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ooREVISTA DOS CURSOS DE SAÚDE

FACULDADE INTEGRADA DO CEARÁ

CORPVS/Rev. dos Cursos de saúde da Faculdade Integrada do Ceará Fortaleza v.1 n.09 p. 08-36 jan./mar. 2009

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DIREÇÃO GERAL

Jessé de Holanda Cordeiro

DIREÇÃO ACADÊMICA

Ana Flávia Alcântara Rocha Chaves

EDITOR-CHEFE CORPVS

Ms. Vasco Pinheiro Diógenes Bastos - FIC Ms. Raimunda Hermelinda Maia Macena - FIC

EDITORIA CIENTÍFICA

Esp. Antônio Carlos da Silva - FIC [email protected]

Ms. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos FIC/ UECE [email protected]

Dra. Rosiléa Alves de Sousa - FIC [email protected]

CONSELHO EDITORIAL:

Ana Cristhina de Oliveira Brasil - FIC Andréa Cristina Silva Benevides - FIC

Agela Massayo Ginbo - FMJ Denise Maria de Sá Machado Diniz - FIC

Eldair Melo Mesquita Filho - FIC Eniziê Paiva Weyne Rodrigues - FIC Estélio Henrique Martin Dantas - FIC Mirna Gurgel Carlos da Silva - FIC

Evandro Martins - FIC José Cauby de Medeiros Freire - FIC

Nilson Vieira Pìnto - FIC Sheilimar Regina Barragão de Sá Magalhães – FIC

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Antonio Carlos da Silva Humberto Alves de Araujo

Thais Cunha Pinto

REVISÃO DE TEXTOS

Ms. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos - UECE Ms.Rosana Cátia Barbosa Terceiro - FIC

Ms. Raimunda Maria do Socorro Sanches de Brito Esp. Antônio Orion Paiva

NORMALIZAÇÃO

Luiza Helena de Jesus Barbosa - CRB - 830

CORPVS/Revista dos Cursos de saúde da Faculdade Integrada do Ceará. – v.1, n.1, (jan./mar.2007). – Fortaleza: Faculdade Integrada do Ceará,2007. v.: il, 30 cm

Trimestral ISSN 1980-9166 v.1, n.09, jan./mar.2009

1.Saúde,Periódicos 2.Educação Física 3.Fisioterapia 4.Gestão Hospitalar I. Título II. Faculdade Integrada do Ceará.

CDD 612

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ooREVISTA DOS CURSOS DE SAÚDE

FACULDADE INTEGRADA DO CEARÁ

v.1 - n. 09 - jan./mar. 2009 - ISSN 1980-9166

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EDITORIAL

É com incomensurável contentamento que apresentamos mais um número da

revista Corpvs. Reconhecendo que o Brasil é notoriamente conhecido pelo extremo

grau de pobreza e desigualdade de sua população, se faz necessário que especial aten-

ção seja dada ao estado de saúde de seus habitantes a fim de melhorar as questões

relativas à qualidade de vida das pessoas. Assim, nesta edição são abordados estudos

relativos ao esporte, ao mercado de trabalho e as ações terapêuticas da Fisioterapia.

No artigo inicial foram estudas as lesões no Complexo Articular do Ombro

em Atletas de Jiu-Jitsu das Academias do Munícipio de Fortaleza/Ce, de Francisco

Marcílio Barbosa Brasil Júnior et al. No estudo sobre mercado de trabalho, Camila

Alencar Martins Fernandes Alves et al aborda como ocorre a Inserção dos Egressos

do Curso de Fisioterapia de uma Instituição de Ensino Superior Particular no Mer-

cado de Trabalho

Nos estudos sobre as ações terapêuticas da Fisioterapia, Juliana Ramiro Luna

Castro et al abordam os usos da Terapia Manual em Clínicas de Fisioterapia; no

quarto artigo, Isabela Parente Ribeiro Frota et al realizaram uma revisão narrativa

sobre a Fisioterapia e Incontinência Urinária. No último estudo, Renata dos Santos

Vasconcelos et al abordam sobre o Tempo de Permanência em Ventilação Mecânica

Invasiva em Pacientes Submetidos à Cirurgia Cardíaca.

Esperamos que os temas sejam de utilidade na sua atuação profissional.

Os editores.

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Sum áRIO

Artigos originAis Prevalência de Lesões no Complexo Articular do Ombro em Atletas de Jiu-Jitsu das Academias do Municipio De Fortaleza/Ce 8

Francisco Marcílio Barbosa Brasil Júnior; Antonio Alfredo Rodrigues e Silva; Kalina Kelma Oliveira de Sousa

A Inserção dos Egressos do Curso de Fisioterapia de uma Instituição de Ensino Superior Particular no Mercado de Trabalho 14

Camila Alencar Martins Fernandes Alves; Michele Alencar Martins Fernandes Alves;

Cristiano Teles de Sousa; Teresa Maria da Silva Câmara; Flávio Feitosa de Pessoa Carvalho;

Ana Cristhina de Oliveira Brasil; Vasco Pinheiro Diógenes Bastos

Aplicabilidade da Terapia Manual em Clínicas de Fisioterapia 19Juliana Ramiro Luna Castro; Cíntia Maria Torres Rocha Silva; Vilena Figueiredo Xavier

Artigos de revisão Incontinencia Urinária e a Fisioterapia: Revisão Narrativa 25

Isabela Parente Ribeiro Frota; Raimunda Hermelinda Maia Macena; Thiago Brasileiro de Vasconcelos;

Vasco Pinheiro Diógenes Bastos

Tempo de Permanência em Ventilação Mecânica Invasiva em Pacientes Submetidos à Cirurgia Cardíaca 32

Renata dos Santos Vasconcelos; Raquel Pinto Sales; Luíz Henrique de Paula Melo;

Clarissa Bentes de Araújo Magalhães; Sarah Sanders Silveira; Andréa da Nóbrega Cirino Nogueira;

Soraya Maria do Nascimento Rebouças Viana

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Artigos originaisArtigos originais

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8CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(9) jan/mar. 2009.

Prevalência de Lesões no Complexo Articular do ombro em Atletas de Jiu-Jitsu das Academias do Municipio de Fortaleza/Ce

Francisco Marcílio Barbosa Brasil JúniorI

Antonio Alfredo Rodrigues e SilvaII

Kalina Kelma Oliveira de SousaIII

RESUMO

O Jiu-Jitsu pode ser considerado um esporte racional, tendo em vista que a sua prática prevê o entendimento de sua complexidade. Além de aprimorar o bem-estar físico e mental por meio de exercícios variados que trabalham todos os grupamentos musculares e articulações, promove a melhora da coordenação motora, propiciando bem-estar, autoconfiança e equilíbrio. Devido às carac-terísticas das ações motoras no Jiu-Jitsu desportivo, e ainda, pelo fato de se constituir um esporte de contato, observa-se que os praticantes podem estar constantemente sujeitos às lesões decorrentes dos golpes proferidos pelos seus praticantes, como também dos deslocamentos corporais dos atletas. Lesões essas que podem muitas vezes afastar, os que o praticam, dos treinamentos e das competições, por períodos de tempo indeterminados. O ombro é um dos membros que sofre frequentes lesões nos esportes com-petitivos. As lesões do ombro nos atletas ocorrem de forma não traumática ou traumática. O objetivo deste estudo foi investigar a prevalência de lesões no complexo articular do ombro em atletas de Jiu-Jitsu no município de Fortaleza-CE. Trata-se de um es-tudo observacional, descritivo e transversal, com abordagem quantitativa, no qual 50 indivíduos que praticaram o Jiu-Jitsu, a pelo menos dois meses, responderam um questionário contendo perguntas objetivas e subjetivas. Os resultados foram demonstrados por meio de tabelas e gráficos. O estudo mostrou que 55% das lesões foram devido a algum golpe ou manobra utilizada durante o treino ou competição e as lesões mais encontradas foram a tendinite, luxação e subluxações de ombro, sendo a tendinite, a lesão mais frequente. Diante dos resultados obtidos, percebeu-se que o esporte é uma modalidade em que ocorre grande número de lesões decorrentes da aplicação plena de suas técnicas.

Palavras-chave: Jiu-Jitsu. Lesões. Tendinite.

ABSTRACT

The Jiu-Jitsu is an intellectual sport, in light of their complexity. Improves the physical and mental well being through various exercises that work all muscle groups and joints, improving motor coordination, providing welfare, self-confidence and balan-ce. Due to the characteristics of motor actions in sport Jiu-Jitsu, and the fact be a contact sport, we observed that the practice can be constantly subject to injury resulting from strokes, but also the displacement body of athletes. Injuries which can often remove the practice of training and competitions, for indeterminate periods of time. The shoulder is home to frequent injuries in competitive sports. The mechanisms of shoulder injuries in athletes occur through traumatic and non-traumatic. This study investigated the prevalence of complex articular injuries in the shoulder in athletes from Jiu-Jitsu in the city of Fortaleza-Ce. This is an observational study, descriptive and cross, with a quantitative approach, in which 50 individuals who do Jiu-Jitsu, at least 2 months, answered a questionnaire containing objective and subjective questions. The results were shown by tables and graphs. The study showed that 55% of injuries were due to a stroke or maneuver used during training or competition and injuries were the most tendonitis, subluxations and dislocations of shoulder. As the most common tendinitis. The results obtained, the sport is in a mode in which a large number of injuries resulting from full application of its techniques.

Keywords: Jiujitsu. Injury. Tendinitis.

I.Fisioterapeuta. Especialização em andamento em Traumatologia e Ortopedia pela Faculdade Estácio do Ceará. II.Odontólogo,Doutor em Fisiologia eFarmacologia, Docente da Universidade Federal do Ceará - SobralIII.Fisioterapeuta. Mestrado em Ciências Fisiológicas. Docente da Faculdade Estácio do Ceará.

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9CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(9) jan/mar. 2009.

Júnior et al Prevalência De Lesões No Complexo Articular Do Ombro

introdUÇão

Nos dias atuais, as pessoas têm muitos motivos que as estimulam à procura da atividade física, entre esses moti-vos, pode-se citar a busca por uma vida mais saudável e o bem-estar psicológico. Guedes e Guedes1 afirmam que a importância da atividade física foi motivo de estudo para muitos pesquisadores. Esses estudos comprovam os bene-fícios que a atividade física traz para o organismo, a saber: a melhora da irrigação sanguínea, o aumento da oxige-nação celular, a diminuição de batimentos cardíacos, a aceleração do metabolismo basal, a diminuição nos índices de ocorrências de hipertensão arterial e o arrefecimento do diabetes e da obesidade.

O Jiu-Jitsu como as outras atividades físicas, traz consigo muitos benefícios, como o desenvolvimento psicossocial das pessoas, o que favorece o convívio social. Ainda como arte milenar, a pratica do Jiu-Jitsu, ajuda a preservar disciplina, a educação, o conhecimento de si e a autoconfiança.

Originada na Índia, essa prática esportiva tem cerca de 2400 anos de existência. Atualmente, o Jiu-Jitsu brasileiro, encontra-se em plena expansão, como também em nível mundial, consequência de um trabalho que teve seu início na década de 1920, por meio de Carlos Gracie. Especia-listas consideram, hoje, o Jiu-Jitsu desenvolvido no Brasil como uma das melhores técnicas dessa arte marcial2.

O Jiu-Jitsu pode ser considerado um esporte racional, tendo em vista que a sua prática prevê o entendimento de sua complexidade. Além de aprimorar o bem-estar físico e mental por meio de exercícios variados que trabalham todos os grupamentos musculares e articulações, promove a melhora da coordenação motora, propiciando bem-estar, autoconfiança e equilíbrio.

Sua prática divide-se em: quedas, torções, estrangula-mentos, pressões, imobilizações e colocações. É praticado em pé e no chão. Para a melhor execução dos golpes e com o objetivo de aumentar os coeficientes de atrito, os atletas usam uma vestimenta especial: o Kimono, amarrado por uma faixa no nível da cintura pélvica e os pés nus. A luta é disputada em uma área denominada tatame3.

Traduzido do idioma japonês, o termo significa “arte ou técnica suave” (Jiu = Suave; Jitsu = arte ou técnica). O significado do termo funda-se em uma filosofia, que prega o predomínio de suas técnicas de luta sobre a imposição da “força bruta”, pois prioriza o uso de princípios biomecâ-nicos que visam otimizar a força muscular do praticante, anular a do oponente, e ou até mesmo utilizar as valências físicas deste contra ele próprio4.

Devido às características das ações motoras no Jiu--Jitsu desportivo, e pelo fato de constituir-se um esporte de contato, observa-se que os praticantes podem estar

constantemente sujeitos às lesões decorrentes dos golpes, como também dos deslocamentos corporais dos atletas. Tais lesões podem, muitas vezes, afastar os praticantes dos treinamentos e das competições, por períodos indetermi-nados de tempo5.

Ejnisman et al.5 relatam que o ombro é objeto frequente de lesões nos esportes competitivos. As lesões, no ombro do atleta, ocorrem de forma não traumática ou traumáti-ca. Os movimentos repetitivos, principalmente dos atletas arremessadores, praticantes de esportes de não contato (beisebol, natação, tênis e vôlei) são atingidos por grande número de lesões não traumáticas. Os traumas diretos ou indiretos ocorrem principalmente nos esportes que priori-zam o contato físico, como judô, rúgbi e Jiu-Jitsu.

O ombro pode ser também, objeto de outra variedade de lesões, a saber: estiramento, inflamação, fibroses, lesão completa ou incompleta do músculo rotador, associada ou não a degeneração articular. São várias as causas que con-correm para o desenvolvimento dos distúrbios do ombro, dentre esses: o trauma, a hipovascularização na inser-ção do músculo supra-espinhoso e o impacto subcromial primário6.

