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Editorial + Sumário

Chegamos com mais uma edição da Revista Escre-vendo Futebol! Nesta edição,, duas matérias exclusivas sobre dois grandes momentos do futebol atual: a ascensão de Wa-tford e Bournermouth para a Premier League, e inédito título de campeão paranaense do Operário Ferroviário.

Além disso, como matéria de capa, uma reportagem ex-clusiva sobre as eleições na FIFA. Traçamos um perfil dos can-didatos a presidente da entidade e explicamos como funciona o pleito.

Aproveito e dou um importante aviso. Em junho, não te-remos a Revista EF como você já conhece. Às vésperas da Copa América, você terá um guia especialíssimo da maior competi-ção entre seleções do nosso continente. Até lá! Yuri Casari

5 - Sonho da Premier League9 - A invenção do pênalti15 - Eleições na FIFA14 - Operário: redenção centenária

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?Em 2016...

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Um sonho de Premier League

A Premier League já conheceu dois dos três times que passaram com garra pela Championship. E ambos tem grande história de superação durante essa espinhosa cami-nhada rumo à elite do futebol inglês. Milhões em dinheiro, visibilidade e a possibilidade de enfrentar as grandes equipes toda sema-na. É isso que conseguiram Bournermouth e Watford.

Da falência a Premier League

Em fevereiro de 2008, a situação do clube fundado em 1890 era a pior possível. Se é que podemos comparar, era algo similar ao que acontece com a Portuguesa, ou com o Guarani. O clube já havia quase falido nos anos 90, mas foi salvo por um fundo criado pela comunidade local. Mas dessa vez, pare-cia não haver luz no fim do túnel. Os Cherries foram punidos com a perda de 10 pontos, e mesmo tendo feito uma campanha razoável, acabaram rebaixados para a League Two, a quarta divisão inglesa. Com 4 milhões de li-bras em dívidas, e com o caos instalado na ad-ministração, o clube ainda teve de começar o campeonato com -17 pontos. A eminência de cair para a Conference, a quinta divisão, era

Do outro, o Watford! Depois de bater na trave algumas ve-zes, o clube de El-

ton John enfim volta a elite do futebol

inglês após 8 anos.

De um lado, o Bournermouth! O clube centenário jamais havia jo-gado na elite, e de 2008 pra cá, saiu da falência para a Premier League...

gigantesca. Dois treinadores já haviam sido demitidos, e a nova aposta era Eddie Howe, de 31 anos, o mais jovem técnico na história da equipe. Mas em uma grande campanha de superação, o Bournermouth conseguiu se manter na League Two, 9 pontos longe da zona de rebaixamento. Já em 2009, sob o ocmando de Jeff Mostyn, o clube recupera a estabilidade fi-nanceira, e em campo, não se contenta ape-nas com o papel de coadjuvante. Termina a temporada 2009/2010 em 2º lugar, e volta a League One. Em 2010/2011, mais uma vez a campanha supera expectativas, e o time só é eliminado nos playoffs de acesso para o Hud-dersfield. Como boa parte das equipes bem sucedidas atualmente na Inglaterra, o Bou-nermouth também passa a ter um investidor estrangeiro: é o russo Maxim Demin, um mi-lionário da indústria petroquímica, que assu-me co-propriedade ao lado de Mostyn. Apesar disso, os Cherries perdem o técnico Eddie Howe para o Burnley. Paulo Gro-ves assume seu lugar, e termina 2011/2012 na 11ª colocação. Na temporada seguinte, após vários maus resultados, a direção vai atrás de Howe novamente. O jovem comandante recu-pera a equipe e ainda consegue um heróico acesso para a Championship. Faziam incrí-veis 23 anos que o Bournermouth não joga-

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va a segunda divisão inglesa. A torcida vivia um sonho, e estar no segundo escalão talvez já fosse o suficiente. Em 2013/2014, ficou em 10º, apenas 8 pontos atrás da zona de playoffs. Mas o ponto maior da centenária história chegou já em 2015. Numa campanha irrepreensível, o clube não apeas conquistou o inédito acesso À elite inglesa, mas também conquistou a taça de campeão! O clube não via uma taça desde 1987 e a conquistou apenas na última rodada, após vencer o Charlton fora de casa por 3 a 0, e ver o Watford, então líder, ficar apenas no empate em 1 a 1 com o Sheffield Wednesday. Na imagem abaixo, o capitão Tommy Elphick comemorando o feito inédito nos bra-ços da fanática torcida!

