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ooREVISTA DOS CURSOS DE SAÚDE

FACULDADE INTEGRADA DO CEARÁ

CORPVS/Rev. dos Cursos de saúde da Faculdade Integrada do Ceará Fortaleza v.1 n.17 p. 08-35 jan./mar. 2011

DIREÇÃO GERAL

Jessé de Holanda Cordeiro

DIREÇÃO ACADÊMICA

Ana Flávia Alcântara Rocha Chaves

EDITOR-CHEFE CORPVS

Ms. Vasco Pinheiro Diógenes Bastos - FIC Ms. Raimunda Hermelinda Maia Macena - FIC

EDITORIA CIENTÍFICA

Esp. Antônio Carlos da Silva - FIC [email protected]

Ms. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos FIC/ UECE [email protected]

Dra. Rosiléa Alves de Sousa - FIC [email protected]

CONSELHO EDITORIAL:

Ana Cristhina de Oliveira Brasil - FIC Andréa Cristina Silva Benevides - FIC

Agela Massayo Ginbo - FMJ Denise Maria de Sá Machado Diniz - FIC

Eldair Melo Mesquita Filho - FIC Eniziê Paiva Weyne Rodrigues - FIC Estélio Henrique Martin Dantas - FIC Mirna Gurgel Carlos da Silva - FIC

Evandro Martins - FIC José Cauby de Medeiros Freire - FIC

Nilson Vieira Pìnto - FIC Sheilimar Regina Barragão de Sá Magalhães – FIC

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Antonio Carlos da Silva Thais Cunha Pinto

Nycolas Kennedy Abreu de Carvalho

REVISÃO DE TEXTOS

Ms. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos - UECE Ms.Rosana Cátia Barbosa Terceiro - FIC

Ms. Raimunda Maria do Socorro Sanches de Brito Esp. Antônio Orion Paiva

NORMALIZAÇÃO

Luiza Helena de Jesus Barbosa - CRB - 830

CORPVS/Revista dos Cursos de saúde da Faculdade Integrada do Ceará. – v.1, n.1, (jan./mar.2007). – Fortaleza: Faculdade Integrada do Ceará,2007. v.: il, 30 cm

Trimestral ISSN 1980-9166 v.1, n.17, jan./mar.2011

1.Saúde,Periódicos 2.Educação Física 3.Fisioterapia 4.Gestão Hospitalar I. Título II. Faculdade Integrada do Ceará.

CDD 612

ooREVISTA DOS CURSOS DE SAÚDE

FACULDADE INTEGRADA DO CEARÁ

v.1 - n. 17 - jan./mar. 2011 - ISSN 1980-9166

Editorial

Considerando a divulgação cientifica um espaço promissor de oportunidades de

apresentar diversidade na formação acadêmico-profissional, na linha da integralidade

da atenção à saúde e da interdisciplinaridade, apresentamos neste numero da Revista

Corpvs cinco artigos sobre três grandes áreas de conhecimento: Saúde Coletiva, Fi-

sioterapia e Educação Física.

Na área de saúde coletiva apresentamos dois textos, o primeiro aborda a Educa-

ção em Saúde como Estratégia para se Alcançar a Resolutividade no Tratamento da

Hanseníase, de Caionara Angélica da Silva, Micaelly Moura de Medeiros, Mara Léia

Távora Vieira, Gustavo Henrique Dantas da Cunha, Henrique Lobo Saraiva Barros,

Leonardo Lobo Saraiva Barros e Suzana Carneiro de Azevedo Fernandes. O segun-

do trata da Correlação entre Desnutrição Infantil e Atenção materna: um Estudo de

Revisão, de Tereza Emanuella Bessa Vasconcelos, Munick Linhares Pierre, Camila

Barbosa Araujo, Denise Maria Sá Machado Diniz, Érika Porto Xavier e Adriana

Ponte Carneiro de Matos.

Na área de Fisioterapia é apresentado o estudo Aplicabilidade das Terapias Com-

plementares com Ênfase na Quiropraxia no Tratamento de Lombalgia, de Francisco

Teividy de Lima Gaudêncio, Jeanne Batista Josino, Vanessa Meireles Nogueira, Mario

Muniz Amorim, Ismênia de Carvalho Brasileiro, Giselle Notini Arcanjo e Marineide

Meireles Nogueira.

Na área de Educação física temos dois estudos: o primeiro sobre Avaliação do

Treinamento de Iniciação Desportiva ao Voleibol, aplicado por Professores de Edu-

cação Física, em Escolas de Fortaleza, de Edson Godoy Palomares, Adriano César

Carneiro Loureiro, Prodamy da Silva Pacheco Neto, Augusto César Teixeira Henri-

que e Fidel Machado de Castro Silva; e o segundo estudo a respeito do Ballet Clássico

e Pliometria: Treinamento de 4 Semanas em Adolescentes de 13–15 Anos, de Bárbara

Agostini.

Desejamos a todos uma leitura agradável!

Sum ário

Artigos originAis ................................................................................................................. 7

Aplicabilidade das Terapias Complementares com Ênfase na Quiropraxia no Tratamento de Lom-balgia .......................................................................................................................................... 8

Francisco Teividy de Lima Gaudêncio; Jeanne Batista Josino; Vanessa Meireles Nogueira; Mario Muniz Amorim;

Ismênia de Carvalho Brasileiro; Giselle Notini Arcanjo; Marineide Meireles Nogueira;

Avaliação do Treinamento de Iniciação Desportiva ao Voleibol, aplicado por Professores de Educa-ção Física, em Escolas de Fortaleza. .......................................................................................... 14

Edson Godoy Palomares; Adriano César Carneiro Loureiro; Prodamy da Silva Pacheco Neto; Augusto César Tei-

xeira Henrique; Fidel Machado de Castro Silva

Ballet Clássico e Pliometria: Treinamento de 4 Semanas em Adolescentes de 13 -15 Anos ........ 19

Ms. Bárbara Agostini

Educação em Saúde como Estratégia para se Alcançar a Resolutividade no Tratamento da Hansení-ase. ............................................................................................................................................ 23

Caionara Angélica da Silva; Micaelly Moura de Medeiros; Mara Léia Távora Vieira; Gustavo Henrique Dantas da

Cunha; Henrique Lobo Saraiva Barros; Leonardo Lobo Saraiva Barros; Suzana Carneiro de Azevedo Fernandes

Artigos de revisão ............................................................................................................. 29

Correlação entre Desnutrição Infantil e Atenção materna: um Estudo de Revisão ...................... 30

Tereza Emanuella Bessa Vasconcelos; Munick Linhares Pierre; Camila Barbosa Araujo; Denise Maria Sá Machado

Diniz; Érika Porto Xavier; Adriana Ponte Carneiro de Matos

Artigos originaisArtigos originais

8CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Aplicabilidade das terapias Complementares com Ênfase na Quiropraxia no tratamento de Lombalgia

Francisco Teividy de Lima GaudêncioI

Jeanne Batista JosinoII

Vanessa Meireles NogueiraIII

Mario Muniz AmorimIV

Ismênia de Carvalho BrasileiroV

Giselle Notini ArcanjoVI

Marineide Meireles NogueiraVII

RESUMO

As terapias integrativas e complementares vêm ganhando grande destaque nos últimos anos, como sendo iniciativas inovadoras e métodos menos invasivos e mais eficazes no que tange à completude do bem-estar. Destacam-se entre as terapias integrativas e com-plementares realizadas pelos fisioterapeutas a Acupuntura, Osteopatia, Reeducação Postural Global (RPG), Pilates e Quiropraxia. A Quiropraxia utiliza as mãos para realizar as técnicas de trust, sendo que através dela libera o líquido sinovial das cartilagens, faci-litando um relaxamento na musculatura e realinhando a coluna vertebral. Dentro deste contexto, este estudo como objetivo destacar a aplicabilidade das terapias integrativas e complementares realizadas por fisioterapeutas, com ênfase na quiropraxia, no tratamento de lombalgia. Para tanto, foi realizada uma revisão crítica da literatura publicada entre os anos 2002 a 2010, em fontes secundárias e terciárias e em bases de dados (Bireme, Lilacs e Scielo), durante o período de fevereiro à maio de 2011. Os descritores utilizados fo-ram: terapias complementares, quiropraxia, lombalgia e coluna vertebral. As terapias integrativas e complementares estão em fase de crescimento e eficiência para o tratamento de inúmeras disfunções. A lombalgia pode não ser uma doença potencialmente fatal, mas constitui um importante problema de saúde pública e exibe proporções epidêmicas. O tratamento quiroprático se mostra eficiente na redução e remissão das dores lombares, a manipulação vertebral melhora a mobilidade articular e restaura os movimentos em todos os planos anatômicos, influenciando o sistema neuro-músculo-esquelético total. Constatou-se a importância que as terapias integra-tivas e complementares vêm conquistando na área da Fisioterapia, dentre elas, a Quiropraxia, que é uma técnica eficaz para diminuir as algias da coluna lombar, entretanto, sua utilização combinada com outras técnicas ou recursos fisioterápicos é mais eficaz.

Palavras-chave: Terapias Complementares. Quiropraxia. Coluna vertebral. Lombalgia.

ABSTRACT

The Complementary and integrative therapies have been gaining great prominence in recent years as being innovative and less invasive methods and more effective regarding to the completeness of the well-being. It is prominent among the complementary and integrative therapies performed by therapists the Acupuncture, Osteopathy, Global Postural Reeducation (GPR), Pilates and chiropractic. Chiropractic uses the hands to perform the techniques of trust, and through it, releases the synovial f luid of the car-tilage, facilitating a relaxation in the muscles and realigning the spine. Within this context, this study is aimed to highlight the applicability of complementary and integrative therapies performed by therapists, with an emphasis on chiropractic treatment of low back pain. To this end, it was performed a critical review of the literature published between the years 2002 to 2010, in tertiary and secondary sources and databases (BIREME, Lilacs and Scielo) during the period from February to May 2011. The descriptors used were: complementary therapies, chiropractic, back pain and spine. Complementary and integrative therapies are undergoing growth and efficiency for the treatment of many disorders. Low back pain may not be a potentially fatal disease, but is an serious public health problem and displays epidemic proportions. The chiropractic treatment shows itself to be effective in reducing and remitting back pain, spinal manipulation improves joint mobility and restore movement in all anatomical planes, affecting the total

I.Fisioterapeuta graduado pela Faculdade Estácio do Ceará (Estácio/FIC);II.Discente do curso de Fisioterapia da Faculdade Estácio do Ceará (Estácio/FIC);III.Discente do curso de Fisioterapia da Faculdade Estácio do Ceará (Estácio/FIC)IV. Docente da Faculdade Estácio do Ceará (Estácio/FIC);V. Mestrado em Saúde da Criança e do Adolescente (UECE), Docente da Faculdade Estácio do Ceará (Estácio/FIC);VI. Mestrado em Educação em Saúde (UNIFOR), Docente da Faculdade Estácio do Ceará (Estácio/FIC);VII. Orientadora, Mestra em Educação (UFC), Docente da Faculdade Estácio do Ceará (Estácio/FIC).

9CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Gaudêncio et alAplicabilidade das Terapias Complementares

neuro-skeletal-muscle. It was noted the importance that the complementary and integrative therapies are gaining in the field of the physical therapy, among them, chiropractic is an effective technique to reduce pain on the lumbar spine, however, their combined use with other technical or physical therapy resources are more advantageous.

Keywords: Complementary Therapies. Chiropractic. Spine. Back Pain Low.

introdUÇão

Destacam-se entre as terapias integrativas e comple-mentares realizadas pelos fisioterapeutas a Acupuntura, Osteopatia, Reeducação Postural Global (RPG), Pilates e Quiropraxia1. Nessa pesquisa será enfatizada a importân-cia da quiropraxia no processo de tratamento fisioterápico de lombalgia, referindo sua criação e seus princípios1.

As terapias complementares foram aceitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), relevante as portarias nº 9712, de 3 de maio de 2006, Diário Oficial da União e nº 8533, de 17 de novembro de 2006; tornando-se mais uma forma de tratamento ofertada pela saúde publica1.

A Acupuntura originou-se na China e existe há mais de dois mil anos. É uma medicina representativa do pen-samento e da civilização oriental. Embora essa técnica tenha suas origens na medicina oriental antiga, a pala-vra “acupuntura” é latina (acus, agulha; punctura, punção, espetadela)4.

Segundo o COFFITO5, Resolução nº 219, de 14 de dezembro de 2000, a prática da Acupuntura pelos fisio-terapeutas completou, no ano de 2010, vinte e cinco anos, tendo esse profissional ampla liberdade de praticar essa técnicas em seus atendimentos.

Etimologicamente, a palavra osteopatia origina-se do grego osteon (ossos) e phatos (efeitos vindo do interior), Portanto, osteopatia é uma denominação que significa “os efeitos internos originários da estrutura”. Seu criador é o americano, Andrew Taylor Still, que reconciliou o homem e a natureza, ao contrário do que tem feito à medicina alopática que dividiu, fracionou e “cortou” o homem em pedaços, criando as especialidades médicas6.

O Método Pilates foi elaborado nos anos de 1940 pelo atleta alemão Joseph Humbertus Pilates que sofria de várias doenças que causavam fraqueza muscular. Esse re-curso utiliza uma conduta terapêutica, visando à melhora do quadro clínico, fortalecendo a musculatura, diminuin-do as algias musculares e realizando o alongamento no solo ou em máquinas7.

