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CORPVS/Rev. dos Cursos de saúde da Faculdade Integrada do Ceará Fortaleza v.1 n.15 p. 08-38 jul./set. 2010

ooREVISTA DOS CURSOS DE SAÚDE

FACULDADE INTEGRADA DO CEARÁ

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DIREÇÃO GERAL

Ana Flávia Alcântara Rocha Chaves

DIREÇÃO ACADÊMICA

Candice Costa Nobrega

EDITOR-CHEFE CORPVS

Dr. Vasco Pinheiro Diógenes Bastos - FIC Dra. Raimunda Hermelinda Maia Macena - UFC

EDITORIA CIENTÍFICA

Esp. Antônio Carlos da Silva - FIC [email protected]

Ms. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos FIC/ UECE [email protected]

Dra. Rosiléa Alves de Sousa - FIC [email protected]

CONSELHO EDITORIAL:

Andréa Cristina Silva Benevides - FIC Angela Massayo Ginbo - FMJ

Denise Maria de Sá Machado Diniz - FIC Eldair Melo Mesquita Filho - FIC

Eniziê Paiva Weyne Rodrigues - FIC Estélio Henrique Martin Dantas - FIC

Maria do Socorro Quintino Farias – FIC Nilce Almino de Freitas-IJF

Evandro Martins - FIC Paulo Marconi Linhares Mendonça - FIC

Sheilimar Regina Barragão de Sá Magalhães – FIC

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Antonio Carlos da Silva Humberto Alves de Araújo Henrique Dantas Studart

Mariana André Cavalcante

REVISÃO DE TEXTOS

Ms. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos - UECE Ms.Rosana Cátia Barbosa Terceiro - FIC

Ms. Raimunda Maria do Socorro Sanches de Brito - FIC Esp. Antônio Orion Paiva

Ms. Mirna Gurgel Carlos da Silva – FIC

NORMALIZAÇÃO

Luiza Helena de Jesus Barbosa - CRB - 830

CORPVS/Revista dos Cursos de saúde da Faculdade Integrada do Ceará. – v.1, n.1, (jan./mar.2007). – Fortaleza: Faculdade Integrada do Ceará,2007. v.: il, 30 cm

Trimestral ISSN 1980-9166 v.1, n.15, jul./set.2010

1.Saúde,Periódicos 2.Educação Física 3.Fisioterapia 4.Gestão Hospitalar I. Título II. Faculdade Integrada do Ceará.

CDD 612

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v.1 - n. 15 - jul./set. 2010 - ISSN 1980-9166

ooREVISTA DOS CURSOS DE SAÚDE

FACULDADE INTEGRADA DO CEARÁ

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Editorial

A produção deste número é especial, comemorativo do nono ano desta institui-

ção de ensino superior, e seu lançamento no tempo planejado só foi possível graças à

pronta e favorável acolhida que nossos convites receberam de todos os autores e pela

presteza e capricho na submissão dos manuscritos, além do fundamental apoio. Este

número conta com cinco artigos.

Os dois primeiros abordam as questões de saúde no esporte.   O primeiro

artigo Análise das Lesões Músculo Esqueléticas Correlacionadas às Técnicas em Pra-

ticantes de Judô de Vanessa Azevedo Mendonça; Ana Christina de Oliveira Brasil;

Ranniere Gurgel Furtado de Aquino e Nádia Nogueira Gomes e o estudo  Curso

Teórico-Prático de Dança: Uma Experiência Curricular em Busca da Formação Inte-

gral de Bárbara Raquel Agostini.

O segundo bloco de artigos trata de questões gerenciais. O artigo  Dificulda-

des no Processo de Trabalho do Agente Comunitário de Saúde  de Loeste de Arruda

Barbosa; Ticiano Magalhães Dantas; Francisco das Chagas Vasconcelos de Souza

Neto;Berenice Temoteo da Silva e Cleide Correia de Oliveira e o seguinte intitula-

do  Importância dos Projetos de Responsabilidade Social do Curso de Fisioterapia da

Estácio/FIC: Avaliação dos Usuários de Jorzana Mendes Vieira de Azevedo e Giselle

Notini Arcanjo

O último artigo aborda aspectos específicos da atuação da fisioterapia nas patolo-

gias respiratórias no artigo denominado Os Benefícios da Hidroterapia no Tratamento

do Paciente Asmático: Estudo de Caso de Daniel Moreira Rolim de Morais; Thiago

Brasileiro Vasconcelos; Clarissa Bentes de Araújo Magalhães; Cristiano Teles de Sou-

sa; Paulo Henrique Palácio Duarte Fernandes; Teresa Maria da Silva Câmara e Vasco

Pinheiro Diógenes Bastos.

Boa leitura!

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Sum ário

Artigos originAis Análise das Lesões Músculo Esqueléticas Correlacionadas às Técnicas em Praticantes de Judô 8

Vanessa Azevedo Mendonça; Ana Cristhina de Oliveira Brasil; Ranniere Gurgel Furtado de Aquino;

Nádia Nogueira Gomes

Curso Teórico-Prático de Dança: Uma Experiência Curricular em Busca da Formação Integral 14

Bárbara Raquel Agostini

Dificuldades no Processo de Trabalho do Agente Comunitário de Saúde 21Loeste de Arruda Barbosa; Ticiano Magalhães Dantas; Francisco das Chagas Vasconcelos de Souza Neto;

Berenice Temoteo da Silva; Cleide Correia de Oliveira

Importância dos Projetos de Responsabilidade Social do Curso de Fisioterapia da Estácio/FIC: Avaliação dos Usuários 27

Jorzana Mendes Vieira de Azevedo; Giselle Notini Arcanjo

Os Benefícios da Hidroterapia no Tratamento do Paciente Asmático: Estudo de Caso 34

Daniel Moreira Rolim de Morais; Thiago Brasileiro Vasconcelos; Clarissa Bentes de Araújo Magalhães;

Cristiano Teles de Sousa; Paulo Henrique Palácio Duarte Fernandes; Teresa Maria da Silva Câmara;

Vasco Pinheiro Diógenes Bastos

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Artigos originaisArtigos originais

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8CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(15) jul/set. 2010.

Análise das Lesões Músculo Esqueléticas Correlacionadas às técnicas em Praticantes de Judô

Vanessa Azevedo MendonçaI

Ana Cristhina de Oliveira BrasilII Ranniere Gurgel Furtado de AquinoIII

Nádia Nogueira GomesIV

RESUMO

Introdução: O judô é uma prática esportiva de origem japonesa, criada em 1882 por Jigoro Kano. Por ser um esporte de competição de alto nível, está diretamente sujeito à elevada incidência de lesões, pois o atleta realiza esforços físicos e psíquicos próximos dos seus limites fisiológicos, seja pela exigência durante os treinos e manutenção do desempenho, seja pela cobrança de bons resultados durante competições. Objetivo: Verificar a prevalência de lesões músculoesqueléticas correlacionadas às técnicas em praticantes de judô. Métodos: Pesquisa observacional, transversal, descritiva, exploratória quantitativa e caráter diagnóstico. Realizada no período total de agosto de 2009 a junho de 2010, com amostra de 20 atletas (n=20) competidores de Judô da cidade de Fortaleza-CE, per-tencentes à Federação Cearense de Judô–FECJU, do sexo masculino e feminino, acima de 18 anos, graduação preta. Resultados: 20 atletas estudados. Idade mínima 18 anos e máxima de 42 anos, média 25,15+1,58 anos. Sexo masculino representou 80%16 da amostra e feminino 20%4, toda a faixa preta, com 65%13 acima do peso ideal. Prevalência de lesões: 100% (n=20) apresentaram lesão decor-rente do Judô. Técnica mais utilizada: Seoi-nage com 50%10, onde a metade dos atletas recebeu assistência fisioterapêutica. Região anatômica mais acometida: ombro e joelho, ambos com 30%6. Lesão mais comum: luxação de ombro, com freqüência de 20%4. Con-clusão: Correlação da técnica Seoi-nage (n=10) com local de acometimento e diagnóstico das lesões: o punho teve maior frequência de acometimento com 30%3, correspondendo 60%6 em todo membro superior. As lesões musculoesqueléticas com maior frequência foram tendinite de punho e contusão de quadril, ambos com 20%2, respectivamente.

Palavras-chave: Judô (Técnicas). Lesões Músculoesqueléticas. Fisioterapia (especialidade).

ABSTRACT

Introduction: Judo is a sport of Japanese origin, created in 1882 by Jigoro Kano. Being a sport of high level competition, is directly subject to the high incidence of injuries for the athlete to perform physical and mental effort close to their physiological limits, either by the requirement during training and maintenance of performance, whether the recovery of good results during competi-tions. Objective: To determine the prevalence of musculoskeletal disorders related to the techniques in judo practitioners. Methods: This observational, cross sectional, descriptive, exploratory, quantitative and diagnostic character. Held in the total period August 2009 to June 2010 with a sample of 20 athletes (n=20) Judo competitors in the city of Fortaleza-CE, belonging to the Federation of Judo-FECJU, male and female, above 18 years, black graduation. Results: 20 athletes studied. Minimum 18age and maximum 42age, mean 25.15+1.58years. Males represented 80%16 of the sample and females 20%4, all black belt, with 65%13 over ideal weight. Preva-lence of lesions: 100%(n=20) had lesions resulting from Judo. Most widely used technique: Seoi-nage with 50%10, where half of the athletes received physical therapy. Anatomical region most affected: shoulder and knee, both with 30%6. Most common injury: dislocated shoulder, with a frequency of 20%4. Conclusion: Correlation Seoi-nage technique (n=10) with local involvement and diagnosis of injuries: the fist had the highest frequency of involvement with 30%3, representing 60%6 around the upper limb. The musculoskeletal injuries were most frequently fist tendinitis and hip injury, both with 20%2, respectively.

Keywords: Judo (Technical). Musculoskeletal Injuries. Physiotherapy (specialty).

I. Fisioterapeuta pela Faculdade Estácio do Ceará.II. Mestre em Saúde Pública pela Universidade Federal do Ceará.III. Especialista em Ciências Morfológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.IV. Especialista em Gestão em Saúde pela Universidade Estadual do Ceará.

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9CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(15) jul/set. 2010.

Mendonça et alAnálise dsas Lesões Músculo Esqueléticas

introDUÇÃo

O judô é uma prática esportiva de origem japonesa, criada em 1882 por Jigoro Kano, a partir de outras artes marciais que ele havia praticado e estudado. No Brasil, foi introduzido através dos imigrantes japoneses no início do século XX. Este esporte caracteriza-se por um grande nú-mero de técnicas, bases filosóficas e princípios científicos que buscam o desenvolvimento saudável dos seus pratican-tes, com grande valor na formação do indivíduo1.

Com o passar do tempo foi difundido mundialmente chegando a ser considerada modalidade olímpica, em 1964. Desde então, o desenvolvimento holístico de seus pratican-tes foi cedendo lugar, gradativamente, ao treinamento com o objetivo de atingir-se alto rendimento, assimilando valo-res e características do esporte moderno, que são: busca do máximo rendimento físico-técnico e resultados positivos em curto prazo. Atualmente é uma das modalidades es-portivas que apresenta grande adesão, principalmente em idades púberes e pré-púberes2.

Os esportes de competição determinam padrões corporais que estão agregados à eficiência do gesto es-portivo. Porém podem evoluir para processos patológicos que limitam a prática de atividades físicas regulares. Consequentemente aparecerão dores, contraturas, enrije-cimentos e limitação dos movimentos articulares ligados às contrações musculares3.

O judô caracteriza-se pela prática de inúmeros mo-vimentos corporais, como fletir e estender cotovelos e joelhos ao mesmo tempo em que são necessários os mo-vimentos de rotação do corpo, equilíbrio, coordenação motora e grande força muscular para a precisão dos golpes e própria defesa3.

A prática de esportes de alto nível está diretamente relacionada à elevada incidência de lesões, pois o atleta re-aliza esforços físicos e psíquicos muito próximos dos seus limites fisiológicos, seja pela exigência durante os treinos e manutenção da desempenho, seja pela cobrança de bons resultados durante as competições4. Entretanto, questio-namentos ainda são levantados a respeito da existência de detalhamentos sobre a situação sob as quais ocorrem as lesões e as variáveis que as influenciam5.

O judô é uma arte marcial que tem o fator força como de extrema importância, já que não permite técnicas de socar e chutar6. Segundo Franchini7, as lutas são caracte-rizadas por movimentos rápidos, inesperados, repetitivos e de alta intensidade, submetendo uma intensa sobrecarga ao sistema musculoesquelético e suas estruturas ligamen-tares e tendíneas.

Isso pode ser agravado pela característica acíclica da modalidade, com posturas inesperadas, elevado número

de competições e intensidade dos treinos, o que muitas vezes é realizado sem acompanhamento profissional espe-cífico6. Todos esses fatores fazem com que o judô apresente um considerável risco para ocorrência de lesões, sendo apontado com destacado risco relativo quando comparado a outras modalidades esportivas8,9.

Bons resultados em competições requerem grande vo-lume de treinamento, o que leva a repetições constantes de um mesmo gesto motor, ou de um mesmo padrão, po-dendo causar desgaste e danos em partes específicas do organismo2. Esse fator associado a gestos específicos do esporte e os erros na técnica de execução dos movimen-tos podem aumentar a prevalência de lesões no aparelho locomotor10.

Mesmo que o atleta seja bom executante da técnica, o que pode diminuir os efeitos desse desgaste, os altos ní-veis de competitividade podem levar a execução de gestos biomecanicamente incorretos por ocasião de uma disputa, o que vem associado cansaço físico e pressão psicológica, contribuindo assim para o surgimento de lesões2. Além disso, o judô apresenta muitas quedas, rolamentos, pe-gadas, etc., às quais se não bem desenvolvidas podem também levar a uma lesão muscular ou óssea11.

Araújo12 descreveu relatos sobre a análise do índice de lesões em judocas do sexo feminino e obteve como maior freqüência: torção de joelho, entorses de tornozelo e con-tusão de ombro.

Nesse sentido, Barsottini, Guimarães e Morais1 rela-taram que várias pesquisas evidenciaram a relação desse esporte e o aparecimento de lesões, expondo casos es-pecíficos como, por exemplo, lesões em determinadas articulações específicas.

A realização desta pesquisa foi motivada devido à ad-miração e o acompanhamento deste esporte. Também, paralelamente, a partir da realização de outra pesquisa com avaliação postural com atletas dessa mesma moda-lidade, tendo em vista a escassez de trabalhos realizados nessa área.

Com esta pesquisa, buscou-se contribuir com dados científicos para a comunidade acadêmica e leiga, assim como estimular futuros trabalhos, com os atletas desse esporte, na área da Fisioterapia preventiva, bem como na área de recuperação da saúde.

Juntamente com o crescente número de adeptos do judô, tanto a nível nacional quanto internacional, estão os problemas relacionados às lesões que afetam os atletas dessa prática esportiva. Carazzato et al.8, apresentaram o trabalho da equipe de Medicina Esportiva nos jogos Pan Americanos de Mar del Plata, em 1995, registrando que o judô foi o quarto esporte na classificação geral de aten-dimentos clínicos e traumatológicos, sendo o primeiro

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10CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(15) jul/set. 2010.

Mendonça et alAnálise dsas Lesões Músculo Esqueléticas

colocado em atendimento traumatológico (27 lesões em 16 atletas). Relataram também que as lesões de coluna foram as mais freqüentes.

