escrevendo propostas vencedoras

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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento Documento traduzido e adaptado por: Juarez B. Tomé Jr. Elizabeth Cristina de O. Ferreira Escrevendo do Círculo dos Vencedores Um Guia para Preparar Propostas Competitivas de Financiamento Dr. David Stanley Brasília-DF Julho/2013

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Escerevendo Projetos Técnicos

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  • Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento

    Documento traduzido e adaptado por: Juarez B. Tom Jr.

    Elizabeth Cristina de O. Ferreira

    Escrevendo do Crculo dos Vencedores

    Um Guia para Preparar Propostas Competitivas de Financiamento

    Dr. David Stanley

    Braslia-DF Julho/2013

  • Escrevendo do Crculo dos Vencedores: Um Guia para Preparar Propostas Competitivas de Financiamento

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    SUMRIO

    ALGUMAS PALAVRAS DOS TRADUTORES ..................................................................... 3 PREFCIO .......................................................................................................................... 4 PREFCIO DA PRIMEIRA EDIO.................................................................................... 5 Captulo 1 ............................................................................................................................ 7

    Os Dois Lados do Planejamento ...................................................................................... 7 Captulo 2 ............................................................................................................................ 9

    Selecionar e Priorizar Projetos ......................................................................................... 9 Priorizando Projetos: um olhar rpido personalizado ..................................................... 10

    Captulo 3 .......................................................................................................................... 11 Da Ideia ao Produto: Produzir uma Proposta de Financiamento Competitiva ................ 11

    Captulo 4 .......................................................................................................................... 16 As Agncias Financiadoras so Caracterizadas por Valores e Necessidades: as delas no as nossas ................................................................................................................ 16 O primeiro pecado mortal: valores desencontrados ....................................................... 16 O segundo pecado mortal: necessidades desencontradas ............................................ 18 Da perspectiva de uma agncia, a nica questo : O projeto se relaciona com nossas necessidades? ............................................................................................................... 18 Ajustar: projetar nossas propostas conforme necessidades das agncias. ................... 18 O primeiro modo: alinhar as nossas propostas com as necessidades (exigncias) das agncias. ........................................................................................................................ 19

    Captulo 5 .......................................................................................................................... 26 Redigindo Propostas de Financiamento ......................................................................... 26 Sobre escrever claramente ............................................................................................ 26 O terceiro pecado mortal: a seriedade banal ............................................................... 27 Os objetivos so colocados em poucas declaraes claras e precisas? ....................... 29 O desenho experimental faz sentido? ............................................................................ 30 H um cronograma razovel para mostrar quando o trabalho ser executado? ............ 31 A reviso prvia torna a proposta mais competitiva ....................................................... 31

    Captulo 6 .......................................................................................................................... 33 O Formulrio: Redigindo propostas conforme sero lidas ............................................. 33 O esboo biogrfico ....................................................................................................... 33 Oramentos .................................................................................................................... 35 Pessoal .......................................................................................................................... 35 Custos de Equipamentos (Investimentos) ...................................................................... 36 Materiais ......................................................................................................................... 36 Custos operacionais ....................................................................................................... 36 Viagem ........................................................................................................................... 37 Custos com consultoria e terceirizao .......................................................................... 37 Justificativas do Oramento ........................................................................................... 38 Custos indiretos ............................................................................................................. 38 Usar o valor atual ........................................................................................................... 38 OMB Circular UM-21 ...................................................................................................... 39 Custos diretos: saiba reconhec-los .............................................................................. 39 As Polticas Universitrias .............................................................................................. 39 Criar benefcios para seu programa: projetos que no podemos fazer .......................... 40

  • Escrevendo do Crculo dos Vencedores: Um Guia para Preparar Propostas Competitivas de Financiamento

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    Crescimento significa lucro ............................................................................................ 41 Muitos tipos de lucro ...................................................................................................... 41 Resilincia durante tempos difceis ................................................................................ 42

    Captulo 7 .......................................................................................................................... 43 Depois da Queda: Reescrevendo e submetendo Nossa Proposta ................................ 43 No fcil ...................................................................................................................... 43 difcil se sentir bem com isso ...................................................................................... 43 Sitiando .......................................................................................................................... 44 Primeiras atividades a serem realizadas quando se tem uma proposta rejeitada .......... 44 Buscar informaes........................................................................................................ 45 Colegas podem ser um recurso muito bom na redao de uma proposta de financiamento competitiva .............................................................................................. 45

    BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 46 Recursos Selecionados Sobre Redao de Proposta ................................................... 46 Recursos sobre redao em geral ................................................................................. 46

    CHECAGEM DE QUALIDADE DE PROPOSTAS DE FINANCIAMENTO ......................... 48 APNDICE A ................................................................................................................. 48

    Planejar para escrever a proposta .............................................................................. 48 Revisar a proposta completa ...................................................................................... 48 Conferiu o oramento da proposta? ........................................................................... 48 Considerou os benefcios trabalhistas? ...................................................................... 49 Conferiu a efetividade da redao? ............................................................................ 49

    APNDICE B ................................................................................................................. 50 Plano de trabalho........................................................................................................ 50

    APNDICE C ................................................................................................................. 51 Encaminhamento da Proposta ................................................................................... 51 H outros pontos de vista ........................................................................................... 51 A rota da proposta de financiamento .......................................................................... 52 Aspectos legais........................................................................................................... 53 A via menos transitada ............................................................................................... 54

    APNDICE D ................................................................................................................. 55 Lista para conferir: ...................................................................................................... 55 Planejar e processar nossa proposta ......................................................................... 55

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    ALGUMAS PALAVRAS DOS TRADUTORES

    Quando encontramos, na Internet, a verso eletrnica do livreto Escrevendo do Crculo dos Vencedores Um guia para preparar propostas competitivas de financiamento, ficamos em dvida se deveramos divulg-la entre os colegas pesquisadores nas Unidades. Afinal, h muito tempo j havamos elaborado e divulgado os documentos orientadores para a Anlise e Melhoria do Processo de Captao de Recursos via Projetos, que institui procedimentos e atribuies internas para, como o prprio nome indica, melhorar a capacidade de captao das Unidades. Alm disso, as observaes do Dr. David Stanley foram vistas, por alguns colegas, como sendo muito simples, singelas, bvias e fora de nossa realidade.

    De fato, a maior parte dos cuidados recomendados pelo professor americano, depois de lidos, nos parecem bem simples e bvios. Mas depois de lidos! Podemos, no entanto, perguntar: sendo assim, porque no os aplicamos?

    A Embrapa implantou, desde 2001, seu sistema interno de gesto da pesquisa (o SEG), que se baseia em editais competitivos, assim como so os editais para os quais se destinam as propostas que so alvo dos cuidados indicados pelo Dr. Stanley. Os gestores do SEG informam que uma das principais causas de reprovao de propostas apresentadas pelas Unidades a inadequao ao Edital, ou seja, a proposta de pesquisa apresentada no atende aos requisitos do Edital. Alm dessa, outra causa muito comum a

    ocorrncia de erros no oramento da proposta. Informaes semelhantes obtivemos junto a outros rgos de financiamento de pesquisa, como CNPq e FINEP.

    Parece faltar, portanto, por parte das equipes que elaboram as propostas, um cuidado bsico, bvio, que uma leitura atenta do edital.

    Em todas as profisses podem ser encontrados exemplos de que a aplicao de cuidados simples podem trazer timos resultados. Na rea de sade, por exemplo, recomenda-se, para reduzir os riscos de infeco hospitalar, que os mdicos e enfermeiras lavem as mos entre um atendimento e outro, um cuidado que deveria, obviamente, fazer parte da rotina desses profissionais.

    Sendo assim, entende-se que mesmo as sugestes simples e singelas, podem, s vezes, fazer muita diferena e, por isso, decidimos traduzir o documento, facilitando o acesso de todos os interessados.

    Juarez B. Tom Jr.

    DPD / Embrapa

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    PREFCIO

    Este documento de autoria do Dr. David Stanley, foi publicado pelo Nebraska-EPSCoR1 em 1996 para ajudar os pesquisadores desse Estado a elaborarem propostas de financiamento de seus programas de pesquisa.

    O documento foi disponibilizado, tambm, para pesquisadores de outros estados do EPSCoR. Algumas cpias impressas ainda esto disponveis, mas por causa do considervel interesse no mesmo e pelo incentivo do pessoal do EPSCoR na National Science Foundation, est sendo disponibilizado pela Internet. Nem o autor nem o Nebraska-EPSCoR desejam obter ganhos monetrios com a publicao e esperam que suas informaes possam ajudar a qualquer um a desenvolver uma proposta de financiamento de pesquisas, mas, proibido cobrar pela reimpresso ou disseminao deste documento.

    A verso do documento para a WEB foi projetada e editada por Karla Roth, Assistente Administrativa do Nebraska-EPSCoR. Agradecemos a Karla por seu contnuo esforo mantendo nossos documentos na WEB. Obrigado tambm ao Dr. David Stanley pela permisso de public-lo. Por favor, leia o prefcio da verso em CD com histrico e reconhecimentos da "primeira edio".