Com brasileiro no gol, o Watford retorna!

Em 2005/2006, o Watfor havia sido pro-movido para a Premier League. O clube, que já havia sido presidido por Elton John, estava de novo na elite. Mas o sonho durou pouco. Já no ano seguinte, foi novamente rebaixado. E pior: como lanterninha. Agora, os Hornets querem fazer uma história diferente. De 2008 pra cá a equipe bateu na tarve algumas vezes, mas nenhuma tão marcante quanto na temporada 2012/2013. Pelas semifinais dos playoffs, o Wa-tford enfrentava em casa o Leicester, e vencia por 2 a 1. Como havia pedido a primeira par-tida por 1 a 0, o resultado levava o jogo para a prorrogação. Porém, o Leicester tinha um pê-

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nalti a seu favor nos minutos finais . E o impro-vável aconteceu. Anthony Knockaert bateu e Almunia defendeu. No contra-ataque rapida-mente articulado Troy Deeney marcou o ter-ceiro gol, classificando o time para a decisão da terceira vaga para delírio da torcida que invadiu o gramado do Vicarage Road. Apesar da história épica, o clube acabou eliminado pelo Crystal Palace. Nesta temporada, o goleiro não é mais Almunia, mas é um jogador muito bem conhe-cido, principalmente pelos brasileiros. Heure-lho da Silva Gomes, ou simplesmente Gomes, ex-Cruzeiro, Tottenham e Seleção Brasileira, é o arqueiro do Watford. A equipe segue bem a tendência da maioria dos clubes da elite. Pos-

sui apenas quatro ingleses no elenco, formado por jogadores de diversas nacionalidades. O treinador é o sérvio Slavisa Jokanovic, ex-jo-gador do Chelsea, e que está em sua primeira experiência dirigindo uma equipe no futebol inglês. Isso se dá pelo comando do mecenas Gino Pozzo, italiano que também investe na Udinese e no Granada, da Espanha. Além de Bournermouth e Watford, já promovidos, Norwich, Middlesbrough, Bren-tford e Ipswich encaram os playoffs pela últi-ma vaga. Os dois primeiros já são figurinhas carimbadas na elite. O Brentfor, não disputa desde a criação da Premier League, e o Ipswi-ch, campeão em 62, não disputa desde a tem-porada 2001/2002. •••

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Poucos momentos no futebol são tão tensos e emocionantes quanto uma cobran-ça de pênalti. Quando o jogo se decide numa disputa de penalidades, então, haja coração, como diria aquele famoso narrador. Mas você sabia que o pênalti não fazia parte das primei-ras regras do esporte, e que só foi inventado 27 anos depois daquela histórica reunião na Freemason’s Tavern? E que ainda por cima, o terror dos goleiros foi criado por um... golei-ro?

Milford, o berço da penalidade máxima

Milford é um pequeno vilarejo em solo norte-irlandês. Atualmente, o local possui cer-ca de 300 habitantes. No final do século XIX, a família irlandesa McCrum era uma das mais respeitadas da região, já que seu patriarca, Robert Garmany McCrum era dono da fábrica de tecidos McCrum, Watson e Merver Com-pany, que havia alavancado a economia local. Como muitos pais em melhores condições da

A invenção do pênaltiépoca, mandou seu filho William para a reno-mada Trinity College, de Dublin. Ao retornar para Milford, para trabalhar nos negócios da família, William trouxe consigo a paixão pelo futebol, e passou a jogar como goleiro do Mil-ford FC. Foi ideia dele a criação da Mid-Uls-ter Cup, disputada até hoje, e conquistada nas duas primeiras edições pelo Milford. Conhecido por ser um verdadeiro gentleman, William se incomodava com o au-mento de infrações no futebol, principalmente em lances que o atacante, pronto para fazer o gol, era impedido por uma atitude antidespor-tiva. Na época, era marcada apenas uma falta, independente da posição em que a infração fosse cometida. Esse não era um problema apenas desta região. Em 1889, em uma parti-da da FA Cup em que o Notts County vencia o Stoke City pelo placar de 1 a 0, Hendry, joga-dor do Notts, salvou um gol certo com a mão nos minutos finais (ao estilo Luisito Suárez, na Copa de 2010). A falta quase em cima da li-nha do gol, obrigou o time inteiro do Notts a se perfilar formando uma barreira intranspo-nível. Assim que a falta foi batida, a bola foi