A Reeducação Postural Global (RPG) foi criado em 1980, pelo francês Philipe Souchard. Surgiu a partir do Método Mezièré, desenvolvido pela fisioterapeuta fran-cesa Françoise Mezièré. O termo “cadeia muscular” foi descrito pela primeira vez por ela, como sendo um conjun-to de músculos de mesma direção e sentido, geralmente

poliarticulares. Assim, existem cinco autores básicos que tratam de cadeias musculares: a própria Françoise Mezièré (que faleceu em 1991) e quatro de seus ex-alunos: Leopol-do Busquet, Godelieve D. Struit (técnica GDS), Michael Nisand e Philipe Souchard. O RPG apresenta três prin-cípios elementares, que são a individualidade, a qual cada indivíduo sente e reage de maneira diferente; a casualidade que cita que a verdadeira causa do problema pode estar distante do sintoma; e ainda a globalidade, na qual não se tratam partes isoladas e sim o corpo como um todo8.

A RPG é definida como a realização de posturas ati-vas, isotônicas, excêntricas dos músculos da estática, com manutenção dos músculos dinâmicos, sempre em decoap-tação articular e progressivamente, cada vez mais global9.

A Resolução nº 220, de 23 de maio de 2001, coloca a autonomia do fisioterapeuta em realização das técni-cas de osteopatia e quiropraxia como especialidades da Fisioterapia10.

A Quiropraxia teve seu início com o canadense Daniel David Palmer, que emigrou para os Estados Unidos da América. Após um feliz incidente, em 1895, ao pressionar uma vértebra saliente na coluna vertebral de um funcioná-rio seu, percebeu dias depois que uma deficiência auditiva havia desaparecido por completo. Isso levou Palmer a raciocinar que, de alguma forma, a área manipulada na coluna vertebral interferiu, durante anos, na comunicação nervosa que possibilitava ao cérebro receber as mensagens sonoras e, portanto, o ouvir11.

A Quiropraxia utiliza as mãos para realizar as técnicas de trust, sendo que através dela libera o líquido sinovial das cartilagens, facilitando o relaxamento da musculatura, realinhando a coluna vertebral.

Composta por 33 vértebras, sendo elas distribuídas na coluna vertebral da seguinte maneira: 7 na coluna cervi-cal, 12 na coluna torácica, 5 na coluna lombar, 5 sacrais e 4 coccígeas. As vértebras são anatomicamente divididas em corpo vertebral, forame intervertebral, pedículo, lâmina, processo transverso, processo espinhoso, processo mami-lar e processo articular (faceta) Os corpos vertebrais da coluna lombar são anatomicamente maiores e mais espes-sos do que os corpos das regiões cervical e torácica, pois os mesmos têm por função suportar uma maior quantidade de carga e peso12.

As patologias associadas à coluna geralmente estão relacionadas com algumas dessas vértebras; falar-se-á

10CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Gaudêncio et alAplicabilidade das Terapias Complementares

particularmente das lombares, que origina a lombalgia, definida como um conjunto de manifestações dolorosas que acontecem na região lombar, decorrente de alguma anormalidade nessa região.

A lombalgia, conhecida popularmente como dor nas costas, é uma das grandes causas de morbidade e incapa-cidade funcional, tendo incidência apenas menor que a cefaléia entre os distúrbios dolorosos que mais acometem o homem. De acordo com os estudos epidemiológicos13, 65% a 90% dos adultos poderão sofrer um episódio de lom-balgia ao longo da vida, com incidência entre 40% e 80% da maioria das populações estudadas.

Inúmeras circunstâncias contribuem para o desencade-amento e cronificação das síndromes lombares, tais como: fatores genéticos e antropológicos, psicossociais, obesi-dade, fumo, atividades profissionais, sedentarismo, maus hábitos posturais, síndromes depressivas, trauma, gra-videz, trabalho repetitivo, entre outras, e seu tratamento consiste de duas vertentes, o conservador: repouso limi-tado, medicamentos para alivio da dor, e fisioterapia, em geral; o tratamento cirúrgico que é indicado somente em caso de déficit neurológico13.

A população científica e a leiga não conhecem o crescimento e a eficiência das terapias integrativas complementares para tratamento de disfunções mio-os-teo-articulares. E, essa ausência de informação dificulta a procura por essas técnicas, que poderiam possibilitar ga-nhos funcionais específicos diretos, em um curto período.

Sendo assim, este trabalho propõe realizar uma revisão bibliográfica sobre a aplicabilidade das terapias integra-tivas complementares realizadas por fisioterapeutas, com ênfase na quiropraxia, no tratamento de lombalgia.

MetodoLogiA

O presente trabalho trata-se de um estudo de revisão de literatura, no qual foram utilizadas fontes secundárias e terciárias e em bases de dados: Bireme (Biblioteca Vir-tual em Saúde), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SciELO (Scientific Electronic Library Online) publicados entre os anos 2002 a 2010, no período de fevereiro à maio de 2011, constando de 36 artigos, sendo estes 6 em Osteopatia,12 em Quiro-praxia, 7 em acupuntura, 2 em Pilates, 3 em Reeducação Postural Global (RPG) e 6 sobre dor lombar.

Os descritores utilizados para a busca dos artigos fo-ram: terapias integrativas complementares, quiropraxia, lombalgia e coluna vertebral. Foram incluídos artigos ori-ginais envolvendo seres humanos. Os artigos que foram apresentados em mais de uma base de dados pesquisados foram contabilizados apenas uma vez.

Durante a realização deste trabalho, procurou-se manter um exame organizado, preciso e conciso, com o intuito de se conseguir um alicerçado embasamento teóri-co referente ao assunto. A análise dos artigos e seleção dos trabalhos inclusos baseou-se numa adaptação da técnica de análise de conteúdo e modalidade temática.

resULtAdos e disCUssão

A lombalgia pode não ser uma doença potencialmente fatal, mas constitui um importante problema de saúde pú-blica e exibe proporções epidêmicas, pelo menos desde que existem registros documentados de informação em saúde. Estima-se que aproximadamente dois terços da população mundial adulta já apresentaram dor na coluna em algum momento da vida14-15.

Cesar16 considera que a lombalgia é uma afecção neuro-musculoesquelética, na qual constatam-se altera-ções neurológicas e biomecânicas, bem como, aspectos psicológicos. Acredita-se que a dor é proveniente de um desequilíbrio destes fatores, como uma sensação multi-dimensional que varia em cada paciente, dependendo da nocicepção individual.

No tratamento com acupuntura, normalmente ocor-rem reflexos desencadeados pela introdução da agulha em tecidos subcutâneos, que são: o curto que atinge o axônio, causando vasodilatação em torno da agulha; o medular cujo estímulo se direciona a medula, penetrando pela coluna posterior (via sensitiva) e saindo pela anterior (via motora) na forma de reação motora e secretória; e o vasomotriz, em que o estímulo ascende até os centros sub-corticais, ocorrendo uma resposta mais elaborada da dor17.

Witt et al.18 realizaram um estudo clínico randomizado e controlado (acupuntura versus grupo controle), no qual todos os grupos receberam medicação consagrada para dor lombar. Após 3 meses do início do tratamento, a funcio-nalidade da região dorsal melhorou de 12,1% para 74,5% no grupo acupuntura e no grupo controle melhorou de 2,7% para 65,1%, diferença de 9,4% (intervalo de confiança 95% 8,3 - 10,5; p < 0,001). Os autores recomendam a acupuntura como tratamento para dor lombar baixa, associada às me-didas terapêuticas conhecidas e consagradas.

Em um estudo piloto prospectivo, não controlado, realizado por Schmitt et al.19, os benefícios potenciais da acupuntura em pacientes com dor lombar e sintomas ra-diculares foram examinados. Sessenta pacientes com dor lombar e herniação de disco lombar, diagnosticados por imagem de ressonância magnética e tomografia computa-dorizada, foram tratados com acupuntura. A intensidade de dor foi aferida antes e após o tratamento em uma es-cala visual analógica de 100 mm. A média dos resultados

11CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Gaudêncio et alAplicabilidade das Terapias Complementares

demonstrou redução de dor lombar de 59 mm para 19 mm, e da intensidade de dor radicular de 64 mm para 12 mm, já após três meses de tratamento. Entre três e doze meses após o final da acupuntura, 88 % dos pacientes estavam satisfeitos com o tratamento.

Cherkin et al.20 complementam afirmando que a dor de coluna é a razão mais comum que leva o paciente a usar terapias integrativas complementares e alternativas, como a quiropraxia (40%), massagem (20%) e acupuntura (14%).

Embora, ainda existam outras formas de abordagem fisioterapêutica de pacientes com quadro de dor lombar crônica, a Osteopatia e, em particular, as técnicas de alta velocidade e baixa amplitude (AVBA) têm-se mostra-do de grande valia e eficácia na abordagem dos mesmos, restaurando a função articular normal e promovendo um equilíbrio das funções músculo-esqueléticas e vis-cerais, contribuindo, desta forma, para a eliminação do quadro álgico e diminuição da progressão do processo degenerativo21.

No estudo de Zapater et al.22 , a manipulação osteopá-tica aplicada no paciente com lombalgia e dor bilateral no quadril, alcançou o objetivo esperado, sanando a disfunção somática de posterioridade do ilíaco esquerdo e, conse-quentemente, o quadro álgico. Deste modo, é fundamental em pacientes com lombalgia, avaliar as articulações sacro--iliacas, na procura de disfunções somáticas nestas regiões, e se presente, tratar com as técnicas pertinentes.

Com relação à terapia de RPG®, ela é indicada para várias patologias, de problemas morfológicos (cifolordoses, escolioses, genuvaro, genucavo, pés planos, pés cavos, etc), problemas articulares (cervicalgias, dorsalgias, lombal-gias), problemas traumáticos, respiratórios, neurológicos e do esporte 23.

A RPG® atua de forma globalizada, alongando cadeias musculares encurtadas através de posturas de estiramen-to ativo, usando a modalidade de musculação isotônica excêntrica, que alonga o grupo muscular tratado e, ao mesmo tempo, aumenta a força muscular24. Pita25, em seu estudo, descreveu o caso de um paciente com cifose to-rácica, lombalgia e outros desvios posturais, submetido à RPG®, que apresentou melhora dos desvios, inclusive no alinhamento escapular.

Já o Pilates é uma série de exercícios voltados para me-lhora da flexibilidade, consciência corporal, equilíbrio e força. Os seis princípios do método são: concentração, respi-ração, alinhamento, controle de centro, eficiência e fluência de movimento. A técnica pode ser praticada por pessoas de todas as idades e níveis de condicionamento físico26.

O estudo de Rydeard27 avaliou pacientes com dores lom-bares antes, com 3, 6 e 12 meses após o tratamento com o Pilates. A dor lombar melhorou e permaneceu assim durante

12 meses, com uma redução significativa na intensidade da dor lombar em um grupo de pacientes que seguiram um protocolo diário por 10 dias do método Pilates.

Os resultados acima demonstram uma relação com os estudos de Donzelli et al.28, os quais concluíram que os re-sultados obtidos com o método Pilates eram comparáveis àqueles conseguidos com o método da escola da coluna, sugerindo seu uso como mais uma maneira alternativa no tratamento da dor lombar.

Segundo Licciardone, Brimhall e King29, as aborda-gens que utilizam mobilizações e manipulações vertebrais reduziram significativamente a dor lombar.

Sendo assim, Chapman-Smith30 destacam a quiropra-xia como uma profissão, na área da saúde, que tem como objetivo remover interferências no sistema nervoso, por meio do ajuste das articulações vertebrais e das demais ar-ticulações do corpo, usando técnicas não invasivas e sem a prescrição de medicamentos. Com isso, se oferece uma melhor condição para que o corpo possa trabalhar em seu potencial máximo.

De acordo com a Associação de Faculdades de Qui-ropraxia (AFQ ), que representa as 18 faculdades de quiropraxia da América do Norte: “A prática da quiropraxia concentra-se na relação entre a estrutura (primariamente a coluna vertebral), e a função (coordenada pelo sistema nervoso) e, como esta relação afeta a preservação e a res-tauração da saúde”30.

Cox31 ressalta as vantagens de um tratamento quiro-prático para dor lombar, comparando-o a tratamentos clínicos, além de técnicas de McKenzie e Fisioterapia atra-vés de mobilizações.

Segundo Rech32, o tratamento quiroprático se mos-trou eficiente na redução e remissão das algias cervicais e lombares decorrentes da prática do surf, quando se cons-tatou que houve maior redução álgica lombar em relação à cervical.

Gilese e Muller33 trataram 120 pacientes divididos em três grupos de acordo com o tipo de tratamento realizado: acupuntura, medicamento inflamatório e Quiropraxia. Cada terapia foi aplicada em oito sessões. Apenas o grupo tratado com Quiropraxia conseguiu resultado estatistica-mente significativo, obtendo redução de dor cervical em 33%, de dor torácica em 46% e dor lombar em 50%, seme-lhantes aos resultados aqui encontrados, que mostram a eficiência da técnica de Quiropraxia.

A manipulação vertebral pode melhorar a mobili-dade articular e restaurar os movimentos em todos os planos anatômicos. Dessa forma, uma correção articu-lar feita em qualquer parte da coluna, ou em qualquer lugar do sistema esquelético tem inf luência no sistema neuro-músculo-esquelético total34.

12CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Gaudêncio et alAplicabilidade das Terapias Complementares

ConCLUsão

Segundo o presente estudo, pode-se observar que a Quiropraxia é uma técnica eficaz para diminuir as algias da coluna lombar, entretanto, sua utilização combinada com outras técnicas ou recursos fisioterá-picos é mais eficaz.