    1 Experimental Program to Stimulate

    Competitive Research (EPSCoR) um programa de parceria do National Science Foundation (NSF) em vrios estados e territrios americanos. O programa promove o desenvolvimento das instituies de cincia e tecnologia atravs de parcerias que envolvem universidades estaduais, indstria e governo. Endereo na internet: http://www.ehr.nsf.gov/epscor

    ROYCE E. BALLINGER, Ph.D. Diretor, Nebraska EPSCoR, Agosto, 1998, Lincoln, Nebraska,

    David W. Stanley

    David Stanley Professor no Departamento de Entomologia na Universidade de Nebraska. Ele obteve o PhD (Entomologia; Bioqumica de Inseto) da Universidade de Califrnia, Berkeley. Depois de um ps-doutorado de trs anos na UC Berkeley, ele se mudou para Stanford Instituto de Pesquisa (o SRI, Internacional) em Menlo Park, Califrnia, onde ocupou o cargo de Fisiologista de Insetos e Cientista Snior. Dr. Stanley mudou-se para a Universidade de Nebraska em 1989, onde dirige o Laboratrio de Fisiologia e Bioqumica de Insetos no Departamento de Entomologia. Dr. Stanley utilizou fundos externos oriundos de agncias federais, inclusive do NIH e do USDA, e fundaes privadas, inclusive da Fundao de Nebraska. Ele tambm tem grande experincia em re-escrever propostas de financiamento de pesquisas. Dr. Stanley escreveu este material sobre redao de financiamento em 1994-95, enquanto trabalhava na Diviso de Pesquisa Agrcola a UNL.

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    PREFCIO DA PRIMEIRA EDIO

    Este documento trata de como escrever e submeter propostas competitivas de financiamento (de pesquisa).

    dirigido a colegas que podem se beneficiar com o exame do processo de financiamento da pesquisa.

    Esta edio foi sugerida por Royce Ballinger, Diretor do Programa Experimental para Estimular Pesquisa Competitiva de Nebraska, normalmente conhecido como programa EPSCoR.

    O EPSCoR foi projetado e implementado visando resolver a distribuio desigual de recursos financeiros federais entre colegas (pesquisadores) e universidades nos Estados Unidos.

    O governo federal um grande apoiador da cincia e da pesquisa nas faculdades, universidades e outros grupos de investigadores americanos. Em 1993, por exemplo, o apoio federal chegou a aproximadamente US$ 11 bilhes para faculdades e universidades. Porm, a distribuio desigual desses recursos foi uma preocupao real, por muitos anos, para lderes universitrios e para o Congresso Federal.

    Talvez por razes histricas, ou ento, por sorte para algumas pessoas, a maior parte do dinheiro federal de pesquisa cientfica e de engenharia foi investido em instituies da Califrnia, Massachusetts, Maryland e District of Columbia; Nebraska e muitos outros estados no receberam nenhuma cota desse dinheiro.

    Uma premissa bsica do programa EPSCoR que as faculdades estaduais tm capacidade de realizar pesquisa avanada e quando impulsionadas podem fazer grandes realizaes.

    A maior parte do dinheiro federal para pesquisa federal concedida com base em propostas competitivas e o EPSCoR pretende estimular a pesquisa competitiva.

    Os fundos do EPSCoR so destinados a dar suporte aos estados na melhoria de suas infra-estruturas de pesquisa. A operacionalizao dessa melhoria provm do suporte financeiro j que a elegibilidade para os programas EPSCoR dependem do empenho em atender aos fundos federais do EPSCoR.

    Os investimentos em parceria indicam um compromisso para pesquisar; supe-se que nessas parcerias se melhoram os programas de investigao de forma que as universidades dos estados que tm EPSCoR se tornam capazes de competirem por esses fundos federais.

    Os esforos para aumentar a base de pesquisa em Nebraska produziram ganhos significativos. Como um exemplo especfico, a base de pesquisa na UNL aumentou continuamente desde 1991. Quem sabe por quanto tempo esta tendncia continuar? No entanto, para atingir a mdia nacional, em termos per capita, as universidades de Nebraska tm que continuar aumentando a sua competitividade na captao de recursos dos fundos federais.

    Em nossas discusses para estimular a pesquisa competitiva induzida, vale a pena se considerar em maiores detalhes o que significa competitividade em universidades de pesquisa.

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    Em geral, professores universitrios competem mais por reconhecimento e prestgio, do que por dinheiro. Esta distino importante. As universidades competem em uma rea intelectual por recompensas intelectuais, tais como prestgio, enquanto que a competio por fundos de pesquisa diz respeito a obter recursos para alcanar uma meta especifica. Nesse sentido, o objetivo principal do programa EPSCoR aumentar as habilidades competitivas das universidades para captar fundos federais de pesquisa. A melhoria, sob o ponto de vista universitrio, vir por meio de melhores infra-estrutura de investigao.

    Este documento tem o objetivo de complementar os ganhos atingveis por meio de melhores capacidades de pesquisa. Aqui, a meta ajudar a aumentar a competitividade de Nebraska por fundos de pesquisa provendo uma discusso informal sobre como desenvolver propostas competitivas. O ponto de vista fundamental oferecido o seguinte: como um princpio geral, pode-se melhorar a postura competitiva mediante o melhor entendimento da relao entre as agncias financiadoras e os indivduos (empresas) que recebem os recursos dessas agncias2. preciso se acostumar ideia de que a maioria das agncias financiadoras no se preocupa muito conosco.

    Eu comecei esse projeto como um interno administrativo na Diviso de Pesquisa Agrcola do Instituto de Agricultura e Recursos Naturais da Universidade de Nebraska-Lincoln, durante 1994-95. Darrell Nelson, reitor e

    2 Nota dos tradutores: A experincia da Embrapa

    em fundos competitivos, inclusive no seu sistema interno (SEG), tambm tem mostrado que fundamental se conhecer detalhadamente os objetivos e termos do edital para o qual a proposta ser apresentada.

    diretor do ARD, apoiou a primeira edio desse livro, intitulado "Jogando para Ganhar". Agradeo a Darrell pela tima experincia no ARD.

    Um especial agradecimento a Judy Nelson, da rea de Comunicaes Tecnologia de Informao, por editar e supervisionar a produo desta edio. um grande prazer trabalhar com Judy. Kristi Snell a qual combinou desenhos a mo com arte em computador para produzir as ilustraes de cada captulo.

    David W. Stanley

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    Captulo 1

    Os Dois Lados do Planejamento

    Ouvimos, com frequncia, que h dois tipos das pessoas neste mundo; acredito que h, tambm, dois tipos de propostas de financiamento. Temos propostas competitivas de financiamento e temos propostas de financiamento. Externamente, elas so semelhantes; ambas requerem aproximadamente o mesmo nvel de apoio financeiro; ambas podem envolver um grande trabalho. Entretanto, elas diferem em um aspecto importante que fica claro algum tempo depois de serem avaliadas: as propostas de financiamento competitivas recebem financiamento ou ficam muito prximo de receb-lo.

    Esse manual trata de como elaborar e submeter propostas de financiamento competitivas, o que significa considerar um planejamento mais exigente e entender a relao entre as agncias de financiamento e aqueles que buscam financiamentos de seus projetos3.

    As informaes nesse livro foram delineadas para ajudar os professores em incio de carreira ou que tm pouca experincia em solicitar recursos em fundos competitivos. De qualquer forma, talvez possa ser til, tambm, para a renovao de conceitos de profissionais mais experientes.

    3 Nota dos Tradutores: Esses dois objetivos

    (melhoria da qualidade das propostas e articulao com as fontes financiadoras) foram colocados como prioritrios para as atribuies dos NAP (Ncleos de Assessoria a Projetos) em cada uma das Unidades Descentralizadas da Embrapa.

    O manual est composto de trs sees principais e sete captulos. A primeira seo discute a importncia do planejamento ao elaborar propostas de financiamento competitivas. A segunda seo contm alguns princpios bsicos que se aplicam redao das propostas. A terceira seo apresenta procedimentos administrativos que os professores universitrios tm que seguir para elaborar e submeter suas propostas de financiamento.

    Para um exemplo especfico, eu falo sobre os procedimentos que se aplicam ao Institute of Agriculture and Natural Resources at the University of Nebraska-Lincoln. Claro, as universidades e faculdades dentro das universidades tm seus prprios procedimentos, e uma das nossas tarefas acompanhar os sistemas dentro de nossas prprias unidades.

    H dois aspectos sobre planejamento de propostas de financiamento competitivas a serem destacados:

    a) No primeiro, reconhece-se que o objetivo de propostas de financiamento competitivas persuadir as agncias financiadoras que a minha instituio tem melhores condies que outras para atender aos requisitos dos Editais de financiamento.

    Portanto, minha proposta faz parte do jogo e a forma como os projetos so conceitualizados, bem como a formulao de argumentos deve ser persuasiva e elegante, alm de facilitar o entendimento da relao entre as agncias e os proponentes.

    Dessa forma, necessrio planejar antes de escrever propostas de

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    financiamento elegantes (bem redigidas) e competitivas.

    b) Segundo, o processo de elaborao de propostas competitivas semelhante ao de produo de artefatos em uma linha de montagem: produzir artefatos acessveis e familiares requer planejamento sofisticado.

    Empresas industriais empregam profissionais especializados em planejamento cuja tarefa garantir que centenas de itens necessrios para se fabricar algo estejam no lugar certo e no momento certo.

    Uma das conseqncias de um planejamento inadequado em fbricas a reduo da velocidade de produo ou a paralisao de linhas de montagem. A mesma ideia se aplica ao negcio de elaborao de propostas de financiamento: um planejamento inadequado resulta na no elaborao de propostas, ou na elaborao de propostas de financiamento de baixa competitividade.

    Pode-se trabalhar para minimizar esses problemas pensando em uma proposta de financiamento como nada alm de um produto. Planeja-se para se produzir um produto de alta qualidade e de um modo oportuno.

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    Captulo 2

    Selecionar e Priorizar Projetos

    O primeiro passo ao preparar uma proposta de financiamento o de decidir que trabalho ser feito.

    A maioria dos pesquisadores tem uma ideia satisfatria do que necessrio para o avano em seus campos de pesquisa. A maioria dos profissionais de pesquisa no tm dificuldade em identificar as fronteiras de suas pesquisas.

    Usualmente, os pesquisadores esto interessados mais na seleo e priorizao de um grande nmero de metas bvias de pesquisa do que em gerar ideias para o trabalho. No entanto, h momentos em que nos encontramos a procura de ideias para propostas de financiamento competitivas.

