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Page 1: Revista Escrevendo Futebol - Ed.01
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Editorial A ideia de publicar uma revista mensal, mesmo que digitalmente, surgiu após a publi-cação do Guia da Copa da Ásia 2015. Inspira-do em publicações de sucesso, como Placar, World Soccer e Kaiser Magazine (também digital), nasce a revista Escrevendo Futebol, como parte do blog homônimo. Esta primei-ra edição é um teste para as próximas. Ini-cialmente, são apenas algumas reportagens inéditas e textos já publicados no blog. Para o próximo mês, uma promessa: uma espécie do tradicional Tabelão, que tanta gente costumou colecionar durante os anos. Espero que gos-tem do trabalho e que sugiram outras ideias. Quem sabe ela não se torna impressa um dia? Conto com você!

Yuri Casari

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Sumário

Giuseppe Casari...............4Opinião...........................6Jean-Pierre Adams............7Renato Curi....................10Youra Eshaya..................12Dionísio Filho.................14A origem do futebol.........16Opinião II......................19

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Um Casari no Mundial Da mesma “linha-gem” do autor deste texto, Giuseppe Casari, que de parentesco comigo só tem o nome, foi um dos três goleiros italianos na dele-gação que veio a Copa do Mundo do Brasil de 1950. Pouco conhecido pelo res-to do mundo, foi um dos principais goleiros de sua época no Calcio.

Sempre tive aque-la curiosidade de garoto de buscar pessoas com o mesmo sobrenome que o meu. Tan-to o Casari, por parte de pai, quanto o Klein, da mãe. Klein, de origem alemã, é o que mais tem, e se espalha entre des-cendentes de alemães, polo-neses e judeus. Já a origem do Casari, é um pouco mais obscura. O que sei, e pelo que me conta meu pai, meus bisa-vós vieram da região de Mi-lão, norte da Itália. E como é complicado encontrar pesso-as com este sobrenome. Com destaque, mais difícil ainda. Numa busca rápida, acabei encontrando Giuseppe Casa-ri, nascido em Bergamo, cida-de próxima a Milão. E conto sua história a seguir. Casari nasceu em 22 de Abril de 1922, data do ani-versário de 422 anos do Brasil.

Natural de Martinengo, pe-queno município de Bergamo, o goleiro iniciou sua carreira em 1938 após uma apresen-tação em Lecco. Atuou profis-sionalmente pela primeira vez apenas em 1945, com a cami-sa da Atalanta, no torneio de guerra organizado pela Fede-ração Italiana para manter os jogadores em forma, enquan-

to os conflitos mundiais con-tinuassem. O cartão de visitas não podia ser melhor. Empate sem gols diante do Brescia. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, Casari fi-nalmente estreou na Serie A, onde se destacou bem e atuou em 251 jogos e é lembrado na história do Calcio pelo pionei-rismo nas saídas do gol, sem-pre dando o, hoje tradicional, grito de “É minha!”. Suas crí-ticas a árbitros e treinadores após as partidas também são lembrados pelos tifosi, com os quais sempre teve bom rela-cionamento. Três anos depois de sua estreia, é chamado pelo lendário Vittorio Pozzo para as Olimpíadas de Londres de 1948, mas a titularidade é in-discutivelmente de Valério Ba-cigalupo, que morreria no ano seguinte na terrível Tragédia de Superga. No verão de 1950, sai da Atalanta para assumir a camisa 1 do Napoli, que ha-via acabado de conquistar a Serie B, e é convocado para a Copa do Mundo no Brasil pelo técnico Ferrucio Novo. Em ter-ras brasileiras, viu do banco de reservas a eliminação de sua seleção ainda na fase de grupos. A Squadra Azzurra vi-nha desfalcada pela já citada Tragédia de Superga, na qual foram vítimas boa parte do elenco do Torino, base da Se-leção Italiana. A vitória por 2 a

“(...) o vinicultor bergamasco de jei-to simples, aper-tou a mão de Pio de maneira bruta para a ocasião, e exclama em alto e bom som: “Prazer, Casari!””

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0 diante do Paraguai na segunda rodada não foi o suficiente para a classificação a fase final, já que a Itália havia perdido na estréia por 3 a 2 para a Suécia.

