revista espaço cidadão # 06

40
Santo Antônio da Platina - PR – ano III – nº 6 – Maio de 2010 Revista de circulação trimestral VENDA PROIBIDA DISTRIBUIÇÃO GRATUITA MEIO AMBIENTE Sua conta de luz anda pesando no bolso ou na consciência? RECICLE. SEPARE O PAPEL CORRETAMENTE. ADOLESCENTE Um caminho de dependência e desespero FAMÍLIA Educação sexual: podemos melhorar? Por que a formação sexual nos jovens ainda carece de um enfoque mais profundo? Energia: uso racional Drogas

Upload: copadesc-ambiental

Post on 09-Mar-2016

221 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Revista Espaço Cidadão. A revista com conteúdo sério, transparente e comprometido com a verdade

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Espaço Cidadão # 06

Santo Antônio da Platina - PR – ano III – nº 6 – Maio de 2010

Rev

ista

de

circ

ula

ção

tri

mes

tral

Ve

nd

a P

ro

ibid

aD

ist

Rib

uiç

ão

GR

at

uit

a

M E I O A M B I E N T E

Sua conta de luz anda pesandono bolso ou na consciência?

Recicle. SepaRe o papel coRRetamente.

A d O l E s c E N T E

Um caminho de dependência e

desespero

FA M Í l I A

Educaçãosexual:podemos melhorar?

por que a formação sexual nos jovens ainda carece de um enfoquemais profundo?

energia: uso racional

Drogas

Page 2: Revista Espaço Cidadão # 06

Obrigado às empresas parceiras do Copadesc e do Credinorte que contribuíram para que chegássemos mais perto do objetivo de melhorar a qualidade de vida do nosso próximo e do nosso meio ambiente.

2000 Veículos •2l Auto PeçAs • AcAdemiA sAbbAg • Agile • AgronorP • AlfA trAnsPortes • André bernini esPAço dA belezA • AngelsAt • ArAmon • ArmAzém do PArAfuso • Arte e mAgiA • bAmbini • bAyukA PizzAriA • beirA rio Auto PeçAs • bellA center cosméticos • bellAdonA fArmáciA de mAniPulAção • bio AnAlise lAborAtório • bordignon construcAsA • cAPricho cAfezão • cArlão consórcios • cArPAthyA AssessoriA emPresAriAl • cAsA de cArnes boi dourAdo • cheiro Verde • chico dA PrincesA dePutAdo federAl • chico´s restAurAnte • churrAscAriA JóiA • ciA do sorriso • clinicA celulAr • clinicA de olhos sAntA ritA • clinicA moVimentto • clinicA VidA ViVA • contAtos desPAchAnte • cosmético cArVAlho • diAgson centro médico • discAluz • discoVery • dr. AdriAno cArVAlho guimArães • dr. clAudinei de oliVeirA • dr. gerson lAVorAtto • dr. Jorge gArrido • dr. Júlio ArrudA • dr. mArcelo s. mAchAdo • dr. sergio leoPolski • drA leiA fernAndA de souzA ritti ricci • drA úrsulA rAPhAelA VieirA lourenço • drogAmAis • eletrônicA corsin • emPório romAno • erigesso • extinorPi • extinPel • fAbiele fisioterAPeutA • fAbinho funilAriA e PinturA • fAnorPi • fArmAcentro • fArmáciA sAntA terezinhA • fAzendA sAntA clArA • fort som • fortefArmA • freePAn • gás 2 irmãos • gAsosA PArAnAense • gleide Presentes • guilherme estefAnuto • hAmilton ribeiro cAbelo e estéticA • hotel kAnoA • hrs bAião • igreJA metodistA • imobiliáriA PortAl do sol • JAcAré recuPerAdorA • JAime f. mendes • Jl diesel • ki AntenAs • lAborAtório drA. glAir • ligfArmA • luciAnA ribeiro ArquiteturA • mAdeirAs rAmos • mAqnew • mArio negresoli • medic tec • milênio cAlçAdos • motocAr • moVeis Adelino • moVelAriA mArtins • mozArelA PAnificAdorA • multiPlAcAs • nAtex tecidos • néiA rouPAs • noVo Piso • odontologiA drA clAudiA ferreirA • oliVA bistrô • on-line • óPticA PlAtinense • óPticA são José • óticA VillAni • oxPlAtinA • PAPelAriA noVo mundo • PArAná AssessoriA • Pedrão grill buffet • Peixe AntenAs • Petrolub lubrificAntes • PlAtiAço • PlAtiferro mAteriAis de construção • PlAtinA truck center • PlAtiPeçAs som • PlAtturbo • Posto cAçulA • Posto chAPAdão • quAtro rodAs • refrigerAção centrAl • refrigerAção zero grAu • registro de imóVeis • retíficA de motores PlAtinA • rodoViário Afonso • rouPA dA cAsA • s.o.s cerVeJA • s.o.s recArgA de cArtuchos e toners • sAbor de festA • sAmP fiAt • sAncAr • schmidt hondA • skinão grill • sP informáticA • stefrAn • suPer festA • toldos PlAtinA • toque de Amor • torneAriA

Petrechi • toysAn • usitrAte • VAlter cAbeleireiro • VidrAçAriA PlAtinense • zAnin Auto PeçAs

Page 3: Revista Espaço Cidadão # 06

3www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão

stá na hora de votar e o voto é o tes-temunho mais relevante e afirmativo da liberdade e da democracia. Como nascer e morrer, votar é um ato de

exaltação que tem o poder de igualar os seres humanos. Nele todos se nivelam, não há diferenças. O voto do humilde tem o mesmo valor do abastado.

O voto sugere eleição e a eleição é um veredito silencioso, pelo qual se constrói ou desmorona a felicidade de um povo, a grandeza de um país. É necessário, portanto, que estejamos atentos para a responsabilidade do ato de votar.

Ao final da presente campanha elei-toral, estaremos colocados ante o dilema da escolha do nosso melhor representante. Uma forma eficaz de chegarmos a mais correta opção, e garantirmos ao voto a dig-nidade que ele merece, é questionarmos o comportamento de vida, a formação moral e cívica e a competência do candidato. Outra forma é analisarmos o seu discurso, verificando se ele é coerente com a perso-nalidade de quem o pronuncia.

Há dois tipos de discurso que, via de regra, são utilizados pelo candidato para persuadir os eleitores. O primeiro, e mais usual, é aquele em que o candidato, na ânsia de conquistar o voto chega a avizinhar-se da utopia, a tocar as raias da mentira, da demagogia. Promete que, se eleito, não haverá problema que por ele não possa ser resolvido Assim, não faltará pão e teto a quem quer que seja. Ninguém morrerá na porta do hospital por falta de atendimento. Promete que, se eleito, não faltarão escola e professor para eliminar o

analfabetismo. Que os esquálidos, famin-tos e maltrapilhos serão integrados à socie-dade com a dignidade de seres humanos. Que o saneamento básico necessário será realizado, eliminando assim, todas as pes-tes, as endemias. Que a esquistossomose, o tifo, a malária, a cólera etc. não estarão mais relacionadas como problemas sem solução nos relatórios dos órgãos de saúde pública. Que a água, a energia elétrica, o telefone, os impostos e as taxas terão um preço tão insignificante que não afetarão, nem de longe, o orçamento familiar. Dirão que nem um centavo do dinheiro do povo recolhido aos cofres públicos será roubado ou criminosamente aplicado.

Dirão que das vultosas somas gastas na campanha eleitoral, nem um só cen-tavo será reembolsado. Que as tristezas serão definitivamente abolidas e todos passarão a viver num reino repleto de prosperidade e alegria. Prometerão, ain-da, que o poder público não utiliza mais suas mordaças, porque os exploradores selvagens e carnívoros se humanizarão, pela graça da atuação pura e divina dos candidatos. Enfim, que, eleitos, estará garantida a extinção de todas as desgra-ças e a transformação do nosso país num verdadeiro paraíso.

O outro discurso, muito mais raro e desejado, que o povo brasileiro, pro-fundamente decepcionado, raramente escuta, é o discurso sério, verdadeiro, e convincente, embasado no procedimento límpido e transparente daquele que o pronuncia. É o discurso da repugnân-cia à mentira, ao falso patriotismo e à

imoralidade. É o discurso do juramento solene de doação total e permanente do candidato ao povo e ao país. É o discurso da luta pela união e convivência fraterna entre todos os irmãos brasileiros.

É o discurso de comprometimento público de não roubar, de não trair, de buscar, através da decência, combater os erros, alcançar a justiça e a perfeição.

É o discurso da renúncia ao apego exacerbado aos bens materiais, à ganân-cia em benefício daqueles que, pela falta de amor e respeito, são submetidos à tris-te humilhação de não ter nem onde morar. É o discurso sem o disfarce da luxuosa embalagem cuidadosamente preparada para esconder a podridão do conteúdo.

Ao final desta campanha eleitoral, como dissemos, ambos os discursos es-tarão colocados para a nossa apreciação e julgamento.

Os candidatos são conhecidos. Os discursos também serão. O processo estará pronto. Cabe agora ao eleitor esclarecido e independente, responsá-vel e patriota, escolher com seriedade e confiança aquele que, pela coerência do discurso e pela sua formação moral e cívica, lhe pareça o mais indicado e competente para lutar pelo progresso e grandeza de nossa cidade e pelo bem--estar e segurança de nosso povo.

O voto é livre e secreto. A escolha também.

Medite e decida.

Jorge da silva PimentaPlatinense

EsPAÇO dO cIdAdÃO

emedite e decida

Page 4: Revista Espaço Cidadão # 06

ESPAço CIdAdão Maio de 2010 www.copadesc.org.br4

EsPAÇO dOs 3 POdEREs

Família, como lugar primário da “Huma-nização, da Paz e do Desenvolvimento”, é, justamente, designada como a primeira sociedade natural: uma instituição que é fundamento da vida das pessoas e protótipo

de todo o ordenamento social. A própria comuni-dade social, para fruir de uma economia estável e justa, é chamada a inspirar-se nos valores por que se rege a comunidade familiar. Há, por isso, uma reciprocidade umbilical e uma correlacio-nalidade essencial entre estes dois conceitos.

Infelizmente, e para desgraça da humanida-de, o homem não tem sabido orientar-se neste sentido, e tudo faz para enfraquecer, ou aniquilar, a Família.

As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar. A educação não conduz as novas ge-rações para a assunção de um projeto comum. Os jovens não querem compromissos. Enfim… Tudo cai em cima da Família, com um intuito de a minimizar, silenciar e descaracterizar.

Numa dimensão mais ampla, a humanidade é uma grande família. O fenômeno da globali-zação reforça este conceito. Esta família, além de um alicerce de valores partilhados, tem ne-cessidade de uma economia que corresponda às exigências de um bem comum. Por isso, entre os povos é fundamental estabelecer-se uma sadia utilização dos recursos e uma justa distribuição da riqueza.

Para isso, é necessário criar legislação eficaz que afaste o individualismo egoísta e não per-mita à organização econômica obedecer, apenas, às duras leis do lucro imediato, que se revelam profundamente desumanas, com consequências

desastrosas na estabilidade da família.De fato, é na Família que o indivíduo rece-

be o suporte econômico, emocional e as mais eficazes e permanentes normas de sociabili-zação, tão fundamentais para a concepção de um modelo econômico que gere justiça, paz e desenvolvimento.

A economia cumprirá o seu papel se for ser-vida por um governo eficaz e por uma sociedade com coração e generosidade. Mas, isto, só se aprende na Família!

Na família cristã cultiva-se o amor e vive--se de esperança; a virtude que nos dá a força de enfrentar e superar as dificuldades da vida. É, por isso, necessário e urgente realçar o papel da Família como fonte de humanização e de socialização; de educação para o exercício da cidadania, como espaço de comunhão e partici-pação, como lugar de resistência e de alternativa à lógica do mercado.

Pelo lado econômico, a família funciona de forma solidária, os pais sustentam os filhos e os avós já idosos. Anos depois, os filhos cuidarão dos seus filhos e de seus pais que já serão idosos, e assim sucessivamente. Como a criança não tem autonomia para sobreviver, nem os idosos, a sobrevivência das sucessivas gerações depende vitalmente da solidariedade familiar. Na fase ativa de nossa vida, tipicamente dos 16 aos 64 anos, produzimos um excedente: é produzido mais do que consumido, e esse excedente serve para sustentar os avós, filhos, doentes, ou pes-soas da família que não têm como se sustentar.

Nos dias de hoje, a família está mudando, a família está deixando de assegurar essa ponte entre produtores e não-produtores. A família

a

a economia cumprirá o seu papel se for servida por um governo eficaz e por uma sociedade com coração e generosidade. mas, isto, só se aprende na Família!

A Família S.A.Família e economia são dois conceitos que se entrelaçam e se complementam.

Fazem parte da mesma mundividência antropológica, social e econômica.

Page 5: Revista Espaço Cidadão # 06

ampla, composta por tios, avós, pais e filhos está deixando de existir dando lugar à família economicamente rentável ou família nuclear, que é a composta por pai, mãe e um casal de filhos. E mais recentemente até a família nuclear está desaparecendo. Nos Estados Unidos, apenas 26% dos domicílios têm pai, mãe e filhos. Na Suécia, seriam 23%. Hoje se contam nos dedos os amigos que não estão divorciados. O próprio casamento não tem um futuro certo, a separação é bem normal nos dias de hoje e os filhos fora do casamento cada vez mais aumentam. Há quarenta anos na Europa Ocidental apenas 5% dos filhos eram fora de casamentos e nos dias de hoje essa porcentagem ultrapassa os 30%. Esse distanciamento entre os membros da família pressupõe a necessidade da economia capitalista, num consumismo exagerado. A TV e o automóvel, por exemplo, servem para isolar uns dos outros membros da família. Estatísticas referentes ao censo de 2000 apontam que cerca de 20% da população do Brasil constituem famílias de três componentes, variando muito pouco esta porcentagem para as de dois e quatro componentes.

Existem muito poucos estudos no Bra-sil que abordam o tema dos orçamentos familiares sob a perspectiva de gênero. Pouco se sabe sobre os perfis de consumo e sobre os padrões de composição de ren-da de homens e mulheres e das famílias chefiadas por cada um deles. A literatura existente sobre esse tema – basicamente internacional – se concentra em análises que privilegiam os modelos econômicos de decisões de consumo domiciliares (unitários e coletivos), cujo objetivo é entender como os gastos familiares são alterados em função de variações nas rendas e nas características de homens e mulheres que formam casais. São es-tudos que têm como unidade de análise as famílias tradicionais, heterossexuais e biparentais. Os novos arranjos familiares,

especialmente o aumento expressivo de famílias chefiadas por mulheres – sejam elas monoparentais ou unipessoais –, não têm sido levados em conta na corrente econômica atual.

Dívidas e intranquilidadePara uma pessoa com endividamento

excessivo, nada é mais importante que tranquilidade. Não faz sentido falar de planejamento financeiro e de conquistas de objetivos futuros para alguém que está com alto nível de endividamento e deseja, no curto-prazo, apenas ter um sono tranqüilo. Como identificar se você tem endividamento excessivo? Se você está no cheque especial ou no empréstimo rotativo no cartão de crédito, pagando en-tre 5% e 12% de juros ao mês, já se pode dizer que seu endividamento está elevado, pois paga juros altíssimos e desperdiça muito dinheiro.

Veja um exemplo: Se você estiver devendo R$ 100,00 ao seu banco por uma taxa de juros de 8% ao mês:

· Em 5 anos você estará devendo R$ 10.125,71;

· Em 10 anos você estará devendo R$ 1.025.299,93;

· Em 20 anos você estará devendo R$ 103.818.195,12;

Se você está pagando esse tipo de ju-ros, com certeza está jogando dinheiro no lixo. Se você deseja buscar tranquilidade financeira e sair deste pesadelo chamado dívidas, deve seguir os passos indicados abaixo:

1- Conheça o tamanho de sua dívida. Visite todos os credores e peça para que eles descrevam em um papel oficial da instituição o valor exato e os itens que compõem o total de sua pendência.