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recuperada pela defesa, e chutada pra longe. O jogo foi encerrado e o Notts County seguiu adiante na competição. William pensou em uma regra que pu-nisse com maior severidade alguém capaz de tamanha falta de esportividade. Em 1890, foi enviado à International Board, entidade fun-dada em 1886, responsável por alterações nas regras do futebol, a sugestão do pênalti. Em tradução livre, a ideia era a seguinte: sempre que se derrubar, agarrar ou deliberadamente jogar a bola com a mão, será marcado um tiro

livre. Se a falta ocorrer a uma distância de 12 metros da baliza, será ordenado um pênalti. Durante meses, McCrum buscou apoio de di-versas entidades, unto de seu amigo irlandês Jack Reid, jogador que inclusive representou a seleção da Irlanda. Até que em 2 de junho de 1891, em uma reunião da International Board em Glasgow, o pênalti foi oficialmente institu-ído. A partir daí, além da delimitação das li-nhas laterais e de fundo, foi demarcada a área

de pênalti, com um semicírculo na metade da linha vertical ao campo de jogo. Após a mar-cação da penalidade, o chute poderia ser fei-to de qualquer ponto dessa linha, sem nenhu-ma barreira, e o goleiro podia se movimentar em até 6 metros a frente (alô Rogério Ceni!). Apenas 12 anos depois, em 1902, que a gran-de área como conhecemos hoje foi concebi-da, com a devida marca da cal, a 11 metros de distância da meta. Com o tempo, a regra do pênalti foi sendo aperfeiçoada. Em entrevista por e-mail ao Escrevendo Futebol, Stephen McManus, da Milford House Museum, instituição que preserva a história da localidade, nos deu maiores detalhes sobre a preservação do local da criação da penalida-de. “O campo em que foi inventado o pênalti em 1890 foi o campo de futebol do vilarejo até 1920. Depois, os jogos passaram a ser dispu-tados num local conhecido como the Holm, um campo próximo à Milford House, a casa de William”. Em 97, após anos de abandono, uma imobiliária decidiu utilizar a área para a construção de imóveis. “Meu pai, Joe McMa-nus, foi um dos líderes que conduziram o sal-vamento da área. Então, um acordo foi feito, e as casas puderam ser construídas ao redor do campo, e essa área central foi dada a popula-ção de Milford. Em 2002, foi aberto no local o The William McCrum Park, onde há um busto do inventor do pênalti”, completou Stephen. A manutenção da memória de William teve aju-da fundamental do ex-jogador Gerry Arms-trong, ex-Tottenham e Watford, e que disputou duas Copas do Mundo, a de 82 e 86, pela Irlan-da do Norte. Apesar das homenagens, Stephen acha que William McCrum merece uma atenção maior por seu feito. “Eu penso que deveria ter, e merece, maior reconhecimento. É algo que atrai visitantes e mídia de todo o planeta. Entretanto, o governo local falha ao não com-preender a importância da criação do pênal-ti. O conselho de Armagh (cidade vizinha ao vilarejo) administra o parque mas não o pro-move de maneira nenhuma. Muitos da equipe do conselho sequer sabem da existência do

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parque. Apenas agora, em 2015, finalmente o mapa turístico de Armagh indica a área para visitantes, depois de muita insistência de ins-tituições de Milford”.