Após o Mundial, passou três tempora-das na mais tradicional equipe napolitana. Em 1953 perde espaço para o recém contratado Ottavio Bugatti, se transferindo na temporada seguinte para o Calcio Padova, contribuindo com o acesso a elite italiana na temporada 1954-55. “Bepi” ainda disputou a Serie A em 55-56, quando se retirou dos gramados italia-nos com apenas 34 anos. Casado com Giusy Cassera, teve três filhos e quatro netos. Além da qualidade em campo, Bepi também faz parte do folclore do futebol italiano. Durante uma audiência da Seleção Italiana com o en-tão Papa Pio XII, todos os jogadores ajoelha-vam-se e beijavam respeitosamente a mão do pontíficie. Ao chegar a vez de Casari, o vini-cultor bergamasco de jeito simples, apertou a mão de Pio de maneira bruta para a oca-sião, e exclama em alto e bom som: “Prazer, Casari!”, garantindo as gargalhadas de seus companheiros de equipe. Reverenciado pela torcida da Atalanta mesmo após o final de sua carreira, acompanhava como possível o time nerazzurri. Em 12 de novembro de 2013, aos 91 anos, Giuseppe Casari deixou de ser ídolo, para se tornar mais uma lenda nos livros de história do futebol mundial.

Yuri Casari é jornalista e editor da Revista Escrevendo Futebol

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de R$10,00. Na partida contra o Paraná, há duas semanas atrás pelo Campeonato Pa-ranaense, o setor mais bara-to custava R$150,00. Ou seja, se seguirmos a comparação inicial, com a relação entre o valor do salário mínimo e o valor de um produto ou ser-viço, chegamos a conclusão que o poder de compra de ingressos de futebol diminuiu drasticamente em pouco mais de 12 anos. Em dezembro de 2001, era possível comprar 18 ingressos com um salário mí-nimo. Atualmente, é possível adquirir apenas 5. Segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a in-flação acumulada do período alcança os 128%. Em valores

O preço do ingresso é justo?

Constantemente, ou-vimos dizer que o poder de compra do brasileiro aumen-tou nos últimos anos. Para exemplificar este aumento, é usual citar a quantidade de um produto X que o salário mínimo era capaz de comprar em uma determinada época, e a mesma capacidade do salário atual. Por exemplo, se pegarmos o preço do litro da gasolina em 2001, que es-tava em torno dos R$2,00 na época, podemos dizer que era possível comprar 90 li-tros de gasolina com 1 salário mínimo, então de R$180,00. O preço atual da gasolina é de R$3,30, e, se levarmos em conta o salário mínimo atual de R$788,00, é possível com-prar cerca de 238 litros de combustível. Ou seja, o poder de compra em relação a este produto aumentou. Com o crescimento econô-mico do país nos últimos 10 anos, é possível notar esse aumento no poder de compra na grande maioria dos pro-dutos, e também serviços. É algo que me parece até natu-ral que aconteça. Mas então, por que diabos os ingressos de futebol foram inflaciona-dos de maneira astronômica? O ingresso mais barato para a final do Campeonato Brasi-leiro de 2001, entre Atlético--PR e São Caetano, na Arena da Baixada, custou a bagatela

“A defasagem dos ingressos mais ba-ratos de ontem e de hoje é de absurdos 550%.”

corrigidos, os R$10,00 cobra-dos na final do Brasileirão de 2001, custariam hoje R$22,82. A defasagem dos ingressos mais baratos de ontem e de hoje é de absurdos 550%. Isso deixa claro que a falta de um setor popular nos es-tádios, com preço em torno dos R$30,00, não traria preju-ízo aos cofres do clube. Muito pelo contrário, afinal, a chan-ce de mais gente comprar um ingresso a um valor mais acessível, aumenta. É claro, entendo que os cus-tos para se fazer futebol no país subiram. Mas subiram principalmente por conta da incompetência em gerir um clube de futebol, e não é o torcedor que tem que pagar essa conta. Até porque, sem o torcedor, não há a necessida-de de existir futebol. Entendo pouco de economia, e este é apenas um exercício para pensarmos: é justo cobrar R$150,00 por um jogo de fute-bol? Yuri Casari

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O triste descanso

Há mais de 30 anos, o defensor francês Jean-Pierre Adams permanece em um pro-fundo coma, causado por um erro médico quando o jogador buscava um recomeço

por Yuri Casari

“Está tudo bem! Estou ótimo! Pense em mim e volte daqui 8 dias. E não se esqueça de um par de muletas”. Esta foi a última frase de Jean -Pierre Adams, no dia 17 de março de 1982, antes de entrar na sala de cirurgia de um hospital em Lyon, para um procedimento em seus ligamentos do joelho. A partir de então, graças a uma anestesia mal aplicada, Adams jamais voltou a acordar. Mas antes de explicar melhor essa triste história, contaremos sobre a vida e a carreira de uns dos principais joga-dores franceses no início da década de 70. Nascido no Senegal, Adams teve uma infância muito pobre como a da grande maio-

ria de seus conterrâneos, sendo criado por sua avó. Quando tinha 8 anos, em 1956, foi levado para a França, em um orfanato de Montargis, pequena cidade da região central francesa. Logo foi adotado por um casal local. Sempre mostrando aptidão para o esporte, o encorpa-do jovem fez parte de alguns clubes amado-res em sua juventude, como o US Cepoy, o CD Bellegarde e o USM Montargis. Em 67, entra para o time amador do Racing Club de Fontai-nebleau. Nos dois anos seguintes, é vice-cam-peão amador da França, mas ainda jogando como atacante. Uma dessas finais foi televi-sionada, e Kader Firoud, então ex -técnico do