Frente a todos esses fatores e evidências expostos an-teriormente, pretendeu-se com este trabalho verificar a prevalência de lesões músculoesqueléticas correlacionadas às técnicas em praticantes de judô, identificando em qual situação ocorreu à lesão, bem como averiguar se, após a le-são, os judocas receberam assistência fisioterapêutica, assim como descrever os aspectos sócio-populacionais, antropo-métricos e relativos à categoria dos praticantes do referido esporte em estudo. Visando, com isso, disponibilizar dados que possam possibilitar discussões para novas metodolo-gias de treinamento, objetivando reduzir o índice de lesões.

MÉtoDos

Trata-se de uma pesquisa observacional, transversal, descritiva, exploratória quanto ao nível de investigação, com abordagem quantitativa e de caráter diagnóstico.

A abordagem quantitativa foi a forma mais indicada para este estudo, por considerar que todos os participantes puderam confirmar os dados apresentados.

O estudo foi realizado com praticantes de Judô da cida-de de Fortaleza-CE. Os mesmos treinavam regularmente em diversas academias situadas na cidade. A coleta de dados foi realizada nos locais e dias de treinamento dos atletas da amostra. O período total do estudo transcorreu de agosto de 2009 a junho de 2010, sob aprovação do Co-mitê de Ética e Pesquisa da Faculdade Integrada do Ceará, parecer nº 161/09.

A pesquisa respeitou os princípios éticos da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde – pesquisa envolvendo seres humanos13 e do Có-digo de Ética do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional

– Resolução COFFITO-1014.Participaram desse estudo atletas competidores per-

tencentes à Federação Cearense de Judô – FECJU, com uma amostra inicialmente estimada de cinquenta atletas, contudo, ao final, somente participaram da amostra vinte atletas (n=20).

Foram incluídos os praticantes de Judô, do sexo mascu-lino e feminino, com idade acima de 18 anos, competidores, pertencentes à graduação preta, por já terem conhecimento de todas as técnicas e poderem aplicá-las nas competições. Os mesmos estavam regularmente registrados na FECJU (Federação Cearense de Judô), compondo assim a equipe de estudo. Os atletas concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido proposto na pesquisa.

Foram excluídos os atletas de Judô não competidores e que apresentavam alguma lesão decorrente de outro

esporte ou qualquer outra doença ou agravo à saúde, que não fossem faixa preta, bem como aqueles que desistiram de participar do estudo durante a fase de coleta de dados.

Inicialmente foi realizado o contato com o Coordenador do Departamento de Saúde e Departamento de Pesquisa Científica, ocasião na qual foram expostos os objetivos e procedimentos da pesquisa. Após sua autorização solici-tou-se ao mesmo uma lista com o nome das academias em que os atletas possíveis participantes da pesquisa treinavam.

Em seguida, os proprietários das academias foram con-tatados e a eles solicitou-se a permissão para execução do trabalho em seu estabelecimento. Após essa autorização entrou-se em contato com os técnicos a fim de prestar os mesmos esclarecimentos.

Os atletas receberam explicações acerca dos proce-dimentos e objetivos do trabalho. Para a realização da pesquisa, os mesmos assinaram o Termo de Consenti-mento Livre e Esclarecido, bem como responderam a uma ficha de coleta de dados com perguntas objetivas relacio-nadas ao perfil sócio-populacional, à prática do esporte e à ocorrência de lesões decorrentes do Judô.

Os dados foram coletados nas dependências da acade-mia na qual o atleta treinava, após autorização por escrito da gerência das referidas academias. Sendo assim, antes ou após o treino, cada atleta componente da amostragem deste estudo foi orientado a responder a ficha de coleta de dados, não necessitando a interrupção do treinamento.

Este estudo promoveu uma análise das possíveis lesões do Judô associadas às técnicas implementadas no treina-mento desportivo, visando instaurar medidas preventivas no sentido de evitar novas lesões ou o agravamento das já existentes.

Os dados coletados foram catalogados e em seguida analisados através do Microsoft Excel, versão 2007, por meio de testes específicos e, posteriormente apresentados em forma de gráficos, quadros e tabelas, para melhor vi-sualização e entendimento.

rEsULtADos E DisCUssÕEs

Foram estudados sequencialmente 20 atletas, com ida-de mínima de 18 anos e a máxima de 42 anos, com média de 25,15 + 1,58 anos. O sexo masculino representou 80%16 da amostra e o feminino 20%4. Em relação ao estado civil 75%15 eram solteiros e 25%5 casados. Avaliando-se o grau de instrução dos atletas, foi constatado que 5%1 é pós gradu-ado, 20%4 possuem terceiro grau completo, 55%11 terceiro grau incompleto e 20%4 segundo grau completo.

Dos 20 atletas estudados 100% (n=20) pertenciam à fai-xa preta. Desses 5%1 era 5º Dan, 10%2 3ª Dan, 35%7 2º Dan e 50%10 1º Dan.

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11CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(15) jul/set. 2010.

Mendonça et alAnálise dsas Lesões Músculo Esqueléticas

Acrescenta-se ainda que, o peso mínimo foi de 59,0Kg e o máximo de 145,0Kg sendo uma média de 83,5 + 4,45 Kg. Houve uma variação da altura de 1,58m a 1,98m com uma média de 1,75 + 0,02m. Em relação ao Índice de Massa Corpórea (IMC) 35%7 foram enquadrados no peso ideal, 45%9 sobrepeso, 15%3 obesidade e 5%1 obesidade grave.

Um dos fatores que pode explicar os altos índices de massa corpórea do grupo estudado, já que a maioria en-contra-se acima do peso ideal, segundo Santos, Duarte e Galli15, é o tipo de prática específica da modalidade, ou seja, o judô é um esporte de resistência cardiovascular predominantemente anaeróbica, não possibilitando uma maior queima de gordura.

Quanto à prevalência de lesões, foi verificado que 100% (n=20) da amostra apresentaram algum tipo de lesão de-corrente da prática do Judô.

O tipo de lesão está associado ao tipo de esporte, e, sen-do o Judô um esporte de contato, Almeida16 relata que esse tipo de desporto são os que apresentam maior risco de lesões.

Ressalta-se que, a necessidade de vitórias, a busca pelo sucesso e o excesso de treinamentos e competições, con-dições indispensáveis para se atingir o ápice esportivo, impõe aos atletas a condição de serem submetidos a es-forços psíquicos e físicos muito próximos dos seus limites fisiológicos. Assim, os coloca em uma faixa de atividade potencialmente patológica, resultando em altos números de lesões esportivas. As causas para tais lesões podem ser atribuídas à ausência de medidas preventivas, exaustão competitiva, volúpia atlética e psicossomatismos17,18.

A técnica mais utilizada no momento da lesão foi a Seoi-nage com 50%10. As técnicas Harai-goshi e Uchi-mata representaram 10%2 da amostra. As outras técnicas citadas pelos atletas, O-goshi, Ura-nage, Kata-otoshi, Tsuri-goshi, Soto-maki-komi e seoi-otoshi, representaram apenas 5%1.

A técnica Seoi-nage é uma técnica de braço, pertencen-te ao grupo de técnicas de projeção Te-waza, porém utiliza o quadril como ponto de apoio do sistema de alavancas para efetuar a projeção19,20.

Barsottini, Guimarães e Morais1, em um estudo realiza-do com atletas de judô do sexo masculino, observou-se que 71% das lesões aconteceram em treino e apenas 29% ocorre-ram em competição. Apesar desse dado, no presente estudo, quando analisado em que situação ocorreu à lesão, 60%12 dos atletas relataram haver ocorrido em campeonato e 40%8 em treinamento. Sendo 55%11 das lesões devido a um golpe do adversário (“Uke”) e 45%9 devido a um próprio golpe (“Tori”).

Em treinamentos muito intensos e, principalmente, em competições, o atleta costuma realizar esforços maiores que sua própria capacidade física. Também, esportes as-simétricos e treinamentos com exercícios de carga podem causar deformidades das estruturas corporais21.

Em relação à assistência fisioterapêutica, houve uma semelhança nos resultados, 50%10 dos atletas foram assisti-dos pela Fisioterapia e 50%10 não.

Neste estudo, em relação à região anatômica acometida, foi evidenciada uma semelhança nos achados de compro-metimento de ombro e joelho, ambos com 30%6. Punho e quadril tiveram uma freqüência de acometimento de 15%3 ambas e antebraço e pododáctilos também apresentaram a mesma frequência, com 5%1 de acometimento.

Carazzato, Cabrita e Castropil22, em um estudo reali-zado com atletas do sexo masculino de nível internacional, nacional e estadual e/ou municipal, observaram que a ar-ticulação com o maior índice de lesão foi o ombro, com 72,13%, que caracteriza um dos componentes corpóreos mais utilizados e consequentemente mais comprometidos na prática do judô.

Oliveira e Pereira23, em estudo com atletas masculi-nos dessa mesma modalidade, também observaram uma maior incidência de lesão na articulação do ombro, com 36% to total, seguida da articulação do joelho, com 32%.

Já Fujita et al.24, em estudo realizado com atletas de judô do sexo masculino, observaram que as lesões ocorre-ram com maior prevalência na articulação do joelho, com quase 50%.

Com ralação ao diagnóstico da lesão, luxação teve uma freqüência de 25%5, entorse de 20%4, fratura e contu-são 15%3 ambas, ruptura ligamentar e tendinite com 10%2 ambas e Lombalgia com frequência de apenas 5%1. Sendo a lesão mais comum luxação de ombro, com freqüência de 20%4.

Contusão, entorses, luxações, fraturas, tendinites, rupturas ligamentares entre outras são parte inerente do desenvolvimento com atividades físico-esportivas5.

ConCLUsÃo

Correlacionando o local de acometimento das lesões mus-culoesqueléticas com a técnica mais utilizada no momento da lesão, no caso a técnica Seoi-nage (n=10), pode ser observado que entre estes, o punho teve uma maior frequência de aco-metimento com 30%3; ombro, joelho e quadril tiveram uma frequência de 20%2, respectivamente, em cada um dos segui-mentos corporais e o antebraço uma frequência de 10%1.

Levando-se em consideração que essa técnica requer uma grande solicitação do membro superior, pode ser constatado que o mesmo teve um maior grau de acometi-mento com 60%6.

Com a utilização da técnica Seoi-nage (n=10), as lesões musculoesqueléticas com maior frequência foram tendi-nite de punho e contusão de quadril, ambos com 20%2 respectivamente.

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12CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(15) jul/set. 2010.

Mendonça et alAnálise dsas Lesões Músculo Esqueléticas

rEFErÊnCiAs

1. Barsottini D, Guimarães AE, Morais PR. Relação entre técnicas e lesões em praticantes de Judô. Revista Brasileira de Medicina do Esporte Niterói. 2006 Jan - Fev; 12(1): 56-60.

2. Fraga LAC. Presença de atitudes escolióticas em meninos judocas e não judocas. [dissertação]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física; 2002.

3. Martins ACV, Coan MV. Análise da postura de atletas praticantes de artes marciais. Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC; 2005; Fortaleza. Fortaleza: SBPC; 2005.

4. Araújo RA, Andrade LRQ , Prada FJA. A incidência de lesões no joelho em atletas de Judô. Revista Digital, Buenos Aires. 2009 Jul; 14(134). Disponível em < http://www.efdeportes.com/efd134/lesoes-no-joelho-em-atletas-de-judo.htm> Acesso em 20 fev 2010.

5. Silva DAS, Souto MD, Oliveira ACC. Lesões em atletas profissionais de futebol e fatores associados. EFDeportes.com, Revista Digital. 2008 Jun; 13 (121): Disponível em < http://www.efdeportes.com/efd121/lesoes-em-atletas-profissionais-de-futebol.htm> Acesso em 17 out 2009.

6. Fujita AP et al. Proposta de intervenção multidisciplinar preventiva em atletas às lesões decorrentes da prática desportiva do judô.  In: XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica - INIC/ II Encontro de Pós-Graduação - EPG, 2002, São José dos Campos, SP: Universidade do Vale do Paraíba. São José dos Campos; 2002.

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13CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(15) jul/set. 2010.

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Submissão: 12/07/2010 Aceite: 15/08/2010

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Curso teórico-Prático de Dança: Uma Experiência Curricular em Busca da Formação integral

Bárbara Raquel AgostiniI

RESUMO

Antes mesmo de o homem falar articuladamente ele já expressava seus sentimentos por intermédio da dança. Atualmente existem muitos professores de dança em nosso país, ministrando aulas de dança. E, na maior parte das vezes estes profissionais não tiveram uma formação integral. Em razão disso, e EDISCA viu a necessidade de oferecer um curso que contribuísse para uma formação integral do futuro professor de dança. O objetivo geral deste artigo foi relatar a construção da grade curricular do curso de dança teórico-prático em uma Instituição de Dança-Educação. E, como objetivos específicos buscamos analisar a construção da grade curricular em relação ao mercado de trabalho e evidenciar como pode ocorrer a formação integral para os profissionais da área da dança em escolas/academias que atuem na pirâmide: arte-dança-educação. A metodologia utilizada foi um relato de experiência pedagógica, que se define por ser o conjunto da descrição da realização experimental, dos resultados nele obtidos, assim como das idéias associadas, de modo a constituir uma compilação completa e coerente de tudo o que diga respeito a esse trabalho. Os parti-cipantes da construção da grade curricular em questão foram os próprios educadores da instituição, orientados pela Coordenação Artística e Pedagógica da escola. A grade curricular final foi composta por 13 disciplinas: História da Dança, Desenvolvimento In-fantil, Didática do ensino, Arte-Educação, Dança Criativa, Ballet Clássico I–Preliminar e básico, Preparação Física para bailarinos, Mecânica do movimento, Ballet Clássico II–Intermediário/Avançado, Técnica de Marta Graham, Técnica de dança4, Composição Coreográfica e Elaboração de Projetos. Cada disciplina tem carga horária diferenciada em função de suas necessidades, estrutura e utilização. Como conclusão relatamos que a construção da grade “abre” novos horizontes de possibilidades para os educadores, e, que cada vez mais se faz preciso uma formação global na linguagem da dança-educação.

Palavras-chave: Dança-educação. Grade curricular e arte.

ABSTRACT

Even before the man speak articulately he expressed his feelings through dance. Currently there are many dance teachers in our country, teaching dance classes. And in most cases these workers did not have an integral formation. For this reason, and EDISCA saw the need to offer a course that contribute to a comprehensive training of future teachers of dance. The aim of this article was to report the construction of the course curriculum of dance theory and practice in an institution-Dance Education. And as specific goals we analyze the construction of the curriculum in relation to the labor market and show how it can be formed integral to the professionals in the dance schools/academies that act on the pyramid: art-dance-education. The methodology used was a report of teaching experience, which is defined to be the set of descriptions of experimental realization of the results obtained therefrom, as well as the associated ideas, so as to provide a coherent and comprehensive compilation of all that concerns this work. The participants in the construction of the curriculum in question were educators themselves of the institution, directed by Artistic coordination and Pedagogical School. The curriculum was comprised of 13 end disciplines: Dance History, Child Development, Curriculum education, Art Education, Creative Dance, Classical Ballet I-Preliminary and basic physical preparation for dancers, Mechanical Movement, Classical Ballet II-Intermediate/Advanced Technique of Martha Graham Dance Technique4, Choreogra-phic Composition and Development Project. Each discipline has different hours depending on your needs, structure and use. In conclusion we report that construction of grade “open” new horizons of possibilities for educators, and which becomes increasingly accurate global training in the language of dance education.

Keywords: Dance-education, curriculum and art.