A dor é o principal sintoma manifestado pelos atletas. A localização da dor nos atletas deve ser minuciosamente avaliada, muitas vezes, apresentam estado clínico de dor ântero-lateral sugestiva de síndrome do impacto, mas esta pode ser secundária à instabilidade glenoumeral. O ombro doloroso afeta não só o atleta de alto nível como também o atleta amador e recreacional6.

Tomando como base os movimentos realizados nessa atividade física e nas experiências dessa prática esportiva e marcial, empenhamo-nos em realizar este estudo para observar a prevalência de lesões do complexo articular do ombro, que podem ocorrer tanto em competições como em treinamentos.

O objetivo geral deste estudo é quantificar a prevalên-cia de lesões no complexo articular do ombro em atletas de Jiu-Jitsu no município de Fortaleza/CE, e verificar uma possível relação entre a lesão no complexo articular do om-bro e a manobra/golpe do Jiu-Jitsu, para identificar o tipo de lesão mais frequente encontrado no complexo articular do ombro dos praticantes de Jiu-Jitsu.

MetodoLogiA

O Estudo realizado é de cunho observacional, descriti-vo e transversal, com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada nas academias Black Belt e Storm Mg Team localizadas nos bairros São Gerardo e Rodolfo Teófi-lo, respectivamente, em Fortaleza (CE). Participaram da pesquisa atletas praticantes de Jiu-Jitsu, em número de 50

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10CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(9) jan/mar. 2009.

Júnior et al Prevalência De Lesões No Complexo Articular Do Ombro

alunos, regularmente matriculados no período da coleta de dados, nas academias citadas.

Foram incluídos os indivíduos do sexo masculino e fe-minino que apresentaram idade entre dezoito a cinquenta anos. Sendo indivíduos que praticavam Jiu-Jitsu há, pelo menos, dois meses e que concordaram em participar do estudo assinando um termo de consentimento livre e esclarecido.

A coleta de dados foi obtida no período de outubro a dezembro de 2008, através de questionário com perguntas subjetivas e objetivas. O questionário foi aplicado três ve-zes na semana, para atingir os participantes do estudo. Em seguida, foram analisados, com base na teoria e referencia.

Os dados coletados foram analisados por meio da es-tatística descritiva, utilizando o software SPSS (Statistical Package for the Social Sciencies), versão 10.0 e os resultados demonstrados por tabelas e gráficos. Na realização da pes-quisa, foram seguidos os princípios bioéticos previstos na resolução do Conselho Nacional de Saúde nº. 196/967, que regulamenta a pesquisa em seres humanos. Foram preser-vados os princípios bioéticos fundamentais do respeito do indivíduo (autonomia), da beneficência (incluindo a não maleficência) e da justiça.

resULtAdos e disCUssão

A apresentação dos resultados, que se segue, foi organi-zada de acordo com a orientação dos objetivos do estudo, com a finalidade de facilitar a compreensão dos mesmos. A constituição do perfil populacional dos entrevistados envolvidos no estudo (n = 50) se deu a partir das caracte-rísticas descritas abaixo:

Relativo à média da frequência da prática do Jiu-Jitsu, 2% (1) responderam que vão à academia apenas 6 vezes por semana, 6% (3) vão 2 vezes por semana, 12% (6) vão 4 vezes por semana, 18% (9) vão 3 vezes por semana, e a grande maioria 62% (31) praticam o esporte 5 vezes semanalmente (Gráfico 1).

6%

18%

12%62%

2%

2 vezes3 vezes4 vezes5 vezes6 vezes

Gráfico1 - Quantas vezes por semana pratica o esporte?

Os resultados referentes à pergunta sobre a gradua-ção por faixa resultou em: 2% (1) responderam ter faixa

amarela, 6% (3) terem faixa marrom, 18% (9) faixa branca, 20% (10) terem faixa preta, 24% (12) tem faixa roxa e 30% (15) responderam terem graduação por faixa azul no Jiu--Jitsu (Gráfico 2).

18% 2%

30%24%

6%

20% BrancaAmarelaAzulRoxaMarronPreta

Gráfico 2 - Qual sua graduação no esporte?

Investigou-se sobre a prática do aquecimento antes des-ta atividade física, constatou-se que: 6% (3) não realizam e 94% (47) realizam o aquecimento, o que pode contri-buir para minimizar os riscos de lesões que o esporte pode causar. O ideal é realizar uma caminhada ou uma corrida leve por 5 minutos. Esse aquecimento bombeia sangue e aumenta a temperatura muscular, o que torna as fibras de colágeno mais elásticas (Gráfico 3).

94%

6%

SimNão

Gráfico 3 – Faz aquecimento antes do treino?

Gráfico 3 perguntados sobre o aquecimento (alonga-mento) antes do treino, encontrou-se um percentual de 2% (1) que não realizam o alongamento e 98% (49) dos par-ticipantes da pesquisa que praticam o alongamento antes da prática do Jiu-Jitsu. Isto também pode estar associado à prevenção de lesões no complexo articular do ombro, já que o alongamento propicia uma maior elasticidade e f le-xibilidade da musculatura do ombro.

98%

2%

SimNão

Gráfico 4 - Faz alongamento antes do treino?

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11CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(9) jan/mar. 2009.

Júnior et al Prevalência De Lesões No Complexo Articular Do Ombro

Da amostra de 50 atletas que responderam o questio-nário, 36% (18) responderam que realizam o alongamento após a prática do esporte e 64% (32) responderam que não realizam o alongamento depois (Gráfico 5). Vale ressaltar que técnicas de alongamento após a atividade física é efi-caz para o relaxamento das fibras musculares que estavam sob tensão.

36%

64%

SimNão

Gráfico 5 - Faz alongamento depois do treino

Quanto à ocorrência de lesão no ombro na prática de Jiu-Jitsu, foi encontrada uma percentagem de 40% (20), sendo um valor que pode possivelmente ser considerável, por se tratar de uma lesão numa região anatômica bem específica (Gráfico 6).

6

40%

60%

SimNão

Gráfico 6 - Sofreu algum tipo de lesão no ombro praticando o esporte?Em relação à lesão ter sido causado durante algum golpe durante o treino, 45% (9) responderam que não e 55% (11) responderem que sim, que foi durante a prática do esporte que ocorreu a lesão no ombro (Gráfico 7).

Isso pode indicar que essa prática esportiva pode ser considerada lesiva ao esportista por se tratar de golpes traumáticos.

55%

45% SimNão

Gráfico 7 - A lesão foi aplicada a algum golpe durante o treino?

Os tipos de lesões encontrados foram: tendinite, luxa-ção, sub-luxação, fratura do úmero, fissura da clavícula e alguns não souberam responder o tipo. É importante observar que a maior parte dos entrevistados (35%) apre-senta tendinite, ficando a parte restante dividida entre

luxação, sub-luxação, fratura do úmero, fissura da clavícu-la e as lesões desconhecidas (Gráfico 8). Segundo Borges e Vasconcelos, as lesões músculo-ligamentares, em que a tendinite é, provavelmente, a mais comum, ressalta-se en-tão que coincide com o tipo de lesão mais referida neste trabalho.

35%

20%

20%

5%

5%

15% Tendinite

Luxação

Sub- luxação

Fratura do umero

Fissura da clavicula

Não soube dizer

Gráfico 8 - Que tipo de lesão?

A região acometida pela lesão de maior prevalência foi a lesão na região anterior em 64% (16) dos indivíduos, enquanto que 36% (4) relataram que a lesão na região pos-terior. A instabilidade anterior do ombro pode ser uma das causas de lesões em atletas que praticam esportes no qual exigem maior trabalho dos membros superiores (Gráfico 9).

64%

36%Anterior

Posterior

Gráfico 9 - Essa lesão foi na região anterior ou posterior do ombro?

Outra variável considerada foi quanto à procura de aten-dimento do profissional da área da saúde. Menos da metade (45%) dos indivíduos que responderam o questionário, dis-seram que não procuraram nenhum tipo de atendimento e 55% procuraram o serviço da saúde. Isso mostra que a popu-lação parece se preocupar, com a qualidade de vida, com o bem-estar e a saúde física (Gráfico 10).

55%

45% SimNão

Gráfico 10 - Procurou algum profissional da área da saúde para realizar algum tipo de tratamento?

Dentre os 55% (11) que procuraram o atendimento por profissionais da saúde, 18% (2) procuraram o tratamento

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12CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(9) jan/mar. 2009.

Júnior et al Prevalência De Lesões No Complexo Articular Do Ombro

fisioterapêutico, 36% (4) procuraram o profissional da medicina e 46% (5) procuraram os dois serviços simulta-neamente (Gráfico 11).

36%

18%

46% Médico

Gráfico 11 - Se sim, qual?

A partir daqui, seguem as comparações com outros trabalhos similares encontrados na literatura, que se de-bruçam sobre o estudo das múltiplas lesões relacionadas com a prática do Jiu-Jitsu, porém não restritas ao complexo articular do ombro.

Ejnisman5, em seu estudo, buscou apresentar a experi-ência no atendimento de atletas com sintomas na região do ombro, procurando avaliar a faixa etária, esportes envolvi-dos, mecanismo de lesão, diagnóstico e acompanhamento até o retorno ao esporte. Encontrou-se associação, es-tatisticamente, significante entre esporte de contato e mecanismo da lesão.

A proporção de casos de lesão traumática nos atle-tas que praticam esporte de contato (56,1%) mostrou-se, significantemente, maior do que a encontrada entre os praticantes de esportes de não contato (33,9%). O inver-so também vale, isto é, a proporção de casos de lesão não traumática nos atletas que praticam esporte de contato (43,9%) mostrou-se, significantemente, menor do que a encontrada entre os praticantes de esportes de não-contato (66,1%).

As lutas desportivas pertencem ao grupo das modalidades com condições variáveis de competição e que exigem resis-tência específica. Sendo que o traço característico do nível

desportivo nessas modalidades é a existência de um conjun-to amplo de movimentos motores complexos caracterizados pelo nível de desenvolvimento da capacidade de aplicar es-forços explosivos, possuindo certa variedade de adaptação às condições variáveis de competição. Ao mesmo tempo, é apropriado um alto nível de desenvolvimento da capacidade de resistência à fadiga sem a diminuição da eficácia das ações técnicas e táticas e dos métodos9.

Hamill e Knutzen10 citam que a articulação do ombro é comumente lesada por trauma direto ou uso excessivo re-petido; a luxação ou subluxação na articulação glenoumeral é frequente devido à falta de contenção e à dependência dos tecidos moles para obter contenção e suporte na articula-ção; o grau de recorrência da luxação depende da idade do indivíduo, sendo maior em jovens com menos de vinte anos de idade e da magnitude da força produzindo a luxação.

Platonov11 afirma que muitos esportistas excepcionais es-tão obrigados a depender mais atenção e tempo na cura das enfermidades e dos traumatismos que na própria atividade de treinamento e competição. Vários deles têm suportado gravíssimas cirurgias, com gasto de tempo e forças na pos-terior reabilitação e recuperação do nível de treinamento.

ConCLUsão

Na modalidade esportiva em estudo, as lesões que mais acometem os atletas durante o treino ou competições, são percebidas a partir de uma manobra ou golpe realizado. As lesões mais frequentemente encontradas nos pratican-tes do Jiu-Jitsu foram as tendinites, luxações e subluxações, consecutivamente. Observou-se um caso de fissura de cla-vícula e outro de fratura de úmero.

Baseando-se nos resultados obtidos e descritos neste es-tudo constatou-se que o Jiu-Jitsu desportivo constitui em uma modalidade que pode ser considerada como altamente lesiva aos seus praticantes, devido ao grande número de pos-síveis lesões decorrentes da aplicação plena de suas técnicas.

reFerÊnCiAs

1. Guedes DP, Guedes JE. Controle de peso corporal: composição corporal, atividade física, nutrição. Paraná: Midio-graf; 1998.

2. Amaral L. Duros na Queda. Revista Inside Brasil (Ed. Especial). 2000; 26.3. Assis MMV, Gomes MI, Carvalho EMS. Avaliação isocinética de quadríceps e ísquios tibiais nos atletas de Jiu-

-Jitsu. [Acesso 2008 Set 21]. Disponível em: http://www.unifor.br/notitia/file/514.pdf.4. Ide BN, Padilha D. A. Possíveis lesões decorrentes da aplicação das técnicas do Jiu-Jitsu desportivo. [Acesso 2008

Set 21]. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd83/jiu.htm.5. Ejnisman B, Andreoli CV, Carrerra EF, Abdalla RJ, Cohen M. Lesões músculo-esqueléticas no ombro do atleta: meca-

nismo de lesão, diagnóstico e retorno à prática esportiva. Revista Brasileira de Ortopedia. 2001; 36(10): 389-93.6. Mendonça-Junior HP, Assunção AA. Associação entre distúrbios do ombro e trabalho: breve revisão da literatura.

Revista Brasileira de Epidemiologia. 2005; 8(2)167-76.

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13CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(9) jan/mar. 2009.

Júnior et al Prevalência De Lesões No Complexo Articular Do Ombro

7. Brasil, Ministério da Saúde. Resolução CNS n° 196, de 10 de Outubro de 1996. Aprova diretrizes e normas regu-lamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União, Brasília, n. 201, p. 21082, 16 out. 1996.

8. Borges L, Vasconcelos EBSR. Lesões musculoesquelética decorrentes da prática da musculação. [Acesso 2009 Jan 5]. Disponível em: http://www.institutocohen.com.br/ videos/musculaco.swf//.