    Podemos estar redirecionando nosso esforo de pesquisa a uma rea nova ou podemos estar tentando formar um projeto de pesquisa interdisciplinar. Mas, nossa prpria fonte de ideias pode secar.

    Alguns livros sobre redao de financiamento sugerem tcnica como as de brainstorming para buscar novas ideias. Nessa tcnica, o processo : agrupar ou fazer um pequeno painel de colegas, estudantes e companheiros de trabalho, apresentar o problema ao grupo ou painel e comear um processo de escrever todas as ideias que surgem.

    A chave para sesses de brainstorming com sucesso no discutir ou no avaliar as ideias assim que as mesmas surjam. Apenas, anota-las.

    O resultado de um processo de trabalho de um grupo pode ser visto, com frequncia, como um tipo de "gnio coletivo que se desenvolve pelas interaes de vrias personalidades diferentes.

    O sucesso de uma sesso de brainstorming pode ser medido pelo nmero de modos com que uma ideia modificada, reformada ou refinada.

    No processo brainstorming se deve evitar inibir o fluxo livre de expresses de ideias. Alguns grupos designam um registrador para ter certeza que tudo anotado e escolhem um facilitador para ajudar a manuteno de mudana no processo. Nele, devem-se evitar comentrios e julgamentos que abafariam o processo.

    A meta da sesso de brainstorming gerar uma lista de ideias que, uma vez alcanada, nos permite passar para a prxima etapa, a de selecion-las e prioriz-las.

    As fases de selecionar e priorizar as ideias requer criatividade (pensamento). Algumas ideias podero estar associadas aos projetos que no so financiveis. Projetos no financiveis no tm nada a ver com quo interessantes possam ser ou quo capaz seja o proponente de apresentar a sua ideia.

    Velhas ideias de pesquisas geralmente no so financiveis. Pesquisas muito caras podem no ser financiveis. Atividades triviais raramente atraem fundos.

    Se uma agncia j concedeu fundos para outro indivduo ou grupo para fazer o trabalho de nossa proposta, improvvel que mais dinheiro, por parte dessa agncia, seja investido naquela rea.

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    Trabalhar em um problema fora de nossa regio pode no ser financiado. Por exemplo, no adianta tentar obter financiamento da Nebraska Viticulture and Oenology Board ou da Western Iowa Cotton Board (que poderia caracterizar o slogan cativante: Coma Mais Algodo!). H razes para que no sejam atendidas.

    A capacidade de atrair fundos se relaciona com as necessidades das agncias. Se os projetos no satisfizerem essas necessidades, eles no sero financiados.

    Retornar-se- ao tema de financiamento sob outras perspectivas porque este um aspecto fundamental ao planejar propostas de financiamento competitivas.

    H necessidade de selecionar e priorizar os projetos potenciais com um olhar frio e analtico.

    No h nenhum benefcio em planejar, escrever e submeter propostas de financiamento que no so financiveis porque no tem relao com as necessidades da agncia.

    Priorizando Projetos: um olhar rpido personalizado

    Por muitos anos, mantive um caderno de anotaes de metas de pesquisa. Era um caderno pequeno manuscrito que levava, com frequncia, para seminrios e sesses em reunies cientficas. Novas ideias vinham mente que registrava nesse caderno. De vez em quando, transferia as ideias para um arquivo em meu computador, re-arranjando-as e reordenando-as, para repensar no processo.

    Rejeitei muitas ideias, umas que pareciam no prticas ou, talvez, por demais desafiadoras, junto com outras ideias que, aps reflexo, simplesmente no faziam sentido. Este era um processo contnuo e, em determinado momento tive um menu de projetos de pesquisa que refletem meus interesses contemporneos.

    Alguns dos artigos (ideias) em meu menu de projeto se transformaram em experincias. Os resultados destas experincias preliminares fizeram frequentemente clarificar aquelas outras ideias que deveriam ser apagadas do menu. Algumas dessas ideias frutificaram.

    Algumas, de um modo restrito, permitiram uma publicao ou duas; outras se tornaram propostas. Uma de minhas ideias daquela lista a base para uma patente, assim como para a obteno de fundos de fontes federais e estatais.

    Novamente, para a maioria de ns, decidir que trabalho ser feito mais uma questo de selecionar e priorizar nossos projetos potenciais. Um modo para fazer isso manter um pequeno menu de projetos. O menu deve ter muita flexibilidade. Mas, no se pode perder de vista a ideia principal: h muitos outros modos para se pensar em metas de pesquisa.

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    Captulo 3

    Da Ideia ao Produto: Produzir uma Proposta de Financiamento

    Competitiva

    O primeiro aspecto ao escrever uma proposta competitiva de financiamento planejar para produzir um produto. Quando esta fase de redao for bem feita, as propostas se associam com produtos excelentes que terminam na hora certa, com uma certa calma.

    Devemos trabalhar a partir da ideia de que o propsito das propostas encorajar algum a nos financiar, no interferir na estrutura bsica de nosso trabalho ou vidas privadas.

    A maioria das agncias avalia propostas de financiamento e fundos diversos em ciclos. Dependendo da agncia, pode haver de um a meia dzia de ciclos de financiamento por ano.

    As agncias normalmente estabelecem prazos finais, alm dos quais no sero aceitas propostas para um ciclo particular.

    Est sob nossa responsabilidade estarmos certos que nossas propostas de financiamento so planejadas, escritas e submetidas (apresentadas) dentro desses prazos.

    Se um ciclo de financiamento anual, um pequeno erro pode atrasar uma proposta potencialmente competitiva por um ano.

    Podemos usar outras formas de planejamento de maneira a assegurar que nossas propostas so apresentadas na

    hora certa. Isto traz de volta a ideia de planejar para produzir um produto: a proposta. Consideremos uma srie de perguntas elementares, comeando com a mais importante:

    Quem vai escrever a proposta de financiamento?

    Na maioria das vezes, voc responsvel por toda a proposta de financiamento.

    Voc decide qual de seus projetos priorizados ser o assunto de uma proposta. Voc planeja as experincias, projeta o oramento, trabalha os formulrios e escreve o corpo principal da proposta. Voc faz toda a datilografia, processamento de textos, clculos e elaborao final da proposta.

    Tudo o que voc precisa fazer estimar quantas horas voc precisar para executar melhor seu trabalho; multiplique isso por um grande nmero at chegar a uma estimativa mais realstica do tempo requerido e, depois, estabelea seu horrio de trabalho global de forma a dispor do tempo necessrio na elaborao da proposta final.

    Calcula-se o tempo necessrio para fazer algo, uma tarefa; multiplica-se isso por dois e se ajusta isto para o prximo nvel de tempo. Por exemplo, espero que algo leve duas horas; multiplico por dois. Resulta em quatro horas. O prximo nvel acima de horas dias, assim estabeleo quatro dias.

    Os cenrios, com frequncia, no so to diretos. H nfase crescente em trabalho cooperativo. As colaboraes podem ser interdisciplinares e multidisciplinares.

    Muitos sistemas so complexos e, com frequncia, requerem o

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    conhecimento e habilidades de indivduos de vrias disciplinas.

    Nossa Universidade compreende um grande nmero de equipes interdisciplinares. Entendendo-se que a colaborao das equipes elevada, precisamos reconhecer que os benefcios do trabalho de equipe contm complexidades e oportunidades. Uma das complexidades est em reunir contribuies de todos os interessados e agrup-las numa proposta de financiamento que seja mais efetiva. Uma oportunidade que conseguimos realizar um planejamento mais sofisticado.

    H vrias formas de obter e colocar as contribuies numa proposta de financiamento. Voc poderia escrever o documento inteiro e passar a proposta aos membros da equipe para receber suas contribuies ou considerar a proposta em partes especficas, cada uma delas atribuda a um membro da equipe; depois, eleger uma pessoa com o propsito de reuni-las ou, ainda, trabalhar em conjunto para montar a proposta global. H outras formas que o grupo pode utilizar para escrever uma proposta de financiamento4.

    Qualquer que seja a forma, o ponto fundamental : a meta submeter uma proposta de financiamento competitiva, no apenas uma proposta de financiamento. Isto significa que cada membro da equipe tem que contribuir com sua parte no trabalho na hora certa.

    Nas situaes mais complexas, a hora certa significa bem antes da data em que a proposta ser submetida de

    4 A proposta, na Embrapa, que cada Unidade

    constitua uma equipe (Ncleo de Assessoria em Projetos) para atuar como aglutinadora desse esforo de equipe.

    modo a se ter tempo de sobra para reunir as partes num todo integrado.

    Quem vai digitar os formulrios?

    Muitas agncias de financiamento provm conjuntos de formulrios padronizados que compreendem a maior parte das propostas de financiamento. Estes incluem, dentre outros, capas, pginas para sumrios, formulrio de oramento, pginas para descrever o local de trabalho e outros, formulrios para listar financiamento de ajuda e uma pgina para uma biografia abreviada.

    Agncias menores podem no ter formulrios especficos e esperam que o proponente providencie este material e fornea as informaes em um estilo legvel. Penso nestas coisas como "frmas de bolo". Em minha experincia, um secretrio altamente qualificado (leia-se talentoso) pode resolver isso em apenas alguns dias5.

    Temos que planejar, de modo que o tempo seja suficiente para adquirir as informaes corretas sobre a frma de bolo e trabalhar com a pessoa que vai digitar os formulrios finais para assegurar que haja tempo suficiente para que o trabalho seja feito. Isto especialmente importante quando vrios pesquisadores na mesma unidade estiverem elaborando diferentes propostas simultaneamente. Nesses casos, at mesmo um secretrio talentoso no pode fazer tudo ao mesmo tempo.