2- Leve os papéis para a análise de um especialista, o Copadesc pode indicar alguns destes especialistas, talvez alguns itens possam ser deduzidos do total a ser pago, ou então o valor da dívida pode ter

sido calculado de modo incorreto.3- Guarde esses papéis. Mais tarde,

eles podem funcionar como comprovan-tes em caso de uma disputa judicial sobre o valor da dívida.

4- Tente levantar o maior valor pos-sível. Isso pode incluir a venda de um veículo ou de um terreno, ou mesmo um empréstimo tomado de um familiar. Até mesmo as jóias da família podem ser usadas em um momento de dificuldade.

5- Com esse dinheiro, faça uma oferta aos credores para o pagamento à vista de uma parcela de seu débito. Normalmente, esse tipo de oferta pode gerar o abatimen-to de uma parcela significativa da dívida.

6- Mude o perfil de sua dívida. Use o dinheiro de um empréstimo consig-nado – com mais parcelas e juros mais baixos – para cobrir as dívidas anteriores, especialmente no caso das pendências do cartão de crédito e do cheque especial.

7- Essa “troca” da dívida deve dimi-nuir o número de credores, se possível para apenas um. Assim, evitam-se os riscos de muitas taxas para pagar, muitos boletos, com chances de perder um prazo ou deixar de pagar uma conta.

8- Caso não consiga unificar as dí-vidas, a prioridade de pagamento deve recair sobre aquelas com juros mais altos, especialmente o cartão de crédito. Sempre que possível, deve-se pagar o valor integral da parcela e não apenas o percentual mínimo.

9- Na hora de conversar com os credores, mostre que tem intenção de pagar a dívida, mas que está enfrentando dificuldades. Bancos e financeiras tendem a aceitar uma redução no valor do débito em vez de ficar sem receber ou enfrentar os custos de um processo.

10- Adote uma postura preventiva an-tes de enfrentar uma dívida. Use o cartão de crédito e o cheque especial apenas em situações específicas, e somente quando tiver recursos para cobrir rapidamente os custos.

Maio de 2010 ESPAço CIdAdão 5www.copadesc.org.br

Page 6: Revista Espaço Cidadão # 06

www.copadesc.org.br

ExP

EdIE

NTE

espaçocidadãorevista

PRoDução:

CoPaDEsC - Consórcio para Proteção e desenvolvimento Sustentável e Sociocultural da Bacia Hidrográfica do Rio das Cinzas CNPJ 05.947.410/0001-68

CREDiNoRtE - Sociedade de Microcrédito, Pesquisa, Empreendedorismo e desenvolvimento Sustentável do Norte PioneiroCNPJ 06.145.187/0001-06

PRoJEto GRÁFiCo E DiaGRaMação:Alessandro Mendes dutra, João Geraldo Frose

CoNsELHos:CoPAdESC - Alessandro Mendes dutra, Ieda Maria da Veiga Franco Reis, João Geraldo Frose, Maria das Graças Ferreira de Campos Zurlo, Tarcísio BoikoCREdINoRTE - João Geraldo Frose

Jornalista Responsável:Kátia Kertzman MTb nº 2247/09/27 PR

CoNtato: (43) [email protected]@copadesc.org.brwww.copadesc.org.br

m a i o / 2 01 0

6 ESPAço CIdAdão Maio de 2010

04 espaço dos 3 poderesFamília e economia são dois conceitos que se entrelaçam e se complementam. Fazem parte da mesma mundividência antropológica, social e econômica

07 economia iO cooperativismo foi introduzido no Brasil e passou por um rápido processo de expansão, já que pode ser considerado como uma forma alternativa ao mercado

10 meio ambienteUso Racional da Energia: Sua conta de luz anda pesando no bolso ou na consciência?

14 Saúde Mitos e Verdades sobre Varizes

16 cidadania “A dignidade da pessoa humana”, a saúde e a Cidadania

18 legislaçãoGestão Pública - A escolha livre e consciente, no voto, é de suma importância para que tenhamos uma boa administração pública, mas não para por aí

19 políticaEleições 2010

23 adolescente iEducação sexual: - podemos melhorar?

26 adolescente iiDrogas: uma viagem de dependência ao desespero

30 educaçãoA educação é o caminho para o desenvolvimento, trazendo as melhorias sócio-econômicas desejadas por todos

32 Responsabilidade SocialAções de valor - A Responsabilidade Social é o desenvolvimento sustentável inserido na gestão empresarial

34 inclusão SocialTerapia Comunitária - A sociedade moderna promove a superficialidade nas relações e a exteriorização.

36 corpo iRPG Reeducação Postural Global

38 corpo iiPilates - Saúde Sustentável

ÍNdIcE

Page 7: Revista Espaço Cidadão # 06

7Maio de 2010 ESPAço CIdAdão

EcONOMIA

a s variáveis que determinam o cenário político e econômico deste novo sé-culo tornam imprevisível o panorama do futuro próximo, mas as tendências

desses tempos de globalização são inequí-vocas: competição acirrada e constante versus busca permanente da eficiência.

Cooperativismo O surgimento das primeiras atividades

cooperativistas deu-se no século XIX, através da organização de artesãos ingleses que buscavam melhores condições de vida e trabalho, em uma economia que os des-favoreciam. Desde então, essas atividades foram adotadas como modelo e sua difusão decorreu de maneira rápida no mundo inteiro, atingindo todas as camadas da po-pulação. Desde seu nascimento em 1844, o cooperativismo vem sendo uma importante ferramenta de união e integração entre os

povos do mundo inteiro. O cooperativismo não está apenas

ligado a cooperativas, ou na união dessas pessoas em prol de seus interesses perante governos e entidades. Cooperativismo em seu significado genérico é a união, a cooperação de pessoas de um determinado seguimento em busca de objetivos mútuos. Mas isso vai além da busca por direitos, porque une as pessoas através de laços de amizade, companheirismo e amor. Além dos interesses em comum, cooperativismo também é vida, pois renova a esperança de famílias e crianças que necessitam de ajuda através de seus projetos sociais. O Copadesc procura atuar em projetos sociais voltados às crianças. É informação, pois contribui para que sua sociedade fique por dentro das mudanças sociais em diversas áreas, desde a agricultura até a educação.

Um setor que soube explorar estas ativi-

Unidos Venceremoso cooperativismo foi introduzido no Brasil e passou por um rápido processo de expansão, já que pode ser considerado como uma forma alternativa ao mercado.

www.copadesc.org.br

Page 8: Revista Espaço Cidadão # 06

ESPAço CIdAdão Maio de 2010 www.copadesc.org.br8

EcONOMIA

dades foi o setor agrícola, com a formação de muitas cooperativas. O cooperativismo foi introduzido no Brasil e passou por um rápido processo de expansão, já que pode ser considerado como uma forma alterna-tiva ao mercado. Pelo fato do cooperativis-mo agrícola ser, em termos de quantidade de cooperativas, o maior deste segmento, este atua intensamente na agricultura, com cooperativas consolidadas e consideradas atualmente referências para este modelo.

Cada vez mais o movimento associa-tivo ganha expansão, sendo considerado uma mais valia no desenvolvimento da sociedade. Este reflete o comportamento social dominante nas próprias comunida-des. E é visto como uma forma de juntar interesses comuns, defendendo pontos de vista de forma global.

AssociativismoO associativismo é a expressão organi-

zada da sociedade, apelando à responsabi-lização e intervenção dos cidadãos em vá-rias esferas da vida social e constituiu um importante meio de exercer a cidadania.

A importância e o valor do associati-vismo decorre do fato de constituir uma criação e realização viva e independente; uma expressão da ação social das popu-lações nas mais variadas áreas.

O associativismo é expressão e exer-cício de liberdade e exemplo de vida democrática. É uma escola de vida cole-tiva, de cooperação, de solidariedade, de generosidade, de independência de huma-nismo e cidadania. Concilia valor coletivo e individual. Pelo que, defender, reforçar,

apoiar e promover o desenvolvimento do movimento associativo é defender e reforçar a democracia e a participação dos cidadãos na vida social.

É inquestionável que as associações promovem a integração social e assumem um papel determinante na promoção da cultura, do desporto, na área social, subs-tituindo a própria intervenção do Estado. Porém, há cada vez maiores dificuldades para levar as pessoas a participar na vida associativa. A verdade é que a prática associativa assenta na vontade dos indi-víduos, sendo uma emergência social que não pode ser lida fora do seu contexto – a sociedade em que vivemos – porque não se trata de um fenômeno de geração es-pontânea, releva da vontade de uns tantos que tenazmente se opõem à corrente. E os exemplos são mais que muitos.

Acontece, porém, que como em tudo

na vida, há que vencer a resistência à mudança, logo o associativismo requer aprendizagem, treino, interiorizarão de uma postura de partilha, sendo também entendido como uma questão cultural.

A era do associativismoSomos uma geração que tem enfren-

tado uma série de mudanças em relação a conceitos, tecnologia, educação, infor-mação etc. Os objetivos humanos têm se distanciado um do outro a cada dia, numa série de expectativas voltadas a satisfazer as insaciáveis e diferentes necessidades de consumo das camadas sociais. Tais anseios não estão pura e simplesmente ligados aos bens materiais, mas também às prioridades inerentes da própria época em que vivemos, tais como, segurança, saúde, educação e diversão, que são pri-mordiais para todo indivíduo e, portanto, para toda sociedade. Nenhum homem é uma ilha. Todo ser humano tem necessida-des e objetivos individuais e imediatistas, porém, muitos deles são comuns, e é neste raciocínio, que começa o foco deste artigo, voltado para uma reflexão sobre a importância do associativismo para se alcançar alvos comuns. O associativismo consiste, basicamente, na união de pesso-as em prol das mesmas metas, de forma organizada. Não é assim em nossa famí-lia? Na escola? No grupo de amigos? Nas associações patronais ou de empregados? A união faz a força.

A convivência associativa exige das pessoas regras e comportamentos univer-sais, na medida em que bens e costumes

o associativismo é expressão e exercício

de liberdade e exemplo de vida democrática. É uma escola de vida

coletiva, de cooperação, de solidariedade, de

generosidade, de independência, de

humanismo e cidadania.

Page 9: Revista Espaço Cidadão # 06

9www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão

todo ser humano tem necessidades e objetivos individuais e imediatistas, porém, muitos deles são comuns, e é neste raciocínio, que começa o foco deste artigo, voltado para uma reflexão sobre a importância do associativismo para se alcançar alvos comuns.

são compartilhados. Neste sentido, consensualmente, os

direitos e deveres são iguais. Todavia, existem pessoas que colocam seus valores acima de tudo e de todos, acreditando que só suas verdades são verdadeiras.

Não é nosso propósito querer que todas as pessoas pensem da mesma maneira, rendam-se totalmente a uma liderança, de tal forma que abdiquem do direito de pensar, de ter posições próprias.

Refiro-me a necessidade do acatamen-to das decisões da maioria. Divergir faz parte de todo debate. Discutam e divirjam, é exercitar a democracia, mas acatem o pensamento majoritário.

Não confundam conduta obstinada com obsessiva. Os obstinados são portado-res de coragem moral evidente, defendem com vigor suas posições, contudo não se esquecem de embasá-las em critérios racionais.

Os obsessivos são portadores de ideias fixas, manias, resultantes ou não de sentimentos recalcados, que dominam de maneira antipática e não construtiva, seus comportamentos.

Desperdiçam quem sabe uma inteli-gência privilegiada ou criativa, na medida em que se focam em mesquinharias ou teses menores, de caráter pessoal, esque-cendo-se da visão macro dos problemas da associação, que seriam certamente enriquecidas com seus engajamentos.

Passam imagens negativas, quando pretendiam de progressista, trabalhador incansável, eterno vigilante. Na verdade, se colocam todas às vezes na contramão

da história, são intransigentes. Quase sempre desconhecem o “fee-

ling” das questões e, consequentemente, das decisões. Posicionam-se contraria-mente a tudo, sem critério, mas na base do inconsciente ser contra, oposição.

Quando participam de reuniões, o fazem com julgamentos preconcebidos, geralmente equivocados, ensejando inter-venções descabidas ou fora de propósitos.

Preferem a crítica à sugestão. Dis-torcem imagens positivas custosamente plantadas. Têm divergências pessoais, vingam-se na associação, esquecidos de que esta nada tem a ver com questões pessoais e que também sairão perdendo.

A lealdade é fundamental em qualquer parceria, a não ser que pensem como na fábula do escorpião e da rã. Ante a possi-bilidade de que morrer entre o fogo que ardia na floresta e o rio que se colocava a sua frente, ao avistar uma rã que iria nadar até a outra margem, fez-lhe um pedido: Leva-me até a outra margem nas tuas costas! A pobre rã respondeu: Mas és venenoso! O que o escorpião respondeu: Não tem problema. Se eu te picar, morrerei também. A rã aceitou. No meio da trajetó-ria, sente uma terrível dor e exclama “não é possível, morremos juntos”, ao tempo que o escorpião aos gritos, respondeu-lhe: Desculpe-me, é a minha natureza!

Divergir faz parte de todo debate. Discutam e divirjam. Isto é exercitar a democracia. Mas acatem o pensamento majoritário.

Page 10: Revista Espaço Cidadão # 06

MEIO AMBIENTE

oje, parece que só pensamos nele. E amanhã? Hoje temos de onde tirar fontes de energia, mais será que no futuro teremos? Devemos repensar nossas atitudes e ações, em todas as esferas, se

quisermos dispor, por um período de tempo razoá-vel, das facilidades que nos proporcionam a energia elétrica.

Muito se fala sobre o desperdício de energia, seja no uso inadequado de máquinas e equipamentos, seja na regulagem de motores de automóveis, caminhões, ônibus, motos, entre outros. Fala-se em não desperdi-çar a energia elétrica quando se estiver tomando banho, ou mesmo lavando e passando roupas, preparando alimentos etc. Todas as iniciativas são válidas, visto que para que a energia elétrica seja produzida, muitos recursos naturais foram extraídos da natureza, como por exemplo o petróleo que é um bem que um dia vai acabar. A energia elétrica provinda da hidráulica gera grande impacto ambiental em função das alterações na paisagem e das grandes áreas alagadas.

Sua conta de luz anda pesando no bolso ou na consciência? Descubra algumas formas para que este recurso imprescindível à vida moderna seja utilizado com mais eficiência, tanto econômica como ambiental

Uso Racional:energia paratodos os dias!

www.copadesc.org.br10 ESPAço CIdAdão Maio de 2010

H

Page 11: Revista Espaço Cidadão # 06

Este artigo aborda o desperdício de energia que ainda não foi extraída da na-tureza ou do meio ambiente, e que pode ser produzida de forma que sua fonte não acabe nunca, que são a eólica e a solar. A energia eólica é obtida pelo movimento do ar (vento). É uma abundante fonte de energia, renovável, limpa e disponível em todos os lugares. A energia solar é proveniente do sol (energia térmica e luminosa). Esta energia é captada por painéis solares, formados por células fotovoltaicas, e transformada em energia elétrica ou mecânica. A energia solar é considerada uma fonte de energia limpa e renovável, pois não polui o meio ambiente e não acaba.

Estas duas formas de geração de energia têm seus pontos fortes e fracos, mas são perfeitamente viáveis para a geração de energia elétrica, onde em boa parte do nosso planeta a incidência solar é abundante e em outras partes a força do vento é adequada para movimentar as pás das hélices. Para que isto seja viável, é necessário que estas tecnologias estejam disponíveis a um preço competitivo frente aos outros tipos de outras fontes, como a energia hídrica, do carvão, do petróleo e a nuclear.