Observa-se também que a técnica de Quiropraxia promove uma correção da postura, realinhando todas as vértebras, causando o reequilíbrio postural.

Por fim, propõe-se que sejam realizadas maiores pes-quisas a fim de comprovar a importância da Quiropraxia no tratamento de lombalgias, para melhora do conheci-mento cientifico e das suas formas de abordagem.

reFerÊnCiAs

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2. Brasil. Portaria nº 971, de 3 de maio de 2006. Diário Oficial da União, República Federativa do Brasil. Brasília--DF, 4 de maio de 2006.Seção 1.

3. Brasil. Portaria nº 853, de 17 de novembro de 2006, Diário Oficial da União, República Federativa do Brasil. Brasília-DF, 20 de novembro de 2006. Seção 1.

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Submissão: 20/12/2010 Aceite: 20/01/2011

14CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Avaliação do treinamento de iniciação desportiva ao voleibol, aplicado por Professores de educação Física, em escolas de Fortaleza.

Edson Godoy PalomaresI

Adriano César Carneiro LoureiroII Prodamy da Silva Pacheco NetoIII

Augusto César Teixeira HenriqueIV

Fidel Machado de Castro SilvaV

RESUMO

Este estudo trata de uma avaliação do treinamento de iniciação esportiva ao voleibol aplicado por professores de Educação Física, em escolas de Fortaleza, tendo como suporte e incentivo à participação e estimulação dos educandos à ludicidade. Tem caráter transversal, tratando-se de uma pesquisa experimental de campo. Foi realizado com 15 professores que ministram aulas para alunos que se encontram entre a faixa etária de 11 a 14 anos. Os dados pertinentes à pesquisa foram coletados mediante aplicação de ques-tionário direto e objetivo. Os dados quantitativos foram analisados por meio de estatística descritiva com avaliação percentual da moda. A apresentação dos resultados foi realizada por meio de quadros e gráficos. Utilizou-se o programa Microsoft Office Excel 2003 para análise dos dados. Os resultados obtidos mostraram que 60% dos professores utilizam dois métodos de ensino nas suas aulas, 93% acreditam na importância do desenvolvimento físico multilateral/geral, 73% trabalham os fatores técnicos e táticos e 86% procuram trabalhar o desenvolvimento físico. Portanto, podemos concluir, a partir dos resultados encontrados na pesquisa que a ação profissional dos professores está congruente com a literatura atual, demonstrando o compromisso e empenho dos docentes para realizar um trabalho completo e de qualidade mesmo diante das dificuldades.

Palavras chaves: Treinamento esportivo. Voleibol e Ludicidade.

ABSTRACT

This study is an assessment of the training of sports initiation to volleyball applied by Physical Education teachers in schools in Fortaleza, having the support and encouragement throughout participation and stimulation of students to the playfulness. Has an transversal caracteristic, specially in the case of an experimental field research as this. Was conducted with 15 teachers who teach classes for students who are between the age group of 11 to 14 years. The data was collected by means of questionnaire with objet-icve questions. Quantitative data was analyzed using descriptive statistics with percent evaluation. The presentation of the results was performed by means of tables and graphs. We used the Microsoft Office Excel 2003 for data analysis. The results showed that 60% of teachers use two methods of teaching in their classrooms, 93% believe in the importance of multilateral physical develop-ment / general, 73% work the technical and tactical factors and 86% seek the physical work. Therefore, we can conclude from the results found in the research that the action of teachers is congruent with the current literature, demonstrating the commitment and efforts of teachers to conduct a thorough job and quality even in the face of difficulties.

Keywords: Sports training. Volleyball and Playfulness.

I. Educador Físico. Mestre em Fisiologia do Treinamento Esportivo pela Universidade Estatal de Cultura Física da Rússia. Professor do Centro Universitário Estácio do Ceará.II. Educador Físico. Mestre em Ciências Fisiológicas pela Universidade Estadual do Ceará. Professor do Centro Universitário Estácio do Ceará.III. Educador Físico. Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Ceará e especialista em Nutrição e Exercício Físico pela Universidade Estadual do Ceará. Professor do Centro Universitário Estácio do Ceará. IV. Educador Físico. Graduado pela Universidade Federal do Ceará.V Acadêmico do curso de Educação Física da Universidade Federal do Ceará.

introdUÇão

O treinamento desportivo (TD) pode ser definido como o conjunto de meios utilizados para o desenvolvi-mento das qualidades técnicas, físicas e psicológicas de um atleta ou de uma equipe, tendo como objetivo final

colocá-lo (a) na sua eficiência máxima projetada na época certa da performance¹, O TD não é um hábito da civiliza-ção contemporânea. Na Antiguidade Clássica treinava-se sistematicamente para atividades militares ou olímpicas².

Pode-se afirmar que o treino desportivo constitui a forma principal (o processo de realização) da preparação

15CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Palomares et alAvaliação do Treinamento de Iniciação Desportiva ao Voleibol

do atleta e compreende, em maior ou menor grau, todos os aspectos da preparação, mas não os esgota; no treino a parte fundamental da preparação, é realizada através da execução dos exercícios físicos³.

Em alguns desportos como os coletivos, a preparação da equipe é um dos principais objetivos do treinador, que pode executar essa tarefa estabelecendo a harmonia entre a preparação física, técnica, tática e psicológica.²

O voleibol que é um desporto coletivo é praticado em uma quadra retangular que mede 18 metros de cumpri-mento por 9 metros de largura, dividida ao meio por uma rede que impede o contato corporal entre os adversários, estando o espaço de jogo livre de qualquer obstáculo até 7 metros de altura. A rede divisória varia em altura, con-forme a categoria dos praticantes: masculino, 2,44 metros; e feminino, 2,24 metros. A disputa é entre duas equipes compostas por seis jogadores que podem ter, no máximo, seis reservas.

No voleibol, o treinamento de iniciação desportiva deve ser sistematizado, organizado e bem estruturado, atentando sempre para a faixa etária dos atletas. Neste es-tágio devem ser ensinadas habilidades desportivas que são fundamentais como correr, correr em velocidade, saltar, lançar e recuperar, equilibrar e rolar. Devem-se encora-jar as crianças no desenvolvimento da f lexibilidade, da coordenação motora e do equilíbrio. A modificação dos equipamentos ou do ambiente do jogo para um nível apro-priado para elas é importante. Pode-se entender que a iniciação desportiva é o período em que a criança começa a aprender, de forma específica e planejada, a prática es-portiva 4,7,3,2.

A ética e o jogo honesto durante as sessões de treina-mento e as competições não podem deixar de ser destacadas a sua importância. Deve-se propiciar às crianças e aos ado-lescentes oportunidades de participação em um nível que seja desafiador para elas².

As aulas de voleibol para crianças e adolescentes pos-suem objetivos que vão além do simples exercício de gestos desportivos e/ou movimentos táticos. Há todo um envol-vimento educacional no trato com essa faixa etária, um vínculo entre o estudo e a vida, o fortalecimento da livre iniciativa e da autoconfiança 5,8,10,14.

Dessa forma, o objetivo desse estudo é avaliar quais são as formas de treinamentos de iniciação esportiva ao voleibol, utilizadas por professores/técnicos de escolas de Fortaleza, percebendo como eles estão conduzindo seus trabalhos, de forma tradicional ou inovadora, e procu-rando saber de que forma eles caracterizam os conteúdos trabalhados e, ainda, se trabalham além das dimensões técnica e tática, a dimensão lúdica com seus alunos.

MetodoLogiA

Este estudo é de caráter transversal, tratando-se de uma pesquisa experimental de campo com a finalidade de captar informações desejadas para o esclarecimento das questões expostas como objetivo do estudo.

Amostra

O estudo foi realizado com 15 professores de Educação Física, de escolas particulares de Fortaleza, que ministram aulas de treinamento de iniciação esportiva ao voleibol para alunos que se encontram entre a faixa etária de 11 a 14 anos.

Critérios de inclusão

Foram incluídos na pesquisa professores graduados em Educação Física que ministram aulas de iniciação es-portiva ao voleibol para alunos das escolas particulares de Fortaleza que estão entre a faixa etária de 11 aos 14 anos de idade e estagiários que já cursaram pelo menos até o sexto semestre da Faculdade de Educação Física.

Critérios de exclusão

Foram excluídos todos aqueles professores de Educação Física que não trabalham com iniciação ao voleibol para alunos das escolas particulares de Fortaleza que estão en-tre a faixa etária de 11 aos 14 anos de idade e estagiários que estavam cursando semestres anteriores ao sexto.

Coleta de dados

Os dados pertinentes à pesquisa foram coletados me-diante aplicação de questionário direto e objetivo com os professores de Educação Física das escolas em questão. As datas e os horários para aplicação do questionário foram marcados com antecedência. Os professores receberam os questionários das mãos do próprio pesquisador, respon-deram e entregaram imediatamente após respondê-los. Qualquer dúvida com relação ao não entendimento da(s) pergunta(s) pode-se perguntar ao pesquisador.

Análise de dados

Os dados quantitativos foram analisados por meio de estatística descritiva com avaliação percentual da moda. A apresentação foi realizada por meio de quadros e gráfi-cos. Foi utilizado o programa Microsoft Office Excel 2003 para análise dos dados. A análise quantitativa também foi

16CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Palomares et alAvaliação do Treinamento de Iniciação Desportiva ao Voleibol

utilizada objetivando a descrição e explicação dos resulta-dos apresentados.

Aspectos Éticos

Os selecionados a participar foram informados sobre o projeto, seus objetivos e procedimentos; que não have-ria malefícios e que benefícios surgiriam em decorrência da divulgação dos resultados aos professores de Educação Física. Assinaram o termo de Livre Consentimento. O se-guinte projeto foi ainda submetido à aprovação do Comitê de Ética da UFC.

resULtAdos

Os dados pertinentes à pesquisa foram coletados con-forme a metodologia já especificada.

Foi observado que uma porcentagem mínima de professores, (13,33%), utiliza apenas um dos métodos, nor-malmente o explicativo-demonstrativo. A maioria dos professores, 60%, utiliza-se, basicamente, de dois dos métodos (o explicativo-demonstrativo e o global-frag-mentário, o explicativo-demonstrativo e o de correção de erros ou o global-fragmentário e o de correção de erros). A porcentagem de professores que utilizam os três métodos corresponde a 26,66% da mostra.

Outra questão abordada foi o incentivo do desenvol-vimento físico multilateral/geral nas aulas. A maioria dos professores (93,33%) acreditam ser importante trabalhar nas suas aulas o desenvolvimento físico multilateral/geral.

O percentual de professores que trabalham o de-senvolvimento físico específico para o voleibol em suas aulas, foi de 86,66% e os que não trabalham esse desen-volvimento foi de 13,33%.

A maioria dos professores (73,33%) trabalha os fatores técnicos e táticos em suas aulas de educação física.

No que se refere aos exercícios para o desenvolvimento físico, o grau de importância para o desenvolvimento da velocidade foi de 47% dos entrevistados, para a agilida-de foi de 60%, para a força foi de 40%, para a resistência aeróbia foi de 26%, para a capacidade de saltar foi de apro-ximadamente 80% e para a f lexibilidade foi de 47%.

No que se refere aos fundamentos específicos do volei-bol, o domínio sobre a técnica obteve importância de 93% dos entrevistados, o toque de bola de 80%, educativos para desenvolver a manchete 87%, o saque 93%, a cortada 60%, o bloqueio 40%, a recepção do saque 74% e velocidade de reação, 53%.

Nos fundamentos táticos aproximadamente 78% dos professores acreditam que é importante trabalhar o des-locamento, 40% estimulam o desenvolvimento da ação

individual de ataque e de defesa e 47% aproximadamente acham importante a ação coletiva de ataque e defesa.

discussão

Uma porcentagem mínima de professores, 13,33%,utili-zavam apenas um dos métodos. Já maioria dos professores, 60%,utilizaram dois ou mais métodos.

Deve-se destacar aqui que segundo pesquisas já realizadas os três métodos (global-fragmentário, explica-tivo-demonstrativo e o de correção de erros) são eficazes, quando bem utilizados, considerando as individualidades de cada indivíduo e de cada grupo.

Para que os alunos aprendam o voleibol é necessário que se adote uma série de procedimentos metodológicos. O que acontece é que em determinados momentos do trei-namento um método vai estar mais presente que o outro.6

Quaisquer que sejam os exercícios de treinamento que se aplique aos desportistas terão que usar uma ou outra forma de exercícios e é, justamente, aqui que se depara com os métodos de ensino7,9,13.

93,33% dos entrevistados acreditam que o desenvolvi-mento multilateral/geral é indispensável. Para essa faixa etária é de fundamental importância que as habilidades desportivas básicas e comuns a todos os esportes, como correr, correr em velocidade, saltar, lançar e recuperar, equilibrar e rolar, sejam bem trabalhadas. Dessa forma, quando for trabalhado o que é específico do voleibol, as crianças não terão grandes dificuldades, visto que já viven-ciaram e absorveram uma enorme gama de possibilidades no que tange ao desenvolvimento físico geral. Os atletas iniciantes precisam de um desenvolvimento físico multila-teral com base para o treinamento para a obtenção de um desenvolvimento corporal harmônico ².