I. Mestra em Educação/PUCPR – Doutoranda/Universidade Estatal da Rússia/Faculdade Integrada do Ceará (FIC).

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Bárbara AgostiniCurso Teórico-Prático de Dança

introDUÇÃo

A dança é uma das artes mais antigas e apreciadas desde tempos remotos por diversas civilizações ao longo da his-tória. Ao analisarmos a história da dança, verificamos que inicialmente era elemento essencial do desenvolvimento expressivo de tribos, povos e comunidades. Com o passar dos anos, no período Renascentista, surge à necessidade de dar a dança um caráter menos amador e mais profissio-nalizante. E, no decorrer dos séculos, esse caráter somente se intensificou. Morozowicz1 nos apresenta a dança edu-cação como um processo de improvisação, transformação e liberação.

Atualmente existem muitos professores de dança em nosso país, ministrando aulas de: dança moderna, con-temporânea e ballet clássico. Porém muitas vezes estes profissionais, ou foram bailarinos por muitos anos ou, mais dificilmente, em algum momento da vida, decidiram dedicar-se ao estudo da prática da dança como profissão.

Conforme o site idanca a formação (superior) específica na área de dança ocorre nos cursos de graduação em Dança, que possui tanto a opção do bacharelado quanto da licen-ciatura. No Brasil existem cursos em Instituições públicas e privadas. O Brasil conta hoje com 18 cursos de graduação

– entre licenciaturas e bacharelados -, além de mestrados e doutorados. A região sudeste concentra o maior número deles: são cinco em São Paulo e quatro no Rio de Janeiro. O professor e pesquisador Roberto Pereira fez um levantamen-to contendo todos os cursos em funcionamento no Brasil. São eles: Universidade Federal da Bahia (UFBA/Salvador), Centro Universitário da Cidade (UniverCidade/Rio de Ja-neiro), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/Rio de Janeiro), Faculdade Angel Vianna (FAV/Rio de Janeiro), Universidade Estácio de Sá (Rio de Janeiro), Universida-de Federal do Amazonas (UFAM/Manaus), Universidade Federal de Viçosa (UFV/Minas Gerais), Faculdade Paulis-ta de Artes (São Paulo), Pontifícia Universidade Católica (PUC/São Paulo), Universidade Anhembi-Morumbi (São Paulo), Faculdade Tijucussu (FATI/São Caetano), Uni-versidade Estadual de Campinas (UNICAMP/São Paulo), Faculdade de Artes do Paraná (FAP/Curitiba), Universi-dade Luterana do Brasil (ULBRA/Canoas), Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ/Rio Grande do Sul) e Univer-sidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS/Monte Negro). E o autor ainda ressalta que “é importante haver esse boom de cursos, principalmente de licenciatura, pois precisamos de professores graduados e bem preparados nas escolas”, analisa Roberto. E de acordo com Strazzacappa 3 (2002-2003, p.74), a dança é reconhecida pelo Ministério da Educação “como um curso superior com diretrizes próprias desde a década de 1970”.

Porém, o que é visto desde que se iniciou o processo de profissionalização da dança, é que conforme Ehrenberg3 além da dança ser estudada em sua própria graduação, “ela é compartilhada pela Educação Física e por outras áreas do conhecimento”, porém, de nosso ponto de vista, inú-meras vezes, não de uma forma aprofundada e que atenda ás necessidades do mundo do trabalho atual. A Dança também pode ser estudada em outras graduações, como é o caso das Artes Cênicas, Educação Artística, Comu-nicação Social4 (PACHECO, 1999), Educação Física e Artes Plásticas. Portanto, todos estes profissionais estão licenciados para ministrar aulas de dança em ambiente es-colar. Ehrenberg3 ainda coloca que tanto os profissionais formados em Dança, como em Educação Física, como em Artes podem ensinar dança na escola, mas “faz-se necessá-rio realmente delimitar o âmbito de atuação e deixar claro o aprofundamento dado ao objeto de estudo por cada um destes profissionais”. Portanto verificamos que temos os seguintes cursos de dança:• Nível Superior – Bacharelado: Duração de aproxi-

madamente quatro anos. O bacharelado em Dança desenvolve no aluno um perfil que lhe permita re-fletir sobre o espetáculo de dança, a interpretação e a montagem coreográfica sob o ponto de vista ético e estético, analisando seu trabalho sob uma perspectiva interdisciplinar exercitando a compre-ensão, a criatividade e a reflexão. O currículo é composto por disciplinas como anatomia humana, música e movimento, história da dança, fisiologia do movimento, dança moderna, balé clássico, filo-sofia, folclore, composição coreográfica, produção artística e administrativa, psicologia da dança, en-tre outras.

• Nível Superior – Licenciatura: Duração de apro-ximadamente quatro anos. O curso de licenciatura em dança forma um indivíduo com embasamento técnico e com sólida experiência prática na área e apto a exercer atividades educativas, recreativas, te-rapêuticas e culturais da dança, tomando a dança como produção de conhecimento e transformação de indivíduos, além de discutir a dança e a arte no contexto da educação, sendo capaz de elaborar sua própria metodologia de trabalho.

• Nível médio - Curso Técnico: Duração de aproxi-madamente dois anos. Propicia a formação no nível médio, como também desenvolve um conhecimen-to rico na área de arte e cultura. Citamos, como exemplo, disciplinas, tais como: a História da Arte, Arte e Cultura, Estética, Educação Ambiental, Estudo das Leis de Incentivo à Dança, Dimen-são Ética e Relações Sociais, História da Dança,

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Bárbara AgostiniCurso Teórico-Prático de Dança

Dança Contemporânea, Dança Técnica Clássica, Danças Tradicionais, além de Elementos da Mú-sica, Improvisação e Composição.

• Cursos Livres: existem diversos cursos livres de dança, podem ter uma vocação específica como balé clássico, moderno, dança de salão, f lamenca ou hip hop. Em geral são cursos práticos, com pou-ca ou quase nenhuma carga teórica.

A DAnÇA nAs EsCoLAs/ACADEMiAs tÉCniCAs DE DAnÇA

O local dos denominados “cursos livres” são intensos formadores de professores em dança. São as escolas/aca-demias técnicas de dança. O aluno/bailarino entra nestas escolas por volta de 6 anos de idade, e, passa lá grande parte de sua vida. Nestes locais aprende a dançar, apren-de a coreografar, aprende os meandros mais específicos da dança, sempre orientado por seus “tutores”. E, numa percepção pessoal, ocorre o seguinte processo (sem a pretensão de ser generalista): entra-se aluno, encontra-se bailarino e, de repente sai professor de dança!

Contudo, este processo abre espaço para muitas dúvi-das na formação, visto que ocorre de forma inconsciente, no qual o aluno é levado, por várias razões, a se tornar um educador da área da dança de forma inesperada. Obser-vando uma educação que abrace os pilares educacionais de Delors5, as escolas de dança têm feito de forma exce-lente o: Aprender a Fazer, pois nos alunos saem de lá com amplo conhecimento técnico no que diz respeito ao nome dos passos de dança e suas constituições. O Aprender a Conviver também é um processo que os alunos passam anos vivenciando, porque quebram, transpõem, constro-em, reconstroem paradigmas corporais únicos. Porém o Aprender a Conhecer implica atualização constante, pesquisa, conhecimento de procedimentos didático-meto-dológicos, enfim, uma variedade enorme de aspectos que estas escolas não podem proporcionar.

Outro fator preponderante, é que o ensino da dança acontece numa fase de vida muito especial da criança e do adolescente, seja em contexto escolar ou das academias de dança. Portanto, conhecer de forma profunda as peculia-ridades do desenvolvimento infanto-juvenil em instâncias biológicas e psicológicas é o que vai definir um professor capacitado ou não para atuar na área da dança.

A DAnÇA nos PArâMEtros CUrriCULArEs nACionAis (PCns)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais consistem em documentos elaborados pelo Ministério da Educação

Brasileiro com o intuito de orientar o trabalho dos pro-fessores do ensino fundamental (de 1ª a 8ª séries) e do ensino médio (1º ao 3º colegial). Existe um PCN para cada disciplina curricular: artes, educação física, portu-guês, matemática, etc.

E, ao pensarmos e observarmos a dança verificamos que a Educação Física não exclui o conteúdo de dança de seu campo de atuação. Ao contrário, é esta que ela vem tentando incluir em sua formação e no currículo esco-lar. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, por exemplo, afirmam que o ensino de dança na escola deve ser de res-ponsabilidade do professor de educação física. E aí, cabe a nós outra questão para um posterior artigo, será que os cursos de licenciatura em Educação Física vêm oportu-nizando a vivência, a experimentação e o diálogo que a dança pode proporcionar?

Os PCNs entendem a educação física como cultura corporal, e “dentre as produções dessa cultura corporal, al-gumas foram incorporadas pela Educação Física em seus conteúdos: o jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta”6 (BRASIL, 1997, p. 26-7). Em outro trecho o documento explicita:

O trabalho de Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois possibilita aos alunos terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades cor-porais e de participar de atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções 6

Aqui, entendemos as DANÇAS, principalmente como as regionais e folclóricas, já que são típicas de cada parte do país e podem, sim, ser um reflexo da cultura corpo-ral. Isso porque nossos movimentos são influenciados pela nossa história corporal e pelo meio ambiente e comuni-dade na qual estamos inseridos. Pensando no universo escolar, concordamos com Barreto7 que nos aponta que:

[...] a dança não sendo disciplina do currículo escolar, não pode ser ministrada nas escolas pelos licenciados em dança, como um campo de conhecimento autônomo que tem carac-terísticas, estruturas, conteúdos e metodologias próprios. Ela somente pode ser trabalhada em função de outros campos de conhecimento, assumindo papel de conteúdo de disciplinas como Educação Física e Artes.

Os conteúdos da Educação Física no ensino funda-mental, segundo os PCNs, são divididos em três blocos. São eles: Esportes, jogos, lutas e ginásticas; Conhecimen-tos sobre o corpo; e Atividades rítmicas e expressivas. É neste último que a dança está inserida como um conteúdo

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Bárbara AgostiniCurso Teórico-Prático de Dança

a ser trabalhado na escola. O documento ainda acrescenta que o conteúdo dança é também trabalhado pelo professor de Artes na escola, e este conteúdo é mais amplamente discutido no PCN de Artes onde o profissional encontrará

“mais subsídios para desenvolver um trabalho de dança, no que tange aos aspectos criativos e à concepção da dança como linguagem artística”6

A DAnÇA E o MErCADo DE trABALho

Conforme Motta8, não faz muito tempo, se alguém dissesse que gostaria de fazer uma faculdade de Dança, certamente receberia inúmeros olhares de reprovação de parentes e amigos. Na sociedade contemporânea, com o advento da revolução tecnológica, as áreas artísticas tive-ram maior oportunidade de expansão, de trilhas caminhos antes não permitidos. Os tempos são outros e o mercado acadêmico na área de dança também.

O mercado de trabalho tem se mostrado mais pro-missor para os profissionais voltados para projetos de desenvolvimento social. Alguns órgãos públicos contra-tam profissionais da área para a coordenação de projetos. As empresas particulares também têm contratado profis-sionais da área cultural para trabalhar em seus institutos culturais e de desenvolvimento social. Organizações não governamentais voltadas para projetos de inclusão são também boas empregadoras. Assim como escolas priva-das e clínicas de reabilitação motora e de portadores de necessidades especiais, como as pessoas com síndrome de down, que encontram na dança uma importante ferra-menta de desenvolvimento físico e equilíbrio emocional. A crescente preocupação com a qualidade de vida, prin-cipalmente nos grandes centros urbanizados, lugares cujo stress sempre atormenta as pessoas, propiciou a abertura de diversas clínicas, academias e conservatórios, que ofe-recem a dança como uma atividade terapêutica, e recorrem ao profissional para coordenar os projetos e também para dar aulas.

Antigamente, tinha-se a visão de que o profissional da dança tinha suas habilidades criativas sem precisar de pesquisa e estudo, havia certo preconceito em relação á criação artística e o saber acadêmico, entretanto, isto não vem se mostrado pertinente ao mundo tecnológico de hoje A ciência do movimento se mostra complexa pede, cada vez mais, profissionais bem preparados em todas as áre-as. Já que o interesse pelo mercado acadêmico de dança é algo relativamente recente, a expectativa criada por quem escolhe entrar nesse mundo ainda segue caminhos muito diferentes entre si. Há desde aqueles que desejam se apro-fundar na teoria para poder entender seus pensamentos até a menina que acabou de deixar a academia de dança. O

certo é que, como em todos os cursos de graduação, alguns se “encontram”, outros não.

EDUCADorEs DE DAnÇA PArA CriAnÇAs

Inúmeras pessoas podem pensar que dar aulas de dança para crianças é uma atividade relativamente fácil. Con-tudo, são várias as implicações que esta profissão traz consigo. Isso nos faz pensar e repensar o que a palavra educar significa e, ainda mais, o que educar por intermé-dio da dança.

Ao nos depararmos com uma turma de 30 crianças (mesmo que fossem dois ou três), o professor deve com-preender os aspectos psicológicos, motores, afetivos e cognitivos correspondentes a cada fase do desenvolvi-mento infantil. A responsabilidade é enorme, e, por isso professores de dança deveriam ter um suporte maior em sua formação. Portanto, no tocante á educação infantil uti-lizando a dança como principal ferramenta, precisamos de educadores comprometidos, reflexivos e, que de alguma forma, tenham tido suporte em sua formação em dança.

históriA DA EDisCA

No início dos anos noventa, um grupo de bailarinos, liderados pela coreógrafa Dora Andrade, iniciou uma ex-periência que resultou na criação da EDISCA: oferecer aulas de dança a crianças vindas de um meio social que não lhes possibilitava acesso a uma educação de qualidade.

O contato dos artistas com as pequenas aspirantes a bailarinas era para uns a descoberta do mundo da dança e para outros o reconhecimento que no ensino das técnicas e linguagens da arte poderia estar a chave de uma meto-dologia do ensino da Arte que desenvolvesse as diversas dimensões do humano.

Iniciamos apenas com meninas, por perceber que elas estavam mais expostas a condições de risco e fragilidade. Logo em seguida vieram os meninos, quando identifica-ram em nossa maneira de fazer dança formas de expressão inspiradas em suas próprias histórias de vida e realidade do nosso povo, onde elementos da cultura local e regional se mesclavam a códigos, elementos e conceitos da Arte contemporânea.

Na medida em que aumentava o envolvimento da criançada com os professores, através dos jogos de dança, brincadeiras e montagens de pequenas peças coreográfi-cas, criava-se uma relação de confiança onde os educandos tinham livre expressão. Foi exatamente acompanhan-do suas reações àquele universo novo de música, gestos, movimento e atitudes físicas, mentais e emocionais que vislumbramos o potencial pedagógico da Arte e a forte

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Bárbara AgostiniCurso Teórico-Prático de Dança

empatia e disponibilidade que crianças e adolescentes manifestam pelos processos de aprendizagem através das várias expressões artísticas. Foi atento a seus depoimentos, observando e compreendendo melhor seus valores e visão de mundo que a equipe começou a pensar e formatar o que hoje se tornou a EDISCA.

Optamos por nos tornar uma organização não governa-mental sem fins lucrativos para viabilizar a continuidade e ampliação de um trabalho profissional na área da edu-cação em Arte e assistência social dedicado aos filhos dos mais pobres.

