderurgia.

Branca Bastos faz a defesa do governo explicando que no úl-

timo mês de outubro foi regulamentado o Fundo Nacional

sobre Mudança do Clima, que destinará R$ 226 milhões por

ano para financiar projetos de diminuição dos efeitos das mu-

danças climáticas e ações de adaptações. Deste montante, R$

200 milhões serão para empréstimos e financiamentos para a

área produtiva. O restante será administrado pelo

ministério e poderá ser repassado para estados e

municípios. Antes mesmo de lançar o Fundo do

Clima, o governo brasileiro já havia apresentado

a Política Nacional sobre Mudança do Clima, que

prevê redução de 36% a 39% das emissões de ga-

ses do efeito estufa até 2020.

“Nossa área de urgência é o desmatamento e é nis-

so que estamos focados”, esclarece Branca. “Te-

mos colhido ótimos resultados na Amazônia, mas

ainda temos problemas no Cerrado”. A secretária

do ministério do meio ambiente conta que o tema

deverá avançar ainda mais no País devido ao tra-

balho coordenado de onze ministérios com repre-

sentantes do meio rural e urbano, além do auxilio

de estudiosos da Fundação Getúlio Vargas e do

IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Apesar do esforço crescente das autoridades nacio-

nais e da melhora no resultado, Feldmann pontua: “a política

federal precisa mudar. Não pode ser algo voluntário, tem que

ser obrigatório”, enfatiza.

O clima e o pré-salOutro tema que dominou o debate político nas últimas eleições

foi o pré-sal, que são reservas de petróleo localizadas em águas

profundas e, portanto, de maior dificuldade de extração. O

Fundo do Clima, aprovado recentemente, utilizará os recursos

vindos dos lucros do petróleo. “Temos também que colocar

os riscos que o pré-sal significa para o meio ambiente”, sugere

Feldmann. Ele diz que se houver acidente semelhante ao do

Golfo do México [onde vazaram milhares de litros de petróleo

de uma plataforma de extração], haverá prejuízo ainda maior

para a fauna marinha. “São essas questões que vão definir o

Brasil do futuro”, assegura.

É por isso que o político do PV defende a realização de um

plebiscito sobre o tema, já que em sua visão o pré-sal pode

trazer muito impacto negativo. “Essa consulta popular per-

mitiria amplo debate na sociedade. Isso já traria ganhos de

qualquer maneira, pois haveria estudo profundo sobre os ris-

cos”, salienta. “Seria muito bom que o Brasil debatesse isso

também”, conclui.

Page 20: Revista Linha Direta

20 LINHA DIRETA em revista

Com a intenção de atender os quase 250

mil trabalhadores da categoria, grande

parte deles em teleatendimento, o Sintetel

coloca à disposição atividades culturais ex-

tras, inclusive para aposentados. O amplo

espaço ao lado da sede do Sindicato já está

sendo utilizado para atividades como aulas

de dança, violão, teatro e outras formas

de expressão cultural. “A ideia é trazer o

trabalhador para o Sindicato por meio da

cultura”, afirma Fábio Oliveira da Silva,

diretor social que coordena a implantação

do projeto.

A percepção de que era necessário oferecer

um espaço de lazer nasceu com a realiza-

ção de uma pesquisa entre os trabalha-

dores de teleatendimento a fim de conhec-

er os anseios deles em relação à entidade.

A pergunta que moveu o estudo foi: “Se

o Sintetel oferecesse descontos em ativi-

dades de lazer, ele poderia melhorar a sua

vida?”. Para 98% dos entrevistados a res-

posta foi afirmativa. Diante desse quadro,

o segundo passo era saber quais atividades

mais atraíam o interesse. Cursos de teatro,

campeonatos esportivos, shows musicais e

viagens a pontos turísticos foram as alter-

“Criamos um espaço para que o trabalhador manifeste sua criatividade” Fábio Oliveira, diretor Social do Sintetel

Cultura, diversão, arte e esporte para todos. Este é o objetivo do novo Espaço Cultural do Sintetel inaugurado em novembro do ano passado

Da Redação

CaPa

Aqui o artista é você

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LINHA DIRETA em revista 21

CaPa

A dança de salão melhora o sistema cog-

nitivo e evita o envelhecimento. É uma

atividade que faz bem à saúde de modo

geral, por ser benéfica, principalmente, ao

coração. Além disso, melhora a autoestima

e ajuda a desenvolver o ser humano. “Fora

o benefício físico, a dança melhora ainda

o psicológico”, afirma Rosana Euller dos

Santos, responsável por ministrar as aulas

do Espaço Cultural. “Cada dança traz seu

benefício e a de salão é conhecida como a

dança social. Ela é ótima para quem pre-

cisa daquele contato com outras pessoas”.

Rosana explica que as aulas são de diversos

ritmos e os alunos são divididos em módu-

los, isso porque a professora acredita que

a divisão é necessária para que ninguém

se sinta desmotivado e também para que

a aula se desenvolva de forma igual para

todos. “As pessoas que entram em grupos

já começados se desestimulam. Quem não

conhece atrapalha quem sabe, e o mais

experiente não tem paciência de esperar o

outro aprender.”, afirma. Ela garante que

o ideal é sempre separar os alunos em gru-

pos. “É como aula de natação. Quem nun-

ca entrou numa piscina não pode aprender

no meio de campeões. Quem chega, chega

com vergonha”.

A professora conta que o fundamental

para quem pretende dançar é conhecer a

si mesmo, porque sem saber o potencial

Dançar faz bem ao corpo e à mente

nativas mais citadas. “O destaque, a princí-

pio, fica por conta das aulas de dança, vio-

lão e teatro”, explica Fábio.

As aulas de dança de salão estão a todo vapor.

Page 22: Revista Linha Direta

22 LINHA DIRETA em revista

CaPa

do próprio corpo, a tarefa fica complicada.