Maior economia, maior produtividade

Muito se tem discutido sobre a quali-dade do ensino no Brasil, e esta qualidade vem ao encontro com a produtividade do trabalhador, onde ele precisa de mais tempo para produzir um produto em comparação com um colega num país desenvolvido, porém existem exceções, mas a grande maioria prega esta ideia. Então uma das maneiras de economizar energia é a melhora na produtividade do trabalhador, ou seja, deve-se investir em educação. Um trabalhador menos treina-do demora mais tempo para realizar sua tarefa, o que gera um consumo maior de energia elétrica.

Formas de economizar energia

A reutilização, a redução e a recicla-gem de materiais são formas eficientes de não desperdiçar energia elétrica.

Por exemplo: para produzir alumínio é necessária uma grande quantidade de energia. Como foi abordado na edição 5 da Revista Espaço Cidadão, o Brasil economiza, em média, 1.800 GWh/ano com a reciclagem de latas de alumínio, o suficiente para abastecer uma cidade de 1 milhão de habitantes ao ano. Outro exemplo: para produzir um cartucho de impressora novo são necessários cinco litros de petróleo.

Toda a cadeia produtiva precisa es-tar atenta quanto ao reaproveitamento de materiais, e que, desta forma, estará

aliviando a pressão sobre a extração de matéria-prima da natureza.

Mãos a obraRelacionamos alguns vilões do consu-

mo de energia nas residências. fique atento!

Geladeira• Não abra a porta sem necessidade ou

por tempo prolongado.• Coloque e retire os alimentos e bebidas

de uma só vez.• Evite guardar alimentos ou líquidos

quentes na geladeira.• Não forre as prateleiras da geladeira

com plásticos ou vidros.• Evite a formação de uma camada muita

espessa de gelo, faça o degelo periodi-camente.

A ABCDEFG

Mais eficiente

Energia (Elétrica)Fabricante

Marca

Modelo/tensão(V)

Menos eficiente

CONSUMO DE ENERGIA (kWh/més)Adotado no teste clima tropical

Aparelho

ABCDEFXYZ(Logo)

ABC/AutomáticoIPQR/220

XY,Z

Indica o tipo de equipamento

Indica o nome do fabricanteIndica a marca comercial oulogomarca

Indica o modelo/tensão

A letra indica a eficiênciaenergética do equipamentoVeja a tabela correspondentena coluna ao lado

Indica o consumo de energia,em kWh/mês

Veja como funciona, na hora da compra, a etiqueta de consumo de enegia elétrica dos eletrodomésticos

www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão 11

Page 12: Revista Espaço Cidadão # 06

MEIO AMBIENTE

• No inverno, diminua a regulagem da temperatura.

• Mantenha limpa a parte traseira, evitando utilizá-la para secar panos, roupas etc

• Verifique se as borrachas de vedação das portas estão em bom estado. (Faça assim: feche a porta da gela-deira prendendo uma folha de papel e tente retirá-la. Se ela deslizar e sair facilmente é sinal que as borrachas não estão vedando corretamente, troque-as. Repita esse teste em toda a volta da porta.)

Iluminação• Evite acender lâmpadas durante o dia.

Abra bem cortinas e persianas e use ao máximo a luz do sol

• Use cores claras nas paredes internas da sua residência - as cores escuras exigem lâmpadas com potência maior que consomem mais energia.

• Prefira lâmpadas fluorescentes ou flu-orescentes compactas, pois iluminam melhor, consomem menos energia e duram até dez vezes mais do que as lâmpadas incandescentes.

• Apague sempre as luzes dos ambientes desocupados, salvo aquelas que con-tribuam para a segurança.

• Limpe regularmente luminárias, glo-bos e arandelas para ter um bom nível de iluminamento.

Televisão• Não deixe o televisor ligado sem ne-

cessidade.• Evite o hábito de dormir com o apa-

relho ligado.

Ferro elétrico• Espere acumular uma boa quantidade

de roupa e passe tudo de uma vez. Ligar o ferro várias vezes ao dia des-perdiça muita energia.

• No caso de ferro elétrico automático, use a temperatura de aquecimento indicada para cada tipo de tecido, iniciando sempre pelas roupas que requerem temperaturas mais baixas.

• Deixe o ferro desligado quando não estiver em uso, mesmo por intervalos curtos.

Máquinas de lavar roupa e louça • Utilize as máquinas de lavar roupa ou

louça sempre na capacidade máxima. • Utilize a quantidade adequada de

sabão ou detergente para não ter que repetir a operação de enxaguar.

Condicionador de ar • Mantenha as portas e janelas fecha-

das ao usar o condicionador de ar. A vedação do ambiente deve ser bem feita.

• Limpe os filtros periodicamente para melhorar a circulação do ar e consumir menos energia.

• Desligue o aparelho quando se ausen-tar por período superior a uma hora.

• Evite instalar o aparelho em local exposto aos raios solares.

• Regule o termostato. O frio ou calor máximo nem sempre são a condição mais confortável.

12 ESPAço CIdAdão Maio de 2009 www.copadesc.org.br

Page 13: Revista Espaço Cidadão # 06

captação de água de chuvantre os componentes de programas de conservação de água está o de substituição de fontes, que consiste basicamente em utilizar novas fontes

de recursos hídricos em substituição às existentes, especialmente sob condições em que a nova fonte sirva a usos menos exigentes. O aproveitamento de água da chuva precipitada nas edificações do meio urbano se enquadra nessa categoria, com três grandes benefícios:a) diminui a demanda de água potável; b) diminui o pico de inundações quando

aplicada em larga escala, de forma planejada, em uma bacia hidrográfica;

c) pode reduzir as despesas com água potável.Embora a prática do aproveitamento

de água de chuva no Brasil remonte aos primeiros assentamentos na época do descobrimento, a atual conjuntura renova a oportunidade dessa medida visando a sustentabilidade.

Uma vantagem considerável da água da chuva sobre outras fontes de água é de ser uma das fontes mais puras de água disponível. De fato, sua qualidade é um grande incentivo para pessoas que esco-lhem a chuva como sua fonte primária de água. A qualidade da água da chuva geralmente excede a qualidade das águas subterrâneas ou superficiais: ela não entra em contato com o solo, que pode ser fonte de diversos poluentes frequentemente despejados nas águas superficiais, e que podem contaminar o lençol freático. No entanto, a qualidade da água da chuva pode ser influenciada pelo local onde ela cai, pois emissões atmosféricas industriais

podem afetar sua pureza.

A qualidade da água Uma vez que a chuva entra em contato

com o telhado ou outra superfície de coleta, muitas impurezas como poeira, fezes de pássaros, bactérias e outros contaminantes podem ser lavados para dentro do sistema de armazenamento. Os principais critérios para análise de água potável são relativos à bactérias como salmonella, e-coli e le-gionella, e a contaminantes físicos como pesticidas, chumbo e arsênico. A água da chuva é livre da maioria destes danos. No entanto, procedimentos comuns para descartar a água dos primeiros minutos de chuva, de modo a lavar a superfície coletora e limpar a atmosfera carregada de poeira, sempre são adotados como medida de precaução.

Usos domésticos não potáveisUsos domésticos são aqueles próprios

ao ambiente da habitação ou moradia, embora possam estar presentes também em edifícios industriais, comerciais, públicos e de serviços. Entre eles citam-se o uso da água para simples ingestão, a lavagem e preparo de alimentos crus e cozidos, a lavagem de utensílios de cozinha, o banho pessoal, a higiene corporal, a lavagem de roupas, a descarga de bacias sanitárias, a limpeza de pisos, paredes, veículos, a rega de jardins, a higiene de animais domés-ticos. Podem ser incluídos usos como a descarga em mictórios, a água de reserva para combate a incêndio e a água para aquecimento e acumulação destinada ao banho e outros usos.

Entre os usos domésticos mencionados alguns exigem água cuja qualidade atenda aos padrões de potabilidade. Entretanto outros usos domésticos não requerem características de qualidade tão exigentes quanto a potabilidade. Esses usos, para os quais não é exigida a potabilidade da água, são definidos como não potáveis.

Campo de aplicação É preciso construir um sistema para

captação, filtragem e armazenamento da água. A captação é feita com a instalação de um conjunto de calhas no telhado, que dire-cionam a água para um tanque subterrâneo ou cisterna, onde ela será armazenada.

Junto a esse reservatório, é necessário instalar um filtro para retirada de impurezas, como folhas e outros detritos, e uma bomba, para levar o líquido a uma caixa d’água elevada separada da caixa de água potável.

Entre eles, a rega de canteiros e jardins, limpeza de pisos, calçadas e playground e lavagem de carros (gastos que representam cerca de 50% do consumo de água nas cidades), além de descarga de banheiros e lavagem de roupas. Para isso, no entanto, é preciso alterar as tubulações já existentes e construir um sistema paralelo ao da água potável.

Existem empresas especializadas que oferecem sistemas completos de aprovei-tamento de água de chuva. Eles podem ser instalados em casas e prédios já cons-truídos ou ainda em obras. Nos edifícios prontos, o reaproveitamento será para as áreas comuns, já que o custo de criar uma rede paralela de água em cada apartamento torna a empreitada inviável.

eGrande número de cidades brasileiras vive situação de escassez e degradação dos recursos hídricos e adotam programas de conservação de água

Maio de 2010 ESPAço CIdAdão www.copadesc.org.br 13

Page 14: Revista Espaço Cidadão # 06

www.copadesc.org.br

Mitos e Verdadessobre

Varizes sAÚdE

s varizes atormentam a maioria das mu-lheres e uma boa parte da população mas-culina. Mesmo assim, muita gente ainda tem dúvidas sobre as causas e efeitos desse

problema. Confira aqui o que é mito ou verdade:

1. As varizes são um problema genético?VErDaDE. Se a sua mãe ou o seu pai têm varizes, são maiores as chances de que você venha a sofrer com o problema.

2. A prática de esportes causa varizes?Mito. O exercício físico estimula a circulação do sangue e, com isso, previne o aparecimento de veias doentes; preferencialmente a natação, a hidroginástica e as caminhadas. Evitar esportes que exijam movimentos bruscos ou de impacto.

3. A cirurgia de varizes é de alto risco?Mito. Muita gente teme a intervenção cirúrgica, mas o procedimento está cada vez mais seguro. A retirada de cada veia doente é feita com uma pequena incisão, de apenas 1 mm, e a anestesia é controlada por equipamentos, que monitoram o sono do paciente.

4. Ao retirar as varizes com a cirurgia, terei a circulação do sangue prejudicada?Mito. Pelo contrário: ao retirar as veias doentes, que estavam direcionando o sangue para o sentido

errado, a circulação melhorará.

5. Meias elásticas ajudam na circulação?VErDaDE, mas nem sempre. As meias elásticas podem aliviar as dores nas pernas e facilitar a circulação do sangue se forem apropriadas para a sua perna. O ideal é que a meia fique apertada na região do tornozelo, jamais na área dos joelhos. Caso contrário, ela será prejudicial.

6. As mulheres têm mais varizes do que homens?VErDaDE. Alguns estudos dizem que as mulhe-res costumam ter de duas a três vezes mais varizes do que homens. Elas identificam o problema mais facilmente, por depilar as pernas e deixá-las à mostra. Estima-se que um em cada cinco ou seis homens sofra com varizes, principalmente a partir dos 30 ou 40 anos.

7. A gravidez provoca varizes?VErDaDE. Por conta da alteração hormonal, a gravidez é uma das principais causadoras de varizes (os outros são: ingestão de hormônios femininos, seja por reposição ou por anticoncep-cionais; genética; ficar muito tempo em pé ou sentado e excesso de peso).

8. As varizes podem levar à trombose?VErDaDE. Se a circulação do sangue ficar muito prejudicada por conta das varizes, existe o risco

15 questões para auxiliar você a entender melhor estasveias dilatadas, tortuosas e alongadas, que prejudicam a qualidade

de vida da maioria das mulheres e de boa parte dos homens.

A

14 ESPAço CIdAdão Maio de 2010

Page 15: Revista Espaço Cidadão # 06

de formação de coágulos, que levam à Trombose Venosa Profunda.

9. Anticoncepcional causa varizes?VErDaDE. Geralmente sim, porque pro-voca alteração hormonal, uma das princi-pais causas das veias doentes.

10. Salto alto causa varizes? VErDaDE, mas nem sempre. Um estudo afirma que o salto alto beneficia a circu-lação e evita o aparecimento de varizes. De qualquer forma, é importante lembrar que o salto demasiadamente alto, quando usado diariamente por muitos anos, pode dificultar o trabalho da “batata da perna”, que ajuda no bombeamento do sangue nas pernas. Por isso, é importante alongar as

panturrilhas antes e depois de usar o salto.

11. A alimentação influencia na forma-ção de varizes?VErDaDE, mas indiretamente. Uma ali-mentação equilibrada ajuda na manutenção de um peso adequado, o que, por sua vez, diminui as chances de desenvolvimento de veias doentes nas pernas.

12. Viagens muito longas propiciam a formação de varizes?VErDaDE. Em trajetos longos, de carro, ônibus ou avião, por exemplo, nossas pernas costumam ficar muito tempo pa-radas na mesma posição e comprimidas, aumentando a dificuldade do sangue da perna em retornar ao coração e dando condições para a formação de varizes ou de coágulos no sangue (que por sua vez podem causar trombose venosa profunda ou embolia pulmonar). A dica é se hidratar bastante e mexer as pernas, com pequenas caminhadas ou o movimento de “sobe e desce” com o tornozelo e os pés.

13. Os pacientes podem sentir dores nas pernas?VErDaDE. As principais queixas clínicas dos pacientes são dor tipo “queimação” ou “cansaço”, sensação das pernas estarem pesadas ou ardendo, edema (inchaço) das pernas, que melhoram com a elevação dos membros inferiores e agravam-se no fim do dia, quando se permanece por longo tempo em pé ou sentado, no calor, nos períodos

próximo ou durante a menstruação e tam-bém durante a gravidez.

14. Existe tratamento? VErDaDE. Dependendo do tipo de va-riz, existem formas de tratamento mais adequados. O importante é iniciar o trata-mento o mais precocemente possível, pois, dependendo do grau de desenvolvimento de suas varizes, poderá ser recomendado de simples aplicações, cirurgias de microinci-sões, ou até retirada de veia safena. Uma avaliação com seu Cirurgião Vascular é fundamental , para saber em que estágio se encontram suas varizes.

15. Existem algumas dicas para preve-nirmos varizes?VErDaDE. É importante principalmente:• Evitar ganhos exacerbados de peso. • Dieta rica em fibras para evitar a cons-

tipação intestinal. • Procurar não permanecer muito tempo

parado em pé ou sentado. • Não usar cintas abdominais apertadas. • Realizar caminhadas e/ou exercícios

físicos com supervisão médica. • NÃO FUMAR!!! • Utilizar sistematicamente meias elásti-

cas, principalmente durante a gravidez. • Evitar hormônios anticoncepcionais. • Consulte regularmente seu cirurgião

vascular!

adriano Carvalho GuimaraesCirurgia Vascular e Endovascular

www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão 15

POR dENTRO dO AssuNTO

“Veias dilatadas” As varizes são veias dos membros

inferiores que se dilatam e causam uma alteração no fluxo do sangue que deve fluir desde os pés até chegar ao coração. Ao invés do sangue ter um fluxo contínuo, devido à dilatação e insuficiência das válvulas que estão dentro das veias, este possui dificuldade em “subir” até o coração. Esta dificuldade motiva cada vez mais a dilatação das veias. Há um aumento ainda maior na insuficiência das válvulas levan-do a um aumento nas causas das varizes, ocorrendo um ciclo vicioso.