Projetar, planejar, decidir, organizar, inventar, ousar, criar e realizar eram ações que estávamos habituados no mundo artístico e tivemos que adaptá-las às demandas da nova dimensão do nosso trabalho, pois, na verdade, ha-via muito de novo neste território que se abria. Fomos fazendo e aprendendo. O que se mantinha - e ainda é muito importante para nós - era a vontade de continu-ar trabalhando com o que mais gostávamos a dança e a Arte em geral, só que agora com a intenção ampliada e a crença fortalecida de que estávamos fazendo algo espe-cial. EDISCA é a sigla criada a partir das letras iniciais do nome que nos definia - Escola de Dança e Integração Social para Criança e Adolescente. De escola de dança à escola de Arte foi só questão de tempo para realizarmos a complementaridade existente nas Artes no currículo da escola. A primeira a ser chamada foi as Artes Plásticas, em seguida o Canto e o Teatro.

Durante o percurso de formatação da área artístico--pedagógica, detectou-se a necessidade da criação de um programa de segurança alimentar que garantisse a cota diária ideal de nutrientes para todos os educandos, acompanhamento médico e psicológico para educandos e familiares e um programa de complemento e forta-lecimento dos conteúdos da escola formal associado à biblioteca, informática educativa e grupo de estudos com os pais. Tudo isso foi gradativamente acontecendo de acordo com as necessidades e a capacidade da equipe para articular esforços a fim de realizá-los. Aprendemos cedo que para obtermos reconhecimento deveríamos antes mostrar serviço. E foi isso que fizemos! Com os poucos recursos que dispúnhamos, investimos parte dele na criação de espetáculos de dança que divulgavam o nosso projeto e conquistavam a simpatia do público e apoiadores.

Os espetáculos, “O Maior Espetáculo da Terra”, “Ele-mentais” e “Brincadeiras de Quintal” se caracterizavam por serem gratuitos e voltados para as comunidades atendidas pela instituição. A partir do balé “Jangurussu”, ousamos abrir temporada ao público em geral e cobrar ingressos. Espetáculo dramático, de grande beleza estética e apelo

emocional, “Jangurussu” narra a condição de degradação a que estão submetidas às famílias que sobrevivem dos li-xões das grandes cidades. Este trabalho lotou em diversas temporadas o Teatro José de Alencar, principal casa de espetáculos de Fortaleza, e ganhou o Prêmio Funarte de melhor coreografia.

Desta forma, foi-se estruturando um nome e uma imagem associados a um trabalho educativo em Arte que surpreendia a todos por colocar o educando em pleno domínio de seu talento, habilidade, capacidade e com-petência. Espetáculos de qualidade artística apurada e programas educativos e sociais ousados decorrentes de todo um processo que produz uma onda de otimismo e crença na possibilidade da criação de programas alternati-vos e complementares à ação da escola e da família, capazes de elevar o nível da qualidade da educação e de vida das crianças pobres do Brasil. Desde sua criação, em 1991, a Edisca apresenta baixíssima rotatividade de atendimen-to, no total 1.198 educandos estudaram ou ainda estudam na instituição, um número considerável, mas ainda muito pequeno em relação à demanda. Entre crescer fisicamen-te e expandir o número de vagas preferimos incrementar o nível de qualidade e investir na estratégia de ampliar o raio de ação através da Partilha – pesquisa, criação e disseminação de tecnologia social que oferece a escolas, ONGs e cidades serviços de capacitação de professores em Arte-educação, linguagens artísticas e consultorias. Desta forma, socializamos o conhecimento gerado nestes 13 anos de prática social com outras instituições afins e criamos uma rede de interações em torno da arte, da educação e da cidadania.

A EDISCA, assim como muitas outras organizações do Terceiro Setor, nasceu de uma forma não planejada. O caminho de estruturação da organização deu-se através da experiência artística, criatividade, poder de realiza-ção e visão estratégica da idealizadora, Dora Andrade, e das potencialidades percebidas nas crianças envolvidas no projeto. Somou-se a isso um profundo sentimento de res-ponsabilidade e compromisso social já presentes no grupo de bailarinos fundadores e na equipe de profissionais que aderiram ao projeto.

Hoje, a instituição se legitima em três dimensões de atuação. A primeira, no atendimento direto aos educan-dos e seus familiares nas áreas de arte, educação, nutrição e saúde; a segunda, na pesquisa, produção e sistematiza-ção do conhecimento gerado a partir da observação de sua práxis; e a terceira, na disseminação de sua tecnologia edu-cacional, estimulando e estruturando outras organizações que compartilham dos mesmos princípios.

(texto retirado do livro: EDISCA: a arte na construção do humano, por GOMES).

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Bárbara AgostiniCurso Teórico-Prático de Dança

oBJEtiVo gErAL

• Relatar a construção da grade curricular do cur-so de dança teórico-prático em uma Instituição de Dança- Educação;

oBJEtiVos EsPECÍFiCos

• Analisar a construção da grade curricular em rela-ção ao mercado de trabalho;

• Evidenciar como pode ocorrer a forma-ção integral para os profissionais da área da dança em escolas/academias que atuem na pirâmi-de: arte-dança-educação;

• Analisar a intervenção dos professores de educação física na área da dança.

MEtoDoLogiA

tipo de pesquisa

A metodologia utilizada neste artigo é um relato de experi-ência pedagógica, que se define por ser o conjunto da descrição da realização experimental, dos resultados nele obtidos, assim como das idéias associadas, de modo a constituir uma com-pilação completa e coerente de tudo o que diga respeito a esse trabalho, sendo ainda o registro permanente das informações obtidas. É elaborado principalmente para descrever experiên-cias, investigações, processos, métodos e análises.

Participantes

Os participantes da construção da grade curricular em questão foram os próprios educadores da instituição, orien-tados pela Coordenação Artística e Pedagógica da escola.

rELAto DE EXPEriÊnCiA

A necessidade de iniciar um curso teórico-prático em dança surgiu em uma conversa dos educadores durante uma reunião periódica da Instituição em questão.

Ao montar a grade surgiram questões pertinentes ao: o que ensinar, como ensinar e de que forma ensinar (resumida-mente). Visando quais seriam as necessidades destes futuros educadores e quais as exigências do mercado de trabalho.

O curso teve início em abril de 2010, as aulas de início iriam ocorrer durante as terças e quintas das 08:00 ás 11:00, porém, após o primeiro módulo foi verificado que a du-ração de 1 ano e meio de curso poderia ocasionar um alto índice de evasão, considerando que muitos dos educandos participantes já atuam no mercado de trabalho.

Ao todo foram oferecidas 40 vagas para alunos e ex--alunos. A idade mínima para freqüentar o curso foi de 14 anos em diante.

Em seguida a estrutura da grade curricular final:

Grade Curricular Final

MÓDULO DISCIPLINA CARGA HO-RÁRIA

1 História da Dança 16 horas

2 Desenvolvimento Infantil 12 horas

3 Didática do ensino 12 horas

4 Arte-Educação 10 horas

5 Dança Criativa 12 horas

6 Ballet Clássico I – Preliminar e básico 12 horas

7 Preparação Física para bailarinos 12 horas

8 Mecânica do movimento 12 horas

9 Ballet Clássico II – Intermediário/ Avançado 16 horas

10 Técnica de Marta Graham 16 horas

11 Técnica de dança 4 10 horas

12 Composição Coreográfica 14 horas

13 Elaboração de Projetos 10 horas

O curso está em fase de andamento. Já se passaram os três primeiros módulos. A cada módulo será feita uma avaliação por parte da equipe e também dos alunos, para ouvirmos se as suas expectativas foram correspondidas e também para corrigir as falhas.

Pontos PositiVos:

• Percebemos que os alunos se sentem mais ampara-dos e valorizados;

• A grade construída abrange vários aspectos do in-divíduo que dança/irá dançar;

• Liberdade dos educadores em discutir a montagem da grade;

• Os alunos começam a estabelecer uma conexão mais profunda entre teoria e prática;

• Proporciona aos educadores maior interação e oportu-nidade de estarem se aprofundando continuamente;

• Os alunos percebem que a dança tem várias áreas de atuação;

• Percepção de que é preciso estudo, dedicação e for-mação contínua para trabalhar com dança.

Pontos nEgAtiVos:

• O curso não poder ter duração de 2 anos, devido á evasão;

Por enquanto pontos negativos não foram detectados de forma incisiva, já que o curso ainda está em andamento

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Bárbara AgostiniCurso Teórico-Prático de Dança

e será necessário obter as avaliações de todos os módulos e educadores, o que será feito posteriormente pela coorde-nação artística da instituição.

ConsiDErAÇÕEs FinAis ArtiCULADAs

Muitos podem pensar: - Nossa! Quase nenhum ponto negativo?! Entretanto como a dança ainda está se instituindo

rEFErÊnCiAs

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Submissão: 13/08/2010 Aceite: 05/09/2010

no Ceará enquanto “formadora de professores” considera-mos este um passo muito importante. Não o primeiro passo, e não o único! Mas um passo que irá ser somado aos demais.

Muitos levantam a bandeira: “A dança é para aqueles formados em Dança!”, porém mudo um pouco e afirmo que a dança é para aqueles que a compreendem, a sentem e principalmente a vivenciam, sejam eles formados em dan-ça, educação física, ou artes de forma geral.

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Dificuldades no Processo de Trabalho do Agente Comunitário de Saúde

Loeste de Arruda BarbosaI Ticiano Magalhães DantasII

Francisco das Chagas Vasconcelos de Souza NetoIII Berenice Temoteo da SilvaIV Cleide Correia de OliveiraV

RESUMO

Objetivou-se conhecer as principais dificuldades para a realização do trabalho do agente comunitário de saúde (ACS). Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa que teve como universo da pesquisa, ACS das cidades situadas na conurbação Cra-jubar. Participaram do estudo, 17 ACS escolhidos de modo aleatório. Aplicou-se entrevista semi-estruturada e gravada. Os dados foram analisados com técnica de conteúdo categorial Obedeceu-se aos aspectos éticos que envolvem estudos com humanos. Na realização dos trabalhos dos ACS existem dificuldades sócio-ambientais, dificuldades de acesso dos ACS às residências das pessoas e captações de informações, sobrecarga de trabalho, exposição demasiada ao sol, bem como inexistência de material didático, farda-mentos e identificação. Conclui-se que ainda há inúmeras dificuldades na realização do trabalho dos ACS nas cidades estudadas e esse estudo ao identificá-las pode servir como instrumento norteador para ações e políticas públicas que se direcionem ao trabalho do ACS para um trabalho mais efetivo.

Palavras-chave: Saúde da Família. Agente Comunitário de Saúde, Dificuldades.

ABSTRACT

The objective of this study was to know the main difficulties to carry out the work of community health agents (ACS). This is a des-criptive study of qualitative approach done with ACS from the cities in the Crajubar conurbation. Participated in this study, 17 ACS randomly selected . We applied semi-structured interview and recorded. Data were analyzed by the technique of categorical content. This study repected to the ethical issues with human’s research studies. There are socio-environmental problems in the work of the ACS, difficulties for accessing the homes of people and funding information from the people, overwork, and over exposure to the sun and they do not have any didactic material, identification and uniforms. We conclude that there are still many difficulties in the work  performing of the ACS in the cities studied. This study can serve as a guiding instrument for actions and public politics for the work of the ACS to be more effective.

Key words: Family Health. Community Health Agent, Difficulties.

I. Mestre em ciências fisiológicas pela Universidade Estadual do Ceará – UECE.II. Enfermeiro especialista em Saúde da FamíliaIII. Graduando em Educação Física na Universidade Estadual do Ceará – UECE.IV. Enfermeira, mestranda em Saúde Pública na Universidade Estadual do Ceará – UECE.V. Enfermeira Mestre em Desenvolvimento Regional, profª. Adjunto XII do departamento de enfermagem da Universidade Regional do Cariri – URCA.

introDUÇÃo

A primeira experiência de agentes comunitários de saú-de, ACS, como uma estratégia estruturada e abrangente de saúde pública, ocorreu no Ceará em 1987, com o objeti-vo duplo de empregar mulheres das regiões afetadas pela seca e diminuir a mortalidade infantil1

No ano de 1991 foi criado o Programa de Agentes Co-munitários de Saúde (PACS) por meio do convênio entre a Fundação Nacional de Saúde e as Secretarias de Estado da Saúde. Cada equipe era constituída na proporção de um enfermeiro instrutor-supervisor para 30 ACS, lotados em

uma unidade de Saúde. Essa era uma estratégia entendi-da como transitória para o PSF2, Em 1994 surge também no Ceará, o Programa de Saúde da Família, (PSF), sendo então, o PACS, incorporado pelo PSF1 , hoje com denomi-nação de estratégia de Saúde da Família (SF).

Passa então a existir, na história de saúde do Brasil, um novo personagem, o ACS, que, curiosamente, faz parte da comunidade e trabalha para ela e com ela. Supõe-se que é quem conhece as formas cotidianas de viver e de se com-portar das famílias locais3

Nesse sentido, o ACS representa um novo elemento e é considerado como personagem-chave na organização da

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Barbosa et alDificuldades no Processo de Trabalho do Agente Comunitário de Saúde

assistência, na medida em que assume uma posição bidire-cional, pois é morador da comunidade em que trabalha e, simultaneamente, integrante da equipe de saúde4.

Portanto, ocorre sob a tensão de dois polos e se reveste de grande complexidade, visto que adentra nos domicílios; rece-be diretamente as queixas da população comprometendo-se de forma direta com a necessidade de dar respostas e enca-minhamentos aos problemas encontrados. Ao mesmo tempo, deve confrontar-se com a equipe e agir segundo as possibili-dades e os limites dela e do próprio sistema de saúde4.

Entretanto, mesmo após já vários anos de atuação des-se profissional, legalmente a profissão de ACS foi criada apenas no ano de 2002, estabelecendo-se que seu exercício deve se dar exclusivamente no Sistema Único de Saúde5, destacando-se que a profissão caracteriza-se pelo exercí-cio de atividade de prevenção de doenças e promoção da saúde, mediante ações domiciliares ou comunitárias, indi-viduais ou coletivas, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do gestor local6.

Dentro deste contexto, os ACS e demais membros da SF encontram-se num cenário onde coabitam o dra-ma social brasileiro, marcado por contrastes, tensões, desigualdades e dificuldades sociais que, em muito, trans-cendem a dimensão da clínica7.

Assim, há o alerta para o tensionamento permanente entre a dimensão social e a dimensão técnico-assistencial do trabalho do ACS, seja ele em equipe ou em sua atuação individual8.

Condições complexas permeiam as relações no trabalho em equipe, no qual o ACS está inserido, destacando-se os diferentes graus de autonomia profissional, a divisão téc-nica do trabalho e a legitimidade social dos vários saberes implicados nas práticas dos profissionais de saúde9.

Com base nas reflexões ora apresentadas, o presente estudo visa levantar reflexões sobre o trabalho desenvol-vido por ACS na cidade de Crato, Ceará, trazendo como objetivo: conhecer as principais dificuldades para a reali-zação de seu trabalho.

MÉtoDo

Trata-se de um estudo descritivo de abordagem quali-tativa que teve como universo da pesquisa, ACS que fazem parte da SF situadas na conurbação Crajubar, composta pelas cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, na Região Metropolitana do Cariri ao sul do estado do Ceará. A conurbação conhecida como triângulo Crajubar é consi-derada uma praça comercial de expressiva importância, bem como centro hospitalar, universitário, industrial e religioso10.

Participaram do estudo, 17 ACS escolhidos de modo aleatório de diferentes unidades básicas de saúde da família,

sete trabalhavam em Juazeiro do Norte, seis trabalhavam em Crato e quatro trabalhavam em Barbalha. No intuito de preservar suas identidades, suas falas ficaram represen-tadas numericamente de 1 a 17 e acompanhada da letra ‘E’ que representa a entrevista em questão.

Determinou-se o número de participantes pelo critério de saturação de dados. Na pesquisa qualitativa a amostra pode ser constituída randomicamente ou não, considerar-

-se a saturação dos dados, quando houver repetição dos mesmos em mais de 50% dos casos, ou outro critério pré-estabelecido11.