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Nimes, se impressionou com o porte físico do franco senegalês. Em 1969, Firoud volta a co-mandar o Nimes, e quase de imediato busca contratar aquele garoto que o impressionara. Porém, o argelino erradicado francês trans-forma Adams em volante e o ajuda a aprimo-rar-se em todos os aspectos. “Kader Firoud é o homem a quem devo tudo. Ele me levou na mão, me formou ,me deu confiança e não me deixou”, disse certa vez. Em seu primeiro ano, Adams entra apenas esporadicamente na equipe titular. Mas na temporada 1971-72, as-sume a titularidade absoluta e contribui com a excelente campanha do Nimes no campeona-to francês, ficando atrás apenas do Olympique de Marseille, além de conquistar a Copa dos Alpes. Suas atuações lhe renderam 22 convo-cações para a Seleção Francesa. E a história de Adams está ligada de alguma forma ao Bra-sil, já que em 1972, o zagueiro viajou com Les Bleus para a disputa da Taça da Independên-cia, um torneio que reuniu 20 seleções para comemorar os 150 anos de independência do país. Ainda como volante, estreou na competi-ção na vitória por 3 a 2 contra a Colômbia, na Fonte Nova

Em 73, muda -se para o Nice comanda-do por Vlatko Markovic. O treinador iugoslavo toma uma importante decisão para a carreira de Adams, mais uma vez recuando o jogador, agora para a defesa. Na Seleção, forma ao lado de Marius Trésor a chamada Le Garde Noire, a Guarda Negra. Porém, o fracasso na missão de levar o time gaulês a Eurocopa de 1976, marcou Adams, que não voltou a ser chamado.Em 77, após novo vice campeonato nacional, assina com o Paris Saint -Germain, ficando 2 temporadas na equipe da capital, mas sem o mesmo brilho do início de carreira. Sem atin-gir o mesmo nível técnico, disputa a segunda divisão pelo Mulhouse, até voltar ao amadoris-mo pelo Chalon. Em 81, detecta um problema no joelho. Em março de 82, na data já citada, dá entrada no hospital Edouard Herriot, em Lyon. Então com 34 anos, o francês entra em coma profundo. Durante sua carreira, realizou 251 partidas e marcou 24 gols no Campeonato Francês. Casado desde abril de 69 com Ber-nadette, mesmo contra a vontade da família

Adams ao lado de Marius Trésor: A Guarda Negra

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estão se divertindo em sua cama, assim como fizeram nossos dois filho antes deles”.Quanto a desligar os aparelhos, Bernadette é enfática: “É impensável! Ele não pode falar. Não toma-ria essa decisão por ele.” Para os médicos, uma recuperação de Adams é cogitada apenas por milagre. Na his-tória, são raros os casos de alguém que acor-dou após tanto tempo em coma. O caso mais emblemático é o do americano Terry Wallis, que acordou após exatos 19 anos. Mas para Bernadette, pouco importa. Ela segue sendo o anjo da guarda de um dos pilares da Guarda Negra Francesa.

Nota da redação: Esta matéria foi publicada original-mente no site O Futebolista, no dia 27 de janeiro de 2014 e está disponível no site Escrevendo Futebol

da moça, teve 2 filhos: Laurent e Frederic, na época com 12 e 7 anos, respectivamente. As investigações revelaram que no lugar de dois anestesistas necessários havia apenas um es-tudante de práticas. Uma sucessão de erros na aplicação da anestesia causaram um bronco-espasmo, dificultando a respiração, e privan-do o cérebro de oxigênio por vários minutos. Há quase 33 anos, Bernadette, hoje com 68, segue cuidando de Adams, com 65. “Não há nenhuma mudança, boa ou ruim. Tenho a impressão de que o tempo parou em 17 de março de 82. Eu falo com ele o tempo todo. às vezes eu diria que ele reage. Quando, por exemplo , ele ouve uma voz que ele não tinhaouvido falar por um longo tempo, eu vejo a di-ferença. Ele move as mandíbulas , parece que ele vê algo. Ou quando seus (quatro) netos