A vida de William McCrum

William nasceu em 1865, e era um es-forçado goleiro. Além de seu pioneirismo já apresentado, defendeu o Milford FC na pri-meira temporada da liga irlandesa de futebol, sendo um de seus fundadores. A equipe foi derrotada em todas as 14 partidas disputadas, e o camisa 1 tomou 62 gols. Além de coman-dar a fábrica familiar, foi juiz de paz e dirigen-te de diversas equipes e entidades esportivas da região. “É um fenômeno global”, diz Sthephen sobre o legado deixado. “William mudou a história do esporte, porque a regra do pênalti afetou até mesmo outros esportes. E é incrí-

vel pensar em quantos jogadores tiveram suas carreiras elevadas ou destruídas pelo pênal-ti!”. Basta lembrar de personagens como Pa-nenka e Roberto Baggio. William gastou muito dinheiro em via-gens, mulheres e toda aquela coisa que qua-se todo boleiro gosta! E também era um mão aberta, aplicando seu dinheiro em diversas ações esportivas e comunitárias, e apesar de ter colocado seu nome na história do esporte, William não foi tão bem nos negócios, e a fá-brica faliu em 1931. No ano seguinte, em 21 de dezembro, faleceu após ter tido uma convul-são. De acordo com Stephen, a FIFA irá desti-nar 7 mil libras (algo em torno de pouco mais que 30 mil reais) para a restauração do local em que William e seus familiares estão sepul-tados. O mínimo, para o homem que revolucio-nou como poucos o esporte mais popular de todos.

Milford FC em 1889. Fila de cima: Jimmitt, J. Mc Cauley, T. Sturgon, H. Mc Auley. Fila do meio: J. Cunningham, W. Mc Crum, W. Martin, H. Hyde. Fila de baixo: T. Mc Parland, W.D. Harris, J. Sleith

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ESTFUTEstatísticasHistóriasNúmeros

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8 de junho de 1998. O suíço Joseph Blatter assumia o cargo que foi ocupado por 24 anos por João Havelange. O dirigente brasileiro revolucionou o futebol mun-dial, mesmo que por caminhos sinuosos, transformando a Copa do Mundo no maior evento esportivo de todos, e conduzindo a FIFA a se tornar a entidade esportiva mais rentável do planeta. Blatter consolidou as conquistas do antecessor. E só fez o poder da instituição crescer. Já são 17 anos como presidente da FIFA. E nesse período, viu recentemente sua imagem ser desgastada por inúmeras acusações de corrupção. às vésperas da eleição. Blatter é o favorito a vencer, mas nunca teve uma oposição tão representativa e atuante. Serão eles capazes de iniciar uma nova dinastia na en-tidade máxima do futebol? Conheça a seguir como funciona o processo eleitoral da FIFA e o perfil de cada um dos 4 candidatos.

A eleição

Como qualquer processo democrático, há uma série de pré-requisitos necessários para atingir o alto comando da FIFA, Para efetivar a candidatura, é necessário apresentar o apoio de pelo menos 5 federações. O ex-jogador francês David Ginola e o também francês, e ex-secretário da FIFA, Jerome Champagne, já ficaram pelo caminho por esse motivo. Tam-bém é necessário ter atuado ativamente no futebol profissional por pelo menos dois dos últimos cinco anos, como dirigente, árbitro, jo-gador ou técnico. Não há limite para número de candidaturas. Elas são analisadas por um

Comitê Eleitoral (organismo criado recente-mente) e pelo Comitê de Ética que aprova a elegibilidade dos candidatos.

Nas eleições, este ano previstas para 29 de maio, cada uma das 209 federações filiadas tem direito a um voto. Para ser eleito ainda no primeiro turno, é preciso ser o escolhido de pelo menos 2/3 das federações. Em caso ne-gativo, os dois melhores colocados disputam um segundo turno, em que aquele que con-quistar 50%+1 dos votos, alcança o posto de dirigente máximo do futebol. O vencedor fica no cargo pelos próximos quatro anos, e não há limites para reeleições.

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Joseph Blatter

“Volto a concorrer à presidência da FIFA, pois ninguém na UEFA tem coragem”