    5 Verifica-se, mais uma vez, uma grande aderncia

    entre as ideias do Dr. David Stanley e a proposta de funcionamento dos NAPs nas Unidades, pois uma das atribuies desse Ncleo a formatao das propostas para sua adequao s normas dos editais das fontes financiadoras.

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    Quem vai fazer o oramento?

    Escreve-se uma proposta de financiamento de pesquisa para persuadir o financiador a nos dar dinheiro para fazer algo.

    Utilizamos a seo de oramento das propostas para informar agncia quanto dinheiro queremos e como o dinheiro ser gasto, o que ser comprado.

    O oramento ser revisado depois na seo de recursos. Por agora, porm, h alguns pontos importantes para considerar nesta seo sobre como planejar escrever uma proposta.

    a) Primeiro, o oramento tem que ser projetado. necessrio decidir e ter claramente consignado, o destino dos fundos solicitados: para pessoal, materiais, equipamentos, custos operacionais, custos de publicao e outros recursos. Se o projeto de vrios anos, ento o oramento dever ser estendido por toda a vida do projeto.

    b) Segundo, importante ter certeza de que o oramento est correto. Para concesses de pesquisa, o oramento deve passar por uma auditoria em algum momento. Entenda que essa auditoria no apenas mais um obstculo burocrtico a ser superado. Na UNL, todas as propostas de financiamento so examinadas pelo Escritrio de Contratos e Concesses para Pesquisa (RGCO) antes de serem assinadas pelo diretor universitrio apropriado e enviadas agncia. H um grande nmero de potenciais problemas em oramentos e muitos destes podem ser resolvidos com facilidade quando h uma pr-auditoria do oramento. Um dos

    problemas mais srios acontece quando ocorre um erro em algo que afeta todo o oramento, como um erro pequeno em clculo de custo indireto. Algumas pessoas desenvolvem seus oramentos em uma planilha eletrnica, o que pode ajudar a reduzir esforos e erros em potencial.

    c) Terceiro, como acontece com as outras partes de uma proposta de financiamento, necessrio assegurar que as pessoas que vo pr-auditar e digitar o oramento final estejam disponveis para o ajudar quando for necessrio.

    Quem vai produzir o formulrio final da proposta?

    Esta seo foi colocada aqui para enfatizar, novamente, a importncia de planejar a elaborao da proposta.

    Imagine por um momento que o pessoal de apoio do departamento se encontra numa escassez de pessoal inesperada. Um indivduo viaja para escalar os Alpes ocidentais; outro est tentando construir o prprio barco; o balconista de contabilidade h pouco foi envolvido em um projeto muito complexo, respondendo a uma emergncia acadmica. E voc precisa elaborar sua proposta inteira dentro dos prximos cinco dias.

    Ento voc se recorda de como as coisas andavam lentas no escritrio durante as duas ltimas semanas, antes que o alpinista sasse de frias. Ah!, voc murmura, teria sido fcil datilografar algumas pginas na semana passada. Mas isso no ajuda agora, ajuda?

    Durante a fase de planejamento de preparao da proposta de financiamento

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    competitiva assumimos, realmente, o papel do planejador? Planejamos e priorizamos o trabalho que pretendemos fazer? Planejamos a produo do documento? Planejamos assegurar que todo o apoio que necessitvamos estivesse disponvel para nos ajudar quando precisarmos? Planejamos dar um pequeno intervalo logo aps a proposta ser submetida?

    Uma Nota sobre Organizadores Pessoais (agendas)

    Voc provavelmente j notou que a produo de vrios tipos de "organizadores" pessoais surgem hoje como uma verdadeira indstria.

    H organizadores para o trabalho diurno, trabalho noturno, organizadores de carga, controladores do tempo, gerentes de informao pessoal e organizadores na forma de softwares, dentre outros. Tantos que no podem ser todos relacionados aqui.

    Tudo tem como base a ideia de que podemos melhorar o uso efetivo do tempo planejando modos de controlar o uso de nosso tempo, no deixando que o tempo nos controle.

    O que os faz diferentes de um calendrio comum que eles podem nos ajudar a planejar de maneira pr-ativa nossas atividades, em lugar de responder a eventos quando eles surgem. Usados corretamente, os organizadores podem ser ferramentas teis para algumas pessoas.

    Uma amiga minha inventou, muitos anos atrs, seu prprio organizador, bem antes de os planejadores serem vendidos no mercado. Era uma agenda, dividida em sees, prpria para uma dona de casa ativa e efetiva. Havia uma seo de

    calendrio, uma seo de metas, uma seo de despesas domsticas e assim sucessivamente.

    Ela tinha o hbito de reservar alguns minutos antes do jantar em cada noite para dar uma olhadinha em seu organizador, ver o que foi realizado, fazer anotaes sobre o prximo dia e para o resto da semana. Assim, ela ps em prtica uma ideia que a ajudou a manter o controle das coisas.

    Ns podemos desenvolver um planejamento semelhante para nos ajudar a planejar a produzir propostas de financiamento competitivas.

    As empresas que produzem tais agendas tm tambm um conjunto de formulrios para ajudar as pessoas no planejamento de projetos. Um planejamento de projeto tem uma srie de espaos (sees). H uma seo de Planejamento do Projeto com espaos para escrever o ttulo do projeto e as datas de incio e concluso. Tambm h espaos para coisas que parecem no se relacionar com a proposta de financiamento.

    Os espaos para listar recursos podem ser teis. Podemos escrever os nomes e nmeros de telefone das pessoas que agiro como executoras, como o pessoal para conferir nossos oramentos e outras que, certamente, ajudaro a escrever o documento. Qualquer caderno de anotaes separadas pode ajudar a formalizar e manter o controle do progresso em uma proposta de financiamento de projeto.

    No formulrio desses organizadores tambm h pginas (espaos) para anotar as "Tarefas do Projeto"6. Estas podem ser

    6 Nota dos tradutores: o projeto a que se refere o

    Dr. David, nesse trecho, o de elaborao da

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    teis porque ajudam a dividir um projeto grande em tarefas componentes, facilitando a organizao e rastreamento das tarefas.

    Poderamos listar como tarefas de elaborao da proposta de financiamento a obteno e entendimento dos roteiros ou formulrios da fonte, a elaborao do oramento, a pr-avaliao do oramento, os argumentos de histrico e significao da proposta, os dados preliminares, a seo experimental, as referncias de literatura, os recebimentos de cartas de confirmao de colaborao (quando a proposta envolve outras instituies), a pgina de sumrio, os arranjos para adaptao da proposta aos editais das fontes, etc7. Tais atividades devem ser organizadas e revisadas como se fossem tarefas independentes, que compem a tarefa completa de elaborao da proposta. Poderamos estabelecer datas de incio e concluso, atribudas para cada tarefa, ordenadas de forma a atender, com folga, o prazo dos editais.

    Planejam-se coisas ao longo destas aes. Uso meu computador para desenvolver um tipo de formulrio de planejamento e manter o controle das coisas conforme progrido. Tambm mantenho uma pasta de papis para cada trabalho envolvido na proposta. H uma

    proposta de financiamento, portanto, so tarefas relacionadas com essa elaborao e no as tarefas que compem a proposta de financiamento em si, cuja estrutura bem mais complexa e, talvez, no se adapte aos organizadores pessoais aos quais o autor est se referindo. Deve-se lembrar que, para ambos os casos (projeto de elaborao da proposta e o projeto da proposta em si), existem programas de computador especializados que podem ser muito teis, como o MS Project. 7 Essas tarefas fazem parte das atribuies dos

    Ncleos de Assessoria em Projetos (NAP), em cada Unidade, conforme proposio do documento orientador do SIAP (Sistema Embrapa de Assessoria a Projetos).

    para o oramento, outra para a seo de biografia e assim por diante. medida que as coisas chegam juntas, arranjo (fao a disposio) os componentes numa pasta maior para a coisa toda. Uso um sistema semelhante para meus manuscritos de pesquisa, mas isto no requer tantas pastas.

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    Captulo 4

    As Agncias Financiadoras so Caracterizadas por Valores e

    Necessidades: as delas no as nossas

    As agncias de financiamento oferecem fundos (recursos) s pessoas e organizaes que deles precisam. Os professores universitrios ou pesquisadores escrevem propostas de financiamento para obter recursos para suas pesquisas. Pode-se olhar para as agncias de financiamento com um ponto de vista vantajoso: elas tm que conceder financiamentos.

    O primeiro pecado mortal: valores desencontrados8

    A raiz do problema uma questo de valores.

    Precisamos reconhecer a relao especial entre as agncias e os proponentes de financiamento. Os valores e necessidades das agncias entram em alinhamento ntimo com os valores e necessidades dos clientes de financiamento, uma vez que as agncias precisam fornecer dinheiro s pessoas e organizaes que, por sua vez, podem conhecer os valores das agncias e a eles se ajustarem.

    8 Verifica-se, nesse tpico e nos seguintes, mais

    exemplos do alinhamento do pensamento do Prof. Stanley com a proposta de funcionamento dos NAPs na Embrapa, pois so atribuies desse Ncleo prospectar, conhecer e divulgar na Unidade as agncias financiadoras e promover negociaes/articulao de agendas comuns entre a Unidade e as agncias.

    Vamos enfatizar valores por alguns minutos, porque podemos levar nossa avaliao dos valores das agncias para o nosso lado.

    Entenda-se que as agncias no se preocupam com os professores nem com a pesquisa, ensino e atividades de extenso, at mesmo quando fornecem a eles grandes fundos. O que as preocupam que esto satisfazendo suas prprias necessidades, de certo modo consistentes com seus prprios valores. Consistncia com os valores de uma organizao pode ser bastante importante na elaborao de uma proposta de financiamento.