9. Verkhoshanski YV. Treinamento desportivo: teoria e metodologia. Porto Alegre: Artmed; 2001.10. Hamill J, Knutzen KM. Bases biomêcanicas do movimento humano. 2ª Ed. São Paulo: Manole, 2008.11. Platonov VN. Teoria geral do treinamento desportivo olímpico. Porto Alegre: Artmed; 2004.

Submissão: 12/12/2008 Aceite: 15/02/2009

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14CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(9) jan/mar. 2009.

A inserção dos egressos do Curso de Fisioterapia de uma instituição de ensino superior Particular no Mercado de trabalho

Camila Alencar Martins Fernandes AlvesI

Michele Alencar Martins Fernandes AlvesII

Cristiano Teles de SousaIII

Teresa Maria da Silva CâmaraIV

Flávio Feitosa de Pessoa CarvalhoV

Ana Cristhina de Oliveira BrasilVI

Vasco Pinheiro Diógenes BastosVII

RESUMO

Introdução: O fisioterapeuta é um profissional da saúde que atua nos três níveis de atenção. Nos últimos anos tem sido ob-servado um incremento no número de escolas de formação deste profissional. Objetivo: Este estudo analisa a inclusão dos fisioterapeutas egressos de uma Instituição de Ensino Superior Particular na cidade de Fortaleza/CE no mercado de trabalho. Metodologia: Estudo seccional, exploratório-descritivo com estratégias de análise quantitativa, realizado entre agosto e no-vembro de 2005 com 35 egressos de uma Instituição de Ensino Superior Particular, sendo os dados coletados através de um questionário estruturado e posteriormente analisados utilizando o programa SPSS versão 13.0. Resultados: Constatamos que 77% dos pesquisados buscam qualificação profissional com predomínio para a área de Terapia Manual e de Dermato-Funcional, embora não sejam as de maior atuação, destacando-se neste caso as especialidades de Traumato-Ortopédica e Neurofuncional. Identificamos também que dos 79% dos Fisioterapeutas da nossa amostra que exercem a profissão apresentaram uma média de carga horária semanal de nove horas, com a grande maioria (56%) tendo uma remuneração mensal entre dois a cinco salários mínimos. Conclusão: Através dos dados obtidos constatamos que há a necessidade da tomada de determinadas medidas para minimizar as dificuldades da inserção dos fisioterapeutas no mercado de trabalho tais como: concursos públicos, qualificação profissional e a valorização da profissão.

Palavras-chave: Mercado de Trabalho. Egresso. Fisioterapia.

ABSTRACT

Introduction: The physiotherapist is a health professional who works in the three levels of care. In recent years there has been a in-crease in the number of schools of professional training. Objective: goal this study analyzes the inclusion of physical therapists who come from a private institution of higher education in the city of Fortaleza/CE in the labor market. Methodology: A cross-sectional, descriptive exploratory strategies with quantitative analysis, conducted between August and November 2005 with 35 graduates from a private institution of higher education, and the data collected using a structured questionnaire and subsequently analyzed using SPSS version 13.0. Results: We found that 77% of respondents seek professional qualification with a predominance for the area of manual therapy and Dermato-Functional, although not the most active, especially in this case the specialties of Trauma and Orthopedic and Neurofunctional. We also identified that 79% of the physiotherapists in our sample engaged in the profession had an average weekly workload of nine hours, with the vast majority (56%) with a monthly salary between two and five minimum wages. Conclusion: Through the data we find that there is a need of taking measures to minimize the difficulties of integration of physical therapists in the labor market such as tenders, and qualification for the profession.

Keywords: Labour Market. Egress. Physiotherapy.

I. Fisioterapeuta graduada pela Faculdade Estácio do Ceará.II. Mestra em Ciências Fisiológicas e Professora da FAESPI.III. Fisioterapeuta, Mestre em Farmacologia e Professor da Faculdade Estácio do Ceará.IV. Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia cardio-respiratoria e Professora da Faculdade Estácio do Ceará.V. Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia cardio-respiratoria e Professora da Faculdade Estácio do Ceará. VI. Fisioterapeuta, Mestre em Saúde Pública e Professora da Faculdade Estácio do Ceará.VII. Fisioterapeuta, Doutor em Farmacologia e Professor da Faculdade Estácio do Ceará.

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15CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(9) jan/mar. 2009.

Alves et alA Inserção Dos Egressos Do Curso De Fisioterapia

introdUÇão

Regulamentada há menos de 40 anos, a profissão de Fisioterapia vem se destacando no cenário nacional com a sua potencialidade de contribuir com a qualidade de vida da população. O fisioterapeuta é o profissional de nível superior apto a avaliar e resolver problemas de saúde no campo da fisioterapia, único responsável legal-mente por suas ações e autorizado a avaliar, prescrever e induzir Fisioterapia em seus pacientes, bem como a es-tabelecer critérios de alta. O fisioterapeuta pode receber seus pacientes por encaminhamento de outros profis-sionais ou de forma direta1-4. Atua nas mais diversas áreas especializadas, dentre as quais se destacam: Trau-mato-ortopédica, Geriátrica, Pediátrica, Desportiva, Reumatológica, Cárdio-respiratória, Dermato-funcional, Neurológica e Uro-ginecológica1-2.

Atualmente, no Ceará, são sete as Instituições de Ensino Superior (IES) que contam com curso de Fisio-terapia, sendo dois no interior do Estado3. Em razão da crescente abertura de novos cursos de Fisioterapia, o nú-mero de profissionais tem aumentado significativamente4, o que dificulta a inserção destes no mercado de trabalho. Devido às mudanças socioeconômicas e da demanda de profissionais ocorridas nas últimas décadas, houve o avan-ço de novas modalidades de inserção no mercado laboral, como o trabalho temporário ou sem contrato que, em geral, apresenta instabilidade, menores salários e piores condições no exercício da profissão. Estima-se que apenas 50% desses profissionais estejam atuando como fisiotera-peutas. Dessa porcentagem mais de 70% são profissionais liberais, que trabalham em seus consultórios, clínicas ou em domicílio5. O aumento do número de profissionais graduados em Fisioterapia aliado à elevação progressi-va do grau de aperfeiçoamento e de especialização dos mesmos tem acirrado a competitividade do mercado de trabalho6,9.

Os currículos possuem em comum a ênfase em uma formação generalista e o alargamento das possibilidades de vivencias práticas durante o curso. Para muitos, estas são efetivas alternativas para possibilitar a formação de um profissional critico, ref lexivo e capaz de atuar em equipe multiprofissional, além de favorecer a maturidade pessoal e a identidade profissional necessárias para agir em situação de imprevisibilidade. A questão norteadora deste estudo é como isso está sendo concretizado na inser-ção desse individuo no mercado de trabalho? Desse modo, este estudo descreve as tendências do mercado de traba-lho na área da Fisioterapia, segundo egressos, avaliando suas dificuldades e apontando soluções utilizadas para o exercício da Fisioterapia.

MetodoLogiA

Estudo seccional, exploratório-descritivo com estra-tégias de análise quantitativa realizado entre agosto e novembro de 2005, de acordo com a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital de Messejana (Protocolo No.283/05).

A amostra foi constituída dos fisioterapeutas oriundos de uma Instituição de Ensino Superior Par-ticular (IESP) na cidade de Fortaleza/CE selecionada aleatoriamente.

Os participantes foram os egressos do curso de gradu-ação em Fisioterapia, formados no período de 2004 a 2005, o que abrangeu a época de graduação da primeira/segunda turma da IESP. A amostra foi composta aleatoriamente por 35 indivíduos de ambos os sexos, residentes na cidade de Fortaleza e que aceitaram participar da pesquisa, através da assinatura de um termo de consentimento. A escolha de tais sujeitos deveu-se à maior possibilidade desses já es-tarem instituídos no mundo de trabalho, com uma visão concretizada sobre as requisições que submergem o univer-so laboral.

O estudo foi desenvolvido em duas etapas comple-mentares de coleta de dados. A primeira consistiu no mapeamento dos egressos e no levantamento de informa-ções sobre sua inserção profissional. Esse mapeamento foi realizado por meio de ligações telefônicas a partir de listagem de nomes e contatos fornecidos pela própria IES. Na tentativa de atualização desses contatos, foi realizada uma busca no site  de relacionamento Orkut, na Plata-forma  Lattes, e feito contato telefônico com muitos dos egressos. Além disso, à medida que eram respondidos os instrumentos, solicitava-se ao participante que informasse os endereços eletrônicos de colegas da turma ou de outras no período estabelecido na pesquisa.

A segunda etapa ocorreu nos campos de atuação dos profissionais e foi feita através de um questionário conten-do variáveis sócio-demográficas e formação profissional além daquelas relacionadas com a problemática: área de atuação, tipo de serviço e remuneração mensal.

Os dados foram armazenados e analisados utilizando o programa SPSS versão 13.0 (Statistical Package for the So-cial Sciences), sendo apresentados por meio de tabelas com frequências absolutas e relativas.

resULtAdos e disCUssão

De acordo com Rebelatto e Botomé10, um dos pri-meiros documentos oficiais que definem a ocupação do fisioterapeuta é o Parecer nº 388/63 do Conselho Fede-ral de Educação. Esse parecer representa a força do papel

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Alves et alA Inserção Dos Egressos Do Curso De Fisioterapia

reabilitador do fisioterapeuta na época; embora tivesse formação de nível superior, ele ainda era denominado técnico. O termo técnico vem marcar a competência de auxiliar do médico. Esse parecer serviu de guia até 1969, quando a fisioterapia é reconhecida como profissão de ní-vel superior.

O nosso estudo foi constituído de oitenta e um for-mados, dos quais apenas trinta e cinco fisioterapeutas responderam ao questionário, sendo vinte e nove do sexo feminino e seis do sexo masculino. Dentre es-ses profissionais, sete formaram-se na primeira turma (2004.1), doze na segunda turma (2004.2) e dezesseis na terceira (2005.1). Detectamos que o curso de Fisio-terapia foi a única formação de nível superior realizada por todos os profissionais. No item referente ao motivo pelo quais os profissionais optaram pelo curso, a grande maioria (67%), afirmaram gosto pela profissão, (11%) e pela busca de enriquecimento financeiro. Na última al-ternativa, a maioria referiu ter sido essa profissão como segunda opção durante o vestibular. A maioria dos fi-sioterapeutas (77%) já possui pós-graduação lato sensu ou ainda estão cursando. A pós-graduação em Terapia Manual e Fisioterapia em Dermato-funcional foram as mais procuradas pelos profissionais de Fisioterapia, a primeira com 32% e a segunda com 18% da casuística. Na pós-graduação, a nível stricto sensu, 3% estão cursan-do o Mestrado (Tabela 1).

As duas mais citadas possuem as maiores percenta-gens devidas, provavelmente, à possibilidade de maior retorno financeiro aos fisioterapeutas na atualidade. Vale ressaltar também que o número de profissionais graduados em Fisioterapia aliado à elevação progressi-va do grau de aperfeiçoamento e de especialização do mesmo tem acirrado a competitividade do mercado de trabalho9. O mercado de trabalho demanda profissio-nais preparados, entretanto o alcance deste objetivo não é atribuição tão somente das entidades formadoras. Ele deve ser perseguido ao longo de toda a trajetória profissional contando-se, para isso, com o indispen-sável envolvimento do indivíduo. O atual modelo de formação dos profissionais de Fisioterapia fragmenta o individuo a ser atendido e, com isso, quebra o co-nhecimento, supervalorizando as especialidades, o uso indiscriminado de recursos tecnológicos. Nesse modelo, os serviços de atuação da fisioterapia estão organizados com base em ações curativas e individualizadas, centra-das na doença e não na pessoas11.

Tabela 1 - Descrição da amostra. Fortaleza/Ce, 2005.

Características da amostra Fa F%Sexo

MasculinoFeminino

0629

17,182,9

Turma1ª.2ª.3ª.

071216

20,046,034,0

Motivação pela profissãoInteresse prévio/gostavaPotencial de ganho financeiroOutros motivos

230408

67,011,022,0

Pós-graduação lato sensu em curso ou concluída 27 77,0Pós-graduação lato sensu

Terapia manualFisioterapia Dermato-funcionalFisioterapia em Neonatologia e pediatriaFisioterapia HospitalarFisioterapia em Necessidades EspeciaisFisoterapia CardiorrespiratóriaOutras áreas

11644225

32,018,011,011,07,06,015,0

Pos-graduação stricto sensu em curso ou concluída 1 3,0

Uma parcela de 86% dos profissionais (n=30) pesquisa-dos afirma ser difícil a colocação no mercado de trabalho. Quase ¾ da amostra exercem a profissão de fisioterapeu-ta, tendo sido 15% inseridos imediatamente no mercado de trabalho. Contudo apenas 12% possuem direitos tra-balhistas. A carga horária média de trabalho é de 9 horas semanais (± 3,21), excluindo dois profissionais que não souberam quantificá-la. Enfatizamos que do total a gran-de maioria dos profissionais (56%) tem remuneração entre dois a cinco salários mínimos, descartando desse tópico aqueles que trabalham como voluntários. Mais da metade da amostra (57%) utiliza-se de outros recursos financeiros para suprir suas necessidades. Dentre os que exercem a Fisioterapia, (50%) trabalham em um único local, predo-minando o serviço privado em (48%) e autônomo (31%) e o público (21%). Os dados anteriores divergem quanto à área de atuação, havendo predominância da especialidade de Traumato-Ortopedia (25%), seguida de Neurofuncional (23%), Cárdio-respiratória (19%), Dermato-Funcional (11%), Desportiva (6%), Pediatria (4%), Pilates, Craniomandibu-lar, Geriatria, Hospitalar, Hidroterapia e Oncologia com (2%) cada (Tabela 2).