É óbvio que estar na situação é cômodo. Mas também está na cara de todos, que é uma posição vulnerável às críticas, e às crises que explodem junto delas. E claro, que Blatter luta para gerenciá-las da melhor maneira possível. Mas não é sua imagem frente a opinião pública que o faz se manter no poder. E sim, como já explicamos anteriormente, o apoio das fede-rações. E o suíço sabe conquistar esse voto de confiança como poucos (tudo muito bem en-sinado pelo mestre Havelange). Desde o pri-meiro dia de seu mandato, por exemplo, de-clarou abertamente apoio à realização de uma Copa no continente africano, confederação que angaria inúmeros votos, além de ter pro-metido uma vaga direta para a Oceania. Sabe captar tão bem seus eleitores, que sequer se dá ao trabalho de divulgar suas propostas. Foi o único dos candidatos a não publicar suas in-tenções para os próximos anos. Recentemente, repassou a cada uma das federações uma verba de US$ 300 mil, to-talizando US$ 62 milhões. Um mimo que pode fazer a diferença para muitas pequenas enti-dades, e que pode garantir também um voto valioso nestas eleições. Já possui abertamen-te o apoio da AFC, da CAF, da CONMEBOL e da CONCACAF, entidades que regem o fu-tebol na Ásia, na África, na América do Sul e nas Américas Central e do Norte, respectiva-mente. A manutenção de seu poder também passa pela divisão da oposição. São muitas vozes contrárias e pouca força em torno de uma unidade. Os três candidatos de oposição possuem programas muito similares. Só uma reviravolta surpreendente parece capaz de dar fim ao reinado de Blatter. O suíço já está em seu quinto mandato. Blatter foi jogador de futebol amador durante boa parte de sua vida, virou dirigente em 70, no Neuchatel Xamax, da Suíça. 5 anos depois entrava na FIFA como Diretor do Programa de Desenvolvimento, para nunca mais sair. Foi secretário-geral por 17 anos durante o mandato de Havelange.

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Luis Figo

“Está na hora de re-tribuir ao mundo do futebol tudo o que me deu”

O preferido da imprensa e possivel-mente é o candidato que mais assuste Blatter. Talvez por seu status de ex-melhor jogador do Mundo, ou porque suas propostas parecem realmente boas. O problema não é ele. É o sis-tema, que impossibilita chegar ao poder sem que você tenha que vender a alma ao diabo. E o “cão” já pediu o pagamento de sua primei-ra parcela: o aumento no número de vagas na fase final da Copa do Mundo. É uma ação pu-ramente eleitoreira, e que só ajudaria a tirar o brilho de um produto que atingiu a perfeição. Figo tem boas intenções. O português planeja criar métodos de incentivo para que as associações mantenham projetos de desen-volvimento para crianças, e também para trei-nadores. Promete a redistribuição de rendas entre os membros associados e defende uma relação mais democrática entre os níveis de poderes da entidade. Além disso, aposta em um tom conciliador, ao sinalizar que em caso de vitória, reaproximaria a FIFA de outras en-tidades em que o relacionamento tem anda-do desgastado, como a UEFA e a Associação Europeia de Clubes. Figo também promete discutir situações relativas às regras do jogo, como o uso da tecnologia, e até mesmo em uma alteração da atual regra do impedimento. O português deseja que volte a ser considera-dor impedido, o jogador que participe ativa-mente ou não da jogada em questão. O ex-jogador também sabe se sair bem com as palavras. “Cresci num bairro da classe trabalhadora de Lisboa a jogar futebol na rua, onde a minha vida mudou para sempre atra-vés do poder do futebol. Devido à minha edu-cação, prezo o fato de ser dono do meu desti-no. Não estive envolvido nas políticas da FIFA. Não devo nada a ninguém. Não tenho de retri-buir nenhum favor. Como tal, posso exercer o cargo de Presidente da FIFA exclusivamente em prol do futebol e do seu futuro”.

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Michael Van Praag“Pelo bem da próxi-ma geração, é ina-ceitável deixar o or-ganismo que rege o futebol mundial no seu estado atual”

Ferrenho opositor de Blatter, Van Praag é o atual presidente da Federação Holandesa de Futebol, membro do Comitê Executivo da UEFA, e dirigiu o Ajax entre os anos de 1989 e 2003, conquistando a Champions League e o Mundial Interclubes em 1995. Também foi ár-bitro durante 16 anos e possui muita experiên-cia em diversos outros cargos administrativos no futebol, fato que gosta de exaltar. Afirma precisar cumprir um único mandato para rea-lizar as mudanças que pensa ser necessárias. Suas principais propostas giram em torno do desenvolvimento do futebol para ca-tegorias de base e árbitros, o aumento no re-passe de verbas às federações, o aumento na premiação para os participantes da Copa do Mundo, e a redução de custos em campanhas publicitárias, como o filme United Passions, que teria custado aos cofres da FIFA, cerca de R$ 65 milhões, e que arrecadou apenas R$ 400 mil. Um capricho para promover a imagem de Blatter. Destaca também o desejo de demo-cratizar a entidade, e de realizar processos transparentes relativos às finanças. Porém, assim como Figo, o holandês co-mete o erro de querer mexer com o que mais dá certo no mandato de Blatter: a Copa do Mundo. O mundial chegou a seu formato per-feito ao atingir o número de 32 equipes, que mantém o regulamento equilibrado, e conse-gue atender um número ótimo de seleções de nível bom para ótimo. Qualquer aumento neste número é absurdo, e serve apenas para arrecadar votos de federações sedentas por uma vaga no Mundial.