“O aluno deve saber ouvir e ter percep-

ção rítmica, porque se não for assim, não

dança”, garante.

O bolero é o ritmo que Rosana mais

gosta para apresentar o aluno ao universo

da dança, mas ela sabe que os iniciantes

muitos vezes preferem ritmos mais popu-

lares, como o forró, mas que também são

mais complicados para quem começa. Para

ajudar nesse processo de aprendizagem,

ela acredita ser importante não trabalhar

com turmas extensas, porque muitos alu-

nos têm dificuldades caso não tenham a

atenção do professor. “O bom é que o

grupo seja heterogêneo e com no máximo

30 pessoas, senão vira oba-oba”.

Rosana Euller dos Santos e Róbson Freitas se alternam no comando das aulas de dança.

Quatro meses após a inauguração do Es-

paço Cultural com turmas de dança e te-

atro, o Sintetel passa a oferecer aulas de

violão para aqueles que querem iniciar os

seus estudos no instrumento. As lições

são ministradas pelo professor Luiz Car-

los Alves da Costa Filho, que também é

trabalhador da empresa de teleatendi-

mento Atento Brasil. Por enquanto, as

aulas acontecerão somente no período da

manhã, durante os dias da semana.

“O ensinamento será pautado em técnicas

de violão popular e, mais à frente, quando

o aluno adquirir o conhecimento básico,

passaremos a trabalhar o campo harmôni-

co”, afirmou o professor Luiz Carlos. “A

intenção é que os alunos consigam tocar

antes mesmo dos seis meses de curso”,

completou.

O aluno deverá apontar qual gênero mu-

sical pretende aprender, permitindo assim

que o ensinamento seja menos engessado

e mais prazeroso. Dentre as possibilidades

mais procuradas neste início de trabalho,

Luiz Carlos destaca os ritmos sertanejo

e gospel. “Mas isso depende do gosto de

cada um. A minha intenção é proporcio-

nar o aprendizado do violão popular de

uma maneira geral, mas os alunos que

moldarão as aulas para as suas preferên-

cias”, pontuou o professor.

Dança, teatro e, agora, música!

“Aulas podem ser tanto

individual quanto em

grupo”, afirma o professor

de violão Luiz Carlos Alves

da Costa Filho.

“A ideia é trazer o

trabalhador para

o sindicato por

meio da cultura”

Page 23: Revista Linha Direta

Suba neste palco e venha para o Sintetel

As atividades do Espaço Cultural

estão abertas a todos os trabalha-

dores, inclusive aos aposentados

da categoria. Inaugurado em no-

vembro do ano passado, o espaço

físico onde ocorrem as atividades

passou por uma reforma drástica

para se adequar aos pré-requisitos

necessários para a execução de au-

las de dança, teatro e violão.

“Alinhamos o assoalho, reforma-

mos os banheiros e colocamos

espelhos nas paredes, para que os

alunos consigam acompanhar o

seu desempenho”, afirmou Fábio

Oliveira, diretor responsável por

encabeçar o projeto. “Também pin-

tamos tudo. A nossa intenção foi

deixar tudo novinho em folha e dar

esse presente aos nossos trabalha-

dores”, complementou.

O Espaço Cultural localiza-se ao

lado da sede da entidade, também

no centro de São Paulo, e funciona

de segundas às sextas, das 9h às

18h. Já existem turmas de dança,

teatro e violão em andamento, mas

há a possibilidade de formar novas

em quaisquer dias e horários. As

aulas de violão poderão ser feitas

individualmente ou em grupo. Para

mais informações, entre em contato

com o departamento.

Fale conosco: Rua Bento Freitas, 74

Tel. (11) [email protected]

LINHA DIRETA em revista 23

CaPa

LINHA DIRETA em revista 23

A Diretoria Social do Sindicato já elabora

a próxima etapa do projeto cultural para

os trabalhadores em telecomunicações.

A ideia, a princípio, é abrir o espaço físi-

co no qual ocorrerão as aulas de teatro

e dança para reunir os trabalhadores às

sextas-feiras no final do expediente. “Em

vez de o trabalhador sair por aí sem desti-

no, poderá passar no Sindicato para ouvir

um samba de raiz e tomar sua cervejinha”,

analisa José Luiz Passos Jorge, assessor

cultural do Sindicato.

A proposta inicial é a apresentação de

grupos e roda de samba de raiz e, caso

houver, com grupos da própria categoria.

“Sindicato dá samba é uma ideia antiga

que tem o intuito de reunir o trabalhador

para uma confraternização semanal”, pon-

tua José Luiz.

Sindicato dá samba

As atividades comandadas pelo Depar-

tamento Cultural foram iniciadas com a

organização de um grande campeonato de

futebol entre os trabalhadores da categoria.

A Colônia de Férias de Caragua II recebeu

times das cidades de Santos, Campinas,

São Paulo, ABC, Ribeirão Preto, São José

do Rio Preto e Vale do Paraíba, classifica-

dos após vencerem as seletivas regionais.

De acordo com o diretor social Fábio Oli-

veira, mais de 120 pessoas, entre técnicos,

jogadores e representantes dos times par-

ticiparam da fase decisiva do torneio.

Disputado pelo sistema de jogos elimi-

natórios, o campeonato se estendeu du-

rante todo o dia e consagrou o time do

Vale do Paraíba como o grande campeão

ao derrotar a equipe de Ribeirão Preto.

Logo após o término da partida, os times

finalistas receberam os troféus por suas

conquistas.

Mais à noite, durante cerimônia de con-

fraternização, aconteceu a solenidade ofi-

cial de premiação, com entrega das meda-

lhas aos campeões e vice-campeões, além

da premiação simbólica para os demais

participantes.