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O eterno grifoni

Em 1974, Franco D’Attoma, sócio de uma das maiores empresas de roupas da Itália, assumiu o endividado Perugia. Uma de suas primeiras ações, foi a contratação do téc-nico Ilario Castagner, ex -atacante, que vestiu as cores vermelho e branco na década ante-rior. Castagner foi o responsável pela vinda do jovem e velocista Renato Curi, proveniente do Como, onde jogou apenas em 73 -74. Rena-to era um homem comum. Tinha esposa e uma filha, e além de jogador de futebol, era forma-do em contabilidade, e trabalhava como gar-çom no período inativo O meia foi revelado no Giulianova em 69, e rapidamente ganhou status de titular, sendo campeão da Serie D, na temporada 70 -71. No Perugia, também conse-guiu rápido destaque, e foi, ao lado de Fran-co Vannini na meia cancha, um dos melhores jogadores do elenco que conquistou o maior título do clube até então, a Serie B, na tempo-rada 74 -75. O título, e o acesso inédito na Serie

A, foi comemorado já no novo estádio: o Peru-gia havia abandonado o Estádio Municipal de Santa Giuliana e passou a mandar seus jogos no Comunale di Pian di Massiano. Em 16 de Maio de 1976, o ponto alto de sua carreira. Última rodada do Campeonato Italiano. Torino e Juventus tinham, respectiva-mente, 44 e 43 pontos. O Torino, empatou em casa com o Cesena. Para a Juventus, bastava a vitória fora de casa. Mas aos 10 minutos da se-gunda etapa, cruzamento da direita, e Renato Curi bate com o pé direito, de primeira, e ven-ce o goleiro Dino Zoff, tirando o Scudetto da Vecchia Signora. O Perugia terminou aquele ano numa surpreendente 8ª colocação. Na temporada seguinte (76 -77), Curi foi mais uma vez um dos líderes em campo, e aju-dou a equipe a chegar a um honroso 6º lugar, uma posição abaixo da zona de classificação para as competições europeias. Em 77- 78, a

#8equipe se encontrava ainda mais forte, e já na 5ª rodada, era um dos líderes da competição, juntamente com Milan e Juventus. Na 6ª roda-da, a Juventus voltava a aparecer na vida de Renato Curi. Desta vez, o desfecho não seria feliz para o meiocampista. Era dia 30 de Outu-bro de 1977. Apesar da chuva, cerca de 30 miltorcedores estiveram presentes nas arqui-bancadas no Pian di Massiano. O placar do primeiro tempo permaneceu zerado. Após a volta do intervalo, às 15: 34,com cerca de 5 mi-nutos jogados, Renato Curi desaba em campo. Alguns jogadores da Juventus rapidamente gesticulam pedindo ajuda. O camisa 8 deixa

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os gramados pela última vez, carregado pelos maqueiros. Até Castagner adentra o grama-do, exemplificando a gravidade da situação. O duelo prosseguiu, e terminou sem gols. Ao apito final, o anúncio: Renato Curi estava mor-to com apenas 24 anos. O jogador havia sofri-do um infarto e chegou sem vida ao Hospital Policlinico di Perugia. Mesmo com a morte de um companheiro, a equipe não se abalou e alcançou um incrível vicecampeonato, e con-

quistou alguns títulos menores, sendo apeli-dado de “Perugia dos milagres”. Após a autópsia, foi constatado de que Curi possuía uma doença crônica no coração. Logo, levantou se a hipótese de que o joga-dor tinha consciência de sua situação. Certa vez, em uma entrevista, dizia ter sido enviado pela direção do Como ao Centro Técnico de Coverciano, por ter batimentos cardíacos ir-regulares, mas aparentemente, nada foi des-coberto. Afirmava também, por sua constante movimentação no campo de jogo e por sua velocidade, ter um coração louco. O processo judicial movido contra o médico do Perugia e do Centro Técnico de Coverciano se arrastoudurante alguns anos sem nenhuma punição mais severa aos réus. Durante o processo, o promotor de justiça do caso declarou: “Quan-do um jogador entra em uma equipe profissio-nal, torna- se apenas um número para técnicos, médicos e diretores”. O nome de Renato Curi foi eternizado no estádio biancorosso que foi rebatizado em sua homenagem. E sua memó-ria, está intacta aos olhos da torcida, que faz questão de lembrar seu nome nas arquiban-cadas.