    Alguns exemplos. Uma vez solicitei emprego a Brigham Young University. Era uma posio atraente e eu estava interessado. Um pouco depois recebi uma longa carta que esboava alguns dos valores institucionais que os professores deveriam observar na posio pretendida.

    Como um cientista que viveu apenas um pouco fora do Napa Valey, a terra do vinho na Califrnia, vi que alguns de nossos valores no eram compartilhados. Admitindo-me como professor, a Brigham Young no conseguiria satisfazer suas necessidades de modo consistente com seus valores. Era apropriado romper as negociaes porque meus valores no eram compatveis com os da Universidade.

    Aqui h outro exemplo. Durante meus dias de estudante de graduao na UC Berkeley, foi oferecido a uma de minhas colegas, Cathy, uma posio atraente de ps-doutorado. Porm, ela teve um problema porque a fonte do apoio de ps- doutorado era um financiamento proveniente do Exrcito norte-americano.

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    O Exrcito estava interessado em saber como um certo gs txico influenciava certas enzimas no sistema nervoso central humano. O problema de Cathy se relacionava com seus valores que eram incompatveis com pesquisa em armas qumicas.

    Estes so exemplos claros da influncia de valores na relao entre organizaes e indivduos, mas h exemplos que parecem mais sutis.

    Algumas agncias admitem que deveria ser reservado o apoio de ps- doutorado para cidados americanos. Algumas reservam parte dos fundos totais para certas categorias de indivduos como as mulheres e membros de grupos minoritrios. Algumas agncias reservam fundos para cientistas mais jovens ou cientistas que ainda esto por completar seu Ph.D.

    O que aparentemente seria uma simples lista de interesses e polticas de determinada agncia so, de fato, uma sinopse de seus valores. Considerando e alinhando nossos prprios valores e os valores das agncias nas quais estamos interessados em apresentar uma proposta de financiamento traz alguns benefcios.

    O limite da competitividade: Primeiro, evitamos redigir propostas que no frutificaro. Segundo, ampliamos o limite competitivo incluindo declaraes apropriadas que mostram como nossos valores esto alinhados com os valores da agncia.

    Aqui est um exemplo especfico. uma poltica (leia-se valor) dos Institutos Nacionais de Sade (NIH) que as universidades faam um compromisso financeiro e humano considervel com os tipos de pesquisa que os NIH gostam financiar. Podemos incluir declaraes

    apropriadas neste ponto em nossas propostas para o NIH. Uma das seguintes declaraes faria bem:

    A Universidade de Nebraska-Lincoln altamente comprometida com este programa de pesquisa, como mostra a recente compra de novos equipamentos.

    O compromisso da UNL com este trabalho demonstrado pelo fato de haver dois pesquisadores custeados pela UNL que trabalharo exclusivamente neste projeto.

    UNL contribuir diretamente com o sucesso deste projeto financiando um tcnico que dedicar tempo integral no mesmo.

    Podemos colocar uma linguagem especfica em nossas propostas de financiamento com o objetivo evidente de mostrar como nossos programas de pesquisa se ajustam aos valores das agncias.

    Resumindo:

    1. Valores mantidos por uma agncia influenciam a seleo de propostas de financiamento que recebero fundos.

    2. Nossos valores podem influenciar os tipos de fundos que estamos dispostos a aceitar.

    3. Ateno cuidadosa aos valores pode ser uma ferramenta competitiva porque podemos indicar como nossos valores e os valores da agncia so compatveis. Pergunte a si mesmo:

    Que valores tm esta agncia?

    Como esta proposta apia esses valores?

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    O segundo pecado mortal: necessidades desencontradas

    Agncias financiam indivduos e organizaes que levaro a cabo um trabalho que satisfaz s necessidades da agncia. Aqui, importante focalizar a ideia de necessidades.

    Precisamos atrelar nossas necessidades s necessidades de uma agncia pela mesma razo que combinamos cuidadosamente meias ou, quando desencontradas, as escondemos para no aparecer em pblico o que pode ser embaraoso e por muito tempo, um fato lembrado.

    Ao selecionar as vrias propostas, as agncias tendem a ver com suspeita palavras como interessante, instigante, estimulante, excitante, de tirar o flego, formidvel, eletrizante, novo, importante, significante e pioneiro. Estas palavras at que poderiam representar nossos projetos com preciso, mas, para as agncias no so importantes.

    Da perspectiva de uma agncia, a nica questo : O projeto se

    relaciona com nossas necessidades?

    No importa que acreditemos que nosso projeto importante, novo e instigante. O que acreditamos no importante para uma agncia.

    A agncia no se preocupa com o quanto desfrutamos do nosso trabalho.

    Ajustar: projetar nossas propostas conforme

    necessidades das agncias.

    H casos em que professores ou pesquisadores em algumas instituies podem eventualmente perder suas posies porque no tm xito ao tentar atrair fundos de pesquisa. Aconteceu isso com um amigo meu.

    A situao pode ser desesperadora, porque precisamos ter um financiamento de fundos ou poderemos acabar ensinando lgebra I em uma faculdade qualquer ou poderemos perder uma posio ou duas ou no poderemos aceitar um estudante graduado promissor ou teremos que vender equipamentos de limpeza todo o vero.

    No nenhum drama se nossas necessidades no esto includas nas decises das agncias. um fato que virtualmente pode ocorrer em todos os campos de financiamento de fundos: agncias dirigem os fundos para alcanar suas prprias metas de certo modo consistentes com os seus valores. Reconhecer este ponto pode nos ajudar a projetar propostas de financiamento competitivas.

    No vale a pena instigar a curiosidade intelectual dos revisores de propostas de financiamento, pois eles podem no ter tempo para serem curiosos e se preocuparem com os nossos interesses.

    Satisfazer as necessidades das agncias: No adianta descrever o que precisamos; os revisores de proposta no tm o tempo para se preocupar com as outras pessoas e as necessidades das organizaes.

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    Os revisores so encarregados de selecionar propostas que satisfaam as necessidades da agncia at certo ponto consistente com seus prprios valores.

    H uma lgica inexorvel nisto: O nico modo pelo qual vamos adquirir fundos para nossas propostas de financiamento assegurar que o trabalho que propomos satisfaa as necessidades de uma agncia, repetindo, de modo consistente, os seus valores.

    Isto nos obriga, por um lado, a olhar cuidadosamente para o trabalho que queremos fazer e, por outro lado, olhar cuidadosamente para as agncias que queremos abordar com as nossas propostas.

    Alinhar as nossas propostas com as necessidades das agncias: Se soubermos o que realmente queremos fazer e as necessidades de uma ou mais agncias que poderiam financiar o nosso trabalho, ento podemos trabalhar para alinhar o que queremos com as necessidades (exigncias) das agncias.

    H vrios modos de trabalhar para alcanar o ajuste (a sintonia) de necessidades e valores que resultam em propostas de financiamento.

    A pessoa ou organizao deve considerar vrias agncias, determinar o que elas precisam e, ento, selecionar as agncias cujas necessidades combinam com os interesses dela.

    O outro modo desenvolver nossas propostas de forma que fique claro que o que queremos fazer desde o incio se ajusta perfeitamente com as necessidades da agncia. Com frequncia, o primeiro modo de proceder conduz para o segundo.

    O primeiro modo: alinhar as nossas propostas com as

    necessidades (exigncias) das agncias.

    Pensando com relao ao primeiro modo, consideramos as diretrizes nas propostas de financiamento de todas as agencias como a Fundao Nacional de Cincia, USDA, os Institutos Nacionais de Sade, o Departamento de Energia, o Instituto Nacional de Cncer, a Agncia de Proteo Ambiental, todos os programas de pesquisas militares, o Departamento de Educao, o Instituto Nacional de Sade Mental, o Conselho de Pesquisa local, o Centro para Biotecnologia e entidades regionais e estatais, s para mencionar alguns. Materiais (exigncias) dessas agncias esto disponveis em bibliotecas ou na maioria dos escritrios de programas de financiamento.

    Eliminar algumas agncias: No leva muito tempo para eliminar certas agncias porque no h nenhuma possibilidade de alinhar nossos interesses com as necessidades (exigncias) delas. Por exemplo, o Escritrio de Pesquisa Naval no investe muito dinheiro em atividades de extenso agrcola. Por outro lado, algumas propostas de financiamento de extenso podem se ajustar bem s necessidades das agncias que se interessam pela educao de adulto.

    Neste processo de considerar as diretrizes de agncias, pode-se levar um pouco mais de tempo e considerao para eliminar algumas agncias que podem ter ou no necessidades consistentes com as de nossas reas de interesse.

    Frequentemente estou atento aos anncios de propostas e aos pedidos de propostas que aparecem em jornais e

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    desejo saber: "meus interesses se ajustam as necessidades dessas agncias?" Aqui onde uma carta de investigao, descrevendo nosso interesse, pode ajudar. A resposta nos ajuda a decidir se ns deveramos acrescentar a agncia a nossa lista de possibilidades ou elimin-la, evitando-se trabalho adicional desnecessrio.

    O segundo modo: fazer nossas propostas coerentes com as necessidades (exigncias) das agncias.

    Com sorte, haver uma ou mais organizaes cujas necessidades vo potencialmente se ajustar s nossas linhas de trabalho. Agora tomamos o segundo caminho para criar um bom incio entre as agncias e as nossas propostas de financiamento.

    A ideia geral determinar as necessidades (exigncias) das agncias, depois desenvolver nossas propostas de tal um modo que fique claro que nossos interesses esto alinhados, so consistentes, com as necessidades (exigncias) das agncias. Historicamente, isto no foi to importante para escrever propostas de financiamento competitivas como o hoje nos ambientes econmico e poltico.

    Antigamente, quando as agncias tinham rios de dinheiro para distribuir e havia menos membros de faculdade procura de fundos de financiamento, frequentemente as necessidades de agncias foram interpretadas em termos mais flexveis.