Já o desenvolvimento físico específico para o voleibol, a maioria dos professores, 86,66%, procura trabalhar em suas aulas. Quando se está trabalhando uma modalidade especifica como o vôlei, seja na iniciação ou não, é necessá-rio e importante que se trabalhe o desenvolvimento físico específico. Assim, os alunos vão se familiarizando com a modalidade e se habituando às condições físicas usuais e necessárias para o vôlei. Se optarem por se especializar na modalidade, não sentirão dificuldades visto que vivenciam isso desde a iniciação. O trabalho com o desenvolvimento físico específico para o voleibol é muito importante, pois vai melhorar os níveis de resistência e de força específicas para cada desporto, o tempo de reação e de movimentação, a coordenação e a f lexibilidade específicas ².

Em relação aos trabalhos táticos e técnicos, A maioria, 73,33%, procura sempre trabalhar e 26,66% afirmaram que não trabalham sempre, porém, em algum momento, isso

17CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Palomares et alAvaliação do Treinamento de Iniciação Desportiva ao Voleibol

é trabalhado. Isso vai ao encontro do que afirma Suvo-rov quando diz que no treinamento de iniciação ao vôlei o ensino das habilidades motoras técnicas é fundamental, pois o aluno vai ter o conhecimento e o contato com uma grande variedade de exercícios técnicos e táticos que o aproximam da realidade do jogo 5,8,12.

No que se refere à importância de se trabalhar as va-lências físicas, os resultados encontrados foram 47% consideram muito importante o desenvolvimento da velo-cidade, assim como a agilidade (60%) e a força(40%).

Essas três valências físicas são fundamentais para o treinamento de iniciação ao vôlei, principalmente, a agi-lidade. O voleibol é uma modalidade que exige de seus praticantes uma determinada força específica para que se consiga conduzir a bola e mandá-la para o lado adversário e uma boa agilidade. A velocidade não é tão importan-te quanto às outras valências citadas, já que o espaço do jogo é pequeno e não é necessário que os praticantes se-jam exímios velocistas. É possível observar a partir dos resultados que a maioria dos professores considera essas valências importantes. É de fundamental importância no treinamento de iniciação ao voleibol ou qualquer outra modalidade o desenvolvimento das principais qualidades motrizes (velocidade, força, f lexibilidade, resistência e agilidade)5. Elas são a base para a formação de bons joga-dores de voleibol.

A resistência aeróbica deve começar a ser desenvolvida na iniciação desportiva de forma específica e deve continuar sen-do desenvolvida durante as etapas seguintes do treinamento². Praticantes de voleibol que têm uma base sólida de resistência aeróbica suportam melhor as exigências do treinamento e das competições durante o estágio de especialização ao voleibol.

Com relação ao treino para desenvolver o domínio da técnica do voleibol é quase unânime, pois 93,33% da mostra consideram isso importante. É fundamental que a criança na iniciação vivencie atividades que propiciem o bom domínio da técnica de base. É indispensável que ela tenha uma boa técnica, principalmente, de toque, de manchete e de saque.

No treinamento de iniciação ao voleibol o ensino das habilidades motoras técnicas é essencial. O aluno deverá ter o conhecimento de uma grande variedade de exercícios técnicos que o aproximem da realidade do jogo5,2. Bompa (2002) completa que o treinamento técnico deve envolver o desenvolvimento da capacidade de realizar corretamente todas as ações técnicas, aperfeiçoando a técnica solicitada².

No que se refere aos exercícios para o desenvolvimen-to da tática (posicionamento e deslocamento na quadra, ações individuais de ataque e defesa e ações coletivas de ataque e defesa), Suvorov afirma que as atividades táticas devem se realizar durante o treinamento da mesma forma de ocorrência no jogo5,1,3,4. Se a criança souber se deslocar e se posicionar em quadra durante o treinamento, certa-mente não sentirá dificuldade no momento do jogo. Os fatores táticos incluem a melhoria da estratégia por meio do estudo da tática de outros adversários, o que, conse-quentemente, amplia a capacidade técnica dos atletas². As ações individuais e coletivas de ataque e defesa dependem, diretamente, da ação do time adversário. Com essa ques-tão bem definida pelos alunos, o trabalho nesse sentido vai ser rico e proveitoso, propiciando resultados positivos.

ConCLUsão

Os resultados encontrados na pesquisa foram satis-fatórios. Eles vão ao encontro daquilo que a literatura atual propõe para o treinamento de iniciação ao volei-bol. Grande parte das instituições que participara da pesquisa é particular e, seguramente, procura realizar um trabalho de qualidade, assim como, as instituições públicas destacadas aqui. Pode-se perceber o compro-misso e o empenho dos professores em fazer um trabalho completo e de qualidade mesmo diante de todas as di-ficuldades. Sabe-se que não é fácil formar bons atletas, mas, pelo menos, a partir dessa prática, seja possível for-mar pessoas boas, pessoas mais humanas e conscientes de seus papéis diante da sociedade e do mundo.

reFerÊnCiAs

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Submissão: 01/03/2011 Aceite: 13/01/2011

19CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Ballet Clássico e Pliometria: treinamento de 4 semanas em Adolescentes de 13 -15 Anos

Bárbara AgostiniI

RESUMO

Uma das primeiras manifestações expressivas do homem, desde os tempos pré-históricos é a dança. Esta arte, com o passar dos anos, evoluiu e atualmente tem caráter profissionalizante. O ballet clássico é uma das mais belas formas de arte desde a antiguidade até a atualidade. O ballet clássico é uma arte que exige muitas habilidades e treino atlético, por isso é necessário diferenciar a outras formas de dança do ballet clássico. Conforme Leal, além do trabalho técnico específico, o fortalecimento e desenvolvimento da musculatura exigida auxiliarão o resultado da performance, aliando-se aos exercícios de alongamento e f lexibilidade praticamente diários. Um bailarino, relacionado à técnica, deve ter boa amplitude de saltos para realizar: saltos, allegros e baterias e para desen-volver esta potência muscular pode-se utilizar métodos diversificados, entre eles a pliometria. De acordo com Verkhoshanski, o método de choque (pliometria) é destinado ao desenvolvimento da força rápida e da capacidade reativa do aparelho neuromuscular. O objetivo deste estudo foi avaliar a influência de um treinamento de pliometria em bailarinas clássicas, observando quantitati-vamente o aumento dos saltos específicos para o clássico. Foi realizada uma pesquisa de campo do tipo exploratória descritiva. A população foi composta por seis adolescentes entre 13 e 15 anos de idade. Pertencentes a uma academia de ballet clássico da cidade de Fortaleza/CE. Como instrumento de pesquisa foi utilizado o teste de impulsão vertical Vertilcal Jump descrito em Jhonson e Nelson, 1979 apud Marins e Giannichi e também foi realizado a um treinamento, baseando-se nos princípios da pliometria, exis-tentes na literatura. Todas as alunas realizavam aulas três vezes por semana e cada sessão de treinamento (aula) tinha duração de 20 min., além de 01h10min de treinamento especializado para o ballet clássico. Como conclusão, verificou-se que houve uma melhora na altura do salto, pois no pré-teste a média geral foi de 40,7 cm e no pós-teste foi de 41,8 cm. Porém, o treinamento deverá ser mais prolongado para a obtenção de melhores resultados.

Palavras chaves: Ballet clássico. Pliometria, treinamento.

ABSTRACT

One of the first significant manifestations of man, since the prehistoric times, is dancing. This art, over the years, has evoluted and now have professional character. The classical ballet is one of the most beautiful forms of art from ancient to present time. The classical ballet is an art that requires many skills and athletic training, so it is necessary to differentiate classical dance from other forms of dance. As Leal in addition to specific technical work, strengthening and developing the muscles required help the outcome of performance, together with the stretching and f lexibility exercises in almost daily. A dancer, related to the technique, must have good range to perform jumps: jumps, allegros and batteries and to develop the muscle power you can use various methods, including pliometria. According to Verkhoshanski, the method of shock (pliometria) is intended for rapid development of strength and reac-tive ability of the neuromuscular apparatus. The aim of this study was to evaluate the influence of pliometric training in classical dancers, observing quantitatively the increase in specific jumps to the classic. This study was exploratory descriptive Thomaz and Nelson. The population was composed of six teenagers between 13 and 15 years of age. They were students to an academy of classi-cal ballet in the city of Fortaleza/CE. As instrument of research we used a test call Vertical Jump described in Nelson and Jhonson, 1979 apud Marins and Giannichi and also training based on principles of pliometric, existing in the literature. All students held classes three times a week and each session of training (classroom) had duration of 20 min., and 1:10 for specialized training for classical ballet. In conclusion we note that there was an improvement in the height of the jump, because the pre-test the overall average was 40.7 cm and post-test was 41.8 cm. But the training should be longer to obtain better results.

Key words: classical ballet. pliometric training.

I. Professora do Centro Universitário Estácio FIC/CE, Professora da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza/ FGF; Professora de Ballet da EDISCA (Escola de Dança e Integração Social da criança e adolescente)

20CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Agostini et alBallet Clássico e Pliometria

introdUÇão

- Ballet clássico:Uma das primeiras manifestações expressivas do ho-

mem, desde os tempos pré-históricos é a dança. Esta arte, com o passar dos anos, evoluiu e atualmente tem caráter profissionalizante.

O ballet clássico é uma das mais belas formas de arte desde a antiguidade até a atualidade. O ballet clássico é uma arte que exige muitas habilidades e treino atlé-tico, por isso é necessário diferenciar a dança do ballet clássico.

Portanto, o Ballet Clássico é resultado de uma sucessão de poses no tempo, sendo que os movimentos coreográficos devem se harmonizar com a estética do tempo e lugar da sua execução. Tudo é coordenado pelo ritmo, cuja cadên-cia pode variar infinitamente. Enfim, deve também estar implícita a vontade do indivíduo, para que um sentimento possa ser traduzido de maneira voluntária, harmônica e rítmica.

Os bailarinos se destacam dos demais atletas por qua-lidades e aptidões que o tornam um artista, seguindo normas e técnicas da dança com o corpo adequadamente preparado, demonstrando expressividade, e uma biome-cânica do movimento humano, extremamente complexa. Apesar de o ballet ser conhecido como disciplina estética, também requer enorme preparo atlético, o que predispõe a um amplo espectro de lesões1.

Um bailarino, relacionado à técnica, deve ter boa am-plitude de saltos para realizar: saltos, allegros e baterias.

- Preparação física no ballet clássico:Ao alcançar o padrão de bailarino profissional, de

acordo com Leal2, há que se manter o alto nível da técnica e da constante melhora da performance com determina-ção do alcance da perfeição do movimento. A manutenção desses níveis de qualidade física torna-se a necessidade bá-sica dos profissionais desse gabarito. Aliando-se um plano de trabalho de preparação física ao estudo das expressões dramáticas e ao contraste do desenvolvimento de força e leveza com que o bailarino tem que incansavelmente equilibrar.

Conforme Leal2, além do trabalho técnico específico, o fortalecimento e desenvolvimento da musculatura exigi-da auxiliarão o resultado da performance, aliando-se aos exercícios de alongamento e f lexibilidade praticamente diários.

O bailarino necessita, além de um treinamento de força muscular, um treinamento de f lexibilidade, pois é muito importante que durante a execução dos movi-mentos específicos do Ballet Clássico ele seja forte e ao mesmo tempo f lexível.

Isso nos mostra que a preparação física para o ballet clássico é complexa e exige um acompanhamento adequa-do. As aulas de ballet clássico se subdividem, geralmente, em três partes: barra, centro e diagonal. Porém, o treina-mento de um bailarino (a), não se restringe a essas etapas. São realizadas aulas específicas que visam desenvolver a força, f lexibilidade, resistência, coordenação motora e velocidade de membros inferiores. Um bailarino precisa executar toda sua movimentação com alto grau de precisão técnica e física, portanto, neste sentido é necessária uma preparação especial para que se alcancem estes níveis.

Segundo Siqueira3, atualmente o Ballet começa a ser encarado como outro “esporte” qualquer, que pos-sui um trabalho de preparação física e uma periodização de treinamento para que os dançarinos não se lesionem com tanta frequência. A ciência do desporto mostra que qualquer atleta atinge melhores níveis de performance quando passa por um período de recuperação após perí-odos de performances intensas. Como no ballet clássico, os bailarinos profissionais têm performances o ano todo, assim, uma preparação física específica e adequada se faz necessária.

- Pliometria:Grande parte das atividades esportivas utilizam exer-

cícios de impulsão e potência, saltar e pular estão contidas nestas atividades. Para que este mecanismo ocorra é neces-sário um ciclo de alongamento-encurtamento muscular, ou seja, um mecanismo fisiológico cuja função é aumentar a eficiência mecânica dos movimentos, nos quais ocorre uma contração muscular excêntrica, seguida, imediata-mente, por uma ação concêntrica4.

A obtenção de bons níveis de força e potência muscular permite a manutenção uma forma física satisfatória, o que na dança clássica significa: desempenho técnico em pe-quenos e grandes saltos.

Portanto, a melhoria da força muscular e potência dos membros inferiores aumentam sua capacidade de salto vertical. Um dos meios para se potencializar a força explo-siva é através do treino de pliometria.

A pliometria se popularizou devido ao Russo Yuri Verkochanski , no final da década de 60, pois, organizou o treinamento de saltos aleatórios em treinamento organiza-do. De acordo com Verkhoshanski5, o método de choque (pliometria) é destinado ao desenvolvimento da força rá-pida e da capacidade reativa do aparelho neuromuscular.

No ballet clássico, são utilizados inúmeros saltos, com alturas e intensidades diferenciadas. Porém, a linguagem da “pliometria” não é comum a grande maioria dos profes-sores de ballet clássico, nem sua metodologia.