A Juventus na vida de Renato Curi: em seu dia de glória e no dia de sua morte

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Youra Eshayao jogador do deserto

Youra Eshaya Pera nasceu em 1933, fi-lho de Eshaya Pera and Batishwa Benyamin em localização desconhecida. O mais prová-vel é que tenha nascido no Iraque ou em ter-ritório russo. Sua família veio do Irã durante a 1ª Guerra Mundial buscando refúgio nas proximidades da Rússia, assim como milhares de Assírios. Posteriormente, em 1935, se mu-daram para Bagdá, onde o pai de Youra tra-balhou na Estação da RAF (Real Força Aérea Britânica) de Hanaidi. Em 37, a família se mu-dou novamente para Habbaniya, sede da nova estação da RAF. Youra começou a jogar futebol na escola, e com apenas 15 anos, foi chamado pelo Levy Civilian para jogar a RAF Football League, em Habbaniya. No mesmo ano, Youra atuou pela equipe junior da RAF Employees’(Assyrian)Club, levando o clube ao título da RAF FA You-th Cup. Suas atuações o levaram para o time principal na temporada 49/50, em que o clube conquistou o campeonato e a copa nacional. Depois disso, Youra representou a equipe da estação da RAF Habbaniya, que jogou contra outras equipes no Iraque e no Oriente Médio, enquanto também jogou por uma equipe que representava o acantonamento civil, onde You-ra e outros empregados da RAF viviam com suas famílias. O jogador se destacava por sua força e habilidade, e é considerado como um dos maiores jogadores da história do Iraque, pelo seu poder em driblar, o faro de gol, e o fôlego para apoiar na defesa. Em 1953, foi selecionado pelo tenente

R.K. Weston, scouter da equipe do Bristol Ro-vers., após marcar três gols numa partida do comando iraquiano contra um time da RAF vindo do Canal de Suez. Youra desembarcou em terras inglesas em Agosto de 1954, depois que o piloto, que o descobriu, e um grupo de oficiais da RAF persuadiram o manager Bert Tanna aceitá-lo. Como ele estava na Inglaterra com um visto de trabalho de apenas um mês (e renovado por duas vezes), foi ordenado que Youra deixasse o país. Porém, o iraquiano conseguiu um induto que o permitiu trabalhar como mineirador enquanto jogava pelo ter-ceiro time do Bristol, na Western League, tor-nando-se o primeiro jogador iraquiano a atuar fora do Iraque. Em 23 jogos pelo Bristol Rovers Colts, Youra marcou 3 gols e foi convocado para atuar na equipe reserva do Bristol em duas partidas, contra o Watford e o Fulham.

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Depois de jogar 4 jogos pelo Bristol em sua segunda temporada, e marcado um gol, Youra decidiu retornar ao Iraque. A razão foi um pedido do Brigadeiro Khadim Abbadi, que ofereceu para Youra e seus familiares a nacio-nalidade iraquiana, um lugar na força Aérea como subtenente e um lugar no Royal Iraqi Air Force FC, chamado de Air Force FC após a Revolução de 58. Isso tudo aconteceu em dezembro de 1955, a apenas alguns meses de sua elegibilidade para atuar no futebol profis-sional inglês, e menos de um mês antes de um dos grandes momentos da história do Bristol, quando goleou o Manchester United por 4 a 0. A estreia internacional de Youra acon-teceu em janeiro de 56, na vitória de 6 a 0 do Iraque contra o Mersden Club, da Turquia, no estádio Kashafa, e se tornou figurinha carim-bada nas convocações até meados dos anos 60, e ajudou seu clube a conseguir uma série de campeonatos e copas nacionais. A apo-sentadoria veio em 1971, após ser suspenso por se casar com Elizabeth, uma mulher sue-ca, graças a normas que proibiam militares iraquianos de se casarem com mulheres de países não-árabes. Mais tarde, foi transferido para Habbaniya para treinar e supervisionar a formação de atletas militares. Depois, emi-grou para a Suécia, e teve três filhos. O fim de Youra aconteceu no lugar que ele melhor desempenhava seu papal na terra. Em 21 de julho de 1992, aos 59 anos, o primeiro jogador iraquiano a atuar no exterior, sofreu um ata-que cardíaco enquanto corria em um campo de futebol em Gotemburgo em que treinavam um grupo de jovens.

Fonte: RSSSF, “Youra Eshaya, the “Desert Foo-tballer”” de Hassanin Mubarak e pesquisas de Keith Brookman e Chris Swift, de Bristol.