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Ali Bin Al Hussein

“Pretendo inverter a pirâmide, com o pre-sidente da FIFA a serviço da modalida-de”

Na teoria, a FIFA é uma entidade democráti-ca. Na prática, tem elementos muito similares a uma monarquia. Talvez tenha sido isso que tenha atraído o atual presidente da Federa-ção de Futebol da Jordânia, o Príncipe Ali Bin Al Hussein. É o mais novo membro do comitê executivo da FIFA, com 39 anos, e promoveu com certo sucesso o avanço do futebol de seu país. Seria suficiente para provocar uma mu-dança na instituição máxima do futebol? Alia-do público de Platini, o árabe é fundador da Federação de Futebol do Oeste Asiático. Em seu programa, apesar de não deta-lhar como vai fazer, propõe a democratização da entidade, o aumento na transparência, na responsabilização e uma melhor governança, além de também declarar necessária uma re-distribuição nos rendimentos da FIFA. Sobre a Copa do Mundo, apesar de propor uma análise do formato ade-quado da competição, já deixou claro em outras declarações que esta não é uma intenção. Al Hussein acredita que man-ter Blatter no cargo, é um duro golpe para entidade, e possui certeza de que perderá os patrocinadores, as-sustados com a imagem arranhada da instituição. “Nós deveríamos ter uma situação em que os patrocinadores não apenas estão dispostos a voltar, mas deveríamos ter patrocinadores lutando para patrocinarem a Fifa. Te-nho fé nas federações, e acho que há um consenso no mundo inteiro sobre a necessidade de uma mudança. Farei o que puder para alcançar isso. Esta é uma corrida à presidência e serão 209 federações votantes. No passado hou-ve uma cultura de intimidação. O im-portante é visitar todas as federações, ouvi-las e perceber quais são as suas esperanças e aspirações”.

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Opinião A Fifa terá eleições concorridas como nunca an-tes. Talvez não pelo peso dos candidatos, já que o lobby por mais uma reeleição de Joseph Blatter continua for-tíssimo. Mas pela quantidade de pretendentes que surgem pelo cargo de maior poder no futebol mundial. De reale-za a ex-craque, todos querem aproveitar o momento em que o suíço balança em seu trono. Mas até que ponto dá para confiar em uma mudança real? Pouco, muito pouco. Pri-meiro, porque Blatter segue como favorito. As denúncias de corrupção e os escânda-los nas sedes das próximas Copas mancham sua ima-gem. Mais fora da Fifa do que

Por onde anda Ricardo Teixeira? Há alguns anos, ao ten-tar imaginar o futuro sucessor de Blatter na FIFA, um nome que certamente viria a men-te era o de Ricardo Teixeira. O ex-genro de Havelange co-mandava o futebol brasileiro com pulso firme e transfor-mou a CBF em uma das mais lucrativas associações espor-tivas do planeta. Conhecendo seu modus operandi era ima-ginável que um dia chegaria lá. Em 2011, já gostaria de ter sido candidato, mas segun-do Havelange, em entrevista a Revista Piauí, o ex-sogro o aconselhou: “Faz uma Copa do Mundo de qualidade, tra-ta todo mundo de maravilha.