As unidades Básicas de Saúde nas quais se encontra-ram os sujeitos foram selecionadas por meio de sorteio e sob os seguintes critérios de inclusão: consentimento do enfermeiro(a) responsável pela unidade e funcionamento há mais de um ano. Ficando excluídas as que não con-templaram esses critérios, procedendo-se então, um novo sorteio.

Os critérios de inclusão dos sujeitos foram: trabalhar como ACS há mais de um ano, possuir idade superior a 18 anos e consentimento do entrevistado através do termo de consentimento livre e esclarecido. Sendo excluídos do estudo os que não se enquadraram em algum dos quesitos supracitados.

A etapa de coleta de dados se deu no período de feve-reiro a abril de 2010 com a aplicação de uma entrevista semi-estruturada elaborada e gravada pelos autores.

A análise e sistematização dos dados ocorreram utili-zando-se a técnica de análise de conteúdo categorial, que se baseia em operações de desmembramento do texto em unidades temáticas, ou seja, descobrir os diferentes núcleos de sentido que constituem a comunicação e, pos-teriormente, realizar o seu reagrupamento em classes ou categorias e, se necessários, subcategorias12.

Este estudo foi conduzido dentro dos padrões exigidos pela declaração de Helsinque e resolução 196/96 do Con-selho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde, obtendo parecer favorável do comitê de ética da Faculdade de Me-dicina de Juazeiro do Norte sob o processo Nº 2009_182 FR 220913.

rEsULtADos E DisCUssÃo

Do total de sujeitos nesse estudo a grande maioria era do sexo feminino16 com idade variando entre 23 e 53 anos. Quanto ao estado civil, a maioria era solteira, seguida por casados e divorciados.

Sabe-se que a profissão de ACS é uma profissão es-sencialmente feminina13. As atividades do ACS são consideradas, de um modo geral, pertencentes a um uni-verso de trabalho em que são necessárias competências

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Barbosa et alDificuldades no Processo de Trabalho do Agente Comunitário de Saúde

inerentes à natureza feminina. Esse fato pode estar in-timamente ligado ao papel de cuidadora que a mulher desempenha na sociedade, atuando como as principais responsáveis pela educação e pela alimentação das crian-ças, bem como pelos cuidados prestados aos membros idosos da família14.

Quanto à idade, outros estudos mostram grande varia-ção de idades de ACS, não havendo idade máxima para atuação7, entretanto, sendo necessário ser maior de idade para atuar nessa profissão15.

No que concerne ao tempo de trabalho como ACS a mais experiente tinha 20 anos de atuação e a menos expe-riente possuía um ano, sendo a média de anos de trabalho como ACS dos sujeitos de quatro anos e meio. No que se refere à escolaridade, 11 ACS tinham apenas o ensino médio completo e os demais possuíam o ensino superior ou o estavam cursando.

Um estudo contatou que os ACS, ao longo dos anos, foram identificando a necessidade de estudar mais. Isto é positivo tanto para a qualidade do serviço quanto para a evolução pessoal e profissional7.

As principais dificuldades apontadas para os ACS de-senvolverem seu trabalho foram captadas e a partir dos relatos dos sujeitos surgiram três categorias, as quais agru-pam idéias similares sobre os temas abordados:

Categoria I: Dificuldades sócio-ambientaisCategoria II: Dificuldades de relacionamentoCategoria III: Dificuldades organizacionais

Dificuldades sócio-ambientais

Há questões que dificultam o trabalho desenvolvido pelos ACS, alguns de ordem social, pois mesmo com as orientações fornecidas por eles para a população, o meio ambiente favorece o desenvolvimento de doenças em de-corrência da falta de saneamento básico, assim, o ACS se sente impotente em mudar a realidade das condições de saúde da população, bem como ter sucesso em seu traba-lho de educação em saúde.

Como eu vou trabalhar pra evitar diarreia, se na rua, como na minha, não tem saneamento básico? Então isso dificulta muito o trabalho, como eu vou quere que as famílias sejam, assim, limpinhas se a área é muito caótica?(E17).

Muitos não abrem a porta pra o agente de saúde... na área que eu trabalho como tem mais pobres, aí eles deixam a gente fazer o trabalho, mas a classe alta é mais difícil (E8).

Fica clara a problemática vivenciada por esses profis-sionais para que seu trabalho, principalmente de educação

em saúde seja efetivo, pois as condições de vida e infra--estrutura formam uma barreira que dificulta a prática de comportamentos condizentes com para alcançá-lo de boas condições de saúde.

Dessa forma, destaca-se também que a tarefa educati-va do ACS é complexa, pois além de instrumentalizar-se para as ações, precisa conhecer e compreender o contexto social, econômico e cultural da população que assiste7.

Outros fatores como escolaridade da população, baixa renda, problemática das drogas, prostituição, etc. também dificultam significantemente o desenvolvimento ótimo do trabalho dos ACS:

O nível de educação da comunidade é muito baixo e a família não sabe como agir com a criança, com essas coisas de comida, de alimentar na hora certa, com tudo (E5).

A vulnerabilidade deste lócus de trabalho faz com que o ACS se depare com a miséria, a violência, a falta de perspectivas, dentre outra situações. Isto produz um sen-timento de frustração e inutilidade no ACS, sentindo-se impotentes e incapazes de ajudar7.

Dificuldades de relacionamento

Há empecilhos relacionados a conduta da população em relação ao trabalho dos ACS que muitas vezes não os recebem bem em suas residências, talvez pelo fato de não compreenderem seu trabalho. Também existe a dificulda-de de convencer a população a procurar o serviço de saúde em tempo hábil para solucionar um problema, principal-mente com relação a comportamentos preventivos.

Tem casas que somos bem recebidos e têm outras que não. A população não entende que nos estamos trabalhando é justa-mente pra eles, tem dificuldades, tem pessoas que não abrem a porta (E2).

Eu vou na casa da pessoa até ela não aguentar mais e ir para o posto... é muito difícil convencer as pessoas a ir no posto pra cuidar da saúde (E1).

Tem gestantes que não querem vir fazer o pré-natal, tem mães que não vem vacinar os filhos no tempo certo ai a gente tem que tá lá indo! Mesmo as mães sabendo que a vacina que evita as doenças elas ainda acham que vacinar é besteira (E11).

Levar informação né, tem gente que só vai ao médico quando a gente vai lá, faz a visita dá um puxo bem grande! olhe você tem que ir, é importante! Você pode tá tomando o medicamento errado né? (E5).

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Barbosa et alDificuldades no Processo de Trabalho do Agente Comunitário de Saúde

Alguns usuários não se sentem a vontade em compar-tilhar dos problemas familiares/saúde com o ACS, até mesmo por muitas vezes não enxergá-lo como profissional de saúde e sim como um morador da comunidade havendo resistência da população em mudanças de hábitos.

Alguns acham que agente tá invadindo a casa deles sabendo de coisas sigilosas que só quem sabe é a gente o os outros profis-sionais de saúde, ai tem gente que tem um receio (E2).

Tem gente que tem certos tipos de doenças e não se abre. Os idosos, por exemplo, são mais fechados e tem dificuldade de se expressar (E12).

Entende-se que no cotidiano laboral o ACS fica muito próximo dos usuários. Alguns usuários podem entender mal esta proximidade e equivocar-se sobre o papel do ACS(7). As famílias da comunidade, inicialmente, têm di-ficuldade em deixar o ACS entrar em sua casa, com medo do que ele possa dizer sobre a intimidade da família para outras pessoas. O ACS deve manter a confidencialidade e o respeito com cada usuário da SF, pois a quebra da con-fiança da comunidade causará conflitos17.

Entretanto, vale ressaltar que diante das necessidades, as pessoas da comunidade buscam em primeiro lugar o ACS, quer seja uma informação, uma reclamação ou a solução de um problema mais grave e dele esperam uma resposta, em uma relação de cobranças e exigências nem sempre tranquila3.

Dificuldades organizacionais.

Encontrou-se incompreensão por parte da população em relação ao trabalho dos ACS, tendo em vista que a po-pulação em muitos casos espera a resolução de problemas ou facilitações de suas necessidades, que nem sempre estão diretamente ligadas as responsabilidades do ACS.

Às vezes as pessoas ficam com raiva porque você não pode fa-zer tudo que eles querem, eles pedem muito remédios e a gente não pode está levando remédios porque a pessoa tem que vir ao médico pra eles passarem e tudo, eles sempre querem uma coisa mais fácil (E7).

As pessoas às vezes querem alguma coisa e a gente não ta ao alcance de ajudar (E9).

Eu acho ruim que as pessoas têm dificuldade de seguir o cro-nograma (E14).

A gente sabe que na maioria das vezes os pacientes se aborre-cem por faltarem as coisas os exames eles não conseguem fácil

principalmente os de alto custo, até por que o município tem uma demanda enorme (E4).

Outra questão observada no trabalho do ACS refere-se ao sentimento de onipotência, pois ele sente poder resolver os problemas dos usuários, mas ao mesmo tempo, percebe existir coisas que vão além de sua governabilidade, frus-trando expectativas e criando uma esperança no usuário que às vezes não corresponde com a realidade3.

A comunidade tem dificuldade de entender o trabalho do ACS. Prevalece ainda a visão tecnicista, centrada na doença, no remédio e nos procedimentos. Dessa forma, percebe-se que falhas no serviço de saúde também cau-sam sofrimento nos ACS, pois os usuários, quando não atendidos pelo serviço de saúde passam a exigir do ACS a resolução de problemas que não são de sua competência7.

Faz-se possível observar nos serviços de saúde uma es-trutura própria de regras normas e etc., que comumente são surgidos a partir de pactos e negociações. Assim, não é raro ocorrerem problemas no funcionamento dos serviços de saú-de. Isto provoca cobranças que recaem, em primeira instância nos ACS por conta de serem os profissionais mais próximos da população, ao quais vivenciam o problema quase sempre de modo isolado, nos moldes de uma impotência individual17. Isto provoca transtornos e desgaste para os ACS7.

Existe em muitos casos, na realidade desse estudo, ACS que relatam ser sobrecarregados com numero exces-sivo de famílias por estarem atuando em áreas descobertas, fato esse que acaba por diminuir a qualidade do traba-lho prestado. A exposição ao sol e ao calor também é um aspecto levantado que torna o trabalho mais difícil e can-sativo, principalmente quando têm o trabalho aumentado por atuarem adicionalmente em áreas descobertas.

Existem áreas descobertas que precisam ser cobertas por nós, aí acaba sobrecarregando o nosso trabalho porque a demanda é muito grande (E6).

O sol é uma grande dificuldade mas que ninguém pode fazer nada né? (E5).

Muitas vezes, o ACS é tido como um ¨tapaburaco ,̈ pois além de, em muitos casos, já sobrecarregado com ta-refas de sua atribuição, passa a ser atuante em desenvolver atividades resultantes da carência de outros profissionais nos serviços de saúde18.

Sabe-se que a exposição excessiva à luz solar pode trazer várias consequências negativas para esses trabalha-dores, dentre elas, insolação, desidratação, queimaduras, envelhecimento da pele, podendo desencadear maiores problemas a exemplo do câncer de pele19.

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Barbosa et alDificuldades no Processo de Trabalho do Agente Comunitário de Saúde

Há dificuldades relacionadas a material didático, até mesmo identificação formal como membro da SF, o que até mesmo pode dificultar o acesso dos mesmos às resi-dências. Os ACS reclamam da falta de um suporte por parte das secretarias de saúde municipais, como também da falta de comunicação com a mesma. Como também, a falta de capacitações mais frequentes para melhoria do desenvolvimento das ações de educação em saúde.

Outra dificuldade também é em relação ao material da gente né, às vezes a gente não ta com o material completo, não tem fardamento (E9).

Nós não temos fardamento, nós não recebemos uma caneta, uma pasta... nada. (E8).

Às vezes não há uma parceria real com a secretaria de saúde e no fim o agente é que é o culpado de tudo pela população (E8)

A gente tem que ser mais treinado viu para melhorar o traba-lho, porque no dia a dia as coisas vão evoluindo, às vezes aquele livro que você guarda ali já está desatualizado (E9).

A falta de instrumentos e de tecnologias para suprir as necessidades de trabalho dos ACS nas diferentes dimen-sões propostas para sua atuação constitui limitações que dificultam a operacionalização do seu trabalho com ênfa-se na integralidade do cuidado19.

Os ACS valorizam muito capacitações, pois para eles são de grande responsabilidade as informações que levam para a comunidade de origem, pois caso estas não forem adequadas e a contento da necessidade, da realidade e dos casos/doen-ças, as ACS perdem o respeito e o prestígio da população local (comunidade)20. Assim, a educação permanente desses profissionais oportunizaria uma melhor forma para para li-dar com as diversas situações existentes em seu cotidiano de trabalho, uma vez que parte da reflexão sobre o contexto no qual estão inseridos, produzindo transformações19.

Foi relatada, em muitos casos, a dificuldade de o ACS encontrar membros das residências da área que atuam, por

conta da saída dos moradores para trabalhar e a residência passar todo o dia fechada, horário esse que também é o horário de trabalho dos ACS.

Primeiro a gente não encontra as pessoas em casa, são dificul-dades porque a gente tem que deixar e família da gente e ir a noite sabe, a gente tem que ficar até a noite buscando aquelas pessoas que trabalham fora (E9).

ConCLUsÃo

De acordo com os relatos dos ACS, pode-se compre-ender que há muitas dificuldades na realização de seu trabalho. Dificuldades sócio-ambientais que envolvem falta de saneamento básico, pouca escolaridade e renda da população, problemática das drogas, etc. Há também di-ficuldades de acesso dos ACS as residências das pessoas, como também, de captação de informações necessárias às suas atividades, talvez pelo fato de a população não enten-der bem o propósito do trabalho dos ACS.

Existem também dificuldades relacionadas à sobre-carga de trabalho dos ACS em virtude da atuação em áreas que não tem cobertura dos serviços de ACS. Há relatos de falta de material didático/informativo para a população, falta de fardamento e identificação desses profissionais, bem como um apóio insuficiente da Se-cretaria Municipal de Saúde. O sol forte da região foi mencionado com um fator que interfere no trabalho, ressaltando a falta filtro solar disponibilizado pela Secre-taria Municipal de Saúde. Existe também a dificuldade de encontrar muitas pessoas durante o dia, pois essas es-tão fora nas atividades laborais o que faz com que muitos ACS complementem as visitas à noite, fora de seus horá-rios oficiais de trabalho.

Esse estudo foi relevante e pode servir como instru-mento norteador para ações e políticas públicas que visem o ACS da região do Cariri, no intuito de melhorar suas condições de trabalho, sanar ou amenizar as dificulda-des aqui encontradas e contribuir para a solidificação das ações da SF como um todo.

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Importância dos Projetos de Responsabilidade Social do Curso de Fisioterapia da Estácio/FiC: Avaliação dos Usuários

Jorzana Mendes Vieira de AzevedoI Giselle Notini ArcanjoII

RESUMO

Os projetos de Responsabilidade Social do curso de Fisioterapia da Estácio/FIC destacam-se com grande importância à comuni-dade, aos estudantes e à instituição, buscando promover o tratamento eficaz aos usuários, humanização e aprendizagem. Analisar e compreender a importância dos projetos na vida dos usuários torna-se relevante, no momento em que a sua avaliação é necessária para a melhoria dos serviços e de suas diretrizes. Trata-se de um estudo quantitativo de caráter transversal e descritivo, realizado nos meses de abril e maio de 2010, com 60 participantes na faixa etária de 18 a 85 anos, que participavam dos projetos na FISIOFIC e nos laboratórios da FIC-Via Corpvs. Foi realizado um questionário que avaliou a importância dos projetos na vida dos usuários, o nível de satisfação, a expectativa alcançada, a contribuição para a vida pessoal destes, dentre outros. Observou-se que os projetos apresentaram um bom nível de satisfação por parte de seus usuários mas deixam a desejar em alguns aspectos, como espaço físico, divulgação e atendimento. Conclui-se que há necessidade da melhoria dos serviços e de suas diretrizes, suprindo assim, a necessi-dade destes projetos melhorando a relação instituição, estudante e comunidade.