Após o término do evento que reuniu sete

times de diversas localidades do Estado de

São Paulo, o diretor social Fábio Oliveira

não escondeu o contentamento com o

sucesso da iniciativa. “O pessoal adorou,

foi absolutamente fantástico”, comemo-

rou. “Mal acabou e eles já queriam mais”,

disse. “Temos a intenção de desenvolver

outros eventos deste tipo e dessa forma

mostrar o lado cultural e esportivo do

nosso Sindicato”.

Pontapé inicial já foi dado

Page 24: Revista Linha Direta

24 LINHA DIRETA em revista

Desde a chegada da transmissão digital, finalmente a tão falada interatividade começa a sair do papel para se tornar realidade

Marco Tirelli

A Broadband TV nada mais é do que aparelhos de televisão com conexões à internet. Eles permitem o acesso direto a conteúdos da web pela conhecida telinha que antes só servia para assistir aos canais tradicionais, mas vale ressaltar que o preço destes aparelhos no Brasil fica entre R$ 2.600 e R$ 11 mil.

Pouco mais de um ano após o lançamento no mercado brasileiro do primeiro televisor com essa capacidade, a novidade agora é a movimentação das fabricantes para a conquista de parceiros nacionais. Os portais são candidatos naturais a entrar neste mercado, já que a televisão com conexão à internet têm se mostrado uma plataforma atraente e necessária. Isso é fundamental para atender às necessidades de um público cujo hábito de consumo de conteúdo está em constante transição devido às novas tecnologias.

O SBT e a TV Bandeirantes fecharam acordo com a Sony e devem levar conteúdo à linha de aparelhos conectados do fabricante ainda este ano. Em recente entrevista à revista Veja, o presidente mundial da Sony, Howard Stringer, afirmou que

o futuro da tecnologia está no fornecimento de conteúdos e serviços de maneira integrada, principalmente pela TV conectada com a internet.

A Samsung e a LG já comercializam este tipo de aparelho. Conforme publicado no site do especialista em tecnologia da informação e comunicação, Ethevaldo Siqueira, a LG, por meio de parcerias com o Terra e o UOL e sites internacionais como Skype e YouTube, tornará possível assistir a conteúdos ilimitados de vídeos, compartilhar fotografias, ler notícias em tempo real e fazer videoconferências sem necessidade de computador. Além dos sites e portais de conteúdo, a LG fechou parceria com a Telefônica, no Estado de São Paulo, para ações cooperadas na venda dos seus produtos e serviços.

Como escolher o que assistir?Com tanto conteúdo na televisão, como os telespectadores vão fazer para escolher o que assistir? A versão online da revista “The Economist“ publicou um artigo em que discorre

Broadband, TV com acesso à internet

TECNoloGIa

Exemplo da tela de uma TV interativa na qual você poderá escolher sua programação e assistir conteúdos ilimitados de filmes

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TECNoloGIa

LINHA DIRETA em revista 25

sobre o desafio de organizar o conteúdo nas TVs. Mecanismos de busca e recomendação de conteúdo estão surgindo para diminuir a confusão que está tomando conta das televisões, afirma o jornal.

Segundo o IBOPE, a TV por assinatura no Brasil cresceu 40% entre 2009 e 2010. Esse crescimento é a prova do interesse dos brasileiros por mais conteúdo e de melhor qualidade. Em pouco tempo, vídeos online também disputarão a atenção do telespectador, isso porque as TVs conectadas estão invadindo o mercado por todo o mundo. Empresas como o Google, com o GoogleTV, e o Yahoo, com o Yahoo ConnectedTV, trabalham para que isso aconteça o quanto antes. Cada vez mais torna-se necessária a existência de ferramentas para selecionar o conteúdo para o telespectador.

O Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital normalizou a única criação brasileira do SBTVD - o Ginga, nome do middleware ou mediador aberto do Sistema Brasileiro de TV Digital. Trata-se de um programa de computador que faz a mediação entre software e demais aplicativos. Ele é constituído por um conjunto de tecnologias padronizadas e inovações brasileiras que tornam a especificação do mediador mais avançada e é a melhor solução para os requisitos do Brasil.

É óbvio que o uso da interatividade na TV atual será, no início, um tanto complicado, limitando-se a dar informações sobre a previsão do tempo, detalhes sobre os personagens da novela ou permitir que o telespectador efetue compras pelo controle remoto.

Mas é fato que o sistema de interatividade brasileiro tem um potencial de criação gigante. As TVs Livres já reivindicam seu espaço para poder experimentar novas formas de fazer TV.

TV interativa trocada em miúdosE quando a TV interativa estiver a todo vapor e funcionando na maioria dos lares brasileiros? Como será nossa programação televisiva? As previsões são boas e surpreendentes.

Se você quiser assistir a um filme, mas está com crianças na sala e acha que há cenas impróprias a elas, poderá escolher no menu da tela uma versão com cortes, isto é, sem cenas de sexo, sem cenas de violência ou sem as duas.

O filme também poderá ser visto em outros idiomas. É só escolher: legendado, dublado, com som original sem legendas, legendado em espanhol, em francês, dublado em italiano, enfim, do jeito que mais lhe agradar.

O galã da novela está tomando uma determinada marca de cerveja que você adoraria experimentar. É só clicar na garrafa que está em cima da mesa dele e saber o preço. Você poderá fazer o pedido e, em algumas horas, terá em casa a bebida que você viu na telinha.

Pode ser também que você tenha gostado das roupas de uma atriz. É possível ficar sabendo a marca de sua saia, da blusa, dos sapatos e das joias, já com o preço e as opções de pagamento. É só encomendar no teleshopping.

Imagine agora que as crianças perderam seu desenho favorito, que passa todos os dias à tarde, porque tiveram de ir ao dentista. A TV digital interativa tem a solução. Ela oferece a opção de pedir, por meio do menu, para ver o episódio do dia anterior.