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dentro. Sua base eleitoral é composta por muitos dos di-rigentes que, mesmo indire-tamente, estiveram presentes nesses processos. Para que Blatter não leve outros com a maré de sujeira e mantenha os benefícios, melhor manter a situação. Até porque o suíço tem tentado mudar sua ima-gem, prometendo combate às falcatruas. O que, convenha-mos, não dá para acreditar. Já a concorrência vem justamente com o discurso de renovação. Nos nomes, mas talvez não nos métodos. A maioria absoluta já está en-volvida no meio, apesar de alguns manterem a vida pú-blica idônea. Porém, mesmo quem está fora do circo tem suas contestações. Como se levantou sobre Figo, amigo de

Jorge Mendes, surgindo como candidato em um momen-to no qual os agentes sofrem com as novas legislações da Fifa. Existem segundas inten-ções? No mais, a não ser que o eleito proponha uma trans-formação que abale as estru-turas da Fifa, fica difícil de acreditar em uma mudança verdadeira. De nada adianta uma cara nova se o corpo está tomado pela doença. E são esses que sustentam o abso-lutismo de Blatter que terão o direito de eleger o substituto. Se vier, outro nome a entrar no jogo de poderes.

Leandro Stein é jornalista do site Trivela, e escreveu sobre o pleito a convite do EF.

Vão votar em você por agra-decimento”. Não deu tempo. Teixei-ra era muito ligado ao presi-dente Lula, e também ao então governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Entretanto, man-tinha uma conflituosa relação com Dilma Rousseff, que su-cedeu Lula a frente do Palá-cio do Planalto em 2010. Por algum motivo, denúncias de corrupção enfim atingiam o mandatário de forma inexpli-cável. No dia 8 de março de 2012, pediu licença do cargo alegando problemas de saú-de. Quatro dias depois, renun-ciou da presidência em carta lida por José Maria Marín.

Sumido da mídia, morou nos EUA até 2014, quando voltou ao Rio de Janeiro, e se tornou presença constante em festas e baladas. Após o vexame do 7 a 1, foi inclusive consulta-do sobre o retorno de Dunga como técnico da Seleção. Em setembro, articulou uma ma-nobra que o permitiu rece-ber uma bolada milionária e cortar todos os vínculos com a FIFA, da qual era membro do Comitê Executivo. Tal ação o livra de qualquer processo legal na entidade. Teixeira pode não ser mais o nome no topo da “cadeia alimentar”, mas alguém ainda duvida de sua influência?

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O que eles disseram? Confira o que pensam algumas personalidades do planeta-bola:Pelé - O Rei do Futebol chegou a declarar apoio a Champagne, antes de seu impedi-mento a concorrer. Entretanto, Pelé sempre foi um aliado de Blatter, e mostra preferência pelo suíço: "Apoiarei Blatter porque ele tem mais experiência. Claro que você precisa de mudanças na vida. Mesmo assim, acredito que ele ainda tem a oportunidade de fazer uma boa administração. As pessoas devem pres-tar atenção a uma coisa. Por muitos anos, dois ou três países dominaram o futebol. Agora, há crescimento... Ásia, África. Está mais difícil ad-ministrar a Fifa agora, esse é o problema "

Platini - O presidente da UEFA sempre foi apontado como possível adversário de Blat-ter. Os dois, inclusive trocaram farpas algumas vezes. Mas o francês preferiu ser um obser-vador deste pleito. “Vamos ver o que aconte-ce. Vamos conhecer os programas dos quatro candidatos. Mas acho que é importante para o futebol que uma mudança ocorra na FIFA.

Maradona - El Pibe não poderia ser mais au-têntico: “Blatter é um corrupto. Temos grandes possibilidades de lhe dar um chute no rabo”. O argentino, porém, apoia o que possivelmen-te tem as menores chances. “(Ali Bin Al Hus-sein) não precisa roubar, tem o seu dinheiro e não tem necessidade de fazer o que faz Blat-ter, de se achar o todo-poderoso do futebol quando nunca deu um pontapé uma bola”.

Cruyff - “Estou acompanhando do lado de fora, mas se Van Praag pedir meu apoio, eu o darei”, disse o maior craque holandês da his-tória, que considera que Figo deveria se jun-tar a Van Praag. “Eu acho que Luis Figo é um excelente candidato, mas ele precisa de ajuda nesta fase de sua carreira na administração. Por isso, seria bom se Figo agora apoiasse Van Praag. Caso Michael se eleja, então Figo pode andar com ele por quatro anos antes de assu-mir a batuta”.