Palavras-chave: Programas de saúde. Responsabilidade social. Fisioterapia, usuários.

ABSTRACT

Projects Social Responsibility Course of Physical Therapy, Estacio/FIC stand out with great importance to the community, stu-dents and the institution, seeking to promote effective treatment for users, humanization and learning. Analyze and understand the importance of the projects on the lives of users becomes relevant at the time that its evaluation is needed to improve services and their guidelines. This is a quantitative study of transversal and descriptive, conducted in April and May 2010 with 60 participants aged 18-85 years, who participated in projects and laboratories FISIOFIC FIC-Via Corpvs. We conducted a questionnaire that assessed the importance of projects in the life of users, the level of satisfaction, expectations met, contributing to their personal life, among others. It was observed that the projects had a good level of satisfaction by their users but fall short in some aspects, such as physical space, distribution and customer service. We conclude that there is need for improvement of services and their guidelines, thus supplying the need of these projects for improving the institution, student and community.

Keywords: Health programs. Social responsibility. Physical therapy, users.

I. Aluna do curso de graduação em Fisioterapia Estácio/FICII. Docente do curso de graduação em Fisioterapia Estácio/FIC

rEFErEnCiAL tEóriCo

Os programas voltados para a área da saúde são carac-terizados por visar à prevenção e promoção da saúde da comunidade melhorando sua qualidade de vida e integra-ção social.

Segundo Schalock apud Hartz1, estes programas são compreendidos como o conjunto de ações que visa favo-recer comportamentos nas diferentes áreas ou atividades humanas relacionadas com vida comunitária, escola, tra-balho, saúde e bem-estar. Sua avaliação é necessária para a coleta sistemática de informação voltada para a tomada de decisão e melhoria das intervenções que nele exista.

O conceito de avaliação de programas de saúde surge no cenário mundial logo após a Segunda Grande Guer-ra, em virtude da necessidade de melhoria da eficácia da aplicação dos recursos pelo Estado. Para essa finalidade, foram desenvolvidos inúmeros métodos a fim de possibi-litar a análise das vantagens e dos custos de programas2.

Dentro da avaliação de programas ainda pode-se, por meio de uma pesquisa aplicada, identificar melhoramen-tos de programas sociais, tais como melhorias na educação, reformas no bem-estar social, métodos de ensino ino-vadores, sistemas de distribuição de serviços de saúde, programas de treinamento de pessoal e afim, Depresbite-ris apud Marinelli3

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Marinho e Façanha4 referem que para essa avaliação pressupõe comparação, e os resultados costumam ser an-tecedidos por procedimentos, normas e estratégias que permitem antever novos resultados, e realizações básicas em adição aos produtos finais e aos recursos iniciais.

Carvalho5 ainda afirma que a avaliação de programas visa ajustar ou validar objetivos, metas e focos sociais, ade-quar os meios utilizados aos fins propostos, quantificar e qualificar o atendimento realizado e os benefícios gerados, identificar os impactos ou efeitos das ações nas condições de vida dos beneficiários diretos e indiretos.

Costa e Castanhar6 enfatizam que o objetivo básico de avaliar não é produzir números e sim melhorar os resul-tados. Então, a importância da avaliação de programas é necessária para detectar mudanças nas condições de vida de um grupo-alvo ou de uma comunidade, em que medi-da as mudanças ocorreram na direção desejada, identificar os efeitos da intervenção social, analisar a efetividade do programa e estabelecer as relações entre as ações de um programa e o resultado final obtido necessário para deter-minar estratégias de maior efetividade.

Arkeman e Nadanovsky7, estimam que ao se desenca-dear um processo de avaliação, seus objetivos devem estar associados às necessidades e interesses dos usuários destes serviços, profissionais diretamente ligados ao atendimen-to, administradores e planejadores.

Segundo Novaes8, as avaliações dos programas em saú-de têm como foco de análise a organização das práticas voltadas para objetivos especificados. Estes programas tem como princípios sua atuação em parceria com a res-ponsabilidade social, que são indispensáveis no objetivo de qualificar as relações e gerar valores para todos, pois Bazanini et al.9 argumentam que os diferentes programas e projetos que as empresas desenvolvem, diretamente ou com o auxílio de parceiros, têm como principal foco o en-volvimento social.

Itacaramby apud Rezende10, afirma que responsabili-dade social é a imposição que uma determinada pessoa ou organização social tem para com a sociedade. O desem-penho social das empresas tem sido, nas últimas décadas, uma das dimensões da atuação destas a que os gestores cada vez mais prestam atenção. Assim, as empresas de-vem assumir comportamentos socialmente responsáveis, não podendo, no entanto, ignorar que a responsabilidade social é o que sustenta a sua existência e é a criação de riqueza para os investidores11.

Rezende10, categoriza que as instituições de ensino su-perior (IES) não podem se distanciar desse movimento de responsabilidade social que se fortalece na mesma propor-ção da sociedade civil brasileira, organizando-se na busca da construção de um mundo mais próspero, mais humano,

menos violento, com desenvolvimento econômico impar-cial e oportunidades iguais para todos.

A intervenção educacional, na maioria das vezes, visa à educação em saúde pela análise de como os projetos são gerados e aplicados12. Portanto, ser reconhecida como uma organização socialmente responsável é importante para o sucesso presente e futuro das organizações13.

Pode-se afirmar que a grande responsabilidade social de uma IES é formar cidadãos socialmente responsáveis, capazes de encontrar sintonia com as demandas da co-letividade em que vivem e atuam, “com possibilidade de produzir a sua própria existência e conviver com dignidade com os demais seres vivos”, Itacaramby apud Rezende10.

A Estácio/Faculdade Integrada do Ceará (FIC) en-contra-se em destaque na cidade de Fortaleza, Ceará, em sua atuação com a responsabilidade social. A Estácio/FIC está em atividade há 11 anos oferecendo cursos superiores com o objetivo de formar novos profissionais e/ou apri-morar o conhecimento daqueles que já atuam no mercado.

Em 2000, iniciou-se o curso de Fisioterapia com o intuito de prover a sociedade de profissionais da área de saúde responsáveis pelas ações fisioterapêuticas com for-mação generalista, de sua motricidade, de seus aspectos biopsicossociais e da atuação nos projetos oferecidos para a comunidade14.

Assim, os projetos de responsabilidade social da Es-tácio/FIC baseiam suas ações no compromisso que as organizações devem ter com a sociedade, trabalhando os pilares da ação responsável com relação aos diversos públi-cos interessados14.

Desta forma, são desenvolvidos projetos e ações que beneficiam o público, socializando o conhecimento adqui-rido na faculdade. Tem como objetivos criar comunidades de aprendizado com base em atividades socialmente res-ponsáveis, possibilitar ao aluno formação humanizada e aprendizado com base na realidade através da atuação voluntária, difundir a cooperação academia-comunidade, difundir a responsabilidade social internamente (junto a docentes, discentes e funcionários) e junto à comunidade e trabalhar a responsabilidade social de forma transversal nas disciplinas ofertadas14.

Os projetos do curso de Fisioterapia oferecidos à comu-nidade são os de Dermato-Funcional, que tem o objetivo promover recuperação dermato-funcional além de ou-tros tratamentos com finalidade estética; Dinamometria Isocinética – BIODEX, que visa à avaliação muscular iso-cinética, sendo realizado no laboratório de cinesiologia e biomecânica; UREDAPE, que auxilia as pessoas com dis-função no assoalho pélvico; Projeto de Ergoespirometria, que visa realizar testes ergoespirométricos com o intuito de avaliar e reabilitar alterações cardiológicas, ventilatórias

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e pressóricas; Escola de Postura e Terapia Manual, que desenvolve ações preventivas promovendo conscientização corporal e eliminação dos problemas posturais14.

Além destes, ainda oferecem os projetos de Controle das Disfunções Temporo-Mandibulares, que tem o objetivo de melhorar os sintomas dos indivíduos que tenham disfun-ções buco-maxilo-faciais; Hidroterapia, que visa oferecer um tratamento fisioterápico utilizando recursos aquáticos, promovendo a reabilitação orientada para disfunções mus-culoesqueléticas; LER/DORT, que busca o bem estar físico e mental dos indivíduos que exercem atividades laborais; Prevenção de Osteoporose, que tem a finalidade de educar e informar à comunidade sobre a importância de prevenir a osteoporose; PROAMMA, que desenvolve intervenções educativas sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama e atuação na promoção da saúde na mulher pós-mastec-tomizada; Programa Reabilitação Pulmonar, que tem por finalidade prestar serviço à comunidade de pessoas com doença pulmonar crônica (DPOC)14.

Estes projetos são coordenados por professores espe-cializados na área, supervisionando alunos que aprendem técnicas de uma área mais especializada da Fisioterapia, além de atender diretamente à comunidade necessitada da-quele serviço.

Portanto, tendo em vista a importância da responsa-bilidade social no meio universitário, além do aumento do número e à grande quantidade de usuários nestes pro-jetos de responsabilidade social do curso de Fisioterapia da Estácio/FIC, a sua avaliação torna-se necessária para a melhoria dos serviços e de suas diretrizes, tornando-se benefício tanto para o aluno quanto para o usuário e con-sequentemente para a instituição.

Com efeito, a finalidade desta pesquisa foi verifi-car por meio de um questionário, a opinião dos usuários quanto aos projetos dos quais participam, nos aspectos de importância, tempo de participação, melhora do quadro sintomatológico, organização, qualidade do atendimento, satisfação quanto aos dias/horários, instalações e mate-riais utilizados, expectativa alcançada, nível de satisfação, influência na vida pessoal, como conheceu o projeto e se indicaria o projeto para outras pessoas.

MEtoDoLogiA

Este ensaio trata-se de um estudo quantitativo de ca-ráter transversal e descritivo, pois avaliou com os usuários a importância dos projetos de responsabilidade social do curso de Fisioterapia da Estácio/Faculdade Integrada do Ceará (FIC), compreendendo o nível de satisfação destes quanto ao projeto, à importância, ao tempo de participa-ção no projeto, atendimento, organização, dias e horários,

instalações, equipamentos utilizados, expectativa, integra-ção social, como soube do projeto, grau de informação e se indicaria para outras pessoas.

A coleta de dados foi realizada nos locais onde fun-cionam os projetos de responsabilidade social do curso de Fisioterapia da Estácio/FIC ou no campus da faculdade, nos meses de abril e maio de 2010 após aprovação do co-mitê de ética da Estácio/FIC com nº 159/09.

A população desta pesquisa foi composta por 60 indiví-duos, sendo cinco participantes escolhidos aleatoriamente de cada projeto de responsabilidade social do curso de Fi-sioterapia da Estácio/FIC na faixa etária variando de 18 a 85 anos por existirem projetos que atendem pessoas jovens e idosas. Foram incluídos na pesquisa usuários de sexo fe-minino e masculino que participavam dos projetos e que estiveram de acordo em participar da pesquisa e assinaram espontaneamente um termo de consentimento livre escla-recido e pós-esclarecido. Após a avaliação dos resultados verificou-se se os projetos abrangiam a necessidade de seus usuários ou se necessitavam de melhorias.

Foram excluídos da pesquisa os usuários que não parti-ciparam dos projetos constantemente, que se recusaram a participar e, portanto, não assinaram o termo de consenti-mento livre e esclarecido e pós- esclarecido.

A coleta de dados foi realizada por meio de um ques-tionário que avaliou com 14 perguntas os projetos diante da avaliação dos usuários que interpretaram a importância do projeto em sua vida, o tempo de permanência, com que freqüência o usuário participava, a melhora do seu quadro sintomatológico, quanto à organização, do atendimento ao usuário, satisfação quanto aos dias e horários, quan-to às instalações do projeto, quanto aos equipamentos e materiais utilizados, a expectativa alcançada, o nível de satisfação referente ao seu projeto, à contribuição do pro-jeto para a vida pessoal do usuário, de que forma conheceu o mesmo e se o usuário indicaria este para outras pessoas.

Para coletar os dados os pesquisadores foram até cada local dos projetos durante os atendimentos e no interva-lo destes, selecionavam aleatoriamente cinco usuários de cada projeto. Estes respondiam ao questionário antes ou após o atendimento no projeto, sendo sugerido que o usuá-rio fosse objetivo nas suas respostas, somente respondendo a alternativa disponível.

As informações coletadas foram organizadas e proces-sadas em uma freqüência simples e percentual, sendo a análise e interpretação estatística foi apurada por meio de planilha eletrônica e no sistema SPSS-Statistical Package for the Social Sciences versão 12.0, e estão apresentados sob a forma de gráficos.

Os voluntários foram informados sobre os objetivos da investigação e os aspectos éticos que envolve a pesquisa

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com seres humanos, como a garantia da confidencialida-de, do anonimato, da não utilização das informações em prejuízo aos indivíduos, do emprego das informações so-mente para os fins previstos na pesquisa e que os dados seriam arquivados pelo pesquisador durante cinco anos para qualquer esclarecimento.

Ressalta-se que após a sua participação na pesquisa o voluntário continuaria seu atendimento e a sua participação não obteve despesas pessoais em qualquer fase do estudo, além disto não houve compensação financeira relacionada a sua participação e foram suspensos do estudo aqueles que não responderam completamente ao questionário e os que desistiram no momento da aplicação do questionário.

AnÁLisE Dos rEsULtADos

A apresentação dos resultados que se segue foi delineada de acordo com os objetivos do estudo, para facilitar a compre-ensão dos dados encontrados.

O grupo amostral foi composto por quarenta e cinco usuários que participavam dos projetos de responsabilidade social de Fisioterapia da Estácio/FIC, que foram escolhi-dos por conveniência de 18 a 85 anos sem distinção de sexo.

A coleta de dados buscou identificar o nível de impor-tância dos projetos na vida dos usuários, verificar o nível de satisfação dos usuários, analisar se o usuário refere melhora do seu quadro sintomatológico diante do atendimento, apontar quais os projetos que apresentaram maior grau de satisfação e investigar como o usuário ficou sabendo do projeto, com a análise baseada em um questionário com dezesseis perguntas.

Os projetos Dinamometria Isocinética – BIODEX, Ergoespirometria e de Disfunções Temporo-Mandibula-res foram excluídos do estudo pois no período da coleta de dados tais projetos não apresentaram usuários suficientes para a pesquisa.

Diante a avaliação aplicada aos indivíduos dos projetos, foi encontrado o sexo feminino em maior quantidade com 60% a 100% de predominância em todos os projetos, com idade média de: 70,2 no projeto de prevenção de osteoporose (P.O.); 55,6 no PROAMMA (P.P.); 33 no LER/DORT (P.L.D.); 55,6 no de Reabilitação Pulmonar (P.R.P.); 35 na Escola de Postura (P.E.P.); 58,6 no UREDAPE (P.U.); 30,8 no de Der-mato-funcional (P.D.F.) e 51,8 de Hidroterapia (P.H.).