Page 16: Revista Espaço Cidadão # 06

ESPAço CIdAdão Maio de 2010 www.copadesc.org.br16

cIdAdANIA

Constituição de 1988 estabeleceu como fundamento da nossa Repúbli-ca o princípio da dignidade humana. O legislador constituinte, com os

poderes que o povo lhe conferira, entendeu que este era o ponto sustentador da neces-sária mudança desejada pela sociedade. Como conseqüência daquele alicerce o objetivo do Estado brasileiro passou a ser a busca da diminuição das desigualdades sociais. Por outro lado, carências básicas como saúde e educação foram alçadas da condição de mera expectativa para a de direitos passíveis de serem buscados em Juízo, isto é, cidadão X Estado quando este, por qualquer razão, deixar de atender às carências que emergem da sustentação da dignidade humana.

Nasceu daquele pressuposto basilar –a dignidade humana– um Estado Democrá-tico Social de Direito. Em outras palavras, o Estado brasileiro, por meio de seus

inúmeros órgãos, deve, sempre, atuar no sentido de garantir os tais direitos sociais e, com isso, buscar diminuir as grandes desigualdades existentes entre os homens na terra do Brasil. Todavia, entre o que está escrito na Constituição Cidadã desde 1988 e o que sempre se viu, antes e depois dela, há uma distância descomunal.

Sabidamente é histórico o descaso do Estado para com a maior parte da popu-lação na área da saúde, da educação, da segurança, da moradia, falando-se apenas sobre algumas delas. Há um contingente assombroso de brasileiros que se encontra excluído do acesso àquelas condições mais elementares e preservadoras da dignidade humana.

Falando-se apenas da área da saúde, o atendimento do Sistema Único de Saúde –SUS– é lamentável. Servidores desmotivados, com salários absurdamente defasados e que são obrigados, por vezes, a

a

O abusivo percentual de arrecadação, por parte do Estado brasileiro, lança por terra o argumento da falta de dinheiro para a não prestação de um serviço de saúde e educação dignos

“a dignidade dapessoa humana”,a saúde e a cidadania

16

Page 17: Revista Espaço Cidadão # 06

17www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão

ouvirem impropérios –entenda-se desabafos– de uma população tão cansada quanto eles e que é obrigada a conviver com filas intermináveis. Médicos e demais profissionais da saúde conveniados ao Sistema que trabalham por atacado, pois, recebem honorários tão miseráveis por seus serviços que a solução está em trabalhar na lógica da “quantidade”. Por sorte e para o bem da sociedade, profissionais da saúde e servidores do SUS acabam fazendo verdadeiros milagres com o que têm às mãos.

Faltam hospitais, faltam prontos-socorros, faltam leitos UTI/SUS, faltam leitos padrão. Hospitais conve-niados ao SUS são obrigados a trabalharem com o pires na mão, rogando à sociedade que os socorra; fazem “bingos”, sorteios e promoções para se manterem com as portas abertas. O motivo? A tabela do SUS pelos serviços que lhe são prestados é uma lástima diante do custo real que representa um paciente dentro de um hospital ou pronto-socorro.

Ocorre que quando o Estado é cobrado pela so-ciedade civil organizada, acerca desta maldade que perpetra contra a saúde dos brasileiros, a resposta é uma só: ausência de recursos orçamentários para o atendimento das demandas da saúde.

Porém, como alegar ausência de recursos orçamen-tários no Brasil onde a carga tributária corresponde a quase 40% (quarenta por cento) do Produto Interno Bruto? De imediato este absurdo e abusivo percentual de arrecadação lança por terra o argumento da falta de dinheiro para a não prestação de um serviço de saúde digno. Portanto, não há escusa para o Estado não obedecer ao comando estabelecido na Constituição Federal.

Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário –IBPT– o brasileiro pagou em 2009 a bagatela de R$ 1.090.822.917.623,08 (um trilhão, noventa bilhões, oitocentos e vinte e dois milhões, novecentos e dezessete mil, seiscentos e vinte e três reais e oito centavos) em tributos, isso sem contar a projeção de aumento estimada em 12% para o ano de 2010. Arredondados, somente de tributos federais, nós, brasileiros, pagamos até novembro de 2009 a soma de R$ 624.420.000.000,00 (seiscentos e vinte e quatro bilhões e quatrocentos e vinte milhões de reais).

A carga tributária brasileira é uma das mais altas do mundo. Ficamos atrás apenas da França e Itália. Contudo, não temos os serviços de saúde destes países. Como já se disse: “Pagamos impostos de primeiro

mundo e recebemos serviços de terceiro”.Ao Estado –e a qualquer cidadão– não lhe é fa-

cultado obedecer ou não a um comando-princípio da Constituição Federal. O Estado, por seus agentes, tem a obrigação, o dever, a ordem de cumprir integralmente o que determina a Lei Maior. E se a dignidade humana é, por assim dizer, o cerne desta Lei, então, a saúde é o cerne do cerne. Não há nada que cause mais abalo a um cidadão, pobre ou rico, culto ou inculto, jovem ou idoso, religioso ou não, da metrópole ou do interior, do que eventual sofrimento com sua saúde e/ou daqueles que lhe são caros.

Por outro lado, se um contribuinte eventualmente deixa de cumprir com sua obrigação tributária o Estado, pronta e vorazmente, busca exigi-la através de todos os meios e facilidades que possui para isso. A máquina estatal é fantástica quando necessita cobrar tributos.

O cidadão tem o direito, aliás, obrigação, de exigir do Estado, na pessoa de seus agentes, que obedeça a Constituição Federal. Que o Estado cumpra a Carta Magna, que o Estado preste serviços de saúde que atenda à dignidade humana dos que vivem nesta Terra. A desculpa da ausência de recursos orçamentários é no mínimo falsa, para dizer pouco. Há recursos, e os há em sobejo.

Convém uma pergunta: Quem é o verdadeiro pai do Brasil? O verdadeiro pai do Brasil é o brasileiro que trabalha, produz e paga, e muito, pela existência de um Estado que, por sua vez, com desmedida desfaçatez, desrespeita a Constituição Federal. A criatura não está obedecendo a ordem do seu criador e que este deixou registrada no artigo 1º, inciso III, em uma Carta Magna que lhe escreveu.

Nenhum governante de plantão ou o próprio Es-tado é pai de qualquer brasileiro. Os brasileiros não são filhos de governante algum ou do Estado. Ambos, governante e Estado, é que são filhos de cada brasileiro. Se o Estado existe e se alguém, momentaneamente, o dirige é por que os brasileiros assim o querem, pois, de fato, todo o poder emana do povo.

Para que a desobediência do Estado seja combatida e que ele passe a cumprir o papel de criatura para o qual foi foi-lhe dada existência pelos brasileiros, é imprescindível que cada um dos seus criadores exerça, com afinco e constância, sua plena cidadania, remédio maior para colocar a criatura em seu devido lugar.

João antônio santa RosaPlatinense

Page 18: Revista Espaço Cidadão # 06

www.copadesc.org.br

m nossos dias, o sistema de governo, com ordem política e administrativa, é a DEMOCRACIA, que representa o poder emanado pelo povo através do voto, a

cidadãos ou cidadãs que deverão cumprir com dignidade, lisura e respeito o poder represen-tativo a eles outorgado. Nossa democracia é republicana e representativa. Todo brasileiro tem por direito e por obrigação fazer a escolha livre e consciente de seus representantes, seja no âmbito municipal, estadual ou federal. Aí começa a grande responsabilidade de saber escolher seus gestores públicos.

Qualifico a gestão pública em três catego-rias: o gestor executivo, o gestor legislativo e o gestor público propriamente dito. Todos deverão estar sintonizados para que haja uma boa administração pública, imbuídos de responsabilidades perante a comunidade e saber exercer suas funções com honestidade ímpar, planejamento e respeito à população e ao patrimônio público. Deverão ter a consci-ência de pôr em prática os preceitos mínimos necessários para eficaz administração pública.

Gestor executivo é o eleito para exercer a função de dirigente público, ou seja, o prefeito municipal, o governador do estado e o presi-dente da república. Independentemente do car-go, deverão prestar serviços e administração de qualidade, procurando sempre o bem-estar social, a conduta correta do desenvolvimento e do trato público, a saúde digna, a educação exemplar, a segurança firme e a dignidade do cargo. A eles, é imputada a Lei de Responsa-bilidade Fiscal, que lhes confere uma gestão de planejamento, transparência, controle e

responsabilidade de seus atos no âmbito de seus cargos, para que haja uma administração consciente, abrangente e transparente.

Gestor Legislativo é o vereador, o depu-tado estadual ou distrital, caso de Brasília, o deputado federal e o senador, cuja função é de fiscalizar ações do poder executivo, fazer e ou aprovar leis de interesse maior à comu-nidade e representar os anseios daqueles que os elegeram.

Gestor Público, propriamente dito, abran-ge duas categorias: os agentes públicos efe-tivos, ou seja, os qualificados por concursos públicos, e os agentes políticos, indicados para exercer cargos de confiança, tais como: secre-tários, diretores e demais assessores diretos ao executivo. Seus cargos ou funções são de suma importância para que se faça uma boa administração pública, pois estão intimamente ligados às orientações do executivo e ao trato com a população. Devem zelar pelo anda-mento burocrático e eficiente da lida diária das coisas públicas. São os alicerces para que âmbito governamental funcione.

Para que haja uma gestão pública eficiente, e que venha ao encontro aos anseios de nossa gente, é necessária a conscientização de todos os que ocupam cargos de gestores públicos, não pensar somente no interesse próprio, mas antes de tudo pensar em servir a comunidade, pois para isso ali estão. Devendo servir com interesse maior a sociedade, e ele deve sim, respeito e capacidade naquilo que faz, para toda uma coletividade.

Pedro Claro de oliveira Neto

eA escolha livre e consciente, no voto, é de suma importância paraque tenhamos uma boa administração pública, mas não para por aí

Gestão públicalEGIslAÇÃO

para que haja uma gestão pública eficiente, e que venha ao encontro aos anseios de nossa gente, é necessária a conscientização de todos os que ocupam cargos de gestores públicos, não pensar somente no interesse próprio, mas antes de tudo pensar em servir a comunidade

ESPAço CIdAdão Maio de 201018

Page 19: Revista Espaço Cidadão # 06

inda faltam alguns meses para as eleições 2010 e os brasi-leiros definirem quais serão os novos Deputados Estaduais e Federais, Senadores, Governadores e Presidente da Repú-blica. Informações e debates sobre eleições 2010 farão parte

da Revista Espaço Cidadão neste ano.

Quais cargos estarão em disputa?Além do presidente da República, também serão eleitos go-

vernadores, senadores e deputados federais, estaduais e distrital - no caso de Brasília. No Senado, 54 das 81 cadeiras estarão em disputa. Como cada estado tem direito a três assentos, em 2010 serão eleitos dois senadores por estado. No caso da Câmara, todas as 513 cadeiras estarão em disputa, e cada estado tem direito a um número diferente de deputados federais, dependendo de seu número de habitantes. Nas Assembléias Legislativas (e na Câmara Legislativa do Distrito Federal), todos os 26 assentos serão dis-putados, sendo que o número de deputados varia de acordo com a população do estado.

a

Eleições 2010POlÍTIcA

www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão 19

Ilust

raçã

o: A

less

and

ro D

utr

a

Page 20: Revista Espaço Cidadão # 06

POlÍTIcA

20 ESPAço CIdAdão Maio de 2010

Qual é a duração e o limite do mandato para cada cargo?Hoje, o mandato para presidente da República é de quatro

anos, com limite de dois mandatos, o mesmo tempo vale para governador. Senador tem mandato de oito anos, com possibilidade de reeleições sucessivas e sem limites. Os deputados federais, es-taduais e distrital têm mandato de quatro anos, com possibilidade de reeleições sucessivas e sem limites.

Quais as datas das votações? O primeiro turno ocorrerá no dia 3 de outubro, conforme o

calendário eleitoral de 2010 divulgado em julho/09 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso nenhum dos candidatos obtenha a maioria absoluta dos votos válidos, haverá segundo turno para a escolha de presidente e governadores. Nesse caso, a data esta-belecida pelo TSE é 31 de outubro.

Um candidato ainda pode mudar de partido ou de domicílio eleitoral?

Não. O dia 3 de outubro de 2009 foi o último dia para mudança de filiação partidária e de domicílio eleitoral.

Quando serão divulgados oficialmente os candidatos? Entre 10 e 30 de junho de 2010, ocorrem as convenções par-

tidárias para a escolha de candidatos. O registro dos escolhidos deve ser feito até o dia 5 de julho.

Quais os prazos para o eleitor tirar título ou solicitar trans-ferência de seção eleitoral?

Até o dia 5 de maio, mesma data limite para os portadores de necessidades especiais pedirem a transferência para uma “seção especial”. Em caso de perda do título, a segunda via do documento deve ser requerida até 23 de setembro.

Quais são as regras para a propaganda eleitoral em 2010? Ela será permitida a partir do dia 6 de julho, depois que todos

os candidatos já estiverem registrados. No rádio e na TV, o horário eleitoral gratuito do primeiro turno terá início no dia 17 de agosto e terminará em 30 de setembro. Se houver segundo turno, a pro-paganda deve começar até 16 de outubro e será veiculada até o dia 29. As pesquisas de tendência de voto deverão ser registradas a partir de 1º de janeiro de 2010. A distribuição de material de propaganda política e a realização de passeatas e carreatas podem ser feitas até dia 2 de outubro, véspera da eleição.

Quais as regras para a propaganda eleitoral na internet?Para 2010, os candidatos terão liberdade total na internet para

utilizar blogs, mensagens instantâneas e sites de redes sociais. A livre manifestação na web durante as campanhas eleitorais é permitida desde que o autor seja identificado e o direito de res-posta, garantido. A doação eleitoral poderá ser feita via internet, por meio de transações com cartões de crédito ou débito, boleto bancário ou cobrança na conta telefônica.

Que outras mudanças estão previstas para 2010?Segundo a minirreforma eleitoral sancionada pelo presidente

Lula em setembro de 2009, os eleitores terão de apresentar o título de eleitor e um documento com foto para ter acesso à cabine de votação. Os eleitores em trânsito no território nacional poderão votar para presidente e vice em urnas instaladas nas capitais. Outra

mudança prevê que os partidos preencham 30% de suas vagas com mulheres e assegure que 5% do montante que recebem do Fundo Partidário sejam utilizados para a capacitação de representantes do sexo feminino. Além disso, 10% do total do tempo de propaganda gratuita que os partidos têm direito todos os anos – e não apenas nos anos eleitorais – devem ser reservados às mulheres. O limite de gastos com pessoal pagos com recursos do Fundo Partidário poderá ser ampliado de 20% para 50%. Também foi regulada a publicidade eleitoral em lugares públicos e privados e a quantidade de anúncios que podem ser publicados por candidato.

Quais os possíveis candidatos à presidência?A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), é um

dos nomes mais fortes do PT, apesar de o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) também ser cotado. Entre os tucanos, o go-vernador de São Paulo José Serra aparece como favorito, apesar da dúvida em relação à possível escolha do atual governador de Minas Gerais, Aécio Neves. A senadora Marina Silva (AC) deve ser a candidata pelo Partido Verde.

Quais os prazos para candidatos deixarem os cargos pú-blicos?

Segundo a legislação, os candidatos devem deixar os cargos seis meses antes do pleito. A ministra Dilma afirmou que se for candidata à Presidência pode deixar o Executivo em fevereiro para se dedicar integralmente à campanha.