Outra situação: você está assistindo à final da Copa do Mundo de Futebol e foi para a disputa de pênaltis. De repente, toca o telefone. Entra num canto da tela a imagem de sua tia, que fala sem parar - desde que você e ela tenham uma câmera de videofone acoplada à TV.

Basta um toque no controle remoto para congelar a imagem. Bem depois da conversa, com outro clique, o jogo continua de onde você o interrompeu. Só não dá para parar os fogos que os vizinhos soltarão para comemorar.

O menu de opções abre em sua tela. Em seguida, basta clicar e escolher.

Tela da GoogleTV. Aqui o telespectador já pode interagir.

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26 LINHA DIRETA em revista

ECoNoMIa

Encontro de fachadaAs diversas reuniões realizadas pelos lí-deres mundiais, sejam elas para debater o clima, a economia, ou qualquer outro tema relevante, estão marcadas pelo fra-casso e pela falta de entendimento entre os países. Com o G-20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, não é diferente. Em novembro do ano pas-sado, os representantes desses países, que inclui o Brasil, encontraram-se mais uma vez para debater a economia mun-dial – e o consenso é o de que houve pouco avanço e a certeza de que agora é cada um por si.

“O mundo se reúne para discutir coisa nenhuma e não combinar nada”, lamen-ta o economista Paulo Rabello de Cas-tro. O ex-ministro e também economis-ta Antonio Delfim Netto é ainda mais

enfático em sua crítica ao encontro do G-20, realizado na Coreia do Sul. “A reunião em Seul foi de péssima quali-dade”, dispara. O principal alvo das críticas são os Estados Unidos, potência mundial cuja moeda – o dólar - regula as transações internacionais.

A análise é a de que o presidente Barack Obama não consegue obter a confiança da sociedade americana e as empresas que tem reservas em caixa só investem naquilo que é contrário às ideias do go-verno. A ultradireita inflama ainda mais a revolta da população com o governo ao praguejar aos quatro cantos que o dólar fraco é perigoso para a economia local e que uma inflação incontrolável pode estar a caminho. “Os Estados Unidos se meteram em uma enrascada por culpa

desse sistema autodestrutivo e estão pa-gando o preço de uma miopia”, acredita Delfim Netto.

Alguns erros de Obama que complicam a situação da economia norte-americana foram listados por Delfim. O primeiro foi a reforma da saúde. Apesar de classificá-la como fantástica, o econo-mista explicou que os cidadãos re-jeitaram a proposta porque o tema foi imposto a eles na hora errada. Na ver-dade, todos queriam a solução para o aumento do desemprego. Outro aspecto é a equipe montada por Obama, em sua maioria formada por intelectuais. “São pessoas qualificadas, mas com ego tão grande que não cabe dentro da Casa Branca”, disse.

Emilio Franco Jr.

A reunião do G-20 serve para passar boa impressão ao mundo, mas nada de concreto é decidido

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LINHA DIRETA em revista 27

ECoNoMIa

De acordo com Delfim, a única saída dos Estados Unidos é aumentar as exporta-ções e é justamente isso o que eles estão fazendo. “Como parte dessa estratégia, os EUA estão desvalorizando o dólar”. E é essa guerra cambial que pautou o encontro do G-20. A decisão dos Esta-dos Unidos de injetarem 600 bilhões de dólares na economia não agradou os de-mais países. Por outro lado, a China, uma das reclamantes, também faz o mesmo, apesar de ter prometido permitir a valo-rização gradual de sua moeda, o yuan. “O Brasil precisa entender que os Esta-dos Unidos não vão ajudar em nada os outros. Vão usar de seu poder para sal-var apenas a si próprios”, afirmou.

Essa guerra cambial vem de longa data. De acordo com o professor de econo-mia da PUC-SP Antonio Corrêa de La-cerda, essa batalha tem origem em 1970, quando os Estados Unidos rompem com o acerto realizado na Conferência de Bretton Woods, que fixou o ouro como moeda padrão nas transações fi-nanceiras internacionais. Assim, os Es-tados Unidos alçam o dólar à condição de balizador internacional e manipulam sua moeda conforme lhes convém. “Já valorizaram no passado e, agora, des-valorizam a bel-prazer”.

Sobre a questão cambial, Luiz Augusto Candiota, ex-diretor de Política Mone-tária do Banco Central no governo Lula, é categórico: “o G-20 não produziu absolutamente nada”. Para ele, o erro é encarar uma crise de emprego e comér-cio como crise cambial. “O que os Esta-dos Unidos querem é transferir a conta da crise para os outros países”, analisa. “O Brasil não pode ficar se adaptando às coisas negativas e nem achar que nossa boa situação atual não passará por problemas”.

A dica posta na mesa pelos economistas é garantir o desenvolvimento por meio de um robusto crescimento interno, com expansão na indústria, nos serviços e no consumo da população. “Estamos com bons indicadores em vários aspec-tos”, pontua Lacerda. A economia está crescendo a taxas consideráveis, na casa de 7% ao ano, e mesmo no auge da crise o mercado interno se manteve aquecido. “Passamos por um bom momento em comparação com outras épocas de tran-sição de governo”, aponta.

O principal alerta é para que o País garanta o bom funcionamento fiscal. “Precisamos baixar os juros para alinhá-los às taxas mundiais”, aponta Rabello, crítico também da elevada carga tribu-tária que, para ele, torna o Brasil me-nos competitivo. Lacerda concorda e diz ser possível mexer na questão fiscal sem interromper o patamar de cresci-mento. “No máximo, reduziríamos a ex-pansão a 5%”, acredita. Para ele, outro ponto que precisa ser alterado, além das áreas fiscal e tributária, é o câmbio, considerado previsível. “A coerência é adaptar as variáveis econômicas frente às necessidades”, acredita. Mas, faz um alerta. “Tudo deve acontecer de forma simultânea”. Rabello acrescenta que o momento é favorável a essas mudan-ças e que se o País não as fizer agora, provavelmente não as fará nunca.