Os projetos com maior nível de importância na vida dos usuários foram os de Reabilitação Pulmonar e de Hidroterapia, os quais obtiveram a categoria de muito importante para todas as pessoas e o UREDAPE com 80% relatando esta importância. Já os projetos PROAM-MA, LER/DORT e Escola de Postura e Terapia Manual são considerados como muito importante para 60% dos entrevistados e os de Prevenção de Osteoporose e de

Dermato-Funcional obtiveram nível de importante para 60% dos usuários entrevistados (Gráfico 1).

60%

40%40%

60%

40%

60%

100%

40%

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80%

60%

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20

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P. O. P. P P. L/D P.R.P P.E. P. P.U. P.D.F. P.H

NÍVEL DE IMPORTÂNCIA DO PROJETO

IMPORTANTEMUITO IMPORTANTE

Gráfico 1 – Distribuição percentual quanto ao nível de importância do projeto na vida do usuário. Fonte: SPSS 12.0, 2010.

Quanto aos projetos de Reabilitação Pulmonar, Escola de Postura e Terapia Manual, UREDAPE e Hidroterapia, 60% dos entrevistados caracterizaram como excelente. Os pro-jetos de Prevenção de Osteoporose, PROAMMA e LER/DORT foram descritos como bom por 60% dos usuários (Gráfico 2).

60%

40%

60%

40%

60%40%

40%

60%

40%

60%

40%

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40%

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0

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P. O. P. P P. L/D P.R.P P.E. P. P.U. P.D.F. P.H

SATISFAÇÃO QUANTO AO PROJETO

BOMEXCELENTE

Gráfico 2 – Distribuição percentual quanto ao nível de satisfação dos usuários quanto aos projetos Fonte: SPSS 12.0, 2010.

Diante a análise da melhora no quadro sintomatoló-gico do usuário após o início de atendimento todos os entrevistados dos projetos de Prevenção de Osteoporose, LER/DORT, Reabilitação Pulmonar, Escola de Postura e Terapia Manual e UREDAPE afirmaram que houve a melhora após o atendimento. Nos projetos PROAMMA e Hidroterapia 80% afirmaram a melhora, e no Dermato-

-funcional 60% (Gráfico 3).

100%

80%

20%

100% 100% 100% 100%

60%

40%

80%

20%

0

20

40

60

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P. O. P. P P. L/D P.R.P P.E. P. P.U. P.D.F. P.H

MELHORA NO QUADRO APÓS O INÍCIO DO ATENDIMENTO NO PROJETO

SIMNÃO

Gráfico 3 – Análise do usuário relacionada à sua melhora no quadro após o início do atendimento no projeto. Fonte: SPSS 12.0, 2010.

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Azevedo et alImportância dos Projetos de Responsabilidade Social do Curso de Fisioterapia

Mensurou-se que 100% dos usuários dos projetos Pre-venção de Osteoporose e LER/DORT, 80% dos usuários de Dermato-funcional, 60% dos usuários dos projetos de Escola de Postura e Hidroterapia e 40% dos entrevistados do PROAMMA, souberam do projeto por conhecidos/amigos e só souberam por divulgação da FIC, o PRO-AMMA com 40%. Entre os usuários dos projetos de Reabilitação Pulmonar e UREDAPE, 60% obtiveram en-caminhamento (Gráfico 4).

100%

40%

20%

100%

40%

60%

40%

60%

20%

60%

20%

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20%

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0

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P. O. P. P P. L/D P.R.P P.E. P. P.U. P.D.F. P.H

COMO SOUBE DO PROJETO ?

DIVULGAÇÃO DA FIC

CONHECIDOS/AMIGOS

ENCAMINHAMENTO

OUTROS

Gráfico 4 – Distribuição percentual quanto o conhecimento do usuário a respeito do projeto. Fonte: SPSS 12.0, 2010.

Ao serem perguntados se o projeto alcançou suas ex-pectativas observa-se que 100% dos usuários disseram que foram alcançados com 80% de satisfação no projeto de P.O. Os projetos PROAMMA, LER/DORT, Escola de Pos-tura e Terapia Manual, UREDAPE e Dermato-Funcional obteve a expectativa alcançada por 60% dos usuários e 60% dos usuários do projeto de Hidroterapia disseram que a expectativa alcançada foi intermediária (Gráfico 5).

80%

20%

60% 60%

40%

100%

60%

40%

60%

40%

60%

40%

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0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

P.O P.P P.L/D P.R.P P.E.P P.U P.D.F P.H

EXPECTATIVA ALCANÇADA ?

SIMNÃOMAIS OU MENOS

40%

20%

Gráfico 5 – Expectativa alcançada dos usuários em relação aos projetos. Fonte: SPSS 12.0, 2010.

Ainda foram coletados dados que categorizaram situa-ções, tais como o atendimento ao usuário e à organização dos projetos. Os usuários dos projetos do PROAMMA com 20% e de Dermato-funcional com 80% afirmaram o bom atendimento dos alunos somente às vezes. Estes rela-taram que nos períodos passados os estudantes eram mais cuidadosos, esclarecedores, apresentaram maior segurança durante o atendimento e que às vezes o projeto encontra-va-se desorganizado. Já o projeto UREDAPE destacou-se diante os outros como o projeto mais organizado; quanto às instalações destaca-se o nível de insatisfação por 60%

dos usuários dos projetos de Reabilitação Pulmonar e de 80% dos de Dermato-funcional quanto ao espaço físico. Quanto aos equipamentos e materiais utilizados 40% dos usuários do projeto de Reabilitação Pulmonar também se mostraram insatisfeitos.

Além destes dados, ainda foram avaliados a contri-buição do projeto para a vida social do usuário e se este indicaria o projeto para outras pessoas, onde todos os projetos se apresentaram de forma positiva com 100% de aprovação por todos os usuários.

DisCUssÃo

Diante dos resultados quanto ao conhecimento do usuário a respeito do projeto, os projetos Reabilitação Pul-monar e UREDAPE foram por encaminhamento médico devido serem patologias específicas ou pela divulgação ser direta com estas pessoas. No projeto LER/DORT que apresentou o conhecimento somente por conhecidos e amigos pode-se dizer que por ser um projeto para os fun-cionários da FIC fica limitado somente entre estes.

No projeto Dermato-funcional, onde 60% dos entre-vistados disseram que havia melhora no quadro após o início do atendimento, pode-se relatar que a percepção de melhora pode ser menor devido ao nível de vigência, con-trastando com Castro15, que relatou a satisfação total dos usuários participantes deste.

No projeto PROAMMA, 80% das participantes afir-maram o aumento da informação quanto à natureza do projeto, Krueger16, sugere que elaborar e distribuir carti-lhas explicativas, folders e materiais diversos possibilitam o maior conhecimento dos participantes.

No estudo de Cavalcante17, que verificou a comparação da prevalência de lesões osteomusculares relacionadas ao trabalho entre os funcionários da FIC que participam e os que não participam do projeto de prevenção de LER/DORT, também verificou que os participantes deste suge-rem a organização quanto ao projeto fosse maior, salas mais limpas, maior quantidade de materiais e qualificação das pessoas que aplicam o projeto, e ainda que seja expandido a sua atuação para um maior número de funcionários, compa-rando com os achados presente, onde 60% dos participantes apresentaram satisfação caracterizada como excelente.

O projeto Reabilitação Pulmonar, destaca-se pelo óti-mo desempenho no nível de importância e expectativa alcançada por parte dos entrevistados, corroborando com Araújo18, que este relata que há um ótimo nível de satisfa-ção e que há uma boa melhora na vida destes.

Diante da falta de usuários no projeto de DTM, po-demos relacionar com Pinto19, que também relata em sua pesquisa que foi limitada por falta de participantes.

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ConCLUsÕEs E rECoMEnDAÇÕEs

Na análise de todos os resultados notou-se satisfação, mostrando o efeito positivo dos projetos por seus usuários. Estes consideraram a avaliação com grande importância pela oportunidade em expressarem suas opiniões e julga-mentos sobre os projetos dos quais participam, afim de melhorias.

Então, os projetos que se destacaram quanto ao nível de importância do projeto na vida destes, foram os de Reabilitação Pulmonar e Hidroterapia. Quanto ao nível de satisfação os projetos LER/DORT, Escola de Postura, UREDAPE e Hidroterapia caracterizaram-se em nível de excelente pelos usuários. Na melhora do quadro sintomato-lógico diante o atendimento nos projetos, os de Prevenção de Osteoporose, LER/DORT, Reabilitação Pulmonar, Escola de Postura e UREDAPE destacaram-se com 100%

dos participantes. Na condição em como o entrevistado ficou sabendo do projeto, a maioria dos entrevistados de todos os projetos disseram que conheceram o projeto por conhecidos e amigos, diferenciando-se somente os projetos de Reabilitação Pulmonar e UREDAPE, onde 60% dos entrevistados deste afirmaram ter conhecido por encaminhamento.

Conclui-se que os projetos tiveram um efeito muito positivo na vida dos usuários para a melhora da qualidade de vida destes, sendo forma indispensável à necessidade da melhoria dos serviços e de suas diretrizes, tornando-se benefício tanto para o aluno quanto para o usuário e con-sequentemente para a instituição.

Desse modo, acredita-se que a presente pesquisa possa ser útil para a realização de novos conceitos e melhorias para os projetos, a fim de uma conduta mais apropriada sendo sugeridas novas hipóteses para novas pesquisas.

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Azevedo et alImportância dos Projetos de Responsabilidade Social do Curso de Fisioterapia

18. Araujo FA. Avaliação dos efeitos do projeto de Reabilitação Pulmonar da FIC na prática de atividade de vida diária dos portadores de DPOC, asma e bronquiectasia. Monografia. Fortaleza: FIC; 2008.

19. Pinto HN. Análise da percepção da dor na disfunção temporo mandibular pós-técnicas fisoterápicas. Monografia. Fortaleza: FIC; 2006.

Submissão:25/07/2010 Aceite: 18/08/2010

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os Benefícios da hidroterapia no tratamento do Paciente Asmático: Estudo de Caso

Daniel Moreira Rolim de MoraisI

Thiago Brasileiro VasconcelosII

Clarissa Bentes de Araújo MagalhãesIII

Cristiano Teles de SousaIV

Paulo Henrique Palácio Duarte FernandesV

Teresa Maria da Silva CâmaraVI

Vasco Pinheiro Diógenes BastosVII

RESUMO

A asma é uma doença comum que afeta o indivíduo de qualquer idade, causando inúmeros prejuízos à criança e adolescentes e altos índices de utilização dos serviços de saúde. A asma significa um processo de reação dos brônquios, de caráter recidivan-te, no qual há diminuição do calibre dos mesmos. A melhora da condição física do asmático permite-lhe suportar com mais tranquilidade os agravos da saúde, pois aumenta sua resistência fornecendo-lhe reservas para enfrentar as crises obstrutivas. A participação regular em programas de atividades físicas pode aumentar a tolerância ao exercício e a capacidade de trabalho, com menor desconforto e redução de broncoespasmo. A orientação adequada proporciona ainda uma série de benefícios, entre eles melhora da mecânica respiratória, prevenção e correção alterações posturais melhora da condição física geral e prevenção de outras complicações pulmonares. O principal objetivo do tratamento é dar ao paciente asmático uma qualidade de vida, propor-cionar a este paciente condições para que o mesmo possa participar das atividades próprias de sua idade. O objetivo do estudo foi determinar a melhora da asma com a prática da Hidroterapia para indivíduos do sexo feminino, com a faixa etária de 18 a 25 anos. A amostra foi composta de um individuo, o qual foi avaliado através de suas melhoras de crises utilizando-se de e avaliações pré e pos tratamento. Os resultados demonstram que o individuo teve uma melhora significativa trazendo grandes benefícios respiratórios. Após o tratamento aquático em uma paciente asmática, concluímos através das avaliações no inicio e ao final do tratamento aquático, que o mesmo trouxe benefícios a paciente. Estes benefícios são percebidos na medida em que temos a di-minuição das complicações acarretadas pela asma.

Palavras-chave: Asma. Hidroterapia. Terapia

ABSTRACT

Asthma is a common disease that affects individuals of any age, causing numerous damage to children and teenagers and high utilization of health services. Asthma means a reaction process of the bronchi of recurrent character, in which there is a reduction in the caliber of the same. The improvement of the physical condition of asthmatic allows you to bear with tranquility the damages health, it increases your endurance by providing reserves to cope with crises obstructive. Regular participation in physical activity programs can increase exercise tolerance and work capacity, with less discomfort and reduce bronchospasm. The proper guidance also provides a number of benefits, including improved respiratory mechanics, preven-tion and correction of postural abnormalities improves overall fitness and prevention of other pulmonary complications. The main goal of treatment is to give the asthmatic patient quality of life, provide these patient conditions so that it can participate in activities of their own age. The aim of the study was to determine the improvement in asthma with the practice of hydro-therapy for females, with ages ranging from 18 to 25 years. The sample was composed of an individual, which was evaluated through their improvement of crises and of using pre and post treatment. The results demonstrate that the individual has had a significant improvement in respiratory bringing great benefits. After the water treatment in a patient with asthma, through

I. Fisioterapeuta graduado pela Faculdade Estácio do Ceará;II. Acadêmico de Fisioterapia da Faculdade Estácio do Ceará;III. Fisioterapeuta. Residente em Terapia Intensiva do Hospital Universitário Walter Cantídio; IV. Fisioterapeuta. Mestre em Farmacologia. Docente da Faculdade Estácio do Ceará.V. Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Cardio-Respiratória. Docente da Universidade de Fortaleza.VI. Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Cardio-Respirtória, Docente d aFaculdade Integrada do CearáVII. Fisioterapeuta, Doutor em Farmacologia, Docente da Faculdade Estácio do Ceará

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Morais et alOs Benefícios da Hidroterapia no Tratamento do Paciente Asmático

introDUÇÃo

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aé-reas que se caracteriza por hiperresponsividade brônquica e obstrução ao f luxo ocasionando edema, diminuição da luz do brônquio que dificulta a passagem do ar e hiperse-creção brônquica provocando aumento da resistência das vias aéreas que consequentemente aumenta o trabalho res-piratório podendo levar a fadiga, distribuição irregular do ar inspirado, distúrbios na relação ventilação-perfusão e maior consumo energético durante o trabalho respiratório1.

Trata-se de uma doença de natureza complexa. Sua etiologia é multifatorial e de acordo com o III Consen-so Brasileiro no Manejo da Asma2, a asma manifesta-se clínicamente por episódios de dispnéia, tosse crônica, sibi-lância, aperto no peito e desconforto torácico. Os sintomas estão em geral associados à limitação do fluxo aéreo variá-vel e reversível espontaneamente ou com tratamento3.

Anualmente ocorrem cerca de 350.000 internações por asma no Brasil, constituindo-se ela na quarta causa de hos-pitalizações pelo Sistema Único de Saúde (2,3% do total) e sendo a terceira causa entre crianças e adultos jovens4-5.

Entre as diversas terapêuticas utilizadas nesta patologia esta a Hidroterapia, sendo uma terapêutica nova no trata-mento de reabilitação do paciente asmático. A hidroterapia é um recurso fisioterapêutico que utiliza os efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos advindos da imersão do corpo em piscina aquecida como recurso auxiliar da reabilitação ou prevenção de alterações funcionais6. As propriedades físicas da água promovem relaxamento, diminuem a dor e tensão muscular, além de melhorar a circulação e a to-lerância ao exercício, fazendo do tratamento precoce na água uma opção7.