No ballet clássico russo, já há muitos anos são reali-zados treinamento pliométricos, principalmente pelos

21CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Agostini et alBallet Clássico e Pliometria

bailarinos masculinos, que necessitam de grande força e potência muscular para realizar suas performances.

De acordo com o American College of Sports Medici-ne (ACSM)6, o treinamento pliométrico é uma atividade segura, benéfica e agradável para crianças e adolescentes desde que bem planejado e supervisionado. É por isso que se considera de extrema importância este treinamento nas aulas de ballet clássico.

Esse tipo de treinamento desenvolve nas crianças e adolescentes a capacidade de aumentar a velocidade do movimento, melhorando a performance e desempenho. A participação em um programa de treinamento pliométrico regular pode também ajudar no controle de peso corporal, o que é um dos pontos principais para uma bailarina ob-ter níveis avançados de técnica. Também, de acordo com Witzke7, o treino pliométrico realizado por um longo pe-ríodo de tempo também ajuda no aumento da massa óssea prevenindo assim a osteoporose.

Esses treinos também podem ser utilizados na preven-ção de lesões. Um estudo realizado em 1996 demonstrou efeitos significativos na estabilização dos joelhos e pre-venção de lesões em atletas do sexo feminino – no ballet clássico, a maioria dos praticantes é do sexo feminino. Se-gundo os autores um programa de treinamento pliométrico diminui o pico de impacto no momento da aterrissagem em até 22%, graças ao aprimoramento e controle neuro-muscular decorrentes dos treinos de saltos 8.

A participação num programa de treinamento plio-métrico pode diminuir o risco de lesões nos períodos de final de ano, no qual se concentram o maior número de apresentações. Existem inúmeros exercícios pliométricos, variando de exercícios de baixa intensidade, como saltos em ambas as pernas, até os exercícios de alta intensidade, como os saltos em profundidade.

MetodoLogiA

-Tipo de pesquisaO estudo em questão refere-se à Pesquisa de Campo

do tipo exploratória descritiva. Pesquisa descritiva é defi-nida por Thomaz e Nelson 9 como um “estudo de status e é amplamente utilizada na educação e nas ciências com-portamentais”. Neste tipo de pesquisa não há comparação entre dois grupos, pois não há grupo de controle, ou seja, é realizada com um único grupo.

- População:Participaram do treinamento seis adolescentes entre 13

e 15 anos de idade. Pertencentes a uma academia de ballet clássico da cidade de Fortaleza/CE.

- Instrumentos de pesquisa:- Teste avaliativo:

Como instrumento de pesquisa foi utilizado o teste de impulsão vertical Vertilcal Jump descrito em Jhonson and Nelson, 1979 apud Marins e Giannichi10. Neste teste as participantes deveriam permanecer em pé, ao lado de uma parede com os dois pés unidos.

- Treinamento:As alunas foram submetidas a um treinamento desen-

volvido pela própria professora, baseando-se nos princípios da pliometria, existentes na literatura.

Estes treinamentos consistiam utilizar multissaltos e saltos com deslocamento em diferentes alturas. E também intensificar o treinamento técnico do ballet clássico refe-rente a pequenos saltos, grandes saltos e baterias.

Todas as alunas realizavam aulas três vezes por sema-na e cada sessão de treinamento (aula) tinha duração de 20 min., além de 01h10min de treinamento especializado para o ballet clássico.

- Variáveis:- Controladas:Idade;Número de aulas por semana;Tempo de treinamento realizado por aula (sessão de

treinamento)Tempo de prática de ballet clássico (4 a 5 anos);Todas já com menarca.- Não controladas:Alimentação. Peso diferenciado.- Análise de dados:Na tabela 1, seguem-se os valores dos saltos obtidos no

pré-teste (inicial):Tabela 1 - Pré-teste

PESO ESTATURA PRÉ- TESTE (em cm)A 51 kg 1,61 cm 37cm

B 55 kg 1,69 cm 47 cm

C 47 kg 1,60 cm 40 cm

D 52 kg 1,66 cm 41 cm

E 50 kg 1,65 cm 36 cmF 50 kg 1,72 cm 43 cm

MÉDIA GERAL (do salto em cm) 40,7 cm

Na tabela 2 seguem-se os valores dos saltos obtidos no pós-teste, realizado ao final do treinamento de quatro semanas.Tabela 2 - Pós-teste

ALUNA PESO ESTATURA PRÉ- TESTE (em cm)A 52 kg 1,61 cm 39cm

B 53 kg 1,69 cm 50 cmC 46 kg 1,60 cm 41 cmD 52 kg 1,66 cm 41 cmE 50 kg 1,65 cm 35 cmF 50 kg 1,72 cm 45 cm

MÉDIA GERAL (do salto em cm) 41, 8 cm

22CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Agostini et alBallet Clássico e Pliometria

ConsiderAÇÕes FinAis

No final deste estudo verificou-se que os treinamen-tos pliométricos aumentaram a média geral dos saltos horizontais, e com isso, consequentemente, poderiam

melhorar a amplitude nos allegros, batterias e grand jetés dos bailarinos(as).

Porém, necessita-se de uma literatura mais especiali-zada que volte suas intenções para o desempenho físico e atlético no ballet clássico.

reFerÊnCiAs

1. GREGO, L. G; MONTEIRO, H. L.;PADOVANI, C. R.; GONÇALVES, A. Lesões na dança: estudo trans-versal híbrido em academias da cidade de Bauru- S.P. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.5, n.2, p.47-54, 1999.

2. Leal M. A preparação física na dança. Rio de Janeiro: Sprint; 1998.3. Siqueira GM. A relação da preparação física com o Ballet Clássico. [monografia]. Canoas: Universidade Luterana

do Brasil, Curso de Educação Física; 2003.4. Rossi, L. P. e Brandalize, M. Pliometria aplicada á reabilitação de atletas. Revista Salus. Paraná/ Guarapuava. v.

01, n.1, p. 77-85, 2006.5. Verkhoshanski YV. Força: treinamento da potência muscular: método de choque CID 2ª Ed. Local: Editora;

1998.6. American College of Sports Medicine/ACSM’s: Guidelines for Exercise Testing and Prescription, 6ª edição, Lip-

pincott, Williams & Wilkins, Philadelphia, 20007. Witzke KA, Snow CM. Effects of plyometric jump training on bone mass in adolescent girls. Med Sci Sports

Exerc. 2000 Jun; 32(6):1051-7.8. Hewett TE, Stroupe AL, Nance TA, Noyes FR. Plyometric training in female athletes:d ecreased impact forces

and increased hamstring torques. Am J Sports Med. 1996 Nov-Dec; 24(6):765-739. Thomas, J R; Nelson, J R. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. 3º ed. Artmed, 2002.10. Marins, J. C. B.; Giannichi, R. S. Avaliação e prescrição de atividade física. Shape editora: Rio de Janeiro, 2003.

Submissão: 20/01/2011 Aceite: 15/02/2011

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educação em saúde como estratégia para se Alcançar a resolutividade no tratamento da Hanseníase.

Caionara Angélica da SilvaI Micaelly Moura de MedeirosII

Mara Léia Távora VieiraIII Gustavo Henrique Dantas da CunhaIV

Henrique Lobo Saraiva BarrosV

Leonardo Lobo Saraiva BarrosVI

Suzana Carneiro de Azevedo FernandesVII

RESUMO

O estudo teve como objetivo identificar as práticas de Educação em Saúde desenvolvidas pelas equipes saúde da família junto aos pacientes de hanseníase na Unidade Saúde da Família (USF) Dr. Chico Costa no município de Mossoró/RN. A pesquisa é do tipo qua-litativa, na qual se realizaram entrevistas semiestruturadas com 8 (oito) profissionais das equipes de saúde da família da USF Dr. Chico Costa. Para a realização da análise dos dados utilizou-se a técnica de categorias, na qual os dados foram agrupados segundo suas seme-lhanças e características comuns. Por conseguinte, engajados na interpretação da realidade, observou-se que a compreensão de Educação em Saúde por parte de alguns profissionais ainda é confusa, dificultando o desenvolvimento de práticas resolutivas. As atividades de educação em saúde são pontuais e curativistas, desenvolvidas, prioritariamente, ao tratamento e reabilitação em detrimento a prevenção e promoção da saúde que englobam os condicionantes/determinantes do processo saúde/doença. É imprescindível o desenvolvimento de práticas de educação em saúde dialógicas voltadas para os pacientes de hanseníase, na busca de promover à autonomia e o autocuidado dos pacientes, assim como, a melhoria da sua qualidade de vida. Que todos os profissionais sejam capacitados para imprimir nos serviços de saúde o modelo educativo participativo, valorizando os espaços das relações interpessoais estabelecidas nos serviços de saúde como contextos de práticas educativas emancipatórias. Enfim, que a Educação em Saúde contribua para a melhoria da produção dos serviços de saúde, assegurando a qualidade, satisfação dos profissionais e usuários assistidos com dignidade e qualidade que têm direito.

Palavras-Chave: Educação em Saúde. Saúde da Família. Hanseníase.

ABSTRACT

The study aimed to identify the practices developed by Health Education family health teams along with leprosy patients in the Family Health Unit (FHU) Chico Dr. Costa in the Mossoró / RN. The research is a qualitative in which we conducted semi-structured inter-views with eight (8) teams of professionals of family health USF Chico Dr. Costa. To perform the data analysis used the technique of categories in which the data were grouped according to their similarities and common features. Therefore engaged in the interpretation of reality, we observe that the understanding of health education on the part of some practitioners is still confusing, hindering the de-velopment of practical resolving. The health education activities are occasional and curativistas, developed primarily to treatment and rehabilitation rather than prevention and health promotion to include the conditioning / determinants of health / disease process. It is essential to the development of practices of health education focused on dialogic leprosy patients, in seeking to promote autonomy and self-care of patients, as well as improving their quality of life. All professionals are able to print in the health services the participatory model of education, valuing the spaces set of interpersonal relationships in health care contexts as emancipatory educational practices. Finally, the Health Education contributes to improving the production of health services, ensuring quality, professional satisfaction and assisted users with dignity and quality they deserve.

Key Words: Health Education. Family Health. Leprosy.

I. Discente do curso de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem, Campus Central, UERN. Bolsista do Programa de Educação Tutorial de Enfermagem em Mossoró – PETEM. II. Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde - FACS, Campus Central, UERN. III. Discente do curso de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem, Campus Central, UERN. Voluntária do Programa de Educação Tutorial de Enfermagem em Mossoró – PETEM. IV. Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde - FACS, Campus Central, UERN. V. Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde - FACS, Campus Central, UERN. VI. Professor da Universidade Estácio de Sá- Fortaleza CE do curso de Enfermagem. VII. Doutora em Ciências Sociais, docente do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem, Campus Central, UERN.

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Silva et alEducação em saúde como estratégia

introdUÇão

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa silencio-sa, cuja forma de contágio se dá através da eliminação dos bacilos (bactérias) de pessoas doentes que não estão em tratamento, expelidas por meio do aparelho respiratório superior (secreções nasais, gotículas da fala, tosse, espirro). “O diagnóstico precoce da hanseníase e o seu tratamento adequado evitam a evolução da doença, consequentemen-te impedem a instalação das incapacidades físicas por ela provocadas”, proporcionando a cura1. Os portadores são vítimas de discriminação pelo estigma e histórico da do-ença, que é popularmente conhecida como “lepra”; por ser uma doença de origem dermatológica, sendo a pele um órgão visível que interfere na boa aparência; pelas infor-mações distorcidas da população e por ser contagiosa.

O Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH) do Ministério da Saúde (MS) estabeleceu di-retrizes operacionais para a execução de diferentes ações, articuladas e integradas, que pudessem em todas as frentes de trabalho propiciar atendimento às pessoas que adoecem nas suas necessidades e direitos.

De acordo com a coordenadoria do Programa Estadu-al de Eliminação da Hanseníase da Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP) do Rio Grande do Norte, “em 2009 foram diagnosticados 296 novos casos da do-ença, 137 só em Mossoró e em 2010 já foram notificados até o momento 46 casos sendo 20 destes no município” 2 .A Hanseníase, portanto, tornou-se um problema de saú-de pública pela quantidade, gravidade e cronicidade da doença.

O Programa de Controle de Hanseníase do município de Mossoró requer o desenvolvimento de ações e decisões voltadas para um efetivo compromisso com a saúde da população e, nesse sentido, constitui oportunidade histó-rica para o estabelecimento de novas práticas de saúde e, com isto, a necessidade de repensar a atuação de práticas educativas junto a esse programa. Haja vista, que tradi-cionalmente os saberes e as práticas educativas em saúde utilizam um discurso higienista e intervenções normaliza-doras impregnadas por um discurso sanitário subjacente, que fazem uso de estratégias comunicacionais vertica-lizadas, autoritárias e reducionistas da determinação do processo saúde-doença à dimensão individual3.

Os serviços de saúde brasileiros por estarem ainda muito centrados no modelo assistencial-curativo e no atendimen-to médico, no entender de Chiesa e Veríssimo 4, tornam a prática educativa condicionada, pois destacam que as ações que visam modificar práticas dos indivíduos consideradas inadequadas pelos profissionais, mediante a prescrição de tratamentos, condutas e mudanças de comportamento. E,

quando são realizadas atividades participativas, como pa-lestras, reuniões com grupos, são somente respondidos aos questionamentos sobre as doenças no sentido de que seu motivo é a falta de cuidado e desleixo da população com a saúde.