    Em meus dias de ps-doutorado, tive financiamento do Instituto Nacional de Sade Mental para trabalhar em aspectos bioqumicos do comportamento reprodutivo em um grilo. Em meados de

    1980, os Institutos estavam olhando muito de perto para as suas prprias misses e foram expressas as necessidades deles em condies firmemente definidas.

    No clima de consolidao de fundos contemporneos, trabalhar em comportamento comparativo no se ajustaria facilmente declarao de misso do Instituto Nacional de Sade Mental.

    Olhar mais de perto. Vamos olhar mais de perto para as necessidades das agncias. Todos sabem que as agncias recebem muito mais propostas com a pretenso de serem contempladas pelo financiamento do que elas podem atender.

    Os avaliadores das agncias se perguntam, "qual destas cinco impressionantes propostas MELHOR se ajusta s nossas necessidades da agncia"?

    O trabalho dos fundos como um processo de eliminao ou de seleo. Simplesmente declarar que nosso trabalho se ajustar s necessidades de uma agncia pode no ser suficiente para se atingir o convencimento disso. Se a proposta no estiver convencendo neste ponto relativamente fcil desistir dela. Mas no queremos que desistam facilmente de nossas propostas.

    O que preciso fazer nas propostas? A meta aqui planejar o que precisamos fazer para lograr que nossa proposta seja bem sucedida (obtenha o financiamento pretendido), perguntando-nos "O que precisam essas pessoas das agncias de financiamento?

    Vamos considerar algumas das menores concesses disponveis por vrios canais em UNL. Uma tarde de

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    segunda-feira voc se acha em um humor particularmente criativo e busca inconscientemente seu caderno de anotaes de planejamento de projeto.

    Agora, voc pensa que este projeto se ajustaria ao fundo e que poderia ser realmente interessante e se expressou no idioma certo (redigido de forma coerente, com os termos certos). O nico problema que precisa de alguns dados preliminares para converter esta ideia em uma proposta competitiva; necessrio executar procedimentos para adquirir os dados preliminares; j se tem um suprimento (recursos) que funcionaria e tudo que realmente se precisa adquirir so alguns dados preliminares bem atraentes.

    Precisaria aproximadamente $1.500, mais $500 para a compra de substncias qumicas.

    Neste ponto, reconheamos que ns identificamos sua necessidade.

    Necessidade: Seed money Esta necessidade de somente dinheiro. Normalmente necessrio dinheiro para adquirir alguns dados preliminares para apoiar uma proposta de financiamento.

    O Conselho de Pesquisa da UNL prov pequenas concesses s faculdades que precisam de um pouco de dinheiro. Poderamos eliminar uma proposta como a que diz algo: "Eu preciso aproximadamente $2.000 para comprar uma parte de material de bioqumica (devemos ser especficos) para me ajudar a adquirir alguns dados preliminares.

    Os dados preliminares me ajudaro com uma proposta de financiamento. Isto pode ser indicado em pargrafos detalhando, em teoria e operacionalmente, o que se est

    requerendo de equipamento ou materiais e de como os resultados do equipamento so interpretados (utilizados).

    Agora pensemos nas necessidades do Conselho de Pesquisa. Em primeiro lugar, o Conselho de Pesquisa , em geral, conhecido por relativamente poucos cientistas e at mesmos por poucos cientistas que se relacionam com a bioqumica. Em segundo lugar, o Conselho no precisa conceder apenas dinheiro.

    A meta do Conselho encorajar o desenvolvimento de propostas de financiamento externas, competitivas. O Conselho d dinheiro para atingir sua meta de pesquisa e outras atividades criativas.

    Uma proposta de financiamento para que obtenha dinheiro do Conselho de Pesquisa precisa ficar mais convincente; isto ocorre quando contiver o ttulo da proposta maior e detalha precisamente onde ela ser apresentada; precisa especificar a quantia de dinheiro que a proposta pedir e alguma informao acerca de como o equipamento pedido tornar a proposta mais competitiva.

    A mesma necessidade de detalhes se aplica a vrias oportunidades de pequenos financiamentos em nossa Universidade. Elementos envolvidos no financiamento na Universidade no precisam contemplar apenas com dinheiro, mas, devem encorajar propostas competitivas a serem apresentadas em agncias nacionais. Se forem consideradas as necessidades de pequenos programas de financiamento das universidades deveramos descrever, com detalhes convincentes, como os pequenos financiamentos ajudaro a gerar propostas externas competitivas.

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    Aplicao do mesmo critrio em outros temas. O tema de identificar as reais necessidades de uma agncia potencial se aplica a todas as organizaes. Como exemplo, a agncia designa uma quantia para professores de uma universidade.

    Estas equipes esto compostas de indivduos bastante sofisticados, abenoados com um foco claro sobre as necessidades de quem eles representam (produtores).

    Precisamos estar bem esclarecidos (informados), da mesma maneira, de que as necessidades dos produtores mudaram durante a ltima gerao.

    Devido, em grande parte, ao sucesso de universidades e de ns mesmos, a pesquisa em produtividade e eficincia agrcola menos importante que a pesquisa em eficincia de comercializao e tcnicas de processamento de agregao de valores. De maneira concomitante, menos dinheiro destinado para a pesquisa em produo e mais dedicado comercializao e a pesquisa em operaes de agregao de valor.

    No clima atual, no adianta propor o trabalho de investigao que j no se encaixa nas necessidades dos rgos de produtos bsicos. As agncias federais tambm tm necessidades, embora elas sejam normalmente expressas em termos de poltica de concesso de fundos. Ns podemos considerar cuidadosamente as necessidades dessas agncias ao formular uma proposta de financiamento, fazendo um par de perguntas difceis:

    Por que algum (agncia) deveria pagar para esse trabalho ser feito?

    Este outro modo de saber se o trabalho que queremos fazer satisfaz as necessidades das agncias para as quais planejamos e queremos enviar nossas propostas. A nica razo para que qualquer pessoa (agncia) financie qualquer trabalho porque o mesmo satisfaz as suas prprias necessidades, as necessidades do financiador.

    Com frequncia a informao que ns obtemos de agncias maiores como USDA, NIH, NSF, EPA, entre outras, expresso em linguagem generalizada. Pode ser difcil entender exatamente o que as equipes de reviso realmente esto interessadas em financiar em cada ano.

    O planejamento, de antemo, pode nos ajudar a aprender bastante sobre as reais necessidades e objetivos das equipes de reviso dessas agncias de financiamento.

    Posteriormente, retornaremos ao tema, Mas, antes de faz-lo, sejamos um pouco mais pessoais sobre a redao de proposta.

    Por que nos deveriam pagar para fazermos este trabalho? Pense no quadro federal de financiamento. Cada vez mais pessoas esto competindo por menos e menos dinheiro. Pois . Mais porcos esto se apertando num cocho menor.

    De nosso ponto de vista como faculdade, a maior presso para conseguir dinheiro se junta com menor disponibilidade de dinheiro. H uma competio cada vez maior por cada vez menos financiamentos.

    Pontos importantes que afetam seriamente este assunto. Primeiro, algumas pessoas esto gerando

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    propostas de financiamento competitivas. Todos sabem que isto assim porque todos sabem que algum tem dinheiro para financiamento. Certamente h menos dinheiro disponvel, mas, mesmo assim, ainda dinheiro, ainda h dinheiro.

    Segundo, at mesmo a mais altamente considerada pesquisa ou programas pedaggicos experimentam falhas nos seus fluxos de financiamentos. Eu acredito que temos que ser capazes de competir com sucesso por parte do dinheiro disponvel, em algum momento.

    Se for possvel assumir que articulamos de maneira vigorosa e com eficincia (elegantemente) o trabalho que estamos interessados em fazer, j estamos no caminho de uma proposta de financiamento competitiva.

    Nosso prximo passo vigorosa e elegantemente esclarecer porque ns que deveramos ser os indivduos ou organizaes que devem ser financiadas para fazer este trabalho importante.

    Considere trs elementos principais de propostas de financiamento competitivas:

    Estabelecemos uma ligao entre o que estamos interessados em fazer e as necessidades e valores da organizao.

    Estabelecemos a garantia que somos os indivduos mais apropriados para fazer o trabalho.

    Provemos a garantia que trabalhamos em uma instituio que prov as melhores instalaes para realizar o trabalho.

    Estabelecer credenciais. H trs partes das propostas que nos permitem claramente estabelecer nossas

    credenciais para fazer o trabalho que estamos propondo.

    A primeira seo que estabelecemos que somos capazes de conduzir o trabalho a nos propomos. At certo ponto, quanto antes estabelecermos isso, melhor.

    Qual a chave?

    A ideia fundamental assegurar que j temos alguns dados preliminares relacionados aos principais objetivos de nossas propostas. Se tudo for favorvel, poderamos at ter dados para elaborar um manuscrito ou dois (publicaes) que podem ser juntados a nossas propostas.

    Segundo, as propostas de financiamento tambm tm uma seo de biografia que prov uma oportunidade para mostrar nossas credenciais. Descrevemos nossa formao educacional, nossa histria de trabalho e nossas publicaes na seo de biografia.

    Muitas pessoas reclamam em altas vozes que como obtiveram ttulos como o Ph.D. recentemente, no tiveram bastante tempo para gerar todas as publicaes exigidas para competir com outros mais experientes. Isso realmente no uma preocupao das agncias.

    No esperado que o indivduo ps-doutorado a apenas um ano atrs tenha a mesma base de publicao que um outro que o tenha feito h cinco. O que se espera que todos tenhamos a experincia e habilidades para levar a cabo o trabalho em nossas propostas e que tenhamos o conhecimento e energia

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    para publicar os resultados de nosso trabalho.