Há muitos anos, a natação vem sendo indicada como uma atividade terapêutica para asmáticos. A presença de crianças e jovens asmáticos em aulas de natação e tera-pias aquáticas é cada vez mais comum8. Segundo Becker8 estudos de vários grupos demonstram que o treinamento da natação é benéfico para os asmáticos. A maioria deles relata uma redução na morbidade e um aumento no condi-cionamento aeróbico.

O presente trabalho se mostra importante pela re-levante quantidade de pacientes asmáticos, que podem ter na hidroterapia uma nova disponibilidade de moda-lidade terapêutica, com um valioso estudo direcionado,

favorecendo para uma melhor qualidade no tratamento inicial dos mesmos. O objetivo deste estudo foi analisar o processo de reabilitação aquática funcional em paciente asmático.

MEtoDoLogiA

O delineamento da pesquisa foi realizado através de estudo de caso, de forma intervencionista, longitudinal, com caráter quantitativo e aspecto descritivo. O presen-te estudo foi realizado em uma Clínica de Reabilitação e Academia no período de agosto a novembro de 2006, na cidade de Fortaleza, Ceará, conforme aprovação do co-mitê de ética em pesquisa da Faculdade Estácio do Ceará (protocolo nº 042/06).

Foi incluída no estudo uma paciente do sexo feminino, 18 anos, portadora de asma crônica desde a infância, que aceitou participar da pesquisa mediante a assinatura de um termo de consentimento informado.

A coleta dos dados foi realizada através de uma ficha de avaliação, que foi aplicada no início e ao final do tra-tamento com intuito de registrar as condições funcionais do paciente e comparar os dados iniciais com os dados pós-tratamento, ambos elaborados pelo pesquisador com auxílio do orientador. Dessa forma pudemos investigar as possíveis vantagens da hidroterapia, no tratamento do pa-ciente asmático.

A ficha de avaliação elaborada para este estudo foi di-vidida em anamnese e exame físico. Na anamnese foram colhidas algumas informações sobre a asma como: o início da doença, tempo de intercrises, outros problemas respi-ratórios e problemas de asma na família. No exame físico foi realizado inspeção do tórax, análise dos sinais vitais, investigação da força dos músculos inspiratórios e expi-ratórios, avaliação do volume minuto e volume corrente e cirtometria toracoabdominal. A avaliação foi realizada por um único examinador, previamente treinado e mantendo o mesmo horário em todas as medições.

Na inspeção foi investigado o tipo de tórax, o padrão respiratório, o tipo de respiração. Para análise dos sinais vitais foram mensurados frequência cardíaca (FC), frequ-ência respiratória (FR) e pressão arterial (PA).

Para a mensuração da força muscular inspiratória (Pi-máx) e expiratória (Pemáx) utilizou-se o manovacuômetro analógico aneroide da marca Ger-Ar®. O teste se iniciou

the evaluations completed at the beginning and end of the treatment water, which brought benefits to the same patient. These benefits are realized in that we have a reduction of complications entailed by asthma.

Keywords: Asthma. Hydrotherapy. Therapy

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Morais et alOs Benefícios da Hidroterapia no Tratamento do Paciente Asmático

com a medição da Pemáx durante o esforço iniciado a partir da capacidade pulmonar total (CPT) até o volu-me residual (VR). Para a mensuração da Pimáx a medida partiu do VR até a CPT sendo realizada três manobras reprodutíveis e escolhida a de maior valor9.

A ventilometria foi utilizada para analisar o volume minuto e volume corrente. O volume minuto e a frequ-ência respiratória foram mensurados pelo ventilômetro da marca Wright®, sendo o volume corrente calculado por meio da razão volume minuto pela frequência respiratória (VM/FR)10. Para a realização do teste foi solicitado a pa-ciente que respirasse normalmente pelo ramo expiratório do ventilômetro durante um minuto11.

A cirtometria toracoabdominal foi realizada utili-zando-se uma fita métrica nos níveis axilar, xifoideano e abdominal (cicatriz umbilical), sendo o diâmetro da caixa torácica mensurado no repouso respiratório e ao final da inspiração e expiração máximas12. Para garantir a confiabili-dade dos valores obtidos, todas as medidas foram realizadas duas vezes, utilizando-se a média dos valores obtidos.

Os atendimentos hidroterápicos foram realizados em uma piscina adaptada, coberta, com água aquecida e um ambiente claro e arejado, tendo como principais objeti-vos relaxar, alongar musculatura respiratória acessória, usar técnicas de expansão pulmonar, fortalecimento da musculatura envolvida na mecânica respiratória, facilitar a dinâmica respiratória através de exercício respiratório (inspirações e expirações em tempos).

Foram realizados 12 atendimentos, cada intervenção teve a duração de 50 minutos, com uma frequência de dois dias por semana.

rEsULtADos E DisCUssÕEs

Durante a avaliação do pré-tratamento podemos iden-tificar, uma dispnéia importante e forte sibilância, alem de emagrecimento. Na avaliação pós-tratamento eviden-ciamos uma considerável melhora da sibilância e ausência da dispnéia, porém, o emagrecimento ainda estava pre-sente. Na ausculta pulmonar, observou-se som pulmonar presente com sibilos bilaterais e uma dispnéia importante. Após o tratamento com hidroterapia encontrou-se uma di-minuição considerável da sibilância e ausência de dispnéia, conforme podemos evidenciar no Quadro 1.

Pré-Tratamento Pós-Tratamento

Emagrecimento Emagrecimento

Sibilos+++/++++

Sibilos+/++++

Dispnéia+++/++++

DispnéiaФ

Quadro 1 - Manifestações Clinicas no Pré e Pós Tratamento com Hidroterapia.

A diminuição dos sintomas da dispnéia e sibilância vem de encontro ao que Teixeira1 destaca, pois a natação é menos asmagênicos quando compara com atividades de corrida. A participação regular em programas de atividades físicas pode aumentar a tolerância ao exercício e a capacidade de trabalho com menor desconforto e broncoespasmo. Au-mento de apetite, melhora do sono, diminuição do uso de drogas e sensação de bem estar também são fatores asso-ciados à melhora da condição física12.

Durante a análise dos sinais vitais identificamos um discreto aumento do pulso, que passou de 77 batimentos por minuto (bpm) na avaliação pré-tratamento, para 81 bpm na avaliação pós-tratamento, mostrando-se um au-mento percentual de 5%, fato este também observado na frequência respiratória teve um aumento, passando de 21 incursões respiratórias por minuto (irpm) para 23 irpm, mostrando assim um aumento percentual de 10%. Porém, a pressão arterial se manteve em torno 110X70 milímetros de Mercúrio (mmHg) durante as duas avaliações (Quadro 2).

Sinal Pré-Tratamento Pós-Tratamento

Pulso 77 bpm 81 bpm

Frequência Respiratória 21 irpm 23 irpm

Pressão Arterial 110 x 70 mmHg 110 x 70 mmHg

Quadro 2 - Sinais Vitais no Pré e Pós Tratamento com Hidroterapia. 

Porém estes aumentos percentuais não são expressivos, pois a melhora na condição física do asmático é consequên-cia do aumento da sua resistência cárdiorrespiratória, o que lhe permite suportar melhor os agravos da saúde, ou seja, fornece-lhe reservas para enfrentar as crises obstrutivas.

Quando avaliada a inspeção podemos evidenciar que as variáveis como: tipo de tórax, tipo de respiração e via de entrada de ar, não sofreram alterações mesmo após o tratamento de hidroterapia (Quadro 3).

Sinal Pré-Tratamento Pós-Tratamento

Tipo de Tórax Peito de pombo Peito de pombo

Tipo Respiração Abdominal Abdominal

Via entrada de AR Bucal Bucal

Quadro 3 – Inspeção no Pré e Pós Tratamento com Hidroterapia.

Ratto et al.13 destacam que algumas alterações torácicas e posturais são causadas pela asma, pois a mecânica de fun-cionamento do tórax (mecânica respiratória) é importante nas alterações respiratórias, segundo sua origem, podem modificar essa mecânica e/ou funcionamento fisiológico do pulmão. Por sua vez, as alterações torácicas podem ser causadas pelas alterações nessa mecânica, dependendo da gravidade, podem significar uma diminuição nas possibi-lidades respiratórias.

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Morais et alOs Benefícios da Hidroterapia no Tratamento do Paciente Asmático

Assim, problema de ordem respiratória predispõe o organismo a doenças e deformidades. As alterações respiratórias podem refletir diretamente na forma do tó-rax. Podem provocar deformidades em decorrência, por exemplo, da ausência de ar em determinadas áreas pul-monares causadas por obstrução das vias aéreas, o que leva a retração das costelas. Devido a sua forma e elasticidade, necessárias para sua função, o tórax é facilmente deformá-vel. Isto explica porque as deformidades torácicas são mais frequentes. As doenças pulmonares obstrutivas provo-cam hiperinsuflação pulmonar, aguda nas crises, mas que pode se tornar crônica. A repetitividade das crises com o aumento de volume residual vai dando ao tórax a caracte-rística do padrão respiratório assumido14.

Quando Gualdi15 demonstra os benefícios da atividade física para crianças portadoras de asma, ela diz que a me-lhora da condição física do asmático permite-lhe suportar com mais tranquilidade os agravos da saúde, isso porque há um aumento da sua resistência, o que lhe fornece reser-vas para enfrentar as crises obstrutivas, fato este também destacado por Ratto et al.13.

Gualdi15, ainda destaca, que é de fundamental im-portância que haja uma regular participação do asmático em programas de atividades físicas, o que, conforme seu entendimento, trará uma série de benefícios, tais como melhora da mecânica respiratória, prevenção, correção e melhoras posturais e, entre outros benefícios, a redução de complicações pulmonares. Essas vantagens foram consta-tadas mediante a prática regular de natação em crianças com asma de ambos sexos e de faixas etárias de 5 aos 9 anos.

Na pressão inspiratória máxima e expiratória máxima en-contraram-se os seguintes valores: -35,5 centímetros de água (cm/H2O) para -39,5 cm/H2O e 38 cm/H2O para 42 cm/H2O, no pré e pós-tratamento respectivamente, representan-do uma melhora percentual de aproximadamente 11% e 10,5%.

Ao avaliarmos o volume minuto nos dois momentos, pré e pós-tratamento, podemos evidenciar que na primeira ava- liação o seu valor foi de 11,5 litros (L), aumentando significati-vamente para 13L na avaliação, sendo este aumento expressado em valores percentuais de aproximadamente de 12%.

O Volume corrente encontrado na avaliação do pré--tratamento foi de 550 mililitros (mL), sendo evidenciado um aumento absoluto de 30 mL, expressando um aumento percentual de 5,5% (Quadro 4).

Função Pré-Tratamento Pós-Tratamento

Pi Máxima -35,5 cm/H2O -39,5 cm/H2O

Pe Máxima 38 cm/H2O 42 cm/H2O

Volume Minuto 11,5 L 13 L

Volume Corrente 550 ml 580 ml

Quadro 4 - Funções Pulmonares no Pré e Pós Tratamento com Hidroterapia.

Carneiro-Sampaio e Grumach14 destaca que na idade adulta as atividades favoreceram a uma manutenção das capacidades físicas (força, elasticidade, mobilidade), da função cardiopulmonar, da mobilidade torácica e conse-quentemente de uma adequada mecânica respiratória.

Conforme destacado por Ratto et al.13 e reforçado por Teixeira1, a melhora da condição física do asmático per-mite-lhe suportar com mais tranquilidade os agravos da saúde, pois aumenta sua resistência as crises obstrutivas. Onde a participação regular em programas de atividades físicas, pode aumentar a tolerância ao exercício e a capa-cidade de trabalho, com menor desconforto e redução de broncoespasmo. A orientação adequada traz ainda uma série de benefícios, entre eles melhoram da mecânica res-piratória, prevenção e correção das alterações posturais, melhora da condição física geral e prevenção de outras complicações pulmonares.

Na análise de Cirtometria de tórax analisamos as se-guintes variáveis: Inspiração máxima, Inspiração normal e Expiração máxima. Na Inspiração máxima tivemos 73 centímetros (cm) no pré-tratamento obtendo um aumento de 1cm passando para o valor de 74cm, este aumento pode-

-se dever a uma melhora na pressão máxima inspiratória. Este fato não foi evidenciado durante a inspiração normal, pois os valores permaneceram no valor de 72 cm nas duas medidas. Todavia na Expiração máxima obtivemos uma redução de 0,5 cm (71cm- 70,5 cm) que mesmo sendo um valor numero pequeno é importante para pacientes com asma (Quadro 5).

Medida Pré-Tratamento Pós-Tratamento

Inspiração Máxima 73 cm 74 cm

Inspiração Normal 72 cm 72 cm

Expiração Máxima 71cm 70,5 cm

Quadro 5 - Cirtometria de Tórax no Pré e Pós Tratamento com Hidroterapia.

Nos pacientes asmáticos a dispnéia é de tipo predo-minantemente expiratória, isto é, o doente tem mais dificuldade em expirar do que em inspirar o ar, porque a força exercida pelos músculos que atuam na inspiração é maior que a dos músculos expiratórios, os quais, por isso, só com dificuldade conseguem expelir o ar dos pulmões. O doente tem uma sensação de sufocação e necessidade de ar, está pálido, agitado, coberto de suores frios, os múscu-los do pescoço tornam-se tensos no esforço respiratório, a expiração é prolongada e sibilante16.

Sucupira et al.17 destacam que a asma é uma das doenças crônicas mais incidentes em crianças. É causa importan-te de evasão escolar e de limitações para esportes e outras atividades. Entre os adultos representam importante pro-blema, pois frequentemente seu controle é difícil e pode

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Morais et alOs Benefícios da Hidroterapia no Tratamento do Paciente Asmático

estar associada a outras condições de saúde, o que torna mais grave a situação clínica global do paciente. Nos úl-timos anos, houve enorme progresso não só pelo melhor entendimento dos mecanismos da asma como também pelo surgimento de novos recursos terapêuticos, principalmente nos grupos dos broncodilatadores e dos antiinflamatórios. No entanto, apesar desses progressos, não se observou im-pacto proporcional na mortalidade e na morbidez da doença.

ConCLUsÃo

Após o tratamento aquático em paciente asmática, po-demos observar através das avaliações no ínicio e ao final do tratamento aquático, que o mesmo trouxe benefícios a

rEFErÊnCiAs

1. Teixeira LR. Efeitos de um programa de atividades físicas para criança asmática, avaliados por provas de função pulmonar. [dissertação] São Paulo: Escola de Educação Física da USP; 1990.

2. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. III Consenso de manejo da asma. J Bras Pneumol. 2006; 32(Supl7):S447-S474.

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2006 Ago 5]. 10(72). Disponível em:<http://www.efd epor tes.com>. 16. Boletins clínicos: asma. [homepage na Internet]. [acesso em 2007 Ago 8]. Disponível em: http://www.oportalsaude.

com/default.asp?go=asma.17. Sucupira AC et al. Pediatria em consultório. 4ª ed. São Paulo: Sarvier; 2000.

Submissão: 07/06/2010 Aceite: 05/08/2010

paciente já que ocorreu uma melhora na ausculta pulmonar, força dos músculos inspiratórios e expiratórios, aumento do volume minuto e volume corrente. Estes benefícios são percebidos na medida em que temos a diminuição das complicações acarretadas pela asma.

Um programa regular de atividades físicas pode melho-rar a mecânica respiratória e tornar mais eficaz a ventilação pulmonar de asmáticos e assim aumentar sua tolerância ao exercício físico, pois a reeducação da mecânica respiratória, associada a um plano de exercícios tem ação preventiva sobre as alterações torácicas e posturais, entretanto são necessárias orientações quanto ao tipo e intensidade das atividades físicas para se evitar o broncoespasmo induzido pelo exercício.

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