A análise de mercado de trabalho centra-se em duas premissas: a quantidade de emprego e a remuneração12. Nesse estudo, consideramos que a diversidade de atuação do fisioterapeuta (autônomo x assalariado, atuando em

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Alves et alA Inserção Dos Egressos Do Curso De Fisioterapia

segmentos diversos do mercado) torna mais complexa a análise da inserção no mercado de trabalho. Com base nos dados, podemos considerar que a necessidade de ter ou-tra fonte de renda e mais de ¼ da amostra não atuar na área de formação são indícios da dificuldade de inserção no mundo do trabalho. Há que se destacar ainda que os rendimentos do trabalho são insuficientes para manter o profissional totalmente dedicado à profissão que escolheu.

A escassez quanto à produção científica tem repercuti-do na dificuldade de se ter à disposição informações que incluam na história da fisioterapia, a discussão do processo de profissionalização e o desenvolvimento da identidade do profissional dessa área13.Tabela 2 - Descrição da amostra em relação a inserção no mercado de trabalho. Fortaleza/CE, 2005.

Inserção no mercado de trabalho Fa F%Considera difícil a inserção no mercado de trabalho 30 86,0

Exercem a profissão de fisioterapeuta 25 71,0Inseridos no mercado de trabalho em até 6 meses após a conclusão do curso 05 15,0

Possui carteira de trabalho assinada 03 12,0Remuneração mensal Menos de 2 sm2-5 sm5-10 sm

112003

31,057,012,0

Possui outra fonte de renda 20 57,0Número de locais de trabalho 3 locais2 locais1 local

061218

17,033,050,0

Tipo de instituição de trabalhoPúblicoPrivadoAutônomo

071711

21,048,031,0

Área de atuaçãoTraumato-ortopediaNeurofuncional Cárdio-respiratóriaDermato-funcionalDesportivaPediatriaPilatesDtmGeriatriaOutras

09080704020101010103

25,023,019,011,06,04,02,02,02,08,0

No que se refere ao item de como minimizar as dificul-dades encontradas para a inserção no mercado de trabalho, constatamos que a grande maioria afirma que a resolução está centrada em três fatores principais: a realização de concursos para a Fisioterapia, a permanente qualificação profissional e a necessidade de que haja uma valorização da profissão a nível nacional (Quadro 1).

Quadro 1 - Fatores que podem minimizar as dificuldades da inserção dosFisioterapeutas no mercado de trabalho.

Fatores determinantes para minimizar as dificuldades F%Realização de concursos na áreaQualificação profissionalValorização da profissãoConhecimento pela população e classe médica da função da FisioterapiaMaior atuação do ConselhoImpedir o emprego de estagiários (mão- de - obra barata)Evitar surgimento de novas instituiçõesUnião da classe

2525199774

4TOTAL 100

É indiscutível o quanto a fisioterapia tem avançado, tanto na produção de conhecimento específico e na imple-mentação desse conhecimento na clínica, conhecida como prática baseada em evidências, quanto em programas de pós-graduação lato sensu e stricto sensu; porém, a socializa-ção necessária para o reconhecimento público ainda não foi alcançada14.

Autores como Noronem, Widstrom15 e Nascimento, Sampaio, Salmela, Mancini, Figueiredo16 acreditam que, enquanto o fisioterapeuta não identificar o seu papel e ser capaz de falar claramente sobre ele nas equipes multidis-ciplinares de saúde, a profissão não irá avançar. Machado12 reforça essa questão quando coloca que, apesar de o fisiote-rapeuta ter tradição de trabalho, essa é uma profissão nova, com pouca participação nas equipes do Sistema Único de Saúde.

ConCLUsÕes

De acordo com os dados obtidos, constata-se que grande número desses fisioterapeutas escolhe essa pro-fissão por afinidade e que, após graduados, a maioria desses profissionais forma-se em um ou mais curso de pós-graduação lato sensu, estando uma parcela significa-tiva no exercício profissional. Entretanto, mesmo com a consistência desses dados, os pesquisados afirmam que há certa dificuldade para colocação no mercado de trabalho, além da baixa média de carga horária semanal e de re-muneração mensal muito aquém em relação aos serviços prestados.

A elevação no número de concursos na área fi-sioterápica, como também, a constante qualificação profissional e o aumento da valorização da profissão a nível nacional foram as principais ações apontadas para minimizar as dificuldades encontradas, pela grande maioria desses profissionais, para inserir-se no mercado de trabalho.

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Alves et alA Inserção Dos Egressos Do Curso De Fisioterapia

reFerÊnCiAs

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Minas Gerais. Rev. bras. fisioter. 2006; 10(2).

Submissão: 13/01/2009 Aceite: 05/03/2009

Diante do exposto, considera-se fundamental a união da classe, que deve ser estimulada desde o momento em que o estudante de fisioterapia inicia a faculdade, adquirindo uma postura ética, científica e autônoma, permitindo-lhe

maiores oportunidades trabalhistas. Além de se fazer ne-cessárias ações de políticas públicas mais efetivas, capazes de reconhecer a importância do exercício da fisioterapia na atenção primária à saúde.

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Aplicabilidade da terapia Manual em Clínicas de Fisioterapia

Juliana Ramiro Luna CastroI Cíntia Maria Torres Rocha SilvaII

Vilena Figueiredo XavierIII

RESUMO

Este trabalho objetivou analisar a aplicabilidade da TM como parte do tratamento fisioterápico nas clínicas de Fisioterapia. Vislum-brando a verificação das técnicas mais utilizadas no tratamento fisioterápico e identificando a aplicabilidade dessas técnicas junto às disfunções musculoesqueléticas. Realizou-se um estudo transversal quantitativo em 03 clínicas escolas e 01 clínica particular de Fisioterapia, localizadas no município de Fortaleza-CE. A amostra constou de todos os profissionais e acadêmicos de Fisioterapia dessas clínicas. Os dados foram coletados através de um questionário semiestruturado e posteriormente tabulados através de sof-tware Microsoft Excel e expressos em gráficos e tabelas. No total foram analisados 86 questionários: 28 de profissionais e 58 de acadêmicos, onde o percentual de utilização da TM como recurso terapêutico foi: nas clínicas A e C 100%, clínica B 54%, clínica D 95% para os acadêmicos e 100% dos profissionais de todas as clínicas pesquisadas. Conclui-se que as técnicas de TM têm sido bastante utilizadas pelos acadêmicos de Fisioterapia, principalmente para tratamento de disfunções osteo-articulares e musculares.

Palavras-chaves: Terapia manual. Tratamento. Fisioterapia. Profissionais. Acadêmicos.

ABSTRACT

This study aims to evaluate the applicability of TM as part of physical therapy clinics Physiotherapy. Glimpsing the verification of the techniques used in physical therapy and identifying the applicability of these techniques along with musculoskeletal disorders. We conducted a quantitative cross-sectional study in 03 schools and 01 clinics Physiotherapy private practice, located in Fortaleza--CE. The sample consisted of all professionals and academics from these physiotherapy clinics. Data were collected through a semi-structured questionnaire and then tabulated using Microsoft Excel software and expressed in graphs and tables. In total 86 questionnaires were analyzed: 28 of 58 professionals and academics, where the percentage of use of TM as a treatment method was, in clinics A and C 100%, 54% clinic B, D 95% for clinical academics and 100% professionals of all clinics surveyed. It is concluded that the TM technique has been widely used by scholars of Physiotherapy, mainly for treatment of osteo-articular disorders and muscle.

Keywords: Manual Therapy. Treatment. Physiotherapy. Professionals. Academicians.

I. Fisioterapeuta Mestranda bolsista em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Ceará – UFC, Fortaleza -CEII. Fisioterapeuta Doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Ceará – UFC, Fortaleza –CEIII. Fisioterapeuta Professora Assistente da Universidade Federal do Ceará.Mestre em Patologia pela Universidade Federal do Ceará – UFC, Fortaleza –CE

introdUÇão

A Terapia Manual (TM) vem sendo utilizada desde a antiguidade, onde se mobilizavam os tecidos moles do corpo como forma de terapia física. Recentemente se tor-nou um dos métodos mais importantes de avaliar e tratar as disfunções do sistema neuromusculoesquelético 1, 2.

A utilização da TM, como método de tratamento fisio-terápico, tem baixo custo financeiro, pois seu instrumento básico de trabalho são as mãos do fisioterapeuta. Vários es-tudos têm comprovado sua eficácia no tratamento da dor, cefaléia de tensão, reforço da função muscular e reeduca-ção das posturas corporais durante as Atividades da Vida Diária (AVD s) 3, 4.

As técnicas de terapia manual (TM) são de suma impor-tância no tratamento fisioterápico e requer um grande nível

de conhecimento sobre anatomia, fisiologia e biomecânica humana. Portanto, os conhecimentos supracitados são pre-missas básicas para avaliar e tratar o paciente globalmente.

Surge então o questionamento: as clínicas de Fisiote-rapia do município de Fortaleza-CE utilizam a terapia manual como forma de tratamento nos seus pacientes?

A terapia manual é um recurso utilizado para tra-tar diversas patologias no dia a dia, utilizando as mãos do fisioterapeuta como instrumento básico. Por serem estudadas durante a vida acadêmica de profissionais de Fi-sioterapia e enfatizadas quanto aos seus benefícios, essas terapias devem ser utilizadas com frequência nas clínicas de Fisioterapia do município de Fortaleza-CE.

As técnicas de terapia manual (TM) são de suma im-portância no tratamento fisioterápico, pois requer um grande nível de conhecimento sobre anatomia, fisiologia

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Castro et alAplicabilidade Da Terapia Manual Em Clínicas De Fisioterapia

e biomecânica humana. São técnicas que têm baixo cus-to, uma vez que utilizam como instrumento de trabalho basicamente as mãos do fisioterapeuta. Portanto, os conhe-cimentos supracitados são premissas básicas para avaliar e tratar o paciente globalmente.

As principiais técnicas de TM são: anatomia palpató-ria, massoterapia, mobilização intra-articular, inibição de ponto gatilho, pompage, alongamento passivo e alonga-mento por inibição ativa.

Essas técnicas têm efeito terapêutico comprovado ao tra-tar o paciente de forma global, agindo na causa primária da disfunção do paciente. Assim, devem ser utilizadas como forma terapêutica e preventiva no dia a dia do fisioterapeuta.

Entre as várias disfunções neuromusculoesqueléticas que podemos tratar utilizando a TM, sita-se o alívio da dor, da cefaléia de tensão, da função muscular e reeduca-ção das posturas durante as AVD s . Por isso a importância de se conhecer essas técnicas e a sua utilização como forma de tratamento fisioterápico.

O presente estudo foi fundamentado a fim analisar o uso da TM como parte do tratamento fisioterápico nas clínicas de Fisioterapia do município de Fortaleza-CE. Para isso verificou-se junto aos profissionais de Fisiotera-pia quais técnicas de TM são mais utilizadas como parte do tratamento fisioterápico e analisou-se o relato dos pro-fissionais e acadêmicos de Fisioterapia quanto ao uso da TM como parte do tratamento fisioterápico.

MetodoLogiA dA PesQUisA

Realizou-se um estudo transversal e quantitativo, em 03 clínicas escolas e 01 clínica particular de Fisioterapia, localizadas no município de Fortaleza-CE, no período de julho a outubro de 2008. A amostra constou de todos os acadêmicos de Fisioterapia que participam de está-gios curricular e extracurricular e dos profissionais que trabalham nas clínicas participantes da pesquisa.

Os dados foram coletados através da aplicação de um questionário semiestruturado elaborado pela pesquisadora, o qual investigava sobre: utilização da TM, motivos pelos quais não utilizam a TM, as técnicas mais utilizadas de TM, efi-cácia do uso da TM no tratamento, quais as disfunções que mais utilizam TM como forma de tratamento, se utilizam as técnicas de TM isoladas ou associadas a outros recursos e quais são esses recursos. O questionário também contemplou identificação do sexo, data de nascimento, semestre que está cursando na Faculdade e clínica onde realiza estágio.

Os dados foram tabulados e analisados através de sof-tware estatístico Microsoft Excel e expressos em tabelas. Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade Integrada do Ceará e seguiu os princípios éticos de pesquisa envolvendo seres humanos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde 5.Respeitando os princípios fundamentais de autonomia, beneficência, não maleficência, justiça e eqüidade.

Foram analisados os questionários aplicados em quatro clínicas, onde se abordou todos os acadêmicos e profissio-nais de Fisioterapia que atendem nessas clínicas. No total foram 58 (cinqüenta e oito) acadêmicos e 28 (vinte e oito) profissionais de Fisioterapia.

O percentual de utilização da TM como recurso tera-pêutico pelos acadêmicos foi: na clínica A 100%, na clínica B 54%, na clínica C 100%, na clínica D 95%.

E tivemos que tanto na clínica A, como na B, como na C e na D 100% dos profissionais utilizam a TM como recurso terapêutico.

Quando questionados sobre a eficácia da TM como recurso terapêutico obteve-se os seguintes resultados: na clínica A 33% dos acadêmicos consideram que a TM é efi-caz por ter um efeito rápido, 38% por trabalhar o paciente globalmente e 29% por diminuírem a dor.