Período de trevas Durante o período em que o ditador Saddam Hussein esteve à frente do poder no Iraque, o futebol local foi comandado por um de seus filhos, Uday Hussein (à es-querda na foto). Com as mesmas mãos de ferro do pai, Uday aterrorizava jogadores e treinadores. O caso mais conhecido é a dos irmãos gêmeos Bassam e Ghassam Raouf Hamed. Jogadores da seleção du-rante as Eliminatórias para a Copa de 94, o Iraque ficou a um ponto de conquistar a classificação ao empatar com o Japão em 2 a 2. Na volta para o país, como de costume nas derrotas, Uday ordenou a prisão dos jogadores, sendo que vários deles foram inclusive torturados. Os dois irmãos con-seguiram fugir e partiram rumo à Romê-nia. Após muitos problemas, principal-mente pela dificuldade com a língua local, eles foram articulando uma nova “fuga”, desta vez para a Suécia, onde consegui-ram conquistar relativo sucesso. Além dis-so, são os primeiros iraquiano a disputar uma primeira divisão europeia.

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Sangue Bom!Em fevereiro, a imprensa e o esporte paranaense perdeu um de seus mais ilustres e autênticos personagens, o ex-lateral esquerdo e comentarista Dionísio Filho

Antônio Dionísio Filho nasceu em 14 de abril de 1956, em Ribeirão Preto, inte-rior de São Paulo, onde o lateral-esquerdo iniciou a carreira no Botafogo local em 1970. Ficou no tricolor até 72, e se transferiu para o Guarani de Campinas jogando até 75. No mes-mo ano, teve curtas passagens por Itumbiara e Vila Nova. Após essas andanças, Dionísio teve o momento de maior destaque na carreira. No Atlético Mineiro, foi campeão mineiro de 76 de maneira invicta, ao lado de jogadores como Vantuir, Getúlio, Marcelo Oliveira, Toni-nho Cerezo e Paulo Isidoro. Ele mesmo sem-pre costumou dizer que foi a melhor equipe em que jogou. Depois disso passou pelo Internacional

antes de se estabelecer em Curitiba, cidade que escolheu para viver até seus últimos dias. No estado do Paraná, se tornou ídolo rapida-mente pela força e velocidade, e também pe-las várias conquistas. Passou pelo Trio de Fer-ro da capital (Atlético, Coritiba, e na época, Pinheiros, a parte azul do atual Paraná Clube) conquistou os títulos paranaenses de 79 e 89 pelo Coritiba, e os de 84 e 87 pelo Pinheiros. Vestiu também a camisa do Operário-MS e en-cerrou a carreira no Cascavel, inclusive, sendo um dos jogadores do clube cascavelense na partida que marcou o primeiro gol da história do Paraná Clube. Foi eleito por diversas vezes durante os anos 80, o melhor lateral-esquerdo do Campeonato Paranaense.

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O treinador Sergio Ramirez, que o treinou no Pinheiros, resumia bem seu estilo de jogo: “Dionísio chega junto e não deixa nenhum atacante sambar”. Além de bom na defesa, o Sangue bom soube evoluir durante a carreira e se transformou num grande criador de jogadas. Nos treinamentos, executa-va mais de duzentos cruzamentos da lateral e cobranças de escanteio. Bem-humorado, apelidava seus lançamentos de bu-merangue. A partir de 1992, passou a atuar como comentarista es-portivo e passou pelas rádios Eldorado, Atalaia e Clube, e no momentos, fazia parte da equipe da Rádio Banda B. Na televi-são, trabalhava no Donos da Bola PR, da Band, e no programa É-Esporte Paraná, da TV Educativa. Comentou também para a RPC e para o Premiere. Também se arriscou em funções nas comissões técnicas de Paraná Clube e Comercial de Ribeirão Preto em meados dos anos 90. Com inteligência acima da mé-dia para os padrões boleiros, sabia bater quando achava pre-ciso. “Dirigente gosta de jogador que fala “nois fumo” e “nóis vai”. O Djonga, como era conhecido, não à toa, também tinha o apelido de Sangue Bom. Sempre sorridente, não tinha pres-sa para lhe contar uma boa história e sempre tratou a todos sem distinção. No dia 16 de fevereiro, após quase uma semana de internação, faleceu aos 58 anos vítima de uma síndrome colestática decorrente de uma lesão nas vias biliares. Deixou mulher e três filhos, mas também deixou um legado de alegria e irreverência.

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Como tudo começouO futebol como conhecemos nasceu na Inglaterra no final do séc. XIX. Voltamos no tempo para contar a origem do que se tornou no esporte mais popular do mundo

Sempre quando se fala na origem do futebol, é quase que obrigatório contex-tualizar seus esportes predecessores. Essa ancestralidade do esporte segundo muitos estudiosos do futebol, tem início na China, há 3.000 mil anos a.C. chamado de tsu-chu, e passa por outros similares chineses, gregos ( como o Epyskiros), pelo império Maia, pela frança (Soule), pela Itália (com o tradicional Calcio Fiorentino, que deu origem ao termo Calcio, para o futebol na Itália) e pela Ingla-terra, com o Football, que nasceu nas ruas, se tornando um distúrbio social, tendo que ser controlado pelas autoridades. Popular desde suas remotas origens, o esporte foi tomando forma aos poucos na segunda metade do sé-culo XIX, pelas mãos de intelectuais das inú-meras universidades locais, Porém, as regras do esporte variavam de lugar para lugar. Aos poucos, as regras foram sendo unificadas. As duas principais variações do jogo seguiam as

Regras de Cambridge e as Regras de Shef-field.