Fonte: http://www.veja.com.br

www.copadesc.org.br

Page 21: Revista Espaço Cidadão # 06

expressão “sustentabilidade” está se tornando cada vez mais freqüente nos diversos âmbitos da sociedade contemporânea. Desde os meios de comunicação de massa até os elaborados e

complexos projetos acadêmico-científicos, passando por planos governamentais, a expressão adquire importância cada vez maior, impregnando programas de diferentes áreas com ênfases urgentes.

Teóricos da linguagem admitem que o termo possa até mesmo estabelecer-se como “chave de leitura” para as manifestações sociais, econômicas e culturais de início do terceiro milênio, assim como a “ansiedade” definiu a Idade Média e o “desenvolvimento” determinou a modernidade.

Na maioria das vezes em que a expressão é mencionada, o vínculo com questões ecológicas e ambientais é explíci-to. Ser “sustentável” pode significar ser “ecologicamente correto”. Evidentemente, os ambientalistas, sociólogos, economistas e estudiosos desta temática nas mais dife-rentes áreas do conhecimento humano podem apresentar definições mais precisas sobre o significado da expressão “sustentabilidade”. Contudo, é importante considerar tam-bém a relação deste tema com a fé cristã, a partir de uma perspectiva bíblica e teológica. Será que a Bíblia oferece subsídios para uma compreensão mais profunda sobre isto? Poderia a fé cristã “inaugurar” ou “estimular” uma nova consciência no relacionamento entre ser humano e Natureza?

Na tentativa de encontrar respostas a estas perguntas, analisemos algumas passagens da carta aos Romanos.

Uma palavra sobre a carta aos romanosA carta aos Romanos foi escrita pelo apóstolo Paulo aos

cristãos que viviam na capital do Império Romano. Alguns líderes religiosos conservadores estavam espalhando por

diversas regiões do Império a notícia de que a pregação de Paulo estimulava a anarquia, por não considerar o cumprimento da Lei (especificamente as leis religiosas do judaísmo da época) uma condição sine qua non para a salvação das pessoas. Apresentada do modo como faziam estes líderes, estas notícias se transformavam em calúnia. E a calúnia chegou a Roma.

Como Paulo estava há muito tempo desejoso de ex-pandir a pregação do evangelho à Espanha, contando com a colaboração dos cristãos romanos nesta empreitada, ele decidiu escrever-lhes uma carta expondo o conteúdo de sua pregação e incentivar a todos para se envolverem na expansão missionária. O resultado foi a elaboração de um dos textos mais importantes para a fé cristã e a história da Igreja.

A carta aos Romanos está dividida em dezesseis capí-tulos. Nos primeiros sete capítulos, o texto nos fala sobre as conseqüências de uma vida vivida “sob a Lei”. Do nono ao último capítulo, o texto nos apresenta os resultados de uma vida vivida “sob a Graça”. Os últimos versos do sétimo capítulo de Romanos revelam que a vida sob a Lei é dominada pelo pecado e seu resultado é a morte (Roma-nos 7.13-25). No tocante à vida sob a Graça, é o amor que determina as ações e o resultado é a vida (Romanos 8.31-39). Quem efetua esta transição? A resposta se encontra em Romanos 8: o Espírito Santo.

A centralidade da ação do Espírito no oitavo capítulo de Romanos revela sua centralidade na transição de um projeto de vida “sob a Lei” para um projeto de vida “sob a Graça”. Portanto, sua centralidade para a fé cristã e a nova vida que dela decorre.

Enquanto a Lei tentava forjar uma nova conduta pela imposição de limites à natureza pervertida do ser humano, o Espírito forja uma nova vida a partir da consciência

A Vida no Espírito:por uma consciência ecológica cristã

FAMÍlIA

Será que a Bíblia oferece subsídios para uma compreensão mais profunda sobre a necessidade, cada vez mais urgente, da sustentabilidade?

A

www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão 21

Page 22: Revista Espaço Cidadão # 06

ESPAço CIdAdão Maio de 2010 www.copadesc.org.br22

FAMÍlIA

de que fomos reconciliados com Deus por meio de Jesus Cristo e, desta forma, estamos livres para amar o próximo sem gastarmos todas as energias preocupados com a nossa própria salvação (Romanos 8.1-17).

A criação em romanos 8A esta altura alguém pode perguntar: o

que tudo isso tem a ver com “sustentabi-lidade”? Acontece que, no oitavo capítulo da carta aos Romanos, enquanto descreve a ação do Espírito, Paulo menciona a “criação” ou a natureza como espectadora que aguarda cheia de esperança a revelação dos “filhos de Deus”, ou seja, daqueles que vivem sob orientação do Espírito de Deus (Romanos 8.19). Também a natureza é afe-tada pela ação do Espírito na vida humana.

Assim sendo, a transição da vida sob a Lei para a vida sob a Graça, vivida em obe-diência ao Espírito de Deus, pressupõe um novo relacionamento entre o ser humano e a criação. Ao invés de ser “queimada”, “destruída”, “aniquilada”, a criação será libertada da escravidão à qual foi sujeitada, “não por vontade própria”, mas por causa do pecado humano.

Em Romanos, a Palavra de Deus nos ensina que a natureza é expressão da glória de Deus (Romanos 1.18-20). Contudo, o pecado humano desvirtua esta manifesta-ção da glória de Deus (Romanos 1.21-32) e aprisiona a própria natureza num ciclo de corrupção e morte.

Por isso, o texto bíblico é enfático: a redenção humana resultará também na libertação ecológica (Romanos 8.19-21).Do humano ao ecológico: um

possível itinerário da ação do Espírito

Neste ponto, a contribuição bíblica e teológica da fé cristã para o debate sobre a “sustentabilidade” já deve ser presu-mida. Mas o texto de Romanos continua com ênfases muito importantes para uma compreensão mais profunda da ação do Espírito na vida humana e suas implicações ecológicas decorrentes.

Romanos 8.19 afirma que “a criação espera com impaciência – ou ansiosa-mente – a revelação dos filhos de Deus”. Analisando mais vagarosamente esta afir-mação bíblica, pode-se concluir que ela contém, ao mesmo tempo, uma promessa e um limite. A promessa de libertação do cativeiro faz com que toda criação espere impacientemente ou, nos termos de Romanos 8.22, “sinta dores do parto”. Contudo, esperar é também um limite. A própria criação não pode avançar para a libertação. Ela depende da “revelação dos filhos de Deus”.

Entrementes, a ação do Espírito não é um projeto primordialmente ecológico. Esta ação possibilita e concretiza o projeto salví-fico e redentor do ser humano. A libertação da natureza, apesar de desejada por Deus, é mediada pelo ser humano reconciliado com Deus em Cristo e cuja consciência foi transformada pela ação do Espírito.

John Wesley, fundador do movimento que resultou na organização da Igreja Metodista, expressou isto de forma clara e contundente, afirmando que a criação participa da Nova Criação, que se inicia com a reconciliação do ser humano com Deus e na restauração da imagem de

Deus no ser humano. E tudo isto é graça oferecida a nós, quando nos submetemos à ação do Espírito.

ConclusãoA carta aos Romanos foi objeto de

infindáveis estudos no decorrer da história do cristianismo. Na verdade, seu conteúdo esteve envolvido nas mais importantes fases da História da Igreja, com reflexos decisivos também na história secular, como na Reforma Protestante, por exemplo. Pelo que foi visto acima, ela continua sendo re-levante para a Igreja e a sociedade contem-porânea. Mais do que isto. Sua mensagem pode trazer novas luzes e indicar novos horizontes para projetos que se preocupem com a “sustentabilidade”.

Sua contribuição para esta temática se concentra na tese de que o problema eco-lógico tem como pano de fundo a falência antropológica. O clima mundial tem a ver com o pecado humano, individual e comu-nitário. Evidentemente, a ganância humana pode e deve ser refreada por projetos de leis conscientes e engajados. Entretanto, como nos ensina a Palavra de Deus, a lei não muda o coração ou mente. Tal mudança é alcançada por uma transformação mais profunda e intensa. Pela ação do Espírito de Deus. Espero que as reflexões aqui apre-sentadas também sirvam ao propósito de despertar-nos para o fato de que a Palavra de Deus também nos ensina lidar com problemas do nosso cotidiano.

Rev. Martin barcala Pastor metodista em São Paulo e

mestre em Ciências da Religião

Page 23: Revista Espaço Cidadão # 06

23www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão

AdOlEscÊNcIA

educação sexual:podemosmelhorar? A falta de mudanças nas atitudes por parte dos adolescentes, mesmo com acesso a informação, frente a métodos anticoncepcionais e doenças sexualmente transmissíveis (DST) e a idade para iniciação sexual, mostra que a educação sexual precisa ser encarada com mais seriedade

m uito tem se falado a respeito de educação sexual. Para alguns, dever da família, para outros da escola. Muito tem se falado, muito tem se feito. Os resultados, no entanto estão abaixo do esperado.

Para muitos especialistas, o ambiente familiar é o local mais propício à educação sexual. Os pais deveriam estar disponí-veis ao diálogo. Se os pais não responderem a uma primeira pergunta sobre sexualidade, provavelmente uma segunda será feita a um colega ou na melhor das opções na escola. Os pais conscientes deveriam se preparar para estas orientações buscando informações em livros, profissionais capacitados ou sites oficiais de especialistas. No entanto percebe-se que poucos são os pais que estão preparados para esta tarefa e se sentem aliviados quando a escola assume este papel. Porém apenas os pais podem transmitir os valores da família. No Brasil, a idade média para a iniciação sexual está em torno dos 15 anos, idade na qual os adolescente em geral estão freqüentando salas de aula. Segundo o Ministério da Saúde em dezembro de 2007,

foram identificados 10.337 casos de AIDS entre jovens de 13 a 19 anos, sendo que os casos nesta faixa etária vêm crescendo desde o início da epidemia. O SUS, Sistema único de saúde, realizou mais de 300.000 partos em brasileiras de menos de 19 anos só no primeiro semestre de 2007. Não se contabilizou aí os nascimentos em hospitais particulares. A faixa dos 14 anos tem crescido inclusive na classe média. Só estes fatos já justificam a necessidade de se implantar novos programas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e de prevenção de gestação, bem como programas que promovam a saúde física e mental dos jovens e adolescentes, a fim de que, eles possam se conhecer e aprendam a aplicá-los na sua realidade.

O Projeto de Sexualidade (Prosex) da Universidade de São Paulo pesquisou alunos da capital paulista e concluiu que as relações de intimidade entre crianças e pré-adolescentes também estão começando cada vez mais cedo. A conseqüência desta aproximação tende a ser a iniciação da troca de algumas carícias ou até mesmo da vida sexual. Para a coordenadora do

Ilust

raçã

o: A

less

and

ro D

utr

a

Page 24: Revista Espaço Cidadão # 06

24 ESPAço CIdAdão Maio de 2010 www.copadesc.org.br

projeto, a psiquiatra Carmita Abdo, a mídia tem colaborado para que estas crianças tenham comportamentos de adultos mais cedo. O uso de drogas, pressão do grupo e desestruturação familiar acabam por precipitar o início das práticas sexuais. A influência da mídia será maior ou menor, dependendo de como outros valores são reforçados na escola, família ou ambiente onde vivem. É necessário que os adolescen-tes sejam orientados a pensar, a questionar e a enxergar além das mensagens que lhe são apresentadas. Isto significa que os pais devem estar atentos ao que seus filhos estão assistindo e discutam com eles de acordo com os seus valores. Na ausência dos pais, a escola tem este papel.

Outros estudos para o fato de que o pe-ríodo da puberdade (mudanças físicas que ocorrem na adolescência) tem se encurtado. É provável que as crianças, ao receberem uma carga importante de conteúdos sexuais em programas de TV, internet ou músicas vão se amadurecendo fisicamente, mas com o emocional ainda incapaz de lidar com as questões da vida adulta, caminhando para a falta de prevenção de DST e gestações precoces. Os pais têm dificuldade para barrar a pressa de adolescer, muitas vezes até contribuem estimulando o uso de roupas ou comportamentos não condizentes com a idade de seus filhos.

Conhecimento inócuoPesquisas mostram que nem sempre o

conhecimento teórico dos vários aspectos da sexualidade, assim como os riscos, levam os adolescentes a ter um comporta-

mento saudável. Segundo Carmita Abdo, 98% dos adolescentes conhecem anticon-cepcionais e sabem que o preservativo ajuda a prevenir AIDS, mas apenas 35 a 40% usam preservativos nas suas relações sexuais.

Outras pesquisas confirmam o que foi citado: apenas o acesso de informação não modifica os comportamentos. O jovem não consegue muitas vezes aplicar seus conheci-mentos na sua prática sexual, talvez porque não consiga avaliar as consequências no seu futuro. Para ele importa desfrutar no presen-te daquilo o que lhe é novo e maravilhoso, o prazer sexual. Ele tem um “pensamento mágico“ de que com ele não vai acontecer nada de mal.

Vários impedimentos podem estar ge-rando esta dissociação entre conhecimento e atitude, entre eles, a imaturidade física e emocional, mitos e conceitos errôneos, família ausente ou desestruturada e fatores emocionais. Às vezes as dificuldades pró-prias do período da adolescência levam o adolescente a agir com rebeldia. Algumas meninas alegam que engravidaram porque se sentiam abandonadas, tinham medo de ficar sozinhas ou precisavam fazer algo na vida.

Os programas de educação sexual nas escolas devem transpor estes impedimentos, sendo elaborados por profissionais de saúde e educação especializados nestas áreas, ofe-recendo aos estudantes um novo significado para suas vidas. Um novo olhar para a sua sexualidade. Apresentar a eles a vantagem de viver uma vida saudável, incluindo a sua sexualidade.

“Os adolescentes acham as aulas de educação sexual muitos chatas”, refere a Dra Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do programa do adolescente da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Ela cita que o desafio é dar significado para proteção e auto cuidado. Deve-se atentar para o fato de que o que motiva as relações sexuais é a insegurança, o desejo de aprovação, a incerteza sobre o futuro, as dificuldades no convívio com os pais, e saber que todos estes fatores alimentam a vulnerabilidade do jovem e afetam a sua auto-estima.

Não basta conhecer, o jovem precisa ser estimulado a ter um auto cuidado. Para Albertina é necessário uma mudança na forma de se dirigir aos jovens para tratar da sexualidade. “Reduzimos os partos entre as jovens do nosso programa, porque paramos de dizer que faltava informação e trabalhamos a questão da segurança e da atitude na negociação do uso dos métodos anticoncepcionais.

Um programa realizado no estado de Minas Gerais é um bom exemplo. Trabalha no desenvolvimento de um forte sentimento de cidadania criando oportunidades para os adolescentes participarem ativamente de atividades escolares a fim de estimular o desenvolvimento da capacidade de decisão de iniciar ou não um relacionamento sexual com autonomia e responsabilidade. É um processo que se desenvolve durante todo o ano letivo, com atividades intra e extra classe, promovendo a discussão de temas e o desenvolvimento de pesquisa. Além do estudo de temas de sexualidade, saúde reprodutiva e ações de prevenção são tra-

AdOlEscÊNcIA

Page 25: Revista Espaço Cidadão # 06

25www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão

balhados auto-estima, cuidados com o seu corpo, com reflexos em todos os projetos de vida. Obteve-se mudanças positivas no comportamento naqueles que já mantinham relações sexuais, sem antecipar ou estimular a prática sexual. Conseguiu-se ainda do-brar o uso de preservativos e aumentar em 68% o uso de anticoncepcionais modernos na última relação sexual. Apesar disto, o programa não teve efeito sobre a idade da primeira relação sexual.