Na clínica B 18% consideram que a TM é eficaz por ter um efeito rápido, 36% por trabalhar o paciente globalmente e 46% por diminuírem a dor. Na clínica C 40% consideram que a TM é eficaz por ter um efeito rápido, 24% por traba-lhar o paciente globalmente e 36% por diminuírem a dor. Na clínica D 14% consideram que a TM é eficaz por ter um efeito rápido, 57% por trabalhar o paciente globalmen-te e 29% por diminuírem a dor.

O resultado dos profissionais se mostrou um pouco di-ferente: na clínica A 32% consideram que a TM é eficaz por ter um efeito rápido, 41% por trabalhar o paciente glo-balmente e 27% por diminuírem a dor. Na clínica B 33% consideram que a TM é eficaz por ter um efeito rápido, 22% por trabalhar o paciente globalmente e 45% por di-minuírem a dor. Na clínica C 47% consideram que a TM é eficaz por ter um efeito rápido, 24% por trabalhar o pa-ciente globalmente e 29% por diminuírem a dor. Na clínica D 40% consideram que a TM é eficaz por ter um efeito rápido, 40% por trabalhar o paciente globalmente e 20% por diminuírem a dor.

Outro ponto questionado aos participantes da pesquisa foi quais as técnicas de TM mais utilizadas por eles. O resultado segue abaixo, tabela 1 e 2.

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Castro et alAplicabilidade Da Terapia Manual Em Clínicas De Fisioterapia

Tabela 1 - Percentual das técnicas de Terapia Manual mais utilizadas pelos acadêmicos de Fisioterapia.

Técnica Clinica A (Acadêmico)

Clinica B (Acadêmico)

Clinica C (Acadêmico)

Clinica D (Acadêmico)

Anatomia palpatória

12% 6% 8% 14%

Massoterapia 15% 15% 14% 14%Mobilização intra-articular

15% 19% 17% 14%

Inibição de ponto gatilho

15% 15% 17% 16%

Pompage 15% 12% 16% 13%

Alongamento passivo

16% 15% 16% 17%

Alongamento por inibição ativa

11% 12% 11% 12%

Outros* 1% 6% 1% -

* Clínica A: liberação do tronco simpático e mobilização neural. Clínica B: alongamento neural e mobilizações. Clínica C: traço de liberação.

Tabela 2 - Percentual das técnicas de Terapia Manual mais utilizadas pelos profissionais de Fisioterapia.

Técnica Clinica A (Profissional)

Clinica B (Profissional)

Clinica C (Profissional)

Clinica D (Profissional)

Anatomia palpatória 12% 14% 8% -

Massoterapia 12% 11% 6% 19%

Mobilização intra-articular 14% 21% 17% 18%

Inibição de ponto gatilho

14% 11% 17% 18%

Pompage 16% 18% 16% 18%

Alongamen-to passivo 16% 21% 16% 19%

Alonga-mento por inibição ativa

13% 4% 14% 18%

Outros* 3% - 6% -

* Clínica A: terapia manual cervical, mobilização neural e liberação fascial. Clínica C: manipulação osteopática, alongamento em cadeia, cinesiologia aplicada e crochetagem.

Os resultados obtidos sobre as disfunções mais tra-tadas com TM foram: clinica A, 42% dos acadêmicos utilizam a TM para tratar disfunções osteo-articulares, 46% para disfunções musculares, 12% tratamento anti--estresse. Na clínica B, 50% dos acadêmicos utilizam a TM para tratar disfunções osteo-articulares, 36% para disfunções musculares, 14% tratamento anti-estresse. Na clinica C, 42% dos acadêmicos utilizam a TM para

tratar disfunções osteo-articulares, 50% para disfunções musculares, 8% tratamento anti estresse. Na clinica D 50% dos acadêmicos utilizam a TM para tratar disfun-ções osteo-articulares, 43% para disfunções musculares, 7% tratamento anti-estresse.

Com os profissionais tivemos resultados diferentes para essa mesma pergunta: clinica A, 36% dos acadêmicos utilizam a TM para tratar disfunções osteo-articulares, 50% para disfunções musculares, 14% tratamento anti--estresse. Na clínica B, 36% dos acadêmicos utilizam a TM para tratar disfunções osteo-articulares, 43% para disfunções musculares, 21% tratamento anti-estresse. Na clínica C, 44% dos acadêmicos utilizam a TM para tratar disfunções osteo-articulares, 50% para disfunções mus-culares, 6% tratamento anti-estresse. Na clinica D, 40% dos acadêmicos utilizam a TM para tratar disfunções osteo-articulares, 60% para disfunções musculares.

Nas clínicas A, B e C 100% dos acadêmicos utilizam a TM associada a outros recursos durante o tratamento dos pacientes. Na clínica D, 72% dos acadêmicos utili-zam a TM associada a outros recursos e somente 28% dos acadêmicos utiliza a TM isoladamente. Quanto aos profissionais na clínica A 91% utilizam a TM associada a outros recursos e somente 9% utiliza a TM isoladamente; nas clínicas B, C e D 100% dos profissionais utilizam a TM associada a outros recursos.

Aos participantes que utilizam a TM associada a outros recursos foi perguntado quais os recursos mais uti-lizados; e tivemos os seguintes resultados (tabelas 3 e 4).Tabela 3 - Percentual dos recursos mais utilizados associados com a Terapia Manual pelos acadêmicos.

Recursos Clinica A (Acadêmico)

Clinica B (Acadêmico)

Clinica C (Acadêmico)

Clinica D (Acadêmico)

Termoterapia 29% 35% 28% 34%Correntes Diadinâmicas de Bernard

2%

5%

-

-

Corrente Galvânica

7% - 3% 3%

Corrente Farádica

2% - 3% -

TENS

29%

35%

32%

34%

FES

27%

25%

31%

23% RPG

4%

-

3%

3%

Outros*

-

-

-

3%

* Clínica D: hidroterapia.

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Castro et alAplicabilidade Da Terapia Manual Em Clínicas De Fisioterapia

Tabela 4 - Percentual dos recursos mais utilizados associados com a

Terapia Manual pelos profissionais.

Recursos Clinica A (Profissional)

Clinica B (Profissional)

Clinica C (Profissional)

Clinica D (Profissional)

Termoterapia 30% 30% 26% 30% Correntes Diadinâmicas de Bernard

- - - -

Corrente Galvânica

- - - -

Corrente Farádica

- - - -

TENS 30% 30% 31% 30% FES 27% 25% 17% 30% RPG 6% 15% 26% 10%

Outros* 7% - - -

* Clínica A: bola terapêutica e isostreching.

disCUssão

O presente estudo procurou demonstrar a aplicabi-lidade da TM como método de tratamento fisioterápico utilizado pelos acadêmicos de Fisioterapia.

Foi analisada em um estudo de seis casos a eficácia da TM no tratamento de indivíduos cefaléicos, no qual foram utilizadas técnicas de pompage, alongamento, mo-bilização intra-articular e massoterapia. Os resultados mostraram que essas técnicas são eficazes na diminuição da sintomatologia dolorosa 6.

No nosso estudo mostramos que essas técnicas continuam sendo bastante utilizadas como método de tratamento fisioterápico, mas não foram analisadas suas eficácias. Na cidade de Campo Grande, foi desenvolvido um estudo sobre a aplicabilidade da técnica de alonga-mento por inibição ativa para alívio da dor lombar e ganho de amplitude de movimento e obtiveram resul-tados de diminuição significativa da dor7. Nosso estudo mostrou que essa mesma técnica é de grande relevância no tratamento de disfunções osteo-articulares e muscu-lares adotados pelos acadêmicos.

Os acadêmicos das clínicas em estudo utilizam as téc-nicas de alongamento por inibição ativa em seus pacientes em uma média de 11,2%, isso indica que essas técnicas têm boa aceitabilidade durante o tratamento. Em um estudo sobre a análise comparativa das técnicas de contrair-relaxar e manter-relaxar no ganho de f lexibilidade foi constatado que essas técnicas têm uma eficácia satisfatória no ganho

de amplitude dos músculos, mas nosso estudo não descri-minou as duas técnicas 8.

Segundo um estudo realizado na Clínica de Fisio-terapia e Reabilitaçäo da PUC-PR, com secretárias voluntárias dessa mesma instituição mostraram que a massoterapia tem um efeito eficaz na prevenção das complicações provocadas pelo estresse 9. No atual traba-lho observamos que essa técnica milenar continua sendo utilizada como método de tratamento não somente na área de Fisioterapia dermato-funcional, mas também nas disfunções neuromusculoesqueléticas. 6

Não foram encontrados estudos que relatassem a utili-zação das técnicas de TM mais utilizadas por acadêmicos, mas a literatura mostra que a TM é bastante relevante quando se pretende tratar restrições articulares e muscu-lares, melhorando a circulação, diminuindo a compressão nervosa e a dor 4 ,6, 10, 11.

ConCLUsão

Diante do grande número de pessoas acometidas por disfunções neuromusculoesqueléticas e que tem o trata-mento fisioterápico, muitas vezes, como elemento decisivo para o processo de melhora da funcionalidade; concluiu-se que este trabalho torna-se de grande importância para que a comunidade acadêmica que inicia seus passos na pesqui-sa científica, pois se espera que através dos conhecimentos expostos, estes possam conhecer mais profundamente so-bre a TM e suas técnicas.

Conforme relato feito durante esse trabalho, cons-tatou-se que as técnicas de TM atuam de forma global avaliando e tratando o paciente com enfoque na causa da disfunção, aliviando seus sintomas e melhorando sua qua-lidade de vida.

Com a interpretação dos dados coletados, observamos que as técnicas de TM têm sido bastante utilizadas tanto pelos acadêmicos como pelos profissionais de Fisioterapia, principalmente para tratamento de disfunções osteoar-ticulares e musculares, por terem um efeito rápido e por trabalharem o paciente globalmente. Na sua maioria, essas técnicas foram utilizadas associadas a outros recur-sos terapêuticos como a eletroterapia (TENS e FES) e a termoterapia.

Vale ressaltar que mais estudos sobre a TM e suas técnicas são necessários, sempre objetivando a obtenção de um maior conhecimento científico para que o paciente seja beneficiado por um tratamento cada vez mais seguro e benéfico.

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Castro et alAplicabilidade Da Terapia Manual Em Clínicas De Fisioterapia

reFerÊnCiAs

1. Gould JA. Fisioterapia na ortopedia e na medicina do esporte. 2ª Ed. São Paulo: Manole;1993.2. Ladeira CE. Terapia manual: definições, princípios e conceitos básicos. Fisioterapia em movimento. Out 1997-Mar

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Março 14]. Disponível em:< http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm>6. Morelli JGS, Rebelatto JR. A eficácia da terapia manual em indivíduos cefaléicos portadores e não-portadores de

degeneração cervical: análise de seis casos. Rev. Bras. fisioterapia. 2007; 11(4): 325-9. 7. Salvador D, D NETO PE, Ferrari FP. Aplicação da técnica de energia muscular em coletores de lixo com lom-

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8. Malys TS, Campos D. Comparação entre duas técnicas de alongamento muscular baseadas na facilitação neuro-muscular proprioceptiva: contrais-relaxar e manter-relaxar. Revista Terapia Manual: Fisioterapia Manipulativa. Jul - Set 2006; 4(17): 187-92.

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Submissão: 25/01/2009 Aceite: 19/02/2009

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Artigos de revisãoArtigos de revisão

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incontinencia Urinária e a Fisioterapia: revisão narrativa

Isabela Parente Ribeiro FrotaI Raimunda Hermelinda Maia MacenaII

Thiago Brasileiro de VasconcelosIII Vasco Pinheiro Diógenes BastosIV

RESUMO

A incontinência urinária pode ser caracterizada como uma perda involuntária de urina através de uma uretra anatomicamente sa-dia, resultante de um distúrbio, de uma disfunção do equilíbrio vesico-esfincteriano. Revisão narrativa que objetivou analisar na literatura publicada as potencialidades da Fisioterapia na IU. O levantamento do material bibliográfico foi realizado pela internet e visitação a bibliotecas de instituições de ensino superior, públicas e particulares, em Fortaleza/CE. Foram realizadas as seguintes etapas: seleção da temática, seleção da amostra, busca da literatura, análise dos dados, resultados e revisão integrada dos estudos. Os achados apontam que a Fisioterapia pode atuar no treinamento muscular, terapia comportamental, uso de cones, eletroterapia, perineometro e Biofeedback. A fisioterapia tem um papel importante junto dessas mulheres na prevenção, no diagnóstico, por meio da queixa clínica, e na orientação do manejo adequado, evitando que condutas inadequadas, como a restrição prolongada de líquidos e a micção não frequente, sejam tomadas, o que pode causar complicações e danos à saúde destas mulheres.

Palavras-chave: Sistema Urinário. Incontinência Urinária. Fisioterapia.

ABSTRACT

Urinary incontinence can be characterized as an involuntary loss of urine throughthe urethra anatomically sound, resulting from a disorder, a dysfunction of thebladder-sphincter equilibrium. Narrative review aimed to examine the published literature on the potential of Physiotherapy, in the UI. The survey was conducted of bibliographic material on the Internet and visits to libraries of institutions of higher education, public and private, in Fortaleza / CE. We performed the following steps: selection of the theme, sample selection, literature search, data analysis, results and review of integrated estudos. Findings suggest that physical therapy may act on uscle training, behavioral therapy, use of cones, electrical stimulation, perineometer and Biofeedback. The therapy plays an important role among these women for the prevention, diagnosis, through the clinical complaint, and orientation of appropriate handling by preventing inappropriate behavior, such as restriction prolonged liquid and infrequent urination are taken, which can cause complicationsand damage the health of these women.

Keywords: Urinary Tract. Urinary Incontinence. Physical Therapy Specialty.