Roberto Carlos - Companheiro de Figo no Real Madrid, o ex-lateral-esquerdo da Sele-ção declara aberto apoio ao português: “Te-mos que voltar às origens do futebol. É preci-so pôr a modalidade em primeiro lugar. Luis Figo tem todas as qualidades e a sensibilida-de necessária para mudar a Fifa para melhor”.

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Redenção Centenária Enquanto o futebol em São Paulo, Rio de Janeiro, e em outras regiões já eram orga-nizados grandes torneios e campeonatos, no Paraná, o esporte chegou apenas em 1903, por intermédio do político, médico e educador Victor Ferreira do Amaral. O primeiro clube de prática exclusiva ao futebol nasceu ape-nas 6 anos depois, o tradicional Coritiba. Em 1º de maio de 1912, nasceu a segunda equipe mais antiga do estado: o Operário Ferroviá-rio Esporte Clube. Ou melhor, Football Club Operário Pontagrossense. Apenas 10 anos depois seria adotado o nome atual. De lá pra cá. o “Fantasma” teve inúmeros altos e baixos, chegando a ser 5º colocado da série B nacio-nal, em 1990 e depois, vivendo a pior fase da equipe, entre 94 e 2004, quando o futebol pro-fissional foi desativado.

Nesses 103 anos recém completados, o clube alcançou algumas pequenas conquistas, como o título equivalente a segunda divisão estadual de 1916 e 1969, entre outros títulos menores. O Operário conseguiu a façanha de ser vice-campeão estadual por 14 vezes. Os maldosos viviam comparando a equipe da ci-dade de Ponta Grossa, com a também cente-nária Ponte Preta, que apesar da tradição e de sempre se manter entre as elites, possui ape-nas taças de menor expressão, e por isso, aca-ba sendo constante alvo de chacota dos rivais. A partir de agora, não mais. Comandados pelo competente Itamar Schulle, o Operário não apenas conquistou o troféu de Campeão Paranaense, como humi-lhou o maior campeão do estado, o Coritiba, dentro do Couto Pereira. Na primeira fase, o

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time alvinegro se classificou na terceira po-sição, atrás apenas de Coritiba e J.Malucelli. Nas quartas-de-final, eliminou o Paraná Clube com uma contundente vitória por 3 a 0, no es-tádio Germano Krüger. Nas semifinais, passou pelo estreante Foz. E na decisão, tratado como azarão, aproveitou as falhas do alviverde para vencer o primeiro jogo por 2 a 0. Com a larga vantagem, o Operário do-minou a partida em Curitiba, tendo a paciên-cia que o Coritiba não teve, e a tranquilidade e qualidade para liquidar a fatura no momento certo. Placar agregado de 5 a 0, dando à cam-panha a alcunha de incontestável. Itamar e seus comandados, aplaudidos inclusive pela torcida coxa-branca, honraram a torcida ope-rariana, que lotou o setor de visitantes do Alto da Glória, e abarrotou o Germano Kruger para acompanhar a final por um telão. Resumindo: fizeram história!

O jovem goleiro, reserva durante anos pelo Joinville, clube que o formou, foi um dos pilares do time do Operário. Além de segu-rar tudo e mais um pouco embaixo das traves, ainda marcou um gol antológico contra o Na-cional de Rolândia, na primeira fase.

DESTAQUES DO ELENCO

Jhonatan

O jovem goleiro, reserva durante anos pelo Joinville, clube que o formou, foi um dos pilares do time do Operário. Além de segu-rar tudo e mais um pouco embaixo das traves, ainda marcou um gol antológico contra o Na-cional de Rolândia, na primeira fase.

Jhonatan

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O meia formado nas categorias de base do Coritiba foi, ao lado do atacante alviverde Rafhael Lucas, o grande destaque do campe-onato. Cérebro do Operário, marcou 5 gols no campeonato, inclusive um na final, e dificil-mente deve ficar para a disputa da série D.

Ruy

Vice-artilheiro do campeonato com 8 gols, foi fundamental para que o Operário pudesse chegar a final, e mes-mo apagado na final, é sem dúvidas um dos heróis da conquista.

Douglas Xodó da torcida, o atacante marcou 4 gols no campeona-to, 2 deles na gran-de final, e acabou ovacionado pelos presentes no Couto Pereira.

Juba

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