A unificação das regras

Cambridge praticava o futebol desde meados de 1579. Mas foi em 1848 que o espor-te deu um novo passo. Os estudantes Herry de Winton e John Charles Thring reuniram repre-sentantes de outras escolas para a definição de um único conjunto de regras (que além de ter influenciado o futebol, contribuiu para a constituição das regras do futebol australia-no). Após 8 horas de conversa, eles chegaram a um consenso. E a influência nas Regras do Jogo, criados em 1963, são claríssimas, como a inclusão de tiros de meta, laterais, e passes para frente, até então proibidos. Porém, as mãos ainda tinham permissão para serem usa-das durante o jogo. Não existe nenhuma cópia do texto original, porém, há na biblioteca de

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Shrewsbury, uma edição revisada datada de 1856. Em 1862, Thring lançou um novo conjun-to de regras, mais simplificado. As primeiras partidas sob estas regras foram disputadas no Parker’s Piece, uma grande área gramada pró-ximo ao centro de Cambridge.

Além do código de Sheffield, os pre-cursores do futebol se inspiraram também no conjunto de regras de Sheffield. A partir de 1855, membros do Sheffield Cricket Club passaram a praticar jogos de bola sem regras fixas. Dois anos depois, no dia 24 de outubro, Nathaniel Creswick e William Prest fundaram o Sheffield Football Club, reconhecidamente o clube mais antigo do mundo. Junto da ins-tituição, foram criadas regras próprias que também deixaram seu legado ao futebol atual. Os travessões que unem as duas traves, os es-canteios, as faltas e os primeiros sistemas de desempate (que incluíam prorrogações e gols de ouro) foram algumas das regras posterior-mente perpetuadas. No primeiro torneio da história do esporte, a Copa Tommy Yudan (da qual falaremos mais a frente), utilizou estas re-gras. A segunda competição mais antiga do mundo, a Copa Oliver Cromwell, foi decidida num gol de ouro em favor do The Wednesday, após empate sem gols diante do Garrick.

A Football Association

Ebenezer Cobb Morley, pode ser con-siderado um dos pais do futebol “moderno”.

Em 1862, ele já havia fundado o Barnes FC, e no ano seguinte, foi um dos responsáveis por fundar a Football Association e unificar as re-gras de Cambridge e Sheffield. Morley era um advogado e liderou a reunião na Freemasons’ Tavern. Numa segunda-feira à noite, em 26 de outubro de 1863, capitães, secretários e repre-sentantes de doze clubes de Londres se reuni-ram “com a finalidade de formar uma associa-ção com o objetivo de estabelecer um código definido de regras para a regulação do jogo”. Os clubes representados foram: Barnes, War Office (atual Civil service FC, e único clube--fundador ainda existente), Crusaders, Forest (Leytonstone), No Names (Kilburn), Crystal Pa-lace (sem nenhuma relação com a atual equi-pe), Blackheath (posteriormente dissidente, e que contribuiu com a criação do Rugby), Ke-nsington School, Perceval House (Blackheath), Surbiton, Blackheath Proprietory School and Charterhouse. Durante os meses seguintes, foram fei-tas outras reuniões que definiram a fundação da Football Association, entidade que regula o futebol na Inglaterra, e o conjunto de regras a ser usado. O primeiro presidente da FA foi Ar-thur Pembe, e Ebenezer Morley assumiu como secretário. Anos depois, em 1878, se deu a uni-ficação definitiva das regras, e posteriormen-te, foi criada a International Football Associa-tion Board, que passou a ser a entidade que rege as regras do futebol até hoje.

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O primeiro clube (e a primeira rivalidade)

Antes mesmo da definição das regras, como dissemos, nasceu o primeiro clube para a prática do futebol: o Sheffield Football Club (foto), fundado em 24 de outubro de 1857 por Nathaniel Creswick e William Prest. Há uma certa controvérsia nisso, afinal, junto da cria-ção das regras de Cambridge, foi fundado o Cambridge University Association Football Club, mas é o Sheffield que é reconhecida-mente o clube mais antigo de todos. É ao lado do todo poderoso Real Madrid o único clube a receber a Ordem de Mérito da FIFA. O Sheffield também é o time que pos-sui a rivalidade mais antiga da história, com o Hallam Football Club. A primeira partida en-tre os dois aconteceu em 1860, no Sandygate road, e o Sheffield conquistou a vitória por 2 a 0. Em compensação, o Hallam deu o troco

vencendo a primeira competição da histo-ria.