I. Fisioterapeuta graduada pela Faculdade Estácio do Ceará. Fortaleza/CE. II. Enfermeira. Doutora em Ciências Médicas (UFC); Professora da Universidade Federal do Ceará (UFC). Fortaleza/CE.III. Fisioterapeuta. Mestrando em Farmacologia (UFC). Fortaleza/CE.IV. Fisioterapeuta do Instituto Dr. José Frota; Professor da Faculdade Estácio do Ceará; Doutor em Farmacologia (UFC). Fortaleza/CE.

introdUÇão

A incontinência urinária pode ser caracterizada como uma perda involuntária de urina através de uma uretra anatomicamente sadia, resultante de um distúrbio, de uma disfunção do equilíbrio vesico-esfincteriano. Entretanto, a Sociedade Internacional de Continência, determina que a incontinência urinária seja uma condição na qual a perda involuntária de urina constitui um problema social ou de higiene, e pode ser objetivamente demonstrada1 tendo um importante impacto social e higiênico em 23% das mulhe-res com idade superior a 20 anos2.

De acordo com Polden; Mantle3, na população em ge-ral, 9% das mulheres e 3% dos homens já apresentaram incontinência urinária, uma média de 3:1, sendo que a in-continência urinária regular pode ser foi encontrada em 4% das mulheres e 1% dos homens com idade entre 15 a 20 anos, em 10% das mulheres e 1% dos homens com idade de 35 a 44 anos, em 12% das mulheres e 3% dos homens com idade entre 55 a 64 anos e em 16% das mulheres e 8% dos homens com idade entre 75 a 84 anos. O último censo do IBGE detectou que o Brasil tem uma popula-ção feminina de 81 milhões de habitantes, sendo que 29 milhões destas são incontinentes entre os 18 e 39 anos, 16

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Frota et alIncontinencia Urinária E A Fisioterapia: Revisão Narrativa

milhões de mulheres são incontinentes entre os 40 e 59 anos e acima de 60 anos são oito milhões de mulheres incontinentes2.

A incontinência urinária (IU) pode se apresentar de diversas formas, como incontinência urinaria de esforço (IUE), que se caracteriza pelo vazamento de uma pequena quantidade de urina durante os períodos em que há ele-vação da pressão intra-abdominal, como tossir, espirrar e levantar peso4. Inúmeras são as terapêuticas possíveis, incluindo-se aqui a terapia comportamental que é uma as-sociação de técnicas cuja base é a idéia de que pacientes com incontinência urinária podem ser educados sobre a patologia e desenvolver estratégias para minimizar ou eli-minar a incontinência5.

Apesar dos avanços tecnológicos e científicos, a IU constitui-se como um problema de saúde pública. Desse modo, esse estudo teve como objetivo analisar na literatura publicada as potencialidades da Fisioterapia na IU.

MetodoLogiA

Para o alcance dos objetivos deste estudo, optamos pelo método da revisão integrativa, que possibilita uma sumarização das pesquisas com temas afins, fenômenos vinculados aos cuidados à saúde, obtendo-se conclusões a partir de um tema de interesse. Neste estudo, seguimos as seguintes etapas: seleção da temática, seleção da amostra, busca da literatura, análise dos dados, resultados e revisão integrada dos estudos.

O levantamento do material bibliográfico foi realiza-do pela internet, atualmente a principal ferramenta para busca de artigos, auxiliando no desenvolvimento de pesquisa e na divulgação do conhecimento, responsável pela recuperação de grande quantidade das informa-ções publicadas bem como a visitação a bibliotecas de instituições de ensino superior, públicas e particulares, em Fortaleza/CE no período de agosto a novembro de 2006.

Nesta busca, realizamos uma primeira leitura ex-ploratória dos resumos feitos pelos autores nas fontes secundarias e terciárias. Neste estudo, não utilizamos descritores e sim palavras-chave, pois após a busca dos descritores no DeCS/MeSH não encontramos descrições necessárias que apontassem o tema em questão.

A busca realizada foi limitada aos artigos publicados em português, espanhol e inglês. Outras referências en-contradas manualmente, a partir da busca inicial, foram consideradas.

Todo assunto foi ordenado através de fichas as quais contenham cabeçalho, referência bibliográfica e corpo. Sendo o conteúdo que constitui o corpo é do tipo biblio-gráfico. Toda referência foi analisada e interpretada de forma crítica, com o objetivo de selecionar a idéia principal de cada texto. A redação dos resultados é do tipo descriti-va, crítica e monográfica.

inContinÊnCiA UrinÁriA

A incontinência é definida como qualquer perda de urina, de fezes ou de gases em um momento socialmente inaceitável4. De acordo com Moreno5, incontinência uriná-ria é uma condição na qual a perda involuntária de urina, objetivamente demonstrável, ocasiona problema social ou higiênico à mulher. Entretanto, a incontinência tem afetado a qualidade de vida, trazendo diariamente con-seqüências psicológicas, físicas e sociais como isolamento, baixa autoestima e depressão a estas mulheres, assim como para comunidade onde estão inseridas6.

A etiologia da incontinência urinária é multifatorial. A gestação, o parto vaginal, pode causar trauma neuro-muscular ao assoalho pélvico, alterações neurológicas e bioquímicas associadas ao processo de envelhecimento, a presença de patologias predisponentes, como Diabetes Mellitus, esclerose múltipla, demência, depressão, obe-sidade, infecção urinária de repetição, câncer de bexiga, entre outros, são fatores predisponentes da incontinência urinária7. Todavia, a incontinência urinária pode também estar associada a defeitos no assoalho pélvico, ocasionando os conhecidos prolapsos, ou deslocamentos de órgãos6.

tipos de incontinência urinária

De acordo com o quadro abaixo8, a incontinência urinária pode apresentar-se de várias formas, provo-cando alterações graves na vida das pacientes por ela acometidas, tornando-as estressadas e debilitadas, além de gerar alta morbidade por afetar o nível psicológico, ocupacional, físico e sexual9.

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Frota et alIncontinencia Urinária E A Fisioterapia: Revisão Narrativa

TIPO DESCRIÇÃO POSSIVEIS CAUSAS

Incontinência deUrgência

Incapacidade de postergar a micção por mais alguns minutos após sentir a neces-sidade de urinar

• Infecção do trato urinário• Bexiga hiperativa• Obstrução do f luxo urinário• Cálculos e tumores na bexiga•Medicamentos, especial-mente os diuréticos

Incontinência por esforço

Escape de urina, habitual-mente em pequenos jatos, causado pelo aumento da pressão abdominal, o qual ocorre quando o indivíduo tosse, ri, faz força, espirra ou levanta um objeto pesado

• Fraqueza do esfíncter uriná-rio (o músculo que controla o f luxo cirurgia pélvica• Nos homens, remoção uriná-rio da bexiga) • Nas mulheres, diminuição da resistência ao f luxo urinário através da ure-tra; comumente causada pela deficiência de estrogênio• Alterações anatômicas causadas por múltiplos partos ou por uma da próstata ou uma lesão da parte superior da uretra ou do colo da bexiga

Incontinência por transbordamento

Acúmulo de urina na bexiga que se torna muito grande para que o esfíncter urinário consiga reter e, conseqüentemente, a urina escapa intermitentemente, frequentemente sem sensação da bexiga.

•Obstrução do f luxo urinário, usualmente causada pelo aumento benigno ou pelo câncer de próstata noshomens e pela estenose uretral (defeitocongênito) nas crianças •Musculatura da bexiga enfraquecida •Disfunção nervosa • Medicamentos.

I n c o n t i n ê n c i a psicogênica

Perda de controle por razões psicológicas. • Distúrbios emocionais

(p.ex., depressão).

I n c o n t i n ê n c i a mista

Combinação dos problemas acima (p.ex., muitas mulhe-res apresentam incontinência mista, isto é, por esforço e de urgência).

• Combinação das causas acima

Quadro 1 - Formas de Incontinência Urinária

Fonte: Berkow et al.8

terAPÊUtiCA dA inContinÊnCiA UrinÁriA

O tratamento da incontinência urinária de esforço é geralmente cirúrgico. Porém, na incontinência leve ou moderada e nas situações as quais não se permitam a rea-lização de cirurgia, o tratamento conservador tem sido de grande valia10.

O tratamento farmacológico está indicado nas in-continências de esforço leve, em particular quando os sintomas se iniciarem com o hipoestrogenismo do cli-matério, não havendo distopia genital significante e nos casos de instabilidade do detrusor5. Os medicamentos utilizados para combater a incontinência, devido à ne-cessidade imperiosa de urinar, atuam pela normalização das contrações da bexiga instável. O tratamento medi-camentoso tem como objetivos diminuir a atividade do detrusor, aumentar o tônus do sistema esfincteriano ure-tral e o tropismo dos músculos do assoalho pélvico2.

O tratamento cirúrgico baseia-se na escolha da técni-ca utilizada, nas anormalidades anatômicas e fisiológicas

responsáveis pela incontinência, na necessidade de pro-cedimentos vaginais, ou retropubianos concomitantes, nas alterações associadas e nas expectativas de trata-mento6. Assim como, correção da hipermobilidade do colo vesical, quando houver alteração anatômica do as-soalho pélvico, ou no aumento da resistência uretral, quando houver lesão esfincteriana intrínseca da uretra11.

O emprego de slings suburetrais sem tensão por meio da abordagem retropúbica é um método eficaz de tratamento cirúrgico da incontinência urinária de esfor-ço, tanto em pacientes portadoras de hipermobilidade uretral, como naquelas com deficiência esfincteriana intrínseca. Entretanto, esta via de acesso tem sido as-sociada a diversas complicações decorrentes de lesões intestinais, vasculares, nervosas e vesicais. Tais compli-cações estão relacionadas à passagem às cegas das agulhas de baixo para cima através do espaço retropúbico12.

Segundo Rubinstein2, as principais vantagens do sling vaginal são a sua extrema simplicidade, poucas morbidades e a não utilização de material sintético, além de não precisar de uma segunda incisão.

Outra modalidade cirúrgica de grande importân-cia no tratamento da incontinência urinária de esforço são as suspensões retropúbicas. Elas representam gran-de avanço no tratamento da incontinência, obtendo-se melhores resultados com a utilização dessa técnica. Os índices de continência obtidos tardiamente com esse tipo de cirurgia revelaram resultados de 85,7% de cura; Apresenta também maior índice de complicações, como, por exemplo, instabilidade detrusora pós-operatória de 11%, bem como osteomielite púbica de 2,5% dos casos13.

A fisioterapia tem por objetivo, no tratamento da in-continência, informar ao paciente sobre os fatores capazes de provocar ou agravar a incontinência, promover os me-lhores resultados possíveis quanto ao controle da bexiga, a frequência das micções e ao volume destas; melhorar a capacidade funcional do assoalho pélvico e informar ao paciente sobre as possibilidades terapêuticas14.

Os exercícios para o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico desempenham um importante papel na prevenção e no tratamento da incontinência urinária, pois visam o aumento da força de fechamento da uretra, favo-recendo a cura ou melhora dos sintomas dessa afecção5.

FisioterAPiA nA iU

A avaliação clínica concentra-se na etiologia da doen-ça, na fisiopatologia, nos sinais, sintomas, seguindo um modelo social, ou seja, concentra-se no impacto que a pa-tologia ou disfunção causa no status funcional do paciente e em sua qualidade de vida6.

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28CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(9) jan/mar. 2009.

Frota et alIncontinencia Urinária E A Fisioterapia: Revisão Narrativa

A anamnese deve conter alguns aspectos incluindo o início dos sintomas, sua duração, gravidade, condições associadas e descrição do impacto social e higiênico a mulher15. Uma criteriosa anamnese permite ao terapeuta excluir, de imediato, determinadas técnicas e fornece-lhe dados importantes para um atendimento diferenciado, além de possibilitar uma visão holística da paciente5.

No exame físico, o períneo é observado primeiramente quanto ao estado da pele, hemorróidas, prolapso e sinal de episiotomia, ou cirurgia anterior. A paciente é solicitada a tossir, sendo observado o esforço, o sinal de prolapso, abaulamento do períneo, ou qualquer vazamento de urina. O exame físico tem por objetivo a constatação e quanti-ficação da incontinência, bem como a identificação de condições associadas3.

A palpação do assoalho pélvico pode ser feita pela vagi-na ou pelo reto, sendo essa técnica utilizada para observar contração, simetria, trofismo, força e contração reflexa desses músculos durante a tosse5.

A eficácia do tratamento da incontinência urinaria é ordinariamente avaliada segundo parâmetros objetivos (estudo urodinâmico, teste de absorvente e teste de esfor-ço). Esses parâmetros, porém, falham em avaliar o impacto que a doença e o respectivo tratamento causam sob o ponto de vista da paciente. Em razão dessas dificuldades, foram criados questionários genéricos e específicos de medida de qualidade de vida para acessar tanto os aspectos subjetivos de doença como o impacto que ela e seus tratamentos cau-sam aos pacientes9.

Nos exames complementares, o estudo urodinâmico é de suma importância para determinar de forma precisa a causa da incontinência urinária. Portanto, é fundamental que o exame reproduza os sintomas referidos pela paciente para que a terapêutica adequada seja recomendada2.

A importância do estudo urodinâmico nessas pacientes está em orientar o diagnóstico, auxiliar na escolha da for-ma de tratamento e fornecer informações complementares para o seguimento pós-cirúrgico16.

treinamento Muscular

A cinesioterapia é a terapia através do movimento, utili-zando exercícios que se baseiam na hipótese dos músculos adaptarem-se às sobrecargas a que são submetidos. Dessa forma, para que ocorra aumento na força, este músculo deve ser requisitado repetidamente contra uma resistência cada vez maior, sem produzir trauma2.