    O terceiro ponto se refere condio de poder estruturar nossos compromissos, destacando o fato de que somos qualificados para fazer o trabalho. Se uma parte considervel de nossos compromissos dirigida a pesquisa um sinal claro que temos a base para um compromisso de investigao numa instituio de pesquisa.

    A mesma lgica se aplica para as atividades de ensino e extenso: mostramos que em virtude de nossas atividades somos indivduos competitivos. O que importante que podemos indicar claramente que nossas atividades so estruturadas de tal modo que temos o tempo e a estrutura institucional suficientes para fazer o trabalho explicitado na proposta de financiamento.

    Melhorar suas chances. Melhoramos nossa postura competitiva prestando ateno cuidadosa parte das propostas de financiamento que se referem aos nossos recursos e ambiente. Por exemplo, os formulrios para financiamento de pesquisa da NIH tm espaos para indicar que temos um escritrio, um laboratrio e alguns computadores. Prximo desses espaos do formulrio h espaos para listar o equipamento principal em nossos laboratrios como ultracentrifugas e assim sucessivamente. Abaixo, em geral, um espao para especificar instalaes especiais.

    Lembre-se que nossa meta indicar que somos bem-preparados para desenvolver e administrar o trabalho que estamos propondo. O fato de que nos sentamos em um escritrio no

    acrescenta muito proposta. Mas, e nossos laboratrios?

    Em lugar de s mencionar que temos um laboratrio, ajuda, nesse processo, a especificao que temos, p. ex., "O laboratrio com 900 ps quadrados com trs bancadas que facilmente podem acomodar seis pessoas".

    Se trabalharmos em uma unidade que comumente compartilha equipamento, podemos listar todo o equipamento principal para o qual temos permisso de usar. No temos que nos limitarmo aos bens especficos em nossos espaos de trabalho e laboratrio.

    Queremos chamar ateno para o ambiente de funcionamento em nossa Universidade.

    Se estivermos propondo usar as ferramentas de biotecnologia em nosso trabalho, poderamos destacar o Centro de UNL para Biotecnologia e as instalaes pertinentes disponveis.

    Se estivermos propondo fazer trabalho qumico em monitorar poluentes ambientais, poderamos destacar nosso famoso Centro por Espectrometria de Massa.

    Se estivermos pensando em fazer um programa de educao de adulto, poderamos incluir o Centro de Nebraska como um de nossas instalaes.

    Na proposta, os recursos importam. O ponto a ser enfatizado que nossa instituio favorecida com algumas das instalaes mais modernas disponveis.

    Como uma entidade acadmica, temos alta especializao disponvel. Estes destaques aumentam a probabilidade de podermos administrar,

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    de maneira eficiente, o trabalho que estamos propondo.

    Queremos chamar a ateno da equipe de reviso de propostas das agncias para estes recursos, mostrando que facilitariam o trabalho de nossa proposta.

    Por que algum deveria nos pagar para fazer o trabalho que propomos? Porque nossa proposta a que melhor se adequa s necessidades de uma agncia de financiamento e porque argumentamos enfaticamente que somos qualificados para fazer o trabalho em uma instituio que comprometida com isto.

    Retornamos realidade para no perder de vista este ponto:

    Os mritos intrnsecos da proposta e a base do investigador so determinantes principais de consolidao de fundos de financiamento.

    Enfatizo nossas instalaes porque em tempos de intensa competio, elas podem virar a situao a nosso favor.

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    Captulo 5

    Redigindo Propostas de Financiamento

    David Bauer um dos gurus mais prsperos em redao de propostas de financiamento. Ele faz seminrios, vende o seu livro intitulado "HOW TO" Grants Manual e tem um caderno para ajudar os participantes dos seminrios a se tornarem escritores de financiamentos competitivos. Gosto muito desse material porque oferece um programa que pode ser til a nossos propsitos se adequadamente adaptado.

    O problema que vejo nesse material e em muitos outros recursos semelhantes que, com frequncia, so muitos gerais. As boas ideias no so apresentadas ou elas exigem uma boa traduo para serem teis. Eles tambm me do a impresso que nossas posies so divididas de modos incomuns: algo como 110% de desenvolvimento nas propostas de financiamento, 20% ensinando e 80% em pesquisa.

    Considero que as propostas de financiamento podem nos ajudar a atingir algumas de nossas metas pessoais e profissionais. As propostas no so, por si mesmas, nossas metas principais.

    Menciono metas pessoais e profissionais como um editor que contribui para as metas do Entomologista. Escrevo colunas breves em disciplinas da cincia. A ideia reconhecer que podemos estabelecer uma meta pessoal para atingir um sucesso profissional particular. Mas, no vamos mais divagar.

    Queremos utilizar algum tempo pensando nos detalhes de escrever nossas propostas de financiamento. Uma coisa que gosto de David Bauer que ele comea reconhecendo que desenvolver uma proposta de financiamento competitiva pode parecer ser uma tarefa opressiva. Descreve-a como um rato que tenta levar um pedao gigantesco de queijo. O rato, exibindo uma extraordinria sabedoria para algum que nunca defendeu uma dissertao, divide o queijo em partes menores, cada uma podendo ser levada para fora com calma.

    A sugesto: Dividir a tarefa a ser desenvolvida numa proposta de financiamento competitiva em tarefas menores, em tarefas que sejam realizveis.

    Tenho uma sugesto relacionada com o assunto. J falamos sobre planejar com nosso pessoal de apoio para obter ajuda com a capa, com oramento e assim por diante.

    Este tipo de planejamento realmente pode ajudar a dividir o trabalho em partes exequveis. Por exemplo, poderamos fazer nossa parte de pensar a fundo sobre o significado e importncia do trabalho proposto, enquanto nosso pessoal de apoio ajuda diretamente com a elaborao do oramento processando alguns dos formulrios rotineiros.

    Sobre escrever claramente

    Dedicamos um tempo razovel tarefa de planejar um processo de elaborao da proposta. As fases de planejamento podem ser cruciais para fazer propostas de financiamento competitivas, no sendo exagerado enfatizar a importncia do planejamento. Agora, vamos virar um pouco o jogo.

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    Voc alguma vez ouviu algum dizer, "Bem, eu acho que me sentarei e produzirei uma proposta de financiamento?" No provvel.

    A maioria pensa em que termos do que se faz de fato: escrevemos propostas de financiamento. Em geral, as propostas de financiamento bem-escritas so as mais competitivas. Segue que deveramos gastar um pouco de tempo aqui falando sobre o negcio de escrever.

    O terceiro pecado mortal: a seriedade banal

    A maioria focaliza em propostas de financiamento, artigos para publicao, manuscritos, boletins de extenso, relatrios de pesquisa e notas de aula com a intensidade de um raio laser. Estamos fazendo nosso trabalho.

    Fazendo assim, s vezes perdemos a perspectiva que todo mundo tambm procura fazer bem seu trabalho. Podemos perder de vista o fato que os revisores de financiamento simplesmente no se sentam com uma xcara de caf para desfrutar uma tarde com nossa proposta de financiamento.

    Um revisor de financiamento poder ter apenas uma ou duas, mas tambm algo como 30 ou 40 propostas de financiamento para ler. Normalmente pedido ao revisor que escreva as revises (sugestes, crticas, avaliaes...) das propostas analisadas num espao de tempo bastante limitado.

    Trabalhar como revisor de financiamento um servio para a agncia e para a comunidade. O revisor acrescenta este servio, sem prejuzo de outros trabalhos seus ou liberao de seus deveres regulares.

    Considerando que muitos revisores de financiamento so, antes de tudo, pessoas ocupadas, precisamos estar completamente atentos ao trabalho adicional desses revisores de financiamento.

    Podemos usar essa constatao como vantagem competitiva e desenvolver nossa redao de forma a considerar a carga extra de trabalho do revisor. Fazemos isso quando escrevemos com clareza e indicamos nossas observaes de forma explcita, evitando pensamentos e redaes obscuros, sem requerer do revisor ocupado que gaste mais tempo tentando entender o que ns tentamos dizer.

    Devemos escrever exatamente o que ns queremos que o revisor saiba sobre nossas propostas.

    Aqui est um exemplo exagerado do ponto que ns queremos colocar. Por favor, registre o tempo que leva para ler e traduzir a orao. Depois, faa a mesma coisa com a prxima orao grifada.

    Um fragmento destacado da litosfera terrestre, seja de origem gnea, sedimentar ou metamrfica, e que adquiriu sua esfericidade aproximada atravs da ao hidrulica ou outro atrito, quando mantido continuamente em movimento em razo da instrumentalidade das foras gravitacionais constantemente agindo para reduzir seu centro de gravidade, resultando assim num movimento de rotao em torno do seu eixo temporrio e com a sua velocidade acelerada por um aumento do ngulo de inclinao tem, devido ao abrasiva produzida pelo contato contnuo, mas irregular, entre a sua periferia e o terreno adjacente, uma forma eficaz de impedimento de

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    acmulo, na sua superfcie externa, de qualquer mnimo aprecivel da vegetao criptgama, normalmente propagadas nas mesmas condies timas e invariveis de sombreamento, umidade atmosfrica e radiao solar dos agentes erosivos.

    Tempo?_____________ Minutos

    Pedra que rola no cria limo.

    Tempo? _____________ segundos.

    Muitos membros de faculdade desfrutam uma certa facilidade com a lngua. Estamos, com frequncia, plenamente confortveis com palavras e podemos produzir formulaes interessantes e at mesmo divertidas. Utilizamos facilmente dispositivos literrios como metfora, insinuao e analogias para nos expressarmos.

    Sem uma pequena autodisciplina, podemos nos deixar seduzir por linguagem bombstica. Trocamos uma fora de convico concatenada para algo como um bla-bla-bla.

    Em particular, tendo para este tipo de escrita porque ela me entretm.