Dentre os diversos espaços dos serviços de saúde, Vas-concelos 5, 6 destaca os de atenção básica como um contexto privilegiado para desenvolvimento de práticas educati-vas em saúde. A consideração da autora justifica-se pela particularidade destes serviços, caracterizados pela maior proximidade com a população e a ênfase nas ações preven-tivas e promocionais.

No âmbito das Unidades Básicas de Saúde da Família, a educação em saúde figura como uma prática prevista e atribuída a todos os profissionais que compõem a equipe de saúde da família. A equipe de Saúde da Família deve ser composta por no mínimo um médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem e de quatro a seis Agentes Comunitários de Saúde 7 . Esses profissionais devem primar não somente pela cura e reabilitação da saú-de, mas também pela prevenção e promoção da saúde. As ações de educação em saúde não podem limitar ao aspecto curativista/assistencialista, mas englobar os condicionan-tes/determinantes do processo saúde/doença.

A relevância da área de educação em saúde é definida por L’Abbate 8 como um “campo privilegiado de práticas que ocorrem no nível das relações sociais normalmente estabelecidas cotidianamente pelos profissionais de saúde entre si e no âmbito institucional, sobretudo com o usuá-rio, envolvendo os diversos atores presentes”, visto que o atendimento ao usuário é prestado, sobretudo, por meio dessas práticas.

Fernandes 9 acrescenta que as práticas educativas de-vem imprimir nos serviços de saúde o modelo educativo dialógico, porém não mais pela imposição de um saber técnico-científico detido pelos profissionais de saúde. Mas sim, pelo desenvolvimento da autonomia e da responsabi-lidade dos indivíduos no cuidado com a saúde, valorizando os espaços das relações interpessoais estabelecidas nos serviços de saúde como contextos de práticas educativas emancipatórias.

Esse estudo objetiva, portanto, identificar as práticas de Educação em Saúde desenvolvidas pelas equipes saúde da família junto aos pacientes de hanseníase na Unidade Saúde da Família (USF) Dr. Chico Costa no município de Mossoró/RN.

MAteriAL e MÉtodos

A pesquisa é do tipo qualitativa, por se aproximar e descrever o objeto de investigação, incorporando aspectos

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Silva et alEducação em saúde como estratégia

“[...] do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais” 10 nas constru-ções das práticas educativas em saúde.

O estudo foi realizado na Unidade Básica Saúde da Família Dr. Chico Costa situada na Rua Seis de Janei-ro, S/N, no bairro Santo Antônio em Mossoró/RN. A escolha dessa unidade se deu por ser campo de estágio da FAEN/UERN, por apresentar historicidade do tra-balho com o controle da Hanseníase, visto ter sido uma das primeiras USF a descentralizar o tratamento, como também pela grande incidência de novos casos no bairro e adjacências, além de ser uma das unidades do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-saúde7.

Os sujeitos desta pesquisa foram 8 (oito) profissionais das 3 (três) equipes da USF Dr. Chico Costa, sendo es-tes: 3 (três) enfermeiros, 2 (dois) técnicos de enfermagem, 2 (dois) Agente Comunitário de Saúde (ACS) e 1 (um) mé-dico. Como critério de inclusão para seleção dos sujeitos da pesquisa foi elencado: ser profissional da Saúde da Família da USF Dr. Chico Costa e aceitar participar da pesquisa, e como critério de exclusão não trabalhar nas equipes da USF Dr. Chico Costa, estar em gozo de licença especial, férias e atestado médico e recusar assinar o Termo de Con-sentimento Livre e Esclarecido - TCLE.

A coleta de dados ocorreu de acordo com sua dispo-nibilidade dos profissionais das equipes Saúde da família da USF Dr. Chico Costa, entre os meses de outubro e novembro de 2010. Foram realizadas entrevistas semies-truturadas com um roteiro prévio como forma de permitir a abertura e facilidade para o entrevistado expor suas opi-niões com profundidade, e assim, o pesquisador manter o foco no objetivo da pesquisa 11. Cada entrevista foi gravada por um aparelho eletrônico (MP4) e posteriormente trans-crita, mantendo-se o sigilo, a privacidade e o anonimato dos entrevistados.

Para que o anonimato dos pesquisados fossem asse-gurados, os enfermeiros foram identificados por Enf., os técnicos de enfermagem por Téc., os agentes comunitá-rios de saúde por ACS e o médico por Méd., e cada equipe recebeu o nome de um clássico da educação em saúde, a exemplo, equipe Freire, equipe Vasconcelos e equipe Morin.

Os dados obtidos foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo, e , dentro das suas modalidades, por meio da análise temática. A ideia de tema está relacio-nada a uma afirmação a respeito de determinado assunto11.

Esta análise se divide em três etapas: pré-análise; exploração do material; tratamento dos resultados e inter-pretação. A primeira etapa se constitui em uma fase de organização, utilizando-se da leitura f lutuante, retomada dos objetivos iniciais da pesquisa. Na segunda etapa, os

dados são codificados a partir das unidades de registro. Na última etapa, os dados são categorizados, a fim de alcançar um núcleo de apreensão do texto 11. As “Categorias são expressões ou palavras significativas em função das quais o conteúdo de uma fala será organizado” 11. Portanto, os dados foram agrupados segundo suas semelhanças e ca-racterísticas comuns, a partir do roteiro norteador aplicado nas entrevistas semiestruturadas.

resULtAdos e disCUssão

O fluxograma da Unidade Saúde da Família (USF) Dr. Chico Costa em relação ao paciente hansênico se inicia mediante a procura do paciente ao tratamento, quando já apresenta sinais e sintomas de comprometimento dermato-lógico e/ou neurológico. A busca ativa pela equipe de saúde da USF só é feita em situações eventuais, quando há cam-panhas impulsionadas pelo Ministério da Saúde.

O diagnóstico da Hanseníase é realizado pelo médico em conjunto com o enfermeiro que é o responsável pelo teste de sensibilidade e pelo acompanhamento mensal da dose supervisionada.

Após o diagnóstico, o tratamento se inicia indepen-dentemente da atividade programada para ser realizada na unidade, e após 28 dias o paciente retorna para tomar a dose supervisionada e receber novos medicamentos e orientações na consulta de enfermagem. O tratamento é feito com o envolvimento de todos os profissionais da USF, principalmente médico, enfermeiro e agente comunitário de saúde.

Para a realização do combate a Hanseníase no bairro Santo Antônio, os 3 (três) enfermeiros e os ACS da USF Dr. Chico Costa receberam capacitação recente, disponi-bilizada pela Gerência Municipal de Saúde de Mossoró.

A capacitação dos profissionais para atuar na assis-tência a hanseníase é uma meta do Plano Nacional de Eliminação da Hanseníase, estabelecido pelo Ministério da Saúde, a fim de minimizar os casos de hanseníase no país, e eliminá-lo como problema de saúde pública 7 .

Uma estratégia que pode ser utilizada pelos profissio-nais da saúde para se alcançar a minimização dos danos e eliminação da Hanseníase é a Educação em Saúde. As concepções sobre Educação em Saúde que os profissionais da USF Dr. Chico Costa inferiram foram:

“São noções básicas que se deve ter sobre as ações desenvolvi-das na área da saúde”. (ACS -equipe Freire)

“São as orientações dadas à população para prevenir patolo-gias”. (Téc.- equipe Freire)

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Silva et alEducação em saúde como estratégia

“Mecanismo facilitador que tem por objetivo ressaltar a impor-tância da implantação de métodos preventivos, com objetivos de evitar complicações futuras”. (Enf.- equipe Freire)

“São dimensões da vida humana, normalmente, separadas, mas que precisam permanecer sempre juntas para melhorar a quali-dade de vida dos indivíduos”. (Enf.- equipe Morin)

Essas colocações comprovam o que Machado 12 afirma que na prática verifica-se a predominância de práticas de educação em saúde reducionistas, o que requer questiona-mentos para o alcance de ações integradas e participativas.

Pereira et al 13 complementam que as ações educativas têm-se mostrado por meio da transmissão de conhecimen-tos e comportamentos, estando associado a uma deficiência na formação dos profissionais e a uma carência na assistên-cia as reais necessidades dos indivíduos.

A concepção de Educação em Saúde como um instru-mento da atenção básica pode ainda ser visualizada na fala do Médico da equipe Vasconcelos ao dizer: “Educação em Saúde é um conjunto de conhecimentos com foco na atenção básica (primária), cujo objetivo é a prevenção de patologias e suas sequelas.”

No entanto, conforme colocam Olivi e Oliveira 14, a Educação em Saúde ganha um papel importante, também, na unidade hospitalar, principalmente para enfermagem, pois o hospital deixa de ser exclusivamente um local de restabelecimento da saúde, e passa a ter uma função de re-cuperação, manutenção e prevenção de doenças.

A importância da educação em saúde para o paciente han-sênico pode ser visualizada na fala dos entrevistados como ferramenta fundamental para a prevenção e o tratamento de hanseníase, assim como, facilitadora na desmistificação de alguns estigmas associados à doença que ainda perpetuam na sociedade.

“A Educação em Saúde voltada para o paciente hansênico tem tripla importância: 1º) Prevenir a disseminação da doença, pro-pagando conhecimentos necessários de diagnóstico precoce, com isso, cuidando-se a transmissão da doença; 2º) estimula o tratamento (início e adesão), evitando sequelas; 3º) eliminar o preconceito que ainda acomete portadores de hanseníase.” (Méd.- equipe Vasconcelos)

“A importância é evitar complicações ou sequelas irreversíveis que talvez o paciente sem determinadas orientações não saibam; como também deve ser o tratamento dessa patologia.” (Enf.- equipe Vasconcelos)

Na assistência a pacientes hansênicos, a educação em saúde é considerada uma técnica muito eficiente, pois utiliza

de orientações precoces, a fim de prevenir e reabilitar as incapacidades, tornando os pacientes ativos, conhecedores e corresponsáveis pelas consequências no seu tratamento. Sendo isso fortificado, através de um relacionamento de confiança entre profissionais, pacientes e família com os serviços de saúde 15.

O Ministério da Saúde 16, através da portaria número 165 Bsb de 14 de maio de 1976, preconiza a educação em saúde como ação fundamental no controle da hanseníase, além da aplicação de BCG, investigação epidemiológica e prevenção de incapacidades.

Referente às ações de educação em saúde desenvolvi-das na USF Dr. Chico Costa, os profissionais afirmaram desenvolver “palestras educativas e apoio psicológico.” (Enf.- equipe Freire)

Além de “orientações de como deve ser o tratamento: tempo, medicação, dosagem, reações dessa medicação; im-portância de concluir o tratamento; o que pode acontecer “sequelas” se o paciente abandonar o tratamento, sequelas que podem ser irreversíveis.” (Enf.- equipe Vasconcelos)

“Bloqueio dos comunicantes; a medicação e o tratamento com orientações para que o cliente não desista e faça até o final.” (Téc. – equipe Morin)

De acordo com Machado 12, o conceito de educação em saúde está associado ao conceito de promoção da saúde, e não apenas de tratamento e reabilitação, buscando a partici-pação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana e não apenas das pessoas sob o risco de adoecer ou doentes. Busca-se, então, o bem-estar nos aspectos físicos, mentais, ambientais, pessoais, familiares e sociais.

Ao investigar a articulação da equipe multiprofissional nas ações de educação em saúde desenvolvidas na ESF, junto ao paciente com hanseníase, obteve-se como resposta majo-ritária, a participação conjunta dos profissionais, no entanto a enfermeira da Equipe Vasconcelos relatou que não havia integralidade entre os membros da equipe e não justificou.

Para se alcançar uma assistência integral e holística é ne-cessária abdicar do individualismo profissional, estimular o trabalho em equipe e o diálogo entre os profissionais, com foco nos usuários, nas ações de saúde e na educação perma-nente 17.

No que se refere à qualidade das ações desenvolvidas para o paciente hansênico pelos profissionais da USF, fo-ram unânimes ao afirmarem que as ações podem/ precisam melhorar, tornando isso fator determinantes na eficácia e resolutividade dos casos de hanseníase no bairro.

“Podem melhorar. Infelizmente há pacientes que não sabem da importância de concluir o tratamento e não são orientados das

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Silva et alEducação em saúde como estratégia

incapacidades que a patologia pode causar, devido alguns profis-sionais esconderem isso do paciente.” (Enf.- equipe Vasconcelos).

“Poderiam acontecer melhor com o apoio e a participação de dermatologista para referenciar.” (Enf.- equipe Freire).

“Sempre é preciso melhorar. O volume das ações é insuficien-te, e o resultado é a alta incidência de hanseníase na nossa região” (Méd.- equipe Vasconcelos)

Corroborando com a fala do profissional médico, Dias 18 coloca que no ano de 2004, Mossoró registrou “o diagnóstico de 115 casos novos de hanseníase, o que corresponde ao coe-ficiente de detecção de 5,16 casos em cada 10.000 habitantes, considerado hiperendêmico pelos parâmetros do Ministério da Saúde”, concentrando-se principalmente nestes quatro bairros: Barrocas, Santo Antônio, Bom Jardim e Paredões.

Vale salientar que, conforme Olivi e Oliveira 14, os Mu-nicípios são responsáveis, em especial da atenção básica, a competência de prestar a assistência de qualidade à popu-lação e, assim, em específico, aos doentes com hanseníase.