Somente informar não é o bastante, há que trabalhar motivação. Diversos trabalhos comprovam que as meninas que esperam fazer uma faculdade estão mais motivadas a se protegerem de uma gestação precoce. Se os jovens não estão motivados tendem a praticar mais sexo de risco. Ainda há a crença de que engravidar daria mais significado a vida, nos diferen-tes níveis educacionais ou econômicos. As adolescentes acreditam que teriam alguém que necessitaria exclusivamente delas e que teriam o seu amor, além de melhorar sua relação com o parceiro.

Adolescência com perspectivaProjeto de vida saudável na adolescên-

cia, com atividades que valorizem o bem estar, físico e emocional, favorecem a qua-lidade de vida como um todo e consequen-temente a saúde sexual é mais valorizada. Esportes, atividades lúdicas, artesanato, trabalhos sociais, grupos de teatro entre outras, são atividades que valorizam o todo do adolescente. Há que ficar atento, encon-trar atividades que gerem prazer, interesse e que estimulem os seus planos de futuro,

proporcionando aos pequenos cidadãos novas perspectivas de vida saudável. Seus modelos mais próximos levam a uma ini-ciação sexual precoce, daí apresentar novos modelos e mostrar a eles que existe muito mais a ser vivido.

Este projeto de vida saudável é indivi-dual e depende da discussão entre jovens e adultos sobre várias questões como: estou preparada para assumir consequências? Meu relacionamento é maduro e com in-timidade suficiente para ter uma atividade sexual satisfatória? Sei me prevenir contra DST e gestação não desejada e pretendo usá-las corretamente? Iniciar um relacio-namento é opção minha ou estou sendo pressionada pela mídia, grupo ou parceiro?

AbstinênciaFicamos ainda preocupados com a

iniciação sexual cada vez mais precoce. Fala-se que programas que preguem a abs-tinência não surtem resultados esperados.

Quando os adolescentes estão inseri-dos num grupo religioso, seja católico ou evangélico, parece que há uma adiamento da iniciação sexual, mas estas instituições devem ter o cuidado de não apresentar a sexualidade somente como pecado. Mui-tos chegam ao casamento ainda virgens, mas nem sempre conseguem desfrutar o seu relacionamento sexual com prazer. Outros ficam tão focados na necessidade de abstinência que no momento em que cedem aos estímulos internos e externos, e iniciam sua atividade sexual, deixam de utilizar métodos anticoncepcionais (pílulas ou camisinha) tornando-se expostos a uma

gravidez ou DST. Nestes grupos é igual-mente importante a informação.

Há pais e educadores que temem que a educação sexual estimule iniciação precoce. Porém a Organização Mundial de Saúde fez uma revisão de 1050 artigos sobre progra-mas de educação sexual e concluiu que não há evidências de que isto ocorra.

A eficácia da educação sexual talvez possa ser obtida se os programas forem iniciados precocemente, já no ensino fun-damental. A família, os profissionais da área de saúde e profissionais da educação devem ser parceiros nesta missão, trabalhando igualmente informação e valorização do indivíduo. Trabalhar com os adolescentes levando-os a pensar que a sua vida vai de-pender das suas escolhas. Levá-los a sonhar mais alto, a planejar o seu futuro, a não se contentar com o que o meio em que estão vivendo oferece. Ensina-los a lidar com as dificuldades com garra sem desanimar. Mostrar a eles que existe muito mais do que a sala de aula, o grupo, a sociedade injusta. Que ele pode ter um futuro melhor do que seus familiares e amigos se ele se cuidar, se amar, souber fazer boas escolhas. Que os pais e profissionais mostrem um mundo melhor que pode ser obtido através de atitu-des responsáveis. Que haja um significado melhor na vida dos adolescentes. Que eles se sintam valorizados como indivíduos em transformação, com um tremendo potencial e não “aborrecentes”, expressão que acaba com a auto-estima e tira qualquer expecta-tiva de um futuro melhor.

Dra. Ângela bachtold

Page 26: Revista Espaço Cidadão # 06

ESPAço CIdAdão Maio de 2010 www.copadesc.org.br26

Drogas: uma viagem de dependência aodesespero

ossa intenção é que os adolescentes conheçam os riscos que os esperam, entre eles a horrível possibilidade de experimentarem a droga e de

entrarem na turma dos dependentes. Os adolescentes precisam de alguém que os ame de verdade, independentemente de suas indecisões e estranhezas.

Proteção à vidaA educação, bem planejada e assumida

pela família e pelos órgãos competentes, é a melhor forma de combater o tóxico. Bem educada, a pessoa se sente bem, em har-monia com o próprio corpo, com a mente e com o espírito, passando a viver bem com os outros e com o mundo em geral.

Sendo que a vida é o maior dom de Deus, estragar ou até acabar com a própria vida é a maior “bobeira” que uma pessoa pode fazer. Devemos amar e cuidar da vida contra todo tipo de drogas. O adolescente, além de se preservar do uso das drogas, deve fazer algo para aqueles que já são escravos deste vício.

Os conflitos da adolescência sempre existiram. Está cada vez mais frequente e precoce o uso de drogas e afins por jovens. Atualmente seu uso é o fator principal que

os leva à destruição, ao roubo, a morte e até furtos dentro de suas próprias casas. Um verdadeiro caos social.

A dependência química é um alerta para um problema cada vez mais comum em nossa sociedade. O porquê dos jovens estarem usando, é uma interrogação que

está na cabeça de muitos. Pesquisas apon-tam como a mais importante a ausência de Deus e refúgio para os problemas diários. Com certeza muitos outros motivos po-dem levar o jovem a se envolver com as drogas: a curiosidade, problemas sociais, desilusão, depressão, falta de objetivo

n

“A adolescência é como um segundo parto:o filho nasce da família para entrar na sociedade”

AdOlEscÊNcIA

Page 27: Revista Espaço Cidadão # 06

27www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão

na vida, falta de estrutura familiar, entre outros que de alguma forma contribuem para o vício.

Todos esses problemas, de algum modo, estão na ausência de Deus. O mundo está nesse caos porque ainda não entendeu a mensagem da cruz. Quando a palavra do Senhor entra na vida de alguém, vidas são restauradas, feridas são curadas e o perdão reina.

Como o problema das drogas não só é um problema de caráter, a igreja de Cristo e a sociedade em geral precisa estar preparada para trabalhar em prol do combate desse problema, com pessoas capacitadas e dispostas a pagarem o preço por estas vidas.

O que se pode fazer? Uma boa comuni-cação familiar e o amor a Deus, o respeito ao próximo e a mensagem de Jesus desde a infância, podem ser a melhor motivação para os jovens não entrarem nas drogas

Segundo a Organização Mundial da Saúde, “droga é toda a substância que, introduzida em um organismo vivo, pode modificar uma ou mais de suas funções”. É entendida também como o nome ge-nérico de substâncias químicas, naturais ou sintéticas, que podem causar danos físicos e psicológicos a seu consumidor. Seu uso constante pode levá-lo à mudança de comportamento e à criação de uma de-pendência, um desejo compulsivo de usar a droga regularmente, ao mesmo tempo em que o usuário passa a apresentar problemas orgânicos decorrentes de sua falta.

Quando falamos em drogas, devemos também ter em mente a existência de algo que atenua o sofrimento psíquico ou que é capaz de proporcionar prazer, mesmo que temporário e artificial.

Sabe-se que as drogas não são uma descoberta do nosso século. Elas sempre existiram em inúmeras culturas, sendo que a única diferença hoje é a ênfase dada pela lei, diferenciando as drogas lícitas (cigarro, álcool, medicamentos), que pagam impos-tos, das ilícitas (maconha, cocaína, crack, ecstasy, entre outras). Do ponto de vista

médico, porém, esta diferença não existe.

Crack Ao mesmo tempo em que cria uma

sensação de alegria no usuário, o crack também deixa muitos efeitos significativos e potencialmente perigosos no corpo. As pessoas que o utilizam mesmo poucas vezes correm riscos de sofrer infarto, der-rame, problemas respiratórios e problemas mentais sérios.

Ao percorrer a corrente sanguínea, o crack primeiro deixa o usuário se sentindo energizado, mais alerta e mais sensível aos estímulos da visão, da audição e do tato. O ritmo cardíaco aumenta, as pupilas se dila-tam e a pressão sanguínea e a temperatura sobem. O usuário pode começar, então, a sentir-se inquieto, ansioso e/ou irritado. Em grandes quantidades, o crack pode deixar a pessoa extremamente agressiva, paranoica e/ou fora da realidade.

Devido aos efeitos no ritmo cardía-co e na respiração, o crack pode causar problemas cardíacos, parada respiratória, derrames ou infartos. Ele também pode afetar o trato digestivo, causando náusea, dor abdominal e perda de apetite.

Se o crack for inalado com álcool, as duas substâncias podem se combinar no fígado e produzir uma substância química chamada cocaetileno. Essa substância tóxica e potencialmente fatal produz uma sensação mais intensa que o crack sozinho, mas também aumenta ainda mais o ritmo cardíaco e a pressão arterial, levando a resultados letais.

Como as pessoasse viciam em crack?

A cocaína é uma substância altamente viciante. Pessoas que a utilizam podem tornar-se fisicamente e psicologicamen-te dependentes, ao ponto de não poder controlar seus desejos. Pesquisadores descobriram que macacos viciados em cocaína chegam a pressionar uma barra mais de 12 mil vezes para conseguir uma única dose da droga. Assim que conse-guem, recomeçam a pressionar a barra para conseguir mais.

O crack e outras drogas viciantes alte-ram quimicamente uma parte do cérebro chamada sistema de recompensa. Como mencionado anteriormente, quando as pessoas fumam crack, a droga prende a dopamina nos espaços entre as células nervosas. A dopamina cria as sensações de prazer que obtemos em atividades praze-rosas, como comer ou fazer sexo. Mas em usuários de crack, a dopamina continua estimulando essas células, criando uma sensação de euforia que dura de 5 a 15 minutos. Então, a droga começa a perder efeito, deixando a pessoa desanimada e depressiva, resultando em um desejo de fumar mais crack para se sentir bem de novo.

O cérebro responde à overdose de dopamina criada pelo crack destruindo parte da dopamina, produzindo menos ou bloqueando os receptores. O resultado é que, depois de utilizar a droga por certo tempo, os usuários de crack se tornam menos sensíveis a ela, e precisam utilizar mais e mais para obter o efeito desejado. Consequentemente, eles não conseguem parar de usar a droga porque seus cére-bros são “reprogramados”, eles precisam da droga para funcionar corretamente. Quanto tempo leva para se viciar? Varia de pessoa para pessoa, e é difícil deter-minar um tempo exato, principalmente porque o vício físico está ligado ao vício psicológico.

Evidentemente, nem todo mundo re-age da mesma forma ao uso prolongado.

Devido aos efeitos noritmo cardíaco e na

respiração, o crack pode causar problemas cardíacos,

parada respiratória, derrames ou infartos.

Page 28: Revista Espaço Cidadão # 06

ESPAço CIdAdão Maio de 2010 www.copadesc.org.br28

Há usuários que se tornam ainda mais sensíveis ao crack quanto mais o utilizam. Alguns chegam a morrer depois de utilizar uma pequena quantidade, devido a sua sensibilidade aumentada.

Quando uma pessoa viciada para de utilizar o crack, há uma “crise”. Ela enfrenta os sintomas da abstinência, que incluem: • depressão • ansiedade • necessidade intensa da droga • irritabilidade • agitação • exaustão • raiva

ÁlcoolEmbora seja uma droga, frequente-

mente o álcool não é considerado como tal, principalmente pela sua grande acei-tação social e mesmo religiosa. Nos dias de hoje, é prática em muitas famílias a “iniciação” das crianças no consumo do álcool. A permissividade ao álcool leva à falsa crença de inocência do uso do álcool, mas o consumo excessivo tem se tornado um dos principais problemas das sociedades modernas.

O álcool contido nas bebidas é cien-tificamente conhecido como etanol, e é produzido através de fermentação ou des-tilação de vegetais como a cana-de-açúcar, frutas e grãos. O etanol é um líquido incolor. As cores das bebidas alcoólicas são obtidas de outros componentes como o malte ou através da adição de diluentes, corantes e outros produtos.

O que o álcool fazno organismo?

O álcool é absorvido principalmen-te no intestino delgado, e em menores quantidades no estômago e no cólon. A

concentração do álcool que chega ao san-gue depende de fatores como quantidade de álcool consumida em um determinado tempo, massa corporal, metabolismo de quem bebe, quantidade de comida no estômago.

Quando o álcool já está no sangue, não há comida ou bebida que interfira em seus efeitos. Num adulto, a taxa de metabolis-mo do álcool é de aproximadamente 8,5g de álcool por hora, mas essa taxa varia consideravelmente entre indivíduo.

Os efeitos do álcool dependem de fato-res como a quantidade de álcool ingerido em determinado período, uso anterior de álcool e a concentração de álcool no sangue. O uso do álcool causa desde uma sensação de calor até o coma e a morte dependendo da concentração que o álco-ol atinge no sangue. Os sintomas que se observam são: • sensação de calor/rubor facial• prejuízo de julgamento• diminuição da inibição• coordenação reduzida e euforia• humor instável• diminuição da atenção• diminuição dos reflexos e incoordena-

ção motora• fala arrastada• visão dupla• prejuízo de memória e da capacidade

de concentração• diminuição de resposta a estímulos• vômitos• anestesia• lapsos de memória• sonolência• insuficiência respiratória• coma• morte

Num curto período (8 a 12 horas) após a ingestão de grande quantidade de álcool pode ocorrer a “ressaca”, que se caracteri-

za por dor de cabeça, náusea, tremores e vômitos. Isso ocorre tanto devido ao efeito direto do álcool ou outros componentes da bebida. Ou pode ser resultado de uma reação de adaptação do organismo aos efeitos do álcool.

A combinação do álcool com outras drogas (cocaína, tranquilizantes, barbi-turatos, anti-histamínicos) pode levar ao aumento do efeito, e até mesmo à morte.

O efeitos do uso prolongado do ál-cool são diversos. Dentre os problemas causados diretamente pelo álcool pode-se destacar doenças do fígado, coração e do sistema digestivo. Secundariamente ao uso crônico abusivo do álcool, observa-se perda de apetite, deficiências vitamínicas, impotência sexual ou irregularidades do ciclo menstrual.

AdOlEscÊNcIA

Page 29: Revista Espaço Cidadão # 06

29www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão

BREU

50 milano

EducAÇÃO NO TRÂNsITO

por um trânsito Seguro União Européia (EU) está, desde 2004, divulgando um projeto que lança uma nova luz sobre as relações entre acidentes de trânsito, popula-

ção, quantidade de veículos em circulação e quantidade de quilômetros rodados por período. Sugestivamente, o projeto adotou como “slogan” SALVAR 25.000 VIDAS NO TRÂNSITO, POR ANO, A PARTIR DE 2010. Esta maneira de de-clarar o objetivo principal é, para começo de conversa, bem aventurada: trata-se da adoção de medidas para salvar vidas, um chamamento altamente positivo, e não para diminuir a quantidade de mortos, que sempre lembra quantos estão morrendo hoje. Isto certamente influenciará o ânimo de apoiadores, promotores, patrocinado-

res e colaboradores em geral, mesmo que, ao final da campanha, se possa dizer que a quantidade de vidas salvas seja igual à de mortos a menos.

Com 50.000 mortes por ano nos países-membros da EU, a meta significa, de forma simples e direta, que se deseja salvar metade das vidas dos envolvidos em acidentes por ano, a partir de 2010. Diante de uma notícia como esta, por si só interessante e provocadora, pois a quantidade anual de 50.000 óbitos em acidentes de trânsito na Europa e no Bra-sil são semelhantes, mesmo que nossas estatísticas sejam artificiais e furadas, não há como deixar de analisar alguns números de lá e de cá.