    A maioria dos revisores de financiamento no tem tempo por aquela linha de entretenimento. nossa responsabilidade gerar oraes simples, legveis, declarativas. Devemos evitar ofuscao9.

    9 nfase dos tradutores. Os pesquisadores, ao

    redigirem uma proposta de financiamento, devem estar atentos para evitar a mesma linguagem utilizada em um artigo cientfico. Uma proposta de financiamento no um artigo cientfico, embora

    H muitos recursos para escrever e este manual no para ser um deles. Esta seo s uma lembrana que propostas de financiamento consideradas competitivas so aquelas que so bem escritas.

    So listados alguns recursos de redao na bibliografia para os indivduos que querem dar uma olhada em um ou dois aspectos.

    O recurso que trago sempre a mo meu manuseado livro de capa mole de Os Elementos de Estilo, escrito por Strunk e White. Utilizo este ao editar, passando por meus rascunhos de documentos, s vezes at mesmo ao escrever uma carta ou memorando. Ajuda-me porque minha memria parece programada para recordar nmeros e padres, mas, no recordar regras simples sobre como escrever. Como resultado, constantemente estou observando que e qual o propsito da proposta para lembrar sobre qual das palavras usar e quando.

    Voltando ao ponto: as propostas de financiamento competitivas so aquelas bem escritas. No precisamos ser escritores particularmente bons para gerar boa redao, mas precisamos ser satisfatrios. Apliquemos este pensamento seo narrativa da proposta de financiamento.

    Minha ideia escreva: bang, bang, bang, sem preocupao com qualquer coisa, exceto colocar no papel exatamente aquilo que desejamos fazer. Ortografia, gramtica, claridade e lgica, tudo pode ir com o vento!

    A beleza de computadores e processadores de textos que tudo se

    muitas vezes, em sua redao, sejam utilizados dados obtidos por meio desses artigos.

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    encontra em disco, (HDs, CDs, etc.) e, uma vez feita nossa narrativa inicial, podemos utilizar esses recursos computacionais para trabalhar nela posteriormente.

    No cometa nenhum erro: Ns trabalhamos nisto.

    H vrias maneiras de fazer nossas propostas bastante claras. Um modo fazer, para ns mesmos, algumas perguntas. Depois de respondermos a estas perguntas, tambm podemos nos organizar para que nossas propostas sejam revisadas antes de submet-las s agncias.

    Aqui esto algumas das perguntas que poderamos fazer:

    Os objetivos so colocados com poucas declaraes claras e precisas?

    Por exemplo, queremos:

    a.Estabelecer condies de laboratrio adequadas para analisar a enzima "Tenure Synthetase"; usar estas condies para fazer uma caracterizao inicial da enzima; ento usar condies otimizadas de ensaio para a purificao da enzima (colocando passos subsequentes de precipitao e passagens em vrias colunas de cromatografia), o que ser usado para estabelecer a importncia desta enzima em disciplinas acadmicas e no financiamento de fundos; ou

    b.caracterizar a " Tenure Synthetase"?

    A seo da proposta que estabelece sua importncia e significado pode ser compreendida facilmente por algum sem um conhecimento especfico no campo de atuao de quem escreve a proposta?

    Podemos usar esta seo de nossas propostas para introduzir o campo geral de nossa pesquisa, estabelecer o significado desse campo e de nosso trabalho em particular no mesmo e colocar o trabalho que queremos fazer nesse contexto. Em forma de esboo, escrevemos algo assim:

    Os objetivos so colocados em poucas declaraes claras e

    precisas?

    Em condies gerais: Bem, certo que esta uma linha de trabalho interessante.

    Ainda em condies gerais: O trabalho importante porque a sade, felicidade, satisfao pessoal e plenitude espiritual de todo homem, mulher e criana em nosso planeta, como tambm todos os seus animais de estimao e alimentao animal dependem disso.

    Especificando: O trabalho particular que queremos fazer concorre para avanar diretamente a misso de quem, por acaso, esteja lendo (agncia) esta proposta; aqui nos esforamos para expressar como o trabalho se ajusta misso.

    Tenho um amigo que chega at a usar a mesma linguagem que as agncias usam para descrever sua misso.

    O ponto , em essncia, mostrar explicitamente a concordncia entre nosso trabalho e as orientaes na misso de agncia.

    Especfico: Agora passemos a um sumrio, claro, cristalino, nada menos do que cristalinamente claro do resumo da literatura existente. Queremos orientar nossos leitores a um ponto focal que deixe claro que o prximo e

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    possivelmente nico avano que vale a pena no campo vir do trabalho que estamos propondo.

    A parte preliminar diz que o trabalho pode ser feito e que estamos bem-qualificados para faz-lo?

    Usamos a seo preliminares para fazer duas observaes:

    A primeira, todo o trabalho na proposta pode ser realizado; isto inclui a nossa habilidade em realiza-lo.

    Se nossos experimentos requerem que tenhamos habilidades e competncias, mos qualificadas, capazes de inserir microssondas em clulas do crebro; dessa forma, precisamos apresentar alguns dados preliminares para mostrar que somos competentes para inserir o microssondas, para adquirir dados das sondas, para analisa-los e para fazer interpretaes deles. Usamos a seo de dados preliminares para convencer os revisores que podemos fazer o trabalho e que temos a possibilidade para faz-lo.

    A segunda observao diz respeito base terica necessria. Imagine uma proposta de financiamento para estudar o comportamento de vo de lagostas. Nosso revisor pensa, "Emocionante! isto uma srie realmente clara e elegantemente projetada de experincias". Ento algum da mesa de revisores pergunta em voz alta, lagostas voam "?

    Parece tolo, mas, muitas propostas de financiamento no so consideradas porque o proponente no estabeleceu uma base tcnica robusta para o estudo. Se estivermos interessados em caracterizar uma enzima particular, muito til mostrar a enzima presente em

    nosso sistema. Se quisermos estudar o cultivo de kiwi em Nebraska, deveramos mostrar que aquele kiwi cresce aqui.

    Os dados preliminares enviam duas mensagens importantes: somos competentes para fazer o trabalho da proposta e o trabalho tem uma base terica robusta e coerente.

    O desenho experimental faz sentido?

    Queremos ressaltar trs pontos nesta seo da proposta.

    1. Deixamos claro o experimento que planejamos realizar.

    2. Justificamos por que planejamos fazer esses experimentos.

    3. Informamos aos revisores que ganhos emergiro desses experimentos.

    Tal como acontece com todas as sees de nossas propostas de financiamento, isto precisa ser bem claro.

    Muitas propostas comeam com alguns pequenos pargrafos sobre as metodologias gerais que apoiaro todo o trabalho. Podemos recorrer a estes mtodos para experincias individuais ao longo da proposta, conforme for apropriado.

    Tentamos expressar nossos experimentos em redao direta e simples. Dessa forma, as informaes podem ser arquivadas na mente do leitor de um modo fcil. Muitas propostas tm um experimento para cada objetivo principal na proposta; dessa forma, deve-se detalhar os experimentos correspondentes com os progresso na proposta.

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    Depois de listar os experimentos podemos dar um pequeno embasamento da literatura pertinente, para mostrar por que esses experimentos so importantes.

    Queremos criar um tipo de equilbrio aqui: d bastante informao para dar suporte a essa observao, sem entrar em detalhes que posam cansar ou fazer perder o ponto de vista por leitor.

    Finalmente, podemos escrever uma declarao curta acerca dos benefcios esperados. Quais so benefcios esperados a partir desses experimentos?

    H um cronograma razovel para mostrar quando o trabalho ser

    executado?

    Um vez, apenas uma, fui criticado por no incluir um cronograma em uma proposta de financiamento. Agora incluo um pequeno quadro para mostrar, em termos bastante gerais, quando cada parte do trabalho ser executada.

    Cronogramas no so contratos ptreos. bem reconhecido que algumas linhas de trabalho, especialmente em pesquisa, so difceis e no podemos fixar datas precisas sobre uma tarefa ou experimento particular. Por outro lado, podemos mostrar que tivemos algum pensamento cuidadoso sobre o tempo em que as tarefas e experimentos sero feitos, bem como anteciparmos sobre o progresso que esperamos alcanar.

    A lio destes comentrios que sempre podemos trabalhar em um rascunho de nossas propostas de financiamento. normalmente fcil fazer uma histria fluir suavemente. Podemos simplificar as descries dos mtodos que planejamos usar. Se for dado algum tempo extra, podemos reescrever e

    revisar, tornando as coisas mais claras e o fluxo mais simples, de forma a melhorar nossa postura competitiva.

    Depois de lidar por algum tempo com perguntas e temas como as indicadas acima, poderamos passar para uma reviso da proposta antes de ser submetida agncia.

    A reviso prvia torna a proposta mais competitiva

    Muitos institutos de pesquisa ganham seu suporte de financiamento a partir de vrias agncias. Eu costumo trabalhar em apenas um projeto. No surpresa se verificar como essas organizaes desenvolvem, em todos os nveis, uma cultura de formulao de propostas bem sucedidas de financiamento. H vrios elementos dessa cultura.

    Primeiro, membros do quadro de pessoal esto normalmente envolvidos em trabalhos que voc pode esperar que so mais facilmente financiveis. Segundo, algumas pessoas de apoio so especialistas em propostas de financiamento. Eles normalmente sabem tudo sobre os clichs, cronogramas de submisso e coisas desse tipo.

    Institutos de pesquisa normalmente insistem em revises prvias de suas propostas. s vezes contratam pessoas para fazer essas revises. s vezes essas pessoas so editores anteriores ou professores de lnguas. A ideia de que eles, no sendo cientistas, certamente no esto preparados nos aspectos tcnicos de qualquer linha de pesquisa.

    Ao contrrio, eles tm de fora, so leitores inteligentes e peas cruciais no sucesso de institutos de pesquisa.

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    As propostas de financiamento revisadas previamente