As atividades de educação em saúde desenvolvidas na USF Dr. Chico Costa ao paciente hansênico estão centra-das em orientações nas consultas médica e de enfermagem e nas visitas domiciliares. Esporadicamente ocorrem pa-lestras em locais estratégicos, realizadas pelos acadêmicos de enfermagem da UERN, utilização de impressos dispo-nibilizados pela Gerência de Saúde, a fim de estimular a conscientização do controle da hanseníase. Isso pode ser reiterado nas falas abaixo:

“Palestras em locais estratégicos como: escolas, CRAS, UBSF, ou até mesmo na casa do comunitário ou panfletos que eles leem e veem como se prevenir da lesão” (Téc.- equipe Freire)

“São realizadas individualmente com os pacientes no mo-mento das consultas, em reunião na unidade de saúde, com os usuários na sala de espera e nas microáreas no momento das visitas domiciliares.” (Enf.- equipe Morin)

“A busca ativa na área, reavaliação da assistência prestada, tentar romper estigmas e colaborar com a reinserção social, re-alização de ações educativas para intensificar o entendimento dos familiares e pacientes.” (Enf.- equipe Freire)

As ações de educação em saúde precisam utilizar de elementos da realidade dos pacientes, estimulando

os profissionais a serem agentes críticos e ref lexivos no processo de cuidar, tornando esse processo democrático, levando em consideração a família e a coletividade.

ConCLUsão

Este estudo permitiu identificar as práticas de Edu-cação em Saúde desenvolvidas pelas equipes saúde da família junto aos pacientes de hanseníase na Unidade Saúde da Família (USF) Dr. Chico Costa no município de Mossoró/RN. Foi possível comprovar que a compreensão de Educação em Saúde por parte de alguns profissionais ainda é confusa, dificultando o desenvolvimento de prá-ticas resolutivas.

O fluxograma da USF Dr. Chico Costa em relação ao paciente hansênico se inicia mediante a procura do pacien-te ao tratamento, quando já apresenta sinais e sintomas de comprometimento dermatológico e/ou neurológico. A busca ativa pela equipe de saúde da USF só é feita em situações eventuais, quando há campanhas impulsionadas pelo Ministério da Saúde.

As atividades de educação em saúde desenvolvidas pelos profissionais da USF Dr. Chico Costa ao paciente hansênico são ações pontuais e curativistas, desenvolvidas, prioritariamente, ao tratamento e reabilitação em de-trimento a prevenção, estando associada à mudança de padrões de comportamento dos seus atores sociais, dis-tanciando do conceito de educação em saúde que busca promover a autonomia e o autocuidado dos pacientes, as-sim como, a melhoria da sua qualidade de vida.

Percebe-se que a configuração do trabalho da saúde da família na unidade básica está sendo efetivado com alguns entraves, dentre eles: a falta de adesão dos portadores ao tratamento, as condições de trabalho oferecidas a estes profissionais, a dificuldade na busca ativa, a carga horária extensa da equipe, a desarticulação e o desinteresse dos profissionais em estabelecer práticas de educação em Saú-de e a dificuldade em operacionalizar a integralidade em saúde junto aos pacientes hansênicos.

É imprescindível que todos os profissionais sejam capacitados para as práticas de educação em saúde em han-seníase, como forma de imprimir nos serviços de saúde o modelo educativo dialógico, pelo desenvolvimento da au-tonomia e da responsabilidade dos indivíduos no cuidado com a saúde, valorizando os espaços das relações interpes-soais estabelecidas nos serviços de saúde como contextos de práticas educativas emancipatórias.

reFerÊnCiAs

1. Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o Controle da hanseníase. 3ª. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.

28CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

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Submissão: 10/12/2010 Aceite: 18/02/2011

Artigos de revisãoArtigos de revisão

30CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Correlação entre desnutrição infantil e Atenção materna: um estudo de revisão

Tereza Emanuella Bessa VasconcelosI

Munick Linhares PierreII

Camila Barbosa AraujoIII

Denise Maria Sá Machado DinizIV

Érika Porto XavierV

Adriana Ponte Carneiro de MatosVI

RESUMO

INTRODUÇÃO: A desnutrição infantil é uma doença de origem multicausal e o vínculo mãe-filho é um dos condicionantes desse processo. Estudos comprovam que tendo um vínculo adequado com o filho essa mulher estará mais suscetível a apresentar práticas de cuidado positivas. OBJETIVO: Sendo assim, o objetivo desse estudo foi identificar categorias de riscos psicossocioambientais relacionados à desnutrição infantil associado aos fatores determinantes da atenção materna, contribuindo para o conhecimento da influência do vínculo mãe-filho na recuperação da desnutrição da criança e agrupar considerações que poderão orientar a ação in-terdisciplinar e holística junto a esse grupo, possibilitando estratégias no âmbito social atuando junto à criança, família e sociedade. METODOLOGIA: Para este estudo realizou-se uma revisão bibliográfica em artigos publicados no período de 1985 a 2010. Para o levantamento procedeu-se a uma coleta no banco de dados BIREME. A amostra foi composta por 20 artigos, que se enquadram na temática proposta neste artigo. Realizou-se uma ordenação, classificação e análise final dos dados. Para análise estatística foi utilizado o software Microsoft Excel versão 2007. RESULTADOS: Os resultados foram agrupados em três categorias: fatores psicológicos, fatores sociais e fatores ambientais. CONCLUSÃO: O tema deste estudo merece atenção especial tanto dos profis-sionais de saúde quanto dos órgãos públicos para melhor compreensão da problemática nutricional, bem como, oferecer elementos norteadores para condutas ante a questão da desnutrição infantil.

Palavras-chave: Cuidado da criança. Desnutrição infantil. Peso ao nascer. Interação mãe-filho.

ABSTRACT

BACKGROUND: Child malnutrition is a multifactorial disease of origin and mother-child bond is one of the limitations of this process. Studies show that having a proper link with the child this woman is more susceptible to provide positive care practices. OBJECTIVE: Therefore the aim of this study was to identify risk categories psicossocioambientais related to child malnutrition associated with the determinants of maternal attention, contributes to the knowledge of the influence of mother-child malnutrition in the recovery of the child and group considerations that may guide the interdisciplinary and holistic approach with this crowd, enabling strategies in the social act with the child, family and society. METHODOLOGY: For this study we carried out a biblio-graphic review of articles published between 1985 to 2010. To survey was conducted in a collection database BIREME. The sample consisted of 20 articles that fit the theme proposed in this article. We conducted an ordination, classification, and final data analy-sis. Statistical analysis software was used Microsoft Excel 2007 version. RESULTS: The results were grouped into three categories: psychological factors, social factors and environmental factors. CONCLUSION: The theme of this study deserves special attention of both health professionals and public agencies to better understand the nutritional problems, and provide the guiding elements for pipes before the issue of child malnutrition.

Keywords: Child care. Child malnutrition. Birthweight. Mother-child interaction.

I. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Estácio/FICII. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Estácio/FIC.III. Acadêmica do curso de Fisioterapia da Estácio/FIC.IV. Mestre em Fisiologia pela UFPE. Doutoranda em Ciências da Saúde pela UFRN. Docente do curso de Fisioterapia da Estácio/FIC. Rua Eliseu Uchoa Becco, 600. Fortaleza/Ce. Email: [email protected] Fone: 85-88977866.V. Docente do curso de Fisioterapia da Estácio/FIC.VI. Docente do curso de Fisioterapia da Estácio/FIC.

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Vasconcelos et alCorrelação entre desnutrição infantil e atenção Materna

introdUÇão

A desnutrição infantil é uma doença de origem multi-causal e complexa que tem como causas diversos fatores, normalmente associados à pobreza e a falta de alimentos dela decorrente. Ocorre quando o organismo não recebe os nutrientes necessários para o seu metabolismo fisioló-gico, devido à falta de aporte ou problema na utilização do que lhe é ofertado. Assim sendo, na maioria dos casos, a desnutrição é o resultado de uma ingesta insuficiente, ou fome, e de doenças(1).

A desnutrição moderada e leve muitas vezes se ex-pressa apenas em termos de falha de crescimento, mas, mesmo assim, é, nos dias de hoje, a principal causa de morte entre as crianças menores de cinco anos(1).

A desnutrição infantil ainda constitui importante problema de saúde pública no Brasil, bem como, em ou-tros países com condições socioeconômicas desfavoráveis à parcela significativa da população(2).

A fome sempre esteve presente na sociedade, dife-renciando-se pelas proporções tomadas e pelas causas que lhe são atribuídas. Em seu sentido estrito, a palavra fome significa ausência de alimentação, independente das causas que provocam tal situação, porém, esta é uma definição limitada e imediata, que parte do princípio da individualidade, enquanto que a fome deve ser concebida como uma questão social e de caráter coletivo(3).

A desnutrição infantil é um processo multicausal com condicionantes biológicos, emocionais e sociais, incluin-do o vínculo mãe-filho(4). Esse vínculo, que consiste na relação de apego desenvolvida entre a figura materna com sua criança, é um evento inato passível de interferências positivas ou negativas. Tendo um vínculo adequado com o filho, a mulher estará mais suscetível a apresentar prá-ticas de cuidado positivas, ref letindo no desenvolvimento infantil(2).

O presente estudo tem por objetivo pesquisar o cami-nho mais adequado para se descrever como se dá a relação da mãe com a criança desnutrida no seu cotidiano e com-preender a inf luência dos fatores psicossocioambientais na desnutrição infantil.

A escolha do tema foi uma oportunidade de estudo para avaliar a importância do papel dessas mães no qua-dro nutricional de seus filhos, favorecendo a elaboração de estratégias tanto dos profissionais de saúde quanto dos órgãos públicos para melhor compreensão da pro-blemática nutricional, bem como, de aspectos ligados à cidadania e agrupar considerações que poderão orientar a ação interdisciplinar e holística junto a esse grupo.

MAteriAis e MÉtodos

Para a realização deste estudo foi efetuado um levan-tamento bibliográfico na base de dados BIREME, no período de julho a outubro de 2010. A coleta de dados foi realizada em duas etapas. A primeira etapa foi reunir material bibliográfico disponível. Para tanto, foram utili-zadas para a busca as palavras-chave cuidado da criança, desnutrição infantil, interação mãe-filho, sendo iden-tificados 61 estudos entre artigos, dissertações, livros, estudos de caso e cartas.

Inicialmente, fez-se a leitura dos resumos, com o objetivo de verificar, em que medida a obra consultada interessava à pesquisa, sendo identificados, no período de 1985 a 2010, 51 artigos científicos publicados em dife-rentes periódicos que abordam a temática da desnutrição infantil em relação à atenção materna.

Após a leitura inicial, foram aplicados os critérios de inclusão aos 51 artigos levantados a princípio. Os crité-rios foram: ser artigo científico publicado em periódicos indexados à base de dados BIREME, entre os anos 1985 e 2010, abordar questões relativas à desnutrição infantil associado aos fatores determinantes da atenção materna.

Foram excluídos da pesquisa artigos nos idiomas que não fossem português, inglês ou espanhol. Foram exclu-ídos cartas, ensaios clínicos e dissertações. Após leitura para seleção, 20 artigos foram utilizados, por se enqua-drarem na temática proposta neste artigo.

Para análise dos dados empíricos, seguimos os seguin-tes passos: ordenação dos dados, classificação dos dados e análise final. Após a identificação da amostra foi reali-zada a caracterização, compilação e fichamento por meio de roteiro preestabelecido para coleta de dados. Os tex-tos foram separados a partir da abordagem apresentada: fatores psicológicos, fatores sociais e fatores ambientais.

A caracterização dos artigos identificados foi realizada a partir das variáveis: ano de publicação e identificação do enfoque dado à temática em estudo, de maneira a ofere-cer elementos norteadores para a conduta de profissionais da área da saúde, ante a questão da desnutrição infantil.

vAriÁveis indePendentes estUdAdAs

Foram incluídas três variáveis denominadas maternas cada uma com suas subdivisões, ou seja, as características e condições supostamente determinantes de sua capaci-dade de cuidado: fatores psicológicos, fatores sociais e fatores ambientais.

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Vasconcelos et alCorrelação entre desnutrição infantil e atenção Materna

resULtAdos e disCUssão

Na Tabela 1, apresentam-se os resultados das análises univariadas com cada variável dos três esquemas propostos anteriormente, referente aos fatores psicológicos, sociais e ambientais de risco relacionados ao cuidado materno. Dos 20 artigos selecionados para compor a amostra, pode-se verificar dentro das variáveis referentes aos fatores psicoló-gicos que a idade materna trata-se de um importante fator de risco, especialmente, em mães adolescentes sendo abor-dado esse tema em 10 artigos da amostra.Tabela 1 – Características psicossocioambientais maternas e suas variáveis

Variáveis NFatores psicológicos Idade materna 10Depressão materna 7Vinculo mãe-filho 7Alcoolismo 5Fumo 5Drogas ilícitas 4Fatores sociaisEducação materna 9Ausência do pai 8Renda 8Comportamento reprodutivo 6Trabalho materno 6Pré-natal 5Aleitamento materno 4Baixo peso ao nascer 3Prematuridade 2Fatores ambientaisMoradia 7Saneamento 6Doenças infecto-contagiosas 3

n = número de artigos que cada variável foi estudada dentro dos artigos da amostra

Dentre os fatores sociais o destaque está para a variável educação materna que foi estudada em 9 artigos da amos-tra, seguida pela ausência do pai e renda, ambos estudados em 8 artigos. E dentre os fatores ambientais o destaque foi para a variável moradia sendo estudada por 7 dos 20 artigos da amostra.