Brasil: liderança nefastaOs países membros da Euro-

pa têm 494 milhões de habitantes (números de 2007), que utilizam uma frota de mais de 218 mi-lhões de veículos automotores. Como já dito, são cerca de 50 mil os mortos por ano, além de 1.700.000 feridos.

O Brasil conta com 180 mi-lhões de habitantes, 33 milhões de veículos e supostamente os mesmos 50.000 óbitos/ano, com cerca de uns 650 mil feridos. Usando cálculos simples, os europeus contabilizam 1 óbito/ano em acidentes com cada grupo de 4.360 veículos ou para cada grupo de 9.880 habitantes. Em contrapartida o Brasil, pelo mesmo aferimento, mostra 1 óbito/ano em acidentes com

cada grupo de 660 veículos ou para cada grupo de 3.600 habitantes. Tivessem os condutores brasileiros a educação, a consciência, o civismo, as estradas, os veículos, o profissionalismo dos técnicos de manutenção, o poder aquisitivo e a qualidade administrativas dos europeus, teríamos 1 vítima/ano para cada 4.360 veículos, ou um total de 7.578 óbitos/ano, sem dúvida uma meta distante em um país onde quem deveria cuidar disso não demonstra preocupação ou toma medidas necessárias para reduzir acidentes.

Morrem anualmente 50 mil pessoas em nosso país, cidadãos brasileiros, muitos ainda no vigor de suas forças físicas e intelectuais. Todos devem fazer parte deste movimento, como as fábricas de veículos, revendedores, seguradoras, mantenedores de veículos, associações de esportes com veículos, escolas, clubes de serviço, educadores, políticos, governos em todos os níveis, enfim todos os pro-fissionais de todos os ramos que utilizem veículos de uma ou outra forma, mesmo que coletivos. O Brasil é conhecido como o país do futebol, e quando se pergunta sobre regras do futebol, poucos serão os que não sabem responder sobre elas, ocorrendo em muitos casos um debate acalorado sobre cada uma delas. Agora, ao perguntar sobre regras de trânsito, poucos saberão responder, e aquele que se arriscar no tema poderá ser ridicularizado perante o grupo, e mesmo assim poderá saber pouco sobre o assunto. Sabem, aprendem e se interessam por regras de trãnsito dias antes de fazer as provas para tirar a carteira de habilitação, ou sua renovação.

a

Page 30: Revista Espaço Cidadão # 06

ESPAço CIdAdão Maio de 2010 www.copadesc.org.br30

emos acompanhado algumas ações muito interessan-tes na televisão em apoio à educação. Cláudia Abreu com simplicidade e sensibilidade relata seu interesse em acompanhar a rotina escolar dos filhos, sua alegria

em poder estar presente na escola, freqüentar as reuniões de pais e ajudar nas tarefas. Fala com propriedade sobre o papel dos pais no dia-a-dia educacional de seus filhos, apoiando, apontando caminhos, fortalecendo a auto-estima, elogiando seu crescimento e demonstrando seu orgulho a cada nova conquista.

Todas as propostas de desenvolvimento do mundo apon-tam a educação como o caminho para as melhorias sócio--econômicas. Temos visto até com bons olhos o aumento de alunos nas escolas, e os indicadores de melhoria no índice de alfabetização brasileiro, mas ainda há muito para ser conquis-tado em termos educacionais em nosso país. Embora tenha melhorado o Brasil ainda se encontra, segundo a UNESCO numa posição intermediária no Continente, ao lado de países como Peru, Bolívia e Paraguai e, ostenta o título do país com maior índice de crianças fora da escola na região do Caribe e América Latina. Além de melhorar estes índices, precisamos nos preocupar com a estrutura das escolas nos lugares mais remotos, com a qualidade do ensino e com o mau uso dos recursos destinados a educação.

Na Revista Veja de 5 de agosto de 2009, uma reportagem muito interessante nos mostra que nada é tão decisivo para um bom desempenho escolar quanto o incentivo dos pais para os estudos. Cultivar o interesse, despertar a curiosidade, alcançar um bom desenvolvimento exige disciplina, cuidado e atenção. O padrão cultural de uma família é determinante

todos pela

t

EducAÇÃO

A educação é o caminho parao desenvolvimento, trazendo as melhorias sócio-econômicas desejadas por todos

todos pela educação

Page 31: Revista Espaço Cidadão # 06

31www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão

para o desempenho de seus filhos na es-cola. O incentivo à leitura, às vivências culturais (música, filmes, teatro, livros, esporte, viagens) são fatores importantes para o desenvolvimento do talento indivi-dual da criança. Tanto que quando os pais participam da vida escolar de seus filhos as notas aumentam em torno de 20% e o risco de desistência do ensino cai 64%. Além disso, cada ano a mais de ensino significa um salário 15% maior na idade adulta (da-dos do Centro de Políticas Sociais da FGV e Centro de Políticas Públicas do Insper)

Uma pesquisa divulgada em novembro de 2009 pela ONG “Todos pela Educação” mostrou que o aprendizado preocupa bem menos do que fatores como a competência dos professores, a existência de vagas e o transporte escolar. A ONG pretende esti-mular e ampliar a participação da família na educação dos seus filhos e vem sendo divulgada na mídia, como no caso da par-ticipação de Cláudia Abreu.

Conscientizar os pais de que sua parti-cipação na vida escolar de seus filhos, nas reuniões, nos eventos especiais é o equiva-lente a mostrar pelo exemplo a importância do estudo em suas vidas. Cada atitude pró ativa em relação ao ambiente educacional fortalece a crença da criança no valor da aprendizagem. O envolvimento dos pais nos projetos escolares significa fortalecer também vínculos sadios e produtivos. É a valorização da criatividade, dos bens culturais, um retorno aos princípios filo-sóficos dos grandes mestres na busca pelo conhecimento.

No panorama atual, nos entristece a

“falta de tempo” diga-se “interesse” pelo que se passa dentro das escolas. Lembrar como eram bonitas as festas, como os pais iam esperar seus filhos na porta, como os pais tinham orgulho da escola de seus filhos, que muitas vezes era a mesma que haviam freqüentado. Hoje não se pensa na tradição, mas muitas vezes no preço da mensalidade, não se olha para a filo-sofia e proposta pedagógica das escolas, mas o desconto que elas podem oferecer, ou o fato de ser gratuita e não exigir um “gasto” considerado desnecessário. Como o pai não vai muito à escola, não sabe realmente o que ela oferece, não enxerga diferenciais, fica apenas nas informações superficiais e também não possui grande expectativa no resultado final alcançado. Se algo não vai bem a culpa é da escola, do professor, dos amigos de sala, do material, do tipo de avaliação e assim por diante. É a atitude negativa, de quem se defende, ao invés de buscar novos caminhos, de criar novas oportunidades a partir dos proble-mas encontrados. O interesse da família é um presente para a escola. É a certeza do sucesso do processo educacional. As sugestões trazidas para a escola são desa-fios a serem superados e que se contrapõe a acomodação. Como nos ensina o mestre Piaget, toda a nova aprendizagem desaco-moda aprendizagens anteriores para então tornar a se acomodar.

Se a escola fosse escolher seus alunos através de uma entrevista com os pais com certeza a pergunta crucial seria, qual a importância da educação em sua vida? E ela viria seguida por: como você gostaria

que fosse o ensino de seu filho? E se os pais pudessem participar deste debate com certeza teríamos espaços educacionais muito mais envolventes, com objetivos mais claros para todos os participantes do processo, com modelos a serem seguidos e metas a serem alcançadas.

A beleza da aprendizagem está justa-mente nas suas infinitas possibilidades. Nos caminhos múltiplos de desenvolvi-mento das potencialidades humanas. E quando nos damos conta disso precisamos resgatar a questão da parceria entre família e escola. Lembrar que através das comu-nidades educacionais podemos promover uma transformação mais profunda e dura-doura do mundo que desejamos encontrar amanhã.

Não precisaremos nos preocupar tanto com o mundo que deixaremos para nossos filhos amanhã se soubermos com certeza que filhos estaremos deixando para o mun-do de amanhã. Precisamos compreender melhor o processo de aprendizagem e dar a ele espaço de destaque em nossas vidas, conscientes de que todos fazem parte deste projeto.

A escola é o espaço de convivência da criança e do adolescente, portanto, legíti-mo espaço da família. Precisamos estar presentes e ajudar a levantar a bandeira que pode fazer a diferença, precisamos mostrar que estamos do mesmo lado nesta boa guerra, mostrar que somos TODOS PELA EDUCAÇÃO.

ieda Reis - Professora

Page 32: Revista Espaço Cidadão # 06

REsPONsABIlIdAdE sOcIAl

ntigamente as empresas não eram cobradas pelo seu papel social, como, questões ecológicas, comportamentos éticos na relação com a sociedade entre outros. Os objetivos das empresas eram somente o de satisfazer as necessidades dos

seus clientes e obter disso o retorno do investimento e manter-se lucrativa. Uma nova conduta empresarial surge, a Responsabili-dade Social , que tem como característica promover o bem-estar social daqueles que se relacionam diretamente com a empresa, tais como: acionistas, recursos humanos, fornecedores e sociedade como um todo, oferecendo melhores condições de qualidade de vida ao que se refere a meio ambiente, aspectos educacionais, culturais entre outros.

A Responsabilidade Social das empresas é ampla e não se direciona somente aos consumidores, mas sim a todos que com ela estão envolvidos. Apresenta-se como um tema cada vez mais importante no comportamento das organizações, exercendo impac-tos nos objetivos, estratégias e no próprio significado da empresa, que passou a ser uma espécie de estratégia competitiva para elas. O Instituto Ethos enfatiza que a responsabilidade social empresarial tornou-se um fator de competitividade para os negócios. No passa-do, o que identificava uma empresa competitiva era basicamente o preço de seus produtos. Depois, veio a onda da qualidade, mas ainda focada nos produtos e serviços. Hoje, as empresas devem investir no permanente aperfeiçoamento de suas relações com to-dos os públicos dos quais dependem e com os quais se relacionam: clientes, fornecedores, empregados, parceiros e colaboradores. Isso inclui também a comunidade na qual atua o governo, sem perder de vista a sociedade em geral, que construímos a cada dia.

Fabricar produtos ou prestar serviços que não degradem o meio ambiente, promover a inclusão social e participar do desenvolvi-mento da comunidade de que fazem parte, entre outras iniciativas, são diferenciais cada vez mais importantes para as empresas na conquista de novos consumidores ou clientes.

Desta forma, pode-se compreender que a Responsabilidade Social nada mais é do que um compromisso das empresas com

A Responsabilidade Social é o desenvolvimento sustentável inserido na gestão empresarial

a

ações de valor

32 ESPAço CIdAdão Maio de 2010 www.copadesc.org.br

Ilust

raçã

o: A

less

and

ro D

utr

a

Page 33: Revista Espaço Cidadão # 06

33Maio de 2010 ESPAço CIdAdão

a sociedade, uma vez que a situação de uma empresa no mercado pode ser justi-ficada na interação com os consumidores, funcionários, o ambiente social onde está inserida, a matéria-prima extraída do meio-ambiente. Sendo assim a empresa ao adotar a Responsabilidade Social, está restituindo à sociedade o esforço que ela dedicou para que a empresa se consoli-dasse no mercado.

Os seguintes objetivos da Responsa-bilidade Social são apresentados no livro Responsabilidade Social & Cidadania Empresarial de autoria de Neto e Froes: • Apoio ao desenvolvimento da comuni-

dade onde atua; • Preservação do meio ambiente;• Investimento no bem-estar dos fun-

cionários e seus dependentes e num ambiente de trabalho agradável;

• Comunicações transparentes, compro-metimento com a cidadania e a ética;

• Retorno aos acionistas;• Sinergia com os parceiros;• Satisfação dos clientes e/ou consumi-

dores.O conceito que complementa a de-

finição de Responsabilidade Social é o desenvolvimento sustentável ou sustenta-bilidade, que são práticas de gestão visando à preservação do ambiente social onde estão inseridos. A preocupação maior está em relação ao meio ambiente, ou seja, a exploração de áreas ou o uso de recursos planetários (naturais ou não) de forma a prejudicar o menos possível o equilíbrio entre o meio ambiente e as comunidades humanas e toda a biosfera que dele depen-

dem para existir.Como anteriormente citado, o desen-

volvimento sustentável deve estar presente na prática de gestão nas relações com todas as partes envolvidas com a empresa buscando o desenvolvimento da sociedade.

Muitas empresas estão desenvolvendo práticas visando o bem estar da sociedade, em Santo Antônio da Platina contamos com o exemplo do CEDI – Centro de Diag-nóstico e Imagem, que realizou em 2009 algumas ações de Responsabilidade Social, onde se destaca a campanha do livro. Fun-cionários, empresa e clientes doaram para a Biblioteca da Escola Municipal Ophelia Mello Nascimento uma coletânea de livros de literatura que serão utilizados com os alunos em sala de aula.

instituto Ethos de Empresas e Respon-

sabilidade social é uma organização sem fins lucrativos, caracterizada como oSCIP.

Sua missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de for-ma socialmente responsável, tornando-as

parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável.

NEto, Francisco Paulo de Melo; FRoEs, César. Responsabilidade Social & Cidada-

nia Empresarial. Rio de Janeiro: Qualimark, 1999.

CEDi – Centro de diagnóstico de Imagem – Santo Antônio da Platina

tarcisio boiko – Administrador de Empre-sas. Especialista em Gestão Estratégica de

Pessoas. Professor da FANoRPI.

Jacqueline Nicola Marcelino – Acadêmica Graduando em Administração de Empresas

pela FANoRPI em 2010.

www.copadesc.org.br

POR dENTRO dO AssuNTO

Sempre atento às necessidades do mer-cado, o Copadesc vêm ao longo dos anos buscar a parceria de empresas para partici-parem juntos com o ideal de melhorar a vida onde nós vivemos. Sabendo que o custo de projetos voltados para o lado sócio-educa-cional-ambiental tem custos elevados, mui-tas empresas participam de forma voluntária, cada um conforme suas possibilidade e con-dições com nossos projetos, destacando que em parceria com outra OSCIP, o Credinorte, estamos operando uma Usina de Reciclagem. Este esforço é compartilhado com muitas empresas, inclusive estas que participam desta edição, onde uma parte dos recursos é investida neste trabalho, e que muitas pessoas estão sendo beneficiadas, além do meio ambiente que se procura manter pre-servado, e também a diminuição dos recursos naturais, visto que um percentual elevado de produtos respondem ao menos por um dos 3R´, que são: Reduzir o consumo de determi-nados produtos, reutilizar o possível como embalagens, ou produtos como cascas de verduras, legumes e afins, e por fim destinar as embalagens para a usina de reciclagem, onde um grande número de pessoas podem e serão ajudadas. Lembre-se, quando forem as compras e necessitar de serviços, procure saber se aquela empresa ou profissional está atento em relação ao destino final daquilo o que está oferecendo, se não, cobre-os para participarem deste trabalho. Todos, juntos em conjunto podemos melhorar o mundo onde vivemos, começando pela nossa casa, nosso trabalho e em todos os nossos relacio-namentos sociais.

João Geraldo Frose

Page 34: Revista Espaço Cidadão # 06

INclusÃO sOcIAl

ensada pelo psiquiatra, teólogo e an-tropólogo cearense Adalberto Barreto, curiosamente a Terapia Comunitária deu seu primeiro passo mediante uma

iniciativa não de Adalberto, mas de seu irmão, Airton Barreto.