Segundo Braz; Silva; Sizino17, os exercícios de con-tração voluntária do assoalho pélvico possuem muitos benefícios como: aumento da força muscular ou resistên-cia à fadiga, coordenação dos movimentos, assim como

aumento do tônus e melhora da transmissão de pressão na uretra reforçando o mecanismo de continência. Promovem também um aumento da vascularização na região pélvica, tendo uma melhora na cicatrização, aumento da tonicida-de e força da musculatura perineal, melhora a percepção e consciência corporal da região pélvica.

O Dr. Arnold Kegel foi o primeiro médico a utilizar de forma científica os exercícios de fortalecimento dos músculos pélvicos para melhorar o controle da continência urinária, ensinando suas pacientes a fortalecer os músculos que oferecem suporte à bexiga e outros órgãos pélvicos5.

Os exercícios de Kegel foram originalmente desenvol-vidos como um método para controlar a incontinência em mulheres após parto. Atualmente, esses exercícios são re-comendados para mulheres com incontinência urinária de esforço independentemente de sua etiologia18.

Entretanto, a teoria para uso de exercícios específicos de períneo para tratar ou prevenir a incontinência uriná-ria baseia-se em mudanças musculares que podem ocorrer após este treinamento específico. Durante as primeiras seis a oito semanas ocorreria apenas uma adaptação neural e, após um período de treinamento, a hipertrofia muscular6.

Cones vaginais

Os cones vaginais são pequenas cápsulas de formato anatômico, constituídas de materiais resistentes e relati-vamente pesadas, que, ao serem utilizados como recurso terapêutico, promovem o fortalecimento muscular, reali-zando-se a reeducação perineal17.

Portanto, um cone vaginal é um dispositivo que se pode inserir na vagina para fornecer resistência e feedback sensorial aos músculos do assoalho pélvico à medida que eles se contraem. São úteis para eliminar a ocorrência de Vasalva durante o treinamento, pois nesse caso, o cone se-ria expulso5.

Plevnik, em 1985, foi o primeiro a apresentar o concei-to dos cones vaginais para a tonificação da musculatura perineal. Comercialmente, os cones são encontrados em conjunto de cinco, de forma e tamanhos iguais e pesos que variam de 25g o mais leve a 75g o mais pesado19.

A paciente em posição ortostática posiciona intravagi-nalmente o cone mais leve, que deve ser usado pelo menos duas vezes durante quinze minutos por dia. A paciente deve movimentar-se ativamente com a utilização do cone. Se o cone sair, ele é empurrado de volta, desde que o mesmo pos-sa ficar retido durante quinze minutos, após alcançado esse tempo, então a paciente passa a utilizar um mais pesado1.

Entretanto, quando um cone de peso adequado é inse-rido na vagina, ele tende a sair, causando sensação de perda do cone, que vai promover um feedback sensorial, fazendo

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Frota et alIncontinencia Urinária E A Fisioterapia: Revisão Narrativa

com que os músculos do assoalho pélvico que circundam o cone contraiam-se em resposta de forma reflexa na ten-tativa de retê-lo5.

Portanto, o uso de cones vaginais não somente aumenta a força muscular do assoalho pélvico, como também torna a atividade fisiológica desses músculos mais coordenada com as contrações, ou seja, aumenta o recrutamento de unidades motoras, tanto do tipo I quanto do tipo II1.

Segundo Petricelli (2002) apud Braz; Silva; Sizino17, os exercícios de contração voluntária dos músculos do perí-neo com a utilização dos cones vaginais tem sido um dos recursos mais eficientes no tratamento de diversas patolo-gias, principalmente a incontinência urinaria.

eletroterapia

Nas últimas décadas, a eletroestimulação do assoalho pélvico vem sendo utilizada no tratamento dos diversos tipos de incontinência urinária. Acredita-se que o estimu-lo elétrico seja capaz de aumentar a pressão intra-uretral por meio da estimulação direta dos nervos eferentes para a musculatura periuretral5. Além de aumentar a resis-tência uretral esfincteriana através do fortalecimento da musculatura pélvica por estimulo indireto dos músculos periuretrais e parauretrais2.

Entretanto, no âmbito da reeducação perineal global da incontinência urinária, a eletroestimulação tem um lugar privilegiado. Utilizado com discernimento, é uma técnica eficaz na conscientização, na inibição do músculo detrusor e na ativação da musculatura do assoalho pélvico1.

Vários são os tipos de correntes utilizadas, destacan-do-se as alternadas, as bipolares e as interferenciais. As correntes precisam ser de intensidade suficiente para pro-duzir, pelo menos, 65% da contração voluntária máxima, para que a estimulação elétrica de qualquer músculo es-triado resulte em aumento de força muscular7.

As fibras lentas são estimuladas de forma ótima com uma corrente de 10Hz. O limite superior a partir do qual estimulamos fibras rápidas situa-se por volta de 30Hz. Essa estimulação deve ser diária, com duração de 30 minutos1.

A frequência do estímulo é fator crucial para o suces-so do tratamento. Nos casos de incontinência urinaria de esforço recomendam-se altas frequências de 50 a 100 Hz e para os casos de hiperatividade do detrusor as freqüência ideais oscilam entre 5 e 20 Hz5.

A técnica envolve a estimulação do nervo pudendo com eletrodos vaginais, anais ou de superfície, tendo em vista que o nervo pudendo é o principal para a terapia de eletro-estimulação no tratamento da incontinência urinária, pois inerva uma área extensa do assoalho pélvico19.

Arruda apud Mesquita et al.20 realizou um estudo uti-lizando a eletroestimulação funcional do assoalho pélvico em mulheres com avaliação clínica e urodinâmica de insta-bilidade vesical obtendo, após tratamento, 75,8% de cura ou melhora da incontinência urinária, indicando uma relação positiva entre a contração perineal e a inibição do detrusor.

A eletroestimulação pode ser considerada como abordagem terapêutica inicial, ou como alternativa ao procedimento cirúrgico, ou ainda adjuvante a outros métodos de tratamento, respeitando suas indicações e limitações. Minimamente invasiva, com efeitos colate-rais desprezíveis e aceita pela maioria das mulheres, tem tornado-se uma terapia atraente, particularmente quan-do associada à motivação e disciplina21.

Biofeedback

O biofeedback é definido como um equipamento usado para mensurar efeitos fisiológicos internos ou condições físicas das quais o indivíduo não tem conhe-cimento5. É uma técnica que utiliza um equipamento habitualmente eletrônico para revelar aos pacientes, de maneira contínua e instantânea, alguns acontecimentos fisiológicos internos normais ou anormais, em forma de sinais visuais ou auditivos1. A técnica de biofeedback pode ser realizada através da eletromiografia de super-fície ou pelo biofeedback por pressão. Nos deteremos apenas no segundo, pois é o mais utilizado.

O biofeedback por pressão envolve uma câmara pneumática conectada a um manômetro, que registra as alterações da pressão. Essa câmara é introduzida na vagina e a paciente contrai os músculos do assoalho pél-vico ao seu redor, essa contração acarreta uma elevação da pressão na vagina que é registrada e exibida para a paciente e terapeuta4.

Portanto, o objetivo da técnica supracitada é modi-ficar uma resposta fisiológica inadequada ou propiciar a aquisição de uma nova resposta fisiológica. O biofee-dback também auxilia a paciente a se auto-conhecer e a desenvolver o controle voluntário de suas contrações do assoalho pélvico5.

Perineômetro

O perineômetro digital possui um sensor, dispositivo pneumático, que é introduzido na vagina da paciente. Em seguida solicita-se que a mesma realize a contração vagi-nal, visualizando-se no display a graduação da contração na escala numérica, que varia de 0 a 100 Sauer. Esse dis-play possui duas escalas: a escala superior congela o “pico” de maior contração que a paciente consegue realizar e a

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Frota et alIncontinencia Urinária E A Fisioterapia: Revisão Narrativa

parte inferior da mesma informa a contração voltando à zero no relaxamento muscular3.

terapia comportamental

O tratamento comportamental é uma associação de técnicas cuja base é a idéia que pacientes com inconti-nência urinária podem ser educados sobre a patologia e podem desenvolver estratégias para minimizar ou elimi-nar a incontinência5.

Esse tratamento é útil para todas as pacientes que, na ausência de causas orgânicas, apresentam poliúrias, urgências, imperiosidades com ou sem perdas de urina. O contexto pode ser uma instabilidade vesical pura, na maior parte das vezes uma incontinência mista em que o componente de instabilidade é frequentemente mais des-confortável que a perda sob esforço1.

Entre as principais técnicas utilizadas citamos o treina-mento vesical, as orientações quanto à ingestão de líquidos, a educação sobre o trato urinário inferior e suas patologias e a cinesioterapia22.

O treinamento vesical é uma modalidade terapêutica que visa aumentar os intervalos entre as micções, restabe-lecer um padrão normal e aumentar a capacidade vesical. Ao iniciar esse tratamento deve-se utilizar uma linguagem simples com a paciente4.

Entretanto, a primeira mudança consiste na adequação da ingesta hídrica, pois uma ingestão excessiva de líquidos funciona como sobrecarga para o trato urinário inferior resultando, muitas vezes, em urgência e urge-urgência. Neste sentido, baseando-se no volume urinário anotado no diário miccional, podemos ajustar a ingesta de líquidos de modo que o paciente urine ao redor de 1.500ml/dia2.

Contudo, deve-se ter cautela com a restrição prolonga-da da ingestão de líquidos com intuito de reduzir episódios de perda urinária, pois o manejo inadequado do problema pode resultar em complicações como infecção urinária, o refluxo e o dano renal22.

A segunda medida consiste na adoção de micções de ho-rário, ou seja, o paciente é orientado a urinar em intervalos

fixos de tempo, evitando-se que atinja um volume de urina dentro da bexiga suficiente para desencadear urgência e/ou urge-urgência. Outra opção é pedir ao paciente que ele tente postergar ao máximo a micção5.

Outra medida consiste em orientar as pacientes quanto ao controle da urgência. Normalmente, o paciente ao sen-tir sensação de micção iminente procura atingir o toalete, entretanto, em geral, a perda ocorre durante o percurso. Então, deve orientá-lo que diante de tal situação, ele deve se concentrar em contrair o assoalho pélvico, realizar uma respiração profunda inibindo a urgência e, logo em segui-da, ir ao banheiro2.

Para realizar a terapia comportamental é de suma im-portância submeter o paciente ao diário miccional que é o registro da ingestão diária de líquidos, do número e da qualidade de micções num período de 24 horas. O número de episódios de incontinência é registrado, juntamente com as atividades associadas, tais como tosse, rir, urgência23.

ConsiderAÇÕes FinAis

A Incontinência urinária é uma condição multifatorial que afeta muitas pessoas, em diferentes faixas etárias. Ao mesmo tempo em que era considerada pelos pacientes como uma condição normal do processo de envelhecimento era negligenciada pelos profissionais da área da saúde. É de especial importância aos profissionais da área da saúde o conhecimento prévio de todo o processo fisiológico normal de continência, para que possamos intervir diretamente e de forma conservadora nos cuidados da pessoa incontinente.

O tratamento fisioterápico na incontinência urinária de esforço vem ganhando realce nos últimos anos em face da melhora dos resultados e dos poucos efeitos colaterais que ele provoca. A fisioterapia tem um papel importante junto dessas mulheres na prevenção, no diagnóstico, por meio da queixa clínica, e na orientação do manejo adequa-do, evitando que condutas inadequadas, como a restrição prolongada de líquidos e a micção não freqüentes, sejam tomadas, o que pode causar complicações e danos a saúde destas mulheres.

reFerÊnCiAs

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Submissão: 02/12/2009 Aceite: 25/02/2009

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tempo de Permanência em ventilação Mecânica invasiva em Pacientes submetidos à Cirurgia Cardíaca

Renata dos Santos VasconcelosI

Raquel Pinto SalesII

Luíz Henrique de Paula MeloII

Clarissa Bentes de Araújo MagalhãesIII

Sarah Sanders SilveiraIV

Andréa da Nóbrega Cirino NogueiraV

Soraya Maria do Nascimento Rebouças VianaV

RESUMO

As cardiopatias nas unidades de terapia intensiva apresentam-se com mais frequência com o passar dos anos bem como as cirurgias que acabam submetendo o paciente a ventilação invasiva. O tempo de permanência do paciente sob prótese ventilatória pode levar a varias complicações respiratórias. Objetivou-se analisar o tempo de permanência em ventilação invasiva em pacientes submetidos a cirurgias cardíacas. Realizou-se um estudo bibliográfico descritivo e exploratório. Incluindo as bases de dados Lilacs e Scielo, no período de junho de 2008 a dezembro de 2008, revisando-se os estudos desenvolvidos/publicados no período de janeiro de 2000 a 2008. O número de cirurgias cardíacas realizadas em hospitais públicos do Brasil gera em torno de 8.000 cirurgias por ano; a idade geralmente é igual ou superior aos 90 anos; o tempo de permanência em ventilação invasiva médio foi de 2 a 6 horas, sendo as complicações do tempo de ventilação invasiva, acima de 4 horas verificando que o uso da circulação extracorpórea eleva o tempo via aérea artificial promovendo complicações pulmonares e síndromes hipertensivas; a dificuldade ao desmame da prótese ventilatória se dá pela existência de que em 85% dos artigos apresentou-se a disfunção pulmonar. Assim, são necessárias evidências científicas que estudem as causas ou conseqüências do tempo de permanência sob a ventilação invasiva, para que possamos reduzir índices de tempo de internações promovendo maior qualidade de vida ao paciente.