FAtores PsiCoLÓgiCos

Após uma leitura detalhada dos 20 artigos que com-põem a amostra, no Gráfico 1, verifica-se as 6 variáveis relacionadas aos fatores psicológicos e o número de vezes que cada variável foi observada na amostra.

Gráfico 1 – Número de vezes em que cada variável dos fato-res psicológicos é estudada na amostra composta por 20 artigos

idade maternaA idade da mãe se apresenta como um indicador bastan-

te importante para a detecção do risco gravídico, pois mães adolescentes não apresentam ainda um desenvolvimento orgânico adequado para permitir a nutrição adequada da criança. Por outro lado, os estudos ressaltam que a idade materna avançada também constitui fator importante no risco nutricional materno, pois uma série de fatores vão se acumulando à medida que a mãe apresenta mais idade e/ou número de gestações(5, 6, 7).

Além disso, foi possível observar também que a variá-vel idade materna representa um importante fator de risco para a desnutrição infantil. Concordando com vários estu-dos que a idade materna influencia no baixo peso ao nascer com uma maior incidência para mães com idade menor ou igual a 19 anos e mães acima de 35 anos(6, 7).

depressão materna

A depressão materna é apontada como determinante de cuidados inadequados, elevando o risco de acidentes, retardo de desenvolvimento e de crescimento, mesmo quando há disponibilidade de alimentos. Quadro depres-sivos severos podem impor, inclusive, o afastamento da mãe da responsabilidade pelo cuidado com criança(9, 11).

Sobre a maior prevalência de depressão na população feminina, encontram-se explicações genéticas e biológi-cas, amplamente reconhecidas e comprovadas como as variações de estado de ânimo durante o ciclo menstrual e o puerpério, as quais são associadas às mudanças hormonais que ocorrem nestes períodos. Somam-se a isso os dados sobre a maior prevalência de depressão entre 15 e 44 anos, período que engloba os anos de fecundidade da mulher(12).

O apoio de uma equipe multiprofissional se faz ne-cessário devendo primeiramente buscar a recuperação da autoestima desse grupo de mães, além de ensinar de forma prática e ajudar sobre como cuidar da criança desnutrida. Dessa forma, será possível que essas mães re-abilitem as suas crianças e não repitam a desnutrição em seus filhos(1).

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Vasconcelos et alCorrelação entre desnutrição infantil e atenção Materna

Vínculo mãe-filho

Um ambiente de acolhimento e afeto é necessário para o crescimento e desenvolvimento da criança(8). O vínculo mãe-filho que consiste na relação de apego desenvolvida entre a figura materna com sua criança é um evento inato passível de interferências positivas ou negativas. Tendo um vínculo adequado com o filho, a mulher estará mais susce-tível a apresentar práticas de cuidado positivas, refletindo no desenvolvimento infantil(2).

Esquemas causais têm sido propostos na tentativa de hierarquizar a importância dos fatores causais, propondo um esquema mais abrangente que inclui as práticas de cuidado com a criança e suas condições de vida, e intro-duzindo a natureza do vínculo mãe-filho como importante fator na gênese da desnutrição(1, 9).

No gráfico 1, o vínculo mãe-filho e a depressão ma-terna foram temas avaliados em 7 artigos da amostra, e essas duas variáveis juntamente com a variável idade ma-terna, especialmente na adolescência, se inter-relacionam, concordando com a maioria dos estudos que a gravidez na adolescência deixa a mãe mais vulnerável a apresentar depressão, conflitos de sentimentos em relação ao bebê, estresse extremo e dificuldade em perceber a maternidade como algo gratificante, podendo negligenciar o cuidado com seu filho, por exemplo, deixando de amamentar(10).

Alcoolismo

Essa variável possui algumas limitações, pois não se trata do diagnóstico de dependência de álcool nem mes-mo de uso abusivo, e sim da percepção materna de que existe na família alguém que deveria beber menos do que o habitual(11).

O alto nível de estresse nas famílias que convivem com um indivíduo alcoolista poderia afetar negativamente tan-to a capacidade materna de prover os cuidados básicos com a criança(3, 8, 11) quanto a própria criança, como por exemplo, em reduzir seu apetite(11).

Fumo

Os efeitos prejudiciais do fumo sobre a gestação são conhecidos há bastante tempo. Vários estudos foram re-alizados associando o fumo com problemas na gestação, retardo no crescimento fetal, anomalias placentárias e congênitas, diminuição do peso ao nascer, dentre outras(13).

Intercorrências durante a gestação também estão asso-ciadas com o maior risco de desnutrição e pode-se considerar o uso de drogas a origem de algumas intercorrências, por exemplo, o fumo que tem como uma de suas ações aumentar

a resistência vascular, reduzindo o aporte sanguíneo para o feto, que receberá menos nutrientes e oxigênio(10).

As variáveis fumo e alcoolismo foram observadas cada uma, em 5 dos 20 artigos da amostra (Gráfico 1).

drogas ilícitas

O uso de drogas durante a gestação é uma atitude ne-gativa das mães para si mesmas e para seus filhos, sendo estas atitudes consideradas um fator favorável para o surgimento ou agravamento da desnutrição infantil(3, 6, 8, 10). Porém, não se verificou muitos estudos a respeito dessa variável, sendo abordado em apenas 4 artigos da amostra (Gráfico 1).

FAtores soCiAis

educação materna

A percepção das mães quanto ao estado nutricional de seus filhos, segundo os artigos da amostra que abordaram esse tema, sugerem que a pouca ou nenhuma educação materna é um fator de risco para a desnutrição infantil. Muitas mães com baixa escolaridade desconhecem as cau-sas e as consequências da desnutrição infantil(16, 17, 18, 19).

Este tópico foi observado em 9 dos 20 artigos da amos-tra (Gráfico 2). A maioria conclui que a escolaridade é um marcador de compreensão de grande valia para as mães de crianças desnutridas, visando uma maior compreensão do estado nutricional de os seus filhos(6, 14, 20).Gráfico 2 – Número de vezes em que cada variável dos fato-res psicológicos é estudada na amostra composta por 20 artigos

Ausência do pai

Outro aspecto fundamental a ser considerado na com-preensão dessa dinâmica conflitiva é a inadequação da função paterna enquanto terceiro fundamental da díade mãe-criança(4, 8, 16).

A falta de companheiro residindo com a mãe quase tri-plicou o risco de desnutrição, independentemente da renda

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Vasconcelos et alCorrelação entre desnutrição infantil e atenção Materna

e do nível de escolaridade materna. Uma hipótese é que a ausência do pai da criança afeta negativamente seu acesso a inúmeros bens e serviços necessários a sua sobrevivência, como acesso a saúde e ao bom estado nutricional, de modo mais amplo do que a variável renda familiar per capita consegue captar(11, 15).

Um estudo verificou que mulheres sem companheiros certamente por serem as únicas responsáveis por chefiar suas famílias, situação comum em áreas de alta vulne-rabilidade social acabam por fazê-lo de forma até mais adequada do que as mulheres que referiram ser casadas ou viverem em união estável(2), contrariando a maioria dos estudos abordados na amostra.

renda

Em se tratando dos países em desenvolvimento, em es-pecial o Brasil, a má distribuição de renda, a disparidade social entre os que detêm o capital e os que vendem sua for-ça de trabalho e o alto índice de desemprego contribui para o aumento da pobreza e da miserabilidade da população(3).

A renda é um fator muito importante na determinação do estado nutricional. A coletivização da renda familiar e sua distribuição de modo a garantir o máximo de bem-es-tar a todos os seus membros é questionada mesmo quando se trata de famílias nucleares(11).

Para a população, os acréscimos de renda quase auto-maticamente se transformam em maiores quantidades de alimento, e de melhor qualidade. Essa relação entre nu-trição e renda não é tão clara para crianças entre 6 e 24 meses de idade, devido a problemas como infecção, diges-tibilidade e, em alguns países e regiões, crenças relativas à alimentação infantil(14).

As variáveis renda e ausência do pai foram observadas cada uma, em 8 dos 20 artigos da amostra (Gráfico 2), de-monstrando bastante importância dentre os fatores sociais.

Comportamento reprodutivo

A variável comportamento reprodutivo também im-plica em fator de risco para a desnutrição(6, 11). Intervalos interpartais de 36 meses ou mais foram protetores em re-lação à desnutrição, enquanto intervalos inferiores há 24 meses representaram os maiores riscos(8).

Trabalho materno

Considerando que a renda familiar se constitui na soma-tória dos rendimentos resultantes do trabalho, entre os quais se inclui os do trabalho materno, da mesma forma que não se constatou associação significativa entre peso ao nascer e

inserção materna no mercado de trabalho, também não se verificou diferença significativa entre a renda familiar de crianças com baixo peso ao nascer e peso normal(11, 15, 16).

Na amostra apenas um estudo afirmou que o fato de a mulher não exercer atividade remunerada foi protetor con-tra a desnutrição, mostrando que existe associação positiva entre o trabalho materno fora do domicílio e a desnutri-ção grave em crianças, sugerindo que dada à situação de pobreza, este trabalho leva o pior cuidado infantil, não compensado pela renda gerada(2).

As variáveis trabalho materno e comportamento repro-dutivo foram estudadas em 6 dos 20 artigos da amostra (Gráfico 2).

Pré-natal

O acompanhamento pré-natal exerce efeito protetor com relação ao baixo peso ao nascer(6). O ganho de peso na gestação também mostrou associação significativa com a inserção no pré-natal10, e na ausência de assistência pré--natal, podem deixar de ser detectadas situações de risco à saúde materno-fetal(8), sendo considerado fator de risco para a desnutrição infantil.

Aleitamento materno

A prematuridade e o baixo peso ao nascer são causas predisponentes. Após o nascimento, concorrem para a desnutrição à falta de aleitamento materno ou o retardo na introdução de alimentos complementares adequados e falta de apoio apropriado dos profissionais de saúde para orientar a mãe que, devido à falta de recursos financeiros e/ou de conhecimentos sobre a saúde e nutrição da criança, frequentemente utiliza fórmulas hiperdiluídas, preparadas em condições não higiênicas, e muitas vezes estocadas por longo período à temperatura ambiente(1).

O leite materno contém naturalmente todos os nu-trientes que a criança necessita até os seis meses de idade, por isso é um grande aliado na prevenção da desnutrição. Contudo, após o 6° mês as necessidades da criança ultra-passam a produção de leite, ou seja, não é mais suficiente nutricionalmente para a criança, que precisa de outros ali-mentos. A introdução tardia dos alimentos pode causar deficiências nutricionais, provocando a desnutrição(3).

Baixo peso ao nascer

A desnutrição intrauterina ou fetal é uma causa do bai-xo peso ao nascer, pois impede o crescimento adequado da criança no útero (3). É evidente a relação desnutrição tanto pregressa como aguda, com o baixo peso ao nascer.

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Verifica-se importante influência do período gestacional, apontando para a importância da atenção pré-natal(2).

Prematuridade

Quanto à duração da gestação, houve uma forte asso-ciação entre baixo peso ao nascer e parto prematuro(1, 6),

isto é, duração da gestação menor de 37 semanas fato já descrito na literatura.

FAtores AMBientAis

Gráfico 3 – Número de vezes em que cada variável dos fato-res ambientais é estudada na amostra composta por 20 artigos

Moradia

Crianças vivendo em moradias inadequadas e/ou com outros menores de 5 anos apresentam maiores prevalên-cias de desnutrição(3, 16) além da densidade de moradores (número de pessoas por cômodo) se comporta como um marcador de adversidades nutricionais(2).

Os resultados deste estudo põem em evidência, a im-portância da habitação e suas características dominantes como marcadores de risco da ocorrência de desnutrição em crianças(2, 8, 14). Sendo essa variável observada em 7 dos 20 artigos da amostra, demonstrando grande fator de risco para a desnutrição infantil.

saneamento

O número de domicílios que recebem água através da rede pública varia proporcionalmente com o nível de ren-da, evidenciando a situação precária das famílias de nível baixo de renda quanto às condições de saneamento básico. Pode-se supor que esta situação afeta o estado nutricional das crianças, pelo favorecimento de transmissão de doen-ças que podem dificultar o aproveitamento biológico dos alimentos(11, 14, 16).

doenças infecto-contagiosas

Existe uma estreita correlação entre a prevalência de anemias e a desnutrição proteico-calórica bem como en-tre verminoses e desnutrição proteico-calórica3. Crianças com episódios de diarreia e desidratação além de infecções respiratórias e resfriados frequentes, nos organismos des-nutridos, as células de defesa não funcionam de maneira adequada, expondo as crianças a infecções de repetição(1,

3, 14).

ConsiderAÇÕes FinAis

Com a realização desta revisão, pôde-se perceber que, entre um considerável número de publicações que corre-lacionam desnutrição infantil e cuidado materno, existe uma incipiente produção de estudos que se voltam, especi-ficamente, ao fator materno relacionado à idade materna, educação e moradia, principalmente na produção nacional. Diante da relevante situação atual da desnutrição infan-til e todas as suas implicações na saúde materno-infantil, recomenda-se, em relação a esta área, a ampliação dos es-tudos que enfoquem e aprofundem o conhecimento dos profissionais de saúde sobre essa questão e que os achados presentes neste estudo possam orientar as diretrizes nas políticas voltadas para a área da saúde.

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Submissão: 01/02/2011 Aceite: 15/03/2011

37CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(17) jan/mar. 2011.

Vasconcelos et alCorrelação entre desnutrição infantil e atenção Materna