O primeiro torneio

A competição mais antiga de todas foi a Youdan Cup. Dis-putada por 12 clubes, foi patrocinada pelo dono de teatro Thomas Youdan, que também cedeu o troféu. Foram três fases de mata-ma-

ta e posteriormente um triangular final. O ven-cedor foi o Hallam FC, que venceu o Norfolk no jogo final por 2 a 1, no Bramall Lane, está-dio do rival Sheffield.

A primeira FA Cup

A Copa da Inglaterra foi criada por Charles W. Alcock, que por ter criado a FA Cup, é considerado o pai do mata-mata. A pri-meira edição da competição foi na temporada 1871-72 e foi vencida pelo Wanderers FC (foto abaixo), que bateu o Royal Engineers por 1 a 0, tento marcado por Morton Betts. O duelo aconteceu no Kennington Oval. Diferente da grandiosidade atual, onde uma infinidade de clubes disputam o charmoso torneio, houve apenas 15 clubes participantes. De lá pra cá, a FA Cup jamais foi interrompida.

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financeira. Hoje, sem termos a mesma chance de partici-parmos, nossas aparições não passam de torneios amistosos em que o torcedor pouco liga e que o mais importante é o dinheiro.

Outra situação similar mar-cante acontece com a Sul-A-mericana. Vencer um torneio internacional, por menor que seja, é algo grandioso. Se en-volve todo um continente, então, isso deveria se tornar ainda mais memorável. Mas a prática desse pensamento ordinário e elitista de, repito, instituições esportivas e mí-dia, faz com que os torcedores tratem uma competição im-

O valor das competições

Recentemente, no Bra-sil, a decadência financeira (e técnica) de alguns torneios, fizeram com que clubes e im-prensa influenciassem o tor-cedor a valorizarem apenas determinadas competições, em geral, elitizadas. Com isso, criou-se no torcedor brasi-leiro em geral, uma corrente de pensamento que prega o desdém de torneios outrora glamourizados. Vivemos uma transição entre o glamour da primeira metade do século XX, passando pela paixão que arrastava multidões das déca-das de 70, 80 e 90, e culminan-do no chamado futebol-gour-met. Ai de quem comemorar um estadual. É achincalhado em praça pública. Afinal, “estadu-ais não valem nada”. Os rurais, como são jocosamente cha-mados, vem sendo sabotados sistematicamente por seus organizadores, pelos gran-des clubes, e principalmente pela mídia. Não que não haja razão em malhar o pobre “Ju-das regional”. Mas é preciso diferenciar crítica de desres-peito. Mas esse processo não passa apenas pelos estaduais. Pense nos pomposos torneios de pré-temporada conquista-dos por inúmeros clubes bra-sileiros. Vencer um Ramón de Carranza, um Teresa Herrera ou um Joan Gamper, eram mo-tivos de orgulho e satisfação

“Não deixem eles falarem que tor-neio tal vale mais que o outro porque traz mais lucro pro clube ou porque a transmissão de TV é espetacular.”

portante como mero capricho do abarrotado calendário. O mesmo fenômeno apare-ce no futebol de seleções. Se antes, o enfrentamento de pa-íses era o supra-sumo do fu-tebol, hoje, essa empolgação só se vê na Copa do Mundo. Amistosos, segundo as cabe-ças pensantes, pouco serve para parâmetro, e vencer os adversários é apenas uma obrigação. Copa das Con-federações e torneios conti-nentais? “Uma bobagem. Não valem de nada”. A não ser a Copa do Mundo sem Brasil e Argentina. E insistem nisso. Sempre tive um pensamento meio megalomaníaco em re-lação a vencer. Quando jogo futebol, no campo, quadra, na rua, na areia ou no video-game, sempre entro pra ven-cer. Quando torço para meu time ou para minha seleção, no estádio, na tv, no rádio ou acompanhando um livescore qualquer na internet, só pen-so na vitória. E penso na histó-ria destas vitórias e possíveis títulos em disputa. Seja muni-cipal, estadual, regional, na-cional ou internacional. Não percam isso. Não deixem eles falarem que torneio tal vale mais que o outro porque traz mais lucro pro clube ou por-que a transmissão de TV é es-petacular. Torneio importante é aquele onde a bola rola por uma taça.

Yuri Casari

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Mês que vem tem mais