Algumas dessas mudanças devem ocor-rer no governo Dilma Rousseff, en-tretanto, o câmbio deve sofrer pouquís-

sima interferência, de acordo com as declarações da nova presidenta, que se mostrou defensora do câmbio flutuante. Já as áreas fiscal e tributária devem so-frer alterações significativas. A intenção do novo governo é fomentar o cresci-mento do País com taxas de juros baixas e carga de impostos menor.

Para Delfim Netto, os brasileiros estão em boas mãos. “Dilma é competente, tra-balhadora e cobra resultados”, afirmou. “Ela foi eleita porque o povo considerou que o País está equilibrado”. Candiota, que fez parte do governo, concorda com Delfim e acredita que o Brasil é a bola da vez entre as economias emergentes, que estão menos afetadas pela crise, porque possui mercado financeiro eficiente e democracia consolidada. “Seremos um importante destino dos recursos mundi-ais”, afirma.

Para não desperdiçar o bom momento, o Brasil deve focar na produtividade. “Não se pode tomar decisões de inves-timento de baixa qualidade”, ressalta Candiota. Um exemplo disso, segundo ele, é o setor de telefonia, que possui o maior mercado e as tarifas mais caras do mundo. “O modelo está custando caro”. É por isso que Lacerda concluiu que o maior erro que o País pode cometer é usar velhos paradigmas para novos de-safios. De acordo, Candiota completa: “Já não somos do 3º mundo, apenas ain-da alocamos mal nossos recursos”.

Dilma e Lula com o presidente da Coréia do Sul, Lee Myung-Bak, antes da posse da presidenta.

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28 LINHA DIRETA em revista

NoTÍCIaS

Sindicalistas de 11 países se encontraram na XV Reunião da Alian-ça Uni-Telefônica com o objetivo de discutir propostas para am-pliar o acordo global entre trabalhadores e empresa. Vale lembrar que a UNI (Union Network International) é um sindicato global ao qual o Sintetel é filiado e conta com outros 195 sindicatos do mundo inteiro. Isso abrange cerca de dois milhões de trabalha-dores ao redor do planeta.

A reunião foi aberta pelo presidente do Sintetel Almir Munhoz, que deu boas vindas a todos os presentes. “Nosso objetivo nesta reunião será o de traçar as diretrizes para poder melhorar o nosso acordo global com a Telefônica. Desejo que possamos sair daqui com boas novas ideias para aprimorar os acordos”, destacou.

Em seguida fizeram o uso da palavra Raúl Requena, Secretário Regional da UNI Américas, Cenise Monteiro, Diretora da UNI Américas e Marcus Courtney, Chefe Mundial da UNI Telecom.

A segunda parte da reunião foi dedicada a informes dos sindicatos de todos os países presentes: Brasil, Chile, Argentina, Colômbia, El Salvador, Espanha, México, Panamá, Peru, Portugal e Suiça.

Com a presença de Oscar Maraver, diretor mundial da Telefôni-ca, a principal pauta abordada pelos sindicalistas foi o problema das terceirizações. “Os contratos dos terceirizados, por conta de economia, tem que ser reduzidos e isso afeta as prestadoras”,

argumentou Almir, que ainda aproveitou para reclamar da proi-bição de horas extras nessas empresas, o que leva os trabalha-dores a exercerem suas funções por muitos dias seguidos sem descanso e sem receber a mais por isso. “As condições não são boas”, frisou Almir.

Outro ponto questionado pelo presidente do Sintetel foi em relação à Atento Brasil, empresa de teleatendimento do Grupo Telefônica. Para Almir, faltam gestores de RH em vários sites e isso leva ao não cumprimento de muitos pontos acertados na Convenção Coletiva da categoria. “Como não há representantes do RH, a empresa acaba interferindo e não levando em considera-ção aquilo que o sindicato acorda”, reclamou.

O diretor da Telefônica contra-argumentou que, para a empresa, a terceirização é necessária para redução de custos com a finalidade de fazer a Telefônica crescer mais. “Esse processo de prestação de serviço por terceiros é necessário para nós. Assumimos o risco de não ter um funcionário nosso como porta de entrada para os clientes da empresa”, afirmou Maraver.

Ao mesmo tempo, comprometeu-se a dar estabilidade aos tra-balhadores das terceirizadas e de estudar a reclamação no setor de teleatendimento. “Estamos de acordo com os problemas de vocês e buscaremos as melhores soluções”, garantiu.

Vitória das trabalhadoras da ProbankEm dezembro do ano passado, centenas de telefonistas entra-ram em contato com o Sintetel para denunciar irregularidades na Probank. Após decisão em reuniões, elas realizaram um pro-testo em frente ao edifício-sede da Caixa Econômica Federal, em São Paulo, no dia 14 de dezembro. Mediante a manifestação, a Probank agendou uma reunião para o dia seguinte. A pro-posta, então, foi encaminhada à assembleia e foi aprovada pelas trabalhadoras. Veja o que foi discutido:

• Em relação aos atrasos dos salários do mês de novembro e o 13º do ano de 2010, a empresa comprometeu-se a efetuar o pagamento total;

• As trabalhadoras que saíram de férias e não receberam os pa-gamentos devidos foram ressarcidas da forma da Lei;

• Em relação ao vale transporte, a empresa informou que ele já estaria regularizado e reconheceu que pagou atrasado.

A Probank comprometeu-se a não retaliar nenhuma trabalha-dora em função da paralisação ocorrida por conta dos proble-

mas acima citados – sem descontos nos salários ou composição de banco de horas.

Por fim, para dar continuidade às soluções dos problemas, a empresa comprometeu-se a comparecer em reunião no Sintetel com o objetivo de negociar e formalizar o Acordo Coletivo de Trabalho. “A empresa, após protesto, aceitou a reivindicação das trabalhadoras. Ficou provado que união e mo-bilização sempre dão resultado”, declara o diretor do Sindicato Fábio Oliveira.