Já freqüentei os cursos de Adalberto e estive no Pirambú em três oportunidades. Resumidamente, pretendo contar a história da Terapia Comunitária que ouvi dos pró-prios irmãos Barreto:

O recém-formado advogado Airton Barreto, contrariando as expectativas de sua família, resolve mudar-se para a favela do Pirambú, e munido de uma máquina de escrever passa a atender às pessoas do local. Em pouco tempo percebe suas habilidades como advogado insuficientes mediante as queixas da população, que em situação de desespero e se sem ter a quem recorrer, passam a relatar a Airton toda espécie de problemas como alcoolismo e dependên-cia química na família, desemprego e suas consequências. Ao compreender a grande demanda de pessoas em sofrimento de ordem psíquica e emocional, Airton passa a encaminhá-los ao Hospital Universitário, mais especificamente a seu irmão Adalberto,

que passa a atendê-los juntamente com seus alunos residentes. Na ânsia de compreen-der melhor as dificuldades da população, Adalberto sai do hospital e passa a atender na favela e finalmente entra em contato com a realidade dessa clientela. Como a demanda se mostra muito grande, passa a realizar atendimentos em grupo, percebe que numa comunidade violenta, onde se está em constante situação de exclusão e desamparo, qualquer medicação torna-se um paliativo, uma vez que tais pessoas não tem esperança, não são senhores de sua vida. Nesse contexto passam a ocorrer as primeiras rodas de Terapia Comunitária e consequentemente seu desenvolvimento e aprimoramento.

Partilha de experiênciasA Terapia Comunitária rompe com o

pensamento dominante em alguns aspectos. Aprendemos que o povo é ignorante, que é preciso educá-lo, e parte do pressuposto que todos têm algo a ensinar, que o mais ignorante na visão da sociedade tem muita sabedoria e experiência de vida. Dessa forma, não apenas valoriza aquele indiví-duo que não percebe a própria capacidade,

terapia comunitáriaCriada em Fortaleza, na favela do Pirambú, comunidade extremamente pobre, desestruturada e detentora de um índice de violência alarmante, essa abordagem terapêutica coletiva atualmente beneficia pessoas em todo o Brasil e também no exterior

p

34 ESPAço CIdAdão Maio de 2010 www.copadesc.org.br

Page 35: Revista Espaço Cidadão # 06

35www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão

desenvolvida nas mais diversas situações vividas, como também propõe a partilha dessas experiências, para que outros pos-sam aprender com a vivência do próximo. Transforma privação, perda e abandono em capacidade, auto-estima elevada, potencial para lidar com dificuldades futuras. É a carência gerando competência.

Uma das formas de capacitar um indi-víduo, família ou toda uma comunidade é valorizar sua cultura, seus costumes. A repressão à tradição, o entendimento de que ela é um obstáculo ao progresso é uma herança do Brasil Colônia, usada como forma de subjugar e enfraquecer seus habitantes, a Terapia Comunitária acredita ser possível unir a sabedoria popular ao modelo de intervenção científico trazido pelos especialistas. Pautada numa sólida base técnico/teórica abre espaço para canções, provérbios, e tudo aquilo que for trazido pela própria comunidade.

Mediante uma abordagem positiva, a Terapia Comunitária não se limita a procurar sintomas, identificar patologias, e sim busca naquele que sofre, o potencial e a capacidade de reação presente em todo ser humano, rompe com o modelo onde existe sempre um doente precisando de um doutor, gerando pensamentos, sentimentos e consequentemente ações, ou seja, auto-nomia, co-responsabilidade, pró-atividade. Deixa de existir o pobre coitado vitimizado pela vida e que aguarda a salvação vinda de uma instância superior, esperando por um remédio milagroso dado pelo médico e pela cesta básica da assistência social para que surja aquele que, ainda que por necessidade continue utilizando das doa-ções, mas agora compreendendo que sua atitude perante a vida é determinante para a atual situação. Aquele que se percebe como senhor da própria vida, independente das adversidades, se percebe com capacida-des, descobre a potencialidade escondida pela exclusão social, pelo sentimento de inferioridade e torna-se co-autor de sua própria história, deixando de lado o papel de expectador e vítima.

O pensamento sistêmico, um dos ali-cerces teóricos da Terapia Comunitária, diz que crises e problemas só podem ser avaliados quando vistos como parte de uma rede que envolve o todo, observando a existência de aspectos sociais, psicológicos e biológicos. O primeiro passo para que se aprenda a enfrentar a vida é adquirir a noção de que tudo está ligado e que cada um faz parte desse todo complexo, sendo influenciador e influenciado, aprendendo e vivenciando o já citado conceito de co--responsabilidade.

Quando se fala em rede, em relações interpessoais, automaticamente estamos falando também em comunicação, na Te-rapia Comunitária valoriza-se a clareza e honestidade ao se comunicar, minimizando a possibilidade de entender erroneamente ao outro, facilitando a convivência e dimi-nuindo a possibilidade de conflitos. O foco da Terapia Comunitária não é o indivíduo, mas sim o todo, busca uma ação coletiva por entender que indivíduos que se apoiam mutuamente tem maiores possibilidades de crescimento. As demandas da população são cada vez mais numerosas e compli-cadas: drogas, stress, violência, pobreza, criminalidade, entre outras; superar esses problemas não pode ser responsabilidade de uma liderança, de um só indivíduo, se faz necessário uma ação conjunta, troca de experiências e ideias. Tal atitude hu-maniza as relações, coloca o membro da comunidade, a pessoa que tem um proble-ma, numa relação horizontal com aquele que vem de fora para ajudar, pautada na igualdade. Essa proposta faz com que o saber científico seja compartilhado com a população e faz com que a população sinta-se a vontade para se expressar e expor suas ideias, facilitando a compreensão da realidade por ambas as partes, rompendo com o isolamento dos saberes e a descrença na capacidade do outro. A informação que não circula não tem valor social enquanto a informação circulante propicia ao indi-víduo que deixe de ser objeto passivo de intervenção e passe a ser ativo, atuante.

Na prática da Terapia Comunitária segue-se um roteiro, e seu formato é de extrema importância, construído num pro-cesso de mais de vinte anos de experiência. Mas não se trata de um modelo rígido, mesmo porque a falta de maleabilidade vai contra tudo o que a Terapia Comuni-tária propõe. O terapeuta tem a liberdade de adaptar o trabalho de acordo com as características do público alvo. Entretanto existem, numa sessão, algumas regras a serem seguidas pelos participantes, com intuito de preservar o bom andamento do trabalho. A primeira regra é fazer silên-cio quando outra pessoa estiver falando, cochichos e conversas paralelas podem intimidar quem está com a palavra e nem todos se manifestam com facilidade peran-te um grupo. A segunda regra explica que na Terapia Comunitária fala-se da própria experiência, na primeira pessoa do singu-lar, e a terceira regra completa a segunda dizendo que ninguém está no grupo para dar conselhos ou sermões. A partilha das experiências permite a percepção de que outras pessoas se encontram ou já passa-ram por situações semelhantes, torna as pessoas menos críticas e mais solidárias.

A sociedade moderna promove a superficialidade nas relações e a exteriori-zação. Existe um excesso de informações, atividades e entretenimentos que privam o humano de olhar para dentro de si, fazendo também com que não enxergue seu seme-lhante como tal. Ainda que exista proxi-midade física todos estão muito distantes, dialogam sobre tudo que os circundam, televisão, esportes, internet; mas cada vez menos falam a respeito de si mesmos, empobrecendo as relações, desprezando o auto-conhecimento. A Terapia Comuni-tária promove o oposto, buscando que as pessoas se expressem verdadeiramente, se escutem e respeitem. Valoriza aquilo que a sociedade tem desprezado, promovendo a saúde mental comunitária.

Lucas Renato Ribeiro ChagasPsicólogo - CRP 08/12003

Page 36: Revista Espaço Cidadão # 06

cORPO

RPGReeducação Postural GlobalPara ajudar a solucionar os problemas posturais das pessoas que passam a maior parte da vida sentadas ou em posições erradas, surgiram muitas técnicas de tratamentos fisioterapêuticos, entre elas a RPG

ossos músculos trabalham todo o tempo para nos manter em pé, sentados, caminhando, deitados, correndo ou pulando. Entretanto,

o excesso de atividades de ações repeti-tivas, a maneira incorreta de sentar-se à frente do computador ou da TV e a falta de exercícios podem levar à perda grada-tiva da capacidade muscular. O resultado final é o desconforto, enfermidades e dor. Sem percebermos, passamos a adotar posturas que aliviam determinadas dores. Em longo prazo, essas posturas podem fazer mais mal do que bem. Poupar área dolorida significa sobrecarregar outra área do corpo.

Para ajudar a solucionar os problemas posturais das pessoas que passam a maior parte da vida sentadas ou em posições erradas, surgiram muitas técnicas de tratamentos fisioterapêuticos, entre elas a Reeducação Postural Global (RPG), que analisa a enfermidade e o indivíduo como um todo.

A RPG foi criada na França, em 1981, por Fhillipe Emmanuel Souchard, após 15 anos de pesquisas no domínio da biome-cânica. Consiste em ajustamentos postu-rais para reorganização dos segmentos do

corpo humano, através de alongamentos do tecido muscular retraído, a fim de permitir o reequilíbrio dos músculos que mantêm a postura.

Souchard não aceitava tratar o cor-po em partes. Considerando que todos os músculos que formam as cadeias musculares do corpo estão interligados, sua técnica busca corrigir a própria musculatura, tratando o corpo de forma a harmonizá-lo.

Para entender a globalidade das ca-deias musculares, que se encurtadas dão lugar a compensações, faça o seguinte: deite em decúbito dorsal (barriga para cima) e tente corrigir a hiperlordose lom-bar. Você vai perceber que a curva da nuca aumenta. Tente agora corrigir a curva da nuca. Você vai perceber que as costelas se levantam. Levante se em seguida e, em pé, flexione o tronco para frente.Você vai perceber que seus joelhos giram para dentro. Quando torcemos o tornozelo, para diminuir ou eliminar as dores, enri-jecemos a musculatura e buscamos apoio na perna sadia, mancando. A partir desse tipo de análise corporal, tomamos cons-ciência das cadeias musculares. Chega-se assim à constatação de que o corpo deve

n

36 ESPAço CIdAdão Maio de 2010 www.copadesc.org.br

Page 37: Revista Espaço Cidadão # 06

www.copadesc.org.br Maio de 2010 ESPAço CIdAdão 37

ser tratado como um todo. Em RPG utiliza-se a harmonia natu-

ral entre ossos e músculos para corrigir problemas de postura, lembrando sempre que nenhum músculo trabalha sozinho. É como se estivessem todos amarrados de cima para baixo.

Como é o tratamento:O tratamento com RPG acontece em

sessões semanais, podendo em muitos casos ser realizadas até duas sessões por semana, com duração de uma hora. Con-siste em exercícios posturais, indicados a partir de avaliação feita pelo fisiotera-peuta para verificar o alinhamento geral do corpo. Os exercícios de alongamento são feitos em pé, sentado, deitado em maca especial de RPG ou no solo. Todo procedimento é realizado de forma suave e progressiva.

A RPG se utiliza de posturas básicas, cada postura enfoca determinadas ca-deias musculares, sempre alongando os músculos que estão rígidos e fortalecen-do os músculos que se encontram fracos.

Todas as posturas devem ser realiza-das por um profissional de fisioterapia que tenha a especialidade em RPG. O tratamento é individual e personalizado.

A duração do tratamento depende do problema e da resposta do paciente.

Indicações da RPG:

Somáticas:• Estresse• Distúrbio circulatório

Neurológicas:• Após o tratamento cirúrgico de fraturas

da coluna vertebral• Hérnia de disco• Labirintite

Reumatológicas:• Artrite• Artrose• Bursite• Tendinite

Ortopédicas:• Hiprelordose• Escoliose• Hipercifose• Dor nas costas• Disfunção de ATM - Funcionamento

anormal da articulação temporo-man-dibular

• Ombros protusos ou elevados• Desvios nos joelhos (joelho vago)• Fibromialgia• Desnivelamento da cintura escapular

(ombros)• Pé plano, pé cavo

A RPG não é indicada apenas para portados de desvios ou outros problemas de coluna. Afinal, todas as pessoas, de uma maneira ou de outra, apresentam algum tipo de desarmonia em sua estru-tura corporal. A RPG também se destina à prevenção, aos que buscam melhor equilíbrio e uma vida em harmonia com o corpo.

Viviani França DrissenFisioterapeuta e Especialista em RPG

Crefito: 49463-F

Page 38: Revista Espaço Cidadão # 06

ESPAço CIdAdão Maio de 2010 www.copadesc.org.br38

cORPO

PilatesSaúde Sustentável

uando o assunto é exercício físico a maioria das pessoas imediatamente encontra uma “desculpa” para não fazê-lo. Alguns alegam que não tem

tempo, outros acham que já não tem idade para atividades físicas, outra desculpa é a falta de companhia, muitos alegam medo de ocorrer lesões e existem aqueles que afirmam não saber exatamente o tipo de atividade mais adequada.

O que a maioria das pessoas desco-nhece é que assim como uma dieta sau-dável, um esquema contínuo de exercícios pode beneficiar a nossa saúde e pode fazer com que as pessoas vivam mais e tenham uma qualidade de vida melhor.

A vida sedentária provoca literalmen-te o desuso dos sistemas funcionais. O aparelho locomotor e os demais órgãos e sistemas solicitados durante as diferentes formas de atividade física entram em um processo de regressão funcional, caracte-

rizando, no caso dos músculos esqueléti-cos, um fenômeno associado à atrofia das fibras musculares, perda da massa óssea e perda da flexibilidade articular, além do comprometimento funcional de vários órgãos, levando a inúmeros problemas osteomusculares.

A forma como você vive hoje reflete no seu futuro, pois quando se é jovem, o corpo tem capacidade de aguentar muitas agressões, mas com o passar do tempo as reservas vão diminuindo e farão falta quando a idade avançar.

Muita gente acha exagero em relação à cuidados no estilo de vida, dizendo que tais cuidados não passam de modismo, assim como cuidar de sua postura no dia--dia. É, a partir destes ítens mencionados, que o Pilates entra em sua vida, ajudando a prevenir, restabelecer e dando equilíbrio corporal e mental para que possamos encarar cada vez mais este mundo tão

competitivo. E suportar o estresse cons-tante dos dias de hoje.

Trazendo resultados duradouros e glo-bais, o método Pilates traz como um dos seus benefícios a reorganização muscular principalmente da musculatura profunda (pequenos músculos que sustentam e de-finem a postura), proporcionando controle e estabilidade corporal, dando beleza e ao mesmo tempo precisão nos movimentos e atividades da vida diária.

Nosso corpo é um maravilhoso e complexo sistema, que dispõe de todos os mecanismos para funcionar em perfeito equilíbrio. Cabe a nós conhecermos e atendermos a todas essas necessidades para que vivamos plenamente e com saúde o mais longamente possível.

Fabiely Denardi CassianoFisioterapeuta - Crefito: 53688-F

Formação no método pilates básico e avançado e pilates nas patologias da coluna vertebral

QAssim como uma dieta saudável, um esquema contínuo deexercícios pode beneficiar a nossa saúde e pode fazer com queas pessoas vivam mais e tenham uma qualidade de vida melhor

Page 39: Revista Espaço Cidadão # 06

Nossa sociedade clama pela renovação de princípios para uma convivência sadiae a proteção da família. Para isso os recursos adquiridos através da Revista Espaço Cidadão serão empregados na construção da Casa Espaço Cidadão, projeto que atenderá à comunidade carente da nossa cidade, provendo, entre outras coisas, às crianças aulas de reforço escolar, oficinas de teatro, dança, música, artes, e às mães atendimento social e trabalhos manuais para que possam melhorar o rendimento familiar. Junte-se a esta proposta.

Page 40: Revista Espaço Cidadão # 06