Palavras – chave: Cirurgia torácica. Respiração artificial. Unidades de terapia intensiva.

ABSTRACT

The cardiopathies in the intensive care units meet with more frequency with passing of the years and under surgeries that finish submitting the patient to the invasive ventilation. To analyze the lenght of permanence in invasive ventilation in patients submitted to cardiac surgeries. A descriptive and exploratory bibliographical study was become full filled. Including databases of Lilacs and Scielo, in the period of June of 2008 to december of 2008, revising the studies developed/published in the period of January of 2000 to 2008. We performed a bibliographic descriptive and exploratory. Including the Lilacs and Scielo in the period June 2008 to December 2008, reviewing the studies developed / published between January 2000 to 2008. The number of heart surgeries performed in public hospitals in Brazil generates about 8000 surgeries per year, age is often less than the 90 years, the time spent on invasive ventilation time was 2 to 6 hours and the complications of invasive ventilation time, over 4 hours verifying that the use of cardiopulmonary bypass increases the air time promoting artificial pulmonary complications and hypertensive disorders, the difficulty in weaning from IMV occurs by the existence of which in 85% of the papers presented pulmonary dysfunction. This calls for scientific evidence to examine the causes or consequences of time spent in the invasive ventilation, so that we can reduce rates of hospitalization time providing a higher quality of life for patients.

Keywords: Toracic surgery. Artificial breath. Intensive care units.

I. Fisioterapeuta – Graduada pela Universidade de Fortaleza - UNIFORII. Fisioterapeuta – Graduada pela Faculdade Estácio do Ceará - ESTÁCIO FICIII. Fisioterapeuta – Graduada pela Faculdade Nordeste - FANORIV. Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade de Fortaleza - UNIFORV. Fisioterapeuta – Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará - UFC

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Vasconcelos et alTempo De Permanência Em Ventilação Mecânica Invasiva

introdUÇão

Historicamente, atribui-se a Ludwig Rehn a primeira operação com sucesso do coração, ocorrido na Alemanha em 1896. Em 1953, John Gibbon realizou a primeira opera-ção com sucesso para correção de um defeito intracardíaco com o suporte do sistema de Circulação Extracorpórea (CEC), um sistema “coração-pulmão artificial” capaz de substituir esses dois órgãos durante períodos de parada cardiorrespiratória temporária 1.

As doenças cardiovasculares no início do século XX eram responsáveis por menos de 10% dos óbitos em todo o mundo. Porém, atualmente a incidência de doença co-ronariana obstrutiva em pessoas com idade superior a 70 anos chega a 76% sendo comum a associação com doença valvar 2.

Os pacientes submetidos à cirurgia cardíaca (CC) e dos grandes vasos torácicos diferem um dos outros, pela natu-reza e pela gravidade das lesões cardíacas que apresentam. Diferem, também, dos demais pacientes cirúrgicos, pela natureza das técnicas operatórias e auxiliares emprega-das, bem como pela possibilidade de comprometimento simultâneo de outros sistemas orgânicos, principalmente o nervoso, o pulmonar e o renal 3.

A decisão de submeter um paciente a uma intervenção cirúrgica depende da relação risco-benefício baseado em fatores dentre os quais estão à classe funcional, a estabili-dade emocional e a qualidade geral de vida 4.

As complicações respiratórias são problemas comumen-te encontrados no pós-operatório de CC. Os mecanismos que causam a injúria pulmonar ainda são desconhecidos, mais parecem ser originados no momento do ato cirúrgi-co, demonstrando que o manejo da assistência ventilatória mecânica (VM) durante e após a anestesia são determi-nantes na incidência das complicações pulmonares 5.

O indivíduo que passou por uma cirurgia cardiovas-cular, dará início a fisioterapia tão logo que seu quadro clínico seja considerado estável, passando por estágios que evoluem de acordo com sua recuperação 6. A fase inicial tem como objetivo evitar os efeitos negativos do repouso prolongado ao leito, manter a capacidade funcional, evitar e tratar possíveis complicações pulmonares, maximizar a oportunidade de alta precoce e fornecer as bases para um programa de fisioterapia domiciliar 7.

Pode-se diminuir a incidência das complicações pul-monares e o tempo de hospitalização, reduzindo o tempo de início de desmame e agilizando a possível retirada do suporte ventilatório mecânico 8. Após a extubação, inicia--se uma fase importante do atendimento fisioterapêutico com o objetivo primordial da manutenção da ventilação espontânea do paciente 9.

Assim, a fisioterapia tem um papel importantíssimo aos pacientes submetidos à CC desde a unidade de terapia intensiva (UTI) a alta hospitalar. Neste artigo objetivou-se analisar o tempo de permanência em VM nos pacientes submetidos CC. Este tempo de permanência sob a prótese ventilatória se destaca na reabilitação juntamente com a Fisioterapia para uma manutenção de um nível desejável das condições físicas, mentais e sociais.

MetodoLogiA

Foi realizado um estudo bibliográfico sistematizado, do tipo descritivo e exploratório sobre o tempo de per-manência em ventilação mecânica invasiva em pacientes submetidos à CC.

A busca bibliográfica incluiu as bases de dados LI-LACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) no endereço: www.bireme.br, em re-vistas eletrônicas na base de dados Scielo.

A revisão bibliográfica foi feita no período de junho de 2008 a dezembro de 2008, revisando-se os estudos desen-volvidos/publicados no período de janeiro de 2000 a 2008.

A busca seguiu três etapas: na primeira, identifica-ram-se os descritores de assunto: ventilação mecânica na cirurgia cardíaca, complicações no pós-operatório de cirurgia cardíaca, desmame da ventilação mecânica e fi-sioterapia na cirurgia cardíaca; na segunda, realizou-se a leitura dos resumos do material encontrado e a seleção da-quilo que interessava; na terceira, fez-se uma pré-análise, com leitura dos artigos selecionados, síntese e registro dos dados.

resULtAdos e disCUssão

Foram identificados 20 estudos que se encontrava em destaque: ventilação mecânica, cirurgia cardíaca, tempo de permanência e fisioterapia no paciente pré e pós-ope-ratório cardíaco. Desses, 12 foram selecionados (11 artigos científicos e 1 dissertação de mestrado) e analisados para alcance dos objetivos propostos nesse estudo.

O número de CC realizadas em hospitais públicos do Brasil gera em torno de 8.000 cirurgias por ano. A incidên-cia das cardiopatias varia com a metodologia utilizada 10. A idade geralmente é igual ou superior aos 90 anos represen-tando um subgrupo com rápido crescimento populacional, além dos muitos que estão funcionalmente limitados por doença cardiovascular 11.

Segundo Arcenio e colaboradores 12 na cirurgia car-diotorácica, considerada de grande porte, inúmeras complicações podem ocorrer, entre elas as de causa res-piratória, que culminam com a necessidade de cuidados

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Vasconcelos et alTempo De Permanência Em Ventilação Mecânica Invasiva

intensivos, bem como suporte ventilatório por tempo prolongado.

Quanto ao tempo de permanência em ventilação inva-siva, segundo Romanini et al 13 o tempo médio foi de 2 a 6 horas, acima de 4 horas apresentando complicações em destaque: pulmonares e síndromes hipertensivas ; sendo o tempo médio na UTI de 2,33 ± 0,86 dias e na enfermaria de 5,17 ± 1,38 dias.

Já em estudo recentemente publicado o tempo médio de ventilação mecânica invasiva (VM) foi de 17,5 + 29,7 ho-ras, com mediana de 11 horas. Observou-se que 93,5% dos pacientes permaneceram em VM por um tempo inferior a 24 horas, enquanto 6,4%, por tempo superior a 24 horas. Despertando o incentivo a estudos de que causas promo-vem a diversificação das quantidades de horas em VMI 14.

Alguns autores tentam justificar que a dificuldade ao maior tempo de permanência da prótese ventilatória se da pela existência de alguma disfunção, onde 85% dos artigos apresentaram a disfunção pulmonar como grande desta-que. Atualmente, vários estudos comprovam as alterações fisiológicas e da mecânica respiratória ocorridas na cirurgia cardíaca 15. Apesar da modernização dos procedimentos utilizados em cirurgia cardíaca, a função pulmonar ainda é prejudicada 16. Após o procedimento cirúrgico, os pacien-tes estão mais propensos a desenvolverem complicações respiratórias. Cerca de 65% dos pacientes desenvolvem atelectasias e 3% adquirem pneumonia 17.

Girardi e Borges 18 em sua tese de doutorado verificaram que o tempo de permanência em VM foi significantemen-te menor no grupo sem CEC comparado ao grupo com CEC, alcançando 6,4±5,1 hora, respectivamente. O tem-po de internação total foi significantemente menor para pacientes do grupo sem CEC quando comparado com o grupo contribuindo para um menor custo por paciente do grupo sem CEC.

O quadro de disfunção pulmonar pós CC é secundário à utilização da CEC, indução anestésica e trauma cirúrgi-co, além de fatores relacionados ao estado pré-operatório do paciente, como por exemplo, idade e tabagismo 19. A CEC é responsável pela síndrome de isquemia-reperfusão, resultando na liberação de enzimas proteolíticas e radicais livres, ocasionando lesão tecidual 20.

Devido às complicações decorrentes da CEC e da pró-pria manipulação cirúrgica, alguns pacientes necessitam de suporte ventilatório prolongado. A VM pode levar a uma lesão pulmonar que pode ser induzida por quatro mecanismos específicos: excessiva distensão regional de células e/ou tecidos causada pela aplicação de pressões ou forças que não existem durante a respiração normal; baixo volume pulmonar no final da expiração, o que causa um recrutamento e colapso repetido de unidades

alveolares instáveis; desativação do surfactante pulmonar pelas oscilações impostas pelo estresse; e a elevação da interdependência elevada entre células e tecidos vizinhos com diferentes propriedades mecânicas 21.

As complicações no PO, muitas vezes, são decorren-tes de doenças associadas ou fatores pré-operatórios, como idade, sexo, disfunção ventricular esquerda, tipo de ci-rurgia, uso de balão intra-aórtico, insuficiência cardíaca congestiva, infarto recente do miocárdio, insuficiência re-nal, cirurgias associadas, reoperações e obesidade 22.

Segundo Chung e Lui23 justifica também o tempo de permanência hospitalar a dor pós-operatória que se caracteriza como dor aguda prevalente no âmbito hospi-talar, comumente associada a dano tecidual, podendo se manifestar de forma intensa ou moderada em 40 a 60% dos casos, assim promovendo complicações em relação à nível de expansibilidade torácica levando a uma disfunção pulmonar.

Historicamente, a fisioterapia respiratória tem sido empregada profilaticamente em pacientes submetidos a cirurgias cardíacas com o objetivo de reduzir o risco de complicações pulmonares, como a retenção de secreções pulmonares, atelectasias e pneumonia24. A fisioterapia no período pré e pós-operatório faz parte do tratamento de pacientes submetidos a cirurgias cardíacas, especial-mente nas subpopulações que apresentam maior risco de desenvolver complicações cardiorrespiratórias pós ope-ratórias 25. O atendimento engloba diversas técnicas e as mais comumente empregadas no período pós-operatório imediato incluem exercícios de padrões ventilatórios (in-cursões profundas), deambulação precoce, cinesioterapia, posicionamento e estímulo à tosse 24. A fisioterapia res-piratória, após a chegada à UTI, contribui muito para a ventilação adequada e o sucesso da extubação 26.

Com a evolução do paciente o fisioterapeuta associa seu conhecimento e adéqua o paciente para a extubação, excluindo qualquer tipo de risco ou possível complicação. Quando o desmame é bem conduzido, há uma sensível melhora na evolução do paciente e podem ocorrer reper-cussões positivas diretas, como por exemplo, a diminuição do tempo de desmame e da ventilação mecânica, menor índice de falhas no desmame, menor taxa de re-intubação, traqueostomia e pneumonia, diminuição do tempo de in-ternação na unidade de terapia intensiva e hospitalar, além da redução dos custos hospitalares 27,28.

Em uma pesquisa realizada por Norrenberg e Vincent 29 em quase 100% das UTIs a função do fisioterapeuta é na mobilização do paciente e ajustes na função do ventilador mecânico, sendo que, 12% têm papel ativo no ajuste da VM, 25% na extubação, 22% no desmame da ventilação mecânica e 46% na execução da ventilação mecânica não-invasiva.

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ConCLUsão

Para determinar o tempo de permanência do paciente submetido a qualquer tipo de sob cirurgia cardíaca é ne-cessário que evidências sejam pesquisadas para o estudo das causas e das complicações sistêmicas que aumentam o tempo de permanência sob via aérea artificial. É preciso entender principalmente, as alterações que esses pacientes apresentam no pós-operatório deste tipo de cirurgia.

Os dados de tempo de permanência e suas consequ-ências podem fazer com que os profissionais da saúde

possam obter mais critérios diante das internações e con-dutas de tratamento, contribuindo assim para a redução do grau de morbidade e mortalidade em unidades de terapia intensiva, provocando uma melhora de qualidade de vida para este perfil de paciente.

Para o fisioterapeuta devem se evidenciar estudos no tempo de permanência em ventilação mecânica invasiva, pois esse profissional que atua em Terapia Intensiva obje-tiva em suas técnicas terapêuticas uma redução do tempo sob via aérea artificial, e assim também da internação le-vando o paciente a uma evolução do seu quadro clínico.

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Submissão: 23/01/2009 Aceite: 28/02/2009

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