Sintetel participa da XV Reunião da Aliança Uni-Telefônica

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LINHA DIRETA em revista 29

NoTÍCIaS

Dedic será incorporada

à ContaxMais uma fusão acontecerá no ramo das telecomunicações. Como parte das negociações para a entrada da Portugal Telecom no capital da Oi, a Dedic/Mobitel – empresa de te-leatendimento dos portugueses – será incorporada à Contax. Esta úl-tima, por sua vez, será dirigida pela PT, AG Telecom e LF Tel.

As negociações ocorrerão por meio de troca de ações, quando os por-tugueses desembolsarão R$ 116 milhões. AG Telecom e LF Tel pa-garão R$ 100 milhões cada. Segun-do estimativas da empresa lusitana, após o término da complexa opera-ção – que deverá ser encerrada em maio -, a Portugal Telecom receberá R$ 200 milhões líquidos.

Sintetel marca presença em reuniões da UNI no JapãoA UNI (Rede Sindical Mundial) realizou a 3ª Conferência Mundial de Mulheres em Nagasaki, no Japão, nos dias 6 e 7 de novembro. Na ocasião, o Sintetel foi representado pelas companheiras Graziela Costa e Mariangela Pires.

Com o tema “Rompendo Barreiras Juntas”, mulheres de vários países se reuniram com o objetivo de eleger novas representantes para o Comitê Mundial de Mulheres e discutir estratégias de igual-dade e oportunidade, migração, tráfico e violência contra a mulher.

Dando continuidade aos trabalhos no Japão, a UNI realizou o seu 3º Congresso Mundial, que ocorreu nos dias 9 e 12 de novembro. Trabalhadores de diversos setores e de várias partes do mundo se reuniram para debater ações voltadas para a juventude e a mulher e para o desenvolvimento sindical e trabalhista.

Na ocasião, o Sintetel representou o setor de telecomunicações do Brasil.

Trabalhadores da Icomon mostram sua forçaOs trabalhadores da Icomon da Região do ABC deram nova prova de união e mobili-zação. Eles realizaram uma paralisação de protesto no dia 10 de janeiro frente às inú-meras irregularidades praticadas na empresa. A Icomon é uma prestadora de serviços da Telefônica.

O movimento dos trabalhadores, conduzido pelo Sintetel, fez com que a empresa agen-dasse reunião para tratar dos assuntos na tentativa de solucioná-los. Entre os problemas apontados pelos funcionários estão os descontos indevidos de material, baixa cota de combustível, horas extras, folgas, depósito de FGTS, entre outros.

A empresa apontou soluções para todos os itens apresentados e recebeu dos trabalha-dores um sinal de alerta. “Queremos ser tratados como seres humanos e não como números dentro dos 5.600 trabalhadores da Icomon. Pedimos bom senso no tratamento e abandono da arrogância, das atitudes arbitrárias e unilaterais”, declarou Mauro Cava de Britto, diretor Regional do Sintetel no ABC. “Vamos ver o que acontecerá no próximo pagamento. Se a Icomon não cumprir o combinado, voltaremos à luta”, finalizou.

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30 LINHA DIRETA em revista

CUlTUra

Ícone pop perto do fim

Amanda Santoro Já se passaram quase 15 anos desde a publicação inglesa de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, o primeiro livro da franquia mágica de J.K. Rowling. No mês de julho, quando os cinemas receberão “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte II”, chegará ao fim um ciclo de 10 anos iniciado com o longa-metragem de Chris Columbus, que por mérito lançou a trama ficcional ao estrelato. Com uma década e meia de história, o bruxinho que estampa uma cicatriz de raio na testa conquistou

milhões de fãs nos quatro cantos do planeta. E não só isso. Graças a eles e à cres-cente qualidade dos filmes, os sete volumes já lançados arrecadaram mais de US$ 6 bilhões nas bilheterias mundo afora.

Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint, que dão vida ao trio de protago-nistas nas telonas, são três dos quatro jovens mais ricos da Inglaterra – a atriz Keira Knightley é a única intrusa da lista. J.K. Rowling, a es-critora que transpôs para

os papéis este mundo de fantasias, é a segunda mulher mais endinheirada do globo, superada apenas pela apresentadora norte-americana Oprah Winfrey. E quebrando recorde após recorde, a franquia sedimenta o seu lugar na história da litera-tura e dos cinemas.

A jornalista Frini Georgakopoulos, de 31 anos, considerada especialista no tema pela editora Rocco – que lançou os livros no Brasil –, explica o que representa Harry Potter para os jo-vens nascidos em meados dos anos 80 e 90. “Foi o fenômeno que reaproximou das livrarias um público diagnosticado como perdido para os videogames”, afirmou. “São jovens que se acostumaram a ler e não se assustam mais com livros longos, alguns até passaram a escrever contos próprios”, complemen-tou a jornalista. Frini, que também faz palestras para debater as entrelinhas da saga bruxa, diz que já passou por poucas e boas em eventos sobre o tema. “Vi pessoas vestidas de per-sonagem Dobby e até conheci gente que namorou, casou e teve filho dentro de fandom”, diverte-se.

Para aqueles que não estão familiarizados com a linguagem, fandom é uma comunidade de usuários que passam muitas horas online debatendo ideias sobre um tema comum. Com o passar dos anos, os fandoms potterianos cresceram vertiginosa-mente e seus integrantes costumam marcar encontros para se conhecerem. “Moro no Rio Grande do Sul e pretendo ir a São

A saga Harry Potter, que reinou absoluta nos anos 2000, deixa milhões de fãs órfãos no próximo mês de julho, quando encerra o seu ciclo sob os holofotes da mídia

Rupert Grint, Daniel Radcliffe e Emma Watson nos tempos de

“Harry Potter e a Pedra Filoso-fal”, primeiro filme da franquia

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LINHA DIRETA em revista 31

CUlTUra

Paulo assistir ao último filme com algumas amigas do fandom que não conheço pessoalmente”, revelou a assis-tente editorial Dieimi Deitos, de 26 anos. “Harry Potter tem esse estranho poder

de unir pessoas dos mais distintos lugares”, completou.

Dieimi ainda integra o grupo de fãs que escrevem histórias próprias embasadas na trama criada por J.K. Rowling, rein-ventando a realidade proposta pela autora e acrescentando situações que não estão nas páginas dos livros. Ela é uma escri-tora de fanfictions (que em tradução para o português significa “ficções criadas por fãs”), e cuida de um blog especializado em histórias de Rony e Hermione. “A cena da Mansão dos Malfoy de ‘Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I’ me decepcionou muito, pois a passagem é cruel e poderia ter sido mais bem retratada”, queixou-se a gaúcha. Mesmo que a críti-ca considere como melhor o sétimo filme da franquia, difícil mesmo é agradar os fãs fervorosos que possuem as suas partes preferidas e despejam nas películas a ansiedade da demorada espera entre um longa-metragem e outro.

“Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I”, penúltimo volume da saga citado por Dieimi, chegou às telonas no mês de novembro e conduziu milhões de espectadores às salas de cinema do mundo todo. No longa-metragem, os amigos Harry, Rony e Hermione iniciam a caçada pelas horcruxes de Voldemort – objetos que contém pedaços da alma do bruxo antagonista da trama. Pela primeira vez, eles estão longe da escola e se veem sem a ajuda do Professor Dumbledore, até então onipresente.

As expectativas são altas para o filme que fechará a franquia cinematográfica. David Yates, responsável pela direção desde o quinto volume, “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, foi no-vamente quem comandou as filmagens. “Espero que seja um final lindo e acredito que Yates tenha sido fiel à emoção do livro”, confidencia a estudante de cinema Maiara Tissi, de 20 anos. “Estou ansiosa para ver o desempenho dos atores na batalha final, além de aguardar muito o reencontro deles 19 anos depois, quando veremos a redenção de Draco Malfoy”, finalizou.

David Yates que se cuide. Para uma geração marcada pela in-timidade com o tema e pela inserção de palavras fictícias como “quadribol”, “estrunchar” e “aparatar” no vocabulário, nada mais justo do que esperar um grande desfecho. Harry Potter aparece como um dos ícones mais representativos da cultura pop dos anos 2000, sem nunca perder os holofotes ou deixar de ditar a moda. Em meio a tantos anseios distintos, só há dois possíveis futuros para o diretor que conduzirá o fim da fran-quia: sagrar-se herói ou virar vilão.

Se você se interessou pelo universo das fanfictions – tam-bém chamadas fanfics, fics ou apenas FFs – apresentadas nesta reportagem, Linha Direta em Revista indica alguns sites especializados no tema. Lá, os leitores poderão ler, conhecer melhor e até mesmo escrever e publicar as suas próprias histórias.

Com um dos maiores acervos do mundo, o Fanfiction.net abriga um número invejável de fandoms, inclusive de lín-gua portuguesa. Por ser um site estruturado em inglês, os brasileiros que não estão familiarizados com a língua po-dem encontrar alguma dificuldade na navegação. O sistema, porém, é intuitivo e vale a pena tentar entendê-lo para acessar o conteúdo.

Agora se você se interessa apenas por fanfictions relacio-nadas à franquia Harry Potter, não há lugar mais indicado do que o Floreios e Borrões, mantido pelo site Potterish. Total-mente em português, a página – que apresenta um elaborado filtro de busca – abriga quase 30 mil histórias criadas pelos fãs brasileiros da saga.

O Fanfiction.net também possui um acervo completo sobre Harry Potter, então as duas opções são indicadas para os fãs da série. É importante ressaltar que mesmo que sejam muito populares na internet, as fanfics não são reconhecidas pelos autores das obras e costumam infringir as leis de copyright.

Serviço:Fanfiction.net - www.fanfiction.net Floreios e Borrões - fanfic.potterish.com

Dica de leitura

Fanfictions

O quadribol, esporte criado por J.K

Rowling para a saga bruxa, ficou tão

popular que, hoje, há quem faça exibições

e campeonatos do jogo adaptado

ErramosNo texto da editoria de cultura na edição no. 10 divulgamos que o grupo ABBA era norte-americano. Na realidade o grupo é de origem sueca.

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EM PaUTa

Acordos sindicais

* João Guilherme Vargas Netto é assessor sindical do Sintetel e de outras entidades.

João Guilherme *

Na prática sindical há duas razões principais que podem jus-tificar a quebra de um acordo pelos trabalhadores.

A primeira delas decorre da correlação de forças desfa-vorável que impôs um acordo mal visto, ou a busca, apesar do acordo lesivo, de um outro objetivo qualquer.

A segunda é a mudança das condições que o acordo pres-supunha, apesar da boa-fé da negociação. Um acordo para continuar válido exige, sempre, a manutenção básica das condições e das intenções em que foi feito, segundo o princípio sic rebus stantibus, ou seja, mantidas as mesmas condições.

A primeira situação pode ser ilustrada com a aceitação do acordo dos “quarenta e cinco dias” pelos metalúrgicos de São Bernardo na assembleia da Vila Euclides em 13 de maio de 1979. Este acordo foi imposto pelos patrões e pela di-tadura militar depois da greve de março, da intervenção no sindicato e de muita repressão.

Nesta assembleia, Lula, pedindo um voto de confiança dos trabalhadores, defendeu a aceitação do acordo “que é pés-simo” e a não decretação de uma nova greve porque “pre-cisamos brigar pela volta da diretoria do sindicato”.

E adverte, de forma dramática em suas palavras finais: “Mas, num determinado dia nós vamos voltar e agir com força total. É isso que eu proponho aos trabalhadores”. Eis a gênese das greves de 1980.

O outro caso, de um acordo de boa-fé cujos pressupos-tos mudaram, pode ser exemplificado pelo acordo entre as centrais sindicais e o governo Lula em 2007 para a valo-rização do salário mínimo. Sua fórmula era a de corrigir o valor do salário mínimo pela inflação do ano anterior

acrescida do crescimento do PIB de dois anos antes, avan-

çando de abril até janeiro o início da vigência dos novos

valores. Este acordo vigorou até 2010 e determinava que

em março de 2011 se elaboraria uma proposta definitiva

de valorização do salário mínimo até 2023, em três etapas

de quatro anos cada.

Os pressupostos eram claros: necessidade de valorização do

salário mínimo aproximando seu valor, até 2023, dos pre-

ceitos constitucionais; crescimento continuado e sustentado

do PIB, sem a ocorrência do “voo de galinha” em que um

ano se cresce e em outro se decresce e, ainda que não es-

crita, a intenção de corrigir o salário mínimo, no mínimo,

pela inflação e pelo crescimento do PIB, porque não era um

acordo de indexação e sim um acordo de valorização.

Em 2009, com a crise externa, a aplicação do acordo foi

decisiva para o enfrentamento e superação dos seus efeitos

em nossa economia. O reajuste de 12,05%, em fevereiro

daquele ano, foi a grande vitória no enfrentamento da crise.

Mas, para 2011, o simples acréscimo da inflação de 2010 ao

PIB de 2009 (que cresceu 0) desfiguraria o acordo, já que

não se tratando de indexação, mas de valorização, exigia-se

sempre aumento real continuado para o salário mínimo.

As centrais sindicais, ao defenderem o espírito do acordo

e não a sua letra e constatarem a mudança, para pior, dos

pressupostos, lutam com legitimidade para a manutenção

de uma política de valorização do salário mínimo que so-

mente oferece vantagens aos trabalhadores e à economia

brasileira.

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LINHA DIRETA em revista 33

PaSSaTEMPo

Você sabia que...… todas as orquestras filarmônicas são sinfônicas?

Filarmônica, palavra de origem grega, significa “amante da música” e é usada para orquestras financiadas por sociedades privadas. As orquestras caracterizam-se pela grande quantidade de instrumentos, que são divididos em quatro blocos: os de corda (como o violino), com cerca de 60; os de madeira (como a flauta), com 15; os de metal (trompete), com 12; e mais de 10 instrumentos de percussão (tambores).

… estrelas cadentes, na verdade, não são estrelas?

Elas são pequenas partículas minerais que viajam pelo espaço. Quando entram na atmosfera da Terra, o choque faz com que se tornem incandescentes. Isso dá a impressão de que estão caindo. Ao avistar uma estrela cadente, as pes-soas costumam fazer pedidos.

… voando em formação de V os pássaros economizam energia?

Esse tipo de formação ajuda os pássaros a economizar energia. Aqueles que vão na frente re-duzem a resistência do ar para os outros. Quando o líder se

cansa, ele é substituído por outro mais descansado.

... O que é o termo “Bloody Sunday”?

Até hoje a minoria católica da Irlanda do Norte briga pela incorporação do território à Irlanda, de maioria católica. Já os protestantes querem que o país continue sendo subordinado ao Reino Unido, de maioria protestante. O “domingo sangrento” desencadeou uma escalada de vio-lência e atos terroristas.

“…E a batalha apenas começou

Há muitos que perderam, mas me diga quem ganhou?

As trincheiras cavadas em nossos corações

E mães, filhos, irmãos, irmãs dilacerados.

Domingo, sangrento domingo…”

(Tradução da música “Sunday bloody Sunday” da Banda U2)

Fonte: Fonte: Guia dos Curiosos

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AMO VOCÊ CURITIBA

Guaracy Nascimento Ourinhos - São Paulo

arTIGo Do lEITor

Desde muito jovem me enamorei por você, Curitiba.

Sua beleza, sua hospitalidade, suas faculdades...

Ah, suas faculdades!

Como gostava daquela sua pasta ao molho branco!

Tantos procurávamos o aconchego dos seus braços. Alguns o conseguiram.

Por mais tempo, por menos tempo, por qualquer tempo. Qual o meu tempo? Uma fração de tempo.

Isto também é tempo? Passou.

Imaginei que até aos meus trinta ainda eu poderia sonhar.

Busquei, me insinuei, me declarei, esperei.

O tempo passou, os trinta chegou e, então,...

Não mais Teatro Guaíra, não mais Jardim Botânico, não mais faculdades, não mais Curitiba.

Ah, que saudade!

Os trinta chegou...

Foi necessário pôr um ponto neste capítulo para dar início a um novo capítulo no livro da vida.

Os capítulos se sucederam e à medida que o livro se avoluma percebo que

os pontos de cada capítulo não são pontos finais.

A memória da história me faz reviver os fatos, os momentos, as alegrias e as tristezas, as idas e vindas.

Revi você, Curitiba. Reli aquele capítulo e me apercebi que aquele capítulo teve início

muito antes e seu fim está muito além do que comporta este livro.

Nossa história, Curitiba, não se encerra entre capas.

Os textos publicados nesta página são de inteira responsabilidade dos seus autores. E não expressam, necessariamente, a opinião do Linha Direta em Revista.

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Visite nossas colônias de férias

Aproveite a baixa temporada para conhecer uma das quatro colônias de férias que o Sintetel disponibiliza para seus associados.

Para fazer sua reserva entre em contato com a sede dos Sintetel em São Paulo ou com uma das subsedes. Acesse www.sintetel.org para saber endereços, telefones e e-mails.

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